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Transtorno bipolar

Perturbação Mental.
Perturbação afetiva bipolar

A perturbação bipolar caracteriza-se por


episódios de depressão e mania.
Sinónimos Distúrbio bipolar, transtorno
bipolar do humor, depressão
maníaca (em desuso), doença
bipolar[1]
Especialidade Psiquiatria
Sintomas Períodos alternados de
depressão e ânimo intenso[2][3]
Complicações Suicídio, automutilação[2]
Início habitual ~25 anos de idade[2]
Tipos Perturbação bipolar tipo 1,
perturbação bipolar tipo 2,
outros[3]
Causas Fatores ambientais e
genéticos[2]
Fatores de Antecedentes familiares, abuso
risco infantil, stresse de longa
duração[2]
Condições Perturbação de hiperatividade
semelhantes com défice de atenção,
perturbações da personalidade,
esquizofrenia, perturbação por
abuso de substâncias[2]
Tratamento Psicoterapia, medicamentos[2]
Medicação Lítio, antipsicóticos,
anticonvulsivos[2]
Frequência 1-3%[2][4]
Classificação e recursos externos
CID-10 F31
CID-9 296.0 , 296.1 , 296.4 , 296.5 ,
296.6 , 296.7 , 296.8
OMIM 125480 309200
DiseasesDB 7812
MedlinePlus 000926
eMedicine med/229
MeSH D001714
 Leia o aviso médico  

Perturbação afetiva bipolar (PAB)


(português europeu) ou transtorno afetivo
bipolar (TAB) (português brasileiro) é uma
perturbação mental caracterizada pela
alternância entre períodos de depressão
e períodos de ânimo intenso.[2][3] O
ânimo intenso é denominado mania ou
hipomania, dependendo da gravidade ou
se estão ou não presentes sintomas de
psicose. Durante o período de mania a
pessoa comporta-se ou sente-se
anormalmente enérgica, contente ou
irritável.[2] Os doentes geralmente
realizam decisões irrefletidas ou sem
noção das consequências. Durante as
fases maníacas a necessidade de sono
tende a ser menor.[3] Durante as fases
depressivas a pessoa pode chorar,
encarar a vida de forma negativa e evitar
o contacto ocular com outras pessoas.[2]
O risco de suicídio entre as pessoas com
a doença é elevado, sendo superior a 6%
no prazo de vinte anos. Entre 30 e 40%
das pessoas com a condição praticam
automutilação.[2] Estão geralmente
associados à perturbação bipolar outros
problemas mentais, como perturbação
de ansiedade e perturbação por abuso
de substâncias.[2]

As causas ainda não são totalmente


compreendidas, mas tanto fatores
ambientais como genéticos têm
influência.[2] Muitos genes de pequeno
efeito contribuem para aumentar o
risco.[2][5] Os fatores ambientais incluem
antecedentes de abuso infantil e stresse
de longa duração.[2] A doença divide-se
em "perturbação bipolar do tipo 1",
quando existe pelo menos um episódio
maníaco, e "distúrbio bipolar do tipo 2",
quando existe pelo menos um episódio
hipomaníaco e um episódio depressivo
maior. Em pessoas com sintomas menos
graves e de longa duração pode-se estar
na presença de ciclotimia. Quando esta
condição tem origem em problemas
médicos é classificada à parte.[3] Podem
também estar presentes outras
condições, incluindo perturbação de
hiperatividade com défice de atenção,
perturbações de personalidade,
perturbação por abuso de substâncias e
uma série de condições médicas.[2] O
diagnóstico não requer exames médicos.
No entanto, podem ser realizadas
análises ao sangue e exames
imagiológicos para descartar outros
problemas.[6]
O tratamento geralmente consiste em
psicoterapia e medicamentos como os
estabilizadores de humor e
antipsicóticos. Entre os estabilizadores
de humor mais comuns estão o lítio e
anticonvulsivos. Em pessoas que são
uma ameaça para si próprias ou para
outros e que recusam o tratamento pode
ser necessário o internamento em
hospital psiquiátrico. Muitos dos
problemas comportamentais podem ser
tratados com antipsicóticos de curta
ação ou benzodiazepinas. Durante os
períodos maníacos é recomendada a
interrupção dos antidepressivos. Quando
os antidepressivos são usados durante
os períodos de depressão, devem ser
administrados em conjunto com um
estabilizador de humor. Em pessoas que
não respondem a outro tipo de
tratamento pode ser considerada a
possibilidade de terapia eletroconvulsiva.
No caso do tratamento necessitar de ser
interrompido, recomendada-se que isto
seja feito de forma gradual. Muitas
pessoas com perturbação bipolar têm
problemas financeiros, sociais ou
laborais causados pela doença. Estas
dificuldades estão presentes, em média,
entre um quarto a um terço do tempo. O
risco de morte por causas naturais em
doentes bipolares é o dobro do da
população em geral. Isto deve-se a
escolhas de vida menos acertadas e aos
efeitos secundários da medicação.[2]

