Você está na página 1de 26

DO PROCESSO DE EXECUÇÃO.

Disposições Gerais
Atos atentatórios a dignidade da justiça (art. 774) - Trata-se aqui do rol de atos
cometidos pelo executado que serão repudiados pelo juiz e passíveis de penalidades. Quando o
executado cometer atos com o intuito de resistir a execução ou deixar de fazer o que lhe é
determinado, estará cometendo ato atentatório à dignidade da justiça, sendo penalizado de forma
pecuniária. Tal penalidade tem cunho coercitivo, que visa coagir o executado para que não cometa
atos que dificultem a execução.
O executado que incorre em uma das condutas tipificadas nos incisos estará sujeito à multa
do parágrafo único. Todavia, as referidas condutas não afastam a aplicação do art. 80, por
litigância de má-fé do executado.
O art. 774 do CPC, seguindo a tendência do art. 80 do mesmo Código, cita um rol de
condutas (exaustivo, pois é restritivo de direitos) do executado, que são consideradas atentatórias
à dignidade da justiça (fraude à execução, opor maliciosamente à execução, empregando ardis e
meios artificiosos, resistir injustificadamente às ordens judiciais, não indicar ao juiz onde se
encontram os bens sujeitos à execução).

Direito de desistência e responsabilidade do exequente (arts. 775 e 776) - Princípio da


disponibilidade: De acordo com tal princípio o exequente tem o direito de desistir de toda a ação ou
parte dela, em favor de um ou mais executados, visto que a ação só existe para satisfação do seu
crédito perante o executado.
É entendimento dos nossos Tribunais que se a desistência ocorrer antes de oferecidos os
embargos ou impugnação, ou mesmo versar sobre matéria processual, desnecessária a anuência
do executado. Todavia, se ocorrer depois e versar sobre matéria não processual, ou seja, de
mérito, será necessária a prévia concordância do executado para que ocorra a extinção. E, caso
esse se oponha, deverá justificar a sua oposição, sendo acatada se fundamento existir.
Partes (arts. 778 e 779) - Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a
lei confere título executivo.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente
originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for
transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre
vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2º A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do executado.
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título
executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.
Cumulação (art. 780) - Há permissão do art. 780 do CPC ao mencionar que é lícito ao
exequente, sendo o mesmo executado, cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos
diferentes, de que para todas elas seja competente o juiz, e idêntico o procedimento. A regra, em
si, guarda semelhança com o art. 327 do CPC, lembrando, portanto, que os requisitos para que
seja possível tal cúmulo são o “mesmo credor”, o “mesmo devedor”, que o juízo não seja
absolutamente incompetente para conhecer de algum deles, que exista compatibilidade
procedimental (mesma espécie de execução).
Competência (art. 781) - A competência na execução variará conforme se trata de
execução fundada em título judicial ou extrajudicial. Nesse caso, a execução é feita mediante
processo autônomo, e aplica-se a regra do art. 781 do CPC.
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente,
observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do
título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no
lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de
qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o
fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.
Cumprimento de atos executivos pelo oficial de justiça (§§1º e 2º do art. 782) - Art. 782.
Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial de justiça os
cumprirá.
§ 1º O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz também nas
comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana.
§ 2º Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o juiz a
requisitará.
Inclusão no cadastro de inadimplentes a pedido da parte (§§3º e 4º do art. 782) - § 3º A
requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de
inadimplentes.
§ 4º A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a
execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
§ 5º O disposto nos §§ 3º e 4º aplica-se à execução definitiva de título judicial.
Os casos de extinção do protesto do título extrajudicial aplicam-se a execução
definitiva de título judicial (§5º do art. 782) - § 5º O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução
definitiva de título judicial.
Requisitos para realizar qualquer execução e responsabilidade patrimonial (arts. 783
e 789) - Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação
certa, líquida e exigível.
Os requisitos da “liquidez, certeza e exigibilidade” são atinentes ao direito exequendo
representado no título. Entretanto, há uma observação interessante a se fazer: a liquidez, a certeza
e a exigibilidade são aspectos substanciais exigidos nos arts. 783 e 784 do CPC apenas como
fatores condicionantes e viabilizadores da tutela jurisdicional executiva. Sem certeza, sem
exigibilidade e sem liquidez não será possível realizar os atos de execução forçada, pois não se
saberá a espécie da execução a ser empregada, a favor de quem e contra quem deve ela
acontecer; não se saberá se já é o momento de se executar; ou ainda qual o quantum da
execução.
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Os bens presentes e futuros que se submetem à responsabilidade patrimonial têm como
marco temporal (presentes e futuros) a obrigação assumida pelo devedor, pois é desde esse
momento que existe a responsabilidade patrimonial. A partir do inadimplemento que se concretiza
a norma secundária da obrigação assumida e não prestada (norma primária), enfim, configura-se
para o credor o direito potestativo à exproriação de bens do devedor/responsável.

DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO – DISPOSIÇÕES GERAIS.


Direito de preferência pela penhora (art. 797) - Art. 797. Ressalvado o caso de
insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no interesse
do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente
conservará o seu título de preferência.
O Novo Código de Processo Civil adotou para a execução singular, o princípio do prior
tempore, potior jure, segundo o qual o credor que faz a penhora em primeiro lugar adquire o direito
de preferência sobre a excussão do bem penhorado. Tal princípio tem aplicação restrita à
execução contra devedor solvente, porquanto na hipótese de insolvência do devedor, observa-se o
princípio da par conditio creditorum que, a contrario sensu, visa estabelecer a igualdade entre os
credores.
Havendo pluralidade de penhoras sobre o mesmo bem, devem ser analisadas duas
situações: em primeiro lugar, a existência de crédito privilegiado, conforme os critérios
estabelecidos pela lei; e, em segundo, a anterioridade da penhora. Assim, havendo privilégios ou
direitos reais sobre o crédito (CC, art. 958), estes preferem a constrição. Não os havendo, para
efeitos de preferência, interessa averiguar a primeira constrição, não importando quem primeiro
ajuizou a execução.
A petição inicial deve conter (art. 798): Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao
exequente:
I - instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de
execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe
assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão
mediante a contraprestação do exequente;
II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:
I - o índice de correção monetária adotado;
II - a taxa de juros aplicada;
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros
utilizados;
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.
Neste artigo, o Novo Código de Processo Civil versa exclusivamente a respeito do aspecto
procedimental, traçando verdadeiro roteiro para a petição inicial de execução. O inc. I impõe ao
exequente instruir a petição inicial com os seguintes documentos: (a) o título executivo extrajudicial;
(b) o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, tratando-se de
execução por quantia certa; (c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, quando
for o caso; (d) se for o caso, a prova de que o exequente adimpliu a contraprestação que lhe cabe.
O demonstrativo de débito atualizado, citado na alínea b do inc. I, nos termos do parágrafo
único, deve conter: (a) o índice de correção monetária adotado; (b) a taxa de juros aplicada; (c) os
termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros utilizados; (d)
a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; (e) a especificação de desconto
obrigatório realizado. Trata-se de norma análoga àquela prevista no art. 524, aplicável ao
cumprimento de sentença. Tanto lá quanto cá, os cálculos do valor a ser executado devem trazer
todas essas informações.
O inc. II impõe ao exequente indicar na sua petição inicial (a) a espécie de execução que
prefere, quando por mais de um modo puder ser realizada; (b) os nomes completos do exequente e
do executado e seus números de inscrição no cadastro de pessoas físicas ou no cadastro nacional
de pessoas jurídicas; e (c) eventuais bens suscetíveis de penhora. Das três “indicações” citadas no
texto da lei, apenas a primeira é obrigatória. Se o exequente não possuir os nomes completos do
executado e seus números de inscrição no CPF ou CNPJ, poderá requerer ao juiz diligências para
obtê-los. Por sua vez, não conhecendo o exequente bens do executado passíveis de penhora,
caberá ao Estado-juiz buscá-los no processo executivo.
Pedido de insolvência civil – Geralmente, o ajuizamento da ação de insolvência acontece
precedente de uma execução judicial frustrada pela ausência dos bens [o que por si é um sintoma
da inaptidão econômica para o pagamento dos credores]. Porém, o autor da execução individual
frustrada só pode ingressar com ação visando à declaração de insolvência do devedor – para
instaurar o concurso universal -, se antes desistir da execução singular (CPC, art. 775, caput), pois
há impossibilidade de utilização simultânea de duas vias judiciais para obtenção de um único bem
da vida, sendo certo que a desistência, como causa de extinção da relação processual anterior,
necessita ser homologada pelo Juízo (STJ, Resp 1.104.470/DF, DJe 21.05.2013; TJMG, Apel.
Cível n. 1.0701.13.005260-1/001, DJ 22.05.2015).
O concurso coletivo abrange procedimento que se desdobra em duas fases: a primeira, de
natureza cognitiva que, encerrando-se com a sentença que reconhece a insolvência do executado,
rende ensejo à instauração da segunda, esta sim de índole executiva, na qual se dará a
expropriação sobre todos os bens do executado em prol do conjunto de credores.
Assim, enquanto não houver a prolatação da sentença de insolvência, não há propriamente
execução contra devedor insolvente, mas um processo de cognição que visa à aferição da real
situação patrimonial do obrigado, razão pela qual não se evidencia obstáculo a que qualquer credor
quirografário (quirografários = que não tem garantia; pignoratício = que tem garantia) escolha o
procedimento expropriatório que lhe for mais conveniente, ainda que pendentes execuções
individuais.
A declaração de insolvência tem eficácia erga omnes e instaura-se o concurso universal, no
qual o Juízo procede à análise da situação dos diversos credores, fixa-lhes as posições no
concurso e determina a organização do quadro geral de credores (art. 769 do CPC/73),
expropriando os bens do executado e satisfazendo os credores nos limites da força da massa
arrecadada.
Nessa fase, portanto, o Juízo universal, propondo-se à liquidação de todo o patrimônio do
executado, unifica a cognição relativamente às questões patrimoniais e torna real e efetiva a
aplicação do princípio da igualdade entre os credores (par conditio creditorum), razão pela qual
exerce efeito atrativo imediato em relação às ações executórias singulares em curso (art. 762, § 2º,
do CPC), cujos efeitos são então obstados.

