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CAPÍTULO 4
4.1 – Considerações
No capítulo anterior foram deduzidas as equações gerais e, portanto, exatas das linhas de
transmissão. Para tanto, consideramos os parâmetros elétricos das linhas como uniformemente
distribuídos, o que, como veremos, mesmo não sendo rigorosamente exatos, não invalida as
expressões obtidas. Nos cálculos das linhas de transmissão, procura-se, em geral, obter valores
de tensões, correntes, potências etc. com erros inferiores a 0,5% e é essa precisão que dita,
geralmente, a necessidade de emprego de processos mais ou menos exatos e, por conseguinte,
mais ou menos trabalhosos. Esses processos, veremos, todos deriváveis do processo analítico
rigoroso, apenas admitem hipóteses simplificativas quanto a necessidade ou não de se
considerarem todos os parâmetros distribuídos ou não. A relação entre o comprimento real da
linha ℓ [km] e o seu comprimento de onda λ [km] é fundamental na escolha dos processos de
cálculo: quanto maior essa relação mais rigoroso deverá ser o processo de cálculo.
Linhas de transmissão de energia elétrica normalmente fazem parte de sistemas elétricos
mais ou menos complexos e, como tal, devem ser representáveis através de seus circuitos
equivalentes ou modelos matemáticos, donde a necessidade de fazê-lo de forma mais simples e
racional compatível com o grau de precisão almejado.
As equações, conforme foram deduzidas no capítulo anterior se apresentam de forma
pouco prática para uso em cálculos correntes. Prova disso tivemos através de alguns exercícios
apresentados. Veremos agora, através de hipóteses simplificativas devidamente justificadas,
como poderemos representar as linhas através de circuitos elétricos equivalentes e os respectivos
modelos matemáticos.
A partir de agora, a não ser que venha expressamente especificado demodo diferente,
trataremos exclusivamente de linhas aéreas trifásicas. Estas, como já foram mencionado, são,
nos modernos sistemas de energia elétrica, suficientemente equilibradas para que, em cálculo de
desempenho, possam ser representadas através de circuitos unipolares, constituídos de fase e
neutro, admitindo-se este ultimo como não possuindo parâmetros elétricos.
De um modo geral, no cálculo elétrico das linhas de transmissão objetivamos:
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As equações gerais das linhas de transmissão, Equações (3.51) e (3.52), podem ser
remanejadas e postas na forma abaixo. Nos cálculos de desempenho, normalmente o
comprimento das linhas já está especificado entre transmissor e receptor, o que nos permite,
igualmente, uma ligeira mudança de notação.
e e e e
U
U I 2 Z C [V] (4.1)
1 2
2 2
I I e e U 2 e e [A]
1 2 Z
(4.2)
2 C 2
Onde:
As Equações (4.1) e (4.2) são equações exatas das linhas de transmissão, consideradas
como parâmetros distribuídos. Conhecidas as tensões e correntes no receptor, podemos
determiná-las no transmissor. Sua solução simultânea nos dá expressões que permitem calcular
as tensões e correntes no receptor, quando são estipuladas aquelas no transmissor.
Lembrando a forma exponencial das funções hiperbólicas, as Equações (4.1) e (4.2)
podem ser postas sob a seguinte forma:
U
cosh I Z
2 Csenh [V]
U1 2
(4.3)
I I cosh U 2 senh [A] (4.4)
1 2
Z C
I I cosh U 1 senh [A] (4.6)
Z
2 1
C
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Esta forma das equações exatas é de mais fácil manejo numérico. Devemos lembrar que,
ao calcularmos βℓ, seu resultado virá em radianos sendo, pois, necessário cuidado no emprego
das Equações (4.7) e (4.8).
Vimos também que z y , portanto, z y ou ZY onde Z [ohm] é
[Siemens] é admitância total da linha. Portanto:
impedância total da linha [ohm] e Y
Y
cosh cosh Z
Y
senh senh Z
cosh 1
Z Y Z Y
2 4
(4.9)
2! 4!
ZY ZY
3 5
senh Y
Z (4.10)
3! 5!
