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Despertando seus poderes

psíquicos.

Abra sua mente interior e


controle sua intuição
psíquica Hoje.

(Guia de Edgar Cayce)


Henry Reed

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Índice

Parte I - A IMAGINAÇÃ O PSÍQUICA

1 - IMAGINE SER PSÍQUICO

UMA SONDA PSÍQUICA DO ESPAÇO EXTERIOR TORNA-SE UM PSÍQUICO INSTANTÂ NEO


VER SUA HABILIDADE

ALUNOS DE HABILIDADE PSÍQUICA EXPRESSAM SEUS MEDOS

O VALOR DA ABORDAGEM DE EDGAR CAYCE PARA O DESENVOLVIMENTO DA


CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA

2 - UNIDADE: A UNIDADE DA CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA COMO O PRIMEIRO PRINCÍPIO DA


ECOLOGIA: UNIDADE NA FÍSICA QUÂ NTICA DA NATUREZA DESCOBRE UNIDADE UMA
EXPERIÊ NCIA NA CONSCIÊ NCIA

UMA APLICAÇÃ O DA CONSCIÊ NCIA DA UNIDADE NA APLICAÇÃ O VEM A CONSCIÊ NCIA.

3 - A IMAGINAÇÃ O DO PSÍQUICO: PADRÕ ES DE VIBRAÇÕ ES O VOCABULÁ RIO DA


UNIDADE

AS FORÇAS CRIATIVAS

MANIFESTAÇÃ O DE CRIATIVIDADE: ENERGIA, PADRÃ O, FORMA RECONHECENDO


PADRÕ ES

PADRÕ ES DE SINCRONICIDADES E SIMBOLISMO DE VIBRAÇÕ ES O PRINCÍPIO DA


CORRESPONDÊ NCIA

SINTONIA: MOVIMENTO NA CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA A IMAGINAÇÃ O PSÍQUICA

Parte II - ESTADOS PSÍQUICOS DE CONSCIÊ NCIA 4 - SUA INTUIÇÃ O PSÍQUICA

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A NATUREZA DA INTUIÇÃ O

A BASE DA NECESSIDADE DE SABER DA ORIENTAÇÃ O INTUITIVA OUVINDO A VOZ


AINDA, PEQUENA

SENTIMENTOS E IMAGENS: COMUNICAÇÕ ES DA AUTO INTUIÇÃ O INTERNA COMO


CANALIZAÇÃ O ABERTA

INTUIÇÃ O DE CANALIZAÇÃ O: INTUIÇÃ O DE ESCRITA INSPIRADA EM NEGÓ CIOS

INTUIÇÃ O, CRIATIVIDADE E CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA: O PADRÃ O PESSOAL DE


MEDITAÇÃ O E O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE INTUITIVA

5 - SONHOS: A PORTA PSÍQUICA

DE EXPERIÊ NCIAS PSÍQUICAS

O SONHO PSÍQUICO NO LABORATÓ RIO O SONHO DO FUTURO

O ENIGMA CRIATIVO DO SONHO

ADORMECIDO: AMANHECER DA CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA O QUE É UM SONHO?

O PROPÓ SITO DE SONHAR RECORDANDO SONHOS

UM DREAM JOURNAL

INTERPRETANDO SONHOS ATRAVÉ S DA SINTONIA EM BUSCA DE PADRÕ ES

TESTE SUA INTERPRETAÇÃ O NA APLICAÇÃ O SONHANDO COM UM PROPÓ SITO:


INCUBAÇÃ O DOS SONHOS

6 - MEDITAÇÃ O: SINTONIZAÇÃ O À MEDITAÇÃ O DA UNIDADE E PES: AS EVIDÊ NCIAS


CIENTÍFICAS O QUE ACONTECE NA MEDITAÇÃ O?

A IMAGINAÇÃ O DO MEDITADOR UMA VISÃ O CLAIRVANTE DA IMAGINAÇÃ O DA


MEDITAÇÃ O NA MEDITAÇÃ O

MEDITAÇÃ O VIVA

ACEITANDO MEDITAÇÃ O

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7 - HIPNOSE: O HIPERESPAÇO DA CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA HIPNOSE E FENÔ MENOS
PSÍQUICOS

PROFETAS DE SONO

REPETIR A HIPNOSE “CAYCE EXPERIMENT” EN RAPPORT E TELEPATIA APRENDENDO A


ENTRAR EM TRANCE

IMAGEM EM TRANCE: RADAR PSÍQUICO

Parte III - A ALMA DO PSÍQUICO

8 - A ALMA HOLOGRÁ FICA A CRIAÇÃ O DE ALMAS O QUE É A ALMA?

HOLOGRAFIA: FOTOGRAFIA A LASER CRIA UMA NOVA IMAGEM CONSCIÊ NCIA DO


CÉ REBRO COMO HOLOGRAMA

ALMA COMO MEMÓ RIA

A MEMÓ RIA NO CAMPO MORFOGENÉ TICO PSÍQUICO É DA ALMA

9 - A MENTE INFINITA AS DUAS MENTES

OBSERVANDO OS NÍVEIS INCONSCIENTES DA MENTE INCONSCIENTE A MENTE


SUBCONSCIENTE O PODER DA SUGESTÃ O

O SUBCONSCIENTE É PSÍQUICO

QUANDO O SUBCONSCIENTE TORNA-SE CONSCIENTE PLACAS OUIJA E MÍDIAS DE


ESCRITA AUTOMÁ TICA E CANAIS

O SUBCONSCIENTE É SUJEITO O SUPERCONSCIENTE

A MENTE INFINITA

10 - O CORPO DA CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA O CORPO CORRESPONDE À ALMA OS TRÊ S


CORPOS

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O SISTEMA ENDÓ CRINO CRISTALINO: OS TRANSDUTORES DE ENERGIA PSÍQUICA O
SISTEMA CHAKRA E A ENERGIA DE KUNDALINI

CRISES E EMERGÊ NCIAS ESPIRITUAIS DE KUNDALINI

O LIVRO DA REVELAÇÃ O: A TEORIA BÍBLICA DOS CHAKRAS CAYCE NA LÍNGUA


MODERNA: ATITUDES E EMOÇÕ ES DE PSICONEUROIMUNOLOGIA: AS DROGAS
NATURAIS DO CORPO

ASSUMINDO A RESPONSABILIDADE PELO CORPO EMOCIONAL DE ATITUDES O EFEITO


PSICOCINÉ TICO DA IMAGEM CORPORAL

PROMOVER OS CENTROS PSÍQUICOS

Parte IV - DESENVOLVENDO A CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA

11 - AVENTURA PARA A CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA PREPARAR UM PLANO DE APLICAÇÃ O

GRAVAÇÃ O DE SONHOS PARA O PADRÃ O SINCRONÍSTICO SE DEIXE DE LADO

APRENDENDO A CONFIAR EM SUA EXPERIÊ NCIA DE INTUIÇÃ O COM UM PÊ NDULO

TELEPATIA MENTAL: EXPERIMENTOS EM EXPERIMENTOS DE VISÃ O REMOTA EM


CLAIRVOYANCE

VISUALIZANDO O FUTURO

CANALIZAÇÃ O ABERTA EM TRANCE ENVIANDO SUGESTÕ ES TELEPÁ TICAS CRISTAIS E


GEMSTONES

12 - PSI TRANSCENDENTE NA ESPIRITUALIDADE COMUNITÁ RIA E CONSCIÊ NCIA


PSÍQUICA

O PARADOXO DA PESQUISA SOBRE PSI TRANSCENDENTE

A “CERIMÔ NIA DO AJUDANTE DOS SONHOS”: UMA EXPERIÊ NCIA NO


DESENVOLVIMENTO PSI TRANSCENDENTE DA HABILIDADE PSÍQUICA NA COMUNIDADE

CONSCIÊ NCIA PSÍQUICA: HARBINGER DE MUDANÇAS GLOBAIS

LIVROS DA SÉ RIE EDGAR CAYCE DE ST. PAPERBACKS DE MARTIN

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QUEM FOI EDGAR CAYCE?

PREFÁCIO
“É UM TEMPO na terra em que as pessoas em todos os lugares procuram saber mais sobre
os mistérios da mente, da alma”, disse meu avô , Edgar Cayce, de um transe inconsciente do
qual demonstrou um notá vel dom para a clarividência.

Suas palavras sã o proféticas até hoje, à medida que mais e mais americanos nestes tempos
turbulentos estã o se voltando para explicaçõ es psíquicas para eventos diá rios. Por
exemplo, de acordo com uma pesquisa nacional do Conselho Nacional de Pesquisa de
Opiniã o, quase metade dos adultos americanos de hoje acredita ter estado em contato com
alguém que morreu, um nú mero duas vezes maior do que há dez anos. Dois terços de
todos os adultos dizem que já tiveram uma experiência de PES; dez anos atrá s, esse
nú mero era apenas a metade.

Cada cultura ao longo da histó ria notou os poderes talentosos de seus pró prios membros
além dos cinco sentidos. Esses raros indivíduos tinham um interesse especial porque
pareciam capazes de fornecer soluçõ es para os problemas urgentes da vida. A América no
século XX nã o é exceçã o.

Edgar Cayce foi talvez o médium mais famoso e mais cuidadosamente documentado de
nosso tempo. Ele começou a usar suas habilidades incomuns quando era jovem e, a partir
de entã o, por mais de quarenta anos, ele costumava, duas vezes por dia, deitar em um sofá ,
adormecer e responder a perguntas. Mais de quatorze mil desses discursos, chamados de
leituras, foram cuidadosamente transcritos por sua secretá ria e preservados pela
Fundaçã o Edgar Cayce em Virginia Beach, Virginia. Essas leituras psíquicas continuam a
fornecer inspiraçã o, percepçã o e ajuda na cura de dezenas de milhares de pessoas.

Tendo apenas uma educaçã o de oitavo ano, Edgar Cayce viveu uma vida simples e simples
para os padrõ es do mundo. Já em sua infâ ncia em Hopkinsville, Kentucky, no entanto, ele
sentiu que tinha habilidades psíquicas. Um dia, sozinho, teve a visã o de uma mulher que
lhe disse que ele teria um poder incomum para ajudar as pessoas. Ele também relatou
experiências de “ver” parentes mortos. Uma vez, enquanto lutava com as aulas da escola,
ele dormia sobre seu livro de ortografia e acordava sabendo todo o conteú do do livro.

Quando jovem, ele experimentou a hipnose para tratar um problema recorrente na


garganta que o fazia perder a fala. Ele descobriu que sob hipnose poderia diagnosticar e
descrever tratamentos para doenças físicas de outras pessoas, muitas vezes sem conhecer

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ou ver a pessoa com a doença. As pessoas começaram a fazer-lhe outros tipos de
perguntas, e ele descobriu que também era capaz de respondê-las.

Em 1910, o New York Times publicou uma histó ria de duas pá ginas com fotos sobre a
habilidade psíquica de Edgar Cayce, conforme descrito por um jovem médico, Wesley
Ketchum, para uma sociedade de pesquisa clínica em Boston. Desde entã o, pessoas de
todo o país, com todas as perguntas imaginá veis, buscaram sua ajuda.

Além de seus talentos incomuns, Cayce era um homem profundamente religioso que
ensinou na escola dominical durante toda a sua vida adulta e leu a Bíblia inteira uma vez a
cada ano que viveu. Ele sempre tentou se sintonizar com a vontade de Deus estudando as
Escrituras e mantendo uma rica vida de oraçã o, bem como tentando servir à queles que
procuravam ajuda. Ele usava seus talentos apenas para fins ú teis. A simplicidade e
humildade de Cayce e seu compromisso em fazer o bem no mundo continuam a atrair as
pessoas para a histó ria de sua vida e trabalho e para as informaçõ es de longo alcance que
ele deu.

Nesta série, esperamos fornecer ao leitor insights na busca pelo entendimento e sentido
da vida. Cada livro da série explora seu assunto do ponto de vista das leituras de Edgar
Cayce e compara as perspectivas de outra literatura metafísica e do pensamento científico
atual. O leitor interessado nã o necessita de conhecimento prévio das informaçõ es de
Cayce. Quando uma das leituras de Edgar Cayce é citada, o nú mero de identificaçã o dessa
leitura é incluído para aqueles que desejam ler o texto completo. Cada volume inclui
sugestõ es para um estudo mais aprofundado.

Este livro, Awakening Your Psychic Powers, de Henry Reed, Ph.D., desenvolve um tema
que Edgar Cayce freqü entemente menciona, que cada um de nó s tem habilidades
psíquicas que podemos aprender a usar com proveito. O Dr. Reed, ex-membro da equipe
da Association for Research and Enlightenment, é altamente qualificado para escrever
sobre este assunto. Anteriormente professor na Universidade de Princeton, o Dr. Reed é
conferencista, escritor, psicó logo licenciado com consultó rio particular e professor na
Atlantic University. Tenho certeza de que você achará sua abordagem abrangente uma
experiência reveladora.

Charles Thomas Cayce, Ph.D. Presidente

Association for Research and Enlightenment

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PREFÁCIO
O PSÍQUICO É REAL. Este livro o convida a despertar sua consciência psíquica e oferece
uma perspectiva a partir da qual ela pode se desenvolver.

Baseei este livro nos insights que Edgar Cayce recebeu durante o transe psíquico e na
maneira como ele incorporou esses insights em sua vida diá ria. Cayce nã o lhe pediria que
acreditasse nessas idéias. Ele pediria que você testasse a validade desse material em sua
pró pria vida, usasse o que se mostrasse construtivo e descartasse o resto.

Como ex-professor universitá rio, estou acostumado a discutir teoria antes de tratar da
prá tica. A Parte I é, portanto, dedicada a explorar alguns conceitos universais que servem
para explicar a natureza da realidade e como a consciência psíquica é uma parte natural
dessa realidade. A Parte II discute algumas das experiências psíquicas mais comuns e
como evocá -las - por meio da intuiçã o, sonhos, meditaçã o e hipnose. A Parte III investiga o
papel do corpo, da mente e da alma na percepçã o psíquica. Finalmente, a Parte IV
apresenta alguns experimentos para você tentar em sua aventura neste reino
emocionante e discute o propó sito final da consciência psíquica.

Enquanto escrevia este livro, ouvia essas palavras repetidas no fundo da minha mente:
“Veja, sinta, toque, experimente, cheire, acredite, viva”. Se este livro o ajudar a tornar-se
tã o consciente do psíquico a ponto de torná -lo real em sua vida, entã o sua missã o foi
cumprida.

Nesse esforço, devo agradecer à s pessoas cujos esforços anteriores para explicar o
significado e a importâ ncia das leituras de transe de Edgar Cayce tornaram este livro
possível: Harmon Bro, Hugh Lynn Cayce, Everett Irion, Herbert Puryear e Mark Thurston.
Agradeço também os esforços editoriais incansá veis de A. Robert Smith, que se preocupou
muito para que este livro fosse fá cil de ler. E por ter certeza de que todos os exemplos e
explicaçõ es valem a pena ler, tenho que agradecer a minha esposa, Veronica Lyn.

Uma longa fila de pessoas, chegando pelo menos até Pitá goras e avançando pelos nomes
acima, está muito interessada em que você se torne vidente. O vidente tem sido real para
eles e eles me ajudaram a tentar torná -lo real para você.

Parte I
A IMAGINAÇÃO PSÍQUICA

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IMAGINE SER PSÍQUICO
O estudo do ponto de vista humano, das forças subconscientes, subliminares, psíquicas, da
alma, é e deve ser o grande estudo para a família humana, pois por meio de si mesmo o
homem compreenderá seu Criador quando compreender sua relaçã o com seu Criador, e
somente o fará entenda isso por si mesmo, e esse entendimento é o conhecimento que é
dado aqui neste estado.

EDGAR CAYCE

As pessoas que entram nisso sem aspiraçõ es espirituais devem ser advertidas de que, a
menos que permaneçam com a mente aberta sobre a possibilidade de serem levadas a
significados mais profundos da vida, sua experiência quase certamente se revelará um
beco sem saída.

Para as pessoas que ambicionam a potência psíquica com base no lucro e no poder, meu
conselho é inequívoco: ou desenvolva uma motivaçã o maior ou desista de todo o negó cio
de uma vez. As consequências do mau uso deliberado dessas habilidades podem ser
desastrosas.

ARTHUR FORD

QUANDO DEIXOU de costas em uma noite quente de verã o e admiro o espetá culo das
estrelas, minha mente flutua naturalmente para cima na enormidade do universo e pareço
fundir-me com as estrelas. Essa plataforma terrena de nosso planeta, geralmente uma
base só lida, torna-se uma pedra cada vez menor e instá vel na enorme escuridã o cintilante
do espaço. Minha imaginaçã o, e eu com ela, expandimos para o infinito. Estou envolvido
por um arrepio. Oprimido, eu de repente volto para a terra só lida. Mas, eu me pergunto, o
que aconteceu? O que eu senti foi realmente verdade? Era realmente possível que minha
mente pudesse se elevar e se juntar à s estrelas do céu?

Ao refletir sobre esse mistério, sei que nã o estou sozinho. Os nativos americanos, por
exemplo, têm uma tradiçã o de que vieram das estrelas e à s estrelas eles retornarã o. Que
segredo envolto em sua imaginaçã o sagrada os liga à s estrelas? Outro viajante, o
“imaginador” inglês Olaf Stapleton, compartilhou conosco sua jornada psíquica no espaço
em seu livro Star Maker. Sua mente encontrou nã o apenas outros mundos, mas foi capaz

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de comungar com outras mentes, todos viajantes em uma consciência universal
multidimensional. Na tentativa de nos manter com os pés no chã o, ele chamou seu relato
de "ficçã o científica". No entanto, sob a forma de tal ficçã o, a imaginaçã o é a primeira
pioneira; a ciência e a tecnologia seguem-se, construindo degraus concretos para todos
escalarem. A imaginaçã o é um viajante sem limites, muitas vezes voltando com suvenires
surpreendentes para atrair sucessivas geraçõ es de aventureiros. Para as estrelas que
antes visitá vamos apenas em nossos sonhos e em nossa imaginaçã o, agora enviamos
foguetes e espaçonaves.

UMA SONDA PSÍQUICA DO ESPAÇO EXTERIOR


Em dezembro de 1973, as observaçõ es da Pioneer 10 sobre o planeta Jú piter começaram a
chegar aos cientistas da NASA, que estavam a milhõ es de quilô metros de distâ ncia na
Terra. Algumas de suas observaçõ es contradizem as suposiçõ es de longa data dos
astrô nomos sobre este planeta reverenciado. As descobertas do Pioneer 10 nã o foram
nenhuma surpresa, no entanto, para dois homens que "viram" Jú piter nove meses antes.

Em um experimento organizado pelo Stanford Research Institute, dois médiuns


talentosos, Ingo Swann e Harold Sherman, viajaram psiquicamente para Jú piter enquanto
os cientistas gravavam suas impressõ es. Swann estava na Califó rnia, Sherman em
Arkansas. Suas impressõ es eram incrivelmente semelhantes entre si e opostas à
especulaçã o científica: ambos visualizaram um anel de radiaçã o mortal ao redor de Jú piter
e uma atmosfera superior de cristais congelados coloridos; eles disseram que o pró prio
planeta estava muito quente, mas foi açoitado por violentas tempestades de vento. Os
dados da Pioneer 10 mais tarde contradizem as especulaçõ es dos cientistas e confirmam a
incrível precisã o das observaçõ es atmosféricas de Swann e Sherman, nossos primeiros
astronautas psíquicos.

Cerca de um ano depois, eles repetiram seu feito em uma “visita” a Mercú rio. Novamente,
eles deram relató rios semelhantes sobre o que tinham visto. Além disso, quando os dados
da sonda espacial Mariner 10 da NASA começaram a chegar à Terra vindos de Mercú rio,
eles contradiziam a especulaçã o científica convencional e confirmaram as observaçõ es dos
médiuns. Os cientistas presumiram que Mercú rio era quente demais para suportar uma
atmosfera e que girava muito lentamente para ter um campo magnético. Mas os dois
médiuns perceberam uma atmosfera tênue, bem como um campo magnético. Outra
correspondência surpreendente entre os relatos dos médiuns e os dados da Mariner 10 foi
a descoberta de uma “cauda” de hélio saindo de Mercú rio e se afastando do sol. Em To Kiss
Earth Goodbye, Swann descreve a empolgaçã o que sentiu quando os jornais publicaram

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descriçõ es de Mercú rio que eram muito semelhantes à s suas pró prias impressõ es
psíquicas.

Você pode imaginar viajar psiquicamente para outro planeta? Como você imagina que
esses dois médiuns fizeram a viagem? Palavras como “viajar”, é claro, sugerem movimento
físico. Swann descreve a sondagem psíquica no espaço sideral como um experimento de
"viagem fora do corpo", sugerindo movimento psíquico através do espaço. Em uma
experiência fora do corpo, nossa consciência parece deixar nosso corpo físico - podemos
ver nosso corpo deitado imó vel abaixo. Neste estado extremamente liberado, viajar para
lugares distantes é possível. Foi isso que Swann fez? Talvez, em vez de "viajar", Swann
expandiu o alcance de sua consciência além dos limites de seu corpo e nas proximidades
para incluir planetas distantes. Ou talvez ele tenha visto o futuro e examinado os
relató rios da espaçonave da NASA à medida que eram analisados pelos cientistas.
Qualquer uma das interpretaçõ es supõ e um feito psíquico considerá vel. No entanto, como
imaginamos a operaçã o da consciência psíquica será muito importante.

TORNE-SE UM PSÍQUICO INSTANTÂNEO


Imagine, se quiser, que pode tomar uma pílula que o deixará instantaneamente psíquico.
De repente, você é capaz de experimentar o mundo do ponto de vista das pessoas
pró ximas; você conhece seus pensamentos, sente seus sentimentos. Como seria isso?

Em um estudo conduzido por Charles Tart, Ph.D. (professor de psicologia da Universidade


da Califó rnia em Davis e pesquisador de longa data dos fenô menos psíquicos), pediu-se a
um grupo de estudantes universitá rios e residentes de uma comunidade na Califó rnia que
considerasse a possibilidade de tomar tal pílula. Suas reaçõ es foram principalmente
negativas.

A preocupaçã o expressa com mais frequência dizia respeito à falta de controle - as pessoas
tinham medo de ficar sobrecarregadas, de serem continuamente bombardeadas com
informaçõ es da mente de outras pessoas. Uma pessoa pensou que pegaria nos sonhos de
outras pessoas e nã o conseguiria dormir. Muitos expressaram preocupaçã o com os efeitos
colaterais negativos, como ficar louco com a experiência e precisar se retirar para um
lugar de solidã o. Outros se preocupavam em ficar confusos - sem saber como saber de
quem eram os pensamentos que estavam recebendo ou, pior ainda, nã o conseguir
distinguir seus pró prios pensamentos dos dos outros. Essa possibilidade era
particularmente assustadora.

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Você já entrou em uma sala cheia de pessoas e sentiu as “má s vibraçõ es” na sala? Durante
as reuniõ es no trabalho, por exemplo, você pode perceber que algo está errado - as
pessoas estã o chateadas, algo nã o está certo. Isso é quase como ler a mente. Você gostaria
de saber mais, de ser ainda mais psíquico em uma situaçã o como essa? Como seria isso? O
seguinte relato imaginá rio de uma experiência de leitura da mente, inspirado pela "pílula"
do Dr. Tart, ilustra o que pode acontecer:

Eu olho para Martha e começo a sentir sua raiva. Agora também posso ouvir seus
pensamentos, as maldiçõ es e as acusaçõ es que passam por sua mente. Ao sintonizar mais
de perto, sinto a frustraçã o por trá s da raiva - os sentimentos de má goa e a decepçã o.
Também experimento algumas de suas memó rias e entendo o contexto pessoal que está
tornando essa frustraçã o tã o importante neste encontro em particular. Os padrõ es de sua
vida, como ela lidou com as frustraçõ es e a raiva no passado e como sua auto-estima foi
afetada pelas frustraçõ es - tudo isso passa pela minha mente.

Eu também me sintonizo em seu corpo. Seu coraçã o está batendo mais rá pido, e posso
sentir o coraçã o pressionando contra a resistência nas artérias que estã o obstruídas com
colesterol. Eu posso sentir sua pressã o arterial subindo. Eu tenho uma imagem de que, em
algum lugar no caminho, um ataque cardíaco está reservado para ela como resultado da
comida que ela come e de seus padrõ es de frustraçã o e raiva. Meu coraçã o está com ela, e
eu gostaria que ela pudesse relaxar. Mas também sinto seu medo. Relaxar neste momento
pareceria ameaçador. Ela nã o quer diminuir suas defesas, entã o ela se sente presa em sua
gaiola de raiva e ressentimento. Eu sei de tudo isso e muito mais em uma fraçã o de
segundo.

Meus olhos se movem para Bob, sentado ao lado de Martha. Posso ver como é a vida dele e
como isso o afeta nesta reuniã o. Mas entã o Fred começa a falar, e o tom de sua voz
expressa volumes de informaçã o - no tom e no ritmo de sua fala, posso sentir seu
nervosismo e sua tentativa de controlar uma situaçã o complicada; pela hesitaçã o e
gentileza forçada das palavras, posso ouvir como ele está tentando lidar com o estresse.

Entã o, enquanto estou olhando para o rosto de Martha e vendo sua vida se desenrolar
diante de mim, também estou sentindo os sons da voz de Fred, e sua vida também está se
desenrolando diante de mim. É um pouco confuso, para dizer o mínimo. Quero recuperar
um pouco o foco, pois tenho meu pró prio negó cio para apresentar e sentimentos para
expressar sobre este encontro. Mas com todas essas outras informaçõ es que estou
recebendo sobre as pessoas na sala, sei que vou sentir o impacto de meus pró prios
comportamentos e pontos de vista sobre seus objetivos, desejos e sentimentos. Só nã o sei

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como serei capaz de processar tudo isso e ainda funcionar em meu pró prio trabalho. Vou
tentar desligar um pouco do ruído e me concentrar em meus pró prios objetivos.

Essa pessoa se sente oprimida e confusa. Concentrar-se tanto nos sentimentos das outras
pessoas torna difícil manter contato com seus pró prios pensamentos e objetivos.
Felizmente, ele está tentando assumir o controle concentrando-se no dom e recusando
algumas informaçõ es. Saber o que as outras pessoas na reuniã o estã o pensando e sentindo
tende a inibir a açã o e torna a pessoa um pouco mais cautelosa, menos disposta a fazer o
que é de seu pró prio interesse. Essa preocupaçã o com os outros pode ser um
impedimento para o espírito competitivo!

Uma conexã o telepá tica com as pessoas ao seu redor certamente afetaria seu
relacionamento com elas. Quase metade das pessoas no estudo do Dr. Tart expressou
alguma dú vida sobre sua capacidade de lidar com essas informaçõ es telepá ticas com
maturidade. E se eles ouvissem pensamentos que nã o deveriam saber? Eles seriam
capazes de resistir a tirar vantagem de alguém cujos pensamentos eles conheciam? E se
eles ouvissem pensamentos desagradá veis sobre si mesmos, coisas que feriram seus
sentimentos, coisas que gostariam de nã o ter ouvido? O que eles fariam entã o?

Um homem confessou ter muitos pensamentos desagradá veis, mesquinhos e egoístas,


pensamentos que podem fazer com que ele seja rejeitado ou se torne alvo do ridículo caso
outras pessoas tomem conhecimento deles. É bom ser amado, apesar de nossos aspectos
negativos, disse ele, mas ele nã o tinha tanta certeza de que seria capaz de amar as pessoas,
nã o importa o que elas estivessem pensando. Outros confidenciaram preocupaçã o
semelhante. Eles nã o queriam que seus pró prios pensamentos fossem lidos e nã o tinham
tanta certeza de que era justo ler os pensamentos de outra pessoa. Para alguns, parecia
uma invasã o de privacidade; outros estavam preocupados em encontrar pensamentos que
pudessem ser incô modos ou perturbadores. A leitura da mente pode levar à preocupaçã o
com o que as outras pessoas pensam, o que já é um problema para muitas pessoas.

Algumas pessoas também tiveram respostas positivas, embora fossem menos específicas.
O Dr. Tart destacou que a observaçã o positiva mencionada com mais frequência era que a
leitura da mente seria "interessante" ou algo igualmente vago. A reaçã o positiva mais
específica foi que a leitura da mente pode melhorar a comunicaçã o por meio do aumento
da empatia. Uma pessoa sugeriu que, ao ler os pensamentos de outras pessoas, você
poderia ter muitas ideias que nunca pensaria em si mesmo - "você seria um gênio em
nenhum momento."

Você está surpreso com os resultados da pesquisa ou simpá tico com as preocupaçõ es? É
interessante que as pessoas no estudo tinham mais probabilidade de imaginar

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consequências negativas do que positivas, e de descrevê-las em termos tã o vívidos.
Claramente, o lado negativo da percepçã o psíquica parecia mais real para eles do que o
lado positivo. Essa resposta pode ter sido devido à forma como a proposiçã o foi redigida, é
claro, mas este estudo nã o é a ú nica fonte de evidência disponível que aponta para o medo
de PES. O medo parece ser real. No decorrer deste livro, à medida que desenvolvermos
nossa consciência psíquica, examinaremos as fontes desses medos e aprenderemos uma
abordagem que ajudará a superá -los.

Poucas pessoas no estudo do Dr. Tart tinham muito a dizer sobre o uso positivo da
consciência psíquica. Em vez disso, eles se viam como vítimas passivas de informaçõ es nã o
verificadas. Talvez seja porque a habilidade foi imposta a eles de repente, sem tempo para
se preparar para uma nova forma de experimentar o mundo. Por mais injusto que possa
parecer, a habilidade psíquica pode aparecer exatamente dessa maneira. Considere o caso
de Peter Hurkos.

Peter, um pintor de paredes holandês, foi membro da resistência clandestina da Holanda


aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Em sua autobiografia, Psychic, ele
descreve como um dia ele caiu de sua escada de dez metros no chã o. Quando ele caiu, sua
vida passou diante de seus olhos. A ú ltima coisa que ele lembra é o grito: "Eu nã o quero
morrer!" A pró xima coisa que ele sabia, ele estava em um hospital. O médico disse a ele
que era um milagre ele ter sobrevivido a um ferimento tã o grave na cabeça.

Mais tarde naquele dia, Peter notou outro paciente em uma cama pró xima. Para sua
surpresa, ele descobriu que sabia tudo sobre aquele homem. Mas ele era um estranho!
Como isso foi possível? Quando a enfermeira examinou Peter, ele descobriu que sabia
coisas sobre ela. Quando outro paciente se despediu e lhe desejou boa sorte, Peter
percebeu que estava com muito medo por ele. Ele deixou escapar um aviso para ter
cuidado. Peter gritou que o homem era um agente britâ nico, foi descoberto pelos alemã es
e estava para ser morto. Dois dias depois, o homem foi morto.

Pedro ficou confuso com essas impressõ es, que surgiram espontaneamente com a
convicçã o da verdade. Quando ele foi para casa quatro meses depois, ele se escondeu em
seu quarto com sua “maldiçã o”, recusando-se a sair. Ele foi bombardeado com impressõ es
visuais que o deixaram muito quieto e com muito medo. Ele foi finalmente atraído por
uma necessidade inexplicá vel de ler a Bíblia. Ele percebeu que nã o havia nenhum em casa
e teve que sair e comprar um. Ao ler, ele começou a se sentir melhor em relaçã o ao seu
estado. Ele descobriu que seu poder estava aumentando e também o incomodando menos.
Ele descobriu que tinha o que chama de "poder da fé". Ele decidiu sair e se juntar a seus
colegas no movimento underground. Lá ele descobriu que poderia transformar sua
“maldiçã o” em um “presente”, ajudando no esforço de guerra de uma maneira ú nica: uma

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de suas primeiras realizaçõ es foi identificar espiõ es nazistas dentro da comunidade
clandestina. Apó s a guerra, ele desenvolveu sua habilidade psíquica para solucionar
crimes e localizar pessoas desaparecidas.

Ao ler, ele começou a se sentir melhor em relaçã o ao seu estado. Ele descobriu que seu
poder estava aumentando e também o incomodando menos. Ele descobriu que tinha o que
chama de "poder da fé". Ele decidiu sair e se juntar a seus colegas no movimento
underground. Lá ele descobriu que poderia transformar sua “maldiçã o” em um “presente”,
ajudando no esforço de guerra de uma maneira ú nica: uma de suas primeiras realizaçõ es
foi identificar espiõ es nazistas dentro da comunidade clandestina. Apó s a guerra, ele
desenvolveu sua habilidade psíquica para solucionar crimes e localizar pessoas
desaparecidas.

OS PSÍQUICOS VEREM SUA HABILIDADE


Ser capaz de relacionar sua habilidade psíquica com histó rias bíblicas ajudou Peter
Hurkos a concebê-la como o "poder da fé". Ser capaz de colocar sua habilidade psíquica
em bom uso possibilitou que ele valorizasse seu dom e o desenvolvesse ainda mais. Como
os sujeitos da pesquisa do Dr. Tart, Peter foi confrontado com o sú bito aparecimento de
aguda sensibilidade psíquica. Exatamente como os participantes imaginaram, Peter se viu
como uma vítima oprimida de uma habilidade que nã o conseguia controlar. Somente
quando desenvolveu uma nova perspectiva sobre seu dom psíquico, que lhe deu um senso
de propó sito e a capacidade de direcioná -lo para objetivos específicos, foi possível para
Peter ter sentimentos positivos sobre a consciência psíquica.

Em Many Voices: The Autobiography of a Medium, a psíquica Eileen Garrett descreve


como ela também se perguntou sobre a natureza de sua habilidade e sua origem. Sua
habilidade psíquica apareceu de repente, em uma sessã o que ela estava assistindo. Ela
espontaneamente entrou em transe e um “espírito” falou através dela. As pessoas
pareciam ser ajudadas pelo que os “espíritos” que falavam por meio dela ofereciam. Ela
passou o resto de sua vida investigando a natureza de sua habilidade psíquica. Perto do
fim de sua vida, ela percebeu que mais valorizava seu dom psíquico apenas por causa do
que ele lhe ensinou sobre sua verdadeira natureza interior. Edgar Cayce também era um
médium involuntá rio e lutou contra seu dom até perceber que ele poderia ajudar as
pessoas. O lado humano de sua histó ria é bem contado na biografia de Thomas Sugrue,
There Is a River. Cayce havia perdido a voz devido a uma paralisia dos mú sculos da
garganta. Depois de procurar tratamento por vários médicos e ser diagnosticado como
incurá vel, ele tentou a hipnose. Sob hipnose, Cayce falou com uma voz normal. Em uma

15
sessã o, ele mesmo diagnosticou a doença e desenvolveu uma cura. Ao saber dessa
conquista, alguém perguntou a Cayce se ele poderia - sob hipnose - diagnosticar e
prescrever uma cura para sua filha, que os médicos nã o conseguiram tratar. Cayce
experimentou e foi bem sucedido.

Por algum tempo, Cayce desconfiou de seu talento “adormecido”, temendo que fosse um
sinal de influências diabó licas. Embora ele nã o gostasse de ser uma "aberraçã o", o fato de
que parecia ser capaz de ajudar as pessoas com seus problemas finalmente o convenceu
de que deveria persistir em seus esforços. Durante toda a sua vida, entretanto, ele
questionou a origem dessa habilidade e seu significado. Em alguns de seus transes, ele foi
questionado sobre sua habilidade psíquica. As informaçõ es que vieram o ajudaram a
preencher a lacuna entre seu sistema de crença cristã tradicional e realista e as riquezas
infinitas que pareciam adormecidas em seu inconsciente. Assim, sua consciência psíquica
o levou a uma investigaçã o sobre uma maior autorrealizaçã o. Foi essa busca pelo
significado de seu dom psíquico que fornece a base deste livro. Quando estudamos a vida e
as percepçõ es de outros médiuns, como Cayce sugeriu que fizéssemos, descobrimos um
tema comum. É o seguinte: que a habilidade psíquica é melhor usada nã o para lucro
pessoal, mas para ajudar os outros e aprender mais sobre si mesmo.

ALUNOS DE HABILIDADE PSÍQUICA EXPRESSAM SEUS MEDOS


Nã o sã o apenas os médiuns talentosos e realizados que enfrentam dú vidas e medos a
respeito de suas habilidades psíquicas. Pessoas comuns que deliberadamente se
empenham em desenvolver habilidades psíquicas, mesmo sob orientaçã o experiente,
também enfrentam esses obstá culos. Considere, por exemplo, os resultados de outro
estudo do Dr. Tart.

Neste estudo, o Dr. Tart entrevistou pessoas envolvidas em um seminá rio de treinamento
de desenvolvimento psíquico. Eles eram alunos de Helen Palmer, uma médium
profissional de Berkeley, Califó rnia, que é tã o requisitada que sua lista de espera para
consultas já dura mais de um ano. Seus alunos tinham sentimentos principalmente
positivos sobre seu desenvolvimento psíquico; mas quando foram questionados a respeito
de seus medos, eles compartilharam vá rias observaçõ es reveladoras.

A maioria estava preocupada em se abrir para o desconhecido. Eles temiam perder o


controle e se preocupavam em serem possuídos ou controlados por uma influência
externa. Muitos temiam perder o controle de suas vidas em geral e perguntaram: “Algum
dia serei capaz de voltar ao normal?”

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À medida que o psíquico se abre para outras realidades, as coisas podem ficar confusas. As
bases anteriores de segurança podem estar ameaçadas. Saber o que é "real" e o que "nã o é
real" é muito importante para a sensaçã o de estabilidade. Limites antes familiares nã o
fornecem mais conforto seguro. No entanto, o médium ainda tem que viver no mundo
consensual - o que chamamos de “mundo real” - e à s vezes um médium tem medo de se
machucar por ser tã o aberto. A sensaçã o de ser diferente pode criar uma sensaçã o de
isolamento; e a incapacidade de comunicar sua experiência, ou sentir que suas
comunicaçõ es assustam outras pessoas, pode alienar ainda mais os médiuns.

Os paranormais geralmente prestam serviços para outras pessoas e essa atividade traz à
tona outros medos relativos à perda de controle. Por exemplo, ter que depender de outras
pessoas para validaçã o (“Estou louco ou minha leitura parece significativa para você?”) E
nem sempre entendê-la. Quando outras pessoas sã o críticas ou céticas, pode criar
confusã o e dú vidas sobre o vidente. É assustador perceber que, para validaçã o,
dependemos de pessoas cujos pró prios problemas as impedem de reconhecer a validade
de nossas informaçõ es psíquicas.

Interagir com pessoas em um nível tã o íntimo pode levantar outras questõ es de controle.
O psíquico pode estar preocupado em ficar contaminado com os problemas da outra
pessoa, ficar doente ou emocionalmente perturbado. Essa preocupaçã o força o psíquico a
um contínuo auto-exame e auto-desenvolvimento.

Além das preocupaçõ es com o controle, a habilidade psíquica levanta questõ es de poder,
ética e mal. Sentir os pensamentos negativos das pessoas em relaçã o a você estimula o
desejo de responder na mesma moeda, mas energias poderosas estã o envolvidas. Pode ser
assustador e cansativo.

Explorar as bordas externas da realidade familiar pode ser assustador, mesmo para
aqueles que estã o acostumados a fazer isso. Envolve uma transformaçã o do eu que a torna
uma situaçã o de crescimento ou perecimento. Como disse um médium: "Você nã o trabalha
em si mesmo para se tornar um leitor psíquico melhor, você trabalha para ser um leitor
psíquico para trabalhar em si mesmo."

Ao examinar essas declaraçõ es de médiuns em desenvolvimento, podemos primeiro notar


a repetiçã o da preocupaçã o com a perda de controle que encontramos com os sujeitos que
estavam simplesmente imaginando como seria ser psíquico. Talvez sua imaginaçã o tenha
sintonizado em algo real.

Em segundo lugar, podemos notar a preocupaçã o em ser diferente, parecer estranho ou


assustador para os outros. Essas preocupaçõ es expressam um sentimento de solidã o. Em
sua autobiografia, Ingo Swann escreveu:

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Nunca disse isso antes, mas à medida que a consciência começa a se tornar menos
dependente das percepçõ es sensoriais e a pessoa começa a ter consciência de outras
magnitudes, é possível chegar ao limiar de um tipo de solidã o nativo do estado psíquico. É
um tipo de solidã o caracterizado por uma espécie de bela tristeza; pode-se sentir que
todos os seres provavelmente experimentam isso uma vez ou outra.

Alguns sã o fascinados por isso; outros recuam e se recusam a ouvir sobre isso. Essa
solidã o especial parece ter muitos níveis de emoçã o e, tanto na arte quanto na vida, pode
ser dramatizada por meio de muitas condiçõ es artificiais - sexo, comida, pensamento,
todas as coisas que algumas pessoas fazem em excesso para tentar esconder o belo
tristeza de sua solidã o intuída.

Simplesmente conhecer ou estar familiarizado consigo mesmo e com os outros como


corpos nã o é suficiente para muitas pessoas. No entanto, estender a mã o mental,
emocional ou psiquicamente para tocar o ser de outras pessoas sempre parece um
negó cio arriscado porque o pró prio pesquisador esbarra na parede da solidã o. Pessoas
conscientes de si mesmas como mais do que meros sistemas bioelétricos físicos,
conscientes de mais do que apenas comer, fornicar, envelhecer e morrer corpos, correm
de cabeça para o isolamento que lhes é imposto como resultado do obiter dictum que
afirma que, se uma pessoa sente que está é mais do que apenas corpo, ele está errado.
(Para Kiss Earth Goodbye, pp. 65-66)

Ingo aprendeu cedo na vida a nã o compartilhar suas experiências com outras pessoas. Em
sua juventude, ele tomou a decisã o consciente de interromper as “viagens” que ele tanto
amava e, gradualmente, sua capacidade psíquica foi desaparecendo. Só quando se tornou
um adulto, vivendo em uma comunidade que estava interessada em fenô menos psíquicos,
ele permitiu que reaparecesse. Relatos de crianças que aprenderam que suas percepçõ es
psíquicas estavam erradas sã o bastante comuns. Essas crianças logo aprendem a suprimir
sua consciência para evitar críticas, desprezo e rejeiçã o.

Uma terceira preocupaçã o expressa pelos médiuns no estudo de Tart é o medo da


contaminaçã o. À medida que as fronteiras entre o psíquico e as outras pessoas sã o
reduzidas, o psíquico começa a desejar alguma maneira de manter a outra pessoa fora.
Edgar Cayce teve esse problema. Aqueles que estavam ao seu redor diariamente
aprenderam como seu humor invariavelmente o afetava, para seu desgosto e
constrangimento. Seus associados serviram de amortecedores para o Sr. Cayce. Eles
mantiveram as pessoas que vinham pedir ajuda a distâ ncia, para que ele nã o fosse afetado
por seus estados de espírito. Harmon Bro, em Edgar Cayce on Religion and Psychic

18
Experience, observou que, embora Cayce fosse uma pessoa compassiva e atenciosa, ele
frequentemente envolvia as pessoas apenas em conversas leves ou entretinha-as com
histó rias, como um meio de evitar ser afetado por seus estados de espírito . Aqui, ele
desenvolveu um meio de controlar o fato de que a fronteira entre ele e os outros era muito
fraca. Finalmente, observe as observaçõ es finais de Tart: o desenvolvimento da
consciência psíquica envolve algum tipo de transformaçã o do self; os médiuns decidiram
que, se queriam sobreviver, deveriam encarar isso como um meio de crescimento pessoal.
Embora seja muito importante considerar o que você fará com sua habilidade psíquica,
parece ainda mais importante considerar primeiro o que a habilidade fará com você!

O VALOR DA ABORDAGEM DE EDGAR CAYCE PARA O DESENVOLVIMENTO DA


CONSCIÊNCIA PSÍQUICA

O desenvolvimento de habilidades psíquicas pode, de fato, nos levar a situaçõ es difíceis.


Perda de controle, perda de um senso de identidade está vel, perda de limites seguros
entre você e as pessoas ao seu redor, perda de limites em sua sensaçã o de poder e perda
de confiança no que é a realidade - essas nã o sã o questõ es pequenas. O que substituirá a
sensaçã o de controle perdido? Se o antigo autoconceito for perdido, que conceito de self o
substituirá ? Se os limites entre você e os outros forem dissolvidos, como você
discriminará entre o que é certo para você e as necessidades dos outros? Se você
descobrir um poder novo e ilimitado dentro de você, o que fará com seus sentimentos
negativos? Se você nã o pode confiar na “realidade”, em que pode confiar?

Diante de tais preocupaçõ es, que surgem naturalmente durante o desenvolvimento da


consciência psíquica, a perspectiva oferecida pelas leituras de Edgar Cayce promete
conforto, segurança e uma direçã o positiva. Para começar, pode ser ú til comparar o que
você imagina que é ser vidente com a visã o da capacidade psíquica fornecida por Cayce.

A percepçã o psíquica parece, a princípio, diferente da experiência normal. Por mais que
gostemos de tal presente, ainda assim parece uma raridade, como os incríveis poderes dos
super-heró is dos desenhos animados. Cayce, por outro lado, gostaria que expandíssemos
nossa imaginaçã o para perceber que a percepçã o psíquica faz parte de nosso dom natural.
É uma habilidade que foi esquecida e precisa ser lembrada, nã o algo novo que precisa ser
adicionado. Já somos médiuns. Usamos nossa habilidade psíquica diariamente, embora
apenas minimamente e geralmente inconscientemente. Aprender a usar nossas
habilidades psíquicas de maneira consciente pode nos ajudar, nã o apenas na vida diá ria,
mas a despertar para nossa verdadeira identidade como companheiros do Criador.

19
À medida que você começa a se tornar consciente da percepçã o psíquica, sua identidade
pessoal mudará . O medo descrito pelos médiuns é um sinal do seu antigo eu, avisando-o
de que sua identidade costumeira está sendo ameaçada. A consciência psíquica, imaginada
do ponto de vista de sua identidade normal, é intrinsecamente assustadora, pois ameaça
extinguir essa identidade. Antes de tentarmos desenvolver a percepçã o psíquica
consciente, Cayce pede que primeiro nos preparemos para aceitar uma nova identidade.
Ele deseja que desenvolvamos uma consciência de nossa identidade espiritual, baseada
em componentes imateriais, infinitos e eternos, para complementar nossa identidade
pessoal, que está fixada no corpo. É muito mais fá cil para uma consciência enraizada em
uma identidade espiritual que existe além das restriçõ es de tempo e espaço aceitar o
funcionamento da habilidade psíquica como um talento natural. Essa mudança de
identidade nã o apenas torna o funcionamento psíquico mais natural, mas também nos
fornece outros benefícios necessá rios.

Ser vidente significa que os limites que estabelecemos entre nó s e os outros cairã o. Vimos
como isso pode ser assustador. Cayce sugere que, quando nos preparamos para nos
tornarmos psiquicamente conscientes, pensamos sobre a natureza de nossos
relacionamentos com outras pessoas. Se pudermos nos identificar com nosso ser
espiritual, perceberemos que estamos intimamente conectados no nível espiritual com
todos os outros seres. Nesse nível, nã o há limites. Entã o descobrimos que nã o estamos
sozinhos neste mundo, nã o separados da natureza e das pessoas ao nosso redor.

Os limites nos protegem, mas pagamos por essa proteçã o. Muitos de nó s experimentamos
ansiedades enquanto nos perguntamos como sobreviveremos à s ameaças à nossa
existência, nosso sustento, nosso conceito de quem somos e do que precisamos neste
mundo competitivo. É difícil crescer e ter que aprender o que você precisa saber e fazer
para sobreviver. O mundo espera muito de nó s; há muito o que aprender e temos que
trabalhar muito para competir pelo que queremos. Perceber nossa identidade espiritual e
a consciência psíquica que vem com ela pode acabar com essas preocupaçõ es. Mostra-nos
que já temos tudo de que precisamos dentro de nó s: a pró pria vida, com o Criador como
sua fonte e ser. A questã o da "perda de controle", que figura tã o amplamente nos estudos
do Dr. Tart, torna-se menos problemá tica. A confiança na vida substitui a necessidade de
estar no controle.

É muito parecido com o que acontece com pessoas que passam por uma experiência de
quase morte. Nesses casos, por acidente ou cirurgia, a pessoa chega perto da morte, ou
talvez esteja clinicamente morta por alguns minutos. Muitas pessoas que passam por tal
experiência relatam que encontraram luz intensa, encontraram “espíritos” amorosos e
tiveram um vislumbre de uma existência celestial. Retornando com relutâ ncia à terra dos

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vivos, essas pessoas descobrem que nã o temem mais a morte. Conseqü entemente, eles
nã o temem mais a vida, mas podem aceitá -la e amá -la mais plenamente. Freqü entemente,
como no caso da mulher retratada no filme Ressurreiçã o, eles retornam com habilidades
psíquicas.

A consciência psíquica, da maneira como Cayce gostaria que a desenvolvêssemos, é


significativamente abordada como um caminho de crescimento espiritual, de ampliaçã o
do autoconceito para incluir experiências que nos ajudarã o a nos sentir mais vivos, mais
em contato com os outros, mais a parte da vida - uma parte eterna de um processo que
nã o pode ser destruído. Nesse contexto, nossa ética e nossos valores mudam e nossa
abordagem de vida muda. Passamos por uma transformaçã o radical em nossas vidas.
Desse modo, podemos obter os mesmos benefícios de uma experiência de quase morte
sem ter que enfrentar a morte de perto.

Amar os outros, preocupar-se com seu bem-estar e querer servi-los - essas atitudes
altruístas parecem mais espontâ neas e naturais e menos como injunçõ es morais; mais
como "quer" e menos como "deveria". Essa mudança de atitude alivia os temores sobre as
implicaçõ es éticas da habilidade psíquica. É muito mais fá cil lidar com a intimidade
telepá tica quando sentimos amor pelos outros do que quando suspeitamos ou temos
medo. O amor substitui a necessidade de poder.

Preparar o caminho através da construçã o de uma base adequada garante que o


desenvolvimento da consciência psíquica se torne uma expressã o natural de uma
consciência iluminada - aquela que está disposta, pronta e capaz de cumprir o propó sito
desta dimensã o da vida. Para nossa personalidade comum, a percepçã o psíquica é como
ter um tigre pela cauda. Para uma personalidade que percebeu a realidade de seu ser
espiritual, a percepçã o psíquica é uma expressã o natural da consciência transpessoal. A
habilidade psíquica nã o se torna um fim em si mesma, nem uma busca por poder e, em
ú ltima instâ ncia, um fardo tremendo. Em vez disso, é um meio de auto-realizaçã o, de
desenvolver a verdadeira individualidade, de viver a vida de forma mais plena, mais
criativa e mais em harmonia com todas as bênçã os que podemos compartilhar. Agora,
para poder imaginar isso!

2
UNIDADE: A CONSCIÊNCIA PSÍQUICA

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Como sempre foi a experiência de cada alma; que a Lei é Uma, a Fonte é Uma! e aqueles
que buscam outros que nã o encontram tribulaçã o, turbulência, confusã o.

EDGAR CAYCE lendo no. 1297-1

Eu realmente acredito que estamos todos unidos como se estivéssemos envolvidos pelo
tempo, assim como todos os vá rios aspectos da natureza. O rio da minha vida fluiu acima e
abaixo da superfície para curar, ajudar e ajudar as necessidades de outras pessoas, que
pareço conhecer abaixo do nível da mente consciente.

EILEEN GARRETT

A ABORDAGEM DE EDGAR CAYCE para desenvolver habilidades psíquicas pode ser


expressa nesta fó rmula muito simples: viva a vida de Unidade. Essa é uma tarefa difícil,
mas a meta também é: ser capaz de experimentar a percepçã o psíquica em sua expressã o
mais natural e perfeita, a consciência universal!

Cayce, um homem prá tico e com os pés no chã o, sabia que uma declaraçã o como “viver a
vida da Unidade” nos leva a muitas direçõ es ao mesmo tempo. Como podemos saber por
onde começar? Quando Cayce fez essa pergunta por um pequeno grupo de pessoas que
queriam se tornar videntes, ele deu a resposta um passo de cada vez. Ele exigia que eles
aplicassem cada passo e o tornassem parte de suas vidas diá rias antes de passar para o
pró ximo passo. No capítulo onze, iremos repassar todas as etapas, mas por enquanto será
mais simples começar do início.

O primeiro passo é este: aprender a cooperar. Isso pode parecer fá cil demais para ser ú til,
mas é profundo em sua simplicidade. Cooperaçã o significa operar em coordenaçã o com
outros. Aprender a cooperar é fazer com que nosso comportamento esteja em harmonia
com um nível muito bá sico da realidade da Unidade, em vez de insistir no "meu caminho".
A cooperaçã o constró i a consciência da Unidade e a torna real, expressando-a. Nossas
oportunidades de escolher a cooperaçã o sã o infinitas, e as escolhas que fazemos nesses
momentos geralmente revelam nossa atitude em relaçã o à Unidade.

Aprender a cooperar como meio de desenvolver habilidades psíquicas pode parecer


irrelevante, um passo muito pequeno ou muito lento. Certamente conheço esse
sentimento! É difícil ser paciente - quero habilidade psíquica agora. Eu quero aprender
uma técnica que me dará impressõ es telepá ticas instantâ neas. Ou talvez isso o lembre de
sua juventude, quando você queria aprender sobre sexo, mas em vez disso ouviu falar

22
sobre amor. Isso é ó timo, você pode ter pensado, mas que tal "fazer"? Provavelmente nã o
foi até alguns anos depois, depois de "fazer" muito, que você começou a apreciar como o
sexo realmente envolve amor e fazer amor.

Da mesma forma, a percepçã o psíquica realmente diz respeito à consciência da Unidade, e


a cooperaçã o é um bom lugar para começar. O autor Lawrence LeShan concorda. Em sua
aná lise teó rica dos fenô menos psíquicos, From Newton to PES, ele conclui que as pessoas
que têm um relacionamento cooperativo serã o as mais propensas a experimentar a
percepçã o extra-sensorial (PES) entre elas. (Você encontrará um experimento em
cooperaçã o que forneceu consistentemente resultados psíquicos ú teis no capítulo final
deste livro. Nesse momento, você terá as ferramentas para tentar o experimento sozinho.)

Cayce uma vez comparou o treinamento da habilidade psíquica ao treinamento de um


pugilista. Ele ressaltou que, para ser um bom lutador de boxe, você certamente nã o se
contentaria com a simples construçã o de mú sculos ou simplesmente ensinando a pessoa a
dar um soco. Você teria que treinar a pessoa inteira, pois é a pessoa que usará as técnicas
específicas. A personalidade do pugilista tem um grande efeito em sua eficá cia no ringue;
por outro lado, seria preciso um homem terrivelmente grande e poderoso para sobreviver
como um lutador sem habilidades. O sucesso requer tanto o desenvolvimento da pessoa
quanto o treinamento de habilidades.

Por exemplo, o nível mais geral seria treinar a personalidade do lutador - ser paciente,
controlar a raiva e perseverar. Quando treinamos habilidades psíquicas, precisamos
trabalhar traços de personalidade como cooperaçã o, empatia e respeito amoroso pelos
outros.

O pró ximo nível para o lutador seria treinar para resistência e coordenaçã o, para os quais
exercícios como correr e pular corda sã o ú teis. No desenvolvimento da habilidade
psíquica, a meditaçã o ajuda a nos abrir para um novo estilo de consciência.

Entã o, o lutador precisaria aprender que postura tomar - nã o apenas seus braços e pernas,
mas como enfrentar psicologicamente um oponente, quais estratégias usar e assim por
diante. Da mesma forma, quando aprendemos habilidades psíquicas, precisamos aprender
a reconhecer sentimentos sutis e imagens, e ser capaz de lembrar sonhos.

Finalmente, o lutador receberia instruçõ es específicas: como dar um determinado soco,


como efetuar certos bloqueios, como entrar e sair de posiçõ es. Da mesma forma, existem
muitas técnicas específicas para desenvolver e usar habilidades psíquicas, que você
aprenderá em capítulos posteriores.

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Quando Cayce começa com a Unidade como o primeiro princípio e menciona a cooperaçã o
como uma boa maneira de praticá -la, ele está nos dando uma orientaçã o geral tanto no
nível filosó fico quanto prá tico. Da mesma forma, um lutador de rua que aspira ao ringue
pode ter que aprender o significado de profissionalismo - aprender a nã o levar certas
coisas para o lado pessoal e a nã o deixar seu ego atrapalhar.

UNIDADE COMO O PRIMEIRO PRINCÍPIO

Imagine que você nã o tem cabeça. Isso mesmo, olhe para o mundo ao seu redor, mas finja
que você nã o tem cabeça. Imagine que seu corpo pá ra em seus ombros. Você nã o está mais
vendo com seus olhos ou sua mente racional. Deixe o mundo que você vê ocupar o lugar
de sua cabeça. Agora o mundo é sua cabeça!

Esta estranha experiência de entrar em um estado alterado de consciência vem do livro de


D. E. Harding sobre meditaçã o, On Having No Head, e tem como objetivo nos ajudar a
experimentar o mundo de uma nova maneira. Pratique um pouco. Ao olhar em volta, tente
prestar atençã o ao fato de que, embora nã o tenha cabeça, ainda tem consciência do
mundo. Onde está essa consciência? Você pode localizá -lo? A situaçã o parecerá mudar do
estado normal de "Tenho consciência" para "Consciência é". Bem-vindo à realidade da
consciência, da "mente em geral".

À medida que você se esquece de sua cabeça, você se abre para o mundo e o mundo se
junta a você e se torna você. Você ainda está ciente de objetos individuais - a ú nica flor, os
esquilos - mas cada um está de alguma forma conectado a você, pois o mundo nã o está
mais bloqueado para você por sua cabeça.

Normalmente, cada um de nó s se percebe como separado do mundo e, portanto, somos


livres e podemos caminhar dentro do mundo. Isso é bom, mas tem um lado negativo.
Quando você se vê como separado, você se sente como uma vida ú nica e separada que
precisa de proteçã o para sobreviver. Você se torna alienado do mundo por essa sensaçã o
de separaçã o. Mas quando você se sente como se nã o tivesse cabeça, como tendo o mundo
como sua cabeça, você e o mundo estã o de alguma forma conectados. Você pode se sentir
“um com” o mundo.

Cayce expressou repetidamente seu conceito de Unidade em suas leituras. Tudo e tudo é
como um. Quando ele enfatizou a lei da Unidade, ele estava reiterando o que é conhecido
como “Filosofia Perene”, um termo inventado por Gottfried Leibniz, o inventor do cá lculo,
e popularizado por Aldous Huxley em seu livro de mesmo título. A Filosofia Perene é a

24
mensagem central de todas as religiõ es: por trá s de todas as manifestaçõ es diversas e
visíveis do mundo existe um Ser Supremo unitá rio - "Isso és Tu."

De acordo com a Filosofia Perene, toda a criaçã o está interconectada. Embora tudo pareça
estar separado, nã o existem entidades separadas. Cada um é uma parte inerente do todo.
Por exemplo, cada onda do oceano parece ser uma “coisa” separada, mas as ondas sã o, na
verdade, expressõ es passageiras do oceano. Cada onda é uma com o oceano.

Por trá s das aparências está uma realidade unitá ria, um Ser Supremo. O Ser Supremo é
considerado visível e imanente e, ao mesmo tempo, invisível e transcendente. Isso pode
ser um pouco confuso de compreender se o abordarmos em um nível racional.

De acordo com a Filosofia Perene, a consciência e o mundo material, ou “interno” e


“externo”, sã o um e o mesmo. O Ser Supremo, ou Reino de Deus, está dentro e fora de você.
Comumente pensamos na vida como sendo feita de mente e matéria; mas a mente e a
matéria sã o de fato dois aspectos da mesma realidade. Essa realidade é você. Você é essa
criaçã o, essa unidade total chamada vida. No mínimo, a Filosofia Perene sugere que há
mais em você do que você pode suspeitar, com base apenas em suas impressõ es sensoriais
do mundo ao seu redor.

Podemos encontrar o princípio da Unidade na Bíblia Judaico-Cristã , onde Jesus diz: “O


primeiro [mandamento] é,‘ Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus, o Senhor é Um; e amará s
o Senhor teu Deus com todo o teu coraçã o, e com toda a tua alma, e com toda a tua mente,
e com todas as tuas forças. 'A segunda é:' Amará s o teu pró ximo como a ti mesmo. ' outro
mandamento maior do que estes ”(Marcos 12: 29-31). Normalmente, a declaraçã o “o
Senhor é Um” significa que há apenas um Deus ou um Criador. Esse é certamente um dos
significados.

Mas também pode significar que toda a criaçã o é um, e esse um é Deus. Em vez de
imaginar Deus como um ser que vive no céu, imagine Deus como um ser infinitamente
grande, e a terra e todos os seus habitantes como um á tomo no corpo de Deus.

O mandamento de “amar o pró ximo como a si mesmo” geralmente significa ser bom para
os outros como gostaria que eles fossem bons para você. Como você quer ser amado, ame
os outros. Se você quer respeito, mostre respeito pela outra pessoa. Em outras palavras, a
melhor maneira de tratar outra pessoa é como você mesmo gostaria de ser tratado - a
Regra de Ouro. Uma compreensã o mais profunda é que seu vizinho é você mesmo. Se a
criaçã o é um Ser Supremo, entã o tudo na criaçã o é uma parte desse ser.

