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Desenhando

Móveis
com bom humor
Pequeno almanaque de apoio ao proj et ist a de Móveis
(Ser ve t ambém par a Designer s, Ar quit et os, Mar ceneir os, Pedr eir os, Neur ocir or giões,
Padeir os, Fisicult ur ist as, Apicult or es, Hist or iador es, Cabeleir eir os, Gar is, Engenheir os,
Ar queólogos, Apr esent ador es de TV, e quem mais não t iver j uízo par a desej ar apr ender a
desenhar móveis, achando que isso dá dinheir o.)

Pacard
1
Tudo
t em
uma
razão
...
Eu era um jovem aprendiz de escultor. Odiava isso. Era o caçula do setor numa
fábrica de móveis, tapetes de lã, e principalmente arte, uma escola, pode-se assim
dizer. Minha mãe, minha avó e meu tio trabalhavam neste lugar. A mim, então com
15 anos e poucas possibilidades numa cidadezinha pequena, só me restava aceitar
a benesse de ser aceito como aprendiz de escultor mesmo. Mas eu odiava isso. Já
falei. Eu queria mesmo era ser marceneiro. Ah, como eu queria ser marceneiro,
construir armários, sofás, cadeiras, ligar aquelas máquinas barulhentas e usar um
aventar surrado e impregnado de cola com pó se madeira. Um dia até fugi da seção
de escultura,e por quase dois meses, permaneci como assistente na marcenaria.
Lixava pé de cadeira,limpava a fábrica ao final do dia e alegremente compartilhava
com os marceneiros mais velhos o prazer de construir móveis. Incógnito, o que era
melhor. Mas durou pouco. Um dia fui descoberto pelo patrão, levado ao “urinório”
e me deram um banho de sermões: minha mãe e o chefão. Aí num daqueles
lampejos de “bondade”, o chefe, nervoso, como se estivesse diante de um marginal
irrecuperável, me
perguntou:
- Mas afinal, o que é que voce quer ser na vida? (notou que tem um VOCE? É que
o patrão furioso era capixaba). Olhei pra ele e minha alma se encheu de luz. O
coração disparou e eu respondi de um só fôlego: “PROJETISTA DE MÓVEIS”.
Infelizmente, foi só a minha alma que se iluminou. Tanto o patrão quanto minha mãe
me deram aí um ultimato:

- “ OU APRENDE A ESCULTURAR EM SEIS MESES, OU TÁ NA RUA. DESENHAR


MÓVEIS NÃO TEM FUTURO PRA TI.

(Será esse o fim deste destemido e medonho rapazote? Teria ele surtado e
ameaçado cometer harakiri diante do patrão e da mamãe? Não percam a próxima
página que trará relevadoras verdades e todos os mistérios do univ...ah, voce nem
iria acreditar nisso mesmo).

2
“Rua” significava, segundo ameaças da minha mãe, internato. Não, Tudo mesmo
internato. Até mesmo aprender a esculturar, mas internato não. Aprendi. Mas que
droga. E u gostei disso. E então, me tornando um profissional em escultura, tomei
minha decisão na vida: SEREI PROJETISTA DE MÓVEIS. E SOU!
Claro, que lá pelo fim dos anos 80, fui conhecer Milão, voltei cheio de catálogos e
idéias, e troquei para DESIGNER. Mas antes de ser um designer, sou e sempre
serei um projetista. Deus seja louvado por isso.
Ainda no início da década de 80, por solicitação dos meus amigos marceneiros, que
a esta altura já eram quase todos donos das suas próprias marcenarias, me
contratavam para que eu os auxiliasse a interpretar os projetos mirabolantemente
tecnocráticos que recebiam de alguns arquitetos, cujo excesso de informações
mais parecia estar gostando de um grandioso complexo de usinas nucleares
secretas, numa linguagem que para os pobres iletrados marceneiros, pareciam
tratados interplanetários. Quando eu chegava a eles com alguns desenhos simples
em perspectiva, sem aquela parafernália de linhas, pontilhados, códigos, cotas, etc,
descobriam que se tratavam muitas vezes de simples caixotes de lenha. E foi desta
forma que comecei a ensinar desenho. Reuni estes marceneiros numa sala
emprestada pela Associação Comercial, e ensinei-lhes que desenhar é mais fácil
do que escrever. De lá pra cá, posso afirmar com segurança de que a maioria das
pessoas que desenham móveis na Região das Hortênsias do Rio Grande do Sul, tem
uma letra parecida com a minha, isto é, um traço que passou de alguma forma pelo
meu atelier. Fora os amigos que guardo no coração até hoje desta escola sem
nome.
Hoje, estendi esse ensinamento a muitas cidades do Brasil,e ministro cursos de
capacitação em desenho do mobiliário a outros marceneiros, uns jovens, outros
nem tanto, cujo espírito se iguala aos primeiros: alegria por descobrir, não o quanto
sou capaz de ensinar, mas o quanto ELES podem aprender, desde que seja de um
jeito que
possam entender a linguagem do desenho.
Este livro propõe isso. Ensinar que aprender é a arte de caminhar em frente, seja
onde quer que queiramos chegar. Desenhando o caminho é mais divertido, porque
antecipamos a imagem de nossos sonhos.

Boa leit ur a.
Paulo Car doso
Flor ianópolis SC, Mar ço de 2008.

3
Régua
A origem da palavra régua é francesa (règA origem da palavra régua é francesa (règle) e
significa “lei ou regra”. Trata-se de um instrumento cuja primeira idéia que nos impõe é a
do traçado reto e de medida.le) e significa “lei ou regra”. Antes disso, provém do latim,
régula. As mais usadas são feitas em acrílico, PVC ou alumínio.

No desenho de móveis utilizamos alguns tipos de


réguas, a saber:

Transferidor Régua T Escalímetro

Régua de
Perspectiva

Const ruindo uma Régua de Perspect iva


Pr imeir o, compr e uma Régua “T”. Depois desmont e-a e dê a cabeça do T par a as
cr ianças br incar em. Dá um volant e de nave int er galáct ica bem bacaninha,
E não par e por aí: Vá à uma mar cenar ia e peça que o mar ceneir o cor t e sua
r égua r est ant e ao meio no sent ido do compr iment o. Você vai f icar no lucr o,
pois vai t er ent ão DUAS r éguas bem novinhas de per spect iva.