Estima-se que cerca de 3% da população


norte-americana tenha tido uma
perturbação bipolar em determinado
momento da vida.[4] Em outros países, a
prevalência é menor, chegando a 1%. A
idade mais comum em que os sintomas
se começam a manifestar é aos 25
anos.[2] A prevalência aparenta ser igual
em homens e mulheres.[7] O custo
económico da doença é elevado,
estimando-se que seja a causa de 50
dias de trabalho perdidos por ano por
doente.[8] As pessoas com distúrbio
bipolar muitas vezes enfrentam o
problema do estigma social.[2]

Classificação

Considerando as novas definições de espectro


bipolar, estima-se que entre 5% e 7% da população
mundial teriam o transtorno em algum momento da
vida.[9]

A depressão maníaca foi inicialmente


descrita em fins do século XIX pelo
psiquiatra Emil Kraepelin, que descreveu
seus estudos em seu Textbook of
Psychiatry. Existem inúmeras variações
do distúrbio bipolar, definidas como
espectro bipolar. As :

TIPO I: Predomínio da fase maníaca


(eufórica) com depressão mais leve
(distimia).
TIPO II: Predomínio da fase depressiva
com mania mais leve (hipomania).
MISTA: Quando os episódios possuem
várias características tanto de mania
quanto de depressão
simultaneamente.[10]
CICLOS RÁPIDOS: Quando os
episódios de variações de humor
duram menos de uma semana.
CICLOTIMIA: Os sintomas são
persistentes por pelo menos dois
anos, períodos em que sintomas de
hipomania são leves e depressão ou
distimia não são tão profundos para
ser qualificados como depressão
maior.[11]

Na classificação internacional de
doenças da OMS (CID-10) deve-se
também informar se no momento da
consulta o paciente possui sintomas
psicóticos, e se estava em um episódio
depressivo, maníaco, hipomaníaco, mista
ou em remissão.[12]

Classificação antiga
Muitos termos foram usados para se
referir a esse transtorno: loucura circular,
loucura alternante, loucura intermitente,
melancolia maníaca, mas principalmente
o termo de Emil Kraepelin psicose
maníaco-depressiva[13]. Esses termos
foram substituídos quase
completamente por terminologias
menos estigmatizantes e mais
comprometidas com o diagnóstico e
tratamento médico.[14]

Os casos de psicose com episódios


maníacos e depressivos são atualmente
classificados como transtorno
esquizoafetivo.
Sinais e sintomas
O transtorno bipolar é caracterizado por
mudanças extremas e intensas de humor
que ocorrem em tempos distintos,
chamados de episódios de humor. Esses
episódios geralmente duram pelo menos
quatro dias ou vários meses. Entre um
episódio e outro pode haver períodos de
normalidade. Raramente os episódios de
mania e depressão tem a mesma
regularidade e intensidade, de modo que
é possível ter muitos episódios de
euforia e poucos de depressão (bipolar
tipo I) ou muitos episódios de depressão
e poucos de euforia (bipolar tipo II).[15]
Os episódios de humor, também
chamados de fases, são caracterizados
por:[15]

Fase maníaca: Período de constante


bom humor, extroversão ou
irritabilidade, que dura pelo menos
uma semana. Há um aumento inusual
da energia e dedicação a atividades e
estudos, impulsividade, distração,
impaciência e ritmo. A mudança de
humor deve ser suficientemente
severa para causar dificuldade
perceptível no trabalho, na escola ou
em atividades sociais ou
relacionamentos; ou para exigir a
hospitalização; ou para provocar uma
perda de contato com a realidade
(psicose).
Fase hipomaníaca: Similar à mania,
mas com menor duração e prejuízo às
atividades diárias. Pelo menos quatro
dias consecutivos.
Fase depressiva: Período de constante
desânimo, quase todos os dias, com
perda de interesse em atividades que
antes geravam prazer. Sentimento de
tristeza, vazio, desesperança ou
irritabilidade. Aumento ou diminuição
do sono e fome. Dura pelo menos uma
semana e deve ser suficientemente
severo para causar dificuldade
perceptível no trabalho, na escola ou
em atividades sociais ou
relacionamentos; ou para exigir a
hospitalização.
Fase distímica: Similar à depressiva,
mas com menor intensidade e maior
duração. Causa menos prejuízos nas
atividades diárias, mas dura pelo
menos um mês.

