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Edmui Husserl
2'edição
L
12570-000 - Aparecida-SP
wwwideiaseletras.com.br
e-mai/. vendas@ideiaseletras.com.br 193.93
H972iF
2,d.
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ase
Nestelivro,pelapri medra vez, a fenomer
nscendental"
ap resenta como uma filosofia "tra
A fenomenologia
é apenasum dos lados
de nosso universo intelectual, que não suprime
o outro, aquele que se desdobra na direção
"natural". IAconsciência se situa na orientação
natural, ela se dirige ao objeto "puro e simples"
Na orientação fenomenológica, ao contrário
e
a consciência
não se dirigeao obje
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simples, mas sim ao objeto intencional, ê
tal comoestese manifesta subjetivamentea
um eu Paralelamente à lição entreas
orientações natural e fenomer ca. Husserl
estabelecia uma outra ;lç aquela que
distingue as ;iolinas
rilHgle aue
'i
se instalamna
orientação mítica", daquelasque se
situamna orientação"filosófica". Enquantoa
orientaçê X ÜeleDeU]R] aquela que se dirige
às divers uvas para conhecê-las, IDÉIAS PAJ\A UMA FENOMENOLOGIA PURA
na orien E nas se investiga
E ]?AJ{A UMA FILOSOFIA FENOMENOLÓGICA
a possibilidade do conhecimento objetivo. A
filosofia, para Husserl, é essencialmente uma
investigação de crítica do conhecimento e por
Isso mesmo ela não falará do mundo. .) E
graças à introdução da noção de noema que
a iieie erá falar em um "a priori
a fenomer :HriTiiHI
da correlação" entre consciência e objeto, essa
certeza de que toda consciência é sempre
consciência de um objeto, e de que 10
IDÉIASPARAUÀIA
FENOÀIENOLOGIAPURA
E ]?ARA UÀ4A FILOSOFIA
/
FENOMENOLOGICA
SBD-FFLCH-USP
lllllllll llllll
321639
Jê.3.q.3
p.J.
.,2.,td
TRADUÇÃO:
t . I;2dI? DIRETORES EDIIDRIAIS Márcio Suzuki
Carlos da Sirva
Marcelo C. Amújo
REVISÃO
EDITORES:
Mõnica Guimarães Reis
Avelino Grassi
Robeno Girola DIAGRAMAÇÃO
d-q .P e
C(DRDENAÇÀO EDITOR[AL:
Juliana de Sousa Cervelin
CAPA:
Sumário
Elizabeth dos Santos Reis
Erasmo Ballot
COORDENADORDA COLEÇÀO
Prefácio 15
SUBJnIVIDADE CONTEMPORÂNU:
Introdução 25
Dr. Jogo Vergílio Gallerani Cuter
Livro Primeiro 31
Título original: Ideen zu einer reinen Phãnomenologle und phãnomenologischen Philosophie
© Max Niemeyer Verlag, Tübingen, 2002 Introdução geral à fenomenologia pura
ISBN 3-484-70125-0
Primeira seção
Todos os direitos em língua portuguesa reservados à Editora Idéias & Levas, 2006.
Essência e conhecimento de essência 33
Capítulo l
DEDALUS - Acervo - FFLCH-HI Fato e essência 33
Rua Padre Claro Monteiro. 342 -- Centro
12570-000 -- Aparecida-SP
Tel. (12) 3104-2000 Fax.(12) 3104-2036
Televendas:080016 00 04
lllllllllllllllll llllllll S 1. Conhecimento natural e experiência
S 2. Fato. Inseparabilidadede fato e essência
33
34
vendas@ideiaseletras.com .br 21200051696 $ 3. Visão de essênciae intuição individual 35
http//www.ideiaseletras.com.br S 4. Visão de essênciae imaginação. Conhecimento
de essênciaindependentemente de todo conhecimento de fato 38
S 5. Juízos sobre essênciase juízos de va]idez eidética geral 39
S 6. Alguns conceitos filndamentais. Generalidade e necessidade 40
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S 7. Ciências de Eito e ciências de essência 42
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
S 8. Relaçõesde dependência entre ciência
de eito e ciência de essência 43
Husserl.Edmund. 1859-1938.
Idéias para uma fenomenologia pura e para uma üilosoüla 9. Região e eidética regional 44
fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura / Edmund Hus-
serll [tradução Márcio Suzuki]. -- Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2006 S 10. Região e categoria. A região analítica e suas categorias 46
(Coleção Subjetividade Contemporânea)
$ 11. Objetividades sintáticas e substratos últimos.
Título original: Ideen zu einer reiner Phãnomenologieund Categorias sintáticas 48
phànomenologischenPhilosophie.
ISBN 85-98239-68-2 S 12. Gênero e espécie 50
S 13. Generalização e 6ormahzação 51
1. Fenomenologia 1.Título. 11.Série.
S 14. Categorias de substrato. A essênciado substrato e o to/de ti 52
064494 CDD-142.7
S 15. Objetos independentes e dependentes. Concreto e indivíduo 53
Índices para catálogo sistemático: S ló. Região e categoria na esfera material.
Conhecimentos sintéticos a priori 55
1. Fenomenologia: Filosofia 142.7
S 17. Conclusão das observações lógicas 56
7
Capítulo ll
Capítulo ll 59 Consciência e e6etividade natural 83
Mal-entendidos naturalistas
59 S 33 Primeira indicação sobre a consciência "pura"
Si8 Introdução às discussões críticas
ou "transcendental", enquanto resíduo fenomenológico 83
S i9 A identificação empirista entre expenêncta 60 A essência da consciência como tema 85
e ato doador originário S 34
63 86
S 3s O cogito como "ato". Modificação de inatualidade
S 20 O empirismo como ceticismo 89
65 S 3ó Vivido intencional.Vivido em geral
$ 21 Obscuridades do lado idealista 66 S 37 O "estar direcionado para" do eu puro
S 22 A acusação de realismo platónico. Essência e conceito 67 90
no cogito e a atenção apreensiva
S 23 Espontaneidade da ideação. Essência e acto
69 S 38 Reflexões sobre atos.
S24 O princípio de todos os princípios 92
Percepções imanentes e percepções transcendentes
S 2s O positivista como cientista natural na prática;
69 S 39 Consciência e e6etividade natural.
o cientista natural como positivista na reflexão 94
A concepção do homem "ingênuo"
S 26 Ciências de orientação dogmática 71 S40 Qualidades "primárias" e "secundárias". A coisa dada
e ciênciasde orientação Hosóíica 95
-- "mera aparência" do "fisicamente verdadeiro"
S4i A composição real da percepção e seu objeto transcendente 97
Segunda seção
S42 Ser como consciência e ser como realidade.
73 Diferença de princípio dos modos de intuição 100
A consideração fenomenológica fundamental 102
S 4s Esclarecimentode um erro de princípio
le que se desdobra na direção "natural" A orientação natural é aquela por definição a proibição de se fazer qualquer afirmação sobre o mundo
em que nos situamos espontaneamente na nossa vida cotidiana, quando
' -l'n"HV "puro e simples". Correlativamente,ninguém pedirá ao cientista que
nos dirigimos às coisaspara manipula-las.EJaé também a orientação exerça a redução, as duas orientações sempre serão paralelas e conser-
em que sesitua o cientista, quando estese dirige àscoisasou ao mundo varão a sua validade em seu campo especí6lco, nenhuma delas detém a
verdade sobre a outra ou a absorve em si mesma.
para conhecê-los, discernindo suaspropriedades e relações «objetivas".
q E isso não será indiferente para se circunscrever a tópica da renome
Na orientação fenomenológica, ao contrário, o interessenão se dirige
às "coisas" mas sim aos "6enâmenos", quer dizer, ao múltiplos modos nologia, o conjunto dasquestõesou das perguntasque elajulga perti-
nentesituar no horizonte da "6lloso6ia". Aânal, a mesmaconfusãoen.
subjetivos de doação graças aos quais temos consciência dos objetos É
tre as duas "orientações", que está na origem da apresentação da feno-
apenasquando nos situamos nessaorientação que operamos a "redução
fenomenológica", quer dizer, a transição'da investigaçãodas "coisas" menologia como uma reedição atualizada do idealismo "subjetivo" de
para a consideração dos seus "fenómenos" Berkeley, está também na raiz da apresentação da fenomenologia como
A essasduas orientações corresponderá uma dupla decifração da- um método de conhecimento de regiões "objetivas", que disputaria com
quilo que é o "objeto" a que uma consciência se reporta. Enquanto a as ciências a melhor compreensão da "realidade". A fenomenologia seria
um método "descritivo" que se encarregaria de fornecer as "verdades"
consciência se situa na orientação natural, ela se dirige ao objeto "puro
que a ciência nos omite, mas no mesmo sentido em que a ciência as diz:
e simples". Esseobjeto puro e simples é aquele que possui suasdetermi-.
ela seriaum sabersobre o "mundo existente", sobre o mundo "concre
naçoesnaturais, que sãolivres de qualquer referênciaao subjetivo. Ele é
to", como já foi de bom tom se referir àquela parcela da realidade que
o objeto de que trata a ciência e também o objeto ao qual se dirige toda
se fiirtava à "abstração" científica, ou que era pura e simplesmente des-
.praxíi objetiva no interior do mundo. Na orientação' fenomenológica,
ao contrário, a consciência não se dirige ao objeto puro e simples, mas considerada pela ciência, sempre siderada apenas pelas "leis gerais". Foi
assimque nos anos 1950 se fez fenomenologia de tudo, mais ou menos
sim ao objeto intencional, ao objeto tal como' este' se manifesta izí&y2-''
fz amfmzrea um eu, segundo seusdistintos modos de doação ou fenó- como nos anos1970 se iria fazer "semiologia" de tudo, ou, logo depois,
menos .Seráapenasesseobjeto intencional, reduzido à constelaçãodos análise "estrutural" de tudo. Sartre não disfarça a forte impressão'que
Ihe causouo relato de Raymond Aron, contando-lhe que na Alemanha
fenomenológica de então, se podia fazer a "descrição" de um copo em
uma mesa de bar, - e que isso era... "filosofia"! Assim como a literatu-
ra da época não nos poupou de páginas infindáveis e aborrecidas, que
"descreviam"com todos os seusdetalhes,presumivelmenteinfinitos.
uma âlosofia 6enomenológzca
Prefácio ..
uma maçanetade porta "concreta". Mas o que l:lusserl teria a ver com
tudo isso? Rigorosamente nada.
quanto habitantes da interioridade do sujeito, doravante ele admitirá l a Essanoção de fenómeno levará Husserl a uma compreensãobem
que o universo dos fenómenos não se reduz de forma alguma a isso. determinada daquilo que é um o&yffo, seja no domínio de nossa vida
Existem também os 6enâmenos no sentido "õntico" da palavra, fenóme-
perceptiva, seja na esfera da linguagem. Quando percebemos um objeto,
nos que não são "partes reais" da consciência.Afinal, quando digo que
ele sempre nos é dado segundo uma determinada perspectiva, segundo
o objeto que percebo me é dado segundotal ou tal perspectiva,com um certo modo de doação ou 6enõmeno. Podemos variar nossaspers-
essaluz e sombra, quer dizer, me é dado segundo um "modo subjetivo
pectivassobre esseobjeto, mas ele sempre nos será dado segundo um
de doação" que é por princípio variável, tenho consciênciadesse"fenó- ou outro modo subjetivo de doação.Nós nunca temos acessoà «coisa
meno" como algo que está d/a#zlr de mim, não "em mim". Essenovo
mesma", se entendermos por isso um ser sem perspectivas subjacente a
conceito de fenómeno, que receberá o nome de forma, será essencial
este ser que nos é dado por perspectivas. Da mesma maneira, no plano
para que a fenomenologia leve a bom termo a sua cruzada contra o de nossa linguagem o objeto gwr é significado por nossas expressões
"psicologismo", assim como para encaminhar de maneira satisfatória a
não é nada de de]imitáve] como estando ao /ado ou ag#ém das signifi-
sua investigaçãode crítica do conhecimento. Afinal, enquanto nós nos
caçõesatravés das quais nós o visamos. Esse objeto sempre é exprimido
limitamos ao fenómeno no sentido noético do termo, um componente
em nossalinguagem em um mododeterminado, e nós só podemos nos
da "interioridade" do sujeito, nós lidamos com algo que não se distin- referir a determinada pessoacomo sendo ou "o vencedor de lena". ou
gue em nada de um elemento "psíquico". E agora é inevitável que a
"o vencido de Waterloo", ou atravésde qualquer outra significaçãopor
"fenomenologia" entre em cena como uma disciplina que nega apenas
principio unilateral e variável.E se o nome próprio nos pareceum dê
nominalmente seu parentesco com a psicologia, desdobrando-se na prá- ittco, um nome que nos daria a "coisa mesma", isso não passade uma
tica como uma disciplina psicológica a mais.
ilusão infantil: "Napoleão" designa apenas a equivalência das múltiplas
O noema, não sendo "parte real" da consciência, não terá mais nada e indefinidas signiâlcaçõesque o descrevem, seja como "o vencedor de
a ver com o "psíquico" da psicologia tradicional. HlusserlIhe dará o lona", sejacomo "o vencido de Waterloo«, seja como "o prisioneiro da
estatuto das significações em nossa linguagem: o norma é o meio ídraZ
Córsega". Desde então, o que será o "objeto", fenomenologicamente
pelo qual a realidade se oferece a uma consciência. E isso também torna
considerado?Ele só poderá ser interpretado como a síntesedas múlti-
PrrHãc/a23
22 Idéias para uma feno
também faz expressaabstraçãoda consciênciaconstituinte do tempo,
pias signiâcações que o descrevem. Na linguagem técnica deste primeiro
livro de Idéias, o objeto será o X idêntico e pavio de uma multiplicidade que desempenhará um papel fundamental na elucidação da questão de
crítica do conhecimentoque ele situa no centro da sua filosofia. Mas
noemática ($ 131). . .