Tabela 4.1 – Exemplo de convergência de termos das séries de cosh e senh
ℓ [km] Y
Z Z Y 2
Z Y 3
2! 3!
50 0,06447034 0,002078212 0,000044610
100 0,12894084 0,008312870 0,000357289
150 0,19341126 0,018703958 0,001205852
200 0,25788136 0,033251398 0,002858305
250 0,32235171 0,051955312 0,005558263
300 0,38682205 0,0748115650 0,009646781
350 0,45129390 0,101832413 0,015318731
400 0,51576274 0,133005600 0,022866440
ARG 84,1º 168,2º 252,3º
É o nome genérico dado àquelas linhas cujo comprimento e características sejam tais que
somente os primeiros termos de cada série tenham valor significativo. As Equações (4.9) e (4.10)
se tornam:
cosh
1
Y
senh Z
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U
U 1 I Z
ZY I Z Z
U Y
1 2 2 C 2 2
Y
U
U I Z [V] (4.12)
1 2 2
I I 1 U 2 I U 2
Z Y Z Y
I U
Y
1 2
Z
2
Z
2 2
C
Y
Y
Como, nos casos desse tipo, o produto U é muito pequeno, comparado com o valor
2
Y
de I 2 ( U << I ) e pode ser desprezado. Neste caso, a equação das correntes será
2 2
I 1 I 2 [A] (4.13)
Conclusão :
cosh 1
Z Y 2
2!
Y
senh Z Z Y 3
3!
U
U
1
2
Z Y I Z
2
Y
Z Z Y 3
1
2! 2 C 3!
I I 1
2
Z Y U
2
2 Y
Z Z Y
3
1
2!
Z 3!
c
1 ZY I Z
U
U 1 ZY [V]
1 2
2
2 6
(4.16)
I I 1 ZY U
Y 1 ZY [A]
1 2
2
2 6
(4.17)
O circuito equivalente que buscamos para as linhas médias deverá ser simples,
principalmente tendo em vista que deverá representar as linhas em circuitos bastante complexos
dos sistemas de energia. Deparamos com dois circuitos bastante conhecidos dos cursos de
circuitos elétricos.
a – Circuito Tee
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1 ZY I Z
U
U 1 ZY [V]
2
4
2
2
1 (4.18)
I I 1 ZY U
Y [A] (4.19)
1 2 2
2
b – Circuito Pi
U
U 1 ZY I Z
1 2 2 [V] (4.20)
2
I I 1 ZY U
Y 1 ZY [A]
1 2
2
2 4
(4.21)
Comparando as Equações (4.18), (4.19), (4.20) e (4.21) com as Equações (4.16) e (4.17),
verificamos serem pequenas as diferenças entre as mesmas, principalmente se considerarmos que
o produto Z Y e I
é bastante pequeno. A Tabela 4.2 dá uma idéia de diferença de valores de U
1 1
para linhas típicas, calculadas pelos três sistemas de equações.
Tabela 4.2 – Resultados comparativos dos valores calculados para uma linha típica média.
Mesmo que ambos os circuitos sejam aceitáveis, prefere-se hoje o circuito Pi como
representativo das linhas médias, pois, ao estabelecer os modelos matemáticos de grandes
sistemas, o circuito Tee obrigaria o estabelecimento de mais uma barra ou nó por linha de
transmissão incluída, o que se traduz em um aumento correspondente do número de equações no
modelo do sistema, como mostrado na Figura 4.5.
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Fig. 4.5 – Diferenças entre circuitos Tee e Pi para efeito de inclusão das linhas em sistemas de energia elétrica.
Conclusão :
- prefere-se o circuito Pi, pois o circuito Tee resulta em uma barra adicional.
São aquelas em cujo cálculo os processos das linhas curtas e médias são considerados
insuficientemente precisos para os fins desejados. Nos cálculos isolados devemos usar as
equações exatas das linhas:
U
cosh I Z
2 Csenh
U1 2
[V] (4.3)
I I cosh U 2 senh [A] (4.4)
1 2
Z C
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Sua representação nos circuitos dos sistemas de energia elétrica e sua inclusão nos
modelos matemáticos dos mesmos exigem uma representação por circuitos equivalentes.
