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Os impactos da pandemia (COVID-

19) para a Saúde Mental/Emocional


P R O FA . M A . A N A R A M Y R E S A N D R A D E D E A R A Ú J O
O corpo padece. O que isso tem a ver com o
mental/emocional?

Somos estimulados a separar e delimitar diferenças


entre o campo físico e o emocional, mas fazem parte
de uma mesma “fita” que não sabemos desenhar
bem o que fica “dentro” e o que fica “fora”;

As discussões sobre as questões psíquicas são


relativamente recentes e a consideração sobre essas
questões também.
Quando nos sentimos cansados, exaustos, é comum
ouvir frases do tipo “Você está fazendo corpo mole!”
ou nos sentirmos culpados por não conseguirmos
atender ao que se espera do nosso trabalho;

É realmente possível atender a todas as expectativas


que os outros depositam sobre nós?

Pontos importantes para pensar a Saúde Mental em


tempos de Pandemia: PRODUTIVIDADE;
SENSAÇÃO DE PERDER O TEMPO; REDES
SOCIAIS.
Em seu livro, O Capital , Karl Marx nos dá alguns apontamentos sobre a relação que se estabelece
com aquilo que produzimos ao apontar distinções entre O VALOR DE USO e o VALOR DE
TROCA;

Valor de uso: tudo o que é fruto do trabalho tem um valor de uso. Exemplo: se pego uma madeira
e talho, transformando em um lápis, ele tem um valor de uso, é produto do meu trabalho;

Valor de troca: a partir do estabelecimento do valor (um preço) é possível adquirir um valor de
troca, isso transforma o objeto em mercadoria. Exemplo: estipulo que o lápis valerá R$ 2,00.
Para Marx, o valor da mercadoria é estabelecido no momento em que traçamos uma equivalência
entre as mercadorias a partir de uma ideia abstrata (MARX, 1867/2011);

Exemplo: 4 cadernos = A (valor em dinheiro) = 1 livro;

Esta lógica sobre o valor de troca, é justamente o elemento que nos impulsiona a querer produzir
mais. Há um deslizamento que segue pela via do:

Produzo muito = Valor adquirido = Sucesso.


Nesse ponto reside a questão da produtividade;

Nos vemos dispersos, produzindo, consumindo informação sem


nos questionarmos – em busca de quê mesmo?

As ofertas de cursos, palestras e toda sorte de material com uma


facilidade maior no momento da pandemia – “Você deve agarrar
todas as possibilidades!” – Será que é possível estar em todos os
lugares ao mesmo tempo?

Se todas as chaves servem em uma porta, ela está sempre aberta –
A suposta sensação de abarcar todas as coisas nos lança justamente
no oposto.
Durante uma pandemia, ficar em casa, em isolamento social é
ter “tempo livre”?

As exigências de aproveitar as oportunidades – são tantas opções


que ficamos paralisados – é preciso dizer NÃO;

A relação com o trabalho, a família, o medo, a angústia;

Doença descoberta há pouco tempo – imprevisibilidade;

Como lidamos com o inesperado?


Redes sociais e as comparações;
Recortes que apontam para a uma
construção imaginária;
“O outro está sempre mais feliz do
que eu!” e “O outro está sempre
produzindo!”;
 “Junto a minha rua havia um
bosque que um muro alto proibia. Lá
todo balão caía, toda maçã nascia...”
(Até Pensei – Chico Buarque).
E o nosso desejo, onde fica?

“Como fazer valer a materialidade ao invés do valor de


troca?”(ALBERTI, 2015);

Algumas pistas sobre como podemos emergir:

Intervalos entre as atividades e descanso para almoço;

Limitar o tempo de disponibilidade;

Variações na rotina.
REFERÊNCIAS
ALBERTI, S. O valor de a e a política da psicanálise no campo público. In. BARROS, R, M. M.
& DARRIBA, V. A. (org.) Psicanálise e Saúde: entre o Estado e o sujeito. Rio de Janeiro:
Companhia de Freud, 2015.
MARX, K. (1867/1869). O capital. Tradução de Reginaldo Sant’Anna. 29ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011.
CONTATOS:

OBRIGADA! Celular: (88) 9 9987-6089

E-mail: anaramyresandrade@gmail.com

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