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Frederico C.

Barbosa

SAÚDE
EM DEBATE
COLETÂNEA DE ARTIGOS
MULTITEMÁTICOS

VOLUME II
Frederico Celestino Barbosa

Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

1ª ed.

Piracanjuba-GO
Editora Conhecimento Livre
Piracanjuba-GO
Copyright© 2020 por Editora Conhecimento Livre

1ª ed.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Barbosa, Frederico Celestino


B238S Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos
/ Frederico Celestino Barbosa. – Piracanjuba-GO
Editora Conhecimento Livre, 2020
287 f.: il
DOI: 10.37423/2020.edcl73
ISBN: 978-65-86072-91-4
Modo de acesso: World Wide Web
Incluir Bibliografia
1. Medicina 2. Enfermagem 3. Fisioterapia 4. Nutrição 5. Psicologia I. Barbosa, Frederico Celestino
II. Título

CDU: 613

https://doi.org/10.37423/2020.edcl73

O conteúdo dos artigos e sua correção ortográfica são de responsabilidade exclusiva dos seus
respectivos autores.
EDITORA CONHECIMENTO LIVRE

Corpo Editorial

Dr. João Luís Ribeiro Ulhôa

Dra. Eyde Cristianne Saraiva-Bonatto

MSc. Anderson Reis de Sousa

MSc. Frederico Celestino Barbosa

MSc. Carlos Eduardo de Oliveira Gontijo

MSc. Plínio Ferreira Pires

Editora Conhecimento Livre


Piracanjuba-GO
2020
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 .......................................................................................................... 7
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D NA GESTAÇÃO: EVIDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES
Tamires Cordeiro Borges
Eliane Correa da Silva
Alice Ruthe Mazutti
Erika Carolina Vieira-Almeida
DOI 10.37423/200802293

CAPÍTULO 2 .......................................................................................................... 24
A CORRELAÇÃO ENTRE AS QUEIXAS AUDITIVAS E O COMPORTAMENTO VOCAL EM
PROFISSIONAIS DA VOZ CANTADA DEVIDO A EXPOSIÇÃO A RUÍDOS
João Vitor Lorite Caroli
Carolina Semiguen Enumo
Luciana Fracalossi Vieira
DOI 10.37423/200802347

CAPÍTULO 3 .......................................................................................................... 41
INTERFACES DA PSICOLOGIA ESCOLAR E O USO E ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS NA ADOLESCÊNCIA EM UM INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
Jéssica Poliana de Oliveira Souza
Layane Machado Buosi
Renata Vilela Rodrigues
DOI 10.37423/200802359

CAPÍTULO 4 .......................................................................................................... 93
RELAÇÃO DAS CONSULTAS DE PRÉ-NATAL COM CARACTERÍSTICAS DOS DESFECHOS
NEONATAIS
Heverty Aparecido Ribeiro
Diego Alcântara Alves
Endi Lanza Galvão
Helisamara Mota Guedes
DOI 10.37423/200802433

CAPÍTULO 5 .......................................................................................................... 104


TDAH: MITOS E VERDADES
Veridiana Catelan Mainardes
Mariana Tamy Marciano Harada
Sandra Cristina Catelan-Mainardes
DOI 10.37423/200802448

SUMÁRIO
CAPÍTULO 6 .......................................................................................................... 116
OSTEOARTROSE DO JOELHO
Antônio Saraiva da Silva Neto
Edite Alves de Souza Viana
Flávia Carolina Lasalvia da Silva
Ione Cristine Rocha Izídio
Jacqueline Iara dos Santos Xavier
Lílian Aparecida da Silva
Rafaela Gabriela Soares Pedrosa Simes
Vanessa Santos da Silva Rodrigues
Thiago Ubiratan Lins e Lins
DOI 10.37423/200802522

CAPÍTULO 7 .......................................................................................................... 132


MÉTODOS NÃO-FARMACOLÓGICOS NO CONTROLE DA DOR NO TRABALHO DE PARTO E
PARTO: UMA AÇÃO DO ENFERMEIRO
Viviane Lourenço de Souza
Luana de Oliveira Silva
Suelen Garcia
Marjorie Max Elago Scotti
DOI 10.37423/200802532

CAPÍTULO 8 .......................................................................................................... 149


COACHING E PSICOTERAPIA: UMA ANÁLISE SOBRE AS HABILIDADES NECESSÁRIAS A
ESSAS PRÁTICAS NA REALIDADE BRASILEIRA
Regienne Maria Paiva Abreu Oliveira Peixoto
Luane Macedo Souza Pereira
DOI 10.37423/200802538

CAPÍTULO 9 .......................................................................................................... 163


TRAUMA DE MAMILO: ORIENTAÇÕES DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO
Beatriz Chagas Rodrigues de Almeida, Lenir Honório Soares, Lívia Keismanas de Ávila
DOI 10.37423/200802547

CAPÍTULO 10 .......................................................................................................... 166


SOFTWARE PARA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA OBSTÉTRICA:
INTERFACE DO USUÁRIO ADMINISTRADOR
Ana Lúcia de Medeiros
Sérgio Ribeiro dos Santos
Rômulo Wanderley de Lima Cabral
Maria Bernadete Sousa Costa
DOI 10.37423/200802569

SUMÁRIO
CAPÍTULO 11 .......................................................................................................... 181
A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE VERSUS A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE: ASPECTOS
RELACIONADOS A TEMÁTICA
Perciliano Dias da Silva Neto
Bruno Oscar de Almeida Nogueira Schmidt
Ana Tereza Abreu Monteiro
Daniel Gustavo Guedes Pereira de Albuquerque
Ingridy Thaís Holanda de Almeida
Rafaela Leandro de Lima
Raphael Edson Dias Reginato
Willian Santos Dias
DOI 10.37423/200902575

CAPÍTULO 12 .......................................................................................................... 189


A IMPORTÂNCIA DA AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTOS REFERENTES À COVID-19 NO
CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL
Márcia Isabel Gentil Diniz
Helena Gonçalves de Souza Santos
DOI 10.37423/200902576

CAPÍTULO 13 .......................................................................................................... 201


CONSTRUÇÃO DE CARTILHA PARA ORIENTAÇÃO À VIAJANTES
Dalila Augusto Peres
Gleudson Alves Xavier
Thays Helena Araújo da Silva
DOI 10.37423/200902581

CAPÍTULO 14 .......................................................................................................... 227


HABILIDADES NECESSÁRIAS À ENFERMAGEM PARA ATUAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA
Ana Patrícia Ricci
Vanessa Pinto Oleques Pradebon
Michele Batiston Borsoi
Leila Patrícia Dantas
DOI 10.37423/200902593

CAPÍTULO 15 .......................................................................................................... 248


CONSULTA DE ENFERMAGEM PUERPERAL AINDA NA MATERNIDADE: A CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO NA VISÃO DOS ACADÊMICOS
Ana Cristina de Oliveira Abraão Santesso
Leticia Lopes Pereira
Luana Fortes Bastos
DOI 10.37423/200902616

SUMÁRIO
CAPÍTULO 16 .......................................................................................................... 250
O PAPEL DO ENFERMEIRO NA SAÚDE REPRODUTIVA E GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Michele Batiston Borsoi
Isabela Cristina Fernandes de Souza
Laysa Maria Fernades de Souza
DOI 10.37423/200902659

SUMÁRIO
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 1
10.37423/200802293

SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D NA
GESTAÇÃO: EVIDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES

Tamires Cordeiro Borges Universidade de Gurupi

Eliane Correa da Silva Universidade de Gurupi

Alice Ruthe Mazutti Universidade de Gurupi

Erika Carolina Vieira-Almeida Universidade de Gurupi


Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

Resumo: A suplementação de vitamina D é importante para saúde materna, para desenvolvimento do


feto e a vida pós-natal. O presente estudo teve como objetivo elucidar as complicações a saúde
gestacional ocasionadas pela hipovitaminose D, delimitando as consequências para a gestante, para o
concepto e para a criança, as causas que levam a essa deficiência e as recomendações do tratamento
para manutenção da saúde materno-infantil. Para tal, foi realizada uma pesquisa bibliográfica do tipo
exploratória, usando as bases de dados Scielo, Lilacs e PubMed, considerando os últimos 10 anos.
Foram encontrados 25 artigos que relacionam a carência de vitamina D na gestação com implicações
para a gestante, para o concepto e/ou para as crianças, como pré-eclampsia, aumento da frequencia
de parto cesárea e prematuro, diabetes mellitus gestacional, baixo peso ao nascer, pequeno para a
idade gestacional, raquitismo, entre outros. É importante rever a deficiência de vitamina D nas mães e
seus filhos para que sejam implantadas estratégias para a prevenção na gestação e na lactação, com o
intuito de evitar o seu impacto no decorrer da infância

Palavras-chave: Vitamina D; Suplementação; Saúde; Gestação; Criança

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Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

1 INTRODUÇÃO

A gestação é um processo natural que acarreta em modificações fisiológicas no organismo feminino,


gerando a necessidade de reposição de vitaminas e minerais, incluindo também proteínas,
carboidratos e lipídeos. Essa suplementação é essencial para o desenvolvimento e crescimento do feto,
uma vez que sua alimentação depende exclusivamente da ingestão nutricional materna (BASILE et al.,
2014).

A vitamina D, ou colecalciferol, é um hormônio esteroide, cuja principal função incide na regulação da


homeostase do cálcio, formação e reabsorção óssea, através da sua interação com as paratireoides, os
rins e os intestinos. A principal fonte da vitamina D é representada pela formação endógena nos tecidos
cutâneos após a exposição à radiação ultravioleta B. Entretanto, sua ingestão dietética é recomendada
quando a exposição solar não é suficiente para alcançar as necessidades diárias (MARQUES et al.,
2010). Sua forma ativa é a 1,25-diidroxicolecalciferol, ou calcitriol, importante também na
mineralização óssea (BUENO, 2008).

A comunidade científica tem despertado grande interesse em evidenciar a importância da vitamina D


no que diz respeito a homeostase, sendo que nessa última década houve um número expressivo de
estudos relatando os aspectos moleculares da fisiologia dessa vitamina e o impacto dos distúrbios no
sistema hormonal na saúde humana. Desse modo, diversas avaliações epidemiológicas revelam que
boa parte da população mundial apresenta baixos níveis de vitamina D (DE CASTRO, 2011).

De acordo Pereira e Solé (2015), a deficiência de vitamina D é considerada como um problema de


saúde pública em diversos países, e as gestantes tem sido identificada como um grupo de alto risco,
em que essa deficiência oscila entre 20-40% podendo causar variadas e graves complicações à gestação
e a criança.

A deficiência de vitamina D é crescentemente reconhecida como um importante fator na ocorrência


de alterações metabólicas que interferem na saúde gestacional e do concepto. Por existirem poucos
estudos que reúnem informações sobre a deficiência de vitamina D na gestação, o presente estudo
teve como objetivo elucidar as complicações a saúde gestacional ocasionadas pela hipovitaminose D,
delimitando as consequências para a gestante, para o concepto e para a criança, as causas que levam
a essa deficiência e as recomendações do tratamento para manutenção da saúde materno-infantil.

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Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

2 METODOLOGIA

Este trabalho trata-se de um estudo qualitativo/quantitativo de natureza exploratória, baseado em


revisão de literatura, onde foi realizado um levantamento de dados científicos, por meio de artigos
relacionados ao objeto de estudo.

Para a seleção dos artigos empregados na presente revisão, foram utilizadas as bases de dados Scielo,
Lilacs e PubMed, avaliando-se como período de busca os últimos 10 anos, porém não foram excluídos
artigos mais antigos, que apresentaram fatores históricos e relevância. Foram empregados os seguintes
termos de busca: vitamina D, 25-hidroxivitamina D, deficiência de vitamina D, hipovitaminose D,
suplementação com vitamina D, isolados ou em associações com os termos gravidez, concepto e
criança. Para a recuperação de um número maior de referências bibliográficas, os termos usados foram
empregados nas línguas portuguesa e inglesa,

O presente trabalho não implicou em riscos ao sujeito, pois se trata de uma pesquisa cujas informações
foram obtidas em materiais já publicados e disponibilizados na literatura, não havendo, portanto,
intervenção ou abordagem direta junto a seres humanos. Dessa forma, não foi preciso ser submetido
para aprovação junto ao Comitê de Ética em Pesquisa, conforme a resolução CNS 466/2012.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A vitamina D é classificada como um hormônio secoesteroide (CHIELLINI, 2011). Também denominada


como vitamina do sol. Para se tornar ativo, pelo fato de ser um pré-hormônio inerte, a vitamina D deve
passar por duas hidroxilações (Figura 1): inicialmente o pré-hormônio sofre hidroxilação no fígado, no
carbono 25 por ação da 25-vitamina D 1-hidroxilase (1-OHase), originando a 25-hidroxi-vitamina D
(25(OH)D), chamada calcidiol. Como a 25(OH)D possui baixa atividade biológica, é transportada ao rim
onde sofre a segunda hidroxilação, obtendo-se as formas ativas calcitriol (1-dihidroxivitamina
D)(1,25(OH)2D) e a 24,25 dihidroxivitamina D (24,25(OH)2D), conhecido como 24-hidroxicalcidiol, pela
ação respectiva das enzimas 1-OHase e da 24-vitamina D-hidroxilase (24-OHase), presentes nas
mitocôndrias das células do túbulo contornado proximal (CHIELLINI, 2011).

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Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

Figura 1. Metabolismo resumido da vitamina D. (Fonte: Adaptada da National Academy of Sciences.


Unraveling the Enigma of Vitamin D).

As principais formas de vitamina D são a vitamina D2 conhecida como ergocalciferol e a vitamina D3


como colecalciferol (Figura 2). A vitamina D2 é obtida por meio da irradiação ultravioleta do ergosterol,
encontrado em leveduras e cogumelos. Já a vitamina D3 é obtida da irradiação ultravioleta do
percussor do colesterol-7-dihidrocolesterol. Esta é sintetizada na pele, mas pode ser encontrada
alimentos como peixes gordos (ex. salmão), ovo e no leite (HOLICK, 2008). Segundo Jones (2008), a
vitamina D3 é três vezes mais eficiente em aumentar a concentração sérica da vitamina D e
permanecer o nível desta por mais tempo, uma vez que sua vida média é de cerca de 15 dias (JONES,
2008).

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Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

Figura 2. Estrutura química do ergocalciferol (vitamina D2) e do colecalciferol (vitamina D3). (Fonte:
Adaptado de Holick, 1999).

A principal origem da deficiência de vitamina D é a redução da sua produção endógena, ou seja, pela
sintetização por radiação UVB. Qualquer fator que afete ou impeça a transferência de radiação causará
a diminuição de 25(OH)D (CHICOTE; LORENCIO 2013).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (2016), os mecanismos que levam a hipovitaminose
D são: diminuição da síntese cutânea, através da exposição solar inadequada, pele escura, uso de
protetor solar e roupas que cubram quase todo o corpo, poluição atmosférica e latitude; diminuição
das atividades de hidroxilação no fígado e rins, devido a hepatopatia crônica e nefropatia crônica;
diminuição da transferência materno-fetal, por prematuridade no parto e hipovitaminose D nas
gestantes; e outros mecanismos, como diminuição da absorção e/ou aumento da degradação da
vitamina D, pelo efeito de medicamentos, como anticonvulsivantes (ex: fenobarbital, fenitoína,
carbama-zepina, oxcarbazepina, primidona), corticosteroides, antifúngicos azólicos (ex: cetoconazol),
antirretrovirais, colestiramina, orlistat e rifampicina).

Diversos aspectos podem ser levados em consideração quanto a exposição solar para a absorção de
vitamina D, como radiação UVB, hora do dia, latitude, altitude, degradação do ar, pigmentação da pele
e estação do ano (HOSSEIN et al., 2013). No verão, ao início e fim do dia, ou no inverno a qualquer
horário do dia implicam na produção de vitamina D, devido as radiações UV-A e UV-B (GILCHREST,
2008).

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Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

Até pouco tempo, as concentrações séricas de vitamina D (25-hidroxivitamina D ou 25-OHD) eram


classificadas em três categorias: deficiência, insuficiência e suficiência (ELIZONDO et al., 2009), quando
estas se apresentavam abaixo de 20 ng/mL, entre 20 e 30 ng/mL ou entre 30 e 100 ng/mL,
respectivamente (HOLICK et al, 2011). Entretanto, recentemente a Sociedade Brasileira de Patologia
Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
(SBEM) publicaram seu posicionamento oficial sobre os intervalos de referência da vitamina D (Tabela
1), considerando valores de referência de 25(OH)D de acordo com a faixa etária e características clínicas
individuais (FERREIRA et al., 2017).

TABELA 1. Indicadores de diferentes concentrações séricas de 25(OH)D.


Intervalos de referência
Indicador
25(OH)D

> 20 ng/mL desejável para população saudável (até 60 anos)

recomendado para grupos de risco, como: idosos (acima de 60


anos), indivíduos com fraturas ou quedas recorrentes, gestantes e
lactantes, osteoporose, doenças osteometabólicas, tais como
raquitismo, osteomalácia, hiperparatireoidismo, doença renal
30 e 60 ng/mL crônica, síndromes de má-absorção, como após cirurgia bariátrica e
doença inflamatória intestinal, medicações que possam interferir com
a formação e degradação da vitamina D (terapia antirretroviral,
glicocorticoides e anticonvulsivantes), neoplasias malignas,
sarcopenia e diabetes.

>100 ng/mL risco de toxicidade e hipercalcemia.

Fonte: Adaptado de Ferreira et al., 2017

A carência de vitamina D é classificada como problema de saúde pública mundial, sendo que as
gestantes têm sido definidas como um grupo de grande risco, em que a predominância representa
cerca de 20 a 40% (MULLIGAN, 2010).

A gestação é um período no qual ocorrem profundas modificações endócrinas, somáticas e


psicológicas no organismo da mulher, cujas alterações tornam a gestante passível a mudanças
fisiológicas e patológicas. O prognóstico da gravidez é influenciado pelas condições nutricionais
maternas, tanto no período pré-concepcional como também durante a gestação e amamentação. O

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Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

período gestacional é uma fase na qual as carências nutricionais são notáveis, resultante das
adaptações fisiológicas da gestante e da busca de nutrientes para desenvolvimento do feto. Portanto,
o estado nutricional materno atribui uma importância fundamental para o crescimento e
desenvolvimento do recém-nascido (BASILE et al., 2014).

No decorrer da gestação ocorrem modificações significantes no metabolismo do cálcio e vitamina D


para fornecer o nutriente necessário para a mineralização óssea fetal. No percurso do primeiro
trimestre, o feto acumula 2-3mg/dia de cálcio no esqueleto e essa taxa de acumulação dobra no último
trimestre. No início da gravidez, a gestante adapta-se as necessidades fetais aumentando a absorção
de cálcio, alcançando um nível máximo no último trimestre. A transferência é compensada pelo
aumento da absorção intestinal e redução da excreção urinária de cálcio (MULLIGAN et al.,2010).

Dados epidemiológicos têm demonstrado a existência de uma alta prevalência de deficiência de


vitamina D em mulheres e recém-nascidos. A falta de vitamina D na gestação pode acarretar
complicações tanto para a mãe, quanto para o concepto (QUERIDO et al., 2017). Dados da literatura,
baseados nos últimos dez anos apresentam evidências associadas à hipovitaminose D gestacional e
desfechos adversos que afetam tanto a saúde materna, como do concepto, estendendo-se ao decorrer
da infância. Ao todo, foram encontrados 25 estudos que abordaram as consequências da
hipovitaminose D associadas à gestação (Tabela 2). Restringindo-se as informações existentes, é nítido
que está cada vez mais evidente uma relação causal entre baixos níveis de 25-OHD e conclusões
maternos e neonatais adversas.

Tabela 2: Consequências da hipovitaminose D em gestantes


Autor/ano Consequências na gestação
Mulligan et al., 2010; Shand et
al., 2010; Hyppönen et al., 2013; Pré- eclampsia
Abedi et al., 2014;
Bodnar et al., 2009; Vaginose bacteriana
Kumari et al., 2017
Diabetes Mellitus Gestacional e pré- eclampsia
Lapillonne, 2010
Aghajafari et al., 2013; Weinert Diabetes Mellitus, gestacional, pré- eclampsia e vaginose
et al., 2015 bacteriana
Burris et al., 2012 Diabetes Mellitus Gestacional
Regil et al., 2016 Aumento da frequência de parto cesáreo e prematuro e pré-
eclampsia

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Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

Aumento da frequência de parto cesáreo e prematuro,


Kaushal et al., 2013 Diabetes Mellitus Gestacional e vaginose bacteriana
Merewood et al., 2009; Wagner
Aumento da frequência de parto cesáreo e prematuro
et al., 2016
Aumento da frequência de parto cesáreo e prematuro,
Wei et al., 2013 Diabetes Mellitus Gestacional e
pré- eclampsia
Zhang et al., 2008 Diabetes Mellitus Gestacional

Muitos estudos tem demonstrado que a deficiência de vitamina D no período gestacional está
relacionada a complicações maternas, como pré-eclâmpsia, resistência à insulina, diabete gestacional,
vaginose bacteriana e maior incidência de parto cesáreo (KAUSHAL, 2013).

A deficiência de vitamina D pode ser um marcador de comprometimento do sistema imunológico e


maior risco de cesárea. Estudos recentes evidenciam que essa deficiência na gestante leva ao aumento
da frequência de parto cesáreo e prematuro, provocando uma ligeira diminuição do cálcio sérico que
está relacionado tanto ao musculo esquelético como à força muscular lisa (MEREWOOD et al.,2009;
KAUSHAL et al.,2013; WEI et al., 2013).

De acordo com Wagner et al. (2016), uma dosagem sérica de 25[OH]D de 40 ng/mL reduziu,
consideravelmente, a ameaça de parto precoce em confronto com 20 ng/mL. Esses resultados
apresentam a importância de manter os níveis de 25[OH]D acima de 20 ng/mL. Uma concentração
sérica de 40 ng/mL durante a gestação limitaria o risco de parto imaturo e chegaria a concentrações
sub-ótimas da vitamina ativa.

A vitamina D tem a função de regular a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas, sendo
assim, afetam os níveis circulantes de glicose. Portanto, autores relatam que a deficiência de vitamina
no início da gestação aumenta gradativamente o risco de diabetes gestacional já no final da gestação.
Diversos fatores influenciam esse quadro, dentre eles pode-se citar: idade materna, IMC, histórico
familiar, etnia e raça (ZHANG et al., 2008; KAUSHAL et al., 2013; WEI et al., 2013; WEINERT et al., 2015).

A pré-eclâmpsia é um distúrbio da gestação caracterizado por hipertensão e pela presença de


proteínas na urina. Estudos conduzidos com gestantes em que foram combinadas doses de vitamina D
e cálcio, verificaram uma redução de até 20% do risco de desenvolver a pré-eclâmpsia, além de reduzir
os níveis séricos de marcadores de inflamação e peroxidação lipídica. Esse efeito pode ser atribuído ao

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Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

aumento da ativação de enzimas antioxidantes e supressão do paratormônio, que influenciam a


composição esquelética e a força da musculatura lisa (SHAND et al., 2010; MULLIGAN et al., 2010;
KAUSHAL et al.,2013; WEI et al., 2013; KUMARI et al., 2017).

A vitamina D, também, é capaz intervir no desenvolvimento das doenças infecciosas no decorrer da


gravidez. Níveis baixos de 25 (OH) D estão associados com o aumento dos casos de vaginose bacteriana
no primeiro trimestre de gestação, apresentando resultados sobre o sistema imunológico, citocinas e
peptídeos antibacterianos que certamente regulam a flora bacteriana. O estado nutricional de
vitamina D foi recentemente relacionado ao sistema imunológico inato humano (BODNAR et al.,2009;
KAUSHAL et al.,2013; WEINERT et al.,2015).

Níveis favoráveis de vitamina D materna também são fundamentais para a saúde fetal e infantil. As
concentrações de vitamina D no feto são sobretudo pertencentes da concentração materna, e a
insuficiência materna pode levar a resultados desfavoráveis no concepto (Tabela 3).

Alguns estudos consideraram que as concentrações maternas de vitamina D estão associadas com
o baixo peso ao nascer, pequeno para a idade gestacional, hipocalcemia e com o crescimento durante
os anos pós-natais. A suplementação com vitamina D na gestação está relacionada com a redução do
risco de sibilância e diabetes tipo I na criança (MULLIGAN et al., 2010; THORNE-LYMAN et al., 2012;
AGHAJAFARI et al., 2013; SORENSEN et al., 2012).

Tabela 2: Consequências da hipovitaminose D no concepto


Autor/ano Consequências para o concepto
Aghajafari et al., 2013 Pequeno para idade gestacional e baixo peso ao
nascer
Burris et al., 2012; Wei et al., 2013 Pequeno para idade gestacional
Camargo et al., 2011; Dawodu et al.,
Infecções respiratórias agudas
2012
Chen et al., 2015; Regil et al., 2016;
Leffelaar et al., 2010; Nobles et al., Baixo peso ao nascer
2015; Thorne-Lyman et al., 2012
Mulligan et al., 2010 Baixo peso ao nascer e hipocalcemia neonatal
Weinert et al., 2015 Baixo peso ao nascer e infecções respiratórias agudas

Níveis inferiores de 25 (OH) D3 no sangue do cordão umbilical foram associados a elevado risco de
desenvolver doenças respiratórias agudas devido à carência imunológica. Estudos realizados em alguns

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Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

países como na Índia, nos Estados Unidos, em Bangladesh e Coreia mostraram que inúmeras crianças
nascem com baixos níveis de 25(OH) D, em virtude da alta deficiência de vitamina D materna, variando
de 22,3% a 73,6%. Nestes casos, foram observados um maior risco de desenvolvimento de raquitismo
infantil (CAMARGO et al., 2011; JAIN et al., 2011).

A deficiência de vitamina D no decorrer da gravidez também está ligada a riscos de problemas de


saúde mais tardiamente na infância, envolvendo doenças autoimunes e implicações significativas para
o desenvolvimento neurológico da criança (MULLIGAN et al.,2010; CAMARGO et al.,2011; JAIN et
al.,2011; WHITEHOUSE et al., 2012).

É importante atentar-se aos fatores supracitados para prestar uma assistência de qualidade com vista
à diminuição da morbimortalidade infantil ocasionada pela a deficiência da vitamina D. Portanto, a
profilaxia deve ser iniciada desde os primeiros momentos de vida da criança, tendo em vista os
benefícios referentes à prevenção de doenças e agravos nessa fase, principalmente relacionado a um
relevante indicador da saúde infantil, que é o seu crescimento (LUIZ et al., 2018).

A avaliação dos níveis séricos de 25(OH)D é o melhor indicador do estado nutricional de vitamina D.
No diagnóstico laboratorial os métodos rotineiros mais utilizados são os imunoensaios e os
radioimunoensaios, por serem procedimentos automatizados, mais rápidos e de baixo custo. Levando
em consideração o método utilizado, é importante ressaltar que as exatidões dos testes variam entre
laboratórios e entre os ensaios (CHICOTE; LORENCIO, 2013).

Considera-se a Cromatografia Líquida Acoplada à Espectrometria de Massas (LC-MS) como método


mais seguro na dosagem de 25(OH)D, sendo indicado pelo National Diet and Nutricion Survey (De LA
HUNTY et al., 2010). De modo geral, todos os métodos disponíveis são aceitos para detectar deficiência
de vitamina D grave. No entanto, nas deficiências moderadas há risco de erro que pode ser reduzido,
levando em consideração os valores de referência de cada laboratório. Portanto é necessário que haja
uma padronização dos métodos empregados para estudos mais aprofundados (MASVIDAL et al., 2012).

Na maior parte dos países, a avaliação dos níveis séricos de 25(OH)D no período gestacional não é
realizada. No entanto, em mulheres que apresentam fatores de risco para hipovitaminose D é
recomendado que sejam avaliadas no início e na metade da gestação (PONSONBY, 2010). Sendo assim,
diminuiria a incidência da deficiência de vitamina D na gravidez, evitando resultados negativos à saúde
materna e fetal. Diversas organizações têm destacado e priorizado a importância de garantir níveis
séricos de vitamina D superior a 30 ng/mL durante a gestação (PEREIRA; SOLÉ 2015; BENACHI, 2013).

10
17
Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

Para que os níveis séricos de vitamina D se mantenham adequados, existem três fontes para a
obtenção de 25(OH)D: a partir da exposição solar, dieta e suplementação (FRASER & MILAN, 2013). A
exposição à luz solar fornece para a maioria das pessoas a quantidade necessária de vitamina D. A
vitamina D produzida na pele pode durar, pelo menos, o dobro do tempo no sangue, comparada à sua
forma ingerida (HADDAD et al., 1993). Quando um adulto é exposto a uma dose eritematosa mínima
de radiação ultravioleta (aquela que causa uma ligeira coloração rosa na pele após 24 horas da
exposição), a quantidade de vitamina D produzida é equivalente à ingestão de 10.000 a 25.000 UI
(HOLICK e CHEN, 2008).

Apesar da exposição solar constituir a principal fonte da vitamina D, devido à formação endógena nos
tecidos cutâneos (MARQUES et al.,2010), a dieta adequada é fundamental para auxiliar a regularização
dos níveis séricos ideias desta vitamina. Na sua forma natural, poucos alimentos contêm vitamina D. O
óleo de fígado de peixe, os alimentos reforçados, como a margarina e os cereais matinais fortificados
com vitamina D, peixes de águas profundas ricos em ômega-3 (salmão, atum, sardinha), ovo de galinha
e fígado de boi são as principais fontes dietéticas de vitamina D (BUENO, 2008).

Outra medida, de baixo custo e com grande relevância clínica é a suplementação oral, por meio de
medicamentos contendo vitamina D isolada (PIRES, 2011). Existem várias marcas de medicamentos
disponíveis no mercado para suplementação de vitamina D, com diferentes apresentações e
concentrações. Quanto à dosagem da suplementação, é significativo analisar que se diferem de acordo
com a necessidade e meta a ser atingida, faixa etária, riscos e alimentação (PIRES, 2011).

A reposição das necessidades diárias de vitamina D, bem como o tratamento da deficiência, deve ser
realizada para população de risco para hipovitaminose D. As crianças entre 0 a 18 meses precisam de
uma dosagem de no mínimo 400 UI/dia de vitamina D. Da infância até aos 18 anos carecem de pelo
menos 600 UI/dia para potencializar o desenvolvimento ósseo. Mas para manter níveis constante de
25(OH)D, talvez seja necessário à suplementação de 1.000 UI/dia (ALVES et., 2013).

Na fase adulta é necessária a ingestão de no mínimo 600 UI/dia de vitamina D, para o bom
desempenho do sistema muscular e fortalecimento esquelético. Pode ser que seja necessário
suplementar com doses de 1.500-2.000 UI/dia para manter níveis adequados de vitamina D. Acima de
70 anos as carências de vitamina D aumentam para a escala de 800 UI/dia, atingindo doses de 1.500-
2.000 UI/dia. As gestantes e lactantes precisam de pelo menos de 600UI/dia de vitamina D para que
possam manter níveis séricos superiores a 30ng/mL (ALVES et., 2013).

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18
Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

Atualmente, a Canadian Academy of Pediatrics recomenda a suplementação de 2.000 UI/dia de


vitamina D durante a gestação e a lactação, enquanto o American College of Obstetricians and
Gynecologists aconselha que a reposição seja feita de 1.000 a 2.000 UI/dia (CHEN et al., 2015;
BARTOSZEWICZ et al., 2013).

A suplementação de vitamina D é importante para saúde materna, para desenvolvimento do feto e a


vida pós-natal, por este motivo tem sido sugerida como intervenção para proteger contra desfechos
adversos materno-fetal. No entanto, mais estudos são necessários para avaliação dos efeitos da
vitamina D bem como seus níveis séricos adequados para população em geral, gestantes e crianças
(DE-REGIL et al., 2012).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A deficiência de vitamina D é considerada um problema alarmante na saúde pública em vários países,


trazendo consequências futuras. A carência materna de vitamina D tem sido uma das principais causas
da hipovitaminose D em crianças e recém-nascidos, causando atrasos no desenvolvimento e chances
de apresentar problemas que comprometem a qualidade e a expectativa de vida. No entanto, a
deficiência de vitamina D é um estado corrigível, sendo importante assegurar que as recomendações
existentes para a ingestão de vitamina D sejam sistematicamente garantidas.

Por fim, é importante rever a deficiência de vitamina D nas mães e seus filhos para que possivelmente,
possam ser implantadas estratégias em sua prevenção na gestação e na lactação, com o intuito de
evitar o seu impacto no decorrer da infância, visando uma possível diminuição no desenvolvimento
futuro de doenças crônicas na fase adulta.

12
19
Suplementação De Vitamina D Na Gestação: Evidências E Recomendações

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23
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 2
10.37423/200802347

A CORRELAÇÃO ENTRE AS QUEIXAS AUDITIVAS


E O COMPORTAMENTO VOCAL EM
PROFISSIONAIS DA VOZ CANTADA DEVIDO A
EXPOSIÇÃO A RUÍDOS

João Vitor Lorite Caroli Centro Universitário de Maringá (Unicesumar)

Carolina Semiguen Enumo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar)

Luciana Fracalossi Vieira Centro Universitário de Maringá (Unicesumar)


A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

Resumo: A exposição a sons e ruídos tem dificultado o bom desempenho de cantores, uma vez que
eles passam horas expostos a intensidades sonoras elevadas, devido aos ensaios e apresentações
frequentes, o que lhes causa danos à audição e, consequentemente, poderá leva-los a fazer uso
abusivo da voz. Na prática clínica fonoaudiológica, os cantores atêm-se a cuidar da voz, esquecendo-
se, muitas vezes, de que é necessário um cuidado com a audição também. O objetivo desse trabalho
foi de correlacionar as principais queixas auditivas e as alterações vocais devido à exposição a ruídos
no ambiente de trabalho que podem interferir no bom desempenho dos cantores em suas
performances. Para a realização deste estudo, foi realizada uma entrevista individual, junto à aplicação
de um questionário com 17 questões objetivas referentes à prática musical, o histórico auditivo e o
histórico vocal de 50 cantores, profissionais e amadores, de distintos segmentos musicais em uma
cidade localizada no norte do Paraná. Concluiu-se que com a presença dos ruídos através de sons
elevados no ambiente de trabalho houve correlação entre as queixas auditivas e extra-auditivas e as
alterações vocais os quais apresentam tontura, ouvido tampado e algum tipo de zumbido referente
aos sintomas auditivos e rouquidão, voz cansada e pigarro como as principais alterações de voz.

Palavras-chave: Qualidade da voz, Transtornos da Audição, Ruído, Distúrbios da Voz

1
25
A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

1 INTRODUÇÃO

As doenças ocupacionais são aquelas que comprometem a saúde do trabalhador por meio de seu
ambiente de trabalho (ASCARI et al., 2013). Desse modo, os cantores são expostos, com frequência, a
elevados níveis de sons e ruídos, devido aos ensaios e apresentações, os quais têm dificultado o bom
desempenho da profissão, uma vez que eles passam horas em contato com intensidades sonoras
elevadas, o que pode lhes causar danos à audição e à voz. Em outras palavras, pode-se dizer que esses
sujeitos são suscetíveis a desenvolver alguma patologia relacionada aos fatores do ambiente de
trabalho (MENDES, MORATA e MARQUES, 2007).

De acordo com a legislação brasileira, o art. 20 da Lei 8.213/91, as doenças ocupacionais podem ser
classificadas como doença profissional, “produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar à determinada atividade e constante” e doença do trabalho, “adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente” (LEI
Nº 8.213, 1991).

Na primeira década do século XXI, passou-se a estudar o adoecimento e as condições de trabalho dos
músicos no Brasil, visando à interdisciplinaridade e à criação de programas de prevenção para a saúde
dessa população (GERALDO E FIORINI, 2017). Em específico para os cantores, existem literaturas que
abordam isoladamente a saúde auditiva e a saúde vocal, entretanto focar na influência que os ruídos
possuem na audição e na voz do cantor é importante, porque o monitoramento auditivo resulta em
uma importante ação do controle vocal, abordando os parâmetros de frequência, intensidade e
qualidade de voz, isto é, a qualidade auditiva é influente na qualidade vocal (CALDEIRA, VIEIRA E
BEHLAU, 2012).

Diante desse contexto, a justificativa para a idealização desta pesquisa originou-se nas diversas queixas
vocais dos cantores, pois muitos deles procuram o fonoaudiólogo referindo-se a problemas vocais, por
estarem em ambientes com som intenso e fazerem uso abusivo da voz. Porém nota-se que a
preocupação está focada na qualidade vocal e não na qualidade da audição. Além de que este tema
aborda um problema de saúde importante na atualidade, no qual os profissionais da voz cantada estão
inseridos constantemente, seja nos ambientes com níveis sonoros elevados, no uso frequente de fones
de ouvido ou no abuso vocal (GERALDO E FIORINI, 2017).

Assim, este trabalho tem como objetivo correlacionar as principais queixas auditivas e as alterações
vocais em cantores, devido à exposição a ruídos em seu ambiente de trabalho. Para tanto, verificaram-

2
26
A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

se os recursos disponíveis para o retorno auditivo da voz do cantor, constatou-se tempo e frequência
de exposição sonora e foi averiguado se os níveis elevados sonoros atrapalham no feedback auditivo
da voz, durante o ato de cantar.

2 MÉTODOS

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Unicesumar (Centro Universitário de
Maringá), sob o parecer nº 073045/2018. Todos os indivíduos envolvidos assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A amostra de conveniência foi de 50 sujeitos que se constituem cantores de diversos segmentos


musicais, sendo eles profissionais ou amadores, em uma cidade localizada no norte do Paraná.
Participaram do estudo 28 homens e 22 mulheres. O critério de inclusão foi baseado no fato do sujeito
cantar com a frequência de pelo menos uma vez por semana, com banda e equipamentos de som,
assim como fazendo uso de microfone e com público presente. Foram excluídos cantores que faziam
parte de coral, grupos ou que cantassem a capella e/ou com frequência de apresentação inferior a
uma vez por semana.

O material para a coleta dos dados foi um questionário com 17 questões fechadas e múltiplas
(Apêndice A), elaborado pelos próprios pesquisadores, adaptado da pesquisa de Reis e Semiguen
Enumo (2015).

Esse questionário foi dividido em três partes: a primeira delas é composta por quatro questões sobre
as práticas musicais em relação ao tempo e à frequência dos ensaios e apresentações; a segunda,
composta por sete questões, voltada somente à história auditiva; a terceira, constituída por seis
questões, volta-se a aspectos relacionados à saúde vocal. As questões foram objetivas.

A pesquisa foi realizada na Clínica de Fonoaudiologia da Unicesumar – Centro de Ensino Superior de


Maringá –, localizada no bloco 05 da instituição, situada na Avenida Guedner, número 1610, no Jardim
Aclimação, na cidade de Maringá–PR, com agendamento prévio dos cantores/pacientes por meio de
contato telefônico.

Foi realizado o contato com os candidatos à pesquisa para convidá-los a participar e, mediante a
autorização, foi estabelecido um agendamento individual.

3
27
A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

Esta pesquisa é de caráter quantitativo e qualitativo, e a coleta de dados aconteceu por meio de
aplicação de questionário para obter informações da história auditiva, da história vocal e da história
musical que cada sujeito apresenta.

A coleta de dados deu-se após o início do agendamento, no qual cada sujeito comparecia à Clínica
Escola de Fonoaudiologia da Unicesumar em seu horário agendado. Para cada participante, foi
explicado o objetivo da pesquisa e foram esclarecidas todas as dúvidas quanto ao preenchimento do
questionário. Em seguida, iniciou-se a aplicação deste, em que o indivíduo respondia as perguntas sem
a intervenção ou a influência de terceiros.

Os dados obtidos foram digitados em planilha do programa Microsoft Excel 2010 e analisados
estatisticamente com o auxílio do Software Statistica Single User versão 13.2. Foram calculadas as
medidas descritivas: média, desvio padrão, máximo e mínimo para a idade dos entrevistados. Os
sujeitos foram numerados de um a cinquenta para que, em caso de necessidade de comparação dos
dados, fossem identificados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisados dados de 50 cantores com idade média de 30,2±8,5 anos, a idade mínima foi de 18
e a máxima de 57 anos (tabela 1).

Metade dos entrevistados, 50,0% (n=25) têm entre 18 e 28 anos, 100% (n=50) deles participam de
algum conjunto/banda/orquestra há três anos ou mais, 42,0% (n=21) afirmaram que o tempo médio
de duração do ensaio é de duas horas e 30,0% (n=15) ensaiam com a banda uma vez por semana.
42,0% (n=21) participam de apresentações semanais com a frequência de duas vezes na semana e
38,0% (n=19) afirmaram que a duração dessas apresentações é de duas horas (tabela 1).

Desse modo, o tempo médio que esses indivíduos passam expostos a elevados níveis de pressão
sonora (ruídos) é de seis horas semanais com a periodicidade de três vezes na semana; entretanto, de
acordo com as Normas Regulamentadoras (NR 15) – Atividades e Operações Insalubres (15.000-6)
(anexo 1), os limites de tolerância para ruídos contínuos ou intermitentes, a exposição ao ruído com
duração de duas horas não deve exceder a 95 dBNA, porque, ultrapassando tal intensidade, já traz
malefícios à audição (TRT-2ª Região, 2010). Contudo, esta pesquisa não utilizou o decibelímetro,
equipamento responsável por quantificar o nível de pressão sonora de um ambiente, impossibilitando
quantificar qual a intensidade de ruído a que esses indivíduos estão sujeitos e quais são seus efeitos
para a audição.

4
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A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

TABELA 1: Distribuição numérica e percentual dos indivíduos entrevistados em relação à faixa etária,
ao gênero e ao tempo e à frequência de exposição ao ruído.

Variáveis n %
Faixa etária
De 18 a 28 anos 25 50,0
De 29 a 38 anos 19 38,0
De 39 a 48 anos 3 6,0
Mais de 49 anos 3 6,0
Gênero
Masculino 28 56,0
Feminino 22 44,0
Quanto tempo faz parte de algum conjunto/banda/orquestra
Três anos ou mais 50 100,0
Quantidade de ensaio com a banda
Uma vez por semana 15 30,0
Duas vezes por semana 14 28,0
Três vezes por semana 11 22,0
Nunca 10 20,0
Tempo médio de duração do ensaio
Uma hora 13 26,0
Duas horas 21 42,0
Não ensaia 10 20,0
Três horas ou mais 6 12,0
Quantidade de apresentações semanais
Uma vez por semana 14 28,0
Duas vezes por semana 21 42,0
Três vezes por semana ou mais 12 24,0
Nunca 3 6,0
Tempo médio de apresentação semanal
Meia hora 9 18,0
Uma hora 13 26,0
Duas horas 19 38,0
Três horas ou mais 6 12,0
Não se apresenta 3 6,0

A maioria dos cantores, 70,0% (n=35), não possui dificuldade para escutar, porém é importante
ressaltar que 30,0% (n=15) afirmaram que possuem dificuldade. Verificou-se que 48,0% (n=24) já
fizeram avaliação audiológica com resultado normal. Em contrapartida, observou-se que 38,0% (n=19)
desses indivíduos nunca fizeram avaliação audiológica.

Diante desse contexto, dos sujeitos que possuem alguma dificuldade de escutar, nove nunca fizeram
a avaliação audiológica, dois fizeram tal avaliação com resultado alterado, três fizeram com resultado

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A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

normal e uma pessoa fez, mas não lembra o resultado. Takishima et al. (2014) discutem dados
semelhantes e consideram, referente ao não conhecimento da realização de avaliações audiológicas,
que os motivos elencados por pacientes e familiares, quando questionados por não procurarem
auxílio, são: falta de conhecimento, esquecimento, desinteresse e dificuldade financeira para realizar
a avaliação. Mendes, Marota e Marques (2007) também constataram dados semelhantes, quando se
referem ao cuidado com a saúde auditiva, porque de 34 indivíduos derivados em músicos, cantores e
auxiliares de palco, “apenas 9 indivíduos (25,7%) afirmaram ter algum tipo de cuidado em relação à
audição, e 25 (71,4%) não têm nenhum cuidado”.

Foi possível observar que 62,0% (n=31) utilizam sistema de retorno vocal de palco, 18,0% (n=9) utilizam
o sistema auricular individual/in ear e 12,0% (n=6) utilizam ambos. Verificou-se que 18,0% (n=9)
possuem dificuldade de se ouvir cantando (feedback auditivo) durante apresentação/show, sendo que
esses mesmos sujeitos são os que utilizam algum tipo de equipamento de retorno (tabela 2). Essa
realidade descrita é justificada por Caldeira, Vieira e Behlau (2012) quando afirmam que “alguns
parâmetros da produção vocal sofrem mudanças quando há impedimento ou interrupção do controle
auditivo”, que, nesse caso, é o ruído, responsável por dificultar o ”monitoramento auditivo da voz,
comprometendo a comunicação” (CALDEIRA, VIEIRA e BEHLAU, 2012).

TABELA 2:Distribuição numérica e percentual dos indivíduos entrevistados em relação ao histórico


auditivo, alterações auditivas e uso de retorno.

Variáveis n %
Percebe/possui dificuldade para escutar
Não 35 70,0
Sim 15 30,0
Tem um ouvido melhor que o outro
Sim (Orelha esquerda) 9 18,0
Sim (Orelha direita) 10 20,0
Não 31 62,0
Fez avaliação audiológica
Já fiz com resultado normal 24 48,0
Nunca fiz esta avaliação 19 38,0
Já fiz, mas não lembro o resultado 3 6,0
Já fiz com resultado alterado 4 8,0
Dificuldade de se ouvir cantando durante show/apresentação
Não 41 82,0
Sim 9 18,0
Utiliza sistema de retorno vocal
Sim (Auricular individual) 9 18,0
Sim (Retorno de palco de chão) 31 62,0

6
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A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

Sim (Auricular individual e retorno de palco de chão) 6 12,0


Não 4 8,0
Quanto ao histórico vocal, 80,0% (n=40) dos entrevistados não possuem patologia vocal e 20,0% (n=10)
possuem alguma patologia, sendo que três pessoas possuem mais de uma patologia vocal associada à
outra (tabela 3).

Um fator relevante é que 60,0% nunca fizeram o exame das pregas vocais, 68,0% (n=34) não tiveram
acompanhamento fonoaudiológico e 40,0% (n=20) não tiveram professor de canto, mesmo utilizando
a voz como instrumento de trabalho (tabela 3).

Dentre os indivíduos que possuem patologia na voz, apenas um sujeito nunca realizou exame das
pregas vocais; entretanto, assinalou a opção “outras”, por não saber qual patologia possui. Em
contrapartida, três sujeitos assinalaram a opção de que realizaram o exame das pregas vocais e
obtiveram resultado alterado, mas não assinalaram nenhum tipo de patologia (tabela 3).

Observou-se também que o mesmo individuo que nunca realizou o exame das pregas vocais também
nunca teve acompanhamento fonoaudiológico, mas está em acompanhamento com professor de
canto. Dos demais nove sujeitos com patologia, seis já tiveram acompanhamento fonoaudiológico e
três estão em tratamento. Quanto ao acompanhamento com professor de canto, seis já realizaram
aulas, dois estão em acompanhamento e um sujeito nunca realizou tal acompanhamento (tabela 3).

A maioria 72,0% (n=36) já teve alteração vocal após apresentação/show e 36,0% (n=18) têm esse tipo
de sintoma após todo show/apresentação.

TABELA 3: Distribuição numérica e percentual dos indivíduos entrevistados em relação ao histórico


vocal, patologias e/ou alterações vocais.

Variáveis N %
Já teve/Tem patologia vocal
Não possuo patologia vocal 40 80,0
Fendas 3 6,0
Outras 2 4,0
Fendas, Cisto, Edema 1 2,0
Fendas e cisto 1 2,0
Nódulo 1 2,0
Nódulo, Fendas e Sulco 1 2,0
Cisto 1 2,0
Fez exame da pregas vocais
Nunca fiz avaliação 30 60,0
Já fiz com resultado alterado 12 24,0
Já fiz com resultado normal 8 16,0

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A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

Teve acompanhamento com fonoaudiólogo


Não 34 68,0
Sim (estou em acompanhamento) 5 10,0
Sim (já estive em acompanhamento) 11 22,0
Teve professor de canto
Não 20 40,0
Sim (já estive em acompanhamento) 18 36,0
Sim (estou em acompanhamento) 12 24,0
Alteração vocal após apresentação/shows
Sim 36 72,0
Não 14 28,0
Frequência dos sintomas
Após todo show/Apresentação 18 36,0
Não tem sintomas 11 22,0
Uma vez por semana 12 24,0
Duas vezes por semana 6 12,0
Três vezes por semana 3 6,0

Referindo-se aos sintomas auditivos e extra-auditivos, a maioria dos entrevistados, 66,0% (n=33), não
apresentou nenhum sintoma auditivo, porém, 64,0% (n=32) possuem algum tipo de zumbido.
Referente aos sintomas auditivos, 24,0% (n=12) afirmaram ter ouvido tampado, 14,0% (n=7)
apontaram ter tontura e ninguém apresentou infecção de ouvido (tabela 4). Quanto aos sintomas
extra-auditivos, 36,0% (n=18) apresentam zumbido após shows e 16,0% (n=8) têm zumbido após o uso
do fone auricular/in ear, uma vez que apenas dois indivíduos fazem uso apenas do in ear (tabela 4).

Como consequência desses sintomas, Mendes, Marota e Marques (2007) afirmaram que “medidas de
prevenção da perda auditiva a músicos têm sido sugeridas em diversas pesquisas científicas, tais como:
tratamento acústico dos ambientes de ensaio, acompanhamento audiológico e uso de proteção
individual (EPI’s)” devido ao fato de que existe “associação entre exposição ao ruído e perda auditiva
ocupacional”, fato que foi confirmado através da pesquisa desses autores, que através de uma
entrevista com 34 sujeitos constatou-se que “as queixas auditivas referidas pelos músicos, cantores e
operador de mesa de som foram incômodo a sons (58,8%), zumbido (47%), perda auditiva (25,7%) e
sensação de ouvido tapado (4%)” (MENDES, MOROTA e MARQUES, 2007).

Quanto aos indivíduos que afirmaram ter alguma alteração vocal após shows/apresentação, as
principais alterações observadas foram rouquidão em 28% (n=28) dos entrevistados. 60,0% (n=30)
afirmaram ter voz cansada e 22,0% (n=11), pigarro (tabela 4). Conforme Ribeiro et al. (2012), se uma
população de cantores apresentar uma quantidade superior a três problemas vocais, esses, então, já
são considerados sujeitos de risco e propensos ao desenvolvimento patológico. Tais autores

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A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

complementam que a maioria dos problemas relacionados à voz cantada está na falta de
conhecimentos técnicos e na falta de orientações quanto aos cuidados de voz.

TABELA 4: Distribuição numérica e percentual dos indivíduos entrevistados em relação aos sintomas
auditivos, zumbidos e alterações vocais.

Sim Não
Variáveis
n % n %
Sintomas Auditivos
Ouvido tampado 12 24,0 38 76,0
Tontura 7 14,0 43 86,0
Dor de ouvido 2 4,0 48 96,0
Nenhum sintoma 33 66,0 17 34,0
Apresentou infecção 0 0,0 50 100,0
Zumbido
Após cinema 1 2,0 49 98,0
Em shows 18 36,0 32 64,0
Após estudos 1 2,0 49 98,0
Após ensaio 7 14,0 43 86,0
Após apresentações 6 12,0 44 88,0
Após barulho 2 4,0 48 96,0
Música com fone 8 16,0 42 84,0
Outras situações de zumbido 6 12,0 44 88,0
Não sinto zumbido 18 36,0 32 64,0
Alterações Vocais
Rouquidão 28 56,0 22 44,0
Voz cansada 30 60,0 20 40,0
Ardência 6 12,0 44 88,0
Bolo na garganta 6 12,0 44 88,0
Sem voz 3 6,0 47 94,0
Dor 5 10,0 45 90,0
Pigarro 11 22,0 39 78,0
Tosse 4 8,0 46 92,0
Não houve associação estatisticamente significativa entre gênero e as variáveis avaliadas.