O conceito de Unidade pode parecer estranho à primeira vista, mas é essencial para a
compreensã o da capacidade psíquica. À medida que prosseguirmos, veremos algumas

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evidências de que a Filosofia Perene é talvez mais do que uma filosofia; pode ser apenas
como as coisas sã o - o que torna a habilidade psíquica uma parte natural do mundo real.

ECOLOGIA: UNIDADE NA NATUREZA


Ecologia é um conceito moderno que reflete a imagem da unidade na criaçã o. Hoje em dia,
ouvimos muito sobre ecologia, em termos de poluiçã o, a extinçã o de vá rias espécies de
vida selvagem, a sustentabilidade da vida na terra. A ecologia define todos os sistemas
vivos como interdependentes. A entrada de um organismo depende da saída de outro.
Assim, a vida animal precisa de oxigênio e libera dió xido de carbono, enquanto a vida
vegetal precisa de dió xido de carbono e libera oxigênio.

A ecologia também afirma que os vá rios sistemas de vida estã o interconectados: se você
mudar um elemento, mudará todos eles, dando início a uma reaçã o em cadeia. Quase tarde
demais, estamos percebendo as implicaçõ es desse princípio ecoló gico fundamental. Por
exemplo, matamos insetos de que nã o gostamos com sprays. Os produtos químicos
penetram na terra e envenenam a cadeia alimentar. Sem esses insetos, certos outros
insetos prosperam além da intençã o da natureza, enquanto certos pá ssaros sã o privados
de sua alimentaçã o e morrem. Com menos pá ssaros para transportar sementes para
outras partes do país, a polinizaçã o está ameaçada e menos plantas se reproduzem. O
rendimento das safras é afetado e os agricultores freneticamente adicionam mais aditivos
ao solo. A qualidade do solo é afetada e as á rvores deixam de prosperar. Com menos
á rvores ao redor, mais casas ficam expostas ao sol e há mais necessidade de ar-
condicionado. Quando o gá s freon vaza dos condicionadores de ar, ele sobe para a alta
atmosfera, onde destró i a camada de ozô nio. Com a reduçã o da camada de ozô nio, mais
radiaçã o nociva do sol penetra na terra, tornando a vida menos habitá vel. E assim por
diante. O sistema de vida do planeta, em todas as suas partes interdependentes, funciona
como um todo. De acordo com o geoquímico James Lovelock, cujo livro Gaia: Um Novo
Olhar para a Vida na Terra teve grande influência nesse sentido, a Terra é uma entidade
viva.

Pensar sobre ecologia é um bom começo para ser capaz de imaginar o conceito de
Unidade. É uma imagem especialmente boa por causa de suas conotaçõ es de respeito pela
terra. A imagem da ecologia nos leva a sentir preocupaçã o e respeito por tudo no planeta -
o mesmo tipo de reverência implícito na Filosofia Perene e a mesma atitude que Cayce tem
em mente para nó s quando começamos a explorar as habilidades psíquicas. A abordagem
de Cayce para ESP definitivamente nã o é isenta de valores, mas tem sua base no respeito
pela Unidade de toda a vida.

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A FÍSICA QUÂNTICA DESCOBRE A UNIDADE
Quando os físicos começaram a olhar profundamente dentro do á tomo, eles
desencadearam uma cadeia de descobertas que transformaram totalmente nossa visã o do
mundo, da criaçã o, até mesmo da realidade e da relaçã o entre a consciência e o mundo
material. Recentemente, alguns livros fascinantes sobre o assunto foram publicados: The
Tao of Physics de Fritjof Capra e The Dancing Wu Li Masters: An Overview of the New
Physics, de Gary Zukav, entre outros. Os títulos de ambos os livros referem-se à metafísica
oriental por uma boa razã o: a física ocidental moderna mostrou que a realidade é muito
mais parecida com a descrita no misticismo oriental do que acreditá vamos anteriormente.
Vejamos algumas dessas principais descobertas científicas que dizem respeito à realidade
da "Unidade".

Em primeiro lugar, no nível subatô mico, as “coisas” na verdade quase desaparecem. As


“coisas” parecem nã o ser só lidas, mas concentraçõ es transitó rias de energia. A famosa
equaçã o de Einstein, E = MC2, que iguala massa (material) com energia, prova se
manifestar em uma situaçã o onde a "coisidade" praticamente desaparece. Em vez disso, os
padrõ es de energia parecem envolver probabilidades de que a energia se aglutine em uma
“coisa” em um determinado local em um determinado momento. A “coisa” a que se refere
nã o é um objeto, como normalmente pensamos, mas uma onda estacioná ria. Uma onda
estacioná ria é uma onda que é aparentemente estacioná ria, mas na verdade é criada pelo
encontro de duas ondas viajando em direçõ es opostas.

A palavra onda é um substantivo e, portanto, sugere um objeto; mas na verdade descreve


um processo. Assim, uma das descobertas da física moderna é que as “coisas” se dissolvem
em padrõ es de ondas de energia. Portanto, a criaçã o, ou realidade, nã o é uma coleçã o de
coisas, mas uma dança de padrõ es de energia. É o mesmo corpo de energia, aparecendo
em padrõ es diferentes. Nã o apenas tudo na terra está interconectado, tudo é realmente a
mesma coisa - energia movendo-se e assumindo formas diferentes. E essa é uma maneira
de começar a imaginar o que significa a Unidade que está por trá s da criaçã o visível. No
misticismo e na metafísica, energia é freqü entemente um sinô nimo de Deus.

De acordo com a Filosofia Perene, você é toda a criaçã o, sua consciência e a realidade lá
fora sã o uma só . A física moderna também descobriu essa dimensã o da Unidade. O início
desta descoberta foi "Princípio de Indeterminaçã o de Heisenberg" ou "Princípio de
Incerteza". A princípio, esse princípio parecia uma limitaçã o direta dos mecanismos da
ciência, mas levou a ainda mais paradoxos sobre a natureza da realidade e da consciência.
O princípio de Heisenberg se refere ao fato de que, para "ver" uma partícula subatô mica,

27
deve-se "brilhar luz" sobre ela. Essa luz é feita de ondas de partículas; quando as ondas de
luz atingem a partícula que você deseja olhar, ela bate na partícula, movendo-a assim.
Quando a luz reflete na partícula para retornar ao olho do observador, e o observador "vê"
a partícula, a partícula se moveu por ter sido "vista". Como resultado, o observador nã o
pode ter certeza da localizaçã o exata da partícula observada. A fonte da incerteza é que o
observador afeta o observado!

A consciência, entã o, nã o é uma testemunha inocente, mas afeta aquilo de que se torna
consciente. À medida que os físicos exploram mais profundamente esse quebra-cabeça, ele
se torna ainda mais intrigante, uma vez que o pró prio efeito da consciência parece
desempenhar um papel fundamental na criaçã o da realidade. Como disse o físico Sir
Arthur Eddington: "As coisas do mundo sã o as coisas da mente." Nã o somos capazes de
ver a realidade per se, mas o que vivenciamos é o resultado de nossa abordagem para
observá -la. Alguns chegam a dizer que nã o há realidade além daquela que nossa
consciência cria. Esta dimensã o da Unidade, embora familiar ao místico e metafísico,
provou ser um dos resultados mais radicais da física subatô mica moderna.

Cayce também forneceu vá rias imagens do funcionamento da criaçã o que parecem ter
antecipado as descobertas da física quâ ntica. Em particular, ele descreveu as “forças
rotativas” dentro do á tomo como sendo de importâ ncia primordial, um conceito que se
mostra importante em uma das recentes descobertas da física. (Também terá um papel
mais tarde neste livro, quando explorarmos o conceito de Cayce do sistema glandular
como um receptor de energia psíquica.) A física moderna descobriu que a unidade
subjacente de consciência e matéria tem uma propriedade dinâ mica muito especial: entre
seus em vá rias partes, pode haver comunicaçã o instantâ nea em grandes distâ ncias, mais
rá pido que a velocidade da luz. O experimento envolveu observar o giro de uma partícula
subatô mica - a "força rotativa" dentro dela.

Como vimos, o ato de fazer uma observaçã o afeta os resultados. Nesse caso, o spin de uma
partícula depende de como você a observa. Potencialmente, seu spin pode ser ao longo de
qualquer eixo. Mas, uma vez que o observador escolhe um eixo a considerar, o spin é
observado em torno desse eixo, indo para "cima" (sentido horá rio) ou "para baixo"
(sentido anti-horá rio). Em certas situaçõ es, as partículas sã o emitidas aos pares e verifica-
se que possuem spin oposto. Nã o importa o eixo escolhido como base para a mediçã o da
primeira partícula do par, uma vez que seu spin é medido ao longo do eixo escolhido, a
outra partícula do par estará girando ao longo do mesmo eixo, mas com spin oposto .

Einstein propô s separar um par de partículas que estã o girando em direçõ es opostas. Anos
mais tarde, quando o experimento foi realizado, descobriu-se que a ligaçã o de spin entre
as duas partículas foi mantida instantaneamente, mesmo a grandes distâ ncias. Parece que

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existe alguma forma de comunicaçã o extra-sensorial entre as partículas subatô micas! A
maioria dos físicos nã o está disposta a admitir que essa seja uma forma de PES, mas lutar
contra esse fenô meno surpreendente os levou a propor modelos profundamente místicos
da natureza da realidade.

Assim, a física quâ ntica descobriu o mistério da Unidade conforme expresso na Filosofia
Perene. Antes do advento da física subatô mica, era difícil para as mentes ocidentais
imaginar de alguma forma concreta o significado da Unidade; mas agora temos
descobertas científicas específicas nas quais fixar a imaginaçã o. Alguns alertaram que os
resultados da física quâ ntica nã o “provam” a Filosofia Perene. No entanto, esses resultados
certamente confundiram nossa visã o normal do mundo e fizeram o conceito de Unidade
parecer menos rebuscado, menos “místico” e mais fundamentado na realidade.

UMA EXPERIÊNCIA DE CONSCIÊNCIA


Talvez a frase “Isso és Tu” agora possa assumir um novo significado para nó s. Vamos tirar
nossas cabeças e contemplar isso por um momento.

O mundo é você e todo o mundo é Deus. Você, entã o, é o mundo. Como outro ditado diz:
"Fique quieto e saiba, eu sou Deus." Diz-se que essa é a voz da presença “Eu sou” dentro de
nó s, o Deus que está dentro de nó s. Você pode objetar, dizendo que nã o é tã o grande e
poderoso quanto Deus, que pensar isso é o oposto de humildade religiosa. Mas nã o pense
sobre isso, experimente; deixe a voz mansa e delicada falar com você. Quando pensamos
sobre isso, nosso pequeno eu se apodera desse conceito e diz “Quem sou eu? Eu sou
Deus?" Mas a Filosofia Perene nã o se dirige ao seu pequeno eu, mas ao Eu maior que mora
dentro de você.

Para sentir melhor esse Eu maior, talvez para familiarizar-se com ele, considere o seguinte
exercício. Visualize uma palavra ou imagem em sua mente. Concentre-se nisso. Nã o deixe
isso mudar, nã o deixe sua mente vagar. Ao fixar sua atençã o nessa imagem interior, você
perceberá que sua mente ocasionalmente divaga, apesar de suas intençõ es, e você deixa
seu foco para pensar em outras coisas. Se você fosse observador, poderia dizer a si
mesmo: "Agora estou pensando nisso (em outra coisa), agora meu foco mudou." Na
maioria das vezes, porém, a mudança de foco ou desvio de concentraçã o acontece e
continua por um tempo antes de você se dar conta disso. Além disso, ao tentar manter o
foco naquela ú nica imagem ou palavra, você perceberá que ela muda, se transforma em
outra coisa, se move ou faz qualquer coisa, mas permanece perfeitamente imó vel e
constante. Continue tentando fixar sua atençã o naquela imagem ou palavra, e nã o deixe
que ela mude. Ao fazer isso, você se dará conta de que o “eu” que está fazendo esse

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experimento nã o é a ú nica vida dentro de você. Deve haver alguma outra fonte de vontade
que distraia sua atençã o ou mude o objeto no qual você está tentando se concentrar.
Apesar de seus esforços para fixar sua atençã o, outra pessoa mudará as coisas. Quando
perceber que nã o é "obstinado", faça um esforço para dominar a situaçã o, para manter sua
atençã o concentrada em um foco imutá vel. Você perceberá que é preciso esforço, que é
uma espécie de luta. Você só pode ter sucesso por alguns momentos de cada vez, e é
cansativo.

Agora tome consciência de que há mais dentro de você do que simplesmente o seu senso
de “eu” que está tentando se manter focado nessa imagem e naquele “outro” que mantém
as coisas mudando. Sim, existe aquela luta entre o que parece duas partes, mas no fundo
está outra consciência, um observador que registrou tudo o que aconteceu. Ele estava
ciente. Simplesmente consciente, nã o se envolveu em nenhuma luta, nã o tomou partido,
nã o sentiu frustraçã o quando o foco foi perdido, nã o sentiu nenhum alívio quando o foco
foi abandonado. Nã o tinha sentimentos, mas absorvia tudo. Você pode sentir isso, sentir
como uma consciência de fundo. Alguns o chamam de Testemunha Justa ou Testemunha
Silenciosa, e alguns o chamam de consciência pura. Se você entrar em sintonia com ele, se
puder sentir a qualidade de sua consciência, talvez sinta algo familiar sobre ele. Sim,
estava lá durante todo o experimento, embora você nem sempre estivesse ciente disso.
Sempre esteve ciente, você pode sentir isso. Talvez você também possa sentir que é uma
parte mais permanente de você, uma parte mais imutá vel, do que a parte “eu” que tenta
dirigir as coisas, ou das partes de você que deseja dirigir. É simplesmente consciência.

Essa consciência é um candidato mais apropriado para responder à palavra "eu" na


declaraçã o: "Fique quieto e saiba, eu sou Deus." Essa consciência está mais pró xima do que
está sendo tratado como "Tu" na declaraçã o: "Isso és Tu". Quando você se dirige a essa
consciência e diz que ela é um com o "eu" de Deus, a consciência nã o se agarra à ideia e
corre com ela, entretendo todos os tipos de fantasias sobre sua grandeza, nem rejeita a
ideia como repugnante. Em vez disso, é aceitar, testemunhar, inalterado. Essa consciência
nã o deve ser equiparada a Deus, mas está mais alinhada com o sentido da Filosofia Perene
do que o nosso “eu” que pensa a respeito. Nem sempre estamos sintonizados com a
presença dessa consciência, mas ela está sempre ciente de nó s.

Da mesma forma, Deus está sempre ciente dessa consciência dentro de nó s, mas essa
consciência nem sempre está sintonizada com a presença de Deus dentro dela. Mas pode
ser: pois a presença de Deus dentro dessa consciência de fundo está sempre pronta para
ser descoberta, assim como essa consciência está sempre presente para a consciência do
eu, se ao menos ela se sintonizar com ela. Como diz a promessa, "Fique quieto e saiba."

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É essa consciência de fundo que precisa ser tratada em alguns desses conceitos. O “eu”
com o qual você normalmente se relaciona tem dificuldade em lidar com o conceito, mas
essa outra consciência pode lidar com ele, pode aprender e lucrar com isso. Assim como
você pode ser despertado para a consciência de fundo (por exemplo, estando sempre
alerta e dizendo a si mesmo: "Agora estou ciente disso, agora estou ciente de que ...") para
que a consciência de fundo possa ser despertada para algo que envolve-o e, assim, sua
consciência pode ser ampliada.

Para concluir esta demonstraçã o, tente decolar novamente e experimentar o mundo.


Pegue um objeto e olhe para ele. Observe como a sua consciência desse objeto é sentida
por você. Agora observe como sua consciência interior, a consciência de fundo, é sentida
por você. Quando você compara a sensaçã o de sua percepçã o de fundo com a sensaçã o da
consciência do objeto, é difícil distinguir os dois. O conteú do pode ser diferente, mas a
sensaçã o é a mesma. Essa consciência é o elo entre o você interior e o mundo exterior.
Essa percepçã o nã o conhece diferença entre o mundo interno da consciência e o mundo
externo dos objetos. A consciência é tudo o que existe. Você e o mundo sã o um.

Agora adicione a dimensã o final que constitui a fó rmula para a consciência psíquica: amor!
Isso trará a verdade à vida. Permita-se sentir amor por tudo o que vivencia. Em vez de
simplesmente olhar para as coisas, examinar sua consciência enquanto se pergunta se
você e aquelas coisas externas sã o realmente um, permita-se um sentimento de amor, um
derramamento de seu coraçã o. É uma ponte que liga você e o mundo ativamente. Ele une
você e o mundo em espírito, pois o amor é um espírito e, em todas as religiõ es, uma
essência de Deus.

UMA APLICAÇÃO DA CONSCIÊNCIA DA UNIDADE


Um experimento semelhante demonstrou a realidade da ligaçã o psíquica entre as pessoas.
As idéias que estivemos discutindo têm implicaçõ es prá ticas para o desenvolvimento e
uso da consciência psíquica. Muitos médiuns consideram que seu funcionamento psíquico
surge de um estado de consciência diferente do normal. Lawrence LeShan em The
Medium, the Mystic, and the Physicist: Toward a General Theory of the Paranormal,
estudou os escritos de Eileen Garrett e outros médiuns e apelidou o estado em que
entraram na realidade clarividente. Esse estado de consciência envolveu uma "mudança
na percepçã o" em que "as ilusõ es do tempo presente, nossa situaçã o no espaço e as
diferenciaçõ es na consciência (individualidade) sã o transcendidas". Há uma experiência
de "unidade e unidade fundamental de todas as coisas". Ele cita Garrett: "Tenho um
sentimento interno de participar, de uma forma muito unificada, com o que observo - com

31
o que quero dizer que nã o tenho noçã o de qualquer dualismo subjetivo-objetivo, nenhuma
noçã o de eu e de qualquer outro, mas um associaçã o íntima com, uma imersã o nos
fenô menos. ” Outra vidente, Rosalind Heywood, disse sobre seu estado psíquico: "Toda
experiência humana é uma."

Quando LeShan comparou as declaraçõ es dos físicos modernos com as declaraçõ es dos
clarividentes, ele pensou que sua semelhança era significativa. Ele se perguntou se uma
aplicaçã o direta da experiência da Unidade era possível. Descobriu-se que era. Ao treinar-
se em meditaçã o, ele aprendeu a imaginar como real a realidade clarividente de "Tudo é
um". Nesse estado, ele tentou experiências de cura. Ele descreve um caso em que foi capaz
de ajudar a flexibilizar as mã os de uma paciente com artrite simplesmente segurando suas
mã os. Quando ele ensinou outros a entrar neste estado de consciência, ele descobriu que
eles eram capazes de efetuar a cura psíquica. Acho que seu procedimento de treinamento
é interessante porque mostra nã o só que o uso adequado da imaginaçã o pode levar ao
estado de consciência desejado, mas também que tomar essas abstraçõ es metafísicas
como verdadeiras, e agir como se fossem verdade, pode levar ao resultados antecipados.

Seu procedimento de treinamento levou em conta o princípio da unidade. Ele pedia a uma
pessoa que segurasse a mã o de outra e olhasse para ela. Ele instruiu a primeira pessoa a
olhar para a mã o da outra enquanto repetia a frase: "Este sou eu!" A ideia era imaginar
que a outra pessoa era você mesmo, e o exercício era uma forma de meditaçã o
contemplativa. Sempre que a mente se afastava dessa percepçã o, a pessoa deveria trazê-la
de volta. Dessa maneira, ele foi capaz de treinar pessoas para obter efeitos de cura. Se a
Filosofia Perene for tomada nã o apenas como uma filosofia, mas como um guia prá tico
para um estado alterado de consciência, ela pode ter efeitos prá ticos diretos. A teoria
funciona! Isso pode funcionar para você.

NA APLICAÇÃO VEM A CONSCIÊNCIA.


“Experimente você mesmo e veja. Esse é o verdadeiro teste! ” Muitas vezes Cayce avisou
que nã o queria que simplesmente acreditá ssemos nele. Ele queria que
experimentá ssemos os conceitos de maneira prá tica em nossa vida cotidiana. A
informaçã o é inú til, exceto se se provar ú til na pró pria experiência, aconselhou. Sua
filosofia de aprendizagem é expressa em seu lema: “Na aplicaçã o vem a consciência”. A
experiência é o grande mestre, e Cayce ensinou que os estados superiores de consciência,
a percepçã o das verdades superiores, viriam da prá tica dos princípios que as verdades
implicam. Se você experimentar a Unidade, automaticamente se sentirá amoroso. Se você
agir com amor, você experimentará a Unidade.

32
No entanto, a personalidade normal pode esperar encontrar alguns obstá culos
significativos para ser vidente. Cayce aconselhou que é melhor nã o pular direto para o
desenvolvimento da consciência psíquica sem primeiro desenvolver uma base. Crie um
novo estilo de vida que nã o seja ameaçado pela consciência psíquica, que possa lidar com
as implicaçõ es desse tipo de consciência expandida. Cayce gostaria que contemplá ssemos
o fato da Unidade, pensá ssemos sobre ele, meditá ssemos sobre ele, tentá ssemos
experimentá -lo. Ainda mais, ele quer que vivamos isso!

Cayce levava a habilidade psíquica a sério. Nã o era uma curiosidade para ele, mas uma
realidade muito significativa. Ele nã o estava tentando nos desestimular, mas sim nos
colocar no caminho certo, o que nos ajudará a lidar com as implicaçõ es da consciência
psíquica e usar essa habilidade de forma construtiva. Ele ensinou alguns truques e irei
compartilhá -los com você. Mas o truque mais importante que ele ensinou foi como viver a
vida como vidente, em vez de apenas ter uma experiência psíquica. O segredo é perceber
que a essência de ser psíquico nã o está contida no momento da experiência psíquica, mas
se expressa na vida vivida antes e depois dessa experiência. Uma vida vivida na
consciência da Unidade é uma vida vivida psiquicamente. Caso contrá rio, uma experiência
psíquica é apenas uma raridade, esperançosamente um abridor de mente, certamente uma
curiosidade, possivelmente uma inspiraçã o, muitas vezes um fardo ou fonte de confusã o,
mas sempre uma raridade. Esse fato pode ser decepcionante, mas é decepcionante apenas
para a nossa parte impaciente, e essa parte nã o acredita realmente na realidade da
percepçã o psíquica. A parte que acredita - e é a essa parte que este livro se dirige - pode
aceitar essa verdade, com paciência, mesmo que com um suspiro de "Que chatice".

Lembro-me dos xamã s nativos americanos que, quando questionados sobre poderes como
habilidade psíquica, riem da contradiçã o da pergunta quando o questionador - geralmente
um "olhos brancos" - obviamente nã o está vivendo a vida de Unidade e respeito pelo
planeta . “Como você pode dizer que quer aprender a ter consciência psíquica”, pergunta o
nativo americano da pessoa branca, “quando durante toda a sua vida você fez questã o de
ignorar os gritos da grama ao pisar nela? Se você realmente deseja aprender a consciência
psíquica, primeiro aprenda a andar suavemente sobre a Mã e Terra e seja grato por ela
permitir que você ande sobre ela! ”

Nosso comportamento diá rio e a consciência que desejamos desenvolver devem estar de
acordo. Entã o, em seus momentos de folga, tire a cabeça e experimente o mundo a partir
do ponto de Unidade. E, no resto do tempo, experimente a cooperaçã o, para ver aonde ela
o levará em sua consciência. A Mã e Terra pode surpreendê-lo.

33
3
A IMAGINAÇÃO DO PSÍQUICO: PADRÕES DE VIBRAÇÕES

A vida em sua manifestaçã o é vibraçã o.

EDGAR CAYCE

Existe um instinto de relaçõ es rítmicas que abrange todo o nosso mundo de formas.

FRIEDRICH NIETZSCHE

UM PSÍQUICO QUE SEGURA um objeto enquanto tenta localizar uma pessoa perdida pode
muito bem dizer: "Estou me sintonizando com as vibraçõ es." Tal declaraçã o explica como
muitos médiuns imaginam que sua habilidade opera. O romancista Upton Sinclair intitulou
seu livro sobre telepatia Mental Radio. Que imagem sucinta para expressar a experiência
psíquica de entrar em sintonia com as vibraçõ es! Mas isso levanta uma questã o muito
desconcertante: como as vibraçõ es, que normalmente associamos à energia física, podem
transmitir informaçõ es sobre as experiências de uma pessoa distante?

A resposta de Cayce foi que "pensamentos sã o coisas" e, como outras coisas, têm suas
pró prias vibraçõ es. Essas vibraçõ es existem em uma dimensã o fora do tempo e do espaço.
A percepçã o psíquica é a capacidade de se sintonizar com essas vibraçõ es e traduzir essa
ressonâ ncia em uma forma acessível à mente consciente.

Para entender esse tipo de linguagem, bastante comum entre os médiuns, precisamos
voltar a alguns princípios bá sicos. Cayce imaginou o mundo de uma maneira diferente da

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que normalmente fazemos e falou sobre ele em termos diferentes de nossa linguagem
cientificamente influenciada. Precisamos aprender a imaginar o mundo da maneira que os
médiuns o fazem se quisermos desenvolver a consciência psíquica.

O VOCABULÁRIO DA UNIDADE
As ideias existem antes de pensá -las? Se sim, onde eles existem? Por exemplo, a ideia de
uma roda existia antes de uma roda real ser inventada? O princípio de uma roda sempre
esteve lá esperando para ser descoberto. A ideia da roda foi inventada ou descoberta? É
uma pergunta intrigante. Como uma ideia entra na sua cabeça? Como a ideia faz você
pensar nisso? O que estimula seu cérebro a disparar em um padrã o específico para
produzir uma ideia específica? Seja captando telepaticamente as ideias na cabeça de outra
pessoa, ou fazendo uma descoberta criativa ao permitir que uma nova ideia entre, ambos
envolvem “pegar” ideias do “ar” ou fazer seu cérebro se comportar de uma maneira
padrã o particular que corresponde à ideia que você deseja ter. Como uma ideia viaja?
Como uma ideia, que é “mental”, consegue se juntar ao seu cérebro, que é “físico”?

Essas questõ es intrigantes surgem de como imaginamos a maneira como o mundo


funciona. Nossa pró pria linguagem reflete a maneira como entendemos a mecâ nica do
mundo. Quando falamos de um objeto, ele tem uma fronteira ao seu redor - ele existe
dentro de um espaço especificado. Para perceber este objeto, feixes de luz, ondas sonoras
ou moléculas de odor devem viajar entre você e ele. Um contato sensorial de algum tipo
deve ocorrer, porque nossa consciência de separaçã o requer que haja ligaçõ es entre nó s e
o nã o-nó s a fim de percebê-los.

Quando se trata de manipular objetos materiais em nosso mundo cotidiano, nossa


consciência comum, conforme foi moldada pela linguagem científica, funciona muito bem.
Esta é uma perspectiva atomística: tudo é baseado na mecâ nica dos á tomos que se
comportam como bolas de bilhar. Diz-se que a ciência reduz toda a vida à açã o da química
e da física, usando o á tomo como o bloco de construçã o bá sico. Junte alguns á tomos e você
terá uma substâ ncia química. Misture alguns produtos químicos e você terá uma reaçã o
química. Em algum lugar ao longo da linha, uma dessas reaçõ es químicas cria uma forma
de vida. As formas de vida interagem e algumas reaçõ es químicas afortunadas, mas
acidentais, criam novas formas de vida. Depois de um tempo, temos plantas, animais e
humanos. Um pensamento humano é o resultado final de reaçõ es químicas no corpo em

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resposta a eventos físicos e químicos no mundo exterior. Tudo é explicado como uma
cadeia de sequências de causa e efeito envolvendo, basicamente, processos atô micos.
Outro nome para a abordagem atomística é uma perspectiva micro, pois todos os
processos sã o analisados em termos da menor parte. Mas muitas pessoas, até mesmo
cientistas, hesitam em usar a micro perspectiva para explicar tudo.

A macro perspectiva, no extremo oposto, analisa a vida em termos das mais gerais,
englobando processos que regem as menores. Uma perspectiva macro também é holística;
pois vê um sistema nã o como um amá lgama de partes, mas como um todo, como na
ecologia. Descobertas recentes na física quâ ntica estimularam uma concepçã o do mundo
que é mais holisticamente integrada, senã o também paradoxal. Outros campos de
investigaçã o também estã o começando a questionar a adequaçã o da perspectiva micro.

A consciência psíquica é um desafio à concepçã o materialista e atomística do mundo. A


telepatia implica para o micro que as idéias podem viajar pelo espaço sem a necessidade
de algum meio mecâ nico como um fio telefô nico invisível sobre o qual basear a troca de
informaçõ es. No entanto, a linguagem científica de ponta está gradualmente se
aproximando da dos médiuns. A linguagem de Cayce é adaptada à realidade da consciência
psíquica. No capítulo anterior, aprendemos como Cayce enfatizou o conceito de Unidade.
Também lemos relatos de outros médiuns que descreveram como se tornaram "um com"
o objeto de sua consciência psíquica.

O símbolo yin-yang

No início da criaçã o, diz Cayce, a força Um começou a se manifestar de duas maneiras:


como uma força de atraçã o e uma força de repulsã o. Ligado e desligado, para cima e para
baixo, dentro e fora, preto e branco, mais e menos, masculino e feminino - essas sã o
algumas das variaçõ es do motivo dos opostos.

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É um motivo comum nas histó rias da criaçã o que a criaçã o começou pela divisã o do Um
em dois. A Bíblia, por exemplo, nos diz que Deus separou o Céu e a Terra, a luz e as trevas.
Nos Upanishads da Índia, o mundo surgiu quando o grande ovo có smico explodiu em prata
e ouro, prata se tornando a terra e ouro se tornando o céu. Esses dois sã o pó los opostos e,
no entanto, ambos sã o aspectos da mesma unidade subjacente, dois lados da mesma
moeda, pois ambos foram criados do mesmo Um.

O símbolo yin-yang, mostrado acima, é provavelmente a expressã o mais antiga desse


conceito do processo criativo primordial. Você pode olhar para o símbolo yin-yang e ver
como o Um original, um círculo, foi dividido em duas partes em forma de cometa, cada
uma aparentemente girando em torno da outra.

Cayce indica que era necessá rio que o Um se dividisse em dois para criar energia. A
complementaridade dos dois é a fonte da energia. Você pode ver o símbolo yin-yang como
sendo um cometa branco contra um fundo preto ou um cometa preto contra um fundo
branco. Se você olhar fixamente para ele por um tempo, terá uma impressã o psicoló gica
deste efeito de energia: primeiro você vê a figura branca corroendo o fundo preto, entã o
você vê a figura negra corroendo o fundo branco, para frente e para trá s, para trá s e
quatro. Cada vez que você faz uma mudança perceptual, a curva que corta o círculo muda
de significado. Quando você focaliza o cometa branco, a curva que define sua cauda é
cô ncava, comprimindo-se para dentro. Mas quando você olha para esse mesmo ponto na
curva do ponto de vista da cabeça do cometa preto, essa curva é convexa, expandindo-se
para fora.

Esse vaivém entre as duas maneiras de perceber a curva é a dinâ mica bá sica da vibraçã o,
uma oscilaçã o entre duas perspectivas opostas. Oscilaçã o / vibraçã o é a base da energia. A
energia elétrica se manifesta de maneira semelhante, com oscilaçã o entre os pó los
positivo e negativo. Toda a energia criativa resulta desta fonte ú nica, da vibraçã o central
universal no início da criaçã o. Esta vibraçã o universal existe dentro e permeia todas as
outras vibraçõ es derivadas.

Pessoas que estudaram criatividade freqü entemente apontam para o papel dos opostos no
processo criativo. Em um experimento, conduzido pelo psiquiatra Albert Rothenberg da
Universidade de Yale, pessoas altamente criativas e nã o tã o criativas que tinham QI e
desempenho acadêmico idênticos foram comparadas no teste de associaçã o de palavras.
Por exemplo, eles foram convidados a dar a primeira palavra que veio à mente quando
pensaram em “alegria”. Os tipos nã o criativos costumam dizer "felicidade", enquanto os
criativos respondem com o oposto, "tristeza". Em The Emerging Goddess: The Creative
Process in Art, Science and Other Fields, Rothenberg identifica a criatividade com o
“pensamento janusiano”, em homenagem ao deus romano Janus, que podia olhar em

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direçõ es opostas simultaneamente. Ele aponta para imagens como o símbolo yin-yang e
diz que as oposiçõ es simultâ neas - ver algo de dois pontos de vista opostos
simultaneamente - sã o a essência da centelha criativa. Assim, a criaçã o no sentido de
trazer o mundo à existência, e a criaçã o como um processo psicoló gico, sã o vistas como
tendo uma base idêntica - a mente e o mundo sã o como um.

MANIFESTAÇÃO DE CRIATIVIDADE: ENERGIA, PADRÃO, FORMA


Meu pai uma vez disse que a criatividade é como uma coceira - você é compelido a
expressar algo. Eu experimento a criatividade nã o apenas como um impulso, mas como
uma força. Eu tomo o termo forças criativas de Cayce para descrever algo que realmente
existe, tanto fora de mim quanto dentro de mim. É uma força que quase pode ser
inebriante. Ser criativo é como ser um dançarino, cheio de energia. Você tem vontade de
sentir a energia e mover-se com ela, de se voltar para a energia e fluir com ela. Quando
você começa a responder à energia, a se sintonizar com a coceira, a se mover com a
energia que sente, o padrã o da energia criativa começa a se manifestar. O que a princípio
parecia simplesmente uma pressã o começa a parecer um tipo especial de necessidade,
uma pressã o com um padrã o ou desenho. Ele toma forma. Surge do nada e resulta em uma
dança visível e padronizada ou alguma outra manifestaçã o específica.

Um aspecto muito importante das forças criativas é sua tendência a se manifestar. A


criatividade começa como energia pura, mas muda ao assumir um padrã o específico.
Como um padrã o vibracional, a energia contém informaçõ es. O padrã o informacional tem
uma maneira de descer do nível muito abstrato e invisível ao nível concreto e material da
realidade.

A fó rmula favorita de Cayce para esta escada de criatividade era: "O espírito é a vida, a
mente é o construtor, o físico é o resultado." A criatividade surge primeiro no nível do
espírito - que é a energia pura das vibraçõ es bá sicas.

Essas vibraçõ es assumem um padrã o à medida que entram no nível mental da realidade.
Como o "construtor", o principal atributo da mente é a padronizaçã o. Cayce
freqü entemente chama as forças criativas no nível mental de “forças imaginativas” por
causa do processo de formaçã o de imagens que ocorre ali. É no nível da mente que os
padrõ es existem, frequentemente na forma de imagens, dando forma ao nível espiritual
nã o padronizado de vibraçã o.

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Os padrõ es da mente, de acordo com Cayce, existem em outra dimensã o. Na micro
perspectiva tradicional, pensamos em termos de um universo tridimensional, e
assumimos que a informaçã o é transportada por um meio físico viajando pelas estradas
dessas três dimensõ es. A macro perspectiva de Cayce introduz uma quarta dimensã o - o
reino das idéias - que transcende o mundo tridimensional de tempo e espaço. Uma ideia
está em todo lugar e sempre. O cará ter quadridimensional da mente é crucial para a
consciência psíquica. Como veremos, outros macro teó ricos também definem alguma
realidade quadridimensional de padrõ es criativos e invisíveis, de “ideias” formativas e
imaginam que a consciência psíquica opera por meio dessa dimensã o.

À medida que a mente modela a energia pura, ela começa a precipitar os padrõ es
vibrató rios mais densos encontrados no mundo físico sensorial. O mundo das coisas
materiais é visto pela consciência psíquica como padrõ es está veis de energia vibrató ria.
No nível físico, esses padrõ es sã o tã o está veis que aparecem como objetos só lidos e
permanentes para a consciência sensorial.

Do ponto de vista de Cayce, objetos tangíveis, incluindo nossos corpos, sã o histó ria, os
vestígios visíveis de um processo anterior de energia vibracional que se manifesta em
padrõ es está veis. A energia é real; a forma física é relativamente irreal. No reino das
ideias, um livro é a manifestaçã o tangível da ideia. Você pode queimar o livro, mas nã o
destruiu as idéias que o formaram. Se o espírito por trá s das idéias ainda estiver ativo, as
idéias se manifestarã o novamente em outro livro.

Uma demonstraçã o surpreendente de como as vibraçõ es invisíveis podem afetar a forma


de formas visíveis foi criada na década de 1930 por Hans Jenny, um cientista suíço. Ele
colocou uma substâ ncia - areia, pó s, líquidos ou massa - em uma membrana metá lica
redonda. Conforme o disco se movia em resposta a vá rias vibraçõ es sonoras, a substâ ncia
assumia formas particulares. A realidade subjacente dessas formas estava na vibraçã o do
som. Ao remover o material, você pode remover a forma manifestada; no entanto, o
padrã o invisível de vibraçã o permaneceu, aguardando os meios para se tornar visível
novamente. Muitas das formas se assemelhavam a padrõ es encontrados na natureza. As
fotografias do livro Cymatics de Jenny mostram a ampla gama de efeitos. Jenny fornece
uma demonstraçã o emocionalmente convincente da afirmaçã o de Cayce de que Deus criou
as formas do universo com som e geometria.

A visã o macro de Cayce da criaçã o por vibraçã o é que as vibraçõ es da fonte estã o em todos
os lugares ao mesmo tempo. A extensã o infinita da vibraçã o tem implicaçõ es para a
comunicaçã o envolvida na percepçã o psíquica. Por exemplo, uma pedra lançada na á gua
cria anéis de ondulaçõ es que se expandem em todas as direçõ es. Dependendo do tamanho
da pedra e da força com a qual ela é lançada na á gua, as ondulaçõ es terã o depressõ es rasas

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ou profundas e estarã o pró ximas ou distantemente espaçadas. Ao analisar as ondulaçõ es,
você pode determinar quando, onde, quã o grande e com que força uma pedra foi lançada
na á gua. As ondulaçõ es na á gua sã o uma forma de vibraçã o. O padrã o de ondulaçõ es
fornece informaçõ es sobre a natureza da rocha que foi lançada na á gua. Além disso, as
ondulaçõ es causadas pela rocha se espalharam por toda a superfície do lago. Rock, o
“objeto” existe em apenas um lugar; mas rock a “ondulaçã o” existe em todo o lago. Os
padrõ es de vibraçã o criam informaçõ es em todos os lugares ao mesmo tempo.

Essa macro perspectiva também tem implicaçõ es para uma alternativa à micro visã o de
causa e efeito. Por exemplo, o padrã o vibracional que resulta na criaçã o de um arbusto
está em todos os lugares do universo; mas caiu ao nível físico e está vel apenas em locais
específicos onde aquela espécie particular de arbusto está crescendo. Todos os exemplos
dessa espécie de arbusto estã o ligados pelo padrã o vibracional associado a essa espécie.
Na micro perspectiva, por outro lado, na forma física e atomística de compreensã o, esse
arbusto se replica por meio do cultivo de sementes que os pá ssaros carregam para todas
as partes da terra, uma sequência de causa e efeito de eventos mecâ nicos. No entanto, do
ponto de vista de Cayce, todos os arbustos se estendem da fonte vibracional como raios
em uma roda. O plantio de uma semente apenas determina onde a fonte vibrató ria central
manifestará outro raio.

A abordagem macro de Cayce para a criaçã o recentemente ecoou na controversa teoria de


Rupert Sheldrake. Em seu livro A New Science of Life, Sheldrake tenta especificamente
derrubar a visã o mecanicista tradicional da vida. Entre suas proposiçõ es está a de que as
formas da natureza sã o precipitados orgâ nicos de padrõ es orientadores que existem em
uma realidade de outras dimensõ es que ele denomina de campo morfogenético. O termo
que ele usa para designar o processo, ressonâ ncia mó rfica, é o jargã o acadêmico da
biologia; suas proposiçõ es bá sicas, no entanto, sã o quase idênticas à s de Cayce. Sheldrake
usou sua teoria do campo morfogenético para explicar a ocorrência frequente da
descoberta científica simultâ nea. Quando a "hora chegou" de uma ideia, de acordo com
Sheldrake, ela está literalmente "no ar". Muitos cientistas diferentes, enquanto estiverem
trabalhando com o material relevante, começarã o a manifestar o padrã o formado pelas
vibraçõ es dessa ideia. É como se o trabalho de cada cientista fosse, ele mesmo, material
colocado em um dos discos cimá ticos de Jenny, e cada um começasse a ressoar com o
padrã o da ideia, cada um independentemente chegando à mesma "descoberta".

RECONHECENDO PADRÕES

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“A melhor coisa, de longe, é ser mestre da metá fora; é a ú nica coisa que nã o pode ser
aprendida com os outros; e também é um sinal de gênio, uma vez que uma boa metá fora
implica uma percepçã o intuitiva da semelhança no diferente. ” Esta citaçã o, atribuída a
Aristó teles do livro F- States de Steven Starker: O Poder da Fantasia na Criatividade
Humana, define imaginaçã o criativa como a capacidade de juntar imagens com base nos
padrõ es subjacentes correspondentes. Também expressa o ponto de vista de Cayce sobre
o potencial criativo dos padrõ es. Uma das abordagens particularmente perspicazes de
Cayce para muitas á reas da vida diz respeito à importâ ncia de perceber padrõ es. Ele
gostaria que as pessoas procurassem padrõ es em suas pró prias vidas. Na interpretaçã o
dos sonhos, ele faria com que as pessoas olhassem para os padrõ es em seus sonhos e
tentassem combiná -los com os padrõ es encontrados em suas vidas. Cayce antecipou os
filó sofos holísticos modernos quando reconheceu que percebemos o significado
correlacionando padrõ es. Cayce poderia descrever o funcionamento do corpo usando
termos anatô micos corretos; no entanto, quando ele desejava chamar a atençã o para o
significado desse funcionamento, ele se referia a um padrã o na vida da pessoa e o
correlacionava com o padrã o do funcionamento corporal.

Cayce era especialista em reconhecer e correlacionar padrõ es invisíveis para os outros,


mas todos somos especialistas em reconhecimento de padrõ es. Melodias musicais, ritmos
e muito do que gostamos por meio de nossos sentidos sã o baseados em padrõ es. Nossos
olhos estã o muito interessados em reconhecer padrõ es. O padrã o de triâ ngulos, por
exemplo, mostrado abaixo, dá uma demonstraçã o impressionante da capacidade do olho
de detectar padrõ es. À medida que você move seus olhos sobre o desenho, percebe que
cascatas de triâ ngulos cada vez maiores aparecem de repente, agora em preto, depois em
branco. Nossos olhos percebem imediatamente as regularidades no campo visual e
experimentamos essa sensaçã o como a descoberta de padrõ es que se movem pela pá gina.

Paradoxalmente, embora sejamos muito bons no reconhecimento de padrõ es sensoriais, a


psicologia tradicional teve a maior dificuldade em explicá -lo. Veja nossa capacidade de
reconhecer padrõ es de vibraçõ es sonoras, por exemplo. Nossos ouvidos podem dizer a
diferença entre um violino e um piano, mesmo quando cada instrumento toca a mesma
nota. Isso se deve à s qualidades da onda sonora vibrató ria além da frequência subjacente.
Vá rios sobretons harmô nicos, taxas de decaimento no volume desses tons e outros fatores
afetam a qualidade do som de maneiras reconhecíveis. Nossos ouvidos podem detectar
essas diferenças. Em termos de engenharia, um ser humano pode analisar padrõ es de
onda complexos, combiná -los e discriminar entre diferentes formas. O fato de podermos
reconhecer vozes diferentes mostra o quã o complexo é um padrã o vibrató rio que
podemos analisar.

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Padrã o de triâ ngulos

Os humanos percebem os padrõ es tã o facilmente que pode ser uma surpresa para você
que os computadores têm grande dificuldade em fazê-lo. Demorou algum tempo para
desenvolver compreensã o suficiente das variáveis em um padrã o de voz para ensinar um
computador a reconhecer vozes. Ensinar um computador a reconhecer padrõ es visuais foi
ainda mais difícil. Ainda assim, na verdade, passou pelo processo de tentar aprender como
ensinar os computadores a reconhecer padrõ es que a psicologia finalmente teve que
enfrentar sua falta de compreensã o desse atributo fundamental da percepçã o humana.

Ter que chegar a um acordo com o reconhecimento de padrõ es virou as teorias da


percepçã o de cabeça para baixo. As teorias mais recentes da percepçã o agora sustentam
que a percepçã o é baseada na imaginaçã o - que perceber algo primeiro requer ser capaz
de imaginá -lo. Os psicó logos perceptivos chamam isso de “modelo”, uma imagem
orientadora que é usada para organizar os dados recebidos. Este modelo é a nossa
“primeira aposta” sobre o que estamos olhando. Processamos e organizamos as
informaçõ es recebidas em termos dos pressupostos da imagem norteadora do que está lá
para ser percebido.

Quando encontramos discrepâ ncias, tentamos outra imagem para ver se podemos obter
um melhor ajuste entre o que esperamos e o que obtivemos.

Freqü entemente, permitimos que nossas expectativas ganhem o dia e ignoramos dados
contraditó rios. Revisores, por exemplo, dirã o que quando você está procurando por erros
de grafia, você nã o deve ler o material para entender. Quando você lê o significado, mesmo
com cuidado, você nã o percebe erros de ortografia. É como se você pudesse entender a
frase, entã o todas as palavras devem ser escritas corretamente. Para detectar erros
ortográ ficos, você deve ler cada palavra e examinar sua grafia, nã o seu significado. Quando
ouvimos uns aos outros falar, geralmente ouvimos frases completas. Uma gravaçã o da

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conversa, entretanto, mostraria que pulamos palavras, deixamos frases pendentes,
inacabadas e falamos de maneira disjuntiva. A conversa oral é cheia de buracos, mas nã o
ouvimos dessa forma. Se o fizéssemos, seria bastante perturbador. Geralmente é eficiente
perceber em termos de nossas expectativas. Por outro lado, disfarça o quanto moldamos
ativamente o que percebemos para se ajustar à nossa imagem do que está lá para ser
percebido.

Numerosos experimentos mostraram como a imaginaçã o pode moldar ou mesmo ter


precedência sobre as informaçõ es perceptivas do mundo exterior. Os primeiros trabalhos
nesta á rea mostraram como nossas percepçõ es sã o freqü entemente governadas por
nossas necessidades e interesses. Compre uma câ mera e de repente você percebe que
todas as pessoas no mundo estã o tirando fotos. Quando você está com fome, nota
restaurantes e todas as pessoas que por acaso estã o comendo alguma coisa. Claramente, o
que percebemos é determinado nã o apenas pelos fatos, mas também por nossos
interesses. A á rvore que um amante da natureza vê é bem diferente da á rvore que um
lenhador vê.

O fato de moldarmos nossas percepçõ es nã o é apenas uma declaraçã o sobre atitude, mas
também significa apenas o que diz: construímos nossa experiência! Uma expressã o
popular da Nova Era afirma que criamos nossa pró pria realidade. Isso é mais do que um
slogan, é um fato. Nó s criamos a realidade pelas imagens que usamos para organizar nossa
experiência. O mundo tridimensional que vemos é fabricado em nosso cérebro com base
em um padrã o interno de espaço tridimensional. Nosso cérebro carrega imagens do
mundo e usa essas imagens para construir nossa experiência. Nossa imaginaçã o cria
projetos; as impressõ es dos sentidos sã o apenas os blocos de construçã o que podemos
organizar de qualquer maneira necessá ria para se ajustar ao padrã o imaginado.

Também sabemos que nossa percepçã o é limitada pelos padrõ es que somos capazes de
imaginar. Na histó ria da ciência, muitos avanços sã o atribuídos a saltos de percepçã o,
onde o antigo e o familiar eram vistos de uma nova maneira. Por exemplo, a descoberta de
William Harvey de que o coraçã o funciona como uma bomba de sangue exigia que ele
fosse capaz de imaginar uma bomba ao olhar para o coraçã o palpitante. Antes de sua nova
visã o, as pessoas imaginavam que o sangue vazava e corria como as marés, com base na
visã o de Galeno. O papel do coraçã o, nesta visã o, era transformar o sangue, dar sua “vida”
ao sangue. Até a nova visã o do coraçã o de Harvey, ninguém tinha ouvido o pulso! Como
Robert Romanyshyn argumenta em Psychological Life: From Science to Metaphor, para
Harvey fazer sua descoberta, ele teve que trazer para suas observaçõ es uma nova visã o,
para imaginar algo diferente ao observar as palpitaçõ es do coraçã o. É aqui que a

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imaginaçã o é a base da percepçã o. Na verdade, governa e determina o que vemos. A
imaginaçã o se torna realidade.

É importante reconhecer que as imagens sã o padrõ es. As imagens à s vezes desempenham


um papel metafó rico em nossas percepçõ es. “Ver” o coraçã o como uma “bomba” é
reconhecer que o padrã o de açã o de um coraçã o é aná logo ao padrã o de açã o de uma
má quina que transfere líquidos. Entender o coraçã o como uma bomba dá um novo
significado ao coraçã o e nos permite ver outros fatos que estavam ocultos antes. O
significado é a correlaçã o de padrõ es. A percepçã o metafó rica e simbó lica é onde o papel
de modelador da imaginaçã o tem um efeito muito criativo sobre a nossa consciência.

PADRÕES DE VIBRAÇÕES
Webster define o padrã o como um modelo sobre o qual podem ser feitas imitaçõ es ou
duplicatas. Platã o, por outro lado, chamaria o padrã o de "Ideal". Platã o afirmava que o
mundo era uma manifestaçã o imperfeita de ideais ou padrõ es transcendentes. Um desses
ideais é o círculo. Os círculos surgem em todos os tipos de situaçõ es, cada um variando na
proximidade de sua aproximaçã o com o padrã o circular original, o círculo ideal. Platã o
afirmava que cada um de nó s, tendo sido criado dentro da natureza, tem dentro de nó s a
influência do círculo ideal, e é por isso que podemos reconhecer um círculo quando o
vemos. Reconhecemos a circularidade intuitivamente. Como diria Platã o, a circularidade é
um dom da alma. Para Platã o, a educaçã o nã o era uma questã o de despejar fatos, mas de
lembrar a uma pessoa todo o conhecimento que já estava dentro. Cayce e Platã o tinham
muito em comum.

O conceito de ideais de Cayce é bastante semelhante à visã o platô nica. Primeiro,


reconheça que as ideias sã o padrõ es. Quando Cayce disse que pensamentos sã o coisas, ele
se referia à realidade vibrató ria das idéias. Idéias sã o vibraçõ es no nível mental. Quando
ele disse que “a mente é o construtor”, ele quis dizer que a mente é a fonte das idéias, ou
padrõ es, que dã o forma à s vibraçõ es. Todas as palavras que associamos a padrõ es mentais
- imagem, ideia, significado, metá fora, histó ria - tudo isso tem a realidade das vibraçõ es,
padrõ es de vibraçã o no nível da mente. Para Cayce, os ideais eram padrõ es de ideias do
mais alto valor: valores universais como o amor, ou padrõ es universalmente valorizados,
como o Buda ou o Cristo. Para Cayce, o Jesus histó rico era a manifestaçã o de um padrã o,
um ideal que Cayce e outros chamam de consciência de Cristo. Aqui temos um padrã o

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bastante complexo envolvendo consciência de Unidade, amor, perdã o, vontade de
transformar e transmutar; no entanto, é capaz de existir em todos os lugares, de ser
repetido, como quando o espírito da consciência de Cristo começa a se tornar o padrã o
formativo da vida de uma pessoa. Cayce enfatizou a importâ ncia de reconhecermos o ideal
que governava os padrõ es de nossas vidas e de escolhermos uma vida alternativa se o
ideal operativo atual nã o correspondesse ao nosso valor mais elevado. Os ideais se
manifestam nos padrõ es de nossas experiências de vida.

O pensamento de Cayce sobre este ponto é quase idêntico ao de Carl Jung. Jung falou de
arquétipos, primeiros padrõ es universais que influenciam ou moldam nossa experiência.
Ele localizou esses arquétipos em uma quarta dimensã o da realidade. Em um nível de
manifestaçã o, os arquétipos padronizam os instintos, como a interaçã o entre mã e e filho,
os instigadores e reguladores da agressã o e o processo e está gios de desenvolvimento. Em
outro nível, os arquétipos moldam nossa experiência de intangíveis, como temas
religiosos de morte e renascimento, yin e yang, e a consciência de Cristo. Jung notou algo
que Cayce também se referiu, e que vários filó sofos, bem como certos físicos quâ nticos
estã o começando a afirmar: a saber, que os mesmos padrõ es na mente que criaram os
padrõ es de nosso pensamento e imaginaçã o também criaram os padrõ es do mundo físico .
Ele observou muitos exemplos de correspondências entre os padrõ es de imagens
espontâ neas que surgem na mente das pessoas e os padrõ es da natureza revelados pelo
microscó pio e telescó pio.

O exemplo clá ssico desse tipo de interconexã o está na matemá tica. Matemá tica significa
nú meros, mas também significa padrõ es. Surpreendentemente, as pessoas realmente
inventam a matemá tica. Eles pensam em realidades matemá ticas totalmente novas,
geometrias de espaços imaginá rios que existem apenas nas mentes de matemá ticos
talentosos. De onde vêm essas ideias? O mesmo lugar de onde vem a pró pria natureza. A
imaginaçã o humana é verdadeiramente uma com a natureza, e a histó ria da matemá tica
tem mostrado repetidamente que nã o importa quã o bizarro seja o espaço matemá tico
"inventado" por um matemá tico da torre de marfim para seu pró prio prazer e diversã o, o
dia finalmente chegará quando, em outro ramo da ciência, alguém descobre que aquela
matemá tica bizarra descreve perfeitamente a nova dimensã o da natureza que a ciência
descobriu. Como poderia uma invençã o puramente imaginá ria se provar repetidamente
descritiva da realidade se nossa imaginaçã o e os padrõ es da natureza nã o tivessem a
mesma origem? Mente e natureza sã o uma.

SINCRONICIDADES E SIMBOLISMO

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Quantas vezes você já teve a oportunidade de comentar: “Que coincidência!”?
Provavelmente, isso acontece com alguma frequência. Quando justapomos um padrã o com
um padrã o semelhante e percebemos uma sobreposiçã o de significado, ocorre uma
coincidência significativa. Carl Jung chamou isso de sincronicidade. A sincronicidade de
Jung é semelhante ao reconhecimento de Cayce de que o significado é percebido por meio
da correlaçã o de padrõ es. Jung certa vez descreveu um exemplo de sincronicidade de sua
pró pria vida. Um dia, ele estava pintando imagens de sua imaginaçã o quando o carteiro
lhe trouxe um livro sobre a adivinhaçã o chinesa antiga que continha uma imagem igual à
que ele estava pintando. O efeito desse incidente foi fazê-lo sentir-se conectado por seu
trabalho interior ao mundo maior. As sincronicidades sã o outro exemplo de como a mente
e o mundo estã o conectados. Simultaneidade de descoberta, conforme discutido por
Sheldrake, é um exemplo de sincronicidade.

Uma coincidência significativa pode existir apenas quando é percebida. É necessá rio um
observador para perceber a coincidência. Na verdade, nem todos os observadores
perceberã o. É uma reaçã o emocional a um padrã o percebido. O padrã o é a semelhança
entre os dois reinos. Obviamente, as duas coisas nã o estã o relacionadas por causa e efeito.
A mente racional rebela-se à forte coincidência, mas a faculdade intuitiva a reconhece e a
abraça.

Quando estamos envolvidos em uma busca criativa e deixamos nossa intuiçã o entrar em
açã o, muitas vezes somos surpreendidos por descobertas fortuitas e coincidências
significativas. Nossa atividade criativa nos levou à Unidade de padrõ es, onde intuiçõ es e
realidades se fundem. Os pensamentos internos e as realidades encontradas externamente
se unem em um padrã o significativo. O limite e a distinçã o entre descoberta e criaçã o
tornam-se confusos. Assim, as sincronicidades desempenham um papel na operaçã o da
intuiçã o.

Quanto à experiência de sincronicidade de Jung, ele notou que o veículo da coincidência


era um livro sobre adivinhaçã o. Ele achou isso significativo porque via o processo de
adivinhaçã o como baseado no princípio da sincronicidade. As variedades de “orá culos”
operam no princípio de alinhamento de padrõ es. Você quer entender o padrã o em sua
vida, mas nã o consegue reconhecê-lo. Você joga moedas e consulta o I Ching, o livro chinês
de adivinhaçã o baseado em sessenta e quatro padrõ es de criaçã o. Você examina o padrã o
de lançamento das moedas conforme elas sã o representadas no I Ching. Com a ajuda de
sua interpretaçã o e com base em seus pró prios insights, você reconhece o padrã o do I
Ching como correlacionado a um padrã o em sua vida. Você supõ e que o padrã o do I Ching
realmente reflete o padrã o de sua vida. Nenhuma relaçã o causal está envolvida. Sua

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situaçã o na vida nã o faz com que as moedas caiam da maneira que caem. Sua vida e o
lance das moedas sã o duas imagens do mesmo padrã o.

Cayce reconheceu a ocorrência de sincronicidades, nã o apenas nas correspondências que


se obtêm entre as diferentes á reas da vida, mas também na forma de oportunidades. É
esse aspecto particular das sincronicidades que Cayce recomendou explorar como meio de
buscar orientaçã o na vida.

O PRINCÍPIO DA CORRESPONDÊNCIA
Os símbolos transmitem significado porque os padrõ es que expressam podem ser
correlacionados a outras á reas da vida. Nã o apenas as sincronicidades freqü entemente
envolvem correspondências com padrõ es simbó licos, mas a consciência psíquica
freqü entemente envolve a percepçã o por meio do simbolismo. Mencionamos
anteriormente que Cayce usava a frase “Assim como acima, é abaixo” para se referir a
padrõ es em um nível correspondendo a padrõ es em outro. Este princípio de
correspondência também aparece nos escritos de Emmanual Swedenborg, um médium
que desenvolveu uma teoria dos níveis de realidade que se assemelha à visã o de Cayce em
muitos aspectos.

Este princípio tem uma dimensã o vertical e horizontal. A vertical diz respeito a como a
realidade física corresponde em suas formas aos padrõ es na dimensã o criativa da mente.
A dimensã o horizontal tem a ver com correspondências que envolvem analogias,
simbolismo e histó rias. À s vezes, um paranormal se torna ciente de um símbolo ou padrã o
que reflete ou corresponde a uma realidade sobre uma pessoa - nem toda percepçã o
psíquica é literal.

Os padrõ es mentais costumam ter vá rias contrapartes. Um médium pode nã o perceber


seus pensamentos exatos, mas sim perceber um aná logo simbó lico. Tenho visto casos em
que um grupo de pessoas se reú ne em torno de um médium, na esperança de obter
informaçõ es sobre suas vidas pessoais e sendo surpreendido que, durante a parte
informal da sessã o, o médium contará histó rias pessoais que parecem corresponder aos
tó picos das vidas das pessoas sobre as quais queriam leituras.

Freqü entemente, os símbolos existem em grupos. O termo de Jung para isso foi
"complexo". Normalmente pensamos nessa palavra como significando um “travamento”,
porque foi originalmente usada para descrever como os problemas tendiam a estar inter-
relacionados. No entanto, a palavra também descreve a rede complicada, como a rede de
joias de Indra, que existe entre os símbolos. Vamos pegar o símbolo da á rvore como

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exemplo. Relacionado ao símbolo da á rvore - um tronco com muitos galhos, que se
alimenta da terra e o envia correndo através de si mesmo como seiva, morto e sem folhas
no inverno, explodindo em nova vida na primavera - está a medula espinhal, o fluxo de
energias psíquicas em um corpo, o pró prio processo de criaçã o. Padrõ es simbó licos
complicados como os mitos da criaçã o ou o Livro do Apocalipse na Bíblia sã o - do ponto de
vista da imaginaçã o psíquica - altamente descritivos de como as coisas realmente sã o.

Para nosso ponto de vista científico, considerar tais cená rios simbó licos como descritivos
da realidade parece ridículo. No entanto, lembre-se de que a ciência também lida com
modelos de realidade, metá foras complicadas que supostamente correspondem à
natureza. A ciência tradicional tende a favorecer os modelos baseados em uma
perspectiva micro, enquanto o psíquico sente que uma perspectiva macro é mais
apropriada. Quando a visã o de Cayce sobre o aspecto psicocinético da meditaçã o for
discutida em um capítulo posterior, por exemplo, tenha em mente a apreciaçã o do
psíquico pela energia formativa contida nos símbolos, e que sistemas de símbolos
complexos parecem corresponder a processos complexos no corpo.

SINTONIA: MOVIMENTO NA CONSCIÊNCIA PSÍQUICA


Se para a consciência psíquica tudo é criado por meio dos efeitos das vibraçõ es, entã o é
nas vibraçõ es que a consciência psíquica deseja se concentrar. Unidade, sintonia,
ressonâ ncia, harmonia, empatia, simpatia, concordâ ncia, paralelo, junçã o, consonâ ncia -
com que freqü ência essas palavras aparecem nas declaraçõ es de médiuns. Cayce usou
muitas dessas palavras repetidamente para descrever o processo da consciência psíquica.
Essas palavras têm em comum o foco nas qualidades de duas coisas diferentes interagindo
entre si devido ao fato de estarem "no mesmo comprimento de onda". Essas palavras
constituem um aspecto bá sico da linguagem da consciência psíquica.

