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ÍNDICE..........................................................................................................................1
INTRODUÇÃO..............................................................................................................2
CAPITULO UM..............................................................................................................3
CONTEXTO HISTÓRICO GERAL................................................................................3
1.1 Autoria..................................................................................................................3
1.2 Local da escrita e data da composição...............................................................4
1.3 Destinatários........................................................................................................5
1.4 Propósito..............................................................................................................6
CAPÍTULO DOIS...........................................................................................................8
ANÁLISE TEXTUAL......................................................................................................8
2.1 Texto grego de Colossenses 2:6-8.....................................................................8
2.2 Tradução..............................................................................................................8
2.3 Análise manuscritológica.....................................................................................8
2.4 Análise Gramatical.............................................................................................10
2.5 Análise Semântica.............................................................................................12
CAPITULO TRÊS........................................................................................................18
ANÁLISE LITERÁRIA..................................................................................................18
3.1 Delimitação da passagem.................................................................................18
3.2 Natureza Literária..............................................................................................19
3.3 Contexto literário................................................................................................20
CAPITULO QUATRO..................................................................................................22
CONTEXTO HISTÓRICO ESPECÍFICO....................................................................22
4.1 Contexto sócio-cultural......................................................................................22
CAPITULO CINCO......................................................................................................24
SITZ IM LEBEN...........................................................................................................24
CAPITULO SEIS.........................................................................................................25
ARGUMENTAÇÃO TEOLÓGICA...............................................................................25
I – A supremacia e suficiência da pessoa de Jesus (v.6).......................................25
II – A verdadeiro crescimento espiritual (v.7)..........................................................29
III – A inutilidade dos ensinos sincréticos (v.8).......................................................32
CONCLUSÃO..............................................................................................................35
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................................36
INTRODUÇÃO
2
CAPITULO UM
1.1 Autoria
3
temas comuns nos escritos de Paulo não aparecem na carta aos Colossenses. Além
do mais, o Cristo cósmico e como cabeça da Igreja, que é o seu corpo (Cl.1:16-19;
2:9,10; 1:18;2:19) é visto por alguns eruditos como algo estranho à teologia paulina.
Quanto à relação que há entre Efésios e Colossenses, alguns estudiosos afirmam
ser impossível que um mesmo autor produza escritos tão semelhantes, a não ser
que um dependa do outro, que no caso, Colossenses foi escrita com base na carta
de aos Efésios, havendo também a possibilidade de interpolações entre estas
cartas.
No entanto, a despeito de todas as posições supra, a grande maioria dos
estudiosos concordam que, de fato, Colossenses é originalmente um escrito paulino
como é descrito na epístola (Cl.1:1; 4:18). Entre estes eruditos que concordam com
a autenticidade de Colossenses encontram-se: Werner Georg Kümmel, Oscar
Cullmann, D. A. Carson e William Hendriksen. Estes fazem consistentes avaliações
de todas as posições apresentadas anteriormente, que negam a autoria paulina de
Colossenses, e apresentam provas contundentes que o autor da carta não pode ser
outro senão o apóstolo Paulo.2
2
Sobre a discussão, conclusões finais, e a apresentação em suas minúcias quanto às dúvidas da autenticidade da
carta aos Colossenses, ver D.A. CARSON, Douglas J. MOO, Leon MORRIS, Introdução ao Novo Testamento,
pp.364-367., Werner Georg KÜMMEL, Introdução ao Novo Testamento, pp.444-453., Oscar CULLMANN, A
formação do Novo Testamento, pp.56-58., William HENDRIKSEN, Comentário do Novo Testamento -
Colossenses e Filemom,pp.44-53., Arthur G. PATZIA, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo – Efésios,
Colossenses, Filemom, pp.17,18., Ralph P. MARTIN, Colossenses e Filemom – Introdução e Comentário,
pp.43-52.
4
pouca sustentação, uma vez que basea-se no número de amigos que
acompanharam Paulo a Jerusalém e que estiveram com ele quando da sua prisão
na Ásia (At.20:4;24:23; c.f. Cl.4:7-14;Fm.23,24), mas todas as possíveis
argumentações em favor de Cesaréia não são fortemente sustentáveis.
No entanto, as argumentações em favor da tradicional prisão de Paulo em
Roma, durante o período de dois anos onde esteve sobre prisão domiciliar (At.28:16-
31), são as de maior sustentabilidade, pois lhe era permitido receber visitas como as
de Onésimo, Tíquico, ou Epafras (Cl.1:7;4:7-9,12), gozando, assim, de certa
“liberdade” para receber, pessoalmente, as notícias de Epafras e escrever a carta
aos Colossenses. Ademais, esta posição recebe o respaldo da grande maioria dos
estudiosos contemporâneos que apóiam-se também nos escritos de Eusébio de
Cesaréia e João Crisóstomo, que confirmam a composição de Paulo aos
Colossenses em Roma, quando da sua prisão domiciliar. No mais, a única hipótese
contra esta posição, está no fato de a distância entre Roma e Colossos ser muito
longa, cerca 1.900 Km, pois como poderia Onésimo, o escravo fugitivo, chegar até
Roma vindo de Colossos? (ver Cl.4:9 e Filemom).
Quanto à data da composição, não pode haver outra, senão entre os anos de
59 e 60 d.C., época de maior aceitação entre os eruditos como sendo o período do
aprisionamento de Paulo.3
1.3 Destinatários
O início da Epístola é clara ao mostrar a quem ela está sendo destinada, “aos
santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos...” (Cl.1:2). A cidade
de Colossos ficava situada na região da Frigia (atual Turquia), mais especificamente
no vale do rio Lico, um dos afluentes do rio Meandro. Colossos tinha como cidades
próximas Laodicéia e Hierápolis e ficava na rota para a cidade de Éfeso (cerca de
160 Km). Ela apresentou um período de grande riqueza e importância comercial nos
tempos antigos (antes de 400 a.C.) devido a sua produção na indústria têxtil, 4 mas
3
D.A. CARSON, Douglas J. MOO, Leon MORRIS, Op.Cit. pp.367,368., Quanto à data, Kümmel a coloca entre
56-58 d.C., ver Werner Georg KÜMMEL, Op.Cit. pp.453-455., William HENDRIKSEN, Op.Cit. pp.43,44.,
Oscar CULLMANN, Op.Cit. p.56., Ralph P. MARTIN, Op.Cit. pp.34-43., Arthur G. PATZIA, Op.Cit.
pp.19,20., F.F. BRUCE, Op.Cit. p.398., Peter JEFFERY, De Piedra en Piedra – Iniciación al estudio del Nuevo
Testamento, pp.116,118., Robert H. GUNDRY, Panorama do Novo Testamento, 340-342.
4
O nome “Colossos” é devido à cor com que se pintavam os tecidos nesta cidade, esta cor era denominada de
Colossinus, Ralph P. MARTIN, Op.Cit. p.13.
5
nos tempos romanos, isto é, nos tempos de Paulo, era uma cidade de pouca
importância para o mundo antigo, diferentemente de suas cidades vizinhas,
Laodicéia e Hierápolis. O quadro desta cidade agravou-se por volta dos anos 60,61
d.C. quando a mesma, juntamente com Laodicéia e Hierápolis, sofreu um forte abalo
sísmico e, diferentemente de suas duas cidades vizinhas, nunca recuperou-se da
destruição causada pelo terremoto, sendo, posteriormente, totalmente abandonada
no século oitavo de nossa era. No mais, é importante que se observe que esta
cidade era composta de frígios (nativos), gregos (colonizadores) e judeus, que se
estabeleceram na região do vale do Lico quando Antíoco III, o Grande (223-187
a.C.), transportou cerca de duas mil famílias judias da Babilônia e Mesopotâmia para
as regiões da Lígia e Frigia.