80,0% (n=40) afirmaram que o som alto (ruído) e a dificuldade de se escutar cantando (feedback
auditivo) são os fatores que levam ao maior esforço vocal (tabela 5).

Houve também associação das faixas etárias, entre 18 e 38 anos, pois a maioria das pessoas que não
tem patologia vocal acredita que a dificuldade em se escutar cantando (feedback auditivo) é devido ao
ambiente onde trabalham possuir níveis elevados de ruído, responsável pelo abuso da voz.

Com relação a essas afirmativas, Caldeira, Vieira e Behlau (2012) realizaram uma pesquisa na qual
analisaram as modificações vocais em repórteres devido à situação de ruídos. Foram divididos dois
grupos com 23 sujeitos respectivamente, um com repórteres e outro com indivíduos que não fazem
uso da voz profissional (grupo controle), entretanto, as autoras concluíram que, na presença de ruídos,

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A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

qualquer indivíduo, profissional da voz ou não, apresenta alteração vocal, aumentando “loudness,
pitch, tensão e precisão articulatória”. Isto constitui uma explicação para o fato dos quarenta cantores
afirmarem que o ruído atrapalha no feedback auditivo, interferindo na qualidade vocal, porque “a
ausência de monitoramento auditivo gera mudanças caracterizadas principalmente por descontrole
na intensidade e deslocamento da frequência fundamental da voz” ( CALDEIRA, VIEIRA e BEHLAU,
2012).

TABELA 5: Distribuição numérica e percentual dos indivíduos entrevistados em relação aos sintomas
auditivos, zumbidos e alterações vocais.

Variáveis n %
O som alto (ruído) e a dificuldade de se escutar cantando
(feedback auditivo) são os fatores que fazem ter maior
esforço vocal
Sim 40 80,0
Não 10 20,0
Verificou-se que existe uma limitação na pesquisa, devido ao curto prazo de acompanhamento com a
amostra. Para determinar se essa população desenvolverá alguma patologia de voz e de audição e
quais são elas, seria necessária uma pesquisa de longo prazo, a qual permitiria qualificar e quantificar,
de fato, quais são as influências que os níveis elevados de ruídos exercem na saúde auditiva e vocal
desses sujeitos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a presença dos ruídos através de sons elevados no ambiente de trabalho, tanto nos ensaios
quanto nas apresentações/show, houve correlação entre as queixas auditivas e as alterações vocais em
cantores que passam a média de seis horas semanais, com frequência de três vezes na semana,
expostos a altos níveis de pressão sonora. Os profissionais da voz cantada apresentaram tontura,
ouvido tampado e algum tipo de zumbido referente aos sintomas auditivos e apresentaram rouquidão,
voz cansada e pigarro como as principais alterações de voz. Esses sujeitos utilizam retorno de chão ou
auricular/in ear como recurso disponível para o feedback auditivo da voz, entretanto, mesmo com o
uso dos equipamentos de retorno, essa população afirma que os elevados níveis de ruído atrapalham
no controle do feedback auditivo, dificultando o controle vocal durante ensaios, apresentações ou
shows.

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A Correlação Entre As Queixas Auditivas E O Comportamento Vocal Em Cantores Devido À Exposição A Ruídos

REFERÊNCIAS

ASCARI, R. A. et al. Prevalência de doenças ocupacionais em profissionais da enfermagem: revisão de


literatura. Resvista UNINGÁ Review, vol.15, n.2, p. 26-31, 2013. Disponível em:
<http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1449/1065>. Acesso em: jan. 2019.

CALDEIRA, C. R. P.; VIEIRA V.P.; BEHLAU, M. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol., n. 17, p. 321-326, 2012.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v17n3/14>. Acesso em: jan. 2019.

Descritores em Ciências da Saúde: DeCS. *. Ed.rev. e ampl. São Paulo: BIREME/OPAS/OMS, 2017.
Disponível em:<http://decs.bvsalud.org>. Acesso em: jun. 2018.

LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991. Disponível

em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm> Acesso em 20 Fev. 2019

MENDES, M. H.; MORATA, T. C.; MARQUES, J. M. Aceitação de protetores auditivos pelos componentes
de banda instrumental e vocal. Rev. Bras. Otorrinolaringol., vol. 73, n. 6, p. 785-792, 2007. Disponível
em: <http://unifesp.homolog.scielo.br/pdf/rboto/v73n6/a10v73n6.pdf>. Acesso em: jan. 2019.

Normas Regulamentadoras. NR-15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES (115.000-6). Disponível em


<http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/LEGIS/CLT/NRs/NR_15.html> Acesso em: fev. 2019.

REIS, J. F.; SEMIGUEN_ENUMO C. Identificação de efeitos auditivos em músicos da orquestra


filarmônica. TCC (Trabalho de Conclusão de Curso em Fonoaudiologia) - Unicesumar - Centro de Ensino
Superior de Maringá. Maringá, 2015.

RIBEIRO, V. V. et al. Problemas vocais em cantores de igreja. Rev. CEFAC, n. 14, v. 1, p. 90-96, 2012.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2011nahead/134-10.pdf>. Acesso em: fev. 2019.

TAKISHIMA, M. et al. Análise dos motivos da evasão do programa de triagem auditiva de um hospital
publico universitário. Revista de Estudos Sociais, n. 31, v. 16, p. 157-170, 2014. Disponível em:
<http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/res/article/viewFile/2093/pdf>. Acesso em: jan.
2019.

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ANEXO 1

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Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 3
10.37423/200802359

INTERFACES DA PSICOLOGIA ESCOLAR E O


USO E ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
NA ADOLESCÊNCIA EM UM INSTITUTO FEDERAL
DE EDUCAÇÃO

Jéssica Poliana de Oliveira Souza Centro universitário de Várzea Grande


UNIVAG

Layane Machado Buosi Centro universitário de Várzea Grande


UNIVAG

Renata Vilela Rodrigues Centro Universitário de Várzea Grande


UNIVAG
Interfaces Da Psicologia Escolar E O Uso E Abuso De Álcool E Outras Drogas Na Adolescência Em Um Instituto Federal De Educação

Resumo: Este projeto trata de uma pesquisa ação que foi desenvolvida em um instituto Federal de
educação em Mato Grosso, com alunos do ensino médio. O objetivo deste trabalho foi realizar e
coordenar oficinas abordando e discutindo o uso abusivo de álcool e drogas com os adolescentes do
instituto, é essencial explorar os fatores que venham expor esses adolescentes ao uso dessas
substancias e os motivos que os protegem. Inicialmente partimos de uma revisão bibliográfica sobre o
tema Uso e abuso de álcool e outras drogas na adolescência relacionando com a psicologia escolar.
Para a realização deste trabalho foi utilizada a metodologia interventiva das Oficinas Psicossociais. As
oficinas psicossociais, pretendem investigar o que os alunos conhecem sobre o uso de drogas,
fomentando reflexões a respeito das questões de conflitos descritas no questionário informal e nas
rodas de conversas que serão utilizados como base para as oficinas. Este projeto parte da prática do
Estagio supervisionado especifico I e II em Psicologia Escolar do curso de Psicologia do UNIVAG que é
realizado em dois semestres nono e decimo. No nono semestre as atividades realizadas se referem a
observação e escrita do projeto de intervenção que, por sua vez, é aplicado no decorrer do décimo
semestre.
Palavras-chaves: álcool, drogas, psicologia escolar, álcool e drogas na adolescência, álcool e drogas na
escola.

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Interfaces Da Psicologia Escolar E O Uso E Abuso De Álcool E Outras Drogas Na Adolescência Em Um Instituto Federal De Educação

INTRODUÇÃO

Este projeto foi desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFMT) em Mato
Grosso. Foi realizado uma revisão bibliográfica sobre o tema: Uso e abuso de álcool e outras drogas na
adolescência, relacionando com a psicologia escolar, apresentando também uma pesquisa por meio
de questionário e oficinas, tendo como foco os adolescentes que estudam no instituto.

Esse assunto é relevante em todas as escolas e um problema na maioria delas, por conta disso, os
profissionais da educação procuram estratégias que os ajudem a lidar com os adolescentes que fazem
o uso dessas substancias, conciliando as normas e as regras vigentes das instituições com os atos dos
adolescentes.

Conforme Marques e Cruz (2000), até o início da década de 80, os estudos epidemiológicos não
encontraram taxas de consumos alarmantes entre estudantes. Hoje, através da vivência dos
profissionais da educação, essa realidade é diferente e mudou em todo território nacional. Elicker et
al (2015), descrevem que o consumo de álcool atinge a 60,5% entre os adolescentes no brasil, de
maneira que expõe o uso em alta predominância no país. Em países como Canadá e Espanha foram
encontrados resultados semelhantes ao Brasil sendo eles de 59,1% (Canadá) e 84% (Espanha), em mais
estudos realizados no Brasil citados pelos autores a prevalência de bebidas alcoólicas é de 86,8%,
68,9% e 51,0%.

Levando em consideração os dados apresentados pelos autores, torna-se relevante discutir sobre
álcool e outras drogas nas escolas. Por esse motivo pretendemos elaborar um projeto de prevenção e
promoção para orientar os adolescentes que frequentam o instituto. Para que um projeto de
prevenção e promoção possa dar certo, precisamos entender que a “adolescência é um incômodo
lugar de onde nunca acabamos de sair completamente e para onde voltamos todas as vezes que nos
sentimos inseguros e vulneráveis” (TOZZI e BOUER, 1998, p. 114), ou seja, a partir do momento em
que entramos na adolescência sempre estaremos em contato com ela, mesmo após atingir a idade
adulta.

Percebemos então a importância de conhecer a natureza do uso de álcool e drogas por parte dos
adolescentes, mas o que acreditamos ser importante são os fatores que expõe o adolescente ao uso
dessas substâncias e os motivos que os protegem. Entre os fatores que desencadeiam o uso de álcool
e outras drogas pelos adolescentes, os mais importantes são as emoções e os sentimentos associados
ao intenso sofrimento psíquico, como depressão, culpa, ansiedade exagerada e baixa autoestima

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Interfaces Da Psicologia Escolar E O Uso E Abuso De Álcool E Outras Drogas Na Adolescência Em Um Instituto Federal De Educação

(PASSOS, 2008), através disso, procuramos adquirir uma visão compreensiva da complexidade dos
fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência e levantar a prevalência do uso.

Tozzi e Bouer (1998) e Casela et al (2014) realçam que os primeiros passos para elaboração de um
projeto de prevenção é conhecer a comunidade que participará, considerar e respeitar as necessidades
e características especificas do grupo participante, os métodos a ser pensados precisam ser planejados
de maneira compreensiva envolvendo dados referentes ao participante, o meio social no qual está
incluído e o uso de substâncias.

De acordo com Casela et al (2014), o programa de prevenção precisa fazer parte do cotidiano, ser
intensivo, precoce e duradouro, com a intenção de envolver pais e comunidade em suas atividades,
para atingir os resultados esperados. O programa ideal é desenvolvido durante toda a escolaridade dos
alunos, fortalecendo e criando novas estratégias de proteção que engloba ações preventivas e
promocionais visando a diminuição dos riscos que acompanham os adolescentes na conscientização e
nas mudanças de princípios e comportamentos em relação ao tema. Nessa direção, esse projeto tem
a finalidade de contribuir com um programa de prevenção eficaz, que consiste num conjunto de ações
direcionadas a prevenção e promoção do uso e abuso de álcool e outras drogas.

O objetivo deste projeto é realizar uma pesquisa sobre as questões que envolvem a frequência do uso
abusivo de álcool e outras drogas pelos alunos da instituição e coordenar oficinas psicossociais acerca
da temática estudada, é essencial explorar os fatores que venham expor esses adolescente ao uso
dessas substancias e os motivos que os protegem.

Andaló (1984), descreve o psicólogo escolar como agente de mudanças, o mesmo pode trabalhar com
a coordenação de grupos com alunos, professores e a equipe técnica, trabalhando o ensino-
aprendizagem dos alunos, relação aluno-professor e as mudanças sociais que ocorrem dentro do
ambiente escolar, o que inclui o assunto do uso e abuso de álcool e drogas.

O Conselho Federal de Psicologia (2013), descreve que o psicólogo precisa conhecer o ambiente
escolar e a comunidade que compõe a escola (professores, alunos, funcionários e pais), para assim,
poder desenvolver melhor seu papel, é também relevante lembrar que qualquer atuação efetuada
dentro da escola precisa ser pensada com o coletivo, tendo em vista o bem de todos os envolvidos.

ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA ESCOLA

A psicologia escolar se articula com a educação desde o século XIX, tendo seu aprofundamento em
entender e explicar as dificuldades enfrentadas pelos alunos na aprendizagem e procurando

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Interfaces Da Psicologia Escolar E O Uso E Abuso De Álcool E Outras Drogas Na Adolescência Em Um Instituto Federal De Educação

metodologias que possam facilitar o manejo do professor em aula como também os ajudar a alcançar
o sucesso escolar por meio de testes psicológicos (MALUF e CRUCES, 2007, apud MALUF e CRUCES,
2008). No entanto, a psicologia sofreu grandes críticas por ser vista como uma área que atuava
somente nas avaliações sem apresentar um potencial que transformasse a realidade individualizada
para uma realidade socializada, por causa dessa maneira equivocada tanto de entender a psicologia
educacional, como o atuar do psicólogo dentro dessa vertente ao atribuir a responsabilidade dos
fracassos apresentados pelos alunos no ambiente escolar a família e até mesmo ao próprio aluno, sem
ao menos analisar a condição escolar ou social que o mesmo está inserido, instituindo assim um novo
tema a se estudar, o fracasso escolar (CRUCES e MALUF 2008).

Collares (2009) destaca que o fracasso escolar é considerado um dos problemas mais graves que a
escola brasileira vem enfrentando durante os anos, de modo que, nos primeiros anos da criança na
escola visualiza-se o fracasso escolar, onde o mesmo pode ser encontrado em todos os níveis do ensino
no país. O fracasso escolar acontece por dois fatores os extraescolares que se constitui em “[...]
Péssimas condições econômicas, responsáveis dentre outros fatores pela fome e desnutrição; como
também a falta de moradias adequadas e de saneamento básico [...]” (COLLARES, 2009, p. 24) e os
intra-escolares que segundo o mesmo, acima citado, tem como destaque os trabalhos desenvolvidos
pelos docentes e especialistas, referente a aplicação das avaliações de desempenho em alunos que
são recebidos com mecanismo de seletividade apresentando natureza e qualidade, de forma que
contribuem para o fracasso escolar em crianças que vivem em ambiente de origem social e econômica
desfavorecida, uma vez que, grande parte desse fracasso se dá pela pobreza material cuja essas
crianças são vítimas (MELLO 1983 apud COLLARES 2009, p. 24).

Além do fracasso escolar, a escola é bombardeada por inúmeros problemas sociais relacionados aos
alunos, dentre eles está o consumo abusivo de álcool e outras drogas por adolescentes tanto dentro
como fora da instituição, de modo que os educadores se preocupam tanto com o rendimento do aluno
como com sua saúde, pois estão sujeitos a inúmeros problemas.

Tozzi e Bouer (1998) observam que indagações sobre drogas tem tomado conta do ambiente escolar
de maneira assustadora, mas afirmam que diante dessas circunstâncias pode ser construído um novo
paradigma de prevenção, no qual, trabalhe as experiências e as dificuldades que a escola possa
enfrentar juntamente com alunos e professores na busca de possibilidades prudentes, recíprocas e
saudáveis, de forma que assuntos como drogas, sexualidade possam ser trabalhados e ensinados de

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Interfaces Da Psicologia Escolar E O Uso E Abuso De Álcool E Outras Drogas Na Adolescência Em Um Instituto Federal De Educação

forma responsável dentro das escolas dando uma grande oportunidade para a prevenção de atos
irresponsáveis cometidos pelos jovens.

Quando o assunto é conversar com os adolescentes sobre temas que ainda são considerados tabus na
sociedade, os pais e a comunidade que pertencem se sentem despreparados, em relação ao que falar
para o adolescente, como abordar o assunto dentro de casa, por conta disso a responsabilidade é
repassado para a escola especificamente para os professores, que por sua vez também sentem o
despreparo, no entanto, Tozzi e Bouer (1998), verbalizam que a escola é um ambiente de competência
para a elaboração e condução de conhecimentos atuando juntamente com os alunos na abdicação às
drogas tanto lícitas como ilícitas.

Nesse trabalho preventivo, torna-se relevante a atuação do psicólogo em conjunto com os profissionais
da escola. Martinez (2009) apresenta duas formas de atuação do psicólogo na escola, a atuação
tradicional e a atuação emergente, por quanto à atuação tradicional são:

As formas de atuação que estão principalmente associadas à dimensão


psicoeducativa do contexto escolar, dimensão essa que tem sido o principal
objeto de atenção do trabalho na escola e na qual se centra a atenção de todos
os seus atores, entre eles, os psicólogos. Elas estão definidas, em grande parte,
pelos problemas concretos que, em relação ao desenvolvimento e à
aprendizagem dos alunos, tem que ser enfrentados e resolvidos no cotidiano, e
para os quais o trabalho do psicólogo se configura como uma resposta.
(MARTINEZ, 2009, p. 170-171).
O psicólogo desempenha seis funções diferentes, porém complementares na atuação tradicional.
Sendo a primeira, a realização de um atendimento inicial com a finalidade de avaliar e diagnosticar e
posteriormente encaminhar os alunos que apresentaram dificuldades acadêmicas, as demais funções
se dá em orientações a pais e filhos, orientação profissional, orientação sexual, orientação e formação
de professores e elaborar e coordenar projetos de demandas específicas, como exemplo, o uso e abuso
de álcool e outras drogas, entre outros. (MARTINEZ, 2009).

Martinez (2009) exemplifica que as atuações emergentes é uma nova técnica que está sendo
desenvolvida e obtendo bastante perceptibilidade no decorrer dos anos, desenvolve uma construção
mais extensiva do trabalho do psicólogo escolar, no qual compreende sua importância psicossocial. A
atuação emergentes é definida em oito funções, a primeira é realizar análise e diagnóstico e intervir a
nível institucional principalmente no que corresponde a subjetividade social escolar, elaborando novos
métodos de trabalho que possibilite mudanças precisas, a fim de fortalecer o processo educativo, a
segunda função está voltada à participar da construção da proposta pedagógica, como também avaliar
e acompanhar o desenvolvimento do mesmo na escola.

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Interfaces Da Psicologia Escolar E O Uso E Abuso De Álcool E Outras Drogas Na Adolescência Em Um Instituto Federal De Educação

A terceira função é focada na participação do psicólogo no processo de seleção e avaliação do


desempenho do trabalho realizado pela equipe pedagógica, como também sua quarta função é
proporcionar contribuição na formação técnica e coerente da equipe de direção pedagógica, a quinta
função constitui em organizar disciplinas e oficinas adereçadas ao progresso total dos alunos, a sexta
função proporciona auxílio na caracterização do público discente com a finalidade de colaborar na
personalização do ensino, a sétima função é relacionada à execução de pesquisas diversificadas com a
intenção de aprimorar o método educativo e a oitava função descrita na atuação emergentes consiste
em simplificar a prática de políticas públicas de maneira crítica, reflexiva e criativa (MARTINEZ, 2009).
Em sua atuação,

A posição ativa e criativa do psicólogo é essencial já que dificilmente estas


formas de atuação lhe são colocadas como demandas explícitas. No entanto no
exercício destas atividades se concentra grande parte do potencial
transformador da ação do psicólogo para mudanças significativas nos espaços
educativos concretos. (MARTINEZ, 2009 p. 172).
O psicólogo escolar pode fazer uso em sua atuação das duas técnicas de modo que se for elaborada
“com criatividade e qualidade podem ter, de algum modo, impactos reais na melhoria da qualidade
dos processos educativos da escola” (MARTINEZ, 2009 p. 170), pois uma não invalida a outra, todavia
se complementam apesar das técnicas emergentes serem apontadas como as mais abrangentes,
complexas e teoricamente mais eficazes em promoções de mudanças no desenvolvimento educacional
do que as técnicas tradicionais (MARTINEZ, 2009).

Além das atuações tradicionais e emergentes, nos espaços escolares, o psicólogo pode, ainda,
desenvolver oficinas com os alunos. Déa et al (2014) discorrem que um trabalho voltado a elaboração
de oficinas que estimula e problematiza a relação do adolescente com o álcool de maneira reflexiva e
não punitiva, o mesmo apresenta interesse em adquirir conhecimentos sobre os efeitos que o álcool
possui no organismo humano e os riscos que provocados pelo o uso abusivo da mesma, de sorte que
o adolescente

Envolve-se também na reflexão sobre sua própria forma de lidar com as bebidas
alcoólicas e a possibilidade de modificá-la, de modo a reduzir os riscos sociais e
pessoais do uso abusivo de álcool (DÉA et al, 2004, p. 114).
É importante que o psicólogo não focalize apenas na redução de danos como método de prevenção, e
sim se concentrar em oferecer algo que além de prender a atenção dos adolescentes, possa levá-los a
refletir sobre o assunto e de certa forma os conscientizar sobre os riscos que tais práticas indicam para
a saúde.

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O USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

A escola é um ambiente em que crianças, adolescentes e jovens passam a maior parte da sua vida,
local onde vivenciam a maioria das suas expectativas e compartilham cada experiência adquirida com
os colegas, educadores, funcionários e pais. Giacomozzi et al (2012, p. 614) verbalizam que “a
comunidade escolar em seu contexto sociocultural vivência o desenvolvimento das práticas
pedagógicas operacionalizadas a partir de políticas públicas”.

O período da adolescência é considerado o momento mais crítico e doloroso na vida de um ser


humano, além de ter o corpo em transição da fase infantil para a fase adulta, tem o psíquico em grande
conflito, pois ao mesmo tempo em que não pode praticar certos atos por não ser mais considerada
uma criança, também não pode assumir responsabilidades porque não é um adulto. Como não sabe
quem é no momento e não consegue descobrir qual é o seu lugar perante a sociedade, o adolescente
se esconde em práticas que são vistas como rebeldia diante do meio social, o que inclui o uso de álcool,
drogas entre outras práticas que tem a função de atuar como “uma forma de lidar com as situações
problemáticas da vida” (NEWCOMB e BENTLER, 1989, apud GIACOMOZZI et al, 2012, p. 614).

Tozzi e Bouer (1998, p.144) relatam que são as compreensões dos perigos da vida que nos fazem mais
fortes, a fim de atravessarmos os vastos obstáculos e adversidades que encontramos pelo caminho.
Ainda segundo os autores em algumas fases da vida amadurecemos mais rápidos, porém há outras
fases que precisamos de mais tempo para atingir a maturidade determinada pelo social, como também
existem alguns aspectos que continuam imaturos durante toda a vida, e que um adulto por mais
maduro que se torne ainda existirá nele partes que serão infantilizadas (TOZZI e BOUER, 1998).

Déa et al (2004), descrevem que o consumo de bebidas alcoólicas não começa na faculdade, mas tem
sua continuação nela e às vezes sofre um grave aumento no uso. Ao avançar na idade os jovens na
maioria das vezes abandonam o hábito de ingerir álcool e também acabam superando seus problemas
relacionados ao abuso do álcool sem precisar de assistência ou tratamento, no entanto, enquanto não
chegam a essa maturidade os adolescentes se veem vulneráveis, por isso, a importância de programas
de prevenção e promoção nas escolas para auxiliar esses jovens a atravessar esses períodos difíceis
que os mesmos enfrentam.

Pechansky et al (2004) enfatizam que, em 15 de julho de 1996 foi aprovada a lei de n° 9.294, na qual é
proibido a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, porém, faz parte da prática cultural
brasileira o consumo de álcool entre os adolescentes em ambientes domiciliares, públicos, roda de

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amigos e festas, mostrando assim que este tema é controverso, de maneira que por um lado a
sociedade condena essa prática, Por outro lado, ao ligarem a televisão são motivados ao consumo
pelas propagandas reprisadas em todos os canais, dificultando o trabalho de prevenção que pode ser
aplicado dentro das escolas.
O álcool é considerado a bebida mais consumida pelos adolescentes, parte disso se deve a mídia por
ser apontada como a principal influência, no entanto, não pode deixar de evidenciar que sociedade
atua controversamente dificultando a aplicação da lei, dessa maneira se abre uma brecha na cultura
proporcionando ao adolescente sua primeira experiência com o álcool e as drogas, consequentemente
colaborando com a antecipação do consumo (PECHANSKY et al, 2004).

METODOLOGIA DAS INTERVENÇÕES

Para a realização deste projeto serão utilizadas duas metodologias. Num primeiro momento, a
metodologia de coletas de dados da pesquisa participante e, num segundo momento, a metodologia
interventiva das Oficinas Psicossociais, proposta por Maria Afonso (2015).

No que se refere à primeira metodologia, a pesquisa participante é uma das variadas formas de
investigação, a prática é desenvolvida entre atuar e investigar a respeito da pesquisa. A pesquisa ajuda
a esquematizar, implementar, delinear e avaliar modificações que possam melhorar a atuação do
profissional e a investigação que está sendo executada (TRIPP, 2005).

A partir da pesquisa participante de cunho qualitativo e quantitativo, pretendemos investigar fatores


que qualificam a adolescência e o uso de substâncias lícitas e ilícitas e, consequentemente, aplicar um
questionário para ter dados explícitos sobre o uso destas substâncias pelos alunos que frequentam o
Instituto. É válido destacar que, este questionário será construído a partir da realidade socioeconômica
dos alunos que frequentam o instituto.

Será aplicado questionário onde os estudantes, para garantir o sigilo, não se identificarão, contarão
com questões que busquem qualificar esse estudante participante em sua situação econômica, gênero
e idade, aspectos voltados a relação dele com o uso de drogas ilícitas e lícitas. O público a qual se
pretende investigar serão os alunos que cursam o ensino médio, cerca de 420 alunos estarão
envolvidos na pesquisa. O questionário a ser aplicado está em anexo III.

Quanto à segunda metodologia Oficinas Psicossociais, a autora Afonso (2015) conceitua a elaboração
de oficinas como um trabalho que deve ser proposto pelo grupo e não imposto ao mesmo, porém em
ambientes como escolas a mesma faz a proposta, mas só se realiza se o grupo concordar e se apropriar.

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A oficina conta com coordenadores que no caso é o psicólogo juntamente com a equipe
multiprofissional que irá contribuir na mediação da oficina, possuem uma conduta marcante desde a
primeira reunião para que através da escuta adapte a proposta aos interesses do grupo.

Afonso (2015) apresenta quatro etapas na elaboração da oficina sendo elas demanda, pré-análise,
foco, enquadre e planejamento flexível. A primeira etapa se constitui em demanda, a qual sempre é
primeiramente apresentada pelo grupo e através da escuta o coordenador vai se apropriando da
verdadeira demanda, que por sua vez pode diferenciar do que foi explícito pelo grupo anteriormente,
deve-se enfatizar que a demanda é “o fio condutor para o processo” (AFONSO, 2015, p. 31).

Na pré-análise, para que o coordenador se inteire das dificuldades do grupo, é necessária à coleta de
dados, estudo e informações sobre os assuntos que serão abordados nas oficinas, pois as
problemáticas precisam surgir por meio dos participantes, é importante ressaltar que o coordenador
não tem intenção de elaborar um projeto rígido, mas buscar preparo para assessorar o grupo a obter
um melhor desenvolvimento (AFONSO, 2015).

O foco é o tema central a ser pesquisado e discutido na elaboração da oficina por meio da coleta de
dados realizada na pré-análise, o coordenador consegue através da vivência do grupo outros temas-
geradores que ajudarão na produção do plano de ação, sendo esses temas-geradores debatidos em
apenas um encontro ou em mais, tudo dependerá da quantidade de encontros que o coordenador
juntamente com o grupo elaborar (AFONSO, 2015). O enquadre está relacionado à delimitação da
oficina, quem participará, a quantidade de participantes, o local e o horário em que ocorrerá a oficina,
qual é a situação social dos participantes e será dividido em quantos encontros, ressaltando que a
oficina se baseia na teoria dos grupos, com traços nos grupos operativos, os quais são desenvolvidos
através de tarefas realizadas pelos participantes (AFONSO, 2015).

Na quarta etapa compõe o planejamento flexível que de acordo com Afonso (2015), o coordenador
organiza cada encontro, a demanda que será trabalhada e as estratégias de abordagem ao tema como
forma de se qualificar, porém, precisa estar preparado para seguir a evolução do grupo, o que significa
que durante os encontros o projeto inicial pode ser alterado, por conta disso é chamado de
planejamento flexível.

Esse projeto foi realizado durante o último ano de faculdade, que é composto pelo nono e decimo
semestre no estágio supervisionado especifico em psicologia escolar, portanto para colocar em pratica
precisava que o comitê de ética aprovasse o projeto, no entanto o projeto não foi aprovado e tivemos
que modificar o foco do mesmo que será explicado no próximo tópico.

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ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

No nono semestre, as atividades desenvolvidas foram: observação e escrita do projeto de pesquisa


ação. Uma vez que, a primeira proposta era escrever o projeto e enviá-lo ao comitê para ser aprovado,
pois o objetivo era aplicar um questionário online, sobre o uso de álcool e outras drogas na
adolescência para analisar o contato que os alunos do ensino médio da instituição tinha com o assunto.

Dessa maneira, só poderia começar a aplicação, neste caso começar a pesquisa, após o comitê aprovar
o projeto. Para tanto, o projeto contou com um questionário de noventa questões, que seriam
disponibilizadas online pelo Google drive, para 420 alunos terem acesso e poder responde-las, o
cronograma estava dividido em divulgação, aplicação, coleta dos dados e a análise do questionário, o
mesmo está disponibilizado no anexo I.

Na metade do estágio, abriu o portal do comitê para enviarem os projetos de pesquisa para a
aprovação, como o projeto ainda não estava concluído a psicóloga da instituição enviou o que a mesma
havia escrito, o projeto ficou pronto no final do nono semestre, porém ainda esperávamos a resposta
da aprovação ou não do projeto enviado.

Já no décimo semestre, no primeiro dia de campo, a psicóloga do instituto, avisou que o projeto não
havia sido aprovado, e que teria que modificar algumas partes do mesmo. Mudamos a lógica de
aplicação, tirando o foco do questionário e voltando para projeto de intervenção, mudando todo o
cronograma para apenas os encontros, por conta disso, o questionário seria usado apenas como apoio
durante os encontros nesse segundo momento do estágio, como mostra o anexo II.

Após o projeto ter sido aceito pela instituição, ficou delimitado que os encontros aconteceriam uma
hora por semana, sempre nas segundas-feiras das 17:30 às 18:30. No dia 04 de setembro de 2018, foi
o dia da divulgação dos encontros, porém, estava acontecendo uma palestra e os alunos estavam
participando e não pôde entrar nas salas para convidá-los. A psicóloga enviou para todos os grupos de
whatsapp dos alunos o convite e o mesmo foi fixado em todos os murais do instituto, a lista de inscrição
foi deixada na recepção do Departamento de Ensino Pesquisa e Extensão (DEPEX) do instituto, para
que durante a semana os alunos pudessem se inscreverem.

No dia 10 de setembro, era para ser realizado o primeiro encontro às 17:30 da tarde, no entanto, não
havia nenhum aluno inscrito, por esta razão, a divulgação foi realizada pessoalmente para os alunos no
intervalo das aulas, explicando o que seria discutido nos encontro e pedido para divulgarem para os

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colegas, mesmo assim apenas uma aluna se inscreveu já no final do horário, ficou da mesma voltar na
próxima semana, para o encontro.

No dia 17 de setembro, seria o segundo encontro, como o primeiro não tinha acontecido, este passou
a ser o primeiro, ao chegar novamente olhei a lista de inscrição, havia apenas a inscrição da aluna da
semana passada, foi realizada novamente a divulgação para mais alunos, explicando como seriam
realizado os encontros, foi pedido novamente para divulgarem para os demais, porém não apareceu
ninguém. Quase no final do horário a psicóloga do instituto propôs que mudássemos de logica, uma
vez que, os alunos não haviam comparecido.

A psicóloga da instituto, comunicou que no dia 05 de outubro estaria realizando um encontro com os
alunos e que o assunto seria álcool e drogas e estiveram presente 14 alunos, a psicóloga havia
convidado uma antropóloga, a mesma trouxe a discussão do uso e o tráfico de drogas por mulheres,
relacionando com o feminismo, a conversa foi bem dinâmica, foi mostrado dois depoimento de duas
mulheres que foram apreendidas pelo uso da droga, sendo uma traficante e outra usuária. A
antropóloga os instigou a pensar mais sobre como as mulheres são tratadas pela sociedade em
questões como essas, como são julgadas, até mesmo como são abordadas nessas situações, os alunos
se posicionaram e mostraram seus pontos de vistas. Já no final do encontro, a psicóloga cedeu um
espaço para convidar os alunos a participarem dos encontros, que havia mudado para às terças-feiras,
pois as segundas feiras os alunos estavam com muitos afazeres e estavam impossibilitados de
comparecerem nos encontros.

No dia 09 de outubro, os alunos estavam em olimpíadas, portanto, no horário marcado para começar
o encontro não apareceu nenhum aluno, pois ainda estavam na quadra de jogos participando da
olimpíada. Para o próximo encontro, foi pensado em fazer um convite que chamasse a atenção dos
alunos, ao perceber que eles discutiram bem através do vídeo mostrado pela antropóloga no encontro
anterior, ficou decidido passar um episódio da série Glee que discute o uso de álcool por adolescentes
e a consequência desse ato dentro da escola.

No dia 16 de outubro, houve dois imprevisto, a sala disponibilizada para o encontro ainda estava sendo
utilizada pela turma, esperamos a aula terminar, porém com o passar dos minutos, informamos a
coordenadora do ocorrido pedindo que disponibilizasse outra sala, a mesma concordou, ao instalar o
projetor no notebook, o mesmo não funcionou, mudamos o projetor porém não conseguimos arrumar,
como já havíamos perdido alguns minutos na espera da sala e mais alguns para conseguir arrumar o

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projetor, não teve como realizar o encontro por causa do horário, mas juntamente com os alunos
combinamos o cine-debate para a próxima semana.

No dia 23 de outubro, foi o último dia de estágio na instituição e estava marcado o cine-debate, como
nas semanas anteriores, foi enviado o convite via whatsapp pela psicóloga da instituição, minutos
antes do horário marcado, a sala foi verificada, já estava desocupada, foi instalado e testado projetor
e o notebook estava tudo funcionando, esperamos os alunos chegarem, porem os minutos se
passaram e ninguém aparecia, após vinte minutos de espera, duas alunas chegaram, foi passado o
episódio, após terminar foi aberto o debate, perguntando o que tinham achado, se o que tinha sido
relatado no episódio acontecia na instituição e o que as mesmas pensavam em relação ao assunto
abordado.

As duas alunas relataram que é muito importante discutir álcool e outras drogas na escola, para
orientar os alunos sobre o uso abusivo dessas substância, “não proibir, mas orientar” (sic), em uma de
suas falas a aluna A. relatou que não conhece ninguém que já tenha consumido álcool dentro da
instituição, mas que já ouviu falar, a aluna B. complementa dizendo que “as vezes alunos fazem o uso
dentro da escola para desafiar as regras” (sic), uma das participantes acrescentou que, “ as vezes
adolescentes consomem álcool e drogas para fugir dos problemas que enfrentam em casa”(sic), ao
perguntar se as duas concordavam que grupos de amigos podem influenciar a pessoa ao uso de drogas,
uma das participantes respondeu “ com certeza, tem grupo que até pra ser aceito nele tem que
experimentar” (sic), a outra participante complementou, “ as vezes não oferecem diretamente, mas
ficam pressionando até a pessoa ceder” (sic). As duas alunas foram bem participativas. No
encerramento, perguntaram se haveria outro encontro, foi explicado a elas que era o último dia do
estágio.

DISCUSSÃO

Através das experiências adquiridas nesses dois semestres, pode-se dizer que os alunos do instituto se
divide em dois pensamentos: sendo um deles, “é importante ser discutido esse assunto, até porque já
houve casos de alunos que precisou ser chamado a ambulância pois entraram em coma alcoólico” (sic);
e o outro pensamento se baseia em “até que é importante o assunto, mas ser discutido na escola só
viraria motivo de piada, pois esse assunto não é levado muito a sério aqui na escola” (sic).

Durante a divulgação dos encontros, os alunos demonstraram interessados no assunto, no entanto,


nenhum deles se inscreveu. Ao abordá-los para convidá-los suas falas foram diferenciadas, apesar de

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todos concordarem ser importante, “esses encontros são a favor ou contra do uso?” (Sic), outro aluno
complementa dizendo: “é que elas são cachaceiras, por isso estão perguntando”, ao abordar outra
aluna e convidá-la, ela perguntou: “é só esses tipos de assuntos que serão discutidos?”.

Alguns alunos falaram que divulgariam no grupo de whatsapp e na sala de aula, pois “esses assuntos
são muito importantes ser discutidos” (sic). Diante das falas apresentadas pelos alunos, percebe-se
que o uso de álcool faz parte do cotidiano deles, mas que não estão preparados para discutir sobre.

Conselho Federal de Psicologia (2013), ressalta que, psicólogos escolares sempre se deparam com
dificuldades para realizar suas atuações dentro do ambiente escolar, essencialmente, por causa da
amplitude e a complexidade do ensino em escolas públicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto visa causar reflexões acerca do uso do álcool e outras drogas, lembrando que esse é um
trabalho gradativo podendo perdurar até alcançar definitivamente o seu esperado, no entanto não é
impossível, mas demorado e complexo de se realizar.

As análises realizadas subsidiarão tanto para as coordenações de curso, quanto ao Núcleo de Apoio ao
Educando – NAE, principalmente no que tange a ampliação do debate sobre esse tema, sendo
direcionado a todos os/as estudantes do Campus, possibilitando a criação de um programa efetivo e
contínuo de melhoria na qualidade de vida dos mesmos, visando a conscientização da necessidade de
prevenção, promoção da saúde e de fortalecimento dos fatores de proteção.

Esse estágio proporcionou muito aprendizado, pois foi escolha própria realizar o estágio em uma
escola, pelo fato de já conhecer um pouco da realidade de um psicólogo escolar, por já haver realizado
outros estágios durante a graduação em escolas. Obtendo experiências e crescendo enquanto
graduanda, um dos disparadores desse crescimento foi ter realizado o estágio sozinha, outro
disparador foi a construção do projeto e das intervenções, adquirindo autonomia nas decisões e no
conhecimento teórico.

Uma das maiores dificuldades presenciada foi aproximação dos alunos e o estabelecimento de vínculo
com os mesmos, pois uma das regras institucionais é a não possibilidade de adentrar em sala de aula
para observação, delimitando o contato apenas durante o intervalo entre as aulas. No entanto, pode
afirmar que esse obstáculo foi de grande importância para o alcance da maturidade profissional diante
das limitações que o campo de trabalho possa apresentar, lembrando que o trabalho do psicólogo é

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de suma importância, gradativo e com limitações, nem sempre obterá sucesso, no entanto, começar
do zero faz parte do processo.

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Acesso em: 10 de maio de 2018.

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ANEXO I

Primeiro cronograma das intervenções, este cronograma foi planejado para a aplicação do
questionário.

CRONOGRAMA

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*O cronograma está sujeito a alteração ao longo da aplicação.

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ANEXO II

Esse é o segundo cronograma, foi reescrito por causa da não aprovação do primeiro pelo comitê de
ética

CRONOGRAMA

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*O cronograma está sujeito a alteração ao longo da aplicação

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ANEXO III

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Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 4
10.37423/200802433

RELAÇÃO DAS CONSULTAS DE PRÉ-NATAL COM


CARACTERÍSTICAS DOS DESFECHOS
NEONATAIS

Heverty Aparecido Ribeiro Universidade Federal dos Vales do


Jequitinhonha e Mucuri

Diego Alcântara Alves Universidade Federal dos Vales do


Jequitinhonha e Mucuri

Endi Lanza Galvão Universidade Federal dos Vales do


Jequitinhonha e Mucuri

Helisamara Mota Guedes Universidade Federal dos Vales do


Jequitinhonha e Mucuri
Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

Resumo: O presente estudo teve por objetivo analisar a relação do acompanhamento pré-natal com
características de desfechos neonatais. Trata-se de um estudo transversal realizado com parturientes
que deram entrada em uma maternidade do município de Diamantina no Vale do Jequitinhonha no
período de julho a setembro de 2018. Das 291 parturientes, 177 tiveram parto vaginal. Das gestantes
que tiveram um pré-natal considerado como adequado, 92 tiveram peso entre 3000-3999gr, 137
apresentaram Escore de Apgar no 1° minuto de vida entre 8 e 10 pontos, 148 estavam em idade
gestacional acima de 37 semanas e 125 estavam com infecção do trato urinário. Encontrou-se
associação entre o número de consultas de pré-natal e o Escore de Apgar no 1° minuto de vida
(p=0,025). Um pré-natal de qualidade, bem assistido pelos profissionais responsáveis é fundamental
para a melhoria da qualidade de vida do neonato e dos índices de mortalidade neonatal.

Palavras-chave: Pré-natal. Gestante. Mortalidade neonatal. Saúde Coletiva.

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Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

INTRODUÇÃO

O Pré-Natal (PN) está intimamente relacionado com a redução dos desfechos perinatais negativos.
Possui o intuito de monitorar o desenvolvimento da gravidez, promovendo diagnóstico, tratando
possíveis intercorrências clínicas e obstétricas que repercutem na saúde materna e fetal, colaborando
assim na redução da mortalidade materna e perinatal (FERREIRA et al., 2017; CRUZ, 2014).
Uma assistência de qualidade ao PN e parto implica em um menor índice de morbimortalidade
materno-infantil. Uma atenção humanizada precisa ocorrer em todos os momentos, iniciando-se no
PN e estendendo-se até o puerpério. Além disso, quando realizado adequadamente, são dadas
orientações sobre os cuidados a serem tomados no período imediato ao nascimento e puerpério
(ARAÚJO, 2019; CRUZ, 2014).
O acompanhamento pré-natal tem por objetivo avaliar a saúde do binômio mãe-feto e acompanhar o
desenvolvimento do mesmo. Outra função é assegurar o bem estar desde a concepção até o
nascimento, além de identificar fatores que predispõe a um risco para a saúde materna ou fetal. A
norma técnica (2019) de Saúde da mulher na gestação, parto e puerpério preconiza que o PN tenha
sua estratificação em risco habitual, intermediário e alto risco. Esse último caracteriza as gestações de
alto risco, que necessitam de um atendimento especializado, mas essas gestantes não devem perder
o vínculo com a equipe da atenção básica. Tudo isso é fundamental para a estabilidade clínica,
vigilância para detecção precoce de agravos decorrentes dos fatores de risco e morbidades
identificadas, fortalecimento do apoio sociofamiliar, além do suporte direto à gestante e a sua família
(BRASIL, 2019).
O óbito materno é desafiador no que tange a saúde pública brasileira, mantendo ainda alta incidência
e na maioria das vezes ocorre por causas evitáveis. O PN é composto por procedimentos teoricamente
simples, ou seja, que em sua maioria pode ser conduzido na atenção primária. Este acompanhamento
consegue contemplar as necessidades das gestantes sem alta tecnologia em diversos momentos.
Portanto, é uma das principais e melhores formas de prevenção das mortes citadas anteriormente
(NOGUEIRA, 2017).
Um dos maiores desafios atuais brasileiros está em prestar todos os cuidados necessários e com
qualidade preconizados pelo Ministério da Saúde MS. De acordo com Domingues et al (2015), apenas
uma a cada cinco gestantes recebe assistência do PN adequada. As desigualdades sociais refletem as
dificuldades de acesso aos serviços de saúde e acarretam na diminuição da qualidade do PN
(MARTINELLI, 2014; DOMINGUES, 2015).

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Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

Corroborando com os estudos citados, Santana et al (2019) também percebeu a relação entre as
dificuldades de acesso aos serviços de saúde com a falta de adequação da assistência ao PN. Estes
fatores estão intimamente ligados aos desfechos fatais, como a mortalidade materna e neonatal.
Entender a importância de um PN realizado com qualidade implica na idealização de novas políticas
públicas que possam ser consolidadas para melhoria da saúde pública. A qualidade de vida do recém-
nascido (RN) depende de todo o acompanhamento realizado pela gestante, ou seja, o PN torna-se uma
ferramenta fundamental na garantia de qualidade de vida do binômio mãe-filho.
O presente estudo objetiva analisar a relação do acompanhamento pré-natal com características de
desfechos neonatais.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal realizado no período de julho a setembro de 2018, com parturientes
que deram entrada em uma maternidade do município de Diamantina (Minas Gerais), inserida no alto
Vale do Jequitinhonha.
A maternidade possui 15 leitos de alojamento conjunto, 3 pré-parto, parto e pós-parto (PPP), um bloco
cirúrgico e uma UTI Neonatal com 10 leitos. O Hospital Nossa Senhora da Saúde (HNSS) é referência
na atenção à saúde em gestação de Alto Risco para toda a Região Ampliada de Saúde Jequitinhonha,
oferecendo suporte para os demais municípios da Região (HNSS, 2018). A maternidade atende em
média 130 partos/mês. O cálculo amostral utilizou a fórmula de Barbetta (2011), tendo como resultado
amostral um total de 291 parturientes para representar o ano de 2018 (HNSS, 2018).
A seleção da amostra foi de conveniência, identificadas na lista de parturiente registrada diariamente
na maternidade. Foram consideradas elegíveis todas as puérperas com parto hospitalar, internadas na
maternidade do HNSS, tendo como desfecho um nascido vivo, inde¬pendente de peso ou idade
gestacional, ou um nascido morto, com peso maior que 500 g ou idade gestacional maior que 22
semanas.
A coleta de dados foi realizada através do registro dos cartões de pré-natal por meio do scan, em meio
digital, posteriormente foi feita a extração e digitação dos dados em um formulário. Cada parturiente
foi identificada com um número, este número foi registrado em todas as folhas dos prontuários para
posterior identificação.
As variáveis identificadas nos cartões de pré-natal e folha de avaliação do recém-nascido foram:
identificação, ganhos de quilo na gestação, infecção do trato urinário, anemia, peso do recém-nascido
em gramas, peso do recém-nascido categorizado, número de partos, necessidade de hospitalização

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Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

durante a gravidez, uso de corticoide pré-natal, idade do parto em semanas, nascimento, tipo de parto,
apgar no 1º minuto, apgar no 5º minuto e malformação congênita.
Neste estudo, o referido índice foi adaptado para duas categorias, sendo considerado adequado, o pré-
natal com início até a 13ª semana de gestação, e a realização de pelo menos seis consultas em
gestações maiores ou iguais a 36 semanas, e inadequado os pré-natais iniciados após a 14ª semana de
gestação e/ou com número de consultas inferior a seis, em gestações maiores ou iguais a 36 semanas
Os dados obtidos foram digitados e analisados utilizando-se o programa estatístico IBM® SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences) versão 22.0. Inicialmente foram aplicados os procedimentos
da estatística descritiva. Para as análises de associações entre variáveis categóricas foi utilizado o teste
de qui-quadrado ou o teste exato de Fisher, quando necessário. A distribuição dos dados contínuos foi
verificada através do teste de Shapiro-Wilk. Para verificar associação entre variáveis contínuas e
categóricas, utilizou-se o teste de Mann-Whitney. Todas as conclusões foram baseadas no valor de
p<0,05.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri (Parecer nº 2.800.312) e seguiu as determinações da Resolução 466/12, do
Conselho Nacional de Saúde sobre Pesquisa em Seres Humanos (BRASIL, 2012).

RESULTADOS

Foram incluídos dados de 291 parturientes atendidas no HNSS de Diamantina no período do estudo.
A idade mínima destas mulheres foi de 13 anos, máxima de 43 anos, média de 27,36 anos. Quanto a
Idade Gestacional (IG) no momento do parto, a IG mínima foi de 32, máxima de 42 e média 38,5.
Quanto ao tipo de parto, 177 (61,5%) tiveram o parto vaginal, 111 (38,5%) cesariana. A análise da
relação entre a adequação do pré-natal com características maternas e fetais estão descritas na
Tabela1.

Tabela 1 - Prevalência de inadequação do pré-natal segundo características gestacionais e neonatais,


2018 (n=291).

Adequação do pré-natal
Variáveis de Sem Total Inadequado Adequado p-
exposição/categoria informação (100%) (%) (%) value
Peso do RN 66 22,6% 0,432
Baixo Peso <2500 gr 3 (13,6) 19 (86,4)
Peso insuficiente 2500 15 (23,4) 49 (76,6)
– 2999gr

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Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

Peso adequado 3000 – 38 (29,2) 92 (70,8)


3999 gr
Excesso peso >4000 gr 2 (22,2) 7 (77,8)
Apgar 1° minuto* 68 23,4%
0–3 7 (46,7) 8 (53,3) 0,081
4–7 4 (15,4) 22 (84,6)
8 – 10 45 (24,7) 137 (75,3)
Apgar 5° minuto* 68 23,4%
0–3 0 0 0,994
4 -7 2 (25) 6 (75)
8 – 10 54 (25,1) 161 (74,9)
Corticoideterapia* 64 22%
Sim 3 (27,3) 8(72,7) 0,579*
Não 56 (25,9) 160(74,1)
IG do parto 65 22,3%
22 à 36 semanas 5 (20) 20 (80) 0,492
Acima de 37 semanas 53 (26,4) 148 (73,6)
Malformação 66 22,6%
Congênita*
Não 57 (25,4) 167 (74,6) 0,747*
Sim 0 1(100)
Hospitalização na 64 22%
gravidez*
Sim 59(26,3) 165(73,7) 0,403*
Não 0 3 (100)
ITU 72 24,7%
Sim 45(26,5) 125(73,5) 0,781
Não 12(24,5) 37(75,5)
*Teste Exato de Fisher

Em relação à variável peso ao nascer, 38 (29,2%) RN foram considerados com peso inadequado e 92
(70,8%) com peso adequado, de acordo com a adequação do pré-natal (PN). A variável excesso de peso
foi a categoria com menor frequência de RN, sendo que 2 (22,2%) apresentaram peso inadequado e 7
(77,8%) adequado.

Outro importante ponto a ser destacado na tabela 1 refere-se ao Escore de Apgar, sendo que o do 1º
minuto teve a sua maior frequência na categoria de escore de 8-10. Da mesma forma, o Escore de
Apgar do 5º minuto também foi mais frequente nesta categoria. Não houve RN com classificação do
Escore de Apgar de 5º minuto na categoria de 0-3.

A Tabela 2 apresenta dados referentes ao Escore de Apgar, de acordo com o número de consultas
realizadas pela mãe durante o PN.

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Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

Tabela 2- Avaliação do Escore de Apgar segundo o número de consultas realizadas durante todo o PN
(n=291).

Sem Total Menor do Maior e


Variáveis de informação (100%) que 6 igual a Valor
exposição/categoria consultas seis de p
consultas
Apgar 1° minuto*
0–3 23 7,9% 5(29,4%) 12(70,6) 0,025
4–7 2(6,1) 31(93,9)
8 – 10 21(9,6%) 197(90,4)

Apgar 5° minuto*
0–3 23 7,9% 0 0 0,994
4–7 1(11,1) 8(88,9)
8 – 10 27 (10,4) 232(89,6)

DISCUSSÃO

Este estudo se destaca por caracterizar o perfil gestacional e os RN em uma região de alta
vulnerabilidade econômica e social no Vale do Jequitinhonha. A idade média das parturientes
encontrada neste estudo foi de 27 anos, sendo 13 anos a idade mínima e 43 anos a máxima. Estes
dados corroboram com o estudo de Buendgens et al (2017) em que 27 anos foi a média de idade com
14 anos a idade mínima e 44 anos a idade máxima.Quanto ao tipo de parto neste estudo as cesárias
representaram 38,1% e o parto vaginal 60,9%. Buendgens et al (2017) encontrou respectivamente
40,4% para cesáreas e 59,6% para partos vaginais.