Eu penso nessas palavras como as palavras de “movimento” da consciência psíquica,


porque muitas vezes um médium descreverá um ato como “ir para” usando uma palavra
de “sintonia”. Por exemplo, Cayce pedia o nome e o endereço de uma pessoa que está
solicitando uma leitura. Esse seria o seu ú nico “roteiro” para “localizar” a pessoa. Ele entã o
frequentemente se encontrava “na presença” da pessoa e podia relatar os arredores que
observava. Foi como se ele tivesse ido lá . Quando questionado sobre como ele fez isso, ele
descreveu como um processo de sintonia com as vibraçõ es do nome da pessoa. Feita a
sintonizaçã o, a informaçã o flui.

Termos como harmonia, empatia e ressonâ ncia têm implicaçõ es de vibraçã o musical. A
dinâ mica de cada um deles envolve a equaçã o da vibraçã o simpá tica. Considere esta

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metá fora para empatia: se você "caminhar uma milha nos mocassins de outra pessoa", a
experiência irá transmitir a você (observe o conceito de viagem, ou troca, ou movimento
na palavra "transmitir") os sentimentos ou perspectiva da outra pessoa . Para saber como
uma pessoa se sente, tenha empatia por ela, sintonize-se com suas vibraçõ es e permita-se
ressoar. Na mú sica, se uma corda vibra, e a pró xima corda é feita para se parecer com a
primeira em termos de comprimento, espessura e tensã o, ela também começa a vibrar.
Isso é chamado de ressonâ ncia. A dinâ mica é baseada no princípio da transferência de
informaçã o ou significado fazendo com que o receptor se torne como o remetente, para
captar as vibraçõ es do remetente.

À s vezes penso em minha mente como uma membrana que pode vibrar ou ressoar com as
vibraçõ es. Para captar os pensamentos de outra pessoa, primeiro me concentro em como a
pessoa "se sente". Isso é algo que todos nó s fazemos, quer percebamos ou nã o. Sentimo-
nos bem perto de algumas pessoas, mas nã o de outras. Certamente existem mais padrõ es
vibracionais do que bons ou maus, existem inú meros padrõ es diferentes. Entã o eu me
concentro em como a pessoa se sente por mim. Estou sentindo empatia pela pessoa, em
ressonâ ncia. A membrana da minha mente agora está ressoando com seu "som"
vibracional. Logo noto imagens se formando em minha mente. O que a princípio era
apenas penugem, como uma pilha de pó em um dos discos de metal de Hans Jenny,
começa a tomar forma na forma de imagens. As vibraçõ es da pessoa estã o começando a
imprimir imagens em minha mente. Esta é uma descriçã o simples de telepatia baseada na
aná lise de vibraçõ es.

Considere, por exemplo, ESP concebida como "rá dio mental", para usar o termo de Upton
Sinclair. Para sintonizar uma estaçã o, mudamos as características do rá dio para que se
torne sensível à frequência vibracional dessa estaçã o. Para sair dessa estaçã o e ir para
outra, nã o precisamos entrar no carro e dirigir de uma estaçã o para outra - simplesmente
giramos o botã o. Os CBs usam uma metá fora semelhante, “saindo daqui”, ao sintonizar em
uma frequência diferente. Nó s “passamos” de uma estaçã o para outra mudando a
sintonizaçã o para uma frequência vibrató ria diferente. Com o toque de um dial, nó s
instantaneamente “viajamos” centenas de milhas de um canal de rá dio para outro.

Ou considere o caso de Marcel Proust, que descreve em Remembrance of Things Past


como foi “transportado” a um momento de sua infâ ncia pelo gosto de um biscoito. Sabores
e cheiros podem ser lembretes tã o fortes do passado que parecem nos levar de volta no
tempo. Nã o estamos apenas relembrando memó rias, estamos de volta ao passado.
Novamente, uma mudança na sintonia de nossa mente tem o efeito de nos “mover” de um
período de tempo para outro.

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A IMAGINAÇÃO PSÍQUICA
Para o psíquico, a imaginaçã o é tudo. O mundo é criado pela imaginaçã o de Deus, e essa
mesma força imaginativa está ativa em cada um de nó s. A imaginaçã o é o reino dos
padrõ es, padrõ es de vibraçã o. Considere as implicaçõ es para ESP. Idéias ou padrõ es
mentais existem em uma quarta dimensã o. Eles estã o simultaneamente em todos os
lugares e sempre. Se a base da percepçã o é a imaginaçã o, se os dados sensoriais sã o
subservientes ao que é imaginado, entã o PES pode funcionar simplesmente sintonizando-
se com os padrõ es vibracionais. O contato sensorial pode ser um suporte para a
percepçã o, mas nã o é absolutamente necessá rio. ESP é uma forma mais direta de
percepçã o, que ignora os detalhes dos sentidos.

Para desenvolver a consciência psíquica, portanto, é necessá rio querer e ser capaz de
imaginar o mundo como padrõ es de vibraçã o e imaginar a sintonia com esses padrõ es. O
psíquico imagina o mundo de uma forma que permite a consciência psíquica. O psíquico se
comporta de maneira consistente com a imagem de como as coisas sã o, e entã o funciona
psiquicamente de maneira natural. Pessoas que simplesmente nã o conseguem acreditar
na realidade da percepçã o psíquica têm dificuldade em ser psíquicas. Além disso, como se
para mostrar que nossa imaginaçã o molda nossa realidade e nos comportamos de uma
forma que confirma isso, estudos têm mostrado que pessoas que nã o acreditam em PES na
verdade têm pior desempenho em PES do que o acaso poderia prever: essas pessoas têm
que usar PES em uma maneira inconsciente para se certificar de que suas suposiçõ es estã o
erradas!

Todos nó s somos médiuns, estejamos ou nã o cientes disso. Usar ESP inconscientemente é


bastante comum. Nossos palpites e intuiçõ es detectam padrõ es por meio de PES
inconsciente. À sombra do sono, nossos sonhos recorrem a padrõ es de informaçã o
psíquica. Em tais estados de consciência, fora de nossa percepçã o normal, nossa
imaginaçã o psíquica tem liberdade de expressã o ilimitada. É para esses estados de
consciência que nos voltamos agora, para trazer seu potencial psíquico à nossa percepçã o
consciente.

Parte II
ESTADOS PSÍQUICOS DE CONSCIÊNCIA

50
SUA INTUIÇÃO PSÍQUICA

Como posso saber como funcionam todas as coisas no começo? Pelo que está dentro de
mim.

LAO TZU

Sei quando tenho um problema e faço tudo o que posso - pensando, imaginando,
planejando - continuo ouvindo em uma espécie de silêncio interior até que algo clica e
sinto a resposta certa.

CONRAD HILTON

A INTUIÇÃ O É frequentemente definida como saber algo sem perceber por que ou como
você sabe. “Palpite” é um sinô nimo comum de intuiçã o, assim como ser atingido por um
raio, ter uma lâ mpada acesa dentro da sua cabeça, ter tudo se encaixado, sentir algo nos
ossos ou uma reaçã o intestinal. Cada uma dessas figuras de linguagem expressa uma
compreensã o da natureza da intuiçã o.

À s vezes, a intuiçã o é considerada um sinô nimo (e um termo mais aceitá vel) para PES
rudimentar. “Intuiçã o feminina” pode ser um clichê que expressa esse ponto de vista.

A palavra intuiçã o vem de uma raiz latina que significa olhar, contemplar. Essas imagens
sugerem outras imagens: olhar para dentro, guardar (como olhar ou observar) e
conhecimento ou saber (como olhar). Podemos ver essas vá rias dimensõ es do significado
bá sico da intuiçã o, envolvidas nas muitas formas de expressã o da intuiçã o.

A NATUREZA DA INTUIÇÃO
Em The Intuitive Edge, Philip Goldberg descreve seis tipos de intuiçã o: descoberta,
generativa, avaliativa, operativa, preditiva e iluminaçã o. Vamos dar uma olhada em cada
um brevemente.

A intuiçã o de descoberta, ou detecçã o, fornece insights sobre fatos detectá veis. É o


“Eureka!” fenô meno, que ficou famoso pela experiência de Arquimedes na banheira.
Entrando na á gua do banho, ele descobriu que um objeto submerso na á gua desloca uma

51
quantidade de á gua igual ao volume do objeto. A histó ria da “serendipidade” na ciência
está cheia de descobertas acidentais possibilitadas pelo reconhecimento intuitivo do
significado de uma observaçã o acidental. Por exemplo, perceber como o café alterava a cor
de um guardanapo levou ao desenvolvimento da cromatografia (aná lise de substâ ncias
por meio de sua cor). Perceber como algumas placas fotográ ficas haviam sido escurecidas
levou à descoberta da radioatividade. Outras descobertas inesperadas incluem o
desenvolvimento de testes de Papanicolaou, como cultivar a pele para transplante para
vítimas de queimaduras, radar, raios-X, Teflon, borracha vulcanizada, penicilina e
aspartame.

A intuiçã o generativa ou criativa lida com oportunidades, opçõ es, possibilidades e


alternativas. Aprender a estar no lugar certo na hora certa é um exemplo. Artistas e
inventores experimentam essa forma de intuiçã o quando perguntam: "Eu me pergunto o
que aconteceria se eu tentasse isso?" Eles têm uma vaga noçã o das possibilidades, embora
mais tarde possam descrevê-lo como um feliz acidente.

A intuiçã o avaliativa é a voz interior que comenta as circunstâ ncias. Diz-se que Só crates
observou: "Pelo favor dos Deuses, desde a minha infâ ncia tenho sido assistido por um ser
semidivino cuja voz de vez em quando me dissuade de algum empreendimento, mas
nunca me dirige o que devo fazer." A técnica de Cayce para desenvolver a intuiçã o começa
com essa voz interior.

A intuiçã o operativa guia nossas açõ es. Ao contrá rio da intuiçã o avaliativa, ela nã o tem
nada para avaliar, mas é apenas uma â nsia de fazer ou nã o fazer algo. Chamadas
vocacionais podem ser assim. Um dia, durante a Segunda Guerra Mundial, sem motivo
aparente, Winston Churchill decidiu repentinamente nã o entrar em seu carro da maneira
usual. Em vez disso, ele deu a volta para o outro lado - evitando assim os ferimentos de
uma bomba que explodiu perto do outro lado do carro.

A intuiçã o preditiva contém um elemento de profecia - você nã o é necessariamente levado


à açã o, mas tem um palpite de que algo vai acontecer. Por exemplo, quando você está
dirigindo, pode antecipar que outro carro fará um movimento repentino. Eu experimento
essa intuiçã o em meu trabalho de pesquisa - ser capaz de prever tendências, antecipar
ideias ou saber o tipo de informaçã o descoberta hoje que será relevante anos depois,
conforme uma tendência surge.

A iluminaçã o é a maior forma de intuiçã o. A iluminaçã o mística transcende as outras


formas de intuiçã o. Embora a iluminaçã o seja a forma mais rara de intuiçã o, Goldberg
afirma que, se desenvolvida, levará à s outras. Como a consciência có smica e as
experiências relacionadas, conhecedor e conhecido tornam-se um.

52
A abordagem de Cayce para a intuiçã o é ser guiada de forma consistente pela forma mais
elevada de qualquer atividade e tentar encontrar o reflexo do mais elevado na menor
forma. Sua perspectiva está enraizada no conceito de Unidade. Ele baseia a natureza da
intuiçã o na unidade inerente à criaçã o.

Partindo do princípio axiomá tico da Unidade, Cayce afirma a implicaçã o de que todo o
conhecimento está dentro! Aqui, ele captura dois dos significados da raiz latina da palavra
intuiçã o: interior e conhecer, ou saber de dentro, consistente com a expressã o taoísta da
Filosofia Perene, conforme articulada por Lao Tzu no início deste capítulo. Para Cayce, a
intuiçã o nã o é um fenô meno, mas uma realidade contínua que reflete nossa interconexã o
com a vida. As vá rias formas de intuiçã o podem ser explicadas como manifestaçõ es dessa
Unidade subjacente.

Temos a tendência de pensar na intuiçã o como uma forma inferior e nã o cultivada de PES.
Embora possamos admitir que alguma informaçã o psíquica nã o reconhecida se esconde
sob um palpite, parece inferior a uma experiência de PES, na qual temos pleno
conhecimento consciente da informaçã o psíquica. Goldberg, no entanto, afirma que a
intuiçã o nã o é apenas uma forma inferior de PES, mas que é mais do que PES, na medida
em que vai além da informaçã o dada.

Cayce também sentiu que a intuiçã o nã o era uma forma inferior ou subdesenvolvida de
PES - ele a considerava PES plus. Em muitas ocasiõ es, quando alguém pediu a Cayce uma
leitura sobre o desenvolvimento de habilidades psíquicas, a fonte de Cayce indicou que
seria melhor desenvolver a intuiçã o do que qualquer outra habilidade psíquica. Ele
chamou isso de “desenvolvimento superior” da habilidade psíquica. Para ele, a intuiçã o é a
inteligência holística (muitas vezes falando como a "voz mansa e delicada") que reú ne nã o
apenas fatos, mas também possibilidades, valores pessoais e necessidades, para empurrá -
lo em direçã o a uma oportunidade ou para criar uma resultado prá tico e concreto.
Considerando que a habilidade psíquica pode exigir, como Joe Friday, "Apenas os fatos,
senhora", a intuiçã o pesquisa para onde devo ir e o que devo fazer com os fatos
percebidos. A criatividade e o funcionamento intuitivo estã o frequentemente ligados na
prá tica, porque existe um aspecto criativo na intuiçã o.

Suponha, por exemplo, que estou lutando para entender um conceito. Estou diante de uma
estante de livros. Talvez um dos livros tenha algo que possa ser ú til para mim. Pura PES
poderia me ajudar, até certo ponto. Com habilidade clarividente, eu poderia, teoricamente,
tocar a lombada de cada livro e escanear mentalmente seu conteú do. Depois, eu poderia
decidir o que poderia ser ú til para mim. A intuiçã o, por outro lado, pode me direcionar
para um livro específico. Enquanto folheio o livro “ao acaso”, tropeço em uma passagem
que desencadeia uma inspiraçã o. A PES apenas me deu os fatos e fiquei encarregado de

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separá -los e decidir quais fatos poderiam ser ú teis. A intuiçã o, por outro lado, me levou
direto ao que eu precisava.

Neste exemplo, a pró pria intuiçã o envolveu um ato criativo. Sentiu uma possibilidade,
reconheceu seu significado por me ajudar a entrar em contato com uma ideia que, até
entã o, nã o existia em nenhum dos livros, mas poderia ser desencadeada em mim - nã o em
outra pessoa - por uma passagem particular que Eu descobri “por acaso”. As
sincronicidades estã o freqü entemente envolvidas na intuiçã o, demonstrando que a
intuiçã o envolve uma sintonia com um padrã o de significado. Assim, a intuiçã o é um
fenô meno mais holístico do que PES e mais criativo. Enquanto a habilidade psíquica pode
fornecer informaçõ es, a intuiçã o geralmente produzirá resultados, decisõ es, chamadas
para a açã o e outros efeitos que já foram classificados e avaliados como estando de acordo
com as necessidades, propó sitos e valores da pessoa.

A BASE DA NECESSIDADE DE SABER DA ORIENTAÇÃO INTUITIVA


Cayce vai além dessas declaraçõ es descritivas de intuiçã o para definir seu propó sito. A
intuiçã o desempenha um papel orientador em nossas vidas. Ele opera com base na
“necessidade de saber”. É provocado pela necessidade, quando estamos em perigo (como
no caso de Winston Churchill) ou quando nos esforçamos criativamente por algum
objetivo. A intuiçã o é proposital, nã o aleató ria.

Essa qualidade proposital de intuiçã o é uma das razõ es pelas quais Cayce a considera o
maior desenvolvimento da PES. Ele nã o fornece informaçõ es de que você nã o precisa. No
verná culo bíblico de Cayce, a intuiçã o é mais elevada do que a PES crua porque "o
conhecimento nã o usado é pecado." Tornamo-nos responsá veis pelo conhecimento que
obtemos. A ESP aleató ria, ou ESP executada por curiosidade, pode nos sobrecarregar com
informaçõ es que nã o podemos usar. A intuiçã o nã o nos sobrecarrega, mas nos dá apenas
as informaçõ es de que precisamos e nos orienta em seu uso.

A descoberta de Arquimedes é um bom exemplo da necessidade de saber a base da


intuiçã o. O que ele descobriu parece tã o ó bvio: empurre algo na á gua, e a á gua terá que
abrir tanto espaço quanto o objeto ocupar - seu volume. Por que ninguém mais notou esse
relacionamento antes? O que permitiu a Arquimedes descobri-lo? Arquimedes precisava
saber - ele estava trabalhando em um problema de aná lise, tentando determinar a
qualidade do ouro em uma coroa. O princípio que ele descobriu ajudou a resolver seu
problema. A necessidade de saber de Arquimedes estimulou sua intuiçã o.

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A necessidade de saber é uma boa base para começar a reconhecer e desenvolver a
intuiçã o. A maneira de estimular a intuiçã o é criar uma situaçã o em que haja uma forte
necessidade de saber, mas nenhuma forma aparente de saber. A intuiçã o irá além das
informaçõ es fornecidas, portanto, certifique-se de reservar um tempo para pesquisar o
maior nú mero possível de fatos relevantes. Essa estratégia é a base do experimento
sugerido por Cayce para aprender a reconhecer a intuiçã o.

OUVINDO A AINDA, PEQUENA VOZ


Como podemos começar a reconhecer a intuiçã o? Cayce sugeriu começar com os casos
mais simples, onde a intuiçã o pode entrar em açã o em situaçõ es sim / nã o. Eles
geralmente têm a ver com escolhas ou decisõ es: Esta pessoa está me dizendo a verdade?
Isso seria um bom investimento comercial? Esta é realmente a carreira para mim? Devo
aceitar este trabalho? Essas decisõ es podem ser respondidas com sim ou nã o.

Comece com alguma escolha ou decisã o que você precisa fazer. Agora use todos os
recursos que você tem que sejam relevantes e faça sua escolha ou decisã o. Estude a
situaçã o, examine seus sentimentos, faça uma lista de pró s e contras. Este período de
preparaçã o é importante. As informaçõ es intuitivas podem ser construídas com base nas
informaçõ es que você coleta e avalia no nível consciente. O período de preparaçã o
também o coloca em uma posiçã o de sintonia com a á rea ou tó pico de sua preocupaçã o.
Depois de estudar a situaçã o, tome sua pró pria decisã o.

Em seguida, entre em um período de meditaçã o. Na meditaçã o, alinhe suas vibraçõ es com


o ideal mais elevado, o padrã o de verdade mais universal ou abrangente, com a
compreensã o de que sua decisã o é estar em harmonia com esse ideal. Em seguida, lembre-
se da sua decisã o e pergunte-se: "Esta é a escolha certa?" Ouça sua reaçã o interna. O
estímulo interno que você recebe, sim ou nã o, é o ato da intuiçã o. Pode vir a você como um
sentimento, um pensamento, ou você pode até ouvir uma voz dizendo: "Nã o!" Como o seu
eu interior falará com você é algo que você precisa descobrir por si mesmo, mas a resposta
virá .

Cayce sugeriu este exercício especificamente para aprender a reconhecer o funcionamento


da intuiçã o. É também uma forma viá vel de buscar orientaçã o. Ele sugere desenvolver a
intuiçã o usando-a de maneira aplicada! Se você pegar situaçõ es reais nas quais se
preocupa com o resultado e se dedicar a descobrir uma soluçã o conscientemente, entã o
buscar um período de silêncio, você experimentará uma resposta intuitiva à sua escolha
ou decisã o.

55
SENTIMENTOS E IMAGENS: COMUNICAÇÕES DO AUTO-INTERNO
O experimento de Cayce requer uma resposta ao seu interior. A intuiçã o, e sua voz mansa
e delicada, pode vir em uma variedade de formas, incluindo sentimentos e imagens. Os
sentimentos, e especialmente as imagens, podem ser a manifestaçã o da voz interior que
fornece informaçõ es intuitivas. Lembra dos padrõ es vibrató rios de Hans Jenny? Quando
estamos preocupados com um determinado tó pico ou situaçã o, tornamo-nos sintonizados
com ele - nosso ser começa a ressoar com as vibraçõ es da situaçã o. Nosso eu interior
começa a manifestar os efeitos dessa ressonâ ncia, produzindo padrõ es aná logos pró prios,
na forma de sentimentos e imagens.

Albert Einstein deu rédea solta à sua imaginaçã o. Ponderando a natureza do tempo, ele se
imaginou um reló gio que foi arremessado através do espaço, viajando cada vez mais
rá pido. Essa imagem o levou ao desenvolvimento de sua teoria da relatividade. Outro
exemplo famoso na histó ria da ciência foi a descoberta de Kekula da fó rmula do anel de
benzeno. Ponderando sobre a natureza dos compostos orgâ nicos, ele se viu imaginando
uma cobra enrolada sobre si mesma, mordendo o rabo. Ele reconheceu nessa imagem o
padrã o da fó rmula que procurava. Em tais casos de descobertas científicas, os
pesquisadores estavam tã o intensamente envolvidos com o problema em questã o que
inconscientemente se tornaram "um com" o objeto de estudo. Todo o seu ser - seu
pensamento, seus sentimentos e imaginaçã o, suas açõ es e sua atençã o - tornou-se
sintonizado com as vibraçõ es do mistério. Isso criou uma ressonâ ncia entre eles e o que
queriam descobrir. O avanço intuitivo foi uma manifestaçã o dessa sintonizaçã o.

Lembro-me de detetives que declaram que, para pegar um criminoso, é preciso pensar
como um. Eles expressam o tema de ressonâ ncia da descoberta intuitiva. Ao se tornar
imaginativamente sintonizado com a mente do criminoso, o criminoso é finalmente
revelado a eles. O nativo americano se comunica com objetos inanimados na natureza de
maneira semelhante: para aprender a sabedoria de uma pedra específica, sintonize-se com
a pedra. Abra-se meditativamente e permita que as vibraçõ es da pedra se tornem suas. O
nativo americano respeita o fluxo de imagens na imaginaçã o como uma fonte de revelaçã o,
nã o uma fantasia. Enquanto medito na pedra, de acordo com a abordagem dos índios
americanos, a mensagem da pedra virá a mim através da imaginaçã o. Enquanto eu
contemplo a pedra, meus pensamentos, sentimentos e imagens sã o considerados o efeito
das vibraçõ es da pedra sobre mim.

Quando estou em uma situaçã o de aconselhamento, ouvindo profundamente a histó ria de


uma pessoa, descubro que presto pouca atençã o à s palavras e me concentro mais no som

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da voz da pessoa. A mú sica da voz está dando expressã o ao que está acontecendo em
níveis mais profundos dentro da pessoa. A alma canta ou chora pelo som da voz. Ao me
permitir ouvir dessa forma, é quase como se eu fosse hipnotizado pelo som da voz da
pessoa, tornando-me um com seus tons e vibraçõ es. Ao fazer isso, meu corpo parece
ressoar ao som daquela voz, meu ser ressoa com o ser da pessoa, e posso sentir isso.
Conforme me concentro nesses sentimentos, imagens e cenas aparecem em minha mente.
Aprendi que essas fantasias espontâ neas, longe de ser um sinal de falta de atençã o, sã o
manifestaçõ es de um conhecimento intuitivo sobre a pessoa.

Quando compartilho essas imagens e fantasias com a pessoa, descubro seu significado. As
imagens geralmente nã o sã o literalmente verdadeiras. Sua forma simbó lica é outro
aspecto da padronizaçã o das vibraçõ es. As imagens simbó licas costumam ser padrõ es de
informaçã o altamente condensados. Assim como dizemos “uma imagem vale mais que mil
palavras”, uma imagem simbó lica pode conter vá rias imagens justapostas, combinando
informaçõ es de forma criativa que revelam uma verdade oculta. Os sonhos, fá brica de
imagens por excelência, sã o, portanto, uma fonte valiosa de intuiçõ es simbó licas.

INTUIÇÃO COMO CANALIZAÇÃO ABERTA


Ouvir a voz mansa e delicada interior é uma forma de canalizaçã o. Dizemos que a intuiçã o
envolve saber algo sem saber como o conhecemos. Você já teve a experiência de fazer uma
declaraçã o com convicçã o, e depois se perguntar, ao se maravilhar com a verdade do que
disse: “Como eu sabia disso?” Poderíamos dizer que você estava canalizando ——
canalizando informaçõ es intuitivamente. Em Channeling: The Intuitive Connection,
William Kautz e Melanie Branon definem a canalizaçã o como uma forma de intuiçã o, como
um “processo interno, uma conexã o intuitiva com uma fonte universal, mas invisível de
informaçã o e percepçã o”. John Klimo, em Channeling: Investigations on Receiving
Information from Paranormal Sources, chama a intuiçã o de "canalizaçã o aberta". Ele inclui
inspiraçã o e criatividade como outras formas de canalizaçã o aberta, que ele define como
"a capacidade de agir como um veículo para pensamentos, imagens, sentimentos e
informaçõ es provenientes de uma fonte que está além do eu do indivíduo e além da
realidade comum (como nó s sabemos) —a uma fonte que nã o é identificá vel e nã o se
identifica. ”

Cayce chamaria isso de canalizaçã o de "Eu superior", o eu da alma que está em contato
com o universal consciência. O estado de transe de Cayce pode ser considerado um
exemplo de canalizaçã o aberta desenvolvida para o estado de clarividência universal.

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Como outras formas de intuiçã o, a canalizaçã o aberta que chamamos de intuiçã o
geralmente ocorre em resposta a uma necessidade. Como palestrante - e já ouvi histó rias
semelhantes de outros palestrantes - à s vezes me divirto de minhas observaçõ es
planejadas e começo a fazer um comentá rio improvisado. Enquanto minha boca está
produzindo este material, muitas vezes fico maravilhado com a fonte das ideias (“Ei! Isso é
muito bom!”, Posso pensar comigo mesmo). Depois da palestra, alguém invariavelmente
se aproxima de mim e diz que nã o tinha certeza do por que veio para a palestra, mas
minhas observaçõ es espontâ neas sobre fulano de tal atendeu a uma necessidade real. A
canalizaçã o aberta pode ter um componente psíquico também!

Freqü entemente, a canalizaçã o aberta é provocada por uma pergunta. Em palestras,


descobri que a sessã o de perguntas e respostas no final frequentemente envolve exemplos
de fala inspirada. A pergunta de uma pessoa e os sentimentos que sinto por trá s da
pergunta, muitas vezes desencadeiam uma resposta intuitiva. Diz-se de Cayce que, quando
ele entrava em transe, se nã o lhe fizessem uma pergunta imediatamente, ele iria dormir!
Eu mesmo senti que a energia da pergunta muitas vezes é a fonte de inspiraçã o para a
resposta. Cayce afirmava que o desejo do questionador determinava o tipo de material
que passava por seu canal de transe. Isso me lembra de quantas vezes eu ouvi que decidir
sobre a pergunta mais apropriada costuma ser a maior parte da batalha para obter a
resposta mais ú til.

INTUIÇÃO DE CANALIZAÇÃO: ESCRITA INSPIRADA


Cayce deu um formulá rio para que as pessoas experimentassem a canalizaçã o aberta. É
uma extensã o do primeiro exercício, aprender a ouvir a voz mansa e delicada. O primeiro
exercício que Cayce deu tem dois usos. Primeiro, é ú til familiarizar-se com a “força”
intuitiva interior e como ela se parece ou sente para você. O segundo uso é para usar a
intuiçã o para comentar sobre uma decisã o ou escolha. Para situaçõ es mais abertas, em
que você deseja algo além de uma simples resposta sim / nã o, Cayce sugeriu um tipo
diferente de experimento: a escrita inspiradora.

Helen Cohn Schucman canalizou Um Curso em Milagres por meio de um processo de


escrita inspiradora. Tudo começou com a experiência de uma voz interior. Ela havia
experimentado outros eventos internos, entã o ela já era sensível aos impulsos internos.
Ela escreveu algumas linhas primeiro, depois parou. Ela teve dificuldade em aceitar o
fenô meno. Mas os impulsos internos nã o pararam. Ela descreveu o processo como um
ditado. Ela nã o estava em transe, nã o era uma escrita automá tica. Journey Without

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Distance, de Robert Skutch, sobre este texto inspirado, mostra o que pode ser realizado
por meio da escrita inspiradora.

Aprender a ouvir a resposta sim / nã o da voz interior certamente seria uma boa maneira
de praticar antes de tentar a escrita inspiradora, pois nesta abordagem de canalizaçã o,
mais do que simplesmente sim ou nã o será expresso. Depois de se sentir confortá vel
respondendo ao eu interior, você pode tentar alguma escrita inspiradora.

A maneira mais fá cil de compreender essa forma de canalizaçã o aberta é observar sua
respiraçã o e como ela opera e interage com sua consciência dela. Na maioria das vezes,
nã o prestamos atençã o à nossa respiraçã o. É automá tico. Agora, por um momento, preste
atençã o nisso. Quando você nota sua respiraçã o pela primeira vez, tem a sensaçã o de que
está controlando sua respiraçã o, o momento da inspiraçã o e da expiraçã o. Tente relaxar e,
em um momento, observe suavemente sua respiraçã o e veja se consegue observá -la sem
controlá -la.

Se você relaxar e for paciente o suficiente, aos poucos começará a testemunhar sua
respiraçã o como ela acontece sozinha, como acontece o tempo todo sozinha, quando você
nã o está prestando atençã o nela. Observar sua respiraçã o sem interferir nela é uma antiga
forma de meditaçã o. Se você praticar, descobrirá que, durante a expiraçã o, você se solta e
fica muito relaxado e, durante a inspiraçã o, testemunha o mistério da inspiraçã o! O fato de
a palavra inspirar ser usada para descrever a entrada da respiraçã o pode lhe dar uma
pista sobre a inspiraçã o usada na criatividade. Os processos estã o relacionados.

Agora vamos considerar três formas de escrita. A primeira é a escrita consciente e


intencional. Isso é o que todos nó s fazemos em nossa primeira tentativa, como na primeira
tentativa de observar nossa respiraçã o. Sentimos que estamos no controle, que temos que
pensar no que escrever e temos consciência de nossa escolha de palavras ou de nossa falta
de palavras para expressar o que está em nossa mente. Nó s sentamos e tentamos pensar
em algo para escrever, e entã o escrevemos. Isso é escrita intencional.

Outra forma é a escrita automá tica. Assim como podemos respirar automaticamente sem
prestar atençã o ao processo, é possível que algumas pessoas escrevam sem prestar
atençã o ao que estã o escrevendo. Distraindo, bloqueando ou apagando a mente, eles
aprenderam a deixar o “inconsciente falar diretamente” por meio de sua escrita. O escritor
nã o tem consciência do que está sendo escrito. No momento da escrita, a pessoa está em
alguma forma de estado dissociado, distraída ou em transe. A escrita automá tica é uma
forma de canalizar entidades, espíritos desencarnados ou mú ltiplas personalidades. É uma
forma de canalizaçã o que Cayce e outras pessoas familiarizadas com seus perigos
costumavam alertar sobre o uso. Na respiraçã o automá tica, quando ficamos perturbados,

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nossa respiraçã o responde de acordo. À s vezes respiramos rá pido e à s vezes realmente
paramos de respirar ou prendemos a respiraçã o - a respiraçã o expressa o problema ou a
perturbaçã o. Da mesma forma, a escrita automá tica pode expressar a discó rdia, o medo e
o apalpar na vida de uma pessoa. Ou pode expressar lutas de poder, lutas para conquistar,
para "chegar ao topo" ou "conseguir o que quer". Pode ser sedutor. Nã o expressa
necessariamente o melhor, nem é o mais criativo.

A terceira forma, escrita inspirada, é como observar sua respiraçã o sem interferir nela.
Com a escrita inspiradora, você está ciente do propó sito da escrita e do que escreve à
medida que escreve, mas sente a escrita quase acontecendo por si mesma.

Para realizar uma escrita inspiradora, você inverte o procedimento usual. Normalmente,
como na escrita consciente e intencional, você primeiro pensa no que quer dizer e depois
grava seus pensamentos. Na escrita inspiradora, você faz o inverso: começa escrevendo,
com seu propó sito em mente, e observa o que escreve.

Você nã o está registrando seus pensamentos no papel, mas ao invés disso, está notando
com consciência o que escreve.

Para se preparar para uma escrita inspiradora, é ú til concentrar-se na respiraçã o por um
momento, lembrando-se de que você pode estar ciente de sua respiraçã o sem interromper
o fluxo, antes de começar cada exercício de escrita. Antes de começar, é importante
meditar. Na meditaçã o, tentamos aquietar a mente e entrar em sintonia com nossos
pensamentos mais elevados. Mais alto significa a perspectiva mais universal. Com a
meditaçã o, vem uma sensaçã o de paz e de estar em harmonia com a vida.
Freqü entemente, se perguntas sã o feitas, um tipo muito diferente de resposta é dado. A
meditaçã o em si é uma forma de canalizaçã o - canalizando as forças criativas por todo o
nosso corpo.

Cayce sugere criar uma atmosfera propícia à escrita inspiradora: iluminaçã o fraca, talvez
um pouco de mú sica tranquila. O incenso pode ser apropriado, se o fizer lembrar de um
estado elevado de consciência. Em seguida, coloque a caneta no papel. Seguindo as idéias
que apresentamos sobre a intuiçã o operando com base na necessidade de saber, é melhor
escolher um tó pico que o preocupe profundamente. Se você ouvir ou aceitar o que está lá ,
as idéias surgirã o para você colocar no papel. Simplesmente comece a escrever,
observando o que está sendo escrito; nã o espere por uma experiência de receber ordens.

A redaçã o de diá rios tornou-se popular recentemente como uma forma de obter
inspiraçã o e usar a intuiçã o. Como resultado, outros métodos inspiradores foram
desenvolvidos. Ira Progoff, ao desenvolver seu método de Diá rio Intensivo, por exemplo,
sugere escrever um diá logo entre você e seu Eu superior. Você faz as perguntas e seu Eu

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superior as responde. Descobri que as pessoas geralmente obtêm informaçõ es muito boas
dessa forma, mas é importante fazer perguntas de acompanhamento e nã o simplesmente
aceitar afirmaçõ es nobres pelo valor de face. Por exemplo, talvez o seu Eu superior
escreva: "Esteja em paz consigo mesmo." Você reconhece isso como um bom conselho e
pode ficar tentado a aceitá -lo como dado. Mais tarde, entretanto, você percebe que nã o
sabe como estar em paz consigo mesmo. Entã o você faz uma pergunta complementar:
“Como posso estar em paz comigo mesmo?” Entã o, seu Eu superior responderá com mais
detalhes.

Cayce aconselhou nã o considerar a escrita inspiradora um objeto fenomenal de


curiosidade, embora possa ser. Em vez disso, tente tirar algo da escrita e colocá -lo em
prá tica. Se você agir de acordo com a orientaçã o dada, testando as ideias, você formará um
vínculo mais forte com sua fonte de intuiçã o. Na pró xima vez que você tentar escrever algo
inspirador para canalizar a intuiçã o, as informaçõ es serã o visivelmente melhores.

INTUIÇÃO EM NEGÓCIOS
Sã o os "imaginadores contra os engenheiros" no negó cio do futuro, diz Weston Agor, um
cientista político e psicó logo que presta consultoria para intuiçã o de treinamento
empresarial. Ele é o autor do livro best-seller Intuitive Management. Os negó cios sã o
rá pidos em adotar algo que funciona, e a intuiçã o é um grande negó cio para aqueles que
podem ensiná -lo. Os empresá rios sempre usaram sua intuiçã o, e muitos até sabiam que o
estavam fazendo; mas a maioria nã o o reconheceu como tal ou o manteve em segredo.
Agora, porém, a intuiçã o está saindo do armá rio.

Vá rios anos atrá s, Douglas Dean, do Newark College of Engineering, testou sua teoria de
que gerentes capazes provavelmente sã o bons em PES. Seu ESP executivo está cheio de
histó rias de palpites de negó cios que valeram a pena. Muitos empresá rios mencionaram o
uso da intuiçã o na preparaçã o de propostas fechadas. Além de avaliar todos os fatos e
informaçõ es conhecidos, eles usaram seus palpites sobre como os nú meros sairiam nas
licitaçõ es. Dean apostou que ESP desempenhou um papel nas decisõ es intuitivas, entã o ele
testou os gerentes com um jogo ESP especial que envolvia a previsã o do futuro.

Dean planejou um experimento que era quase como uma loteria. Ele pediu aos gerentes
que adivinhassem um nú mero de cem dígitos que um computador geraria posteriormente
por meio de um processo aleató rio. O tipo de PES necessá ria era a precogniçã o. Depois
que as suposiçõ es dos gerentes foram feitas, o computador gerou a série numérica e as
pontuaçõ es dos gerentes foram tabuladas. Dean testou centenas de gerentes e também
manteve perfis deles. Ele descobriu que os gerentes responsá veis por empresas que

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obtiveram bons lucros eram significativamente mais precisos em seus prognó sticos de
PES do que os gerentes menos bem-sucedidos. Seu trabalho forneceu evidências para o
papel do ESP nas decisõ es de negó cios intuitivas dos executivos e foi um instigador
principal no desenvolvimento do interesse atual na intuiçã o de negó cios.

Edgar Cayce freqü entemente ouvia perguntas sobre negó cios, e muitos empresá rios
perguntavam sobre o uso da intuiçã o e da habilidade psíquica nos negó cios. Seu conselho
foi adotar uma abordagem holística. Ele enfatizou a importâ ncia de fundar uma empresa
com um ideal elevado. Tentar desenvolver um bom produto que sirva bem as pessoas é
um excelente exemplo desse ideal e também faz sentido nos negó cios.

Ele prometeu que uma empresa sinceramente fundada em tal ideal espiritual seria um
sucesso natural. Certa vez, ele indicou que a AT&T, por exemplo, por causa de seu ideal
original de ajudar as pessoas a se comunicarem, teria dificuldade em fracassar, apesar de
suas prá ticas comerciais inadequadas.

O segundo aspecto do conselho de Cayce era para o empresá rio combinar o estudo dos
fatos do negó cio com o auto-estudo e o estudo das leis espirituais. Ele indicou que o
empresá rio descobriria que os padrõ es no negó cio e os padrõ es na vida da pessoa se
sobrepõ em. E eles refletiam os padrõ es das verdades espirituais. Em tal contexto, o
empresá rio pode esperar receber orientaçã o intuitiva e psíquica sobre o negó cio. Cayce
abordou a intuiçã o holisticamente como uma expressã o criativa da pessoa como um todo,
nã o simplesmente um "mú sculo" ú nico e especial para ser usado de vez em quando.

Descobri isso em meu pró prio trabalho, bem como no treinamento de pessoas em
criatividade. Peço que se concentrem em um dilema específico em seu trabalho e tentem
fazer o melhor. Seus obstá culos no trabalho também refletem seus pró prios problemas
internos, bem como padrõ es universais relativos à s dificuldades da vida. Embora seja
comumente assumido que se deve manter a vida pessoal e profissional separada, a
separaçã o é artificial e isola a pessoa das fontes de inspiraçã o em ambas as á reas.

Certa vez trabalhei com uma artista, uma designer de cerâ mica que estava insatisfeita com
as texturas que conseguia produzir em louças. Passamos muito tempo conversando sobre
o que tigelas e pratos significavam para ela. Ela tinha seus significados privados, que ela
nã o considerava particularmente relevantes, assim como sua ló gica pú blica e profissional
em relaçã o aos pratos. Ela entã o teve um sonho com um barco de camarã o. A discussã o
desse sonho revelou uma preocupaçã o de que ela "perderia o barco", uma preocupaçã o
que ela tinha sobre sua vida em geral, bem como sobre sua arte, um medo de que ela nã o
tivesse o que é preciso, ou que ela tivesse o " coisas erradas ”e ficariam para trá s. Tive a
impressã o de que ela tinha o "material certo", mas estava decidido porque nã o

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correspondia ao que ela pensava ser esperado e profissionalmente adequado, ou porque
nã o lhe daria o reconhecimento que buscava. Ela estava abordando seu trabalho com a
mã o esquerda, por assim dizer, já que mantinha sua melhor mã o atrá s das costas - seu Eu
interior genuíno. Quando ela começou a falar sobre camarã o, percebi que embora ela
dissesse que nã o gostava deles, ela foi capaz de descrever sua textura com alguns detalhes.
Parecia que ela ressonava profundamente com a textura das cascas dos camarõ es, entã o
sugeri que ela explorasse essa textura em suas cerâ micas. Dessa exploraçã o surgiu um
novo vocabulá rio textural, que ela desenvolveu em seu trabalho. Como parte dessa
descoberta artística também veio mais autoaceitaçã o e confiança no que diz respeito ao
valor de suas pró prias inclinaçõ es. As dimensõ es profissional e pessoal cresceram
simultaneamente.

A confiança em ser você mesmo em seu trabalho parece ser um ingrediente importante na
criatividade e no funcionamento intuitivo de um negó cio. Aqui está outra dimensã o da
natureza holística da intuiçã o: é a qualidade da pessoa que determina a criatividade, a
intuiçã o e a consciência psíquica.

INTUIÇÃO, CRIATIVIDADE E CONSCIÊNCIA PSÍQUICA: O PADRÃO PESSOAL


Cayce afirmava que a intuiçã o é uma resposta interna e a pessoa intuitiva é aquela que
está familiarizada com o Eu interior. A intuiçã o é uma expressã o de toda a pessoa; nã o é
apenas uma técnica simples ou uma habilidade isolada. Este é o ponto de vista holístico de
Cayce, e a evidência parece estar a favor de Cayce. O perfil de personalidade da pessoa
intuitiva corresponde ao perfil de criatividade e habilidade psíquica, assim como Cayce
havia mantido. Vejamos como os pesquisadores identificaram esse perfil.

Um experimento que se revelou altamente influente na histó ria dos testes e pesquisas de
personalidade exige que se responda com base em um sentimento interior. É chamado de
teste “haste e estrutura”. Imagine esta situaçã o: você está sentado em uma cadeira em uma
sala escura. Do outro lado da sala está pendurada uma haste iluminada, uma vara lisa e
reta. A haste está pendurada para cima e para baixo, mas pode ser girada ligeiramente por
um botã o de controle que você tem na mã o. Sua tarefa é girar o botã o para frente e para
trá s até que a haste fique reta para cima e para baixo, ao longo de uma verdadeira vertical.
O teste nã o mede a visã o, mas se você pode determinar, a partir de seu sentido interno,
quando a haste está vertical. Para fazer isso, você tem que se alinhar internamente com a
gravidade e com a haste e fazer uma comparaçã o entre a posiçã o da haste e seu sentido da
vertical. As pessoas variam em sua capacidade de fazer uma determinaçã o correta da
vertical.

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O verdadeiro teste acontece quando uma moldura é colocada ao redor da haste. O quadro
é propositadamente colocado um pouco fora da vertical e entã o você tem que determinar
a verticalidade da haste. É fá cil ser enganado pela moldura. Resolver o teste requer
ignorar o que seus sentidos direcionados para fora estã o dizendo a você em favor das
dicas que você está recebendo de seu corpo. Você precisa de seus sentidos direcionados
para fora para examinar a verticalidade da haste, mas deve ignorar o que seus sentidos
estã o lhe dizendo sobre a estrutura. A medida da verticalidade deve vir de dentro.

Pessoas que podem determinar a verticalidade verdadeira a partir desse teste sã o


chamadas de “independentes de campo”, porque podem operar independentemente do
campo externo criado pelo quadro. Esse procedimento de teste experimental foi usado
com bons resultados para prever traços de personalidade como criatividade, abertura
para a experiência interior, recordaçã o de sonhos e outros aspectos da intuiçã o. É um bom
exemplo para mostrar de forma muito concreta o que significa estar em contato com o seu
eu "interior".

Um padrã o semelhante de traços foi encontrado entre pessoas intuitivas. Malcolm


Westcott, em Toward a Contemporary Psychology of Intuition, descreveu sua extensa
pesquisa sobre um tipo particular de intuiçã o, a capacidade de perceber padrõ es. Por
exemplo, na série de nú meros 1, 2, 1, 2 ... o que vem a seguir? Fá cil, é 1. E sobre esta série:
1, 4, 5, 2 ... o que vem a seguir? Nã o tã o fá cil. E se eu mostrar um pouco mais: 1, 4, 5, 2, 5, 6,
3, 6, 7 ... o que vem a seguir? A resposta é 4 (a série é composta de trigêmeos; 4, 7, 8 vem a
seguir). Westcott apresentou essas séries de nú meros e determinou quantos nú meros a
pessoa precisava ver antes de estar disposta a fazer uma estimativa, e quã o precisa era a
estimativa. As séries numéricas eram baseadas em padrõ es, nã o em configuraçõ es
matemá ticas complicadas. Ele sentiu que era uma medida justa de intuiçã o, pois pedia a
uma pessoa que tentasse ir além das informaçõ es fornecidas e detectar um padrã o. O
papel de PES nã o poderia ser descartado em seus testes, embora ele nã o considerasse esse
fator em seu tratamento da intuiçã o. Ele também deu à s pessoas testes extensivos de
personalidade, para ver quais características correspondiam a esse tipo de habilidade
intuitiva.

A pessoa intuitiva precisava de poucas informaçõ es e formou a suposiçã o correta.


Westcott descobriu que essas pessoas eram criativas, confiantes e autossuficientes,
independentes e espontâ neas. Eles baseavam sua identidade em fatores pessoais e
internos, e nã o na participaçã o em qualquer grupo ou classe. Eles eram resistentes ao
controle externo, dispostos a arriscar críticas e eram capazes de lidar com a dú vida e a
incerteza. Eles tendiam a ser um pouco nã o convencionais e se sentiam confortá veis com

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isso. E eles pontuaram alto em independência de campo, característica medida por testes
como o experimento de haste e estrutura.

Os parapsicó logos descobriram que os testes de criatividade podem prever o desempenho


em situaçõ es de PES. Por exemplo, Gertrude Schmeidler testou a capacidade dos alunos de
prever a sequência de padrõ es que um computador geraria por meio de um processo
aleató rio. Ela também os testou em vá rias tarefas de criatividade, como pensar em
diferentes usos para um tijolo. Ela descobriu que os alunos que exibiram mais PES
também pontuaram mais em criatividade.

MEDITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE INTUITIVA


A meditaçã o parece ser a melhor abordagem geral para desenvolver o padrã o pessoal que
as pessoas altamente intuitivas exibem. O padrã o, que se manifesta como intuiçã o,
criatividade e capacidade psíquica, é composto de características como independência de
campo, abertura e confiança na experiência interior de alguém, espontaneidade,
autoconfiança, tolerâ ncia à ambigü idade e dú vida, e uma disposiçã o para arriscar críticas,
para cite apenas alguns dos atributos da pessoa voltada para o interior. Este perfil se
encaixa na afirmaçã o de Cayce de que a intuiçã o vem de dentro. Pode parecer que, para
desenvolver todos esses traços, uma reformulaçã o completa da personalidade seria
necessá ria. Mas uma mudança de personalidade nã o é o que é necessá rio; é aprender a
olhar e saber o que está dentro.

Para desenvolver um perfil pessoal conducente à intuiçã o nã o é necessá rio consultar um


psicó logo. Em Focusing, Eugene Gendlin discute a capacidade de olhar para dentro e
descreve os processos para fazê-lo. Em sua pesquisa, ele descobriu que a psicoterapia é
eficaz apenas na medida em que treina essa habilidade. Ele descobriu, como muitos
outros, que o pró prio ato de aprender a enfocar eventos, sentimentos e imagens interiores
é terapêutico. Portanto, talvez haja uma rota mais direta para desenvolver os vá rios traços
de personalidade que sustentam a intuiçã o. Cayce e outros que estudaram a intuiçã o
parecem concordar que a meditaçã o é o melhor treinamento e preparaçã o para o
desenvolvimento da personalidade intuitiva. A meditaçã o certamente é um processo de
voltar-se para dentro!

A meditaçã o pode nos ajudar a desenvolver aspectos do perfil intuitivo. Por exemplo,
descobriu-se que a meditaçã o aumenta a independência de campo. Este efeito faz sentido,
pois por meio da meditaçã o a pessoa se torna mais sensível e familiarizada com as
sensaçõ es e sinais internos.

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Ficamos relaxados durante a meditaçã o, de modo que os sentidos sã o mais fá ceis de
permitir que eles venham e passem. O pesquisador de meditaçã o Daniel Goleman teorizou
que a meditaçã o é como uma forma genérica de psicoterapia porque, enquanto
meditamos, passamos a aceitar sem angú stia tudo o que surge. Desenvolvemos abertura e
auto-aceitaçã o durante a meditaçã o. Um estudo recente sobre meditaçã o e psicoterapia
conduzido por Herbert Benson, M.D., da Universidade de Harvard, confirmou essa teoria.
Ele descobriu que os meditadores tinham vá rias experiências durante a meditaçã o que
aceleravam o processo da terapia: memó rias de infâ ncia, novos insights, liberaçã o de
emoçõ es reprimidas. Esses eventos nos ajudam a ficar mais à vontade com nosso Eu
interior, mais tolerantes com suas expressõ es.

Saber quais sã o os seus sentimentos, saber quando os está sentindo, ser capaz de detectá -
los, ser capaz de identificá -los, respeitá -los - essas características fazem parte do pacote de
autoaceitaçã o que vem do crescimento pessoal, seja por meio de terapia, meditaçã o , ou a
escola da experiência de vida. A intuiçã o depende deles, pois é necessá rio estar em contato
com os sentimentos para reconhecer a intuiçã o. Aceitar sentimentos mesmo quando eles
nã o correspondem aos pensamentos e raciocínios de alguém faz parte do reconhecimento
da intuiçã o. Todos esses componentes do perfil da personalidade intuitiva podem ser
desenvolvidos por meio da meditaçã o. Ele está disponível para você a qualquer momento.
É tã o fá cil quanto respirar - a inspiraçã o da energia que nos liga a toda a vida.

5
SONHOS: A PORTA PSÍQUICA

O sonho é uma pequena porta oculta nos recessos mais íntimos e secretos da alma,
abrindo-se para aquela noite có smica que era a psique muito antes de haver qualquer
consciência do ego.

CARL JUNG

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No sono, a alma busca a verdadeira diversã o ou a verdadeira atividade do eu. Aqueles que
estã o mais pró ximos do reino espiritual com mais frequência retêm suas visõ es e sonhos
ao despertar.

EDGAR CAYCE lendo no. 5754-3

SÃ O EXCELENTES AS CHANCES de que um sonho proporcionará sua primeira experiência


psíquica. Meu pró prio interesse pelos sonhos foi inicialmente inspirado por essa
realizaçã o. Tive um amigo artista talentoso, Jim Turrell, que gostava de Cayce e usava seus
sonhos como um "guia". Eu tinha ouvido falar do uso de sonhos apenas no contexto da
psicoterapia. Os sonhos de Jim o entusiasmaram e deram uma dimensã o adicional à sua
vida. Um dia, ele me levou ao seu novo estú dio perto da praia em Santa Monica. Fiquei
surpreso quando ele disse que encontrou este lugar barato, espaçoso e com uma
localizaçã o invejá vel por meio de um sonho. Seu pai morto, ele confidenciou, apareceu
para ele em um sonho, apontou para um prédio com suas grandes janelas pintadas e disse-
lhe que daria um excelente estú dio. Ao acordar, meu amigo dirigiu até encontrar o prédio
que vira em seu sonho. Era exatamente o que ele queria.

Em outra ocasiã o, Jim apareceu apó s uma longa ausência e me disse que teve um sonho
em que um amigo em comum estava em sérios apuros. Ele decidiu fazer uma longa viagem
para ver nosso amigo e dar uma olhada. O sonho provou ser exato e ele foi capaz de
ajudar. Fiquei impressionado, nã o apenas por sua capacidade de sonhar e sua confiança
em seus sonhos, o que eu esperava, mas por sua disposiçã o de se dedicar a um amigo.
Tudo fazia parte do que ele chamava de “viagem Cayce”: sintonizaçã o e serviço.

A vida de Jim era emocionante, e a ideia de usar os sonhos como um guia me atraiu. Mas
eu nã o me lembrava de um sonho desde a infâ ncia. Por sugestã o dele, resolvi manter um
diá rio de sonhos e, assim, iniciei uma nova relaçã o com os sonhos. Coloquei o diá rio ao
lado da cama e fui dormir com a noçã o de que no dia seguinte seria o primeiro dia de
minha nova vida. O dia seguinte chegou, mas nenhum sonho surgiu. O mesmo aconteceu
com o seguinte, e o seguinte, e ainda sem sonhos. Na verdade, o primeiro dia da minha
nova vida demorou três meses! Foi quanto tempo meu diá rio demorou para ficar ao lado
da minha cama, sem uso, antes que eu finalmente acordasse com um sonho.

Passaram-se mais quatro meses antes que eu tivesse meu segundo sonho. Meu terceiro
sonho nã o ocorreu até cerca de um ano depois que fiz meu diá rio. Mas aquele primeiro
sonho acabou sendo um dos mais significativos da minha vida, pois me iniciou no processo
espiritual de recuperaçã o do alcoolismo. Como Charles Whitfield, M.D., explica em
Alcoholism and Spirituality, é uma abordagem que agora é popular hoje no campo da

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terapia da Nova Era. Embora eu nã o tenha percebido até vários anos depois, este sonho
provou ser profético também sobre o tipo de estudos de pesquisa de sonhos que eu
realizaria posteriormente. Escrevi Obtendo Ajuda dos Seus Sonhos sobre essa pesquisa,
com tudo o que aprendi como resultado de ter tanta dificuldade para lembrar e
interpretar meus sonhos.

DE EXPERIÊNCIAS PSÍQUICAS
A forma mais comum - e uma das mais ú teis - de habilidade psíquica que você pode
desenvolver está nos sonhos. O fato de os sonhos conterem informaçõ es psíquicas pode
nã o ser surpresa para você. Provavelmente, se você teve alguma experiência que o faça
acreditar na realidade da percepçã o psíquica, ela tenha ocorrido em um sonho. Louisa E.
Rhine (esposa de JB Rhine e cofundadora com o marido do primeiro laborató rio de
parapsicologia do país, na Duke University) conta histó rias de todo o mundo sobre
experiências psíquicas, muitas delas envolvendo sonhos, em Hidden Channels of the
Mind . Pesquisadores da Universidade da Virgínia, apó s pesquisar estudantes
universitá rios e habitantes locais dos arredores de Charlottesville, descobriram que a
maioria das experiências psíquicas relatadas envolvia sonhos. Ao revisar pesquisas em
mais de 9.300 casos de experiências psíquicas documentadas, Ian Stevenson calculou que
57 por cento delas aconteceram em sonhos. Em Impressõ es telepá ticas, o Dr. Stevenson
concluiu que os sonhos sã o a porta psíquica primá ria.

Você provavelmente já teve vá rias experiências psíquicas em sonhos sem perceber. Cayce
foi solicitado a interpretar centenas de sonhos, e muitas vezes ele apontou informaçõ es
psíquicas no sonho. Em muitas dessas interpretaçõ es, bem como em casos documentados
de outras fontes, a pessoa nã o tinha ideia de que o sonho tinha uma origem psíquica. À s
vezes, o sonho parecia comum, outras vezes nã o tã o comum, mas a ideia de ser psíquico
nã o ocorreu à pessoa até que uma descoberta posterior o provasse. As chances sã o
excelentes de que, se você pudesse produzir um registro de todos os sonhos que já teve,
lembrado ou nã o, seu pró prio exame desses sonhos o convenceria de que você já teve
vá rias experiências psíquicas.

O SONHO PSÍQUICO NO LABORATÓRIO


Uma das experiências de laborató rio mais convincentes que demonstram a realidade da
PES em sonhos foi conduzida no Hospital Maimonides, no Brooklyn. Um relato completo
desse trabalho é fornecido em Dream Telepathy, de Montague Ullman, M.D., e Stanley

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Krippner, Ph.D., os principais investigadores. Vale a pena descrever seu procedimento
simples, pois outros o adaptaram para realizar seus pró prios experimentos, como você
pode desejar.

Se você participasse de um dos experimentos em Maimonides, dormiria no laborató rio,


conectado a monitores eletrô nicos usados para determinar quando você estava sonhando.
Em uma sala diferente, uma pessoa agindo como seu “agente” ficava acordada a noite toda
e se concentrava em uma obra de arte selecionada aleatoriamente, tentando enviar as
imagens da foto para sua mente sonhadora. O agente examinaria a obra de arte, pensaria
sobre ela, praticaria a visualizaçã o da imagem em detalhes, recordaria memó rias pessoais
que a imagem evocou, imaginaria estar na imagem, interagindo com a cena e, de outra
forma, se envolveria pessoalmente com a imagem, na esperança de carregando a
mensagem ESP de emoçã o. Sempre que os monitores eletrô nicos indicavam que você
estava sonhando, um experimentador o despertava para coletar o relato do seu sonho. No
dia seguinte, você e os juízes independentes veriam um grupo de gravuras de arte e
seriam solicitadas a identificar aquela usada pelo agente com base nos relatos de sonhos
que você forneceu na noite anterior.

Por exemplo, em um experimento, a imagem-alvo era Paris de uma janela de Marc Chagall,
que mostra um homem observando o horizonte colorido de Paris. A imagem tem vá rios
elementos distintivos - um gato com rosto humano, vá rios homens voando no ar e uma
cadeira brotando flores. Aqui estã o alguns trechos dos cinco relatos de sonhos obtidos
naquela noite: “abelhas voando em volta das flores ... Eu estava caminhando. Por alguma
razã o, eu digo French Quarter… conversando com um grupo de Shriners…. Eles usavam
um chapéu que mais parecia um chapéu de policial francês ... algum tipo de arquitetura
româ ntica - prédios, vilarejos, pitorescos ... um homem caminhando por uma dessas vilas,
essas cidades. Definitivamente seria no século XIX…. Trajes franceses ... subir a encosta de
uma colina acima das outras camadas da cidade ... é uma coisa festiva ... o tipo Mardi Gras.
"

Claramente, os sonhos refletiam o conteú do da imagem. Observe, entretanto, que os


sonhos sã o meramente influenciados pela imagem; eles nã o sã o distintamente sobre a foto
ou sobre a pessoa que está tentando “enviar” a foto. Se o sonhador tivesse um sonho assim
fora do laborató rio de PES, é duvidoso que ele o tivesse reconhecido como telepá tico. Ele
provavelmente o teria considerado comum, nunca suspeitando que fosse resultado de
telepatia. Mesmo em muitos desses experimentos, o sonhador nã o reconhece a
semelhança entre a imagem e os sonhos, enquanto os juízes podem ver claramente a
conexã o. Provavelmente, você já teve vá rios sonhos que foram resultado de telepatia e
nunca foi o mais sá bio.

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SONHANDO COM O FUTURO
Cayce afirmou que nada de significativo jamais aconteceu em nossas vidas sem que
primeiro sonhá ssemos. Talvez sonhar com eventos futuros - sonhos precognitivos - pareça
mais rebuscado do que sonhos telepá ticos, mas pesquisas revelaram que os sonhos sobre
o futuro sã o muito mais comuns do que os sonhos telepá ticos. Uma pesquisa, relatada na
ediçã o de março de 1978 da Psychology Today pelo psicó logo David Ryback, indicou que 8
por cento da populaçã o - ou quase 2 milhõ es de americanos - teve um sonho que "se
tornou realidade". Talvez seja porque os sonhos sobre o futuro têm uma chance maior de
serem descobertos, enquanto muitos sonhos telepá ticos permanecem nã o detectados.

O grupo Maimonides foi capaz de demonstrar sonhos precognitivos em laborató rio.


Malcolm Bessent, um médium que tinha uma histó ria de capacidade de prever o futuro, se
ofereceu para o estudo. O método Maimonides foi alterado de maneiras importantes para
testar a capacidade precognitiva de Bessent. As gravuras de arte que serviram como alvos
nos estudos de telepatia foram elaboradas em experiências multissensoriais.

O plano era que depois que Bessent dormisse no laborató rio e tivesse seus sonhos, um
cená rio seria selecionado ao acaso, e Bessent seria exposto a uma experiência baseada
nesse cená rio. A tarefa de Bessent era sonhar com a experiência antes mesmo de ela ter
sido escolhida.

Em uma noite, alguns dos sonhos de Bessent incluíam o seguinte: “... impressã o de verde e
roxo ... pequenas á reas de branco e azul”; “... um edifício ... um paciente ... um jaleco branco
como o jaleco de um médico”; “Hostilidade para comigo por parte de pessoas em um
grupo com o qual eu estava em contato diá rio ... eles eram médicos e médicos”;
“Bebendo ... comendo.”

Na manhã seguinte, um experimentador que nada sabia sobre os sonhos de Bessent


selecionou aleatoriamente um cená rio. Acabou sendo baseado no corredor do hospital de
Van Gogh em St. Remy, que retrata um paciente no corredor de um hospital psiquiá trico.
As cores da pintura sã o laranja, verde, azul profundo e branco. O cená rio experimental
desenhado em torno desta imagem foi entã o realizado em Bessent: mú sica de
"Spellbound" de Rosza foi tocada e ele foi chamado de Sr. Van Gogh pelo experimentador,
que estava vestido com um jaleco branco. Ele entã o viu vá rios slides de pacientes mentais.
Ele pró prio foi tratado como um paciente, recebendo um comprimido e um copo d'á gua.
Ele foi "desinfetado" com acetona borrifado nele com um cotonete, em seguida, conduzido
por um corredor escuro para fora do laborató rio até o escritó rio do experimentador.
Bessent conhecia o experimentador pessoalmente e achou estranho ser tratado dessa

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forma, embora soubesse que fazia parte do experimento. Ele sentiu uma conexã o subjetiva
definida entre seu sonho e as experiências que teve na manhã seguinte.