Admitindo que o circuito Pi possa representar o circuito equivalente de uma linha longa,
desde que, em seus parâmetros elétricos, efetuemos as necessárias correções para ter em devida
as impedâncias e
conta o efeito de sua distribuição ao longo da linha. Sejam, respectivamente, Z
as admitâncias totais da linha, corrigidas devidamente, e procuremos o fator de correção a
Y
empregar. A Equação (4.20) se torna:
U 1 ZY I Z
U 1 2 2 [V] (4.22)
2
Y
Z
cosh 1
2
(4.23)
senh Z
Z
C
Y 1 cosh 1
(4.24)
2
Zc senh
Ou
1
Y
tgh [Siemens] (4.25)
2
Zc 2
1 1 z y y
Y
Z z y z y z y z y
c
Y
Y
tgh
2 2
ou
tgh
Y Y 2 Y [Siemens] (4.26)
FC 2
2 2 2
2
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ou
Z senh Z
Z FC [ohm] (4.27)
1
As Equações (4.26) e (4.27) nos permitem concluir que o circuito Pi é adequado para a
representação das linhas longas, em regime permanente, desde que os valores de Z e Y 2
sejam adequadamente corrigidos, para retratar a condição de parâmetros distribuídos. Os fatores
eY
de correção (FCi) que devem ser aplicados a Z 2 são, respectivamente:
senh
FC1
tgh
FC2 2
2
Z
Z FC1
Y
Y
FC2
2 2
Exercício 4.12 – Fuchs – Uma linha de transmissão da classe de 230 [kV] tem um comprimento
de 362 [km] de comprimento e entrega no receptor uma potência de 150 [MVA] sob fator de
potência de 90% (ind) com a tensão de 200 [kV] entre fases. Pelo processo exato, determinar
U 1 , I 1 , N
1 bem como o rendimento na transmissão. São dados:
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Solução:
362 0,52278,2 3,186.10 6 90
= z y
= 0,46784,1 = 0,0480+j0,465
z 0,52278,2
Z = 404,774-5,9 [ohm]
3,186 106 90
c
y
150
N arccos0,9 = 50 25,84 = 45 + j21,8 [MVA/fase]
2
3
I N 2 50 10 25,84 433 -25,84 [A]
6
2
U 115,47 103 0
2
U
cosh I Z
2 Csenh [V]
U1 2
(4.3)
I I cosh U 2 senh
1 2 [A] (4.4)
Z C
= 164.67223,42 [V]
U 1
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115.4700
b) I1 = 433-25,8 0,8951,38+ 0,45184,5
404,774 5,9
I = 353,37-5,17 [A]
1
U
c) N I = 164.67223,42x 353,37 5,17 = 58,1928,57 [MVA/fase]
1 1 1
P2 45
% 100% 100% 88,06%
P1 51,1
Solução:
Inicialmente iremos calcular a impedância total Z (representada pela letra z maiúscula) bem
como sua admitância total Y (representada pela letra y maiúscula), pois para a representação da
linha pelo seu circuito Π é necessário considerar seus parâmetros com valores concentrados.
Para fazermos a representação da linha pelo seu circuito Pi devemos colocar, na figura
representativa deste circuito, o valor total de Z em série e a metade do valor de Y
em paralelo.
52,278,2
Z
Y
Y
j0,1593.10-3 j0,1593.10-3
2 2
Exercício 4.2 – (Fuchs) Sendo a tensão no barramento receptor da linha igual a 135 [kV],
quando a carga no sistema é de 50 [MVA] sob cos=0,95 (ind), calcular a tensão no barramento
transmissor, bem como a potência entregue à linha usando o circuito Pi nominal. Calcular a
regulação e o rendimento da transmissão.