4
LIÇÃO UM

Desenhar é mais fácil do que escrever


Desenho é muito simples. Não tem muitas regras. Na verdade, voce pode
anotar todas elas numa mesma folha de caderno sem muito esforço. A
questão não são as regras em si, mas o momento certo de aplicá-las, e o
que é melhor no objetivo deste livro: conhecer os a atalhos que facilitem o
desenho para que você possa, em poucas linhas, demonstrar um turbilhão
de idéias que povoam
sua criativa mente. Então, o primeiro passo é que você entenda como
vamos trabalhar.
Já parou para imaginar como se sobe uma escada? Parece simples, e na
verdade é mesmo. Seu cérebro tem “apenas” que calcular a altura do
primeiro degrau, baseado no movimento do primeiro passo, e no esforço
necessário para elevar seu corpo. A seguir, o segundo passo acontece, e
como o cérebro já tinha registrado o anterior, apenas confere se houve
alguma alteração, e como não deve ter havido (se a escada foi bem
construida), é efetivado o registro de que os demais seguirão na mesma
ordem. Basta acelerar e cuidar com o último degrau, que muito acontece
de que esteja fora de ordem. Mas essa é outra história.
Para desenhar, o caminho é o mesmo. Primeiro, vamos conhecer os
elementos do desenho, que são apenas dois. Isso mesmo:DOIS!
Linha RETA e Linha CURVA. A repetição destas duas linhas, o
entrelaçamento que fazem entre si e a graciosidade entre uma e outra, é
que formam as imagens que nos encantam e que expressam o que
desejamos comunicar. (Eu gosto mais das curvas. Niemayer diz que de
curvas é feito o universo e que o espaço odeia as linhas retas. Einstein
falava algo parecido sobre o equilibrio do universo. De fato, um longo
caminho em linha reta, é monótono demais. São as curvas, subidas e
descidas que tornam bela a paisagem).

Atenção: Não se
engane. Estas ...Não! Voce não
são linhas está bebado.
RETAS.... Estas são linhas Aqui o cara
CURVAS combinou ambas e
ficou bem bonitinho
mesmo! o troço.

5
Combinação
Vamos combinar então que foi muito fácil, francamente. Mas como viu,
trabalhamos com retas e curvas puras. Agora, podemos então combinar
as duas, sabe, do tipo, farinha, açúcar, manteiga e fermento, mas que
com a mão certa e a temperatura certa, tenhamos um delicioso bolo
(nham, me deu fome).

Calma...é apenas um ensaio


de retas e curvas
combinadas.

Tente repetir isso.


É assim que se começa a desenhar.
Repetindo, repetindo...repetindo..
Tente repetir isso.
É assim que se começa a desenhar.
Repetindo, repetindo...repetindo..
Tente repetir isso.
É assim que se começa a desenhar.
Repetindo, repetindo...repetindo..
.................................
Fui claro? Senão eu repito...

Ficou bem legalzinha essa pagina. Se


desenhar é só isso, tiro de letra.

6
Instrumentos de Desenho
Então, voce acha que ia desenhar com o que? O dedão? Não, não. Há instrumentos
mais adequados para esse fim, especialmente se tratando de desenho profissional
e que se quer que fique bem lindão. Veja por exemplo as lapiseiras e lapis,Usam
grafite de várias espessuras e graus de dureza. Cada um tem sua finalidade. O
protótipo do lápis poderá ter sido o antigo Romano stylus, o qual consistia de um
pedaço de metal fino utilizado para escrever nos papiros, habitualmente feito a
partir de chumbo.

Vamos testar seus conhecimentos. A


figura repetida aí do lado representa:

( ) Seis lapiseiras
( ) Um lapis de carpinteiro
( ) Um lapis de cor
( )A insustentavel leveza do ser.
( ) Outra babaquice qualquer

E agora, heim, heim?

( ) Tres lapis de desenho muito bem apontados


( ) Um lapis de carpinteiro
( ) Um toco de cigarro
( )A insustentavel leveza do ser. (Isso tá ficando
repetitivo)
( ) Ou voce precisa de óculos?

Tá. Chega de bobagera e vamos falar dos lápis então. (Agora senti
firmeza. Tenho que manter a disciplina senão vira casa de mãe joana).
Na classificação por números, temos:
Nº 1 – Macio – Linha cheia, esboço
Nº 2 – Médio – Linha média
Nº 3 – Duro – Linha fina (pouco usado)
Na classificação por letras, temos:
B – Macio – Linha cheia, esboço (equivalente ao nº 1)
HB – Médio – Linha média (equivalente ao nº 2)
H – Duro – Linha fina (pouco usado) (equivalente ao nº 3)
Na classificação por números e letras temos:
2B, 3B...até 6B – Muito macios
2H, 3H...até 9H – Muito duros (Usados em modelagem de calçados e outros)
As lapiseiras apresentam graduação quanto à espessura do grafite, sendo as
maisfáceis de encontrar, as de número 0,3 – 0,5 – 0,7 e 1,0.

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Kit de sobrevivencia do projetista

01 Escalímetro Borracha Transferidor

Fita Crepe
Esquadros

Lapiseira Calculadora Lapis de cor

Pasta A-3 Circulógrafo Estilete

Gabarito sanitario Gabarito de moveis Curva francesa

Papel Trena Caneta Nankin

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Prancheta Tinta Nankin Caneta hidrocor

Radio véio Retrato de familia Luminária

Flanelinha Escovinha Régua Paralela

Não vou dizer o que é

Agora que temos uma


listinhaque catei na
internet, mas que se
comprar mais do que isso
vai estar jogando seu
suado dinheirinho no ralo,
verifique a descrição na
próxima página e vá às
compras. Mas lembre-se:
Existem muitas marcas e
muitos tipos de materiais.

Consulte alguém com


experiencia antes de se
atirar na lábia dum
vendedor. Eles ganham
por comissão. Voce
ganha por hora.

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Exlicação tintim por tintim dos materiais mais comuns
01 Escalímetro nº 01
Existem varios tipo de escalímetro ( aquela reguinha engraçada, de topo triangular,
que JAMAIS deve ser usada para riscar. Apenas medir, senão pode danificar a
graduação precisa, aí quando voce mais precisar, fica imprecisa. Eu adoro trocadilhos
infames).
Lapiseira 0.5
Existem ainda lapiseiras 0.3, bem fininha. É ideal para desenhos que exigem mais
precisão. Também a lapiseira 0.7 é ótima para esboços. Se puder, tenha todas elas e
suficiente estoque de grafite (mina) para as mesmas.
01 lápis HB
01 lápis 3b ou mais macio
A dureza dos lápis depende do que voce vai desenhar. Se for um esboço simples, um
HB é suficiente, mas se quer dar um efeito mais personalizado, com sombras, então
use lápis mais macio.
01 borracha de silicone (não é pra aplicar nos air bags nem dar volume na bunda. É
pra apagar os borrões mesmo). Estas borrachas de silicone são ideais, porque não
esfarelam e causam menos danos ao papel.
01 par de esquadros médio (28cm é um bom tamanho)
Voce precisa necessariamente de um esquadro de 45º e outro de 30º. Com esta dupla
voce divide um circulo em 24 partes iguais sem auxilio de transferidor, entre outras
aplicações.
01 transferidor (vai usar pouco, mas fica com cara de profissional. Sempre
impressiona ter um desses pendurado)
01 caixa de lápis de cor (12 cores dá e sobra). Mas se quiser impressionar, compre
um daqueles estojos que custam mais de mil Reais.
01 estilete com lãmina nova (tome cuidado com os dedinhos)
01 calculadora (o ideal seria que você mesmo conhecesse as quatro operações. Mas
se não der,use a maquininha sem dó nem piedade. Falando em piedade, voce ainda
lembra do PI? ( 3,1416...? E do PHI? 1,618...heim, heim? Mas mais adiante vamos falar
um pouco disso).
01 pasta A-3 (Seus desenhos lindos não podem ficar rolando por aí. São preciosos)
01 gabarito de circunferências ou Circulógrafo (popular bolômetro)
01 gabarito de peças hidro-sanitárias em escalas: 1/20 – 1/25 – 1/50
01 gabarito de elipses
01 jogo de curvas francesas (além de bonitinhas, são bastante usadas)
01 compasso de boa qualidade (Não seja mão de vaca na escolha dos materiais.
Escolha sempre os bons, quem nem sempre são os mais caros. No caso do compasso,
é muito importante um compasso de precisão, que pode custar um pouco mais).
Papel sulfite 75-90g
Papel sulfite 240g (Vá a uma tipografia ou gráfica e peça folhas inteiras. Daí, peça
com jeitinho, faça olhinho de cachorro pidão, para que cortem ao meio tres vezes.
Você terá então tamanho A-3, ideal para guardar na sua pastinha). Não precisa ser
margeado. Você mesmo pode fazer isso e sai mais barato do que comprar em
papelaria.
01 trena métrica metálica (compre uma de 5 m que vai ajudar muito).
Papel Vegetal 90-95g tamanho A-3
01 kit de canetinhas recarregáveis com tinta nankin:
nankin 0.2 – 0.3 – 0.5 – 0.8 – 1.0 (você
vai gastar um poucquinho mais na compra destas canetas, mas elas duram muuuito
mais do que as descartáveis, que custam quase a mesma coisa.

