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Departamento de Engenharia Civil

Centro de Ciências Tecnológicas CCT - FUR

APOSTILA DE
PONTES

Prof. Perci Odebrecht - Blumenau 2002


Conceitos

1. Conceitos Preliminares

1.1 Definições

PONTE: Estrutura em forma de obra de arte, que tem a função de dar continuidade de uma determinada via,
quando esta encontra um obstáculo molhado (rio, estreito etc.).
VIADUTO: Obra de arte que permite a continuidade de uma via, quando transpõe um obstáculo seco, em nível
inferior (vale, depressão).
ELEVADO: Obra que permite a continuidade de uma via, com elevação da estrutura, quando cruza um
obstáculo em mesmo nível (outra via).

Ponte

Viaduto Elevado

A estrutura de uma ponte é dividida, para seu estudo e projeto em superestrutura, mesoestrutura e infra-
estrutura.

SUPERESTRUTURA: Parte da ponte que recebe diretamente as cargas de uso normal e funcional, e é
constituída pelos seguintes elementos: pista de rolamento (uso dos veículos), passeio (destinado aos pedestres),
guarda-corpo (proteção pedestres em relação ao obstáculo), guarda-rodas, gradil ou barbacã (elemento de
divisão da pista de rolamento com faixa de uso dos pedestres), resvestimento (pista de rolamento para
acabamento), lajes centrais (entre vigas principais e secundárias), lajes em balanço ( além das vigas principais),
vigas principais ou longarinas (sustentação principal), vigas secundárias ou transversinas (ligação das
principais).

MESOESTRUTURA: Estrutura intermediária, que recebe as cargas verticais e horizontais da super e a transmite
para a infra-estrutura. Seus principais componentes são: aparelho de apoio (controla a transmissão dos esforços
produzidos na super), pilares (simples ou compostos), vigas de ligação ou vigas travessas (de simples rigidez a
transição), estruturas de contenção de solo (cortinas).

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INFRA-ESTRUTURA: Compõe os elementos estruturais com a função de receber as cargas da super,


através da meso e transmitir as mesmas à camadas resistentes do solo (rocha). Fazem parte da infra
as sapatas ou blocos (fundação superficial), blocos de coroamento (das estacas e tubulões), estacas e
tubulões (fundações profundas), vigas de ligação etc.

Elementos da super meso e infra-estrutura – Seção transversal típica

1.2 CLASSIFICAÇÃO DE PONTES:

1.2.1 TEMPO DE USO: provisórias (normalmente em madeira ou metálicas) enquanto a execução da definitiva
não fica pronta, ou para fins militares, e que podem ser fixas ou móveis (flutuantes ou desmontáveis) ; as
definitivas executadas para o fim que se destinam de forma definitiva e de todos os matérias e técnicas, com
durabilidade de acordo com o material usado.

Ponte provisória (fixa) em madeira para uso militar

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1.2.2. NATUREZA DO TRÁFEGO: podem ser para uso ferroviário, rodoviário (sempre devem prever faixas de
utilização para pedestres, podem ser de uso exclusivo de pedestres (passarelas), para transporte de água
(aquedutos) ou ainda mistas (rodoviário e ferroviário p.ex.)

Ponte ferroviária Ponte rodoviária

1.2.3 PLANIMENTRIA: Quanto ao posicionamento em vista superior as formas projetadas dos contornos de
uma ponte (viaduto ou elevado) podem ser consideradas pontes retas quando as linha de fechamento do
contorno for de 90° ; esconsas quando esse ângulo for diferente de 90°, ou ainda podem apresentar
conformação em curva.

Ponte reta

Ponte esconsa

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Ponte curva

1.2.4 ALTIMETRIA: Com relação ao posicionamento em vista as pontes podem se classificar como sendo em
nível , quando as cotas do greide do eixo da via se mantém inalteradas de uma cabeceira a outra, podem ser
em aclive ou declive quando inclinadas ou em rampa, ou ainda em curva vertical (côncava ou convexa)

Ponte em nível

Ponte inclinada ou em rampa

Ponte em curva vertical

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1.2.5 MATERIAL DA ESTRUTURA : O material a ser utilizado para a construção da primeira ponte foi a
madeira , quando o homem aproveitou para fazer travessia sobre o tronco de uma arvore caída. As pedras
naturais foram provavelmente o segundo material a ser usado já de forma intencional. Após foram concebidas
em alvenaria , as metálicas (ferro e aço), as de concreto (armado e protendido) , e as de material composto as
mistas.