Causas
As causas são tanto genéticas e/ou
congênitas quanto psicossociais com
50% dos portadores apresentando pelo
menos um familiar afetado, e com filhos
de portadores apresentam risco
aumentado de desenvolver a doença,
quando comparados com a população.
Influências genéticas, acredita-se que
são responsáveis por 60-80% do risco de
desenvolver a doença, indicando uma
forte componente hereditário. No geral a
hereditariedade do espectro bipolar foi
estimada em 71%. Os estudos de
gêmeos têm sido limitados por amostras
relativamente pequenas, mas indicaram
uma contribuição genética substancial,
bem como a influência ambiental. A
relativamente baixa concordância entre
gêmeos dizigóticos criados juntos
sugere que efeitos ambientais familiares
partilhada são limitadas, embora a
capacidade de detectá-los tem sido
limitada pelo pequeno tamanho das
amostras. 
Genéticas

Estudos genéticos sugerem que


muitas regiões cromossômicas e genes
candidatos por serem responsáveis
estão relacionados com a
suscetibilidade a doença bipolar
com cada gene exercendo um efeito de
leve a moderado. O risco de desordem
bipolar é quase dez vezes mais elevada
em parentes de primeiro grau de
pessoas afetadas com transtorno
bipolar, quando comparado com a
população em geral; Da mesma forma, o
risco de desordem depressiva principal é
três vezes maior em familiares das
pessoas com doença bipolar, quando
comparado com a população em geral. 

Embora a primeira ligação genética  para


mania foi encontrada em 1969,  os
estudos de ligação têm sido
inconsistentes.  O maior e mais
recente estudo de associação do
genoma não conseguiu encontrar
qualquer lugar especial, que exerce um
grande efeito, reforçando a ideia de que
nenhum único gene é responsável por
transtorno bipolar na maioria dos casos. 

Achados apontam fortemente para


heterogeneidade, com diferentes genes
implicados em famílias
diferentes.  Associações significativas
do genoma, robustos e replicáveis
demonstraram vários  polimorfismos de
nucleotídeo único, incluindo variantes
dentro dos
genes CACNA1C, ODZ4, e NCan. 

A idade paterna avançada tem sido


associada a um pequeno aumento da
chance de transtorno bipolar na prole,
consistente com a hipótese de aumento
de novas mutações genéticas. 

Diagnóstico
Episódio maníaco

Segundo o DSM-V, Episódio maníaco é


caracterizado por pelo menos três dos
seguintes sintomas por pelo menos uma
semana[16]:

Autoestima elevada: Sentimento de


grandiosidade e intenso bem estar
com si mesmo;
Necessidade de sono diminuída:
Sente-se pronto para o trabalho depois
de apenas poucas horas de sono;
Verborragia: Falar mais, mais rápido e
mais alto que o habitual;
Fuga de ideias: Pensamentos
acelerados, incontroláveis, resultando
em dificuldade de se expressar
claramente e rapidamente esquecendo
ideias e assuntos anteriores;
Facilmente distraído: Atenção
constantemente desviada para
estímulos externos, resultando em
muitos trabalhos concomitantes e
incompletos;
Inquietude: Gerando aumento no
número de atividades feitas no
trabalho ou escola;
Impulsividade: Falta de autocontrole,
impaciência e ansiedade;
Comportamentos de risco: Correr
mais riscos que o usual, por exemplo,
dirigir perigosamente, consumir álcool
em excesso, usar drogas ilícitas, não
usar preservativo, gastar as
economias...
Hipomania

A hipomania é um episódio de mania


menos prejudicial e que dura menos
tempo, característico do bipolar tipo II.
Classifica-se como hipomania se
existem pelo menos três sintomas de
mania mas[15]:

A mudança de humor e funcionamento


deve ser diferente da característica e
suficiente para ser perceptível por
outras pessoas;
Não é suficientemente grave para
causar dificuldade considerável no
trabalho, na escola ou em atividades
sociais ou relacionamentos;
Não requer hospitalização nem
provoca perda de contato com a
realidade;
Os sintomas não são causados por
drogas, toxinas ou outra condição
médica.