Solução:
I N 2 16,67 10 18,2 213,88-18,2 [A]
6
2
U 77,942 103 0
2
Temos que:
Y
Z = 52,278,2 0,3186.10-390 = 0,016662768,17 = -0,01627 + j 0,00341
Z Y
- 0,008135 + j 0,0017
2
Z Y
- 0,004068 + j 0,00085
4
Z Y
U1 U 2 1 I 2 Z
a) [V] (4.20)
2
83.476,986,735 [V]
U1
I I 1 ZY U
Y 1 ZY
b) 1 2
2
2 4
[A] (4.21)
I 1 213,88 -18,2(0,991865 + j 0,0017) +
77.942 0,3186.10-390 (0,995932 + j 0,00085)
I 1 205,68-11,54 [A]
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c) U
N I = 83.476,986,735x 205,68 11,54 = 17,1695418,275 [MVA/fase]
1 1 1
U1 U 2 83.476,98 77.942
Re g% 100% 100% 7,101%
U2 77.942
P2 15.840
% 100% 100% 97,16%
P1 16.303,55
Como vimos nos itens anteriores, uma linha de transmissão trifásica pode ser
representada por um circuito consistindo em dois terminais através dos quais a energia elétrica
entra na linha, que designamos de transmissor, e por dois terminais através dos quais a energia
elétrica deixa a linha, designados por receptor. Dadas as suas características próprias, os circuitos
que representam as linhas podem ser classificados como circuitos a dois portos ou quadripolos,
que conhecemos da teoria da análise de circuitos elétricos. De acordo com esta mesma teoria, um
circuito desse tipo pode ser definido por seis pares de equações lineares, todas elas inter-
relacionadas entre si:
(1) z (I , I )
U (4) I y (U ,U )
1 1 1 2 1 1 1 2
z (I , I )
U I y (U ,U )
2 2 1 2 2 2 1 2
(3) I g (U
, I ) (6) U h (U
, I )
1 1 1 2 1 1 2 1
g (U
U , I ) I h (U , I )
2 2 1 2 2 2 2 1
Essas equações possuem cada qual, duas variáveis independentes e duas variáveis
dependentes relacionadas entre si pelos parâmetros dos respectivos circuitos, aos quais as
seguintes restrições são impostas:
a – devem possuir apenas uma entrada e uma saída, representadas por dois pares determinais,
podendo um deles ser comum a ambos;
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c – devem ser lineares, a fim de que a sua saída (resposta) tenha a mesma forma que o estímulo
aplicado à entrada, exigindo, pois, impedâncias e admitâncias de valores constantes
independentes do valor da corrente e da tensão a elas aplicados. Estão excluídos, portanto,
reatores de núcleo de ferro, podendo incluir transformadores, desde que sua corrente de
magnetização seja considerada linear, ou mesmo desprezada;
d – devem ser bilaterais, significando que a sua resposta a um estimulo aplicado a um par de
terminais é a mesma que a um estimulo aplicado ao outro. Essa exigência exclui os retificadores
de corrente.
e I se
Escrevendo novamente as equações gerais e exatas das LT’s observamos que U 1 1
e I através de Z e Y
relacionam com U (embutidas nos cosh e senh ).Assim:
2 2
U
cosh I Z
2 Csenh [V]
U1 2
(4.3)
I I cosh U 2 senh [A] (4.4)
1 2
Z C
I I
1 2
1 2
U
U
1 2
1’ 2’
a (U
U , I ) (4.28)
1 1 2 2
I a (U
, I ) (4.29)
1 2 2 2
onde x f ( y )
y – variável independente;
x – variável dependente;
f – parâmetro elétrico do circuito.