A maioria dos recém-nascidos neste trabalho teve o peso adequado. Além disso, a idade gestacional
predominante foi acima de 37 semanas, ou seja, termo e pós-termo. Tais fatores supracitados são
bastante positivos, visto que Teixeira et al (2016) relaciona em seu estudo que os principais fatores de
risco de mortalidade neonatal são o baixo peso ao nascer e o parto pré-termo.

Neste estudo, não houve associação entre a qualidade do pré-natal com o Escore de Apgar, apesar do
valor de significância estar limítrofe. Gaíva et al (2018) encontraram maior prevalência de óbitos
(55,3%) em neonatos de baixo peso ao nascer do sexo masculino, com extremo baixo peso (menor que
999g) e Escore de Apgar menor que 7 no 1º e 5º minuto de vida. Sendo assim, valores baixos no 1º e
em especial no 5º minuto de vida, estão associados com a ocorrência de óbito neonatal.

O estudo encontrou 170 (58,4%) gestantes que apresentaram infecção do trato urinário (ITU). Este
exame faz parte da rotina de pré-natal e está relacionado a desfechos maternos e fetais. Trabalho
realizado por Souza et al (2020), em uma amostra de 107 gestantes encontrou 74 (69,15%) com

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Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

infecção do trato urinário. O trabalho de parto e parto prematuro, restrição de crescimento intra-útero,
ruptura prematura de membranas amnióticas, recém-nascidos de baixo peso, paralisia cerebral e óbito
perinatal são algumas das possíveis complicações perinatais da ITU. Gestações que tem uma
complicação causada por ITU estão associadas também a um aumento de mortalidade fetal.

Este estudo encontrou associação apenas entre o número de consultas de pré-natal e Escore de Apgar
de 1° minuto. Porém, outros estudos mostram a importância de estudar esta associação. Estudo sobre
mortalidade neonatal com amostra de 162 participantes encontrou que a maior prevalência de óbitos
maternos ocorreu nas gestantes que fizeram apenas 3 consultas, correspondendo a 35 (21,6%) dos
casos. Em contrapartida, as que participaram de 9 consultas tiveram resultados mais positivos, sendo
que apenas 1 (0,61%) dos casos terminaram em óbito. A principal causa de morte básica foi
prematuridade associada a síndrome do desconforto respiratório, que representou 67(41,2%) dos
óbitos. A prematuridade extrema correspondeu a 40,4% dos casos (LINO FILHO et al., 2018).

No estudo de Gaíva et al (2018) dos 238 óbitos da amostra, 196 (82,3%) foram considerados evitáveis,
por estarem relacionados a afecções ocorridas no período perinatal. Destes, 137 (57,6%) óbitos
neonatais foram decorrentes de partos cesáreas, sendo que as mães com uma a seis consultas pré-
natais obtiveram maiores proporções de óbitos se comparadas àquelas com 7 ou mais consultas. Foi
observada associação entre óbito neonatal com os seguintes desfechos: tipo de parto, número de
consultas de pré-natal, IG, sexo do RN, idade da mãe, peso ao nascer, Escore de Apgar no 1° e 5°
minuto. Tais fatores mostram a importância do acompanhamento do PN com o número eficiente de
consultas realizadas, apoio técnico e psicológico as gestantes e toda família, de forma a prevenir
possíveis mortes materno-fetais.

CONCLUSÃO

O PN é uma ferramenta fundamental para o acompanhamento do período gestacional. É necessário


que se institua políticas públicas que facilitem não apenas a sua universalização, mas também uma
assistência humanizada e prestada com qualidade a todas as gestantes.

Os resultados apresentados neste trabalho sugerem que o Escore de Apgar no 1º minuto pode ser um
importante indicador a ser considerado para planejamento de políticas materno-infantis na região
estudada, já que foi significativamente associado ao número de consultas feitas no PN. Em termos de
saúde pública, disponibilizar a oportunidade de seis ou mais consultas de acompanhamento PN para
a gestante pode prevenir baixos Escores de Apgar de 1º minuto.

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Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

O enfermeiro é um dos agentes de destaque no acompanhamento PN e deve ter uma visão holística
da gestante, se atentando minimamente as demandas e possíveis alterações patológicas que podem
surgir durante a gestação no binômio mãe-feto.

Dessa forma, a assistência ao PN deve sempre ser exercida de forma humanizada, qualificada e
baseada em evidências científicas atualizadas, com intuito de prevenção de agravos e identificação
precoce dos mesmos quando não é possível evitá-los, além de exercer uma escuta acolhedora para
que se possa inserir e manter efetivamente a gestante na rede de saúde.

Em suma, um PN de qualidade, bem assistido pelos profissionais responsáveis é fundamental para a


melhoria dos índices de mortalidade neonatal.

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Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

REFERÊNCIAS

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Relação Das Consultas De Pré-Natal Com Características Dos Desfechos Neonatais

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103
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 5
10.37423/200802448

TDAH: MITOS E VERDADES

Veridiana Catelan Mainardes UniCesumar

Mariana Tamy Marciano Harada UniCesumar

Sandra Cristina Catelan-Mainardes UniCesumar


TDAH: Mitos E Verdades

Resumo: O TDAH é uma síndrome de etiologia multifatorial com aspectos neurobiológicos, genéticos
e ambientais envolvidos. É o transtorno de neurodesenvolvimento mais comumente diagnosticado em
crianças e adolescentes quando encaminhados para serviços especializados, acompanhando o
indivíduo, na metade dos casos, até a idade adulta. Esta pesquisa tem como objetivo esclarecer os
mitos recorrente sobre o TDAH, visando promover melhora na qualidade de vida das crianças, suas
famílias e de toda a comunidade a que pertencem. Realizou-se uma revisão na literatura buscando
dados que apontam os mitos e as verdades do TDAH. Os resultados deste trabalho indicam mitos
recorrentes que envolvem este transtorno: 1) É uma invenção do século XX; 2) Crianças francesas não
tem TDAH; 3) As crianças com TDAH não são diferentes das demais quanto a ficarem quietas ou
prestarem atenção por longos períodos de tempo; 4) Os sintomas de TDAH geralmente desaparecem
espontaneamente no final da adolescência; 5) Se uma criança com TDAH consegue fazer com muita
atenção uma atividade do seu interesse (videogame, por exemplo) e não consegue fazer os deveres
escolares, a razão para isso parece ser uma falta de vontade ou motivação; 6) Apresentar TDAH na
infância traz poucas consequências para a vida da pessoa e por isso não se justifica um tratamento
nessa idade; 7) Um tratamento à base apenas de fármacos pode resolver satisfatoriamente quase
todos os casos de TDAH. Enquanto isso, as verdades são irrefutáveis. Este transtorno não é uma
invenção, sendo descrito em todas as culturas, inclusive na francesa. Em ambiente controlado, como
na sala de aula, é fácil perceber que crianças com o transtorno possuem maior dificuldades em
sustentar a atenção. Estima-se que 50% das crianças continuam apresentando os sintomas quando
adultos. Atividades que dependam de funções executivas são fatores de grande estresse, levando-as a
evitá-las. Isso não é falta de vontade. Após diagnóstico assertivo deve-se estabelecer o tratamento do
TDAH em um tripé de ações: psicoeducação, psicoterapia e medicação. Conclui-se, então, que o TDAH
é um transtorno importante do neurodesenvolvimento, com alterações cerebrais que impactam no
desenvolvimento pessoal, acadêmico ou social, sendo necessárias condutas assertivas para a melhora
na qualidade de vida de todos os envolvidos com o processo.

Palavras-chave: Transtorno do Neurodesenvolvimento; Crença; Veracidade.

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105
TDAH: Mitos E Verdades

1. INTRODUÇÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), segundo o Manual de Diagnóstico


Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), é caracterizado pela apresentação de três grupos de
sintomas: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo-impulsivo, e o combinado,
que se refere aos dois grupos desatento e hiperativo, sendo considerado o mais grave devido à
amplitude dos sintomas, causando maior prejuízo ao indivíduo (APA, 2013).

Conforme a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA, 2017), o TDAH é uma síndrome de
etiologia multifatorial com aspectos neurobiológicos, genéticos e ambientais. É o transtorno de
neurodesenvolvimento mais comumente diagnosticado em crianças e adolescentes quando
encaminhados para serviços especializados. A ABDA (2017) também informa que pesquisas em
diversas regiões do mundo, reforçam que o TDAH ocorre em 3 a 5% das crianças, sendo que na metade
dos casos, o transtorno acompanhará o indivíduo até a idade adulta, apesar do sintoma de inquietude
se apresentar de forma mais branda nessa fase.

O TDAH é uma condição do neurodesenvolvimento com comprometimento nas funções executivas.


Estas funções implicam em habilidades mentais necessárias para realizar tarefas, monitorar
comportamentos, controlar emoções (PEREIRA; EDUVIRGEM; MONTEIRO, 2017). Tassotti (2015)
destaca que a causa do transtorno se encontra relacionada a uma alteração na região frontal do
cérebro, área responsável pela memória, onde fazemos planejamentos e organização das atividades.

O não reconhecimento do TDAH como uma condição de transtorno, impacta negativamente nas
políticas públicas brasileiras. A Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA, 2013) afirma que as
políticas públicas educacionais no Brasil ignoram crianças com transtornos do déficit de atenção e com
transtornos de aprendizagem. Muskat e Miranda (2017) ressaltam que é imprescindível o acesso ao
correto diagnóstico e tratamento do TDAH, sendo essencial na prevenção de sérios risco ao longo da
vida.

Há muita discussão na mídia e entre o público geral sobre a origem do TDAH e as possíveis condutas a
serem adotadas frente ao diagnóstico. Livros e sites “especializados” sobre o assunto aumentam
vertiginosamente. Esta quantidade de informação, muitas vezes desencontrada, pode gerar grande
confusão nos pais – e as crianças acabam sendo as mais prejudicadas.

Esta pesquisa tem como objetivo esclarecer os mitos recorrente sobre o TDAH, visando promover a
melhoria na qualidade de vida das crianças, suas famílias e de toda a comunidade a que pertencem.

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TDAH: Mitos E Verdades

2. METODOLOGIA

Optou-se por uma pesquisa bibliográfica que segundo Prodanov e Freitas (2013) é amplamente
utilizada como técnica de investigação em pesquisas exploratórias, sendo desenvolvida a partir de
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Ainda assevera que “a
pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta
modalidade de pesquisa inclui material impresso como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e
anais de eventos científicos”.

Esta é uma revisão de literatura integrativa, realizada através de levantamento bibliográfico,


fundamentado nas bases de dados SCIELO, BIREME BVS, PEPSIC, utilizando como descritores: “Déficit
de Atenção”, “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade”, “Mitos”, “Verdades”.

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

Estima-se que uma média de 50% das crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH) continuam apresentando os sintomas quando adultos, colocando-os em aumento do risco de
resultados adversos, como diminuição realizações profissionais e nível acadêmico, além de abuso e
dependência de substâncias, como o álcool e outras drogas (LARA et al., 2009; GARCIA et al., 2020).

A etiologia do TDAH não é totalmente elucidada. Sabe-se que é multifatorial e envolve aspectos
genéticos, ambientais e distúrbios do desenvolvimento do cérebro. Trata-se de um transtorno de
origem neurobiológica. Barkley (2004) ressalta que existe uma resistência pública em aceitar que o
TDAH possui bases biológicas e que provavelmente sua origem seja neurogenética.

Os fatores genéticos são apoiados pelos estudos realizados entre gêmeos e adotados. É importante
ressaltar que nenhum gene pode ser considerado necessário ou suficiente ao desenvolvimento do
TDAH. Demontis et al (2019) aponta para 12 genes envolvidos no TDAH, e ainda ressalta que não se
trata de “ter ou não ter TDAH”, mas simplesmente de “quanto” TDAH cada um de nós tem. Ter TDAH
significa ter um número maior de sintomas que os demais, algo que se associa a uma série de
problemas na vida. E isto está relacionado principalmente, mas não exclusivamente, com nossa
genética. Entre os genes apresentados alguns destes codificam transportadores da dopamina e
noradrenalina e receptores dopaminérgicos (D), subtipos 4 e 5.

Entre os fatores ambientais que influenciam na manifestação do TDAH é importante lembrar que
distúrbios emocionais podem induzir o aparecimento de hipercinesia em crianças. Como outros fatores

3
107
TDAH: Mitos E Verdades

temos classe social baixa, família com grande número de filhos, criminalidade paterna, psicopatologia
materna e colocação em lar adotivo.

Os fatos apresentados acima reforçam que os genes seriam responsáveis por uma vulnerabilidade ao
TDAH, mas o desenvolvimento desse transtorno é determinado pela interação desses genes entre si e
com o ambiente. Isso representa um transtorno dimensional onde a vulnerabilidade genética precisa
interagir com o ambiente para manifestar o transtorno.

Couto et al. (2010) e Faraone (2010) salienta que além do ambiente social e das características
genéticas da criança, alguns fatores perinatais como baixo peso ao nascer e uso de álcool e tabaco pela
mãe durante a gravidez, aumentam o risco para o desenvolvimento do TDAH. Esses elementos seriam
preditivos de distúrbios do desenvolvimento do cérebro.

Shaw (2009) em sua pesquisa observou a espessura, a curvatura, a profundidade das circunvoluções
do cérebro, e a forma das estruturas cerebrais. O resultado apresentou um padrão atípico da superfície
e uma diminuição de sua extensão, assim como anomalias na forma de certas estruturas pouco
exploradas em estudos anteriores, como o sistema límbico e o tálamo.

Konrad (2010) apontou erros na conectividade estrutural nas vias que ligam o córtex pré-frontal direito
aos gânglios basais, assim como nas vias que ligam o giro cingulado ao córtex entorrinal. Sendo ambos
relacionados aos riscos de desenvolver o TDAH.

Além disso, mediante o uso de exames de neuroimagem estrutural por Ressonância Magnética,
Hoogman et al (2017) encontrou que as estruturas como a amígdala cerebral, núcleo acúmbens e
hipocampo são menores nos pacientes com o transtorno. Sendo que tais resultados são a sustentação
mais sólida, até o momento, de que o TDAH é um transtorno relacionado ao atraso na maturação de
regiões cerebrais reguladoras das emoções, uma vez que essas estruturas estão menos desenvolvidas,
principalmente nas crianças.

Dando seguimento aos possíveis fatores etiológicos para a ocorrência do TDAH, Russel (2017) destaca
que a convergência das informações genéticas, neuropsicofarmacológicas, de neuroimagiologia e do
modelo animal, sugerem que vários sistemas neurotransmissores estariam envolvidos, sendo eles:
sistemas dopaminérgico, noradrenérgico, serotoninérgico e sistema colinérgico nicotínico.

Corroborando com esta informação, Sthal (2017) ressalta que a via dopaminérgica mesocortical,
partindo da área tegmental ventral e inervando o córtex pré-frontal, regula as funções cognitivas e
emocionais. Lent (2010) sugere que devido à uma disfunção da neurotransmissão dopaminérgica em

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TDAH: Mitos E Verdades

algumas áreas cerebrais, como o córtex pré-frontal e região límbica, os sintomas de esquecimento,
distratibilidade, impulsividade e desorganização irão se manifestar. Conforme Tassotti (2015), esta via
dopaminérgica possui um sistema inibitório controlador, estabelecendo um controle diante das
atividades e atitudes, e em virtude dessa alteração, os sintomas se evidenciarão num portador de
TDAH.

Vale ressaltar que a região supracitada está envolta com as funções executivas. Pereira et al. (2017)
destaca que as funções executivas estão relacionadas à memória de trabalho, atenção seletiva,
flexibilidade cognitiva, planejamento e organização. Essas habilidades normalmente são usadas para
antecipar o futuro por meio de memórias de experiências passadas e consequentemente, direcionar
o nosso comportamento.

Ao considerar que o TDAH pode persistir na idade adulta, Garcia e Rego (2020) mostraram que os
adultos podem ter dificuldades em se planejar, falhar em cumprir prazos, tendem a começar uma
atividade antes de terminar outra, serem desajeitado, terem dificuldades em esperar, mudarem o
comportamento quando é criticado, acharem difícil seguir regras e fazem comentários inconvenientes.

Contextualizado os prováveis fatores etiológicos para o TDAH, há o questionamento de alguns quanto


a real existência do transtorno. Em muitos veículos de comunicação, e principalmente nas redes
sociais, comumente circulam-se diversos textos relacionados a esta falácia.

Um destes questionamentos, apontados por Muskat e Miranda (2017) é sobre o Leon Eisenberg,
psiquiatra infantil considerado o “inventor” do TDAH. Este teria confessado, pouco antes de morrer,
que o TDAH não existe, sendo considerado o principal exemplo de doença fictícia. Snyder (2010)
esclarece que o psiquiatra infantil acreditava que a psiquiatria era biológica e social. Sendo assim, não
se pode aderir a um modelo reducionista de transtorno mental, considerando-o somente no âmbito
biológico. É extremamente importante compreender e aceitar a multifatoriedade do transtorno, bem
como a presença da integração do cérebro e do meio social como agente desencadeantes do
transtorno..

Há um texto amplamente divulgado nas redes sociais, onde se discute acerca da veracidade e
existência do TDAH: “Por que as crianças francesas não tem Déficit de Atenção?”. Aos argumentos que
corroboram com este questionamento incluem a classificação singular utilizada pelos psiquiatras
franceses, divergente dos critérios implementados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), a qual
identificaria e tratariam as causas psicossociais do transtorno. Caci et al. (2014) ressaltam que a

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TDAH: Mitos E Verdades

literatura científica sobre a caracterização deste transtorno no mundo é extremamente vasta, contra
argumentando tal alegação.

Acima de tudo, Tassotti (2015) comenta que a informação sobre o TDAH deve ser entendida de forma
clara e correta, uma vez que é comum crianças acometidas por esta condição, serem taxadas de
irresponsáveis, incapazes, mal-educadas e sem limites, tanto pelos pais quanto pelos professores,
sentindo-se, então, rejeitadas pelos colegas, e levando-as ao processo de afastamento e exclusão.
Desta forma, a abordagem do TDAH é uma pauta que precisa ser investigada e tratada na totalidade
da sua relevância, visto que o diagnóstico precoce com a devida intervenção, pode evitar danos
individuais futuros, como o fracasso escolar no decorrer da vida acadêmica da criança ou adolescente.

A ABDA (2020) propôs, de modo elucidativo, os onze principais mitos no Brasil envolvendo o TDAH.
Esses serão elencados e elucidados abaixo.

Mito 1

“O TDAH é um distúrbio fantasma, não existe. Na verdade criaram uma boa desculpa para pais e
professores justificarem suas dificuldades de educar e de colocar limites a certas crianças mais difíceis
que as outras.”

Verdade: O transtorno tem sido relatado ao redor de todo o mundo, na cultura ocidental e oriental.
Cabe destacar que o fator hereditário, exemplificado através de gêmeos e crianças adotadas, possui o
papel predominante na gênese da patologia, sendo o ambiente um fator menos expressivo.

Mito 2

“As crianças com TDAH não são diferentes das demais. Nenhuma criança consegue ficar quieta ou
prestar atenção por muito tempo seguido.”

Verdade: É durante o período da infância que as capacidades de controle da atividade motora e dos
impulsos irão se desenvolver. É extremamente importe ressaltar que a diferença entre uma criança
com TDAH e outra, talvez não seja percebida em locais e horários que são inerentes a todas as crianças
estarem agitadas, correndo, brincando, a exemplo da hora do intervalo na escola. Todavia, ao soar a
campainha do fim do intervalo, quando todos retornam à sala de aula, observa-se que certa criança
continuadamente não consegue se aquietar, focalizar sua atenção, sustentar seus estímulos. Assim,
entende-se que a diferença é quantitativa e não qualitativa. Ou seja, a criança com TDAH demostra em
seu comportamento uma intensidade, não observada nas demais, que frequentemente irá acarretar
em incontáveis prejuízos em todas as situações de sua vida, seja escolar, social ou familiar.

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TDAH: Mitos E Verdades

Mito 3

“O TDAH é um transtorno muito mais frequente no sexo masculino.”

Verdade: Erroneamente, durante anos, a hiperatividade foi tida como a chave do transtorno e, como
intrinsecamente o sexo masculino se apresentam, no geral, mais hiperativos que o sexo feminino,
acreditou-se que esse seria um problema mais comum nos meninos. Entretanto, em 1980, o DSM-III
começou a empregar a denominação Distúrbio do Déficit de Atenção. Através dessa mudança,
dificuldades de atenção superaram a hiperatividade. Evidencia-se que no sexo feminino é mais
prevalente o tipo clínico que cursa sem hiperatividade (Tipo Predominantemente Desatento). Em vista
disso, por ser mais silencioso, esse tipo pode demorar mais tempo para ser constatado ou até mesmo,
ser confundido com outras condições, como depressão, deficiência intelectual leve, problemas
psicológicos.

Mito 4

“Os sintomas de TDAH geralmente desaparecem espontaneamente no final da adolescência.”

Verdade: Existe uma propensão da hiperatividade decair com o passar do tempo ou evoluir
conjuntamente a idade, enquanto que os sintomas de desatenção tendem a persistir. Por exemplo,
uma criança hiperativa corre de um lado para o outro, pula sem parar; ao chegar à idade adulta, apesar
deste comportamento específico mudar, poderá observar uma dificuldade de planejamento;
organização; seguir metas; assumir inúmeras tarefas simultaneamente, sem finalizar a maioria delas;
ou seja, a pessoa continuou hiperativa, entretanto existiu uma mudança na forma de apresentação das
ações influenciada pela idade.

Mito 5

“Se uma criança com TDAH consegue fazer com muita atenção uma atividade do seu interesse
(videogame, por exemplo) e não consegue fazer os deveres escolares, a razão para isso parece ser uma
falta de vontade ou motivação.”

Verdade: O termo “déficit de atenção” não retrata fidedignamente a situação e provavelmente será
substituído no futuro, uma vez que o que se verifica com essas pessoas é uma inconstância ou má-
regulação da atenção. É fato que existe um prejuízo na capacidade da pessoa em focalizar sua atenção,
isto é, uma dificuldade na atenção voluntária. Na realidade, crianças com TDAH costumam ter
Hiperfoco, ou seja, concentrar-se com maior facilidade em atividades mais dinâmicas, lúdicas e pouco
repetitivas.

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Mito 6

“Os medicamentos usados no tratamento do TDAH provocam efeitos colaterais sérios e podem causar
dependência.”

Verdade: Os profissionais da saúde especializados no acompanhamento de pessoas com o transtorno


afirmam que o tratamento medicamentoso é eficaz e seguro. Deve-se atentar que qualquer fármaco,
independentemente de serem para tratar TDAH ou qualquer outra patologia, é susceptível a
produzirem efeitos adversos. Justamente por este motivo, é válido salientar que os medicamentos
devem, sempre, serem prescritos e administrados por profissionais com experiência no manejo.

Mito 7

“O uso de medicação para tratar o TDAH pode predispor a criança se tornar um dependente de outras
drogas no futuro.”

Verdade: Estudos realizados acompanhando crianças em uso de medicação para TDAH, e comparando
com crianças que, por qualquer razão, não tenha feito tratamento, concluiu que o contexto de abuso
de drogas no futuro foi maior ou idêntico ao grupo não tratado. Sendo assim, o tratamento
farmacológico não é capaz de induzir a dependência.

Mito 8

“Apresentar TDAH na infância traz poucas consequências para a vida da pessoa e por isso não se
justifica um tratamento nessa idade.”

Verdade: Alguns casos de TDAH menos intensos, quando acompanhados de alto nível intelectual e
ambiente familiar bem estruturado (fatores de resiliência ou proteção), podem passar pela vida sem
que o transtorno cause grandes prejuízos na sua qualidade de vida. No entanto, na maioria dos casos,
o TDAH com ausência de tratamento, irá comprometer a qualidade de vida da pessoa, ocasionando
prejuízos na auto estima; rendimento escolar e profissional abaixo da real capacidade; conflitos com
colegas e cônjuges. Ainda, cabe ressaltar a afirmação de um experiente psicólogo norte-americano,
Sam Goldstein, “o risco de não tratar é certamente maior que o risco do tratamento”.

Mito 9

“TDAH e Hiperatividade são sinônimos. Todas as crianças com TDAH são hiperativas.”

Verdade: Os sintomas de hiperatividade só estão presentes no tipo combinado e predominantemente


hiperativo. No tipo predominantemente desatento não está presente o sintoma de hiperatividade.

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Mito 10

“Uma vez diagnosticada como TDAH, a criança tem uma boa desculpa para seu rendimento escolar
prejudicado.”

Verdade: Nem sempre o diagnóstico de TDAH responde por todas as questões referentes ao
rendimento escolar prejudicado. Transtornos de aprendizagem como dislexia; discalculia;
disortografia; má qualidade de ensino; didática equivocada; métodos de ensino obsoletos e falta de
recursos pedagógicos, podem explicar alguns casos que não necessariamente estão associados ao
TDAH. O TDAH é um transtorno da atenção e da hiperatividade. Uma vez que a atenção e concentração
são condições necessárias para todo e qualquer processo de aprendizagem, o TDAH interfere no
desempenho acadêmico e escolar global.

Mito 11

“Um tratamento à base apenas de medicamentos pode resolver satisfatoriamente quase todos os
casos de TDAH.”

Verdade: O tratamento do TDAH está baseado em um tripé de ações: Psicoeducação (informação sobre
o transtorno), Psicoterapia (nos casos em que há prejuízo psicológico) e Farmacoterapia.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vale ressaltar que nem toda a criança e adolescente que apresente problemas de comportamento,
falta de atenção e hiperatividade possui TDAH. Sendo assim, é extremamente importante a atuação
da psicoeducação no processo saúde-doença, ou seja, abordar e promover conhecimento de
informações fidedignas sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e, partir disso,
garantir que o paciente, seus familiares e cuidadores, saibam buscar ajuda com profissionais
capacitados em oferecer o correto diagnóstico e manejo da doença, com o devido tratamento
adequado, seja ele farmacológico ou não.

Deve-se reconhecer que o TDAH não é uma invenção do século XX, mas sim, um importante transtorno
do neurodesenvolvimento com alterações cerebrais que impactam no desenvolvimento pessoal,
acadêmico ou social, sendo necessárias condutas assertivas para a melhora na qualidade de vida de
todos os envolvidos com o processo. Dessa forma, a abordagem do TDAH é um tema que precisa ser
investigada e tratada na totalidade da sua relevância, uma vez que o estigma e a desinformação criaram
uma visão popular distorcida e pautada em mitos equivocados.

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TDAH: Mitos E Verdades

5. REFERÊNCIAS

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DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.

2. ABDA. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DÉFICT DE ATENÇÃO. O que é o TDAH? 2013. Disponível


em: https://tdah.org.br/tdah-politicas-publicas-educacionais-no-brasil-ignoram-criancas-com-
tdah-e-com-transtronos-de-aprendizagem/. Acesso em: 12 Jul. 2020.

3. ABDA. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DÉFICT DE ATENÇÃO. TDAH: mitos e suas consequências.


2020. Disponível em: https://tdah.org.br/tdah-mitos-e-suas-consequencias/. Acesso em: 12
Jul. 2020

4. CACI, H.M.; MORIN, A.J.; TRAN, A. Prevalence and correlates of attention deficit hyperactivity
disorder in adults from a French community sample. J Nerv Ment Dis. 202(4):324-332. 2014.
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5. COUTO, T. de S.; de MELO-JUNIOR, M.R.; de ARAUJO GOMES, C.R. Aspectos neurobiológicos do


transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): uma revisão. Ciênc. cogn. Rio de
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6. HOOGMAN, M.; BRALTEN, J.; HIBAR, D.P. et al. Subcortical brain volume differences in
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sectional mega-analysis [published correction appears in Lancet Psychiatry. 2017 Jun;4(6):436].
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7. DEMONTS, D.; WALTERS, R.K.; MARTIN, J. et al. Discovery of the first genome-wide significant
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10. KONRAD,K.; EICKHOFF, S.B. Is the ADHD brain wired differently? A review on structural and
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31:904-916. 2010. Acesso em: 26 Jun. 2020.

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11. LENT, R. Cem bilhões de neurônios? Conceitos Fundamentais de Neurociência. 2°edição. São
Paulo: Atheneu, 2010.

12. MUSZKAT, M.; MIRANDA, M.C.; RIZZUT, S. Transtorno do Déficit de atenção e hiperatividade. 2ª
ed. São Paulo: Cortez editora: 2017.

13. PEREIRA, K. de A.; EDUVIRGEM, R.V.; MONTEIRO, M.L. de M. Problemas comportamentais de


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14. PRODANOV, C.C.; FREITAS, E.C. Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e Técnicas da
Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Rio Grande do Sul: Feevale. 2013.

15. RUSSELL, V.A. Reprint of "Neurobiology of animal models of attention-deficit hyperactivity


disorder". Journal of Neuroscience Methods. Nov; 166(2):I-XIV. 2007. DOI:
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16. SHAW, P.; RABIN, C. New insights into attention-deficit/hyperactivity disorder using structural
neuroimaging. Curr Psychiatry Rep.11(5):393-398. 2009. DOI:10.1007/s11920-009-0059-0.
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17. SNYDER, A. Leon Eisenberg. The Lancet. 375 (9710);194. 2010.

DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(10)60082-7. Acesso em: 23 de Jul. 2020.

18. STAHL, S.M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas. 4° edição. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

19. TASSOTTI, C. TDAH: Diagnóstico diferencial e tratamento. Trabalho de conclusão de curso


(Bacharelado em Psicologia). Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul (UNIJUÍ). Departamento de Educação (DHE). 2015. Disponível

em: <http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/3051> Acesso em: 25


de Jun. 2020.

11
115
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 6
10.37423/200802522

OSTEOARTROSE DO JOELHO

Antônio Saraiva da Silva Neto Faculdade Facottur - Faculdade de


Comunicação, Tecnologia e Turismo de
Olinda
Edite Alves de Souza Viana Faculdade Facottur - Faculdade de
Comunicação, Tecnologia e Turismo de
Olinda
Flávia Carolina Lasalvia da Silva Faculdade Facottur - Faculdade de
Comunicação, Tecnologia e Turismo de
Olinda
Ione Cristine Rocha Izídio Faculdade Facottur - Faculdade de
Comunicação, Tecnologia e Turismo de
Olinda
Jacqueline Iara dos Santos Xavier Faculdade Facottur - Faculdade de
Comunicação, Tecnologia e Turismo de
Olinda
Lílian Aparecida da Silva Faculdade Facottur - Faculdade de
Comunicação, Tecnologia e Turismo de
Olinda
Rafaela Gabriela Soares Pedrosa Simes Faculdade Facottur - Faculdade de
Comunicação, Tecnologia e Turismo de
Olinda
Vanessa Santos da Silva Rodrigues Faculdade Facottur - Faculdade de
Comunicação, Tecnologia e Turismo de
Olinda
Thiago Ubiratan Lins e Lins Faculdade Facottur - Faculdade de
Comunicação, Tecnologia e Turismo de
Olinda
Os teoartrose Do Joelho

Resumo: Classificada como Osteoartrite, osteoartrose, artrose, ou doença articular degenerativa, esta
patologia é caracterizada pelo desgaste da cartilagem articular e ligamentar, e alterações ósseas, entre
elas os osteófitos. Esta patologia acomete cerca de 15 a 20% da população mundial.. Objetivo: O
objetivo de estudo ou a ideia central do nosso trabalho acadêmico tem como finalidade descrever,
analisar, e discutir sobre a atuação dos medicamentos opioides e analgésicos de ação periférica, seus
mecanismos de ação e eficácia no tratamento da dor em pacientes com diagnóstico de artrose de
joelho. Procedimentos Metodológicos: Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, visando
identificar e analisar artigos nas bases de dados eletrônicos LILACS, PEDro, PubMed, SCiELO. Buscando
o conhecimento historicamente acumulado, referente ao período de 2005 a 2019. Resultados: Após
análise criteriosa, foram selecionados 81 artigos, e após revisão na íntegra, foram utilizados 33 artigos
que traziam em seu conteúdo informações relacionadas ao esclarecimento sobre o que é osteoartrose
(OA), como ocorre, principais causas e sequelas, com ênfase na atuação, mecanismos de ação e eficácia
no tratamento farmacológico com o uso de opioides e analgésicos de ação periférica. Entre as regiões
acometidas pela osteoartrose, o joelho foi o local mencionado em nosso estudo. Conclusão: Sendo a
dor, o sintoma mais característico desta patologia que pode levar a limitação funcional, medidas
farmacológicas (alto nível de evidências para analgésicos e antiinflamatórios), e não farmacológicas
( fisioterapia, atividade física de forma

ativa ), são necessariamente envolvidos na busca de um tratamento adequado, visando diminuição da


dor e rigidez muscular, vitalidade articular e redução do impacto na qualidade de vida do indivíduo.

Palavras-chave: Osteoartrite, Osteoartrose de joelho, artrose, tratamento farmacológico.

1
117
Os teoartrose Do Joelho

1. INTRODUÇÃO

A osteoartrite é caracterizada pelo desgaste da cartilagem articular, ligamentar e por alterações ósseas.
Ela é mostrada como resultado das alterações bioquímicas metabólicas e fisiológicas que acontecem
nas regiões acometidas. Exames de imagem, como a radiografia, contribuem para o diagnóstico e, em
algumas situações, faz necessário exames adicionais, como a tomografia computadorizada ou a
ressonância magnética mas de forma generalizada, uma avaliação clínica e a radiografia fecham o
diagnóstico (SBR, 2011).
Nos casos de indivíduos com OA sintomáticos, eles possuem um quadro que inclui dor articular,
ausência ou perca de força, incapacidade para marcha e diminuição da aptidão física, mostram redução
na qualidade de vida e alavancam os riscos de mortalidade e morbidade. Nos referindo a tratamento,
levamos de forma individual a cada indivíduo, visualizando a intensidade de dor e grau de incapacidade
física dos pacientes, mantendo a ideia de reduzir os mesmos (OKUMURA, 2009).
Com intenção de analgesia, nós podemos interferir com os fármacos, dividindo-os em opioides e não
opioides. Os não opioides são os analgésicos de ação periférica, são utilizados nos tratamentos em que
é requerido dor leve e moderada, por sua vez, apresentando menores efeitos adversos, focalizando de
forma direta nas terminações nervosas dos nervos periféricos, na causa da dor ou próximo a ela
(CERQUEIRA, 2017).
Em outra forma de analgesia nós encontramos os medicamentos opioides, que são substâncias
oriundas do ópio, que por sua vez foi adicionado em outros medicamentos que hoje em dia são
considerados referência no controle de dor. Para a utilização dos medicamentos opioides, é necessário
avaliação médica e um diagnóstico clínico pois podem causar efeitos indesejáveis e adversas. Assim, é
administrado em situações de dores fortes e moderadas, atuando em situações de dor crônica e aguda
(ANTUNES, 2018).

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de uma revisão de literatura. O estudo foi construído respeitando as seguintes etapas: a) busca
na literatura; b) coleta de dados; c) análise crítica dos estudos incluídos; d) discussão dos resultados.
Foi realizado levantamento bibliográfico nas bases de dados Literatura Latino-americana em Ciências
da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Public Medline (PubMed) e
Physiotherapy Evidence Database (PEDro), sobre o assunto de interesse publicado no período de 2005
a 2019.

2
118
Os teoartrose Do Joelho

A seleção dos artigos foi realizada em setembro e outubro de 2019, por todos os pesquisadores
envolvidos de forma independentes utilizando os descritores no idioma
português. Os descritores selecionados para a busca dos artigos foram: Fisioterapia, Artrose no joelho,
Opioides e Analgésicos periféricos. Os estudos foram selecionados inicialmente pela leitura de título e
resumo. Em sequência foi realizada a leitura de texto completo, para garantia ou não da adequação
aos critérios de inclusão. Foi realizada uma síntese de cada estudo, trazendo suas principais
informações.
Os critérios de inclusão dos artigos da presente revisão foram: publicações completas em periódicos
nacionais; artigos que abordassem a temática do estudo, ou seja, indivíduos com artrose no joelho,
medicamentos opioides e analgésicos de ação periférica. Os critérios de não inclusão envolveram as
publicações duplicadas e pesquisas que contemplassem os medicamentos opioides e analgésicos de
ação periférica ou que não tinham diagnóstico de artrose no joelho.

Figura 1: Fluxograma da revisão de literatura

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119
Os teoartrose Do Joelho

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. OSTEOARTROSE NO JOELHO

A osteoartrite (OA), conhecida também como artrose ou osteoartrose, se evidencia como o aspecto
mais assíduo de artrite. A osteoartrose outrora, era associada a uma disfunção degenerativa,
progressiva, ou seja, não dispondo de um tratamento. Contudo, hoje compreende que é admissível
alterar o curso progressivo desta disfunção, diminuindo, assim, sinais e sintomas e, isto posto, a
qualidade de vida, além de melhor prognóstico para o paciente (BENTES, 2018).
A OA é como uma síndrome que caracteriza o caminho terminal universal das alterações bioquímicas,
metabólicas e fisiológicas que acontecem, de maneira paralela, na cartilagem articular (ocasiona dano
gradual), no osso subcondral, no tecido sinovial (inflamação), nos ligamentos, na cápsula articular e
nos músculos próximos à articulação atingida. Existe também, o desenvolvimento do osso nas epífises
das articulações. De princípio, existe um balbucio de correção das lesões desenvolvidas na cartilagem
e no osso subcondral pelos condrócitos, sinoviócitos e osteoblastos (FERREIRA et al., 2015).
É corretamente especificado que a sinóvia, o osso e a cartilagem são os três principais tecidos
impactados pelas estruturas patológicas da OA. Sendo os elementos de ameaças como idade, sexo
(masculino e feminino), uso demasiado da articulação, trauma, genética e obesidade se associam com
a iniciação do encadeamento do agravo em vários segmentos da articulação (REZENDE, 2013).
A Osteoartrose, clinicamente pormenoriza sintomas como a dor, rigidez matinal por pouco tempo,
fragilidade articular, crepitação óssea, atrofia muscular e em relação às particularidades radiológicas é
constatado a constrição do sítio intra- articular, inícios de osteófitos, esclerose do osso subcondral e
iniciação císticas (DUARTE et al., 2013).
A Osteoartrose desponta na maioria das vezes como fatores de imperícia laborativa e disfunção crônica
e incapacitante, fomentando danos estruturais que restringem a eficácia funcional do paciente e
danificam pontualmente em suas atividades do dia a dia, por isso, é indispensável analisar os abalos
psicológicos que a essa patologia é capaz de causar, como transtorno de ansiedade e depressão, assim
como a qualidade de vida de pacientes com esse diagnóstico (FERREIRA et al., 2015).
O súpero tratamento para a Osteoartrose postula uma associação de estratégias farmacológicas e não
farmacológicas. Todos os indivíduos com OA de joelho carecem da obtenção de conhecimentos e
didática sobre os fins do tratamento e a relevância da transformação no seu hábito de vida, com o
intuito de amenizar o abalo nas articulações danificadas. O âmago introdutório tem que ser o
autocuidado e as intervenções voltadas ao paciente, ao invés das terapias passivas efetivadas pelos

4
120
Os teoartrose Do Joelho

profissionais de saúde. Tem de se ressaltar a motivação à anuência da dieta terapêutica não


farmacológica (BENTES, 2018).
Os indivíduos carecem ser motivados a praticar exercícios de forma ativa, para que, com isso tenha um
ganho de fortalecimento muscular e ganho de amplitude de movimento. Indivíduos com OA
sintomática consegue se favorecer do direcionamento a fisioterapia para análise e conhecimento,
assim podendo processar exercícios físicos pertinentes para diminuir a algia e ampliar a capacidade
funcional, como: acupuntura, hidroterapia, pompagem, exercícios de flexibilidade, propriocepção,
equilíbrio e treino de marcha, que auxiliam na melhora da funcionalidade e qualidade de vida dos
paciente (REZENDE, 2013).

3.1.2 EPIDEMIOLOGIA

Anteriormente, a osteoartrite (OA) era entendida como uma consequência natural do envelhecimento,
porém, hoje, os notáveis índices epidemiológicos fazem com que a OA seja considerada a doença
musculoesquelética mais prevalente no mundo. Sua progressão lenta associa-se a dor e incapacidade.
De acordo com a Organização mundial de saúde (OMS), esta patologia acomete cerca de 15 á 20% da
população mundial. Em indivíduos adultos a prevalência é superior a 25%, e pessoas com mais de 65
anos somam 70% da população acometida (CHEN et al., 2017).
Responsável pelo acometimento de mais de 25% da população com idade superior a 18 anos, ao longo
da vida, o risco de desenvolver osteoartrose sintomática no joelho está estimado em 40% em homens
e 47% em mulheres. Em obesos os riscos aumentam para 60,5%, sendo aproximadamente o dobro do
risco daqueles com peso moderado. Caracterizada por doenças crônicas e dor nas articulações, a OA
traz desconforto, possibilidade de limitação funcional e incapacidade, causando impactos na qualidade
de vida do indivíduo acometido. 6% dos adultos sofrem de osteoartrite clinicamente significativa do
joelho, e a cada década de vida sua prevalência aumenta significamente (MOHAMED e MOHAMED,
2019).
Estatisticamente, no Brasil, a prevalência de osteoartrite é de aproximadamente 16% da população
geral. No sexo feminino, a dor e a incapacidade funcional ocorrem em mais de 17% das mulheres entre
65 e 74 anos. Em adultos (ambos os sexos), com idade superior à 45 anos a prevalência de osteoartrite
radiográfica (sem sintomatologia) de joelhos está entre 19 - 28%, enquanto que a prevalência de
osteoartrite sintomática (presença de sintomas como dor, rigidez, etc) de joelhos é de 7% (MUNIZ,
2017).

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Os teoartrose Do Joelho

3.2 PRINCIPAIS MEDICAMENTOS DE AÇÃO ANALGÉSICA

3.2.1 ANALGÉSICOS DE AÇÃO PERIFÉRICA

Os analgésicos repartem-se em: opioides e não opioides. Os analgésicos não opioides, que contém o
paracetamol e os anti-inflamatórios não esteróides e esteróides, são fármacos que efetuam na síntese
das prostaglandinas, no mesmo momento em que os analgésicos opioides, agem nos coletores
específicos para os opiáceos. Os analgésicos são receitados de acordo com o tipo de dor associada
(BOBBIO ABAD et al 2011).
Os analgésicos de ação periféricas são classificados como não opioides, paracetamol, ácido
acetilsalicílico e ibuprofeno. São utilizados no tratamento de dor leve e moderada. Ele também são
anti-inflamatório não esteroides (AINE), por apresentarem menos efeitos adversos (LASKARIDES 2016).
Analgésicos são substâncias que atuam da supressão da percepção sensorial da dor. Essa atuação pode
ser a nível periférico ou central. Os analgésicos de ação periférica são classificados como não opioides.
Eles agem de forma direta nas terminações nervosas dos nervos periféricos, no local da causa da dor
ou no entorno próximo a ela. Nos não opioides temos os analgésicos comuns, que tem apenas ação
analgésica, e os anti-inflamatórios esteroides e não esteroides, que além do efeito analgésico tem
efeito sobre os eventos inflamatórios (CERQUEIRA,2017).
O objetivo dos fármacos analgésicos de ação periférica é bloquear os mediadores químicos endógenos
que são causadores de respostas inflamatórias ou de dor, suprimindo os múltiplos mecanismos que
elevam os níveis de mediadores químicos pró-inflamatório ou de percepção da dor. Atuando a nível
periférico para evitar ou minimizar a percepção da dor a nível central, combatendo eventos
bioquímicos relacionados a inflamação e dor que sensibilizam as terminações nervosas periféricas
(BAPTISTA et al, 2011).
Os analgésicos de ação periférica combatem a dor ao reduzir sua causa subjacente. Eles promovem a
inibição das cicloxigenases, provocando a diminuição das prostaglandinas e consequente diminuição
da dor. Podem também interferir na síntese de leucotrienos, afetando então a liberação do ácido
araquidônico dentro da célula. Eles combatem assim ativação da cascata de ácido araquidônico, onde
os fosfolípides presentes na membrana celular sofrem ativação pelas cicloxigenases provocando a
liberação de prostaglandina no local, e o acúmulo dessas substâncias sensibiliza as terminações
nervosas criando um estímulo que se propaga e é interpretado como dor no Córtex (CERQUEIRA,2017).
A eficácia dos analgésicos de ação periférica depende da seleção correta, levando em consideração a
eficácia para o tipo específico da dor, a tolerabilidade, os riscos e benefícios, comorbidades, e precisa

6
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Os teoartrose Do Joelho

prever o tempo de ação de maior e longa duração. Deve-se respeitar o intervalo, a dose terapêutica, a
resposta prévia do paciente ao fármaco e o controle dos efeitos colaterais (HENNEMANN-
KRAUSE,2012).
Os analgésicos de ação periférica são os fármacos de maior uso na osteoartrite com resultados
satisfatórios, principalmente os mais recentes como os Coxibes, demonstrando bons efeitos
analgésicos associados a boa tolerabilidade. Trazendo grande diminuição da dor, tanto no repouso
como no início do movimento, na deambulação e também na compressão articular. Proporcionando
diminuição da sintomatologia e melhorando o quadro geral da osteoartrite e do acometido (SANTOS
et al, 2011).
Entre os fármacos mais usados e com maior eficácia para o alívio dos sintomas relacionados a
inflamação e dor estão em destaque os anti-inflamatórios não esteroides orais COX-2 seletivos e não
seletivos, os anti-inflamatórios não esteroidais tópicos (capsaicina e duloxetina), os corticoides intra-
articulares e o acetaminofeno (paracetamol). Na prescrição temos como um dos principais parâmetros
o tempo de ação do fármaco, sendo considerados mais relevantes os de ação duradoura, de longa
duração, pois além de terem ação prolongada no alívio da dor tem efeito terapêutico que persiste
mesmo após haver a suspensão do mesmo (MUNIZ,2017).
Eles atuam diretamente nas terminações nervosas dos nervos periféricos, a sua propriedade analgésica
é atribuída á inibição de ciclo-oxigenase 2 (COX-2), enzima produzida devido à ação inflamatória e pela
formação de prostaglandina. Estas sensibilizam nociceptores- terminações nervosas livres de nervos
sensitivos. O aparecimento de outras substâncias algógenas (bradicinina, histamina, serotonina, H+,
K+ e ATP), dispensadas a partir de incentivos traumáticos ou lesivos. A barreira da síntese de
prostaglandinas desencadeia analgesia e diminuir o suprimento inflamatório (FERREIRA, 2010).
TABELA 2: Principais Medicamentos não Opioides no tratamento da artrose.

MEDICAMENTOS INDICAÇÃO EFEITO ADVERSOS

Cistite, rinite,
Dor, febre, inflamação. agranulocitose, anemia,
aplástica, eosinofilia,
IBUPROFENO neutropenia,
pancitopenia,
trombocitopenia.

Reação cutâneas:
Febre, dor leve e pustulose generalizada,
moderada. exantemática aguda,
PARACETAMOL síndrome Steven

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Os teoartrose Do Joelho

Johnson e necrolise
epidérmica tóxica.

Dor de cabeça, Dispepsia, dor


odontalgia, dor de gastrointestinais e
ÁCIDO garganta, dismenorreia, abdominais, risco de
ACETILSALICÍLICO mialgia, artralgia, sangramentos,
lombalgia. disfunção hepática,
insuficiência renal
aguda.

Antitérmico e diminuição da pressão


analgésico. sanguínea, náuseas,
CETOPROFENO reações alérgicas.

Infecções de ouvido, Dor no peito súbita e


nariz e garganta, opressiva, falta de ar,
DICLOFENACO síndrome do ombro Febre alta, convulsões e
congelado, crises de ansiedade.
gota, entorses,
distorções, dor e
inchaço após cirurgia.

Artrite reumatóide, Sintomas


osteoartrite (artrose, gastrointestinais,
PIROXICAM doença articular anemia, anemia
degenerativa), aplástica, hiperglicemia,
espondilite confusão mental,
anquilosante, distúrbios alucinações, edema nos
musculoesqueléticos olhos, vasculite,
agudos, gota aguda. hipertensão.

Dor aguda de Cefaléia, tontura,


intensidade moderada a sonolência, náusea,
grave. dispepsia, dor/
desconforto abdominal,
TORADOL diarreia, sudorese,
edema, dor no peito
súbita e opressiva, falta
de ar, febre alta,
convulsões e
ansiedade.

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Os teoartrose Do Joelho

Dores agudizadas, Gastrintestinais e


bursite, tendinite, hepáticas: pancreatite,
resfriado, febre. gastrite, constipação,
hematêmese.
NAPROXENO Renais.

FONTE: Elaborado pelos autores, 2019.

TABELA 4: Prós e Contras do Medicamentos não Opióides

Autor/Ano: Prós Contras


• Analgesia (Alívio da • Sangramento
dor); combate aos eventos Gastrointestinal
HENNEMANN inflamatórios e seus • Efeitos:
KRAUSE sintomas ; antipiréticos. • Renais
(2012) • Cardiovasculares
• Hemostáticos
• Alérgicas
• Respiratórios
• O ácido
• Os acetilsalicílico
MINISTÉRIO DA analgésicos não aumenta o risco da
SAÚDE (BR) opióides possuem síndrome de Reye
(2012) uma boa ação no em crianças em
tratamento de varicela ou influenza.
dores agudas e • Administração
crônicas. procede de dipirona
em pacientes com
dengue, mostrou um
aumento de risco de
hemorragias.
• Possuem • São evidenciadas
propriedades anti- disfunções
inflamatória, analgésica e cerebrovasculares,
J.M. SILVA, et al. antipirética e sua ação renais, hepáticas,
(2014) decorre da inibição da cardiovasculares e
síntese de prostaglandinas trombóticas,
(PG). gastrintestinais,
gestacionais e fetais,
elevando o índice de
morbimortalidade.

FONTE: Elaborado pelos Autores, 2019.

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Os teoartrose Do Joelho

3.2.2 OPIOIDES

3.2.2.1 CONCEITO

Os medicamentos opioides são substâncias derivadas do ópio, substância essa que foi extraída da
Papoula com propriedades analgésicas. O ópio com o passar do tempo foi usado no desenvolvimento
e na produção de outros medicamentos com ação analgésica como a morfina, medicamento que é
referência no controle da dor. Existem vários medicamentos opioides e de formas diferentes
(comprimidos, cápsulas, gotas, etc). Só pode tomar estes medicamentos quando prescritos por um
médico, após um diagnóstico clínico e na presença de dor moderada a forte (ANTUNES, 2018).
E como outros medicamentos os opioides podem causar efeitos indesejáveis e adversos. Quando
prescritos pelo médico e utilizados de maneira certa não causam adição que é a necessidade de usar
a medicação sem ser por razão de dor. Pode acontecer que durante um período de tempo seja
necessário aumentar a dose devido o aumento da dor ou por o organismo não responder ao anterior.
Opioides podem ter uma ação mais ou menos prolongada no tempo. Por isso se diz que existem
medicamentos opioides de ação longa (para o tratamento da dor crônica) ou de ação curta que ajudam
a evitar “crises” agudas de dor (ANTUNES,2018).