Os juízes independentes concordaram. Quando receberam uma transcriçã o dos sonhos e


oito imagens de arte diferentes e cená rios experienciais associados para avaliar, eles
unanimemente escolheram a experiência do "corredor" como a que mais se aproxima dos
sonhos de Bessent. Ao todo, Bessent passou dezesseis noites no laborató rio tentando
sonhar precognitivamente com o cená rio que seria selecionado para ele na manhã
seguinte. Em quatorze desses dezesseis experimentos, os juízes combinaram
corretamente os sonhos de Bessent com o cená rio que foi escolhido na manhã seguinte.

O ENIGMA CRIATIVO DO SONHO


Décadas antes desta pesquisa, Edgar Cayce advertiu que os sonhos eram o caminho mais
disponível para a percepçã o psíquica. Ele incentivou as pessoas a relembrar seus sonhos, a
estudá -los. Ele indicou que qualquer aspecto de PES, qualquer “realidade” encontrada em
um estado alterado de consciência, ou qualquer outro “mistério” da mente, incluindo a
morte, pode ser experimentado e explorado em sonhos. Ele também indicou que os
sonhos sã o a forma mais segura de explorar essas regiõ es. Ao fazer essa afirmaçã o, Cayce
estava falando de uma tradiçã o antiga. Nada na histó ria da experiência humana teve um
impacto tã o profundo na cultura quanto o sonho.

Em Our Dreaming Mind: History and Psychology, Robert Van de Castle descreve sonhos
que levaram à s religiõ es do mundo, incluindo o budismo, o maometismo e o cristianismo,
bem como sonhos que resultaram em descobertas científicas, invençõ es e obras de arte.
Ele também descreve sonhos que desempenharam um papel na histó ria mundial e
moldaram carreiras políticas, levaram à recuperaçã o de objetos ou tesouros perdidos ou
ofereceram conselhos no mercado de açõ es. Os sonhos também foram uma inspiraçã o e
um enigma para os filó sofos.

Mas o que é um sonho? O que acontece quando sonhamos? A experiência noturna parece
real, mas nã o aconteceu de fato. Se o sonho for real, é algum outro tipo de realidade.
Alguns a chamam de visã o noturna, sugerindo que a experiência foi real, mas em um plano
diferente da realidade. Outros a chamam de viagem que a alma faz, para explicar a
presença de cenas distantes. Cada explicaçã o é uma tentativa de explicar a aparente
realidade do sonho. Edgar Cayce incorporou ambos os pontos de vista em sua explicaçã o.

ADORMINDO: AMANHECER DA CONSCIÊNCIA PSÍQUICA

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Uma maneira de desenvolver a consciência psíquica, sugeriu Cayce, é ser mais observador
do processo de adormecer. Cayce explica que, à medida que vamos dormir, nossa
sensibilidade muda para um nível diferente de vibraçã o, uma frequência diferente. No
estado de sono, nosso eu psíquico emerge. É como as estrelas - elas estã o sempre lá , mas
nã o podemos vê-las durante o dia porque o sol está muito forte.

Cayce chamou o sono de “sombra” da morte. Ele disse que era como a morte em dois
aspectos: primeiro, porque a consciência se torna inconsciente das condiçõ es físicas que
envolvem o corpo; e, segundo, porque desperta uma consciência maior que transcende o
tempo e o espaço, uma consciência disponível apó s a morte. Cayce descreveu o despertar
do "sexto sentido" no sono como ocorrendo por meio de um processo semelhante. Por que
nã o tentar ficar acordado e enfrentá -lo?

Ao adormecer, diz Cayce, ficamos menos conscientes no sentido normal. A mente do corpo
físico, o sistema cérebro-espinhal de mú sculos e impressõ es sensoriais, está se fechando.

Você pode ter experimentado esse desligamento, por exemplo, ao adormecer em frente à
TV ou quando alguém estava lendo em voz alta. De repente, você percebe que nã o estava
ouvindo o que estava acontecendo, mas estava em um mundo só seu. Sua mente
consciente iria dormir e você estava despertando para o seu subconsciente.

Cayce qualifica sua afirmaçã o sobre o desligamento dos sentidos, assinalando que eles
permanecem alertas até o ponto necessá rio para permanecer em guarda para a proteçã o
da pessoa adormecida. Ele diz que é como se mantivéssemos “os ouvidos atentos”, caso
algum evento nos obrigue a despertar e agir. É prová vel que você de repente tenha
acordado com a TV ou com a pessoa lendo porque ouviu algo de especial importâ ncia.

Enquanto a consciência está fechando sua resposta à maioria das informaçõ es físicas, ela
está simultaneamente se abrindo para as informaçõ es da imaginaçã o da mente
subconsciente. Adormecer pode ser definido como a reversã o da situaçã o usual: o exterior
torna-se inconsciente e o subconsciente torna-se consciente. Trocamos a realidade da
vigília pela realidade do sonho. Aqui está a mudança de vibraçã o que corresponde ao
adormecer: nosso padrã o vibracional muda e nos sintonizamos com um espectro diferente
de realidade. Que ainda estamos cientes de nossa imaginaçã o e de processos inconscientes
é outro aspecto da afirmaçã o de Cayce de que o sono é como a morte, pois em ambos os
estados interagimos com essas dimensõ es. Nã o é de surpreender, entã o, que Cayce à s
vezes fosse questionado por pessoas sobre experiências estranhas que ocorrem ao
adormecer. Ouvir vozes, mudanças incomuns na percepçã o do corpo e coisas do gênero
sã o comuns nessa zona de penumbra.

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Conforme continuamos a adormecer, de acordo com Cayce, nossos sentidos mudam. A
audiçã o, por exemplo, é ativada em todo o corpo. "Ouça o que seu corpo está tentando
dizer a você." Você já ouviu esse conselho? É uma sugestã o para prestar atençã o a pistas
sutis de seu corpo. A mente subconsciente faz exatamente isso durante o sono. Ele opera
nã o apenas através do cérebro, mas através dos centros linfá ticos e do sistema nervoso
simpá tico. É por isso que muitas vezes temos sonhos sobre o estado do corpo que nos
alertam sobre possíveis problemas de saú de antes de serem diagnosticados pelo médico.
Em The Dream Worlds of Pregnancy, Eileen Stukane descreve como as mulheres
geralmente sonham com o desenvolvimento do feto durante a gravidez.

Tal consciência durante o sono, Cayce nos faz imaginar, é como "ouvir" com o "terceiro
ouvido". Ele chama a consciência que desperta em nó s quando caímos no sono de "sexto
sentido". É uma forma de PES. À medida que nossa consciência se difunde por todo o
corpo, despertamos para nossa consciência psíquica. Os sonhos sã o uma das experiências
desse sexto sentido!

O QUE É UM SONHO?
Cayce compara o processo de sonhar ao tema mítico e bíblico da morte e ressurreiçã o.
Quando Jesus morreu no corpo, ele renasceu na forma de espírito. Da mesma forma, no
processo de adormecer, morremos para nossa existência física, mas despertamos para
nossa realidade espiritual. Cayce indica que o sonhador é a alma. Quando adormecemos,
nossa alma desperta. Um sonho é uma experiência da alma.

O que a alma faz quando sonha? A alma tem consciência universal, que inclui suas
memó rias de suas experiências em vidas passadas, especialmente as liçõ es aprendidas. A
alma, possuindo a sabedoria da experiência de mú ltiplas vidas, traz essa perspectiva à
medida que revê eventos e experiências do dia anterior. Essa avaliaçã o de um dia de vida
da perspectiva geral de vá rias vidas é um pouco como o julgamento que os pais fazem
sobre os eventos na vida de seus filhos. Os pró prios valores da criança podem parecer
particularmente irô nicos, comoventes, humorísticos, tristes ou esperançosos quando
vistos da perspectiva mais ampla do adulto.

O PROPÓSITO DE SONHAR
O propó sito dos sonhos é orientaçã o. Assim como um pai avalia o comportamento da
criança a partir de uma perspectiva adulta, a alma examina as experiências da pessoa do

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ponto de vista de uma vida de aprendizagem. É essa experiência de avaliaçã o que é o
sonho e o propó sito do sonho. É uma das principais formas de a alma guiar a pessoa. Como
estamos indo, o que estamos fazendo, para onde estamos indo é comparado com onde
realmente queremos ir, como realmente queremos ser. Sonhos sã o experiências de
descoberta - "Ah-ha!" - quando vemos do ponto de vista da alma o que nossas experiências
diá rias significam para nó s. Você pode dizer que é a comparaçã o dos ideais com a
realidade.

Como funciona esta orientaçã o? Cayce usa novamente uma das palavras de sintonizaçã o.
Ele diz que a experiência da alma (ou percepçã o avaliativa) durante o sonho ressoa em
nó s depois que acordamos. O conteú do do sonho que lembramos é o que somos capazes
de lembrar da experiência da alma. Para a alma, foi uma experiência de descoberta, mas a
lembramos como uma histó ria com símbolos estranhos. Mesmo que nã o entendamos os
símbolos, ou mesmo que nã o nos lembremos do sonho, ficamos com os efeitos da
experiência da alma ressoando dentro de nó s quando acordamos. À s vezes, acordamos
com um humor particular que é uma herança de um sonho, um eco da experiência da
alma. A alma, tendo formado ao longo de muitas vidas um ideal como amor ou paz,
compara esse ideal com as atividades do dia anterior enquanto dormimos. Pode doer,
lamentar ou desejar que nossa experiência diá ria se beneficie do que foi aprendido no
passado. Esses sentimentos, dor ou luto, sã o transferidos para nosso humor no dia
seguinte, moldando nossas emoçõ es e comportamento. Assim, a alma, por meio de seus
sonhos, se oferece para nos guiar.

A visã o de Cayce sobre a funçã o dos sonhos se assemelha a vá rias teorias de sonho
atualmente populares.

Em primeiro lugar, é quase universalmente aceito que os sonhos sã o necessá rios à nossa
sobrevivência, que temos a necessidade de sonhar. Os teó ricos divergem sobre o que
acontece em um sonho que é tã o importante. Muitos adotaram a visã o de que os sonhos
sã o a maneira do cérebro de classificar as memó rias do dia e organizá -las para
armazenamento de longo prazo, colocando as memó rias recentes no contexto de uma vida
inteira de aprendizagem. Experimentos mostraram, por exemplo, que uma pessoa
impedida de sonhar provavelmente terá uma memó ria mais fraca dos eventos do dia
anterior. Um bom livro que representa esse ponto de vista é Landscapes of the Night, de
Christopher Evans. Sua teoria de processamento de computador é paralela à visã o de
Cayce; ambos argumentam que os sonhos sã o uma forma de revisar a experiência do dia
em termos de experiências anteriores. Evans afirma que o cérebro revisa os eventos do
dia como um computador; Cayce afirma que a alma faz a revisã o, examinando as
memó rias de mais de uma vida.

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A teoria dos sonhos de Carl Jung se encaixa perfeitamente entre as teorias da computaçã o
moderna e Cayce. Jung também acreditava que o propó sito de sonhar era para orientaçã o.
Jung nã o se opô s a referir-se à alma como fonte de orientaçã o, pois acreditava ter
encontrado evidências de que durante os sonhos a mente é capaz de escanear informaçõ es
que estã o além das restriçõ es de tempo e espaço da pró pria vida da pessoa. Jung imaginou
a orientaçã o operando por meio de um processo que ele chamou de "compensaçã o". Para
ele, um sonho proporcionava uma experiência compensató ria, algo que equilibrava as
experiências do dia para fazer uma experiência total mais arredondada. Sua teoria de
orientaçã o é muito parecida com a de Cayce, já que ele também descobriu que a pró pria
experiência do sonho muitas vezes cumpria o propó sito do sonho. Jung acreditava que a
interpretaçã o dos sonhos era algo que a pessoa consciente poderia fazer para ter uma
melhor avaliaçã o dos movimentos internos, mas nã o era necessá ria para realizar esses
movimentos. Era melhor, ele sentiu, poder trabalhar com o sonho, porque entã o você
poderia participar e cooperar com o movimento que o sonho havia iniciado.

Nã o precisamos interpretar sonhos para que eles façam seu trabalho. Isso faz sentido -
lembramos muito poucos de nossos sonhos e compreendemos menos deles. Se o sonho
dependesse de sermos capazes de lembrá -lo e compreendê-lo para que cumprisse seu
propó sito, estaríamos em um estado lamentá vel.

RECORDANDO SONHOS
Se você tem problemas para se lembrar de seus sonhos, você nã o está sozinho. Estimativas
sugerem que talvez até 90% da vida onírica da populaçã o total nunca seja lembrada. Isso é
um desperdício de um recurso valioso, com certeza, e desnecessá rio. Cayce indicou que
qualquer pessoa pode se lembrar de seus sonhos com apenas um pequeno esforço. Ele
pensava que uma pessoa que nã o se lembrava deles estava simplesmente sendo
negligente.

Estudos de laborató rio forneceram percepçõ es substanciais sobre o que afeta a memó ria
dos sonhos. Em condiçõ es ideais de laborató rio, onde uma pessoa pode ser acordada
imediatamente apó s um período de sonho, cerca de 80% desses despertares rendem
alguma memó ria para um sonho. Se a pessoa se mover ao acordar, a recordaçã o dos
sonhos será menor. Quanto mais tempo se passa entre o momento do sonho e o momento
em que a pessoa acorda, mais difícil é lembrar do sonho. Da mesma forma, quanto mais
atividade mental houver entre o momento do despertar e o momento em que a pessoa
tenta se lembrar do sonho, menos pode ser lembrado.

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A menos que você aprenda a acordar depois de cada sonho durante a noite, portanto, o
sonho mais prová vel de que se lembrará é o ú ltimo que teve, o que pode ocorrer pouco
antes de você acordar pela manhã . Assim que você começar a acordar, tente pensar no que
estava sonhando. Nã o se mexa. Fique quieto com os olhos fechados.

Examine como você se sente. Observe quais pensamentos estã o passando por sua mente.
Como você se sente e no que está pensando sã o pistas importantes do que você estava
sonhando.

Estudos experimentais provaram, e a experiência pessoal confirma isso, que a motivaçã o


para lembrar seus sonhos é muito importante, talvez quase tã o importante, senã o mais, do
que a técnica, como Cayce sugeriu. Ter um motivo específico para sonhar é ú til. Assumir
um compromisso prévio com outra pessoa para discutir seu sonho também é ú til. A
motivaçã o para lembrar de seus sonhos se expressa em suas atividades antes de ir para a
cama. Em um de meus pró prios estudos, descobri que, quando as pessoas escrevem em
seus diá rios na noite anterior, é mais prová vel que se lembrem de um sonho na manhã
seguinte. Parece que passar algum tempo antes de dormir em uma atividade introspectiva
nã o apenas é uma expressã o de interesse por nossos assuntos internos, mas também nos
leva a estar prontos para relembrar sonhos. Colocar um bloco de papel e caneta ao lado da
cama também expressa a prontidã o para recordar sonhos. Finalmente, é natural, quando
motivado a lembrar um sonho, imaginar fazê-lo ao ir para a cama na noite anterior.
Ensaiar mentalmente a ideia de acordar de manhã com um sonho e anotá -lo é uma auto-
sugestã o eficaz. Para muitas pessoas, essas dicas sã o suficientes para trazer à memó ria
seus sonhos.

Se você nã o teve tanta sorte, eu também nã o tive. Tive de me esforçar e estudar muito
para aprender a lembrar dos meus sonhos. Ainda nã o me lembro regularmente de sonhos
sem motivaçã o ou esforço. Aprendi que é importante distinguir entre a capacidade de
lembrar dos sonhos, que pode ser inata ou aprendida, mas nã o necessariamente usada, e a
motivaçã o para lembrar dos sonhos, que pode variar de um dia para o outro. Somente se
uma pessoa faz um esforço persistente para recordar os sonhos, e ainda assim falha, pode-
se concluir que pode haver algum problema - seja uma falta de habilidade desenvolvida ou
um "bloqueio" emocional.

Se você tem problemas para se lembrar dos sonhos, aqui está meu “teste de esforço” para
ajudá -lo a determinar se é a habilidade ou motivaçã o que pode estar faltando. Assuma o
compromisso de que, por sete dias, você fará o seguinte: Tenha um bloco e um lá pis ao
lado da cama. Ao acordar pela manhã , permaneça quieto com os olhos fechados por pelo
menos dois minutos. Durante esse tempo, simplesmente espere para ver se alguma
lembrança de sonho vem a você. Entã o, sem sair da cama, escreva em seu bloco tudo o que

76
vier à sua mente, quer você se lembre de um sonho ou nã o. Escreva quaisquer sentimentos
ou pensamentos que passaram por sua mente quando você acordou. Escreva pelo menos
uma pá gina inteira de material, mesmo que tenha que inventar. Uma de três coisas
acontecerá : (1) você se lembrará de um sonho e seguirá seu caminho; (2) você completará
fielmente o experimento de sete dias, mas sem recordar o sonho; (3) você nã o conseguirá
concluir o experimento. Se o seu é o segundo resultado e você se sente triste e
desapontado, entã o é uma habilidade que você precisa desenvolver. Se você nã o sente
muito sobre os resultados, ou se o seu é o terceiro resultado, entã o provavelmente você
está bloqueando e eu sugeriria começar a meditaçã o. A meditaçã o é conhecida por
dissolver bloqueios emocionais. Nã o apenas melhora a recordaçã o dos sonhos, mas
aumenta a capacidade de PES, como veremos no pró ximo capítulo.

Portanto, há boas notícias. Se você nã o se lembra dos seus sonhos, aprender como fazê-lo -
seja desenvolvendo a habilidade ou em conjunto com a prá tica da meditaçã o para soltar
quaisquer bloqueios - vai aumentar a sua consciência psíquica. Muito da mesma
sensibilidade interna que envolve aprender a recordar um sonho também está envolvida
na percepçã o psíquica. Ambos exigem aprender como ressoar em alvos invisíveis até que
eles “surjam”. Atribuo o nascimento de minha pró pria consciência psíquica ao
aprendizado de como ficar quieto pela manhã , sendo paciente com minha mente vazia, até
que finalmente apareça a imagem de um sonho. Outro componente da lembrança de
sonhos é aprender a ser lembrado de um sonho no final do dia por algum incidente
“acidental”. Mais uma vez, aprender a ser sensível aos estímulos de fatores invisíveis
(neste caso, um sonho esquecido do qual você está sendo lembrado inconscientemente)
compensa no desenvolvimento da sensibilidade aos sentimentos, imagens e outros
impulsos sutis que muitas vezes sã o a mídia do psíquico impressõ es. Entã o vá em frente.

UM SONHO DE JOURNAL
Manter um diá rio de sonhos é o segundo passo para trabalhar os sonhos para desenvolver
a consciência psíquica. Adquira o há bito de escrever seus sonhos. Essa prá tica nã o apenas
ajudará a convencer seu inconsciente de que você valoriza seus sonhos, mas também o
ajudará a apreciar a dimensã o psíquica dos sonhos.

Lembre-se de que a forma mais comum de experiência psíquica nos sonhos é sonhar com
o futuro. Aprenda uma liçã o com John Dunne. Ele manteve um diá rio de sonhos por vá rios
anos, junto com um diá rio pessoal de eventos e sentimentos durante o dia. Mais tarde, ele
voltou aos dois diá rios e os comparou. Ele encontrou muitos exemplos em que um sonho
continha uma imagem que mais tarde apareceria na vida real. Ele concluiu que era

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igualmente provável que uma imagem em um sonho se baseasse em uma experiência no
futuro ou em uma experiência no passado! Essa descoberta o levou a escrever seu
influente livro An Experiment in Time.

Durante vários anos, mantive diá rios de meus sonhos e experiências diá rias e encontrei o
mesmo padrã o de Dunne. Sem saber na hora do sonho, mais tarde descobri que muitos
dos meus sonhos eram precognitivos. Esses sonhos precognitivos nem sempre eram sobre
o futuro. Alguns eram, é claro, como Cayce afirmou - lembre-se, ele disse que qualquer
coisa importante que venha a acontecer com você será visualizada em um sonho. A
maioria dos meus sonhos premonitó rios era sobre o presente, mas eles se inspiraram em
experiências futuras, muitas vezes triviais, para construir sua histó ria. Se eu nã o tivesse
mantido um diá rio e um diá rio de sonhos, nã o teria notado essas correspondências. Seu
corpo onírico, se necessá rio, pode alcançar o futuro, tã o facilmente quanto pode alcançar o
passado, para localizar as experiências que deseja estudar. Escreva seus sonhos, para que
você nã o perca este exemplo fascinante do alcance infinito da mente.

INTERPRETANDO SONHOS ATRAVÉS DA SINTONIA


O que primeiro me atraiu a estudar Cayce foi sua convicçã o de que as pessoas poderiam
aprender a interpretar seus pró prios sonhos. Na época em que ele disse isso, era uma
ideia rara. Ao longo da histó ria, a interpretaçã o dos sonhos foi relegada aos especialistas.
Muito antes de o interesse pelos sonhos se tornar parte do “movimento do potencial
humano”, Cayce incentivava as pessoas a aprenderem a interpretar seus pró prios sonhos.
Ele argumentou que os símbolos nos sonhos vêm de dentro de nó s e, portanto, somos os
melhores intérpretes de nossos pró prios sonhos. Ele também nos exortou a considerar a
interpretaçã o dos sonhos como um processo, algo em que deveríamos nos envolver por
um período de tempo com os sonhos que tínhamos. Ou seja, em vez de pensar que seus
esforços interpretativos só terã o sucesso se você for capaz de propor “a” interpretaçã o,
perceba que simplesmente o ato de lutar com o sonho tem valor em si mesmo. Por fim, ele
enfatizou a importâ ncia de tentar encontrar algo a partir de seus esforços interpretativos
que você possa aplicar, ou experimentar na prá tica, como um experimento para testar sua
compreensã o do sonho. Ele prometeu que nossos sonhos respondem aos nossos esforços
para compreendê-los.

Nosso eu que sonha é como uma pessoa por si só , observando-nos, tentando determinar
nossa atitude em relaçã o a ele. Quando aquele eu sonhador nos vê tentando, ele tenta nos
ajudar apresentando os sonhos novamente, com uma nova reviravolta, tornando certos
símbolos mais fá ceis de entender, corrigindo interpretaçõ es errô neas, conduzindo-nos em

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uma direçã o diferente em termos de nossas aplicaçõ es. Jung chegou perto dessa
orientaçã o quando disse que os sonhos corrigiam nossas tentativas de interpretá -los; mas
ele nã o chegou a sugerir que eles se envolveriam ativamente em nos ajudar a aprender a
interpretá -los. Cayce prometeu que a ajuda estaria à nossa espera, se ao menos
tentá ssemos.

Existem técnicas específicas a serem utilizadas para realizar as mensagens dos seus
sonhos? Cayce ensinou duas ferramentas principais: sintonizaçã o e reconhecimento de
padrõ es.

Para entrar em sintonia com um sonho, medite nele sentando-se calmamente e fazendo do
sonho o mantra ou foco da meditaçã o. Descobri muitas vezes, comigo mesmo e com outras
pessoas, que a seguinte técnica compensa: comece um processo de meditaçã o e depois
peça a um amigo que leia o sonho em voz alta. Quando você ouve o sonho no estado
meditativo, todos os tipos de ideias novas sobre o significado do sonho aparecem
espontaneamente. Enquanto ainda estiver meditando, fale em voz alta todas as idéias que
vierem a você.

Outro nível de sintonia é reviver o sonho em sua imaginaçã o, repetidamente, deixando que
os sentimentos contidos no sonho se infiltrem. Para Cayce, um sonho era uma experiência
que a alma tem enquanto o corpo dorme. A alma guia a mente consciente pelos efeitos
ressonantes da experiência do sonho. O sonho em si, entã o, é a melhor versã o do sonho,
pois, como diz o ditado, "O sonho se realiza". Ou seja, mesmo que o sonho possa se
manifestar como uma série de símbolos e experiências estranhas, é apenas assim que
estamos relembrando a experiência da alma. Se nos sintonizarmos com a histó ria do
sonho conforme a lembramos, a experiência da alma começará a penetrar em nossa
consciência. Como na telepatia ou na clarividência, em que a informaçã o é transferida
quando nos sintonizamos com as vibraçõ es do objeto de conhecimento, o significado de
um sonho é transferido para nó s enquanto nos sintonizamos com o sonho.

Outro nível de sintonia com um sonho é tornar-se um com ele, com cada símbolo. Na
linguagem popular de hoje, isso significa que você mentalmente se torna o símbolo e o
desempenha. Imagine ser a á rvore, o cachorro, a corrida. Como é? Que outras imagens e
pensamentos surgem? Você pode se encontrar envolvido em brincadeiras imaginativas
com elementos do sonho, tendo diá logos, mudando os finais e tornando-se influenciado e
criativamente ativo dentro da histó ria do pró prio sonho. Muitos métodos modernos e
expressivos de interpretaçã o de sonhos podem ser derivados da sugestã o de Cayce de
meditar sobre um sonho.

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PROCURANDO PADRÕES
Aristó teles disse uma vez que, para se tornar um bom intérprete de sonhos, é preciso
aprender a reconhecer "semelhanças". Ver semelhanças significa ser capaz de reconhecer
semelhanças de padrõ es. A principal declaraçã o de Cayce sobre a interpretaçã o dos
sonhos foi "correlacionar essas verdades" do sonho com aquelas encontradas em sua vida.
Ou seja, encontre semelhanças entre os padrõ es do sonho com os padrõ es encontrados na
vida de uma pessoa. Existem muitas maneiras específicas de correlacionar padrõ es.

Considere o sonho como um todo e procure o padrã o da histó ria do sonho. Procure o
“tema” do sonho. Por exemplo, se a cantiga infantil "Maria teve um cordeirinho ..." fosse
um sonho, o padrã o dessa histó ria poderia ser "alguém tem algo que o segue lealmente". O
pró ximo passo é encontrar um padrã o semelhante em sua pró pria vida. Onde na vida
alguém percebeu que há algo que está sempre lá , acompanhando? A sombra de alguém? O
que mais?

Examine os padrõ es inerentes aos símbolos específicos. Para começar, você pode tentar
localizar a origem dos símbolos. Por exemplo, a imagem é uma memó ria da infâ ncia? Algo
da experiência de ontem? Assemelha-se a algo em que você estava pensando, uma
preocupaçã o ou preocupaçã o? A imagem lembra você de um processo corporal - digestã o,
eliminaçã o, transmissã o nervosa? O encanamento e a fiaçã o elétrica em uma casa muitas
vezes podem ser comparados ao funcionamento do corpo. A imagem lembra você de algo
de sua formaçã o religiosa? A religiã o é uma fonte mais frequente de simbolismo onírico do
que geralmente se suspeita, mesmo entre pessoas que nã o se consideram "religiosas".
Finalmente, a fonte do símbolo pode estar dentro da consciência universal, pode ser o que
é chamado de símbolo universal. Na cançã o infantil “Maria tinha um cordeirinho ...” o
cordeiro poderia se referir a Jesus. Ele está sempre lá , esperando para ser chamado,
muitas vezes negligenciado ou sacrificado em favor de algum objetivo de conveniência, da
mesma forma que muitas vezes ignoramos nosso eu interior real em favor de uma boa
aparência ou estar à altura.

A ideia de que você talvez precise estudar e aprender sobre os símbolos universais nã o
deve desencorajá -lo. Embora ajude a ler amplamente na literatura simbó lica do mundo,
realmente nã o é necessá rio. Na verdade, fazer isso muitas vezes anula o propó sito,
especialmente se esse tipo de aprendizado através dos livros o tenta a interpretar
símbolos de cor. Se símbolos universais podem aparecer espontaneamente em seus
sonhos, independentemente de você os ter encontrado em sua vida, entã o também deve
ser verdade que você pode compreender espontaneamente o significado do símbolo sem
fazer uma leitura especial. Muitas vezes, quando uma pessoa tem um sonho com um
símbolo universal e se torna uma com ele, interpretando esse símbolo por um tempo,

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alguma parte do entendimento universal que está contido no símbolo irá filtrar para a
consciência da pessoa. A natureza universal do símbolo padronizará a imaginaçã o da
pessoa conforme o desempenho do papel prossegue. Os sonhos sã o um recurso completo.
De acordo com Cayce, tudo o que você precisa fazer é sintonizar-se com eles, experimentar
suas ideias na prá tica e o significado dos símbolos será dado.

TESTE SUA INTERPRETAÇÃO NA APLICAÇÃO

Cayce propô s que, se você desenvolvesse pelo menos algum tipo de interpretaçã o de seu
sonho e aplicasse esse insight da melhor maneira possível, os sonhos subsequentes seriam
mais fá ceis de entender e o ajudariam a modificar seu insight para uma melhor
compreensã o da verdade. Tive a chance de testar essa hipó tese com um grupo de
duzentos A.R.E. membros que participaram de um experimento de vinte e oito dias sobre
como buscar orientaçã o nos sonhos. Cada um dos participantes tentou resolver um
problema pessoal desenvolvendo uma soluçã o a partir de seus sonhos, seguindo o formato
do meu programa de autoajuda, The Dream Quest Workbook. O programa os ajudou a
desenvolver ideias específicas a partir de seus sonhos sobre as etapas em direçã o a uma
soluçã o para o problema escolhido. Eles mantiveram registros diá rios sobre vá rios
aspectos de seu comportamento durante o projeto. Esses registros mediam a quantidade
de recordaçõ es de sonhos; como eram fá ceis de entender esses sonhos sem trabalho
interpretativo; quanto tempo foi gasto em meditaçã o; e quanto esforço foi dado para
aplicar uma visã o onírica à soluçã o de seu problema pessoal. No final do estudo, usamos
esses registros diá rios para fornecer uma aná lise estatística dos padrõ es de
comportamento. A aná lise confirmou uma descoberta de um estudo anterior: havia mais
recordaçõ es de sonhos nas manhã s apó s um dia que incluía meditaçã o do que nos dias
seguintes que nã o incluíam meditaçã o. A meditaçã o, como mencionamos anteriormente,
ajuda a recordar os sonhos. Com relaçã o aos pró prios sonhos, entretanto, e como eram
fá ceis de entender, a meditaçã o nã o teve muito efeito! Os sonhos que se seguiram a dias
que incluíram atividades destinadas a aplicar percepçõ es de sonhos anteriores foram
considerados muito mais claros em seu significado do que os sonhos que se seguiram a
dias que nã o incluíram tentativas de aplicaçã o.

Aprender a entender os sonhos procede como ciência: teste suas ideias com experimentos
e você obterá insights, muitas vezes em lugares inesperados!

SONHAR COM UM PROPÓSITO: INCUBAÇÃO DOS SONHOS

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No estudo que acabamos de descrever, os participantes estavam praticando uma forma de
“incubaçã o de sonhos” - preparando-se ativamente para ter sonhos que atendessem à s
suas necessidades. Eles encontraram respostas para perguntas e soluçõ es para problemas
engajando-se em um ciclo repetido de incubaçã o de sonhos, interpretaçã o de sonhos e
aplicaçã o da interpretaçã o.

Os sonhos falam à s nossas necessidades e, à s vezes, também à s nossas intençõ es


específicas. Eles fazem isso quer nó s pedimos ou nã o; mas quando pedimos, podemos
acelerar o processo de nos tornarmos mais familiarizados com os sonhos. É comum que
alguém leia sobre um fenô meno onírico apenas para ver o mesmo fenô meno ocorrer em
um sonho posterior. A pessoa queria uma experiência pessoal e seus sonhos
proporcionaram uma! Esse é um processo de incubaçã o de sonhos nã o intencional ou
inconsciente. Incubar um sonho é plantar uma semente sobre um sonho, permitindo que
ele se transforme em uma experiência onírica real.

A incubaçã o intencional de sonhos envolve pedir conscientemente por um tipo específico


de sonho ou um sonho sobre um tó pico específico. Cayce frequentemente aconselhava que
"sonhamos com um propó sito!" Esqueça a noçã o popular de que os sonhos sã o gorgolejos
aleató rios ou espasmos mentais involuntá rios. Você deve aprender por experiência
pró pria que os sonhos sã o fontes de orientaçã o. Cayce nos convida a dormir sabendo que
poderíamos ser guiados enquanto dormíamos, portanto, podemos pensar sobre o que
queremos orientaçã o. Em outras palavras, ele sugeriu que olhemos para os sonhos como
um recurso responsivo e, portanto, que abordemos esse recurso com premeditaçã o e
preparaçã o. Essa é a incubaçã o de sonhos.

Existem muitas maneiras de praticar a incubaçã o de sonhos. A maneira como você passa o
dia, o que ocupa sua mente e onde seus interesses sã o mais intensamente ativados terã o
grande influência em seus sonhos. Os sonhos também tendem a concluir “negó cios
inacabados” e tarefas incompletas. É possível incubar um sonho sem nenhuma técnica
específica, mas simplesmente pensando no propó sito de sonhar o dia todo. Envolva-se em
atividades pertinentes a esse propó sito.

Minha esposa, por exemplo, sonhou com a casa que deveríamos comprar antes de
encontrá -la. Como ela incubou esse sonho? Como qualquer outra pessoa, elaboramos uma
lista das qualidades que desejá vamos em uma casa. Examinamos os anú ncios imobiliá rios.
Nó s dirigimos pela cidade olhando casas e conversando sobre onde gostaríamos de morar
e a importâ ncia de uma casa para as necessidades de nossa família. Na manhã em que
iríamos nos encontrar com um corretor de imó veis, porém, minha esposa acordou com o
sonho de uma determinada casa. Ela retratou muitos detalhes da casa e mostrou que ela
estava localizada à beira-mar. Quando a agente nos levou para ver as casas, a primeira

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casa que ela nos mostrou nã o parecia muito vista de fora. Por dentro, no entanto, era
exatamente como o sonho da minha esposa. Olhando pela janela traseira, descobrimos que
o quintal ficava na margem de um lago! Ficamos surpresos com a correspondência
misteriosa. No sonho, éramos felizes nesta casa. Decidimos nos esforçar financeiramente e
comprá -lo. Dez anos antes, Jim Turrell me inspirou ao localizar seu estú dio por meio de
um sonho, e agora minha esposa havia canalizado uma bênçã o semelhante para nossa
família. Aqui, um sonho precognitivo era incubado simplesmente por açõ es normais
destinadas a tentar alcançar um objetivo importante.

Outra maneira de incubar um sonho é passar um tempo antes de ir para a cama


escrevendo em seu diá rio de sonhos para desenvolver um foco específico para o sonho.
Em Living Your Dreams, Gayle Delaney sugere que você escreva sobre sua pergunta até
que seja capaz de desenvolver uma versã o de “uma linha” que vá direto ao cerne do que
você precisa saber. Ao adormecer, repita mentalmente esta frase de incubaçã o do sonho,
indefinidamente. Pode muito bem levar a um sonho sobre essa questã o. Foi descoberto no
laborató rio de sonhos que aquilo em que uma pessoa está pensando ao adormecer
freqü entemente aparece em sonhos naquela noite. Quer você repita especificamente uma
pergunta formulada de maneira especial ou se encontre preocupado com a sua pergunta
por causa de seus esforços durante o dia, tenderá a sonhar com o que realmente está em
sua mente.

Cayce nos lembra que os sonhos podem nos levar a qualquer regiã o da vida que desejemos
explorar, desde que durante o dia estejamos fazendo esforços iguais nessa direçã o.
Parafraseando a lei da correspondência: "Como acordado, tã o adormecido, é o que está em
sua mente que conta!" Mas, quer você pretenda ou nã o, as probabilidades estatísticas sã o
de que você aprenderá sobre suas habilidades psíquicas primeiro em um sonho.

6
MEDITAÇÃO: SINTONIA COM A UNIDADE

83
A meditaçã o é o esvaziamento do eu de tudo o que impede as forças criativas de se
elevarem ao longo dos canais naturais do homem físico para se disseminar por meio
daqueles centros e fontes que criam as atividades do homem físico, mental e espiritual.

EDGAR CAYCE

A telepatia e a clarividência nã o sã o o objetivo da prá tica do Yoga. Eles sã o subprodutos


dessa prá tica.

A consciência có smica e a penetraçã o universal sã o a natureza inerente da mente. A mente


individual nã o sente sua forma có smica por causa das impurezas. É somente quando essas
impurezas sã o removidas que a mente começa a sentir a penetraçã o có smica. Essa pureza
é alcançada somente por meio da prá tica da meditaçã o e contemplaçã o de acordo com o
sistema clá ssico de Yoga.

PATANJALI

SEMPRE QUE PATANJALI COMPILOU os Ioga Sutras no segundo país a.C., sabe-se que um
dos efeitos colaterais da meditaçã o regular é o aparecimento de siddhis, ou poderes
paranormais especiais. Nos anos que se seguiram, a meditaçã o provavelmente se tornou a
prá tica mais conceituada para o desenvolvimento da consciência psíquica. O conselho de
Patanjali sobre os poderes paranormais - ignore-os, porque eles sã o uma distraçã o para o
verdadeiro objetivo da meditaçã o - também sobreviveu como sabedoria comum. Quando
as pessoas vinham a Cayce descrevendo todos os tipos de fenô menos que ocorriam
durante a meditaçã o - experiências fora do corpo, ouvir a mú sica das esferas, comunicar-
se com os mortos e assim por diante - seu conselho era geralmente deixar passar e
retornar ao seu foco meditativo.

Se o objetivo é a uniã o consciente com o infinito, a meditaçã o é o modelo mais sucinto que
temos para o desenvolvimento da percepçã o psíquica consciente. A meditaçã o foi
comparada à arte de morrer. É a prá tica de abandonar o mundo físico, de abandonar a
identificaçã o com o corpo. É uma forma de convidar conscientemente, lenta e
naturalmente, uma experiência de quase morte. Uma pessoa transformada por uma
experiência de quase morte muitas vezes descobre que a consciência psíquica é uma
expressã o natural da sensaçã o de Unidade com a vida. É necessá rio abandonar as velhas
concepçõ es de si mesmo e crescer espiritualmente para lidar graciosamente com o
desenvolvimento da consciência psíquica. A meditaçã o organiza o desenvolvimento
espiritual em uma sequência harmoniosa, facilitando assim a transiçã o da identificaçã o

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com um corpo finito para a aceitaçã o de uma consciência infinita. Em outras palavras, se
você deseja se tornar um médium graciosamente, deixe que isso cresça a partir da prá tica
da meditaçã o. Este é o conselho quase universal dado por professores espirituais.

MEDITAÇÃO E ESP: AS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

Como sabemos que PES é intensificado pela meditaçã o? Temos evidências laboratoriais.
Em uma pesquisa de dezesseis testes experimentais, Charles Honorton, agora do
Princeton Psychophysical Laboratory, relatou que nove desses experimentos forneceram
evidências positivas para o aprimoramento de PES pela meditaçã o. Ele calculou que a
probabilidade de tais resultados consistentes acontecerem por acaso é de 1 trilhã o contra
dezesseis! Boas chances em favor da meditaçã o. Vamos examinar alguns desses estudos.

O primeiro experimento científico foi realizado por Gertrude Schmeidler, do City College
de Nova York. Ela inicialmente pediu aos alunos que tentassem adivinhar a identidade dos
cartõ es ESP. Os resultados do ESP foram ruins. Esse teste foi seguido por um breve
exercício de meditaçã o ioga. Quando ela retestou a classe com os cartõ es PES, os alunos
foram duas vezes mais precisos do que antes e mostraram um efeito PES significativo. Seu
experimento simples mostrou que mesmo um breve período de meditaçã o melhora a
percepçã o psíquica.

Em contraste com esse experimento simples, um dos estudos mais ambiciosos do efeito da
meditaçã o sobre PES foi conduzido por Karlis Osis e Edwin Bokert, da American Society
for Psychical Research. Em vez de empregar novatos que nunca meditaram, eles
empregaram pessoas que eram meditadores experientes de uma variedade de disciplinas
- meditaçã o transcendental (MT), Zen e assim por diante. Neste estudo, os meditadores se
reuniam uma vez por semana para sessõ es de duas horas. Essas reuniõ es duraram seis
meses, de modo que o estudo baseou-se nã o apenas em uma, mas em vinte e cinco sessõ es
repetidas. Em cada reuniã o, havia um período de meditaçã o de trinta minutos. Depois, eles
responderam a um questioná rio sobre o que aconteceu durante a meditaçã o. Em seguida,
os pesquisadores realizaram dois testes ESP.

O primeiro teste foi bastante incomum. Imagine isso do ponto de vista do assunto. Você
está com os olhos vendados. À sua frente está algo parecido com um tabuleiro de xadrez,
com cinco linhas e cinco colunas, totalizando vinte e cinco quadrados. Os quadrados sã o
gravados para que você possa senti-los com os dedos. É -lhe dito que existe um quadrado
“correto” para escolher. Você é solicitado a “tatear” até o quadrado correto e colocar o

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dedo lá para sinalizar sua escolha. Enquanto isso, uma câ mera de TV tira uma foto em
close de sua mã o no quadro de adivinhaçã o, que é retransmitida aos olhos atentos de uma
pessoa em outra sala. Na frente dessa pessoa está um tabuleiro semelhante, com uma peça
vermelha na casa “correta”. Embora você nã o possa ouvir ou ver nada, essa pessoa está
"treinando" você, tentando incentivá -lo a escolher o quadrado correto.

O segundo teste foi semelhante ao usado nos experimentos de telepatia dos sonhos de
Maimonides. A diferença era que o sujeito, em vez de estar dormindo e sonhando, era
solicitado a relaxar e focar em pensamentos e imagens. Enquanto isso, em outra sala, o
remetente escolheu uma imagem ao acaso para transmitir telepaticamente. As impressõ es
do sujeito foram registradas literalmente. Posteriormente, os juízes tentaram comparar
essas impressõ es com um conjunto de imagens, incluindo aquela que o remetente estava
tentando transmitir.

Os indivíduos demonstraram evidências positivas de PES em ambos os testes. Dentre as


muitas qualidades da experiência de meditaçã o que foram medidas (grau de relaxamento,
serenidade, concentraçã o, pensamentos intrusos), a mais importante para o
funcionamento de PES foi o fator de “abertura e transcendência” alcançado na meditaçã o.
Se o sujeito indicou que durante a meditaçã o houve um sentimento de se tornar um com o
mundo externo, de se fundir com os outros, de um sentimento de unidade com o grupo, de
mudanças na maneira de vivenciar as coisas, ou de sentimentos de amor, alegria , ou
segurança, entã o aquele sujeito era mais prová vel de dar evidência de PES nos testes.

Este resultado deve soar um sino. No capítulo dois, discutimos o trabalho de LeShan, que
indicou que os sentimentos de Unidade eram característicos do estado de espírito do
psíquico e seus experimentos em treinar pessoas para atingir essa consciência de Unidade
umas com as outras, o que resultou em interaçõ es psíquicas. O estudo de Osis e Bokert
demonstra a mesma conexã o entre a experiência de Unidade e consciência psíquica e que
a meditaçã o é claramente um caminho para essa experiência.

O QUE ACONTECE NA MEDITAÇÃO?


Vamos dar uma olhada em um cientista estudando meditaçã o. No fundo do laborató rio há
uma sala silenciosa e mal iluminada, com uma cadeira confortá vel, bem acolchoada e
ligeiramente recliná vel. Algum equipamento eletrô nico está pró ximo para monitorar o
assunto na cadeira. O cientista instrui o assunto para esta meditaçã o experimental.

“Procure sentar-se em uma posiçã o relativamente ereta, para que sua postura fique
equilibrada. Dessa forma, seu corpo nã o terá que gastar muita energia para mantê-lo de

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pé. Agora feche os olhos e relaxe. Observe que toda vez que seu corpo expira, ele relaxa.
Permita que sua atençã o se concentre na inspiraçã o e na expiraçã o. Cada vez que a
respiraçã o sai, é relaxante. Cada vez que a respiraçã o entrar, deixe-o estar com o
pensamento 'um'. Deixe-se pensar na palavra 'um' cada vez que a respiraçã o entrar. Nã o
faça nenhum esforço, mas simplesmente deixe sua mente pensar 'um' a cada inspiraçã o,
como um pensamento automá tico. Sua mente vai vagar. Isso é natural. Sempre que você
descobrir que sua mente está divagando, volte suavemente o foco para a respiraçã o,
pensando a palavra 'um' a cada respiraçã o.

“Apenas continue fazendo isso agora. No final do período de meditaçã o, informarei que é
hora de parar. ”

Com essas instruçõ es simples, o cientista “iniciou” o sujeito no que foi chamado de
“meditaçã o clinicamente padronizada”, desenvolvida por Patricia Car-rington, da
Universidade de Princeton. É um tipo de meditaçã o genérica, baseada em elementos
comuns à s vá rias escolas de meditaçã o. Ele incorpora o foco na respiraçã o, como na
meditaçã o Zen, bem como o foco mental repetitivo (a palavra “um”), ou mantra, como
usado na Meditaçã o Transcendental. O uso dessa forma padronizada de meditaçã o torna
mais fá cil para os cientistas coordenarem seus esforços de pesquisa. Agora vamos para a
sala de monitoramento e ver o que o cientista observa sobre a meditaçã o do sujeito.

Os fios que saem dos monitores presos ao corpo do sujeito culminam em vá rios
mostradores e medidores na sala de observaçã o. Um computador mantém registro de
todas as leituras. Há muitos sinais de que o assunto está relaxando. A frequência cardíaca
está diminuindo e a pressã o arterial está caindo um pouco. A respiraçã o desacelerou para
um ritmo regular. A aná lise do sangue do sujeito mostra mudanças na química corporal,
indicando que a taxa de metabolismo está caindo.

O relató rio das ondas cerebrais está começando a mostrar a presença do ritmo alfa, uma
onda suave de cerca de dez ciclos por segundo. Ele vem e vai, alternando com a onda beta
mais típica, uma onda tensa, confusa e irregular associada ao pensamento normal ao
acordar. Gradualmente, a onda alfa está se tornando o padrã o predominante. Primeiro em
um lado do cérebro e agora em ambos. O relató rio alfa dos dois lados do cérebro entã o
começa a mostrar sinais de sincronizaçã o conforme as duas ondas se movem para cima e
para baixo juntas, em harmonia lenta e constante.

Estamos testemunhando o padrã o típico de mudanças fisioló gicas durante a meditaçã o. A


imagem é de acalmar, desacelerar e simplificar. É como se colocá ssemos areia em um copo
de á gua, mexêssemos e permitíssemos que gradualmente se assentasse e clareasse. O que

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mais pode estar acontecendo? Vamos ouvir enquanto o cientista pergunta ao sujeito como
era meditar, o que aconteceu por dentro:

“Foi muito relaxante”, responde o sujeito. “Eu estava realmente meditando por vinte
minutos? Eu pensei que apenas alguns minutos se passaram. Foi estranho no começo. Eu
estava totalmente ciente da minha respiraçã o e meu coraçã o parecia estar batendo muito
alto. Eu podia sentir meu pulso em todo o meu corpo.

“No início foi fá cil me concentrar na minha respiraçã o, mas logo minha mente começou a
ficar bem ativa. Eu iria pegá -lo e voltar à minha respiraçã o, mas tinha que fazer isso
repetidamente. Eu nã o acho que minha mente nunca parou, mas depois de um tempo,
parecia diferente. Como se os pensamentos estivessem em outro lugar, eu acho, porque
parecia que eu simplesmente nã o prestei atençã o neles. Foi tã o tranquilo estar com a
minha respiraçã o.

“Quase parecia que a pró pria respiraçã o dizia 'um', porque era muito automá tica. Era
como se eu estivesse ouvindo a palavra 'um', e nã o realmente pensando nisso. A palavra
parecia mudar também, à s vezes suave, depois alta, perto, longe, muito grande, depois
muito pequena, e à s vezes parecia que eram outras palavras, como 'ganhei' ou 'un'. de
repente, você me sinalizou e percebi que estava meditando. Acho que esqueci onde estava.

O sujeito mencionou que depois de um tempo, a palavra em foco, “um”, começou a mudar.
Os psicó logos que estudaram a meditaçã o notaram que a meditaçã o tem um efeito
dramá tico na atençã o e na percepçã o. O sujeito é removido da maioria dos estímulos
externos, como na privaçã o sensorial. O foco interno é repetitivo, previsível - vamos
encarar, é chato. A mente consciente está acostumada a ter coisas diferentes para cuidar e,
quando precisa se concentrar na mesma coisa repetidamente, começa a inventar
mudanças na maneira como a experimenta. Observe também que o sujeito disse que os
pensamentos nunca pararam, mas depois de um tempo eles foram simplesmente
ignorados. Eles nã o evocavam mais uma reaçã o. Depois de um tempo, a mente nã o
responde mais; ele apenas fica lá .

Lembra-se do exercício no capítulo dois, onde você se concentrou em uma palavra ou


imagem e nã o a deixou mudar? Lembra como sua mente vagou, como a imagem mudou?
Entã o você notou uma consciência de fundo que era simplesmente uma testemunha.
Talvez com essa experiência você possa apreciar algo do que acontece na consciência
durante a meditaçã o. A tendência natural de nossa mente de ter algo divertido para fazer
fica frustrada durante a meditaçã o. A repetitividade do procedimento meditativo afasta a
mente de seu “vício” para a sensaçã o. Ele passa por uma “retirada” e, entã o, gradual e

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sutilmente, torna-se insensível. Mais precisamente, a consciência se separa de seu apego
ao que está na consciência. Na meditaçã o, como no sono, a mente consciente é retirada ou
posta de lado, pois é privada de suas sensaçõ es necessá rias. Se o meditador nã o adormece,
entã o a consciência se torna purificada, nua e visível para si mesma como uma presença
pró pria. Essa qualidade de presença pode estar em qualquer lugar e em qualquer lugar ao
mesmo tempo. Aqui está o início da experiência meditativa da Unidade que despertará a
consciência psíquica.

A IMAGINAÇÃO DO MEDITADOR
O que mais acontece na meditaçã o? Para descobrir, teríamos de perguntar aos mestres,
pois a ciência nã o se aventurou muito além do que acaba de ser descrito. Cayce afirma que
o que mais acontece depende do propó sito que cada um traz para a meditaçã o. A pesquisa
concordaria com Cayce que o que acontece na meditaçã o nã o é totalmente determinado
pela técnica, mas também pela intençã o e expectativa. Mestres de vá rias tradiçõ es trazem
propó sitos expressos na linguagem dessa tradiçã o. Essa tradiçã o molda a imaginaçã o do
meditador. Conforme explicado no capítulo três, a imaginaçã o é o aspecto padronizador
da mente. A imagem da meditaçã o determina o padrã o vibracional que rege a meditaçã o.

Algumas tradiçõ es enfatizam o desenvolvimento da liberdade na consciência. À medida


que a atençã o é libertada do apego à sensaçã o, a atençã o pode se voltar sobre si mesma. A
consciência é libertada do corpo e deixa o corpo para trá s em sua exploraçã o de níveis
superiores de consciência espiritual. Ao perceber a liberdade da experiência sensorial do
corpo, transcendemos a morte, pois a vida nã o é mais equiparada ao apego a um corpo. A
psicologia do Yoga de Patanjali é um bom exemplo dessa abordagem.

Outras tradiçõ es enfatizam a espiritualizaçã o do pró prio corpo. À medida que alcançamos
estados superiores de consciência, essas vibraçõ es elevadas afetam o corpo. À medida que
um pedaço de carvã o é transformado em diamante por uma pressã o intensa e prolongada,
um corpo humano é transformado em um cristal radiante. À medida que cada célula do
corpo atinge a consciência có smica, um novo ser é trazido à existência. A traduçã o de O
Segredo da Flor Dourada de Richard Wilhelm é um bom exemplo dessa abordagem e é
semelhante ao que Cayce imagina que aconteça na meditaçã o.

Os níveis mais profundos de meditaçã o sã o uma funçã o da imaginaçã o espiritual do


meditador - a tradiçã o religiosa ou espiritual que ele traz para a meditaçã o. O papel da
imaginaçã o na meditaçã o foi um tema importante para Cayce. Nã o a imaginaçã o no
sentido de “inventar coisas”, mas como a dimensã o criativa e criadora de padrõ es da
mente. A maneira como imaginamos a meditaçã o afeta a experiência.

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Certa vez, ouvi o pensamento de Cayce sobre este tó pico expresso desta forma: "Se você
acha que meditaçã o é uma questã o de deixar a mente em branco, entã o é isso que você
obterá , uma mente em branco - nada!" A meditaçã o é uma jornada. Se você nã o tem um
destino específico em mente, entã o provavelmente é para onde você irá - se tiver sorte.

UMA VISÃO CLAIRVANTE DE MEDITAÇÃO


É importante perceber que, na meditaçã o, nã o é a mente do meditador que controla a
açã o. Na meditaçã o, nos abrimos para a influência. Se nã o fizéssemos, nã o seria meditaçã o.
A meditaçã o é uma entrega a um poder superior. A que tipo de poder superior podemos
estar nos rendendo? Cayce gostaria que escolhêssemos a fonte de influência que
buscamos. Também existe um efeito psicocinético na meditaçã o - a mente sobre a matéria.
Cayce viu que durante a meditaçã o, as forças psíquicas estimulam o sistema endó crino do
corpo e os centros psíquicos associados. A fonte e o padrã o dessa estimulaçã o sã o
importantes.

Podemos facilmente imaginar, especialmente depois do livro de Whitley Streiber,


Comunhã o, a possibilidade de que seres extraterrestres operem em planos invisíveis de
existência. Por meio do contato telepá tico, eles entram em nossa consciência. Eles querem
experimentar a consciência em corpos humanos. Mais significativamente, por meio dos
poderes de sua mente, com capacidade psicocinética, esses seres operam em nossos
corpos. Eles estã o tentando, sem o nosso conhecimento, fazer mudanças funcionais em
nossos corpos para que possam habitá -los, fundindo-se conosco para formar um novo ser
sintetizado.

Cayce nunca sugeriu que alienígenas de OVNIs tentassem entrar pelos chakras abertos
durante a meditaçã o. Mas ele descreveu casos em que entidades de pessoas falecidas
tentaram entrar no meditador, aproveitando a abertura psicoló gica da pessoa e a
vulnerabilidade dos centros psíquicos. Em Meditation: A Step Beyond with Edgar Cayce,
M. E. Penny Baker descreveu o caso de um homem que começou a meditar sem se
importar com os aspectos espirituais. Ele usou técnicas para abrir os centros, e se viu
sujeito à influência de desencarnados. Gradualmente, uma entidade foi capaz de tomar
posse completa de sua mente e corpo. Quando esses centros psíquicos sã o abertos de
maneira desequilibrada, podem ocorrer distú rbios psíquicos. Aprenderemos mais sobre o
problema desses distú rbios, chamados de crise de Kundalini, em um capítulo posterior.

Usada corretamente, a meditaçã o pode abrir os centros psíquicos de maneira ú til, para
alcançar uma transformaçã o positiva do corpo. As tradiçõ es orientais estruturam a
meditaçã o para garantir que ela progrida de maneira suave e construtiva. O filho de Cayce,

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Hugh Lynn Cayce, e o psicó logo Herbert B. Puryear, ambos meditadores experientes e
estudantes dos ensinamentos de Cayce sobre meditaçã o, consideraram o texto chinês O
Segredo da Flor Dourada uma das melhores fontes orientais sobre os fenô menos de
meditaçã o que Cayce descreveu com sua visã o clarividente.

Surpreendentemente, há também uma tradiçã o ocidental que é um guia potencial para a


abertura construtiva dos centros psíquicos: o livro bíblico do Apocalipse. Cayce
interpretou isso como uma promessa, ou profecia, do que acontecerá a qualquer
meditador. O resultado final é uma transfiguraçã o do corpo e da pessoa do meditador.

A pessoa se torna “realizada em Deus”, pois o corpo e a mente do meditador sã o mudados


para que a consciência de Deus possa habitar a pessoa. Cayce enfatizou, no entanto, que a
pró pria vontade da pessoa é importante para determinar o que acontece durante a
meditaçã o. Para que a consciência de Deus se encarregue da meditaçã o, ao invés de
alguma outra fonte, o meditador precisa estar disposto para que seja esse o caso. A
imaginaçã o do meditador, em sua padronizaçã o criativa das energias psíquicas, é crucial.

IMAGENS EM MEDITAÇÃO
As imagens entram na meditaçã o implicitamente, por causa da tradiçã o, suposiçõ es ou
expectativas de fundo do meditador, ou explicitamente, por causa de técnicas de imagens
específicas usadas na meditaçã o. A meditaçã o é um processo psíquico no qual a energia, as
forças espirituais ou da alma, afetam o funcionamento do corpo. O uso de imagens pela
mente molda como essa energia afetará o corpo. O aspecto criativo da mente,
padronizando as vibraçõ es, determina os resultados.

Na meditaçã o, à medida que a atençã o é focada longe dos sentidos e de volta para a
pró pria mente, o meditador está "elevando o nível das vibraçõ es". Isso significa que o
meditador está menos sintonizado com o nível de vibraçã o sensorial e mais com o nível
mental, que é um passo mais pró ximo do nível de vibraçã o espiritual. “Abandonar” o físico
dá aos níveis mental e espiritual relativamente mais influência no que acontece. O aspecto
imaginativo da mente do meditador, entã o, tem uma influência poderosa sobre como a
energia espiritual se manifesta no físico.

Em Meditation and the Mind of Man, Herbert Puryear e Mark Thurston explicam esse
processo por meio de uma analogia. Considere o fenô meno de um slide fotográ fico
projetado em uma tela. Primeiro, a lâ mpada do projetor fornece a energia; isso é aná logo à
força espiritual. O slide no projetor modela a energia; isso é aná logo à mente imaginativa.
A imagem projetada na tela é o resultado; isso é aná logo à manifestaçã o no nível físico.
Nosso estado normal de vigília pode ser comparado a sentar-se no teatro com todas as

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luzes acesas. A imagem que está sendo projetada na tela aparece apenas fracamente. Uma
vez que podemos ver claramente dentro do teatro, nosso entorno nos afeta quase tanto,
senã o mais, do que o que está sendo mostrado na tela. Mas quando as luzes do teatro se
apagam, a imagem projetada na tela cativa nossa atençã o. E assim, na meditaçã o, quando
os sentidos foram acalmados, as forças espirituais terã o um maior impacto psicocinético
no corpo, e a natureza desse impacto será governada pela imagem escolhida pelo
meditador.

As imagens podem afetar o corpo, como veremos mais tarde, e essas meditaçõ es com
imagens têm efeitos poderosos. Algumas técnicas de meditaçã o envolvem o uso de certas
imagens, em conjunto com exercícios respirató rios, para abrir centros psíquicos
específicos. A abertura de um ú nico centro psíquico pode levar a fenô menos psíquicos
bizarros. A energia psíquica inunda esse centro, com efeitos correspondentes sobre a
glâ ndula associada. A glâ ndula torna-se hiperativa e começa a afetar o resto do sistema
endó crino, que tenta se ajustar ao trauma. A meditaçã o em um centro particular nã o leva
necessariamente a se tornar psíquico, mas em ter fenô menos psíquicos chegando até você!

As tradiçõ es orientais têm exercícios que envolvem visualizaçã o, canto e padrõ es de


respiraçã o, para abrir centros individuais. Essas meditaçõ es podem ser ú teis,
particularmente em conjunto com um praticante treinado de tais métodos, para operar em
á reas de dificuldade na vida de uma pessoa. Cayce indicou que as memó rias cá rmicas sã o
armazenadas nos centros individuais. A abertura dos centros individualmente liberaria a
energia dessas memó rias, de modo que seu efeito sobre a pessoa se tornaria pronunciado.
É por isso que as crises de kundalini à s vezes envolvem estranhas experiências de
"flashback", emoçõ es intensas e efeitos físicos poderosos. Nas mã os de guias
especializados, essas experiências podem se tornar eventos transformadores. Cayce, no
entanto, evitava consistentemente métodos de crescimento que exigiam que uma pessoa
consultasse um especialista e, em vez disso, sugeriu métodos que permitiam que as
pessoas recebessem sua herança espiritual de dentro de si mesmas.

As tradiçõ es orientais também apontam para os perigos da abordagem de um ú nico


chakra e enfatizam que, para fins de desenvolvimento espiritual, é melhor abrir os chakras
como um sistema inteiro, sob a influência dos centros superiores. Para uma abordagem
holística do crescimento espiritual, que é o contexto universalmente recomendado para o
desenvolvimento da consciência psíquica, Cayce recomenda que se tome cuidado na
escolha das imagens que sã o empregadas durante a meditaçã o.

Ele também defende um padrã o de despertar de todo o sistema baseado nos efeitos
naturais de integraçã o dos centros superiores. Como veremos mais tarde, Cayce

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acreditava que a "Oraçã o do Senhor" era uma fó rmula para essa integraçã o de ordem
superior.