ou
1 AU
U 2 BI
2 [V] (4.30)
I1 CU
2 DI
2 [A] (4.31)
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U 1 A B
U
2
(4.32)
I 1 C D I 2
D
U U
B
I [V] (4.33)
2 1 1
U
I C I [A]
A (4.34)
2 1 1
b (U
U , I ) (4.35)
2 1 1 1
I b ( U
, I ) (4.36)
2 2 1 1
ou
U D B U
2 1
(4.37)
I 2 C A I1
D
A (4.38)
Uma outra propriedade dos quadripolos a ser lembrada é que vale sempre:
A B
AD BC 1 (4.39)
C D
A – Linhas Curtas
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1 AU
U 2 BI
2 [V] (4.30)
U
U I Z [V] (4.12)
1 2 2
I1 CU 2 DI
2 [A] (4.31)
I 1 I 2 [A] (4.13)
1
A Z
B (4.40)
0
C 1
D (4.41)
U 1 Z U
1
2
(4.42)
I1 0 1 I2
B - Linhas Médias
1 ZY
A B 1 ZY
Z
2 4
(4.43)
Y
1 ZY
D
C 2
(4.44)
1 ZY
A Z
B
2
(4.45)
1 ZY
C 1 ZY
D
4 2
(4.46)
C – Linhas Longas
As constantes generalizadas das linhas longas poderão ser obtidas por comparação das
Equações (4.30) e (4.31) com as Equações (4.3) e (4.4), obtendo-se:
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cosh
A Z senh
B (4.47)
C
1 senh
C D cosh (4.48)
Z C
Em forma matricial:
Solução:
cosh
A 0,8951,38
A
D
A A a ja
A (4.51a)
B B b jb
B (4.51b)
C C c jc
C (4.51c)
D D A A d jd a ja
D (4.51d)
Uma vez que elas definem o comportamento das linhas em operação, devem possuir um
significado físico bem definido. Colocando as Equações (4.30) e (4.31) sob a forma:
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1 (a ja )U
U 2 (b jb )I 2 [V] (4.52)
I1 ( c jc ) U
2 (a ja )I 2 [A] (4.53)
que representamos graficamente através do diagrama da Figura 4.7, no qual usamos como
referência o fasor U 2 . Admitamos ainda que o diagrama represente a linha operando com carga
N 2.
2 P2 jQ 2 , sendo 2 o ângulo de defasamento entre I 2 e U
C’’U2
10 AU
U 2 (a ja ) U
2 (4.52a)
Onde:
no transmissor necessária para manter no receptor a tensão U .em
2 - valor da tensão U
AU 1 2
operação a vazio;
a U - componente em fase com U ;
2 2
A Equação (4.52a) nos fornece a relação entre as tensões de transmissor e receptor para a
linha operando a vazio. Esta relação é dada pela constante A A :
U10 U10 0 U10 0 A A
A
2
U U 2 0 U2
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I10 CU
2 (c jc ) U
2 (4.52b)
Onde:
2 - corrente de carga da linha;
CU
c U
- componente da corrente através da condutibilidade g;
2
c U
- corrente através da susceptância capacitiva b.
2
- admitância da linha considerando seus parâmetros distribuídos.
C
Onde:
2 - tensão necessária no transmissor para assegurar a circulação da corrente I 2 através da
BI
impedância da linha, ou seja, é a queda de tensão provocada na impedância distribuída da linha,
quando esta entrega I 2 no receptor;
b I 2 - queda de tensão através da resistência distribuída;
b I 2 - queda de tensão através da reatância indutiva distribuída;
- impedância da linha considerando seus parâmetros distribuídos.
B
I1CC DI
2 AI
2 (a ja )I 2
Onde:
2 - valor da corrente que a linha absorve no transmissor, quando em curto-circuito no receptor
AI
e excitada pela tensão U B I .
1CC 2
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A - Medições no transmissor
1 AU
U 2 BI
2 (4.30)
I1 CU
2 DI
2 (4.31)
. . . . . .
~ U1 A B C D U2
1` 2`
Fig. – Medições das constantes de quadripolo: ensaio no transmissor com o receptor em vazio.
Nas Equações (4.30) e (4.31) fazemos I 2 = 0. Dividindo a Equação (4.30) pela Equação
(4.31) resulta:
10 A
U
110
Z (4.54)
I10
C
Onde:
. .
I 1cc I 2cc
1 2
. . . . .
~ U1cc A B C D
1` 2`
Fig. - Medições das constantes de quadripolo: ensaio no transmissor com o receptor em curto-circuito.
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1CC B
U
11CC
Z (4.55)
I1CC
D
Onde:
B - Medições no receptor
D
U U
B
I [V] (4.33)
2 1 1
U
I C I [A]
A (4.34)
2 1 1
.
I2
1 2
. . . . . .