3.2.2.2 MECANISMOS DE AÇÃO

São receptores da família acoplados à proteína G, atuando em receptores de neurônios com ligação
entre emoção e dor . Receptores com a redução da liberação dos neurotransmissores, provocam canais
de aberturas dos canais K e inibe o de Ca na membrana diminuindo assim a atividade neural ou
aumentando quando inibe sistemas inibitórios (MARTINS, R. et al., 2012).
Os Receptores δ (delta) tem o papel principal na Analgesia, e também por modular funções cognitiva
e de dependência física . Os receptores K (kappa) tem como objetivo regular funções da nocicepção,
termorregulação, controle de diurese e secreção neuroendócrina. Quanto aos receptores µ (mu) , tem
como função regular a nocicepção o ciclo respiratório e o caminho intestinal (MARTINS, R. et al.,2012).
Os Opiodes agem em receptores exatos que ao serem ativados, influenciam na transmissão de
impulsos dolorosos. Realizam efeitos inibitórios, no encéfalo como no aumento do limiar nociceptivo
das fibras da base gelatinosa, encontrado no corno posterior da medula espinhal. Estudos apontam
que os receptores opiodes estão sempre presentes no receptores do sistema nervoso periférico
(FLORES, M. et al., 2012).

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126
Os teoartrose Do Joelho

Quando são sintetizados nos gânglios das raízes dorsais da medula espinhal, são conduzidos aos
terminais periféricos dos neurônios aferentes primários via axonal, que sendo estimulados reduzem a
liberação de substâncias P, estimulando a limitação da dor (FLORES, M. et al., 2012).

3.2.2.3 EFICÁCIA NO TRATAMENTO

As técnicas de administração de opioides necessitam ser individualizados para cada paciente. Esses
esquemas declaram as condições clínica do doente, a farmacocinética dos medicamentos, a etiologia
do processo, a veemência do medicamento e a casual presença de efeitos indesejáveis (LEMONICA,
2008).
Nesse planejamento é essencialmente importante ser auxiliado por intervalos constantes de
administração, que podem precaver o ressurgimento de dor e reduzir a necessidade total de opioide
no dia. Para alguns pacientes, em particular quando se empregam medicamentos de absorção lenta, é
necessária a aplicação de doses de resgate com substâncias de absorção rápida para permitir o
adequado alívio da dor (LEMONICA, 2008).
Em geral, acredita-se que a dose ideal foi obtida quando o paciente apresenta uma diminuição da dor
30% (p. ex., 2 pontos em uma escala numérica de 11) sem efeitos colaterais sérios, ou razoáveis, ou
problemas na dose. No entanto, tudo isso se encaminha a oferecer apenas uma indicação geral e o
regime corrente deve ser adaptado para cada paciente. Se a eficácia não for obtida, o paciente deve
ser examinado novamente ou a rotação do opióide e a mudança da formulação deve ser considerada
(COLUZZI et al., 2016).

TABELA 1: Principais Medicamentos Opióides no tratamento da artrose.

MEDICAMENTOS INDICAÇÃO EFEITO ADVERSOS

MORFINA Alívio na dor moderada Dependência, discreta


ou severa. Analgésico queda da temperatura,
de alta potência. deprime a respiração,
vasodilatação cutânea,
náuseas e vômitos.
HIDROMORFONA Dor crônica tipo Constipação intestinal.
neuropática e somática,
com comprometimento
articular, miofascial.
MEPERIDINA Bloqueio álgico, através Náuseas, vômitos,
da técnica epidural. prurido, insuficiência
respiratória, constipação
intestinal e retenção
urinária.

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Os teoartrose Do Joelho

METADONA Excelente para as dores Depressão respiratória,


resistentes à morfina miose, efeito
sedativo/hipnótico e
antitússico, hipotensão
e diminuição da
frequência cardíaca.
PROPOXIFENO Diminui a algia. Náuseas e Vômitos.
Analgésico de efeito
leve.
BUPRENORFINA O seu efeito analgésico Depressão respiratória,
deve-se à sua atividade miose, efeito
agonista µ. É 25-50 sedativo/hipnótico e
vezes mais potente que antitússico, hipotensão
a morfina. e diminuição da
frequência cardíaca.
OXICODONA Usada no tratamento de Depressão respiratória,
dores crônicas e com a miose, efeito
vantagem adicional de sedativo/hipnótico e
uma absorção bifásica antitússico, hipotensão
pelo organismo. e diminuição da
frequência cardíaca.
TRAMADOL Simultaneamente reduz Gastrointestinais,
o sinal doloroso nomeadamente
aferente e amplifica o náuseas e vômitos, são
sinal eferente inibitório, relativamente
resultando em sinergia frequentes
no atingimento da principalmente no início
analgesia. do tratamento, mas
podem ser reduzidos
por um aumento gradual
da dose.
FONTE: Elaborado pelos autores, 2019.

TABELA 3: Prós e Contras do Medicamentos Opioides

Autor/Ano: Prós Contras


• Com o alívio da • Apneia
dor diminui riscos sendo a • Hiperplasia
KRAYCHETE ET AL base da conduta clínica. • Hipogonadismo
• Náuseas
(2014) • Sedação
• Constipação
• Distúrbio do sono
• Analgesia • Sedação
para dores • Depressão
SIQUEIRA ET AL moderadas, respiratória
intensas ou muito • Constipação
(2014) intensas. intestinal

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Os teoartrose Do Joelho

• Náuseas
• Sonolência

• Alívio de dor • Depressão
aguda decorrente respiratória
GARCIA ET AL de procedimentos • Hipotensão arterial
como: injeções, • Sedação excessiva
(2014) intubação etc. • Constipação
• Vômitos
• Náuseas
• Sudorese

FONTE: Elaborado pelos Autores, 2019.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que ainda que os desgastes físicos sejam abrangentes de parte articular, ligamentar e de
alterações ósseas, podemos focar no controlável, a busca pela ausência de dor. As formas
medicamentosas sendo bem utilizadas com relação a necessidade e intensidade de dor, podem gerar
grande porcentagem de sucesso em sua administração, alavancado a qualidade de vida do indivíduo
acometido.

13
129
Os teoartrose Do Joelho

5. REFERÊNCIAS

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15
131
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 7
10.37423/200802532

MÉTODOS NÃO-FARMACOLÓGICOS NO
CONTROLE DA DOR NO TRABALHO DE PARTO E
PARTO: UMA AÇÃO DO ENFERMEIRO

Viviane Lourenço de Souza Faculdade São Camilo

Luana de Oliveira Silva Faculdade São Camilo

Suelen Garcia Faculdade São Camilo

Marjorie Max Elago Scotti Faculdade São Camilo


Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

Resumo: O objetivo geral desse estudo se destaca em identificar os métodos não farmacológicos,
utilizados por enfermeiros obstétricos no alívio da dor, na primeira fase do trabalho de parto. Para
atingirmos o objetivo realizamos um estudo de revisão bibliográfica sistêmica integrativa,
implementado por meio de buscas nas bases de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Medical
Literatura on Line (MEDLINE) e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), além da utilização de
protocolos do Ministério da saúde, realizado no período entre outubro de 2016 e junho de 2017. Os
resultados mostram que os métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto,
são tecnologias de cuidado que envolvem conhecimento estruturado e que quando empregados da
forma correta aumentam a satisfação materna. Além disso, proporcionam alívio nos escores de dor
durante a primeira fase do trabalho de parto, são comprovados cientificamente e reforçam a ideia de
que a parturiente deve participar ativamente em suas escolhas e optar por tecnologias simples e
menos intervencionistas. Desta forma, conclui-se que, é por meio do acolhimento, vínculo, que o
reconhecimento e oferta de novas práticas não farmacológicas garantem um parto menos doloroso e
mais humanizado.
Palavras-chave: Dor do parto. Trabalho de Parto. Enfermagem Obstétrica.

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Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

INTRODUÇÃO

O parto é um evento que já passou por grandes transformações no decorrer de décadas. De acordo
com leituras realizadas, ficou revelado que a partir do século XX, o parto passou a ser realizado em
ambiente hospitalar. Em 1922, o enfermeiro começou a se apropriar de conhecimentos sobre o
processo de parturição sendo em 1988 o enfermeiro obstetra inserido na assistência ao parto na
tentativa de reduzir os índices de morte perinatal (SOUZA et al, 2015).

Em relação ao alívio da dor da parturiente, o uso de métodos não farmacológicos é proposto como
uma opção de substituir este modelo intervencionista durante o trabalho de parto (ALMEIDA et al,
2015). Assim sendo, Souza et al (2015) diz ser essencial que os cuidados não farmacológicos de alívio
da dor sejam utilizados, por serem mais seguros e acarretarem menos intervenções.

Devido aos problemas encontrados em maternidades, no decorrer da nossa permanência nos campos
de estágio, durante a graduação de Enfermagem, e a falta de atenção da equipe multidisciplinar sobre
as condutas que deveriam ser estimuladas durante o trabalho de parto para minimizar a dor relatada
pelas pacientes, iniciou-se a criação do trabalho de conclusão de curso, com base na seguinte questão:
“Como o enfermeiro pode proporcionar um parto mais humanizado, utilizando técnicas não
farmacológicas em benefício da parturiente?”.

Nosso objetivo geral se destaca em identificar os métodos não farmacológicos, utilizados por
enfermeiros obstetras no alívio da dor, na primeira fase do trabalho de parto. Os objetivos específicos
são descrever os métodos não farmacológicos no alívio da dor no trabalho de parto; apresentar as
práticas desenvolvidas quanto aos benefícios para a parturiente; apresentar evidências científicas
sobre a eficiência dos métodos não farmacológicos em relação a ser um atenuante na dor.

1. FISIOLOGIA DA DOR

No trabalho de parto, durante a fase de dilatação, predomina a dor visceral. Na fase do período
expulsivo, a dor tem característica somática pela distensão e tração das estruturas pélvicas ao redor
da cúpula vaginal e a distensão do assoalho pélvico e períneo (NILSEN; SABATINO; LOPES, 2011).

Cunha (2010) complementa que as dores ocorrem durante as metrossístoles e se devem à dilatação
do colo uterino e à tração do seu peritônio.

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Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

Schmid (2005) diz que a dor é como um guia durante o parto, protetora da mãe e do bebê. Sua função
fisiológica é proteger o corpo enviando sinais de alarme para avisá-lo dos agressores, para que possa
agir perante o perigo, de forma a proteger-se.

2. ATUALIZAÇÕES SOBRE O PARTO

As taxas de cesáreas no Brasil há muito ultrapassaram os limites toleráveis e continuam aumentando


a cada ano. Dados referidos por operadoras de planos de saúde mostram que, em 2015, foram
realizados 569.118 partos na rede credenciada, em todo o País. Desse total, 481.571 ocorreram por
cirurgias cesarianas, o que corresponde a 84,6% do total de nascimentos realizados na saúde
suplementar (BRASIL, 2016).

Em março de 2015, a rede BBC publicou uma reportagem atribuída à diretriz, onde a Organização das
Nações Unidas (ONU) estipulava como meta do milênio que o Brasil diminuísse em 75% o número de
mortes maternas até o fim de 2015. Apesar dos avanços na cobertura do pré-natal, o Brasil reduziu
este efeito em apenas 43%, tendo a 4º pior taxa de redução dessas ocorrências.

3. A PRÁTICA OBSTÉTRICA NA ATUALIDADE

O ambiente de nascimento tem sofrido modificações, tornando-se mais aconchegantes e permitindo


maior flexibilidade. Uma opção também surgida é a volta dos partos em domicílio, como opção de
assistência, ou em centros de nascimento. O predomínio do profissional médico na assistência vem
sendo questionado, com isso surge o fortalecimento das enfermeiras Obstétricas e Obstetrizes como
atores importantes no processo assistencial (BRASIL, 2016).

Por este motivo, o Governo Brasileiro instituiu a Rede Cegonha no âmbito do SUS, conforme a Portaria
nº 1.459, de Junho de 2011, com o objetivo de assegurar à mulher a atenção humanizada a gravidez,
ao parto e puerpério, o direito ao planejamento reprodutivo, e bem como a criança o direito ao
nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.

No componente Parto e Nascimento da Rede Cegonha, figura-se como ação a


adoção de práticas de atenção à saúde baseada em evidências científicas nos
termos e documento da OMS, de 1996: “Boas práticas de atenção ao parto e ao
nascimento”. Seguindo essas determinações, o Ministério da Saúde, através da
Secretaria de Atenção à Saúde solicitou a Coordenação Geral da Saúde da
Mulher (CGSM) e a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS
(CONITEC) a elaboração de uma Diretriz Clinica de Assistência ao Parto Normal
para utilização no SUS e Saúde Suplementar no Brasil (BRASIL, 2017, p. 8).

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Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

Para Nascimento et al (2010) o conceito de tecnologia apresenta-se em três tipos de classificações:


tecnologias leves, que implicam a criação de relação entre sujeitos (profissional de saúde e cliente), e
pode-se concretizar através da comunicação, do acolhimento e vinculo. As leve-duras, que são saberes
bem estruturados que atuam no processo de saúde (por exemplo, a clínica médica e a epidemiologia),
e as duras que são equipamentos tecnológicos (como as máquinas, normas, rotinas e estruturas
organizacionais).

4. ALÍVIO DA DOR NO PARTO

Gayeski e Bruggemann (2010) descrevem que os Métodos Não Farmacológicos (MNFs) para alívio da
dor, utilizados durante o trabalho de parto, são tecnologias de cuidado que envolvem conhecimentos
estruturados quanto ao desenvolvimento da prática de enfermagem em centro obstétrico.

Conforme referência de Gallo et al (2011), a principal vantagem na utilização de MNFs é o reforço da


autonomia da parturiente, proporcionando sua participação ativa e de seu acompanhante durante o
parto e nascimento, estando associados há mínimas contraindicações ou aos efeitos colaterais. Neste
contexto, as informações existentes em literaturas científicas demonstram que a fisioterapia aplicada
à saúde da mulher, especialmente na obstetrícia, utilizando os MNFs para alívio da dor no trabalho de
parto, como o suporte contínuo, mobilidade materna, deambulação, exercícios respiratórios,
massoterapia, bola suíça, banho de imersão e de chuveiro, Eletroestimulação Nervosa Transcutânea
(ENT), técnicas de relaxamento, dentre outros, promovem benefícios tanto para a instituição quanto
para a parturiente.

5. MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALIVIO DA DOR DURANTE TRABALHO DE PARTO E


PARTO

5.1 BANHO QUENTE

Segundo Barbierri et al (2013), o banho quente é uma estratégia não invasiva de estimulação cutânea
de calor superficial que, associado a intensidade e tempo de aplicação, produzem efeito local, regional
e geral, razão pela qual é considerado tratamento complementar e alternativo na prática obstétrica.
Realizado a uma temperatura média de 37º C, com a ducha sobre a região dolorosa, comumente
localizada na região lombar ou abdome inferior, e tendo duração mínima de 20 minutos, está
positivamente associado com o alivio da dor e ansiedade durante o trabalho de parto com redução

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Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

dos níveis dos hormônios neuroendócrinos, relacionados ao estresse, melhora os padrões das
contrações e consequente correção da distócia uterina.

Para Santana et al (2013), o banho de chuveiro é descrito como método que contribui para a
vasodilatação periférica, ocorrendo assim a redistribuição do fluxo sanguíneo, consequentemente, o
relaxamento muscular.

Santana et al (2013), afirmam que o banho de chuveiro com temperatura aquecida é contraindicado
para parturientes com hipotensão arterial, pois inicialmente a água quente promove vasodilatação
periférica e redistribuição, levando ao aumento da pressão.

Em estudo clínico experimental, realizado no ano de 2010 em um centro de parto normal intra-
hospitalar vinculado ao SUS no estado de São Paulo com 15 parturientes, Barbieri et al. concluíram que
a utilização do banho quente de aspersão é mais efetivo para redução da dor, quando comparado aos
outros métodos.

Um estudo apresentado por Santana et al (2013) realizado por meio de ensaio clinico controlado do
tipo intervenção com 34 parturientes. As mulheres receberam a terapêutica do banho de chuveiro
durante 30 minutos, o grau de dor foi avaliado, mostrando redução da dor nas pacientes em trabalho
de parto ativo, com dilatação cervical de 4 a 5 cm.

5.2 EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS

Para Silva et al (2013), as técnicas de respiração trouxeram outra forma de combater as dores do parto.
Através da ginástica respiratória há um reflexo condicionado entre contração/respiração, com isso a
respiração “cachorrinho” é implementada buscando hiperventilação durante as contrações e, com
isso, oxigenando o feto. No entanto o autor destaca que, são necessários cuidados no manejo dessa
técnica respiratória, como explicado abaixo.

Segundo Silva et al (2013), a maioria dos métodos de preparação para o parto recomenda que a mulher
inspire e expire profundamente no início de cada contração, antes de iniciar a série de respirações
superficiais utilizada durante a contração.

Bavaresco et al (2011, p.3263) sugerem que o relaxamento associado aos


exercícios respiratórios promove alívio do estresse da parturiente ao diminuir a
secreção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que atua no mecanismo do
estresse em resposta à dor, tanto na fase latente quanto na ativa.

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Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

Bôing, Sperandio e Moraes (2007) baseados em estudo randomizado com 40 primigestas,


apresentaram resultados na redução da intensidade dolorosa e aumento da saturação de oxigênio
durante e nos intervalos das contrações.

5.3 TÉCNICAS DE RELAXAMENTO

Souza et al (2015) explicam que os exercícios de relaxamento têm como objetivo permitir que as
parturientes reconheçam as partes do seu corpo, evidenciando as diferenças entre relaxamento e
contração, melhorando o tônus muscular e, desta forma, favorecendo a evolução do trabalho de parto.
Em conformidade com o autor supracitado, um estudo de revisão apresentado por Gallo et al (2011)
concluíram, que o relaxamento reduz o número de cesarianas e de partos vaginais assistidos, além de
promover alívio da dor e redução da ansiedade.

Uma das técnicas mais utilizadas é o relaxamento muscular progressivo, no qual


a parturiente realiza a contração de grupos musculares seguida de relaxamento,
priorizando os intervalos das contrações uterinas. Existem outras formas de
relaxamento como as massagens, a respiração com movimentos de inspiração
e expiração suave, acompanhada por relaxamento do corpo, imersão em
banheira ou duchas aquecidas e até mesmo estar acompanhada por pessoas
colaborativas escolhidas pela parturiente para compartilhar esse momento
(GALLO et al, 2011, p.46).
Souza et al (2015) dissertam, em artigo de revisão, que as técnicas de relaxamento, quando
combinadas, se mostram eficazes no alívio da dor, pois a redução da ansiedade interfere na secreção
de ACTH, garantindo efetividade no alívio da dor.

5.4 BANHO DE IMERSÃO

Geralmente, a imersão da parturiente é realizada em uma banheira de fibra ou acrílico, na instituição


ou de laminado de PVC inflável e portátil, protegida por material descartável. A água deve estar
aquecida em torno de 37 a 38ºC, sendo importante que a imersão seja realizada quando estiver
definida a fase ativa do trabalho de parto e com dilatação cervical mais avançada em torno de 6 cm,
para não interferir na intensidade das contrações e duração desta fase ( GALLO ET AL, 2011).

A ação potencial do banho de imersão é reverter os efeitos negativos como a


ansiedade e dor no trabalho de parto, promovendo resposta de relaxamento e
deprimindo o sistema nervoso simpático, ocorrendo como consequência
decréscimos dos níveis de catecolaminas, o que favorece a atenção obstétrica e
possibilita a reflexão crítica sobre o modelo intervencionista (BARBIERI, et al,
2013, p.482).

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Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

Silva e Oliveira (2006) concluíram em estudo feito em Centro de Parto Normal do Amparo Maternal
em São Paulo, assistindo em média 1.100 partos mensais, considerando o ano de 2002, que o banho
de imersão é uma opção viável para o conforto da parturiente, sem interferir na progressão do trabalho
de parto.

Jonnes et al (2012) complementam que, quanto a intensidade da dor, constatou-se ser uma
experiência moderada a grave, suas evidências sugeriram que a imersão em água e juntamente com o
relaxamento pode melhorar o tratamento da dor no trabalho de parto, com poucos efeitos adversos.

5.5 POSIÇÕES DURANTE O TRABALHO DE PARTO

O Manual de Assistência ao Parto e Nascimento (BRASIL, 2015, p.24) indica que


o trabalho de parto é mais fisiológico quando se permite que a mulher adote
livremente a posição vertical, porque, o ângulo entre o eixo fetal e o estreito
superior favorece o encaixamento fetal na pelve, as contrações são mais
intensas e eficientes, a mulher se sente mais confortável e assim sente menos
dor e por consequência o trabalho de parto encurta.
Gallo et al (2011) referem que a mudança de postura materna durante o trabalho de parto tem se
mostrado eficiente para aumentar a velocidade da dilatação cervical, promover o alívio da dor durante
as contrações e facilitar a descida fetal. As parturientes são incentivadas a adotarem posturas
alternadas, variando de sentada no leito, cadeira, banqueta, decúbito lateral, ajoelhada, agachada,
quatro apoios, em pé com inclinação de tronco, dentre outras, sempre de acordo com as habilidades
motoras de cada parturiente.

A mulher deve ser encorajada a adotar a posição vertical, mas ela deve ter liberdade de escolher a
posição que quer ficar durante o trabalho de parto. Caso escolha a posição horizontal, deve ser
estimulado o decúbito lateral esquerdo para prevenir hipotensão materna, que aumenta o risco de
hipóxia fetal (síndrome supino-hipotensiva) (BRASIL, 2015).

Bio, Bittar e Zugaib (2006), publicaram após realizar ensaio controlado prospectivo, onde foram
inclusas primigestas (IG entre 37 e 42), com feto único em apresentação cefálica e dilatação maior que
4cm, que orientar a postura e a mobilidade adequada da parturiente, influência de forma positiva a
fase ativa do trabalho de parto, aumenta a tolerância da parturiente a dor, evitando o uso de fármacos
durante o trabalho de parto.

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Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

5.6 UTILIZAÇÃO DA BOLA SUÍÇA OU BOLA DE NASCIMENTO (BOBBAT)

A bola de nascimento é um método que deve ser utilizado, com o objetivo de facilitar a postura
vertical pela parturiente de forma confortável. Para muitos a bola é um instrumento lúdico que distrai
a parturiente, tornando o trabalho de parto mais tranquilo. Sua utilização sem orientação e supervisão
de um profissional de saúde pode provocar queda e não deve ser recomendada. (GALLO et al, 2011).

Segundo Protocolo de Assistência ao Parto, para alívio da dor durante o


trabalho de parto a gestante pode sentar na bola em uma posição de cócoras
ou apoiada, com contrapressão mínima sobre o períneo (como se senta em um
vaso sanitário). A pessoa que a apoia é colocada em uma cadeira, atrás ou de
frente para a mulher, enquanto ela fica livre para rolar para frente e para trás
ou balançar gentilmente. Isto ajuda a parturiente, pois promove um movimento
rítmico, distração, relaxamento e pode melhorar as dimensões da pelve
(aumentando os diâmetros), desta forma favorecendo o progresso do parto e
da descida fetal (BRASIL, 2015, p. 28).
Para Silva et al (2011, apud OLIVEIRA, 2014) inúmeros são os benefícios trazidos pelo uso da bola no
trabalho de parto, entre eles a correção da postura, o relaxamento e alongamento e o fortalecimento
da musculatura. Além disso, o exercício na bola com a paciente sentada trabalha a musculatura do
assoalho pélvico, principalmente os músculos levantadores do ânus e pubcoccígeo além da fáscia da
pele, o que causa ampliação da pelve auxiliando na descida da apresentação fetal no canal de parto,
além de trazer benefícios psicológicos e ter baixo custo financeiro.

5.7 MASSAGEM CORPORAL

Para Gallo et al (2011) a massagem é um método de estimulação sensorial, caracterizado pelo toque
sistêmico e pela manipulação dos tecidos. No trabalho de parto, a massagem tem o potencial de
promover alívio da dor, além de proporcionar contato físico com a parturiente, melhorando o fluxo
sanguíneo e a oxigenação dos tecidos.
Para Kimber et al (2008), as técnicas podem variar de deslizamento superficial e profundo,
amassamento, pinçamento, fricção ou pressão em pequenos círculos, desde que realizada de forma
direcional, razoavelmente firme e rítmica. Pode ser aplicada no abdome, cabeça, sacro, ombros, pés,
membros e dorso, ou seja, nos locais onde a parturiente relatar desconforto.

Segundo a Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal, se uma mulher


escolher técnicas de massagem durante o trabalho de parto que tenham sido
ensinadas aos seus acompanhantes, ela deve ser apoiada em sua escolha
(BRASIL, 2017, p 17).
Osório et al (2014), publicaram em artigo de revisão sistemática, ao avaliar sete estudos referentes aos
métodos não farmacológicos, publicados entre os anos de 2007 a 2012 que, dentre eles o que se

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mostrou mais eficaz foi a massagem, principalmente quando aplicada na primeira fase do trabalho de
parto.

Quatro estudos avaliaram a eficácia da massagem corporal, sendo um de Revisão Sistemática


elaborado por Gayeski e Bruggemann (2010) e três Ensaios Clínicos Randomizados Controlados (ECRC),
realizados simultaneamente por Smith et al (2006), Taghinejad, Delpisheh e Suhrabi (2010) e Jones
(2012), ambos relacionados à intensidade da dor.

Com o objetivo de propor um protocolo para a utilização dos métodos não farmacológicos para alívio
da dor e auxilio na condução do trabalho de parto, Gallo et al (2011) evidenciou em seu artigo de
revisão que, juntamente com Chang, Chen e Huang (2006), os benefícios da massagem foram
evidenciados através de estudo randomizado com 60 primíparas em trabalho de parto. Foram
indicados que a massagem pode reduzir efetivamente a intensidade da dor nas duas primeiras fases
da dilatação, porém não houve diferenças significativas entre os grupos, ao considerar a terceira fase.

6. O ENFERMEIRO NO TRABALHO DE PARTO

Com o surgimento da obstetrícia como ciência, o parto normal deixou de ser um evento privativo
pertencente à esfera familiar e ao acervo de conhecimento das mulheres, para ser um evento
institucionalizado, amparado por inovações tecnológicas (ALMEIDA; MEDEIROS; SOUZA, 2012).

Progianti (2004) relata que em meados dos anos 90, muitas enfermeiras obstétricas incorporaram em
seu fazer, práticas obstétricas recomendadas pela OMS e consideradas pelo Ministério da Saúde como
apropriadas. Deste modo, estas especialistas da enfermagem tiveram fundamental importância para
reconfiguração do campo obstétrico com a perspectiva da humanização do parto. A partir do discurso
apresentado evidencia-se que as enfermeiras obstétricas são consideradas, pela OMS, as profissionais
mais apropriadas ao acompanhamento das gestações e partos normais por possuírem características
menos intervencionistas em seu cuidado (VARGENS; SILVA; PROGIANTI, 2017).

Visando respaldo legal da profissão, primeiramente foi implementada a Lei nº 7.498/86,


regulamentada pelo Decreto 94.406/87, que dispõe sobre a enfermagem e dá outras providências
(VELHO; OLIVEIRA; SANTOS, 2010). Em 2015, foi implementada a Resolução COFEN nº 0477/2015, que
dispõe sobre a atuação de Enfermeiros na assistência às gestantes, parturientes e puérperas e, a
Resolução COFEN nº 0478/2015, que normatiza a atuação e a responsabilidade civil do Enfermeiro
obstetra e obstetriz nos Centros de Parto Normal e/ou Casas de Parto e dá outras providências (BRASIL,
2015).

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Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

O enfermeiro, principalmente o especialista em obstetrícia, ocupa lugar de extrema importância na


assistência, sendo capaz de direcionar e sensibilizar a equipe multiprofissional para o cuidar
humanizado como forma de mudar o atual cenário da obstetrícia (MOTTA et al, 2016).

7.ANÁLISE DE DADOS

Os resultados observados durante o estudo informam que o conceito de humanização se faz presente
diante do direito da mulher, colocando-a em evidência e com o poder de decidir, de modo menos
intervencionista, a melhor opção durante o parto e o nascimento, assegurando formas mais saudáveis
e menos traumatizantes em se gerar a vida.

Para que o modelo de humanização se idealize à nossa realidade, há necessidade, cada vez maior, em
capacitar os profissionais envolvidos, pois os métodos não farmacológicos e recursos naturais
relacionados a posicionamento, exercícios, conforto, ambiente e presença do acompanhante, devem
ser apresentados, com direito de escolha da parturiente.

Mesmo com a comprovação de redução dos números de mortalidade materna, o Brasil ainda atinge
altas taxas, principalmente no que tange em relação ao número de cesárias, visto que a OMS visa
reduzir este contingente, tornando-a possível apenas nos casos necessários. Em nosso país ainda há o
déficit de investimento no parto normal, pois os números divulgados pela ANS referenciam 86% de
taxas de cesarianas onde deveriam existir apenas 15% como referência ideal. Há um esforço
relacionado a esta questão, visto que a ONU estipulou como meta do milênio, diminuir em 75% o
número de mortes maternas até o fim de 2015, no Brasil. De acordo com a pesquisa realizada, essa
meta não foi cumprida até hoje.

A partir desses dados se fez a criação da Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal, de 2016 e
revisada em 2017, visando fundamentar, através de evidências cientificas que sejam utilizadas práticas
menos intervencionistas que prejudiquem a mulher, ou que não requeiram necessidade, e que o foco
do profissional médico não seja predominante, abrindo espaço para o profissional de enfermagem no
cargo de obstetriz.

Apesar de o conceito de humanização não estar relacionado a proporcionar um parto sem dor, por que
não reduzir esse desconforto?

Para isso nossa pesquisa foi focada nos métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o
trabalho de parto, comprovados cientificamente e reforçando a ideia de que a parturiente deve

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Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

participar ativamente em suas escolhas e optar por tecnologias simples e menos intervencionistas,
sem colocar em risco sua saúde e a do recém-nascido.

Os MNFs são citados por evidências atuais disponíveis em bibliotecas nacionais e internacionais. Em
sua grande maioria evidenciada por estudos que comprovam seus desempenhos e benefícios
relacionados à atenuação da dor durante o processo de parir.

O banho de aspersão é referência descrita em várias publicações, onde seus resultados, em grande
totalidade, contribuem positivamente, além disso, é uma forma simples de ser utilizado e aplicado,
segundo referências, na grande maioria das maternidades brasileiras, assegurando seu uso como
método não farmacológico para o alívio da dor no parto.

Exercícios respiratórios contribuem como forma de amenizar a dor, porém os estudos que o esclarecem
são fundamentados em artigos de 2005 e 2007 necessitando de complementações, pois o estudo
apresentado por Freitas (2011) notabilizou que, se praticado de forma incorreta pode acarretar danos
para gestante e principalmente ao recém-nascido.

Técnicas de relaxamento estão popularmente inseridas nos MNF. Abrangem desde a adoção de
posturas confortáveis a ambientes tranquilos, os quais permitem música ambiente, iluminação
adequada e pensamentos adequados que tenham intuito de desmitificar o trauma do trabalho de
parto. Quando combinadas, as técnicas se mostram eficazes no que tange a ansiedade, porém
evidências ainda não são comprovadas em partos cirúrgicos.

O banho de imersão é incentivado pela Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal (BRASIL,
2017), esse método proporciona relaxamento e por consequência redução dos scores de dor. Não há
grande variedade em evidências cientificas e a realidade das maternidades não condiz com a aplicação
desse método, havendo necessidade de mudança na estrutura física da maioria para que as
parturientes possam dispor desse benefício.

As posições durante o trabalho de parto e parto eram escolhidas desde muito tempo, hoje apenas
algumas maternidades transmitem conhecimento à parturiente, informando sobre as posições e seus
efeitos. Além de diminuir a dor, determinadas posições têm influência positiva na decida fetal e, por
consequência, reduzem o tempo do trabalho de parto. Novos estudos são necessários, pois não há
variedade em material disponível no momento.

A bola suíça está inserida como conduta recomendada pela OMS, além de ser auxiliadora no alívio da
dor durante o trabalho de parto, acelera a progressão neste momento e é bem aceita pela grande

11
143
Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

maioria das parturientes. Publicações científicas a respeito do assunto estão em evidência e


apresentam variedades. Quando em uso concomitante ao banho de aspersão, tem seu potencial de
alivio da dor exaltado de forma relevante.

A massagem corporal, quando ensinada, deve ser aplicada pelos acompanhantes de escolha da
parturiente, segundo recomendação da Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal (2017).
Dentre os métodos citados é o estudo que mais se destaca quanto a sua eficácia, potencializando
relaxamento da parturiente e seu efeito sendo mais efetivo na primeira fase do trabalho de parto.

Ainda há resistência de outros profissionais e gestantes, pela participação da enfermeira obstetra no


momento do parto, porém com a devida explicação e embasamento científico ela conseguiu galgar um
caminho amplo e com autonomia para realizar seu trabalho. Com isso, foram consideradas, pela OMS,
as profissionais mais apropriadas para o momento das gestações e partos normais, por possuírem
características menos intervencionistas em seus cuidados.

Desta forma, conclui-se que, é por meio do acolhimento, vínculo, orientações realizadas e satisfação
profissional, que o reconhecimento e oferta de novas práticas não farmacológicas garantem um parto
com o mínimo de dor e mais humanizado para as mães e seus bebês.

8. CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como a humanização deve ser
seguida no âmbito hospitalar, além de apresentar, através de artigos científicos, o benefício dos
métodos não-farmacológicos para o alivio da dor durante o trabalho de parto e parto, trazendo
melhoria às parturientes, quando realizado corretamente.

De forma geral, os métodos não farmacológicos são variados, porém cada um com sua peculiaridade.
Eles estão positivamente associados com o alívio da dor e ansiedade, reduzindo os níveis hormonais e
de estresse. Em contrapartida, cabe ao Enfermeiro Obstetra avaliar a situação, pois alguns dos métodos
possuem contraindicações pertinentes à evolução do trabalho de parto. De acordo com o presente
estudo, observou-se que o banho quente de aspersão é o mais efetivo, entre os métodos, para reduzir
a dor sem interferir na progressão do trabalho de parto.

Dentro desta ótica, todos os objetivos do presente estudo foram alcançados. É importante salientar
que o Enfermeiro Obstetra foi descrito como peça-chave no momento do trabalho de parto, visto que,
mesmo sem materiais próprios para realizar os procedimentos, há vários meios de dar auxílio à mulher
neste momento, como por exemplo, exercícios respiratórios e escolha de posições durante o parto que

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144
Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

auxiliem na velocidade da dilatação cervical, além de promover o alivio da dor e estresse,


característicos do momento. Os métodos não farmacológicos são tecnologias de cuidado que
envolvem conhecimento estruturado e que quando empregados da forma correta aumentam a
satisfação materna e melhoram os resultados obstétricos, pois as parturientes se tornam mais
colaborativas e passam a apreciar o momento tendo sensação de controle do seu corpo durante o
trabalho de parto.

13
145
Métodos Não-Farmacológicos No Controle Da Dor No Trabalho De Parto E Parto: Uma Ação Do Enfermeiro

9. REFERÊNCIAS

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148
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 8
10.37423/200802538

COACHING E PSICOTERAPIA: UMA ANÁLISE


SOBRE AS HABILIDADES NECESSÁRIAS A
ESSAS PRÁTICAS NA REALIDADE BRASILEIRA

Regienne Maria Paiva Abreu Oliveira Peixoto Centro Universitário UNDB

Luane Macedo Souza Pereira Centro Universitário UNDB


Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

Resumo: Desde o fim dos anos 90, o mundo do trabalho vem sendo marcado por paradigmas que têm
se estendido também à vida pessoal dos sujeitos, fazendo emergir serviços sob a promessa de que
resolverão as questões humanas através de metas e que, com isso, as pessoas atingirão a felicidade e
o sucesso desejado. Um exemplo disso são as práticas de Coaching, das quais alguns representantes
chegaram a declarar que as psicoterapias realizadas por psicólogos seriam superadas, dada a agilidade
do profissional coach. Sendo assim, com este artigo de pesquisa bibliográfica, objetiva-se investigar o
que faz de um profissional um coach e o que faz de um profissional um psicoterapeuta. Apresenta-se,
na fundamentação, os postulados para a formação teórica e atuação do(a) Coach e da(o) Psicóloga(o)
Clínica(o) no Brasil. Em seguida, discute-se as diferentes competências e habilidades que se ressaltam
para cada serviço. Por fim, conclui-se que os serviços não são o mesmo porque, além de terem etapas
e fins diferentes, os profissionais que têm licença para exercê-los possuem diferentes competências e
habilidades, desenvolvidas desde o processo de formação.

Palavras-chave: Psicoterapia. Psicologia Clínica. Coaching. Competências. Formação.

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Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

1. INTRODUÇÃO

Desde o fim dos anos 90, o mundo do trabalho vem sendo marcado pelos paradigmas tayloristas, que
convocam os trabalhadores a apresentarem cada vez mais uma performance polivalente, proativa e
resolutiva. Tais paradigmas têm se estendido também à vida pessoal dos sujeitos fazendo emergir
serviços que visem ampliar o desempenho das pessoas, sob a promessa de que resolverão suas
questões, atingirão metas e alcançarão a felicidade e o sucesso, um exemplo disso são as práticas de
Coaching.
Nos dias de hoje, o Coaching já está bastante conhecido em várias partes do mundo, ora visto como
uma solução rápida para os problemas, ora visto como charlatanismo. Representantes dessa classe
chegaram por vezes a declarar que as psicoterapias realizadas por psicólogos seriam superadas, dada
a agilidade do profissional coach, ou até que estes seriam serviços complementares.
Embora o serviço de psicoterapia não seja uma prática exclusiva do psicólogo clínico, neste artigo,
objetiva-se evidenciar as diferenças sobretudo entre os processos de formação e atuação profissional
do/a coach e da(o) psicóloga(o) psicoterapeuta. Como se dá o processo de formação desses
profissionais? Eles prestam o mesmo serviço, como dizem alguns? Quais são as competências e
habilidades necessárias para cada atuação?
A metodologia adotada dedica-se à pesquisa e revisão bibliográfica em artigos, revistas, sites,
legislações, resoluções etc. Na fundamentação teórica, primeiro busca-se referenciais do Coaching,
acerca do processo de formação profissional bem como as habilidades e competências que são
requeridas para sua atuação. O mesmo caminho é realizado em seguida, no que tange ao profissional
da psicologia, sob enfoque da psicologia clínica que habilita a(o) psicóloga(o) para o exercício da
psicoterapia.
Na discussão do tema, procura-se relacionar esses postulados para a formação teórica e atuação do(a)
Coach e da(o) Psicóloga(o) Clínica(o), evidenciando as diferenças que se dão entre as práticas de tais
serviços. Estende-se ainda a discussão para uma delimitação de quais seriam os objetivos, afinal, de
cada um, isto é, aonde cada profissional pretende chegar com cada serviço.
Por fim, conclui-se que os serviços não são o mesmo porque, além de terem etapas e fins diferentes,
os profissionais que têm licença para exercer esses serviços possuem diferentes competências e
habilidades desenvolvidas desde o processo de formação. Além disso, nota-se que a área de Coaching,
embora se valha de alguns referenciais da psicologia, em grande parte das vezes, não são trabalhados
com profundidade.

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Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 COMO SE CONSTITUI UM/A PROFISSIONAL COACH?

Os primeiros registros sobre o uso do termo coach são da Grécia antiga, que se referia ao mentor,
quem cuidava do desenvolvimento físico, social, intelectual e espiritual dos jovens (MENDONÇA,
2009). A partir dos anos 70, o termo passou a ser cunhado pelo mundo dos negócios, objetivando
melhorar o desempenho de trabalhadores nas empresas (Vergara apud MENDONÇA, 2009). Na década
seguinte, o Coaching surge nos Estados Unidos como uma atividade profissional, e já nos anos 90 passa
a ser visto como uma das opções mais promissoras para o desenvolvimento humano nas organizações
(MENDONÇA, 2009; BATISTA e CANSADO, 2017).
O processo de Coaching acontece através do diálogo entre o profissional coach e o coachee, que é o
cliente. Esse processo, de acordo com Brock (2008 apud BATISTA e CANÇADO, 2017, p. 26), pode ser
considerado multidisciplinar pois é “baseado em conhecimentos oriundos de diferentes disciplinas das
ciências sociais, tais como da psicologia, sociologia, linguística e antropologia”. Mendonça (2009)
chama atenção de que o coach visa mostrar toda a “estrutura” do erro do qual o coachee se queixa,
fazendo com que entenda o motivo de agir daquela forma e formas de superar suas fraquezas.
A formação do coach é aberta, isso significa que qualquer pessoa, oriunda de qualquer outra área, com
ou sem ensino superior, pode obter uma certificação em Coaching. No entanto, segundo a pesquisa de
Batista e Cançado (2017, p. 29) com 134 profissionais coaches de todas as regiões do Brasil, percebeu-
se que esses profissionais são majoritariamente “provenientes do curso de graduação em
Administração e têm preferência pela pós-graduação também em cursos de Administração”.
No Brasil, essa profissão não é regulamentada e, portanto, não há apenas uma instituição responsável
pela formação. O que há são algumas instituições que oferecem certificações e são credenciadas
internacionalmente, como a Confederação Internacional de Coaching (CIF), Federação Brasileira de
Coaching (FBC) e o Instituto Brasileiro de Coaching (IBC). Dessas, apenas o IBC é certificado e fiscalizado
pelo MEC , e isso pode dar mais credibilidade aos profissionais vinculados a essa instituição, em
detrimento aos coaches advindos das demais instituições formadoras.
As especializações ativas no site do e-MEC pelo IBC são: MBA Coaching, Treinamento e
Desenvolvimento Humano; MBA Executivo em Gestão de Pessoas & Coaching; e MBA Executivo em
Gestão Empresarial & Coaching. Também oferecem pós-graduação em: Coaching, Linguagem
Ericksoniana e Constelação Sistêmica Integrativa; Coaching, Transformação Pessoal e Desenvolvimento

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Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

Humano; e Psicologia Positiva & Coaching. Todas elas registradas como da área de “Negócios,
administração e direito” , ponto que será melhor discutido mais à frente.
De acordo com Krausz (apud KARAWEJCZYK e CARDOSO, 2012, p. 48-49), a atuação do coach se dá em
duas grandes áreas: uma, mais relativa a questões pessoais, como o “Coaching pessoal, espiritual, de
carreira, fnanceiro, de grupos definidos (casais, homens, mulheres, idosos), entre outros”; e outra mais
relativa às atividades profissionais, como “o Coaching executivo e o empresarial, que normalmente são
patrocinados pela empresa que se propõe a investir em uma ou mais pessoas para obter maiores
resultados no ambiente organizacional”. Para Mendonça (2009), a escolha por qual especialidade do
serviço buscar dependerá do objetivo do cliente e da disponibilidade de tempo e de recursos
financeiros.
De acordo com Brock (2008 apud Vieira, 2013, p. 18) as bases teóricas do Coaching são diversas, ao
que se ressalta: “consultoria; gestão; ensino, aprendizagem e desenvolvimento; mentoring;
aconselhamento; neurociências; psicologia clínica, organizacional, educacional, de desenvolvimento e
aplicada ao desporto e às artes performativas”.
Vieira (2013) elucida uma lista extensa com as diferentes abordagens em Coaching. Para fins da
discussão deste artigo, foram ressaltadas (conforme a Tabela 1) algumas das que chamam atenção pela
similaridade que têm, ao menos descritivamente, com as fundamentações teóricas de abordagens em
psicologia.

Tabela 1: Diferentes abordagens de Coaching


Abordagem baseada no (...) o objetivo é o futuro porque pretende gerar mudança adaptada
comportamento ao contexto da vida real, mas também foca o seu interesse no
desenvolvimento pessoal, ao valorizar a necessidade de
aprendizagem do cliente.
Abordagem psicodinâmica (...) o coach desbruça-se sobre o funcionamento da mente humana,
assim o uso desta abordagem é útil, pois, enfatiza o inconsciente,
bem como as formas de relacionamento com o próprio e os outros
(Graham, 2010).

Coaching cognitivo- (...) agrupa a cognição com o comportamento. Neste sentido, os


comportamental principais objetivos da abordagem prendem-se com o auxílio dado
ao cliente na realização de objetivos realistas; facilitar a
autoconsciência subjacentes nas barreiras cognitivas e emocionais
para alcançar a meta (Williams, Edgerton, & Palmer, 2010).

Abordagem centrada na tem como objetivo facilitar a autodeterminação e o funcionamento


pessoa do cliente, em detrimento de adotar uma prática que pretenda a
“cura” da pessoa (Joseph, 2010).

Abordagem de Gestalt (...) baseado na consciencialização como ponto de partida para a


aprendizagem e mudança. A contribuição de Gestalt para os coaches
que utilizam o modelo GROW é sensibilizar, antes de tratar as
opções(...) (Bluckert, 2010).

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153
Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

Coaching existencial (...) espera-se que o coach ajude os clientes a focar as suas
preocupações na sua visão de mundo - o que querem dizer, crenças,
valores, atitudes, suposições. Além disso, o Coaching existencial
propõe que as preocupações dos clientes não sejam vistas como
obstáculos para a manutenção da visão de mundo atual, mas sim
como expressões consequentes do mesmo (Spinelli, 2010) (...)

Abordagem da psicologia (...) é uma abordagem cientificamente enraízada para ajudar os


positiva clientes a aumentar o bem-estar, melhorar e aplicar os pontos fortes,
melhorar o desempenho e alcançar objetivos valorizados (Kauffman,
Boniwell, & Silberman, 2010) (...)

FONTE: Vieira (2013, p. 19-23)

Quanto às competências que se ressaltam a esses profissionais, segundo os resultados da pesquisa de


Batista e Cançado (2017, p. 32), as habilidades mais associadas pelos coaches entrevistados foram
“manter a confidencialidade de informações e dados da atividade de Coaching para garantir um
trabalho ético”, seguidas de “exercitar a escuta ativa para identificar as necessidades do cliente”,
“comunicar-se com o cliente de forma clara e objetiva” e “criar empatia com o cliente para estabelecer
aliança profissional”.
Acrescenta-se que, para a CIF (Mendonça, 2009, p. 21), o “bom coach” é aquele que formula
perguntas, através de uma escuta ativa, “que evoca descoberta, inspiração, compromisso ou ação”.
Segundo a CIF, são as perguntas abertas que “possibilitam melhor clareza, novas alternativas ou novo
aprendizado” e também do tipo “que conduzem o cliente para aquilo que ele deseja, não perguntas
que fazem o cliente justificar-se ou olhar para trás”.

2.2 COMO SE CONSTITUI UM (A) PROFISSIONAL PSICÓLOGA (O) PSICOTERAPEUTA?

A profissão de psicóloga (o) existe oficialmente no Brasil desde 1962, quando foi regulamentada pela
Lei Nº 4.119. De lá para cá, os modos de atuação em psicologia vêm se diversificado cada vez mais e,
para tentar acompanhar essa evolução, a formação em psicologia tem oferecido currículos mais
generalistas e plurais. Sendo assim, para entender como se constitui um(a) psicólogo(a)
psicoterapeuta, será preciso primeiro compreender como se dá a sua trajetória desde a graduação até
aos aprimoramentos técnicos, éticos e metodológicos que enfrenta para estar apto à clínica.
A graduação em psicologia é caracterizada pelo tripé que envolve: (1) a formação básica, pautada em
perspectivas epistemológicas, históricas e metodológicas; (2) a pesquisa, que diz do exercício intensivo
na produção de um projeto de trabalho, construção de ideias, investigações empíricas e teóricas,
reflexão e síntese; (3) e as práticas em Psicologia, realizadas sumariamente através dos estágios (CRUZ
e SCHULTZ, 2009).

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Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), além do núcleo comum, faz-se necessário
que as instituições de ensino de psicologia ofereçam também as ênfases curriculares no projeto do
curso. Dentre as possibilidades de ênfases, consta a de “Psicologia e processos clínicos”, que deverá
desenvolver competências para uma prática ética que se valha de “processos psicodiagnósticos, de
aconselhamento, psicoterapia e outras estratégias clínicas (...) em distintos contextos” (CNE, 2011, p.3-
5).
Dolz e Ollagnier (2004 apud CRUZ e SCHULTZ, 2009, p. 119) sustentam que a apropriação do
conhecimento teórico não é suficiente para que a prática seja eficaz, posto que “no cotidiano de
trabalho, valoriza-se o conhecimento obtido por meio da experiência, ou seja, por meio da prática do
trabalho”. Nesse sentido, para que a teoria seja validada pela prática, é relevante que um aspirante a
psicoterapeuta tenha a chance de realizar estágios curriculares supervisionados específicos em clínica,
de preferência obrigatórios.
Na concepção de Rodrigues (2000 apud FREITAS e NORONHA, 2007, p. 160), o estágio “favorece o elo
entre a teoria e a prática, permitindo ao aluno vivenciar as diversas áreas de atuação da psicologia e
adquirir flexibilidade perceptiva e comportamental”, fazendo com que haja ganho de habilidades
pertinentes ao exercício terapêutico, mesmo não se tratando de estágios específicos em clínica.
Quanto às habilidades sociais mais relevantes para a construção da aliança terapêutica, Sartori, Del
Prette e Del Prette (2017) destacam em sua investigação bibliográfica os conjuntos de habilidades
associados a comunicação, empatia, assertividade, direito e cidade, e de expressão de sentimento
positivo. Aqui, vale ressaltar o que Moura (1999, apud FREITAS e NORONHA, 2007) pontuou acerca do
ensino dessas habilidades clínicas, que o apropriado seria não o deixar somente para o estágio
supervisionado, mas antes, procurar trabalhá-lo ao longo da formação.
Como estratégia de desenvolvimento dessas habilidades terapêuticas, Barletta e outras (2011)
primaram por um formato de supervisão com estagiários da Terapia Cognitivo-Comportamental
conforme estrutura da sessão terapêutica. Segundo as autoras, essa prática “permite ao terapeuta
experienciar as técnicas a partir de uma perspectiva semelhante à do cliente e refletir, de forma
profunda, a prática clínica” (BARLETTA et al., 2011 p. 24).
Vale lembrar um aspecto importante constatado por Borges (2006, p. 60) em sua pesquisa com alunos
dos últimos anos de formação e profissionais recém-formados, de que a identificação com uma
abordagem teórica é crucial para uma prática clínica satisfatória desde a graduação, pois, de acordo
com os resultados da pesquisa, “os alunos que não se definiram pela abordagem teórica, mas que
mesmo assim estão fazendo atendimentos clínicos, obtiveram escores relativamente baixos”.

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Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

Para Lima e Viana (2009, p.44), a autenticidade do processo de escolha do graduando em psicologia,
tanto pela área clínica quanto pela abordagem teórica, está diretamente relacionada à variedade dos
currículos e no corpo docente das graduações em psicologia, posto que deveriam principalmente
“evitar a monotonia e o empobrecimento da centralização em uma só abordagem (...) e maior leque
de possibilidades de intervenção psicológicas e/ou psicossociais para além das psicoterapias”, sem o
que não há escolha.
Além disso, outro fator que se ressalta desde a formação em psicologia, é a importância de fazer
psicoterapia pessoal. De acordo com Calligaris (2020, n.p) “uma peça-chave da formação de um
psicoterapeuta é o tratamento ao qual ele mesmo se submete”. Esse aspecto será discutido mais à
frente, mas adianta-se que, tal como qualquer sujeito, o terapeuta possui também questões e estas,
se não tratadas, poderão atrapalhar o atendimento ao cliente.
Voltando aos pressupostos das DCNs, uma vez formada em Psicologia, a pessoa deve ter uma base
consistente de conhecimentos psicológicos, sendo capaz de aplicá-las em diferentes contextos graças
às competências profissionais adquiridas durante a graduação. Dessas competências, as que mais se
destacam para a psicoterapia são descritas na Tabela a seguir:

Tabela 2: Competências do formado em Psicologia


Analisar o campo de atuação profissional e seus desafios contemporâneos;
(...) identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, diagnosticar, elaborar projetos,
planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo;
(...) escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de dados em Psicologia, tendo em
vista a sua pertinência; avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, comportamental e afetiva,
em diferentes contextos;
(...) atuar inter e multiprofissionalmente, sempre que a compreensão dos processos e fenômenos
envolvidos assim o recomendar;
relacionar-se com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais
requeridos na sua atuação profissional;
atuar, profissionalmente, em diferentes níveis de ação, de caráter preventivo ou terapêutico,
considerando as características das situações e dos problemas específicos com os quais se depara;
realizar orientação, aconselhamento psicológico e psicoterapia;
elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras comunicações profissionais (...);
saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional, assim como gerar
conhecimento a partir da prática profissional
FONTE: CNE (2011, p.3).