Obrigação de requerer intimação das pessoas descritas no art. 799 - Art. 799. Incumbe ainda
ao exequente:
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a
penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre
bem gravado por usufruto, uso ou habitação;
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação
ao qual haja promessa de compra e venda registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo
derivado de promessa de compra e venda registrada;
V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito de
superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real
de uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de superfície,
enfiteuse ou concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de direito de superfície, enfiteuse,
concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a
penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de
sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7o;
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de
constrição realizados, para conhecimento de terceiros.
X - requerer a intimação do titular da construção-base, bem como, se for o caso, do titular de lajes
anteriores, quando a penhora recair sobre o direito real de laje;
XI - requerer a intimação do titular das lajes, quando a penhora recair sobre a construção-base.
A intenção do preceito é que o credor/titular tome ciência de que a execução promovida por
outro credor incide sobre o bem que lhe foi dado em garantia, para que, então, possa exercer o seu
direito de preferência.
Ao indicar o bem sujeito a penhora, caso exista gravame, averbação ou qualquer tipo de
registro sobre o bem indicado (penhor, hipoteca, enfiteuse, promessa de compra e venda etc.),
deverá requerer que seja intimado o respectivo terceiro que seja titular em favor de quem o
gravame ou averbação ou registro sobre o bem existe.

Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para
exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi
determinado em lei ou em contrato.
§ 1º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado.
§ 2º A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor exercê-la.
A obrigação alternativa tem como conteúdo duas ou mais prestações, das quais uma
somente será escolhida para pagamento ao credor e liberação do devedor. Tal modalidade de
obrigação exaure-se com a simples prestação de um dos objetos que a compõem. Por convenção
das partes, somente uma delas há de ser cumprida, mediante escolha do devedor ou do credor.
As obrigações alternativas oferecem maiores perspectivas de cumprimento, pelo devedor,
pois lhe permitem selecionar, dentre as diversas prestações, a que lhe for menos onerosa,
diminuindo, por outro lado, os riscos a que os contratantes se achem expostos. Neste sentido:
“Tratando-se de obrigação alternativa, o devedor deve ser citado para que exercite o seu direito de
escolha nos termos do art. 571 do Código de Processo Civil”. (TJRS, AI 70057375826, j.
30.01.2014).
A escolha ficará a cargo do credor quando o devedor não o fizer no prazo estipulado.

Art. 801. Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada dos
documentos indispensáveis à propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a
corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento.
Quando o juiz verificar que há nulidade sanável na petição inicial da execução, deverá
conceder à parte prazo para emendá-la. Contudo, a concessão de prazo para a emenda é um
direito subjetivo processual da parte, não um critério discricionário do juiz.
Portanto, o indeferimento da inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento
indispensável à propositura da execução ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível
se, após intimada para suprir a irregularidade em 15 dias, o exequente não o fizer.

Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que realizada em observância ao
disposto no § 2º do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente.
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da ação.
Corroborando o previsto no § 2º do art. 240 o dispositivo prevê igualmente que é o
despacho que ordena a citação que interrompe a prescrição. Além do que, a interrupção deverá
retroagir à data da propositura da ação.

Execução nula - Art. 803. É nula a execução se:


I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento da parte, independentemente de embargos à execução.
A obrigação a ser executada deve preencher os requisitos de liquidez, certeza e
exigibilidade, pois a ausência de qualquer deles gera a nulidade da execução. A obrigação
somente será líquida quando o título não deixar dúvida acerca do seu objeto, ou seja, o título deve
conter o valor exato da obrigação a ser cumprida. A certeza é a própria existência da obrigação
estampada no título. A exigibilidade confere ao exequente o poder de exigir do executado que
cumpra coercitivamente sua obrigação.
A ausência de citação válida do executado também é causa que gera a nulidade da
execução.
É nula a execução quando instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrido o
termo.

Ineficácia da alienação de bem gravado (art. 804) - Art. 804. A alienação de bem gravado por
penhor, hipoteca ou anticrese será ineficaz em relação ao credor pignoratício, hipotecário ou
anticrético não intimado.
§ 1º A alienação de bem objeto de promessa de compra e venda ou de cessão registrada será
ineficaz em relação ao promitente comprador ou ao cessionário não intimado.
§ 2º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído direito de superfície, seja do solo, da
plantação ou da construção, será ineficaz em relação ao concedente ou ao concessionário não
intimado.
§ 3º A alienação de direito aquisitivo de bem objeto de promessa de venda, de promessa de
cessão ou de alienação fiduciária será ineficaz em relação ao promitente vendedor, ao promitente
cedente ou ao proprietário fiduciário não intimado.
§ 4º A alienação de imóvel sobre o qual tenha sido instituída enfiteuse, concessão de uso especial
para fins de moradia ou concessão de direito real de uso será ineficaz em relação ao enfiteuta ou
ao concessionário não intimado.
§ 5º A alienação de direitos do enfiteuta, do concessionário de direito real de uso ou do
concessionário de uso especial para fins de moradia será ineficaz em relação ao proprietário do
respectivo imóvel não intimado.
§ 6º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído usufruto, uso ou habitação será ineficaz
em relação ao titular desses direitos reais não intimado.
O dispositivo assegura a prévia ciência do credor de direito real da penhora do bem dado
em garantia em execução alheia, sob pena de, relativamente a ele, a alienação do bem ser
considerada ineficaz.