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01 tubo de tinta Nankin para recarga (tome cuidado no manuseio para não deixar cair
na roupa. NUNCA mais sai essa encrenca. Eu que o diga. Perdi a conta de todos os
ternos Armani que perdi por causa de nankin derramado neles).
Mesa de Desenho – Forre a mesa com plástico verde (preferível ao branco). Deixe
bem esticado, fixando-o embaixo
da prancha com grampos ou percevejos bem firmes. (Veja detalhes adiante)
Fita Crepe (parac fixar o papel e os percevejos à mesa)
Percevejos (NÃO espete na mesa. Vire-os de cabeça pra baixo e fixe com fita crepe
à mesa. Serão seus pontos de fuga na perspectiva) Também não é de bom tom deixar
percevejinhos nas cadeiras dos colegas para espetarem as bundas ao sentarem. Isso
é coisa de criançola.
Papel “croquis”
Canetinhas hidrocor (O Ministério do bom senso se diverte: Não gaste com canetas
caras enquanto não estiver bem afiado no desenho. Guarde a vontade para quando já
estiver bem tarimbado pra coisa).
Um radinho de camelô pra ficar antenado no mundo. Projetista alienado o lambisome
pega. MP3 também pode. Uma bandinha alemã sempre é mais animada, porque é
movida a barril de chopp, e se estiver mais folgado, pode contratar uma orquestra
sinfônica para entrete-lo enquanto trabalha.
Lâmpada sobre a mesa.
mesa Se você for destro, cuide para que a luz incida sobre seu
ombro esquedro diretamente no grafite. Se for canhoto, faça o contrário. Se não for
nenhum dos casos, vá catar coquinhos.
Foto de muié pelada num calendário: Isso é opcional. Pode também, se for o caso, e
exclusivamente sendo O CASO, foto dum jogador de futebol bombeiro ou
fisiculturista.
Flanela e Benzina para limpeza da mesa e dos instrumentos. A benzina limpa a
gordura e o grafite, mas não tira o nankin. Como a mão tem gordura, que associada
ao grafite do trabalho deixa a folha com má impressão, de tempos em tempos limpe a
mesa, o desenho e os instrumentos com Benzina. Não use álcool, pois este danifica o
acrílico dos instrumentos. JAMAIS passe limpa-vidros ou silicone na mesa. Isso
impede a fixação do papel.
* Só não vá pegar gosto e sair por aí cheirando benzina, e depois se te pegam
fazendo doideira, dizendo que o Pacard foi quem ensinou, que Pacard isso e o Pacard
aquilo. Tsc tsc. Não não

Bom. Tá por esta página. Agora vamos falar do território sagrado do desenhista
( vaso sanitário não conta): A mesa ( ou prancheta). Não perca na próxima pagina, a
emocionante historia de Raimundo Nunato e seu valente jegue, contra o infame e
ordinário mau pagadô que adevorteava as dunzela amuntado num bode preto. ....ou
pensando bem, acho que vou falar apenas da mesa de trabalho mesmo. Não tou sendo
pago pra fazer literatura de cordel e sim ensiná-los a desenhar móveis. Isso sim que
é oficio decente.

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A Mesa de Desenho
A mesa de Desenho é um território sagrado. Deve permanecer imaculada. Ninguém,
mas absolutamente ninguém que não pertença à confraria, deve sequer imaginar em
chegar perto, pois conseqüências inimagináveis são esperadas para quem ultrapassa
o sacrossanto tavolárium do desenhista. Fontes seguras descrevem que alguns
aventureiros chegaram perto demais e hoje são vistos perambulando entre
corredores de ugares tenebrosos, como Agências de publicidade, estúdios de design
e até mesmo, pasmem: dando aulas de desenho do mobiliário.
Deve haver uma cumplicidade com a mesa e o projetista. Eu tenho uma mesa há mais
de trinta anos. Estamos quase sempre juntos. Falamos do tempo, contamos as
mágoas, nos gabamos de mulheres, discutimos fitebol, tudo isso. Aí voce pensa:
“Esse cara é doido! Discutir com uma mesa? Isso é coisa pra doido. Com mesa não
se discute. Dá-se uma ordem e pronto. Ela tem que cumprir caladinha”.
Mas os tempos mudaram, sim senhor. As mesas estão mais liberadas, algumas até
votam e há aquelas que até se oferecem para pagar a conta no restaurante. Daí,
tenha modos, jamais bata numa mesa para mostrar valentia. Em mesa não se bate
nem com uma escova.

12
Perspectiva
Perspectiva

13
Falando um pouco sobre Perspectiva
Não são poucas as pessoas que desistem de desenhar por causa da tal de
perspectiva. E os que avançam e não são capazes de entender como funciona, sentem
verdadeiros arrepios quando tem que ilustrar objetos ou paisagens em tres
dimensões. Já ouvi verdadeiros absurdos sobre isso. Não é raro que algum pseudo
endendido queira me pegar de calças curtas ( me enrolar numa pergunta capciosa) e
de cara me pergunta, sempre com ar de superioridade: “ Com quantos pontos voce
trabalha?
Aí é minha vez de bancar o porco espinho e devolver a pergunta infame com outra
mais capciosa ainda: “Com quantos pontos voce aprendeu perspectiva? Um? Dois?
Tres? Mais que cinco?” ...e aí vou apertando o nó até que saltem os olhos da vítima e
não tenha resposta compreensivel a dar, e ouço algo tipo: “...não, não. Eu só sei com
um ponto né...o importante é O PONTO”..sabe...”.
Sei. Mas sei também que há mais asneiras entre o céu e a terra que pode explicar
nosso vão conhecimento da estupidez humana também. Entaõ pacientemente eu
aproveito e dou uma aula breve sobre perspectiva. Geralmente ganho alunos nisso.
Então vamos à perspectiva.

