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SANÇÃO PENAL

 AULA 4 - 24/03/2021

DOSIMETRIA DA PENA
2ª FASE (CONTINUAÇÃO)

3. Aplicação: Concurso entre agravantes e atenuantes

- As agravantes e atenuantes podem ser subjetivas (relacionadas ao autor) e


objetivas (característica de cometimento do crime);

- Por estarmos na 2ª fase, aqui as agravantes e atenuantes valerão mais que


as circunstâncias judiciais, isto é, serão mais gravosas.

- Por entendimento jurisprudencial e doutrinário, adotamos o valor de 1/6


para cada agravante ou atenuante.

- Art. 67 do Código Penal: No concurso de agravantes e atenuantes, a pena


deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes,
entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do
crime, da personalidade do agente e da reincidência.

- Existem agravantes/atenuantes que o legislador acredita valerem mais


que as demais. Em caso de concurso, as preponderantes valerão 1/6 e as
comuns valerão 1/12, ou seja, entende-se que a comum perde sua força
pela metade.

- As preponderantes escolhidas pelo legislador de natureza subjetiva:


motivos (art. 65, III, a, ou art. 61, II, a, do Código Penal), personalidade,
no que diz respeito à idade do autor (art. 65, I, Código Penal),
reincidência (art. 61, I, a, Código Penal) e confissão (art. 65, III, d,
Código Penal);

OBS.: Confissão foi adotada pela jurisprudência como preponderante.


- Possíveis situações:

a) Uma agravante preponderante (reincidência) (1/6) e uma agravante


comum (contra ascendente) (1/12): no cálculo, a preponderante se
mantém, devendo, portanto, ser aumentado a pena em 1/6 por conta da
reincidência);

b) Uma agravante não preponderante objetiva (contra criança) e uma


agravante não preponderante subjetiva (abuso de autoridade): Aqui, as
duas são comuns, porém, nessa ‘’disputa’’, quem vence é a agravante
comum subjetiva, logo, aplica-se o abuso de autoridade com o
consequente aumento de pena em 1/6).

c) Uma agravante preponderante (reincidência) e uma agravante


preponderante (motivo fútil): Aqui, serão aplicadas as duas agravantes,
tendo, assim, dois aumentos seguidos de 1/6, ou seja, aumento a pena em
1/6 e, depois, pego esse resultado e aumento em 1/6.

d) Uma agravante preponderante (reincidência) e uma atenuante


preponderante (confissão): Caso de COMPENSAÇÃO, isto é, tendo em
vista possuírem a mesma força, elas se anulam, não ocorrendo, assim,
nem aumento nem diminuição da pena.

e) Uma agravante não preponderante subjetiva e uma atenuante não


preponderante subjetiva: Caso de COMPENSAÇÃO, isto é, tendo em
vista possuírem a mesma natureza, elas se anulam, não ocorrendo, assim,
nem aumento nem diminuição da pena.

f) Duas atenuantes não preponderantes subjetivas e uma agravante não


preponderante subjetiva: Há compensação, porém, sobra uma atenuante
que não foi anulada, logo, deverá ser aplicada a atenuante, não fazendo
diferença qual eu escolher que sobre.
g) Duas atenuantes comuns e uma agravante preponderante: Aqui
ocorrerá a agravante vence uma das atenuantes, assim, será aplicada na
pena a agravante (aumento de 1/6) e, no resultado obtido, a atenuante que
sobrou (diminuição de 1/12).
OBS.: Aqui utiliza-se o 1/12 para a atenuante que sobrou tendo em vista
que não faz sentido aumentar 1/6 e depois diminuir 1/6 e que também
não é possível que a atenuante comum anulasse a agravante
preponderante. Logo, a atenuante perde força e passa a ter 1/12 como seu
valor.

4. Cálculo da 2ª Fase

- Valor: 1/6 da PENA DA BASE

I. Transformar a PENA BASE em meses: 5 anos e 6 meses = 66 meses


II. Calcular 1/6 sobre a PENA BASE: 1/6 de 66 = 11 meses (valor de uma
agravante ou atenuante)
III. Subtrair (atenuante) ou somar (agravante) da PENA BASE: 66 + 11
(reincidência) = 77 meses
IV. Transformar para anos: 77/12 = 6 anos e 5 meses

PENA PROVISÓRIA: 6 ANOS E 5 MESES.