A igreja de Colossos surgiu, possivelmente, durante o ministério do apóstolo
Paulo em Éfeso, cerca de 52-57 d.C. (At.19:1-20). Isto não significa que Paulo tenha
sido o fundador da igreja colossense, mas segundo evidências internas da carta,
esta igreja teria sido fundada pelo colossense Epafras (Cl.1:7,8; 4:12) que também
possivelmente foi o responsável pela fundação das igrejas de Laodicéia e Hierápolis
(Cl.4:13) e que levou as notícias ao apóstolo sobre a igreja de Colossos. Eruditos
concordam que Epafras foi convertido com o ministério de Paulo em Éfeso e assim
veio a se tornar seu colaborador no ministério (Cl.1:7; 4:12,13). Ele é tido como um
companheiro de Paulo que compartilhava de suas algemas (Fm.23).
É, portanto, à igreja dos colossenses, que fora fundada por Epafras, que esta
carta é destinada.5
1.4 Propósito
6
ser visto como sendo uma questão de sincretismo religioso que era ensinada por
falsos mestres.
Certamente, a igreja de Colossos estava sofrendo influências religiosas de
diferentes crenças. O que é possível notar, de maneira mais clara, é uma prática de
ascetismo (Cl.2:20-23) e Judaísmo (Cl.2:16,17), possivelmente com influências de
um gnosticismo incipiente (Cl.2:8,9; 1:15), ou seja, frutos de elementos judaicos e
helenísticos atrelados ao Cristianismo. Ao que parece, a pessoa e obra de Cristo
estavam sendo desprezados, pois necessitava de complementos para se obter a
salvação (Cl.1:13-23), sendo a obra de Cristo ineficiente. Alguns eruditos afirmam
que haviam ensinos do paganismo, como as religiões de mistério e até mesmo a
astrologia (Cl.2:2,3,8,18). Há também estudiosos, como William Hendriksen, que
cogitam na possibilidade de este ascetismo (Cl.2:20-23) em Colossos ser influência
dos essênios de Qumrã.
No entanto, a melhor conclusão, parece ser a de que Paulo escreve aos
colossenses com a finalidade de alertá-los contra falsos ensinos de características
sincretistas, não podendo identificar, com exatidão, a natureza deste sincretismo. O
fato é que Paulo procura demonstrar a supremacia de Cristo ante todos estes
elementos sincréticos.6
6
Werner Georg KÜMMEL, Op.Cit. pp.441-444., William HENDRIKSEN, Op.Cit. pp.29-37., Oscar
CULLMANN, Op.Cit. pp.56,57., Ralph P. MARTIN, Op.Cit. pp.19-30., Arthur G. PATZIA, Op.Cit. pp.13-16.,
F.F. BRUCE, Op.Cit. pp.401-405., Peter JEFFERY, Op.Cit. pp.116-120., John D. DAVIS, Op.Cit. p.123.,
Robert H. GUNDRY, Op.Cit. pp.342-344., J.B. TIDWELL, Op.Cit. p.196., D.A. CARSON, Douglas J. MOO,
Leon MORRIS, Op.Cit. pp.368-370.
7
CAPÍTULO DOIS
ANÁLISE TEXTUAL
6
~Wj ou=n parela,bete to.n Cristo.n VIhsou/n to.n ku,rion( evn auvtw/|
7
peripatei/te( evrrizwme,noi kai. evpoikodomou,menoi evn auvtw/| kai.
bebaiou,menoi th/| pi,stei kaqw.j evdida,cqhte( perisseu,ontej evn euvcaristi,a|Å
8
Ble,pete mh, tij u`ma/j e;stai o` sulagwgw/n dia. th/j filosofi,aj kai. kenh/j
avpa,thj kata. th.n para,dosin tw/n avnqrw,pwn( kata. ta. stoicei/a tou/ ko,smou
kai. ouv kata. Cristo,n\
2.2 Tradução
V.6 Como, portanto, vós recebestes o Cristo Jesus, o Senhor; em (a) ele 7 andai,
V.7 tendo sido enraizados e estando sendo edificados sobre em (a) ele, e estando
sendo fortalecidos pela fé,8 conforme fostes ensinados, abundando em ação de
graças.
V.8 Vede não alguém vos será o (que) leva como cativo 9 através da filosofia e de
vazio desejo enganoso conforme a tradição dos homens, segundo os elementos
rudimentares do mundo e não segundo Cristo.
8
texto, no versículo 7 th/| pi,stei como sendo a opção feita pelo comitê da United
Bible Societies (UBS) e que teve, nesta opção, uma pequena incerteza para decidir
que variante colocar no texto. O texto escolhido pela UBS traz como principais
testemunhas os Codex ou Unciais: B (Vaticano, séc.IV), D (séc.V), H (séc.VI), 075
(séc.V), 0208 (séc.VI). Os minúsculos: 33, 81, 256, 263, 365, 1241, 1319, 1573,
2127. O lecionário l 596 (1146). As versões antigas: it (italiana), e vg (vulgata). Os
pais latinos: Ambrosiaster (depois de 384) e Pelágio (depois de 418). O aparato
critico da UBS traz mais uma variante textual àquele, que é e``n pi,stei. Esta
variante é apoiada pelas seguintes testemunhas: os Codex ou unciais: A
(Alexandrino, séc.V), C (Ephraemi Rescriptus, séc.V), I (séc.V), Ψ (séc.VIII/IX), 0150
(séc.IX). Os minúsculos: 424, 1912, 2464, O pai grego: Cirilo (444). O aparato critico
da UBS traz mais uma variante textual àquele, que é e``n th/| pi,stei. Esta variante é
9
minúsculos: 6, 104, 256, 365, 424, 436, 459, 1319, 1852, 2127, 2200. O texto
bizantino: Byz [K L]. As antigas versões: it (italiana), syr (Siríaca), vg (Vulgata), cop
(Copta), geo (georgiana). Os pais gregos: João Crisóstomo (407), Teodoro (428). Os
pais latinos: Ambrosiaster (depois de 384), Agostinho (430). O aparato critico da
UBS traz mais uma variante textual àquele, que é e,n auvtw/| evn euvcaristi,a|. Esta
v.6
parela,bete – Verbo indicativo aoristo, ativo, 2º pess. do plural (paralamba,nw – tomar
para si, eu recebo)11 – vós recebestes. O verbo quando apresentado no modo
indicativo, apenas apresenta a ação em si. O aoristo, de um modo geral enfatiza o
evento em si, mas quando no modo indicativo aponta para uma ação (pontilear)
ocorrida no passado. A voz ativa, apenas apresenta o sujeito em ação. Por estar na
2º pessoa do plural, indica , portanto, o sujeito da frase, “vós”. 12
11
Barbara FRIBERG; Timothy FRIBERG, Op. Cit. p.614., F. Wilbur GINGRICH, Frederick W. DANKER,
Op.Cit. p.157., Carlos Osvaldo PINTO, Bruce M. METZGER, Estudos do vocabulário do Novo Testamento, p.
90.