nada disso diminui o /»Zlr eSSe
deste livro. Aâlnal, é apenasem função
É graçasà introdução da noção de noema que a fenomenologia po-
derá falar em um "a P /or/ da correlação" entre consciência e objeto, essa do projeto original de filosofia transcendental aqui exposto que o leitor
certezade que toda consciênciaé sempreconsciênciadf um objeto, e poderá medir a envergadurade outros textos de Hlusserl,assimcomo
entender o sentido e as razões subjacentes à introdução de novos con-
de que todo objeto é sempre objeto para uma consciência.E como esse ceitos na fenomenologia.
objeto não é nada além do X idêntico e vazio de seus modos subjetivos
de doação,o objeto é, ele mesmo,"subjetivo". Em regime de redução
fenomenológica é o próprio mundo que se torna subjetivo. E enquanto Cardos .aberto Ribeiro de Moura
tal essemundo prr r ce à região da consciência. É apenasna orientação
natural que a subjetividade mundana ou psicológica, aquela inaugura-
da por Descartes, se apresenta como um i»lerZor ao qual se opõe um
êxz:flor. A subjetividade "transcendental", ao contrário, é aquela que
inclui em si mesma o seu "mundo", ela não tem mais nada que Ihe seja
exz:prior. Por isso, se o "problema inicial" do conhecimento, aquele for-
mulado por Descartes,era o de sabero que garantiria o encontro entre
uma subjetividadevista como um "interior" e um mundo que Ihe era
"exterior", o "problema radical" serábem outro. E o seu modelo histó-
rico não deverá mais ser procurado nas .ZI/edil:afõri,mas sim no Traslado
da Hall reza H maça de David cume: tenho consciênciade um objeto
como sendo /déwfico, através de uma mw/ziP/Zc dado de fenómenos; des-
de então, é precisoperguntar o que torna possívelessaapresentaçãode
uma identidade através de uma multiplicidade, e quais são as estruturas
de evidência presentes nessa "constituição" dos objetos para .a consci-
ência. E o território dessapesquisa será a "intencionalidade", desde que
não nos limitemos, como Brentano, a repetir exaustivamenteque 'toda
consciência é consciência de alguma coisa', e investiguemos as ií Z:rirá
que, secretamente, estão tornando possível esse resultado epidérmico.
É seguindo essecaminho que se pode investigar como a subjetividade
pode ter acessoà transcendência,como o conhecimento é possível.
!.- Este primeiro livro de /déiai traça este programa de pesquisa, dese-
nha um caminho sem, contudo, percorrê-lo. Aqui ainda não estão pre-
sentes noções que serão essenciaisao desdobramento do projeto, como
a intencionalidade "noemática" ou de "horizonte". E aqui Hlusserl
Introdução
eZZ,;Z.=#=a ; .l=:,=Í:=1==;1:==.:1U:
##d d ra/#O C&ê#r& de Haja.ç. fnaç rn#81.n ,.#'#M,.,Í,- 'J, .,,n.,;.. /.... .=Â..: reduções 6enomenológicas, que tornam para nós visíveis e acessíveisa cons-
ciência transcendentalmente purificada e seus correlatos eidéticos; queremos
nhccimentnq dP peCAm.-;.». J. ....r. ./...... cc" . " . também tentar obter representaçõesdeterminadas da estrutura geral dessa
:l=q;.:=:=.zuez:z:t;
cia'
:ia" ,, é;
éa r,dwcãneid,ética.
a redução eid/t;r,:ade fática ("empírica") à universalidadede "essên-
consciênciapura e, por intermédio delas, dos grupos mais geraisde proble
=;:xàu:;;:ú:;ã;;=: =:;=;:: ===:= f==: =;::=
No i@w#dalivro, trataremos então, de maneira circunstanciada,de al-
am segundo lugar, os fenómenos da fenomeKoloyja, transcendental seta,o
guns grupos de problemas especialmentesignificativos, cuja formulação sis-
temática e solução típica são a pré-condição para poder trazer à efetiva clave
caras/e?'izador ramo 177 Outras. ec uções, especi6camente transcenden- za as diâceis relações da fenomenologia com as ciências físicas da natureza.
llidade e. D(-)Ftnnt,.d. ... anos psicoloi©cosdaquilo que recebem da rc com a psicologia e com as ciências do espírito, mas por outro lado também
:::'l:.l==1==,:'.='..i=:=:?,:UTP. Ú.«, "-m«.'.d, «;',
deve ser uma doutrina das essênciasde 6enâmenos reais, mas de 6enâmenos
com todas as ciências a priori. Os esboços 6enomenológicos ali delineados
transcendentalmente reduzidos. oferecerão,ao mesmo tempo, meios propícios para aprofiindar consideravel-
Somente na sequencia6cmá claro qual o signi6cado mais preciso de tudo mente a compreensão da fenomenologia obtida no .pf/moiro livro e alcançar
um conhecimento incomparavelmente mais rico de seusenormes círculos de
is sé Aq= seltratou de indicar prelilnmarmente um âmbito esquemático para problemas.
a série inicial de investigaçõesrConsidero necessário acrescentar uma única
observacãn: nãn terá ..,..n-,l. .. i.=+.. .... .. Um z:crer/rolivro conclusivo é dedicado à idéia da fUosofia.Ele deverá
de ser âssinal,dn.terá escapado ao leitor que, nos dois tópicos que acabam
de ser assinalados,em vez da única divisão geralmente usual das ciênciasem despenhaa e\ridência de que a autêntica mosofia, cuja idéia é realizar a idéia
de conhecimento absoluto, tem suas raízes na fenomenologia pura, e isso
ciências reais e ciências ideais (ou em ciências empíricas e ciências a priori),
aparecem antes utilizadas d
picão: Cata e e.eqênri, -.l
m ciências empmcas e ciências a priori),
. -" - wsoes, correspondentes a dois pares de opo-
'li='t:':=':=:': :1=g:...i..=xr:r:e
=:-'
=::
num sentido tão sério, que a fiindação e execução sistematicamenterigorosa
n:=::.il«X$#Çil$z ."«" ."«.:""
:
É«-«..« ji=;1='=';;11===;'=':=:===:=111;=;==1=:1=. essên.i, aqui a âenomenolo?l.l deve ser fundada como uma ciência
mente no segundo livro). Mostrar-se-.áque o conceito de realidade carecede cia eidética é ikil FnvPr +na "a priori' ou, como também dizemos, uma ciên-
uma delimitação filndamental, em virtude da qual tem de ser estatuída uma cia eidética, é údl fazer todos os esforços consagrados à própria fenomenolo-
clile['en(-a Fntrp CPr rnq] . ... :n.]:-=1...i /.. - gia seremprecedidos de uma série de discussõesfitndamentais sobre n-A
A oâsRiPP«. à p ...r individual (ser puro e simplesmente temporal).
e ciência de essênri, . d. .-m. ,4.e... ,]. i...:..:.;,..='"----" - -V"Ç-
A passagem à essência pura ai {ser puro e simplesmente temporal). e ciência de essênciae de uma defesada legitimidade original nrÓnria do
co do real. m,. dp ....t.. .. .. :dona, de um lado, conhecimento eidéti- conhecimento eidético diante do naturalismo. r''- --
==:üiÜlil
coco
=il)$=1-111
docime mas de outro no que respeitaà esferarestante, ela proporciona
:.==:'=:
='=ilÜiil##'B=:Ç=1==m'
m=;==
ter-- - J 'luiremos estas palavras introdutórias com uma pequena discussão
Capítulo l
Fato e essência
' Aqui não se narram histórias. Ao Edar de cuáter originário, não é preciso nem se deve pen-
sarnuma gênesepsicológico-causalou histórico-evolutiva. Que outro sentido é visado aqui,
issosó mais tarde será trazido à clareza reflexiva e científica. Qualquer um, no entanto, pode
desdejá sentir que a antecedênciado conhecimento empírico-concreto dos fatos em relaçãoa
todo outro conhecimento, por exemplo, em relação ao conhecimento matemático-ideal, não
precisater nenhum sentido temporal objetivo.
Primeira seção: Essência e cowbecimento de essêwciü 3S
34 Idéias para uma fenomenologia pura e
possamser válidas, graças às quais, se tais e tais circunstâncias reais são fáticas,
mos experiênciaoriginária de nós mesmos e de nossosestadosde consciência tais e tais determinadas conseqüências também o têm de ser, ainda assim es-
na diamada percepção interna ou de si, mas não dos outros e de seusvividos na sasleis exprimem apenasregulamentaçõesfáticas,que poderiam ter um teor
"empatia". "Observamoso que é vivido pelosoutros" fimdados na percepção inteiramente outro, e já pressupõem,como de antemão inerente à esié#cia
de suasexteriorizações corporais. Essaobservação por empatia é, por certo, um
dos objetos da experiência possível, que, considerados em si mesmos, esses
ato intuinte, doador, porém não mais orai aMamr ff doador. O outro e sua
\lida anímica são trazidos à consciência como estando "eles mesmos ah", e jun- objetos por elas regulamentados são contingentes.
O sentido dessacontingência, entretanto, que ah se chamafacticidade,
to com o corpo, mas,diferentemente deste, não como originariamente dados.
limita-se por ela ser correlativamente referida a uma #rcess/dado,que não sig-
O mundo é o conjunto completo dos objetos da experiênciapossívele
niâca a mera subsistênciafática de uma regra válida de coordenação dos fatos
do conhecimento possível da experiência, dos objetos passíveisde ser conho
espaço'temporais, mas possui o caráter de #ec STZdade f/dézlifa e, assim, re-
cidos com baseem experiências anuaisdo pensamento teórico correto. Aqui
ferência à gr#rraZ/dada c/dér/ca. Se dissemos que "por sua essência própria"
não é lugar de discutir mais pormenorizadamente questõesrelativas ao méto-
todo fato poderia ser diferente, com isso já exprimíamos g ejwz Pa zredo
do científico-experimental, como ele ainda seu direito de ir além do estreito sentido de todo cowtiwã.«te t« ju;tü,«ente ""''a es'ê"cia, e, I'or co"seB"t"te, """
âmbito do dado empírico direto. Todas as chamadas cié#ciar da WaZl@reza,
lidos aleraP ec digo rm i apurem, e ele se encontra sob ?erdadridc essacZa
tanto em sentido mais esuito, como asciênciasda natureza maz:fria/, quanto
dr d érre fei õrü dê.ge#eraZ/dada. Um objeto individual não é meramente
também em sentido mais amplo, como as ciênciasdos seresanimais, com
individual, um este aíl, que não se repete; sendo "em si mesmo" de tal e tal
sua naturezapsic(WsZca, portanto também a âsiologia, a psicologia etc. são
índole, ele possui i a êspfc /2cidadr, ele é composto de .pred cápels essenciais
ciênciasdo mundo, ou seja,ciênciasda orientaçãonatural. Nestasseincluem
que têm de Ihe ser auibuídos ("enquanto ele é como é em si mesmo"), a 6m
também as chamadascié#ciai do esp/rito,a história, as ciênciasque estudam
de que outras determinações secundárias, relativas, Ihe possam ser atribuídas.
as civilizações, as disciplinas sociológicas de toda e qualquer espécie,no que
Assim, por exemplo, todo som tem, em si e por si, uma essência e, acima de
podemos deixar prowsoriamente em aberto se devem ser equiparadasou tudo, a essência geral "som em geral", ou antes, "acústico em geral" en-
contrapostas às ciências da natureza, se elas mesmas devem ser tidas como tendido puramente como o momento a ser extraído por intuição do som
ciências da natureza ou como um tipo essencialmente novo de ciência.
individual(isoladamenteou por comparaçãocom outros como "o que há
de comum"). Da mesma maneira, toda coisa material tem sua conformação
eidéticaprópria e, acima de tudo, a conformação geral "coisa material em
S 2. Fato. Inseparabilidade de fato e essência geral", com determinação do tempo em geral, duração, figura, materialidade
em Beta. Um outro indipÍdwo ta,mbém pode ter tudo o qwefüz parte dü essêKciü
Ciências empíricas são cié#ciaí de ayaloJ".Os ates cognitivos fiindantes
dc m / d/pZd@o,e generalidades eidéticas máximas, do tipo que acabamos de
da experiência põem o real di id a/me#fe, eles o põem como espaço'tem' indicar nos exemplos, circunscrevem "r%giõer' ou "caízgoHa?' d / dipíãwoJ.