Tendo se graduado e se registrado no Conselho Regional de Psicologia, a(o) psicóloga(o) poderá


prosseguir com a especialização numa psicologia clínica condizente à sua escolha de referencial

7
156
Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

teórico. Importante ressaltar que o título de especialista não é requisito para a atuação em clínica, mas
uma prática desejável a partir da perspectiva da educação continuada e das especificidades do
trabalho em psicoterapia.
Finamente, um especialista em Psicologia Clínica, de acordo com o Conselho Federal de Psicologia,

Atua em diferentes contextos, através de intervenções que visam reduzir o


sofrimento do homem, levando em conta a complexidade do humano e sua
subjetividade. Estas intervenções tanto podem ocorrer a nível individual,
grupal, social ou institucional (...) tanto em perspectiva preventiva, como de
diagnóstico ou curativa (...). Atua no estudo, diagnóstico e prognóstico em
situações de crise, em problemas do desenvolvimento ou em quadros
psicopatológicos(...). Desenvolve atendimentos terapêuticos, em diversas
modalidades, tais como psicoterapia individual, de casal, familiar ou em grupo,
psicoterapia lúdica, terapia psicomotora, arteterapia, orientação de pais e
outros (...) (CFP, 2007, p. 21).
Por fim, é sempre bom lembrar que “o repertório do terapeuta é formado pelo estudo, pela observação
clínica, pela reflexão e análise da sua prática clínica, pela discussão com colegas e por palestras sobre
os temas relevantes para seu trabalho” (KERBAUY 2001 apud BORGES 2006, p. 11), entre outras
experiências. Assim, a formação de um psicoterapeuta sempre será inacabada e sendo necessário o
aprimoramento contínuo.

3.DISCUSSÃO DO TEMA

3.1 PSICOTERAPIA E COACHING: DEMARCANDO OS ESPAÇOS

Como visto, é recorrente associar às práticas de Coaching, conhecimentos produzidos por psicólogas e
psicólogos. No entanto, embora algumas especialidades de Coaching por vezes se assemelhem
equivocadamente à prática psicoterápica, vale ressaltar que são processos distintos. De acordo com o
CFP (2000, p. 1), a psicoterapia se dá em compreender, analisar e intervir “através da aplicação
sistematizada e controlada de métodos e técnicas psicológicas” sob a égide da ética profissional,
“promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de conflitos e/ou
transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos”.
A depender do referencial teórico da(o) psicóloga(o), as etapas de uma psicoterapia podem ser
compostas por entrevista de triagem, entrevistas preliminares, psicodiagnóstico, avaliação psicológica,
testes psicológicos, diálogo socrático, exercícios terapêuticos, intervenções, feedbacks entre outras
(LIMA e VIANA, 2009; NEUBERN, 2009, CALLIGARIS, 2020). A clínica em psicologia pode ocorrer ainda
no setting de consultório ou clínica ampliada (CAMPOS, 1997), esta última se dá mais nos serviços
públicos de saúde, que procurará oferecer serviços mais intersetorializados.

8
157
Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

Já no caso de um processo de Coaching, para Mendonça (2009, p. 22), as etapas contemplam o


quiebre, que “é o passo inicial para a interação em si, onde o coachee declara algo que está
incomodando, que quer mudar”. Em seguida há a declaração da visão de futuro, na qual o coachee
aponta aonde gostaria de chegar. E por último, o Plano de Ação, composto pela visão de futuro,
resultados pretendidos, análise do gap (o que é preciso desenvolver) e ações. As ações precisam ainda
destrinchar as estratégias e táticas, competências em uso, pessoas envolvidas, prazos e uma agenda
de acompanhamento.
Como se vê, a psicoterapia constitui uma das práticas da(o) psicóloga(o) clínica (o) e prevê um manejo
mais cauteloso com as questões do sujeito, no sentido de não atribuir a estas um prazo ou agenda de
acompanhamento como se estivesse se tratando de um negócio, tal qual nos processos de Coaching.
Além disso, cabe retomar ao ponto trazido no início deste estudo acerca das especializações ativas no
site do e-MEC pelo IBC. Elas estão registradas como da área de “Negócios, administração e direito”, o
que, portanto, pouco tem a ver com processos clínicos.
Neubern (2009) alerta que, apesar da psicoterapia não ser uma prática exclusiva da(o) psicóloga(o), é
devido a diversidade que a formação em psicologia propõe, que possivelmente essa seria a mais
próxima das necessidades de uma formação em psicoterapia. “Além de lidar com diferentes escolas
teóricas, o psicólogo se depara com disciplinas ligadas a desenvolvimento, aprendizagem, cognição,
psicopatologia, psicologia familiar, psicologia social”, as quais fazem interlocução com outros saberes,
como “ciência, antropologia, sociologia, filosofia, psicofarmacologia e neurociências” (NEUBERN,
2009, p. 95).
Há quem diga que, se Neubern (2009) não errou, então é também correto afirmar que o especialista
em Coaching estaria apto ao exercício como psicoterapeuta, uma vez que sua formação também é
diversificada e angaria conhecimentos de diversas áreas. Todavia, a perspectiva histórica que um
psicólogo psicoterapeuta necessariamente adota diante da queixa do cliente é substancialmente
diferente da adotada pelo coach, tanto em profundidade quanto na abrangência, e isso em todas as
etapas da psicoterapia.
Outro aspecto a ser demarcado é o quanto que se investe de tempo em cada formação. Uma formação
em psicologia acontece em no mínimo, 4500 horas (CNE, 2011), enquanto que especializações em
coach se dão em média em 120 horas (KARAWEJCZYK e CARDOSO, 2012). Não é uma regra, mas sem
dúvida o tempo que cada profissional dedica à sua formação e o quão substancial ela é compõem um
dos determinantes para o desempenho profissional na área.

9
158
Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

Apesar de não haver uma obrigatoriedade legal ou regimental, há uma forte recomendação de que,
para estar apto à prática da psicoterapia, a (o) psicóloga (o) deveria primar por alguns critérios como:
ter realizado estágio na ênfase ou na área clínica; permanecer em supervisão durante determinado
período, com um supervisor devidamente habilitado; e continuar se submetendo à psicoterapia
pessoal (DUTRA, 2009).
Quanto à recomendação de manter uma psicoterapia pessoal, mesmo após a graduação em psicologia,
se refere ao fato de que, tal como qualquer sujeito, o terapeuta possui também questões e estas, se
não tratadas, poderão comprometer o atendimento ao cliente. Nesse sentido, entende-se que se o
psicoterapeuta não estiver em supervisão e/ou em psicoterapia pessoal, há um sério risco de ele ser
duramente afetado com alguma questão trazida pelo cliente, se projetando nelas (CALLIGARIS, 2020).
Por fim, vale também distinguir a forma como cada um desses serviços se apresentam no mercado.
Nota-se, na maioria das referências sobre Coaching, a necessidade de colocar esse serviço como capaz
de resolver todas as questões do sujeito, de qualquer ordem que sejam (MENDONÇA. 2009; VIEIRA,
2013). Em contrapartida, Calligaris (2020, n.p) atribui a isso o que chamou de “desejo de panaceia ” e
Silva (2009, p. 102) chamou de “projeções relativas ao papel de curador” ou “perspectiva de produzir
técnicas e táticas terapeuticamente mágicas”, considerando-as como verdadeiras tentações que
rondam o papel do psicoterapeuta e às quais não se deve ceder.

3.2 AFINAL, QUAL O HORIZONTE DE CHEGADA PARA CADA SERVIÇO?

Se por um lado, nos serviços de Coaching há uma promessa de resultados a serem alcançados,
acompanhado de metas, cujo o alcance depende do esforço do indivíduo e o coach o cobra esse
esforço, na psicoterapia, há uma primazia pela não promessa e isso não significa negligenciar o
trabalho psicoterapêutico, pelo contrário, diz do respeito aos recursos possíveis de cada um. O
pressuposto que prevalece na psicoterapia é que não há como garantir resultados tão rigidamente
marcados no tempo – como num plano de ação, por exemplo – uma vez que não há como prever
terminantemente o quanto o sujeito se implicará em seu processo psicoterapêutico (CALLIGARES,
2020, n.p; CAMPOS, 1997; LIMA e VIANA, 2009).
Se no Coaching há uma busca pela garantia da melhor escolha, melhor performance, melhor decisão
num curto espaço de tempo (MENDONÇA, 2009; VIEIRA, 2013), nas psicoterapias, há certos cuidados
no manejo das decisões do cliente. Calligares (2020, n.p.) chega a alertar, inclusive, da necessidade de
o terapeuta orientar o cliente “que se engaje a não decidir nada”, posto que a própria ansiedade ou

10
159
Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

hesitação na tomada de decisão pode ser parte de um comportamento-problema ou de um sintoma,


portanto, passível de análise.
Se para Mendonça (2009, p. 23), se referindo ao modo de lidar do coach para com as questões do
coachee, “a fraqueza é um inimigo das pessoas, e é importante que se conheça bem este inimigo, para
enfrentá-lo”, algumas abordagens em psicologia entendem a fraqueza como constitutiva da
experiência humana (CAMPOS, 1997; CALLIGARIS, 2020), como aspectos importantes e necessários da
personalidade do sujeito, sendo pela via dos cuidados com o que há de erro e também com o que há
de acertos, que se chega numa possível “cura”.

4. CONCLUSÃO

Com o avanço das exigências por uma performance cada vez mais polivalente, tanto nos contextos de
trabalho como no desenvolvimento pessoal, alguns serviços emergentes, como o Coaching, visam
atender a essa demanda sob a promessa de que resolverão as diversas questões humanas com eficácia
e num curto período de tempo.
Algumas pessoas chegam a declarar que Coaching e psicoterapia seriam concorrentes ou que prestam
o mesmo serviço ou que são complementares. No entanto, nota-se uma substancial lacuna de
diferenças no processo de formação dos profissionais desses serviços, sendo verificados mais
dispositivos de regulamentação, recomendação, sustentação teórica e maior investimento de tempo
nas formações em psicologia que nas de Coaching.
Por fim, com base nas bibliografias levantadas neste trabalho, entende-se os processos de Coaching
como ferramentas que podem ser úteis ao desenvolvimento pessoal e profissional do indivíduo, mas
não como serviços substitutos ao processo psicoterapêutico, posto que, além de terem etapas e fins
diferentes, os profissionais que são aptos a exercê-los possuem diferentes competências e habilidades,
desenvolvidas desde o processo de formação.

11
160
Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

REFERÊNCIAS

BATISTA, Karen Batista; CANÇADO, Vera L. Competências requeridas para a atuação em Coaching: a
percepção de profissionais coaches no Brasil. REGE - Revista de Gestão 24 (2017) 24–34.

BORGES, Manuela Corrêa. A construção de um psicoterapeuta: formação e habilidades. Rio de Janeiro:


Pontifícia Universidade Católica-PUC/Departamento de Psicologia, 2006. Trabalho de Conclusão de
Curso.

CALLIGARIS, Contardo. Cartas a um Jovem Terapeuta [Kindle Android version]. Rio de Janeiro: Elsevier
Editora, 2020 (1ª edição 2004).

CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. A clínica do sujeito: por uma clínica reformulada e ampliada. São
Paulo: Pontifícia Universidade Católica-PUC, 1996/1997. Disponível

em: https://www.pucsp.br/prosaude/downloads/bibliografia/CLINICAampliada.pdf. Acesso em: 20-


abr-2020.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução N. 010/00, de 20 de dezembro de 2000. Especifica e


qualifica a Psicoterapia como prática do Psicólogo. Brasília: CFP, 2000.

__________________________. Resolução N. 013/2007. Institui a Consolidação das Resoluções


relativas ao Título Profissional de Especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos
para seu registro. Brasília: CFP, 2007.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução Nº 005/2011. Institui as Diretrizes Curriculares


Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia. Brasília: Ministério da Educação/CNE, 2011.

CRUZ, Roberto M.; SCHULTZ, Viviane. Avaliação de competências profissionais e formação de


psicólogos. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 61, n. 3, 2009, p. 117-127. Disponível em:
http://www.psicologia.ufrj.br/abp/. Acesso em: 20/04/2020.

DUTRA, Elza. Parâmetros técnicos e éticos para a formação do psicoterapeuta: alguns apontamentos.
In: Ano da Psicoterapia: Textos Geradores. Henrique Rodrigues e Aluízio Brito (orgs.). Brasília: CFP,
2009, p.57-67.

KARAWEJCZYK, Tamára; CARDOSO, Ana Paula. Atuação profissional em Coaching e os desafios


presentes e futuros nesta nova carreira. Boletim Técnico do Senac: A Revista da Educação Profissional,
Rio de Janeiro, v. 38, nº 1, jan./abr. 2012.

LIMA, Mônica; VIANA; Eliana. Formação em Psicologia e Psicoterapias: algumas considerações para o
debate. In: Ano da Psicoterapia: Textos Geradores. Henrique Rodrigues e Aluízio Brito (orgs.). Brasília:
CFP, 2009, p. 39-46.

MENDONÇA, Ulisses Vieira. A influência do coach no desenvolvimento do indivíduo. Brasília: UNICEUB,


2009. Monografia.

NEUBERN, Maurício S. Quem é o dono da Psicoterapia? Reflexões sobre a complexidade, a Psicologia


e a interdisplinaridade. In: Ano da Psicoterapia: Textos Geradores. Henrique Rodrigues e Aluízio Brito
(orgs.). Brasília: CFP, 2009, p. 88-100.

12
161
Coaching E Psicoterapia: uma análise sobre as habilidades necessárias a essas práticas na realidade brasileira

SILVA, Nélio P. Considerações sobre a Ética do Gancho. In: Ano da Psicoterapia: Textos Geradores.
Henrique Rodrigues e Aluízio Brito (orgs.). Brasília: CFP, 2009, p. 101-105.

VIEIRA, Ana Lúcia da Costa. Coaching: Características do coach e benefícios do Coaching para o cliente.
Vila do Conde: Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão, 2013. Dissertação de mestrado.

13
162
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 9
10.37423/200802547

TRAUMA DE MAMILO: ORIENTAÇÕES DE


ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO

Beatriz Chagas Rodrigues de Almeida, Lenir Honório Soares,


Faculdade
Líviade
Keismanas
Ciências Médicas
de Ávila da Santa
Casa de São paulo
Trauma De Mamilo: Orientações De Enfermagem No Pré-Natal E Puerpério

Introdução: O trauma mamilar é um elemento causador de dor, interfere na sensação de prazer e


satisfação da amamentação, constitui-se em uma das justificativas para a interrupção do aleitamento
materno. A causa básica da lesão de mamilo é uma alteração no padrão de sucção do recém-nascido,
sendo este inadequado. As orientações para a prevenção dessa complicação no aleitamento devem
ser realizadas durante o pré-natal e puerpério (1). Objetivos: Traçar perfil sóciodemográfico de
puérperas internadas na maternidade/alojamento conjunto do hospital Irmandade de Misericórdia da
Santa Casa de São Paulo, identificar quais orientações as puérperas receberam sobre fissuras de
mamilos durante o pré-natal e no período de internação e propor um guia de orientação de
enfermagem para puérperas sobre a amamentação, prevenção e tratamento de fissuras mamilares.
Metodologia: Pesquisa exploratória, descritiva, quantitativa. Após aprovação da Comissão Científica
da FCMSCSP e do CEP Santa Casa de São Paulo, a coleta de dados foi realizada por meio de um
instrumento com 19 questões objetivas. Os dados foram transferidos para uma planilha no Microsoft
Excel® e submetidos à estatística descritiva. Resultados: Participaram do estudo 55 puérperas; A média
de idade foi de 27 anos; 45% estavam em união estável; 53% trabalhavam; 40% tinham ensino médio
completo. 55% tiveram de 1 à 2 gestações e filhos/vivos; 98% realizaram o pré-natal; 61% realizaram o
pré-natal com médica (o) e enfermeira (o); 64% receberam orientações de como amamentar, sendo
destas, 17% foram recebidas no serviço de pré-natal; 62% (das 55 puérperas) receberam informações
sobre fissuras de mamilo, sendo que, 29% receberam durante a consulta pré-natal; 55% (n= 30 das 55
totais) receberam informação sobre a prevenção de fissura mamilar, 77% (n= 23 das 30) receberam
que a posição correta ao mamar previne fissuras mamilares, assim como a pega correta do bebê no
mamilo (77%); De um total de 153 informações, 54% (n=83 das 153) foram recebidas durante o pré-
natal; 49% (das 55 puérperas) receberam orientações sobre tratamento de fissura mamilar, sendo
destas, 82% receberam que “passar o próprio leite no mamilo” trata as fissuras. Conclusão: Ao analisar
os resultados percebemos que as orientações sobre amamentação e problemas mamários ainda são
pouco exploradas durante o atendimento pré-natal, desta forma podemos inferir que a assistência
neste período se restringe a problemas que interferem na gestação, sem a devida valorização à saúde
da puérpera.

Descritores: Período pós-parto; Assistência pré-natal; Amamentação.

1
164
Trauma De Mamilo: Orientações De Enfermagem No Pré-Natal E Puerpério

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

1. Tochika SG, Aparecida SI, Ferreira SJL. Características, freqüência e fatores presentes na ocorrência
de lesão de mamilos em nutrizes. Rev. bras. enferm. 2005; 58(5):529-534.

2
165
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 10
10.37423/200802569

SOFTWARE PARA SISTEMATIZAÇÃO DA


ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA
OBSTÉTRICA: INTERFACE DO USUÁRIO
ADMINISTRADOR

Ana Lúcia de Medeiros Universidade Federal da Paraíba

Sérgio Ribeiro dos Santos Universidade Federal da Paraíba

Rômulo Wanderley de Lima Cabral Universidade Federal da Paraíba

Maria Bernadete Sousa Costa Universidade Federal da Paraíba


Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

Resumo: Introdução: a presença das tecnologias da informação no cotidiano da enfermagem na


atualidade, é indispensável e o seu desenvolvimento é inevitável, necessário e importante para a
profissão. Objetivo: desenvolver uma interface digital através de um software protótipo criado para o
enfermeiro gestor implantar e implementar a Sistematização da Assistência de Enfermagem na área
obstétrica. Método: na construção do sistema, trabalhou-se com tecnologias livres, utilizando-se a
linguagem de programação Ruby e JavaScript; na adaptação do design usou-se o framework Bootstrap;
e na implementação foram executados Ubuntu Linux e Nginx Webserver. O Sistema de Gerenciamento
de Banco de Dados foi o PostgreSQL e o servidor de produção foi um Virtual Private Server hospedado
na nuvem. Resultados: a interface do software desenvolvido para implantação e implementação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem possibilita ao enfermeiro gestor do serviço, gerencar
setores, leitos e usuários; inserir categorias e subcategorias de indicadores; inserir diagnósticos e
intervenções de enfermagem. Conclusão: a inserção de recursos e ferramentas tecnológicas é
indispensável para otimizar a dinâmica no processo de trabalho da enfermagem. Implicações: o
software desenvolvido, proporciona ao enfermeiro melhor aproveitamento do tempo dispensado para
a assistência de enfermagem, contribuindo para gestão do cuidado e melhoria da assistência
obstétrica.

Descritores: Enfermagem; processos de enfermagem; tecnologia da informação; software; obstetrícia.

1
167
Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

INTRODUÇÃO

O contexto mundial vive permanentemente submetido às implicações decorrentes de transformações


nos cenários políticos, econômicos e tecnológicos, tendo como consequência direta à necessidade dos
diversos atores sociais encontrarem estratégias adequadas a este ambiente de constantes mudanças.
A informação, nesse cenário, passa a ser considerada um recurso essencial para as tomadas de
decisões(1).

Logo, no mundo globalizado, as informações são disponibilizadas de forma constante, tornando


necessária a adesão da tecnologia da informação e da comunicação (TIC) para processar essas
informações da maneira mais rápida possível. No entanto, a sociedade assume posições diferentes na
medida em que, devido a essa explosão de informações, o indivíduo é levado a desenvolver uma
consciência crítica em relação ao que é apresentado, ao analisar a relevância para suas necessidades,
a assumir posturas proativas de busca e uso da informação e a estabelecer relações entre as
informações processadas para então produzir conhecimento(2).

Nesse contexto, é pertinente admitir que o profissional da área da saúde, em função das necessidades
impostas pelo advento tecnológico contemporâneo, desenvolva competências e saberes relativos a
um “pensar e agir” que inclua as TIC no intuito de enriquecer e ampliar sua prática profissional, sua
educação permanente e sua participação social nos campos especiais em que atua(3).

Apesar dos acelerados avanços da informática em todo o mundo, no Brasil, o emprego desse
conhecimento pela Enfermagem para o acréscimo de pesquisas, tanto como probabilidade de
desenvolver o conhecimento na área, ou seja, como instrumento para apoio as pesquisas, de modo
geral, ainda é pouco explorado(4).

Nesse aspecto, alguns dos temas que têm sido abordados, estão relacionados ao desenvolvimento de
competências, a tomada de decisão, ao impacto da internet e a abordagem na pós-graduação,
desvelando a multiplicidade de intervenções nos mais diferentes campos de atuação do enfermeiro.

Nesse cenário, a tecnologia da informação emerge como uma inovação na assistência de enfermagem,
podendo ser aplicada por meio de dispositivo móvel, conectado à rede sem fio integrada e planejada,
dando suporte de informação para quem presta o cuidado; suporte para documentação de
enfermagem, utilizando terminologia padronizada; auxiliando na tomada de decisão e disponibilização
de guias de conduta para qualquer área de enfermagem(5), inclusive para o serviço de obstetrícia, área
escolhida para o presente estudo.

2
168
Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

Tendo em vista esses aspectos, é importante que o enfermeiro compreenda como a tecnologia da
informação pode modificar o seu trabalho diário e como ele pode usufruir de seus benefícios para criar
novas oportunidades e ocupar seu espaço nos processos de mudança. A informática aplicada na
Enfermagem é um novo paradigma que se apresenta ao enfermeiro em decorrência dos impactos
produzidos pelos avanços da tecnologia computacional(6).

Nessa perspectiva, buscou-se na informática caminhos para a organização das informações referentes
ao cuidado do cliente, que se leva a um significativo impacto nas condições de trabalho da equipe de
enfermagem e na qualidade da assistência prestada. Logo, vislumbrou-se a oportunidade de aplicar
para o serviço de obstetrícia o uso da tecnologia da informação como forma de implantar e
implementar as etapas do processo de enfermagem, proporcionando meios para modificar o processo
de trabalho assistencial à medida que maximiza a qualidade do registro do cuidado.

Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo desenvolver uma interface digital através de um
software protótipo criado para o enfermeiro gestor implantar e implementar a Sistematização da
Assistência de Enfermagem na área obstétrica.

REFERENCIAL TEÓRICO

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE E EM ENFERMAGEM

A expressão tecnologia da informação firmou-se a partir da década de 1980, substituindo as


expressões informática e processamento de dados, anteriormente de uso disseminado. Assim, o termo
Tecnologia da Informação serve para designar o conjunto de recursos tecnológicos e computacionais
para geração e uso da informação. E o termo Sistema de Informação assinala um conjunto de
componentes inter-relacionados para coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir informações
com a finalidade de facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a análise e a tomada de
decisões nas organizações(7).

Os sistemas de informação são utilizados em todos os serviços de saúde, destacando-se: hospitais,


clínicas, unidades básicas de saúde, agências de saúde, órgãos de pesquisa e instituições educacionais.
Sua configuração é multiforme e depende de como será usada e do tipo de trabalho que desempenha
na organização. Assim, seu objetivo é facilitar a gerência da informação clínica e administrativa de um
serviço, buscando melhorar a qualidade do atendimento e a redução de custos (8).

3
169
Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

No campo da enfermagem, os sistemas de informação também devem fazer parte do cotidiano desses
profissionais, uma vez que os enfermeiros na sua prática diária processam e documentam muita
informação que, além de garantir a produção de prova documental da assistência, constitui um recurso
para os processos de gestão, de formação e investigação, bem como para a promoção da continuidade
dos cuidados. Admite-se que parte da informação recolhida, processada e documentada pelos
enfermeiros, na relação de cuidados, possa revestir-se de utilidade para outros profissionais, em
particular aos médicos, com os quais estabelecem parcerias estreitas na prestação de cuidados(9).

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) representa um instrumento fundamental no


planejamento e execução dos cuidados de enfermagem, usado por enfermeiros para coletar dados,
planejar, implementar e avaliar o cuidado, ou seja, identifica as situações de saúde-doença e as
necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidia as intervenções de promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade (10).

A SAE permite utilizar o conhecimento e habilidade de forma organizada e orientada; viabiliza a


comunicação do enfermeiro com outros profissionais e colegas de todas as especialidades, acerca dos
problemas vigentes no cotidiano do cuidado; é essencial na provisão de um cuidado abrangente e de
qualidade para o paciente; é um importante avanço na batalha para a maior autonomia profissional; e
vem desmistificando a ideia de que a prática de enfermagem é baseada apenas na realização das
prescrições médicas(11).

Dentre os métodos de sistematizar a assistência de enfermagem, destaca-se o Processo de


Enfermagem (PE), que de acordo com Garcia e Nóbrega(12) tal processo indica uma série de ações
dinâmicas e inter-relacionadas para a realização do cuidado, ou seja, indica um processo de trabalho
que ocorre por meio de um determinado modo de fazer, fundamentado em algum modo de pensar.

Ele operacionaliza-se em fases ou etapas, que variam de acordo com modelos conceituais no que diz
respeito ao número. Para Alfaro-Lefevre(13), o PE é constituído por cinco etapas. A primeira é a
investigação, em que se coleta e examina as informações sobre a situação de saúde do cliente; a
segunda é a diagnóstica ou identificação de problemas, na qual se analisa os dados identificando os
problemas reais e potenciais que são a base do plano de cuidado; a terceira é a etapa de planejamento
que é composta de quatro passos essenciais: determinação de prioridades imediatas, estabelecimento
de resultados esperados, determinação das intervenções e registro ou individualização do plano de

4
170
Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

cuidados; a quarta etapa é a implementação, ou seja, é colocar o plano em ação; e, por fim, tem-se a
avaliação, em que observa se o cliente atingiu os resultados esperados, mudando a sua situação de
saúde e/ou a sua capacidade funcional.

No contexto brasileiro, a implantação da SAE, por meio do Processo de Enfermagem, constitui uma
exigência para as instituições de saúde públicas e privadas de todo o Brasil, de acordo com a resolução
do COFEN no 358/2009(14). É também uma orientação da lei do exercício profissional da enfermagem,
Lei no 7.498/1986(15).

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do software protótipo seguiu-se três etapas, a saber: a definição, o


desenvolvimento e a manutenção. Na definição foram identificadas as informações que seriam
processadas, a função e o desempenho do programa, as interfaces que deveriam ser apresentadas,
bem como suas restrições. Na fase de desenvolvimento foi estruturada a entrada de dados, a
arquitetura do projeto, os detalhes procedimentais para implementação, a tradução para linguagem
de programação e a aplicação dos testes necessários. E, por fim, a etapa de manutenção que
corresponde à correção de erros, adaptações pertinentes à evolução do programa e alterações
produzidas pela exigência dos clientes, após uso do programa.

Ao inserir tecnologias de informação para colaborar na organização da assistência, é preciso a


realização de um trabalho interdisciplinar, no qual profissionais da área de informática inserem-se com
o conhecimento sobre a engenharia de software e os de enfermagem com o conhecimento
especializado da área na qual o produto se destina(16).

Logo, neste estudo, as questões estritamente técnicas para o desenvolvimento do software ficaram
sob a responsabilidade de dois profissionais da área de tecnologia da informação, um analista de
sistema e um programador. Ao analista de sistema coube a função de compreender os conceitos,
reorganizá-los em divisões lógicas, aplicar elementos de software aos elementos do cliente,
implementar a entrada e saída de dados, restrições do sistema e a definição da linguagem. Ao
programador coube representar os dados traduzidos na linguagem definida pelo analista. E o
conhecimento sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem, incluindo a Taxonomia da
NANDA Internacional e a Classificação das Intervenções de Enfermagem, sob a responsabilidade da
enfermeira/pesquisadora, a qual realizou adaptações e validações para que os dados pudessem ser

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Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

inseridos no sistema. Desse modo, para produção do software, foi necessária, inicialmente, a
construção e validação do banco de dados, etapa realizada anteriormente.

Na construção do sistema, trabalhou-se com tecnologias livres, que são caracterizadas por soluções
usadas de forma aberta, sem custos de aquisição e de suporte, e que contribuíram para a produção de
um software ou artefato de software também livre. É uma solução a ser utilizada de forma lícita e sem
custos de licenciamento (17).

As principais tecnologias utilizadas para o desenvolvimento do software para a Sistematização da


Assistência de Enfermagem na Obstetrícia foram: a linguagem de programação Ruby, Ruby on Rails e
JavaScript; a adaptação do design responsivo utilizando-se o framework Bootstrap; a implementação
de um servidor de produção, em que foram executados Ubuntu Linux e Nginx Webserver; e o Sistema
de Gerenciamento de Banco de Dados PostgreSQL.

O servidor de produção é um VPS (Virtual Private Server) hospedado na nuvem, que dispõe de 2GB de
RAM, 2 CPUs, armazenamento de 48 gigabytes SSD e três terabytes de transferência mensal. Como
destacado, o sistema operacional escolhido foi o Ubuntu Linux 12.04 LTS, em virtude da estabilidade,
à facilidade de uso, à segurança e familiaridade do desenvolvedor com o sistema operacional.

RESULTADOS

O software para Sistematização da Assistência de Enfermagem na área Obstétrica apresenta duas


funções, envolvendo dois tipos de usuários: o usuário padrão, representado pelos enfermeiros
assistenciais, e o usuário administrador, representado pelo enfermeiro gestor. O usuário padrão pode
executar as seguintes funções: internar pacientes; ocupar/desocupar leitos; realizar a consulta
(registrando os dados da amamnese e do exame físico); evoluir as pacientes; fazer busca de pacientes
hospitalizadas e pacientes que já receberam alta. Para o usuário administrador, além das
funcionalidades destacadas do usuário padrão, é possível também: gerenciar setores, leitos e usuários;
inserir as categorias e as subcategorias de indicadores; inserir os diagnósticos e as intervenções de
enfermagem.

Nesse estudo, destaca-se a função do usuário administrador, ou seja, do usuário responsável para
inserir ou alterar os dados referentes as etapas do processo de enfermagem no sistema. Portanto, o
estudo apresenta a interface do administrador.

A tela inicial para o usuário administrador é semelhante à visualizada pelo usuário padrão. A principal
diferença consiste nas demais funcionalidades de que o programa dispõe para esse tipo de usuário. O

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Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

administrador pode fazer modificações no sistema quanto ao seu banco de dados, ou seja, inserir
novas informações nas funcionalidades que contemplam o Processo de Enfermagem: categorias de
indicadores, indicadores, diagnósticos e intervenções de enfermagem. Ele também é responsável pelo
gerenciamento dos usuários, ou seja, pelo cadastro dos enfermeiros que utilizarão o sistema,
gerenciamento dos setores e dos leitos.

Para iniciar a utilização do sistema, na tela inicial do programa, são exigidos para acesso o nome do
“usuário” ou “e-mail” e “senha”. Informações cadastradas inicialmente pelo administrador do sistema.
Após o acesso, pode ser visualizada uma mensagem afirmando que o “login foi efetuado com sucesso!”
Assim, o enfermeiro gestor tem as seguintes opções de acesso ao programa: “leitos”, “pacientes”,
“recepção”, “categoria de indicadores”, “indicadores”, “diagnósticos”, “intervenções” e
“configurações”, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 – Tela inicial do sistema SAEOBSTETRÍCIA

Fonte: Tese intitulada: Uso da Tecnologia da Informação Móvel e Sem Fio para a SAE na Área de
Obstetrícia

Após entrar no sistema, o enfermeiro gestor poderá optar pelo item “leitos” de um dos setores da
maternidade (pré-parto, alojamento conjunto ou UTI materna) visualizando o quantitativo de leitos
disponibilizados pelo setor. Nesse momento, é possível também identificar os leitos ocupados e os
leitos disponíveis para uma nova internação. Ao selecionar a opção “Pacientes”, o enfermeiro terá
acesso à lista de todas as pacientes que deram entrada no serviço, tanto aquelas que se encontram
hospitalizadas em um dos três setores, quanto aquelas que já receberam alta. Se o enfermeiro clicar
no item “recepção” terá as opções de hospitalizar novo paciente ou pesquisar pacientes.

No item “Categoria de indicadores” são inseridas as categorias que serão contempladas no sistema,
ou seja, as que correspondem às necessidades levantadas por meio da entrevista e do exame físico da
mulher, requisitos exigidos no processo de avaliação. Essas categorias contemplam as necessidades:
neurológica, oxigenação, regulação vascular, regulação térmica, nutrição, hidratação, eliminação,

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Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

imunológica, percepção visual/auditiva/dolorosa, comunicação, integridade física, sono/repouso,


atividade física, cuidado corporal e sexualidade. Assim, o administrador pode inserir nova categoria,
editar ou apagar uma categoria já existente (Figura 2 IMG A).

Ao selecionar a opção ‘Nova Categoria’, é possível inserir uma nova categoria ou subcategoria. As
subcategorias foram criadas com o objetivo de organizar os dados para que os indicadores não fiquem
dispersos. Assim, a categoria “necessidade de oxigenação”, por exemplo, é composta de diversos
indicadores, que são organizados nas subcategorias ‘característica da respiração, ‘ruídos adventícios’,
‘murmúrios vesiculares’, ‘permeabilidade das vias áreas’, entre outras. Essa organização permite uma
visualização melhor dos dados.

No item “Indicadores”, o administrador pode criar os indicadores correspondentes a cada categoria ou


subcategoria. Para isso, é necessário clicar em ‘novo’ e disponibilizar as informações requeridas pelo
sistema: nome do indicador, categoria/subcategoria à qual pertence, se necessita ou não de espaço
para o usuário padrão (enfermeiro assistencial) colocar alguma observação e o setor que este indicador
pertence.

Nesta mesma tela em que o indicador foi criado, é possível visualizar todos os diagnósticos disponíveis
(inseridos na etapa seguinte). O administrador deverá selecionar os diagnósticos correspondentes
àquele indicador, ou seja, os diagnósticos gerados a partir dos problemas de enfermagem identificados
através desse indicador (Figura 2 IMG B).

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Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

Figura 2 – Tela das categorias, subcategorias e indicadores

IMG A

IMG B

Fonte: Tese intitulada: Uso da Tecnologia da Informação Móvel e Sem Fio para a SAE na Área de
Obstetrícia

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Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

Na opção “Diagnósticos”, o administrador irá adicionar todos os diagnósticos que possam se relacionar
com os indicadores criados. À medida que o administrador adiciona cada diagnóstico, o sistema
mostrará a lista de intervenções (inseridas na etapa seguinte), no qual o administrador pode escolher
as intervenções relacionadas ao diagnóstico criado, como observado na figura 3 IMG A.

No item “Intervenção”, penúltima funcionalidade do sistema, o usuário administrador pode ‘adicionar


intervenção’, semelhante ao processo anterior, de inserção dos diagnósticos de enfermagem. Nesta
tela, serão inseridas todas as intervenções de enfermagem que corresponderão aos diagnósticos
implantados no sistema. Finalizada essa etapa, o menu mostrará a lista completa das intervenções e
disponibiliza as opções ‘novo’, ‘editar’ e ‘apagar’ (Figura 3 IMG B).

Figura 2 – Tela dos diagnósticos e intervenções de enfermagem

IMG A

IMG B

Fonte: Tese intitulada: Uso da Tecnologia da Informação Móvel e Sem Fio para a SAE na Área de Obstetrícia

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Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

No item “Configurações”, última funcionalidade do sistema, o mesmo dará as opções de o


administrador acessar ‘Meu Perfil’, ‘Gerenciar Leitos’, ‘Gerenciar Setores’, ‘Gerenciar Usuários’ e ‘Sair
do Sistema’. E para finalizar, o sistema dará a última opção que é ‘Sair’ do sistema. Ao optar por essa
função, o sistema retornará à tela inicial de login.

DISCUSSÃO

A presença das tecnologias da informação no cotidiano da enfermagem, principalmente no ambiente


de trabalho e de cuidado, atualmente é indispensável e o seu desenvolvimento é inevitável, necessário
e importante para a profissão e para o cuidado humano.

Nesse sentido, espera-se que a Enfermagem incorpore a tecnologia da informação para atender às
necessidades profissionais e preencher lacunas existentes tanto na educação quanto na prática, bem
como promova e utilize a tecnologia informatizada na pesquisa, no ensino, na assistência e na
administração em enfermagem(18).

Nesse sentido, o software foi desenvolvido para ser utilizado em dispositivo móvel, que possibilita a
operacionalização da SAE por meio da aplicação do Processo de Enfermagem para área obstétrica e
teve como responsável pelo seu desenvolvimento, os profissionais da tecnologia da informação, os
quais realizaram toda arquitetura do sistema e à enfermeira/pesquisadora organizou e disponibilizou
os dados de enfermagem que são essenciais para o registro eletrônico do Processo de Enfermagem,
com todas as terminologias utilizadas para denominar os dados.

No presente estudo, o banco de dados inserido foi embasado no modelo conceitual das Necessidades
Humanas Básicas desenvolvido por Wanda de Aguiar Horta, no qual o enfermeiro corresponde à figura
profissional dotada de competências técnico-científicas que desenvolve ações de cuidar em favor do
cliente. O cliente se configura como sujeito incapaz, em um dado momento do seu ciclo vital, de prover
o autocuidado necessário à manutenção dos seus padrões em saúde. Assim, a atuação em
enfermagem busca suprir as necessidades de cuidado do homem e sua coletividade que é facilitada
através da Sistematização da Assistência de Enfermagem (19).

Nesse sentido, desvela-se a importância da implementação da SAE nos serviços de saúde, em


decorrência dos problemas de saúde do ser humano com as intervenções do enfermeiro, exigindo
julgamento, habilidade e perícia nas tomadas de decisões, garantindo a qualidade e a segurança do
cuidado prestado. Dessa forma, a utilização do método científico, que organiza e guia a assistência de
enfermagem, traz inúmeros benefícios, principalmente quando associado às tecnologias da

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Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

informação, pois poderão possibilitar a expansão cognitiva e prover informação para a melhoria do
fluxo de trabalho, do desempenho profissional e da qualidade do cuidado de enfermagem.

CONCLUSÃO

O desenvolvimento de sistemas de informação em saúde representa um esforço que rompe os


princípios do modelo tradicional para vislumbrar novos paradigmas na área de conhecimento em
tecnologia e sistemas de informação. Esse novo modelo facilita uma maior interação entre os usuários,
minimiza a relação teoria e prática e contribui para melhorar a qualidade e a eficiência da informação.

Nesse contexto, as tecnologias da informação têm sido utilizadas como um caminho para apoiar o
desenvolvimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem, por meio do processo de
enfermagem, pois permitem integrá-lo em uma estrutura lógica de dados, informação e conhecimento
para a tomada de decisão do cuidado de enfermagem.

Portanto, a Enfermagem, como profissão, não pode ficar distante dessas transformações oriundas do
desenvolvimento tecnológico. Explorar suas potencialidades, reconhecer suas possibilidades e adquirir
conhecimentos específicos são recursos imprescindíveis para conscientizar esses profissionais sobre a
utilização da tecnologia.

Nesse contexto, a aplicação do processo de enfermagem, através de um dispositivo móvel e sem fio,
permite uma inovação na prática de enfermagem, visto que possibilita ao enfermeiro registrar à beira
do leito informações inerentes à anamnese, ao exame físico e ao exame obstétrico, visualizar os
problemas identificados e efetivar o plano de cuidados com mais flexibilidade. Além disso, o sistema
possibilita consultar informações de qualquer paciente em tempo real, facilitando e direcionando o
trabalho do enfermeiro para o planejamento das ações.

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Software Para Sistematização Da Assistência De Enfermagem Na Obstétrica: Interface Do Usuário Administrador

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http://www.scielo.br/pdf/ci/v31n3/a08v31n3.pdf

14
180
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 11
10.37423/200902575

A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE VERSUS A


JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE: ASPECTOS
RELACIONADOS A TEMÁTICA

Perciliano Dias da Silva Neto Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba

Bruno Oscar de Almeida Nogueira Schmidt Universidade de Vila Velha

Ana Tereza Abreu Monteiro Faculdade de Medicina Nova Esperança

Daniel Gustavo Guedes Pereira de Albuquerque Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba

Ingridy Thaís Holanda de Almeida Universidade Potiguar

Rafaela Leandro de Lima Universidade Maurício da Nassau

Raphael Edson Dias Reginato Centro Universitário de João Pessoa

Willian Santos Dias Centro Universitário de João Pessoa


A Relação Médico-Paciente Versus A Judicialização Da Saúde: Aspectos Relacionados A Temática.

Resumo: INTRODUÇÃO: O profissional médico exerce de forma liberal as suas funções, empenhando-
se para cuidar de forma holística do ser humano e dos fatores inerentes ao processo de saúde e
doença. Nessa perspectiva, a relação médico-paciente tem sido observada como um aspecto
fundamental na qualidade do serviço de saúde. Entretanto, sabe-se que mesmo com todo esse cuidado
e aparato, ainda podem existir os chamados erros médicos, responsáveis por gastos da União com
processos relacionados a saúde. Diante disso, nota-se o desenvolvimento crescente da judicialização
da saúde. OBJETIVOS: Destacar a boa relação médico-paciente como dispositivo necessário para
diminuir o processo de judicialização da saúde. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo,
observacional, qualitativo, do tipo artigo de opinião. A pesquisa se deu em bancos de dados como a
MEDLINE, LILACS e o Google Acadêmico, e utilizou- se os descritores: judicialização, medicina e saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Estudos apontam para o ascendente o número de demandas
indenizatórias por supostos erros médicos, entretanto o que se constata é que muitas vezes há uma
culpa concorrente. Ademais, há um aumento de litígios evitáveis, entre eles, por falta de diálogo entre
ambas as partes. Com isso, reiteramos a necessidade de uma boa relação médico-paciente, tendo em
vista que se essa relação é efetiva, por mais que a situação não seja resolvida e ou satisfatória, a
probabilidade de um litígio é menor, pois houve confiança e realidade por ambas as partes durante
todo o tratamento. CONCLUSÃO: Indubitavelmente, a fraca ou ausente relação entre paciente e
profissional está ligada com a judicialização da saúde. Ao final de um processo, mesmo que inocentado,
o médico terá um desgaste financeiro, psicológico e moral. Por isso, a relação médico-paciente é um
instrumento para a vida, e deve ser uma temática abordada no meio acadêmico durante toda a
graduação.

Palavras Chave: Judicialização. Medicina. Saúde.

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A Relação Médico-Paciente Versus A Judicialização Da Saúde: Aspectos Relacionados A Temática.

INTRODUÇÃO

Em uma era marcada por intensos avanços tecnológicos, com os quais o ser humano pode ver além do
imaginado como fragmentos de DNA ou micropartículas, têm-se uma questão incontrolável: o corpo
humano e suas fragilidades levando a enfermidades. Quando essa vem, se faz necessário recorrer a
um profissional de saúde, neste caso o médico, em busca do sucesso terapêutico, entretanto, algumas
vezes pode-se observar um insucesso.

Indubitavelmente, o profissional médico exerce de forma liberal as suas funções, empenhando-se para
cuidar de forma holística do ser humano e dos fatores inerentes sobre o processo de saúde e doença
que circunda qualquer ser vivo.

No primeiro capítulo do código de ética médica1, traz as disposições entre as quais destacam-se a
necessidade de aprimoração dos conhecimentos científicos por parte do profissional e de trabalhar
com excelência para a manutenção do zelo e prestígio sobre o seu nome e conceito da profissão.

Sob essa ótica, se percebe que os profissionais lutam diariamente para fazer o melhor possível não só
pelo seu paciente, mas, para si próprio, tendo em vista que há uma relação mútua de trocas, na qual
o profissional ganha duas vezes.

Entretanto, para haver uma harmonia, é necessário ter uma excelente relação entre médico e paciente,
na qual haja uma aceitação e coparticipação por parte desse em relação a tudo aquilo que foi proposto
pelo profissional médico. Sabendo que se isso acontecer, por meio de diálogos, perguntas abertas e
entendendo o contexto em que o paciente se encontra, o resultado será benéfico para ambas as
partes.

A relação médico-paciente tem sido observada como um aspecto fundamental na qualidade do serviço
de saúde2. Essa, migrando do campo do atendimento clínico exclusivamente para uma humanização
desse atendimento e informação de tudo aquilo que está sendo realizado.

Ademais, sabe-se que mesmo com todo esse cuidado e aparato, ainda podem existir erros, os
chamados erros médicos. Ou, o paciente não se sentiu confortável com o resultado, tendo esperado
por algo diferente, culminando com ações judiciais contra o profissional.

No tocante ao assunto, é notório que a população atualmente conhece mais sobre os seus direitos,
entretanto, é perceptível também que muitos processos contra os profissionais médicos os inocentam
de tais acusações.

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A Relação Médico-Paciente Versus A Judicialização Da Saúde: Aspectos Relacionados A Temática.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça – (CNJ) 3, entre os anos de 2008 a 2015, houve um aumento
de mais de 1000% dos gastos da União com processos relacionados a saúde.

OBJETIVO

O presente estudo visa discorrer sobre a necessidade de uma melhor relação médico-paciente no
intuito de atenuar os processos contra os profissionais médicos.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, observacional, qualitativo, do tipo artigo de opinião. O embasamento


para o mesmo foi feito mediante artigos científicos, pesquisados em bancos de dados como a
MEDLINE, LILACS e o Google Acadêmico, além desses, foram utilizadas jurisprudências relevantes para
o presente fim.

Embora se tenha conhecimento que a Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, que
menciona o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), resguardando os direitos dos sujeitos
envolvidos na pesquisa, por se tratar de dados online, por meio dos bancos de dados já citados,
dispensa-se a necessidade de submissão deste instrumento ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), tendo
em vista que qualquer indivíduo da população que queria acessar esses dados, assim o fará sem
prejuízo ou danos aos envolvidos.

Após a coleta do material necessário e sua análise, têm-se os resultados descritos como narrativas
segundo os autores de origem ou a opinião dos autores deste trabalho, tendo em vista que se trata de
um artigo de opinião.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo Fujita e Santos4, em relação aos 100% dos processos contra médicos no CRM de Goiás apenas
2,5% dos médicos se tornaram impedidos de exercer a medicina ao passo em que 17% foram tidas
como improcedentes. Esses dados, apesar de locais, podem sugerir que por trás dos erros
comprovados, existem também pessoas que almejam algum benefício em detrimento do profissional.

Para Faraco5 é ascendente o número de demandas indenizatórias por supostos erros médicos,
entretanto o que se constata é que muitas vezes há uma culpa concorrente. Ou seja, ambas as partes
cometeram erros durante o processo.

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A Relação Médico-Paciente Versus A Judicialização Da Saúde: Aspectos Relacionados A Temática.

Sabe-se que na medicina é necessário que o paciente esteja em sintonia com o profissional. Para uma
excelente eficácia o tratamento tem que ser feito em conjunto, onde o paciente entra em um comum
acordo com o médico para assim se obter os resultados. Para isso deve-se ter sempre uma boa relação
entre médico e paciente. Essa, vai muito além de um simples atendimento ou conversa, ela está para
a confiança que o usuário tem com o profissional.

Entretanto, se essa relação é falha aumentam significativamente as chances de falha terapêutica. No


âmbito dessa relação que deve ser harmônica, necessariamente deve ser explicado ao paciente todas
as repercussões, sucessos e possíveis insucessos da terapêutica, não simplesmente falar, mas, se
certificar de que o usuário entendeu. Além dele, deve-se optar por ter a família do mesmo sempre por
perto, trazendo-a para fazer parte da terapêutica. Porém, de acordo com Faraco apud. Raul Canal5:
“por mais meritosa que seja a relação médico-paciente – e ela deve sim ser preservada – isso não
evitará um processo judicial. Quando há sentimentos feridos e interesses econômicos, não há amor,
não há gratidão”.

Sabe-se que durante qualquer tratamento há chances de insucesso, tendo em vista a singularidade do
indivíduo. Por isso, os profissionais devem se capacitar pois, no processo saúde-doença, o profissional
não deve apenas buscar a cura, mas também ele não deve fazer o mal aquele usuário. É o que se
conhece como não maleficência.

Essa capacitação do profissional, segundo o código de ética médica (2019) 1, deve ser contínua a fim
de garantir o benefício do paciente e da sociedade. E a partir dessa ciclagem de conhecimentos, os
profissionais estarão cada vez mais aptos ao trabalho, e consequentemente executarão com melhores
resultados aquilo que é da sua competência.

Ademais, sabe-se que os gastos com processos são altos. Para Faraco 5, mesmo não sendo condenados,
os profissionais podem gastar até 200 salários mínimos com honorários e burocracias.

Segundo Vasconcelos6, para que um profissional seja considerado culpado e indenize o paciente, tem
que ser observado: conduta culposa, nexo causal e dano efetivo ao paciente. De acordo com o relator
Jorge Alberto Schreiner Pestana7: “O decreto condenatório por responsabilidade civil pressupõe prova
do prejuízo, do agir indevido do réu e do nexo de causalidade entre o ato alegado impróprio e o dano.
Na ausência de qualquer desses requisitos, a responsabilidade não há de ser declarada.” (BRASIL, 2007.
Apelação Cível nº. 70016333403).

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A Relação Médico-Paciente Versus A Judicialização Da Saúde: Aspectos Relacionados A Temática.

Assim como para o relator Des. João Antônio de Moura8: “A responsabilidade do médico profissional
está condicionada à comprovação de culpa, porquanto se esta inexiste não há como se acolher a
obrigação de indenizar.” (Brasil. 2004. Apelação cível nº 888.2003.001926-7/001).

Somado a isso, segundo o Código de Defesa do Consumidor, na Lei nº 8.078/90, no seu artigo 14, têm-
se que: “o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores (...)”. Entretanto, no parágrafo quarto diz que: “A
responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante verificação de culpa”9.

Ou seja, mesmo respondendo judicialmente, não quer dizer que o profissional seja sempre penalizado.
O exercício da medicina é uma obrigação meio, em que o profissional não é “obrigado” a curar o
paciente. Esse resultado fim, depende da coparticipação do sujeito doente para com o tratamento
proposto.

Ademais, deve-se levar em consideração, também, aqueles profissionais que foram processados e
inocentados, como citados anteriormente. Além do gasto financeiro, deve-se levar em conta os danos
psicológicos, o moral e o da reputação. Afinal, o indivíduo passou uma vida toda visando chegar em
determinado patamar e repentinamente isso pode acabar.

Segundo Koeche et al 10, em números absolutos a Ginecologia e Obstetrícia correspondem a


especialidade com mais processos. Ainda se vê que a maior parte das denúncias se referem ao serviço
público de saúde.

Nesse ínterim, vale ressaltar que quando os usuários chegam ao serviço de saúde, muito
provavelmente o profissional que o atenderá não é o mesmo que o acompanha rotineiramente. No
caso da Obstetrícia, muitas mulheres já chegam em trabalho de parto nas maternidades e são
atendidas pelos obstetras plantonistas, os quais, não conhecem o passado clínico dessas usuárias, e
por mais que elas levem os cartões do pré-natal, muitas vezes eles são insuficientes quando se referem
no preenchimento.