Cayce recomendou o uso de uma afirmaçã o durante a meditaçã o, uma frase ou prece
baseada no ideal de que a pessoa desejava governar a meditaçã o. Um ideal se refere a um
padrã o valorizado que é usado como padrã o. O meditador deve escolher uma afirmaçã o
que expressa o padrã o correspondente ao valor mais alto do meditador. Pode ser algo tã o
simples como a palavra "amor". Pode ser um ditado ou uma oraçã o; Cayce deu vá rios de
sua autoria além do Pai Nosso. Ele sugeriu que, para começar a meditaçã o, a pessoa
repetisse a afirmaçã o até que estivesse bem estabelecida em sua mente e, entã o,
simplesmente mantenha o sentimento da afirmaçã o em mente como o foco, permitindo
que a vibraçã o da sensaçã o ressoasse no corpo. Ao sugerir que o meditador sente a ideia
como uma vibraçã o no corpo, Cayce estava se referindo ao processo pelo qual a influência
vibrató ria de um padrã o na mente tem consequências físicas. É um processo de sintonia
com as vibraçõ es da ideia. A imaginaçã o do meditador, no sentido da dimensã o criativa da
mente, dá significado - padrã o e propó sito - ao influxo das forças psíquicas agindo sobre o
corpo durante a meditaçã o. O efeito, afirmou Cayce, foi direto para o que ele chamou de
"forças rotativas" dos á tomos do corpo.

MEDITAÇÃO VIVA
A energia circula pelo corpo durante a meditaçã o. Este efeito de energia, no entanto, nã o
deve ser restrito ao corpo do meditador. Também deve ser permitido circular
externamente na vida do meditador. Sentar em silêncio é, na verdade, apenas metade do
processo de meditaçã o. A outra metade é viver meditativamente. Meditaçã o é prá tica, em
um ambiente mental simplificado, como forma de vida.

Dois componentes principais deste modo de vida sã o a consciência da Unidade e


preocupaçã o desapegada, ou "estar no mundo, mas nã o dele." Ambos os atributos sã o
desenvolvidos na meditaçã o e precisam ser expressos durante o dia para completar o ciclo
de meditaçã o.

O estudo de PES mostrou como os sentimentos de Unidade surgem durante a prá tica da
meditaçã o. Outros estudos mostraram que a prá tica da meditaçã o aumenta a empatia das
pessoas pelos outros. Empatia é uma forma de “ser um com” outra pessoa. Também tem se
mostrado uma base para cooperaçã o e comportamento altruísta. Assim, os sentimentos de
Unidade desenvolvidos no estado meditativo podem ser transportados para a vida
desperta. Se você deseja desenvolver esse estado de espírito em relaçã o à vida, a
meditaçã o pode ajudá -lo.

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Quando nos tornamos um com a vida, sentindo-nos íntimos de tudo o que encontramos,
pode surgir o medo de precisar proteger tudo da mesma forma que queremos proteger
nosso eu individual e separado. Isso pode parecer um fardo. Aceitar a responsabilidade
pelos outros, como se fossem parte de nó s mesmos, mas nã o sentindo a necessidade de
resgatá -los, é a atitude de preocupaçã o desapegada. Combina cuidado com desapego.
Quando nos sentamos em meditaçã o, nossos cuidados sã o expressos nos pensamentos
que pensamos, mas os deixamos ir. A meditaçã o desenvolve a capacidade de preocupaçã o
imparcial.

Muitos médiuns relatam casos de experiências traumá ticas na infâ ncia. Uma parte de si
mesmo ficou trancada em um mundo interior seguro e protegido. Essa criança interior
tornou-se a base da percepçã o psíquica e, quando consciente, nã o sente limites com as
outras pessoas. No entanto, querendo "fazer tudo certo", essa criança psíquica está
sobrecarregada com os sentimentos de outras pessoas. O perigo de ter ou desenvolver
habilidades psíquicas sem a atitude de preocupaçã o imparcial enfatiza a importâ ncia da
meditaçã o em tornar a transformaçã o em consciência psíquica um desenvolvimento
gracioso.

ACEITANDO MEDITAÇÃO
Nã o se deixe intimidar pela descriçã o de Cayce de um padrã o ideal de meditaçã o. Apenas
comece a meditar. A descriçã o da meditaçã o dada ao nosso sujeito imaginá rio é um
conjunto perfeitamente adequado de instruçõ es para você começar. A palavra “um” pode
servir como o ideal, porque pode dar a você a sensaçã o de ser um com o universo
enquanto ele respira através de você. Tal abordagem estará de acordo com os aspectos
mais universais da imaginaçã o espiritual. Nã o se preocupe em fazer "certo", apenas faça.
Tudo o que você pensar enquanto medita (incluindo se perguntar se está meditando da
maneira que deveria) está bem; deixe-o ir e volte a repousar a atençã o na respiraçã o. Bem
dentro de nó s, o conhecimento da meditaçã o existe. O principal obstá culo para “lembrar”
como meditar é trazer a necessidade de perfeiçã o à prá tica da meditaçã o. Tenho visto
muitas pessoas sentadas em meditaçã o com uma sobrancelha enrugada enquanto tentam,
tã o conscienciosamente, fazer isso "certo". É compreensível, pois nossa cultura nos
treinou para abordar quase tudo com uma motivaçã o de realizaçã o. No entanto, querer ser
um "bom" meditador, ou alcançar as experiências associadas à meditaçã o "avançada", é
uma forma sutil de resistência contra a experiência essencial da meditaçã o. A meditaçã o é
essencialmente uma atividade de "ser", nã o de "fazer". É difícil para nó s aceitarmos.

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Aborde a experiência de meditaçã o como uma de rendiçã o ou "desapego". Repouse sua
atençã o em sua respiraçã o e deixe seu Poder Superior, como você imaginar esse Ser
Unitivo, meditar em você. Lembre-se de que as coisas mais importantes que acontecem na
meditaçã o nã o sã o as que você faz, mas as que sã o feitas a você por meio da atividade
psíquica do poder superior. Aceite a meditaçã o como um presente da Criaçã o. Por trá s de
todas as descriçõ es que Cayce e outros deram dos incríveis eventos que esperam por você
na meditaçã o, o ponto principal é que é um presente da criaçã o. Aceite o presente e mais
lhe será dado, muito mais.

7
HIPNOSE: O HIPERESPAÇO DA CONSCIÊNCIA PSÍQUICA

A hipnose é apenas a revelaçã o do subconsciente.

… A hipnose também é a comunicaçã o com os pró prios limites da imaginaçã o e o mundo


desconhecido.

GREGORY

“TODO MUNDO FECHE OS OLHOS, entre em um estado meditativo e me observe.” Essas


instruçõ es aparentemente contraditó rias foram dadas a um grupo de nó s em uma
demonstraçã o de hipnose telepá tica pelo Dr. Carlos Treviñ o, um parapsicó logo e
pesquisador de hipnose na Cidade do México. Ele perguntou ao nosso grupo se alguma vez
havíamos testemunhado uma pessoa saindo do corpo. Ninguém tinha, entã o ele
concordou em demonstrar. Como está vamos todos sentados em círculo, o Dr. Treviñ o
disse que sairia do corpo. Poderíamos tentar observar com os olhos abertos, se
quiséssemos, mas ele disse que veríamos mais se tentá ssemos assistir telepaticamente,
fechando os olhos e observando imagens visuais.

Depois de alguns minutos, o Dr. Treviñ o pediu que abríssemos os olhos e relatá ssemos
nossas experiências. Muitos de nó s nã o “vimos” nada. Duas pessoas, porém, disseram ter
tido a impressã o de que o Dr. Treviñ o havia se levantado da cadeira e se encaminhado
para o outro lado do grupo. No relató rio deles, ele se levantou de sua cadeira, mudou-se
para o centro do grupo e perguntou: "Para onde eu fui?"

Os dois observadores direcionaram o Dr. Treviñ o em minha direçã o. "Por aqui?" ele
perguntou. "Algo mais?"

95
Um dos observadores - minha esposa - indicou que teve a impressã o de que o Dr. Treviñ o
se inclinou sobre mim. Ele se ajoelhou ao meu lado, colocou a mã o no meu braço e me
perguntou: "Você sentiu alguma coisa?" Assegurei-lhe que nã o.

"Você sente alguma coisa agora?" ele perguntou. Eu disse que nã o, mas ele repetiu a
pergunta. Fiquei um tanto confuso. Ele olhou para o meu braço e meu olhar seguiu o dele.
Novamente ele perguntou: "Você sente alguma coisa agora?"

As pessoas do grupo começaram a rir. Eu ainda estava confuso. O que eu deveria estar
sentindo? Ele olhou para meu braço e me perguntou novamente: "Você sente alguma coisa
agora?"

De repente, percebi: ele estava beliscando meu braço, mas eu nã o estava sentindo nada.
Pela aparência da pele comprimida, estava claro que ele estava me beliscando com
bastante força. Ele estalou os dedos e eu soltei um grande "Ai!" Eu podia sentir isso agora.

Ele nos explicou que, ao sair do corpo, “viajou” até mim, me hipnotizou e me deu a
sugestã o de que eu nã o sentiria nada em meu braço. Um estalar de dedos foi o sinal para
remover a sugestã o hipnó tica. Ele descreveu esse fenô meno como um exemplo de hipnose
"telepá tica" ou a induçã o de hipnose "à distâ ncia".

No entanto, eu deveria entender sua explicaçã o, o que ainda me lembro é a compreensã o


de que havia sido hipnotizado fora da minha consciência! Em experiências subsequentes
com a hipnose tradicional, usando uma induçã o de transe, descobri que nã o sou
excepcionalmente hipnotizá vel e sou bastante sensível à dor. O sucesso do Dr. Treviñ o em
criar analgesia em mim é um testemunho de suas habilidades de induçã o, telepá ticas ou
nã o.

HIPNOSE E FENÔMENOS PSÍQUICOS


A induçã o hipnó tica por meio da telepatia é um fenô meno pouco conhecido atualmente.
No final dos anos 1800, entretanto, era um assunto de muita discussã o, especialmente na
França, onde era chamado de "sono lú cido". Foi considerado sono porque a personalidade
normal desapareceu e depois ficou sem memó ria do que aconteceu. Era chamado de
lú cido porque a pessoa hipnotizada era capaz de falar, andar e adotar comportamentos
normais. No entanto, esse sono lú cido tinha algumas outras características estranhas, que
acabaram por levar à “descoberta” da mente subconsciente e superconsciente. O mais
importante foi a descoberta de que as mentes subconscientes parecem estar em contato
telepá tico umas com as outras.

96
As sugestõ es hipnó ticas nã o precisam ser transmitidas verbalmente à pessoa em sono
lú cido. Um dos primeiros investigadores franceses, Puységur, demonstrou isso pensando
na letra de uma cançã o. A pessoa em transe iria cantá -los simultaneamente. Em suas
demonstraçõ es, ele poderia ajudar um dos observadores a entrar em contato com o
sujeito hipnotizado, e entã o esse observador poderia fazer o sujeito realizar açõ es
simplesmente visualizando a açã o desejada. Pesquisadores posteriores descobriram
fenô menos semelhantes, apelidados de "a comunidade da sensaçã o". Duas pessoas foram
colocadas em relacionamento por ter uma hipnotizada a outra. Quando uma substâ ncia
como uma casca de laranja foi colocada na boca do hipnotizador, o sujeito hipnotizado
experimentou o sabor. Quando o hipnotizador foi beliscado, o sujeito hipnotizado gritou:
"Ai!"

Outros pesquisadores franceses descobriram que todo o procedimento hipnó tico poderia
ser realizado por meio de relacionamento telepá tico. Um caso notá vel foi o de Madame
Léonie, que foi objeto de muitas investigaçõ es. O Dr. Pierre Janet, o famoso pesquisador da
hipnose, "enviava" mentalmente uma sugestã o a Léonie para que ela entrasse em transe e
fizesse alguma coisa. Observadores despachados para sua casa espiaram pelas janelas e
observaram. Ela foi vista adormecendo enquanto estava na sala de estar; em um caso, ela
de repente se vestiu e saiu da casa e foi até a casa da Dra. Janet, mas sem entender o que
estava fazendo lá à quela hora da noite.

O sono lú cido também evidenciou habilidade clarividente. Nas primeiras pesquisas, o


sujeito hipnotizado poderia estar com os olhos vendados e ainda assim ler palavras e
realizar outras tarefas de "ver". Logo, descobriu-se que essa “visã o sem olhos” funcionava
a grandes distâ ncias. Sujeitos hipnotizados podem encontrar objetos perdidos e descrever
eventos que ocorrem em locais remotos. Alguns desses sujeitos foram empregados para
realizar essas tarefas, incluindo localizar crianças perdidas. Essa capacidade foi
denominada "clarividência viajante". Parecia nã o haver limites para esse poder
supersensorial. Tornou-se comum supor que um bom sujeito hipnotizado pudesse ler um
objeto pertencente a um paciente e realizar um diagnó stico médico, prescrever um
tratamento e, em alguns casos, curar telepaticamente a pessoa da doença. Havia médicos
que utilizavam a assistência de videntes para auxiliar no diagnó stico de seus pacientes.
Nesta Idade de Ouro da hipnose, as habilidades psíquicas de Cayce em transe teriam
parecido quase normais.

PROFETAS DE SONO

97
Durante o século 19, os fenô menos psíquicos associados ao transe hipnó tico eram
principalmente estranhezas experimentais estudadas por hipnotizadores. Pessoas que
evidenciaram habilidades psíquicas foram os temas dos hipnotizadores. Na virada do
século, porém, com o advento do espiritualismo, o funcionamento psíquico dos sujeitos
hipnó ticos escapou ao controle dos hipnotizadores e os “médiuns” tornaram-se agentes
livres, prestando serviços e influenciando o desenvolvimento do pensamento espiritual.
Edgar Cayce, o “profeta adormecido”, foi um deles.

Quando criança, Edgar Cayce já havia mostrado sinais de habilidade psíquica. Ele nã o foi
bem na escola e preferiu a companhia de suas pró prias experiências interiores no campo.
A histó ria mais contada diz respeito a como, como resultado de uma visã o, ele descobriu
que podia dormir sobre um livro e acordar com uma memó ria fotográ fica de seu conteú do.
Aos vinte e três anos, ele desenvolveu uma doença estranha que o fez perder a voz. Depois
de repetidos tratamentos por vá rios médicos, ele foi declarado incurá vel.

Um dia, um hipnotizador viajante perguntou se ele poderia tentar uma cura. Sob hipnose,
a voz de Cayce tornou-se normal; mas uma vez fora do transe, sua rouquidã o voltou. Outro
hipnotizador que trabalhou em Cayce teve os mesmos resultados. Ele estava prestes a
desistir quando Cayce, em transe, indicou que queria conduzir sua pró pria sessã o de
hipnose. Um terceiro hipnotizador hipnotizou Cayce e sugeriu que ele poderia ver seu
pró prio corpo com clareza e descreveria o problema em sua garganta. Em resposta a essa
sugestã o, Cayce proferiu o que se tornaria sua linha de abertura de marca registrada para
uma leitura: “Sim, nó s temos o corpo.” Cayce passou a descrever o problema e prescrever
um remédio, que era usar sugestõ es em transe para levar sangue extra para a regiã o da
garganta. O tratamento provou ter apenas efeito de curto prazo; outra sessã o de transe foi
necessá ria para fornecer alívio por mais alguns dias.

Como essas sessõ es de transe eram necessá rias para manter sua garganta saudá vel, Cayce
começou a fazer “leituras” para outras pessoas. Quando seu hipnotizador o colocou em
transe, ele pediu conselhos a Cayce sobre pacientes individuais. Cayce respondeu com
conhecimento e, assim, tornou-se um diagnosticador em transe antes de perceber o que
estava fazendo. Ele ficou apreensivo ao saber o que havia feito, mas foi persuadido pelos
resultados ú teis para outras pessoas.

A histó ria de Cayce ilustra um padrã o comum aos curandeiros psíquicos: (1) ele tinha uma
doença; (2) ele foi guiado a um método de autocura; (3) ele descobriu que seu método
também funcionava para ajudar outras pessoas; e

(4) para manter sua pró pria saú de, ele usou sua descoberta para o benefício de outros. Os
antropó logos notaram esse mesmo padrã o em seu estudo das culturas tradicionais e do

98
xamanismo. A popular biografia Black Elk Speaks, a histó ria de um xamã nativo
americano, é provavelmente a maior responsá vel por despertar o crescente interesse
atual no xamanismo. Um capítulo muito importante na histó ria de Black Elk diz respeito à
sua cura juvenil, que foi guiada por espíritos enquanto Black Elk estava em um estado
alterado de consciência. Já adulto, Black Elk novamente foi vítima de sua doença.

Os espíritos o informaram que ele estava doente porque ele nã o praticou sua visã o
original e ofereceu sua pró pria cura em benefício de outros. Somente praticando seu
método de cura auto-descoberto, Black Elk conseguiu se manter saudá vel.

Via de regra, o xamanismo envolve uma doença iniciá tica e uma autocura (“Médico, cura-
te a ti mesmo”), seguidas do desenvolvimento de uma prá tica de cura. Um xamã
geralmente entra em um estado alterado de consciência, no qual ele pode ver a doença do
paciente dentro de seu contexto espiritual.

Anos antes de Cayce, havia outro profeta adormecido que também se encaixava no padrã o
xamanístico. O livro X + Y = Z, ou The Sleeping Preacher, escrito em 1876 por Walter
Franklin Prince, conta a histó ria da vida fenomenal do reverendo Constantine Blackmon
Sanders, que nasceu no Alabama em 1831. Sanders, ó rfã o aos seis anos, tinha pouco
estudava e mal sabia escrever na época em que entrou para o ministério. Sanders sofria de
“espasmos nervosos”, com dores de cabeça e convulsõ es. Quando eles terminassem, ele
nã o teria nenhuma lembrança do que havia acontecido; no entanto, depois que as
convulsõ es se acalmaram, ele parecia alerta de uma nova maneira, consciente até das
coisas distantes. Nesse estado, ele - ou a entidade que se identificou por meio dele como “X
+ Y = Z” - era um grande descobridor de dinheiro perdido. Ele parecia saber quando as
pessoas morriam, podia descrever cenas distantes, escrever em latim e grego, fazer
diagnó sticos clarividentes e fazer prescriçõ es. Sanders ficou constrangido com seus
ataques e com medo, como Cayce havia algum tempo, de que as coisas que ele fizesse
manchariam sua fé cristã . Em 1876, vinte e dois anos apó s o início deste fenô meno, a
entidade X + Y = Z anunciou que se despediria do "caixã o" (termo que costumava referir-
se a Sanders), e as apariçõ es pararam - muito para o alívio do caixã o.

Cayce nã o sabia sobre Sanders, que o precedeu meio século; mas ele foi apresentado a
outro “profeta adormecido”, Andrew Jackson Davis. O bió grafo de Cayce, Thomas Sugrue,
observou que a histó ria de Davis é tã o parecida com a de Cayce que deu a Cayce
"calafrios".

Andrew Jackson Davis nasceu em 1826 em Poughkeepsie, Nova York. Em sua


autobiografia juvenil, The Magic Staff, o chamado “Vidente de Poughkeepsie” descreveu
seu pró prio desenvolvimento em uma época que viu o desenvolvimento do mormonismo,

99
shakerismo e espiritualismo. Ele era um jovem débil, de corpo e mente, mas evidenciava
habilidades psíquicas, ouvindo vozes e tendo visõ es de mortos recentemente. Seus
poderes de clarividência foram evocados por um hipnotizador viajante e depois
desenvolvidos por um praticante local. Em contraste com Cayce, ele nã o tinha vergonha de
suas habilidades e as demonstrou ao pú blico com entusiasmo. No estado hipnó tico, ele
podia ler e ver coisas com os olhos enfaixados. Ele realizou diagnó sticos médicos,
ganhando um diploma de médico e licença aos 60 anos. Ainda assim, com a idade de
dezenove anos, ele já havia começado ditados em transe de tratados espirituais,
conhecidos coletivamente como "A Filosofia Harmonial". Ele via seu trabalho como uma
extensã o do falecido Emmanuel Swedenborg, com quem acreditava estar em contato
divino. Davis também fez profecias. Arthur Conan Doyle, em The History of Spiritualism,
disse que as mais conhecidas foram suas previsõ es sobre o motor de combustã o interna e
seu uso em carruagens sem cavalos e má quinas voadoras, a má quina de escrever, e que o
espiritualismo daria origem a uma nova religiã o.

REPETIR A “EXPERIÊNCIA DE CAYCE”


O dom de clarividência de Eileen Garrett foi descoberto quando ela foi inadvertidamente
colocada em transe ao participar de sua primeira sessã o. Ela entã o desenvolveu
explicitamente sua habilidade por meio do treinamento hipnó tico. Al Miner, um médium
na Fló rida que canaliza a fonte “Lama Sing”, descobriu sua habilidade psíquica como
resultado de uma visita a um hipnotizador. Quando ele saiu de seu transe hipnó tico, ele
nã o tinha nenhuma memó ria da experiência, mas o hipnotizador e os amigos de Al
presentes ficaram chocados. Al teve uma experiência fora do corpo e descreveu os
problemas de uma mulher que ele nã o conhecia, que era amiga de outro homem que
estava presente. Um telefonema verificou as informaçõ es do clarividente. A hipnose
continua a produzir profetas adormecidos.

Essas foram descobertas em grande parte acidentais, mas pesquisas recentes sugeriram
que a hipnose pode, nas circunstâ ncias adequadas, produzir intencionalmente videntes
videntes. Em The Journey Within, Henry Bolduc, um pesquisador de hipnose e terapeuta
de vidas passadas em Independence, Virgínia, conta sobre seu trabalho no que chama de
"repetir o experimento de Cayce". Um ingrediente crítico nesses experimentos foi a
pró pria descriçã o de Cayce do que ele experimentou em seu transe:

Eu me vejo como um minú sculo ponto fora do meu corpo físico, que jaz inerte diante de
mim. Sinto-me oprimido pela escuridã o e sinto uma terrível solidã o. De repente, tenho

100
consciência de um feixe de luz branca. Como este minú sculo ponto, eu me movo para cima
seguindo a luz, sabendo que devo segui-la ou me perderei.

À medida que me movo ao longo desse caminho de luz, gradualmente me torno consciente
dos vá rios níveis nos quais há movimento. Nos primeiros níveis, existem formas vagas e
horríveis, formas grotescas, como as que vemos nos pesadelos. Passando, começam a
aparecer em ambos os lados formas deformadas de seres humanos com alguma parte do
corpo ampliada. Mais uma vez, há uma mudança e me torno consciente das formas
encapuzadas cinza movendo-se para baixo. Gradualmente, eles se tornam mais claros.
Entã o, a direçã o muda e essas formas se movem para cima e a cor das vestes torna-se
rapidamente mais clara. Em seguida, começa a aparecer em ambos os lados contornos
vagos de casas, paredes, á rvores, etc., mas tudo está imó vel. À medida que vou passando,
há mais luz e movimento no que parecem ser cidades e vilas normais. Com o aumento do
movimento, torno-me consciente dos sons, a princípio rumores indistintos, depois mú sica,
risos e canto de pá ssaros. Há cada vez mais luz, as cores ficam muito bonitas e há o som de
uma mú sica maravilhosa. As casas ficam para trá s, à frente há apenas uma mistura de som
e cor. De repente, me deparei com uma sala de registros. É um corredor sem paredes, sem
teto, mas tenho consciência de ver um velho que me entrega um grande livro, um registro
da pessoa sobre a qual busco informaçõ es (nota anexada à leitura de Edgar Cayce nº 294-
19).

Em outras ocasiõ es, Cayce “sentiu-se uma bolha viajando pela á gua para chegar ao lugar
onde sempre obtinha a informaçã o”, segundo registros da A.R.E. biblioteca. Em outro
exemplo, “ele subiu e subiu por uma coluna muito grande; passando por todas as coisas
horríveis sem entrar em contato pessoalmente com elas, e saiu de onde estava a casa dos
registros. Ela, a coluna, girava em torno de uma roda como os rotarianos fizeram. Ele se
sentiu muito seguro viajando assim. ”

Bolduc perguntou: "A descriçã o de Cayce do que ele experimentou ao passar por sua
mudança para um estado de consciência clarividente pode ser usada como um guia para
induzir esse estado psíquico?" A ideia de Bolduc é uma aplicaçã o do princípio da
correspondência e, portanto, baseia-se na ló gica da consciência psíquica. Aqui está o que
ele fez:

Ele começou com Daniel Clay Pugh, um ministro leigo e mecâ nico de automó veis, que
Bolduc havia treinado anteriormente em conduzir sessõ es de hipnose, bem como em auto-
hipnose. A descriçã o de Cayce de seu transe tornou-se o roteiro para as sugestõ es dadas a
Daniel. Depois que Daniel foi hipnotizado, Bolduc sugeriu: “Você se verá como um
minú sculo ponto fora do seu corpo físico, que jaz inerte diante de você”. Essa foi uma
sugestã o fá cil para Daniel seguir. Na sugestã o seguinte, "Você se encontra oprimido pela

101
escuridã o e há uma sensaçã o de solidã o terrível", o rosto de Daniel caiu de tristeza. Daniel
se mostrou receptivo a cada uma das sugestõ es restantes. No final da sequência, ele
recebeu o nome de alguém e foi solicitado a dizer algumas coisas sobre a pessoa. Suas
respostas foram encorajadoras. Cada vez que repetiam o experimento, o corpo de Daniel
parecia mais ajustado à sequência. Ele expressou menos tormento físico durante a
passagem pelas figuras grotescas, e as informaçõ es clarividentes foram mais claras e
precisas. Como resultado, Daniel começou a canalizar o que parecia ser uma consciência
universal chamada "os Eternos". Bolduc relata que Daniel começou a canalizar leituras
para outras pessoas e construiu uma reputaçã o de trabalho preciso e inspirador.

O livro de Bolduc descreve um segundo experimento com uma mulher chamada Eileen
Rota, que finalmente canalizou uma fonte chamada “Pretty Flower”. O relato do processo
pelo qual Pretty Flower trabalhou com Eileen para obter uma entrada mais completa na
consciência é fascinante. No início do trabalho, Eileen, enquanto em transe, indicou a
Bolduc que as imagens de Cayce deveriam ser substituídas por imagens derivadas de seu
pró prio eu: acender uma chama. Quando Bolduc mudou para essa imagem, o trabalho se
acelerou. Isso se assemelha ao desenvolvimento de Cayce - quando ele, em vez do
hipnotizador, foi autorizado a projetar as sugestõ es, o progresso foi finalmente feito.

Uma palavra de cautela é necessá ria, com base em outro experimento de Bolduc. Uma
mulher queria aprender como se tornar um canal. Bolduc pediu que ela trabalhasse com
as preliminares primeiro, para dominar a auto-hipnose e usá -la para o auto-
aperfeiçoamento geral antes de tentar se tornar um canal de transe. Ela estava impaciente,
porém, e fez com que o marido servisse como regente. Ela começou a usar as imagens de
Cayce para entrar em contato com um nível de consciência universal. Ela mostrou sinais
de sucesso moderado, mas começou a sofrer de uma irritaçã o na pele que a forçou a
desistir dos experimentos. Aparentemente, abrir-se para a canalizaçã o desencadeou
problemas nã o resolvidos em seu pró prio ser. O caso é instrutivo e pode servir como um
aviso contra pular de cabeça em tais experimentos. O trabalho de Bolduc minimiza a noçã o
comum de que "destino" ou "seleçã o divina" é necessá ria para o desenvolvimento da
habilidade clarividente. Ao mostrar que é possível seguir uma sequência de imagens
hipnó ticas e produzir clarividência em transe em alguns indivíduos, ele ampliou o padrã o
de consciência psíquica de despertar como "profeta adormecido" para um de
desenvolvimento pessoal intencional.

HIPNOSE EN RAPPORT E TELEPATIA

102
Pesquisas de laborató rio confirmaram que a hipnose melhora a PES. Sujeitos hipnotizados
sã o mais precisos do que sujeitos normalmente conscientes em adivinhar cartas PES e sã o
muito melhores em identificar o conteú do de fotos em envelopes lacrados. Dois
experimentos incomuns envolvendo telepatia na hipnose têm potencial especial para o
desenvolvimento da habilidade psíquica.

Um experimento mostrou como dois sujeitos hipnotizados podem entrar em contato um


com o outro espontaneamente e, assim, demonstrar um efeito telepá tico. Allan
Rechtschaffen, da Universidade de Chicago, pediu a um sujeito hipnotizado que “sonhasse”
com um alvo específico. Em outra sala, um segundo sujeito foi hipnotizado e solicitado
simplesmente a “sonhar”, sem nenhum tema específico sugerido. Em um caso, por
exemplo, o primeiro sujeito foi instruído a sonhar com a imagem de uma queda e nã o ser
capaz de parar. O sujeito sonhou que estava em um prédio alto. Uma garota tocava flauta
no andar de baixo.

Havia um clima de tragédia. O assunto caiu do parapeito de uma janela, caindo lentamente.
Enquanto ele fazia isso, a garota jogou para ele uma laranja e ele um exemplar de The
Waste Land. Entã o o prédio desapareceu. Enquanto isso, o segundo sujeito sonhava em
estar na cidade de Nova York e ouvir mú sica tocando (“Rhapsody in Blue” e “I Can't Get No
Satisfaction,” dos Rolling Stones). De repente, os edifícios desapareceram devido à
Depressã o. Ele bombeou os edifícios com uma bomba de bicicleta, depois saltou em um
pandeiro que se transformou em uma tangerina. Ele entã o se viu flutuando de cabeça para
baixo em um corredor. Os dois sonhos estavam claramente relacionados.

Outro estudo, conduzido por Charles Tart, colocou explicitamente dois sujeitos em
relacionamento. Os fenô menos telepá ticos foram ainda mais fortes do que no estudo de
Rechtschaffen. Tart chamou sua abordagem de “hipnose mú tua”, porque ele treinou o par
para hipnotizar um ao outro. Um sujeito começou hipnotizando o outro. Quando um certo
nível de profundidade de transe foi alcançado, o sujeito hipnotizado deu sugestõ es para o
primeiro sujeito entrar em transe hipnó tico. Tart sugeriu que o primeiro sujeito tivesse
um sonho que criaria um transe ainda mais profundo e que relatasse esse sonho em voz
alta para que o transe do outro sujeito também pudesse ser aprofundado por ele. Eles
trocaram impressõ es em voz alta por apenas um breve período, mas depois ficaram em
silêncio por um longo tempo. Embora eles nã o se comunicassem mais verbalmente, eles
ainda estavam em contato mental. O relacionamento telepá tico foi confirmado depois,
quando eles discutiram suas experiências. Seus “sonhos” hipnó ticos eram bastante
semelhantes. Eles também relataram experiências de “fusã o”, onde seus corpos e
identidades pareciam se sobrepor. Um intenso sentimento de intimidade esteve presente

103
durante essas experiências; continuou apó s os experimentos, à medida que os dois
sujeitos se tornaram amigos.

Tart notou alguns outros efeitos dessas experiências. Cada sujeito agora era capaz de
atingir uma maior profundidade de transe hipnó tico. Cada um deles se tornou mais
confiante como hipnotizador, provavelmente porque o estado hipnó tico se tornou mais
pessoalmente real. A realidade dos "sonhos" hipnó ticos superou a que normalmente se
consegue na hipnose, observou Tart, o que teve um efeito colateral interessante - os dois
sujeitos nã o gostaram da interferência de Tart em suas experiências! Tart descobriu que
seu trabalho anterior com os dois sujeitos, estabelecendo o poder de sua sugestã o para
sair do transe, foi severamente testado durante as ú ltimas sessõ es de hipnose mú tua.
Embora ele tivesse explorado apenas uma gama limitada de possibilidades na hipnose
mú tua, os fenô menos já haviam ido além do controle do experimentador.

APRENDENDO A ENTRAR EM TRANCE


Quando Cayce foi questionado sobre a utilidade da hipnose, sua resposta dependeu de
quem estava perguntando. A julgar por alguns de seus comentá rios, parece que ele estava
de acordo com os hipnotizadores contemporâ neos que reconhecem que a hipnose é uma
ferramenta poderosa, mas neutra, que pode ser usada para o bem ou para o mal.
Personalidades perturbadas ou instá veis podem ser atraídas para a hipnose e usá -la de
maneira infeliz; mas também pode ser usado com bons resultados como um dispositivo
terapêutico ou para desenvolver a consciência psíquica. O valor da hipnose também
depende dos ideais e propó sitos das pessoas que a usam.

Cayce indicou que o transe auto-hipnó tico é uma habilidade que pode ser aprendida com a
prá tica. Em Auto-hipnose: criando seu pró prio destino, Henry Bolduc fornece os detalhes
e integra a perspectiva das leituras de Edgar Cayce. Muitos livros sobre hipnose podem ser
adaptados para fins de auto-hipnose, por meio do uso de fitas de á udio auto-gravadas.
Dessa maneira, você pode se tornar o objeto de uma sessã o de hipnose de sua pró pria
autoria.

No entanto, algumas pessoas podem achar difícil aprender a auto-hipnose por conta
pró pria. A hipnose tem uma certa mística - pode parecer sinistra ou assustadora; existe
alguma preocupaçã o em perder o controle. A hipnose também pode parecer inacessível ou
evasiva. Certamente tem sido difícil para os especialistas definir esse estado de
consciência. Aprender a auto-hipnose sozinho pode, portanto, ser difícil, devido à s
questõ es que ela levanta: “Será que vou ficar bem sozinho? Estou realmente hipnotizado
agora? ” Esse tipo de pergunta nã o conduz à auto-hipnose.

104
Uma opçã o para esse dilema é obter uma sessã o hipnó tica inicial de um hipnotizador
profissional. O hipnotizador pode fornecer uma sensaçã o de segurança para o novato.
Pode ser reconfortante ouvir: "Sim, você realmente foi hipnotizado - essa é a sensaçã o da
hipnose". Um hipnotizador também pode fornecer sugestõ es pó s-hipnó ticas que ajudam a
pessoa a se tornar mais suscetível a auto-sugestõ es.

Outra opçã o é praticar o treinamento autogênico, desenvolvido por uma dupla de médicos
alemã es, Schultz e Luthe, como alternativa ao uso da hipnose para fins médicos. O estado
autogênico se destina a ser auto-induzido, enquanto a hipnose originalmente nã o era. É
uma forma de hipnose “sintética” autoadministrada, que usa os sintomas subjetivos
típicos do transe hipnó tico como base para uma série de auto-sugestõ es. Uma vez que
pede a uma pessoa que aprenda passos específicos e concretos em vez de induzir o
"estado de hipnose", uma pessoa pode aprender a induzir o estado autogênico a partir de
instruçõ es escritas, como as do livro Autogenic Training de Schultz e Luthe.

O treinamento autogênico envolve aprender que seu corpo responderá à s fó rmulas


mentais. Para começar, deite-se relaxado de costas com os braços ao lado do corpo.
Concentre-se em seu braço direito e permita-se senti-lo como "pesado". Ignore quaisquer
sensaçõ es contrá rias e repita para si mesmo: "Meu braço direito está pesado." Nã o faça
nada para tentar "deixar" seu braço pesado. Apenas deixe-o ali e deixe-o ficar pesado
como você o imagina. Requer aprender que você pode permitir que algo aconteça sem que
aconteça. É como aprender a relaxar ou adormecer. Nã o é tanto uma questã o de fazer algo,
mas de deixar algo acontecer, guiado por sua imagem mental.

Apó s cerca de um minuto, pare e observe como seu braço está pesado. Em seguida, mexa
os dedos e deixe a sensaçã o no braço voltar ao normal. Sente-se por um momento e tente
novamente. Faça o exercício por apenas um minuto, depois pare, avalie os resultados,
sente-se momentaneamente e faça-o novamente. Parar apó s um minuto e sentar-se entre
as sessõ es sã o componentes importantes do treinamento. Eles evitam que você se torne
insensível e sem sentido e force os resultados. As pausas também o mantêm concentrado
em aprender a tarefa específica em questã o, que é permitir que seu braço fique pesado
rapidamente em resposta à sua imaginaçã o. Aprender o treinamento autogênico requer
paciência, nã o esforço. Se a sua prá tica lhe causar fadiga, dor ou ranzinza, é melhor parar.

Quando sentir peso no braço direito em um minuto, estenda a prá tica para incluir o braço
esquerdo. Concentre sua fó rmula mental em seu braço direito por nã o mais do que um
minuto e, em seguida, passe diretamente para o braço esquerdo, repetindo a frase: “Meu
braço esquerdo está pesado”. Depois de mais um minuto, pare e avalie as sensaçõ es de
peso em cada braço. Depois que o peso for alcançado em cada braço dentro de um minuto
para cada um, adicione uma terceira fó rmula, “Meus braços estã o pesados”. Pratique essa

105
sequência de três partes até que você possa atingir o peso em ambos os braços em trinta
segundos.

Continue a fó rmula de treinamento, induzindo peso em cada perna e calor em cada braço e
perna. A pró xima etapa é experimentar a respiraçã o passiva, "Isso me respira". Existem
outras fó rmulas, mas as mencionadas sã o suficientes para atingir um estado de transe
equivalente ao obtido na hipnose.

Nesse transe auto-induzido, é fá cil experimentar imagens espontâ neas e devaneios


vívidos. Quando você dá rédea solta à sua imaginaçã o durante esse transe induzido, você
está preparado para a consciência psíquica.

IMAGEM EM TRANCE: RADAR PSÍQUICO


Os sonhos sã o o portal natural para as experiências psíquicas, e a meditaçã o é o método
supremo de desenvolvimento espiritual que abrange a percepçã o psíquica, mas a hipnose
é certamente o estado de espírito que torna a percepçã o psíquica intimamente evidente.
Embora nã o seja a primeira técnica a ser experimentada, e nem para todos, é prová vel
que, se persistir em suas tentativas de desenvolver PES, um dia experimente a hipnose. Se
você começar com uma boa base, com persistência e prá tica, certamente descobrirá o
potencial psíquico daquele estado de consciência antes chamado de “sono lú cido”. Uma
vez que leva você ao limite criativo de sua imaginaçã o, e depois para domínios que você
nem sabia que podia imaginar, a hipnose merece ser chamada de "hiperespaço" da
consciência psíquica.

Parte III
A ALMA DO PSÍQUICO

8
A ALMA HOLOGRÁFICA

106
Toda a minha vida tive consciência de outros tempos e lugares. Tenho consciência de
outras pessoas em mim. Oh, e confie em mim, você também…. Faça uma retrospectiva de
sua infâ ncia e esse senso de consciência de que falo será lembrado como uma experiência
de sua infâ ncia. Você entã o nã o estava fixo, nã o estava cristalizado. Você era plá stico, uma
alma em fluxo, uma consciência e uma identidade em processo de formaçã o - sim, de
formaçã o e esquecimento.

JACK LONDON

A HISTÓ RIA DE JACK LONDON, THE STAR ROVER, sobre um homem que quebra as
barreiras de sua cela de prisã o para viajar psiquicamente para outros tempos e lugares é
ficçã o, mas seu personagem expressa a verdadeira experiência de Edgar Cayce muito bem.
Somos, diz ele, "uma alma em fluxo, uma identidade ... formando e esquecendo." A frase de
Londres, "formando e esquecendo", captura a essência do ponto de vista de Cayce a
respeito do desenvolvimento da consciência - nã o apenas o desenvolvimento da
consciência da pessoa nesta vida, do bebê ao adulto, mas também o desenvolvimento da
alma ao longo de muitas vidas . Precisamos examinar essa dimensã o de nó s mesmos
porque, como diz Cayce, "Psíquico é da alma."

A CRIAÇÃO DE ALMAS
Muitos cientistas acreditam que o universo começou como um buraco negro que explodiu
para fora. Ainda vivemos em um universo em expansã o que é o desdobramento dessa
explosã o. A versã o de Cayce da teoria do "big bang" é que Deus "explodiu" nas almas. Cada
alma foi criada ao mesmo tempo e cada alma é um pedaço de Deus; ou, como Cayce uma
vez disse, cada alma "é um á tomo no corpo de Deus". Deus se expressa como almas com o
propó sito de companheirismo. Cada alma contém uma consciência miniaturizada tanto de
suas origens quanto da totalidade do Criador. Cada um de nó s é uma das almas que foram
criadas no início. Cayce também sustentou que o livro do Gênesis era uma descriçã o vá lida
da criaçã o, contendo sobreposiçõ es de fatos e expressã o simbó lica. Sua visã o da criaçã o
integra a visã o bíblica “criacionista” com a visã o científica “evolucionista”.

Quando as almas foram criadas, de acordo com Cayce, elas receberam o livre arbítrio e
todos os outros atributos de Deus, incluindo a imaginaçã o criativa e o poder de
manifestaçã o. Essa imaginaçã o era a mesma pela qual Deus manifestou a criaçã o, e as
almas empenhadas em uma busca semelhante, para seu pró prio divertimento. Por meio de

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padrõ es criados na imaginaçã o, as almas projetavam sua força psíquica divina em formas
materiais, principalmente com o propó sito de brincar.

À medida que as almas se envolviam mais com a criaçã o material, duas coisas
aconteceram. Primeiro, eles focaram mais energia no nível físico de vibraçã o, misturado
com os padrõ es materiais em evoluçã o na terra, e assumiram formas físicas. Nesse
processo, os corpos humanos evoluíram e gradualmente desenvolveram os cinco sentidos
com os quais interagir com o nível físico do ser. Em segundo lugar, à medida que
prestavam mais atençã o ao nível físico de vibraçã o, sua consciência do nível espiritual
diminuía gradualmente. As almas ficaram hipnotizadas pela realidade sensorial de seus
pró prios corpos e esqueceram sua origem. Assim, as almas ficaram “presas” em corpos,
em uma existência sensorial no planeta. Desde entã o, as almas estã o engajadas no
processo de “ver através”, aprendendo através da interaçã o com o mundo material uma
forma de redescobrir e reivindicar sua herança como almas dos reinos espirituais, como
companheiros e co-criadores com Deus.

O tema de se afastar de Deus, cair na ilusã o da materialidade e buscar um caminho de


volta é universal.

Algumas tradiçõ es nativas americanas incluem uma vaga lembrança das origens em
poderosos seres espaciais e uma certa sensaçã o de se sentir abandonado em corpos
terrestres. A alegoria da caverna de Platã o, do ponto de vista filosó fico, evoca um tema
semelhante. Fala de seres que viveram em um mundo de luz, mas que vagaram tã o longe
na escuridã o de uma caverna que perderam o caminho de volta. Por fim, eles esqueceram
a luz e confundiram as sombras projetadas na caverna pela luz externa com a realidade.

Um paralelo psicoló gico à histó ria de Cayce empresta-lhe outro tipo de validade simbó lica.
Considere o caso da criança solitá ria que cria companheiros imaginá rios à sua pró pria
imagem. Eles nã o sã o apenas criaçõ es de sua imaginaçã o, mas também refletem sua
pró pria personalidade. Cada um é uma subpersonalidade projetada da criança. À s vezes,
os companheiros imaginá rios começam a ter vida pró pria. Eles se tornam autô nomos e
obstinados, têm suas pró prias agendas e querem seu pró prio caminho. Um dia Johnny
anuncia que é “Aileron”. Aileron nega a existência de Johnny e mamã e fica alarmada.
Entã o, outro dia, Johnny se tornou “Jakoda”. Mais uma vez, Jakoda nega a existência de
Johnny. E assim pode ser. É natural para as crianças desenvolverem companheiros
imaginá rios e natural para elas assumirem uma realidade pró pria. É também uma
analogia significativa de como os companheiros imaginá rios de Deus ganharam vida
pró pria. Carl Jung desenvolveu uma concepçã o semelhante da relaçã o entre a imagem de
Deus e a consciência individual, que exploraremos um pouco mais tarde.

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A histó ria de Cayce tem outro paralelo psicoló gico. A psicologia do Yoga tem sustentado
por séculos que a percepçã o consciente tende a se perder e se separar de sua fonte à
medida que é absorvida pelo objeto da percepçã o. A consciência pura se evapora
rapidamente, como se deixasse de existir, enquanto ficamos hipnotizados por aquilo que
estamos atendendo. É necessá rio um ato de rememoraçã o intencional para nos
lembrarmos dessa consciência, mas ela desaparece rapidamente mais uma vez à medida
que nos perdemos no fluxo de pensamentos e experiências. Um dos objetivos da
meditaçã o é nos tornar menos esquecidos dessa fonte de consciência pura, torná -la tã o
real para nó s quanto os objetos de nossa consciência. A alma deve, em certo sentido,
separar-se da materialidade por tempo suficiente para lembrar sua essência como
espírito.

Entre as ferramentas que a alma usa para encontrar seu caminho de volta está a
experiência da dimensionalidade. O tempo e o espaço, segundo Cayce, foram criados como
dimensõ es na consciência para fornecer um playground para a alma trabalhar em sua
sessã o de terapia hipnó tica com a materialidade. Cayce costuma se referir ao "novelo de
tempo e espaço". Esta referência é paralela à s teorias atuais sobre a interdependência
mú tua de tempo e espaço dentro da matemá tica de uma meada de fios. Ele também usa a
frase “projetada sobre a meada de tempo e espaço”, uma referência a uma tela de fundo de
teatro, conhecida como meada, sobre a qual a ilusã o de espaço distante é criada. Cayce vê
o espaço como um meio pelo qual a alma, por meio de seus sentidos, é capaz de manter a
ilusã o de separaçã o de Deus e se prover de uma arena na qual pode encontrar seu
caminho de volta a Deus. É o nosso meio de nos esconder do fato de que estamos dentro
de Deus. Da mesma forma, o tempo é o nosso meio de dar a nó s mesmos um está gio no
qual trabalhar nosso caminho através da materialidade de volta a um relacionamento
consciente com o Criador. Nessa perspectiva, o valor da consciência psíquica, que
transcende o tempo e o espaço, é ajudar a nos despertar para nossa verdadeira natureza e
realidade. É assim que o desenvolvimento - ou mais corretamente, o redespertar - da
percepçã o psíquica desempenha um papel em nosso destino.

O QUE É A ALMA?
Cada alma carrega a marca do Criador. Como tal, tem dentro de si a impressã o do todo.
Pense no que isso pode significar. Se cada alma contém o todo dentro dela, entã o todo o
conhecimento já está contido dentro de cada alma individual. Tendemos a pensar no
funcionamento psíquico como uma façanha extraordiná ria porque parece transcender
nossas categorias de tempo e espaço e o alcance dos sentidos. Mas se a alma é criada à
imagem do Criador, entã o a habilidade psíquica nã o é realmente uma habilidade

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extraordiná ria, mas simplesmente uma manifestaçã o da natureza da alma. Na verdade, é
exatamente isso que Cayce afirma ao dizer: "Psíquico é da alma."

Embora Deus se expresse em almas aparentemente separadas, cada alma, de uma maneira
ú nica, é aná loga à imagem do Criador. Essa visã o da alma é paralela a um tema universal
dentro das tradiçõ es metafísicas e certas tradiçõ es espirituais. Cada alma é como uma joia
na Rede de Joias de Indra, cada uma contendo reflexos do todo. As antigas tradiçõ es
também falam do "homem como modelo do universo". À s vezes, essa ideia é expressa
como "o microcosmo reflete o macrocosmo". É um exemplo do princípio da
correspondência discutido anteriormente. Todas as partes da criaçã o podem ser
encontradas dentro de cada ser humano, e o relacionamento dessas partes é aná logo ao
relacionamento das partes correspondentes dentro da criaçã o. De acordo com essa
abordagem, a alma é o aspecto de um ser humano que existe em correspondência com
todo o universo, com Deus.

A alma crística, de acordo com Cayce, foi criada como padrã o para todas as outras. A alma
Crística nunca se esqueceu de seu relacionamento unitá rio com o Criador, mas
voluntariamente passou pelos ciclos de encarnaçã o, voluntariamente se “perdeu na
materialidade”, para ser capaz de encontrar conscientemente o seu caminho de volta ao
relacionamento consciente com o Criador. Cayce afirma que a consciência de Cristo é
aquela percepçã o - que existe dentro de cada alma, e como um padrã o impresso na mente
- esperando para ser despertado pelo livre arbítrio, da Unidade da alma com Deus. Assim,
embora o Cristo seja uma alma individual, a consciência do Cristo é um padrã o de alma em
cada alma; porque todas as almas, incluindo o Cristo, foram criadas do mesmo molde.

Carl Jung desenvolveu um conceito semelhante de alma. Seu termo para isso foi Self. Ele
usou a letra S maiú scula para distingui-lo do pequeno eu, a personalidade do nosso ego.
Cayce fez a mesma distinçã o, usando a palavra “individualidade” para se referir à s
qualidades da alma. O conceito de Self de Jung refletia a mesma dualidade que o conceito
de alma de Cayce continha. Por outro lado, Jung descreveu o Self como se houvesse apenas
um, o que implica que você e eu éramos cada um, no fundo, o mesmo self. Tecnicamente,
Jung nã o igualou o Eu a Deus. Em vez disso, ele afirmava que o sentido do Ser era nossa
experiência simbó lica de Deus. Ele deu a entender que a imagem do Ser era a impressã o
de Deus na psique humana. Por outro lado, Jung disse que o encontro e a experiência de
cada pessoa com o Ser é ú nico. É tarefa de cada pessoa, acreditava Jung, chegar a um
acordo com o Ser no decorrer da vida. Ele chamou esse processo de “individuaçã o”, pois
implicava que duas pessoas nã o poderiam realmente se envolver nesse processo da
mesma maneira, embora todos descobríssemos que havia questõ es universais a enfrentar.
Jung, portanto, retratou o Self como universal e individual.

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No final de sua vida, Jung chegou a uma visã o semelhante à do material de Cayce a
respeito do destino do Self e seu relacionamento com Deus. Em seu livro provocativo
Answer to Job, Jung resume uma vida inteira de pensamentos e pesquisas, propondo que o
propó sito da consciência humana é ajudar Deus a evoluir. Como Cayce, ele afirma que
Deus se encarnou como humano na pessoa de Cristo. Ele também deu a Cristo status
simbó lico, significando que o Cristo representa um padrã o para reconciliar, ou integrar, a
polaridade na natureza do Self. Ele sentiu que a mandala, uma classe de simbolismo que
envolve um círculo envolvendo um quadrado, é a imagem principal da totalidade do Ser
como consciência de Cristo. Ele encontrou exemplos de imagens de mandala em todas as
religiõ es. Ele interpretou o antigo segredo geométrico sobre como construir um quadrado
de á rea igual a um dado círculo como expressã o do desafio de trazer à manifestaçã o na
terra a perfeiçã o do céu, o mistério expresso pela mandala. Jung viu o destino da
humanidade como a realizaçã o consciente desse arquétipo de totalidade, de modo que
Deus e os seres humanos pudessem existir em consciência mú tua e encarnada.

Dada a natureza radical dessas opiniõ es, é significativo que Jung, que se tornou um dos
pensadores mais influentes dos tempos modernos, tenha chegado a uma teoria - com base
em estudos, pesquisas em psicoterapia e experiência pessoal - que de perto paralelo ao
ponto de vista expresso por Cayce em seu transe psíquico. O pensamento moderno está
seguindo seus passos.

HOLOGRAFIA: FOTOGRAFIA A LASER CRIA UMA NOVA IMAGEM


Assim como os desenvolvimentos na física quâ ntica forneceram ferramentas de
pensamento para conceituar aspectos da percepçã o psíquica, o holograma a laser gerou
muita empolgaçã o por causa das ferramentas de pensamento que forneceu. O holograma
nos dá uma maneira moderna de imaginar como pode ser isso, como os filó sofos e
psicó logos de todos os tempos atestam, se você olhar profundamente em uma pessoa,
poderá encontrar a histó ria de toda a humanidade. Mas isso nã o é tudo. O holograma
também está se tornando um modelo para neurocientistas desenvolverem uma nova
teoria da consciência.

Um feixe de laser é criado pelo uso de um cristal de rubi - um desenvolvimento, aliá s,


previsto por Cayce. O feixe é um raio de luz intensamente focalizado. As ondas de luz
podem ter exatamente a mesma freqü ência, e todas as partículas do feixe de luz sã o feitas
para ondular em uníssono - todas as ondas de luz sobem e descem ao mesmo tempo. O
termo coerente é usado para descrever a qualidade do feixe de luz. A coerência do feixe de
laser é um aspecto crítico da capacidade do laser de criar hologramas.

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Quando um feixe de laser é lançado sobre um objeto, a luz é refletida no objeto em todas
as direçõ es. A fotografia a laser, ou holografia, nã o usa lentes para focar a luz refletida do
objeto que pousa na chapa fotográ fica. Em vez disso, a pró pria fonte de luz, o feixe de
laser, já está focalizado. A luz refletida pode se espalhar na placa holográ fica. A placa
holográ fica resultante parece uma coleçã o sem sentido de redemoinhos. No entanto,
quando um feixe de laser com a mesma frequência que o usado na exposiçã o original é
agora lançado na placa holográ fica, uma imagem tridimensional do objeto original é
projetada no espaço. Você pode examinar esta imagem de todos os lados, para uma
verdadeira visã o tridimensional.

Para ter uma idéia de como o holograma cria essa magia, considere a gravaçã o de som.
Você pode gravar os padrõ es vibracionais complexos de uma orquestra sinfô nica
reduzindo-os a padrõ es de goivas em um disco de plá stico. Quando você passa uma agulha
por essas goivas, todo o som complexo da orquestra sinfô nica é reproduzido. Se a
orquestra for gravada em dois locais simultaneamente e ambos os conjuntos de padrõ es
vibracionais forem reproduzidos, um efeito de profundidade estéreo será criado. No
entanto, conforme você anda pela sala, essa sensaçã o permanece apenas até certo ponto.
Você nã o pode andar para um lugar que soe como o fundo da orquestra, mas apenas um
pouco de um lado para o outro. O mesmo princípio funciona para os padrõ es vibrató rios
de energia luminosa. Imagens 3-D típicas sã o criadas por duas câ meras que fotografam
uma cena de duas perspectivas. Quando essas imagens sã o projetadas em uma tela e
ó culos especiais sã o usados, você pode ter uma ilusã o de profundidade. Em um holograma
a laser, os padrõ es de luz sã o registrados em quase um nú mero infinito de locais, nã o
apenas em dois; o efeito, quando reproduzido e projetado, dá a ilusã o de um objeto
tridimensional no espaço. Parece que está realmente lá . Você pode contorná -lo e vê-lo de
todos os lados. A imagem holográ fica parece real - ela se assemelha aos objetos que
experimentamos no mundo.

O aparentemente má gico tornou-se uma ferramenta de pensamento para a psicologia


transpessoal porque nos fornece um exemplo concreto e material do atributo
paradoxalmente holístico da alma. Ou seja, você pode quebrar a placa holográ fica em
vá rios pedaços e pegar qualquer um deles, direcionar o feixe de laser sobre ele e toda a
imagem tridimensional é novamente projetada no espaço para ser examinada. A ú nica
diferença entre a imagem vista quando projetada de uma placa completa e quando
projetada de um pedaço da placa é que a primeira é mais nítida nos detalhes. Assim, cada
minú sculo pedaço do holograma, embora distinto no padrã o de seu registro, contém uma
versã o funcional da imagem original. Até o holograma, nã o havia contrapartes materiais
da noçã o antiga de que cada pessoa, nã o importa quã o ú nica, é um espelho do cosmos.

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CONSCIÊNCIA CEREBRAL COMO HOLOGRAMA
Ao explicar a percepçã o psíquica, Cayce fez a declaraçã o estranha de que o cérebro é capaz
de "ressoar com vibraçõ es". Você consegue imaginar o cérebro tremendo em resposta aos
sons? Cayce explicou que a consciência nã o está "no" cérebro, mas que o cérebro é um
receptor da consciência, assim como o rá dio é o receptor das ondas de rá dio. Sua teoria da
funçã o cerebral parece estar em desacordo com o que teorizamos sobre como o cérebro
funciona. Temos a tendência de pensar no cérebro como uma massa de fios conduzindo
informaçõ es de um lado para outro. No entanto, as teorias sobre o funcionamento do
cérebro estã o mudando. A holografia forneceu aos neurocientistas um novo modelo. Carl
Pribram, da Universidade de Stanford, agora postula que o cérebro constró i o que
vivenciamos na consciência da mesma forma que um holograma projeta uma imagem no
espaço.

Em vez de pensar no cérebro como o criador da consciência, Pribram acredita que o


cérebro ressoa com vibraçõ es que estã o em uma dimensã o fora do tempo e do espaço,
semelhante à quarta dimensã o das idéias de Cayce e ao campo morfogênico de Sheldrake.
À medida que o cérebro ressoa com essas vibraçõ es, os padrõ es de disparos neurais por
todo o cérebro sã o decodificados, assim como os padrõ es de interferência vibracional
podem ser decodificados. O resultado desses cá lculos de decodificaçã o é a estruturaçã o da
consciência nas imagens e experiências que constituem o conteú do da consciência. O
cérebro nã o cria consciência, mas a interpreta.

Pribram foi levado a essa teoria apó s esforços inú teis para localizar memó rias específicas
no cérebro. Ele descobriu que era possível destruir grandes partes do cérebro sem
destruir a memó ria e concluiu que todas as memó rias pessoais devem ser armazenadas
em todas as partes do cérebro simultaneamente. Quando ele foi apresentado à teoria da
holografia, ele encontrou o modelo que procurava. Ele postula que o cérebro é como um
registro holográ fico maleá vel, capaz de ser momentaneamente impresso, por meio de
ressonâ ncia, com qualquer um dos padrõ es holográ ficos do campo vibrató rio
quadridimensional. O que o cérebro lembra de si mesmo, para distinguir a memó ria
pessoal da transpessoal, sã o os padrõ es pelos quais ressoou no passado. No entanto, é
capaz de ressoar com qualquer padrã o existente na quarta dimensã o e, portanto, é tã o
capaz de experiência telepá tica quanto sensorial. Nossa experiência sensorial do mundo é
a imagem holográ fica projetada pelo padrã o holográ fico atual do cérebro. Com efeito,
Pribram está ecoando a antiga afirmaçã o de que o mundo concreto é ilusó rio, que a
verdadeira realidade consiste em vibraçõ es invisíveis que existem em toda parte, de uma

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só vez. O holograma forneceu uma metá fora tecnoló gica moderna para imaginar essa
concepçã o antiga.

ALMA COMO MEMÓRIA


Um holograma, entã o, é um registro, um conjunto de memó rias. Uma alma é como um
holograma espiritual intangível, mas real. Nã o é apenas uma réplica do todo do qual faz
parte, é uma memó ria, capaz de reconstruir o passado. Cayce falou da alma como
memó ria. Ele se referiu ao “Livro das Lembranças”, aos “Registros Aká shicos” e ao “Salã o
dos Registros” como o domínio onde todas as memó rias sã o armazenadas. Ele indicou que
a alma contém um registro de todas as suas experiências, que a alma é construída a partir
dessas experiências. E ainda, ao mesmo tempo, todas as memó rias sã o “como um”. A
percepçã o universal é a consciência de todas as memó rias da alma.

A histó ria de um indivíduo, contada a partir da memó ria profunda da alma, é a histó ria do
universo. Imaginar a alma como memó ria é apreciar nossa herança comum, nossa
realidade comum na psique. Essa era a visã o de Jung em seu respeito pela natureza
arquetípica da psique. Ele nã o tratou esses arquétipos como idéias ou memó rias herdadas,
mas sim como padrõ es herdados de consciência, baseados em milhares e milhares de anos
de experiência humana. Essa herança, como força padronizadora da memó ria, nã o se
limita nem se localiza principalmente no cérebro; antes, sua fonte é aquele domínio
quadridimensional das forças criativas, o reino da Idéia. Jung, como Cayce, achava que a
melhor descriçã o dessa dimensã o era o padrã o de pensamento. A psique humana é
padronizada por uma herança compartilhada existente nos "éteres" quadridimensionais
ou no "domínio de frequência" imaterial, para usar a terminologia do modelo de
holograma. Jung à s vezes falava de um Velho, com milhares de anos, existindo dentro da
psique, que se lembra de tudo e já viu de tudo.

Acredito ter conhecido esse Velho da psique. Na Suíça, fui apresentado a algumas pessoas
que viajavam pelo mundo em uma van cheia de tambores. Tocar bateria é uma forma
natural de comunicaçã o. Um grupo de nó s começou a tocar bateria e logo nos
encontramos em sincronizaçã o espontâ nea, uma infinidade de ritmos sobrepostos de
alguma forma batendo em harmonia. O tempo parou e nos tornamos uma só mente.
Parecia que havíamos batido bateria juntos por toda a eternidade. Talvez a memó ria
arquetípica tenha sido despertada, porque a consciência daquele Velho foi evocada na
batucada. Ainda me lembro da sensaçã o de que milhares de anos estavam contidos no
momento, milhares de mentes eram uma. A consciência psíquica da proximidade de todas

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as outras mentes e a memó ria de todos os tempos contidos no momento combinam-se na
consciência da alma do Velho.

A lembrança da alma envolve tanto o desenvolvimento da consciência psíquica quanto da


"memó ria distante". Em seu transe psíquico, Cayce viu a multidã o de vidas de um
indivíduo, as vidas passadas da alma em sua jornada pró diga. Em seu estado de vigília,
Cayce foi inicialmente um protestante ortodoxo em suas interpretaçõ es bíblicas; em seu
estado de transe psíquico, entretanto, ele afirmou que a reencarnaçã o era uma realidade.
Cayce acabou integrando sua perspectiva sobre reencarnaçã o, carma e graça em sua
doutrina religiosa. Mas essas questõ es filosó ficas e suas sugestõ es sobre como relembrar
vidas passadas merecem um tratamento especial, pois estã o além do escopo deste livro.