U1 A B C D U2
~
1` 2`
Fig. - Medições das constantes de quadripolo: ensaio no receptor com o transmissor em vazio.
Nas Equações (4.33) e (4.34) fazemos I1 = 0. Dividindo a Equação (4.33) pela Equação
(4.34) resulta:
20 D
U
Z 220 (4.56)
I 20
C
Onde:
Z 220 - impedância de saída no receptor quando a linha está aberta junto ao transmissor.
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. .
I 1cc I 2cc
1 2
. . . . .
A B C D U2cc ~
1` 2`
Fig. – Medições das constantes de quadripolo: ensaio no receptor com o transmissor em curto-circuito.
2CC B
U
22CC
Z (4.57)
I 2CC
A
Onde:
B
A A D
B
C 1
Z110 Z
11CC D
C D
C D
C
Igualmente:
Z110 Z 1 C 1
11CC
2
Z D
C D
D
220
Logo:
Z 220 (4.58)
D
Z 110 Z 11CC
Conhecido o valor de D , os valores das demais constantes podem ser calculadas a partir
das Equações (4.56). (4.55) e (4.54).
No caso de um circuito simétrico A D , basta então realizar as medições no
transmissor. Neste caso a Equação (4.55) se torna:
11CC B
Z (4.59)
A
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B
A A 2 B
C 1
Z110 Z
11CC
A
C C
A C
A
Z110 Z110 Z 11CC
A
A
1
C
1
2
C
C
logo
1 (4.60)
C
110 Z
Z 11CC
110 Z
podendo as demais constantes ser calculadas a partir das Equações (4.54) e (4.59).
A – Impedância em Série
Z
A B
1 Z
(4.61)
C D 0 1
B – Admitância em Paralelo Y
Y
A B
1 0
(4.63)
C D Y 1
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C – Transformadores
Circuito Tee –
Z t Y Z Y
B 1 t
Z t 1 t t
A
2 4
(4.64)
C D Y Z Y
1 t t
t
2
a – Associação em cascata
I 1
I I 2
U 1, B
A 1, C
1, D
1
,B
A ,C
,D 2
U
1 U 2 2 2 2
A
A
A 1 2 B1C 2 (4.74a)
B 1B
A 2 B
1D
2 (4.74b)
C
A
C 1 2 D11C 2 (4.74c)
B
C
D 1 2 D1 D 2 (4.74d)
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b – Associação em Paralelo
A
B
C
D
1 1 1 1
A
B
C
D
2 2 2 2
A1 B 2 B1 A 2
A (4.85a)
1 B
B 2
B1 B 2
B (4.85b)
B1 B2
A1 A 2 D 2 D1
C
C C (4.85c)
1 2 1 B
B 2
D1 B 2 D 2 B1
D (4.85d)
1 B
B 2
São compostas de um grande número de células. Cada célula poderá representar, por
exemplo, o circuito Pi nominal. Cada célula pode ser representada através de quadripolos.
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I 1 I 2
U B
A C
D
2
U Z 2
1
U2
Z [ohm] (4.86)
2
I
2
Experiências efetuadas em sistemas reais mostram que a representação das cargas por
impedância é apenas aproximada.
Na prática as concessionárias especificam as cargas em termos das demandas em
potências ativas e reativas, ou potências aparentes e seus fatores de potência correspondentes.
Essas demandas variam com o valor da tensão aplicada, porém, para efeito de cálculo, são
especificadas em relação às tensões nominais do sistema.
A partir das equações anteriormente desenvolvidas, poderemos obter equações
que relacionem as potências ativas, reativas ou aparentes, no transmissor e receptor com tensões
aí existentes. Assim, seja a definição de potência aparente:
N 2 I 2
P jQ U [VA/fase] (4.87)
onde:
1 AU
U 2 BI
2 [V] (4.30)
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I 2 U1 A U
[A] (4.88)
B 2
B
U1U 2 AU 22
P2 cos( B ) cos( B A ) [W/fase] (4.91)
B B
U1U 2 AU 22
Q2 sen( B ) sen( B A ) [Var/fase] (4.92)
B B
As Equações (4.90), (4.91) e (4.92) contem termos em que as tensões aparecem como
produtos, ou elevadas ao quadrado. Em equações deste tipo, quando as tensões forem
especificadas em kV, as potências calculadas automaticamente serão obtidas em MW. Tensões
entre fases podem ser usadas para se obterem potências trifásicas.