Ademais, ainda de acordo com Vasconcelos6, há um aumento de litígios evitáveis, entre eles, por falta
de diálogo entre ambas as partes. Com isso, reiteramos a necessidade de uma boa relação médico-
paciente, tendo em vista que se acredita que se essa relação é efetiva, por mais que a situação não
seja resolvida e ou satisfatória, a probabilidade de um litígio é menor, pois houve confiança e realidade
por ambas as partes durante todo o tratamento.

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A Relação Médico-Paciente Versus A Judicialização Da Saúde: Aspectos Relacionados A Temática.

A relação médico-paciente vai muito além do que para o consultório, enfermarias ou centros cirúrgicos,
é um instrumento para a vida. Quanto mais ela for fortalecida, melhores serão os resultados esperados
pelo paciente. Além disso, se faz primordial na atualidade em todas as especialidades médicas. Por
isso, deve-se preocupar em trabalhar essa temática durante a graduação, não apenas em determinado
período, mas, percorrendo por toda a jornada acadêmica.

CONCLUSÃO

A partir das pesquisas e do exposto no trabalho, temos que a relação médico-paciente é de


fundamental importância no que tange ao atenuar possíveis processos contra os profissionais. É
perceptível o aumento desses processos, e a partir disso pode se levantar alguns questionamentos
sobre as possíveis causas e indubitavelmente uma das hipóteses seria a fraca ou ausente relação entre
paciente e profissional.

Somado a isso, temos que os prejuízos para o profissional não são apenas financeiros, embora esse
seja de grande valia. Podemos citar também o abalo moral e psicológico, tendo em vista que por medo
de sofrerem processos os profissionais receiem atuar, e não só os já formados, como os graduandos
em medicina. Tendo em vista o número alarmante de processos em determinadas áreas, como é o
caso de ginecologia e obstetrícia, inúmeros acadêmicos não enveredam para elas, mesmo gostando,
por medo de futuros processos.

Além desses prejuízos podemos falar em desgaste da reputação, tendo em vista que essa publicidade
do processo expõe e causa danos à imagem do profissional. No entanto, ao fim do processo, se o
mesmo for absolvido, provavelmente ele não terá a mesma imagem perante a população o que gera,
por outra via, um novo prejuízo financeiro, moral e psicológico.

Para atenuar essas situações, se faz necessário cada vez mais ser debatido entre os estudantes de
graduação e os profissionais já formados sobre as questões éticas e morais que circundam o meio
médico. A partir desse incentivo, e das discussões propostas, sabemos que todas as demandas não
serão sanadas, mas, serão dirimidas e evitarão inúmeros outros impasses e desgastes.

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187
A Relação Médico-Paciente Versus A Judicialização Da Saúde: Aspectos Relacionados A Temática.

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188
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 12
10.37423/200902576

A IMPORTÂNCIA DA AQUISIÇÃO DE
CONHECIMENTOS REFERENTES À COVID-19 NO
CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL

Márcia Isabel Gentil Diniz Universidade Federal Fluminense

Helena Gonçalves de Souza Santos Universidade Federal Fluminense


A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

INTRODUÇÃO

É evidente que existem gravidezes em que devido a certas condições acometem as mulheres sejam
estes agravos pré-existentes ou fruto da própria gestação atual. Nesse sentido, estas vulnerabilidades
vão promover a necessidade de mais cuidados e atenção, uma vez que nestas situações o surgimento
de complicações são mais prováveis. Em muitos casos, este risco ocorre à medida que a gravidez vai
progredindo e podem se estender durante todo ciclo gravídico-puerperal.
Diante das intempéries ocasionadas pelo COVID 19 em todo mundo e especialmente aqui as
relacionadas a estas mulheres quanto aos aspectos relacionados à COVID-19 cumpre esclarecer que
tal arranjo de letras e números foi a estratégia que a Organização Mundial da Saúde (OMS) descobriu
para designar a doença provocada pelo novo coronavírus. Tal termo na realidade foi cunhado pela OMS
com um objetivo específico e trata-se de uma junção de co, de corona; vi, de vírus; e d, de “disease”,
palavra em inglês que significa doença em nossa língua.
Já o número 19 lembra o ano em que apareceu a doença: 2019.MINISTÉRIO DA DEFESA/SAUDE
NAVAL,2020.
Sabe- se que em todo mundo e especialmente aqui em nosso país os agravos relacionados à COVID-
19 vinculados ao segmento populacional feminino se cabe evidenciar que devido ao fato de ser uma
doença de aparecimento recente, ainda não há evidências científicas satisfatoriamente fortes para
afirmações decisivas ou para a introdução de condutas protocolares incondicionais.
Devido às alterações fisiológicas, nomeadamente imunológicas e cardiopulmonares, a grávida está
mais suscetível a complicações respiratórias e sistêmicas nas infecções virais. Na gripe A (vírus
influenza A subtipo H1N1) as grávidas constituíram 1% dos doentes, mas tiveram 5% das mortes.
SISTON M, RASMUSSEN A, HONEIN A, FRY M, SEIB K, et al (2010).
Sustenta-se então que na práxis dos profissionais atuantes na prevenção dessa doença é imprescindível
uma invariável obrigação quanto à necessidade de reavaliação e atualização das orientações que até
agora vem sendo apresentadas pelos organismos oficiais de saúde que normalmente se
responsabilizam pelas doenças que acometem mundialmente as populações. Ressata- se também a
eficácia e posicionamentos profissionais de alerta quanto aos novos conhecimentos e as condições
assistenciais que demandam adequações vistas à realidade vivenciada pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) em nosso país.

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A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

1.1 LINHAS DE CUIDADO À SAÚDE DA MULHER

A integralidade, além de um princípio constitucional defendido como


prerrogativa da humanização do cuidado em saúde, busca a possibilidade de
apreender as necessidades mais abrangentes do ser humano, valorizando a
articulação entre atividades preventivas e assistenciais (...) na atenção à saúde
das mulheres, compreendemos a integralidade como a concretização de
práticas de atenção que garantam o acesso das mulheres a ações resolutivas
construídas segundo as especificidades do ciclo vital feminino e do contexto em
que as necessidades são geradas. Nesse sentido, o cuidado deve ser permeado
pelo acolhimento com escuta sensível de suas demandas, valorizando-se a
influência das relações de gênero, raça/cor, classe e geração no processo de
saúde e de adoecimento das mulheres. Contudo, investigações científicas com
profissionais do campo da saúde da mulher vêm identificando obstáculos para
a construção da integralidade do cuidado (...) urge o redirecionamento das
práticas em saúde da mulher de modo que sejam dadas respostas ágeis e mais
resolutivas segundo os princípios da política de atenção integral à saúde das
mulheres.COELHO;E de A.C. et al (2009; p 155-159 )
Diante das considerações já expostas acima ratifica-se ser fundamental uma assistência integral,
humana assim como a organização das práticas direcionadas a este segmento populacional em
situações de vulnerabilidade. E para que tal acompanhamento seja efetivo e constante este deve ser
efetuado por semestres.

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A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

FONTE: Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte. 2020. Disponível em:
https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/wp-content/uploads/2020/05/COVID-19-E-GRAVIDEZ-SESAP-2020-21_0
5.pdf. QUADRO 1º TRIMESTRE até a 14ª semana gestacional (13 sem e 6 dias) Página 4.

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A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

FONTE: Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte. 2020. Disponível
em:https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/wp-content/uploads/2020/05/COVID-19-E-GRAVIDEZ-
SESAP-2020-2 1_05.pdf. QUADRO 2º TRIMESTRE | Da 14ª à 28ª semana gestacional (27 sem e 6
dias)Página 5.

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A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

FONTE: Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte. 2020. Disponível em:
https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/wp-content/uploads/2020/05/COVID-19-E-GRAVIDEZ-SESAP-2020-21_0
5.pdf. 3º TRIMESTRE | Da 28ª semana gestacional até o parto. Página 6.
Quanto às atuais orientações apresentadas acima é evidente que elas não têm caráter prescritivo e
sim elucidativas subsidiando assim a organização das linhas de cuidado à saúde da mulher no ciclo
gravídico-puerperal, de acordo com a realidade de cada serviço de saúde.

Não se sabe AINDA se a transmissão vertical materno-infantil é possível, e, portanto, não há evidência
suficiente para a prevenção e o efetivo controle de infecções neonatais. No entanto, um estudo
prospectivo realizado em mães clinicamente diagnosticadas com a COVID-19, a maioria dos sintomas
iniciais das mães foram febre, tosse ou dispnéia, diarréia ou outro sintoma gastrointestinal. Uma

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A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

tomografia do tórax realizada antes do parto, mostrou alterações típicas de uma pneumonia viral,
como difusão diminuída e opacidade bilateral em vidro-fosco, consolidação pulmonar desigual, bordas
borradas, e lesões convergentes em tiras em alguns casos. LIU, et al. 2020.

Quanto à infecção por COVID-19 e sua possível transmissão vertical de um vírus da mãe para o bebê
se tem conhecimento que esta pode ocorrer durante a gravidez, no momento do parto ou pela
amamentação, contudo, até o momento, não há evidências suficientes sobre essa forma de
transmissão na Covid19.

“ As descrições de manifestações clínicas em neonatos na Covid19 são mais


raras, porém recentemente, temos observado relatos de casos de bebês
precocemente diagnosticados através do exame de RT-PCR (Transcrição Reversa
seguida de Reação de Cadeia de Polimerase), considerado padrão ouro para a
detecção da SARS-CoV-2, inclusive com evolução para sepse neonatal grave de
início tardio. (... ) As células da placenta expressam, durante toda a gestação,
quantidades muito pequenas dessas duas principais moléculas usadas pelo
SARS-CoV-2 para infectar células humanas. Pesquisadores da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu identificaram dois genes altamente
expressos na placenta humana que codificam proteínas que poderiam servir
como uma espécie de “porta alternativa” para a entrada do novo coronavírus
(SARS-CoV-2) nas células: a dipeptidil peptidase 4 (DPP4) e a catepsina L (CTSL).
Na conclusão do estudo, a avaliação dos autores, sugere que essas possam ser
as primeiras evidências da existência de um mecanismo alternativo de infecção
das células placentárias pelo SARS-CoV-2, que precisará ser confirmado e mais
bem compreendido em estudos futuros. (... ) Não há evidências de transmissão
do vírus através da amamentação. Em um estudo quantitativo com 64 amostras
de leite materno coletados de 18 mulheres americanas infectadas com SARS-
CoV-2, entre 27 de março e 6 de maio de 2020, foi observada que em nenhuma
das amostras coletadas, detectou-se a presença de vírus com capacidade de
replicação e que no leite submetido ao processo de pasteurização, nenhum
vírus competente para replicação nem RNA viral foram detectados. Concluindo-
se que, o próprio leite materno não deve ser uma fonte de infecção para o bebê.
Portanto, mulheres infectadas, que desejam amamentar devem ser
incentivadas a fazê-lo, bem como orientadas sobre a correta higienização das
mãos, o uso de máscaras cirúrgicas e o uso de luvas para realização das trocas
de fraldas, pelo potencial risco de eliminação de vírus pelas fezes “. MOREIRA,
2020.
Quanto às complicações fetais como já foi exposto anteriormente as possíveis repercussões fetais da
COVID-19 incluem aborto espontâneo, restrição de crescimento intra-uterino (RCIU) e parto
prematuro. A febre, com temperatura mediana de 38,1 a 39,0 o C na mãe, é o sintoma predominante
da COVID-19, sendo importante salientar que estudos de coorte em pacientes com outras infecções
não demonstraram riscos aumentados de anomalias congênitas por pirexia materna no primeiro
trimestre, embora os distúrbios de desatenção na infância sejam mais comuns, possivelmente
relacionados a lesões hipertérmicas nos neurônios fetais. RAMALHO, C. 2020.

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A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

Na realidade o que sabemos sobre o acometimento de COVID-19 em mulheres no ciclo gravídico


puerperal e suas repercussões em seus neonatos em termos de dados e pesquisa disponíveis a
literatura apresentada ainda é escassa pois trata-se de uma doença nova em todos os segmentos da
população.

Apesar de não haver ainda evidências científicas para o maior risco às mulheres
grávidas e neonatos quanto a COVID-19, várias orientações derivam da analogia
com infecções causadas por outros vírus (SARS-CoV, MERS-CoV e H1N1) e tudo
que existir de evidências hoje estará sujeito a modificações a partir da geração
de novos conhecimentos (FAVRE et al., 2020). Assim sendo, o Ministério da
Saúde preventivamente coloca gestantes e puérperas, nas duas primeiras
semanas após o parto, em grupo de risco para agravamento do quadro da COVID-
19 (BRASIL, 2020).
Quanto às estratégias de enfrentamento para cuidado com estas mulheres, se sabe da inegável
importância dos riscos biológicos. Contudo, existem outros riscos envolvidos que são as condições de
vulnerabilidades da mulher, neonato e suas famílias. Esta realidade que vem se apresentando vai
demandar abordagens diferenciadas de educação e saúde assim como suporte terapêutico para as
famílias.

Diante de todo o que já foi exposto (...) se deve colocar a saúde mental como uma preocupação
permanente, urgente e essencial, sobretudo nesse período em que a sociedade como um todo
enfrentará uma gama desconcertante de desafios como consequência da experiência individual e
coletiva durante a pandemia global. SILVA, et al. 2020.

Corroborando com o autor supracitado ressaltam-se ainda os estudos que abordam a noção de crise
que classicamente deve ser estudada em três etapas para fins didáticos. De acordo com WHO, 2020a
são elas: pré-crise, intracrise e pós-crise.

Quanto às estratégias de enfrentamento para cuidado com estas mulheres, se tem ciência da inegável
importância dos riscos biológicos. Contudo, existem outros riscos envolvidos que são as condições de
vulnerabilidades da mulher, neonato e suas famílias. Esta realidade que vem se apresentando e
demanda abordagens diferenciadas de educação e saúde assim como suporte terapêutico para as
famílias.

“Nesta linha de raciocínio exposta (...) se deve colocar a saúde mental


como uma preocupação permanente, urgente e essencial, sobretudo
nesse período em que a sociedade como um todo enfrentará uma gama
desconcertante de desafios como consequência da experiência individual
e coletiva durante a pandemia global”. SILVA, et al (2020 ).

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A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

Na etapa denominada de pré-crise se caracterizou quando foram disseminadas informações referentes


às formas de contágio, transmissão ou desenvolvimento da doença e seus sintomas, além das
consequências relacionadas ao fator de adoecimento (...) difundiram-se informações sobre a
mortalidade mais alta em idosos, apesar da baixa letalidade geral da doença, as características em
parte similares a gripes sazonais e a transmissão por contato direto ou mediado com indivíduos
doentes (... ). Durante uma pandemia, é importante aumentar a conscientização da população-alvo
sobre a patologia, de modo a diminuir a ansiedade social e estimular mudanças comportamentais que
poderão ajudar no controle da doença. Logo, a comunicação é útil na gestão de uma emergência
sanitária que gera preocupação, ansiedade e pânico na sociedade WHO, 2020b.

No período de intra crise é o momento no qual o problema de saúde se instala com a constatação da
gravidade e vulnerabilidade ao adoecimento, e o reconhecimento do risco eventual de contágio.

Na crise desencadeada pela COVID-19, especificamente na intracrise, já se pode visualizar a alta


quantidade e a simultaneidade dos casos suspeitos e confirmados, situação que tende a sobrecarregar
o sistema de saúde. Esse fenômeno provoca intensas repercussões no funcionamento social e tem
potencial de impactar severamente a saúde mental da sociedade. FARO, 2020.

Dentre os pacientes confirmados ou com suspeita da COVID-19, são comuns relatos de tédio, solidão
e raiva, juntamente com seus familiares próximos, os quais também têm sido foco de atenção, dado o
fato de que alguns têm apresentado sintomas relacionados ao estresse pós-traumático (XIANG, et al.,
2020. in FARO, 2020 ). Com esses grupos, sintomas somáticos, insônia, ansiedade, raiva, ruminação,
diminuição da concentração, mau humor e perda de energia devem receber atenção especial nos
cuidados de saúde mental (PARK & PARK, 2020 in FARO, 2020). Soma-se a isso o aguçamento das
preocupações consigo e com os outros durante a epidemia, o que passa a ser uma rotina cada vez mais
exigente durante o intracrise. Isso tende a elevar carga emocional, física e de papéis sociais, facilitando
o desencadeamento, agravamento ou recidiva de transtornos mentais ou doenças físicas (BROOKS et
al., 2020 in FARO 2020).

O terceiro momento da crise pode ser compreendido como uma fase de reconstrução social. Após o
declínio do número de novos casos e a diminuição da transmissão comunitária, as medidas de
distanciamento social são reduzidas e o surto de contaminação tende a estar sob controle, ainda que
não seja necessariamente inexistente. As pessoas começam a retomar as atividades habituais, há o
retorno gradual do funcionamento das instituições e comércio, além de um menor nível de exigência
de proteção contra o contágio (...). Apesar da progressiva retomada da rotina diária em curto prazo,

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A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

uma série de consequências da pandemia demanda prazos médios e longos para serem revertidos. Em
suma, tem-se como expectativa que seja ressaltada a importância da compreensão do ajustamento
psicológico frente às adversidades, especialmente aquelas com alto potencial de severidade e alcance,
como é a COVID-19. FARO, 2020.

Tal estudo tem o intuito de estimular reflexões sobre a necessidade de se transcender os cuidados
biológicos em acometimentos de COVID 19 voltando à atenção da sociedade também para o cuidado
relativo a promoção da saúde mental das mulheres acometidas de COVID-19 seus neonatos e famílias.
Espera- se o fomento e a realização de ações de prevenção, assistência e abordagens efetivas de saúde
mental para promoção do bem-estar psicossocial em todos os países, assim como a implantação de
políticas públicas mais essenciais e ativas.

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A Importância Da Aquisição De Conhecimentos Referentes À Covid-19 No Ciclo Gravídico-Puerperal: Subsídios Relacionados As
Linhas De Cuidado À Saúde Da Mulher

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200
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 13
10.37423/200902581

CONSTRUÇÃO DE CARTILHA PARA ORIENTAÇÃO


À VIAJANTES

Dalila Augusto Peres CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO;


HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER
CANTIDIO- UFC
Gleudson Alves Xavier CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO;
HOSPITAL DE MESSEJANA/SESA-CE

Thays Helena Araújo da Silva CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO


Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

Resumo: A saúde do viajante é um tema que vem ganhando importância nos últimos anos devido ao
aumento do fluxo internacional de pessoas, acarretando em surtos e epidemias que traz impactos na
Saúde Pública. A enfermagem atua nessa área que engloba aspectos da doença infecciosa, saúde
pública e imunização.Este estudo teve como objetivo descrever o processo de construção de uma
cartilha educativa destinada à viajantes.Pesquisa de natureza metodológica constituída em três etapas:
a seleção do conteúdo, seleção de imagens e montagem da cartilha. O trabalho resultou na produção
da versão final do material em formato de cartilha, com uma linguagem bem objetiva, destacando os
principais cuidados com animais, mosquitos e carrapatos; contra água e alimento contaminado;
infecções respiratórias; infecções sexualmente transmissíveis e imunização que poderá ser utilizado
por viajantes e agentes de viagem como forma de promoção a saúde. Conclui-se que a cartilha constitui
instrumento de promoção a saúde demonstrando a importância da integração entre saúde e turismo,
a fim de minimizar ou evitar problemas na saúde do indivíduo e na saúde coletiva.

Palavras-Chave: Saúde do Viajante, Educação em Enfermagem, Turismo.

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

1 INTRODUÇÃO

A saúde do viajante é um tema que vem ganhando importância nos últimos anos devido ao aumento
do fluxo internacional de pessoas, que pode acarretar surtos e epidemias, e trazer impactos na Saúde
Pública. Trata-se de uma área que estudaos riscos individuais e coletivos, ocasionados pela
movimentação de pessoas, e sua interação com diversos ambientes, sendo importante para setores
do governo, empresas aéreas e marítimas, como também agências de viagem (MATOS; BARCELOS,
2010).

Quando o indivíduo viaja, ele se expõe a um ambiente diferente do qual ele reside, podendo ficar
exposto a novos riscos ou a riscos maiores do que os existentes no seu local de residência. O viajante
ao desconhecer esses riscos pode ficar mais vulnerável a adquirir infecções, vir a adoecer ou pode
permanecer assintomático por tempo prolongado, a depender do agente infeccioso. Portanto,
geralmente é o viajante quem introduz e reintroduz novas doenças em locais onde elas nunca existiram
ou já foram eliminadas (MARTINS; PEDRO; CASTIÑEIRAS, 2011).

Os serviços de medicina de viagem, particularmente os serviços públicos, têm um papel importante na


divulgação e na consolidação de ações à saúde do viajante, visando à prevenção primária e podem
contribuir para diretrizes em saúde pública, na área de medicina de viagem (LOPES; MIYAJI, 2014).

A medicina de viagem tornou-se uma especialidade multidisciplinar dinâmica que engloba aspectos da
doença infecciosa, saúde pública e imunização, tornando uma área desafiadora da prática clínica e os
profissionais precisam de conhecimento atualizado e experiência em diversas áreas, sendo
indispensável o enfermeiro ter o conhecimento sobre a epidemiologia global, imunização e os
regulamentos de saúde nacionais e internacionais (YAZDIAN et al, 2015).

As relações entre saúde e turismo são interdisciplinares, o turismo em si, resulta em um fenômeno
social e cultural, em que as interações de pessoas podem afetar a saúde de todos. O turismo e a saúde
são elementosrelacionados e são de extrema importância para a economia e para as políticas sociais.
É necessário realizar campanhas de promoção e orientação, focadas no turismo nacional e
internacional, para informar sobre a necessidade do autocuidado da saúde, e produzir mensagens
dirigidas aos trabalhadores do setor do turismo e afins, para fortalecer seus hábitos de higiene pessoal,
gestão de saúde de alimentos e serviços, bem como atendimento de saúde à turistas (RUIZ-DE-CHAVEZ
et al,1994).

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

Considerando que há um aumento no deslocamento de pessoas e segundo a Secretaria de Turismo do


Estado do Ceará, só em 2016, a cidade de Fortaleza recebeu mais de trêsmilhões de turistas, sendo a
capital cearense um dos principais portões de entrada do país (SILVA; CAVALCANTE, 2004), seguiu
seguinte questionamento: existe algum tipo de orientação ao viajante na capital? O viajante está sendo
orientado corretamente?

A cidade de Fortaleza é uma das principais portas de entrada do turismo brasileiro, sendo as unidades
básicas de saúde a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), em que a equipe de enfermagem
atua na orientação e prevenção dos usuáriosviajantes. O enfermeiro também deve conhecer a
importância do acolhimento ao usuário viajante e desempenhar seu papel.

A escolha do tema para cartilha surgiu a partir das reflexões da dinâmica entre Turismo e Saúde
retratados pela curiosidade dosautores e entendem a importância do planejamento e integração do
turismo e saúde além da deficiência de orientações e políticas públicas quando se trata da saúde do
viajante na cidade de Fortaleza/CE, observadas na busca em sitesoficial da Prefeitura Municipal de
Fortaleza e Governo do Estado do Ceará(FORTALEZA, 2018; CEARÁ, 2018) e não foram encontradas
informações necessárias.

Considerando os pontos acima abordados, é primordial a construção de tecnologias educativas sobre


prevenção de doenças à viajantes.

2 OBJETIVO

- Construir uma cartilha para os viajantes a fim de prevenir doenças e promover saúde.

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa metodológica que tem por objetivo desenvolver instrumentos e envolver
métodos complexos e sofisticados para a coleta de dados. Refere-se ainda, a uma investigação dos
métodos no intuito de promover a organização desses dados e auxiliar na condução de pesquisas
rigorosas. Esse tipo de pesquisa trata em linhas gerais, do desenvolvimento, da validação e da avaliação
de ferramentas e métodos de pesquisa (POLIT; BECK, 2011).

Nesse tipo de estudo o pesquisador constrói uma tecnologia confiável e que possa ser utilizado por
outros pesquisadores ou outras pessoas que demonstram interesse. Vale salientar que este tipo de
pesquisa pode ser utilizado em qualquer área e disciplina, incluindo dessa forma, a enfermagem, uma

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

vez que está lidando com fenômenos complexos como comportamento ou a saúde dos indivíduos
(POLIT; BECK, 2011).

Nessa pesquisa foi realizada a construção da cartilhasobre prevenção de doenças às viajantes,em três
etapas que se apresenta na imagem a seguir:

Foi realizada a seleção de conteúdo a partir do levantamento bibliográfico na literatura, por material
teórico atualizado e confiável nas diversas bases de dados de literatura cientifica, além da pesquisa em
sites de órgãos mundiais, federais, estaduais e municipais que abordam sobre o tema.

O resultado da pesquisa, que serviu de base para as ilustrações, mostrou-se de fundamental


importância à orientação pré-viagem para os viajantes, população essa totalmente vulnerável exposta
a vários riscos.

A seleção das imagens tornoua tecnologia mais atrativa e por questões éticas, não foram utilizadas
imagens de pessoas. Dessa maneira, a elaboração da cartilha traduziu-se em orientar e informar aos
viajantes como devem proceder para ter uma viagem tranquila e segura.

A montagem da cartilha foi elaborada por profissional publicitário, realizado trabalho de design e
diagramação das imagens. As imagens foram criadas pelo profissional com a utilização dos programas
Adobe Illustrator e Photoshop e site Freepikpara criação da cartilha e de vetores.

A primeira versão da cartilha continha 22 páginas frente e verso e posteriormente foram reduzidas
para 19 páginas, com uma leitura mais dinâmica e introdução de mais figuras. A versão final da cartilha
possui 19 páginas frente e verso.

Apesquisa não foi realizada com seres humanos, por isso não foi submetida ao comitê de ética. Os
artigos citados foram todos resguardados de suas autorias. O reconhecimento do direito de um autor
sobre seu texto é um direito moral e também direito econômico por quem o produziu, além de garantir
a continuidade de seus projetos, confere prestígio e reforça a possibilidade de aspirar a posições
hierárquicas superiores em sua área de estudo (GARCIA et al, 2010)

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As relações entre saúde e turismo são interdisciplinares. Carpena eBonin (2014) constatam que é
fundamental entender todos os conceitos, sendo um primeiro passo para quem deseje atuar na área
da saúde, pois as escolhas são proporcionais às responsabilidades a fim de oferecer um serviço
responsável e ético para atender às necessidades dos turistas.

A capa da cartilha foi elaborada com a simbologia ao viajante caracterizada pelo principal documento,o
passaporte, que os mesmos devem portare símbolo de ponto de partida das viagens internacionais. A
escolha de cor de fundo foi em vários tons de azul claro, para ter o contraste com as figuras do
passaporte e os atrativos turísticos.

Figura 1 – Capa da Cartilha


Fonte: Autora
As figuras são representadas pelos principais atrativos turísticos ao redor do mundo, que são em
sequência: a Estátua da Liberdade localizada em Nova Iorque, seguido pela Torre Big Ben em Londres,
Templo Partenon na Grécia, Roda Gigante de Londres, Mausoléu Taj Mahal na Índia, Cristo Redentor
no Brasil, Coliseu e Torre de Pisa na Itália e a Torre Eiffel localizada em Paris (figura 1).

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

O desenho de nuvens embaixo dos atrativos turísticos simboliza como o turista chega aos destinos,
através do principal meio de transporte do século XXI e principal meio de transporte dos viajantes: o
avião.

A percepção da escala da abrangência do turismo surge como


instrumento fundamental no planejamento e no entendimento da
importância das diversas áreas ligadas ao fenômeno. Ela faz-se
necessária para o desenvolvimento local, regional, nacional, até mesmo
subcontinental do fenômeno que denominamos turismo. (PIERRI;
NETTO, 2015, p.21).
As páginas dentro da cartilha apresentam fundo com imagens de pontos turísticos, com uma
“máscara” azul por cima para alinhar com o tom da capa e assim destacando os textos para o leitor
absorver as informações de forma mais clara e objetiva. Também é possível encontrar personagem, a
enfermeira Thays, inspirado no perfil da própria autora, personagem que explica a importância do
viajante se cuidar e realiza as orientações necessárias para perfil de cada turista.

Figura 2 – O que é saúde do viajante

Fonte: Autora

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

O primeiro tópico da cartilhaapresenta: O que é a saúde do viajante? Ele apresentou o significado do


termo, a importância de cuidar da saúde antes e durante das viagens por quaisquer motivos e duração,
além de apontar que tipos de riscos esses viajantes podemser expostos em todo o percurso. Em
seguida, foram citados os principais casos de surtos e epidemias no Brasil e no mundo.

Figura 3 – Surtos e Epidemias pelo Brasil e Mundo

Fonte: Autora.

A maioria das doenças que acometem os viajantes pode ser prevenida com medidas simples. É
fundamental ter o conhecimento sobre esta área de atuação, para que o viajante procure, assim
efetivando aconselhamentoadequado e adesão. (GARCÍA-ZAPATAet al, 2015).

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

Figura 4 - Doenças que os viajantes são susceptíveis

Fonte: Autora.

O segundo tópico da cartilha:Quais as doenças os viajantes podem adquirir? Descrevem quais doenças
infecciosas o viajante está exposto que estão subdivididas em quatro tópicos:Por água e alimentos
contaminados; por animais, insetos e carrapatos; por causas respiratórias e por infecções sexualmente
transmissíveis.
Para ter uma viagem tranquila e segura é de suma importância o viajante conhecer quais os riscos que
ele está exposto, e às vezes por desconhecer esses riscos ele fica mais vulnerável a adquirir infecções.
Além de danos à própria saúde, pode transmitir doenças infecciosas para outras pessoas ou servir de
fonte de infecção para vetores.(MARTINS; PEDRO; CASTIÑEIRAS, 2011).

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

Figura 5 – Doenças que os viajantes são susceptíveis

Fonte: Autora.

As orientações que são fornecidas, são de acordo com as necessidades específicas de cada um,
realizando anamnese, analisando seus antecedentes pessoais, história prévias de doenças, cartão de
vacinas em dias além de conhecer o destino do viajante e orientar sobre as doenças endêmicas e dos
riscos os quais estão expostos até o retorno para sua zona habitual.

As doenças citadas na cartilha são doenças causadas por vírus, bactérias e fungos, a maioria delas
preveníveis com cuidados básicos de higiene pessoal e de alimentos manuseados e a vacinação prévia.
É importante lembrar que a vacinação deve ser usada em conjunto com todas as medidas citadas
(BALLALAI; BRAVO, 2016).

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

O terceiro tópico: Recomendações Gerais são recomendações básicas que podem ser fornecidas antes
ou durante qualquer viagem. Acerca da conscientização sobre os riscos de doenças relacionadas à
viagem é insuficiente por toda população.

Figura 6 – Recomendações Pré-viagem

Fonte: Autora

Essas orientações podem ser realizadas por profissionais envolvidos na viagem, como os agentes de
turismo, recepcionista de hotéis, pousadas, guia de turismo, garçom na barraca de praia ou até mesmo
pela comissária de bordo durante o voo. Quanto mais pessoas envolvidas e capacitadas, menor será a
incidência ou reincidência de surtos ou epidemias.

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

Figura 7 – Recomendações durante a viagem

Fonte: Autora

Uma infraestrutura inadequada da saúde pública repercute na diminuição do turismo local, trazendo
má qualidade dos serviços turísticos, aumento de riscos e enfermidades nos turistas, aumento de faltas
dos trabalhadores e grandes perdas econômicas. O planejamento inadequado do turismo repercute
na saúde local, com novas epidemias e enfermidades, aumento da prostituição, de violência e
acidentes além da sobrecarga dos serviços de saúde. (RUIZ-DE-CHAVEZ et al,1994).
Percebe-se que o impacto do turismo na saúde e vice-versa. O turismólogo é responsável pelo
planejamento e organização de atividades vinculadas ao turismo e são responsáveis também por
ajudar os turistas a conhecer a cultura daquela região e garantir sua segurança e saúde, o turismólogo
em conjunto com as secretarias de turismo devem capacitar todos envolvidos na cadeia turística como
os guias de turismo, agentes de viagens e hotéis.

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

O item quatro da cartilha: Recomendações específicas vêm divididas em quatro subtópicos com
orientações específicas para prevenção de água e alimentos contaminados; contra mosquitos,
carrapatos e outros artrópodes; infecções por causas respiratórias e infecções sexualmente
transmissíveis.
Doenças transmitidas por água e alimentos são bastante comuns entre os viajantes em todas as partes
do mundo.Eles podem desenvolver riscos porque geralmente não preparam sua própria comida, não
tem controle sobre a manipulação adequada dos alimentos que são fornecidos, de como foi realizado
tratamento da água que ele consome são fatores que influenciam nessa incidência.
Figura 8 – Cuidados básicos com água

Fonte: Autora
Os alimentos podem ser contaminados pelo cozimento errado e armazenamento incorreto. Qualquer
alimento que seja tocado por uma pessoa doente ou tenha contato com alguém doente pode
contaminar esse alimento de forma cruzada. A contaminação cruzada também pode ocorrer
preparando carne ou frango cru em uma tábua de cortar e depois usando a mesma tábua sem lavar

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

para preparar alimentos que não serão cozidos (como salada), pois as bactérias podem se espalhar a
tábua de cortar para a salada. (SHEEN et al, 2017).
A infecção mais relatada em viajante por alimento contaminado é a diarreia do viajante. O patógeno
mais conhecido desse tipo de infecção é a Escherichia coli (E. coli), que tem têm período de incubação
que varia de algumas horas a vários dias. Assim, muitos turistas podem realmente desenvolver
sintomas dentro de uma semana ou mais depois de voltar de suas viagens. (SHEEN et al, 2017)
Figura 9 – Cuidados com a alimentação

Fonte: Autora
Para que aconteça a diminuição das taxas de infecções oro fecais no mundo é necessário que tenha
melhoria nos padrões de higiene e vigilância sanitária nos destinos de viagem além de cuidados básicos
que o viajante pode realizar, como higienização correta das mãos, dos alimentos, comer alimentos
preferencialmente cozidos ou assados na hora e evitar consumir bebida de fonte desconhecida, como
por exemplo, de ambulantes ou água da torneira (CDC, 2017).

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

Em relação à prevenção de infecções causadas por mosquitos, carrapatos e artrópodes é necessário à


compreensão do comportamento dos vetores a fim de fornecer sugestões apropriadas aos viajantes e
ajudar a criar um cronograma seguro de viagens. Esse cronograma pode ser realizado de acordo com
a atividade de pico de mordida, como períodos de crepúsculo para malária ou horário de verão para
dengue. (HUANG et al, 2011).
Figura 10 – Infecções por mosquitos, carrapatos e artrópodes.

Fonte: Autora
Das principais doenças causadas por esse grupo, pode se destacar a malária. É uma das doenças
parasitárias que mais preocupam a saúde pública do Brasil. Na região Norte, mais de 99% dos casos de
malária são registrados na Amazônia, e o Estado do Amazonas responde por 40% desse total,
constituindo-se um grande desafio epidemiológico. (SAMPAIO et al, 2015).
As infecções respiratórias são bastante comuns em viajantes por todo mundo devido ao alto índice de
transmissão por gotículas e secreções. O mundo já passou e passa por várias epidemias e pandemias

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

respiratórias como a gripe, a tuberculose, sarampo ou a catapora (MARTINS; PEDRO; CASTIÑEIRAS,


2008).
No Brasil, com o aumento de viagens por cruzeiros marítimos há uma preocupação com os surtos de
gripe a bordo já que são ambientes na maioria das vezes, fechados onde há uma integraçãoentre
passageiros e tripulantes com atividades a bordo, tais como refeições, jogos e filmes favorecem para
disseminação do vírus da gripe. (FERNANDES et al, 2014).
Figura 11 – Infecções respiratórias e Infecções Sexualmente Transmissíveis

Fonte: Autora
As viagens internacionais apresentam risco de violência sexual. Nos últimos anos, vários incidentes de
grande repercussão, incluindo o estupro coletivo de uma mulher indiana a bordo de um ônibus em
Nova Déli, em 2012, aumentaram a conscientização sobre esse risco. (KENNEDY;FLAHERTY, 2015).
O sexo com um novo parceiro é comum durante a viagem de qualquer duração. Estima-se que 5% a
50% dos viajantes internacionais fazem sexo com um novo parceiro no exterior, aumentando suas
chances de desenvolver uma infecção sexualmente transmissível (IST). Em certas regiões, o trabalho

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

sexual comercial é legal e culturalmente aceitável. No entanto, os viajantes devem estar cientes de que
as infecções por Vírus da imunodeficiência humana (HIV) e ISTs são comuns entre os profissionais do
sexo. (CDC, 2017).
Os enfermeirosdevem oferecer conselhos prévios, considerando a discussão sobre a violência sexual
com os pacientes.Podem ser aconselhados a pesquisar a área para a qual estão viajando com o objetivo
de identificar áreas inseguras que devem ser evitadas, aconselhar quanto aos riscos para a saúde da
violência sexual e as opções de tratamento disponíveis para eles é essencial. Os pacientes devem estar
cientes de que buscar cuidados médicos imediatos é importante se as consequências para a saúde a
longo prazo devem ser evitadas (por exemplo, gravidez indesejada, infertilidade, HIV).
(KENNEDY;FLAHERTY, 2015).
Figura 12 – Alerta da violência sexual

Fonte: Autora.
O último tópico da cartilha: Recomendações de Vacinação é de extrema importância para o leitor, onde
ele visualiza todas as opções disponíveis de vacinas no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas clínicas

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

privadas de vacinação. A melhor forma de prevenir as doenças infecciosas citadas na cartilha é através
da vacinação e na maioria das vezes, os viajantes só conhecem a vacina da Febre Amarela.
Figura 13 – Recomendações de Vacinação

Fonte: Autora
Geralmente os usuários-viajantes procuram as UBS para receberem a vacina contra febre amarela,
sendo ainda o principal elo entre os viajantes e os serviços de saúde. A vacina da Febre Amarela é
exigida para emissão do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP). A vacina é
recomendada a partir de nove meses de idade e é contraindicada para alérgicos a proteína do ovo,
gestantes e imunodeprimidos por ser uma vacina atenuada. (MALLET; DALL'AGNOL; SOUZA, 2010).

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

Figura 14 – Orientações para Emissão do Certificado Internacional do Viajante.

Fonte: Autora.
O Brasil é considerado um dos países que possuem o maior calendário vacinal do mundo. O PNI
(Programa Nacional de Imunização) é um instrumento de organização e implementação desse
calendário no país que foi formulado em 1973 pelo Ministério da Saúde.(LIMA; PINTO, 2017).
O enfermeiro é o responsável técnico por todas as atividades exercidas nas salas de vacinação, tendo
o privilégio de intervir no processo saúde/doença. A falta de orientação aos pacientes pode ocasionar
problemas como atrasos e perdas de vacina além da propagação de doenças. (MARTINS; SANTOS;
ÁLVARES, 2019).

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

Figura 15 – Vacinas disponíveis no Brasil

Fonte: Autora.
A vacina da Febre Tifoide é indicada para aqueles que viajam para locais com precárias condições de
saneamento básico e higiene, condições inadequadas de acomodação e convívio com a população
local. (CHINWA LO, Simone et al 2008). É indicada para crianças a partir de 2 anos, adolescentes e
adultos em situações referidas acima, sendo necessária esquema de 1 dose, conferindo proteção por
3 anos. (SBIm, 2017a).
Outro caso que se pode destacar é a poliomielite, endêmica em três países: Afeganistão, Nigéria e
Paquistão, mas que continuam a importar surtos do poliovírus para outros países. Viajantes infectados
são poderosos vetores de transmissão e possível reintrodução do vírus em zonas livres de pólio. A
vacinação é recomendada para crianças a partir de dois meses de idade, sendo esquema de quatro
doses com intervalo de dois meses entre elas e os adultos que não foram vacinados recomenda
esquema de três doses com intervalo de quatro a oito semanas da primeira e seis meses da segunda
para terceira dose. (ARRAZOLA; SERRANO; LÓPEZ-VÉLEZ, 2016).

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

É importante destacar que existem diferenças de calendários de vacinação por faixas etárias, pois
existe conjunto de orientações específicas além da exposição à riscos dependendo do grupo, como
trabalhadores, viajantes ou pacientes em situações especiais, como por exemplo os pacientes
transplantados.
No último item da cartilha foi destacado calendário do adulto e idoso, pois são os que menos se
vacinam ou tem conhecimento que existem vacinas para sua faixa etária.
Figura 16 – Calendário do Adulto.

Fonte: Autora.

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Figura 17 – Calendário Idoso

Fonte: Autora.
Atualmente, vem crescendo as buscas por tecnologias educativas na área da saúde, e o ensino de
enfermagem tem incorporado em seu currículo ferramentas tecnológicas, que possibilitam o uso
demetodologias ativas,no processo de ensino e aprendizagem.
A tecnologia pode ser direcionada ao indivíduo, família, comunidade,
profissional ou instituição. Requer fundamentação científica, com estrutura
semelhante ao processo de enfermagem, ou seja, identificação de uma
necessidade para sua implementação, planejamento voltado a resultados
constatados. (MORAES DE SABINO et al, 2016, p.695).

Ao longo do processo da construção da cartilha, foi percebida a quantidade de cuidados que os


viajantes precisam ter durante todo seu percurso até chegar à sua casa e como esses cuidados não são
orientados de forma adequada dentro das unidades básicas de saúde, dentro das salas de vacinação.
A cartilha veio com essa premissa, de passar todas as orientações de forma prática e dinâmica, assim,
contemplando todos os cuidados que os viajantes devem ter para uma viagem tranquila e sem doença.

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Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desse estudo, conclui-se que é de fundamental importância a orientação para usuários-
viajantes dos riscos que estão expostos. É necessário que intensifique políticas públicas no turismo e
na saúde, com a integração e criação de programas, para que aumente e promova essas orientações a
fim de minimizar ou até mesmo evitar problemas na saúde do indivíduo e na saúdecoletiva.
A interação com o agente de viagem e o turismólogo é essencialvisto que os agentes lidam diretamente
com os turistas podendo abordá-los no planejamento da viagem e os turismólogos com planejamento
da região receptora, podendo abordar na infraestrutura da região e na capacitação de todos os
profissionais envolvidos nessa área.
Ressalta-se ainda, a atuação do enfermeiro nessa nova área de atuação, de acordo com as diretrizes
curriculares da formação do enfermeiro, ele está habilitado a atuar na promoção e prevenção nas
doenças infectocontagiosas e na imunização.
Para a construção da cartilha foi encontrada algumas limitações a ressaltar, comopoucos estudos
relacionados à Saúde do Viajante no país. A revisão bibliográfica e a construçãoda cartilha foram
embasadas a maioria em artigos internacionais e órgãos responsáveis como principal referência as
publicações Centers for Disease ControlandPrevention (CDC).
Foi observado também que poucas publicações na literatura têm enfermeiro como autor, sendo
importante a pesquisa com esta temática. O enfermeiro como atuante nas Unidades Básicas de Saúde
(UBS), deverealizar orientaçõesà saúde dos viajantes em conjunto com a equipe de saúde, de acordo
com a demanda, fluxo turístico e de forma holística.

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223
Construção De Cartilha Para Orientação À Viajantes

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25
226
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 14
10.37423/200902593

HABILIDADES NECESSÁRIAS À ENFERMAGEM


PARA ATUAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA

Ana Patrícia Ricci Unigran Capital

Vanessa Pinto Oleques Pradebon Unigran Capital

Michele Batiston Borsoi Unigran Capital

Leila Patrícia Dantas Unigran Capital


A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

Resumo: A Unidade de Terapia Intensiva é um setor onde os cuidados são contínuos e complexos,
diante deste contexto este estudo teve como Objetivo Geral: Identificar a produção científica sobre as
habilidades necessárias à enfermagem para atuar em Unidade de Terapia Intensiva. Tendo como
Metodologia: a revisão integrativa da literatura, buscando reunir e sintetizar conhecimentos pré-
existente acerca da temática proposta. Após delimitar a pesquisa quanto as bases de dados eletrônicas
e descritores, encontrou-se 45 artigos, depois de refina-la com base nos critérios de inclusão foram
encontrados 25 artigos destes 4 foram excluídos, pois tratava-se de artigos duplicados, e 21 atendiam
aos objetivos deste estudo. Concluindo que todos os artigos mencionaram a necessidade de
capacitação específica para atuação em UTI, e que é pontual que os enfermeiros tenham múltiplas
habilidades, dentre elas: Administrativas / Gerenciais; Assistência especifica; De ensino e pesquisa;
Tomada de decisão rápida; Manutenção de cateter, e manutenção venosa; Assistência segura;
Qualidade prática; Capacitação online e ferramentas tecnológicas; Capacitação específica; Protocolos
de manejo e alívio da dor.
Palavras Chave: Habilidades; Enfermagem; Terapia Intensiva.

1
228
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

INTRODUÇÃO

A Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) é um setor dentro do sistema de saúde que possibilita o
cuidado abrangente abrigando múltiplas dimensões. Segundo Backes, Erdmann e Buscher (2015 p.
412) refere-se a um ambiente direcionado aos cuidados de pacientes com quadro grave de alta
complexidade, possuindo alta tecnologia de tratamento com o potencial para intervenções agressivas
e invasivas, disponibilizando um livre combate entre a vida e a morte. Classificado como inóspito,
devido aos ruídos constantes, alta iluminação, alarmes, e movimentação de profissionais excessiva, é
por vezes, a única opção de alguns pacientes.
A UTI faz parte do complexo hospitalar incumbida dos cuidados e monitoramento continuo dos
pacientes, com foco centrado no paciente e nos seus familiares, contando com profissionais
qualificados e dinâmicos, prontos para monitorar e intervir de acordo com a complexidade do caso de
cada paciente (REIS; GABARRA; MORÉ, 2016).
Os pacientes são admitidos nas UTIs quando correm risco de morte, e o estado de saúde é grave,
apresentando potencial de recuperação. A oferta de vagas é usualmente limitada, e só é considerada
se fatores como, patologias, sinais vitais, exame físico e exames complementares são considerados
críticos. O setor ainda conta com suporte ventilatório (tipo CPAP nasal); medicamentos vasoativos
contínuos, monitoramento constante, terapia de estimulação (como hemodiálise por exemplo);
terapias de alivio da dor aguda; instrumentos de reanimação cardiopulmonar, dentre outros recursos
tecnológicos de última geração, assim como os medicamentos necessários para as intervenções de
acordo com o estado de cada paciente (SILVA; MENEZES, 2015).
Na prática assistencial o profissional de enfermagem necessita ter conhecimento técnico para utilizar
toda a tecnologia disponível no setor, e devido à complexidade das funções é imperativo que o mesmo
seja devidamente qualificado, afinal, é um setor que emana alto risco de morte para os pacientes, sem
espaço para erros. É relevante pontuar, que a UTI é um setor de pressão psicológica intensa, onde a
equipe passa por uma alta demanda de funções, incluindo rotinas especificas para cada paciente,
supervisão atenta e constante dos gestores, exigindo capacitação especifica, representando um
desafio para todos os enfermeiros. Lembrando que apesar de todas as características já pontuadas, o
profissional precisa ser calmo, focado, associando as técnicas de enfermagem ao cuidado humanizado,
utilizando as tecnologias e todas as ferramentas disponíveis para prestar um bom atendimento (OUCHI
et al., 2018).
No Brasil dentro da enfermagem ainda existe a necessidade de uma formação mais específica para
atuar em UTI, segundo Correio et al. (2015 p. 47);

2
229
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

Competências geram resultados e estão intimamente ligadas ao perfil


profissional, por isso, a estratificação criteriosa e organizada de todos os
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para eficácia e resultados
em um cargo específico devem ser conhecidos e mapeados
O enfermeiro de UTI necessita dominar as técnicas unidas aos recursos tecnológicos, cujo, os princípios
científicos incluem trabalho em equipe, atendimento das necessidades terapêuticas sem esquecer da
qualidade e da segurança, compreendendo que o enfermeiro intensivista precisa ter conhecimento
acadêmico especializado, habilidade em gerenciamento de risco, em detrimento da visão mecanicista
e biologicista, que impera nas UTI (CORREIO et al., 2015).
Na literatura percebe-se que os autores dissertam que os enfermeiros intensivistas necessitam ter
determinadas habilidades para executar com maestrias as tarefas cotidianas dentro das UTIs, segundo
Silva, Alves e Santos (2019) compreende-se como habilidades aquele profissional que é responsável,
atua em conjunto com a equipe em prol da melhora do paciente ministrando cuidados contínuos,
desempenhando múltiplas tarefas dentre elas assistenciais, administrativas e de treinamento,
contribuindo com o alivio do estresse que as rotinas da UTI proporcionam.
Santos (2017 p. 22) acredita que é importante que os enfermeiro que atuam em UTIs possuam
habilidades específicas, uma vez que é deles as responsabilidade de elaborar o planejamento de
cuidados, pois o mesmo é incumbido de gerenciar recursos físicos, materiais e humanos ao mesmo
tempo, até quando não está diretamente atuando no cuidado de um paciente, "Constata-se que a
competência e habilidade vão além do saber fazer, agregam valores e desempenho superior na
realização de tarefas em quais quer situações"
Trabalhar na UTI não representa uma tarefa fácil, uma vez que, o profissional convive com situações
diversas, que englobam alto risco de morte, complexibilidade elevada, sem espaço para equívocos.
Por vezes a distância entre a vida e a morte é de um segundo, e este profissional precisa estar atento
a todos os sinais. Abordar esse tema é relevante devido a necessidade de compreender as habilidades
fundamentais para executar as atividades cotidianas do setor, bem como o tipo de profissional de que
deve atuar nele. O aprofundamento deste tema, além de trazer maior esclarecimento para os
acadêmicos, pode auxiliar e tirar dúvidas de profissionais que se sintam inseguros mediante aos
desafios de uma UTI. Portanto, para maiores esclarecimento este estudo pretende identificar a
produção científica sobre as habilidades necessárias à enfermagem para atuar em Unidade de Terapia
Intensiva.

3
230
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

OBJETIVO GERAL

Identificar a produção científica sobre as habilidades necessárias à enfermagem para atuar em


Unidade de Terapia Intensiva.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar as habilidades necessárias a Enfermeiros para atuar em UTI adulto.

Elencar os cuidados de enfermagem que exigem maior complexidade nas habilidades para atuar em
UTI adulto.

MATERIAS E MÉTODOS

Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, com o propósito de reunir e sintetizar o
conhecimento pré-existente sobre a temática proposta. A revisão integrativa oferece acesso rápido
aos resultados relevantes de pesquisas que fundamentam as condutas ou a tomada de decisão,
proporcionando um saber crítico (MENDES et al., 2008).
As seguintes etapas foram realizadas: estabelecimento da hipótese ou questão de pesquisa,
amostragem ou busca na literatura, categorização dos estudos, avaliação dos estudos incluídos na
revisão e interpretação dos resultados (Mendes et al., 2008).
A questão da pesquisa, ou pergunta norteadora será construída através da estratégia PICO (P=Paciente
ou Problema, I=Intervenção, C= Controle ou comparação, O=Desfechos ou “Outcomes”), que orienta
a construção da pergunta de pesquisa e da busca bibliográfica e permite que o pesquisador, ao ter
uma dúvida ou questionamento, localize, de modo acurado e rápido, a melhor informação científica
disponível (Santos, et al.,2007) (Quadro 1). Após a utilização da estratégia PICO, a pergunta constitui-
se em: Qual a produção cientifica da enfermagem sobre as habilidades necessárias à enfermagem para
atuar em Unidade de Terapia Intensiva.

Quadro 1 – Construção da pergunta norteadora através da estratégia PICO.

P (Paciente ou problema) Estudos desenvolvidos pela enfermagem sobre as


habilidades necessárias à enfermagem para atuar em
Unidade de Terapia Intensiva.
I (Intervenção) Habilidades de enfermagem para atuar em Unidade de
Terapia Intensiva.