ralmente existente, como algo que está #r#r momento do tempo,.alem
esta sua duração e um conteúdo de realidade que, por sua essência, poderia
igualmente estar em qualquer outro momento do tempos.põem-no, por.:u' S 3. Visão de essência e intuição individual
tro lado, como algo que estánestelugar, com estaforma física(por exemplo,
estádado Juntamente com um corpo desta forma), embora este mesmo real: "Essência" designou, a#fei de maia cada, aquilo que se encontra no
considerado segundo sua essência, pudesseigualmente estar noutra forma serpróprio de um indivíduo como o g#f ele é. Mas cada um desses"o quê"
qualquer, em qualquer outro lugar, assim como poderia modiâcar-se, quan- eleé, pode ser "gabo rm idé/a". A intuição empírica ou individual pode ser
do é fàticamente imutável, ou poderia modiÊcar-sede modo diferente da-
o ser convertida em pZsãodê rosé»cia(ideafão) -- possibilidade que também não
quele pelo qual Eaticamentese modiâca. Dito de maneira bem geral, deveser entendida como possibilidade empírica, mas como possibilidade de
individual é, qualquer que seja sua espécie, "contingente".Ele é assim, mas
essência.O apreendido intuitivamente é então a essênciap%ra corresponden-
poderia, por sua essência,ser diferente. Ainda que determinadas leis naturais
36 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma fUosofia fenomenológica Primeirü seção:Essência e cowhecimewto de essência 37
te ou e/dos,seja este a categoria suprema, seja uma particularização dela, daí lativos e interdependentes "intuição" e "objeto" não é um achado arbitrário.
descendo até a plena concreção. masforçosamente exigida pela natureza das coisas.' Intuição empírica, e, em
Essaapreensãointuitiva g dá a sié c/a, e rpe f a/mr zrra dá dr modo especial, experiência, é consciência de um objeto individual e, como consci-
o g/ ár/o, pode ser adro ada, como a que podemos facilmente obter, por ência intuitiva, "é ela que traz o objeto à doação": como percepção, ela o traz
exemplo, da essência"som"; maspode também ser mais ou menos incomple' à doação originária, à consciência que apreende "originariamente" o objeto
ta, "/ ad geada", e isso não apenascom respeito à maior ou menor c/a rza em suaipseidade "df ca f êono". Exatamente da mesma maneira, a intuição
e d/sfZwfão.E da conformação própria de certas categorias eidéticas que suas de essênciaé consciênciade algo, de um "objeto", de um algo para o qual o
essênciassó possamser dadas po m fada e, subseqüentemente, "por vários olhar se dirige, e que nela é "dado" como sendo "ele mesmo"; mas também
lados", jamais, porém, "por todos os lados"; correlativamente, assingulariza é consciênciadaquilo que então pode ser "representado" em outros ates.
ções individuais a elas correspondentes só podem, portanto, ser experimen- pode ser pensado de maneira vaga ou distinta, pode tornar-se sujeito de pre
tadas e representadas em intuições empíricas inadequadas, "unilaterais". Isso dicações verdadeiras ou ÊHsas -- justamente como todo e qualquer «oZyero"
vale para toda essênciareferente a coisa,ou seja,para toda essênciaque a ela QOsentidonecessariamenteamplo da lógica formal. 'Todo ob\etn posshe\ ou,
serefira segundo qualquer um dos componentes eidéticos da extensão ou da pua ta\m como a \é)É.ca," todo sujeito de p edicnçõesperdadeirüspossÍpei? tem
materialidade; aliás, considerando melhor (as análisesque se emãomais tarde precisamenteiwaí maneiras de entrar no campo de um olhar representativo,
o tornarão evidente), isso vale pa a zladaiaí fa/idades em geral, pelo que as intuitivo, que eventualmente o encontre em sua "ipseidade de carne e osso".
expressõesvagas "um lado" e "vários lados" ganharão, sem dúvida, signiâca- que o apreenda. A visão de essência é, portanto, intuição, e se é visão no sen-
ções precisas, e diâcrentes espécies de inadequação deverão ser distinguidas . tido porte, e não uma mera e talvez vaga presentiâcação, ela é uma intuição
Bastapor ora a indicação de que mesmo a forma espacialde uma coisa doadora arÜ/ á la, que apreende a essênciaem sua ipseidade "de carne e
física só pode ser dada, por princípio, em meros perfis unilaterais; de que toda osso".zPor outro lado, ela é, no entanto, intuição de uma espécie.Pr(orla
qualidade física nos enreda nas infinidades da experiência, mesmo fazendo abs-
e Bota por princípio, isto é, ela se contrapõe a todas as espéciesde intuição
tração dessainadequação,que se mantém constante apesarde todo o ganho e que têm por correlato objetividades de outras categorias e, especialmente, à
qualquer que seja o avançoque se taçaem intuições contínuas; e de que toda intuição no sentido habitual mais estrito, ou seja, a intuição individual.
multiplicidade empírica, por mais abrangente que seja, ainda deixa em aberto Faz parte, certamente, da especiâcidadeda intuição de essênciaque em
determinações mais precisas e novas das coisas, e assim /H iw@w/ZPwm.
aseestejauma parcela importante de intuição individual, isto é, que um
Não importa se a intuição individual sejade tipo adequadoou não: ela algo individual apareça,sejavisível, embora não naturalmenteuma apreensão
pode ser convertida em visão de essência,e estaúltima, quer seja adequada dele, nem posição alguma dele como e6etividade; é certo, por conseguinte,
de maneiracorrespondente,quer não, tem o caráterde um ato doador. Isso, que nenhuma intuição de essência é possível sem a livre possibilidade de vol -
no entanto, implica o seguinte : tar o olhar para um algo individual "correspondente" e de formar uma cons-
A essência(exmos) é wma, nova espéciede objeto. Afim co"''o o qae é dü,do nü ciência exemplar -- assim como também, inversamente, intuição individual
intaiçã,o iwdipidwal ou empírica, é wm objeto indipidwül, assim ta,mbém o que é
dado nü intuição de essênciaé wm,a,essênciapura.
Não há aqui mera analogia exterior, mas algo de radicalmente comum
entre elas.Visão de essênciatambém é, precisamente, intuição,s assim como
objeto eidético é, precisamente, objeto. A generalização dos conceitos corre-
alguma é possível sem a livre possibilidade de e6etuaruma ideação e de nela Essencialmente conectado a isso está que pos fão e, antes de tudo, apre'
direcionar o olhar para as essênciascorrespondentes, que se exempliâcam ensão intüdva d' rsKé c/a ão implica««iHim""'"z'f a pos4ão de aÜ""''
no visível individual; isso, porém, em nada altera que amóai ai spéc/ês de .Soiüente indhidwüt purasperdüdes de essência não contêm ü mínima n$rmü-
i& /fão sejam dêHr f fes/po .pr/HcíPio, e o que se anuncia em proposições do rão Jo&r?Ha&ai,portanto, delas tampouco se pode inferir a mais ínfima verda-
tipo que acabamos de proferir são somente suas relações de essência. Às di- de factual. Assim como todo pensamento, toda enunciação acerca de fatos
ferençaseidéticas entre as intuições correspondem relações de essênciaentre
precisater suafimdação na experiência(já que estaé #ecrsswriame/zfr reque-
"existência"(aqui manifestamente no sentido do individualmente existente ) rida pela esié cia do acrrzlode tal pensamento), assim também o pensam:nto
e "essência", entre jaz:oe f/dos. Indo no encalço de tais nexos, apreende- acercade essências puras lamento sem mistura, que não vincula fatos
mos com r?/dé c/a as essênciasconceituais inerentes a essestermos, e que e essências-- precisa ter a apreensão intuitiva de essência como seu alicerce
a partir de então lhes estão firmemente ordenadas, e com isso permanecem defundação.
pa ümente afaga,ãos todos ospensa,mentor,em parte míticos, qüe se prendem
principalmente aos conceitos "e/do/' (idéia), "essência".'
$ 5. Juízos sobre essênciase juízos de validez eidética geral
S 4. Visão de essênciae imaginação. Conhecimento Deve-se, no entanto, observar o seguinte: formar juízo ace ca df essên-
de essência independentemente de todo conhecimento de fato ciase estados-de-essência
e julgar eideticamenteem geral não é a mesma
coisa,pela amplitude que temos de dar a esseúltimo conceito; o ro # rime Zla
O r/doi, a esTé#c/a
p ra, pode exemplificar-seintuitivamente em dados eidético nã,o tem, em wewbwmü de swa,sproposições, essências como "objetos sobre
de experiência,tais como percepção,recordaçãoetc., masigualmente zlam- 01gzlaisPse formula o juízo; e em conexão próxima com Issotem-se o se
&ém fm mrroi dados df /mag/#afão. Por conseguinte, para apreender intui- gulnte: enquanto consciência análoga à experiência, análoga à apreensão de
tivamente uma essênciaela mesma e de modo o Ü/bário, podemos partir das existente, na qual uma essênciaé apreendida o#yefipame»fe,assim como algo
intuições empíricas correspondentes, mai Üz a/mr lr am&ém de / zl /fõff individual é apreendido na experiência, a intuição de essência-- como toma-
não-empíricas, que não apreendem wm existente ow, melhor a,inda, de intuições da até agora -- não é a única consciência que abriga essência excluindo toda
' twerçLwlente t?woLBt tiriüs". posição dc êxislé cia. Pode-se estar intuitivamente consciente de essências
Seem imaginação livre produzimos âguras no espaço,melodias, proces' e. de certa maneira,também ter apreensãointuitiva delas, semque, todavia,
sos sociaisetc. ou fingimos atos de experiência,de prazer ou desprazer,de elasse tornem "objetos sobre os quais" se formula o juízo.
querer etc., podemos por "ideação" nelesapreender,em intuição originária Tomemos os juízos como ponto de partida. Para dizer de modo mais
e eventualmente até adequada, diversas essênciaspuras, tais como a essência preciso, trata-se aqui da diferença entre juízos ioó eessênciase juízos quelde
da figura espacial,da melodia, do processosocial em.gira/ etc., ou a essência maneira indeterminadamente geral e sem misturar posição alguma de algo
da âgura, da melodia etc. do f@'oparticular em questão.É indiferente, neste individual, judicam ioóre o i di ZdzlaZ,cmóo a .puro, como s mg caridade daJ
caso, se a]go assim já tenha sido dado ou não numa experiência atua]. Se a essa»claJo modo do %m.gera/'. Assim, na geometria pura nós em regra nao
livre ficção, não importa por que milagrespsicológicos,levasseà imagina- fazemos juízos sobre o r/doí "reta", "ângulo", "triângulo", ."seção cónica"
ção de dados que, por princípio, fossem de uma nova espécie, por exemplo, etc., mas sobre rota e ângulo em geral ou "como tal", sobre triângulos indivi-
dados sensíveisque jamais tivessem ocorrido em experiência alguma, isso duais em geral, sobre seções cónicas em geral. Tais juízos universais possuem
em nada modificaria o dado originário da essênciacorrespondente: os dados o caráter da.ge#rra//dado êidézlica,da generalidade "pura" ou, como também
imaginados, no entanto, jamais serão dados eÊetivos. se &z., d,a, Bebera,lidüde 'rÜorosa,", para e simplesmente 'incondicionüda'
Admitamos, para simplificar, que se trate de "axiomas", de juízos ime-
diatamente evidentes,dos quais, em fundação mediada, se derivam todos
BCf. meu artigo em .Lagar,1, p. 315 os demaisjuízos. Tais juízos -- desdeque, como se supõe aqui, judicam da
para uma fUosofia fenomenológica Primeira seçãolEssência Gconhecimento de essência 4\
maneira indicada sobre singularidades individuais -- carecem, para sua fiin-
dação noédca, isto é, para que se tornem evidentes, de certa visão de essên.
cia, a qual (em sentido mo/ir@cada) também poderia ser caracterizadacomo
apreensão de essência; e, tal como a intuição eidética que Eaz,da essência,
objeto, também estase baseiaem que se tenha visibilidade sobre as singula-
.l. l.--ridades
individuais das essências,mas não na experiência delas. Também para ccssários.Mas é importante estar atento às distinções e, sobretudo, não
ela bastam meras representações de imaginação ou, antes, vísibilidades de
designara própria generalidade eidética (como comumente se faz) como
miagmaçâo: tem-se consciência do visível como tal, ele "aparece", mas não necessidade.A consciência de uma necessidade, mais precisamente, uma
é apreendido como existente. O que acaba de ser dito pode ser conhmado consciênciade juízo na qual se é consciente de um estado-de-coisascomo
se, por*exemplo, em generalidadeeidética (generalidade"incondicionada".
particularização.de uma generalidade eidética, chama-se uma consciência
"pura") Julgamosque 'uma cor em geral é 'diferente de um som em geral". apor/f/ca,o próprio Juízo, a proposição, co iegüé cZaapor/zlica(também
Um singular da essência"cor" e um singular da essência"som" podem ser apodítico"necessária")do juízo geral ao qual ele está referido. As pro-
"representados" intuitivamente e mesmo como singulares de suas essências:
posições aqui expressas sobre as relações entre generalidade, necessidade,
a ntuição de imaginação (sem posição de existência) e a intuição eidética apoditicidade também podem ser tomadas de maneira mais geral, de modo
]
q
subsistem ao mesmo tempo e de um modo determinado, mas esta última a valer para quaisquer esferas e não apenas para as esferas eidéticas puras
l
nao como uma intuição que Êaz,da essência,oZgEfa.