MEMÓRIA NO CAMPO MORFOGENÉTICO


Há outro sentido em que a memó ria parece existir fora do contexto de cérebros
individuais com implicaçõ es psíquicas ou transpessoais. A teoria de Sheldrake do campo
morfogenético quadridimensional, usada para explicar como novas ideias ocorrem
simultaneamente nas mentes de diferentes indivíduos, também está relacionada à noçã o
de Jung do arquétipo e à visã o de Cayce do Registro Aká shico. Nenhuma experiência é
esquecida, de acordo com Sheldrake, pois toda experiência é armazenada no campo
morfogenético. Se um nú mero suficiente de pessoas tiver uma experiência semelhante,
entã o o padrã o dessa experiência se torna forte o suficiente no campo quadridimensional
para influenciar outras pessoas a ter essa experiência.

A hipó tese da memó ria transpessoal de Sheldrake foi submetida a verificaçã o


experimental. Em um estudo, Sheldrake enviou assistentes ao redor do mundo para testar
as pessoas em sua capacidade de perceber objetos “ocultos” em duas imagens diferentes.
Esses quebra-cabeças de percepçã o eram semelhantes aos dos quadrinhos de domingo,
em que um objeto é camuflado pela maneira como é desenhado no quadro geral. Depois
de determinar a porcentagem de pessoas que poderiam descobrir o objeto oculto em cada
imagem, Sheldrake providenciou para que a BBC transmitisse uma dessas imagens para
seus milhõ es de telespectadores e mostrasse para que todos vissem onde o objeto oculto
estava localizado. Um close-up especial do objeto oculto foi exagerado para que os
espectadores pudessem vê-lo. Sheldake especulou que através do processo de tantas
pessoas vendo o objeto escondido na imagem, o campo morfogenético correspondente à
detecçã o daquele objeto foi fortalecido, hipoteticamente tornando mais fá cil para outras
pessoas detectarem esse objeto posteriormente. Sheldrake entã o enviou seus assistentes
novamente para testar as mesmas imagens em novos indivíduos, pessoas que nã o tinham

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visto a transmissã o da BBC. Ele descobriu um aumento de 76% na capacidade das pessoas
de detectar o objeto oculto que foi mostrado na TV, mas apenas um aumento de 9% para o
objeto oculto na imagem que nã o foi mostrada na TV.

Por mais surpreendentes que esses resultados possam ser, os críticos teorizaram que
outras possibilidades, além de um efeito de memó ria transpessoal, poderiam ser
responsá veis pelos resultados. Um rico empresá rio americano patrocinou um concurso
internacional para a melhor verificaçã o experimental da teoria da memó ria transpessoal
de Sheldrake. Um dos vencedores foi um psicó logo junguiano de Madison, Wisconsin, que
mostrou que o có digo Morse é mais fá cil de aprender do que um có digo "romance" de
complexidade equivalente. A ú nica diferença entre os dois có digos é que o có digo Morse já
foi aprendido por outros muitas vezes antes. Assim, os resultados parecem apoiar a noçã o
de uma memó ria transpessoal. Conforme o experimento foi repetido vá rias vezes, o efeito
foi passando. O novo có digo começou a entrar no campo morfogenético, tornando-o tã o
fá cil de aprender quanto o có digo Morse. Outros estudos em linhas semelhantes também
apoiaram a hipó tese de Sheldrake. Que algo tã o breve, em termos de histó ria humana,
como uma exposiçã o ú nica na televisã o nacional, ou um experimento treinando pessoas
na memorizaçã o de um có digo, possa ter efeitos na memó ria transpessoal dá crédito à
visã o de Cayce de que nada é esquecido. Cada experiência é armazenada em um “Livro das
Lembranças”.

PSÍQUICO É DA ALMA
O antigo conselho de Só crates, "Conheça a si mesmo", foi a segunda sugestã o de Cayce
para o desenvolvimento de habilidades psíquicas. (A primeira sugestã o foi a cooperaçã o
de aprendizagem.) Essa sugestã o tem vá rias camadas de significado. Conhecer a si mesmo
tem um preço, mas também oferece uma recompensa. O preço é que devemos arcar com o
fardo da responsabilidade por quem somos. Nã o podemos culpar os outros. A recompensa
é encontrada na autoaceitaçã o e na liberdade de ser quem somos.

Nã o é por acaso que as vá rias técnicas usadas para relembrar vidas passadas evocam
reaçõ es semelhantes à s obtidas na lembrança de memó rias da infâ ncia em psicoterapia.
Existe relutâ ncia, existe medo, existe dor - esses sã o os bloqueios. Trabalhar com essas
resistências, reviver experiências passadas, aceitar nosso papel nesses eventos, incorporá -
los em nossas histó rias pessoais, perdoar e aceitar, sentir perdã o e aceitaçã o - esses
processos levam a uma sensaçã o de alívio e liberdade. Há também uma expansã o do
autoconceito, pois nossa identidade consciente agora inclui tudo o que havíamos

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esquecido e nossa histó ria se encaixa como um padrã o de significado subitamente
coerente. É liberada energia criativa que nos permite viver a vida mais plenamente.

Há uma série de caminhos para a transformaçã o da personalidade que muitas vezes tem
sido denominada "voltar para casa": reconhecer e retornar à s raízes da verdadeira
natureza. Uma experiência de quase morte pode ter esse efeito; a psicoterapia profunda
pode ter esse efeito. O mesmo pode acontecer com o desenvolvimento da consciência
psíquica, quando aplicado de forma construtiva.

Uma experiência de quase morte que aumenta a habilidade psíquica também desperta a
compreensã o da realidade da alma. Uma pessoa assim afetada torna-se menos preocupada
com a morte e a autopreservaçã o e valoriza mais os relacionamentos amorosos. Também
é interessante que as pessoas que passaram por experiências de quase morte muitas vezes
vejam as memó rias de suas vidas sendo representadas por elas. Além disso, o exame
dessas pessoas pela psicaná lise revelou que, de alguma forma, elas adquiriram
espontaneamente a capacidade de "associaçã o livre", exigindo uma espontaneidade
interna de pensamento que geralmente vem de anos de terapia. Essas pessoas nã o se
escondem mais de si mesmas, exibindo muitas das qualidades que sã o frutos da
psicoterapia profunda de longo prazo.

Os psicoterapeutas profundos descobrem que as pessoas submetidas a esse tratamento de


longo prazo surgem com mais do que simplesmente um alívio de ansiedades e outros
problemas. Eles desenvolvem um senso de confiança em si mesmos e na vida. Eles
descobrem que existe alguma inteligência superior em açã o dentro de si mesmos, contida
no fluxo natural da vida. À medida que fazem contato com o nível de vida da alma, passam
a ter sonhos importantes, repletos de temas universais. Sincronicidades e experiências
psíquicas confirmam e emprestam um lado prá tico a esse novo sentido de ser. É mais um
dos caminhos para o recolhimento da alma.

Destes caminhos para a alma, Cayce recomendou o desenvolvimento da consciência


psíquica no contexto do crescimento espiritual. Como aprendemos no capítulo dois, ele
aconselhou dar um passo de cada vez. O primeiro passo, como você se lembra, é cooperar.
O segundo passo, como acabamos de ver, é "Conheça a si mesmo". Ele recomendou que
esse aprendizado ocorresse na comunidade amorosa de familiares e amigos, para fornecer
apoio e feedback honesto. Como passo três, Cayce aconselhou meditaçã o, para permitir
que a mente e o corpo se tornem mais receptivos à s vibraçõ es da alma. Ele também
valorizava a oraçã o, para redirecionar a atençã o de volta para Deus, bem como para ajudar
os outros. Finalmente, ele enfatizou a importâ ncia de encontrar maneiras de colocar suas
energias e talentos em uso para ajudar os outros, especialmente os talentos que surgiram
na forma de habilidades psíquicas.

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A habilidade psíquica, de acordo com Cayce, foi uma funçã o da experiência da alma
durante muitas vidas. Em uma leitura sobre o desenvolvimento de sua pró pria habilidade
psíquica, ele descreveu como em uma vida ele foi um soldado mortalmente ferido em
batalha. Enquanto estava morrendo, ele orou para ser libertado de seu corpo devastado
pela dor e experimentou até induzir uma experiência fora do corpo. Esse aprendizado foi
transportado para a vida do vidente Cayce. Outra vida de médico deu-lhe sua
especialidade psíquica, o diagnó stico médico.

Cayce sustentou que as habilidades psíquicas sã o uma funçã o de conhecimentos e


habilidades desenvolvidas e aplicadas de forma construtiva. O que usamos é nosso para
guardar. Portanto, ele nos encorajou a adotar uma abordagem prá tica. Devemos procurar
a capacidade psíquica para aparecer primeiro nas á reas da vida onde algum talento
criativo já está sendo usado a serviço de outros, e partir daí. Sua fó rmula, entã o, era uma
parte do autodesenvolvimento, nos níveis espiritual, mental e físico; e uma parte serviço,
ao nível da oraçã o e ao nível prá tico das interaçõ es quotidianas com os outros. Desta
forma, passo a passo, é garantido um desenvolvimento equilibrado. A consciência psíquica
nã o é um novo poder sobre-humano, mas a expressã o natural da alma holográ fica.

9
A MENTE INFINITA

Pois a mente é uma parte da força da alma de cada corpo, e permitir que ela se torne cada
vez mais controlada pela subjugaçã o da consciência física permite que essa influência
maior se torne mais ativa.

EDGAR CAYCE

SIGMUND FREUD é frequentemente creditado com a descoberta do inconsciente. Na


verdade, ele era apenas um de uma longa cadeia de pessoas que trouxeram à luz esta
regiã o escura da mente. Na época de Aristó teles, por exemplo, pensava-se que a mente
inconsciente residia na lua. Dizia-se que era imortal e comum a todos. A mente consciente

118
era vista simplesmente como uma funçã o do corpo e presumia-se que morreria com ele.
Em 1892, Thomas Jay Hudson, um americano, publicou The Law of Psychic Phenomena,
que delineou suas teorias sobre a mente subconsciente e suas habilidades telepá ticas e
clarividentes. Freud chegou atrasado e restringiu sua visã o do inconsciente a memó rias
reprimidas de infâ ncia. Grande parte da descriçã o de Cayce da mente subconsciente está
de acordo com o tratado de Hudson, que Cayce nos encorajou a ler.

É importante avaliar o inconsciente, porque nossa percepçã o consciente é apenas uma


pequena parte de toda a gama de percepçã o inteligente - a ponta do iceberg. Baseando
nossa impressã o da realidade nesta ponta visível, no que está disponível para a mente
consciente, confundimos a impressã o com a verdade. Debaixo do mar, existe uma
realidade maior. Por exemplo, as vá rias ilhas e massas de terra da Terra parecem estar
separadas. No entanto, abaixo do mar, a verdade é revelada: a terra é uma superfície
contínua, vales cheios de mar, montanhas elevando-se no ar. O mesmo ocorre com a
consciência infinita do inconsciente: toda a vida é um ser unificado. Muito do que parece
estranho ou impossível para a mente racional e consciente é muito claro para a mente
inconsciente. Quando deixamos de lado a mente consciente, nã o deixamos de existir; em
vez disso, a vasta percepçã o da mente inconsciente torna-se mais imediatamente
disponível. Se aprendermos mais sobre o inconsciente, podemos aprender como acessar a
consciência psíquica da mente infinita.

AS DUAS MENTES
A frase “ter duas mentes” conota um conflito. Quando Cayce uma vez foi solicitado a
definir mente, ele a definiu como aquilo que se opõ e à vontade. Parece uma definiçã o
estranha; no entanto, refere-se a uma concepçã o universal da natureza do que chamamos
de percepçã o consciente, ou consciência. Em seus Ensaios no Budismo Zen, o renomado
porta-voz Zen D. T. Suzuki escreveu: “No início ... a vontade quer se conhecer e a
consciência é despertada, e com o despertar da consciência a vontade se divide em duas. A
vontade ú nica, inteira e completa em si mesma, é agora ao mesmo tempo ator e
observador. ” Você experimentou essa competiçã o no testamento em primeira mã o, no
exercício de conscientizaçã o que tentou no capítulo dois. Quando você tentou manter um
foco está vel, sua mente errante se opô s à sua intençã o. Cayce e Suzuki concordam que a
criaçã o da consciência requer tal divisã o, o observador e observado dentro de nosso
pró prio ser. Essa divisã o ecoa o padrã o de criaçã o que discutimos no capítulo três, quando

119
discutimos o símbolo yin-yang como um exemplo da aparência da dualidade como meio
de criaçã o.

Conforme a consciência é criada, o inconsciente necessariamente passa a existir. Como


Jung certa vez expressou na imagem de um sonho, quando carregava uma tocha, ele criava
uma sombra. Quando ele se virou para olhar, a sombra estava sempre atrá s dele. É difícil
ver o inconsciente, pois é quase uma contradiçã o em termos. Também sugere que nã o
estamos no controle total. No entanto, devemos reconhecê-lo se quisermos nos tornar
inteiros e estender nossa consciência ao plano psíquico. Entã o, ter "duas cabeças" pode
significar "duas cabeças pensam melhor do que uma".

OBSERVANDO O INCONSCIENTE
Uma maneira fá cil e divertida de dar uma espiada no inconsciente é fazer para si um
"pêndulo psíquico". Pegue uma porca para um parafuso de 1/2 polegada a 5/8 de
polegada e amarre uma rosca de 30 cm a ela. Enrole a ponta solta da linha em torno de seu
dedo médio, com a porca balançando livremente em cerca de 15 centímetros de linha.
Segure a palma da mã o para baixo, com a porca suspensa abaixo dela. Se desejar, descanse
o cotovelo em uma mesa e suspenda a porca cerca de 2,5 cm acima da mesa.

Observe que os principais padrõ es nos quais a noz pode oscilar de maneira está vel sã o
para a frente e para trá s (da direita para a esquerda ou na sua direçã o e para longe
novamente) e em círculo. Agora veja se o pêndulo oscilará de acordo com esses padrõ es
em resposta a uma pergunta que você fizer a ele. Comece perguntando: "Você poderia
balançar na direçã o que deseja indicar 'Sim'?" Seja paciente e logo você perceberá que o
pêndulo está começando a assumir um dos padrõ es de oscilaçã o. Você pode entã o firmar a
noz com a outra mã o e ver quais padrõ es ela usa para outras respostas. Boas alternativas
incluem "Sim", "Nã o", "Talvez" e "Esta fonte nã o responderá a essa pergunta."

Quando o pêndulo o obrigou a fazer seus movimentos com padrõ es de oscilaçã o bem
definidos, você pode começar a fazer-lhe perguntas. Comece primeiro com as perguntas
para as quais você já sabe as respostas - dessa forma, você saberá que seu pêndulo é pelo
menos tã o inteligente quanto você. Você pode entã o fazer perguntas sobre seus
sentimentos sobre vá rios assuntos. Verifique sua reaçã o instintiva para ver se o pêndulo
conhece seus sentimentos melhor do que você. A partir daí, você pode inventar outras
perguntas para fazer ao seu consultor psíquico recém-descoberto.

Usar um pêndulo para responder a perguntas é um exemplo de automatismo, uma das


maneiras de observar as açõ es do inconsciente. Embora o pêndulo pareça estar operando

120
automaticamente, fora do controle consciente, na verdade ele está se movendo em
resposta aos seus movimentos inconscientes. Esses movimentos estã o dissociados de sua
consciência e, portanto, se originam no inconsciente. Dissociaçã o é um termo usado em
conjunto com certos estados alterados de consciência, como hipnose, personalidades
mú ltiplas e escrita automá tica, onde a operaçã o de uma janela de consciência se separou
da percepçã o normal e consciente. A dissociaçã o foi produzida no caso do pêndulo porque
você se concentrou nos movimentos do pêndulo e nã o nos movimentos do seu braço.
Assim que o pêndulo começou a se mover, sua atençã o se tornou ainda mais focada na
porca, em vez de na origem do movimento. Por meio da dissociaçã o, ou do desvio da
atençã o consciente, o inconsciente pode se tornar evidente.

NÍVEIS DO INCONSCIENTE
Cayce identificou dois níveis do inconsciente. O primeiro nível ele chamou de
subconsciente e o segundo de superconsciente. Embora o limite seja indistinto, essa
distinçã o é importante. Quando Freud “descobriu” o inconsciente, ele o tratou como um
repositó rio de memó rias reprimidas. Tudo no inconsciente, no que dizia respeito a Freud,
foi outrora uma experiência consciente e depois reprimido. Ele concebeu o inconsciente
como um bolso - tudo que ele continha foi colocado lá pela pessoa.

Jung desafiou essa concepçã o do inconsciente, alegando que o inconsciente nunca fica sem
material. Depois de exaurir suas memó rias pessoais, observou Jung, ele falava em uma
linguagem simbó lica universal - em sonhos e visõ es - fornecendo informaçõ es de uma
fonte diferente da pró pria experiência da pessoa. Falando simbolicamente, ele diria que
cada um de nó s tem um porã o onde armazenamos ou escondemos nossas memó rias
indesejadas; no entanto, se o porã o for limpo e o chã o revelado, sob as tá buas do assoalho
encontraremos uma escada oculta que desce até uma nascente que brota de um
reservató rio infinito e antigo. Assim, uma pessoa de pouca educaçã o pode sonhar com
motivos antigos de mitos de culturas mortas há muito tempo. Além disso, Jung viu que
esses símbolos eram oportunos e pertinentes à situaçã o atual de vida da pessoa.

Jung denominou a "primavera" universal mais profunda de "inconsciente coletivo". Na


terminologia de Jung, para chegar à camada universal vai-se "mais fundo". Na linguagem
de Cayce, chega-se a um nível "superior" de vibraçã o. Essa orientaçã o é adequada à s
conotaçõ es do superconsciente e é expressiva da imaginaçã o psíquica. Vamos explorar
isso mais a fundo.

Em um sonho, Cayce se viu como um minú sculo grã o de areia. Sua consciência entã o se
expandiu como uma espiral, um funil em forma de cone estendendo-se e subindo até os

121
céus, para se tornar uma "trombeta do universo" infinita. Em seu estado psíquico, ele
interpretou esse sonho como uma imagem da relaçã o entre a mente consciente e o
superconsciente. Um diagrama foi dado para representar os níveis de consciência.
Também é mostrado o diagrama que veio em uma visã o para Eileen Garrett, para
representar sua impressã o dos níveis de consciência. A semelhança entre os dois é clara.

A MENTE SUBCONSCIENTE
A mente subconsciente é um servo invisível. Ele executa todos os tipos de tarefas que, de
outra forma, sobrecarregariam a mente consciente. Uma das funçõ es do subconsciente é
realizar tarefas que se tornaram habituais, como dirigir um carro. O subconsciente
também realiza o trabalho de base preparató rio para entregar percepçõ es “organizadas
para ter significado e prontas para ir” à mente consciente; ele também executa muitas
tarefas de memó ria, como chamar as pessoas pelo nome correto.

O sonho de Edgar Cayce

A visã o de Eileen Garrett

Pelos padrõ es da mente consciente, o subconsciente é um gênio. É capaz de perceber


todos os tipos de detalhes sutis que nunca aparecem na consciência; tem uma memó ria

122
quase perfeita; e é capaz de fazer malabarismos com todas essas coisas enquanto executa
cá lculos, organizaçõ es e busca e recuperaçã o de informaçõ es.

O subconsciente percebe tudo; a mente consciente parece cega e desatenta em


comparaçã o. A estimulaçã o subliminar é um bom exemplo. Uma mensagem pode ser
exibida em uma tela tã o rá pido que nã o vemos nada além do flash. Na manhã seguinte,
porém, o material pode aparecer em nosso sonho. Uma declaraçã o gravada pode ser
acelerada tã o rá pido que soa como um guincho rá pido, mas novamente a declaraçã o
aparecerá no sonho da manhã seguinte.

Essa supersensibilidade nã o se limita à percepçã o aguçada; também parece envolver as


habilidades de um detetive mestre que pode discernir padrõ es sutis. Por exemplo, o
psiquiatra britâ nico Morton Schatzman mostrou que os sonhos podem resolver quebra-
cabeças que confundem a mente consciente. Em um experimento, os sujeitos foram
questionados sobre o que havia de incomum nesta frase: "Mostre este ousado prussiano
que elogia o massacre, o massacre traz derrota." Uma mulher estudou a frase por algum
tempo sem sorte. Entã o ela foi para a cama. Em seu sonho, naquela noite, ela entrega a
uma mulher um pedaço de papel com a frase escrita nele. A mulher começa a rir. O
sonhador nã o consegue entender por que a mulher está rindo e segue em frente. Na
pró xima cena ela está com um grupo de pessoas em uma mesa, e todos estã o rindo.
Novamente, ela nã o consegue descobrir por que eles estã o rindo, mas uma mulher sugere
que ela se sentiria melhor se arrancasse a cabeça. Um homem se aproxima dela e diz:
"Muitas vogais, muitas letras". Ao acordar do sonho, ela estudou a frase novamente,
tentando ver se a sugestã o sobre as vogais levaria a uma soluçã o, mas nã o levou, entã o ela
voltou a dormir. No dia seguinte, ela se perguntou se “arrancar a cabeça” significava
remover a primeira letra de cada palavra. Isso resultou em uma nova frase, "Como seu
velho chapéu russo causa risos, risos ressoam". O significado da risada no sonho agora
parece ó bvio.

Além de sua percepçã o espetacular, o subconsciente possui uma memó ria quase perfeita.
Ele nã o esquece nada - até mesmo se lembra de coisas que você nunca notou
conscientemente (criptomnésia é o termo freqü entemente usado para descrever essa
habilidade). À s vezes, os feitos realizados sugerem PES ou rememoraçã o de vidas
passadas. Thomas Jay Hudson relata tal caso. Uma camponesa analfabeta, com febre,
começou a pontificar em línguas estrangeiras. Padres, trazidos como testemunhas,
tomavam ditados, verificando as línguas faladas como grego, hebraico e latim. Um médico,
brincando de detetive, traçou suas origens. Acontece que ela foi criada por um tio pastor
que costumava ler em voz alta. Entre seus pertences estavam livros em línguas antigas, e
as passagens exatas faladas pela garota estavam localizadas neles. Assim, a fonte dos

123
incríveis pronunciamentos da garota era seu subconsciente, que nã o havia esquecido de
nada.

O PODER DA SUGESTÃO
Em contraste com essas habilidades prodigiosas, o subconsciente também é
irremediavelmente ingênuo e crédulo. Essa característica é evidente quando se trata dos
efeitos da sugestã o. O subconsciente aceita as sugestõ es literalmente e sem questionar.
Cayce enfatiza esse aspecto do subconsciente, porque avisa que tendemos a nos tornar
nossa pró pria profecia autorrealizá vel. Como ele diz: "Como pensamos, assim nos
tornamos." O subconsciente registra todos os nossos pensamentos sobre nó s mesmos,
assume que sã o verdadeiros e age de acordo.

Podemos assumir o controle desse atributo do subconsciente. Existe uma extensa


literatura sobre o que pode ser realizado por meio do poder da sugestã o. No entanto, a
frase é um tanto enganosa, pois o poder nã o reside na sugestã o, mas nas capacidades do
subconsciente. A sugestã o é apenas o manípulo do poder, o meio de comunicaçã o com o
subconsciente.

Também podemos nos comunicar com o subconsciente por meio de imagens, porque é
muito mais visual do que verbal. Por exemplo, tente fazer sua boca salivar, dando a ela o
comando verbal, "Salivar, salivar!" Agora tente se imaginar mordendo um limã o e
chupando o suco. Observe a diferença de efeito? Comunicar-se com o subconsciente por
meio de imagens sugestivas costuma ser muito mais eficaz do que comunicar-se com ele
em palavras.

Adequadamente endereçado, o subconsciente tem uma gama aparentemente infinita de


habilidades. Tem o poder de controlar reaçõ es corporais que normalmente pareceriam
fora de alcance. Na verdade, com o uso adequado de imagens sugestivas, é possível induzir
o subconsciente a controlar as açõ es de células individuais dentro do corpo. Mas o
subconsciente também é capaz de outros feitos incríveis de criatividade genuína.

Hudson aponta que o subconsciente é capaz de assumir uma suposiçã o sugerida a ele e
interpretar todas as implicaçõ es. Para ilustrar, ele descreve a seguinte demonstraçã o de
“canalizaçã o de Só crates”. Um jovem é hipnotizado e recebe a sugestã o de que Só crates
está diante dele. Quando o homem balança a cabeça em concordâ ncia, indicando que “vê”
Só crates, sugere-se que ele pode desejar fazer algumas perguntas a Só crates. Ele o faz, e
entã o é solicitado a repetir as respostas de Só crates. Segue-se um discurso improvisado,
feito com facilidade e clareza, que é uma performance impressionante de eloqü ência

124
filosó fica. Mesmo sabendo que o discurso é o do subconsciente do jovem, o pú blico é
inspirado a fazer anotaçõ es para nã o esquecer os insights iluminadores. Esse é um
exemplo do “gênio” do subconsciente, geralmente atribuído ao poder da sugestã o.

O SUBCONSCIENTE É PSÍQUICO
A genialidade do subconsciente parece ilimitada. Talvez seja porque está em contato com
todas as outras mentes subconscientes. Este conceito vale a pena ponderar. Nossa
linguagem reflete isso - “os sentimentos estavam no ar” conota comunicaçã o nã o verbal,
telepá tica; “Tocar um acorde” com outra pessoa lembra como ressoamos juntos, cada um
contribuindo com nossa vibraçã o de sentimento ú nico para a harmonia que sentimos.

Freqü entemente, nã o desejamos que esse contato seja tornado consciente ou, pelo menos,
reconhecido publicamente. Talvez seja suficiente reconhecermos, em um nível subliminar,
que nossas mentes subconscientes estã o em uníssono solidá rio. Tã o freqü entemente
quanto ocorre, é relativamente raro as pessoas falarem sobre esses sentimentos, exceto,
talvez, o êxtase do amor româ ntico. A intimidade entre as pessoas geralmente tem um
componente psíquico que optamos por ignorar. Fazer o contrá rio à s vezes nos deixaria
muito pró ximos para nos sentirmos confortá veis. Nem sempre é necessá rio, apropriado
ou ú til tornar a consciência psíquica um foco explícito.

Por outro lado, você já teve a sensaçã o de que alguém distante estava pensando em você?
Uma das experiências mais comuns de telepatia é fazer alguém telefonar no momento em
que você está pensando nessa pessoa. A pessoa que está tomando a iniciativa de fazer a
ligaçã o parece iniciar o processo telepá tico. Quando os pensamentos sã o direcionados em
nossa direçã o, ou mesmo se uma pessoa pensa pensamentos que sã o significativos para
nó s, podemos ser afetados. Em uma série de experimentos fascinantes, E. Douglas Dean
demonstrou que quando um “remetente” se concentrava no nome de uma pessoa que
tinha significado pessoal para um “receptor”, um aumento no fluxo sanguíneo do receptor
podia ser detectado. Quando o remetente se concentrou nos nomes de estranhos, nã o
houve efeito. É como se o receptor aquecesse os pensamentos sobre as pessoas de quem
gosta.

É por meio da interconexã o de nossas mentes subconscientes que os humores podem se


espalhar. Parece nã o haver limites, as possibilidades sã o infinitas. Maharishi Mahesh Yogi,
o fundador da Meditaçã o Transcendental, propô s que se apenas 1 por cento da populaçã o
meditasse, a consciência de todo o planeta seria elevada.

125
Recentemente, sua sugestã o foi apoiada por pesquisas. Um estudo localizou cidades com
populaçã o de mais de vinte e cinco mil, nas quais pelo menos 1% da populaçã o eram
praticantes de MT registrados, e os comparou com cidades equivalentes com poucos
usuá rios de MT. Os pesquisadores descobriram que as cidades que satisfaziam o critério
de 1% experimentaram taxas de criminalidade em declínio, enquanto as outras cidades
tiveram uma taxa de criminalidade paralela à tendência nacional de aumento. Essa
descoberta levou a vá rios experimentos. Os resultados, relatados no livro The Maharishi
Effect, de Elaine e Arthur Aron, foram impressionantes. Os experimentadores escolheram
á reas-alvo para encontros temporá rios de muitos meditadores da MT. Por exemplo, o
estado de Rhode Island foi escolhido para um curso intensivo de verã o, atraindo
praticantes de MT de toda a costa leste. Pontos de conflito internacionais também foram
escolhidos como alvos - Nicará gua, Irã e Zimbá bue - e grandes grupos de meditadores
foram enviados a essas regiõ es para praticar a MT intensamente. Vá rios índices de conflito
foram compilados (mortes por acidente, assassinato, suicídio, divó rcio) para cada regiã o,
cobrindo vá rios meses antes e depois da reuniã o de meditaçã o. Os resultados indicaram
que durante o período do curso, os índices de conflito foram significativamente reduzidos
em relaçã o aos níveis anteriores ao início da meditaçã o. Quando os meditadores cessaram
seu experimento e deixaram a regiã o, os índices voltaram aos níveis anteriores.

O poeta John Donne disse: “Nenhum homem é uma ilha”. Eu me pergunto se ele realmente
percebeu como todos nó s nadamos juntos nas mesmas á guas emocionais. Geralmente
pensamos que a percepçã o psíquica está relacionada à leitura da mente. No entanto, a
interconexã o de nossas mentes subconscientes significa que estamos mais pró ximos uns
dos outros do que nossos pensamentos. É quase como se inalá ssemos os sentimentos um
do outro.

QUANDO O SUBCONSCIENTE TORNA-SE CONSCIENTE


As estrelas estã o sempre no céu, mas as vemos apenas à noite, quando a luz forte do sol
nã o mais supera seu brilho. O mesmo ocorre com a mente subconsciente. Está sempre
ativo, mesmo quando estamos acordados. O experimento do pêndulo nos mostrou os
efeitos do subconsciente em açã o. Mas, na verdade, para experimentar o mundo do ponto
de vista do subconsciente, para chegar por trá s de seus olhos e olhar através deles,
devemos colocar a mente consciente de lado.

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Cayce indica que quando a mente consciente é posta de lado, como no sono com sonhos,
meditaçã o, hipnose e morte, a mente subconsciente se torna a mente consciente. É como a
roupa íntima que se transforma em agasalho uma vez que a roupa exterior é retirada. A
mente consciente é como um par de ó culos que focaliza a consciência a tal ponto que a
consciência do subconsciente, que nã o vê em termos de separaçã o, distinçõ es e limites,
nã o pode ser apreendida.

No entanto, tire esses ó culos e, embora a mente consciente fique cega na confusã o, a
percepçã o da mente subconsciente nã o é mais camuflada por detalhes perturbadores.

O mais perto que geralmente chegamos de apreciar a realidade da perspectiva do


subconsciente é quando nos lembramos dos sonhos. A palavra “sonhador”, para descrever
um estado de espírito, parece enfatizar a natureza maleá vel dessa consciência, com as
coisas se transformando em outras coisas, mú ltiplas percepçõ es sobrepostas umas à s
outras, e assim por diante. Cayce indica que nossos sonhos sã o uma amostra de como será
para nó s quando morrermos. Na morte, a mente subconsciente se torna a percepçã o
consciente e nos confrontamos com as sombras que ela contém.

Quando a mente consciente é extinta, como durante o sono, anestesia ou mesmo a morte,
ela ainda está ciente do ambiente físico. Cayce indica que estes sã o momentos importantes
para considerar a relevâ ncia da sugestã o. Recentemente, foi confirmado que os pacientes
sob anestesia estã o “cientes” do que as pessoas ao seu redor estã o dizendo. Sempre houve
relatos desse fato, como quando um paciente surpreende um médico ao fazer um
comentá rio no pó s-operató rio sobre algum acontecimento ocorrido durante a cirurgia.
Por muito tempo, a profissã o médica tendeu a desprezar esses eventos como
coincidências inconseqü entes; mas, nos ú ltimos anos, os cirurgiõ es os levaram mais a
sério. Na verdade, Frank Guerra, M.D., do Hospital Presbiteriano de Denver, criou o
boletim Human Aspects of Anesthesia para manter os colegas informados sobre os
desenvolvimentos recentes nesta á rea. Experimentos foram relatados lá indicando que
sob anestesia, um paciente pode receber sugestõ es para controlar o fluxo sanguíneo e
acelerar a cura, com resultados notá veis.

Mesmo apó s a morte, o subconsciente continua consciente do que está ao seu redor.
Portanto, é aparentemente possível que uma pessoa esteja morta e nã o saiba disso. Os
tibetanos tinham procedimentos para encorajar os mortos recentemente a “irem em
direçã o à luz”, e assim acelerar o caminho dos que partiram. Um novo interesse no
processo de morrer, estimulado em parte por relatos de experiências de quase morte,
resultou na adoçã o de métodos semelhantes no Ocidente. Cayce defendia a oraçã o pelos
mortos, e a Igreja Cató lica costuma dizer novenas pelos mortos. Quando uma pessoa
morre, a consciência nã o se evapora instantaneamente; o subconsciente mantém contato

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por algum tempo. Se você estiver ao lado da cama de uma pessoa que acabou de falecer,
pode continuar a falar em voz alta, dando segurança e orientaçã o pacífica à pessoa morta
para que ela procure a "luz".

PLACAS OUIJA E ESCRITA AUTOMÁTICA


O subconsciente possui uma ampla gama de talentos. Dado um canal viá vel, ele pode
aplicar esses talentos em algumas performances notá veis que sã o sedutoras, intrigantes e
reveladoras, bem como enganosas. Dois desses canais populares para acessar essa fonte
quase má gica sã o o tabuleiro Ouija e a escrita automá tica. A histó ria de cada um contém
alguns exemplos de material psíquico inspirador, bem como muitos exemplos de vítimas.

Na histó ria de minha pró pria família, por exemplo, uma histó ria do tabuleiro Ouija é o
exemplo mais convincente da realidade e do mistério da consciência psíquica. Anos atrá s,
minha mã e e uma de suas amigas estavam fazendo experiências com o tabuleiro Ouija.
Meu pai, um carteiro na época, perguntou-lhes se poderiam fazer com que o tabuleiro
Ouija fizesse algo ú til. Ele havia perdido seu reló gio de pulso naquele dia, provavelmente
durante a entrega de correspondência. Quando as mulheres foram trabalhar com o
quadro, ele especificou o cruzamento de duas ruas. Esse cruzamento, meu pai notou, nã o
estava em sua rota de correspondência, mas em outra parte da cidade. Minha mã e disse
que como ele havia pedido ajuda, ele deveria acompanhar a dica. Todos foram até o
cruzamento e olharam em todos os lugares, mas nã o encontraram o reló gio. Algumas
crianças estavam brincando na varanda de uma casa daquela esquina e meu pai perguntou
se elas tinham visto um reló gio. “Que tipo de reló gio?” perguntou um menino. Meu pai
descreveu e o menino o levou até sua casa e devolveu o reló gio do meu pai. O menino
tinha encontrado ao lado de uma caixa de correio que meu pai tinha usado naquele dia. É
comum pensar que um tabuleiro Ouija coleta informaçõ es do subconsciente. Já que o
menino parecia disposto a desistir do reló gio, talvez seu subconsciente fosse a fonte da
mensagem do tabuleiro Ouija.

Esse feito é típico do tipo pelo qual o tabuleiro Ouija é famoso. No abrangente Ouija: The
Most Dangerous Game de Stoker Hunt, ele traça seu uso antes de Pitá goras no mundo
ocidental e antes de Confú cio no Oriente. Ambas as tradiçõ es o usavam para consultar
espíritos. Nos tempos modernos, continuou a despertar interesse e controvérsia.

Em 1912, por exemplo, quando uma mulher chamada Pearl Curran experimentou um
tabuleiro Ouija, apareceu uma pessoa chamada “Patience Worth”. Embora Pearl tivesse
apenas a oitava série, Patience ditou vá rios romances e muita poesia fina. Seus romances,
The Sorry Tale e Hope Trueblood, receberam ó timas críticas da crítica literá ria. Stoker

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notou que Patience era capaz de criar poesia excelente sobre qualquer assunto,
extemporaneamente, mediante solicitaçã o. Uma vez, porém, quando solicitada a melhorar
a oraçã o comum da hora de dormir para crianças, que tem certas implicaçõ es mó rbidas
(“Agora me deito para dormir ...”), Patience ficou em silêncio. Duas semanas depois,
interrompendo uma sessã o em andamento, Patience declarou (como se declarando seu
ideal): "Deixe minha garganta cantar uma mú sica que cairá como o arrulho de uma pomba.
Oh, deixe minha garganta doce, sim, e minhas palavras como o toque do sono. Dê-me a
língua, sim, e o poder da simplicidade. ” Apó s uma longa pausa, esta oraçã o surgiu:

Eu, teu filho para sempre, brinco Sobre Teus Joelhos no final do dia; Dentro de Teus braços
agora devo rastejar E aprender Tua sabedoria enquanto durmo.

Talvez a personalidade Ouija mais famosa hoje seja Seth. Seth se manifestou pela primeira
vez através da experimentaçã o de Jane Roberts com um tabuleiro Ouija. Mais tarde, Seth
ditou oralmente uma série de livros metafísicos enquanto Jane estava em transe. Um
deles, publicado pela primeira vez sob o título The Coming of Seth e posteriormente
intitulado How to Develop Your ESP Powers, defende o uso do tabuleiro Ouija como um
instrumento de aprendizagem para desenvolver PES.

Jane progrediu do tabuleiro Ouija para canalizar Seth oralmente. Nesse sentido, um
tabuleiro Ouija pode ser um ponto de partida eficaz para começar a desenvolver a
sensibilidade psíquica. Ainda assim, em todas as fontes que Hunt revisou, Seth é o ú nico
que continuou a defender o uso do Ouija como uma porta de entrada para o psíquico.
Outros que o usaram, mesmo que com eficá cia, acabaram desencorajando outras pessoas a
fazê-lo. Por exemplo, o poeta James Merrill criou seu épico de três volumes vencedor do
Prêmio Pulitzer, The Changing Light at Sandover, usando um tabuleiro Ouija. Merrill disse
que viu muitos amigos sendo apanhados e foi embora. Hunt relata um caso de assassinato,
incontá veis perturbaçõ es mentais, obsessõ es espirituais e situaçõ es semelhantes à
possessã o espiritual. Cayce também emitiu fortes alertas contra seu uso.

A escrita automá tica é igualmente controversa. Como Ouija, ele convida o subconsciente a
se revelar para um escrutínio consciente. Por exemplo, Anita M. Muhl, M.D., uma
psiquiatra que trabalhou com a escrita automá tica como um dispositivo terapêutico,
descobriu que é uma ferramenta poderosa para seus pacientes descobrirem a mente
subconsciente. Em Automatic Writing: An Approach to the Inconscious, ela observa que
nã o foi abordado por curiosidade, mas com a intençã o de cura. O material que emergiu foi
examinado, olhado cuidadosamente pelo médico e pelo paciente e refletido. O objetivo era
trazer maior consciência ao paciente, nã o diminuí-lo em favor de uma maior atividade

129
subconsciente. Mas quando alguém simplesmente se abre com abandono para tudo o que
pode acontecer, em vez de seguir o procedimento ideal do Dr. Muhl, quem sabe o que pode
acontecer?

A disputa sobre exatamente “o que” vem através do tabuleiro Ouija e da escrita automá tica
geralmente gira em torno da polaridade dualística de subpersonalidades versus entidades
desencarnadas. O que é ú nico na perspectiva de Edgar Cayce no tabuleiro Ouija nã o é seu
aviso, mas sua dissoluçã o da polaridade padrã o sobre a fonte das mensagens. Segundo
Cayce, a fonte é o subconsciente. Isso significa que se origina nas subpersonalidades
subconscientes do canal, no subconsciente de outras pessoas e em entidades
desencarnadas. Todas as mentes subconscientes estã o em contato umas com as outras,
formando uma piscina comum. Quando o subconsciente tem permissã o para falar, você
nunca pode ter certeza de “de quem” o subconsciente falará . Em outro sentido, quando
Cayce se refere ao plano astral, ele está se referindo à quele "domínio de frequência"
particular da quarta dimensã o, onde o subconsciente habita - tanto o do canal quanto o de
outros - corporificado e nã o.

Carl Jung desenvolveu uma visã o integrada de forma semelhante. Ele conduziu um estudo
com uma jovem médium, desde o momento em que ela mostrou pela primeira vez sinais
de dissociaçã o até o fim de sua mediunidade, e publicou suas descobertas em Sobre a
Psicologia e Patologia dos So-Called Occult Phenomena. Para Jung, a pergunta: "É uma
subpersonalidade ou uma entidade?" pareceria perguntar: "As ideias pertencem à s
pessoas que as pensam?" As pessoas sã o responsá veis por suas idéias, pois expressam o
ser da pessoa. No entanto, as ideias têm vida pró pria. Jung fazia observaçõ es freqü entes da
fronteira fluida entre o subconsciente pessoal e os fenô menos transpessoais. Ele propô s
que os filhos muitas vezes servem como canais inconscientes dos sentimentos reprimidos
dos pais. Em uma abordagem semelhante à de Cayce, Jung via a atividade poltergeist como
sendo uma mistura de energias subconscientes e transpessoais que ocorrem no contexto
de um relacionamento familiar. Ele via isso como uma espécie de mediunidade em que,
como um ventríloquo que nã o sabia o que estava fazendo, a criança “médium” desloca os
fenô menos para acontecimentos físicos. A energia pessoal dos conflitos sexuais, por
exemplo, é “jogada fora” na sala, onde corre o risco de ser ampliada pela presença de
energias transpessoais (ou seja, “entidades”) de vibraçã o semelhante.

Um caso em questã o é Matthew Manning, que se tornou o ponto focal de um caso muito
claro de atividade poltergeist. Ele foi levado a tentar a escrita automá tica e, quando
escreveu, a atividade do poltergeist parou. A energia foi desviada dos eventos físicos
assustadores para as palavras que fluíram da caneta de Manning. No final das contas, ele
escreveu um livro sobre sua experiência, chamado The Link. Curiosamente, a “entidade”

130
precisava exatamente da mesma coisa que o subconsciente dos pacientes em psicoterapia
precisa - ter sua histó ria contada, para ser ouvida, respeitada e liberada.

MEDIUNIDADE E CANAIS
Um médium, de acordo com a antiga definiçã o, é alguém que se comunica com os mortos.
Hoje, nó s descreveríamos um meio como um canal, alguém que comunica informaçõ es de
uma fonte que existe em uma dimensã o diferente de um ser humano encarnado. Cayce
costumava se referir a si mesmo, durante seus transes psíquicos, como um canal. Ele
também defendeu que todos sejamos canais uns para os outros: canais de bênçã o. Ambas
as palavras, meio e canal, sã o tecnicamente neutras na medida em que denotam algo que
serve como um conduto, um caminho de transmissã o. Ao avaliar a canalizaçã o, a questã o
que Cayce deseja que consideremos nã o é tanto se é uma entidade falecida ou um anjo,
mas se a informaçã o é baseada em uma fonte subconsciente ou superconsciente.

As pessoas perguntavam a Cayce sobre suas experiências de meditaçã o, sonhos e vida


diá ria que sugeriam contato com seres falecidos, geralmente parentes. Freqü entemente,
essas pessoas queriam saber o propó sito da experiência, se o contato era genuíno e se tal
contato poderia ser usado para orientaçã o e crescimento. Sua resposta a essas perguntas
foi bastante consistente: o contato era genuíno e geralmente baseado em uma necessidade
ou desejo mú tuo, muitas vezes uma extensã o do relacionamento entre os dois quando
ambos estavam vivos. Quanto ao valor, Cayce sugeriu que o contato já havia servido ao seu
objetivo principal: ser uma expressã o de amor ou assegurar aos vivos que os mortos
continuam vivos. Ele nã o recomendou comunicaçã o adicional, no entanto, por razõ es
diferentes de "errado".

Primeiro, ele afirmou que os mortos nã o tinham mais percepçõ es a dar do que quando
estavam vivos. Na morte, o subconsciente se torna a mente consciente e pode se
comunicar diretamente com o subconsciente dos vivos. Para os vivos, essas comunicaçõ es
podem parecer revelaçõ es. Em segundo lugar, ele afirmou que os mortos precisam deixar
de lado as preocupaçõ es terrenas, fazer seu caminho em direçã o à luz e ir para reinos mais
elevados de vibraçã o, como parte de sua passagem para seu pró prio futuro.
Freqü entemente, essas entidades têm apegos contínuos à experiência terrena, e esse
apego é encorajado por uma pessoa viva que deseja se comunicar e receber orientaçã o de
tal entidade. Ele desencorajou a dependência mú tua que poderia se desenvolver a partir
de tais relacionamentos. Em vez disso, ele defendeu que a pessoa viva ore pelos mortos e
use outras fontes de orientaçã o.

131
Cayce manteve essa atitude em seu pró prio trabalho, embora à s vezes os espíritos do
falecido falassem por meio dele. Na verdade, à s vezes algumas das entidades pareciam ser
anjos ou seres de ordem superior nã o associados a almas individuais. Em uma ocasiã o, por
exemplo, uma voz inspiradora se identificou como "Arcanjo Miguel". Ele transmitiu uma
mensagem poderosa, e todos na sala ficaram chocados com o poder e a autoridade da
presença. No entanto, Cayce nã o procurou promover tais contatos.

Um dos casos mais interessantes neste tó pico foi a leitura mú tua que Edgar Cayce e Eileen
Garrett fizeram um pelo outro. Quando Cayce foi convidado a comentar sobre os guias
espirituais que falavam por meio dela, ele objetou: “Deixe que eles falem por si pró prios”.
Conforme ele explicou, o aspecto significativo de sua natureza estava na experiência da
Sra. Garrett com eles, que os guias espirituais refletiam o desenvolvimento de sua pró pria
alma.

Ira Progoff, um psicó logo que entrevistou longamente os guias espirituais da Sra. Garrett,
chegou a uma conclusã o semelhante. Em seu fascinante livro The Image of an Oracle, ele
inclui transcriçõ es de suas conversas com “Ouvani”, “Abdul”, “Tahoteh” e “Ramah”, cada
um com uma ordem progressivamente superior de inteligência orientadora. Ele
questionou cada um sobre a natureza de seu ser. A conversa com Ramá , o mais alto do
grupo, foi muito esclarecedora quanto ao status desses guias e causou um grande impacto
em Progoff pessoalmente. Ele concluiu que esses guias sã o reflexos da Sra. Garrett e, ainda,
ao mesmo tempo, personificaçõ es da inteligência arquetípica existente em outra
dimensã o, mais especialmente no caso de Tahoteh e Ramá . Seu termo para isso foi o
“dinatipo do orá culo”, aquela parte da existência humana que busca expressar o que é
universal e transpessoal. Progoff concluiu que cada um de nó s carrega consigo sua pró pria
versã o do orá culo, mas que chegar a esse nível de consciência é uma questã o de
desenvolvimento pessoal.

Quando a sra. Garrett deu uma leitura para Cayce, foi Ouvani quem falou. Ouvani
confirmou a diferença no estilo de canalizaçã o entre Cayce e a Sra. Garrett; isto é, que as
entidades falavam através dela, enquanto Cayce se sintonizava com o que havia de mais
elevado dentro de si para ver a situaçã o em estudo. Ele também indicou que Cayce
também tinha guias espirituais que desejavam muito poder falar. Quando solicitado a
identificá -los pelo nome, Ouvani deu uma resposta semelhante à de Cayce, que cabia ao
pró prio Cayce tomar essa decisã o. Ouvani passou a encorajar Cayce a fazer uso desses
guias. Ele disse que, quando Cayce estava cansado, eles provavelmente falariam em seu
nome espontaneamente. Ele também disse que seria muito menos exigente para Cayce
fisicamente se ele fizesse uso dessas fontes. Aqui Cayce recebeu uma sugestã o que falava

132
de uma de suas verdadeiras preocupaçõ es: o esgotamento em seu corpo causado por seu
trabalho psíquico.

Cayce perguntou à sua fonte sobre a sugestã o, e a fonte indicou que cabia a ele decidir.
Cayce discutiu o assunto com pessoas pró ximas a ele e decidiu continuar como antes, nã o
buscando a orientaçã o do subconsciente de nenhuma entidade, mas apenas da fonte mais
elevada dentro do pró prio Cayce, sua pró pria mente superconsciente. Em uma leitura
posterior, a fonte de Cayce indicou que esta foi uma boa decisã o.

O SUBCONSCIENTE É SUBJETIVO
Se a mente subconsciente tem um alcance aparentemente infinito, capaz de responder a
partir da interconectividade da vida e nos entregar personalidades de gênio incrível, nã o é
isso que se entende por superconsciente? Parece que o subconsciente é muito bom. Mas
há uma razã o importante para fazer essa distinçã o. Muitas pessoas usam os termos
consciente, subconsciente e superconsciente, ou consciência universal, mas atribuem
todos os feitos de telepatia e clarividência à mente superconsciente. Isso é compreensível,
pois o subconsciente tem a reputaçã o de ser o “bolso sujo” da mente, enquanto sua
capacidade telepá tica é negligenciada ou atribuída ao superconsciente. Há um problema,
entretanto, com essa formulaçã o. Nã o apenas negligencia um atributo importante da
percepçã o psíquica, mas induz a pessoa a assumir que a informaçã o percebida
psiquicamente deve ser exata ou imparcial. Essa suposiçã o pode ter algumas
consequências negativas, porque o subconsciente é subjetivo.

Cayce descreveu o subconsciente como o mediador entre a consciência e o


superconsciente. O subconsciente obtém informaçõ es de ambas as extremidades do
espectro. As informaçõ es obtidas por meio do subconsciente - até mesmo as informaçõ es
psíquicas - serã o processadas em termos de padrõ es de pensamento armazenados no
subconsciente. Em outras palavras, o subconsciente é um percebedor tendencioso, pois
suas percepçõ es sã o coloridas e moldadas pelo acú mulo de sugestõ es e memó rias nele
plantadas.

A maioria dos casos espontâ neos de PES mostra evidências de seletividade com base nas
necessidades e interesses da pessoa envolvida. A morte de um ente querido, por exemplo,
é um estímulo frequente para uma experiência de PES. Aqui, a relevâ ncia para o indivíduo
é ó bvia. Psicanalistas que estudaram a experiência de PES de seus pacientes descobriram
repetidamente que o que é percebido psiquicamente é uma funçã o das necessidades e
interesses do paciente. Por exemplo, é comum que os pacientes tenham sonhos que
contêm, desconhecidos para eles, informaçõ es telepá ticas sobre a vida privada do

133
terapeuta. Jules Eisenbud, um dos mais proeminentes investigadores psicanalíticos do
paranormal, cita muitos exemplos em Psi e na Psicaná lise. Em uma ocasiã o, vá rios
pacientes diferentes apresentaram ao Dr. Eisenbud um sonho que continha informaçõ es
psíquicas sobre ele. Ainda mais interessante foi o fato de que cada paciente percebeu algo
diferente. Cada um havia se sintonizado com um aspecto da vida do Dr. Eisenbud que era
particularmente significativo e relevante para as pró prias lutas, problemas, necessidades e
desejos do paciente. Além disso, a informaçã o factual que apareceu nos sonhos foi vestida
com roupas dos pró prios padrõ es mentais de cada paciente. Assim, o que foi visto com
PES, e como foi retratado, eram funçõ es do observador. Esta influência da formaçã o
pessoal em PES nã o é diferente do que ocorre na percepçã o comum.

O SUPERCONSCIENTE
Jung chamou a á rea da mente que contém os arquétipos puros de inconsciente coletivo ou
inconsciente objetivo, para distingui-la do inconsciente pessoal e subjetivo. Enquanto o
subconsciente é subjetivo, o superconsciente é objetivo - alguns o chamam de impessoal.
Cayce colocou a mente superconsciente na divisã o entre a Unidade, ou Deus, e a
individualidade das almas. É como a consciência pura da alma, como era no início, antes de
começar a criar distâ ncia entre ela e o Criador. Lembre-se da consciência de fundo - a
Testemunha Silenciosa

- encontramos em nosso experimento no capítulo dois? O superconsciente é como a


Testemunha Silenciosa da consciência primá ria da alma, a mente subconsciente. Enquanto
a alma espia pela janela da mente subconsciente, no fundo a mente superconsciente é a
Testemunha Silenciosa da alma. Enquanto a mente subconsciente é afetada por memó rias
de vidas passadas, o superconsciente tem o registro impessoal dessas experiências. É a
mente superconsciente que pode “ler” os Registros Aká shicos de todas as almas.

A mente superconsciente só é ativa como uma influência, de acordo com Cayce, quando
deixamos de lado a mente consciente para fazer da mente subconsciente a consciência
ativa. Quando o subconsciente se torna a mente consciente, o superconsciente assume a
posiçã o da mente subconsciente. É durante esses momentos que o superconsciente pode
irromper, da mesma forma que o subconsciente pode irromper para a mente consciente
quando ela está acordada.

A impressã o da mente superconsciente é comum nos sonhos. Por exemplo, o tema


universal da morte é freqü entemente expresso como um retorno à Grande Mã e, de onde
nos originamos. Nã o há um conteú do para expressar esse tema universal. Em vez disso,

134
quando esse tema universal é ativado na vida de uma pessoa, uma imagem particular que
se encaixa no padrã o emergirá do subconsciente da pessoa.

Por exemplo, o tema do retorno universal pode ser ativado se você estiver passando por
uma depressã o como parte de um ciclo de renovaçã o, no qual o velho deve morrer para
que o novo nasça. Você pode sonhar em cair em um buraco, uma imagem derivada de
experiências pessoais como perder algo em um buraco ou um enterro. O padrã o é
universal; a imagem específica que expressa o padrã o é pessoal e subjetiva. Aqui, a
influência superconsciente é indireta. Sonhos “grandes”, no entanto, envolvem símbolos
universais e menos imagens pessoais. Se o seu superconsciente estiver falando, você pode
sonhar em cair por um buraco que atravessa toda a terra e descer a um submundo negro
onde seu ser é dissolvido em um bilhã o de gotas de lá grimas escuras, absorvidas no ú tero
da Grande Deusa . Esse sonho reflete mais objetivamente a pura simbologia da mente
superconsciente.

Se quisermos experimentar o nível superconsciente, de acordo com Cayce, devemos fazer


mais do que deixar de lado a mente consciente. Primeiro, é importante estar consciente
dos ideais que você deseja que padronizem sua vida, porque a mente superconsciente é o
domínio dos ideais em sua funçã o de padronizaçã o criativa. A luta para transformar um
ideal em realidade prá tica ativa a energia da mente superconsciente. Em segundo lugar, é
importante encontrar uma maneira de viver sua vida que, simultaneamente, expresse sua
individualidade e atenda à s necessidades dos outros, ao mesmo tempo que apó ia sua
individualidade. A mente superconsciente é um nível de ser em que Unidade e
individualidade sã o integradas e sinô nimas, portanto, viver dessa maneira é viver em
sintonia com a natureza da mente superconsciente. Finalmente, você deve honrar
adequadamente sua pró pria subjetividade, para que ela pare de chamar a atençã o. Isso
permite ao nível universal mais oportunidades de influência. A meditaçã o regular e o uso
regular do estado hipnó tico para assimilar imagens subjetivas aumentam a frequência das
imagens universais nos sonhos. Quando você assume alguma tarefa de digerir questõ es
subjetivas, você dá algum alívio à mente subconsciente, permitindo-lhe mais receptividade
ao superconsciente.

A MENTE INFINITA
Como William Blake nos lembrou: “Se as portas da percepçã o fossem limpas, tudo
pareceria como realmente é: infinito”. Os limites da mente sã o os limites da imaginaçã o -
nã o há nenhum, exceto aqueles que você estabeleceu para si mesmo. Podemos projetar
nossa imaginaçã o em direçã o ao infinito, como quando Cayce sugere que ponderemos

135
nossos ideais mais elevados e nos veremos puxados para trá s. A imaginaçã o é como um
gancho para os confins da mente. É também como uma fonte profunda, borbulhando com
amostras das profundezas infinitas da mente.

Quando você remove sua "cabeça" cartesiana, aquela que separa a mente da natureza,
você encontra um "eu sou" maior. Mantenha-se firme na consciência da Testemunha
Silenciosa. Ela abrange todo o círculo da mente da alma, desde os padrõ es infinitos da
imaginaçã o interior, até os reflexos infinitos da mente Divina em toda a criaçã o. A mente
"aqui e agora" da experiência comum, como William Blake nos lembra, é potencialmente
infinita, bastaria parar para notar. Se ficarmos ainda mais quietos, mudarmos para o
subconsciente e nos permitirmos ser sensíveis aos seus impulsos sutis, novas dimensõ es
de escopo infinito estarã o ao nosso alcance. Explore a meditaçã o e a hipnose: elas escalam
as alturas e sondam as profundezas da mente. Ou abandone totalmente a consciência e
tire uma soneca, pois nos sonhos podemos experimentar ainda outras dimensõ es de nossa
existência. E entã o, há um sono profundo e sem sonhos - o estado de consciência mais
naturalmente em harmonia com a mente infinita original.

10
O CORPO DA CONSCIÊNCIA PSÍQUICA

Neste mesmo corpo, de quase dois metros de comprimento, com suas impressõ es dos
sentidos e seus pensamentos e idéias, está o mundo, a origem do mundo, e igualmente o
Caminho que leva à sua cessaçã o.

BUDA

Sempre que há a abertura, entã o, do centro de lyden (Leydig) e das forças kundalinas ao
longo da pineal, descobrimos que há visõ es de coisas que estã o por vir, de coisas que estã o
acontecendo.

EDGAR CAYCE

136
ESTAMOS NO MEIO DE uma revoluçã o. Está ocorrendo em uma das empresas mais
estabelecidas e conservadoras do mundo ocidental: o campo da medicina. Atingindo uma
dimensã o íntima e vulnerá vel de nossas vidas, terá um impacto profundo sobre como
vemos o mundo e como vivemos nele. A revoluçã o, que demorou a ganhar adeptos, foi
iniciada silenciosamente por Edgar Cayce, o pai da saú de holística baseada no
conhecimento de como a mente afeta o corpo.

A liderança de Cayce foi reconhecida pelo Journal of the American Medical Association, 16
de março de 1979, cujo editor, John P. Callan, MD, escreveu: “As raízes do holismo atual
provavelmente remontam a 100 anos ao nascimento de Edgar Cayce em Hopkinsville, KY.

Muitos dos empolgantes desenvolvimentos da medicina contemporâ nea foram


pressagiados por Cayce em suas leituras psíquicas. Nã o apenas a noçã o geral de que toda a
pessoa precisa ser considerada quando se pensa sobre saú de, mas fatos e conceitos muito
específicos sobre o funcionamento do corpo, especialmente a influência de fatores mentais
sobre as condiçõ es corporais. É nesta á rea que as leituras psíquicas de Cayce sã o
geralmente consideradas como tendo alcançado sua validaçã o mais extensa,
especialmente nos ú ltimos vinte a trinta anos. Suas opiniõ es a respeito do papel do corpo
na consciência psíquica também sã o vá lidas.

Como vimos, a abordagem de Cayce para desenvolver a consciência psíquica se concentra


em aprender a se sintonizar com as vibraçõ es, a deixar de lado a mente consciente e o
valor dos ideais elevados; mas ele também enfatizou a importâ ncia do corpo. O corpo é o
“templo” onde encontramos as energias psíquicas. Podemos pensar no corpo como o
“instrumento” da consciência psíquica. Embora a pró pria mú sica seja a mensagem, essa
mú sica deve ser expressa por meio de vibraçõ es. O instrumento musical comunica as
vibraçõ es. Se o instrumento nã o estiver em boa forma, ele ressoa com as vibraçõ es de
maneira menos do que perfeita e, portanto, distorce a mú sica. A consciência psíquica é da
alma; mas a alma se encontra projetada na terra, onde se expressa por meio do veículo de
um corpo. Portanto, devemos examinar o corpo da consciência psíquica.

O CORPO CORRESPONDE À ALMA


O corpo é como um artefato histó rico que sinaliza, para aqueles que podem ver, uma pista
sobre a natureza de quem o originou. O corpo é o resíduo físico da expressã o da alma, pois
a energia vibracional da alma foi modelada por imagens criadas na mente. Na perspectiva
de Cayce sobre a criaçã o, à medida que as almas ficam hipnotizadas pela materialidade,
elas desenvolvem corpos e ficam "presas" neles. No entanto, o corpo nã o é simplesmente o
sintoma desse emaranhado hipnó tico; é também o símbolo do que foi aprisionado. O

137
corpo, portanto, tem uma correspondência com a alma e aponta para ela. De acordo com a
lei da correspondência discutida no capítulo três (“Como em cima, assim embaixo”), o
corpo é como uma imagem física da alma, como aquela que foi criada à imagem do
Criador.

A correspondência tem muitas dimensõ es. Por exemplo, nossa postura reflete nosso
humor. Uma pessoa triste pode se curvar ou desleixar, uma pessoa feliz pode andar ereta.
Você pode ler os sentimentos de uma pessoa a partir de como o corpo se expressa por
meio da postura. A caligrafia é outra expressã o física da pessoa interior, como nos dirã o os
grafologistas. A estrutura do físico reflete os padrõ es da energia espiritual, conforme
evidenciado na quiromancia e reflexologia podal.