4
231
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

C (Controle ou comparação) Análise da produção científica da enfermagem, sobre as


habilidades necessárias à enfermagem para atuar em
Unidade de Terapia Intensiva.
O (Desfechos ou Estudos realizados pela enfermagem sobre as habilidades
“Outcomes”) necessárias à enfermagem para atuar em Unidade de Terapia
Intensiva.
Foi realizada em maio de 2020 a busca das publicações indexadas nas seguintes bases de dados
eletrônicas: MEDLINE, LILACS e BDENF- Enfermagem.

Foram utilizados, para a busca dos artigos, os seguintes descritores: “Habilidades”, “Enfermagem” e
“Terapia Intensiva” e suas combinações em português, com o termo “and” como operador booleano,
sendo estabelecido o período temporal de 2015 a 2020.

Os critérios de inclusão dos estudos selecionados serão: aqueles publicados no formato de artigos, no
período de 2015 a 2020. Os critérios de exclusão adotados foram:

Os críticos de exclusão dos estudos serão: aqueles publicados em outras línguas, português, formato
de capítulos de livros, resumos, textos incompletos, impossibilidade de aquisição do artigo na íntegra
e fora do período temporal.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após delimitar a pesquisa quanto as bases de dados eletrônicas e descritores, encontrou-se 45 artigos,
refinando a busca com base nos critérios de inclusão foram encontrados 25 artigos validos, porém
destes 25, 4 foram excluídos, pois tratavam-se de artigos duplicados, de modo que, 21 atendiam aos
objetivos deste estudo, compondo assim os resultados e respondendo a pergunta norteadora “Qual a
produção cientifica da enfermagem sobre as habilidades necessárias à enfermagem para atuar em
Unidade de Terapia Intensiva?”

A Figura 1 apresenta o processo de busca dos artigos nas bases de dados, segundo as associações dos
descritores; o número de artigos selecionados e excluídos de acordo com os critérios de inclusão.

5
232
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

Figura 1 – Processo de busca dos estudos e seleção final, Campo Grande, MS, 2020.

No quadro 02 é possível visualizar a distribuição dos 21 artigos analisados, segundo base de dados,
periódico, país onde foi desenvolvido publicado, ano de publicação, autores, título do artigo, objetivos,
tipo de estudo, método de cada estudo e resultados.

6
233
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

Quadro 2 – Síntese dos artigos incluídos na revisão integrativa, 2020.

Título Autores Ano/país/ base de Tipo de estudo Objetivos/ método Principais


dados resultados
Percepções de NEGREIROS, F. D. S. et 2020 - Brasil - LILACS, Entrevistas Desvelar percepções de O conteúdo obtido a partir
enfermeiros sobre al. BDENF sistematizadas, estudo enfermeiros acerca das das entrevistas foi
competências qualitativo. competências sistematizado em três
desenvolvidas nos desenvolvidas no pós- eixos temáticos: preparo
cuidados pós-operatórios operatório imediato do da Unidade de Terapia
de transplante de fígado transplante de fígado. Intensiva pós-operatória
Dados coletados por meio para admissão do receptor
de entrevista de fígado; atuação de
semiestruturada e enfermeiros na internação
observação sistemática do receptor de fígado em
não participante, com oito Unidade de Terapia
enfermeiros da unidade de Intensiva pós-operatória;
pós-operatório imediato atividades exercidas no
de transplante de fígado âmbito gerencial, ensino e
de um hospital de pesquisa.
referência.
Desafios na manutenção BOMFIM, J. M. S. et al. 2020 - Brasil - BDENF - Estudo qualitativo, Relatar desafios e É desafiante para a
do cateter central de Enfermagem realizado por revisão estratégias para garantir enfermagem a
inserção periférica em integrativa uma terapia intravenosa manutenção do CCIP,
neonatos segura em longo tempo sendo essencial o
para neonatos por meio do conhecimento específico,
CCIP. o desenvolvimento de
Foram utilizados artigos habilidades diante da
científicos publicados de fragilidade capilar e a
2011 a 2016, na língua vulnerabilidade
portuguesa, fisiológica e clínica.
disponibilizados por meio
eletrônicos pela BVS,
SciELO e Lilacs.
Compreensão do MELO, R. A. et al. 2019 - Brasil - LILACS, Estudo descritivo, de Analisar a compreensão Os enfermeiros
enfermeiro sobre o BDENF - Enfermagem abordagem qualitativa do enfermeiro sobre a compreendem o que se
cuidado ao recém-nascido assistência prestada ao configura como
em oxigenoterapia recém-nascido em oxigenoterapia, suas
oxigenoterapia na indicações, finalidades e
Unidade de Cuidados possíveis complicações
Neonatais Intermediários associadas, bem como os
e Intensivos. Realizado principais cuidados de
com 16 enfermeiros da enfermagem que devem
Unidade Neonatal de um ser direcionados aos
hospital público de recém-nascidos em

234
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva
Petrolina/PE, por meio de terapia com oxigênio
entrevista suplementar
semiestruturada.
Conhecimento de SÁ NETO, J. A. S. et al. 2018 - Brasil - LILACS, Estudo descritivo Analisar o conhecimento Embora 38 (92,7%)
enfermeiros acerca do BDENF - Enfermagem seccional dos enfermeiros quanto à enfermeiros informaram
cateter central de inserção utilização do cateter conhecer o PICC, 29
periférica: realidade local central de inserção (70,8%) destes não
e desafios globais periférica (PICC) como possuíam habilitação para
dispositivo intravenoso na inserção do cateter; 23
prática assistencial, em (56,1%) desconheciam as
três hospitais públicos do vantagens do dispositivo;
Estado do Rio de Janeiro. 26 (63,4 %) informaram
Através da análise que o cateter não é
univariada e bivariada, indicado nas instituições
com cálculo das medidas pesquisadas, prevalecendo
de tendência central. a punção profunda.
Participaram do estudo 41
Competências do BRABO, B. C. F.; 2018 - Brasil - BDENF - Estudo qualitativo, Analisar as competências Prevaleceram citações de
enfermeiro para o cuidado LAPRANO, M. G. G. Enfermagem descritivo e exploratório profissionais do competências
paliativo em cardiologia enfermeiro para o cuidado relacionadas à assistência.
paliativo em Unidade de Após recente implantação
Terapia Intensiva do serviço, observa-se a
Cardiológica. necessidade do
Fundamentado no fortalecimento da equipe
referencial teórico das multiprofissional e da
Competências Centrais educação dos
em Cuidados Paliativos e profissionais de
realizado na UTI de um Enfermagem.
hospital cardiológico.
Realizou-se a entrevista
semiestruturada com oito
enfermeiros. Para a
interpretação dos dados,
utilizaram-se a análise de
conteúdo e a
categorização.
Permanent Education in a SILVA, L. H. F. et al. 2018 - Brasil - MEDLINE Estudo qualitativo Identificar os fatores que Os temas gerados foram
neonatal unit from dificultam e facilitam o organizados de acordo
Culture Circles. trabalho da equipe de com os temas abordados
enfermagem em uma nas entrevistas e durante
unidade neonatal e os Círculos de Cultura,
conhecer as demandas de com quatro temas
Educação Permanente destacados: falta de
descritas pela equipe de rotinas; Treinamento;
enfermagem, emergentes melhoria da convivência
do cotidiano. Seguiu as

235
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva
etapas preconizadas pelo da equipe e melhoria do
"Método Paulo Freire", processo de gestão.
realizado com 29
profissionais da equipe de
enfermagem de uma
unidade neonatal de um
hospital universitário.
Foram realizados três
Círculos de Cultura para
identificar os temas
geradores.
Ambiente da prática de AZEVEDO, F. et al. 2018 - Brasil - LILACS- Estudo descritivo, de Analisar o ambiente da O ambiente mostrou-se
enfermagem em unidades Express abordagem quantitativa prática de enfermagem desfavorável para a
de terapia intensiva em unidades de terapia prática dos profissionais
intensiva. Realizado com de enfermagem. Esforços
209 profissionais de são necessários para
enfermagem de três tornar o ambiente de
hospitais de ensino prática mais atrativo aos
brasileiros. O ambiente da profissionais de
prática de enfermagem foi enfermagem, e assim
avaliado através da estimular melhorias na
Practice Environment qualidade e na segurança
Scale. da assistência prestada.
Principais complicações SILVA, A. F. S. et al. 2018 - Brasil - BDENF - Estudo descritivo, Identificar complicações As principais
apresentadas durante a Enfermagem quantitativo apresentadas durante as complicações
hemodiálise em pacientes sessões de hemodiálise identificadas foram
críticos e propostas de em pacientes de uma hipotensão, arritmias,
intervenções de terapia intensiva do hipoglicemia, coagulação
enfermagem Distrito Federal. do circuito extracorpóreo
Realizado num hospital e hipotermia. Após a
público de Brasília, entre interpretação dos dados,
junho a agosto de foram elaboradas
2015.Os dados foram intervenções de
coletados através de enfermagem de acordo
formulário e foram com Nursing
analisadas características Interventions
como: prescrição da Classification (NIC) de
hemodiálise, sinais vitais 2015.
e complicações durante as
sessões de hemodiálise.
Análise dos critérios MORAIS, C. B. et al. 2018 - Brasil - LILACS, Trata-se de um estudo Avaliar os critérios Foram avaliados 15
utilizados para aspiração BBO - Odontologia previamente aprovado utilizados para aspiração profissionais sendo 40%
traqueal em unidades de pelo CEP-Uniaraxá e traqueal em unidades de Técnicos em enfermagem,
terapia intensiva de pelos hospitais envolvidos Terapia Intensiva de 27% Enfermeiros 27%
hospitais de Araxá - MG na pesquisa, do tipo hospitais de Araxá-MG. Fisioterapeutas e 6%
Foi aplicado um Auxiliares de

236
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva
transversal, descritiva e questionário composto enfermagem. Quanto a
quali-quantitativo. por 9 questões discursivas importância da aspiração
entregues aos 41% dos participantes
profissionais das responderam que a
instituições participantes. desobstrução das vias
aéreas pela aspiração
traqueal é de extrema
importância para o
paciente.
Critical incidents LIMA, E. C. et al. 2017 - Brasil - MEDLINE Estudo exploratório, Analisar a liderança do Os resultados foram
connected to nurses' descritivo enfermeiro em Centros de agrupados em 61
leadership in Intensive Terapia Intensiva de incidentes críticos
Care Units. hospitais localizados no distribuídos em
interior do estado de São categorias. Identificou-se
Paulo, diante de que situações relacionadas
incidentes críticos à liderança interferem no
positivos e negativos. comportamento do
Realizado com 24 enfermeiro de Terapia
enfermeiros, que utilizou Intensiva, dentre elas:
a Técnica do Incidente dificuldade no processo
Crítico como referencial de comunicação, conflitos
metodológico. existentes no dia a dia do
exercício profissional,
gerenciamento de pessoas
e estabelecimento de
metas para o alcance da
assistência qualificada.
Mapeamento dos papéis LEITE, L. P. et al. 2017 - Brasil - BDENF - Estudo descritivo e Mapear os papéis Os papéis gerenciais
gerenciais de enfermeiros Enfermagem exploratório gerenciais dos desenvolvidos pelos
de unidades de terapia enfermeiros de UTI. enfermeiros assistenciais
intensiva Desenvolvido com 13 transitam no produtor,
enfermeiros, sete diretor, coordenador e
assistenciais e seis monitor, enquanto os
coordenadores, em seis enfermeiros
Unidades de Terapia coordenadores assumem
Intensiva Adulto de cinco papéis de diretor,
hospitais da rede privada. coordenador, monitor e
negociador. Os dados
apontam que tanto os
enfermeiros assistenciais,
quanto os coordenadores
partilham de muitas
ações, porém, com visões
distintas.

237
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva
Use of technologies in MOREIRA, A. P. A. et al. 2017 - Brasil - MEDLINE Método: Estudo Identificar quais são as A maior dificuldade de
intravenous therapy: descritivo, de abordagem dificuldades da equipe de ênfase cognitiva e técnica
contributions to a safer qualitativa enfermagem no foi a falta de treinamento;
practice. gerenciamento de e em relação à ênfase
tecnologias durante a administrativa, a maior
terapia intravenosa (TIV) dificuldade foi a falta de
e discutir as dificuldades recursos materiais e
identificadas na humanos. As bombas de
perspectiva da segurança infusão e seu uso
do paciente. Com dados adequado foram
coletados por entrevista destacados como o
semiestruturada e recurso tecnológico que
analisados pelo software mais contribuiu para a
Alceste. segurança do paciente.
Drogas vasoativas: RODRIGUES JUNIOR, 2017 - Brasil - BDENF - Método: estudo Avaliar o conhecimento As médias foram de 6,6
conhecimento da equipe O. J.; GASPARINO, R. Enfermagem descritivo, transversal e da equipe de enfermagem (dp ±1,6) para os
de enfermagem C. quantitativo sobre a administração de auxiliares de enfermagem,
drogas vasoativas. 6,7 (dp ± 1,6) para os
Realizado com 119 técnicos de enfermagem e
profissionais de 7,8 (dp ± 1,0) para os
enfermagem em sete enfermeiros. A equipe de
unidades de terapia enfermagem das unidades
intensiva. Para a coleta de estudadas possui
dados, foi utilizada uma conhecimento sobre a
ficha para caracterização administração de drogas
da amostra e foi vasoativas
desenvolvido um
instrumento contendo 14
questões de múltipla
escolha que avaliavam o
conhecimento sobre o
preparo, a instalação e a
manutenção da infusão
das drogas vasoativas.
Competências da equipe SILVA, A. G. 2017 - Brasil - BDENF - Tratou-se de um estudo Avaliar a competência da No período pré-
multiprofissional para as Enfermagem quase experimental equipe multiprofissional intervenção a mediana do
medidas de prevenção da da unidade de terapia conhecimento
infecção da corrente intensiva adulto para as autorreferido nas
sanguínea relacionada ao medidas de prevenção da diferentes questões
cateter venoso central infecção da corrente pesquisadas foi de 42,8%
sanguínea relacionada ao e por categoria
cateter venoso central. profissional, a equipe
Realizado em uma médica obteve percentual
unidade de terapia de 70%, seguido dos
intensiva de um hospital técnicos de enfermagem
público e de urgência e com 38% e enfermeiros

238
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva
emergência de Belo com 28,5%. Durante a
Horizonte, Minas Gerais. observação direta...(AU)
A população foi composta
pela equipe médica e de
enfermagem responsável
pela inserção e
manutenção dos cateteres
venosos centrais.
Inovação tecnológica para OLIVEIRA, A. M.; 2016 - Brasil - MEDLINE Pesquisa descritiva de Avaliar a formação de Os resultados mostraram
punção venosa periférica: DANSKI, M. T. R.; abordagem quantitativa enfermeiros no uso do contribuições de
capacitação para uso da PEDROLO, E. ultrassom na punção treinamento para a
ultrassonografia. venosa periférica. habilidade profissional e
Realizada com visibilidade dos
enfermeiros como parte enfermeiros, exigindo, no
de um estudo analítico entanto, mais tempo para
transversal em dois a completa assimilação
centros de atendimento a dessa inovação
pacientes: uma unidade de tecnológica como prática
terapia intensiva e um clínica mais segura
centro de emergência para
adultos.
Experimental study with BARON, M. V. et al. 2016 - Brasil - MEDLINE Estudo quantitativo com Comparar os escores de Intervenções educativas
nursing staff related to the delineamento conhecimento das equipes sobre estadiamento,
knowledge about pressure experimental participantes ou não de avaliação e prevenção de
ulcers. intervenções educativas úlceras por pressão
sobre úlcera por pressão. contribuíram
Os dados foram coletados significativamente para o
através de um aumento do escore de
questionário validado. O respostas corretas no teste
estudo incluiu 71 de conhecimento do
indivíduos, incluindo grupo intervenção e
enfermeiros e técnicos de melhoraram o
enfermagem de três conhecimento sobre o
unidades de terapia assunto.
intensiva, divididos em
grupo de intervenção e
grupo controle.
Capacitação on-line para BUSSOTTI, E. A. et al. 2016 - Brasil - MEDLINE Trata-se de um estudo de Descrever a experiência A experiência demonstrou
profissionais da saúde em relato de experiência de treinamento on-line que o treinamento on-line
três regiões do Brasil. sobre o treinamento on- destinado a profissionais é abrangente como uma
line com conteúdo que atuam no serviço ferramenta potencial para
multidisciplinar público de saúde em 27 o desenvolvimento
Unidades de Terapia técnico profissional e a
Intensiva Neonatal e inclusão digital. O sistema
Pediátrica e refletir sobre de aprendizado on-line
o processo de treinamento fica enfraquecido se os

239
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva
e possíveis melhorias participantes
nesse processo. Planejado desconhecem os recursos
a partir do diagnóstico tecnológicos.
situacional de 27
instituições. A meta de
treinamento foi de 10
participantes por
instituição e por módulo,
incluindo os seguintes
tópicos: Indicadores de
qualidade como
ferramenta de
gerenciamento, higiene
das mãos, segurança do
paciente, terapia
intravenosa e registro do
prontuário do paciente.
Nurses' knowledge to NASCIMENTO, R. A. M. 2016 - Brasil - MEDLINE Estudo multicêntrico, Avaliar o conhecimento Enfermeiros não têm
identify early acute et al. prospectivo. do enfermeiro na conhecimento suficiente
kidney injury. identificação precoce da para a identificação
Injúria Renal Aguda precoce da IRA,
(IRA) em Unidade de mostrando a importância
Terapia Intensiva, de programas de
Unidade de Internação e capacitação nesta área do
Emergência. Participaram conhecimento.
do estudo 216
enfermeiros,por meio de
questionário com 10
questões relacionadas à
prevenção, ao diagnóstico
e ao tratamento da IRA.
Assessment of nurse's SANTOS, W. C. et al. 2016 - Brasil - MEDLINE Estudo transversal e Avaliar o conhecimento Tempo de formação,
knowledge about analítico com 127 de enfermeiros de experiência e trabalho na
Glasgow coma scale at a enfermeiros de unidades unidades críticas, serviços unidade interferiu no
university hospital. críticas de um hospital de emergência e unidades conhecimento de
universitário. de terapia intensiva em enfermeiros sobre a
relação à escala de coma escala, evidenciando
de Glasgow. Utilizou-se necessidade de
entrevista estruturada com capacitação.
12 questões que avaliaram
conhecimento sobre a
escala. Associação do
conhecimento com
variáveis
sociodemográficas dos
profissionais foi

240
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva
verificada pelo teste de
Fisher, teste χ2 e razão de
verossimilhança.
Exame físico de MAJCZAK, J. A.; 2015 - Brasil - LILACS Estudo exploratório, Descrever os itens do Os itens utilizados pelos
enfermagem do idoso HOHL, M descritivo de abordagem exame físico utilizados enfermeiros ao avaliar o
hospitalizado quantitativa pelos enfermeiros ao idoso hospitalizado são
avaliar o idoso deficitários tanto no
hospitalizado. Em outubro conhecimento teórico
de 2014 foram quanto na habilidade
investigados 19 prática
enfermeiros assistenciais,
atuantes em unidades de
internação e de terapia
intensiva de um Hospital
de Ensino da cidade de
Curitiba, utilizando-se um
questionário com
perguntas abertas e
fechadas.
Conhecimento das MOURA SILVA, G. et al. 2015 - Brasil - BDENF - Abordagem qualitativa, Verificar o conhecimento Percepção dos
enfermeiras atuantes em Enfermagem exploratória e descritiva, que os enfermeiros de enfermeiros quanto à
unidade de terapia realizada num Hospital de unidade de terapia interação mãe, recém-
intensiva frente a dor no referencia em Aracaju, intensiva neonatal nascido, família; conceito
recém-nascido pré-termo Sergipe possuem sobre a dor no e reconhecimento da dor
recém-nascido. A amostra pelos enfermeiros;
contou com enfermeiros conhecimento dos
que participaram da enfermeiros sobre escalas
entrevista de dor; atitudes de
semiestruturada, aplicadas enfermeiros no alívio da
após o consentimento dor; percepções dos
livre e esclarecido. Os enfermeiros sobre a
dados foram tabulados e humanização na unidade
selecionados de acordo de terapia intensiva
com as categorias, neonatal.
frequências e variáveis

Todos os 21 artigos foram desenvolvidos por enfermeiros ou acadêmicos de enfermagem, e mencionavam algum tipo de habilidade ou
competência para atuar na UTI, pontuando que este profissional deveria ter, ou adquirir. Com relação as habilidades foram mencionadas
diferentes modalidades, como observado na tabela 1.

241
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

Tabela 1 Habilidades mencionadas nos estudos

HABILIDADES MENCIONADAS NÚMERO DE ARTIGOS


Administrativas / Gerenciais 5
Assistência especifica 5
De ensino e pesquisa 4
Tomada de decisão rápida 3
Manutenção de cateter, e manutenção 6
venosa
Assistência segura 7
Qualidade prática 8
Capacitação online e ferramentas 2
tecnológicas
Capacitação específica 21
Protocolos de manejo e alívio da dor 3
É relevante mencionar que os artigos estudados mencionaram mais de uma habilidade, em seus
resultados, porém eles compreenderam que o profissional deveria trabalhar em equipe e ter
capacitação específica para atuar em UTIs devido à complexidade das rotinas.

Negreiros et al. (2020) e Baron et al. (2016) apontaram que a enfermagem precisam ter suas
competências desenvolvidas diariamente, principalmente quando se trata da atuação na UTI, junto a
pacientes que sofreram transplante de fígado, devendo possuir habilidades administrativas,
gerenciais, assistenciais, incluindo capacidade de ensino e atuação no campo cientifico, uma vez que,
as técnicas mudam constantemente, fazendo-se necessário que o profissional de enfermagem esteja
sempre atualizado.

Bomfim et al. (2019) mencionam que as atividades diárias da enfermagem apresentam desafios
dinâmicos, requerendo assim uma gama elevada de habilidades por parte do profissional de
enfermagem, dentre elas são importantes a capacitação e habilidade profissional, além de destreza
na tomada de decisões, em todas as situações dentro das rotinas da UTI. Apesar de existir uma
infinidade de habilidades pontuais, ser capacidade é o mais relevante.

Atuar em UTI neonatal necessita de qualificação profissional, e a enfermagem precisa ter habilidade
em uso de oxigenoterapia, além da manutenção de cateteres, ser ágil e preparado com qualidade para
prevenir possíveis complicações (MELO et al., 2019). Concordando com esse pensamento Sá Neto et

15
242
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

al. (2018) completam, que múltiplas habilidades são pontuais dentre a equipe de enfermagem em
UTIs, principalmente quando se refere ao manejo de cateteres, primando sempre pela qualidade na
prática e a segurança na assistência.

Brabo e Laprano (2018) mencionam que a assistência segura e de qualidade é um diferencial em UTIs,
e que toda a equipe de enfermagem deve atuar de forma multifuncional, possuindo principalmente
qualificação especifica. Silva et al. (2018 - a) concordam com esse pensamento e acrescentam que a
enfermagem deve estar preparada culturalmente, tendo envolvimento com a área de pesquisa e ainda
possuindo habilidades que proporcionem a eficiência total da equipe.

Azevedo Filho, Rodrigues e Cimiotti (2018) dissertam que os enfermeiros recebem as mais árduas
tarefas dentro de uma UTI, de modo que precisam ter diferentes habilidades como: qualidade do
cuidado, habilidade de liderança e suporte dos coordenadores/supervisores de enfermagem aos
enfermeiros/equipe de enfermagem; e adequação da equipe e de recursos, proporcionando sempre
as melhorias na qualidade e na segurança da assistência prestada. Silva et al. (2018 - b) completam,
habilidade e conhecimento são fundamentais, podendo ser consideradas ferramentas de qualidade e
segurança assistencial.

Atuar em UTI representa uma atividade complexa, e por vezes o paciente necessita do uso de técnicas
especificas, como ventilação mecânica, manutenção das vias aéreas superiores, ministrar aspiração
traqueal o que requer habilidade técnica, capacitação assistencial, qualidade e precisão nas práticas,
e segurança visando sempre o bem-estar do paciente (MORAIS et al., 2018).

Conclui-se que o conhecimento e a prática dos enfermeiros acerca de


teorias/estilos contemporâneos de liderança tornam-se fundamentais, pois
facilitam o processo de comunicação, focando nos aspectos comportamentais
e crenças, e valorizam a flexibilidade, impactando positivamente os resultados
da organização (LIMA et al., 2017 p. 1071).

Leite et al. (2017) e Moreira et al. (2017) concordaram que todos os enfermeiros atuantes em UTIs
devem ter habilidades administrativas, gerenciais, possuindo também habilidades assistenciais
qualificadas, garantindo a qualidade na prática e a segurança, porém apenas Moreira et al. (2017)
pontuaram que o uso das tecnologias deve fazer parte das habilidades de todos os enfermeiros.

A tecnologia representa uma inovação que visa facilitar a punção venosa e


fornecer subsídios para a tomada de decisão clínica mais adequada, é urgente
qualificar os enfermeiros para seu uso (OLIVEIRA; DANSKI; PEDROLO, 2016 p.
1052).

16
243
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

É relevante mencionar que Moreira et al. (2017) e Oliveiras, Danski e Pedrolo (2016), foram os únicos
a mencionar está habilidade, mesmo sendo notório que o setor está abastecido com tecnologia de
ponta, sendo assim é imperativo, que o profissional tenha habilidade técnica em tecnologia da saúde
para operar todos os aparelhos presentes no setor.

Como solução Bussotti et al. (2016) recomendou que o treinamento on-line deve ser abrangente e
entendido como uma ferramenta potencial para o desenvolvimento técnico profissional e a inclusão
digital. O sistema de aprendizado on-line fica enfraquecido se os participantes desconhecem os
recursos tecnológicos, compreendendo que a capacitação especifica é pontual e necessária.

Rodrigues Junior e Gasparino (2017) e Silva (2017) relatam que a UTI requer conhecimento na
administração de medicamentos, dentre eles drogas vasoativas, mas mesmo sendo necessário, ainda
existem enfermeiros sem habilidades técnicas necessárias, em seu estudo essa taxa representou 10%,
concluindo que apesar dessa realidade, ela é minoria, pois 90% dos profissionais consultados possuíam
habilidades e conhecimento na administração de drogas vasoativas.

“Enfermeiros não têm conhecimento suficiente para a identificação precoce da IRA, mostrando a
importância de programas de capacitação nesta área do conhecimento” (NASCIMENTO et al., 2016 p.
399). Essa afirmação vai de encontro a recomendações encontradas em todos os 21 artigos estudados,
que compreenderam que capacitação especifica é fundamental para a atuação no setor. Santos et al.
(2016 p. 14) concluiu que “Tempo de formação, experiência e trabalho na unidade interferiu no
conhecimento de enfermeiros sobre a escala, evidenciando necessidade de capacitação”.

Majczak, Hohl (2015) e Moura Silva et al. (2015) concluíram que dentro do setor de UTI o
conhecimento é um diferencial, pois o enfermeiro necessita promover avaliações físicas
constantemente. Saber avaliar o paciente proporciona compreender a dor do paciente e oportunizar
que os profissionais executam medidas de alívio da dor viabilizando o manejo mais adequado da dor
e do estresse. Entendendo que apesar da complexidade diária um profissional preparado, com pleno
demônio de diferentes habilidades tem o potencial de ministrar cuidados com resultados satisfatórios.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo abordou a complexidade das rotinas de enfermagem nas UTIs, tendo como objetivo geral
identificar a produção científica sobre as habilidades necessárias à enfermagem para atuar em
Unidade de Terapia Intensiva, compreendendo que mediante análise dos documentos, a produção

17
244
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

cientifica é abundante, pois acredita-se que seja um tema necessário e de constante atualização, já
que a modernização do setor se dá na mesma velocidade que a tecnologia avança.

De modo geral as pessoas que se encontram em atendimento nas UTIs estão correndo grande risco
de morte, o que eleva a necessidade de ter profissionais qualificados e prontos para administrar os
melhores cuidados, e aptos a tomar decisões de maneira rápida em prol da boa manutenção da vida
do paciente. As pessoas envolvidas neste processo devem receber o suporte necessário de acordo
com a sua representatividade seja o paciente, sua família ou até mesmo os profissionais de saúde,
entendendo que as habilidades de enfermagem são fundamentais para o sucesso das rotinas do setor.

Com relação a pergunta norteadora observou-se que a produção cientifica da enfermagem sobre as
habilidades necessárias à para atuar em Unidade de Terapia Intensiva é pontual, sendo elaborada com
frequência nos últimos anos cinco anos, compreendendo a complexidade do assunto. Concluindo que
todos os artigos estudados mencionaram a necessidade de capacitação específica para atuação em
UTI, e que é imperativo que os enfermeiros tenham múltiplas habilidades, dentre elas: Administrativas
/ Gerenciais; Assistência especifica; De ensino e pesquisa; Tomada de decisão rápida; Manutenção de
cateter, e manutenção venosa; Assistência segura; Qualidade prática; Capacitação online e
ferramentas tecnológicas; Capacitação específica; Protocolos de manejo e alívio da dor.

18
245
A Habilidades Necessárias À Enfermagem Para Atuação Em Terapia Intensiva

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20
247
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 15
10.37423/200902616

CONSULTA DE ENFERMAGEM PUERPERAL


AINDA NA MATERNIDADE: A CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO NA VISÃO DOS ACADÊMICOS

Ana Cristina de Oliveira Abraão Santesso Universidade federal de juiz de fora

Leticia Lopes Pereira Universidade Federal de Juiz de Fora

Luana Fortes Bastos Universidade Federal de Juiz de Fora


Consulta De Enfermagem Puerperal Ainda Na Maternidade: A Construção Do Conhecimento Na Visão Dos Acadêmicos

Introdução: Diante das demandas do mundo e das complexidades do ser humano é imprescindível
pensarmos na evolução do processo de formação dos acadêmicos de cursos de graduação. Valorizar
as experiências e saberes dos acadêmicos é um grande passo para transformação da educação. A
consulta de enfermagem promove uma variedade de ações para reconhecer criticamente o conteúdo
teórico apreendido e realizar atividades compatíveis com as necessidades apresentadas pela paciente.
Uma vez que as situações de morbimortalidade materna e neonatal geralmente acontecem na
primeira semana após o parto, a consulta à mulher e ao recém-nascido deve acontecer logo no mesmo
período, proporcionando também o contato paciente-acadêmico-ensino-cuidado de enfermagem.
Objetivo: descrever o processo ensino-aprendizagem visto e vivenciado pelos acadêmicos no
puerpério imediato. Método: descritivo, tipo relato de experiência, de acadêmicos do quinto período
do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora/MG, realizado entre
agosto e dezembro de 2016, durante a prática da disciplina de Saúde da Mulher em uma maternidade
de referência. Conclusão: a experiência permitiu inicialmente diminuir o grau de estresse gerado pelo
início da atuação prática, proporcionou um olhar mais crítico, despertando curiosidade e buscas pela
compreensão do novo estado de saúde da mulher, assim como forneceu o início do desenvolvimento
de habilidades e competências, do trabalho em equipe, maturidade para o reconhecimento do papel
do acadêmico e principalmente da importância da educação em saúde e do vínculo com a atenção
básica. Acredita-se que esta experiência poderá contribuir para o aperfeiçoamento do processo
ensino-aprendizagem, promoção da qualidade da assistência no período puerperal e reconhecimento
do papel da atenção básica através das orientações de enfermagem realizadas e adquiridas.

Descritores: puerpério; consulta de enfermagem; ensino.

1
249
Saúde em debate: coletânea de artigos multitemáticos

Capítulo 16
10.37423/200902659

O PAPEL DO ENFERMEIRO NA SAÚDE


REPRODUTIVA E GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Michele Batiston Borsoi Faculdade Campo Grande

Isabela Cristina Fernandes de Souza Faculdade Campo Grande

Laysa Maria Fernades de Souza Faculdade Campo Grande


O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

1. INTRODUÇÃO

A adolescência é o estágio da vida entendida como o meio entre a infância e a época adulta, ela é a
fase caracterizada por um complexo de mudanças devido ao crescimento e desenvolvimento
biológicos, psicológicos e sociais. (OLIVEIRA, T. C.; CARVALHO, L. P.; SILVA, M. A., 2008)

A Organização Mundial da Saúde caracteriza a adolescência como a segunda década da vida de 10 a


19 anos, enquanto o do Estatuto da Criança e do Adolescente considera adolescente o indivíduo entre
a faixa etária de 12 a 18 anos; resultando em uma divergência entre definição etária entre a
Organização Mundial da Saúde e a lei brasileira que também é abraçada pelo Ministério da Saúde.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007)

Em um padrão dos últimos 20 anos, percebe-se que houve uma modificação dos padrões da
sexualidade, onde a ocorrência da gravidez na adolescência cresceu especialmente nos países em
desenvolvimento e nas adolescentes mais jovens, cuja maior incidência se mostra nas periferias e nas
populações de baixa renda, comparada às outras classes sociais. (MENDONÇA, R. C. M.; ARAÚJO, T. M.
E., 2010)

A gravidez em adolescentes em sua maioria não foi planejada devido a diferentes situações que surgem
para o uso de contraceptivos, rejeição pelo parceiro, acreditar que não engravidaria ou que não teria
relação no momento. A adoção dos métodos ocorre normalmente após o início da vida sexual ativa,
onde se delega responsabilidade maior exclusiva as mulheres devido ao seu perfil reprodutivo. (ALVES,
A. S.; LOPES, M. H. B. M., 2008)

O início da atividade sexual está acontecendo cada vez mais cedo na vida dos adolescentes, o que
resulta em algumas falhas e dúvidas associadas à falta de conhecimento sobre sexualidade, métodos
contraceptivos e reprodução, contribuindo para a maior frequência de notificações de Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST’S) que muitas vezes o enfermeiro poderia sanar. (HIGA, E. D. E. et al.,
2015)

De acordo com o COFEN, 1986, o profissional enfermeiro possui uma formação generalista, atuando
em diversas áreas. Portanto promove, planeja e participa da educação e saúde, sendo que as ações
com os adolescentes constitui uma das interfaces dessa atuação.

Transmitir conhecimentos a respeito do uso correto dos métodos contraceptivos e os riscos que as
relações sexuais desprotegidas podem apresentar é de extrema importância, pois permite que os

1
251
O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

adolescentes com a vida sexual ativa possam vivenciar de modo saudável essa prática tendo a
segurança de uma prevenção efetiva de gravidez indesejada na adolescência e IST’s/AIDS.
(MENDONÇA, E. C. M.; ARAÚJO, T. M. E., 2010)

O Programa Saúde na Escola, PSE, é uma política de saúde aliada a política de educação para promover
o desenvolvimento integral e proporcionar à comunidade escolar a participação em programas e
projetos que vinculem a saúde e a educação, para que os jovens e adolescentes possam enfrentar as
vulnerabilidades que impedem a sua evolução. Essa iniciativa do Governo Federal do Brasil vem para
impactar positivamente a qualidade de vida dos alunos da rede de ensino. (BRASIL. MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2011)

Mesmo com políticas e programas de atenção aos adolescentes vigentes, nota-se que grande número
de serviços de saúde não possui atenção voltada especificamente à saúde reprodutiva na adolescência
e minimização dos índices de gestações neste período, o que é essencial, pois sem esses meios há uma
propensão à desinformação do tema e uma antecipação da vida sexual ativa entre este público.
(OLIVEIRA, T. C.; CARVALHO, L. O.; SILVA, M. A., 2008)

O presente estudo foi elaborado através do desejo de fomentar ainda mais discussões sobre um tema
tão problematizado na atualidade, determinar qual o vínculo do profissional com os adolescentes e as
ações norteadoras deste profissional para colaborar com a implantação de educação e saúde
reprodutiva.

O objetivo é apresentar o papel do enfermeiro dentro das realidades resultantes da falta de educação
e saúde reprodutiva e predominância da gravidez da adolescência e seus desdobramentos. O intuito é
de estabelecer parâmetros em bases sólidas, revisando dados passados e realizar a conexão com a
presente realidade, com finalidade de chegar a domínio público e instigar mudanças e novas estruturas
para desenvolvimento da cidadania entre adolescentes.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ADOLESCENTE: AS IMPLICAÇÕES DA SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA NESTA FAIXA


ETÁRIA.

A adolescência é o período que compreende dos 10 aos 19 anos de idade segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), enquanto o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) dita que esta fase é
compreendida dos 12 aos 18 anos, mas tanto a OMS quanto o ECA, entendem que a adolescência é

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

uma fase que o individuo precisa atravessar para se tornar adulto, sair de um processo de dependência
para enfim alcançar sua autonomia.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em sua Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, cita nas suas
disposições, especificadamente em seus Artigos 3 e 4, que o adolescente deve viver e gozar dos seus
direitos fundamentais, que lhe são assegurados, assim como todas as oportunidades e facilidades, a
fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade. Além disso, continua em sua descrição a determinar que o dever de amparar
estes menores é da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público, tendo sempre
as crianças e adolescentes como prioridade, e a efetivação dos seus direitos referentes à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (ECA, 2012)

Este período é caracterizado por inúmeras transformações, não só nos aspectos físicos e emocionais,
mas psicológicos e especialmente nas características sexuais secundárias. É esta etapa da vida que é
considerada vulnerável, devido ao exercício da sexualidade que deixa o individuo mais impulsivos para
desvendar tudo sobre o seu corpo e esta transição temporária intensa. (MENDONÇA, R. C. M; ARAÚJO,
T. M. E., 2010)

O desenvolvimento da sexualidade determina a autoestima, relacionamentos afetivos e a interação


social, da pessoa. Esse exercício, no entanto está envolvida com as repercussões de uma vida sexual
ativa precoce e gravidez indesejada ou não planejada, o que se configura por um problema social de
grande interesse para combate pela saúde pública. (SILVA, L.; TONETE, V. L. P., 2006)

A sexualidade se torna um assunto de suma importância, onde o jovem constantemente mesmo que
inconsciente pede por discussão. A educação sexual e reprodutiva constrói pensamentos críticos e leva
o adolescente a questionar mitos, tabus e preconceitos, além de ajudá-lo a entender mais do que o
seu desenvolvimento biológico, o seu contexto social e cultural. (MAIA, A. C. B. et al., 2012)

A dificuldade em se determinar o momento certo para ofertar informações sobre relações sexuais e
métodos contraceptivos colabora com a vulnerabilidade dos jovens de frente ao contágio de Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST) e gravidez na adolescência, por exemplo, evitar ensinar sobre o
comportamento reprodutivo que é natural a todos não deve ser definido como caráter preventivo da
educação sexual, não deve acreditar que ao não se falar os adolescentes não irão descobrir. (SILVA, D.
R. Q., 2016)

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

As influências urbanas e as mudanças de valores culturais são fatores que expõe o adolescente não só
a gravidez precoce, mas ao aborto, considerando que o corpo jovem é imaturo para tal concepção que
pode prejudicar o seu crescimento. (SILVA, L.; TONETE, V. L. P., 2006)

Por ser um período de mudanças, a adolescência, o apoio é fundamental para que os jovens tolerem
e não tenham o sentimento de vulnerabilidade, pois eles ainda não detêm a capacidade de racionalizar
e pensar nas consequências futuras das suas ações, e por isso se submetem com mais facilidade a
ocorrência de violência, risco de uso de drogas e gravidez não planejada ou desejada. (GODINHO, R. A.
et al., 2000)

Os métodos contraceptivos são a alternativa para prevenção da gravidez na adolescência e no caso da


camisinha, previne a contaminação de infecções por via sexual. As informações para a escolha do mais
adequado é na maioria das vezes influenciada pelos amigos, família ou companheiro, o que confirma
que este tipo de transmissão de informação leiga, não traz muitos resultados positivos, já que há falhas
no processo de explicação de uso, finalidade e duração, nesse sentido, outros meios de ensinar devem
ser testados. (ALVES, A. S.; LOPES, M. H. B. M., 2008).

Tem-se por parte da sociedade que os adolescentes não são capazes realmente de decidirem sobre
seus reais desejos, e que o contágio de IST’s ou a gravidez é um motivo de culpa, por um descuido dos
jovens e não da estrutura familiar, escolar ou da saúde pública, sendo que todos possuem a obrigação
de ajudá-los a superar tais dificuldades pessoais e sociais. Constata-se assim que estes condicionantes
não estão preparados e inseridos no panorama de ensino e capacitação, no caso estes condicionantes
são a família, escola e seus coadjuvantes e os profissionais de saúde. (SILVA, L.; TONETE, V. L. P., 2006)

Por isso fazer a captação desses adolescentes independente de estarem em situação de risco de uma
gestação, infecção sexual, abuso, exploração sexual e violência é tão importante, pois todos são
responsáveis por esses menores.

O Ministério da Saúde em seu Manual técnico de orientação para organização de serviço de saúde,
2007, informa que para o profissional da saúde, a captação dos adolescentes ocorre em diferentes
estratégias, por isso o enfermeiro deve articular seu acolhimento conforme a necessidade de atenção
que esse grupo apresenta, seja na divulgação dentro da unidade, durante as visitas domiciliares, que
podem ser feitas pelos agentes comunitários de saúde (ACS), pela divulgação ampla pela comunidade
ou através de parcerias institucionais, neste caso, mais focado nas escolas que agregam a grande parte
dos jovens da comunidade.

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

Segundo BRASIL, 2008, a adolescência como retratada, é a fase de transição entre a infância e a idade
adulta, em que o adolescente passa por modificações físicas e alterações psíquicas e sociais que o
levam a definir sua identidade, mas não antes de causar ansiedades e instabilidades afetivas. A gravidez
por sua vez é caracterizada como um período fisiológico que ocorre na vida reprodutiva da mulher, e
nela em um curto intervalo de tempo a mulher sofre com transformação não só no corpo, mas
psicológica e social, além de que no seu puerpério irá viver momentos de dúvidas, inseguranças e
medos. A associação das duas fases, adolescência e gravidez, resultam na intensificação desse processo
e aumenta os riscos de alterações que possam ser consideradas patológicas.

Por isso é de extrema necessidade que se ensine sobre saúde reprodutiva, afim de que os adolescentes
não entendam que este conteúdo remete apenas a disfunções e infecções sexualmente transmissíveis
e a saúde sexual, o bem estar em relação ao sexo e a sua sexualidade. A comunidade escolar e todos
os grupos sociais devem ter esclarecidos para si que a saúde reprodutiva, além da escola pode ser
buscada na unidade básica de saúde, através do planejamento familiar, nome dado para o
desenvolvimento de ações que regulam a fecundidade para a limitação ou aumento da prole, no
entanto, estas ações não se fecham apenas para casais que vivem o matrimônio, mas para todo e
qualquer que busca viver os seus direitos garantidos pela constituição, seja homem, mulher ou casal.

2.2 QUAL É A PREVALÊNCIA DA GRAVIDEZ NAS ADOLESCENTES NO BRASIL.

A gravidez na adolescência é um fenômeno que ocorre desde os primórdios e se promulga até os dias
atuais, contudo no Brasil não houve deslocamento na redução nos índices de fecundidade nesta faixa
etária, como ocorreu em países industrializados centrais, passando a possuir grande visibilidade devido
ao aumento de mães com menos de vinte anos, de acordo com dados do Sistema Nacional de Nascidos
Vivos (SINASC), onde nesta idade deveria ser incomum o aumento das taxas populacionais das
adolescentes. (AQUINO, E. M. L. et al.,2003)

No seguimento desses mesmos autores, é exposto que a trajetória escolar e profissional sofrem
implicações, pois a partir do resultado positivo para a gestação, cerca de 47,4% das adolescente
abandonaram o estudo, há casos que antes mesmo da confirmação, há o abandono, assim a
escolaridade e aprendizagem são menores que esperadas para idade.

Uma das relações encontradas para o abandono está vinculada ao sentimento de vergonha e
constrangimento frente às pressões dos diretores professores, colegas e pais de colegas, assim como
há ausência da escola nos aspectos de educação/prevenção e preconceitos frente à consumação da

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

gestação, faz-se que essas meninas sintam-se retraídas e mais confortáveis fora desses muros e após
o pós-parto, não há o retorno, pois esta mesma jovem deve pagar, com trabalho doméstico, à sua
família que abriga a própria e seu filho. Desta maneira, elas ficam limitadas a servirem apenas o núcleo
familiar, facilitando que as mesmas estejam suscetíveis a novas gestações com espaços entre os partais
curtos e possíveis intercorrências nas próximas gestações, como infecção no trato urinário, DHEG,
trabalho de parto prematuro, oligodrâmnio, cólica renal, ameaças de abortamento, perda de um
gêmelar. (GODINHO, R. A. et al., 2000)

De acordo com o IBGE, os dados do ano de 2015, revelam que são altos os índices de adolescentes
grávidas, uma vez que, entre as jovens de 15 a 17 anos, a proporção de mulheres com, pelo menos,
um filho é de 7,3% no Brasil. Calcula-se que no país, um milhão de adolescentes dão a luz a cada ano,
o que corresponde a 20% do total de nascidos vivos e que a cada década o número de partos de
meninas cada vez mais novas, cresce em todo o mundo. (SILVA, L.; TONETE, V. l. P., 2006)

A gravidez das adolescentes demonstra que as meninas em sua magnitude possuíram parceiros mais
velhos, ou muito mais velhos, onde geralmente encontrava em moradia com o parceiro, com ou sem
familiares, todavia para ambos os sexos, a maior parte das gestações se dava fora do estado
matrimonial e antes da segunda década de vida, morando com a família de origem durante o
diagnóstico de gestação. (AQUINO, E. M. L. et al., 2003)

Isso demonstra um quadro de negatividade para a nação, pois diversas variáveis negativas são
encontradas, como a perda de oportunidades educacionais e profissionais, pois limita principalmente
essas garotas a oportunidades de serviços com baixa remuneração, frente ao mercado de trabalho
competitivo e capitalista, que possuiu alto índice de exigência quanto à escolaridade, influindo na
manutenção do núcleo familiar, onde o parceiro, quando há união conjugal, se torna o principal
provedor financeiro, com renda abaixo de três salários mínimos e quando estas estavam na classe
trabalhadora se encontrava em serviços, como, auxiliar de serviços gerais, balconista, auxiliar de
produção e funcionária de uma fábrica, e/ou dedicavam-se a cuidar dos filhos e retomada dos estudos.
(FARIAS, R.; MORÉ, C. O. O., 2012)

Uma vez que as concepções de escolaridade dessas adolescentes estavam vinculadas às noções de
interação social e projeto de vida, é possível ver o panorama do fenômeno estudantil, estar ligado
diretamente à oportunidade para oferecer uma vida melhor ao filho. (DIAS, A. C. D.; TEIXEIRA, M. A.
P., 2010)

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

Todavia a socialização para possibilidades de reprodução é essencial para as diferentes perspectivas de


futuro, quando a família atua como fator preventivo, permitindo o diálogo a cerca dos eventos
biológicos, sem interpelar os filhos diante das suas dúvidas, como exemplo, quando há comunicação
verbal entre mãe e filha sobre a menarca, é possível constatar que 54,2% das mulheres engravidaram
menos na adolescência, assim como quando as mães e pais foram incluídos como as primeiras fontes
sobre gravidez e métodos contraceptivos, permite situá-las em diferentes perfis de socialização e
facilita os feedbacks de informações com a instituição escolar que também possui papel crucial de
transmissão de conhecimentos. (AQUINO, E. M. L. et al., 2003)

Segundo Carvacho, Silva e Mello, 2008, a escolaridade dessa juventude ganha destaque quando
questionada sobre anatomia e fisiologia da reprodução, pois os resultados demonstraram que sabem
mais sobre a anatomia dos órgãos genitais do que sua fisiologia - o indicador do conhecimento da
fisiologia da reprodução foi o método que incluía reconhecer o período fértil, sendo este conhecimento
relacionado diretamente com a idade, à escolaridade e ao vínculo com o parceiro, pois as adolescentes
que apresentavam baixa escolaridade e idades entre 10 e 14 anos, os seus conhecimentos sobre a
reprodução eram menores quando comparados com as mais velhas e as que haviam frequentado a
escola por mais tempo.

Os jovens que dispõem de conhecimentos e informações compreendem suas atitudes e consequências


de suas ações, respectivamente entendem o que acontece no seu corpo e descobrem formas de viver
a sexualidade de forma saudável e positiva, nesta sequência integrar ensinamentos sobre métodos
contraceptivos é indispensável para prevenção de uma gravidez indesejada. (REIS, M.; MATOS, G. M.,
2007)

Sendo assim, a participação do enfermeiro(a) na construção da identidade social na adolescência, faz


uma interação com esses indivíduos aos métodos contraceptivos, permite que o jovem tenha o
exercício da sexualidade com autonomia nesta fase da vida no campo da saúde coletiva. Contudo estes
profissionais não se encontram capacitados para atuar e manter uma comunicação sem julgamentos
e condenações com a classe juvenil, e esta, usufrui da camisinha masculina como o principal método
de proteção que deixa de ser usualmente utilizada quando há a formação de vínculo de confiança com
o parceiro, formando um ciclo de limitações para a prevenção de adolescentes gestantes. (ALVES, C.
A.; BRANDÃO, E. R., 2009)

Portanto neste sentido as autoras evidenciaram que a frequente relação entre a gravidez e o abandono
escolar aponta para um possível agravamento das condições socioeconômico dessas adolescentes, que

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

terão limitadas suas possibilidades de ocupação e sustento de si e de seus filhos; que a comunicação
contínua entre pais e filhos gera indivíduos conscientes e informados e que é inegável a existência de
profissionais despreparados para a abordagem de temas voltados ao sexo e saúde reprodutiva.

2.3 QUAL É O PAPEL DO(A) ENFERMEIRO(A) NO ACOMPANHAMENTO E PREVENÇÃO DA


GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA.

De acordo com o código de ética da enfermagem, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), define
este serviço, como uma profissão comprometida com a saúde do ser humano e da coletividade. Atua
na promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação das pessoas, respeitando os preceitos
éticos e legais. Com o dever de respeitar a vida, a dignidade e os direitos da pessoa humana, em todo
o seu ciclo vital, sem discriminação de qualquer natureza. (COFEN, 2000)

Dentre os públicos existentes na população, o adolescente necessita de um olhar mais cuidadoso e


minucioso da equipe presente na unidade básica de saúde, pois são segmentos vulneráveis de toda
uma comunidade, por isso é necessário que o(a) enfermeiro(a) como chefe de equipe, crie estratégias
estruturadas em políticas e projetos já existentes e priorizem ações de educação em saúde voltadas ao
cotidiano destes indivíduos, incluindo temas sobre sexualidade. (HIGA, E. F. R. et al., 2015)

A gravidez na adolescência é representada hoje como um problema social e não deve ser enfrentado
apenas pela mãe e familiares, pois exigem suporte da saúde pública, especialmente da atenção básica,
pois a unidade básica de saúde da família é o lugar em que muitas vezes será o local em que o(a)
enfermeiro(a) vai fazer: o diagnóstico da gestação, acompanhamento de pré-natal, tratamento de
possíveis infecções adquiridas, atualização do calendário vacinal, orientação a cercados diversos tipos
de parto existentes, preparação para formação de vínculo binômio mãe-filho e equipe, além
descobertas de possíveis intercorrências, conhecimentos sobre mudanças no corpo e humor e
encaminhamento para planejamento familiar. (HIGA, E. F. R. et al., 2015)

Nesta conjuntura este profissional, deve valorizar a autonomia de decisão da adolescente e ele tem a
obrigação de formar e capacitar todos da sua equipe de maneira a contribuir com uma gestação sem
discriminação, ambivalências, julgamentos e preconceitos.