Execução pelo meio menos gravoso (art. 805) - Art. 805. Quando por vários meios o exequente
puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o
executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar
outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já
determinados.
O dispositivo consagra o princípio do meio menos oneroso para o executado. Somente
quando a execução puder ser realizada por mais de uma modalidade, com a mesma efetividade
para o exequente, se preferirá o meio menos oneroso para o executado. Cabe ao magistrado
analisar se a execução está sendo processada pelo modo menos gravoso para o executado.

EXECUÇÃO PARA ENTREGAR COISA CERTA (art. 806 ao 810).


Art. 806. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo
extrajudicial, será citado para, em 15 (quinze) dias, satisfazer a obrigação.
§ 1º Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de atraso no cumprimento da
obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo.
§ 2º Do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e apreensão,
conforme se tratar de bem imóvel ou móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado
não satisfizer a obrigação no prazo que lhe foi designado.
A coisa certa é a coisa especificada, determinada, caracterizada e individuada entre todas
as demais de sua espécie. A obrigação de dar é positiva, é a conduta humana que tem por objeto
uma coisa. Por sua vez, a obrigação de dar coisa certa traduz o vínculo jurídico em que o devedor
se compromete a entregar ao credor determinado bem móvel ou imóvel, perfeitamente
individualizado. Nesta ação para entrega de coisa certa, o magistrado determina a citação do
executado para cumprir a obrigação especificada no título executivo.
De modo a coagir o executado a cumprir a obrigação, o juiz poderá fixar multa por dia de
atraso. Diante do silêncio da norma, é de se admitir a possibilidade de fixação de ofício, em
patamar que desestimule o executado a resistir, motivo pelo que se permite a sua revisão caso
verificado ser insuficiente ou excessivo o valor inicialmente estipulado.
Não cumprida a obrigação, autoriza o código a utilização de técnica sub-rogatória, que
deverá vir expressa já no mandado de citação, coincidente com a imissão na posse, caso se trate
coisa imóvel, ou de expedição de busca e apreensão, se de coisa móvel. Para que o oficial de
justiça pratique tais atos executivos, basta que o executado não efetue, no prazo legal (15 dias), a
satisfação da obrigação, com a respectiva entrega da coisa em juízo. Encontrado o bem e estando
em perfeito estado, fica satisfeita a obrigação.

Art. 807. Se o executado entregar a coisa, será lavrado o termo respectivo e considerada satisfeita
a obrigação, prosseguindo-se a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de
prejuízos, se houver.
Havendo a entrega da coisa, deverá ser lavrado o termo respectivo, reconhecendo-se por
satisfeita a obrigação. Todavia, a continuidade da execução dependerá da existência de frutos a
serem pagos ou do ressarcimento de eventuais prejuízos.

Art. 808. Alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido mandado contra o terceiro adquirente,
que somente será ouvido após depositá-la.
O exequente ao tomar conhecimento de que o executado vendeu o bem objeto da
obrigação, deverá apontar o terceiro adquirente desse bem, pois possivelmente, fraudulenta a
alienação da coisa já litigiosa. Será expedido mandado de busca e apreensão no caso de bem
móvel, ou de imissão de posse para bem imóvel. Depositando a coisa terá direito o terceiro de
oferecer embargos de terceiro.

Art. 809. O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando
essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou não for reclamada do poder de
terceiro adquirente.
A tutela específica da obrigação de entrega consiste na perfeita correspondência entre esta
providência e o bem descrito no título executivo. Restando impossibilitada, contudo, a prestação da
tutela específica, resta ao exequente reclamar do executado o valor equivalente da coisa, mais as
perdas e danos.
Ressalte-se que, quando o litígio for resolvido em perdas e danos, a obrigação não gera
direito real (sobre a coisa), mas apenas direito pessoal (sobre a conduta). Entretanto, as hipóteses
do preceito estão relacionadas com a culpa do executado, pois somente terá a obrigação de
ressarcimento do equivalente em dinheiro, mais as perdas e danos, se a coisa se perdeu por culpa
sua.
Quando o valor da coisa não constar no título executivo, deverá ter seu valor apurado em
liquidação de sentença, juntamente com os valores dos prejuízos sofridos (§§ 2º e 3º). Sendo, pois,
impossível essa avaliação, admite-se que o valor se dê por estimativa do exequente, sujeito,
contudo, ao controle judicial.

Art. 810. Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo executado ou por terceiros de cujo
poder ela houver sido tirada, a liquidação prévia é obrigatória.
Parágrafo único. Havendo saldo:
I - em favor do executado ou de terceiros, o exequente o depositará ao requerer a entrega da
coisa;
II - em favor do exequente, esse poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo.
Quando o executado ou o terceiro tiverem realizado benfeitorias na coisa, cujo poder ela foi
retirada, duas possibilidades podem ocorrer: se houver saldo em favor do executado ou do terceiro,
o exequente o depositará ao requerer a entrega da coisa. Se o saldo for favorável ao exequente,
este poderá cobrá-lo no mesmo processo.
Assim, depois de satisfeita a obrigação para entrega de coisa, haverá então o
prosseguimento do processo para execução de quantia, na forma de cumprimento de sentença
(art. 523), tendo em vista que se trata de título judicial.

EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA INCERTA.


Art. 811. Quando a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o
executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha.
Parágrafo único. Se a escolha couber ao exequente, esse deverá indicá-la na petição inicial.
A execução de entrega de coisa incerta é identificada pelo gênero e quantidade. Ainda que
a obrigação tenha um objeto indeterminado, a coisa poderá ao menos ser indica pelo gênero e
quantidade. A incerteza gira em torno da sua qualidade.
Embora, a prestação esteja indicada genericamente no começo da relação obrigacional, ela
será determinada no ato de escolha, no instante do pagamento. O momento da escolha da coisa é
chamado de concentração, que se constitui por ato unilateral. Em regra, a escolha caberá ao
executado, porém o contrato pode estipular o direito de escolha ao exequente.

Art. 812. Qualquer das partes poderá, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar a escolha feita pela
outra, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação.
A escolha é o momento que vai determinar a qualidade da coisa incerta. Uma vez
cientificada a parte da escolha, acaba a incerteza e a coisa torna-se certa. Desta certeza, gera o
direito de qualquer das partes discordar da escolha feita pela outra, podendo impugnar nos autos.
Nesse caso, o juiz decidirá de imediato, salvo se houver necessidade de produção de provas,
designando, assim, perito para dar parecer a respeito.

Art. 813. Aplicar-se-ão à execução para entrega de coisa incerta, no que couber, as disposições
da Seção I deste Capítulo.
As regras da execução de entrega de coisa certa serão aplicadas subsidiariamente à
entrega de coisa incerta.

EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER.


Disposições comuns - Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em
título extrajudicial, ao despachar a inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no cumprimento
da obrigação e a data a partir da qual será devida.
Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título e for excessivo, o juiz poderá reduzi-
lo.
Na tutela executiva das obrigações de fazer ou de não fazer, o juiz ao despachar a inicial, já
fixa a multa pelo descumprimento de tais obrigações, de modo a compelir o executado à prestação
da obrigação. A fixação da multa serve como medida de apoio para proporcionar maior eficácia ao
cumprimento da prestação.
O CPC não determinada expressamente o momento que essa multa passa a ser exequível.
Parte da doutrina e jurisprudência entende que a multa só poderá ser cobrada após o trânsito em
julgado da decisão. Todavia, há entendimentos que é possível a execução imediata da multa.