É importante notar que as correspondências podem funcionar nos dois sentidos. De


acordo com Cayce, nã o apenas o espiritual e o mental afetam a aparência do físico, mas
você também pode afetar os níveis mental e espiritual, alterando o físico. Em outras
palavras, se você está se sentindo triste e sua cabeça está de cabeça para baixo, levante a
cabeça e seu â nimo melhorará . As novas “terapias corporais” sã o uma expressã o dessa
orientaçã o, e há algumas evidências desse efeito físico-psicoló gico. Recentemente, um
estudo foi realizado para determinar o efeito de diferentes estilos de caminhada sobre o
humor. Os pesquisadores avaliaram o humor dos indivíduos por meio de um questioná rio
e, em seguida, os instruíram a dar uma caminhada. Algumas pessoas foram instruídas a
andar devagar e arrastar os pés; outros foram instruídos a caminhar rapidamente, com as
cabeças erguidas. Apó s a caminhada, seu humor foi novamente avaliado. As pessoas que
caminharam com o andar lento e arrastado ficaram deprimidas, enquanto as pessoas que
caminharam rapidamente ficaram mais alegres. Esta é apenas uma demonstraçã o simples
de um princípio amplamente aplicado nas leituras de Cayce. Ele sugeriu purificar o corpo
para se tornar mais puro em espírito. Assim, podemos obter acesso à alma e sua
capacidade psíquica por meio de nosso relacionamento com o corpo.

OS TRÊS CORPOS
Cayce era um mestre em perceber correspondências e reconhecer padrõ es. Quando se
tratava dos níveis de ser da alma, ele apontou para uma série de correspondências. Neste
mundo físico tridimensional, a alma se manifesta em padrõ es de três. Ele enfatizou o
princípio fundamental da lei da Unidade - que todos os atributos da alma sã o na verdade
todos aspectos da mesma realidade unitá ria - mas ele percebeu que os “terrá queos” se
relacionam naturalmente com a Unidade em termos de trindades, ou padrõ es de três. O
primeiro padrã o de três é que a alma é espírito, mente e corpo. O espírito é energia, a

138
mente é o padrã o e o corpo é a forma física. O segundo trio diz respeito à mente:
superconsciente, subconsciente e consciente.

A alma se expressa por meio de todos os três corpos, e cada um corresponde a um nível
diferente da mente. A mente superconsciente se expressa na forma de um corpo de alma,
que também é chamado de corpo espiritual, corpo de energia e corpo causal. A mente
subconsciente se expressa na forma de um corpo astral, também chamado de corpo
mental ou corpo emocional. A mente consciente se expressa na forma do corpo físico. Os
dois corpos nã o físicos sã o genericamente denominados corpos etéricos, o que conota um
nível de realidade semelhante a um gá s, quase invisível. Lembre-se de que, na visã o de
Cayce, nosso corpo físico é como um precipitado que se condensa a partir de níveis mais
elevados de vibraçã o, assim como as gotas de chuva se condensam a partir do vapor de
á gua. Os corpos etéricos sã o as formas nã o condensadas do corpo.

Corpo da alma. A forma de ser mais pura, mais elevada ou mais bá sica, de acordo com
Cayce, é a energia, depois o padrã o e, finalmente, a forma. Assim, o corpo bá sico - o corpo
da alma - é chamado corpo de energia ou corpo espiritual. Seu outro nome, corpo causal,
reflete o reconhecimento de que o nível de energia é a causa primá ria dos outros corpos. O
corpo-alma é o mais “real” dos corpos, porque o que é real nã o morre. Podemos queimar
um livro, mas nã o podemos destruir as ideias nele, pois as ideias sã o mais reais do que o
livro. Da mesma forma, um corpo físico pode ser destruído, mas os corpos etéricos, a alma
e os corpos astrais nã o sã o destruídos.

Esse efeito é visto na fotografia Kirlian, uma técnica que tenta fotografar o campo de
energia da matéria orgâ nica. Isso pode ser, para as plantas, o equivalente ao corpo etérico
das pessoas. O corpo etérico só pode ser visto psiquicamente. É o que Cayce e outros
metafísicos psíquicos e espirituais chamam de aura.

Corpo mental. O segundo nível de realidade é o dos padrõ es, que é o nível da mente.
Assim, o segundo corpo é denominado corpo mental. Também é chamado de corpo astral
devido à associaçã o da astrologia, já que a influência astroló gica dos planetas é de
padronizaçã o. Também pode ser chamado de corpo de sonho, porque os sonhos muitas
vezes refletem padrõ es mentais que estã o prestes a se manifestar fisicamente.

Cayce também chamou o corpo mental de corpo emocional, por dois motivos. A primeira é
porque Cayce foi um precursor do que hoje é chamado de teó rico “cognitivo” da emoçã o.
Em termos simples, é a crença de que as emoçõ es sã o reaçõ es secundá rias, sendo a reaçã o
primá ria cogniçõ es ou ideias. Respondemos emocionalmente à s situaçõ es com base em
como as interpretamos. Se interpretarmos uma situaçã o usando um padrã o ameaçador
para organizar os dados, ficamos com medo - isso vai me machucar! Tradicionalmente, a

139
psicologia empregava uma abordagem instintiva e, em seguida, de condicionamento físico
para compreender as emoçõ es; a psicologia contemporâ nea, entretanto, adotou uma
abordagem cognitiva. O papel dos instintos é visto como um padrã o. A base física das
emoçõ es, incluindo seu condicionamento, é agora entendida como baseada em uma base
de cogniçã o. Em outras palavras, é como você vê as coisas que conta.

A segunda razã o pela qual Cayce chamou o corpo mental de corpo emocional é porque ele
viu uma correspondência no pró prio corpo físico entre as três mentes e os três corpos. Na
anatomia psíquica e no reino da imaginaçã o psíquica, as correspondências sã o a moeda do
reino. Tudo se relaciona com padrõ es de vibraçã o, oitavas e harmô nicos. Como a Jeweled
Net of Indra, cada ponto no sistema reflete todos os outros pontos. Se houver três corpos,
também encontraremos um reflexo de todos os três em cada um.

Corpo físico. Cayce viu o funcionamento da mente superconsciente e do corpo anímico


refletido e funcionando no sistema endó crino. A mente subconsciente e o corpo mental /
emocional / astral funcionam e se refletem no corpo físico por meio do sistema nervoso
autô nomo. Finalmente, a mente consciente e o corpo físico sã o refletidos e operam por
meio do sistema cérebro-espinhal.

O sistema cérebro-espinhal inclui o sistema sensorial e o sistema nervoso voluntá rio, que
controlam nossos mú sculos. Para a mente consciente média, o sistema cérebro-espinhal
define muito bem o mundo real, o mundo material sensorial com o qual podemos interagir
conscientemente.

O sistema nervoso autô nomo é composto pelos sistemas nervoso simpá tico e
parassimpá tico, que controlam o funcionamento de nossos ó rgã os corporais. Esse sistema
também é responsá vel pelos efeitos físicos da emoçã o: o sistema nervoso simpá tico
acelera o coraçã o em condiçõ es de medo, enquanto o sistema parassimpá tico desacelera o
coraçã o durante o relaxamento. Este sistema nã o apenas opera fora da percepçã o
consciente, mas também através da consciência da mente subconsciente. A estimulaçã o
subliminar, por exemplo, pode excitar o sistema nervoso simpá tico por meio da mente
subconsciente sem que a mente consciente perceba os efeitos. Assim, a designaçã o de
Cayce para aquele corpo que corresponde à mente subconsciente como o corpo emocional
do sistema nervoso autô nomo é, portanto, bastante apropriada.

De nossa maneira tradicional de ver a anatomia, Cayce fez uma estranha correlaçã o
quando ligou a mente superconsciente ao sistema endó crino. Essa ligaçã o, entretanto, é
crucial para nossa compreensã o da natureza das energias psíquicas e de como nossa
mente consciente e subconsciente podem influenciar a operaçã o dessas energias.

140
O SISTEMA ENDÓCRINO CRISTALINO: TRANSDUTORES DE ENERGIA PSÍQUICA

Como os padrõ es de vibraçã o da quarta dimensã o - pensamentos, idéias e imagens -


interagem com o cérebro e o corpo do mundo tridimensional? Como o infinito e o finito
interagem? Lembre-se de nossa discussã o anterior sobre como as ideias “entram em nossa
cabeça”. As vibraçõ es mentais podem “alcançar” de uma pessoa para outra porque
transcendem o tempo e o espaço. O cérebro ressoa com as vibraçõ es. Ele pode traduzir as
vibraçõ es da quarta dimensã o em atividades que ocorrem com o corpo, e também pode
fazer o contrá rio. Por exemplo, quando uma pessoa capta o estado emocional de outra, as
emoçõ es sã o reaçõ es viscerais e instintivas do corpo; no entanto, eles sã o transmitidos,
um subconsciente para outro, por meio de vibraçõ es da quarta dimensã o. Como isso é
feito?

Você deve se lembrar dos antigos aparelhos de rá dio de cristal. Por meio do que parecia
um processo má gico que os cientistas chamam de “efeito piezoelétrico”, o cristal pode
transformar as vibraçõ es eletromagnéticas das ondas de rá dio em vibraçõ es físicas do
som. Temos esse transformador em nosso corpo, um sistema interconectado de cristais
conhecido como sistema endó crino.

A palavra cristal é mais do que apenas uma metá fora apropriada. O sistema endó crino
funciona como um sistema de transdutores de cristal, um termo da engenharia elétrica
para um componente que transforma energia de uma forma para outra. Além disso, a
evoluçã o física e o funcionamento do sistema endó crino estã o relacionados aos cristais
encontrados na natureza. Na histó ria da criaçã o de Cayce, a jornada das almas na criaçã o
dos corpos correspondeu à formaçã o da Terra, de um evento gasoso em um planeta só lido.
Os cristais foram formados nas profundezas da terra por um processo de solidificaçã o e
precipitaçã o. Enquanto as almas nadavam dentro desta mistura có smica, desenvolvendo
seus sistemas sensoriais e seus corpos, elas projetavam suas energias psíquicas nos
cristais em desenvolvimento. Como resultado, a evoluçã o do sistema endó crino do corpo
tornou-se um desenvolvimento colateral dos depó sitos cristalinos da Terra. Desta forma, o
sistema endó crino corresponde aos cristais da terra. O corpo da alma e a terra sã o
altamente interdependentes, histó rica e funcionalmente.

Hoje, há muito interesse no uso de cristais para cura e desenvolvimento psíquico. O


interesse é apropriado, pois expressa a lembrança dessa associaçã o primordial dos
cristais com o "ponto de cruzamento", a interface entre o mundo sensorial de três
dimensõ es e o mundo infinito subjacente da realidade psíquica da alma. O que acontece no
cruzamento, segundo Cayce, acontece no nível do que ele chama de “forças rotativas” dos
á tomos dentro do corpo. A física quâ ntica descobriu, se você se lembra, que um efeito

141
telepá tico entre as partículas atô micas é expresso por meio de sua açã o rotativa. É aqui
que os padrõ es de energia psíquica e os padrõ es de processos físicos se tornam um.

O SISTEMA CHAKRA E A ENERGIA KUNDALINI


A descriçã o de Cayce da importâ ncia do sistema endó crino para o processamento de
energias psíquicas era sugestiva da antiga concepçã o iogue da energia kundalini e dos
chakras, ou centros espirituais do corpo. Chakra é uma palavra sâ nscrita que significa
"roda" ou "roda da força". Dentro de cada roda, um certo tipo de energia vital é
armazenado. Cayce afirmou essa semelhança. Assim, no plano físico, existe o sistema
endó crino, e no plano psíquico ou espiritual existe o sistema de chakras: dois aspectos de
uma realidade.

Em Foundations of Tibetan Mysticism, Lama Govinda também retrata os chakras como


cristais e os descreve como o ponto de encontro entre a energia espiritual e a energia
física. Assim como o corpo tem três níveis de realidade - o corpo da alma, o corpo astral e
o corpo físico -, a energia também tem seus três níveis. Mais uma vez, Cayce nos lembra
primeiro que todas as energias sã o como uma, mas podem ser experimentadas na Terra
como sendo de três tipos. A metafísica espiritual do Oriente tem seus termos para essas
energias, assim como Cayce. No nível mais bá sico, correspondendo ao nível do espírito
puro, está a energia prana. Na outra extremidade está a energia kundalini, que também é
conhecida como a “serpente enrolada” ou energia da terra primordial. Também existe a
energia que se relaciona com os canais de acupuntura do corpo.

Cada chakra tem seu pró prio "som semente". Focar a atençã o na á rea desse chacra,
visualizá -lo e entoar seu som seminal abrirá esse chacra, liberando sua energia.
Habilidades e fenô menos psíquicos estã o associados à abertura dos chakras. O Lama
Govinda menciona que existem vá rios exercícios tibetanos e tâ ntricos para abrir os
chakras de maneira construtiva, uma vez que sã o como caixas de Pandora de energia
bruta que podem se abrir para o bem ou para o mal. Ele menciona que há muito sigilo em
torno da metodologia de trabalho com os chakras por causa de seus poderes volá teis, que
ele compara à energia nuclear.

CRISES E EMERGÊNCIAS ESPIRITUAIS DE KUNDALINI


Vá rias pessoas procuraram leituras de Edgar Cayce porque estavam tendo experiências
estranhas: dores de cabeça com visõ es, sensaçõ es de energia no corpo, flashes de
lembranças de vidas passadas em momentos ímpares, tremores, experiências psíquicas
bizarras e incontrolá veis. Ele frequentemente descreveu esses eventos como o resultado

142
de desequilíbrios no corpo correspondentes a distú rbios no sistema de chakras. Acidentes,
reaçõ es emocionais fortes, prá ticas de meditaçã o inadequadas, tentativas obstinadas e
unilaterais de desenvolver habilidades psíquicas estavam entre algumas das causas que
Cayce deu para o desequilíbrio no fluxo da energia kundalini. Ele observou também, em
casos de "posse" ou contato involuntá rio com entidades, que quando os chakras sã o
abertos, eles permitem que as energias de outras mentes subconscientes se filtrem no
pró prio sistema de energia de uma pessoa de uma maneira que nã o ocorreria de outra
forma. Como transdutores de energia psíquica, os chakras funcionando adequadamente
operam nã o apenas como comunicadores psíquicos, mas também como um escudo contra
a comunicaçã o indesejada. Cayce, e outros desde entã o, notaram que o uso de drogas e
á lcool pode produzir “buracos na aura” que correspondem a vulnerabilidades no corpo
etérico devido ao funcionamento incorreto dos chakras. Isso convida à invasã o de
influências externas.

Aqui temos uma série de exemplos do que Lama Govinda quis dizer com a abertura da
caixa de Pandora! A partir de descriçõ es como O Despertar da Kundalini, de Gopi Krishna,
fica claro que, mesmo sob orientaçã o experiente, o despertar desta energia pode ser um
verdadeiro passeio de montanha-russa. Imagine as consequências quando a energia é
despertada de maneira aleató ria.

Essas crises nos despertares da kundalini continuam até hoje, e em nú meros ainda
maiores. Os arquivos da A.R.E. estã o cheias de cartas de pessoas reclamando de
fenô menos como os diagnosticados por Cayce quando ele era vivo. Essas crises tornaram-
se tã o comuns que há uma subespecialidade dentro da psicologia espiritual clínica para
lidar com o que é denominado "emergências espirituais". Proeminentes neste trabalho sã o
Stanislov e Christina Grof, que ajudaram a iniciar a Rede de Emergência Espiritual. Em seu
trabalho, eles descobriram que as crises de kundalini podem imitar qualquer um dos
distú rbios psiquiá tricos conhecidos. A psiquiatria tradicional tende a usar medicamentos
para o tratamento dessas crises, mas os praticantes dessa nova rede desenvolveram um
sistema alternativo de tratamento com o objetivo de ajudar a pessoa a integrar as energias
que foram liberadas, ao mesmo tempo em que tenta estabilizar o sistema de chakras.
Como Cayce aconselhou, essas emergências podem entã o ser tomadas como
oportunidades de crescimento, para se tornarem, na terminologia da rede, experiências de
“emergência” espiritual.

Qualquer pessoa que tenha testemunhado uma pessoa que está passando por tal
emergência pode testemunhar que a abertura dos chakras é realmente um evento
poderoso. Claramente, trabalhar com essas energias psíquicas nã o deve ser tentado
levianamente. Deve ser uma questã o de respeito, conforme preconizado pelos mestres.

143
Cayce compreendeu os perigos inerentes e tentou nos ajudar nessa á rea apontando para
uma base de sabedoria para sintonizar os chakras de maneira construtiva.

O LIVRO DA REVELAÇÃO: A TEORIA BÍBLICA DOS CHAKRAS


Nas antigas tradiçõ es espirituais do Oriente, o funcionamento da energia kundalini através
da abertura dos chakras era um segredo muito valioso e guardado. Essa energia é a chave
para a “fonte da juventude”, ou o poder do rejuvenescimento, as energias criativas bá sicas
da vida que se manifestam em um corpo humano. É aqui que ocorre o encontro do Criador
e do ser humano em toda a sua maravilha má gica.

Se esse conhecimento existe no Oriente há tanto tempo, por que o mundo ocidental
também nã o o possui? Já o tivemos, indica Cayce, mas por causa da atitude extrovertida da
mente ocidental, deixamos de notar a sabedoria secreta debaixo de nosso nariz o tempo
todo. Ele indica que existe uma correspondência sistemá tica entre os chakras e o sistema
endó crino. Sua visã o do sistema de chakras é extraída de uma fonte surpreendente: a
Bíblia.

Enquanto estava em transe psíquico, Cayce observou que poderia dar muitas informaçõ es
valiosas, se apenas perguntassem, sobre o Livro do Apocalipse, o ú ltimo livro do Novo
Testamento. Esse comentá rio chamou a atençã o de seus colegas, que começaram a
trabalhar com Cayce em um estudo psíquico detalhado desse capítulo enigmá tico da
Bíblia. Esse grupo de pessoas passou a ser chamado de Ajudantes Felizes, pois seu foco
principal tem sido a cura por meio da meditaçã o e da oraçã o. O trabalho deste grupo, que
continua até hoje, é baseado em grande parte em sua experiência pessoal do significado do
Apocalipse. O verdadeiro “livro da revelaçã o” e sua interpretaçã o, destacou Cayce, está
dentro de cada um de nossos pró prios corpos, onde espera ser aberto e aplicado. Os
conceitos que apresento aqui principalmente delineiam a orientaçã o de Cayce sobre o
despertar dos centros psíquicos.

Cayce disse que o Livro do Apocalipse, que se acredita ter sido escrito pelo apó stolo Joã o, é
um registro da experiência de Joã o com a consciência có smica - um despertar de kundalini
que Joã o experimentou em seu pró prio corpo. Durante essa experiência, seu super-eu - a
mente superconsciente ou a consciência de Cristo - instrui Joã o quanto ao significado da
experiência e pede-lhe que assuma a responsabilidade pelo conhecimento revelado. As
imagens neste livro sã o, portanto, um relato detalhado do que acontece quando os centros
psíquicos sã o abertos e o que deve ser feito para manter o domínio sobre o corpo
espiritual. É nesse contexto que Cayce identifica o sistema endó crino como o “corpo” da
mente superconsciente.

144
O nú mero sete aparece vá rias vezes. Esse nú mero corresponde à s sete glâ ndulas do
sistema endó crino e aos sete centros psíquicos, ou chakras. As sete “igrejas” sã o as
glâ ndulas, enquanto os sete “selos” sã o os chakras que ainda nã o foram abertos. O grá fico
acima fornece um diagrama das correspondências entre as glâ ndulas individuais, os
centros psíquicos e a simbologia no Apocalipse.

O livro do Apocalipse, de acordo com Cayce, faz mais do que retratar a anatomia do
sistema endó crino como o corpo-alma da mente superconsciente. As instruçõ es que Joã o
recebeu durante sua experiência também explicam como se tornar o mestre deste sistema
e, portanto, o mestre do corpo e o herdeiro do legado da alma como um companheiro de
Deus. Quando as emoçõ es sã o acalmadas, como um “mar de vidro”, as quatro “feras” de
nossa natureza inferior entram em harmonia com a consciência superior. Quando o
sistema nervoso cérebro-espinhal, os “vinte e quatro anciã os”, ou nervos cranianos, “se
curvam” ou sã o aquietados, os cinco sentidos cessam seu domínio da consciência para que
a mente superconsciente possa governar. Nesse ponto, os “selos” ou centros psíquicos
podem ser abertos. Mas por quem? “Nenhum homem no céu” pode “abrir o livro”, mas
somente a consciência de Cristo, a “Raiz de Davi”, é capaz de abrir os selos, sobre o
sacrifício de si mesmo, ou a consciência da separaçã o. Segue-se uma descriçã o da abertura

145
dos sete selos, e dentro de cada um é liberada uma energia que pode ser usada para o bem
ou para o mal.

O drama dos eventos em torno da abertura dos selos é uma reminiscência da visã o de
Lama Govinda de que a abertura dos chakras é como a abertura da caixa de Pandora, algo
que deve ser feito com cuidado, sob a orientaçã o de um mestre experiente seguindo
padrõ es espirituais estabelecidos. O livro do Apocalipse fornece um padrã o de inteligência
para a abertura dos selos. Cayce concluiu que o padrã o supremo de despertar dos centros
psíquicos era o da consciência de Cristo.

No evangelho de Mateus, Jesus deu ao povo uma oraçã o, a "oraçã o do Senhor". Em seu
transe psíquico, Cayce indicou que essa prece era um padrã o da abertura dos sete centros
psíquicos e da circulaçã o dessas energias pelo corpo. Como a tradiçã o oriental, envolve um
padrã o que coloca os centros superiores no comando da abertura de todo o sistema. A
correspondência que Cayce percebeu entre as linhas na oraçã o do Senhor e o despertar da
energia kundalini é mostrada neste grá fico.

A energia começa no chacra coroná rio (“Pai Nosso, que está s no Céu”) porque a hipó fise é
a glâ ndula mestra que influencia todas as outras. Começar aqui coloca a mente
superconsciente no comando da ativaçã o do sistema de chakras. A oraçã o procede através
da pineal ("Santificado seja o teu nome") e da tireó ide, ou o centro da vontade ("venha o
teu reino; seja feita a tua vontade"), envolvendo o sacrifício ou "morte" do indivíduo,
vontade separatista de a mente consciente. A frase “Assim na terra como no céu” refere-se
à harmonia em açã o dos centros superior e inferior, e dos níveis superconsciente e
consciente. Corresponde ao centro do coraçã o, o timo, que muitas vezes é visto como o
centro intermediá rio entre os centros superior e inferior. Nesse ponto, a oraçã o desce
para o chacra raiz (“Dê-nos hoje o pã o de cada dia”) e, em seguida, muda o foco para
acalmar as supra-renais (“Perdoe nossas dívidas”). A ansiedade e o medo sã o eliminados
antes de prosseguir para as células de Leydig, o centro da criatividade (“Nã o nos deixes
cair em tentaçã o”), a fim de evitar a tentaçã o de desperdiçar ou aplicar mal a energia
criativa. A energia entã o começa seu caminho ascendente para os centros superiores.
Começando com o centro do coraçã o (“Livra-nos do mal”) e continuando até, culmina no
chacra coroná rio. O ciclo pode ser repetido vá rias vezes conforme a energia circula,
transformando mais e mais células no corpo.

Aqui estã o as características essenciais do padrã o recomendado por Cayce para a abertura
integrada dos centros psíquicos. Primeiro, nenhum chakra é aberto isoladamente, mas
todo o sistema é ativado holisticamente. Em segundo lugar, a ativaçã o dos chakras começa
e está sob o controle dos centros superiores. Terceiro, um ciclo de ativaçã o é criado,
correspondendo à “circulaçã o da luz” descrita no Segredo da Flor Dourada. Quarto, os

146
chakras inferiores nã o sã o necessariamente abertos sequencialmente, pois é importante
que as supra-renais estejam calmas antes que as células de Leydig sejam ativadas. Cayce
indicou que existe um triâ ngulo de energia, com a pineal e as células de Leydig atuando
como pó los, e o plexo solar espalhando essa energia polar por todo o corpo. Abrir os
chakras em um contexto de medo ou raiva era considerado mais perigoso do que abri-los
em um contexto de excitaçã o sexual.

Finalmente, o tema geral da oraçã o é colocar as energias a serviço da mente


superconsciente, e nã o para exploraçã o pessoal. O desenvolvimento psíquico alcançado
por meio de um motivo de poder normalmente cria o medo como seu outro componente.
A oraçã o é focada em um estado de espírito sereno baseado na entrega voluntá ria a um
poder superior.

Cayce enfatizou que esta oraçã o definitivamente nã o é a ú nica maneira de trabalhar com
as energias da kundalini. Nã o deve ser usado de maneira mecâ nica, aconselhou ele, mas
apenas se você realmente puder sentir as correspondências e considerá -las significativas.
Este é um exemplo de um padrã o ideal, baseado na consciência de Cristo.

Estou plenamente ciente da natureza controversa desses conceitos. Para o cristã o


tradicional, o livro do Apocalipse é uma profecia dos eventos que virã o. Cayce acreditava
que era profético, nã o de eventos externos, mas de experiências internas que aguardam a
todos à medida que adquirem consciência da consciência de Cristo. Por causa da lei da
correspondência, no entanto, nã o se pode descartar a possibilidade de que, à medida que
mais e mais pessoas vierem a experimentar a consciência de Cristo, isso se manifestará em
uma reviravolta histó rica externa que também refletirá os eventos do Livro do Apocalipse.
Por outro lado, muitos pensadores modernos consideram qualquer coisa bíblica como
material antiquado e fogem de sua consideraçã o. A resposta deles é condicionada ao fato
de ter sido apresentado como fato literal por cristã os mais fundamentalistas.

Carl Jung, no entanto, chegou a uma conclusã o semelhante à de Cayce. Em Answer to Job,
ele aponta para uma ampla gama de simbolismo no Apocalipse que nã o é da tradiçã o
cristã , mas de outras tradiçõ es, incluindo o paganismo! Jung conclui que o Apocalipse é um
retrato simbó lico de uma experiência arquetípica universal do Self, que, como Jung
acreditava, é equivalente à consciência de Cristo. Cayce freqü entemente sugeria o estudo
da religiã o comparada como meio de compreender melhor o contexto mais amplo das
novas interpretaçõ es que ele estava dando. O trabalho de Jung, da perspectiva de tal
estudo comparativo do simbolismo do mundo, é um caso em questã o.

Em qualquer caso, a descriçã o de Cayce do funcionamento do sistema endó crino revelou-


se tã o profética quando comparada com as recentes descobertas da ciência médica,

147
especialmente do papel das glâ ndulas endó crinas e do sistema imunoló gico, que merece
nossa atençã o.

CAICE NA LÍNGUA MODERNA: PSICONEUROIMUNOLOGIA


A visã o de Cayce do sistema endó crino veio muito antes da compreensã o mais recente da
ciência das glâ ndulas. Cayce enfatizou a importâ ncia de tratar as glâ ndulas como um
sistema. Na verdade, ele chamou o sistema endó crino de sistema nervoso semelhante ao
mais familiar. Sempre que se referia ao sistema glandular, sempre mencionava os feixes
nervosos a eles associados.

À medida que a neurofisiologia moderna aprende mais sobre a conexã o íntima entre o
sistema endó crino e o sistema nervoso, parece que o sistema endó crino é um sistema
nervoso paralelo. As interconexõ es sã o complexas. As glâ ndulas endó crinas secretam
hormô nios no sistema sanguíneo. Através do sistema sanguíneo, todos os ó rgã os do corpo
sã o afetados, assim como a química do cérebro. Vá rias partes do cérebro secretam
hormô nios. O cérebro também envia sinais nervosos à s glâ ndulas. Por exemplo, Cayce
descreveu como o Leydig interagia com a pineal, como um sistema de ativaçã o principal. A
pesquisa moderna descobriu que, quando a pineal é estimulada com luz, a melatonina que
ela secreta inibe a produçã o do hormô nio sexual de Leydig. Assim, torna-se um ciclo de
feedback, tornando o sistema endó crino e o sistema nervoso extremamente
interdependentes.

A importâ ncia do sistema imunoló gico para o corpo tem focado muitas pesquisas médicas
no funcionamento complexo do sistema endó crino. Descobriu-se que o timo é responsá vel
pela produçã o de linfó citos, o principal combatente das doenças do sangue (observe que o
timo corresponde a "Livra-nos do mal"). Descobriu-se que muitos fatores psicoló gicos
relacionados a "ter coraçã o" ou ficar "desanimado" afetam a capacidade da glâ ndula timo
de manter o sistema imunoló gico ativo. Essas descobertas levaram ao campo da
“psiconeuroimunologia”, que se preocupa com a relaçã o interativa de fatores psicoló gicos,
o sistema nervoso e o sistema imunoló gico. Aqui, a visã o complexa de Cayce sobre a
relaçã o entre a mente e o corpo começou a receber seu apoio científico mais geral.

ATITUDES E EMOÇÕES: AS DROGAS NATURAIS DO CORPO


Como Cayce imaginou a influência do corpo na percepçã o psíquica? Ele enfatizou o
impacto de nosso estado emocional sobre o funcionamento e a saú de do corpo. As atitudes
sã o como quadros mentais emocionais crô nicos ou está veis. Juntas, nossas emoçõ es e
atitudes sã o como drogas no corpo.

148
Nossas atitudes e emoçõ es podem nos envenenar ou nos deixar "chapados". Por outro
lado, a descoberta da produçã o de endorfinas pelo cérebro, uma euforia natural, levou a
uma série de descobertas adicionais sobre como exercícios vigorosos e respostas
emocionais como estar apaixonado podem estimular a produçã o de endorfinas.
Endorfinas e outras substâ ncias químicas ativadas emocionalmente têm efeito no sistema
endó crino e, portanto, na consciência psíquica.

Nossa linguagem há muito reflete essa compreensã o secreta da relaçã o entre emoçõ es e
processos corporais. Dizemos que o comportamento de alguém nos "irrita", como se
soubéssemos que o efeito de nossa reaçã o emocional era aumentar a secreçã o de bile na
vesícula biliar. Quando dizemos: "Nã o tenho estô mago para isso", expressamos nosso
conhecimento de que nossa reaçã o emocional está perturbando o sistema digestivo. A
linguagem das emoçõ es está cheia de frases que envolvem o corpo. Quando uma pessoa
está em um estado crô nico de excitaçã o emocional - solitá ria, deprimida ou ressentida - os
efeitos químicos começam a causar deterioraçã o física. Ú lceras, dores de cabeça, psoríase,
colite e até alergias e câ ncer - essas sã o apenas algumas das síndromes que vieram a
povoar o campo em desenvolvimento da medicina “psicossomá tica” que Cayce previra.

ASSUMINDO A RESPONSABILIDADE PELO CORPO DE ATITUDES


EMOCIONAIS
Cayce, um ativista que achava que ninguém precisava ficar deitado quando seus corpos
adoeciam, antecipou a perspectiva moderna da psicologia da "vítima" e defendeu que as
pessoas assumissem a responsabilidade pela autocura. Em particular, ele afirmou que
uma pessoa poderia melhorar o funcionamento bioló gico do corpo através da meditaçã o, o
que acalmaria os três corpos, e trabalhando para melhorar suas atitudes emocionais. Ele
também estendeu essa abordagem à sintonia do corpo para a consciência psíquica.

A ciência clínica também validou o ponto de vista holístico de Cayce com a descoberta do
biofeedback, com o qual uma pessoa pode aprender a controlar a resposta da mente
subconsciente aos eventos e como a mente subconsciente afetou o sistema nervoso
autô nomo que controlava. Na época dessas descobertas emocionantes, a meditaçã o estava
se tornando popular nos Estados Unidos, e pesquisas clínicas descobriram que ela
produzia uma série de efeitos físicos que tiveram um impacto positivo sobre o corpo. O
biofeedback e a meditaçã o começaram a entrar no vocabulá rio médico como técnicas que
as pessoas poderiam usar para contribuir com sua pró pria cura. O controle voluntá rio
sobre o chamado sistema nervoso involuntá rio significava que era possível se comunicar

149
com a mente subconsciente. Nã o tínhamos mais que permanecer vítimas do corpo
emocional.

Tratar o corpo emocional diretamente, como defendido por Cayce, virou manchete
quando Norman Cousins revelou que havia se curado do que os médicos chamavam de
doença terminal ao assistir e desfrutar de muitos, muitos filmes de comédia antigos. Ele
observou que uma boa gargalhada era um anestésico eficaz e tinha um efeito positivo no
sistema endó crino. A autocura de Cousins nã o apenas confirmou a visã o de Cayce de que
"o riso é o melhor remédio", mas trouxe à tona o potencial de moldar atitudes e emoçõ es
com o propó sito de cura.

Logo, pesquisas começaram a vincular atitudes e emoçõ es à s chances de uma pessoa ficar
doente, à taxa de recuperaçã o e a efeitos específicos sobre a atividade do sistema
imunoló gico. Ian Wickram, da Eastern Virginia Medical School, desenvolveu um perfil de
tendência a doenças psicossomá ticas. De acordo com o perfil, as pessoas que tendem a se
preocupar, a perceber o mundo em termos de expectativas catastró ficas e a habitar
memó rias negativas têm maior probabilidade de desenvolver o tipo de sistema nervoso
autô nomo hiperativo (o corpo “emocional”) que leva ao psicossomá tico angú stia. Bernard
S. Siegel, autor de Love, Medicine & Miracles, é o principal porta-voz da vasta gama de
estudos que mostram como o desenvolvimento de atitudes como otimismo e amor sã o
cruciais para a cura e a recuperaçã o. Essas descobertas demográ ficas gerais também
foram apoiadas por pesquisas sobre os mecanismos causais subjacentes dentro do pró prio
sistema imunoló gico. As depressõ es e a solidã o enfraquecem o sistema imunoló gico. Risos,
esperança e sentimentos de amor fortalecem-no. Agora encontramos o princípio geral de
saú de atitudinal de Cayce ecoado nas palavras do médico holístico Norman Shealy, que diz
que o melhor antídoto para o estresse e a doença é ter "uma atitude ó tima e positiva".

O EFEITO PSICOCINÉTICO DA IMAGEM CORPORAL


Ao atribuir à mente a capacidade de ter controle específico sobre o funcionamento do
corpo, Cayce antecipou especialmente os desenvolvimentos da medicina moderna. Boas
atitudes e emoçõ es positivas podem ser traduzidas em instruçõ es específicas para o corpo.
Como vimos, uma maneira de se comunicar com a mente subconsciente e o corpo
emocional é por meio de imagens. Efeitos dramá ticos atribuídos à s imagens foram
medidos no sistema imunoló gico. Por meio da imaginaçã o, a mente pode atingir um
controle bastante eficaz sobre o funcionamento das células do sistema imunoló gico.

Em Imagery in Healing, Jeanne Achterberg mostra como esse controle pode ser tã o
específico a ponto de sugerir uma ligaçã o direta entre a mente e o corpo. Por exemplo,

150
cientistas da Michigan State University mostraram aos seus sujeitos slides de um tipo
específico de célula e descreveram suas atividades e atributos. Eles entã o pediram que
tentassem visualizar essas células saindo ou entrando no sistema sanguíneo. Eles
descobriram que seus sujeitos foram capazes de reduzir ou aumentar a contagem dessas
células sem afetar os outros tipos de células. Em outro experimento, eles pediram aos
indivíduos que tentassem mudar a extensã o em que essas células se agarraram à s paredes
dos vasos sanguíneos. Novamente, os sujeitos tiveram sucesso, sendo capazes de
aumentar ou diminuir o fator de aderência dessas células à vontade. Embora seja uma
questã o um tanto espinhosa invocar o conceito de psicocinesia quando a mente e o corpo
pertencem à mesma pessoa, o grau de controle específico das imagens sobre a produçã o e
funçã o celular certamente parece má gico.

Efeitos psicocinéticos genuínos foram alcançados, no entanto. William Braud, da Mind


Science Foundation em San Antonio, Texas, testou a habilidade das pessoas de “operar
mentalmente” com o sangue de outra pessoa. Em um experimento, ele descobriu que o
operador poderia afetar a taxa de degradaçã o dos gló bulos vermelhos do sangue coletado.
No momento em que está escrevendo, ele está tentando determinar se as pessoas podem
afetar os processos em seu pró prio sangue coletado. Se puderem, entã o pode haver
alguma base para a noçã o psíquica geral de que nossas mentes afetam nossos corpos por
meio da psicocinese.

A crença de Cayce no poder criativo da imaginaçã o para padronizar as manifestaçõ es


físicas é confirmada no tipo de controle corporal que pode ser alcançado por meio de
imagens. Com relaçã o aos centros psíquicos, portanto, é compreensível que Cayce tenha
enfatizado o uso da visualizaçã o com extremo cuidado, para que os centros fossem abertos
em um padrã o harmonioso.

ATIVANDO OS CENTROS PSÍQUICOS


Nã o é necessá rio abrir os centros psíquicos para manifestar a consciência psíquica. Eles
funcionam como receptores psíquicos naturalmente. Da perspectiva de Cayce, o
funcionamento psíquico é um atributo do funcionamento criativo e saudá vel que pode ser
cultivado, se desejar, para incluir a meditaçã o para o desenvolvimento má ximo. É sempre
importante cultivar um corpo saudá vel, mas especialmente se se pretende meditar sobre
os centros psíquicos. Os bons há bitos de cuidado dos centros psíquicos incluem nã o
apenas há bitos físicos, mas também mentais, emocionais e espirituais - todos têm efeito
sobre a mente superconsciente e seu corpo-alma, o sistema endó crino.

151
As sugestõ es de Cayce a respeito de bons há bitos físicos sã o de bom senso pelos padrõ es
atuais de preocupaçã o com a saú de. Por exemplo, a dieta deve ser rica em vegetais e pobre
em carne vermelha. Cayce deseja que reconheçamos que, quando comemos, estamos
incorporando formas de vida ao nosso corpo e elas merecem nossas bênçã os. Ele também
recomendou ajustes quiroprá ticos perió dicos para se certificar de que a medula espinhal
nã o está bloqueando o fluxo de energias vitais.

Um corpo saudá vel requer um estado de espírito emocional saudá vel. O medo, a raiva
crô nica, a depressã o e o estresse constante têm um efeito negativo em todos os níveis. A
perspectiva de Cayce sobre o tratamento desses problemas está de acordo com a
tendência de desenvolvimento do pensamento holístico. Fatores dietéticos, como café,
açú car e á lcool, podem desempenhar um papel na piora das respostas emocionais e físicas
ao estresse. A visã o atual no campo do aconselhamento psicoló gico é examinar os padrõ es
de pensamento, conforme defendido por Cayce. Os tipos de padrõ es de pensamento que
ele sugeriu que fossem examinados sã o muito parecidos com aqueles favorecidos pelas
atuais psicologias de orientaçã o espiritual, como Um Curso em Milagres: que criamos
nossas pró prias realidades psicoló gicas, que a ilusã o de um eu separado gera medo, raiva
e vícios em poder, sofrimento, relacionamentos ou substâ ncias materiais. Nessa
perspectiva, a meditaçã o é uma importante ferramenta curativa. Podemos usá -lo nã o
apenas como calmante, mas também para facilitar a autoaceitaçã o e a receptividade aos
sentimentos de Unidade com a vida.

É importante notar que vá rias das modalidades terapêuticas alternativas a que Cayce se
referiu estã o agora sendo exploradas e receberam algum apoio em pesquisas. Em
particular, descobriu-se que o uso de cores, mú sica e odores tem impacto físico e
psicoló gico. Destes três, Cayce disse que o odor tem a influência mais poderosa, e sua
teoria está ganhando certa validaçã o.

Gary Schwartz, por exemplo, um conhecido pesquisador de biofeedback da Universidade


de Yale, começou a pesquisar o que ele chama de "aromaterapia". Em um de seus
primeiros experimentos, ele descobriu que o cheiro de maçã s com especiarias reduz a
pressã o arterial de uma pessoa emocionalmente perturbada. Ele descobriu que a maioria
dos aromas que estudou têm efeitos específicos, incluindo reduçã o da dor (pêssegos) e
alívio da fome (chocolate). O psiquiatra Robert Turfboer, de Joplin, Missouri, descobriu
que queimar fó sforos perfumados alivia a insô nia. Deve-se notar também que a sensaçã o
de cheiros inexplicá veis à s vezes acompanha as experiências psíquicas. Estudos indicaram
que aproximadamente 8 por cento de todas as experiências envolvendo apariçõ es incluem
um cheiro anô malo, mas os cheiros também podem ocorrer em outras formas de
experiências psíquicas. Quando os médiuns foram questionados: "Você já sentiu o cheiro

152
de algo quando nã o há nada para cheirar?" Vernon Michael Neppe, da University of the
Witwatersrand em Johannesburg, Á frica do Sul, descobriu que todos responderam
positivamente. Um grupo de nã o-psíquicos respondeu negativamente. Entre os médiuns,
os cheiros eram encontrados com mais frequência na “presença de uma entidade”, mas
também durante estados místicos e sessõ es de cura.

Essas descobertas trazem à tona algo da filosofia geral de vida de Cayce, direcionada a
uma vida saudá vel e feliz dentro de um contexto de perspectiva espiritual, que tem
implicaçõ es definidas para o desenvolvimento resultante da capacidade psíquica. Nas
palavras de Kevin Ryerson, um canal psíquico contemporâ neo que contribuiu para a
Psicoimunidade e o Processo de Cura (que contém muitos conselhos paralelos à s
sugestõ es nas leituras de Cayce), “É mais difícil abrir a kundalini do que conhecer a Deus;
e Deus é simplesmente amor. Pois o amor é o que une todos os chakras. ”

Uma pessoa nã o precisa realizar exercícios espirituais para desenvolver habilidades


psíquicas. Muitas das coisas comuns que fazemos e pensamos têm implicaçõ es para os
centros psíquicos. Podemos desenvolver uma vida saudá vel e feliz, sabendo que, com isso,
estamos cuidando de nossos corpos físico, emocional e anímico, promovendo um
desenvolvimento natural da consciência psíquica.

O que você pensa durante o dia? O que você lê? O que você assiste na TV? O que
alimentamos nosso subconsciente por meio dessas atividades, Cayce aconselhou, tem
implicaçõ es para os centros psíquicos. Por exemplo, descobriu-se que assistir a um filme
sobre crimes de guerra nazistas deprimia o sistema imunoló gico, enquanto assistir a um
filme sobre Madre Teresa o fortalecia. Nos dias de hoje, quando o estresse da vida cansa as
glâ ndulas supra-renais, temos uma onda de adrenalina ao ver os mocinhos irem atrá s dos
malvados. Mas é importante lembrar que o desenvolvimento psíquico no contexto de um
plexo solar hiperativo leva a efeitos psíquicos indesejados.

Seria melhor dar um descanso à s supra-renais e ativar os centros superiores assistindo a


um filme repousante, com mú sica suave, tendo alguns aromas celestiais na sala, frutas
para um lanche e compartilhando todas essas delícias com alguém que você ama. Dessa
maneira muito prazerosa, você nã o apenas pode relaxar das preocupaçõ es do mundo, mas
pode ter a certeza de que está preparando seus centros psíquicos para um desempenho
ideal. Em tal atmosfera, o corpo da alma pode reacender seus sucos e talvez instigá -lo a
uma nova aventura na consciência psíquica.

153
Parte IV
DESENVOLVENDO A CONSCIÊNCIA PSÍQUICA

11
AVENTURA PARA A CONSCIÊNCIA PSÍQUICA

Primeiro, comece entre si. Estabeleça uma hora definida e cada um, naquele momento,
anote o que o outro está fazendo. Faça isso por vinte dias. E você descobrirá que tem a
chave da telepatia.

EDGAR CAYCE

“NÃ O USE A PALAVRA DE NINGUÉ M para isso. Experimente você mesmo e veja. Você
aprenderá mais segredos com seus pró prios experimentos e prá tica do que apenas
pensando sobre a teoria. Além disso, apenas as ideias que realmente funcionam para você,
aquelas que você usa e que fazem a diferença em sua vida, valem alguma coisa, de
qualquer maneira. ” Esse seria o conselho de Edgar Cayce sobre como se tornar vidente. A
iluminaçã o nã o vem apenas sentando-se em silêncio, mas pela açã o iluminada que produz
o fruto do conhecimento.

Que tipo de açã o iluminada você pode realizar? Além das sugestõ es específicas fornecidas
nos capítulos anteriores, você pode tentar alguns experimentos adicionais durante sua
aventura na percepçã o psíquica.

Agora você já aprendeu que é um com o mundo. Agora você pode acreditar na
possibilidade de PES, que ajuda a desenvolver a habilidade psíquica. Permita que sua
imaginaçã o abrace conceitos que transcendem espaço, tempo e a cadeia de causa e efeito
do pensamento atomístico. Imagine as ideias permeando a quarta dimensã o e permita que
sua mente se torne um ressonador simpá tico a esses padrõ es. Imagine que por trá s do véu
de sua percepçã o consciente existe uma percepçã o inteligente superconsciente.
Desenvolva sua pró pria imagem desta inteligência em açã o, este Anciã o dentro de você
que o está guiando neste momento em seu pró ximo passo.

154
PREPARE UM PLANO DE APLICAÇÃO
O que você fará com sua habilidade psíquica? Se você nã o tem nenhum plano para usá -lo,
pode se sentir oprimido e com medo. Prepare-se com antecedência, pensando em como
você poderia usar a habilidade psíquica, e entã o prepare-se para fazer isso. Tentar
desenvolver PES apenas por curiosidade nã o será suficiente, a longo prazo, para trazer à
tona sua capacidade psíquica. Você precisa criar experimentos que tenham uma aplicaçã o
prá tica em uma á rea de necessidade pessoal.

Prepare-se para usar sua habilidade psíquica para superar obstá culos e desenvolver e
expressar seus talentos. Você também pode usá -lo para ajudar outras pessoas, para trazer
bondade ao mundo. Desenvolva uma agenda baseada em suas necessidades ou em
propó sitos específicos para colocar a consciência psíquica em açã o. Isso o ajudará a
concentrar sua energia enquanto faz experiências com as várias técnicas de
desenvolvimento de PES.

Se você está frustrado no trabalho e deseja começar de novo em uma nova carreira, por
exemplo, a habilidade psíquica pode ajudá -lo a fazer essa mudança. Você pode ficar
sabendo de talentos ocultos ou localizar oportunidades de treinamento ou emprego. A
habilidade psíquica pode lhe dar os recursos adicionais de que você precisa para abrir um
negó cio por conta pró pria, combinando seus talentos com as necessidades do mercado.

Desenvolva algumas metas específicas pelas quais deseja trabalhar e cumprir, que agora
está preparado para implementar. Dê à s suas intençõ es de desenvolver PES alguma
motivaçã o prá tica. Quando estiver pronto para o vento soprar, levante a vela e coloque a
mã o no leme. Esteja preparado!

GRAVAÇÃO DE SONHO PARA PADRÃO SINCRONÍSTICO


Provavelmente, sua primeira experiência psíquica ocorrerá em um sonho. Nã o perca.
Durante o dia, pergunte-se se está preparado para se lembrar de um sonho psíquico. Ao
dormir à noite, imagine-se acordando de manhã com um sonho ú til. Prepare-se para
sonhar psiquicamente. Pegue um diá rio de sonhos e comece a escrever nele todas as
manhã s, mesmo que seja simplesmente para registrar suas impressõ es e pensamentos ao
acordar. Mergulhar no fundo de sua mente para localizar memó rias de sonhos quase
esquecidos é uma boa prá tica para se manter em contato com a mente subconsciente. O

155
estado de transiçã o ao acordar é um momento privilegiado para receber impressõ es
psíquicas.

Durante o dia, fique atento a padrõ es de correspondência entre seus sonhos ou


impressõ es ao acordar e as experiências do dia. Nã o seja muito racional ao avaliar
quaisquer correspondências percebidas. Se você perceber um link, suponha que haja um.
A prova nã o vem na aná lise, mas no que acontece a seguir quando você a acompanha.

Veja as correspondências como oportunidades possíveis para colocar sua consciência


psíquica em prá tica. Suponha, por exemplo, que você esteja preparado para usar a
habilidade psíquica para ajudá -lo a seguir para uma nova carreira. Você tem o sonho de
brincar com crianças e no dia seguinte vê um noticiá rio na TV sobre as necessidades das
crianças carentes que mostra um adulto acompanhando uma criança no parquinho. Há
uma correspondência. Pode estar apontando para uma oportunidade de seguir uma
carreira envolvendo crianças? Pode estar apontando para uma oportunidade que espera
por você se você se tornar mais infantil e brincalhã o? Como você pode testar essas ideias?
Ir a um parquinho para relaxar e “brincar” por alguns minutos pode levar a uma nova
ideia, ou a um encontro casual com um estranho que pode sugerir o pró ximo passo.
Pensar na possibilidade de abrir uma creche para crianças carentes pode levá -lo a
descobrir uma série de oportunidades para trabalhar com crianças.

SE DEIXE DE LADO
Você pode nã o estar pronto para começar um programa de meditaçã o, embora esteja
ciente de seu valor supremo no desenvolvimento da consciência psíquica. Isso está
perfeitamente bem. Aplicar suas habilidades intuitivas inatas antes de iniciar qualquer
programa especial de desenvolvimento é uma maneira natural de proceder. A meditaçã o é
um caso especial de aprender a deixar de lado a mente consciente em favor da percepçã o
superconsciente, mas existem outras maneiras de praticar a arte de deixar ir. Cayce
sugeriu um exercício semelhante ao que é chamado na tradiçã o oriental de "meditaçã o da
atençã o plena". Você pode usá -lo como um auxílio para trabalhar com a intuiçã o
espontâ nea.

Por breves períodos de tempo, depois por períodos mais longos, tente ficar em contato
com sua consciência de fundo e, em seguida, simplesmente "dê um passo para o lado e
observe-se passar." Isto é, sem interferir ou mudar qualquer um de seus pensamentos e
açõ es, simplesmente observe-os. No início, você pode praticar a repetiçã o da frase: “Agora
estou ciente de que estou ...” pensando sobre isso ou fazendo aquilo e assim por diante. A
ideia é ser capaz de combinar consciência com espontaneidade. Geralmente podemos ter

156
um ou outro, mas nã o os dois ao mesmo tempo. Praticar essa forma de meditaçã o contínua
produzirá vá rios benefícios ú teis.

Nã o é possível ficar de lado sem primeiro aceitar a si mesmo. Você aprenderá a auto-
aceitaçã o com este exercício. Você pode ter que se dar conta de que, “Agora estou
bloqueando meus sentimentos sobre ...” ou “Agora estou me criticando por ...”. A
autocrítica inibe a curiosidade e tem o efeito de fechar você, em vez de abri-lo para a
espontaneidade.

Ao praticar essa forma de percepçã o, você pode fazer um inventá rio dos padrõ es habituais
de pensamento que interferem no desenvolvimento da consciência superior. Você acha
que é cético em relaçã o ao desenvolvimento de sua consciência psíquica? Você tem
padrõ es de preocupaçã o, medo ou raiva? Tome nota deles. Mais tarde, você pode
investigar esses padrõ es para ver como pode trabalhar com eles. Use a escrita inspiradora,
por exemplo, para ter um diá logo entre você inseguro e seu Eu superior. Ao ter um
interesse atencioso e amoroso nas partes de você que deseja mudar, você quebrará o
há bito infrutífero da autocrítica automá tica e impensada e aprenderá a reconhecer as
vá rias necessidades subjacentes que essas partes estã o tentando chamar a sua atençã o. A
autocrítica automá tica expressa tanto um vício na "auto" perfeiçã o, quanto medos
subjacentes pela preservaçã o desse "eu" separado. Aprender a trabalhar com esses
padrõ es de forma mais receptiva do que controladora aumenta a autoconfiança e dissolve
os medos que mais tarde bloquearã o o psíquico espontâ neo consciência.

O desenvolvimento da autoaceitaçã o permitirá que pensamentos e impulsos espontâ neos,


que você poderia ter afastado, venham à superfície. Responder à s intuiçõ es requer que
você seja sensível a sugestõ es irracionais que podem vir na forma de imagens e
sentimentos. Se você deseja expressar intuiçã o, precisa aprender que pode confiar no
fluxo de sua experiência.

APRENDENDO A CONFIAR NA SUA INTUIÇÃO


Você tem que aprender a confiar em sua intuiçã o, e isso significa aprender a agir de
acordo com ela. O exercício de intuiçã o sim / nã o de Cayce, dado anteriormente, é uma boa
maneira de buscar conselhos em sua intuiçã o. Mas você nã o precisa esperar até enfrentar
uma decisã o importante. Sua intuiçã o está trabalhando o tempo todo. Tente agir sobre
isso.

Aqui está uma sugestã o simples para começar. Tente adquirir o há bito de anunciar quem é
o chamador sempre que o telefone tocar. Quando você ouvir o telefone tocar,

157
simplesmente fale e declare: “Isso é ... chamando”, deixando escapar qualquer nome que
vier a você. Intuiçã o é saber sem saber como você sabe. Portanto, assuma um estado de
espírito de “conhecimento inocente” e faça o anú ncio em voz alta, como se você realmente
soubesse quem é. Se você se sentir hesitante, talvez possa apreciar os resultados de
pesquisas que indicam que as pessoas intuitivas estã o dispostas a correr riscos e nã o têm
medo de se expor a críticas. Entã o dê uma chance.

Anote os resultados. Quando estiver correto, observe como suas intuiçõ es vá lidas se
sentem quando aparecem. Quando você estiver incorreto, examine o que estava em sua
mente ao fazer o anú ncio. Talvez você descubra que havia algum pensamento ou imagem
relacionado com a pessoa que estava ligando, algo que você suprimiu ou descartou. Esses
descuidos também lhe ensinarã o algo sobre como sã o os ingredientes da intuiçã o.

Você é lento para tomar até as decisõ es mais triviais? Tente agir de forma rá pida e
espontâ nea, sem pensar muito. Faça escolhas rá pidas sobre qual filme assistir ou o que
pedir no menu, como um meio de desenvolver a resposta intuitiva. Gosto de fazer
previsõ es sobre como os filmes serã o ou a identidade do culpado em histó rias de detetive,
que é outra maneira agradá vel de transformar situaçõ es cotidianas em jogos de intuiçã o.

O há bito pode sufocar a intuiçã o, sejam ela há bitos da rotina diá ria ou do pensamento
racional. Pode ser ú til conciliar sua rotina diá ria para desenvolver uma flexibilidade que
possa admitir mais prontamente os impulsos da intuiçã o. Você dirige do trabalho para
casa da mesma maneira todos os dias? Experimente variar a rota. Tente seguir em uma
direçã o aleató ria e, em cada cruzamento, faça uma escolha espontâ nea de direçã o.

Combine esses experimentos com seu programa de açã o para usar sua capacidade
psíquica de despertar. Ao fazer uma viagem aleató ria, esteja atento a quaisquer sugestõ es
internas para parar e investigar algum estabelecimento comercial - apenas para visitar,
talvez - que possa estar relacionado à sua descoberta de uma nova direçã o para uma
mudança de carreira.

Você também pode aplicar essa abordagem aos seus sonhos. Experimente presumir que
seus sonhos sã o visõ es intuitivas e aja de acordo com eles. Procure ou crie experiências
que correspondam à s imagens dos seus sonhos. Se você sonha com um amigo, chame a
pessoa para um bate-papo. Se você sonha em andar de bicicleta, dê um passeio. Deixe que
quaisquer outras intuiçõ es que possam surgir enquanto você está fazendo tais coisas
levem a açõ es espontâ neas, perguntas, pesquisas. Você pode encontrar mais um passo no
caminho para a oportunidade de uma nova carreira. Trabalhar com seus sonhos dessa
maneira intuitiva pode ser aprimorado se você tentar especificamente "incubar" sonhos,
conforme descrito no capítulo cinco, em tó picos de interesse aplicados específicos.

158
EXPERIMENTO COM UM PÊNDULO
Você pode descobrir a capacidade psíquica de sua mente subconsciente trabalhando com
um pêndulo. Depois que o pêndulo o ajudou a contornar sua mente consciente e obter
acesso à PES do seu subconsciente, você deve gradualmente dispensar o pêndulo e captar
mensagens diretamente do seu subconsciente. Você pode começar com um experimento
feito apenas por “curiosidade”, mas entã o progredir para algo mais de acordo com seus
planos de aplicaçã o de habilidades psíquicas.

O uso de um pêndulo em um teste de ESP produz resultados mais precisos do que


adivinhaçã o. Tente ver se você mesmo pode obter esse efeito. Peça a um amigo que se
sente fora da sua vista, escolha uma carta do baralho e concentre-se na cor vermelha ou
preta. Tente adivinhar a cor do cartã o. Apó s cada tentativa, peça a seu amigo que mostre o
cartã o para que você possa ver por si mesmo. Percorra uma série de dez cartas e
acompanhe sua pontuaçã o. Em seguida, mude para o uso de um pêndulo. Determine qual
resposta do pêndulo representará o preto e qual representará o vermelho. Repasse uma
série de dez cartas novamente, permitindo que a resposta do pêndulo determine a
estimativa. Alterne entre uma série de dez cartas por adivinhaçã o e dez cartas com o
pêndulo. No final, veja qual foi mais preciso. Se o pêndulo for mais preciso, você tem
evidências de como o pêndulo pode acessar a capacidade psíquica de sua mente
subconsciente melhor do que sua mente consciente.

A propó sito, acertar oito ou mais em dez seria definitivamente considerado como vencer
as probabilidades. Acertar apenas dois ou menos seria considerado "PES negativa", o que
significa que você está demonstrando PES, mas usando-a para errar. Se for esse o caso,
talvez PES o assuste.

Quando você tiver se convencido de que o pêndulo pode demonstrar PES em cartas de
adivinhaçã o, tente se livrar dele. Comece verificando se você consegue adivinhar com
antecedência como o pêndulo vai responder. Quando você pode fazer isso sem reduzir a
precisã o ESP do pêndulo, entã o provavelmente você está pronto para descartar o pêndulo
para adivinhar as cartas.

Agora tente algo que se relacione com seu plano de aplicaçã o para o uso de habilidades
psíquicas. Aqui está uma ideia sobre carreiras. Corte alguns anú ncios de procurados de
seu jornal. Escolha alguns relacionados a empregos que você sabe que realmente odiaria e
alguns que você acha que pode gostar. Além disso, escolha cerca de duas vezes mais para
trabalhos sobre os quais você nã o tem certeza. Cole cada anú ncio em uma ficha separada.
Em seguida, pegue o pêndulo e estabeleça seu có digo de resposta. Talvez da esquerda para

159
a direita significasse: “Eu me sairia bem neste trabalho”, enquanto para frente e para trá s
significaria: “Eu nã o me sairia bem neste trabalho”. E balançar em um padrã o circular no
sentido horá rio significaria "Eu gostaria deste trabalho", enquanto balançar no sentido
anti-horá rio significaria: "Eu nã o gostaria deste trabalho". Nenhum movimento poderia
indicar "Sem opiniã o". A escolha das respostas deve ser baseada no tipo de pergunta com
que você está preocupado - preferências de carreira, habilidades inatas, palpites de que
isso levaria a algo bom, perspectivas de ser contratado e assim por diante. Assim que o
“có digo” da resposta do pêndulo for estabelecido, leia cada anú ncio de procura por vez e
observe sua resposta do pêndulo. Veja se corresponde à sua opiniã o consciente. Quando
isso nã o acontecer, tente novamente. Se o pêndulo continuar a dar uma resposta
consistente, mas diferente da sua opiniã o consciente, você pode ter algo em que pensar.

Para testar os efeitos ESP, peça ao seu amigo que escolha uma dessas cartas
aleatoriamente e a leia silenciosamente enquanto pensa em você em relaçã o a esse
trabalho. Verifique agora a sua resposta do pêndulo ao cartã o de emprego, quando apenas
o seu amigo sabe a sua identidade. Se o pêndulo tende a dar a mesma resposta ao cartã o
de trabalho, esteja você olhando para o cartã o ou se seu amigo o estiver olhando e você
nã o souber a identidade do cartã o, você está obtendo alguns efeitos ESP interessantes.
Peça ao seu amigo que repasse as cartas algumas vezes e encontre as cartas à s quais seu
pêndulo responde de maneira consistente. Aqui está um efeito ESP muito interessante,
que pode ter algum significado potencial para você em termos de questõ es profissionais.
Essas fichas de trabalho devem estar relacionadas a carreiras à s quais seu subconsciente,
por algum motivo, é muito sensível. Discuta seus sentimentos sobre esses empregos com
seu amigo, incluindo as impressõ es de seu amigo sobre suas habilidades, preferências e
assim por diante, que seu pêndulo pode estar captando. Continue a discussã o, usando a
incubaçã o de sonhos, a escrita inspiradora ou o experimento de meditaçã o “sim / nã o”,
descrito nos capítulos anteriores.

O valor principal do pêndulo é sua capacidade de demonstrar a habilidade PES para sua
mente subconsciente antes de você ser capaz de experimentar imagens psíquicas. O
pêndulo deve ser reconhecido, entretanto, pelo automatismo que é. Nã o seria uma
ferramenta preferida pelo pró prio Cayce, pois seu uso sugere abrir-se à influência externa.
Em comparaçã o com a escrita automá tica e o tabuleiro Ouija, entretanto, o pêndulo
permite apenas um grau limitado de dissociaçã o consciente; portanto, nã o é
particularmente perigoso se você nã o confiar nele como um substituto para o
desenvolvimento de sua pró pria consciência psíquica. O pêndulo serve para amplificar a
reaçã o de sua mente subconsciente para torná -la visível a olho nu. Tendo visto que seu
subconsciente está respondendo psiquicamente, você deve ser capaz de desenvolver o
equivalente mental do pêndulo, concentrando-se em seus sentimentos e imagens.