As Equações (4.91) e (4.92) mostram que as potências ativas máximas transmissíveis
para valores de U1 e U2 conhecidos ocorrem para = B:
U1U 2 AU 22
P2 max cos( B A ) [W/fase] (4.93)
B B
á qual corresponde uma potência reativa necessária:
AU 22
Q 2 nec sen( B A ) [Var/fase] (4.94)
B
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U1 U2 = ?
P2 , Q2
2
U1U 2
2
AU22
2
P cos( B A
) cos(B )
B B
2
2
AU22 U1U 2
Q 2 B sen(B A ) B sen(B )
2 2
U U
2
AU 22 AU 22
2
P cos( B A
) 2
Q sen ( B A ) 1 2 (4.95)
B B B
2B U12 N 22 .B 2
U U
4
2 P2 cos( B A ) Q 2 sen( B A )
2
2 0 (4.96)
A 2AB A2
fazendo-se :
2B U12
b P2 cos( B A ) Q 2 sen( B A ) (4.96a)
A 2AB
N 22 B2
c (4.96b)
2
A
b b 2 4c
U2 (4.96c)
2
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- para b2 4c 0 não se pode transmitir P2 pela linha de transmissão para os valores pré-
fixados de P2 ; Q2 e U1;
A Figura 4.13 mostra as curvas de variação das tensões no receptor de uma linha em
função da variação das potências ativas e reativas no receptor, alimentado no transmissor por um
barramento de tensão constante. As curvas demonstram claramente a possibilidade de existência
de duas raízes para uma mesma potência ativa transmitida, bem como os limites máximos de
transmissão. A raiz menor não possui significado prático, pois a operação com tensões baixas
envolveria correntes elevadas e perdas inadmissíveis.
D
A 0,73631,7
160,7686,7
B
0,00286190,4
C
A tensão entre fases no barramento receptor deve ser mantida a 380 [kV] enquanto que
aquela do transmissor é mantida constante e igual a 400 [kV]. A fim de que o ângulo de potência
não exceda = 28, quais as potências transmissíveis no receptor?
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Solução:
2 U 2 U1 e j( B ) AU 2 e j( B A )
N (4.90)
B B
2 152,82418,97 [MVA/fase]
N
P2 = 144,523 [MW/fase]
Q2 = 49,680 [MVAr/fase]
Exercício 4.28 (Fuchs) – Qual deverá ser a tensão no barramento 2 (receptor) para que a linha
do exercício 26 transporte 500 [MVA] sob cosφ2 = 0,95 (ind), mantendo-se em 1 (transmissor) a
tensão de 420 [kV]?
Solução:
2B U12 P22 Q 22 2
U U
4
2 P2 cos( B A ) Q 2 sen( B A )
2
2 B 0 (4.96)
A 2AB A2
Temos:
A = 0,7363
βA = 1,7º
B = 160,76
βB = 86,7º
1
P2 500.000 0,95 158.334,0 [kW/fase]
3
1
Q 2 500.000 0,31225 52.041,67 [KVAr/fase]
3
2B U12
b P2 cos( B A ) Q 2 sen( B A ) (4.96a)
A 2AB
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b
2 160,76
158.334 10 cos(86,7 1,7) 52.041,67 10 sen (86,7 1,7)
3 3 242,5 10 3
2
0,7363 2 0,7363 160,76
b = -7,981.1010
N 22 B 2
c
A2
c
500 10 3 160,76
6 2 2
1,32417 10 21
0,7363 2
b b 2 4c
U2
2
U2
7,9811010 7,98110 10 2
4 1,32417 10 21
2
7,9811010 1,072956110 21
U2
2
7,9811010 32.756.008.609,1
U2
2
A solução desta equação fornece quatro raízes, porém uma única possui valores aceitáveis:
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A D 0,8951,28
181,3778,6 [ohm]
B
0,0011190,47 [Siemens]
C
Z0 = 400 [ohm]
a) qual será o valor do ângulo de potência Ө da linha quando ela alimentar uma carga no receptor
igual a 0,5P0 sob fp2 = 0,9 (ind)?
b) o que acontecerá com o valor do ângulo de potência Ө quando a linha alimentar uma carga no
receptor igual a P0 ainda sob fp2 = 0,9 (ind)?