É, no entanto, da essên- q
Na delimitação eidética, contudo, elas ganham manifestamente um sentido
cia desse estado-de-coisas que possamos a qualquer momento voltar para a eminente e particularmente importante .
orientação .objetivante.correspondente, esta última sendo justamente uma Muito importante também é o vínculo de julgamento eidézlico sobre algo
possibilidadeeidética. Então o juízo também se mo(üficaria de acordo com individual em geral com pai/fão dr rxZ é c/a do individual. A generalidade
a mudança de orientação, e seu tcor seria então este: a essência(o "gênero«) eidéticaé transferidapara algo individual posto como existente ou para uma
"cor' é diferente da essência (gênero) "som". E assim em toda parte. esferageral indeterminada de indivíduos(à qual se confere a tese de existen-
\nxeu*m'"t: , todo juízo sob« «sêwci«; p'd', 'i' «.-.i«" qahnl.nte, «. te). Toda "aplicação"de verdadesgeoméuicasa casosda natureza(posta
:'n««ti'l' """ juÍ.o .g««! incon.ticion«d.'«b,I' 'inã«L««id«des d.s;«' "Mên. como e6etiva)situa-seaqui. O estado-de-coisasposto como efetivo é, então,
.:-'-c
aí Comofala. Desta maneira, os Jw&oí d essac/a p OI(juízos puramente galo, porque é estado-de-efetividade individual, mas é rcess/dado r/dézP/ca,
9Sobrea idéia da lógica pura como marÉeílr iPrrla/IÍ cf. .l»Pe êgafõeíMgicai, vol. 1, capí
" Cf abaixo a seção 111,cap. 1, S 70.
sêwcia 45
Desta maneira, por. exemplo, a todas as disciplinas da ciência natural
corresponde a ciência eidédca da natureza física em geral (a omroZí:glada
»»zr r?m), se a.natureza fática corresponde um e/dof apreensível de maneira
pura, :l "essência" ##zr eza em.gera/ com uma profissão infinita de estados-
1:g:.:ZgÜ'.tãin::#=:.HlgS'=.=:=,f:'=F:=E:?=!.:=".
"..
na muito importante para a teoria da forma das signiâcações esseterreno fiindamental da
-.«=.==H'=T= 's:\==,:m:i:'::==;ã=U ceitos?A autêntica ausênciade preconceitos não exige simplesmente recusa
dê "juízos estranhosà experiência", massomente quando o sentido .pr(ípr/o
:!!Íee!?y !g11ãn .Essépzcja e co #ec/mf fo de Fssé»c/a 63
fato só podem ser eventos psíquicos reais da "a&wnfão", que se prendem a expe
ciências ou representações reais. Ora, sendo assim, constroem-se fervorosamente
"teorias da abstração", e.a psicologia orgulhosa de sua empina é enriquecida, aqui
comorm io/üfaleW/as i ir cimaà(que no entantoconstituemo temaprincipal
Xa pslc(goÉ.aÕ, de feMmenos iwpeHtüdos, de análises psicol@icas qwe não são ütná-
&lzs í;oiça aÜ ma. Idéias ou essências são, portanto, "co#rrííuP', e conceitos são
"r07&m'w&arPK@wicaF',
"produtos da abstração", e como tais certamente desem-
penham um grande papel em nosso pensamento. "Essência", "idéia" ou "f/lü?,
sãoapenasnomes "âlosóficos' grandiosospara "modestos fatos psicológicos".
Nomes perigosos, em virtude das sugestõesmetaíisicas que contêm.
Nossa resposta é: certamente, essências são "conceitos" -- caso se entenda
por com:eltos,o que é autorizado pela equivocidade da palavra,justamente es-
sências.Tenha-se apenasclaro que ÊHarrazão de produtos psíquicos é um #am-
fe#sz, assim como o é EHar da comia'wfão de conceito, se esta deve ser entendida
no sentido rigoroso e próprio De quando em quando selê em algum datado:
a série dos números é uma série de conceitos, e um pouco mais abaixo: concei-
tos são construtos do pensamento.Primeiro, portanto, os números mesmos.
/ "'')
as essências,coram tratados como conceitos. Ora, perguntamos, os numeros
não sãoo que são, "construídos" ou não por nós?Certo, sou eu que eâetuo
minha operação de contar, que construo minhas representações numéricas de
"um mais um". Essasrepresentaçõesnuméricas agora são estas, e serão outras
uma outra vez, mesmo que eu as consuma como iguais. Neste sentido, às vezes
não há representação numérica alguma e às vezes há quantas se quiser de um
H e mesmo número. Mas justamente por isso âzemos a seguinte diferenciação(e
como poderíamosevita-la?):arepresentaçãonumérica não é o próprio número,
nâo ê o "dois", essemembro único da série de números, que, como todos os
membros dessetipo, é um ser intemporal. Designa-lo como construto psíqui-
co e, portanto? contra-senso,um desrespeitoao sentido totalmente claro do
curso aritmético, sentido que semprepode ser claramente evidenciado em
suavalidez e que, portanto, estásituado a#lex de toda teoãa. Se conceitos são
construtor psíquicos, então coisas tais como números puros não são conceitos.
Se,no entanto, são conceitos, então conceitos não são construtos psíquicos É
precisonovos termos parasolucionar equivocidadestão perigosascomo esu.
como os outros objetos, podem ser visadas, ora carreta, ora ÊHsamente,como,
por exemplo, no raciocínio geométrico falso.A apreensãoe a intuição de essência,
porém, sãoum ato muldâorme, e especialmentea pZsãazü ewé c/a é m az:adoado
Mgi»brio e, como tnl, o ünáhyo dü ÜP'pensãosenshel e não da imagino,çã,o.
Segunda seção
A consideraçãofenomenológica fundamental
Capítulo l
A teseda orientaçãonatural
e sua colocação fora de circuito
com seus "livros", o "copo", o "vaso", o "piano" etc. Também esses ca-
racteres de valor e caracteres práticos fazem parte co iz 1/ a doJ o&yez:oJ
aaijpo íPcis" comoz:aZs,
quer eu me volte, quer não, para eles e par' os objetos
em geral. Tal como para as "meras coisas", isso vale naturalmente também
Eles são meus
para os seres humanos e animais de meu meio circundante.
"amigos" ou "inimigos", meus "subordinados" ou "superiores", "estra-
nhos" ou "parentes" etc.
mesmosfazemos parte.
:Z',f;ZZ:.7=zz:T;«""rZI h u
pouco de uma conversão dela em conjecturar suposição, em indecidibilidade,
numa dúvida (não importa em que sentido da palavra): tais coisastampouco
entram no âmbito de nosso livre-arbíuio. Traz:a-se,a êlesde a Üo / z:eiramê#'
ll';;';;l=.';=b,;ã.=«a. *" *". q«..r«"«..., «ü' ":a y"T:l.:lT.:l"!.
a »ana co icfão, que permaneceem si mesma o que ela é, enquanto não
introduzimos novos motivos de juízo: o que justamente não fazemos E, no
entanto, ela sofre uma m:;:liâcação-- enquanto permaneceem si mesmao
lii::i;2:';.Z=';.i;l;«;l,.:. í,« «;'i« z?' .'@«" 'í' "fif?l.:.r't;'e,!Z":.f
d c /zlo", "a co/ocamoJ e z:rrparo zleieP'.Ela ainda continua aí, assimcomo
o que foi posto entre parêntesescontinua a ser entre eles,assimcomo aqui'
lo que foi tirado de circuito continua a ser fora da conexão com o cucuito.
Também podemos dizer: a tese é um vivido, maJ df/e ãojazemaí "#e #ílm
liso", o que, naturalmente,não deve ser entendido como PT:Tçao .tomo
.""""
ll,:=Ü%:':'3:,=:':H::;=:;:H:,.=T=s=1::Pn=nng
Segunda seçãol
liberdade, e toda objetividade sujeita a um juízo pode ser posta entre pa'
íênteses. Nosso proposito, porém, é precisamente a descoberta de um novo
domínio científico, e de tal que deve ser alcançadojustamente pejo métodode
Pa r rl/zafão, submetido, contudo, a uma determinada resuição.
Numa palavra, é preciso caracterizar essa restrição .
ColocüLmosforü de a,ção ü tesegeral inerente à essência,ãü orientação %ü'
zrWraZ,
colocamos entre parênteses tudo o que é por ela abrangido no aspecto
ântico: isto é, todo estemundo natural que estáconstantemente "para nos
aí», "a nosso dispor", e que continuará sempre aí como "e6etividade" para a
consciência,mesmo quando nos aprouver coloca-la entre parênteses.
Seassim procedo, como é de minha plena liberdade?então não cegaeste
"mundo", como se eu fosse sofista, #ão d Zdo de J a rxZ é c/a, como se fos-
secético, mas efetuo a enoytl "fenomenológica", que me impede totalmente
de faze qwü,Lqwerjuízo sobreexigência esta,ço-tempera,L.
tiro, pois, de circuito todas üs ciências qwesereferem íx essemundo natu-
ra/, por mais hmemente estabelecidas que sejam para jnim: por mais que as
admire, por mínimas que sejam as objeções que pense lhes fazer: e@ ãojafo
absolutamentewsoütBnm ãe saü,spa,Lida,des. Não me ütlroprio de wmü única
proposição sequer delas, mesmo tive de inteira widênciü, nenhuma é üceüü por
mjm, mrw#z/mamenor fcc m a/icrrcr -- enquanto, note-se bem, 6or en-
tendida tal como nessasciências, como uma verdade soZ're ea/ dador deste
mundo. SÓ possoadmiti-la depoisde Ihe conferir parênteses.Quer dizer:
somente na consciênciamodificante que tira o juízo de circuito, logo, Jwsfa-
mente não dü maneira, em qweé P oposiçãonü ciência,, wmü pl"oposição que tem
pretensão à va,lidei, e cuja palidez ew ecowbeçoe utilizo.
Não se deveconfiindir a eno'TIcm questãoaqui com aquelaexigida pelo
positivismo, contra a qual ele mesmopeca,como tivemos de nos convencer.
Não se trata agorade tirar de circuito todos os preconceitosque turvam a
pura objetividade da investigação, não sc trata da constituição de uma ciência
livre de teoria", "livre de metafísica", pela redução de toda fiindação àquilo
que se encontra de modo imediato, nem tampouco de meios de atingir fins
Capítulo ll
Consciência e efetividade natural
:;.;=L;;;;"to
=1==:1':Zzz u:r'=;:;:U:i=#'.;H'.IUU.:iH'=:
'=n:=
n;t«'d o« fenom'nolód".(NT)
6]osofia fenomenológica SeHwndaseçã
rVB
com atentar para algo, com notar algo, quer a atenção sevolte especialmente,
quer concomitantementepara ele: é ao menos assimque essestermos são
habitualmente entendidos. Ora, #esle aZ:e far o ap ee d não se trata do
Não podemos, sem dúvida, estar voltados para uma coisa a não ser na manei-
ra da apreensão, e também é assim com todas as "oZI & dadfí s/l#PZflme#-
ff r@' ele fá fZs": "voltar-se para" (mesmo na acção).é ro ipso "apreensão",
"atenção". No ato de valor, entretanto, estamos voltados para o valor, no ato
da alegria, para o que alegra, no ato de amor, para o que é amado, no agir,
a ação, sem que nada disso seja apreendido por nós Ao cont=rário, o ob-
jeto intencional -: aquilo que tem valor, aquilo que alegra, o amado,o que
se esperacomo tal, a açãocomo ação-- só se torna objeto apreendido num
S 37 "l20/fwr-Je para" "o&y'ef/paKzle"próprio. No estar voltado valorativamente para
uma coisa se inclui de fato a apreensão da coisa; não a mira coisa, mas a coisa
O 'atençãoapreensiva a" do eupuro no cogito
d pavorou o valor é (ainda fHaremosmais pormenorizadamentedisto) o cor-
re/aZIa/ Zlec/o a/p/e o do a&o a/praz/ o. "Estar voltado pa/oxwfi?amewlepara
uma coisa" não signiâca, portanto, já "zle/' o valor "Por oOefo', no sentido
particular do objeto apreendido, como o temos de ter para predicar sobre ele;
e assim em todos os ates lógicos que a ele se referem.
Em fitos do mesmo tipo que os valorativos, temos, portanto, um oóyela
/ fe c/o a/ em d#p/o se lido: temos de distinguir a mera "coisa" e o o&yeroi#-
zle fio a/ p/e#o, e, por conseguinte, temos de distinguir uma dwpZa Z»zre#fío,
um duplo "estar voltado para"- Se no ato de valorar estamosdirecionados
uma coisa, a direção para a coisa é um atentar para ela, um apreendê-la;
mas também estamos :'direcionados" para o valor -- só que não no modo da
apreensão. Não apenas a ?lePesr farão-de-coisa, também a a/arafão-df-coisa
que a abrange possui o modo afwaZ/dado.
Temos, porém, de acrescentarimediatamente que a situaçãosó é sim-
ples assim nos atos simples de valor. Em geral, os atou afetivos e volitivos se
fundem num nível mais alto e, por conseguinte, também a objetividade in-
tencional se adensae, com ela, as maneiras pelas quais a atenção se volta para
os objetos incluídos no todo coerentedessaobjetividade. No entanto, como
quer que seja,vale a seguinte proposição capital:
.Em rodo aZIaP epa/ecr m modo da azle#fão. Sempre, porém, que não haja
uma consciência-de-coisa
simples,sempreque numa tal consciênciaesteja
fenomenológica
S 38
Reflexões sobre atos. Percepçõesimanentes
e percepções transcendentes
r
61osofiafenomenológica
ÊãeZZ'48m;ZUf
que é' perfilado, no entanto, só é por.princípio.possívelcomo algo no
!
2sCf. acimaS 35, especialmentep. 86.
eis um tema para importantes invesugaçóes
]
sg
])iferença de princípio dos modos de intuição
a.