MULTA

I) Retirar 1/6 da PENA BASE: 1/6 de 98 = 16 dias multa


II) Subtrair ou somar cada atenuante/agravante com a PENA BASE: 98 + 16
(reincidente) = 114 dias multa

PENA PROVISÓRIA: 114 DIAS MULTA

AULA – 26/03

3° FASE
5. Causas de aumento (Majorantes) e Causas de Diminuição (Minorantes):
causas que vão aumentar ou diminuir nessa última fase. Podem ser causas fixas
ou variáveis, cujo parâmetro é o código penal
 Nessa fase, não há limite referente a súmula 231.
Exemplo: Tráfico privilegiado – É uma minorante “reduz-se a pena de 1/6 a
2/3, desde que...” (variável – precisa de argumentação por se tratar de uma faixa
de fração – é subjetivo)
Exemplo 2: Estelionato contra idoso – É uma manjorante, “duplica-se a pena”
(fixa – tem-se o valor exato – é objetivo)

Observação: Não confundir com qualificadoras ou privilegiadoras. Dão novas


penas. São uma subespécie de um tipo penal já existente
 Qualificadora: Exemplo - art 121 caput “homicídio simples (matar
alguém - pena 6 a 20 anos”. No Parágrafo 2, “homicídio qualificado –
pena 12 a 30 anos”. O legislador qualificou o delito por meio das
agravantes. Isto é, a pena que antes era de 6 a 20 anos passou a ser 12 a
30 anos, pois se tornou mais gravoso. Utiliza-se, portanto, na primeira
fase o tempo de 12 a 30 anos
 Privilegiadora: É uma redução de pena. Exemplo: art 123 infanticídio.
O legislador - ao entender o estado de puerpério da mulher, na qual tem a
maior tendência de desenvolver uma depressão pós-parto, podendo matar
seu filho - reduziu e amenizou a pena em relação a um homicídio comum

6. Concurso de causas se aumento ou de diminuição

“Art. 68 Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de


diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento
ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou
diminua.”

 Exemplo: Em um caso que o indivíduo cometa um roubo acompanhado e


com arma de fogo. Art. 157 – há uma Majorante que aumenta em a pena
entre 1/3 e a metade (concurso de pessoas) e ao mesmo tempo outra
Majorante que aumenta em 2/3 (violência por meio do uso da arma de
fogo. Há aqui o concurso de DUAS CAUSAS DE AUMENTO. Deve-se
optar pela causa que mais aumente (2/3). O que sobrar (concurso de
pessoas) move-se para outra fase.
 Ou seja, em casos de causas de natureza iguais (duas diminuições, por
exemplo), deve-se optar pela causa que mais diminua.
 Em casos que há causas de natureza diferentes (uma de aumento e outra
de Diminuição), deve-se aumentar e depois diminuir, normalmente.
 Causas da Parte Especial do Código Penal: SOMENTE um aumento ou
uma diminuição. Só vale para a parte especial essa regra.
 Causas da Parte Geral do Código Penal: TODAS devem ser aplicadas. A
regra da parte especial não se aplica aqui
 Causa de Diminuição: Tentativa de crime (art. 14). É variável,
então: Quanto mais próximo o indivíduo estava da consumação
do delito, menos se diminui a pena dele.

7. Cálculo da 3ª Fase

- PENA PROVISÓRIA/INTERMEDIÁRIA: 6 anos e 5 meses

A) Transformar a PENA INTERMEDIÁRIA em meses: 6 anos e 5 meses = 77


meses

B) Calcular o valor da causa de diminuição: 2/3 de 77 = 51 meses

C) Subtrair o valor da PENA INTERMEDIÁRIA: 77 - 51 (reincidência) = 26


meses

D) Transformar para anos: 26 meses = 2 anos e 2 meses

- PENA FINAL: 2 anos e 2 meses

MULTA

- Pena intermediária =:114 dias multa

A) Calcular o valor da causa de diminuição: 2/3 de 114 = 76 dias multa

B) Subtrair o valor da Pena INTERMEDIÁRIA: 114 – 76 = 38 dias multa

- PENA FINAL: 38 DIAS MULTA

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