12
William Douglas CHAMBERLAIN, Gramática exegética do grego neo-testamentário., pp.101, 105,107.,
Carlos Osvaldo C. PINTO, Fundamentos para exegese do Novo Testamento – manual de sintaxe grega,
pp.29,40., Leonardo SCHALKWIJK, Coinê – Pequena gramática do grego neotestamentário, p.70., Lourenço
Stelio REGA; Johannes BERGMANN, Noções do Grego Bíblico, p.138.
13
Barbara FRIBERG; Timothy FRIBERG, Op. Cit. p.614., F. Wilbur GINGRICH, Frederick W. DANKER,
Op.Cit. p.164., Carlos Osvaldo PINTO, Bruce M. METZGER, p. 90.
14
William Douglas CHAMBERLAIN, Op. Cit. p.110., Carlos Osvaldo C. PINTO, Op.Cit. p.32., Lourenço
Stelio REGA; Johannes BERGMANN, Op.Cit. p.269.
10
v.7
evrrizwme,noi – Verbo particípio perfeito, passivo, nominativo, masculino, 2º pess. do
plural (r`izo,omai – enraizar, sólido, firme) – tendo sido enraizados.15 O verbo no
particípio perfeito indica um estado que é resultado de uma ação acontecida no
passado (não determinado). A voz passiva refere-se ao sujeito sofrendo a ação do
agente. O “masculino” é seu gênero. Por estar na 2º pessoa do plural, indica ,
portanto, o sujeito da frase, “vós”.16
v.8
sulagwgw/n – Verbo particípio presente, ativo, nominativo, masculino singular
(sulagwge,w – levar como cativo, escravizar)21 – leva como cativo. O particípio
presente, simplesmente descreve uma ação ou um estado presente. No caso deste
15
Barbara FRIBERG; Timothy FRIBERG, Op. Cit. p.614., F. Wilbur GINGRICH, Frederick W. DANKER,
Op.Cit. p.184., Carlos Osvaldo PINTO, Bruce M. METZGER, p. 92., Walyr C. LUZ, Op.Cit. p.706.
16
William Douglas CHAMBERLAIN, Op. Cit. p.106., Lourenço Stelio REGA; Johannes BERGMANN, Op.Cit.
p.227., Leonardo SCHALKWIJK, Op.Cit. p.48.
17
Barbara FRIBERG; Timothy FRIBERG, Op. Cit. p.614., F. Wilbur GINGRICH, Frederick W. DANKER,
Op.Cit. p.84., Walyr C. LUZ, Op.Cit. p.706.
18
William Douglas CHAMBERLAIN, Op. Cit. p.106., Lourenço Stelio REGA; Johannes BERGMANN, Op.Cit.
pp.225,226., Leonardo SCHALKWIJK, Op.Cit. p.48.
19
Barbara FRIBERG; Timothy FRIBERG, Op. Cit. p.614., F. Wilbur GINGRICH, Frederick W. DANKER,
Op.Cit. p.42.
20
William Douglas CHAMBERLAIN, Op. Cit. p.106., Lourenço Stelio REGA; Johannes BERGMANN, Op.Cit.
pp.225,226., Leonardo SCHALKWIJK, Op.Cit. p.48.
21
Barbara FRIBERG; Timothy FRIBERG, Op. Cit. p.614., F. Wilbur GINGRICH, Frederick W. DANKER,
Op.Cit. p.195.
11
verbo, trata-se de uma ação presente. A voz ativa, apenas apresenta o sujeito em
ação. O “masculino” é seu gênero.22 O singular refere-se ao sujeito da frase.
v.6
parela,bete de paralamba,nw – tomar para si, eu recebo – Em todos os escritos de
Paulo esta palavra ocorre somente no sentido de “receber”. Porém, nos Evangelhos
e em Atos dos Apóstolos ela ocorre nos sentidos de “receber, tomar, chamar,
cuidar”. Esta palavra é, certamente, a junção da preposição para, “ao lado de, diante
de”, mais o verbo lamba,nw “tomar, receber”. Originalmente, o verbo lamba,nw
significa “agarrar, apanhar, agarrar-se firmemente em”. Porém, paralamba,nw tem o
significado original de “tomar posse”. Geralmente, no Novo Testamento,
especialmente nas cartas de Paulo, paralamba,nw traz o sentido de “receber um
ensino”. Este é o mesmo sentido de paralamba,nw na LXX, onde está ligado ao
sentido de “receber uma tradição ou um ensino” como os ensinos filosóficos ou
mesmo da Torá. No geral, portanto, esta palavra significa “receber um ensino” de
algum professor.23
No contexto de Colossenses 2:6, o sentido de “receber a Cristo” é o de ter
conhecimento de Cristo por meio do ensino e da instrução que estes cristãos
receberam. Um sentido mais literal seria o de “tomar ao lado” os ensinamentos
recebidos sobre Cristo (ver Cl.1:7).
22
Johannes BERGMANN, Op.Cit. pp.225,226., William Douglas CHAMBERLAIN, Op. Cit. p.105.
23
Concordância Fiel do Novo Testamento, vols.I,II., B. SIEDE em Lothar COENEN, Colin BROWN,
Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol.II, pp.2527-2533., Marvin R. VINCENT, Word
Studies in the New Testament, vol.III, p.484., Fritz RIENECKER; Cleon ROGERS, Chave Lingüística do Novo
Testamento Grego, p.424., Carlos Osvaldo C. PINTO, Op.Cit. p.49., T.K. ABBOTT, The International Crirical
Commentary – A Critical and Exegetical Commentary on the Epistles to the Ephesians and to the Colossians,
p.244.
12
até “preocupar-se” (Hb.13:9). Esta palavra é a junção da preposição peri, “em volta
de, em redor de”, mais o verbo pate,w “pisar,pisotear”. Originalmente esta palavra
tinha o sentido de “perambular, parar”, como alguém que anda de um lado para o
outro em um mercado. Somente a partir do I século, com Filodemo, é que se adquire
o sentido de “conduta de vida”. Nos escritos de Paulo, como observou-se acima,
esta palavra é usada no sentido de “conduta de vida, modo de viver” (c.f. ICo.4:17). 24
Este é o sentido de peripate,w em Colossenses 2:6, isto é, uma conduta de
vida segundo a vontade de Cristo. Pode-se dizer que o “andar em Cristo” é também
o sentido de conduzir-se em sua presença, ou seja, “viver em volta” de Cristo. O que
Paulo pede aos de Colossos é que eles vivam de acordo com o ensino que
receberam a respeito de Cristo.
v.7
evrrizwme,noi de r`izo,omai – enraizar, sólido, firme – Esta palavra, com esta forma,
somente aparece nos escritos de Paulo, em Efésios 3:17 e Colossenses 2:7. Ela
pode ser usada para referir-se tanto à raiz das árvores, como metaforicamente. Ela
traz a conotação de algo firme e que é fundamental para a vida, como é o caso das
árvores. No entanto, esta palavra também é usada, metaforicamente, para referir-se
ao alicerce de um edifício, mostrando, assim, firmeza, solidez.
Este é o sentido que Paulo usa, referindo-se ao alicerce de um edifício. Paulo
costuma usar juntas as idéias de “lavoura, raiz, plantar” com a idéia de edifício,
referindo-se à forte raiz que serve de base para plantas assim como para prédios
(ver ICo.3:1-14).25
24
Concordância Fiel do Novo Testamento, vols.I,II., Fritz RIENECKER; Cleon ROGERS, Op.Cit.p.424., G.
