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SANTOS, Boaventura de Sousa. As estátuas do nosso desconforto.

Portal Geledés,
18 jun. 2020. Disponível em: https://www.geledes.org.br/as-estatuas-do-
nosso-desconforto/. Acesso em: 18 set. 2020.

Margarida de Souza Neves, 18 de setembro de 2020.

Natureza do texto: Breve artigo jornalístico de atualidade publicado simultaneamente em várias


Mídias, tais como sua página pessoal na Internet (www.boaventurasousasantos.pt) em
17/06/2020, (o site Outras Palavras (17/06/2020), a página Combate Racismo Ambiental do
facebook (18/06/2020), o Portal Geledés (18/06/2020), o site Plataforma Cascais (s.d.).

Autoria: Boaventura Sousa Santos é, segundo sua página na Internet, Pro-


fessor Catedrático Aposentado da Faculdade de Economia da Universida-
de de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da
Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universi-
dade de Warwick. É igualmente Diretor Emérito do  Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra e Coordenador Científico do Obser-
vatório Permanente da Justiça.

É um intelectual português reconhecido internacionalmente e colabora com várias instituições e


diversos intelectuais brasileiros. Tem trabalhos publicados sobre globalização, sociologia do direito,
epistemologia, democracia e direitos humanos.

Alguns de seus livros mais lidos no Brasil são:

Página pessoal na Internet: www.boaventurasousasantos.pt

Interlocução: Nesse texto, a interlocução principal é, por um lado, com os muitos textos da mesma
natureza sobre a derrubada das estátuas e o movimento anticolonialista e antirracista black
lives matter publicadas mundo a fora e, por outro, com seus vários escritos sobre o tempo e a
relação entre passado e presente.

Tese Central: O texto traz um título seguido de uma epígrafe que podem ser lidos como uma síntese do que o
autor pretende afirmar com seu artigo: “As estátuas do nosso desconforto”, o título, é o diapasão pelo qual se
afina o texto que se segue. E a frase “Se as derrubamos, não é porque nos incomodem, em si mesmas.
Mas por estarem vivas as três formas de dominação – capitalista, patriarcal e colonial – que as
colocaram em pedestais e nos trouxeram a um presente que precisamos superar” explicita, ao mesmo

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tempo, a razão do desconforto e a relação entre um passado firmemente ancorado sobre um tripé que
explica a lógica excludente, racista e machista e nos mostra a necessidade de tomar posição diante de
suas múltiplas formas de tradução no presente.

Estrutura do texto: Boaventura faz quatro movimentos em seu texto:


1. As relações entre passado e presente materializadas nas estátuas;
2. A continuidade perversa do capitalismo, do patriarcalismo e do colonialismo;
3. O papel dos intelectuais como leitores do conflito expresso na derrubada das estátuas.
4. 2 parábolas: O Camões de Moçambique como deus da chuva e os chefes indígenas
brasileiros como releitores do Vieira de Coimbra.

Trechos relevantes:

2º parágrafo As estátuas: entre o passado e o presente


“As estátuas que dão este salto [entre o passado e o presente] e se oferecem ao
diálogo são parte do nosso presente e são contestadas porque representam
contas que não foram saldadas, destruições e injustiças que não foram
reparadas. Quem as contesta não lhes pede contas a elas nem exige reparações
delas. As contas têm de ser feitas e as reparações têm de ser dadas por quem
herdou e detém o poder injusto que as estátuas representam”.
3º parágrafo O tripé da continuidade do passado no presente que as estátuas materializam
“E que poder é esse [que faz presente o passado de opressão]? No contexto
europeu e eurodescendente, esse poder é o capitalismo, o colonialismo e o
patriarcado” [...] “O que consideramos passado é assim uma ilusão de ótica,
uma cegueira em relação ao presente.”
6º parágrafo Os monumentos como documentos de um passado em carne viva
“As estátuas não terão sossego enquanto estas formas de poder existirem,
sobretudo com a virulência que têm hoje. E as estátuas só parecem alvos
inocentes e desfocados porque domina hoje [...] como deixamos de conhecer as
causas do descontentamento, investimos contra as suas consequências.”
6ºparágrafo A responsabilidade dos intelectuais
“Pediria então a artistas, escritores e cientistas do país e dos países que tão
levianamente consideramos irmãos para construírem diálogos interculturais
com as estátuas e fazer disso uma criativa pedagogia da libertação. Quando isso
ocorrer, o passado irá saindo do presente pela porta principal.”
7º e 8º parágrafos Duas parábolas
O Camões de Moçambique e o Vieira de Coimbra.

Importância para o Núcleo de Memória: 1. O texto traz para a discussão do grupo um autor que é
um grande leitor dos conflitos e das esperanças do nosso tempo. A página pessoal de
Boaventura Souza Santos é preciosa para o estudo e a pesquisa de Juliana Caposolli. 2. A
discussão sobre a relação entre passado, presente e futuro, que é o pressuposto do texto, é
fundamental para a reflexão sobre a memória.

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