No decorrer das consultas de gestação, o(a) enfermeiro(a), repassa informações e abrange ações a
cerca de agravos previstos na gravidez desta faixa etária. De acordo Saito e Leal (2005) as possíveis
complicações obstétricas são: anemia, eclampsia, desproporção cefalo-pélvica, hemorragias, parto
prolongado, aborto e morte materna. Assim como, trabalho de partos prematuros e recém-nascidos

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

de baixo peso, além das repercussões negativas no âmbito psicológico, social, cultural e econômico
das jovens e suas famílias. (SILVA, L.; TONETE, V. L. P., 2006)

Durante o desenvolver de suas funções se encontra o planejamento familiar, momento em o que


convém ao enfermeiro (a) falar de perspectivas de futuro, elaboração de planos, aceitação da condição
atual, assim como conhecimentos abrangendo todos os métodos contraceptivos existentes e
disponibilizados pelo SUS, (sobressaltando a qualidade desta informação: O modo de uso dos métodos,
as vantagens e desvantagens, efeitos colaterais, anulação do efeito com interação medicamentosa) e
permitir pela escolha individual do adolescente a eleição do método mais adequado. (MENDONÇA, E.
C. M.; ARAÚJO, T. M. E, 2010)

Nesse contexto o não conhecimento de informações propicia que esses adolescentes não tomem
decisões livre e responsável, infligindo a ele decisões e condutas manipuladas pelo meio sociais que
os jovens estão inseridos.

O enfermeiro pode possuir diversas funções dentro do seu período de trabalho, porém quando este
serviço esta voltado para atenção primária, muito lhe é cobrado em espaços de tempos curtos e
variáveis, uma das barreiras encontradas para o não acompanhamento eficaz na assistência ao
adolescente, estão relacionados a infraestrutura não apropriada para o acolhimento e
desenvolvimento de atividades devido ao espaço físico e adequado, e os desfalques recorrentes na
equipe multiprofissional em diferentes unidades espelhadas pelo país inteiro. (OLIVEIRA, T. C.;
CARVALHO, L. P.; SILVA, M. A., 2008)

Para ampliar a informação a esses adolescente é essencial a sua captação fora dos limites da unidade,
podendo ser através de chamados pelos agentes comunitários de saúde durante as visitas domiciliares
ou nas escolas, trabalhando a sexualidade pelo viés da autoestima envolvendo os adolescentes e
jovens em projetos e ação educativa, como orientado pelo Ministério da Saúde pelo Programa Saúde
nas Escolas (PSE) que deveria ser vigente em todo o território nacional. (BRASIL, 2007)

Quando se convida o adolescente a se integrar no planejamento familiar ou a participar da abordagem


do tema relacionado à saúde reprodutiva ou fecundidade de forma integral nas unidades de saúde e
escolas, promove-se a realização da construção de cidadãos conscientes dos seus atos e consequências
e os previne de gestação não planejada ou desejada, parceiros não participativos, construção de
identidade feminina edificada fora do contexto patriarcal e machista e conhecimento fora das crenças
em tabus e mitos que rodeiam a sexualidade. (MEDEIROS, T. F. R. et al., 2016)

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259
O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

A participação concreta dos profissionais de educação e saúde é a ponte para evitar gravidez na
adolescência, pois possuem compromisso social em apresentar saberes que influenciam nas condutas
juvenis.

2.4 QUAIS AS POLITICAS, PROGRAMAS E ESTRATÉGIAS QUE ABRAÇAM A ADOLESCÊNCIA E SUA


SAÚDE REPRODUTIVA.

As instituições de educação abraçam cerca de 62% de adolescentes entre 10 e 24 anos de idade, e o


seu sistema de ensino transforma a realidade político-econômico e histórico-cultural de uma
sociedade, tendo a responsabilidade de formar sujeitos de direitos em todos os âmbitos que os
cercam. São locais que norteiam os jovens para contribuir com uma nação mais inclusiva, sustentável,
que promove saúde e que é preparada para enfrentar os desafios que a sociedade apresenta. (BRASIL,
2006).

A integração da Saúde e Educação é essencial para que se concretize uma realidade de educação
permanente, já que por meio da educação se emancipa o bom diálogo e aprendizagem. (FLORA, M. C.;
RODRIGUES, R. F. F.; PAIVA, H. M.C. G. C., 2013).

Em vista dessa necessidade de juntar esses dois setores públicos, o governo brasileiro em seu decreto
nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, instituiu o Programa Saúde na Escola (PSE), afim de colaborar
para a formação integral dos adolescentes da rede pública de educação básica, através da prevenção,
promoção e atenção à saúde juvenil. (BRASIL, 2011)

O PSE utiliza uma metodologia interativa e diversificada e vem para fortalecer ações que proporcionam
aos profissionais da educação e estudantes participarem de atividades que articula a saúde como
campo educacional, para que as vulnerabilidades que interferem no desenvolvimento desses jovens
sejam enfrentadas e forneçam resultados positivos e significativos no componente de educação entre
pares, profissionais da saúde e educação pública, alunos e pais. (BRASIL, 2011)

O projeto Saúde e Prevenção nas escolas (SPE), que leva em consideração a importância de realizar
ações em saúde sexual e saúde reprodutiva, assim como o PSE e diversos programas voltados para a
saúde dos adolescentes, se apresentam como estratégia de redução da vulnerabilidade que tantos
adolescentes e jovens têm às IST/AIDS e à gravidez não planejada. No entanto certas dificuldades
muitas vezes interferem na implantação desses projetos e programas, como, as restrições no acesso à
saúde, centralização no que condiz a capacitação dos profissionais e especialistas para ministrar
palestras e oficinas, falta de estrutura física, falta de comprometimento entre os participantes e

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

parceiros e a inaptidão dos educadores para manejar assuntos que envolvam vivência da sexualidade,
gravidez na adolescência, impactos da AIDS entre adolescentes e jovens e violências associadas à
juventude e às relações de gênero. (BRASIL, 2006)

Como já citado no estudo, há muitos fatores que influenciam o modo como adolescentes pensam e se
comportam nesse sentido a vulnerabilidade que eles sofrem podem ir desde como eles estão inseridos
na meio social, até as dificuldades que sofrem por não serem ouvidos em suas opiniões e necessidades,
especialmente quando a sua sexualidade e consequências são retratadas. A gravidez na adolescência
não planejada é considerada um problema social crescente que se associa com a evasão escolar
conforme um estudo da UNESCO em 2004, que ocorre muitas vezes pela simples falta de informação
apropriada e a falha no acesso aos serviços de saúde. (BRASIL, 2006).

Estabelecer vínculo e falar sobre a sexualidade, anatomia e fisiologia do sistema reprodutor feminino
e masculino, condutas de prevenção de IST’s, métodos contraceptivos e gravidez na adolescência leva
o adolescente a realizar o exercício da sua sexualidade com liberdade e responsabilidade. (RIBEIRO, M.
S. S.; RIBEIRO, C. V., 2015)

Os currículos escolares devem ligar a educação sexual com os conteúdos das suas diversas disciplinas,
desde o estabelecimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) em 1996, que desafia os
pedagogos a harmonizar essa temática com suas matérias, nessa lógica as escolas são obrigadas a
cumprir de modo legal ações envolvidas com a saúde sexual e reprodutiva para prevenir a gravidez na
adolescência e o desenvolvimento biopsicossocial geral dos jovens, (SILVA, D. R. Q., 2016) nada mais
do que o projeto SPE defende e se propõe ao provocar o conhecimento que os alunos tem a respeito
desse tema que muitas vezes é transmitido de forma equivocada ou com preconceitos por profissionais
não preparados ou pela sociedade.

Discutir sobre sexo e sexualidade é como discutir os tantos assuntos que são ligados à vida, que
também geram dúvidas, polêmicas e questionamentos nas escolas, nos serviços de saúde, nas famílias
e com os amigos, só que a única maneira de tratá-los é de forma franca, simples e direta, mas que não
cause constrangimentos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010)

Passar estes conteúdos de início pode ter suas dificuldades, mas as atividades propostas pelo SPE são
baseadas nas publicações do Parâmetro Curricular Nacionais/Orientação Sexual e no Marco Teórico e
Referencial: Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva de Adolescentes e Jovens, levando as atividades a
serem praticadas de uma maneira que foi estudada e permitida pelos Ministérios da Educação e da
Saúde.

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

No entanto, a inexistência de artigos e estudos publicados voltados para a saúde reprodutiva, gravidez
na adolescência e o papel do profissional enfermeiro, especificamente, prova a limitação que o campo
da educação tem em trabalhar a sexualidade e a dificuldade de se manifestar mesmo diante de uma
gravidez precoce dentro dos seus muros. Esta restrição por sua vez não permite comparação das
intervenções necessária sobre o comportamento reprodutivo dos jovens a nível nacional com outras
realidades, pois não são todas as escolas e principalmente unidades básicas de saúde que se propõem
a assistir integralmente a saúde do público juvenil através dos programas e projetos elaborados pelo
Ministério da Saúde como deveriam.

3. OBJETIVO GERAL

Compreender os fatores que promovem ou facilitam o aumento do índice de gravidez entre as


adolescentes e o protagonismo do profissional enfermeiro por meio da unidade básica frente a esta
problemática.

4. OBJETIVO ESPECÍFICO

Identificar e destacar os principais fatores sociodemográficos que resultam em gravidez na


adolescência.

Identificar as condutas do papel do profissional enfermeiro como agente interventor deste problema.

Estabelecer as estratégias efetivas que são vigentes a esta condição.

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Utilizou-se como método a revisão integrativa de literatura, a qual teve como objetivo reunir e resumir
o conhecimento científico já produzido sobre o tema investigado, ainda esta metodologia permitiu
buscar, identificar e avaliar as evidências disponíveis para contribuir com o desenvolvimento do
conhecimento na temática.

A estratégia utilizada para identificação e seleção dos estudos foi à busca de publicações indexadas nas
bases de dados do Portal BVS utilizando os descritores: Enfermagem, gravidez na adolescência e saúde
reprodutiva, sendo utilizados os operadores boleares, AND e AND NOT, foram critérios de exclusão:
artigos repetidos, que não estivessem na língua vernácula brasileira e não fossem formato de artigo,
publicações com comprometimento metodológico e que não estivessem ligados diretamente aos
objetivos da revisão. Foram incluídos os artigos publicados no período de 2009 a 2017.

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Segue abaixo o quadro de apresentação dos artigos selecionados:

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6.RESULTADOS

Foram identificados 41 publicações no portal BVS. Nas bases de dados BDENF, SCIELO e LILACS. Após
leitura dos títulos e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 10 artigos. O
fluxograma demonstra a forma em que ocorreu este processo.

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7. DISCUSSÃO

7.1 ADOLESCÊNCIA E A GRAVIDEZ PRECOCE

A adolescência é o período de desenvolvimento e de transformações sendo marcado como o início da


vida reprodutiva do indivíduo e assim seguido por diversas mudanças fisiológicas, corporais e
psicológicas. No entanto esta passagem de transformações e adaptações deve acontecer da forma
mais saudável possível, para que não causem malefícios ao adolescente, no que condiz a sua saúde
física, mental, social e espiritual. (NERY, I. S. et al., 2011)

Segundo Beretta, M. I. R., et al., 2011, Percebe-se que na atual realidade a incidência de adolescentes
grávidas vem aumentando significativamente, onde no Brasil, no ano de 2004, foram notificados cerca
de três milhões de nascimentos, dos quais 21,9% se relacionavam a mulheres entre 10 e 19 anos de
idade. Ratificando as afirmativas proporcionalmente invertidas, maior números de casos de gravidez
na adolescência e menor a média de idade dessas jovens mães. (DEPRÁ, A. S. et al., 2011)

A gestação quando precoce é considerada como uma problemática que atinge a saúde pública
brasileira, onde, tanto adolescente quanto seu filho, ficam vulneráveis a riscos físicos, psicológicos e
sócias, privando-lhes, do direito de desenvolvimento pleno, limitando sua vida pessoal e carreira
profissional. (BERETTA, M. I. R., et al., 2011), além de resultar em um período de diversas
transformações na vida cotidiana, como a interrupção da vida escolar e consequentemente perda da
confiança da família. (DEPRÁ, A. S. et al., 2011).

A modificação dos padrões da sexualidade nos últimos 20 anos mostraram o aumento da gravidez na
adolescência em mulheres cada vez mais jovens, de periferia e baixa renda, elevando dados de gravidez
precoce. A propagação de informações sobre os métodos contraceptivos e os riscos da prática sexual
desprotegida e de IST’s possibilita que os adolescentes tenham conhecimento consciente do sexo
adequado e saudável, além do emponderamento a cerca da sua saúde sexual e reprodutiva.
(MENDONÇA, R. C. M.; ARAÚJO, T. M. E., 2010)

7.2 CAUSAS DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

De acordo com a definição de saúde reprodutiva e sexual, a primeira relação marca o início da vida
adulta, exalta a feminilidade para as meninas e inserem essas pequenas mulheres de forma mais
intensa, no grupo de vulnerabilidade a infecções sexualmente transmissíveis (IST’s), gravidez não
planejada e/ou indesejada e aborto. (BERETTA, M. I. R. et al., 2011)

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No período de adolescência, em particular, como profissionais, são consideradas informações


relevantes: idade da primeira relação sexual, número e escolha de parceiros, padrões de
comportamento, vulnerabilidade para o uso ou não de drogas, nestas incluído o uso do álcool; o uso
de contraceptivos e de preservativos. (SILVA, L.V. M.; COELHO, E. A. C., 2011)

Quando em estudo, nota-se que entre adolescentes existem diversas possibilidades do exercício sexual
resultar na prática reprodutiva, ou seja, meninas, adolescentes, iniciando, finalizando ou até mesmo
reincidindo dentro de doze meses no ciclo gravídico, sendo apontado como um dos principais fatores,
a negligência quanto ao uso de métodos contraceptivos e antecipação da sexarca, em média aos treze
anos de idade. (NERY, I. S. et al., 2011)

Diante disso, no mesmo artigo, é viável a afirmativa de que houve mudança dos padrões de
sexualidade, onde a primeira relação sexual ocorre precocemente, em destaque em países em
desenvolvimento, pois estes estão relacionados a circunstâncias sociodemográficas, antecedentes
reprodutivos e aplicação de saberes da contracepção.

Todavia neste mesmo raciocínio, Silva, L. V. M.; COELHO, E. A. C., 2011, concorda que a não adesão aos
métodos contraceptivos está vinculada ao início de uma vida sexual ativa precocemente, onde a
adolescente pode possuir maturidade sexual, mas esta antecede a maturidade emocional, assim como
a não utilização desses métodos devido a imprevisibilidade das relações ou relações esporádicas, não
adequação com pílulas hormonais orais diárias, perpetuação de tabus acerca da gravidez, como, a
impossibilidade de ocorrer a gestação na primeira transa, nem antes da primeira menstruação ou
durante o período menstrual, assim como mitos de não engravidar se não houver orgasmos femininos,
porém quando utilizado um dos contraceptivos e há estabelecimento de vínculos afetivos estáveis com
o parceiro, resultado é o abandono de todos os métodos.

Perante esta ótica, ainda outra pesquisa afirma, dados proporcionalmente invertidos, de quanto mais
cedo à iniciação sexual, as chances de uso de métodos contraceptivos são diminuídas e, por
conseguinte, maior possibilidade de uma gestação. Idem, a correlação entre escolaridade e
contracepção: maior grau de escolaridade resulta na adesão adequada de métodos contraceptivos na
primeira relação sexuais e nas subsequentes. (MENDONÇA, R. C. M.; ARAÚJO, T. M. E., 2010)

De acordo com Mendonça, R. C. M.; Araújo, T. M. E., 2010, o fato de dispor de pouca ou nenhuma
escolaridade está diretamente associada a não obtenção de práticas preventivas, deverás, o (a)
adolescente que atualmente não está estudando ou abandonou os estudos, torna-se mais vulnerável
a uma gravidez neste período ou a aquisição de uma IST. Neste panorama, o abandono da vida escolar

18
268
O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

é caracterizado como fator de risco individual importante, pois há unanimidade na relação entre o
baixo nível de formação escolar e adesão dos métodos.

Em conformidade com a publicação, foram averiguados os modos de relacionamento e vida diária dos
adolescentes, onde se concluiu que há um déficit na comunicação de todos – pais, comunidade – para
com a adolescente e dificuldade para manutenção de um vínculo fortalecido para diálogo. (SILVA, L.V.
M.; COELHO, E. A. C., 2011)

Em um artigo é evidenciado por dados que a menarca predominou nos 12 e 13 anos de idade,
correspondendo a 50,6% do total estudado, a relação sexual com penetração ocorreu em média aos
15 anos (24,4%), dois anos após a primeira menstruação e, as entrevistadas, informaram que em sua
maioria não havia comunicação sobre sexualidade com os pais antes da primeira relação (57,5%) e a
escola que fez esta orientação (72,2%). Demonstrando que quando há comunicação eficaz, o
conhecimento sobre as diversas possibilidades contraceptivas e forma de uso adequado atua como
fator de estimulo ao uso. (NERY, I. S. et al., 2011)

Neste contexto, diante de todas as informações expostas, é possível concluir com as evidencias
publicadas por Deprá, A. S., et al., 2011, que deixou claro quais são as causas mais frequentes que
resultam em uma adolescente gestante: o desconhecimento dos métodos para evitar a gravidez,
método conhecido, mas não praticado; uso de método anticoncepcional de baixa eficiência e o uso
incorreto ou falha no uso de um método, já que o período de amenorreia, foi o que instigou a
investigação dos sintomas de gravidez.]

7.3 INFERIORIDADE DE GÊNERO

Quando retratada, a desigualdade entre o homem e a mulher, é possível identificar as definições


socialmente imposta de condição inferiores ao ser feminino, que constantemente reproduz papéis em
consenso com o ambiente sociocultural em que se encontram, não possuindo, muitas vezes, posição
crítica em relação as condutas que já foram pré determinados pelo corpo social. Sendo possível
identificar a influencia do gênero, quando há a proibição de condutas sexuais para a garota e estímulo
ao início da vida sexual ao menino. (NERY, I. S. et al., 2011)
Para ratificar tais fatores, as relações sobre gênero, neste caso, estão fortemente vinculadas à prática
da sexualidade, se efetivando devido a desigualdade entre ambos os sexos. Por incumbência da
virilidade masculina, há o estabelecimento de regras no relacionamento pelo homem, enquanto que
a mulher, sob a ideia preconcebida de passividade, fica sujeita a ser submissa a autoridade do parceiro,

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269
O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

havendo pouquíssimas chances de negociação, ficando suscetível à possibilidade de contrair IST’s e/ou
gravidez não planejada. (SILVA, L.V. M.; COELHO, E. A. C., 2011)
No estudo de Medeiros, T. F.R., et al., 2016, conceitua que a construção sob o panorama das
identidades de gênero é explanada por definição de rótulos que definem o paradigma de
mulher/frágil/passiva e homem/forte/ativo, além de evidenciar que o modelo feminino é restringida
muitas vezes pela figura masculina opressora, onde nem sempre se é possível visualizar no contexto
familiar, pois a limitação da liberdade da mulher, decorre de maneira velada e infelizmente acaba sendo
naturalizada nas práticas culturais por meio do estereótipo de gênero, levando-se em consideração
que no aspecto de relações sexuais, é apresentado uma adolescente sem base de informação para
contracepção, a mercê das decisões do parceiro.
Segundo Beretta, M. I. R., et al., 2011, é possível elucidar o efeito de ficar grávida durante a
adolescência, pelo meio social, as mulheres são mais prejudicadas, devido a sentimentos como
vergonha e discriminação por parte dos diretores, professores, colegas e até pais de alunos, são
influenciadas a abandonar os estudo, não conseguindo realizar o retorno as salas de aulas após licença
maternidade, pois necessitam de emprego, para o sustento e sobrevivência de si e sua prole, em razão
que a paternidade não é assumida e, quando é, ambos os pais ficam refém de um mercado de trabalho
mal remunerado devido a pouca escolaridade, ou seja, instabilidade socioeconômica e emocional.

7.4 CASAMENTO E GRAVIDEZ DESEJADA

A gravidez precoce favorece a união não formal das adolescentes grávidas com o parceiro, como casais.
Estudo feito em 2008, Maranhão comparou a predominância da união consensual entre um grupo de
adolescentes e um de adultas e constatou-se que o percentual para as adolescentes chegava a 66,1%.
(BERETTA, M. I. R. et al., 2011).
Portanto o impacto da gravidez na adolescência por pressão da sociedade leva o casal a formalizar uma
união, seja ela formal ou não formal e a conviver sob a mesma residência tendo ou não independência
financeira.
No entanto foi possível notar entre os artigos que o casamento acompanhado da gravidez na
adolescência pode ser visto como algo positivo para as famílias que possuem condições
economicamente desfavoráveis, pois a adolescente pode prejudicar ainda mais a questão financeira
da família. Nessa perspectiva o casamento pode ser a alternativa certa para essas jovens com vidas
sexuais ativas, ou mesmo grávida, já que com este vínculo, as mesmas não são estigmatizadas pela
sociedade, ou suas famílias ‘’constrangidas’’. O casamento nessa ótica também pode oferecer uma

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270
O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

solução econômica assegurando seu futuro financeiro tanto para ela quanto sua prole, já que a
gravidez resulta na falta de estudos e trabalho. (NERY, I. S. et al., 2011)
É notável que as adolescentes que abandonam seus estudos devido a gravidez, passam a valorizar o
relacionamento de união com o pai do seu filho, no qual pode-se sugerir que sua união seja um status,
uma ascensão na sua posição diante da sociedade, pois ela é casada e não mãe solteira. (BERETTA, M.
I. R. et al., 2011)
Essa falta de perspectiva fora de uma união afetiva em conjunto com a ausência de projetos pessoais
e profissionais legitima e reforça o status de submissão que a mulher tem sobre a tutela masculina,
tornando o casamento a solução para enfim estruturarem as expectativas de vida. (MEDEIROS, T. F. R.
et al., 2016)
Por outro lado uma gestação na adolescência pode ser encarada como algo positivo, pois confirma
para as adolescentes sua fecundidade, elas mesmas se afirmam como mulheres, se reconhecem e
aceitam-se nos diversos meios sociais onde convivem. Estudos também apontam que a gravidez pode
ser uma escolha para adolescentes entre 10 e 19 anos, um desejo incluído em seus projetos de vida
de adolescentes, seja adolescente do sexo feminino ou por adolescentes e homens jovens; (SILVA, L.
V. M; COELHO, E. A. C., 2011 )
No estudo de Beretta, M. I. R., et al., 2011, foi destacado um total de 72,1% de gravidez não planejada
entre as adolescentes, contudo apesar de não ser algo planejado tanto os pais, como os companheiros
aos descobrirem a gravidez reagiram de forma positiva, manifestando felicidade, para em seguida
demonstrarem susto e medo. Ainda foi exposto o percentual dessa reação de felicidade dos
companheiros 76,6%, a do pai foi de 59,1% e a da mãe de 65,9%. O que declara que a gravidez para a
população foco da pesquisa é encarada como um fato positivo, o que pode ser a razão das meninas
ganharem o status ao se tornarem mães.
Diante de mais alguns estudos conclui-se que as adolescentes apresentam conhecimento acerca da
contracepção, gravidez e dos riscos de uma gestação precoce, porém não utilizam e a grande maioria
abandona o uso de métodos contraceptivos por desejo próprio de engravidar. (SILVA, L. V. M; COELHO,
E. A. C., 2011 )

7.5 MÉTODOS CONTRACEPTIVOS SABEM, MAS NÃO USAM.

Estudos enfatizam que um percentual significativo de 98% das adolescentes possuem conhecimentos
sobre a utilização da pílula e 99,4% sobre o cóndom (preservativo masculino), métodos que são mais
conhecidos, devido ao seu baixo custo e fácil acesso, uma vez que são disponibilizados gratuitamente

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou por não dependerem de receita médica e ainda concluem
que as jovens que, mesmo adolescentes, já fizeram o uso do contraceptivo oral para tratar problemas
do ciclo menstrual, adquirem mais conhecimento sobre o uso correto desse método como
contraceptivo. (SILVA, L. V. M; COELHO, E. A. C., 2011; NERY, I. S. et al., 2011)
Quando analisadas as entrevistas feitas para pesquisas qualitativas com a população juvenil é possível
notar similaridade nas respostas e experiências sexuais das adolescentes que tiveram gravidez precoce
ou estão grávidas, onde na primeira relação, a maioria das meninas não utilizou qualquer método
contraceptivo. Ressalta-se que a responsabilidade da contracepção esta geralmente mais envolvida
com a mulher, sobrecarregando-a com esta preocupação reprodutiva, enquanto que os homens tem
uma liberdade maior em vivenciar sua sexualidade, o que resulta no aumento da frequência de
gravidez não planejada e de Infeção Sexualmente Transmissível (IST). (MEDEIROS, T. F. R. et al., 2016)
O fato das adolescentes mesmo tendo conhecimento sobre a questão, ficarem grávidas, foi bem
destacado por Beretta, M. I. R. et al., (2011, p. 90 – 98), enfatizando que ‘’faz parte do imaginário social
acreditar que o simples acesso à informação sobre anticoncepção seria suficiente para garantir práticas
contraceptivas consistentes’’.
É evidente que, apesar terem acesso a informações a respeito de métodos contraceptivos, as
adolescentes não os utilizam por vários fatores. Segundo o estudo de Deprá, A. S., et al., 2011, há
diversas justificativas dadas para a não utilização, entre elas encontra-se o pensamento delas acharem
que não iriam engravidar, a falta de conhecimento sobre os métodos, por “não esperar ter relações
naquele momento”, o desconhecimento da fisiologia do próprio corpo, visto que muitas acreditam que
não se poderia engravidar na primeira relação sexual e a confiança no parceiro também é um motivo
alegado para não realizar a prevenção, onde a utilização do cóndom ocorre no início dos
relacionamentos sexuais, mas seu uso é descontinuado assim que é criado o vínculo entre o casal.
Esses dados demonstram a realidade de vulnerabilidade em que estas adolescentes estão inseridas,
pois a baixa prevalência do uso de contraceptivos torna essas jovens mulheres, especialmente as que
já são casadas, mais vulneráveis ao risco de adquirir infecções sexualmente transmissíveis.
Outros métodos são destacados pela sua frequência, é importante destacar a perspectiva que todos
eles de alguma forma reforça a falta de autonomia que as adolescentes mulheres tem quando se trata
do controle da sua contracepção e do seu corpo. A pílula ou contraceptivo oral é o segundo método
mais utilizado depois do preservativo masculino, infelizmente está associado a pouco conhecimento e
falta de acesso a outros métodos, são frequentemente utilizados de modo errôneo, sem prescrição e
acompanhamento por algum profissional de saúde, só acrescentando riscos de efeitos adversos e

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

terapêuticos, pois muitas vezes são adquiridas em farmácias apesar de serem contraindicadas sem
recomendação. (MEDEIROS, T. F. R. et al., 2016)
A laqueadura também vem como método que vulnerabiliza a condição reprodutiva da mulher e,
muitas optam pela laqueadura tubária, mesmo sabendo que este é um método irreversível e o mais
extremo dos aspectos da contracepção, sendo que a vasectomia no parceiro seria mais viável, no
entanto elas tomam esta iniciativa por se sentirem induzidas a realizar por perceber que o parceiro
não realizaria. (MEDEIROS, T. F. R. et al., 2016)
Apesar de um alto percentual de adolescentes referirem conhecer algum método anticoncepcional, o
índice de gravidez não planejada só aumenta e isso deixa uma reflexão quanto à qualidade das
informações sobre os métodos contraceptivos, uma vez que estas podem estar sendo transmitidas de
modo incorreto, elas sabem o que são , mas não fazem seu uso correto e quanto a maturidade desses
adolescentes num relacionamento sexual, já que eles mesmo declaram não acharem que “aconteceria
comigo”. (BERETTA, M. I. R. et al., 2011)
As informações a cerca dos métodos contraceptivos e de prevenção de IST’s podem chegar aos jovens
através da família, escola, governo ou comunidade. Na maioria dos estudos eles recebem estas
orientações a respeito da atividade sexual com a escola e amigos, onde a maioria possui
conhecimentos, porém muitos não o praticam, ou seja, ensinar e transmitir informações acerca dos
métodos contraceptivos não garante o seu uso. (MENDONÇA, R. C. M.; ARAÚJO, T. M. E., 2010)
O fato de que hoje os adolescentes conhecem algum método contraceptivo, pelo menos um
geralmente e saber onde obtê-los também, pode estar relacionado ao sucesso das campanhas
governamentais que foram enfatizadas nas últimas décadas em função do advento da AIDS e IST’s,
porém isso não significa também que estejam utilizando os métodos, de forma adequada e continua.
(MEDEIROS, T. F. R. et al., 2016)
A reincidência de uma nova gestação não planejada ainda na adolescência expõe que nem a vivência
de uma gestação anterior e suas consequências nesta faixa etária são suficientes para que as
adolescentes possam desenvolver um comportamento sexual maduro e responsável, não perpetuando
este triste ciclo de adolescência e gestação. (BERETTA, M. I. R. et al., 2011)
Portanto o não uso ou a falha na utilização dos métodos contraceptivos são um dos fatores chaves que
favorecem a gravidez na adolescência e, a falta de programas, propagandas e ações que propaguem a
importância do uso correto dos métodos, impedem as adolescentes de se apoderarem da perspectiva
de que sua saúde sexual não precisa estar vinculada a sua saúde reprodutiva.

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

7.6 CONSEQUÊNCIAS DA GRAVIDEZ PRECOCE

A adolescência é um estágio em que os indivíduos estão em constante formação, especialmente a


escolar, onde estão moldando suas habilidades para um futuro adulto de sucesso. Os estudos nacionais
direcionados a gravidez na adolescência comprovam em suas pesquisas as consequências significativas
de uma gravidez precoce, como o abandono escolar e o ingresso precoce de um adolescente no
mercado de trabalho onde vão assumir responsabilidades que são mais adequadas para um adulto. O
abandono dos estudos torna o futuro da jovem e dos seus filhos vulneráveis, pois limita suas
oportunidades de conseguir um cargo de trabalho com melhor remuneração, pois o mercado de
trabalho exige cada vez mais escolaridade e habilidades que poucas vezes são viáveis para populações
economicamente desfavorecidas. (NERY, I. S. et al., 2011)
Vale ressaltar que a legislação trabalhista brasileira não permite o trabalho de menores de 16 anos, o
que acaba dificultando o ingresso de meninas mães abaixo dessa idade no mercado de trabalho para
a busca da sua independência econômica, o que impõe a essas adolescentes mães que elas devem
buscar subempregos ou depender financeiramente da família, companheiro ou terceiros. (BERETTA,
M. I. R. et al., 2011)
Percebemos que a gravidez na adolescência impõem responsabilidades a mulher, responsabilidade
que a limitam a busca de condição para criação da sua prole. A relação dos artigos destaca também
que a experiência de uma gestação não planejada desperta as adolescentes a buscarem adotar
medidas contra uma nova gravidez. (SILVA, L. V. M.; COELHO, E. A. C., 2011)
A gravidez na adolescência não planejada, desejada ou não, é um grave problema de saúde pública e
assim como em outros artigos, Beretta, M. I. R. et al., (2011, p. 90 – 98), enfatiza a notável relação da
gravidez nesta fase da vida com o “abandono escolar, os conflitos familiares, o incentivo ao aborto pelo
parceiro e pela família, o abandono do parceiro, a discriminação social e o afastamento dos grupos de
sua convivência, que interferem na estabilidade emocional da adolescente.”
O principal motivo do abandono dos estudos depois da descoberta da gravidez, que também vale
enfatizar, está relacionado aos diferentes sentimentos de vergonha, culpa e dificuldade de
enfrentamento dos julgamentos dos colegas e dos professores por ter engravidado. (DEPRÁ, A. S. et
al., 2011)
Os estudos levantam dados condizentes com a relação da gravidez precoce e a escolaridade,
confirmando que a maioria das adolescentes grávidas ou que passaram pela gravidez na adolescência
possuem educação escolar incompleta, e ainda frisa que o anseio de voltar a estudar após o
nascimento do filho diminui consideravelmente.

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

Portanto se tornar mãe precocemente traz consequências para uma adolescente, como a perda da
liberdade, adiamento ou comprometimento dos planos de estudos, limitação no mercado de trabalho,
desconstrução de projetos futuros. (DEPRÁ, A. S. et al., 2011)

7.7 ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS

Há diversos fatores e consequências que influenciam a gravidez na adolescência e a vida dessa mãe
após a gestação. Vale se ressaltar que na maioria das vezes, dependendo do contexto socioeconômico
da jovem, a pobreza em si é o horizonte mais provável na vida destas mulheres, uma vez que é pouco
provável que elas venham retornar a estudar. O que nos leva a relacionar a gravidez na adolescência à
perpetuação da pobreza, como as literaturas já apresentaram, e tendo em vista que o abandono dos
estudos se renova na reincidência de uma nova gestação. (NERY, I. S. et al., 2011)
Nesse sentido, a gravidez na adolescência se evidencia na perpetuação do ciclo econômico - sócio
demográfico, onde que nesta situação o ciclo seja repetido continuamente seguindo a ordem de: baixa
renda, gravidez na adolescência, abandono escolar, baixa renda.
Tendo esclarecido a constante perpetuação do ciclo dentro das gerações familiares, é importante
ressaltar que há outros aspectos negativos imposto na vida das jovens grávidas, como a dependência
financeira. Como elas não conseguem seu sustento e da prole acabam dependendo do companheiro,
dos pais ou de terceiros, sendo que esta dependência financeira pode gerar além da própria
imaturidade, a dependência de auxilio, deixando esta jovem vulnerável a sofrer violência física e de
outras naturezas tanto do parceiro quanto de familiares. (NERY, I. S. et al., 2011)
As condições sociodemográficas também podem influenciar ou contribuir no número de gravidez na
adolescência. Estudos realizados com a população da periferia de salvador indica que as informações
e acesso ao atendimento na rede pública de saúde estão cada vez mais em comprometimento.
As adolescentes mulheres com condição social mais desfavorável são as que mais sofrem, já que elas
são as que têm maior dificuldade de acesso à informação e aos métodos contraceptivos no sistema
público de saúde, além de ter, na vida privada, menor poder de negociação com os parceiros. (BRASIL,
2006).
O estudo de Deprá, A. S., et al., 2011, e de MENDONÇA & ARAÚJO, 2010 sugerem que a gravidez na
adolescência não é planejada e geralmente não desejada, por ser a consequência da falta de
informação no espaço em que ela vive e a falta de compromisso com algum método contraceptivo,
mas é bem aceita. Neste contexto social, tanto das adolescentes casadas que são de condições
econômicas mais elevadas, já que elas consideraram a experiência da sua gravidez positiva, associada

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

a ganhos e confirmam que o controle da natalidade deve ser uma conduta conversada e tomada em
casal, quanto dos casais adolescentes que são da classe econômica mais baixa que também
manifestam esse sentimento.

7.8 FAMÍLIA, ESCOLA E SOCIEDADE.

A participação conjunta do tripé formado pela família, comunidade e escola na orientação da jovem
nas suas escolhas sexuais e reprodutivas é fundamental para que a atividade sexual seja consciente e
saudável. No entanto a família e a escola não estão se mostrando satisfatoriamente preparadas para
falarem e trabalharem o assunto, assim como a comunidade, que está representada pelos serviços
públicos de saúde e seus profissionais.
Vários pontos essenciais para a efetividade de saúde sexual e reprodutiva com os adolescentes estão
deixando a desejar, a primeira é a abordagem superficial desta temática centrando a disciplina na
biologia reprodutiva ou conselhos sem profundidade, o segundo ponto fundamental para a qualidade
das orientações é que a educação sexual e reprodutiva deve ser transmitida antes da iniciação sexual
da adolescente. (NERY, I. S. et al., 2011)
Ainda neste estudo, os autores levantam uma nota de que a escola é frequentemente apontada como
instituição responsável pela orientação sexual e reprodutiva dos adolescentes antes de sua iniciação
sexual, quando comparada à família, a partir disso é imprescindível que seja esclarecido especialmente
a família, de que a educação sexual e reprodutiva não incentiva a prática sexual, apenas a torna
consciente.
É interessante também destacar os achados das pesquisas que apontam as influências familiares nas
experiências gravídicas das jovens, como que a primeira gestação da maioria das jovens repete o
passado obstétrico de suas mães, revelando que a história obstétrica de uma família pode se perpetuar
por gerações. (NERY, I. S. et al., 2011)
As instituições escolares são a referência na transferência de informação acerca dos métodos
contraceptivos e logicamente saúde sexual, o que leva a observação de que os adolescentes não
mencionam a Unidade Básica de Saúde da Família, mas, sim, escola, amigos e outros meios.
A família sendo o grupo social de maior proximidade de um adolescente deve estar integrada em todas
as atividades de aprendizado do seu meio, deve ser considerada a matriz do cuidado, além de saber
que pode contar com o apoio dos serviços públicos de saúde disponíveis, como as UBSF, a família deve
estar preparada para ser um fator de prevenção de gravidez e não de promoção.

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

É necessário que o campo familiar compreenda que a educação sexual deve ser iniciada por eles e que
a escola desempenhe seu papel de abordar saúde sexual e reprodutiva desde o ensino fundamental
de forma a ampliar o olhar a atenção em saúde e integrar o sistema de saúde e educacional em favor
de uma prevenção e promoção em saúde compatível à realidade de cada adolescente. (RODRIGUES,
D. P. et al., 2009)
Diversos pais creem que o diálogo aberto sobre sexo pode vir a induzir seu filho adolescente a praticar
o ato sexual por isso eles preferem se privar a falar do tema. Os pais não dão abertura para diálogos
sobre questões pessoais, íntimas e especialmente voltadas ao sexo, o que leva o filho a buscar auxílio
e orientações com outros adolescentes e em outros lugares. Contudo, esta teoria a questão da saúde
sexual precisa ser abordada entre os adolescentes, de forma a deixa-los conscientes e assim mais
preparados para viverem sua sexualidade. (DEPRÁ, A. S. et al., 2011)
É interessante estudar e discutir o comportamento da sexualidade com os adolescentes e o uso de
contraceptivos e perceber que a abordagem deste tema não se restringe apenas aos profissionais da
área da saúde, mas também aos profissionais das áreas de Ciências Sociais, Humanas e Educação.
Contudo, a inexistência de estudos que se refiram para o enfrentamento das questões relacionadas ao
não uso ou uso inadequado dos métodos contraceptivos limita atuação dos profissionais para a
prevenção da gravidez na adolescência. (MENDONÇA, R. C. M.; ARAÚJO, T. M. E., 2010)

7.9 POLÍTICAS PÚBLICAS

A atenção qualificada e implementação de estratégias de atenção a saúde devem ser além de


elaboradas e executada nas três esferas federativas (federal, estadual e municipal), devem visar a
minimização de riscos e promovendo assistência qualificada e respeito direitos sexuais e reprodutivos,
a Lei nº 9.263/1966, assegurada pela Constituição Federal de 1988, o planejamento familiar, é
estabelecido como um conjunto de ações que garanta direitos iguais a mulher, homem ou casal, para
regulação da fecundidade, seja para aumento ou diminuição da prole. (VIEIRA, B. D. G. et al., 2017)
Medeiros, T. F. R., et al., 2016, evidencia em seu estudo, que todo cidadão brasileiro possuiu direito
garantido pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 226, ao recebimento de prestação da
assistência ao Planejamento Reprodutivo, cabendo a esfera estadual prover recursos para o desfrute
do acesso de forma plena, competindo em conjunto as instâncias que estão na gestão da saúde a
garantia da assistência integral a ser prestada.
Quando denominado, o planejamento familiar, muitas vezes não acata às expectativas dos
adolescentes, pois o fato de planejar uma família não se correlaciona a realidade que desejam, porque

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

esse público busca métodos contraceptivos para evitar e quando não abordado corretamente a função
e objetivo da lei pelo profissional enfermeiro, facilitando a tomada de decisão, pode resultar em um
afastamento permanente deste jovens da unidade básica, acarretando na busca de contraceptivos
adquiridos fora das unidades e que serão utilizados inadequadamente. (KEMPFER, S. S. et al., 2012)
Políticas Públicas quando implementadas integrando ambiente escolar e saúde, e permitindo a
inclusão da família e comunidade, possibilita que os profissionais de ambas as instituições
governamentais, sejam capacitados e se sintam preparados para abordagem do tema saúde
reprodutiva e gravidez na adolescência, quando ocorrem dentro dos muros escolares, onde o
enfermeiro consiga promover assistência integral da saúde dos adolescentes, possibilitando jovens
mais conscientes e empoderados quanto à adoção de comportamento sexual saudável e o
conhecimento que o exercício sexual é e pode ser desvinculado da prática reprodutiva, reduzindo a
prevalência de gravidez precoce não planejada, índices de IST’s e alterações emocionais, todavia
permite uma melhor qualidade no atendimento quando há incidência de gravidez neste público,
possibilitando um vínculo fortalecido e suporte a essa jovem, além de incluir o pai/parceiro e família
neste momento de gestação. (NERY, I. S. et al., 2011)
Quando existentes de maneira adequada, as políticas públicas para os adolescentes são voltadas a
orientação e ensino de assuntos que englobam sua realidade, métodos contraceptivos, saúde sexual e
reprodutiva, saúde biopsicossocial, assim como assuntos que abrangem a vulnerabilidades que se
aplicam com maior incidência durante sua faixa etária, como, gravidez na adolescência, reincidência
gestacional, desigualdade de gênero, uso de drogas, abortos, discriminação, acidentes e diversas
maneiras de sofrer/ promover violência, assim como informações acerca de fertilidade e infertilidade
causadas por IST’s. (SILVA, L. V. M.; COELHO, E. A. C., 2011)
Segundo, Silva, L. V. M.; Coelho, E. A. C., 2011, ainda salienta os desdobramentos da falta de política
pública no cenário brasileiro, primeiramente, a existência de IST’s e essas serem detectadas
tardiamente, retardando o tratamento, provocando danos à saúde e interferindo nas condições
socioeconômicas da população; segundo ponto, a importância da abordagem do assunto de
infertilidade seja a mulher, homem ou casal dentro do planejamento familiar na unidade primária à
saúde; terceiro ponto, a informação quanto evitar reincidência gestacional com a adolescente,
construção de prevenção de infecções através do uso adequado e saudável dos métodos
contraceptivos principalmente o cóndom.
Segundo Deprá, A. S. et al., 2011, é possível a mudança na atual situação dos adolescentes no país,
através de políticas públicas, explana que a Estratégia de Saúde da Família, é o programa o qual o

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

enfermeiro é protagonista em serviço, viabilizando aproximação das condições socioculturais, sendo o


elo que permite este profissional além de empreender, desempenhar ações e atividades acerca do ser
adolescente. Ademais, ressalta a importância do desenvolvimento de metodologias que falem sobre
sexualidade no meio escolar, além de estruturar grades e currículos de educação que minimizem ou
eliminem a incidência de gestação no período da adolescência, promovendo e preparando este público
a enfrentar os desafios que são impostos diariamente a sua fase, sem necessidade de adicionar uma
ou mais gestações em menos de duas décadas de vida.
Diante desta perspectiva Beretta, M. I. R., et al., 2011, salienta que a ocorrência de adolescentes
gestantes, é considerado um problema de saúde mundialmente, devendo ser prioridade na atenção,
a criação e implementação de políticas de saúde e educação voltado ao público juvenil, pois a
comunicação entre profissionais e adolescentes é essencial para a identificação de jovens com
potencial risco de incidência de gravidez.
Ainda confirma todas as afirmativas dos outros autores e propõe uma solução por uma excelente
perspectiva, disserta, ao contrário de se associar gravidez na adolescência, tanto a baixa formação
educacional quanto a baixo nível socioeconômico, seria mais rentável e vantajoso, investir em acesso
e estrutura para aumentar nível de escolaridade, propiciando oportunidades de crescimento
profissional, para que todos os indivíduos possuam o direito e possibilidade de escolher em qual
momento da vida desejam ter ou não filhos.

7.10 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO

A gravidez na adolescência deve ser vista e entendida por todas as suas óticas e perspectivas, de modo
que a adolescente se sinta acolhida e capaz de alcançar seus planos futuros pessoais e profissionais,
mesmo com uma gravidez precoce. A enfermagem sendo uma profissão que enxerga o holístico deve
contemplar ações de cunho social que envolva estas jovens no cotidiano da Unidade de Saúde, além
do dever ético, gerenciar e desenvolver politicas de educação específicas, sexual e reprodutiva, para a
população juvenil, seja na Estratégia de Saúde da Família, nas escolas ou ambientes coletivos. (NERY,
I. S. et al., 2011)
Os adolescentes se mostram como um público que necessita de um olhar e atendimento específico e
para isso é necessário a implementação de outros programas além do planejamento familiar, que
possam permitir o acesso integral dos adolescentes aos serviços de saúde, possam facilitar a busca por
orientações que diz respeito a métodos contraceptivos, educação sexual e saúde reprodutiva e sanar
suas duvidas de forma clara, objetiva e dinâmica. (BERETTA, M. I. R. et al., 2011)

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

Nesse sentido, o profissional enfermeiro deve promover Educação em Saúde para o público
adolescente, uma educação entre pares que seja diferenciada, mas efetiva, considerando as
vulnerabilidades e riscos socioeconômicos e culturais que estes jovens estão expostos. O processo
educativo na promoção da saúde do adolescente deve seguir processos de educação cientifica
evidenciada, para que as ações de educação instiguem o adolescente a participar do processo de
tomada de decisão baseada em evidencia, ou seja, aconselhada pela saúde, tanto no contexto da sua
vida individual quanto coletiva. (GURGEL, M. G. I. et al., 2010)
As ações de Educação em Saúde para este público devem ser criativas, provocadoras de reflexão,
motivadoras e inovadoras, devem ser capazes de encorajar o adolescente a participar do processo
educativo. Nessa perspectiva o profissional enfermeiro é responsável por desempenhar papel de
supervisor e promotor das ações interdisciplinares na equipe, seja com oficinas de educação sexual
que integrem família, escola, e comunidade, ou oficinas de saúde reprodutivas, instigando no
adolescente a vontade de aprender cada vez mais sobre o exercício de uma sexualidade mais
responsável, consciente e segura. (GURGEL, M. G. I. et al., 2010)
Segundo Beretta, M. I. R., et al., 2011, o público juvenil como já apresentado em diversos estudos
demonstram dificuldades e/ou resistência quanto ao uso dos métodos anticoncepcionais, dessa forma
é fundamental que os profissionais da saúde e da educação se unam para desenvolver espaços
acolhedores para os adolescentes, de modo que neste local a equipe de saúde e da educação possam
se fazer presentes frequentemente para discussões a cerca de: sexo seguro, maternidade, paternidade,
autocuidado, relacionamentos afetivos, projetos de vida e questões de gênero, além de impulsionar
os jovens a verbalizar suas dúvidas.
O estudo ainda sugere que se considerem alguns pontos importantes para inclusão das jovens e
direcionamento das discussões, como: onde receber o método, não adesão do parceiro ao uso do
preservativo e efeitos colaterais relacionados ao uso da pílula. Além disso, ela sugere como solução, a
inserção das adolescentes nos serviços de planejamento familiar, pois o programa lhes garante o
devido acompanhamento da gestação e apoio para superação de dificuldades durante adaptação aos
métodos contraceptivos. (BERETTA, M. I. R. et al., 2011)
Os profissionais de saúde possuem a responsabilidade de informar os adolescentes sobre o que é
saúde reprodutiva e quais são os métodos contraceptivos, antes mesmo que estes tenham tido sua
primeira relação sexual. Essa consulta e recomendações pontuais podem ser feita por atendimentos
individuais ou em atividades desenvolvidas intramuros das escolas. Os profissionais de saúde,
especialmente os enfermeiros, tem a oportunidade de realizar a divulgação de informações a respeito

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280
O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

dos métodos contraceptivos através de uma abordagem eficiente, porque é capaz de estabelecer
vinculo com os adolescentes/clientes. No entanto para isso, se expressa a necessidade da elaboração
de programas de assistência para adolescentes dentro das UBS. (DEPRÁ, A. S. et al., 2011)
A educação sobre sexualidade não é privativa do enfermeiro, é um conteúdo de caráter
multiprofissional, dessa forma ao se deparar com outras profissões que não o dominam, o enfermeiro
precisa contribuir para o aprendizado e esclarecimento de mitos e preconceitos para que quando o
conteúdo chegar aos adolescentes chegue sem barreiras e possa cooperar para diminuição e
prevenção da gestação na adolescência. (DEPRÁ, A. S. et al., 2011)
Atualmente a Educação em Saúde, é um dos pilares da que compõem da promoção humana. Essa nova
perspectiva, associada à da promoção da saúde, torna-se mais ampla, quando se consideram a
capacitação e a qualificação de pessoas, tendo como resposta a ampliação do conhecimento, o
desenvolvimento de habilidades e a formação de uma consciência crítica.
O enfermeiro é um profissional que tem um papel fundamental junto aos adolescentes no
desenvolvimento de práticas educativas individuais e coletivas, garantindo o exercício de seus direitos
humanos, o desenvolvimento de sua sexualidade de forma plena e responsável, permitindo a equidade
e o respeito entre os gêneros. Diante dos resultados das oficinas, é realmente fundamental que as
práticas educativas tenham um caráter participativo permitindo a troca de informações e experiências
baseadas na realidade e vivência dos adolescentes, valorizando seus hábitos e sua cultura da
comunidade, na qual estão inseridos.
Cabe aos profissionais de saúde, no caso especialmente ao profissional de enfermagem, promover
uma prática de saúde na comunidade (praticando educação para a saúde na visita domiciliar, em
escolas, associações) e nas instituições, colaborando na mudança de hábitos prejudiciais à saúde,
estimulando o autocuidado.
Expõe-se nesse cenário a importância da implantação efetiva de políticas públicas que permitem que
o enfermeiro e adolescente sejam protagonistas, cada um em seu contexto, para reduzir o índice de
uma gravidez na adolescência que não foi planejada e que pode acarretar diversos desdobramentos,
que já foram explanados durante o decorrer do estudo.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A adolescência é a fase de transformações biopsicossociais de um indivíduo e uma gravidez neste


estágio aparece como um fator de vulnerabilidade e problema de saúde pública, constituindo um
desafio trabalhar com essa temática dentro das unidades básicas e instituições escolares.

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O Papel Do Enfermeiro Na Saúde Reprodutiva E Gravidez Na Adolescência

Foi possível identificar que todos os objetivos foram alcançados, evidenciando que a gravidez na
adolescência necessita de programas de saúde pública e projetos educacionais, pois ela favorece uma
vida familiar com desafios, contribui com a inferioridade do gênero feminino, não adesão de
contraceptivos, traz diversas consequências como: limitação no desenvolvimento pessoal, social e
profissional da nova gestante, mas que também pode ser considerada como algo positivo e desejado,
mesmo não sendo planejada.
O processo de atuação do profissional enfermeiro e os processos de inclusão e educação dos
adolescentes no campo da saúde são compatíveis com o Planejamento Familiar, lei nº 9.263/1996, e o
Programa Nacional Saúde nas Escolas (PSE), decreto 6.286/2007, que propõe a união do campo
educativo e da saúde.
Onde no planejamento familiar, o atendimento pode ser na unidade, com consultas pontuais com os
adolescentes, abrangendo inclusive a assistência ao pré-natal, ou pelo PSE, que perpetua essa prática
de ensino entre pares no ambiente escolar, que foi proposto nos artigos como solução de política, mas
não foi nomeado, ficando a cargo desta pesquisa, corresponder as propostas de políticas nomeando o
PSE estratégia chave para reduzir incidência de gravidez na adolescência, além de mostrar que quando
família e profissionais da educação são inseridos nas políticas publicas de saúde, permite-se que haja
uma discussão não somente retratando a saúde reprodutiva, mas também, sentimentos de
afetividade, amor e relacionamentos saudável, sentimentos esses que são essência do ser humano.
Espera-se que este estudo possa contribuir para formação de um corpo de conhecimento próprio da
enfermagem, que possa vir a subsidiar a tomada de decisão do enfermeiro no que tange a promoção
de saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes. Neste sentido, novos estudos que discutam
estratégias de enfrentamento do problema devem ser empreendidos.

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