EBEL em Lothar COENEN, Colin BROWN, vol.I, Op.Cit.pp.135-137., Carlos Osvaldo C. PINTO, Op.Cit.
p.49., T.K. ABBOTT, Op. Cit. p.244.
25
Concordância Fiel do Novo Testamento, vols.I,II., Fritz RIENECKER; Cleon ROGERS, Op.Cit.p.424., E. M.
EMBRY em Lothar COENEN, Colin BROWN, vol.I, Op.Cit.pp.163-168., Marvin R. VINCENT, Op.Cit.
pp.484,485.
13
Edificar-se, no contexto do Novo Testamento, traz a idéia da comunhão que deve
haver entre Deus e seu povo, entre os irmãos e a comunhão que há do povo de
Deus com os apóstolos e profetas.26
Paulo fala aos colossenses que sejam edificados mutuamente, pela
comunhão com Cristo e pela unidade entre os irmãos e os apóstolos e profetas.
Certamente, Paulo fala neste sentido, referindo-se ao ensino que os de Colossos
receberam do próprio Deus pela instrumentalidade de apóstolos e profetas (ver
Ef.2:19-21).
14
sendo um corpo de doutrinas ou confissões daquilo que a igreja acreditava como
doutrina e que está intimamente ligado com o ensino desta doutrina ou desta fé
(Hb.6:1).28
O sentido que Paulo emprega nesta passagem é, certamente, a “fé” como
sendo um corpo de doutrinas ou ensinamentos recebidos a respeito de Cristo,
concordando com parela,bete “vós recebestes” (v.6) e a frase seguinte kaqw.j
evdida,cqhte( “conforme fostes ensinados”, certamente por Epafras (Cl.1:7). 29
v.8
sulagwgw/n de sulagwge,w – levar como cativo, escravizar – Esta é a única vez que
esta palavra é usada em todo o Novo Testamento, e que foi traduzida por “enredar”.
Originalmente, esta palavra deriva do verbo sula,w que significa “tirar as armas de
um inimigo morto” ou mesmo “desnudar, privar, despojar secretamente”. sulagwge,w
no entanto, significa “roubar, carregar como despojo ou cativo”.
O apóstolo Paulo usa esta figura, de um escravizador, para referir-se aos
falsos mestres que querem desviar os crentes em Jesus Cristo para a escravidão do
erro. Marvin R. Vincent observa que esta é uma expressão muito forte para referir-se
ao trabalho dos falsos mestres que ameaçavam aquela comunidade. 31
28
Concordância Fiel do Novo Testamento, vols.I,II., Fritz RIENECKER; Cleon ROGERS, Op.Cit.pp.424, 425.,
O. MICHEL em Lothar COENEN, Colin BROWN, vol.I, Op.Cit.pp.809-820.
29
Ver T.K. ABBOTT, Op. Cit. p.245.
30
Concordância Fiel do Novo Testamento, vols.I,II., H. H. ESSER em Lothar COENEN, Colin BROWN, vol.I,
Op.Cit.pp.34-36., Marvin R. VINCENT, Op.Cit. p.485., Fritz RIENECKER; Cleon ROGERS, Op.Cit.p. 425.
15
filosofi,aj de filosofi,a, - Filosofia – Esta é a única vez em que aparece esta palavra
em todo o Novo Testamento. Esta palavra é a junção de filoj “amigo”, mais sofi,a
“sabedoria”, onde obtém-se uma tradução de filosofi,a com o sentido de “amor à
sabedoria”. A Filosofia é comumente ligada aos gregos que buscavam a verdadeira
sabedoria. Platão dizia que a Filosofia é o conhecimento da realidade. No entanto,
nas religiões de mistério, como o gnosticismo, o verdadeiro conhecimento não está
ligado ao conhecimento racional, mas ao “espiritual” ou religioso. Para Filo e Josefo
a Filosofia está ligada à religião, como o Judaísmo.
O problema que Paulo enfrenta em Colossos é, certamente, não uma
Filosofia tradicional do pensamento grego, mas uma religião que, sob forma
especulativa, era ensinada por falsos mestres, através de um ascetismo ou uma
espécie de gnosticismo(?) advindo do Judaísmo (um Judaísmo Gnóstico), e que foi
ligada ao Cristianismo, caracterizando uma religião de mistério. T.K. Abbott afirma
que esta “filosofia” estava ligada aos ensinos do Judaísmo aos gentios. Esta palavra
deve ser associada com stoicei/a para melhor compreensão. Talvez esta Filosofia
esteja se referindo às pressões, de um modo geral, que os de Colossos sofriam por
parte de falsos mestres (Cl.2:18).32
31
Concordância Fiel do Novo Testamento, vols.I,II., N. HILLYER em Lothar COENEN, Colin BROWN, vol.II,
Op.Cit.p.2155., Marvin R. VINCENT, Op.Cit. p.485., Fritz RIENECKER; Cleon ROGERS, Op.Cit.p. 425., T.K.
ABBOTT, Op. Cit. p.246.
32
Concordância Fiel do Novo Testamento, vols.I,II., H. WEIGELT em Lothar COENEN, Colin BROWN, vol.II,
Op.Cit.pp.2176-2179., Marvin R. VINCENT, Op.Cit. p.486., T.K. ABBOTT, Op. Cit. pp.246.247.
33
F. Wilbur GINGRICH, Frederick W. DANKER, Op.Cit. p.193.
16
conjunto de ensinamentos Paulo chama de stoicei/a e de filosofi,aj. Marvin Vincent
observa que todos estes preceitos dos falsos mestres são os “ensinos
rudimentares”, caracterizados, por exemplo, em Colossenses 2:21. Trata-se,
portanto, de vários “elementos, componentes” ensinados pelos falsos mestres. 34
34
Concordância Fiel do Novo Testamento, vols.I,II., H.H. ESSER em Lothar COENEN, Colin BROWN, vol.I,
Op.Cit.pp.1165-1167., Marvin R. VINCENT, Op.Cit. p.486., Fritz RIENECKER; Cleon ROGERS, Op.Cit.p.
425., T.K. ABBOTT, Op. Cit. pp.247,248.
17
CAPITULO TRÊS
ANÁLISE LITERÁRIA
35
A Bíblia Sagrada., tradução Revista e atualizada no Brasil., Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
36
A Bíblia de Jerusalém, nova versão, revista, São Paulo, Editora Paulus, 1985.
37
Bíblia Sagrada Nova Versão Internacional, São Paulo, Editora Vida, 2000.
38
Santa Biblia, versión Reina-Valera, Edición Misionera, Sociedades Biblicas Unidas, 1995.
39
The Greek New Testament, Fourth Revised Edition, in cooperation with the Institute for New Testament
Textual Research, Münster/Westphalia, Deutsche Bibelgesellschaft, United Bible Societies, Biblia-Druk,
Germany, Stuttgart, 1994.
40
Novum Testamentum Graece – Nestlé-Aland, Editione vicesima septima revisa, Deutsche Bibelgesellschaft,
2001.
18
3.2 Natureza Literária
19
que é o Senhor, conforme o ensino recebido, os colossenses deveriam andar, uma
vez que nele (em Cristo) foram enraizados e nele estavam sendo edificados (vs.6,7).
Todas estas coisas deveriam ser acompanhadas de um ato: “...crescendo em ações
de graças” (v.7).
Em seguida, o apóstolo passa a exorta-lhes do perigo que rondava a
comunidade da igreja colossense. Pessoas podiam enreda-los (escraviza-los) com
filosofias e vãs desejos enganosos, que estavam em conformidade com as tradições
dos homens e com os elementos rudimentares do mundo, e que, portanto, faziam
oposição ao ensino recebido acerca de Cristo (v.8).