'T
nomenológica
]
Sqwn
contrário, com suaidentidade objetiva, é dado por perâl, ele tem seusmodos
cambiantes de aparecer. Eles são diferentes, conforme eu esteja mais próximo
ou me afmte do violino, conforme eu mesmo esteja na salade concerto ou
escuteatravésde portas fechadasetc. Nenhum modo de aparição tem pre
tensão de valer como o modo que dá o som do violino de maneira absoluta,
embora,no âmbito de meusinteressespráticos, um deles, como modo nor-
mal. tenha certa preferência: na salade concerto, no lugar "carreto", ouço o
som "mesmo", como ele soa "e6etivamente". Da mesma forma dizemos que
toda coisa tem um aspectonormal em termos visuais: dizemos da cor, da for-
ma. da coisa inteira que vemos à luz normal do dia e em orientação normal
em relação a nós, que "ela tem efetivamente esseaspecto", "esta é a sua cor
e6edva" etc. Isso, porém, indica apenas ama espéc/ d o&yefipafãoJec dár/?
no âmbito da objetivaçãototal da coisa;do que é fácil de seconvencer.E
claro que, se conservássemos
exclusivamenteo modo "normal" de aparição
e suprnmssemos as demais multiplicidades do aparecer e a referência essencial
a elas. nada mais restaria do sentido da coisa como dado.
Retenhamos, pois, isto: se, por um lado, é da essênciado dado por apa'
lições que nenhuma delasdê a coisa como um "absoluto", e não em exibi-
ção parcial, por outro, é da essênciado dado imanente dar justamente um
absoluto, que não pode de modo algum se exibir ou perfilar por seuslados.
Também é evidente que os próprios conteúdos perfilantes da sensação,que
entram realmente no vivido perceptivo de coisa, operam como perra para
outra coisa. mas não são eles mesmos dados em per61
Atente-se ainda para a seguinte distinção. Também um vivido jamais
é completamente percebido, ele não é adequadamenteapreensívelem sua
unidade plena.Ele é, por suaessência,um fluxo, que, sedirigimos o olhar re
flexivo para ele, podemos acompanhar desde o momento presente, mas cujos
trechos percorridos estão perdidos para a percepção. Temos uma consciência
do que acaba imediatamente de decorrer somente na forma da retenção, na
forma,por exemplo,da rememoração
retroativa.E, finalmente,todo meu
l
]
Sega
b l
b
11:
infinito. Por outro lado, o vivido irrefletido também tem de preencher certas
condições para estar pronto para ser percebido, embora de uma maneira
inteiramente diferente e adequadaa suaessência.Ele não pode "aparecer".
modo de seu
Como quer que seja,ele preencheessascondições pelo.mero
estar ali, a saber,para aquele eu a que ele pertence, cujo puro olhar de eu
eventualmente "nele" vive. Somente porque reflexão e vivido possuem essas
peculiaridades de essência,aqui meramente indicadas, nós podemos saber
l ''''-sobre os vividos irrefletidos e, portanto, também sobre as pro!)nas refle
xões É óbvio que as modificações reprodutivas (e. retencionais) dos vividos
possuem propriedade paralela,'só que modificada de forma correspondente.
Prossigamosainda com o contraste. Vemos: o modo d ier do pi?ido é
;.« ;;;ã=;i:'p« P,i«'ÍP'., «.«.d,.. dü ..$.*'.. À.."*'' tmb!' «« ,S
principio, aÜo pr crp&âeZ, e é apreendidana percepçãocomo coisa de meu
mundo circundante Ela pertence a essemundo, mesmo sem ser percebida,
portanto meslllo e#lão ela ei/á aZI para o eu. Em geral, porém, ela não está ah
de modo que um olhar de simples atençãopossaa ela se.dirigir. Entendido
como campo daquilo que pode vir a ser simplesmenteobservado, o findo
S 45. Vivido não percebido, realidade não percebida
abrange apenasuma pequena parte do mundo que me circunda. O está ah
quer então dizer ouça coisa: partindo de percepções atuais, com o fundo que
diâeree nose essência no essasSituações, entendemos também a seguinte qu'' " "'te aparece, as séries de percepções possíveis, moüpadai de modo
perceptibilidade. do como vividos e coisasse relacionam com a contínuo e coeso, com semprenovos campos de coisas(e fundos aos quais
não se atenta), levam até aqueles nexos de percepções nos quais justamente
\
Sqw»
mais ampla que seja, deixa aberta a possibilidade de que o dado #ão exista, a
despeito da consciência constante da presença dele mesmo em carne e osso. t
Valeaqui a seguinte lei eidética: a exi ê c/a da coiíalama J é ma rxz ê cza
'"'=UE=:=tt===t==::=. exÜ da como rcrssá a p Zodado, mas de certo modo é sempre coKflmgf#'
fr. Quer dizer: sempre pode ser que o transcurso posterior da experiência
obrigue a abrir mão daquilo que já está posto com Zêgiz:im/dadr/#P/r/ca.
Aquilo foi, diz-se depois, mera ilusão, alucinação, mero sonho concatenado
etc. Acrescente-se que nessaesfera de dados está constantemente aberta a
possibMdadede algo como uma mudançade apreensão,a alteraçãode uma
apariçãonuma outra que não se coaduna correntemente com ela e, assim,a
possibilidade de que posições de existência empírica posteriores incluam so-
bre posições de existência anteriores, pelo que os objetos intencionais destas
sofrem ulteriormente, por assim dizer, uma transformação -- eventos estes
que estão por essênciaexcluídos da esferade vivido. Conflito, ilusão, ser ou-
tro não têm espaçona esperaabsoluta. Ela é uma esfera de posição absoluta.
Assim, pois, está de todas as maneirasclaro que tudo aquilo que está
para mim aí no mundo-de-coisas, é por princípio Some z:erea//dada preswK-
li a; mas está claro, ao contrário, que rw mormo, para quem aquilo está aí
(por exclusãodaquilo que é "por mim" atribuído ao mundo-de-coisas), mais
exatamente, que minha atuahdade de vivido é efetividade a&íoZw&z,dada por
uma posição incondicionada, pura e simplesmente.insupnmível.
A tese do wybando,qwe e % v ü tese «conti71Bente", contrapõe-se, porta,wto, ü
begede , ew eu paro e dü pid,ü do ew, qwe e wv'tLÜtese "necessária;', y\na. e s\nl-
plesmente indubitável. nada coisa dada rm car e f ossofam&ém poda ão Jr6
maí ão m /p/do d do rm car ê f osso:tal é a lei de essênciaque define essa
necessidade e aquela contingência.
A necessidadede ser de cadavivido atual não é, por isso, manifestamente
uma pura necessidadede essência,ou seja,particularização eidética pura de
uma lei de essência;é a necessidadede um fato, que assim é chamada porque
\
Capítulo lll
t
$ 47. O mundo natural como correlato da consciência !1
ii:lR19Hãl lg 33:F m:
\
112
lcléias para uma âcnomenologia pura e
Por outro lado, com tudo isso não estádito que Ifm d haver um mun-
do, que &emde haver alguma coisa.A existênciade um mundo é o correlato
de certas diversidades empíricas que se destacam por certas configurações
eidéticas.Não há, porém, evidênciade que as experiênciasatuais só possam
transcorrer nessasformas de concatenação;isso não pode ser tüado pura-
mente da essênciada percepçãoem geral e das outras espéciesde intuição
empírica dela co-participantes. Pode-se muito bem pensar, ao contrário, que
o conflito não dissolvea experiênciaem aparênciaapenasno singular, que a
aparência, como de daczroocorre, não anuncia uma verdade mais profunda,
e o conflito não é exigido naquele lugar justamente por nexos mais abran-
gentes a âm de que a coerência do todo seja preservada; pode-se pensarque
a experiência fervilha de conflitos irreconciliáveis, não apenaspara nós, mais
irreconciliáveis em si, que ela se mostra de uma vez por todas reâatária à su-
posição de que suas posições de existência das coisas se manterão coerentes,
que sua concatenação carece de ordenações seguras para regular os peras,
as apreensões,as aparições-- enfim, que já não há mundo. Pode ser que se
chegasse,numa certa medida, à constituição de grosseirasconfiguraçõesde
unidade, pontos de apoio passageiros para as intuições, as quais seriam meros pondente wãoexlstaí
análogosdas intuições de coisa, porque totalmente incapazesde constituir
"realidades" conservadas,unidades de duração que "existiriam em si, fossem
elas percebidas ou não". « «Não carecedc coisaalguma pma existir". Em latim, no original.(NT)
\
116 117
.!gliW p"a «ma fenomenologia
s2Neste escrito, contra-senso é um termo á:giro e não exprime #em#wml&a valoração extralogtca
fundada em sentimento. Mesmo os maiores investigadores caem por vezes em contra-senso, e
se é nosso dever cientíÊco dizê-lo, isso não diminui o respeito que temos por eles.
3' Cf as exposições sobre a teoria da imagem e do signo no S 78, PP. 171 e segs. saCf. acima, p. 95, $ 40.
\
L
\
126 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma âlosofia 6enomenológtca Segwwda,sg
que se exibe por perfis sensíveis.A consciência apercebida naturalmente, o S 54 Continuação. O vivido psicológico transcendente é contingente r'
t
e relativo; o vivido transcendental é necessáriae absoluto
fluxo de vividos dado como fluxo humano e animal e, portanto, experimen-
tado em vínculo com a corporeidade, não se torna, naturalmente, mediante
essaapercepção, um algo que aparece por perfis.
E, no entanto, ela se tornou um outro, uma parte componenteda na-
tureza. Em si mesma, ela é o que é, ela é de essênciaabsoluta. Ela, contu-
do, não é apreendidanessaessência,no isto aí imediato de seu fluxo, mas
é "apreendidacomo algo"; e nessaapreensão
de tipo próprio se constitui
um tipo próprio de zlra#icr dé ria: surge agora um ê ado da consciência
de um eu-sujeito idêntico e praz,o qual nele anuncia suaspropriedadesreais
individuais e do qual agora -- r#g a fo esta unidade de propriedades que
se anunciam em estados -- se é consciente em sua união com o corpo que
aparece.Assim, é a jorna df aparição que se constitui a unidade natural
psicoíísica "homem" ou "animal", como unidade ## dada corporalmente,
em concordância com a fundação da apercepção.
Como em toda apercepçãotranscendente,também aqui se devee6etuar,
por essência,uma d#p/a o /e fafãa. Numa dfZai, o olhar que apreendese
dirige para o objeto apercebido, atravessando,por assimdizer, a apreensão
transcendente; a o erra,ele se dirige reflexivamentepara a consciênciapura
da apreensão. Por conseguinte, no nosso caso temos, de um lado, a or/r#-
zlafãoPS/co/(bica,
na qual o olhar orientado naturalmentese dirige para os )
128 Idéias parauma fenomenologia pura e ??ra uma filosofa Éenomenológtca Sqwndü,seçã,o:Aco ewtül \29
"eu-sujeito empírico", no qual todos essesconceitosempíricos,e portanto gz/ad ado edo#do. Realidade e mundo são aqui justamente,designações para
também o de i ido no ir#zr/doPS/co/(Ü/fo(como vivido de uma pessoa,de certas a iáadêi válidas dr sf»zl/do,quer dizer, unidades do "sentido", referi-
um ser animado) não tivessemponto de apoio algum ou, em todo caso, dasa certos nexos da consciênciapura, absoluta, que dão sentido e atestam
não tivessem vahdez alguma. Zodai as unidades empíricas e, portanto, tam- a validade dele, justamente desta e não de outra maneira, de acordo com a
bém os vividos psicológicos são /#d/c i de rxoi aóso/ foi df p/?/doí com uma essa c/a própria deles.
configuração eidética diferenciada, ao lado das quais também outras confi- A alguém que, diante de nossasexplanações,objeta que isso significa
gurações são pensáveis: todas as unidades empíricas são, no mesmo sentido, converter todo o mundo em ilusão subjetiva e se lançar nos braçosde um
transcendentes, meramente relativas, contingentes. Se parece óbvio que, em- "idealismo berkeliano", podemos apenasreplicar que ele não apreendeuo
piricamente, todo vivido próprio e alheio deve ser considerado, e com plena sr#zlZdodessas explanações. O sentido plenamente válido do mundo, como
legitimidade, como um estadopsicológico ou psicofísicode sujeitosdotados todo dasrealidades,ficou tão pouco comprometido como o sentido geomé
de alma, tal constatação tem, porém, no sentido que 6oi apontado, os seus troco plenamente válido do quadrado ficaria se se negasse que ele é redondo
limites; é preciso se convencer de que ao vivido empírico se contrapõe o (o que neste caso é, sem dúvida, uma reles trivialidade) Não se 6ezuma "re
vivido aóso/wlo,como.presswPoi
fão dr sez/ir lido, e de que isso não é uma viravolta" na interpretação da e6etividadereal, nem se chegou a nega-la, mas
construção metafísica,mas algo indubitavelmente atestávelem suaabsolutez, se afastou uma interpretação absurda, que contradiz o sentido, clarificado em
algo dado em intuição direta, pela alteraçãocorrespondente da orientação. evidência, que Ihe é Pr(brio. Essainterpretação advém de uma absolutização
dele.