Solução:
U 2 230
2
P0 132,25 [MW]
Z0 400
B AU 22
B arccos P2 cos B A
U1 U 2 B
181,37 0,895230
2
Өa = 78,6º-64,97º
Өa = 13,63º
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Өb = 78,6º-49,47º
Өb = 29,13º
Conclusão: Com o aumento da potência ativa transmitida de P2a para P2b pela linha de
transmissão houve um aumento no ângulo de potência de Өa = 13,63º para Өb = 29,13º.
Exemplo
Uma linha de transmissão trifásica, que interliga uma central e uma carga passiva, possui as
seguintes constantes generalizadas:
D
A 0,73631,7
160,7686,7 [ohm]
B
0,00286190,4 [Siemens]
C
A tensão no transmissor é mantida em 550 [kV] e a do receptor é igual a 500 [kV]. A
linha deve alimentar uma carga no receptor de 1000 [MW] com fp2=0,9 (ind).
A linha consegue atender a demanda de reativos exigida pela carga ?
Em caso afirmativo, quantificar o reativo entregue pela linha à carga.
Em caso negativo, quantificar o valor de reativo necessário a ser gerado junto ao
receptor.
Solução:
B A U 22
B ar cos P2 cos( B A )
U1 U 2 B
= 36,7
U1 U 2 A U 22
Q2 sen( B ) sen( B A )
B B
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P2 1000
N2 1111,11 [MVA]
fp 2 0,9
Q 2' 111111
. , sen(25,84 ) 484,29 [MVAr]
A linha não consegue atender a demanda de reativo da carga. Será necessário gerar junto ao
receptor:
g
Q 2 Q 2' Q 2 484,29 169,74 314,55 [MVAr]
Da Equação (4.33), da qual extraímos o valor de I1 , após dividirmos todos os seus
obtemos (considerando a tensão de transmissor como referencia U U 0 ):
membros por B 1 1
1
DU 2 DU1 j( ) U 2 j( )
U
I1 e D B e B
B
B B B
ou
1 fica :
a potência N
DU12 U U
P1 cos( B D ) 1 2 cos( B ) [W/fase] (4.99)
B B
DU12 U U
Q1 sen( B D ) 1 2 sen( B ) [Var/fase] (4.100)
B B
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DU12 U U
P1max cos( B D ) 1 2 [W/fase] (4.101)
B B
N
P Re N1
Re N
2 1
Re N
P P
2 1 2
N
Q Im N 1
Im N
2 1
Im N
Q Q
2 1 2
Logo:
U12 D U 22 A 2U1 U 2
P cos( B D ) cos( B A ) cos B cos [W] (4.107)
B B B
U12 D U 22 A 2U 1 U 2
Q sen( B D ) sen( B A ) sen B cos [Var] (4.108)
B B B
ΔQ [Var] representa a energia de que a linha necessita para a manutenção de seus campos
elétricos e magnéticos. Pode ser positivo, o que significa que a energia reativa necessária ao seu
funcionamento provém dos sistemas interligados pela linha. Pode ser também negativo, o que
indica que a linha está gerando energia reativa, que fornece aos sistemas. Somente será nulo em
caso de operação com potência característica.
Q = 0 LT não gera e nem absorve energia reativa capacitiva. LT opera com potência
característica.
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A convenção adotada para o sinal das potências reativas é mostrada na Figura abaixo.
+Q1 +Q2
Q1 positivo quando sai do transmissor
Exemplos
1)
10 10 ΔQ =10 – 10 = 0
2)
10 10 ΔQ = –10 – 10 = – 20 LT gera 20 MVAr
4)
5 10 ΔQ =5 – 10 = –5 LT gera 5 MVAr
5)
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