Execução de obrigação de fazer - Art. 815. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer,
o executado será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe designar, se outro não estiver
determinado no título executivo.
A obrigação de fazer implica na obrigação do executado de praticar determinado ato. A
obrigação de fazer pode ser fungível ou infungível. Fungível quando o importante é o resultado do
fazer, pouco importando quem praticou o ato. Na infungível, por sua vez, não é possível dissociar o
devedor do ato de fazer, sua personalidade é essencial nesta relação obrigacional. Inexistindo
prazo no título executivo, ou quando este não é oriundo de lei ou convenção das partes, caberá ao
magistrado fixá-lo antes da citação do executado.
“O provimento judicial que simplesmente ordena a citação do devedor em execução de
obrigação de fazer não contém carga decisória sendo, portanto, irrecorrível via do agravo de
instrumento”. (STJ, REsp 141592 / GO, j. 04.10.2001).

Art. 816. Se o executado não satisfizer a obrigação no prazo designado, é lícito ao exequente, nos
próprios autos do processo, requerer a satisfação da obrigação à custa do executado ou perdas e
danos, hipótese em que se converterá em indenização.
Não cumprida a obrigação pelo executado, poderá o exequente requerer seja a obrigação
satisfeita à custa daquele. Estamos diante de típica obrigação de fazer fungível, que poderá ser
praticada por terceiro à custa do executado.
Todavia, se a obrigação a ser prestada por terceiro se tornar excessivamente onerosa ao
executado ou se impossível a obtenção do resultado prático equivalente, poderá optar o exequente
pelo recebimento de perdas e danos, segunda alternativa trazida pelo preceito, sendo a obrigação
convertida em indenização. Concluída a liquidação, o processo seguirá sob a forma execução por
quantia certa.

Art. 817. Se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é lícito ao juiz autorizar, a requerimento
do exequente, que aquele a satisfaça à custa do executado.
Parágrafo único. O exequente adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas as partes,
o juiz houver aprovado.
Caso o exequente opte pela pratica do ato por terceiro, poderá o juiz impor que o executado
arque com os gastos sobrevindos da realização da obrigação de fazer, e não o terceiro que
realizará a obra.
Recurso cabível: Da decisão que autorizar a consecução da obrigação por terceiro caberá
Agravo de Instrumento na forma do artigo 1015, parágrafo único.
O exequente adiantará os valores previstos na proposta aprovada pelo magistrado.

Art. 818. Realizada a prestação, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias e, não havendo
impugnação, considerará satisfeita a obrigação.
Parágrafo único. Caso haja impugnação, o juiz a decidirá.
Uma vez finalizada a execução da obrigação, em respeito ao contraditório, é facultado a
ambas as partes apresentarem impugnação. A impugnação poderá versar sobre qualquer matéria
que diga respeito à não aceitação da obra realizada por terceiro. Nesse aspecto, todo o meio de
prova será garantido para que o juiz proceda o julgamento.

Art. 819. Se o terceiro contratado não realizar a prestação no prazo ou se o fizer de modo
incompleto ou defeituoso, poderá o exequente requerer ao juiz, no prazo de 15 (quinze) dias, que o
autorize a concluí-la ou a repará-la à custa do contratante.
Quando o contratante (terceiro que restou obrigado a executar a obra) não presta o fato no
prazo determinado, ou, ainda que no prazo, o executa de modo defeituoso ou incompleto, é
facultado ao exequente requerer ao juiz, que o autorize a concluir a obrigação, ou a repará-la, por
conta do contratante.
De qualquer forma, o contratante terá o direito de se manifestar antes do juiz determinar a
reparação ou conclusão da obra. Ressalte-se que, a onerosidade pela sua reparação ou conclusão
extemporânea, recairá sobre o contratante que descumpriu com o encargo no prazo concedido.

Art. 820. Se o exequente quiser executar ou mandar executar, sob sua direção e vigilância, as
obras e os trabalhos necessários à realização da prestação, terá preferência, em igualdade de
condições de oferta, em relação ao terceiro.
Parágrafo único. O direito de preferência deverá ser exercido no prazo de 5 (cinco) dias, após
aprovada a proposta do terceiro.
O exequente terá direito de preferência caso tenha interesse em cumprir ele próprio a
obrigação de fazer, ou indicar prepostos para a execução da obra sob sua supervisão. Quando o
credor exerce o direito de preferência, assumindo a execução da obra e dos trabalhos, ocorre
confusão entre exequente da prestação in natura e o executado. Convertendo a obrigação de fazer
do executado em obrigação de pagar a quantia correspondente ao custo da obra.
Apresentada a proposta pelo terceiro, será concedido às partes prazo para apresentarem
suas propostas, caso tenham interesse, caso em que o juiz escolherá a mais vantajosa.

Art. 821. Na obrigação de fazer, quando se convencionar que o executado a satisfaça


pessoalmente, o exequente poderá requerer ao juiz que lhe assine prazo para cumpri-la.
Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do executado, sua obrigação pessoal será convertida
em perdas e danos, caso em que se observará o procedimento de execução por quantia certa.
Estamos diante da obrigação de fazer infungível, aquela que somente será prestada pelo
próprio executado, de modo que circunstâncias particulares tornam impossível, jurídica ou até
materialmente, a prestação por outra pessoa que não o obrigado.
Não cumprida a obrigação pelo executado haverá a conversão para perdas e danos (art.
402 a 405 do CC), a qual observará o procedimento de execução por quantia certa.

Execução da obrigação de não fazer - Art. 822. Se o executado praticou ato a cuja abstenção
estava obrigado por lei ou por contrato, o exequente requererá ao juiz que assine prazo ao
executado para desfazê-lo.
A obrigação de não fazer é uma obrigação negativa. Nela, as partes definem que o
executado não pode praticar determinada ação que normalmente poderia praticar, se não tivesse
se obrigado a não praticar. Uma vez praticado o ato, cuja abstenção se obrigou o executado,
poderá o exequente requerer judicialmente que o ato seja desfeito pelo executado. Caso o título
seja omisso deve o magistrado fixar o prazo.

Art. 823. Havendo recusa ou mora do executado, o exequente requererá ao juiz que mande
desfazer o ato à custa daquele, que responderá por perdas e danos.
Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e
danos, caso em que, após a liquidação, se observará o procedimento de execução por quantia
certa.
Não sendo cumprida a determinação para desfazer o ato, responderá o executado por
perdas e danos, bem como arcará com as custas do desfazimento do ato.
Uma vez convertida a execução em perdas e danos, proceder-se-á a liquidação sob o rito
da execução por quantia certa.

Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado,
ressalvadas as execuções especiais.
A principal finalidade da execução por quantia certa é expropriar bens do executado para a
satisfação do direito do exequente. Todavia, o dispositivo ressalta a possibilidade de outras
espécies de execução, que podem não levar, necessariamente, a expropriação de bens do
executado.
Art. 825. A expropriação consiste em:
I - adjudicação;
II - alienação;
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens.
A expropriação, em resumo, é onde os bens do executado, compulsoriamente, serão
transferidos para terceiro ou para o próprio exequente para quitação da execução. Essa
transferência pode ser de determinado patrimônio do executado para o exequente ou por meio da
transformação deste patrimônio em dinheiro, para depois pagar o exequente.
O novo CPC prevê três formas de expropriação, previstas nos respectivos incisos. A ordem
trazida no dispositivo deve, na medida do possível, ser respeitada. Assim, preferencialmente far-se-
á a adjudicação; depois, a alienação e, por último, a apropriação de frutos e rendimentos de
empresa, estabelecimentos e outros bens do executado. Tal ordem, todavia, não é absoluta,
devendo ser avaliados os princípios da menor onerosidade e o da máxima utilidade da execução,
com vistas a uma execução equilibrada.
Adjudicação é o ato processual pelo qual o próprio exequente incorpora ao seu patrimônio o
bem penhorado que seria submetido à hasta pública. O exequente tem direito de adjudicar o bem
penhorado pelo preço da avaliação, bem como direito de preferência sobre o bem.
A adjudicação é tida como forma indireta de satisfação do exequente, pois tendo uma
decisão judicial que lhe reconhece o direito de haver do executado uma quantia líquida em
dinheiro, aceita substituir tal quantia ou parte dela pelo valor do bem adjudicado.
Todavia, há entendimento de que o exequente tem o direito de adjudicação mesmo se o
bem já tiver sido arrematado por outrem, desde que formule requerimento ao juiz antes da
assinatura do respectivo auto de arrematação. Vide art. 876 a 878 que tratam da adjudicação.
Caso não seja realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exequente poderá requerer
sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por leilão judicial.
É assegurado a menor onerosidade ao executado que terá os frutos e rendimentos do seu
negócio penhorados, em vez de incidir diretamente sobre o bem móvel ou imóvel.

Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir a
execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas
e honorários advocatícios.
A fim de evitar a adjudicação ou alienação de seu patrimônio, o executado pode remir a
execução, por meio do pagamento da totalidade do débito executado. Remição da execução
consiste, pois, no ato voluntário do executado em dar cumprimento integral à obrigação estampada
no título executivo antes da execução forçada.
Qualquer interessado na extinção da dívida está legitimado a fazê-la. Inteligência do artigo
304 do Código Civil.

Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da
citação.
§ 1º Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem
cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo
lavrando-se auto, com intimação do executado.
§ 2º A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados
pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será
menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
O executado é citado para pagar o débito no prazo de 3 dias, contados da citação. Na
hipótese de pluralidade de executados, esse prazo de 3 dias é contado individualmente para cada
um deles, a partir do recebimento da sua citação. Tal prazo, todavia, não se dobra, ainda que os
executados tenham diferentes procuradores.
Cumpre ressaltar que, os bens do executado não poderão ser penhorados antes de
decorrido o prazo de 3 dias para pagamento do débito. E ainda que a Fazenda Pública é citada
para opor embargos e não para pagar.
Vencido o prazo de 3 dias, o executado estará sujeito a ter seus bens penhorados em
quantidade suficiente para o pagamento da dívida. Assim, caso o executado não pague o débito, o
oficial de justiça fará a penhora e avaliação dos bens, observando a ordem preferencial do art. 835.
Será o executado intimado para tomar ciência do auto de penhora e avaliação.
Todavia, não há óbice para que o próprio exequente indique bens à penhora. Afinal, a
execução deve ser promovida pela parte interessada.
A indicação de bens à penhora pelo exequente é mera faculdade, de modo que o próprio
executado poderá nomear bens à penhora, observada a gradação prevista no art. 835.
Pode acontecer, do executado nomear bens de terceiro, que não seja parte na execução,
entretanto, o exequente não é obrigado aceitar.

Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos
bastem para garantir a execução.
§ 1º Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado
2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora
certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido.
§ 2º Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com
hora certa.
§ 3º Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em
penhora, independentemente de termo.
O arresto é ato que antecede a penhora propriamente dita, a qual somente se aperfeiçoará
quando o executado for citado (nem que seja por edital) e houver deixado escoar o prazo para
pagamento. Assim, esse arresto tem prazo curto de duração, pois o exequente não deixará de
requerer a expedição do edital. A partir do instante que determinado bem for arrestado, ficará
impedido de alienação pelo executado. Oportuno salientar que, não apenas os bens podem ser
arrestados, mas os créditos e frutos também.
Uma vez garantido o juízo, ou seja, o oficial de justiça ter efetivado o arresto de bens
suficientes, prosseguindo a diligência, o executado será citado para tomar ciência, momento em
que a penhora será aperfeiçoada.
Ocorre que, se houver suspeita de ocultação por parte do executado, o oficial de justiça fará
uso da citação por hora certa. Nesse caso, após duas tentativas de localização do executado, o
oficial citará um vizinho ou parente do executado, detalhando o ocorrido.
Restando infrutíferas a citação pessoal ou com hora certa, o exequente requererá a citação
por edital. O uso do edital, na prática, é restrito aos casos de absoluta impossibilidade de
diligências dos oficiais.

Do objeto da penhora - Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para
o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
A execução deverá ser garantida pela penhora de bens suficientes ao pagamento do
principal atualizado, acrescido das custas, dos juros de mora e dos honorários advocatícios.
Importante salientar que, de nada adianta penhorar um bem que não tenha valor econômico
suficiente para ser convertido em dinheiro. O que se deve levar em conta, é a garantia de que o
crédito em questão será satisfeito após a conversão do bem em pecúnia.

Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou
inalienáveis.
O CPC elenca as hipóteses de bens impenhoráveis no art. 833. Tem-se que, a
impenhorabilidade é meio de proteção a alguns bens jurídicos relevantes. Assim cabe ao
executado o ônus de prova da impenhorabilidade.
Cumpre salientar, que o rol do art. 833 do CPC não é exaustivo, havendo outras hipóteses
de impenhorabilidade, como por exemplo, a Lei 8.009/1990, no art. 1º instituiu a impenhorabilidade
do bem de família, consistente no imóvel residencial da entidade familiar.
Por sua vez, a inalienabilidade retira do próprio titular o direito de dispor do seu imóvel,
como acontece com o bem de família (art. 1.711 e seguintes do CC).

Art. 833. São impenhoráveis:


I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado,
salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um
médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis
necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em
educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-
mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação
imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive
àquela contraída para sua aquisição.
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento
de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias
excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto
no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os
implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual
produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados
em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista
ou previdenciária.
Ao executado é permitido gravar determinado bem com cláusula de impenhorabilidade, de
maneira a preservar sua dignidade em eventual cobrança de dívidas.
O parágrafo único do art. 1º da Lei 8.009/1990, elenca quais são os móveis que guarnecem
a residência do casal que são considerados impenhoráveis, como aqueles que sejam essenciais e
indispensáveis à própria sobrevivência da família. Assim sendo, não podem ser penhorados a
cama do casal, a cama dos filhos, o guarda-roupa das crianças e do casal, o fogão, a geladeira, a
televisão, as roupas, os sapatos, as mesas, as cadeiras, os sofás, a máquina de lavar roupa, o
tanquinho, enfim, os itens essenciais. A Lei 8.009/90 faz uma ressalva, ou seja, se os móveis
essenciais existirem em duplicidade, um deles poderá ser penhorado.
Geralmente os Tribunais não admitem penhora de vestuário e objetos de uso pessoal do
executado, em virtude da rápida deterioração. Todavia, se for de elevado valor deve ser usado o
bom senso do magistrado.
A penhora de salários representa grande polemica no meio jurídico. É muito comum, agrar
executados que auferem rendas suficientes para saldar suas dívidas, bem como não apresentam
bens à penhora e não formaram patrimônio em nome próprio, tendo apenas o salário que auferem
de seu trabalho. Alegam, então, que esses salários são impenhoráveis visando à preservação do
salário como meio de subsistência.
A impenhorabilidade de instrumento de trabalho visa proteger o trabalhador autônomo, que
tem do seu trabalho o único sustento próprio e de sua família.
A jurisprudência tem estendido a proteção à pessoa jurídica, desde que se trate de
microempresas e que os bens sejam imprescindíveis à manutenção do negócio. Neste sentido: “A
regra geral é no sentido de restringir-se a aplicação da impenhorabilidade dos bens indicados no
inciso VI do art. 649 do CPC às pessoas físicas. Jurisprudência divergente no STJ, com tendência
no sentido de estender-se a regra às pequenas e às microempresas, quando forem elas
administradas pessoalmente pelos sócios (precedentes)”. (STJ, REsp 898219 / RS, j. 17.04.2008).
Segundo o art. 794 do CC, a soma estipulada no seguro de vida feito pelo executado é
impenhorável porque é coisa que nunca esteve em seu patrimônio.
É considerado impenhorável apenas o que pode ser agregado à obra, ou seja, aquele que
possua a qualidade de móvel, ainda não utilizado. Porém, as máquinas e ferramentas utilizadas na
execução dessa obra não se incluem nesse conceito.
A proteção ao imóvel rural refere à propriedade que é explorada pelo proprietário e sua
família, de modo a garantir o sustento deles. A impenhorabilidade da pequena propriedade rural é
constitucionalmente garantida (art. 5º, XXVI da CF/88).
O recurso público é inalienável, consequentemente impenhorável, independentemente do
setor que será aplicado, principalmente se destinados a setores sociais (saúde, educação e
assistência social).
O entendimento que prevalece na jurisprudência é pela impenhorabilidade dos valores
depositados em caderneta até o limite global de 40 salários mínimos, ainda que depositados em
mais de uma conta.
A impenhorabilidade dos recursos do fundo partidário justifica-se na forma de impedir que
os diretórios nacionais de partidos políticos sejam responsabilizados por atos praticados pelos
diretórios estaduais e municipais, com base em várias decisões judiciais que acabaram por
determinar a penhora de recursos do fundo partidário de determinados partidos.
A impenhorabilidade dos créditos destinados à construção do empreendimento, visa
proteger os adquirentes das unidades imobiliárias, evitando que dívidas do incorporador sejam
quitadas com a reserva que é destinada à obra.
A impenhorabilidade não se aplica nos casos de execução de dívida relativa ao próprio bem
imóvel ou contraída para sua aquisição. Bem como, o gravame de impenhorabilidade não impede a
penhora de quota condominial, decorrente de despesas de condomínio, por ser considerada
obrigação propter rem (É uma obrigação real, que decorre da relação entre o devedor e a coisa.
Difere das obrigações comuns especialmente pelos modos de transmissão. Propter rem significa
“por causa da coisa”. Assim, se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação o segue, seja
qual for o título translativo).
Mesmo diante do princípio da impenhorabilidade absoluta do salário, é possível a penhora
de parte do mesmo para pagamento de dívidas de natureza alimentar. O juiz quando está diante de
dois males, em prestigiar o credor alimentar, ou imunizar o salário do devedor de alimentos, deve
adotar a teoria do mal menor, retendo parte do salário do devedor, em percentual que não atente
contra sua existência digna.

Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens
inalienáveis.
O dispositivo trata das hipóteses de impenhorabilidade relativa, em que serão penhorados
os bens do executado, na hipótese de não possuir outros que possam satisfazer a obrigação. Ou
seja, os frutos e rendimentos do bens impenhoráveis podem ser penhorados, na hipótese única da
falta de outros.

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:


I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em
garantia;
XIII - outros direitos.
§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem
prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto.
§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro
garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de
trinta por cento.
§ 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia,
e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora.
O rol elencado no preceito não exclui outros bens passíveis de penhora. Além disso, a
inobservância da ordem não acarreta nulidade da penhora.
O dinheiro sempre será a principal meta a ser buscada pelo exequente para satisfação do
seu crédito. A jurisprudência é farta no sentido: “Esta Corte Superior tem fixado o entendimento
que preconiza a possibilidade de a penhora recair sobre saldo existente em conta corrente sem
que ocorra ofensa ao princípio da menor onerosidade para o devedor”. (STJ, AgRg no Ag 790672 /
RS, j. 17.10.2006).
Súmula 328 do STJ: “Na execução contra instituição financeira, é penhorável o numerário
disponível excluídas as reservas bancárias mantidas no Banco Central”.
Há entendimento de que é possível a penhora de saldo em conta conjunta em razão de
dívida de um dos titulares. Neste sentido: “No caso de conta conjunta, cada um dos correntistas é
credor de todo o saldo depositado, de forma solidária. O valor depositado pode ser penhorado em
garantia da execução, ainda que somente um dos correntistas seja responsável pelo pagamento do
tributo”. (STJ, REsp 1229329 / SP, j. 17.03.2011).
Os títulos da dívida pública são formas de investimento em renda fixa a longo prazo. Esses
títulos possuem a finalidade de arrecadar recursos para financiar atividades do Poder Público, nas
áreas da saúde, educação e infraestrutura. Deste modo, é possível a penhora desses títulos:
“PENHORA. Admissibilidade de penhora de títulos da dívida pública. Recurso atendido”. (STJ,
REsp 14881 / DF, j. 13.10.1998).
Todavia, o exequente não é obrigado aceitar referidos títulos como garantia de pagamento
do seu crédito, neste sentido: “O STJ pacificou entendimento no sentido de que é lícita a recusa da
nomeação à penhora de título da dívida pública de difícil e duvidosa liquidação e que não tenham
cotação em bolsa de valores. – Incidência da Súmula 182/STJ”. (STJ, AgRg no Ag 353272 / SP, j.
05.03.2002).
A Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/80) prevê a espécie como uma forma de dação em
pagamento, permitindo que o executado ofereça como quitação a dívida que o próprio Estado tem
com ele.
Os títulos e valores mobiliários são espécie de títulos de créditos emitidos por empresas
particulares, colocados à disposição da coletividade, onde o investidor adquire os mesmos.
Ressalte-se que, tal aquisição gera expectativa de lucros pelo investidor que corre o risco de perda
do investimento.
Uma forma muito recorrente de penhora é aquela representada pelos veículos. Após a
efetivação da penhora pelo oficial de justiça, o mandado deverá ser averbado no departamento de
trânsito estadual.
O ato do oficial de justiça não se exaure com a penhora do imóvel. O exequente deverá
averbar a mesma no registro competente, a fim de dar publicidade a terceiros.
Segundo entendimento jurisprudencial é legítima a penhora de vaga de garagem, pois
constitui unidade autônoma com registro distinto perante o cartório de registro de imóveis. Neste
sentido: “EXECUÇÃO. PENHORA DE VAGA DE GARAGEM. ADMISSIBILIDADE. Tendo em vista
a natureza autônoma da vaga de garagem com registro e matrícula própria, é possível sua
penhora”. (STJ, REsp 541696 / SP, j. 09.09.2003).
O exequente não é obrigado a aceitar penhora de imóvel em localidade diversa, neste
sentido: “Constata-se que a indicação à penhora de bem imóvel situado em outra comarca pode
ser recusada pelo credor, uma vez que a execução se faz em seu interesse e tendo esse
justificado tal atitude”. (STJ, REsp 463129 / CE, j. 07.12.2004).
Os bens móveis em geral, normalmente comportam uma avaliação mais simplificada, sem
necessidade de averbação em órgão público. Mesmo diante das dificuldades operacionais da
penhora, avaliação, remoção e guarda dos semoventes, o CPC contempla tal hipótese.
A principal característica da penhora de navios e aeronaves é que não há indisponibilidade
dos mesmos após a restrição, desde que cobertos por contrato de seguro (art. 864).
A jurisprudência tem admitido a penhora de ações ou quotas das sociedades, todavia se os
sócios não desejam o ingresso de um terceiro, eles mesmos, ou a própria sociedade, podem e
devem adquirir as quotas, tendo preferência para tanto, impedindo, assim, a entrada de outrem.
“É possível a penhora de cotas pertencentes ao sócio de sociedade de responsabilidade
limitada, ainda que esta esteja em regime de concordata preventiva, em execução por dívida sua, e
não da sociedade.” (STJ, REsp 114130 / MG, j. 23.11.1999).
A penhora deverá recair apenas sobre um percentual do faturamento da empresa e não
sobre a totalidade. Neste sentido: “A executada, apesar de citada, não pagou o débito; muito
menos logrou êxito em apresentar outros bens passíveis de penhora, o que possibilitou a adoção
de medida extrema, em percentual módico, que não afeta o livre desempenho das atividades
econômicas da empresa”. (STJ, REsp 783227 / SP, j. 24.04.2007).
Há julgados que entendem que as pedras e metais precisos são bens de difícil
comercialização e a guarda dos mesmos é de difícil consecução, o que torna legítima a recusa do
exequente quando os bens nomeados são de difícil alienação.
É possível a penhora de direitos creditícios oriundo de promessa de compra e venda, neste
sentido: “Não há nulidade na penhora de bem prometido à venda. A questão é de palavras: a
penhora não incide sobre a propriedade, mas os direitos relativos à promessa. A circunstância de a
exequente ser proprietária do bem prometido à venda é irrelevante. A execução resolve-se com a
sub-rogação, por efeito de confusão entre os promitentes”. (STJ, REsp 860763 / PB, j. 06.03.2008).
Outros direitos passíveis de penhora: “São penhoráveis os direitos hereditários de cunho
patrimonial. Não há necessidade de ajuizamento de ação própria para desconstituir a sentença
homologatória de partilha, pois o reconhecimento da ocorrência de fraude nos autos da execução
não implica sua desconstituição, mas, tão-somente, a ineficácia das cessões efetuadas pelos
herdeiros em relação ao credor/exequente”. (STJ, REsp 1105951 / RJ, j. 04.10.2011).
O caput prevê que a ordem a ser seguida é preferencial e não obrigatória, podendo o
magistrado inverter a ordem caso seja necessário. Isto porque, a execução deve ser processada
em benefício do exequente e não do executado. Súmula 417 do STJ: “Na execução civil, a penhora
de dinheiro na ordem de nomeação de bens não tem caráter absoluto”
O parágrafo 2º é hipótese de excepcionalidade da substituição da penhora em dinheiro, por
fiança bancária ou seguro garantia.
Quando a penhora recai sobre bem hipotecado, deve-se dar ciência ao credor hipotecário
para que tome as providências que julgar necessárias. O bem será levado à hasta pública, em
havendo arrematação, o dinheiro arrecadado é entregue ao credor hipotecário até o limite de seu
crédito, caso em que a hipoteca será extinta. Se houver sobras, esse dinheiro será transferido para
pagamento do exequente.

Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos
bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.
§ 1º Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação judicial
expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o
estabelecimento do executado, quando este for pessoa jurídica.
§ 2º Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário provisório
de tais bens até ulterior determinação do juiz.
Quando a penhora recair sobre bem de baixo valor de mercado, que seja insuficiente para o
pagamento do principal e das custas, o oficial de justiça deverá informar o juiz do ocorrido. Neste
caso, a penhora não será levada à efeito. Na hipótese do caput, o oficial de justiça descreverá em
auto circunstanciado os bens que guarnecem a residência do executado, para fins de penhora
posterior.

Documentação e registro da penhora - Art. 837. Obedecidas as normas de segurança instituídas


sob critérios uniformes pelo Conselho Nacional de Justiça, a penhora de dinheiro e as averbações
de penhoras de bens imóveis e móveis podem ser realizadas por meio eletrônico.
Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá:
I - a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita;
II - os nomes do exequente e do executado;
III - a descrição dos bens penhorados, com as suas características;
IV - a nomeação do depositário dos bens.
A penhora será considerada regular quando presentes os requisitos no auto de penhora,
descrevendo os bens constritos e suas características, bem como os nomes do exequente e
executado, o local em que efetuada a constrição e a nomeação do depositário
Se o próprio executado é o depositário é necessária sua assinatura no auto de penhora,
neste sentido: “Se não consta do auto de penhora a assinatura do executado como depositário,
não obstante a atuação deste como tal, que sequer nada alegou, recomenda-se diligencia no
sentido de suprir a irregularidade sanável”. (STJ, REsp 15713 / MG, j. 04.12.1991).
O advogado sem poderes especiais não pode assinar o auto de penhora: “É nulo o termo
de penhora assinado por advogado que não possui poderes especiais para nomear bens à
penhora, assinar o respectivo termo e aceitar o encargo de depositário”. (STJ, REsp 112939 / MG,
j. 04.12.1997).
Na ausência de assinatura, o oficial de justiça supre a falta: “Ausência de assinaturas no
auto de penhora em virtude da recusa do executado (depositário) e de sua mulher de o fazerem
após a leitura feita pelo oficial de justiça. Certidão do meirinho que goza de fé pública. Arguição da
irregularidade apenas após o julgamento da apelação, em sede de aclaratórios. Inexistência de
afronta aos arts. 664 e 665, inc. IV, do CPC”. (STJ, REsp 122748 / MG, j. 21.03.2000).

Intimação da penhora - Art. 841. Formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será
imediatamente intimado o executado.
§ 1º A intimação da penhora será feita ao advogado do executado ou à sociedade de advogados a
que aquele pertença.
§ 2º Se não houver constituído advogado nos autos, o executado será intimado pessoalmente, de
preferência por via postal.
§ 3º O disposto no § 1o não se aplica aos casos de penhora realizada na presença do executado,
que se reputa intimado.
§ 4º Considera-se realizada a intimação a que se refere o § 2o quando o executado houver
mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único
do art. 274.
Efetivada a penhora, há a necessidade do executado ser intimado da mesma. Referida
intimação será realizada na pessoa do advogado constituído nos autos. Na ausência, o executado
será intimado via postal.
“É possível a dispensa de intimação do executado da penhora efetuada, se o oficial de
justiça não o localizar (art. 652, § 5o do CPC)”. (TJSP, AI 0310515-41.2011.8.26.0000, j.
01.02.2012).

Intimação do cônjuge: imóvel ou direito real sobre imóvel - Art. 842. Recaindo a penhora
sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, será intimado também o cônjuge do executado,
salvo se forem casados em regime de separação absoluta de bens.
Penhorado bem imóvel, o cônjuge deve ser intimado, salvo se o regime de casamento for
de separação absoluta de bens. A ausência de intimação do cônjuge acerca da penhora de bem
imóvel não implica, necessariamente, a sua nulidade, quando não configurado óbice ao exercício
do direito de defesa.

O cônjuge ou coproprietário tem preferência na arrematação - Art. 843. Tratando-se de


penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à
execução recairá sobre o produto da alienação do bem.
§ 1º É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não executado a preferência na arrematação do
bem em igualdade de condições.
§ 2º Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o valor
auferido seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o
correspondente à sua quota-parte calculado sobre o valor da avaliação.
Quando a penhora recair sobre bem indivisível, a cota parte do coproprietário ou cônjuge
que não sejam parte na execução será preservada.
O coproprietário ou o cônjuge não executado terá preferência na arrematação do bem em
igualdade de condições.
O preceito impede a consumação da expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual
o valor auferido não garanta ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução o correspondente à
sua quota-parte calculado sobre o valor da avaliação.
Enunciado 329 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Na execução trabalhista
deve ser preservada a quota parte de bem indivisível do coproprietário ou do cônjuge alheio à
execução, sendo-lhe assegurado o direito de preferência na arrematação do bem em igualdade de
condições”.