É preciso se convencer de que ops/g íro rm.goraz, o ir zl/doda .pairo/ag/a,as .»/onPcado mundo, que é de todo estranhaà consideraçãonatural
pessoas,as propriedades, vividos ou estados psíquicos são unidades r/wP/r caí Esta última é, precisamente,natural, ela vive ingenuamente na e6etuaçãoda
e, portanto, como realidades de qualquer espécie ou nível, são meras unida- tese geral por nós descrita e, portanto, jamais pode.ser um contra-senso. O
des de "constituição" intencional são verdadeiramente existentes no seu contra-senso surge somente quando se fHosoEae, na busca de uma explicação
sentido; podem ser intuídas, experimentadas e determinadas cientiâcamente última sobre o sentido do mundo, não se nota que o mundo mesmo possui
com basena experiência-- e, no entanto, são"meramente intencionais" e, todo o seu ser como certo "sentido", o qual pressupõe a consciência absolu-
por isso, meramente "relativas". Est-ipular que existem no sentido absoluto ta, o campo da doaçãode sentido;a'e quando, em estreita ligação com isso,
é, portanto, um contra-senso. ítão se nota que esse ca,mpo, essa e#erü ontológica dü,s ordens übsolHtüs, é wm
ca/#po ares/PB/ à /wpõstÜafão üi a, com uma profissão infinita de conhe-
cimentos evidentes da mais alta dignidade científica. Esseúltimo ponto, com
S 55. Conclusão. Todas as realidades são por "doação de sentido". efeito, ainda não 6oi mostrado por nós e só ganhará clarezano prosseguimen
Que não setrata de "idealismo subjetivo" to destas investigações.
Deve-se. Malmente, observar ainda que a generalidadecom que se fa-
Em certo sentido, e com alguma precaução no uso da palavra, também lou, nas ponderaçõesque acabamde ser feitas, da constituição do mundo
se pode dizer: "Zodaí ar idadri reaZíião '# idadesdo if zl/do'". Unidades natural na consciênciaabsoluta, não deve causar perplexidade. O leitor com
ex-
do sentido pressupõem (volto a bisar: não porque o deduzimos de quaisquer experiênciacientíâca poderá concluir, da determinidade conceitual das
postulados metaâsicos, mas porque podemos atesta-lo em procedimentos posiçoes, que não nos arriscamos temerariamente em extravagâncias fUosóâ-
intuitivos, completamente indubitáveis) consciênciadoadora de sentido, a cas. mas. com base em trabalho sistemático de fundamentação nesse campo,
qual, por sua vez, é absoluta e não novamente por meio de uma doação concentramos cautelosamente conhecimentos obtidos em descrições que
de sentido. Se o conceito de realidade é tirado das realidades#af reis. das se mantêm no âmbito da generalidade.A necessidadede desenvolvimentos
unidades de experiênciapossível,então "a totalidade do mundo", "a totali-
dade da natureza" é, sem dúvida, o mesmo que a totalidade das realidades;
identifica-la, porém, com a totalidade do ler, tornado-a, assim,absoluta, é ;' Paraque o contrasteseja maise6caz,permito-me de passagemaqui um alargamentoextre
contra.-senso. Utnü realidade übsolwtü üle ncn,ta,lwewte o wleslno tanto que %1% maslícito a seu modo, do conceito de "sentido"
l
t
130 Idéias p a fUosofia fenomenológica
enológica
Seguwd !fuwdnmental \33
S 57. Questão: o cu puro pode scr posto fora de circuito?
exclusãodo circuito, embora para muitas investigações asquestões acercado
eu puro possamficar i# iz/íPr#io. Pretendemos considerar o eu puro como
da/wm fenomenológico somente até onde vá sua peculiaridade eidética cons-
tatávelem evidênciaimediata e sua condição de dado concomitante com a
consciênciapura, ao passoque todas asteorias sobre ele que extrapolem esse
âmbito devem ser postas cora de circuito. De resto, teremos oportunidade
de dedicar um capítulo próprio, no segundo livro deste escrito, às difíceis 4
J
questõesacercado eu puro e também, além disso, à consolidação da posição
provisoriamente tomada por nós aqui.37
a7Nas Jipe gafõei liÜírar defendi uma posição cética na questão do eu p=o, que não pude
manter no progresso de meus estudos. A crítica que enderecei à fecunda Inn'adwfãa à pdco-
/agia de Natorp(ll,.pp= 340 e segs.da primeira edição) não é, portanto, consistenteqtÍanto
ao ponto principal. (Infelizmente não pude ler e considerar as ailerações da reedição recente
mente publicada da obra de Natorp.)
t
como particularizaçãodela.
mos até continuar tranqüilamente a fiar como fHamos enquanto homens ')
.)
s9Cf: acimaS 44, p. 103. saberiacomo evita-lo. É preciso presentiâcaressasituaçãoem viva intuição.
osofia fenomenológica
iú HüluB 8RU
dc tudo isso. Na fenomenologia, assimcomo em todas as ciênciaseidéücas,
l
H
-na,ao contrário, além de muito mais acessível,não se "esvai" pela reHexão.
nós podemos estudar, no âmbito da originariedade, a sua essênciageral
puro que se e6etuacom basenelas,e servemprincipalmente para fixar etapas
do processo já concluído e, assim, torna-lo mais facilmente de novo presen'
te. Também ali onde se "reflete" a respeito da figura, os novos processosde
pensamento que se acrescentamsão, em sua basesensível, processosimagi-
nativos, cujos resultados fixam as novas linhas da âgura.
e a essênciade seus componentes e de seuscorrelatos eidéticos em geral Em suas linhas mais gerais, a questão não se apresenta de maneira dize
sem despender.esforços especiaispara o estabelecimento da clareza. Se se rente para o üenomenólogo,que tem de lidar com vividos reduzidos e com
afirma que também as percepçõespossuem suasdiferenças de clareza com os correlatos que lhes são por essênciapertencentes.Também há infinitas
respeito aos casosem que a percepção ocorre no escuro, em meio a uma conâgurações fenomenológicas de essência.Também ele só.pode fazer um
nevoa etc. não pretendemos entrar aqui em exames mais minuciosos para uso moderado do recursoao dado originário. Por certo, todos os principais
==.=,:'=:.=H=.m=
:ÚnstlãHÜB
voa, e qye sempre tenhamos uma percepção clara a nossadisposição, assim
tipos de percepção e presentiíicação estão ao seu livre dispor enquanto dados
originários, isto é, como exemplificaçõesperceptivaspara uma 6enomenolo-
gta da percepção, da imaginação, da recordação etc. Para a mais alta gene-
ralidade, ele tem ainda igualmente à disposição, na esfera da originariedade,
exemplos para juízos, suposições, sentimentos, volições Mas obviamente
não dispõe de exemplos para todas as conâgurações particulares posTveis,
'o Cf. S 4, p. 38 e sega.
tão pouco quanto o geâmetra dispõe de desenhos e modelos para asinfinitas
n
154 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma fHosoâa fenomenológica Terceira seção:A
S 7i O problema da possibilidade
de uma eidética descritiva dos vividos
'' Proposição que, recortada como citação, cairia como uma luva para o escárnio naturaHsta
do modo de conhecimento eidético. 42Para os dcsenvolMentos seguintes,cf. o capítulo l da I' seção,especialmenteSS 12, 15 e 16
1 56 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica Terceira,seção:A
B
(
tica autêntica? Considerado em sua facticidade, tem ele semelhançacom
a natureza física, que deve ser caracterizadacomo uma multiplicidade
concreta deânida, se o ideal último que guia o físico 6or válido e tomado
em seu conceito rigoroso?
E um problema epistemológicoaltamente signiâcativo ter plena cla-
reza sobre as questõesde princípio aqui implicadas,isto é, apósfixar o
S 73 conceito de multiplicidade deânida, examinar as condições necessáriasque
2=:: :L=====T'".'.,,. têm de ser satisfeitaspor um domínio material determinado, casodeva cor-
responder a essaidéia. Uma condição para isso é a êxaf/dão #a 'lHo mação
fa cf/l a/", que de modo algum depende de nosso livre-arbítrio e de nossa
arte lógica, mas pressupõe, no tocante aos conceitos axiomáticos pretendi-
dos, que precisam ser atestáveis em intuição imediata, exüz /dão a .pr(@?./a
eísê czaaPrff d/da. Em que medida, porém, essências"exatas" são encon-
tráveis num domínio eidético, e se essênciasexataspodem estar na basede
todas as essênciasapreendidasem intuição eâetivae, com isso, também na
basede todos os componentes dessasessências,isso depende inteiramente
da especiâcidade do domínio.
O problema que se acabade mencionar está intimamente entrelaçado
com os problemas fundamentais, ainda não solucionados, relativos a uma
clarificação de princípio da relação entre "dricr/fãa", com seus "coice/zoí
delfr/f/?o/', e drz?rrm/»afãs "unívoca", "exala", com seus "co@reizPoJ{dr-
alP'; e, paralelamente, à clarificação da relação ainda pouco compreendida
entre "ciências descritivas" e "explicativas". Uma tentativa neste sentido
será apresentada na continuação destas investigações. Aqui não podemos
deter por muito tempo o curso principal de nossasreflexões, e tampouco
estamos suâcientemente preparados para já agora tratar essasquestões de
maneira exaustiva. Basta indicar, na seqüência, alguns pontos a ser tratados
de maneira geral.
160 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma fUosofia fenomenológica Terceira, seçã,o:A meto
$ 74. Ciências descritivas e exatas dc abrangência é sempre o ideal. É preciso, além disso, ver com clareza que,
embora elas tenham ligação, as fié#cZai 'x'llaie m cié ciaspzl ame zle.dêsc
ifã'ai
Comecemos nossas considerações pelo contraste entre geometria e Ciên- amais podem substituir umas às outras? e que, por maior que seja o deJ. ;. lú.
cia nat:ura] descritiva. O geâmetra não se interessa pelas formas fáticas sen- mento da ciência cxata, isto é, da ciência que opera com substruções ideais, ele
sível-intuitivas, como o cientista natural descritivo. Ele não constrói, como não pode solucionar os problemas originais e legítimos da pura descrição
este, co re/loJ mo :Ho/(Ü/coipara tipos vagos de formas, que são apreendidos
l diretamente com basena intuição sensível e fixados conceitual ou termino-
logicamente de maneira vaga como eles.'A ag eza dos conceitos, a circuns- S 75 A fenomenologia como doutrina
tância de que têm esferasfluidas de aplicação, não é uma mácula que lhes eidética descritiva dos vividos puros
deve ser impingida, pois, para a esferade conhecimento a que servem, eles
são pura e simplesmente imprescindíveis, ou melhor, são os únicos que' nela No que concerne à 6enomenologta,ela quer ser uma douuina eidética
se justiâcam. Se é preciso trazer à expressãoconceitual adequadaos dados d Jrrjfipa dos vividos transcendentaispuros em orientação fenomenológica,
materiais mtulttvos em seus caracteres eidéticos intuitivamente dados, isso e como toda disciplina descritiva, que não opera por substrução nem .por
significa toma-los tais como se dão. E eles não sedão justamente senão como idealização,ela tem sualegitimidade em si. O que quer que possaser eideti-
dados fluidos, e essênciastípicas neles só podem ser trazidas à apreensão na camente apreendido nos vividos reduzidos em intuição pura. quer como
intuição eidética que os analisaimediatamente. A mais perfeita geometria e componente real, quer como correlato intencional -- serápróprio a ela, e tal
o mais perfeito domínio prático dela não podem ajudar o cientista natural é para ela uma grande fonte de conhecimentos absolutos.
descritivo a trazer justamente à expressão(em conceitos geométricos exa- Vejamos, porém, um pouco mais de perto, em que medida sepodem es-
tos) aquilo que ele exprime de maneira simples, compreensível e plenamente tabelecer no campo fenomenológico, com seusinúmeros concretos eidéticos,
adequada com as palavras "denteado", "chanfrado", "lenticular", «umbe- descrições eeetivamente científicas, e o que estas são capazes de produzir.
li6orme" etc. -- meros conceitos que são êslf ria/m z:ef ãa casca/mr#f, A consciênciatem em geral a peculiaridade de ser um flutuar que trans-
l#rxafoí e, por isso, também não matemáticos. corre em diferentes dimensões,de modo que não se pode falar de uma fi-
Os conceitos geométricos são "co rr/Zaí /dêaí?', eles exprimem algo que xação conceitual exata de quaisquer concretos eidéticos e de todos os mo-
não se pode "ver"; sua "origem" e, com isso, também seu conteúdo é essen- mentos que os constituem imediatamente. Tomemos por exemplo um vivido
cialmente diferente da origem e do conteúdo dos co cr/foJ dr dricr/fão, como do gênero "imaginação de coisa", tal como nos é .dado, quer na perc:pçao
conceitos que exprimem imediatamente essênciastiradas da simples intuição fenomenológico-imanente, que em outra intuição (semprereduzida). Então
e não "ideais". Conceitos exatostêm seuscorrelatos em essênciasque pos o fenomenologicamente singular(a singularidade eidética) é estaimaginação
suem o caráter de "ZdéZa?' #o Je#lZdo éa f/a#o. A essas idéias ou essências de coisa, em toda a plenitude de sua concreção, exatamente como ela passa
ideais se contrapõem as essac/aí mop:Ho/IÜ/cai,como correlatos dos conceitos flutuando no fluxo de vivido, exatamentena determinidade e indeterminida-
descritivos.
de com a qual a sua coisa é trazida à aparição, ora por estes, ora por aqueles
Aquela ideação que estabeleceas essênciasideais como "7ím/zzi" /daaü. aspectos,exatamente na mesma distinção ou turvação, na clareza oscilante e
não encontráveispor princípio em nenhuma intuição sensívele dos quais as obscuridadeintermitente etc., que Ihe sãopróprias. A fenomenologia deixa
ncias morfológicas se "aproximam" em maior ou menor medida sem ja- de lado ape aí a / d/?Zdwafão,maselevatodo o conteúdo eidético, na pje
mais alcança-los? é algo fimdamental e essencialmente diferente da apreensão nitude de sua concreção, à consciência eidética e o toma como essência ide
de essênciamediante simples "abstração", na qual um «momento" realçadona al-idêntica, que, como toda essência,não poderia se individual somente óic
região dasessências
é realçado como um algo vago por princípio, como um algo mas em inúmeros exemplares.Vê-se, sem maiores diâculdades, que
típico..A esza&/idade e .pwzw dZÚerp cZa&Z/idade daí co ce/faK d gZ r o ou das uma./üafão conceitual e terminológica destee de todo fa#crefofluido como
essênciasgenéricas, cujo campo de abrangência é aquilo que é fluido, não pode ele é impensável, e o mesmo vale para cada uma de suas partes imediatas, não
ser confundida com a exa&idão doJ ro cf//as /orais. e dos gêneros, cujo campo menos fluidas, e cada um de seus momentos abstratos.