Segundo o vernáculo, perspectiva é um termo de significado amplo que possui as


seguintes acepções, ainda que elas sejam bastante relacionadas umas com as outras.
Perspectiva (visão). É um aspecto da percepção visual do espaço e dos objetos nele
contidos pelo olho humano. Depende de um determinado ponto de vista e das
condições do observador. A perspectiva, neste caso, corresponde a como o ser
humano apreende visualmente seu ambiente, sendo confundida com a ilusão de óptica.
Por exemplo, as linhas paralelas de uma estrada, relativamente a um observador nela
situado, parecerão afunilar-se e tenderão a se encontrar na linha do horizonte. Vem
do latim spec, que significa visão.
Perspectiva (gráfica).
(gráfica) É um campo de estudo da geometria e, em especial, da
geometria descritiva. É usada como método para representar em planos
bidimensionais (como o papel) situações tridimensionais, utilizando-se de
conhecimentos matemáticos e físicos, decorrentes do fenômeno explicado no tópico
anterior, para passar a ilusão ao olho humano. Divide-se em várias categorias e foi
desenvolvida pelos artistas do Renascimento.
Perspectiva (cognitiva). Na teoria cognitiva, é a escolha de um contexto ou referência
(ou o resultado desta escolha) de onde se parte o senso, a categorização, a medição
ou a codificação de uma experiência, tipicamente pela comparação com outra. Pode-
se posteriormente reconhecer diversos significados de diferença sutil, como o ponto
de vista, o paradigma.
A idéia básica que une todos estes significados da palavra perspectiva é o de que a
experiência humana é relativizada de acordo com o ponto de vista de onde ela é
vivenciada.
Quando olhamos algumas pinturas da época do renascimento, ficamos surpreendidos
com a capacidade do pintor de copiar a realidade. Esses efeitos até hoje nos
surpreendem quando observamos o sorriso "contido" da pintura da Mona Lisa. Os
resultados obtidos das pinturas dessa época se devem em grande parte à perspectiva.
Ela permitiu aos pintores representar nos planos os objetos como se eles tivessem
vida.
Mas isso tudo é a teoria. Mas como entendê-la, a ponto de torná-la um recurso de
nosso trabalho sem termos que recorrer às malfadadas planilhas quadriculadas que
são distribuídas como soluções mágicas em cursinhos de Design de Interiores de fins
de semana?

14
Egito antigo
Os egipcios,que eram mestres em
astronomia, medicina, matemática,
arquitetura, engenharia e outras
ciencias, praticamente desconheciam a
perspectiva, ou pouco se importavam
com ela. Isso se percebe quando vemos
as demonstrações pictóricas estampadas
nos seus murais e palácios. Geralmente
as pessoas eram vistas andando ou
agindo de lado, mas colocavam os olhos
como se estivessem de frente, e
estranhamente braços, mãos e pernas
algumas vezes eram eagerados em
relação ao corpo. O que eles queriam
mostrar com isso? Simplesmente, por não
conhecerem outra forma, mostravam uma
mãe enorme desejando informar que
aquela mão estava mais próxima do
observado, e que o corpo se distanciava.
E assim seguiam os fatos.

MÓVEIS EGÍPCIOS

Os móveis da tumba de Tutancamon (c.


1333 a 1323 a.C.), mostraram ao mundo
o grau de suntuosidade a que chegou a
marcenaria egípcia. Além de peças
produzidas para uma clientela refinada,
também houve produção em massa de um
mobiliário mais modesto. Cofres, tronos,
bancos, poltronas, armários, camas,
apoios para nuca, ataúdes, arcas, leitos
de repouso e leitos funerários eram
alguns dos móveis fabricados. Basta olhar
as peças para perceber que o marceneiro
egípcio sabia tudo sobre sua arte e já
empregava técnicas utilizadas hoje em
dia.
As camas possuíam pés ornamentados, às
vezes na forma do deus Bes, uma
divindade que era representada como um
anão fazendo caretas e que tinha o dom
de evitar acidentes domésticos como, por
exemplo, as quedas. Sob o leito eram
colocados os utensílios de toucador e o
vestuário, guardados em um cofre, bem
como um escabelo. Tamboretes e
banquinhos também aparecem nas
ilustrações compondo o mobiliário dos
quartos de dormir.

15
A maioria dos móveis recebia
incrustrações de elementos decorativos
em metal ou madeira rara e inscrições e
vinhetas em faiança ou esmalte.
Terminado o trabalho do marceneiro, o
móvel era entregue aos seus colegas que
deveriam completá-lo com gravuras ou
pinturas. Preferiam trabalhar com
madeiras importadas da Sicília e do
Líbano, pois o Egito dispunha de poucas
árvores, sendo que a palmeira, a mais
abundante delas, é de aproveitamento
difícil. A oliveira, a figueira, o sicômoro e
o cedro forneciam o material necessário.
Grécia
Foram então os gregos, que pelo seu
apego à filosofia, lógica, artes e
matemática, aliados ao seu amor pelo belo,
que passaram a empregar ses
conheciemtos da perspectiva na
arquitetura.
Conheciam tão bem a perspectiva, que
conseguiam burlar seus efeitos em suas
obras, quebrando o efeito de
distanciamento de uma fileira de colunas
pelas formas oblongas que emprestavam
ao fuste ( tronco da coluna). Assim,
permitiam que através de uma ilusão de
ótica, aquilo que por outra ilusão deveria
diminuir à medida que se afastava, ao
contrário, permanecia em linha uniforme.
Esta distorção era compensada pela
curvatura quase imperceptivel no corpo do
fuste. Este fenômeno é cjamado de Êntase.
(veja na pág. seguinte) O Partenon, em Atenas
é um destes exemplos. E faziam ainda
mais. Ao caminhar, se percebe uma
curvatura também sutil no piso. Desta
forma, também o chão não se mostraria
diminuindo `medida que se distanciava do
observador.

O fuste (e no esquema), do latim fuste (pau de madeira), é, de uma certa forma, a


própria coluna (elemento vertical de apoio), constituindo a sua central e maior parte e
fazendo a ligação entre a base e o capitel. Pode ser composto por um só bloco
(monolítico) ou segmentado pela sobreposição de diversos blocos (também
designados tambores). Caso a coluna só apresente fuste, o extremo inferior deste
designa-se imoscapo e o superior sumoscapo.
Nalguns casos pode existir uma ligeira curvatura do fuste (engrossamento) designada
entasis (D no esquema), em que o diâmetro aumenta a 1/3 da sua altura de modo a
reduzir a distorção óptica, uma espécie de desproporção oferecida pelo nível baixo do
ponto de vista do observador. Outras deformações são também possíveis, como a
redução do diâmetro numa das extremidades do fuste (afunilamento).

16
Desenhando a Perspectiva

Não fique assustado.


Aqui estão apenas
alguns exemplos. Vamos
começar do principio.