45
ver 1.4 Propósito do autor.
20
21
CAPITULO QUATRO
46
Ver Contexto Histórico Geral em 1.4 Propósito.
47
H.E. DANA, O Mundo do Novo Testamento, pp.196-205., Robert H. GUNDRY, Op.Cit. pp.39,40.
22
oposição entre matéria e espírito. Como conseqüência, eram adeptos de um rigor
ascético que procurava na mortificação da carne, a verdadeira espiritualidade (cf.
Cl.2:20-23). Estes eram contra a ressurreição do corpo, pois sendo o corpo matéria,
é, portanto, má e deve ser destruída. O cristianismo, no II século especialmente,
muito sofreu por influência do gnosticismo. Estes apregoavam que Cristo não
ressuscitara em carne, sendo que o próprio Cristo tinha aparência de homem, mas
não era homem. Certamente, estes ensinos pré-gnósticos muito estavam
influenciando a igreja em Colossos (cf. Cl.2:8,9; 1:15). 48
Este era, certamente, o contexto da igreja para quem o apóstolo Paulo
escreve. Uma gama de ensinos de religiões pagãs estavam entrelaçadas com os
ensinos do cristianismo. As semelhanças com o cristianismo, certamente tornara as
coisas mais difíceis, pois se revestiam de uma capa de verdadeira espiritualidade,
mas nada tinham a ver com o verdadeiro ensino recebido a respeito de Jesus
(Cl.2:6-8).
48
Robert H. GUNDRY, Op.Cit. pp.41,42., James I. PACKER, Merril C. TENNEY, William WHITE JR, O
Mundo do Novo Testamento, p.177.
23
CAPITULO CINCO
SITZ IM LEBEN
Como já foi visto no Contexto Histórico Geral deste trabalho, o apóstolo Paulo
escreveu a carta aos Colossenses quando estava sobre prisão domiciliar em Roma
(At.28:16-31). Seu aprisionamento foi causado quando o apóstolo foi acusado,
falsamente, de ter permitido a entrada de gentios no Templo de Jerusalém, algo
totalmente proibido, sob a ameaça de ser morto (At.21:27-29). Para evitar tumulto,
Paulo foi preso pela guarda romana. Sua acusação era o de tentar causar revolta
civil e profanar o santo Templo (At.24:1-9). O período em que Paulo estava preso foi
enquanto aguardava para expor sua situação ao próprio César. 49
Algo muito claro que se percebe ao ler a carta de Paulo aos Colossenses era,
sem dúvidas, a imensa estima que Paulo tinha pelos de Colossos, mesmo sem
conhece-los (Cl.2:1). Sua estima é também demonstrada através da própria
preocupação que o motiva a escrever esta carta, pois além da própria carta, Paulo
também ora pela igreja colossense (Cl.1:9-12). 50
Sendo assim, o Sitz im Leben de Colossenses 2:6-8 é a própria situação
“física” do apóstolo Paulo, isto é, seu aprisionamento em Roma, bem como sua
preocupação a respeito do problema ocorrido na igreja de Colossos, motivado pela
imensa estima do apóstolo por eles.
49
James I. PACKER, Merril C. TENNEY, William WHITE JR, Op. Cit. pp.173-175., William L. COLEMAN,
Manual dos tempos e costumes bíblicos, 315-317.
50
James I. PACKER, Merril C. TENNEY, William WHITE JR, Op. Cit. pp.178.
24
CAPITULO SEIS
ARGUMENTAÇÃO TEOLÓGICA
Como já foi observado anteriormente, o apóstolo Paulo escreve esta carta aos
Colossenses devido à grande estima que tinha para com a igreja que lá estava,
muito embora, não fora ela obra de seu trabalho missionário de forma direta, mas
fruto do ensino de Epafras (Cl.2:1; 1:7-12), e é baseado nisto, que Paulo lhes
escreve para alertar-lhes sobre um perigoso ensino que estava adentrando àquela
igreja gentílica. Este perigoso ensino que, como denominam alguns de “a heresia
colossense” era, na realidade, um ensino puramente sincretista que, atrelado aos
ensinos da fé cristã ameaçavam a vida espiritual dos crentes e a sua comunhão com
o único e verdadeiro Deus e Senhor: Jesus Cristo.
Extremamente preocupado com esta situação que ameaçava a vida desta
comunidade composta, em sua maioria, de gentios vindos do paganismo, Paulo
passa a lembrar-lhes da suficiência de Cristo em total detrimento dos ensinos
sincretistas que lá estavam infectando a comunidade cristã de Colossos.
O trecho de Colossenses 2:6-8, o qual nos propomos a exegetizar, é de
grande importância, pois encontra-se no que se pode dizer de a transição onde o
apóstolo Paulo, após lançar suas bases, começa a combater de forma mais direta o
ensino sincretista vigente naquela igreja. Assim sendo, neste pequeno, mas
significativo trecho da carta de Paulo aos Colossenses, o apóstolo apresenta dois
argumentos básicos no combate aos ensinos sincretistas: a) a supremacia e
suficiência da pessoa de Jesus; b) a conseqüente inutilidade dos ensinos
sincréticos, tendo neste ínterim (c) o significado da verdadeira espiritualidade.
25
pelo apóstolo para indicar este “recebimento”, não parece ser este o sentido
pretendido pelo apóstolo.
O verbo parela,bete (receber) de paralamba,nw, indica um recebimento de forma
instrutiva, isto é, algo recebido através do ensino. Geralmente, no Novo Testamento,
especialmente nas cartas de Paulo, paralamba,nw traz o sentido de “receber um
ensino”. Este é o mesmo sentido de paralamba,nw na LXX, onde está ligado ao
sentido de “receber uma tradição ou um ensino” como os ensinos filosóficos ou
mesmo da Torá. No geral, portanto, esta palavra significa “receber um ensino” de
algum professor. Logo, o sentido em que o apóstolo Paulo faz uso de paralamba,nw é
no sentido de haverem os colossenses recebido um ensino, como uma tradição. 51
Neste contexto de Colossenses 2:6, o sentido de “receber a Cristo” é o de ter
conhecimento de Jesus por meio do ensino e da instrução que estes cristãos
receberam. Um sentido mais literal seria o de “tomar ao lado” os ensinamentos
recebidos sobre Cristo por meio de Epafras (ver Cl.1:7). O comentarista F.F. Bruce
observa que esta tradição recebida por ensinos apostólicos está em total oposição à
tradição dos homens no versículo 8, 52 tradição esta, que será melhor observada
mais adiante.
Mas o que seria esta tradição recebida a respeito de Jesus? o apóstolo
continua dizendo que os colossenses haviam já “recebido”, como um ensino advindo
de uma tradição apostólica, a Jesus, isto é, Jesus lhes fora apresentado de duas
maneiras: como o Cristo (Cristo.n) e o Senhor (ku,rion). Para se compreender melhor
este ensino de tradição apostólica faz-se necessário observar quais os sentidos
destas palavras.