162 Idéias para uma 6enomeno]ogia oura e Daráuma 6]osoâa âcnomenológica TGrceirü
seção:
A mdo
Ora, se em nossaesferadescritiva não se pode fiar de uma determina- nosso campo visual uma série de problemas importantes. Para nós agora está
ção unívoca das í/mgwZa /dadeí f/déficaí, tudo se passa de modo diferente inteiramenteclaro que, com o procedimento analógico, nada se pode obter
com as essências de /pe/ mais aZfo df êsprc/aZ/dado. Estas se abrem para Uma
diferenciação estável, uma conservação identificadora e uma apreensão con.
ceitual rigorosa, bem como para a análisedas essênciasque a compõem, e.
uans-
por conseguinte, no caso delas faz todo o sentido propor as tarefas de uma dolo para cada nova ciência e, mais ainda, para .nossafenomenologia
descrição científica abrangente . cendental -- como se pudesse haver somente ciências eidéticas de um único ')
É assimque descrevemose, com isso, determinamos em conceitos ri- dpo metódico, o da "exatidão". A 6enomeno]ogiatranscendental,como ci xk
.goroíoía essênciagenérica da percepção em geral ou de suas espéciessubor- ênciade essênciasdescritiva, pertence, porém, a uma c/agir/w dama fa/ dê 'L.i
dinadas, como a percepção da coisa física, dos seres animais etc.; da mesma rié r/as e/dézl/caízroa/me fr d Hr e zledas ciências matemáticas.
maneira, determinamos a essênciagenérica da recordação, da empatia, da
1. 1
vo[ição em geral etc. Antes destas,porém, estão as.gf#e a//dadri swPamai: .&:
'bH.
vivido em geral, cog/&azl/oem geral, que já possibMtam descriçõeseidéticas
::)
abrangentes. Está manifestamente contido na natureza da apreensão geral
de essência, da análise, da descrição, que as operações nos níveis superiores .#)
menologia da própria natureza, como correlato da consciência cientíâco- de essênciaentre fenomenologia pura, psicologia eidética e psicologia em-
natural. Da mesmamaneira,embora psicologia e ciênciasdo espírito sejam pírica ou ciência do espírito,.f de grande relevância para as disciplinas aqui
atingidas pela exclusão de circuito, há uma fenomenologia do ser humano. envolvidase para a fUosofia.Em especial,a psicologia, que em nossaépoca
de sua personalidade, de suas características pessoaise de seu curso (humano) buscaavançar com todas as suascorças, só pode ganhar a fimdação radical
de consciência;há, além disso, uma fenomenologia do espírito social, das que ainda Ihe fita, caso venha dispor de amplas evidências sobre os nexos
conâguraçõessociais,das formas da civilização etc. Desde que entra como eidéticos aqui apontados.
dado para a consciência, todo transcendente não é objeto de investigação As indicações que acabam de ser dadas nos fazem sentir o quão distantes
fenomenológica somente pelo aspecto da camsc/éf/a que se tem dele, por ainda estamos de entender a fenomenologia. Aprendemos a nos exercitar
exemplo, pelos diferentes modos de consciência nos quais ele vem, como ele na orientação fenomenológica, pusemos de lado uma série de dificuldades
mesmo, à doação, mas também, embora de maneira essencialmenteligada a metodológicas que podiam induzir em erro e defendemos a legitimidade de
isso, na condição de dado e de incluído nos dados. uma descriçãopura: o campo de investigação está livre. Ainda não sabemos,
Há, desta maneira, vastos domínios da investigação fenomenológica para todavia, g aií são os grandes temas que 'nele encontraremos ou, para ser
os quais não estamos absolutamente preparados se partimos da idéia de vivi- maxi ytec\se. qwedireçõesfl wdümewta,isdü descriçãosãoprescritas pelopadrão
do -- especialmentese começamos,como todos nós, pela orientação psico- e/déf/co maZr.cêra/ dor i /doi. Para ganhar clareza sobre essasrelações, tenta-
lógica e se nos deixamos levar primeiro pelo conceito de vivido da psicologia remos caracterizar nos próximos capítulos justamente essetipo eidético mais
de nossaépoca --, domínios que, sob a influência de obstáculos internos 'se geral, ao menos em alguns de seustraços especialmente importantes.
estaráde início pouco disposto a reconhecer como Éenomenológicos.Essa Com essasnovas considerações, não abandonamos propriamente os pro'
inclusão do que cora posto entre parênteses resulta, para a psicologia e para blemasde método. As discussõesmetodológicas anteriores eram determina
a ciência do espírito, em situações muito próprias e que dão margem a erros. das por evidências, as mais gerais, acerca da essência da esfera fenomenológi-
A íim de indica-lo apenasno que concerne à psicologia, constatamos que a ca. É óbvio que um conhecimento aprofundado dela -- não em seusaspectos
consciência, como dado da experiência psicológica, isto é, como consciência individuais, mas nos seusaspectosgeraise decisivos também tem de nos
humana ou animal, é objeto da psicologia: na investigação científica empírica munir de normas metodológicas fecundas, que deverão ser seguidaspor to-
é objeto da psicologia empírica, na investigaçãocientífica de essências.da dos os métodos especiais.O método não é algo que se traz ou devatrazer de
psicologia eidética. Por outro lado, com a devida modiâcação introduzida Forapara dentro de um domínio. A lógica formal ou a noética não dá o méto-
pelos parênteses,o mundo inteiro, com seusindivíduospsíquicose com os do, mas ajorma de método possível, e por mais útil que o conhecimento da
vividos psíquicos deles, faz parte da fenomenologia: tudo isso como corre- forma possa ser no aspecto metodológico, um método dera m/Halo -- não
lato da consciência absoluta. Nela, portanto, a consciência surge em dize segundo a mera particularidade técnica, mas segundo o tipo metódico geral
rentes modos de apreensão e em diferentes nexos, e diâcrentes no interior -- é uma norma que provém do padrão regional fundamental do domínio e
da própria fenomenologia; ou seja,na própria fenomenologia, a consciência de suasestruturasgerais e, portanto, é essencialmentedependente, em sua
surge, ora como consciênciaabsoluta, ora, no correlato, como consciência apreensão cognitiva, do conhecimento dessas estruturas.
psicológica, inserida agora no mundo natural -- que teve, de certa maneira,
o seu valor trocado, mas não perdeu o próprio conteúdo, enquanto cons-
ciência. Estes são encadeamentos difíceis e extraordinariamente importan- S 77 A reflexão como peculiaridade fundamental
tes. Deles também depende que toda constatação 6enomenológtca acercada da esfera dos vividos. Estudos na reflexão
consciência absoluta possa ser re-interpretada numa constatação eidético-
psicológica (que, num examerigoroso, de modo algum é uma constatação Entre as peculiaridadeseidéticas mais gerais da pura esfera de vivido,
fenomenológica), o modo de consideração fenomenológico sendo, porém, trataremos em primeiro lugar da eWexão.Faremos isso em virtude de sua
o mais abrangente e, enquanto absoluto, o mais radical de todos. Ver tudo função metodológica @#Zrasa/: o método fenomenológico se move intei-
isso com clareza e trazer posteriormente à mais translúcida clareza as relações ramente em fitos da reflexão. Pode-se, no entanto, levantar diâculdades cé-
l
Terceiraseção:A me
E
trapartida excitada.retenção imediata; a seguir, vem a recordação prospecu:li,
«ue,presentificando de maneira inteiramente outra, é reprodutiva em sentido
;ais próprio, é contrapartida da rnnemoração. Neste caso, aquilo que se es-
:
E 1 144 m ';,n=hlÊ
a alegriase deu, de atcntar para o trecho anterior em que transcorreraH os $ 78. O estudo fenomenológicodas reflexõesacercade ávidos
pensamentos teóricos, mas também para o olhar que anteriormente seVolta.
!
6a fenomenológica Tercei!!grão: A m
caracterizadopor tal modificação e então sempre caracterizado fm si mesmo
como tal, seremosreconduzidos a certos protovividos, a "/##P esiõe/',que
exibem os vividos adio/ amf zlr orÜ/ árias no sentido fenomenológico. As-
sim, Pf CEpfõei de coisassão vividos originários em relação a todas as recor-
dações,present:ificaçõesde imaginação etc. Elas são tão originárias quanto o
possamser vividos concretos em geral. Pois, observando bem, elas têm em
suaconcreção apenas ma á ií;ajase aóso/ Zlame#z:e orÜ/#ár/a, embora esta
também sempre flua continuamente: o momento do agora vivo.
Podemos referir primariamente essasmodificações aos vividos atuais da
i' consciênciairrefletida, pois se pode logo ver que todas as modiâcaçõespor
reflexão consciente precisam eo ipsoparticipar dessasmodiâcações primárias,
uma vez que elas, como reWexõeisobre vividos e consideradas em sua ple
#'
na concreção, são elas mesmasvividos em consciência irrefletida, aceitando,
como tais, todas as modificações. Ora, a própria reflexão é seguramente uma
nova espéciede modificação geral -- o d/ ec/o ame [o do eu para seusvividos
e, junto com ele, a efetuaçãode atou do fog zlo(em especial,atos da camada
mais baixa, fundamental, a das representações puras e simples), "nos" quais
o eu se direciona para seus p/Tidos;ora, é justamente esseentrelaçamento da
reflexãocom apreensõesou assimilaçõesintuitivas ou vaziasque condiciona,
no estudo da modiâcação reflexiva, o entrelaçamento necessáriodela com o
estudo das modiâcações acima indicadas.
IJnicamente por atou de exPC/é r/a reflexivos sabemos algo do fluxo
de vividos e de sua necessáriareferênciaao eu puro; portanto, unicamente
por eles sabemosque o fluxo de vividos é um campo de livre e6etuaçãode
cogitações de um único e mesmo eu; que todos os vividos do fluxo são vi-
vidos dele, justamenteporque ele pode olhar para elesou, "por intermédio
deles", para algo estranho ao eu. Convencemo-nos de que essasexperiências
conservam sentido e legitimidade também enquanto experiências reduzidas,
e apreendemos a Zeg/f/midadr de experiências dessa espécie em generalidade
de essência,da mesma maneira que, paralelamente a isso, apreendemos a
legitimidade de piíõ s d essac/a referidasa vivido em geral.
É assimque apreendemos,por exemplo, a Zg f/midadc aóío/ z:ada re
flexão prrcfpf/l2a imanente, isto é, da percepção imanente pura e simples, e
apreendemosessasua legitimidade naquilo que Eazdela, em seu decurso,
um dado originário e6etivo;da mesma maneira, apreendemos a /egÍf/midadf
aóso/ zlada e r fão /ma ê fe no que concerne àquilo que nelavem à cons-
ciênciacom o caráterdo "ainda" vivo e do que Êoi"há pouco", masisso, sem
dúvida. somente até onde vai o conteúdo do que é assim caracterizado. Ou
seja,enquanto foi, por exemplo, percepçãode um som e não de uma cor.
omenológica
üfenomltoloyilpurü L7S
novamenteesseceticismo em relação à fenomenologia, embora ele certa-
mente não tenha apreendido o sentido peculiar da fenomenologia pura que
as l#Pe#gafÕes mgicai tentaram introduzir, e não tenha visto a diferença da
situaçãopuramente fenomenológica em relação à situação empírico-psicoló-
gica. Por mais que as diâculdades em ambos os casossejam similares, há, no
entanto,uma diferença, que reside, num caso, em perguntar pelo alcancee
valor cognitivo de princípio das constataçõesde x/ é cla, que exprimem os
dados de nossasexperiências internas (humanas), isto é, em colocar a questão
do método psicológico; no outro caso, o que está em questão é o método
fenomenológico,e se pergunta pela possibilidade e alcancede princípio de
constataçõesde eíié#c/a,que devem se referir, com basena pura reflexão, a
vividos enquanto tais, segundo suaspróprias essênciaslivres da apercepção
natural. Não obstante, subsistem relações internas e até, numa medida con-
siderável, congruências entre ambas, que justificam nosso posicionamento
em relação às objeções de Watts, especialmente em relação a frases dignas de
nota, como as seguintes:
"É quase impossível fazer suposições sobre como se chega ao conheci-
mento do vivido imediato. Pois ele não é nem conhecimento, nem objeto do
conhecimento,mas algo outro. Não se pode ver como se passapara o papel
um relato sobre vivido do vivido, mesmo quando ele existe". "Como quer que
seja, esta é a questão última do prob]ema fündamenta] da auto-observação"
"Hoje em dia se designa essadescrição absoluta como fenomenologia".'P
Referindo-se às exposições de Th. Lipps, Watt diz então: "À eÊetividade
S 79 sa&Zdados objetos da auto-observação se contrapõe a eâetividadedo eu pre-
Excurso -observa fenomenologia e as dificuldades
dizer, meramente vinda, não 'sabida', isto é, apreendida reflexivamente.se
Com isso, ela é justamente e6etividadeabsoluta". "Pode-se ter uma opinião
bem diferente", acrescentaele, por suavez, "a respeito do que se pode fazer
com essaeÊetividadeabsoluta...Trata-se, também aí, certamente apenasde
resultados da auto-observação. Ora, se esta é sempre observação que olha
para trás, sempreum saberde vividos já i/dai como objetos, como se devem
estatuir estadosdos quais não se pode ter saber algum, de que se tem apenas
consciência?A importância de toda a discussãogira justamente sobre isso.
a saber,sobre como derivar o conceito do vivido imediato, que não é saber
W
algum. A observaçãotem de ser possível.Vivenciar é, enâm, próprio de cada
49Idem, p. 5.