17
Chega de conversa fiada e VAMOS
DESENHAR!

Ponto de Fuga Ponto de Fuga


Esquerdo Direito

Agora começamos a subir as linhas Verticais

Observador

Ponto de Fuga Ponto de Fuga


Esquerdo Direito

Agora começamos a subir as linhas Verticais

Observador

Para lembrar:]
* Nunca, mas NUNCA apague as linhas Viu? Viu?
auxiliares, antes que seu desenho esteja Nâo falei
completamente pronto. Nem que lhe dêem que era
com um gato morto na cabeça e o gato fácil? Não
comece a miar. Mesmo assim, não apague. falei?
Cultura mais ou menos útil
Quando representamos graficamente
(desenhamos) um objeto, nas tres
dimensões ( largura, altura e
profundidade), estamos construindo
uma ÉPURA.

18
Construção da Perspectiva e seus elementos

Ponto de Fuga Ponto de Fuga


Esquerdo Direito

Linha do Horizonte (LH)

Aresta Principal

Linha da Terra (LT)


Tambem conhecida por
GEOMETRAL
Linhas
Observador Auxiliares
Ponto de
ORIGEM

Para lembrar:
* a Linha do Horizonte é uma linha
imaginária que liga um ponto de fuga
ao outro, um eixo que passa
exatamente nas pupilas do observador.
* Nunca apague as Linhas Auxiliares.
Auxiliares
* Sempre construa todos os elementos
(linhas, pontos) da perspectiva ao
executar qualquer desenho que vá
fazer. Para pensar um pouco:
Por que quando montamos uma perspectiva,
usando os pontos de fuga, e desejamos
retratar um móvel de uma foto da revista,
nunca conseguimos deixar na mesma
posição? Onde estão os pontos de fuga?

Ponto de Fuga Ponto de Fuga


Esquerdo Direito

Já temos aqui a BASE


do nosso desenho.

Observe que esta Linha da Terra foi movida,


saindo do pé do observador (ponto de Origem),
Observador em direção aos Pontos de Fuga

19
Vamos Pensar?
Na página anterior apresentei um problema. A
solução é simples. Centralize a foto numa folha de
papel maior. Aí trace as linhas de construção do
objeto. Vai perceber que em algum lugar elas irão
se encontrar obrigatoriamente. Tanto à direota
quanto à esquerda. Aí é só seguir o mesmo
reciocínio e desenhar outra vez o objeto, com
base nessa construção.

Ponto de Fuga Esquerdo Perceba que há uma leve inclinação da linha do horizonte.
Isso significa que o observador também inclinou a cabeça Ponto de
para fazer a foto do objeto. Fuga
Direito

Repita o método com os desenhos


abaixo. Muitas, muitas e muitas
vezes, até assimilar completamente o
que está fazendo.

Aqui se percebe que o objeto está centralizado


com a Linha do Horizonte, ou seja, o
Observador está vendo tanto por baixo quanto
por cima da parte interna do móvel.

20
Linhas Definitivas.

Finge que não percebeu, Preste muita atenção nessa parte aqui.
mas Dédalo (E) e Ícaro À medida que o desenho evolui, aumenta também
(D), estão peladaços, com o numero de linhas auxiliares e depois destas, as
o tingulim de fora. Estes Linhas Definitivas.
pintores renascentistas Jamais apague as auxiliares, mas preste muita
tinham fixação nisso. Se atenção, porque por estarem muito próximas, elas
não tivesse um podem confundir. Aí temos que fazer o caminho
penduricalho, não era de Dédalo*, ou seja, seguir a linha até encontrar o
arte. Tsc, tsc. Pouca erro. Ele smpre vai aparecer. Por isso podemos
vergonha. chamar as linhas auxiliares de “linhas dedo duro”.
Porque elas entregam mesmo.

E agora, faça de conta que está entendendo o


assunto e repita seis mil e quatrocentas vezes
os desenhos abaixo, lembrando sempre de
CONSTRUIR toda a estrutura que compõe a
Perspectiva.
Vamos começar com desenhos que tenham
bastante linhas retas por enquanto.

Pequeno balcão Gaveteiro/ Criado mudo Roupeiro

Gaveteiro Alto (Chiffoniere) Mesas auxiliares Gaveteiro/ Carrinho porta CD e Rack

21
O templo, tal como é visto O templo, tal como seria O templo, como é construído
visto no esboço 1

Mobiliário da Grécia
O mobiliário grego pouca contribuição
prestou à historia do mobiliário, se
comparado à arquitetura, filosofia,
matemática, astronomia e outras ciencias
e artes. Derivou do egípcio, com atenção
às proporções dos homens. Usava-se
bronze, mármore e madeiras disponíveis,
Cadeira Klismos
sendo o Cedro a mais comum.
Costumavam adornar os móveis com
pedras preciosas e jóias. Os pés de
bronze no formato de animal eram usados
em cadeiras e camas, que eram baixas e
curvilíneas. Armações eram feitas com
corda trançada ou correia de couro.
Colchões e almofadas eram revestidos
com telas de lã e muito ornamentados.
O modo de vida determinou o estilo do
mobiliário, a mobília era portátil e
dobrável, a cadeira em X. As cadeiras de
Aqui o cumpadi tá dando um
braço chamadas throno eram decoradas
panorama das vantagens
com incrustações e entalhadas.
de...blá..blá..blá...
(Fonte: Sylvana Kelly)

22
Curvas
"Não é o ângulo reto que me atrai, nem a
linha reta, dura, inflexível, criada pelo
homem. O que me atrai é a curva livre e
sensual, a curva que encontro nas
montanhas do meu país. No curso sinuoso
dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo Náutilus, em Divina Proporção
da mulher preferida. De curvas é feito todo
o universo, o universo curvo de Einstein."
Oscar Niemayer
“ Ahh...ISSO eu NÃO sabia!”
Nerso da Sirva (Dengo)

Espiral de Fibonacci em Proporção Áurea

Isso daqui é uma bola


mesmo. Não ta vendo?

Cadeira conceitual (Pacard)

Ensaios de ornamentos em Proporção Áurea (Pacard)

23
Observe com atenção a vários detalhes nesta ilustração abaixo.
Foi construída uma caixa como os exemplos anteriores, estruturando a perspectiva.
Todos os elementos estão ali: Pontos de Fuga, Geometral, Linha do Horizonte,
Observador, Linhas auxiliares, etc...MAS....
Foi adicionada uma elipse que acompanha o traçado interno da base.
Então, observe que foram levantadas linhas nas extremidades ( tangenciais) desta elipse
Embora estejam alinhadas nas extremidades de propósito, elas passam a impressão de
terceira dimensão ao cruzarem pela elipse. Essa a idéia mesmo. Demonstrar que a
Perspectiva é a linguagem VIRTUAL, ou seja, estamos passando para o cérebro uma
sequencia ( obaaa...olhaí de novo, sequencia sem trema...uhuu) de informações com base
em resposta do efeito de luminosidade sobre as superfícies e não os objetos em si
(!!!óbvio...dãããã..).