Depressão

Antidepressivos podem ser ineficazes se não


acompanhados de psicoterapia, especialmente em
casos que envolvam alcoolismo, tabagismo ou uso
de substâncias ilícitas.[17]

A fase depressiva do bipolar é


caracterizada por 5 ou mais sintomas
por duas semanas ou mais, incluindo
estado deprimido ou anedonia[18]:

Estado deprimido: sentir-se deprimido


a maior parte do tempo ou triste;
Anedonia: interesse diminuído ou
perda de prazer para realizar as
atividades de rotina;
Sensação de inutilidade;
Culpa excessiva;
Dificuldade de concentração:
habilidade frequentemente diminuída
para pensar e concentrar-se;
Fadiga: cansaço excessivo, falta de
energia;
Distúrbios do sono: insônia ou
hipersônia praticamente diárias;
Distúrbio psicomotor: Agitação ou
lentidão cognitiva e motora;
Distúrbio alimentar: Perda ou ganho
significativo de peso, na ausência de
regime alimentar;
Ideação suicida: Ideias recorrentes de
morte ou suicídio.

Ou 3 a 4 sintomas por pelo menos dois


anos consecutivos, no caso de distimia.
Para diagnóstico de bipolar essa fase
não pode ter sido causada por luto,
drogas ou outra doença.

Tratamento
Medicamentoso

O tratamento de transtorno bipolar pode


ser tentado com várias classes de
medicação, incluindo sais de lítio,
anticonvulsivantes, antipsicóticos,
antidepressivos e eletroconvulsoterapia.
Porém, o tratamento frequentemente é
caracterizado por persistência de alguns
sintomas e por altos índices de recaídas
e internações.[19]
O tratamento adequado do TBH pode ser
feito com um ou mais estabilizante de
humor como carbonato de lítio
(medicação com a melhor
evidência),ácido valproico/valproato de
sódio/divalproato de sódio, lamotrigina,
carbamazepina ou oxcarbazepina). A
associação de antidepressivos (de
diferentes classes) e de antipsicóticos
(em especial os de segunda geração
como risperidona, olanzapina,
quetiapina, ziprasidona, aripiprazol) pode
ser necessária para o controle de
episódios de depressão e de mania.[20]

Psicoterapêutico
O tratamento psicoterápico pode
ajudar[19]:

Aumentando a adesão ao tratamento;


Reduzindo dos sintomas residuais;
Prevenindo recaídas/recorrências;
Reduzindo o número e períodos de
hospitalizações;
Prevenindo suicídio;
Melhorando a qualidade de vida dos
pacientes e de seus familiares;
Melhorando as habilidades sociais e o
desempenho e;
Melhorando a capacidade de lidar com
situações estressantes em suas vidas.

Eletroconvulsoterapia
Em alguns casos, quando a medicação e
psicoterapia não são suficientes, uma
alternativa eficiente, segura é o uso de
eletroconvulsoterapia (ECT). A ECT
utiliza uma corrente eléctrica breve
aplicada ao couro cabeludo, enquanto o
paciente está sob anestesia. O processo
leva cerca de 15 minutos e é feito duas a
três vezes por semana durante um
período de seis a doze semanas.[21] Em
uma revisão bibliográfica do uso da ECT
para tratar episódios maníacos ao longo
de um período de 50 anos, quase 80%
dos 589 pacientes maníacos tiveram
melhoras significativas, inclusive os que
não responderam aos medicamentos.[22]
Prognóstico
O TBH acarreta incapacitação e grave
sofrimento para os portadores e suas
famílias. Dados da Organização Mundial
de Saúde, ainda na década de 1990,
evidenciaram que o TBH foi a sexta
maior causa de incapacitação no mundo.
Estimativas indicam que um portador
que desenvolve os sintomas da doença
aos 20 anos de idade, por exemplo, pode
perder 9 anos de vida e 14 anos de
produtividade profissional, se não
tratado adequadamente.