O significado de Cristo,j para referir-se a Jesus, indica ser este, de fato, o
Messias, isto é, o Cristo ou o ungido de Deus. O sentido disto é que Jesus é o
Messias, não no sentido político, como era esperado pelos judeus, mas em termos
de história da salvação que agora produzia frutos em todo o mundo (Cl.1:6), afora do
mundo judaico apenas. Este também tem a conotação de ser Jesus o filho de Davi
da esperança messiânica judaica. No período do Antigo Testamento os reis eram
ungidos como a aprovação de Deus para governar seu povo (ISm.10:1-8; IISm.2:1-
7; IRs.1:32-40). O sentido, portanto, de Jesus como o Cristo,j, traz a conotação de
51
Ralph P. MARTIN, Op.Cit. pp.87,88., F.F. BRUCE, The New International Commentary on the New
Testament – The Epistles to the Colossians to Philemon and to the Ephesians, p. 93.
52
F.F. BRUCE, Op.Cit. p.93.
26
ser ele o rei da comunidade dos fiéis e o salvador não somente de judeus, mas
também de gentios.53
O outro termo usado por Paulo para referir-se à pessoa de Jesus é o termo
ku,rioj “Senhor”. Este é um termo muito usado e conhecido no mundo gentílico para
referir-se não somente a pessoas de projeção social, como um nobre, mas também
para referir-se a um deus. É importante notar também que este é o mesmo termo
usado na Septuaginta (LXX) para traduzir o nome próprio de Deus onde
hw"÷hy> = ku,rioj. Com isto, o ensino que Paulo quer trazer à memória dos
colossenses é o fato de que Jesus não é simplesmente ou somente um homem,
mas que também é Deus, pois como se invoca a Deus, deste modo se pode invocar
a Jesus como o Deus verdadeiro (ICo.1:2; 5:4), bem como a este nome, Jesus,
deve-se render toda a glória (IITs.1:22). Jesus não é um rival do Deus do Antigo
Testamento, antes é um só com ele, como afirma Leon Morris: “Não há oposição
nem rivalidade, mas uma unidade profunda e perfeita”. 54 Com isto, Paulo relembra-
lhes o que eles já haviam recebido através do ensino da tradição apostólica, o fato
de que Cristo é Deus, pois o termo ku,rioj para referir-se a Jesus, aponta para a sua
divindade e supremacia como o Deus verdadeiro que, como Deus, tem todos os
atributos referentes à sua divindade (Rm.9:5; IITs.1:12; Tt.2:13; IICo.8:9; Gl.4:4;
Fp.2:6) como, por exemplo, sua pré-existência (Cl.1:17, cf. IICo.8:9; Gl.6:4). Isto é
percebido de forma mais clara no hino cristológico de Paulo em Colossenses 1:15-
20 (cf.Fp.2:5-11) onde Jesus é visto como o criador de todas as coisas, mostrando
ser ele o Deus criador e Senhor (dono) de todo o cosmos (toda a criação) (ver
também Cl.2:9).55
O que se pode concluir, portanto, é que o ensino que os crentes de Colossos
receberam, como tradição apostólica, a respeito de Jesus, é que este é o Messias
(Cristo,j), o ungido de Deus, o rei soberano do seu povo, bem como este é o Senhor
(ku,rioj) de toda a criação, o Deus verdadeiro, o Senhor em seu sentido absoluto, de
todas as coisas. Este ensino centrava-se, portanto, na pessoa de Jesus, de quem
53
Leonhard GOPPELT, Teologia do Novo Testamento, pp.185-188., Louis BERKHOF, Teologia Sistemática,
pp.312,313., Oscar Cullmann faz uma consistente avaliação sobre o termo referente à Jesus, ver Oscar
CULLMANN, Cristologia do Novo Testamento, pp.149-179.
54
Leon MORRIS, Teologia do Novo Testamento, p.53.
55
Leon MORRIS, Op.Cit. pp.49-60., George Eldon LADD, Teologia do Novo Testamento, pp.574-576., L.
CERFAUX, Cristo na Teologia de Paulo, pp.356-370., Leonhard GOPPELT, Op.Cit. pp.328-333., Cullmann faz
uma extensa discussão sobre o sentido de ku,rioj apresentando inclusive as várias teorias como a conhecida
teoria de Bousset, ver Oscar CULLMANN, Op.Cit. pp.257-309., C.F.D. MOULE, The Cambridge Greek
Testament Commentary, pp.89,90.
27
ele é: o ungido de Deus e o Deus verdadeiro (o mesmo do Antigo Testamento) e
Senhor absoluto.56
É com base neste argumento que o apóstolo passa a falar-lhes de como eles
deveriam proceder. Uma vez que eles haviam recebido a Jesus, através do ensino
apostólico, como sendo o Messias e o Deus verdadeiro, deste modo este ensino
deveria refletir em suas vidas cotidianas. Paulo então diz: “andai nele” (evn auvtw/|
peripatei/te). Antes, porém, de se entender o significado de evn auvtw/| peripatei/te é
necessário primeiramente compreender-se a raiz desta expressão, o significado
teológico de evn auvtw/|, isto é, “nele” (em Jesus, o Cristo e Senhor).
Uma forma muito comum que aparece nos escritos do apóstolo Paulo é a
expressão “em Cristo” (evn Cristw/|). Esta expressão é usada para referir-se aos
crentes em Jesus, o Cristo. Os crentes, tanto individualmente (IICo.12:2) quanto
coletivamente (Gl.1:22) estão “em Cristo”. O significado desta expressão tem a ver
com o que Cristo significa para os crentes. Ele (Jesus) é apresentado nos escritos
de Paulo como sendo o segundo Adão (ICo.15:45-49). Jesus, assim como Adão, é o
representante de uma nova humanidade. Assim como a antiga humanidade (em
Adão) foi castigada com a morte, por causa do pecado, deste modo a nova
humanidade (nova criação cf.IICo.5:17) é vivificada em Cristo (ICo.15:21,22;
cf.Rm.5:12,15-21). Cristo, portanto, é o novo Adão e representante legal dos que lhe
pertencem (a nova humanidade) (ICo.15:22). Deste modo, o que aconteceu com
Cristo, sua morte e ressurreição, os seus estavam nele, sendo ele o representante
dos que lhe pertencem (Rm.6:3-11 cf.Cl.2:12). Isto tem, como conseqüência, a
oposição que há entre o “velho homem” (em Adão) e o “novo homem” (em Cristo)
(Rm.6:6; Ef.4:22-24). Este ensino de Paulo é visto na carta aos Colossenses em
Colossenses 2:20; 3:1-4, 9,10. Estar “em Cristo”, portanto, significa pertencer a ele,
ou seja, todo genuíno cristão está “em Cristo”. Estar “em Cristo” significa dizer que
Cristo é o substituto dos seus, isto é, o pecado de seu povo foi imputado a Cristo
que pagou com a sua morte e a justiça de Cristo foi imputada ao seu povo. Os
crentes estão unidos a Cristo em sua morte e ressurreição (Rm.6). 57
Assim, com base no significado de Cristo,j e ku,rioj, e sabendo eles o
significado do estar “em Cristo”, Paulo diz: “andai nele” (evn auvtw/| peripatei/te). Isto
56
Hebert M. CARSON, The Epistles of Paul to the Colossians and Philemon – an Introduction and commentary,
p.59.
57
Leon MORRIS, Op.Cit. pp.62-64., Herman RIDDERBOS, A Teologia do apóstolo Paulo, 56-65., George
Eldon LADD, Op.Cit.pp.652-665., Leonhard GOPPELT, Op.Cit. pp.349,350., A Teologia Sistemática chama o
estar “em Cristo” de “união mística”, ver Louis BERKHOF, Op.Cit.pp.449-455.