À medida que se aproxima da Linha do Horizonte, dá impressão de


ficar mais fino e achatado. É assim mesmo. (Ficou parecendo uma
panqueca que já vai embora...nham...me deu fome).

Linha do Horizonte

Mas é evidente que os


pontos de fuga não são
exagerados assim. Fiz
de propósito para que
não sejam esquecidos
jamais.

Linha da Terra
Observe que à medida que a base do objeto se afasta da altura dos
olhos do observador, isto é da Linha do Horizonte, ela vai se tornando
mais parecida com a figura ortogonal que deu origem à epura.

24
Falando de curvas
Desenhar em curvas é tão assustador, no conceito geral, quanto desenhar em perspectiva. Combinar
então perspectiva em curva, nem se fala. Mas como já disse antes, isso é falácia, conversa pra boi
dormir, baboseira. É muito facil desenhar em curvas, muito prazeroso construir os objetos em curva na
terceira dimensão e além disso, dá um prestígio enorme entre os colegas. Ô, se dá.

Não digo quem


foi que fez isso....
Hmm...bem.....não deixa de ser uma sequencia de curvas...mas dá pra
fazer coisa bem melhor que isso.
(Obaaa..sequencia não leva mais trema..vou até repetir: sequencia,
sequencia, sequencia, seq...tá, ta, demente...)

Faça exercícios circulares com o lápis,


SEM PRESSIONAR. Não aperte jamais o
lápis, porque além de quebrar a ponta,
também pode machucar o papel. E tem
mais: cada vez que voce, ímpio e culpado
gastador de ponta de lápis por ficar
quebrando, apontar um lápis, estará
contribuindo com a destruição de um
toquinho de galho de árvore, que poderia
estar dando de mamá para suas
arvorezinhas em casa. Pense que as
árvores tem sentimentos. Além do mais,
Não pressione o lápis, coisa tansa!!! Não
precisa fazer isso pra fazer desenho bonito.
Que coisa!

Faça combinações de curvas e construa


ornamentos

Vá desenhando, horas e horas a fio...deixe o tempo passar e a brisa lhe acariciar o


rosto....desabroche a ternura que há....OPAA..PARÔ..PARÔ...PARÔOOO....Vá pro buteco e meta-se
numa briga de vagabundo pra espairecer um pouco até que passe isso..e depois volte a desenhar.

25
Exercícios para fazer brincando
Agora que já viu como se faz, pare com essa cara xoxa de “aiii meu pai...eu nuuunca
vou conseguir fazer isso..”. Pegue lápis, papel e comece a desenhar. Repita, repita,
repita. Um por um. 2750 vezes, cada exercício ( na verdade repetindo umas quatro ou
cinco vezes já fica bom, mas eu gosto de judiar dos alunos...hihihihi)

1 2 3 4 5

6 7 8

10
9

26
Perceba que não existem detalhes perfeitos. O esboço é isso mesmo. Traços livres,
uma brincadeira, porém, seguindo sempre as regras basicas: Linha do horizonte,
Linha da Terra, Aresta Principal, Pontos de Fuga, Curvas, retas, duas xícaras de
farinha de trigo peneirada, duas colhers de manteiga, quatro ovos, raspa de limão...

27
Paul Kjaelholm Harry Bertoia, 1952
PK106 Easy Chair - Paul
Diamond Chair
Kjaelholm

Observou que já se passaram umas duas páginas


sem que eu dissesse nenhuma gracinha infame? O
que será que acontece comigo? Onde estou? Quem
sou? Para onde vou? Qual a origem do Universo?
Por que as azeitonas pretas são pretas? Quem
Teattrolley matou Odete Róitman?...tudo está girando,
Alvar Aalto Experimental Design
Paul Kjaelholm girando...acho que vou ter um troço...
.....
....ATENÇÃO!
Conforme anunciado, O TROÇO:
UHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
....
Pronto. Já me sinto melhor. Vamos então continuar a
falar sério.

Pacard (Todos
abaixo)

J. Colombo - Cilindros

28
Definição técnica de DESIGN no Brasil
Referente ao Mobiliário (Fonte:www.sbrt.ibict.br)

Desenho técnico; mobiliário; norma técnica

Informações sobre desenho técnico e design de móveis. Normas técnicas para projeto
de design defabricação de móveis.

Para projetar um móvel e criar o seu design é preciso conhecer sobre Desenho
Técnico.
O desenho técnico é uma etapa e uma documentação básica para a fabricação de
qualquer produto,tanto no artesanato quanto na indústria. O técnico ou responsável
pela execução, extrai do desenho a forma, as dimensões e a construção das peças. O
mesmo não é responsável apenas pela leitura e interpretação do desenho, mas também
pela sua execução. Portanto é importante um desenho correto e detalhado, de modo
que, todas as informações contidas sejam as mínimas necessárias para uma execução
perfeita de um produto ou móvel em questão. Por isso é que existem normas técnicas
e símbolos normalizados para desenhos.
As vistas essenciais em desenho técnico funcionam como uma transição entre as
formas tridimensionais do objeto ou móvel para o plano do papel, onde as diferentes
vistas – frontal, superior e lateral – são dispostas de uma maneira padronizada,
convencionada.

Diedros
Esta representação de vistas é feita através de projeções ortogonais. Existem 4
formas de
representação em diedros. No Brasil e na Europa, utiliza-se o 1º diedro, já nos
Estados Unidos utiliza-se o 3º diedro. Em algumas situações utilizam-se vistas
auxiliares. Esta é empregada para se obter a forma real de partes que estejam fora
das posições horizontal e vertical. Para se obter a vista auxiliar, projeta-se a parte
inclinada paralelamente à sua inclinação. Porém as vistas auxiliares são vistas parciais.
Elas mostram apenas detalhes que seriam representados deformados.

Tipos de linhas
Os tipos de linhas utilizadas em um desenho técnico são muito importantes. Há linhas
diferenciadas em tipo e em espessura, como: linhas para arestas e contornos visíveis,
linhas para arestas e contornos não visíveis, linhas de cota, linhas auxiliares ou de
extensão, linhas de corte, linhas de centro para eixos de simetria, linhas de ruptura
curtas, linhas de ruptura longas e linhas para hachuras.

Cotas
A representação das cotas é fundamental para execução de um móvel ou de qualquer
projeto. A cotagem dos desenhos tem por objetivos principais determinar o tamanho e
localizar exatamente os detalhes das peças.
As linhas de cota são estreitas, com traço contínuo e possuem setas nas extremidades.
As linhas auxiliares são estreitas, com traço contínuo, não devem tocar o contorno do
desenho da peça e prolongam-se um pouco além da última linha de cota que
abrangem.

* Embora o curso de Design seja reconhecido pelo MEC, a profissão não é regulamentada, e
provavelmente ainda se passem alguns anos até que venha a ser reconhecida pelo Ministério do
Trabalho. Até lá, coloque Desenhista, Projetista, Auxiliar de Serviços Gerais ou qualquer outra que não
exija nenhum conhecimento do que faz, em sua Carteira profissional.