160
TELEPATIA MENTAL: EXPERIMENTOS EM VISUALIZAÇÃO REMOTA
Cayce uma vez sugeriu um experimento que, segundo ele, demonstraria a chave da
telepatia: combine com um amigo para reservar algum tempo todos os dias, quando
ambos, cada um em seu local específico, possam sentar-se em silêncio e tentar sintonizar a
outra pessoa. Permita que sua mente ressoe com a experiência da outra pessoa
(pensamentos, atividades recentes, sentimentos, arredores, planos e assim por diante) e
faça anotaçõ es ou diagramas sobre o que você pegar. Verifique regularmente um com o
outro e compare as notas. Cayce sugeriu tentar esse experimento por vinte dias
consecutivos. Você deve ver alguns resultados. Os méritos dessa abordagem para
investigar a telepatia foram validados repetidamente. Ele ficou famoso por Upton Sinclair,
que trabalhou com sua esposa por um longo período de tempo e escreveu sobre suas
experiências em seu livro Mental Radio. Harold Sherman (o médium de Arkansas que, com
Ingo Swann, fez as viagens psíquicas a Jú piter e Mercú rio descritas no capítulo um), usou
essa abordagem para permanecer em contato telepá tico com Sir Hubert Wilkins em sua
exploraçã o da Antá rtica. Juntos, eles escreveram um relato de seus experimentos em
Thoughts Through Space. René Warcollier, em mente para Mind, relatou os resultados de
centenas de experimentos e descreveu os ingredientes do sucesso.

O método ganhou popularidade ainda maior na pesquisa psíquica contemporâ nea com um
novo nome, visã o remota. Conduzidos pela primeira vez no Stanford Research Institute
(agora SRI International) por Russell Targ e Harold Putoff, os experimentos de visã o
remota tornaram-se comuns, devido à sua aparente simplicidade e porque quase todos
parecem ser capazes de aprender rapidamente a fazê-lo. Nesses experimentos, um agente
vai a algum local desconhecido e inspeciona a cena. Enquanto isso, de volta ao laborató rio,
o visualizador simplesmente descreve para um entrevistador tudo o que está acontecendo
na mente do visualizador e, em seguida, faz um diagrama de quaisquer imagens visuais. O
relató rio e os diagramas do visualizador sã o entã o comparados com as cenas do local
visitado pelo agente. Targ e Putoff descrevem muitos experimentos de sucesso em Mind
Reach e The Mind Race.

Todas essas experiências mostraram que a imaginaçã o espontâ nea é crucial para seu
sucesso. O fracasso é freqü entemente causado pela mente racional alterando as
impressõ es espontâ neas com base nas expectativas. Assim, os experimentos que sugeri
anteriormente, relativos ao aprendizado de "deixar de lado" e ao desenvolvimento da
espontaneidade da intuiçã o, sã o boas técnicas de treinamento para ter sucesso na visã o
remota.

161
EXPERIMENTOS EM CLARIVIDÊNCIA
Pesquisadores da SRI International descobriram que as mesmas habilidades usadas para
captar as experiências de um agente remoto também podiam ser usadas para captar
informaçõ es mesmo quando nã o havia nenhum agente de envio envolvido. Por exemplo,
em uma série de experimentos descritos em The Mind Race, os participantes receberam
um conjunto aleató rio de coordenadas de latitude-longitude e eles “viram” com êxito o
cená rio nesses locais. Em outra série de experimentos, os sujeitos “visualizaram” com
sucesso o conteú do de documentos de micropontos - mais ou menos o tamanho do ponto
em um “i” - selado em recipientes.

Sob a terminologia moderna de visã o remota, esses trabalhadores ampliaram com sucesso
o alcance da clarividência típica. As tarefas nã o eram diferentes daquelas realizadas por
Edgar Cayce em seu transe psíquico, quando ele descreveu o que a pessoa para quem
estava lendo estava fazendo no momento e como era o ambiente, ou quando olhou
microscopicamente para o funcionamento da pessoa corpo. A fonte psíquica de Cayce uma
vez indicou que ele poderia ser um clarividente ainda melhor em seu estado de vigília do
que em seu estado de transe, se quisesse se desenvolver adequadamente. Os experimentos
de visã o remota parecem apoiar pelo menos a noçã o de que um transe nem sempre é
necessá rio para a percepçã o psíquica. Outra implicaçã o desenhada pelos pesquisadores é
que uma extensã o da crença no que é possível, na verdade, estende o alcance do possível.
Aqui está outro lembrete para continuar expandindo os limites de sua imaginaçã o.

Em seu estado de vigília, Edgar Cayce podia discernir o conteú do de uma carta
simplesmente segurando o envelope lacrado. Muitas vezes, ele coletava informaçõ es
adicionais sobre o remetente, quase como se estivesse dando uma prévia da leitura que
resultaria do pedido da pessoa. A capacidade de vigília de Cayce pode ser adaptada a
alguns experimentos para você tentar.

Peça a um amigo que compre vá rios cartõ es-postais de belas artes e lacre cada um em um
envelope opaco. Pegue um desses envelopes em sua mã o e permita que sua mente se torne
um com o cartã o postal, ressoando com a imagem. Aceite suas primeiras impressõ es sem
censurá -las e anote-as. Em seguida, abra o envelope e compare suas impressõ es com a
imagem. Em sua comparaçã o, procure aspectos da imagem que possam estar relacionados
à s impressõ es que você suprimiu. Nã o tente muitas fotos de uma só vez e distribua seus
experimentos por vá rios dias ou semanas.

Também pode valer a pena experimentar estados alterados de consciência. Experimente


dormir em um envelope e veja se seu sonho contém elementos da imagem. Experimente

162
aproveitar o período de transiçã o ao acordar de manhã para “ver” o conteú do de um
envelope. Tente visualizar um envelope durante uma sessã o de relaxamento ou auto-
hipnose. Também seria ú til comparar suas habilidades antes e depois de um período de
meditaçã o.

Pense em uma maneira de adaptar esse tipo de experimento à á rea específica de aplicaçã o
na qual você está interessado para desenvolver suas habilidades psíquicas. As cartas de
carreira que descrevi anteriormente poderiam ser facilmente substituídas pelas cartas de
arte. Segure um envelope com um anú ncio de emprego desconhecido dentro, enquanto
permite que sua mente receba imagens espontaneamente. Além de testar seu ESP dessa
maneira, também é possível que uma comparaçã o de suas imagens mentais com o anú ncio
de emprego possa levar a alguma intuiçã o sobre um aspecto anteriormente insuspeitado
desse tipo de trabalho.

VISUALIZANDO O FUTURO
Os experimentos ESP típicos que exigem que um sujeito faça suposiçõ es repetidas entre
um conjunto limitado de opçõ es (como a carta será vermelha ou preta?) Tendem a se
tornar enfadonhos. Cayce enfatizou a necessidade de desenvolver experimentos de PES
que desafiem a pessoa a realizar algo de valor prá tico. Recentemente, os pesquisadores
combinaram essas duas consideraçõ es em uma abordagem experimental que tem um
enorme potencial. É chamado de “visã o remota associativa de eventos futuros”. Uma das
primeiras pesquisadoras a tentar esse tipo de estudo foi Elizabeth Targ, cujo experimento
dizia respeito ao resultado de uma eleiçã o.

No outono de 1980, a pergunta era "Quem será eleito presidente: Ronald Reagan, Jimmy
Carter, John Anderson ou nenhum desses homens?" Nesse caso, pedir uma previsã o
psíquica é, na verdade, pedir a uma pessoa que adivinhe entre apenas quatro opçõ es. Em
vez de pedir esse tipo de palpite, Targ usou uma abordagem diferente. Ela pediu a um
amigo que selecionasse secretamente quatro objetos completamente diferentes de
qualquer tipo e colocasse cada um em uma caixa. As caixas deveriam ser rotuladas
aleatoriamente como "Reagan", "Carter", "Anderson" e "Nenhum desses". Tart entã o disse
ao sujeito experimental - o “espectador” - que na noite da eleiçã o ela veria um objeto. O
que seria? A tarefa do sujeito nã o era adivinhar "qual", pois as escolhas nã o eram
conhecidas, mas simplesmente permitir que as imagens surgissem espontaneamente em
sua mente. Targ relatou as imagens do visualizador para sua amiga, que foi questionada se
combinava com algum dos objetos. Se sim, a aposta estava ativa. Se nã o, entã o seria
assumido que o sujeito nã o foi capaz de ver o futuro. Como se viu, a descriçã o do sujeito,

163
"um objeto branco, oco e cô nico ... como um material de concha ... com um cordã o preso ao
seu á pice", correspondia claramente a um dos objetos que o amigo havia reunido, um
"apito em forma de cornucó pia feito de um chifre de animal com um barbante preso em
sua extremidade pontuda. " Esse objeto estava na caixa com o ró tulo "Reagan". Mais tarde,
os resultados das eleiçõ es provaram que o espectador previu corretamente o resultado.

Havia mais uma parte crucial desse experimento. Quando o resultado da eleiçã o foi
conhecido, Targ foi até a amiga, pegou o apito e mostrou ao sujeito experimental. Uma vez
que o experimento foi baseado na suposiçã o de que seria mostrado um objeto ao sujeito,
este ato final de prosseguir parecia importante. É impressionante considerar as
implicaçõ es para nossa maneira típica de pensar sobre o tempo e a causalidade: o
experimento teria funcionado se Targ tivesse esquecido o ato final do feedback? O ato de
mostrar ao visualizador o objeto retroativamente fez com que o visualizador “visse”
aquele objeto oito semanas antes?

Apesar desse enigma filosó fico, um aspecto da metodologia que torna a abordagem tã o
atraente é que, uma vez que o observador se depara com uma situaçã o aberta, se o
observador perceber corretamente um dos alvos associados, parece prová vel que o
funcionamento psíquico preciso está envolvido. A visualizaçã o remota associativa de
eventos futuros tem sido empregada de forma lucrativa para fazer previsõ es financeiras.
Uma organizaçã o de previsã o psíquica aplicada, Delphi Associates, foi formada por alguns
desses pesquisadores para estender esse método à consultoria financeira. Tem sido um
sucesso. Na verdade, eles conseguiram ganhar dezenas de milhares de dó lares no mercado
futuro de prata com esse método. Quer seja usado para especulaçã o financeira ou algum
outro propó sito, se você tiver que tomar uma decisã o sobre o resultado de um evento
futuro, pode considerar a criaçã o de um experimento nesse sentido.

A partir desses experimentos de visã o remota associativa, cheguei à conclusã o de que um


evento futuro poderia afetar meu funcionamento atual. Apliquei essa ideia enquanto me
preparava para escrever este livro. Primeiro, fui a uma livraria e encontrei a prateleira de
livros sobre fenô menos psíquicos. Entã o, prometi a mim mesma que, depois que este livro
fosse publicado, iria até a loja e veria meu livro. Eu olhava para a capa, o índice e o layout
das pá ginas. Eu também lia passagens selecionadas, especialmente aquelas que tive
problemas para escrever. Deixei esse compromisso crescer até que pudesse senti-lo como
uma realidade. Entã o, quando nã o conseguia escrever, me deitava e usava meu método de
induçã o de auto-hipnose para entrar em estado de devaneio. Eu entã o “viajaria” para a
livraria e procuraria meu livro. Descobri que poderia abrir as pá ginas correspondentes ao
meu problema e ler como o havia resolvido. Eu entã o me levantava e decidia se gostava
dessa soluçã o - geralmente gostava - e a implementava. Nã o sei se estava vendo o futuro

164
ou criando-o, ou se era simplesmente uma forma de induzir imagens criativas para a
resoluçã o de problemas, mas isso me fez passar por muitos impasses ao escrever o livro.
Para ficar no lado seguro, entretanto, planejo ir à quela livraria para verificar minhas
“visõ es” preditivas - apenas para garantir a presença da “causa” crucial de eu ser capaz de
“profetizar” o futuro.

Eu também imagino você balançando a cabeça em descrença, pensando: "Ele nã o


profetizou o resultado de seu livro, ele o escreveu dessa forma!" A consciência psíquica
tem sua pró pria ló gica; tudo o que posso sugerir é que você julgue o livro e meus métodos,
se você foi ajudado ou nã o ao lê-lo.

CANALIZAÇÃO ABERTA EM TRANCE


Usar um estado alterado de consciência para extrair imagens para a soluçã o criativa de
problemas é uma boa aplicaçã o para aprender a canalizaçã o aberta em transe. Robert
Davé, da Michigan State University, por exemplo, estudou pessoas que estavam em um
impasse em seu trabalho criativo. Ele sugeriu que eles pensassem mais a respeito ou os
hipnotizou e sugeriu que sonhassem com uma soluçã o para o problema. Uma semana
depois, 75% das pessoas que tiveram um sonho hipnó tico haviam resolvido seu problema
criativo, enquanto apenas 12% dos pensadores resolveram o seu. Vale a pena aprender a
auto-hipnose, ou treinamento autogênico, para ser capaz de experimentar essa
abordagem para evocar inspiraçã o.

Depois que o estado de transe for dominado, entre nele com uma pergunta específica
dirigida ao seu Eu superior. Depois de fazer a pergunta, permita que sua mente funcione
livremente. Esteja ciente de pensamentos que podem sussurrar sutilmente. Aceite
qualquer sentimento de saber que pode existir. Seja sensível a quaisquer imagens que
surjam. Muitas vezes, a soluçã o vem na forma de uma ú nica imagem, em vez de um sonho
elaborado. Essa ú nica imagem pode ser a intuiçã o do seu Eu superior falando de uma
maneira muito sucinta.

Esse mesmo método pode ser usado para interpretar sonhos. Enquanto estiver nesse
estado de transe, peça a um amigo que leia um de seus sonhos em voz alta para você.
Entã o invoque o mais elevado dentro de você e permita-se falar sobre o seu sonho.
Descobri que mesmo os novatos podem fazer discursos bastante significativos sobre seus
pró prios sonhos dessa maneira. Bem dentro de nó s, sabemos a verdade sobre nó s
mesmos. Se estivermos dispostos a assumir a responsabilidade de conhecer
conscientemente essa verdade, podemos usar esse método para trazer esse conhecimento
à consciência. Para esse propó sito, o pró prio estado de transe pode revelar-se menos
importante do que a atitude de aceitaçã o.

165
ENVIANDO SUGESTÕES TELEPÁTICAS
Você já quis enviar uma mensagem telepá tica para alguém pedir ajuda? As primeiras
pesquisas que revisamos sobre hipnose à distâ ncia sugerem a possibilidade. Os
paranormais admitiram essa habilidade, mas hesitaram em usá -la.

Em um raro gesto de malícia, Edgar Cayce uma vez fez uma aposta com um amigo que ele
poderia induzir mentalmente um conhecido mú tuo, alguém que era extremamente cético
sobre o trabalho de Cayce, a vir até Cayce e pedir uma leitura psíquica. A proposta parecia
imprová vel e a aposta estava confirmada. No dia seguinte, a pessoa em questã o apareceu,
de chapéu na mã o, no estú dio de Cayce pedindo ajuda. Depois, Cayce jurou que nunca mais
faria isso.

Al Miner, um médium profissional, contou-me uma ocasiã o em que usou a sugestã o


telepá tica quando trabalhava como vendedor de autocaravana. Funcionou da primeira
vez. Na segunda vez, no entanto, o possível cliente ligou para Al e disse que desenvolveu
um desejo tã o forte de comprar um trailer que comprou um no local mais pró ximo
disponível - outro revendedor. Envergonhado, Al parou de usar essa técnica.

Em Parapsicologia e o Inconsciente, Jules Eisenbud argumenta que o uso inconsciente da


sugestã o telepá tica para conseguir o que queremos com outras pessoas é provavelmente
universal. Ele observa, no entanto, que a tentativa de usá -lo conscientemente cria um
medo reacioná rio na maioria dos praticantes. Uma maneira de lidar com tendências
inconscientes é tentar canalizá -las para aplicaçõ es positivas. Cayce costumava nos
lembrar que, por meio de nossa conexã o uns com os outros no nível subconsciente, nossos
pensamentos afetam outras pessoas. Ele aconselha que pensemos apenas o melhor a
respeito dos outros e oremos pelas pessoas que nos incomodam.

Minha esposa me apresentou a uma aplicaçã o construtiva da sugestã o telepá tica que se
prestará a um experimento que você mesmo pode fazer. Quando eu tinha problemas para
adormecer, ela orava por mim e me imaginava dormindo. Ela disse que estava convencida
de que, se ela nã o sucumbisse à sua pró pria sugestã o primeiro, funcionou comigo. Existem
razõ es para acreditar nela. Cayce indicou que, durante o estado pré-adormecido, somos
muito suscetíveis à sugestã o, como o Milagre da Sugestã o de Cynthia Pike: The Story of
Jennifer prova ser verdadeiro. Thomas Jay Hudson observou seus experimentos bem-
sucedidos no envio de sugestõ es telepá ticas de cura para pessoas angustiadas enquanto
dormiam. Eisenbud descreve experimentos na Rú ssia que confirmam a induçã o de sono
hipnó tico por sugestã o telepá tica.

166
Muitos pais têm filhos que têm dificuldade em adormecer. A sabedoria atual é que a
perturbaçã o do sono é um problema de comportamento que é reforçado pela atençã o dos
pais. Um recente programa de revista de televisã o mostrou um psicó logo treinando pais
de uma criança com distú rbios do sono para eliminar o problema. A técnica consistia em ir
para o quarto confortar a criança, mas atrasá -lo por períodos cada vez mais longos. Antes
de uma semana, a remodelaçã o comportamental teve o resultado desejado. Se você tem
um filho assim, tente primeiro este método. Se nã o funcionar, considere uma alternativa.
Experimente meditar e silenciosamente convidar seu filho a se juntar ao silêncio. Seja por
meio da meditaçã o, oraçã o ou do envio de sugestõ es telepá ticas enquanto você está
relaxado, você pode descobrir que seu filho está seguindo o exemplo. O sucesso neste
experimento significará que seu filho dormirá em paz, mas pode fazer com que você perca
um pouco de sono se perguntando sobre as implicaçõ es dessa nova habilidade telepá tica.

CRISTAIS E GEMSTONES
Um artigo na Time Magazine, de 19 de janeiro de 1987, falsificou a crescente popularidade
do uso de cristais na busca pela consciência da Nova Era. Cayce, revelando como os
cristais da terra estavam conectados com o sistema endó crino do corpo da alma,
recomendou seu uso como um auxiliar na sintonizaçã o. Ele também indicou que, há muito
tempo, cristais e pedras preciosas foram usados na cura e que esse conhecimento um dia
reapareceria. As tendências atuais sugerem que pelo menos o entusiasmo do passado,
senã o parte do conhecimento, ressurgiu.

Em suas recomendaçõ es para o uso de gemas e cristais, Cayce sugeriu que alguns minerais
sã o mais eficazes para certos fins do que outros. Por outro lado, ele nos lembrou que toda
energia vem da mesma fonte e que está dentro de nó s. Portanto, o uso desses minerais só
pode servir de auxílio e apoio para nossos pró prios esforços de sintonizaçã o. Aqui está a
abordagem para trabalhar com cristais e pedras preciosas que desenvolvi a partir de sua
filosofia. Como ele indicou, parte dessa metodologia teve que emergir de minha pró pria
intuiçã o.

Concluí que cada mineral era mais adequado para reter, como uma bateria, ou amplificar,
como um ressonador, um certo padrã o de energia. Para meditaçã o e consciência psíquica,
Cayce geralmente recomendava minerais à base de cobre, como azurita / malaquita.
Presumi que o poder da sintonizaçã o nã o estava na pedra, mas em algo a ser desenvolvido
dentro de mim. O valor da pedra estava em sua capacidade de armazenar a energia que
vinha a mim durante a meditaçã o e, em outras ocasiõ es, disponibilizar para mim essa
energia acumulada. Portanto, eu nã o meditaria na pedra; em vez disso, enquanto seguro a

167
pedra, eu permitiria que ela ressoasse em minhas energias meditativas. Dessa forma, a
pedra “absorveu” e armazenou a energia e o padrã o de minhas experiências de
sintonizaçã o.

Aprendi a “ouvir” a pedra para ouvir seu “tom”, que considerei ser a imagem auditiva de
seu padrã o de ressonâ ncia. Outros podem se sintonizar com os minerais por meio de
imagens visuais. Encontrei a confirmaçã o do uso de imagens auditivas nas tradiçõ es
nativas americanas. Depois que aprendi a "ouvir" o tom da pedra, presumi que a chave
para abrir a pedra era ressoar com ela, "fazendo soar" seu tom, em voz alta ou silenciosa,
liberando assim para meu uso toda a energia que eu tinha acumulado na pedra.

Cayce sugere o uso de pedras e cristais em vá rias partes do corpo, correspondentes à s


localizaçõ es dos vá rios chakras. Vale a pena experimentar, como muitos fizeram, vá rias
tarefas de PES e comparar os resultados obtidos com e sem o uso de pedras devidamente
preparadas. Um dos experimentos que fiz foi testar o uso de minha técnica tonal na
experiência interior de uma pessoa que segurava minha pedra. Enquanto a pessoa estava
em um local distante, ou dormindo, eu iria silenciosamente soar o tom da pedra, um tom
diferente ou nenhum tom. Comparar o relato da pessoa nessas condiçõ es me convenceu
do valor potencial de aprender a trabalhar com pedras preciosas e cristais.

O uso de cristais na holografia a laser levou ao desenvolvimento de novas imagens


conceituais para a compreensã o da consciência e da percepçã o psíquica. A recente
explosã o de interesse no uso psíquico de cristais e pedras preciosas pode muito bem
marcar o surgimento da psicofísica moderna - a lembrança intuitiva do conhecimento da
Atlâ ntida, prevista por Cayce - pela qual as pessoas, trabalhando em harmonia umas com
as outras e com os elementos naturais, sã o capaz de atender à s suas necessidades
materiais por meio do uso da consciência psíquica transcendente.

12
PSI TRANSCENDENTE NA COMUNIDADE

Para um ser humano amar o outro, isso é o ú ltimo, o ú ltimo teste e prova, o trabalho para
o qual todos os outros trabalhos sã o apenas uma preparaçã o.

RAINER MARIA RILKE

168
Um título naquele jornal financeiro só brio The Wall Street Journal de 22 de outubro de
1984 era surpreendente: “Os poderes psíquicos deram à empresa uma matança no
mercado de prata? E a ganâ ncia arruinou tudo? " O artigo referia-se aos experimentos de
visã o remota que discutimos no capítulo anterior. Russell Targ e seus colegas da Delphi
Associates haviam ganhado US $ 120.000 prevendo flutuaçõ es no preço da prata. Entã o,
no entanto, o experimento deu errado. Targ especulou que as perspectivas de grande
ganho pessoal interferiam na capacidade de permanecer suavemente focado no
comprimento de onda psíquico. Aprender essa liçã o levou Targ a uma nova direçã o em
sua pesquisa. Ele agora está tentando determinar o efeito da motivaçã o - seja recompensa
pessoal ou propó sito espiritual - no funcionamento psíquico. Assim, as ú ltimas pesquisas
psíquicas enfrentam uma questã o milenar: a consciência psíquica opera
independentemente ou como um aspecto da espiritualidade?

ESPIRITUALIDADE E CONSCIÊNCIA PSÍQUICA

Na antiga tradiçã o da ioga, era de conhecimento geral que os poderes psíquicos se


desenvolveram como resultado da meditaçã o intensa. O mesmo aconteceu com o
misticismo ocidental. Em 1982, a parapsicó loga Rhea White pesquisou as biografias de
santos e descobriu que 29% exibiam PES. Vindo espontaneamente em auxílio de uma
pessoa, bilocaçã o (parecendo estar em dois lugares ao mesmo tempo) e adquirindo
conhecimento clarividentemente foram alguns dos exemplos que ela citou. A maioria
desses santos nã o nasceu psíquico, observou ela, mas suas habilidades aumentaram com o
trabalho e progresso espiritual.

O filó sofo Michael Grosso argumenta que os fenô menos psi extraordiná rios exibidos por
devotos espirituais sugerem algo importante sobre a natureza da PES. Ele observa como
pesquisas de pesquisas de psi mostram que o funcionamento de PES é diminuído quando
o sujeito está envolvido em “esforços envolvendo o ego”, mas é intensificado por ser capaz
de abandonar as preocupaçõ es com o mundo sensorial e com a realizaçã o pessoal. Ele
identifica um modo de ser “transcendente”, que substitui a preocupaçã o com a
sobrevivência pessoal, que conduz aos fenô menos psi. Este modo transcendente é
semelhante à empatia. Por exemplo, para ser um bom ouvinte, devemos suspender nosso
pró prio quadro de referência e nossas pró prias preocupaçõ es para sermos capazes de
adotar momentaneamente a perspectiva da outra pessoa. Ele sugere que o amor é o
atributo essencial desse modo transcendente de ser. A diversã o e o prazer do pró prio

169
processo de fazer as coisas parecem ser correlatos desse estado mental
autotranscendente.

Grosso nã o iguala espiritualidade a ser "bom" em oposiçã o a ser "mau" ou "mau". Nã o há


implicaçõ es morais em sua proposiçã o a respeito do que ele denomina de psi
transcendente. A espiritualidade parece ter mais a ver com ser “inteligente”, como
iluminado, do que ser “bom”, como perfeito. É interesse pró prio esclarecido - em outras
palavras, inteligente - agir de acordo com como as coisas realmente sã o a partir de uma
perspectiva mais ampla, em vez de como elas podem parecer de um ponto de vista
restrito. Ecologia, holografia, física quâ ntica - todos esses desenvolvimentos no
pensamento holístico aplicado

- estã o abandonando um ponto de vista atomístico em favor da Filosofia Perene da


interconexã o da vida: Unidade. A essência do amor, do altruísmo, do serviço aos outros -
na verdade, a essência da transcendência - é agir com base na percepçã o da Unidade, de
um todo interdependente. Esse parece ser o significado emergente de espiritualidade.

A visã o de Cayce sobre a relaçã o da consciência psíquica com a espiritualidade é


similarmente orientada para este conceito de transcendente. A consciência psíquica existe
porque, na realidade, somos almas: versõ es em miniatura interconectadas de toda a
criaçã o, á tomos holográ ficos no corpo de Deus. Para se tornar conscientemente psíquico, é
necessá rio ter empatia com a Unidade da vida, em vez de se concentrar no eu separado.
Tentar usar a consciência psíquica para ganho pessoal é “pecado” apenas porque erra o
alvo e restringe o foco para o eu. A habilidade psíquica é uma expressã o do todo. Ele é
projetado para ser usado para a melhoria do todo, incluindo, se necessá rio, melhorando
nosso reconhecimento e aplicaçã o de nossa contribuiçã o ú nica para o todo.

Cayce, ciente do paradoxo, citou Jesus em Lucas 9:24: “Pois todo aquele que quiser salvar a
sua vida, perdê-la-á ; mas aquele que perder a vida por minha causa, esse a salvará . ” Para
Cayce e Jung, o significado de Jesus é que ele viveu o padrã o de um indivíduo em relaçã o
consciente, criativa e responsá vel com o todo. Esse padrã o de auto-realizaçã o, tanto uma
aceitaçã o quanto uma transcendência do ego pessoal, existe como um potencial para cada
um de nó s. A percepçã o psíquica pode ser vista tanto como uma conseqü ência quanto
como um meio de se sintonizar com esse padrã o de ser.

O PARADOXO DA PESQUISA SOBRE PSI TRANSCENDENTE

Grosso recomenda que a pesquisa sobre os fenô menos psíquicos seja reorientada para o
psi transcendente. Ele percebe que seguir essa sugestã o pode significar usar um tipo de

170
experimento diferente daquele normalmente empregado. O vinho novo requer que o odre
velho seja posto de lado. Um paradoxo confronta a maioria dos experimentos em PES que
sã o abordados do ponto de vista atomístico tradicional. O experimentador projeta uma
situaçã o para ver se o sujeito pode demonstrar habilidade psíquica. Se você fosse o sujeito
de tal experimento, seria natural se perguntar: "Sou vidente?" A situaçã o é inerentemente
autoconsciente e a autoconsciência inibe a percepçã o psíquica. Cayce se recusou a ser um
sujeito em um experimento de PES se o foco fosse testar sua habilidade ou provar PES. Ele
queria cooperar com a parapsicologia, pois achava que era importante demonstrar a
realidade da Unidade. Mas ele estava convencido de que era impossível tentar prová -lo em
um contexto filosó fico de ceticismo, porque o foco de tal experimento tornaria difícil a
manifestaçã o de consciência psíquica. Ele afirmou que a força motriz da consciência
psíquica era a natureza do desejo que motivava a PES. Se o desejo é baseado em deixar de
lado o eu para ajudar alguém em necessidade, o círculo necessá rio de Unidade está
presente e a consciência psíquica pode ser realizada. Se o desejo real é provar a existência
de PES, ou provar que um determinado indivíduo possui habilidade psíquica, entã o a
totalidade da vida nã o é mais o foco. Muitas vezes, o foco do ceticismo está na pró pria
existência de PES. Em vez disso, Cayce teria o ceticismo voltado para a utilidade de uma
experiência PES particular em promover a harmonia na vida. Em leituras de transe para
um parapsicó logo da Universidade de Columbia, Cayce aconselhou que os experimentos
deveriam se concentrar nã o em “sucessos” e “assuntos de sucesso”, mas na utilidade dos
resultados. Cayce previu que, no processo desse estilo de experimentaçã o, aprenderíamos
tudo o que precisamos saber sobre a natureza da percepçã o psíquica.

A “CERIMÔNIA DO AJUDANTE DOS SONHOS”: UMA EXPERIÊNCIA EM PSI


TRANSCENDENTE
Vá rios anos atrá s, aceitei o desafio de projetar um experimento que atendesse à s
especificaçõ es de Cayce para um experimento em psi transcendente. Meditando sobre o
padrã o ideal envolvido em tal abordagem de pesquisa, eu incubei este sonho:

“Estamos reunidos para pesquisa e esclarecimento. Estamos no escuro, sem saber como
proceder. De repente, começamos a dançar juntos em um círculo, cada um exibindo um
símbolo individual. Ao nos cumprimentarmos e celebrarmos um ao outro, percebemos
que encontramos nosso método, porque a dança em si gera uma fonte central de faíscas
para iluminar nosso caminho ”.

171
O padrã o de atividade neste sonho corresponde ao padrã o em uma série de cerimô nias e
festividades relacionadas a indivíduos na comunidade. Os rituais do Pó lo de Maio e a
cerimô nia da Dança do Sol do Nativo Americano envolvem indivíduos distintamente
identificados dançando em torno de um foco central. Solicitei a ajuda de Robert Van de
Castle, da University of Virginia Medical School, que havia estudado PES em culturas
tradicionais e participado de alguns dos experimentos de telepatia dos sonhos de
Maimonides discutidos anteriormente. Juntos, projetamos um experimento de telepatia
onírica em grupo: a "cerimô nia do ajudante dos sonhos".

Um grupo de pessoas, disposto a usar seu poder telepá tico onírico para ajudar alguém, se
reú ne à noite. Dentro desse grupo, alguém que esteja sinceramente disposto a pedir ajuda
ao grupo com um problema genuíno de preocupaçã o imediata se voluntaria para ser a
"pessoa alvo" dos sonhos do grupo. A natureza do problema nã o é revelada naquela noite.
Em vez disso, a pessoa-alvo conduz o grupo em uma meditaçã o silenciosa antes da hora de
dormir. Ao se aposentar, a pessoa-alvo escreve secretamente em um pedaço de papel o
problema para o qual a ajuda do grupo é solicitada. Nenhuma instruçã o é dada ao grupo
de “ajudantes”, a nã o ser para lembrá -los de que seus sonhos naquela noite nã o sã o seus
para serem esquecidos, entã o eles devem lembrar e registrar todos os detalhes. Aqui
temos um grupo de sonhadores individuais concentrando seus processos oníricos
pessoais em um assunto central, correspondendo ao padrã o dos ritos antigos.

Se você consegue se imaginar em um grupo de ajudantes oníricos como esse, pode avaliar
como seria se preparar para dormir em tal ocasiã o. Você nã o sabe qual é o problema da
pessoa, mas certamente está curioso e está tentando senti-lo. Você quer ser ú til, mas
simplesmente nã o consegue acreditar que seria possível para você produzir um sonho
psíquico. Esses fatores criam uma forte sensaçã o de “negó cios inacabados” na hora de
dormir, deixando para seus sonhos resolver o problema por meio de alguma forma de
conexã o com a pessoa alvo.

Na manhã seguinte, os sonhadores se reú nem apó s o café da manhã , ansiosos para ver o
que está na coleçã o de sonhos. Quando questionados, muito poucas pessoas pensam que
tiveram sonhos relacionados com a pessoa-alvo. Só depois que todos os sonhos foram
contados e seus elementos comuns observados, as pessoas começaram a suspeitar que
seus sonhos contêm algo significativo para a pessoa-alvo.

Em um grupo, vá rios temas recorrentes eram aparentes. As imagens mais vívidas


tratavam de golpear: bater repetidamente na cabeça de alguém com um martelo até a
morte; uma luta de boxe, com dois jovens se armando fortemente; jovens vítimas de
acidente de carro; um guia chamando a atençã o de um grupo para um tijolo em uma ruína
romana que está pingando sangue; e “uma cena sangrenta” de um filme, “The Young

172
Ones”, sobre animais na selva. Havia outras imagens de animais: ratos correndo para fora
de uma gaiola; encontrar cobras no quintal; e patinhos em cerca de trinta centímetros de
profundidade - muitos mortos. Outro tema envolvia as relaçõ es mã e-filho: mã e chegando
ao cinema com um menino e uma discussã o se desenvolvendo; uma mã e "em um de seus
humores mais superficiais e fora de contato com seus verdadeiros sentimentos e nã o em
contato com a forma como a outra pessoa pensa ou sente por causa de sua autocentrada e
egocentrismo habituais" (a sonhadora se sentia solitá ria, rejeitada ou nã o amado por esta
mã e). Outro tema envolvia o conceito de desequilíbrio mental: retroceder e quase perder
o equilíbrio; “Nozes” sendo quebradas; estar em um hospital psiquiá trico. Um tema final
envolveu sujeira e desordem: dia do lixo, e há algumas latas cheias; e "limpar a bagunça".

A pessoa alvo, a quem chamaremos de Patricia, ficou bastante surpresa ao ouvir esses
sonhos de seus ajudantes. Sua pergunta dizia respeito à s inseguranças sobre como mudar
de carreira. Ao ouvir os sonhos, ela percebeu que seu passado a estava assombrando e
minando seus esforços. Ela se ofereceu para compartilhar algumas informaçõ es pessoais
sobre o “lixo” acumulado durante sua infâ ncia. Sua mã e sofria de problemas psiquiá tricos
significativos e Patricia a considerava um tanto distante e indiferente. Patricia
freqü entemente suportava abuso físico dela e, em uma ocasiã o, sua mã e realmente tentou
matá -la colocando-a em uma banheira de á gua quente.

O ajudante de sonhos que relatou ter subitamente se encontrado em meio metro d'á gua
com muitos patos e patinhos mortos parecia ter se sintonizado com esse trá gico
acontecimento. Era possível para Patricia se relacionar com a ideia de se sentir um “pato
morto” ou um “patinho feio” por causa da rejeiçã o que frequentemente sentia da mã e. Ela
percebeu que as inseguranças resultantes de seus traumas de infâ ncia afetavam seus
sentimentos sobre ser aceitá vel em uma nova carreira.

Em experimentos envolvendo vá rios círculos de ajudantes de sonho, semelhanças


distintas nos sonhos de um grupo, em contraste com outro grupo, sugerem ainda como os
sonhos estã o focados em algo específico para cada pessoa-alvo. À s vezes, esse tipo de
diferença pode ser fundamental para o potencial de cura da cerimô nia. Por exemplo, certa
vez estava em um grupo sonhando com uma mulher cujo problema dizia respeito a seus
repetidos fracassos profissionais. Os sonhos para ela continham referências repetidas a
agressõ es, agressõ es, sexo proibido, meninas e filhas. A pessoa alvo revelou suspeitas de
ter sido molestada sexualmente quando criança. Um dos sonhos do grupo previu
corretamente as circunstâ ncias suspeitas desse evento, no porã o da casa. O tema central
da discussã o que se seguiu no grupo teve a ver com a forma como a dú vida e os
sentimentos de vergonha (no caso da mulher-alvo, relacionado à incidência de abuso

173
sexual) contribuem para bloqueios na criatividade, um problema com o qual vá rias
pessoas no grupo estavam lutando ativamente.

Em contraste, Bob Van de Castle estava em um grupo diferente, sonhando com uma
mulher cuja pergunta dizia respeito ao destino de seu filho morto. Ele morreu em
circunstâ ncias incomuns e suspeitas foram lançadas sobre um membro da família. Embora
nenhuma evidência tenha sido obtida e a morte tenha sido considerada acidental, a nuvem
de dú vida persistiu por dois anos desde o evento. Nenhum dos sonhos dessa mulher
continha imagens de agressã o, assalto ou jogo sujo. Em vez disso, vá rios sonhos
envolveram viagens e acidentes, e muitas referências a desastres naturais. Nenhum sonho
sexual foi relatado. A maioria dos sonhos continha referências a filhos (nenhuma a filhas),
e a choro e tristeza, evidências questioná veis, incêndios para apagar e comunicaçõ es
deficientes. Este grupo concluiu que a decisã o de morte acidental deveria ser aceita para
que a família pudesse renovar as comunicaçõ es abertas e seguir com sua vida.

Quando nossos dois grupos se encontraram para comparar notas, a pessoa-alvo de Bob
ficou muito impressionada com as diferenças perceptíveis nos dois conjuntos de sonhos.
Enquanto no meu grupo houve muitos casos de agressã o e jogo sujo, nem um ú nico sonho
refletiu esse tema no grupo de Bob, onde predominaram acidentes e desastres naturais.
Essa comparaçã o ajudou a mulher a aceitar a validade da sugestã o de seu grupo de que
seu filho morreu acidentalmente.

Uma maneira de dizer se os sonhos sã o ú teis é o impacto de longo prazo da cerimô nia
sobre a pessoa alvo. No caso de Patricia, por exemplo, um ano depois ela estava
começando uma nova carreira. Ela indicou que a cerimô nia a motivou a buscar terapia
para se livrar da ressaca emocional resultante de suas rejeiçõ es na infâ ncia, e agora ela
estava se preparando para uma nova carreira. A mulher cujo filho morreu em
circunstâ ncias misteriosas escreveu uma carta para Bob dizendo que ela sentia que um
grande fardo havia sido tirado de sua mente apó s a conclusã o da cerimô nia. Ela havia
discutido o assunto com sua família pela primeira vez desde a morte do menino, dois anos
antes, e eles estavam agora no caminho para se recuperar desta tragédia. Esse feedback
tende a apoiar a validade do tipo de ajuda que vem da cerimô nia.

A cerimô nia do ajudante de sonhos foi conduzida por outras pessoas com resultados
benéficos semelhantes. É interessante notar que a maioria dos sonhadores acredita que
seus sonhos nã o estã o acertados quando se lembram deles pela primeira vez, antes de o
grupo se reunir para discutir os sonhos. A cerimô nia mostra com que frequência a
informaçã o telepá tica pode ser escondida em um sonho. Somente comparando os sonhos
o fator psi vem à luz.

174
Nem todo ESP está oculto. Ocasionalmente, um sonhador tem um sonho extraordiná rio
envolvendo lucidez, ouvir vozes ou algum outro fator relacionado ao sonho transcendente.
Em um caso, uma pessoa sonhou em voar sobre o alvo e anunciou que a “dieta” era a
culpada. Na verdade, a dieta provou ser um fator crucial. Uma vez sonhei que estava
deitado no convés de um navio que afundava. O nível da á gua estava subindo lentamente,
mas estava começando a entrar na minha boca. Comecei a engasgar e acordei
abruptamente, com a impressã o inexplicá vel de que o alvo estava doente e quase morreu.
No final das contas, a pessoa alvo quase morreu durante uma recente internaçã o no
hospital. Como efeito colateral inesperado de algum medicamento que recebeu, ela
desenvolveu uma paralisia parcial temporá ria durante o sono.

Como resultado, enquanto dormia de costas, sua saliva encheu sua garganta, sufocando-a,
e ela quase morreu sufocada.

A pessoa alvo pode identificar elementos na maioria dos sonhos que afetam a vida da
pessoa, bem como a á rea do problema nã o revelada. É especialmente fascinante descobrir
que, se os ajudantes do sonho passam pelo processo de aná lise de seus sonhos em termos
de suas pró prias situaçõ es de vida, outras á reas de correspondência sã o descobertas entre
essas interpretaçõ es personalizadas dos sonhos e a pessoa-alvo. Em um dos meus sonhos,
por exemplo, minha biblioteca pessoal estava no gramado. A imagem nã o significava nada
para a pessoa alvo. Quando revelei o que me levou a começar a colecionar livros, no
entanto, e o que os gramados significavam para mim, a pessoa alvo e eu descobrimos que
compartilhamos o desejo de um estudo autodirigido e nã o institucionalizado. Foi um
motivo que desempenhou um papel importante no dilema da pessoa-alvo.
Invariavelmente, a impressã o é que os ajudantes definitivamente “sintonizaram” com seus
sonhos. O que parece ser o foco da sintonia é o que o problema nã o revelado da pessoa-
alvo evoca na comunidade dos ajudantes dos sonhos. Para revelar este nível mais
profundo de interaçã o psíquica, entretanto, requer cooperaçã o adicional dos auxiliares
dos sonhos. Eles devem deixar de lado o papel de “ajudantes” e estar dispostos a expor
seus pró prios problemas pessoais que sã o expressos nos sonhos. Fazer isso tem o
benefício de criar um círculo de cura para todo o grupo.

Uma imagem de grupo e a pessoa alvo aparecem em alguns dos sonhos, refletindo a
natureza do experimento e suas consequências. A discussã o em grupo assume um tom
terapêutico definido. Embora a intençã o original do sonho fosse ajudar a pessoa-alvo, o
compartilhamento emocional revela como os sonhos sã o relevantes tanto para a situaçã o
crítica da pessoa-alvo quanto para aspectos nã o resolvidos das pró prias vidas dos
sonhadores. Antes de ir dormir, cada ajudante de sonho parece envolver sua empatia
projetiva e instintiva para intuir aquele aspecto do problema nã o revelado da pessoa alvo

175
que naturalmente corresponde a uma questã o irreconciliá vel dentro da vida do ajudante
de sonho. Entã o, tendo sido lembrado desse problema, os sonhos do ajudante de sonhos
realizam seu trabalho usual de reconciliaçã o, usando suas pró prias experiências, bem
como imagens telepaticamente recebidas da vida da pessoa alvo. Dessa forma, os sonhos
do grupo colaboram em um problema comum percebido a partir de perspectivas
individuais.

Surpresa, alegria e espanto surgem frequentemente à medida que o grupo se maravilha


com o que realizou por meio de seus talentos de sonho combinados. Um ajudante
comparou os esforços de um grupo para compor uma sinfonia em grupo que foi possível
juntando as fitas dos seus sonhos. Os ajudantes geralmente sentem que foram muito
eficazes porque nã o estavam tentando ganhar algo para si pró prios; eles estavam
engajados em um serviço de cura alimentado por um senso de amor. Mas os ajudantes
ficam surpresos ao descobrir o quanto eles extraem pessoalmente do processo - os
ajudantes também sã o ajudados.

A cerimô nia dá ao grupo a oportunidade de atuar como um consultor psíquico para ajudar
alguém em perigo. Em um estudo especial de uma cerimô nia do ajudante dos sonhos,
descrita por Jean Campbell em Dreams Beyond Dreaming, os sonhos dos ajudantes
provaram ser mais ú teis e precisos do que a leitura de um médium profissional contratado
para participar da pesquisa. Os sonhos também se mostraram superiores aos esforços de
um conselheiro profissional, que foi contratado para descobrir o contexto histó rico do
problema apresentado pela pessoa-alvo. A pessoa-alvo guardava um segredo traumá tico
que o conselheiro nã o tinha como saber. Os sonhos dos ajudantes foram direto a ele e
revelaram sua relevâ ncia. A pessoa alvo ficou aliviada por ter a oportunidade de desabafar
com esse segredo e foi ajudada a descobrir a influência que isso teve no problema atual.

A cerimô nia fornece uma demonstraçã o repetível de sonhos aparentemente psíquicos,


com muitas das características de casos espontâ neos de sonhos aparentemente psíquicos.
Mas a cerimô nia do ajudante do sonho realmente demonstra a telepatia do sonho? O
conjunto distinto e focado de correspondências na coleçã o dos sonhos do grupo
certamente poderia ser classificado como acertos, percepçõ es psíquicas aparentemente
precisas. Mas essas correspondências sã o mais do que coincidência? Tradicionalmente, a
parapsicologia científica se concentraria em uma resposta estatística a essa pergunta. O
nú mero de “acertos” em uma coleçã o de sonhos para uma pessoa-alvo seria comparado,
por exemplo, ao nú mero de “acertos” em uma coleçã o de sonhos que na verdade nã o
tinham relaçã o com a pessoa-alvo. Na verdade, resultados positivos e significativos foram
obtidos com a cerimô nia do auxiliar dos sonhos dessa maneira.

176
Em um experimento, conduzido por Mark Thurston, 244 pessoas foram recrutadas pelo
correio para servir como ajudantes de sonhadores remotos. Cada ajudante enviou uma
amostra de sonho.

Quatro meses depois, duas pessoas-alvo foram recrutadas na localidade do


experimentador e aleatoriamente designadas para os ajudantes dos sonhos. Cada ajudante
de sonho recebeu apenas o nome da pessoa alvo e foi solicitado a tentar sonhar com algo
ú til para o problema nã o revelado de sua pessoa. Os sonhos “ú teis” resultantes e os sonhos
de amostra foram digitados em fichas, embaralhados e dados à respectiva pessoa alvo. As
pessoas-alvo foram solicitadas a decidir para cada sonho se continha ou nã o qualquer
semelhança com a pergunta que estava sendo feita ("golpe direto") ou com qualquer
aspecto da vida da pessoa alvo ("golpe indireto"). Um juiz independente também foi
solicitado a realizar a mesma tarefa, procurando apenas “acertos diretos”. Quando o
nú mero de acertos julgados para os sonhos da noite experimental foi comparado com o
nú mero de acertos julgados para os sonhos de amostra, os sonhos "ú teis" foram
favorecidos em um grau significativo para uma pessoa-alvo, enquanto para a segunda
pessoa-alvo, " sonhos ú teis ”e sonhos de controle tinham a mesma probabilidade de serem
julgados como“ acertos ”.

Thurston seguiu a aná lise estatística determinando se algum dos sonhos “ú teis” foi
realmente ú til para a pessoa alvo, que estava sofrendo de uma doença de pele. Na manhã
da entrevista com a pessoa-alvo, ele sonhou com ela, viu que sua erupçã o havia sarado e
perguntou se ela havia notado todos os sonhos que tratavam de dieta. Thurston contou
esse sonho à pessoa alvo. Juntos, eles examinaram os sonhos “ú teis” e descobriram
quatorze sobre dieta. Ela concordou em trabalhar com sua dieta, voltou em outro mês e a
erupçã o havia desaparecido.

Um efeito de nossa participaçã o nas cerimô nias de auxiliares de sonhos é questionar os


limites que geralmente colocamos na interpretaçã o dos sonhos. Descobrir que o seu sonho
"comum" realmente contém imagens significativas das experiências de outra pessoa faz
você se perguntar o quã o pessoal é o seu tempo de sonho. Embora nossos sonhos atendam
à s nossas necessidades pessoais, podemos estar entrelaçados enquanto sonhamos com
mais freqü ência do que suspeitamos. Robin Shohet, em Dream Sharing, relata que quando
os sonhos sã o compartilhados rotineiramente em uma comunidade restrita, temas
sobrepostos sã o constantemente descobertos. Ela cita um membro da comunidade:
“Permita-me estar ciente de que a mente inconsciente de muitas outras pessoas,
aparentemente díspares, provavelmente estava compondo meus sonhos, assim como os
deles”.

177
DESENVOLVIMENTO DA HABILIDADE PSÍQUICA NA COMUNIDADE
Além de demonstrar uma abordagem para psi transcendente, a cerimô nia do ajudante de
sonho também ilustra outra dimensã o da filosofia de Cayce de desenvolver a consciência
psíquica - a comunidade ou aspecto de grupo. O primeiro passo que Cayce deu para
desenvolver a consciência psíquica foi aprender a cooperar. Ele também acreditava que
cooperar com um grupo que está trabalhando para desenvolver a consciência psíquica é
bastante apropriado. Na cerimô nia do auxiliar do sonho, por exemplo, nenhuma atençã o é
dada a “quem” teve um sonho psíquico. Em vez disso, o grupo cooperou para trazer um
funcionamento psíquico generalizado dentro da consciência do grupo. No contexto de um
grupo cooperativo, é mais fá cil adotar o ponto de vista transcendente, “consciência
psíquica é”, e deixar para trá s o auto-foco de “quem” está exibindo mais PES.

Afinal, a percepçã o psíquica é o resultado de estarmos interconectados. Sua fonte ú ltima


está em nossa inter-relaçã o. Ira Progoff, concluindo seus diá logos com as entidades
canalizadas por Eileen Garrett, observou que em alguns pontos da conversa a
profundidade do contato entre ele e a "entidade" era tã o grande que era difícil determinar
onde estava a fonte da inteligência, exceto para dizer que foi em sua interaçã o. Outra
evidência de que era a qualidade de sua interaçã o é o fato de que em nenhum outro lugar
dos pró prios escritos de Garrett essas entidades "superiores" sã o mencionadas. Sua
aparência parece ter resultado da presença e das intençõ es de Progoff. Progroff escreveu:
“É importante lembrar que, quando alcançamos o significado mais amplo das coisas,
estamos todos alcançando juntos, principalmente porque nã o somos capazes de alcançar
separadamente e sozinhos. É assim que o dinatipo Oracle [termo de Progoff para a
inteligência universal] da Sra. Garrett nã o pode se expressar e nã o pode ser um canal para
Tahoteh e Ramah [as duas "entidades" superiores], a menos que uma pessoa receptiva
esteja lá para evocar as profundezas de sua psique e desenhar essa imagem do orá culo em
suas formas dramá ticas. ” Sua declaraçã o ecoa a afirmaçã o de Cayce de que a qualidade
das leituras que ele deu era uma funçã o do desejo e do nível de sintonia da pessoa que
buscava a leitura. Quando Cayce foi convidado a traçar um programa para desenvolver
habilidades psíquicas, o corpo de material de estudo e exercícios que ele esboçou foram
apresentados para uso em um formato de grupo. O texto em dois volumes do material de
estudo desenvolvido é intitulado A Search for God. O conteú do do estudo (os conceitos
espirituais ou transcendentes de "Cooperaçã o", "Conheça a si mesmo", "Amor",
"Oportunidade", "Ideais", "Paciência", "Felicidade" e "Meditaçã o", para citar alguns das
liçõ es do texto) é apenas uma parte de sua abordagem - a parte que recebe mais atençã o.
Muitos desses conceitos foram apresentados neste livro. A segunda parte, o estilo de
estudo, é igualmente importante, mas mais frequentemente esquecido. Este material

178
precisa ser trabalhado em grupo. O formato de grupo ficou conhecido como grupo de
estudo.

Um grupo de pessoas compromete-se a ajudar-se mutuamente e a apoiar a aprendizagem


dos conceitos relacionados com a consciência psíquica e a espiritualidade. Parte do
aprendizado da orientaçã o transcendente é descobrir que temos mais coisas em comum
do que diferenças. Na cerimô nia do ajudante de sonho, por exemplo, as pessoas muitas
vezes descobrem que seus sonhos apontam nã o apenas para o problema da pessoa alvo,
mas para como esse problema está relacionado à s suas pró prias vidas. A partilha em um
grupo de estudo aumenta o nível de confiança e carinho entre seus membros. À medida
que começam a cooperar em níveis mais profundos, as conexõ es psíquicas entre os
membros começam a aparecer. Pergunte a qualquer pessoa que esteja em um grupo de
estudo por um longo período de tempo e você ouvirá muitas histó rias de eventos
psíquicos. Você também ouvirá histó rias de esforços conjuntos, ajuda mú tua e outras
coisas que lembram o espírito de comunidade que associamos a uma era anterior. A vida e
a histó ria do grupo começam a desfazer muito da separaçã o e alienaçã o que a vida
industrializada gerou. Como resultado, a consciência psíquica começa a florescer no
grupo. A consciência psíquica é um atributo de uma comunidade de pessoas que
reconhecem sua interdependência e agem com sensibilidade em conformidade. A
consciência psíquica nã o tem a intençã o de ser uma ferramenta poderosa para o
“solitá rio” que deseja sair à frente do grupo. A consciência psíquica nã o é uma expressã o
de um ego isolado, mas do reconhecimento da conectividade.

CONSCIÊNCIA PSÍQUICA: HARBINGER DE MUDANÇAS GLOBAIS


Edgar Cayce é freqü entemente associado à s profecias que deu sobre as mudanças futuras
na Terra. Como Nostradamus, Cayce predisse terremotos, guerras e outras convulsõ es.
Menos conhecido é que ele previu que uma grande dimensã o da convulsã o ocorreria no
interior, dentro de nossa consciência. Conforme os padrõ es vibracionais na quarta
dimensã o passam por transformaçã o, o efeito será experimentado psiquicamente por
todos no planeta. Em Visions and Prophecies for a New Age, Mark Thurston interpreta as
profecias de Cayce sobre conflitos internos como a reaçã o psicoló gica a uma "mudança de
paradigma", uma mudança em como percebemos a realidade.

Um elemento importante dessa mudança na visã o de mundo já é evidente. É a transiçã o


para uma perspectiva holística. Na á rea da percepçã o psíquica, é um afastamento do
termo PES em favor de psi ou transpessoal, sugerindo uma ordem de realidade acima do
ú nico indivíduo. Como a imagem do arquétipo de Carl Jung, a formulaçã o de Cayce dos

179
padrõ es criativos de vibraçã o está sendo cada vez mais incorporada ao pensamento
moderno. As pessoas estã o se tornando mais sensíveis à s dimensõ es da consciência que
transcendem a mente individual. Estamos testemunhando a erosã o de uma barreira
artificial que manteve a ilusã o de que nossas mentes estavam separadas. A percepçã o
psíquica está começando a permear a consciência humana - e, ao fazer isso, há convulsõ es.

É como se uma inundaçã o estivesse surgindo na mente. Conforme as á guas correm,


dissolvendo as paredes entre nó s, juntos somos lançados sobre as á guas. As á guas nos
levarã o embora ou nadaremos nelas para uma nova vida? Cayce sugere que a resposta
depende de nossa preparaçã o. À medida que a percepçã o psíquica se torna mais influente
na consciência, aqueles que praticaram "se tornar psíquico" acharã o as á guas familiares.
Parte desse desenvolvimento é estender a identidade de uma pessoa para incluir uma
visã o holística de toda a criaçã o. Envolve uma experiência de quase morte de nosso
autoconceito atomístico e o nascimento de uma visã o transcendente do eu.

A Terra como um todo tem estado sujeita a algumas experiências de quase morte, visõ es
do fim do velho e da vinda do novo. Jung interpretou avistamentos de OVNIs e visõ es
marianas como visõ es coletivas, representando uma erupçã o do inconsciente arquetípico
na mente das massas. Ele viu esses eventos como arautos de mudanças significativas em
nossa consciência. Em The Final Choice, Michael Grosso argumenta que avistamentos de
OVNIs e visõ es de Maria sã o experiências de quase morte planetá rias. Com o uso do termo,
ele pretende sugerir que todos os atributos de uma experiência de quase morte em um
nível individual sã o aplicá veis a essas visõ es globais.

Essas experiências acontecem em momentos de crise, quando a vida física é ameaçada ao


extremo. Essa ameaça está sobre nosso planeta. Um indivíduo que passou por uma
experiência de quase morte se identifica menos com o corpo e mais com a consciência. Em
um nível global, significaria nossa realizaçã o coletiva da consciência que nos une, o nível
transpessoal de consciência.

Essa percepçã o pode ser o que está por trá s da celebraçã o internacional em agosto de
1987 da convergência harmô nica. Este termo, cunhado por José Argü elles em The Mayan
Factor, é o nome que ele deu para um influxo de novos padrõ es de energias criativas que
foram previstos pelo calendá rio maia milenar. À luz de nossa discussã o anterior de tal
terminologia, é interessante que ele tenha escolhido palavras que refletem as imagens da
imaginaçã o psíquica, e que ele tenha sugerido que "ressoá ssemos" em "padrõ es" invisíveis
que estariam "no ar". Também é interessante notar a tremenda resposta a essa imagem -
embora, a julgar pela maioria dos relatos de notícias e pelas explicaçõ es da convergência
harmô nica dadas por seus entusiastas, seu livro complexo mal tenha sido compreendido,
se é que foi lido. Mas sua imagem falava ao imaginá rio do povo, um imaginá rio que está se

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tornando mais sintonizado com o psíquico. Cayce, entretanto, acrescentaria, como fizeram
alguns ministros em suas cartas ao editor sobre a convergência harmô nica, que sintonizar
a imaginaçã o com o psíquico é apenas parte do processo de preparaçã o para a Nova Era.
Nenhum de nó s será capaz de manter a paz de espírito, nem a integraçã o dos chakras,
necessá ria para uma consciência psíquica consistente e construtiva, até que as tensõ es na
vida das outras pessoas sejam amenizadas. O desenvolvimento da consciência psíquica na
humanidade em geral exigirá cada vez mais que tomemos medidas positivas e concretas
para aplicar a verdade da Regra de Ouro, para nos tornarmos os guardiõ es de nossos
irmã os e irmã s. Devemos aprender a cooperar. A consciência psíquica é uma expressã o de
amor, um amor que precisa ser tã o real na aplicaçã o quanto na imaginaçã o. Na aplicaçã o
vem a consciência: esse é o segredo de Cayce para despertar seus poderes psíquicos.

LIVROS DA SÉRIE EDGAR CAYCE DE ST. PAPERBACKS DE MARTIN

CHAVES PARA A SAÚ DE de Eric Mein, M.D.

REENCARNAÇÃ O: REIVINDICANDO SEU PASSADO, CRIANDO SEU FUTURO por Lynn


Elwell Sparrow SONHOS: RESPOSTAS ESTA NOITE À S PERGUNTAS DE AMANHÃ por Mark
Thurston DESPERTANDO SEUS PODERES PSÍQUICOS por Henry Reed

MILAGRES DE CURA: USANDO SUAS ENERGIAS CORPORAIS por William A. McGarey, M.D.

UMA VIDA DE JESUS, O CRISTO: DAS ORIGENS CÓ SMICAS À SEGUNDA VINDA por Richard

Henry Drummond

MISTÉ RIOS DE ATLANTIS REVISITADO por Edgar Evans Cayce, Gail Cayce Schwartzer e
Douglas

G. Richards

CRESCENDO ATRAVÉ S DA CRISE PESSOAL de Harmon Hartzell Bro com June Avis Bro
ALMA-OBJETIVO: DESCOBRINDO E CUMPRINDO SEU DESTINO por Mark Thurston
MILHAS PARA IR: A MESA ESPIRITUAL DO ENVELHECIMENTO por Richard Peterson

REVELAÇÕ ES ASTROLÓ GICAS: MUDANDO SUA VIDA E RECARRETANDO SEU DESTINO


por

John Willner

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PASSAGEM AO MILÊ NIO por Mary Ellen Carter

A MORTE NÃ O NOS PARTE: CONVERSAS COM O CÉ U de Elsie R. Sechrist

SEXO E O CAMINHO ESPIRITUAL por Herbert B. Puryear, Ph.D.

QUEM FOI EDGAR CAYCE?

EDGAR CAYCE, vidente e clarividente involuntá rio, tocou milhõ es de vidas com sua
sabedoria espiritual inata e suas misteriosas visõ es de cura.

Nascido em 1877 em Hopkinsville, Kentucky, Edgar Cayce cursou a sétima série, mas era
capaz de repetir jargõ es médicos complexos e técnicos quando estava em transe. Nesse
estado, ele teria curado muitas das pessoas que procuravam seu conselho com suas
recomendaçõ es para tratamento médico. Cayce logo começou a falar sobre noçõ es
espirituais como Atlâ ntida, reencarnaçã o, sonhos, astrologia e muito mais. Ele também
previu alguns dos eventos mais surpreendentes do século XX, como Guerras Mundiais e a
Grande Depressã o.

O Washington Post escreveu: “Suas palavras inspiraram fé na espiritualidade, que para


muitas pessoas é mais poderosa do que a ciência”. Chamado de "profeta adormecido" e "o
maior médium da América", Cayce, que morreu em 1945, pode ter sido o primeiro a
inaugurar o que agora é conhecido como Movimento da Nova Era. Mais de cinquenta anos
apó s sua morte, seu trabalho continua a influenciar nossas vidas de novas maneiras
poderosas.

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