Lugar de realização da penhora - Art. 845. Efetuar-se-á a penhora onde se encontrem os bens,
ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de terceiros.
§ 1º A penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, quando apresentada
certidão da respectiva matrícula, e a penhora de veículos automotores, quando apresentada
certidão que ateste a sua existência, serão realizadas por termo nos autos.
§ 2º Se o executado não tiver bens no foro do processo, não sendo possível a realização da
penhora nos termos do § 1o, a execução será feita por carta, penhorando-se, avaliando-se e
alienando-se os bens no foro da situação.
O patrimônio do executado, salvo as excludentes legais, estão passíveis de sofrerem
constrição para pagamento de dívidas, ainda que estejam na posse de terceiro.
A possibilidade da penhora de bens imóveis, independentemente de sua localização, dar-se
por termos nos autos com a apresentação da certidão da respectiva matrícula, foi estendida aos
veículos automotores, caso em que é suficiente a apresentação da certidão que atesta a sua
existência. Realizada por termo nos autos, a penhora de imóvel ou móvel, o executado será
intimado pessoalmente ou por intermédio de seu advogado.
O preceito disciplina a viabilidade da penhora de bens por carta precatória, pressupõe não
só a inexistência de bens no foro da causa, mas a impossibilidade de realização da penhora em
consonância com o § 1º.

Modificação da penhora – Art. 847. O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias contado da
intimação da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove que lhe
será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
§ 1o O juiz só autorizará a substituição se o executado:
I - comprovar as respectivas matrículas e os registros por certidão do correspondente ofício, quanto
aos bens imóveis;
II - descrever os bens móveis, com todas as suas propriedades e características, bem como o
estado deles e o lugar onde se encontram;
III - descrever os semoventes, com indicação de espécie, de número, de marca ou sinal e do local
onde se encontram;
IV - identificar os créditos, indicando quem seja o devedor, qual a origem da dívida, o título que a
representa e a data do vencimento; e
V - atribuir, em qualquer caso, valor aos bens indicados à penhora, além de especificar os ônus e
os encargos a que estejam sujeitos.
§ 2o Requerida a substituição do bem penhorado, o executado deve indicar onde se encontram os
bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e a certidão negativa ou positiva de
ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora.
§ 3o O executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição caso o requeira com a
expressa anuência do cônjuge, salvo se o regime for o de separação absoluta de bens.
§ 4o O juiz intimará o exequente para manifestar-se sobre o requerimento de substituição do bem
penhorado.
É possível a substituição da penhora por outros bens, desde que o executado comprove a
ausência de prejuízo ao exequente e, que tal substituição, seja-lhe menos onerosa.
Para o pedido de substituição da penhora, o executado deverá juntar ao seu requerimento,
alguns documentos imprescindíveis.
Apresentado o requerimento, cabe ao magistrado abrir vista ao exequente para que diga se
concorda com a substituição. Discordando, poderá, ainda assim, o magistrado, deferir a
substituição, desde que preenchidos os requisitos citados no caput. Da decisão que analisar o
pedido de substituição, caberá agravo de instrumento.
Art. 848. As partes poderão requerer a substituição da penhora se:
I - ela não obedecer à ordem legal;
II - ela não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento;
III - havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido penhorados;
IV - havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de gravame;
V - ela incidir sobre bens de baixa liquidez;
VI - fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou
VII - o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações previstas em lei.
Parágrafo único. A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou por seguro garantia
judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
É permitido a qualquer das partes pedir a substituição da penhora, desde que incida uma
das hipóteses do presente dispositivo.
Súmula 406 do STJ: “A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por
precatórios”.
A substituição da penhora por fiança bancária somente é possível em casos excepcionais: “A
despeito da nova redação do art. 656, § 2º, do Código de Processo Civil, a substituição da garantia
em dinheiro por outro bem ou carta de fiança somente deve ser admitida em hipóteses
excepcionais e desde que não ocasione prejuízo ao exequente, sem que isso enseje afronta ao
princípio da menor onerosidade da execução para o devedor”. (STJ, AgRg no AREsp 610844 / RJ,
j.16.12.2014).
“Não é possível rejeitar o oferecimento de fiança bancária para garantia de execução
meramente com fundamento em que há numerário disponível em conta corrente para penhora”.
(STJ, REsp 1116647 / ES, j. 15.03.2011).

Nova penhora – Art. 851. Não se procede à segunda penhora, salvo se:
I - a primeira for anulada;
II - executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do exequente;
III - o exequente desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens ou por estarem
submetidos a constrição judicial.
A segunda penhora ocorre por pedido deferido do exequente ou por circunstâncias próprias
do patrimônio do executado, que não é suficiente para pagamento da execução.

Alienação antecipada – Art. 852. O juiz determinará a alienação antecipada dos bens
penhorados quando:
I - se tratar de veículos automotores, de pedras e metais preciosos e de outros bens móveis
sujeitos à depreciação ou à deterioração;
II - houver manifesta vantagem.
As hipóteses do preceito autorizam o magistrado a vender antecipadamente os bens
penhorados.

Tipos de penhoras – Penhora Online. Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em
depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia
do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido
pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos
financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na
execução.
§ 1º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o
cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição
financeira em igual prazo.
§ 2 Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa de
seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente.
§ 3º Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que:
I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;
II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros.
§ 4º Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3o, o juiz determinará o cancelamento
de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em
24 (vinte e quatro) horas.
§ 5º Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a indisponibilidade
em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à
instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante
indisponível para conta vinculada ao juízo da execução.
§ 6º Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará, imediatamente, por
sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, a notificação
da instituição financeira para que, em até 24 (vinte e quatro) horas, cancele a indisponibilidade.
§ 7º As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento e de determinação de
penhora previstas neste artigo far-se-ão por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade
supervisora do sistema financeiro nacional.
§ 8º A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado em
decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na execução
ou pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24
(vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz.
§ 9º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exequente,
determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade
supervisora do sistema bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do
órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de
direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, na
forma da lei.
A penhora de dinheiro é aquela que, na maioria das vezes, melhor satisfaz a execução. Por
essa razão, o dinheiro seja em espécie ou em depósitos ou aplicação em instituição financeira, é o
primeiro bem na ordem da penhora (art. 835, I). Assim, o juiz mediante requerimento do exequente,
por meio do sistema Bacen-Jud, consegue ter acesso aos dados de contas bancárias do executado
no âmbito do território nacional e determinar o bloqueio de numerário até o valor da execução.

Penhora de créditos - Art. 855. Quando recair em crédito do executado, enquanto não ocorrer a
hipótese prevista no art. 856, considerar-se-á feita a penhora pela intimação:
I - ao terceiro devedor para que não pague ao executado, seu credor;
II - ao executado, credor do terceiro, para que não pratique ato de disposição do crédito.
A penhora de crédito cabe nos casos em que o executado não dispõe, de imediato, de
dinheiro ou bens que possam ser convertidos em pecúnia. É possível a penhora de todos os
créditos do executado, ainda que não vencidos, efetivando-se a penhora mediante a intimação do
terceiro, que fica obrigado a depositar em juízo as prestações à medida que forem vencendo.
É ineficaz o pagamento efetuado por terceiro credor ao devedor de crédito objeto de
penhora, desde que intimado da constrição judicial, portanto já concretizada a expropriação do
direito do credor ao recebimento do crédito. Determinação do artigo 312 do Código Civil.

Você também pode gostar