29
Em desenho técnico, normalmente a unidade de medida é o milímetro, sendo
dispensada a colocação do símbolo junto ao valor numérico da cota. As cotas devem
ser colocadas de modo que o desenho seja lido da esquerda para a direita e de baixo
para cima paralelamente à dimensão cotada. Cada cota deve ser indicada na vista que
mais claramente representar a forma do elemento cotado. Deve-se evitar a repetição
de cotas. As cotas podem ser colocadas dentro ou fora dos elementos que
representam, atendendo aos melhores requisitos de clareza e facilidade de execução.
As linhas de cota devem ficar afastadas da peça e entre si mais ou menos 7 mm. Nas
transferências de cotas para locais mais convenientes, deve-se evitar o cruzamento
das linhas auxiliares com linhas de cota. As linhas auxiliares são traçadas
perpendicularmente à dimensão cotada ou, em caso de necessidade, obliquamente,
porém paralelas entre si. As linhas de cota de raios de arcos levam setas apenas na
extremidade que toca o arco.
Para correta utilização de símbolos e convenções, recomenda-se as normas NB-8 e
NB-13 da ABNT, que orientam como devem ser colocados os símbolos. A seguir uma
relação de normas sobre desenho técnico:
O mercado de trabalho para o designer de móveis encontra-se em expansão, em
função do crescimento do segmento de prestação de serviços, além do fato dessa
profissão estar necessariamente atrelada às novas tecnologias e tendências de
mercado para organização de ambientes. Respeitando a Lei de Direitos Autorais,
normas técnicas não podem ser reproduzidas. Caso queira adquirir as normas, elas
podem ser adquiridas através da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas,
no site http://ww.abnt.org.br, ou pelo fone (51) 3224-2601 em Porto Alegre.

Fonte:
http://ww.cetemo.com.br:
Centro Tecnológico do Mobiliário SENAI - CETEMO
Endereço: Av. Pres. Costa e Silva, 571
Bairro Planalto
Bento Gonçalves – RS
NBR 8196 Desenho Técnico - Emprego de escalas. dez. 1999.
NBR 8402 Execução de caracter para escrita em desenho técnico. mar. 1994.
NBR 10067 Princípios gerais de representação em desenho técnico. maio 1995.
NBR 10126 Cotagem em desenho técnico. nov. 1987.
NBR 10582 Apresentação da folha para desenho técnico. dez. 1988.
NBR 11145 Representação de molas em desenho técnico. jun. 1990.
NBR 11534 Representação de engrenagem em desenho técnico. abr. 1991.
NBR 12288 Representação simplificada de furos de centro em desenho técnico. abr. 1992.
NBR 12298 Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico. abr. 1995.
NBR 13104 Representação de entalhado em desenho técnico. mar. 1994.
NBR 13142 Desenho técnico - Dobramento de cópia. dez. 1999.
NBR 13272 Desenho técnico - Elaboração das listas de itens. dez. 1999.
NBR 14611 Desenho técnico - Representação simplificada em estruturas metálicas. Out.2000.
NBR 14699 Desenho técnico - Representação de símbolos aplicados a tolerâncias geométricas -
Proporções e dimensões. maio 2001.
NBR 13273 Desenho técnico - Referência a itens. dez. 1999.
NBR 13104 Representação de entalhado em desenho técnico. Mar. 1994.
Fone: (54) 3451.4166 Fax: (54) 3451.3585
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Disponível em: http://ww.abnt.org.br.
HERBERG, Hanspeter; WEIDKAMP, Wilhelm; KEIDEL, Wolfgang. Desenho técnico de marcenaria.
São Paulo: EPU, 1976. 2 v.
VESTERLON, Marinês. Curso de desenho técnico de móveis. Bento Gonçalves: SENAI/CETEMO,
2001. 99 p. Nome do técnico responsável Taiane Scotton Centro Tecnológico do Mobiliário – CETEMO

30
Divina Proporção
(Proporção áurea, e Número de Ouro)

Todos nós já ouvimos falar em número PI. É o irracional mais famoso da história, com o
qual se representa a razão constante entre o perímetro de qualquer circunferência e o
seu diâmetro. Não confundir com o número Phi.

O número Phi (letra grega que se pronuncia “fi”) apesar de não ser tão conhecido, tem
um significado muito mais interessante.
Durante anos o homem procurou a beleza perfeita, a proporção ideal. Os gregos
criaram então o retângulo de ouro. Era um retângulo, do qual havia-se proporções... do
lado maior dividido pelo lado menor e a partir dessa proporção tudo era construído.
Assim eles fizeram o Pathernon... a proporção do retângulo que forma a face central e
lateral. A profundidade dividia pelo comprimento ou altura, tudo seguia uma proporção
ideal de 1,618.
Os Egípcios fizeram o mesmo com as pirâmides cada pedra era 1,618 menor do que a
pedra de baixo a de baixo era 1,618 maior que a de cima, que era 1,618 maior que a da
3a fileira e assim por diante.

31
Durante milênios, a arquitetura clássica grega prevaleceu O retângulo de ouro era
padrão mas depois de muito tempo, veio a construção gótica, com formas arredondadas
que não utilizavam o retângulo de ouro grego. Mas em 1200... Leonardo Fibonacci um
matemático que estudava o crescimento das populações de coelhos criou aquela que é
provavelmente a mais famosa seqüência matemática a Série de Fibonacci.
A partir de 2 coelhos, Fibonacci foi contando como eles se aumentavam a partir da
reprodução de várias gerações e chegou numa seqüência onde um número é igual a
soma dos dois números anteriores
1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89... (1+1=2; 2+1=3; 3+2=5; 5+3=8; 8+5=13; 13+8=21;
21+13=34
E assim sucessivamente. Aí entra a 1ª "coincidência"; proporção de crescimento média
da série é... 1,618. Os números variam, um pouco acima às vezes, um pouco abaixo
mas a média é 1,618, exatamente a proporção das pirâmides do Egito e do retângulo de
ouro dos gregos
Então, essa descoberta de Fibonacci abriu uma nova idéia de tal proporção que os
cientistas começaram a estudar a natureza em termos matemáticos e começaram a
descobrir coisas fantásticas.
-A proporção de abelhas fêmeas em comparação com abelhas machos em uma colméia
é de 1,618;
-A proporção que aumenta o tamanho das espirais de um caracol é de 1,618;
-A proporção em que aumenta o diâmetro das espirais sementes de um girassol é de
1,618;
-A proporção em que se diminuem as folhas de uma arvore a medida que subimos de
altura é de 1,618;
-E não só na Terra se encontra tal proporção. Nas galáxias as estrelas se distribuem
em torno de um astro principal numa espiral obedecendo à proporção de 1,618 também
Por isso, o número Phi ficou conhecido como A DIVINA PROPORÇÃO. Porque, os
historiadores descrevem que foi a beleza perfeita que Deus teria escolhido para fazer
o mundo.
Por volta 1500 com a vinda do Renascentismo à cultura clássica voltou à moda...
Michelangelo e principalmente Leonardo da Vinci, grandes amantes da cultura pagã,
colocaram esta proporção natural em suas obras. Mas da Vinci foi ainda mais longe;
ele como cientista, pegava cadáveres para medir a proporção do seu corpo e descobriu
que nenhuma outra coisa obedece tanto a DIVINA PROPORÇÃO do que o corpo
humano... obra prima de Deus.