A mortalidade dos portadores de TBH é


elevada, e o suicídio é a causa mais
frequente de morte, principalmente entre
os jovens. Estima-se que até 50% dos
portadores tentem o suicídio ao menos
uma vez em suas vidas e 15%
efetivamente o cometem. Também
doenças clínicas como obesidade,
diabetes, e problemas cardiovasculares
são mais frequentes entre portadores de
Transtorno Bipolar do que na população
geral. A associação com a dependência
de álcool e drogas não apenas é comum
(41% de dependência de álcool e 12% de
dependência de alguma droga ilícita),
como agrava o curso e o prognóstico do
TAB, piora a adesão ao tratamento e
aumenta em duas vezes o risco de
suicídio.É importante ressaltar que nem
todos os portadores do Transtorno
Bipolar são dependentes de álcool ou
drogas ilícitas.

O início dos sintomas na infância e na


adolescência é cada vez mais descrito e,
em função de peculiaridades na
apresentação clínica, o diagnóstico é
difícil. Não raramente as crianças
recebem outros diagnósticos, o que
retarda a instalação de um tratamento
adequado. Isso tem consequências
devastadoras, pois o comportamento
suicida pode ocorrer em 25% dos
adolescentes portadores de TBH.[carece de
fontes

?
]

Sociedade e cultura

Ludwig van Beethoven, compositor e pianista.

No início do século XX, a busca pelas


raízes da genialidade era um dos temas
mais palpitantes da investigação
psicológica. Cientistas de ponta tinham
poucas dúvidas de que certos males
psíquicos davam asas à imaginação.
"Quando um intelecto superior se une a
um temperamento psicopático, criam-se
as melhores condições para o
surgimento daquele tipo de genialidade
efetiva que entra para os livros de
história", sentenciava o filósofo e
psicólogo americano William James
(1842-1910). Pessoas assim
perseguiriam obsessivamente suas
idéias e seus pensamentos - para seu
próprio bem ou mal -, e isso as
distinguiria de todas as outras.

"Muitas pessoas já me caracterizaram


como louco", escreveu certa vez Edgar
Allan Poe (1809-1849). "Resta saber se a
loucura não representa, talvez, a forma
mais elevada de inteligência”. Nessa sua
suspeita de que genialidade e loucura
talvez estejam intimamente
entrelaçadas, o escritor americano não
estava sozinho. Muito antes, Platão
mostrara acreditar em uma espécie de
"loucura divina" como base fundamental
de toda criatividade.

A criatividade está muitas vezes


relacionada a uma doença mental, com
os escritores sendo particularmente
suscetíveis, de acordo com um estudo
feito em mais de um milhão de
pessoas.[23] Escritores tiveram um maior
risco de transtornos de ansiedade e
transtorno bipolar, esquizofrenia,
depressão e abuso de substâncias,
conforme os pesquisadores suecos do
Instituto Karolinska (2012) e são quase
duas vezes mais suscetíveis do que a
população em geral ao suicídio.
Dançarinos e fotógrafos também estão
mais propensos a terem transtorno
bipolar e os episódios maníacos ou
hipomaníacos do transtorno bipolar
podem ser propícios para a expressão
criativa em algumas pessoas.

Apesar de certos traços poderem ser


benéficos ou desejáveis "É importante
ressaltar, porém, que nós não devemos
romantizar excessivamente as pessoas
com problemas de saúde mental, que em
sua grande maioria são retratadas como
gênios criativos."[23]

Uma equipe da Universidade Estadual do


Oregon ao observar a situação
ocupacional de um grande grupo de
pacientes bipolares típicos, descobriu
que "as pessoas com doença bipolar
parecem estar desproporcionalmente
concentradas em categorias
profissionais mais criativas." Eles
também descobriram que a
probabilidade de "engajamento em
atividades criativas no trabalho " é
significativamente maior em bipolares do
que nos não bipolares. A medicação
pode atenuar a expressão criativa, e não
pode ser vista de forma positiva neste
contexto.

O transtorno bipolar pode oferecer certas


vantagens em relação à criatividade,
especialmente naqueles portadores
dotados de sintomas mais leves.

Um estudo datado de 2005 tentou


desvendar a relação entre a criatividade
de Virginia Woolf e sua doença mental,
que era mais provavelmente o transtorno
bipolar. O psiquiatra Gustavo Figueroa,
da Universidade de Valparaiso, Chile,
escreveu: "Ela era moderadamente
estável, excepcionalmente produtiva de
1915, até o suicídio, em 1941." "Virginia
Woolf criou pouco ou nada, durante os
períodos em que não esteve muito bem,
e foi produtiva entre as crises. Uma
análise detalhada de sua própria
criatividade ao longo dos anos aponta
que as doenças eram a fonte de material
para seus romances".[24]

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Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Transtorno_bipolar&oldid=55449702"

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