28
tem muito a ver com o sentido de o “velho homem” em contraste com o “novo
homem”. O uso que Paulo faz do verbo peripatei/te “andai” é no sentido de “condução
de vida”, isto é, é o modo pelo qual os colossenses deveriam agir, em todo o seu
proceder de vivência era “em Cristo”. É importante afirmar aqui que sempre, nos
escritos de Paulo, este verbo é usado no sentido de “conduta de vida, modo de
viver” (c.f. ICo.4:17). Seu tempo verbal mostra que esta forma de condução de vida
é uma conseqüência do ensino recebido a respeito de Jesus, pois o verbo no
imperativo presente, além de indicar uma ordem ou uma súplica, pede que haja
continuidade de uma ação que já foi iniciada no passado.
Deste modo, os colossenses deveriam proceder ou “conduzir-se” em todo o
seu modus vivendi de maneira segundo a vontade de Jesus (cf.Cl.1:10), segundo as
obras do “novo homem” (Cl.2:11; 3:10; 4:5; Gl.5:24; IICo.5:17) e não segundo as
obras do “velho homem” (Cl.3:7,9). Viver como “novo homem” é o procedimento
ensinado pelo apóstolo aos colossenses em Colossenses 3:3-4:6. Toda a vida dos
que estão “em Cristo” deve ser vivida e conduzida nele, quer seja na família
(ICo.7:39; Ef.6:1) ou em todas as relações sociais (Fp.1:27). “Andar em Cristo”
significa proceder segundo a sua vontade, reconhecendo-o como o Cristo (Cristo,j)
(rei) e o Senhor (dono) (ku,rioj) absoluto, reconhecendo assim, a supremacia de
Jesus sobre todas as coisas.58
29
muito comun (cf. ICo.3:9; IICo.10:16). No entanto, como acontece aqui em
Colossenses 2:7, esta figura de plantação vem acompanhada da figura do edifício
(ver ICo.3:1-17). Este é o sentido que Paulo usa, referindo-se ao alicerce de um
edifício. Paulo costuma usar juntas as idéias de “lavoura, raiz, plantar” com a idéia
de edifício, referindo-se à forte raiz que serve de base para plantas assim como para
os prédios. 59
No entanto, vale enfatizar que, ao contrário do tempo verbal de “enraizados”
(evrrizwme,noi) que denota um estado que é resultado de uma ação acontecida no
passado (não determinado), segundo o sentido já visto de estar “em Cristo”, o tempo
verbal de “edificados” (evpoikodomou,menoi) trata-se de uma ação presente, ou um
processo contínuo, podendo ser traduzido como “estando sendo edificados”. 60 Deste
modo, conforme o uso de Paulo para “enraizados” (evrrizwme,noi) e “estando sendo
edificados” (evpoikodomou,menoi), a Igreja é vista por Paulo como um edifício que,
como uma planta, cresce mais e mais (ver ICo.3:9). A idéia ou a figura da Igreja
como um edifício e lavoura é, certamente, tirada como fonte por Paulo, da linguagem
usada no Antigo Testamento (Jr.24:6), pois significa Deus habitando no meio do seu
povo em seu Templo, o seu santuário (edifício) (IICo.6:16; ICo.3:16,17; Ef.2:21). 61
O que se pode concluir, portanto, é que o significado de estar “enraizado em
Cristo” significa estar incorporado em sua Igreja, conforme o sentido de estar “em
Cristo” (Ef.3:17), e tem o mesmo significado do recebimento do ensino da tradição
apostólica quanto à pessoa de Cristo (Cl.2:6; ICo.11:23; 15:1,3; Gl.1:9; Fp.4:9 etc.).
Quanto ao sentido de “estando sendo edificados” mostra ser este um processo
contínuo (Rm.14:19,20). Esta edificação progressiva ocorre, pelo menos, de duas
formas: extensiva e intensivamente. De maneira extensiva, conforme o crescimento
da Igreja espalhando-se por todo o mundo (Cl.1:6,23; Rm.1:16 etc.). De maneira
intensiva, conforme o crescimento no conhecimento da pessoa de Cristo (Cl.3:1,2;
Ef.3:18,19; 4:13).62
A base, porém, da edificação da Igreja, como santuário de Deus, está no
próprio Cristo, como sendo o principal e grande fundamento do edifício
(ICo.3:10,11), bem como sobre os apóstolos e profetas (Ef.2:20-22; Rm.15:20). É
somente com base nestes alicerces que a Igreja está a salva dos perigos de falsas
59
Herman RIDDERBOS, Op.Cit.pp.487-490., Ralph P. MARTIN, Op.Cit. p.88., F.F. BRUCE, Op.Cit. p.94.,
William HENDRIKSEN, Op.Cit. p.137.
60
O tempo é particípio presente, passivo, nominativo.
61
Herman RIDDERBOS, Op.Cit.pp.487-490.
62
Herman RIDDERBOS, Op.Cit.pp.487-495.
30
doutrinas que corrompem o verdadeiro ensino recebido acerca de Cristo (Cl.2:6-8,
Ef.4:12-14).63
O terceiro termo usado pelo apóstolo, após usar a figura do edifício para
referir-se à Igreja, é bebaiou,menoi que também denota uma ação constante,
podendo ser traduzido também como “estando sendo fortalecidos”. Este, apenas
vem a somar com a idéia do edifício ou da edificação, significando ser este,
fortalecido constantemente, isto é, tornando-se cada vez mais inabalável, conforme
o conhecimento da pessoa de Cristo. Este fortalecimento não ocorre de outra forma,
senão por meio da fé (th/| pi,stei), uma vez que th/| pi,stei é usado aqui como dativo
instrumental. Esta fé (pi,stij,) não se trata de uma fé subjetiva; é, certamente, a “fé”
como sendo um corpo de doutrinas ou ensinamentos recebidos a respeito de Cristo,
conforme a tradição do ensino apostólico, e que concorda com seu complemento
parela,bete “vós recebestes” (v.6), bem como e a frase seguinte kaqw.j evdida,cqhte(
“conforme fostes ensinados”, certamente por Epafras, que assim recebeu conforme
a tradição apostólica (Cl.1:7).64
Toda esta edificação e fortalecimento, tendo o corpo de doutrinas (a fé),
conforme o ensino dos apóstolos acerca de Cristo, como o meio pelo qual deveriam
ser edificados, Paulo lhes diz que tudo isto deve vir acompanhado de um importante
elemento: a “ação de graças” (perisseu,ontej evn euvcaristi,a|)Å Esta palavra
(euvcaristi,a), em todo o Novo Testamento, somente ocorre no sentido de “agradecer,
ser grato”. Em Colossenses ocorre duas vezes: Cl.2:7;4:2, sempre no mesmo
sentido de gratidão. Originalmente, este substantivo deriva da palavra car ou ca,rij,
dando assim o sentido de um sentimento que expressa “alegria”. Ela é composta
com o euv que significa “bem, corretamente, muito”. Esta palavra é principalmente
usada pelo apóstolo Paulo, especialmente no início de suas cartas onde ele é grato
a Deus por seus destinatários (cf. Cl.1:3,4; ICo.1:4 etc.). O sentido que Paulo
expressa em Colossenses 2:7 é, portanto, o de “gratidão”, fruto de um sentimento de
“muita alegria”, certamente pelo que Deus realizara por meio de Cristo (ver Cl.1:12).