Vamos conferir então:


-Meça sua altura e depois divida pela altura do seu umbigo até o chão; o resultado é
1,618.
-Meça seu braço inteiro e depois divida pelo tamanho do seu cotovelo até o dedo; o
resultado é 1,618.
-Meça seus dedos, ele inteiro dividido pela dobra central até a ponta ou da dobra
central até a ponta dividido pela segunda dobra. O resultado é 1,618;
-Meça sua perna inteira e divida pelo tamanho do seu joelho até o chão. O resultado é
1,618;
-A altura do seu cranio dividido pelo tamanho da sua mandíbula até o alto da cabeça. O
resultado 1,618;
-Da sua cintura até a cabeça e depois só o tórax. O resultado é 1,618;
(considere erros de medida da régua ou fita métrica que não são objetos acurados de
medição).
Tudo, cada osso do corpo humano é regido pela Divina Proporção.
Seria Deus, usando seu conceito maior de beleza em sua maior criação feita a sua
imagem e semelhança?
Coelhos, abelhas, caramujos, constelações, girassóis, arvores, artes e o homem; coisas
teoricamente diferentes, todas ligadas numa proporção em comum.

32
Para entender um pouco o Design de móveis, é preciso entender o Design. Para
entender o design, é preciso entender o Desenho. Para entender o desenho,
precisamos entender sua composição e finalizade. Quando entendermos sua finalidade,
chegaremos ao homem. Então, para entendrmos como se desenha para o homem,
temos que calcular o homem em si através de leis específicas e equações matemáticas.
E a base de todas elas é o PHI, o Número Áureo (1,618), e sua proporção ideal é a
Razão Áurea (0,618). E quando tivermos compreendido isso, conheceremos os
rascunhos de Deus em toda a Criação.

No Pentagrama
encontramos a
razão áurea em
seus todos os seus
segmentos.

No retângulo
áureo a razão
entre os dois
lados é
diferente de FI

Construindo o
retângulo áureo.

Proporção áurea nas


pirâmides do Egito
Cálculo da razão
áurea A arquitetura grema usou
largamente a proporção áurea
(Partenon)

Catedral
Notre-
Dame
Fonte: Mario Livio, ed. Record e outros artigos recolhidos na (Paris)
internet

33
Mas nem o
tigrinho
escapou de
Fibonacci.

Aqui, o danadinho do camaleão enrolou o rabo de propósito


pra se parecer com a sequencia de Fibonacci.

O Até a mariposinha,
pinguim.. veja só

Sabe...olhando estas conchinhas tão diferentes, e ao mesmo tempo


tão identicas em sua raiz, gostaria de entender como foi que tal
matemática se aplicou com tamanha precisão a partir de uma
“evolução” ocasional?

Agora me diga com sinceridade


Para o camponês, é um girassol. Para o biólogo, um organismo no seu coraçãozinho: Mamãe
pluricelular. Para o matemático, um complexo que principia no PHI. tinha ou não tinha razão?
E para o criador de móveis, o que pode nascer aqui?

34
Então até hoje essa é considerada a mais perfeita das proporções. Meça seu cartão de
crédito, largura / altura, seu livro, seu jornal, uma foto revelada.
(lembre-se: considere erros de medida da régua ou fita métrica que não são objetos
acurados de medição).
Encontramos ainda o número Phi nas famosas sinfonias como a 9ª de Beethoven e em
outras diversas obras.
Então, isso tudo seria uma coincidência?...ou seria o conceito de Unidade com todas as
coisas sendo cada vez mais esclarecido para nós?

(Fonte: http://lpontual.blogspot.com/2007/04/curiosidades-divina-proporo-o-nmero-phi.html)

http://www.youtube.com/watch?v=w2NqqfHM9_8 (Fibonacci no youtube)


http://www.youtube.com/watch?v=SUSyRUkFKHY&feature=related

35
Tá..tá. Já sabe que este capítulo se refere à proporção áurea, ao PHI, ao número áureo
e à Sequencia de Fibonacci. Não vou ficar repetindo em cada imagem..ora bolas!

Mona Lisa (Leonardo Da Anunciação(Leonardo Da Vinci)


Vinci)

Nascimento de Vênus (Boticcelli). Esses caras de fato tinham “pobrema”, pois


quando era um pindurico masculino, tá ele lá, balouçante. Mas nas tias, eles
precisavam encher de panos e flores, cabelos longos ou mãos, heim? Precisavam?

O Pentágono O Ponto focal, na fotografia, usando


áureo, na pintura proporção áurea.
de Rafael

36
A idéia aqui não é buscar nenhuma profundidade em temas dispersivos à proposta deste
livro, que é, antes de qualquer coisa, ensinar Desenho de Móveis. Porém, não basta
saber desenho para desenhar móveis. É preciso saber construir a razão e o destino à
quem são desenhados os móveis: o Ser Humano.
Não basta conhecer madeiras, encaixes, parafusos, pregos, cola, tinta ou ferramentas e
ângulos de corte, se primeiro não soubermos como foi pensado tudo o que existe de
belo no universo. E conhecermos a base da beleza e da ordem das coisas, vai nos
auxiliar a pensamos no belo, no funcional, no ergonômico, e não apenas no comercial e
industrial. Essa é a razão áurea de todas as coisas.
Voce já deve ter lido na sua Bíblia, que o número 7 (Sete) é chamado de número da
perfeição. Mas por qual razão diriam isso os autores e estudiosos do Sagrado Livro?
Veja um exemplo disso abaixo. No diagrama, fiz a seguinte distribuição: Sete linhas por
sete colunas. No sentido horário, partindo de 1(um), segui a sequencia de Fibonacci até
chegar à quadragésima nona casa ( lembram que em Israel este deveria ser o Ano da
Remissão?). Vejam os resultados.
1 1 2 3 5 8 13 33
21 34 55 89 144 233 377 953
610 987 1597 2584 4181 6765 10946 27670
17711 28657 46478 75135 121613 196748 318361 804703
515109 833470 1348579 2182049 3530628 5712677 9243305 23365817
14955982 24199287 39155269 63354556 102509825 165864381 268374206 678413506
434238587 702612793 1136851380 1839464173 2976315553 4815779726 7792095279 19697357491
449728021 727675229 1177403360 1905078589 3082481949 4987560538 8070042487 20399970173 Soma da fila
1905078589 3082481949 4987560538 8070042487 20399970173
Diminuição da coluna......é igual à soma de duas colunas adiante! Soma da coluna

418749153 677550357 1096299400 1773849757 2870149157 4643998914 7514148071 18994744809 Soma da linha H

Resultado da diminuição da coluna 12

Certo, certo. Agora que já sabe de onde tiro estas idéias estapafúrdias para meus
projetos, largue de ficar babando em cima dos desenhos e...COPIE-OS!!!!
Repita cada um muitas vezes. E se tiver dúvida, meu email é: dpacard@gmail.com.
Escreva e pergunte.

37

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