Ponte de madeira Ponte de pedra

Ponte metálica Ponte de concreto armado

1.2.6 MOBILIDADE DOS TRAMOS: Quanto ao tipo de mobilidade dos tramos de pontes, esta mobilidade
normalmente destinada a dar passagem sob a mesma de embarcações que navegam as águas do obstáculo
transposto, podem se apresentar de diversas formas: as pontes de tramos giratórios (movimento giratório em
planta centrado em um eixo) ; as de tramos corrediços (translação horizontal dos tramos); as com tramos
elevadiços (translação vertical dos tramos); as com tramos basculantes (movimento giratório na vertical,
podendo ser de basculação simples ou dupla) e as flutuantes cuja mobilidade provem da variação do nível da
água e que não tem função de dar passagem.

Ponte com tramo central corrediço – Rio Guaíba – Porto Alegre

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Ponte basculante

Ponte com tramo giratório

1.2.6 SISTEMA ESTRUTURAL: Quanto ao sistema estrutural as pontes podem se apresentar como sendo
pontes de eixo retilíneo ou pontes retas, normalmente constituídas por uma estruturação convencional (vigas
principais, secundárias, lajes e pilares com articulação no topo dos mesmos) e que atendem a grande maioria
dos casos de pontes com pequenos vãos. As cargas acidentais que atuam sobre as lajes se transferem para as
vigas e destas para os pilares e ao solo pelas fundações.
Uma variante das pontes retas são conhecidas como pontes em pórticos , que através das formas dos pilares ou
da ligação com as vigas principais (sem aparelho de apoio), fazem com que o conjunto vigas principais / pilares
devem ser analisados como pórticos.

Ponte em viga reta

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Ponte em pórtico

Outro sistema estrutural muitos empregado nas primeiras décadas do século passado (em concreto armado),
para vencer vãos maiores para a época, são as pontes em arco. Atualmente voltaram a ser utilizadas, em aço
tanto para pontes como para viadutos, muito pela divulgação do material e pelos aspectos arquitetônicos a que
se permitiu desenvolver. As pontes em arco, pelo posicionamento do estrado (estrutura da pista de rolamento),
podem ser em estrado superior, intermediário ou inferior. As cargas acidentais do estrado são conduzidas aos
arcos através de tirantes ou pilares, e este por sua vez as transmite diretamente às fundações.

Ponte em arco metálico com estrado em nível inferior

Ponte em arcos múltiplos com estrado em nível superior

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As pontes com sistema estrutural por sustentação de cabos, são classificadas em dois tipos: as pontes pênseis e
as pontes estaiadas.
As pontes pênseis são as que permitem vencer os maiores vãos (distância entre duas torres de sustentação),
atingindo os 2000 m. São constituídas por duas ou mais torres principais de sustentação dos cabos de aço. O
estrado é fixado aos cabos através de grande número de tirantes, também de aço. Os cabos principais, de
grandes diâmetros, sempre dois em paralelo, se apóiam no topo das torres (transmitindo cargas) , após são
fixados em grandes estruturas (grandes cargas de tração) nas cabeceiras das pontes.

Ponte pênsil com duas torres e estrado metálico

As pontes estaidas, de desenvolvimento mais recente, tem características semelhantes às pontes pênseis,
porém a sustentação do estrado é feita por tirantes de aço (estais), diretamente às torres principais (uma ou
mais), não tendo como elemento intermediário os cabos principais. Não atingem vãos tão grandes, porém
permitem uma combinação arquitetônica de aspectos extremamente interessante.

Ponte estaiada com duas torres e estrado metálico

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1.3. OBJETIVOS BÁSICOS EM PROJETOS:

a) Funcionabilidade: satisfazer o fim ao qual a obra se destina, permitindo fluxo normal do tráfego sobre a
mesma, bem como o fluxo normal das águas e tráfego sob a mesma, devendo portanto apresentar determinado
comprimento, altura e largura.

b) Segurança: Tensões e deformações nos materiais dentro dos limites admissíveis em todas as fases de
carregamento. Deve apresentar determinado grau de rigidez.

c) Economia: Atendendo os itens anteriores, devemos adotar o projeto que apresentar o menor custo, através
do emprego racional do material e métodos adequados de execução da obra.

d) Estética: Apresentar aspectos de boa aparência através de projeto que não crie grandes contrastes com o
meio em que a obra for inserida.

Ponte estaiada, com estrado em curva, protendido e os estais ancorados nas rochas

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