Ser grato, para Paulo, era parte essencial na vida cristã. Deste modo, Paulo lhes
exorta serem gratos a Deus por Jesus, por o reconhecerem como o Cristo e o
Senhor absoluto. 65
63
Herman RIDDERBOS, Op.Cit.p.490.
64
Hebert M. CARSON, OP.Cit.p.60., C.F.D. MOULE, Op.Cit.p.90.
65
William HENDRIKSEN, Op.Cit. pp.137,138., Ralph P. MARTIN, Op.Cit. p.89., F.F. BRUCE, Op.Cit. p.94.
31
Após lançar todos estes argumentos, com base neste ensino apostolar, Paulo
passa a alertar-lhes do perigo que rondava a igreja colossense.
66
C.F.D. MOULE, Op.Cit.p.90., Ralph P. MARTIN, Op.Cit. p.89., Hebert M. CARSON, OP.Cit.p.61.
32
O primeiro elemento, “Filosofia” (filosofi,aj), muito embora faça lembrar o
ensino dos gregos da Filosofia tradicional, 67 não é usada aqui neste sentido pelo
apóstolo Paulo. William Hendriksen diz que “qualquer sistema elaborado de
pensamento e/ou disciplina moral era, naqueles dias, chamado de uma filosofia”. 68 É
neste sentido que o apóstolo usa aqui o termo filosofi,aj. Esta palavra certamente
está ligada com o ultimo elemento usado por Paulo ao final do versículo, os
elementos rudimentares do mundo (stoicei/a tou/ ko,smou), como será visto mais
abaixo. Esta “filosofia”, portanto, é a elaboração dos ensinos sincréticos que
estavam escravizando os colossenses a uma mentira que não concordava com a
tradição apostólica recebida a respeito de Cristo. Esta “filosofia” tinha como fonte o
segundo elemento apresentado por Paulo: o vazio desejo enganoso (kenh/j avpa,thj),
mostrando desta forma a inutilidade de tais ensinos.
Estes ensinos, prossegue Paulo, não estavam de acordo com a tradição
recebida dos apóstolos a respeito da pessoa de Jesus, mas sim de acordo com a
tradição dos homens (para,dosin tw/n avnqrw,pwn) que assim fazia oposição à tradição
apostolar. Esta tradição dos homens pode ser vista perfeitamente nos rituais e
cerimonialismos de fundamentação ascética e pré-gnóstica que, certamente,
estavam influenciando muitos crentes fazendo-os desviar da verdade (ver por
exemplo Cl.2:14-23).69 Com isto, o apóstolo Paulo usa outro complemento para
reforçar esta idéia: os elementos rudimentares do mundo (stoicei/a tou/ ko,smou).
Muito tem-se discutido sobre o que vira a ser o termo stoicei/a neste trecho da
carta de Colossenses. Esta palavra ocorre duas vezes em Colossenses, ambas no
sentido de “rudimentos” (Cl.2:8,20). Originalmente, esta palavra deriva de stoicoj
“fileira, fila linha”. stoicei/a, no entanto, traz o significado de “elemento” ou
“componente”. Alguns eruditos, como Ralph Martin, afirmam que esta stoicei/a tou/
ko,smou refere-se ao culto de anjos ou poderes demoníacos que substituíam a Jesus
como o único e suficiente mediador entre Deus e os homens (Cl.2:18). 70 No entanto,
olhando para o contexto da própria carta, verifica-se de forma muito clara que o
apóstolo Paulo combate, na realidade, todo um sistema de ensino sincrético que
para nada servia, senão para desviar os fiéis do verdadeiro ensino recebido através
da tradição apostolar. Este contexto muito se assemelha ao contexto da carta de
67
ver análise de termos chaves do versículo 8.
68
William HENDRIKSEN, Op.Cit. p.139.
69
William HENDRIKSEN, Op.Cit. p.139., Ralph P. MARTIN, Op.Cit. p.89.
70
Ralph P. MARTIN, Op.Cit. p.90.
33
Paulo aos Gálatas, onde também este termo ocorre para referir-se ao falso ensino
dos judaizantes que queriam desviar aqueles crentes da verdade da suficiência de
Cristo levando-os também a um estado de escravidão (ver Gl 4:3,9).
O que se pode concluir, portanto, é que o apóstolo Paulo usa stoicei/a tou/
ko,smou para referir-se às ordenanças religiosas que estão em paralelo com as
“filosofias” (filosofi,aj) e a “tradição dos homens” (para,dosin tw/n avnqrw,pwn) que de
nada servem para a verdadeira vida cristã. São formas escravizadoras e sem valor
algum para os que estão em Cristo. Paulo, portanto, refere-se a um conjunto de
ensinamentos de falsos mestres, ou como afirma T.K. Abbott: trata-se de “o A B C
de instrução religiosa” e acrescenta que tou/ ko,smou refere-se àquilo que é
“mundano” ou “humano” (para,dosin tw/n avnqrw,pwn). A este conjunto de
ensinamentos sincréticos Paulo chama de stoicei/a de filosofi,aj e para,dosin tw/n
avnqrw,pwn. Marvin Vincent também observa que todos estes preceitos dos falsos
mestres são os “ensinos rudimentares”, caracterizados, por exemplo, em
Colossenses 2:21. Trata-se, portanto, de vários “elementos, componentes,”
ensinados pelos falsos mestres.71
Estes ensinos, conseqüentemente, faziam oposição ao ensino recebido, como
tradição apostólica (Cl.1:7), bem como também faziam oposição ao próprio Cristo
(kai. ouv kata. Cristo,n\). O ensino destes falsos mestres tinha por objetivo
unicamente, “a tendência de lavar os homens para longe de Cristo, de enfraquecer
sua confiança nele como todo-suficiente salvador. Não se harmoniza com a
plenitude que os crentes possuem nele.”72
CONCLUSÃO
71
ver análise dos termos chaves do versículo 8., C.F.D. MOULE, Op.Cit.pp.90-92., William HENDRIKSEN,
Op.Cit. pp.139-141., Hebert M. CARSON, OP.Cit.p.63., Marvin R. VINCENT, Op.Cit. p.486., T.K. ABBOTT,
Op. Cit. pp.247,248., G. DELLING em Theological Dictionary of the New Testament, p.1088.
72
William HENDRIKSEN, Op.Cit. p.141.
34
O apóstolo Paulo expõe aos colossenses, em Colossenses 2:6-8, o seu
assunto principal, isto é, o motivo que o levou a escrever a carta. Ele lhes escreve
com o intuito de alertar-lhes da inutilidade e invalidez dos ensinamentos sincréticos
(v.8). Mais do que isto, o apóstolo escreve para mostrar-lhes a suficiência da pessoa
de Jesus como sendo o Cristo (ungido) de Deus e o Senhor absoluto de todas as
coisas; o Deus verdadeiro que é suficiente para salvar o homem (v.6).
Conclui-se, desta forma, que o que o apóstolo Paulo pretende em
Colossenses 2:6-8 é mostrar aos colossenses que o conhecimento da pessoa de
Jesus é suficiente para se ter uma verdadeira vida espiritual (vs.6,7). A verdadeira
vida cristã não está em cumprir regras que têm aparência de piedade, mas está em
conhecer a Jesus como o Cristo e Deus verdadeiro. A verdadeira vida cristã,
portanto, deve estar embasada no conhecimento que se tem da pessoa (e obra) de
Jesus, o Cristo e Senhor de toda a criação. O conhecimento da pessoa (e obra) de
Cristo é suficiente a todos que verdadeiramente são conhecidos como cristãos.
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