5' Colchetes de Husserl. (NT)
176 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma 61osofiafenomenológica
um. SÓque ele não iate disso. E mesmo se soubesse,como poderia saber
s: Idem, p. 7.
5zIdem, p. 12
ss (if. acima S 70, pp. 152 e sega.
sua vez, passam por apreensões etc-
L
D
claro, ademais, que, sendo a pressuposição constante, isso só pode ser sabido
por reflexão, e só pode ser filndamentado como saber imediato por intuição
reflexivadoadora. O mesmo se dá com a afirmação de eEetividadeou possibi-
lidade das modificações acrescentadaspor reflexão. Mas se isso é dado por in-
tuição, então ele é dado num conteúdo intuitivo e, portanto, é contra-senso
afirmar que não há nada de cognoscível aqui, nada que se rena ao conteúdo
do vivido irrefletido e da espéciede modificaçõespor que ele passa. +
Os âenâmenosda reflexão são, com efeito, uma esperade dados puros e, n =.l
sob certas circunstâncias, perfeitamente claros. Neles se tem uma rpidé rZa
rldézlicasempreadngivel, porque imediata: a partir do dado objetivo como tal,
é possível reflexão sobre a consciência doadora e seu sujeito; a partir do perce-
bido, daquilo que está ' aí" em carne e osso, é possível reflexão sobre o perco
ber; a partir do recordado,a partir de seu"vislumbre" como tal, como "tendo
sido", é possível reflexão sobre o recordar; a partir do enunciado, no transcurso
de seu ser dado, é possível reflexão sobre o enunciar etc.; em todas essasope
rações o perceber, como percepção justamente deste percebido, a consciência.
como consciênciadeste algo de que se é consciente em tal momento, é o que
entra como dado. É evidente que, por essência-- portanto, não apenaspor
andamentos meramentecontingentes,como que meramente"para nós" e
nossa "constituição psicofísica" contingente --, algo como consciência e con-
teúdo de consciência(no sentido real ou intencional) só pode ser conhecido
por reflexão. Logo, até Deus estásujeito a essanecessidadeabsoluta e evidente.
assim como à evidência de que 2 + 1 Também ele só poderia alcançar
conhecimento de sua consciência e de seu conteúdo reflexivamente.ss
Com isso se afüma, ao mesmo tempo, que a reflexão não pode estar enre
dada em nenhum conflito antinâmico com o ideal de conhecimento perfeito.
5' Watt, OP.Cit.,P. 12. 55Não levaremos.aqui a discussãopara os domínios da teologia: a idéia de Deus é um concei
to-limite necessário em considerações gnosio]ógicas e até um índice indispensável para a bons
trução de certos conceitos-limite, que mesmo o ateu não pode dispensar quando HosoEa
ofia fenomenológica
l.erceirn, seção:A me
Cada espéciede ser, já tivemos de fiisá-lo mais de uma vez, tem por essênci, """""' constitua o único método possívelparaa
ízwi modos de doação e, portanto, suasformas de método de conhecimento Mação dos conceitos que devem ter filnção determinante em toda descrição
:jl
.)
por mais difícil que sejade constatar,em análiserigorosa e clara, o que pro-
priamenteconstitui a essênciapura da intencionalidade, que componentes
dasconâgurações concretas ela propriamente comporta em si, e quais lhes
sãointrinsecamente alheias--, os vividos são considerados sob um ponto de
vista determinado e altamente importante quando os reconhecemos como
intencionais e quando, a seu respeito, enunciámos que são consciênciade
algo. Nessa enunciação é indiferente para nós se se trata de vividos concretos
ou de camadasabstratasde vivido: pois também estaspodem apresentara
peculiaridade aqui em questão.
d'::
S 85. YÀ,vl sensual, HopQTI intencional
y.':l:
" l#PreÜafÕ fMg/caí 11,ó' Investigação?S 58, P. 652; o conceito de conteúdo primário já se
encontra, aliás, em minha FÍ/asoÚadaa ílméfica, 1891,pp. 72 e segs. ' '
'1
194 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma 61osofiafenomenológica Terceira seção:A meto
modo a haver, sobre aqueles momentos sensuais, uma camada que por assim
dizer os anima, lhes dá sr r/do (ou que implica essencialmente doaçãode
sentido), uma camadapor meio da qual o próprio vivido intencional concre-
to se realiza, a partir do ie i aZ, g r
ada fm dr / Zlr#c/o a//dada em i/.
Não é lugar aqui de decidir se, no seu fluxo, tais vividos sensuaiscom-
portam em toda parte e necessariamentealguma "apreensão vivificante"
(com todos aqueles caracteres que esta por sua vez implica e possibilita)
ou, como também dizemos, se elas sempre se encontram em /w#fõeí i#-
fr cio a/s. Por outro lado, também podemos deixar ainda em aberto se sa pelo conceito /# c/o#a/ de #á/F. Essesdois aspecto!.forçaram a antiga
os caracteresque produzem essencialmentea intencionalidade podem ter transposição do sentido original mais restrito de sensibilidade para a esfera
concreção sem base sensual. da afetividade e da vontade, isto é, para os vividos intencionais nos quais
Como quer que seja,em todo o domínio fenomenológico (em todo ele dados sensíveisdas esferas assinaladasaparecem como "materiais" funcio-
-- no interior do nível, a ser constantemente mantido, da temporalidade nais.Como quer que seja, precisamos,portanto, de um termo novo que
constituída), um papel dominante é desempenhadopela notável duplici- exprima todo o grupo mediante a unidade da filnção e pelo contraste com
dade e unidade da uÀ,71 se swa/ f da Fopq)TI/ zr c/o#a/. Com efeito, esses os caracteres formantes, e escolhemos, por isso, a expressão dados b/Zéf/coJ
conceitos de matéria e forma se impõem a nós quando nos presentificamos ou mazrrriaií, mastambém pura e simplesmente mazlcriais.Onde 6or preci-
quaisquer intuições claras ou valorações claramente efetuadas, atos de pra- so despertar a lembrança das expressõesantigas, inevitáveis a sua maneira,
zer, volições etc. Os vividos intencionais estãoali como unidades mediante diremos matérias ir i ais, mas também se sí en
doaçãode sentido (num sentido bastanteampliado). Dados sensíveisse Aquilo que forma as matériaspara vividos intencionais e introduz a
dão como matéria para formações intencionais ou doações de sentido de
diferentes níveis, simples ou fundados de maneira própria, tais como ainda especifico àquela maneira de fiar acerca da consciência, segundo a qual
os discutiremos mais detidamente. A doutrina dos "correlatos" ainda con- ela aponta co ipsopara algo de que ela é consciência. Ora, uma vez que é
ârmará, por um outro lado, a adequaçãodessemodo de EHar.No tocante totalmente impraticável edar de momentos de consciência, de consciencia-
às possibilidades acima deixadas em aberto, elas deveriam, pois, ser desig- lidades e construções semelhantes, assim como de momentos intencionais,
nadas ma,férias semforma e forma,s sem ma,féria. devido a diversasequivocidadesque se tornarão posteriormente claras,in-
troduzimos o termo morre lo oézlico ou, para ser mais breve, woese. Essas
Com respeito à terminologia, é preciso fazer o seguinte acréscimo.A
noeses constituem o especíâco do wozZs,no íc l do maia al#p/o da palavra,
expressão "conteúdo primário" já não nos parece suficiente como designa-
ção. Por outro lado, a expressão"vivido sensível" é inaplicável ao mesmo que nos remete, segundo todas as suasformas atuais de vida, a rogifa&lo-
#ei e a vividos intencionais em geral e, assim, abrange tudo aquilo (e no
conceito, e tal impedimento se deve a locuções gerais como percepções
sensíveis,intuições sensíveis,alegria sensíveletc., nas quais o que se designa essencial somente aquilo) que é preíswpoíifão eZdéfica da /déia driorma.':
como sensíveisnão são meros vividos hiléticos, masvividos intencionais; e, Ao mesmo tempo não nos é inconveniente que a palavra #oáí lembre uma
manifestamente, falar de "meros" ou "puros" vividos sensíveisnão melho- de suas signi6cações eminentes, a saber, a de "ie#l/do' , pois.embora a "do-
rada em nada a diâculdade em virtude de suas novas equivocidades. A estas açãode sentido" que se efetua nos momentos noéticos abranja diversos
se acrescentam as equivocidades próprias inerentes à palavra "sensível", e aspectos,somente como fundamento ela é uma "doação de sentido" que
que são conservadasna redução fenomenológica. Tirante o duplo sentido se prende ao conceito forte de sentido.
que apareceno contraste entre "doador de sentido" e "sensível", e que,
por mais que ocasionalmente estorve, já quase não pode ser evitado, ainda
se deveria mencionar o seguinte: sensibilidade, num sentido mais estrito.
designa o resíduo fenomenológico daquilo que é mediado pelos "sentidos" ó5 Na edição Biemel da ll#iser/ilha, em vez de "forma" se lê: "norma".(NT)
sofra fenomenológica Terceiraseção:A melado
para o desenvolvimento da 6enomenologta -- embora Brentano mesmo te- ao material, podem ser chamadas de biZélico:Heome o/(Ü/cai, assim como, )
T
!omenológica
Terceiraseçãg:A metotioloaiae ü M'oblemáticü d,nfenomenohyiü pura \99
mentefomes o objeto existenteé correlato de nexos de consciênciade con
teúdoeidético bem determinado, assimcomo, inversamente,o ser de nexos
de tal espécie é equivalente ao objeto existente; e isso sempre com referência
a todas asregiões de ser e a todos os níveis de generalidade, descendo até a
concreção do ser.
Em suaorientação puramente eidética, que põe todo tipo de transcen-
dência"cora de circuito", a fenomenologia chega, em seu próprio solo de
consciência pura, a todo esse complexo de pro&Zemaí zl a icr de rali #o ir#-
tido especÍÊcoe merece. por isso, o nome de fenomeKoLoyiü transcendental.
Em seu próprio solo ela tem de chegar a considerar os vividos nao como
coisasmortas quaisquer,como "complexosde conteúdo" que meramente
são,porém nada significam, nada visam, segundo seus elementos, formas
complexas, classese subclasses,mas tem de dar conta de uma spéc/f p7'ópria,
por princípio, de probkmá,fica, que os apresenta como pipidos intencionais e,
pwtümente por swü essênciaeidéticü, como " consciência de"
Naturalmente, a #i/éz/ca Pz/7'ase subordina à fenomenologia da consci-
ência transcendental. Ela tem, de resto, o caráter de uma disciplina fechada
em sl, tem, como tal, o seu valor em si, mas,por outro lado, recebesua sig-
niâcação do ponto de vista filncional por proporcionar possíveistramasno
tecido intencional, possíveismatérias para formações intencionais. Não só
quanto à dificuldade, mastambém quanto à hierarquia de problemas relati-
vos à idéia de um conhecimento absoluto, ela estámanifestamente bem abai-
xo da fenomenologia noética e fiincional (ambas as quais, aliás, não podem
ser propriamente separadas).
Passamosagora a desenvolvimentos mais detalhados numa seqüência de
capítulos.
'Nota
0
óóC. Stumpf. "Aparências e fiinções psíquicas" (p. 4 e sega.) e "Para a divisão das ciências"
ambos nos -Aó#. drr ]Çg/. Prew«. ..{&adrmie d. WZne#ic&, 190Ó.
B
200 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma Êlosofia fenomenológica
S 87. Observaçõespreliminares
'9 Sobre o
P. 50 (além
que se segue, cf
h«;'igãã.,l SS
70"Dando a volta ao redor", em latim no original.(NT)
nomeno16gica Terceira seção:A metoíio
g
É bem fácil dizer então que a intenção é dada no vivido, junto com seu
objeto intencional, que, como tal, Eàriaparte inseparáveldele, e, portanto,
residiria rea/me zlenele. Ele seria e permaneceria o objeto visado, representa-
do dela etc., tanto eaz se o "objeto eÊctivo" correspondente exista ou não na
e6etividade, tenha sido destruído nesse meio tempo etc-
Se.no entanto, tentamosseparardr#a maneirao objeto eeetivo(no caso
A expressão signiâca da percepçãoexterna, a coisa natural percebida) do objeto intencional, in-
" Em alemãccEtwas "im Sinne zu)h'ben" ;ter a intenção de fazer
serindo realmente esseúltimo, enquanto objeto "imanente", na percepção,
fia fenomenológica
Terceira seção:A metodologia e a problemática düfewomewoloy!!pu ü 2q9
mudanças fenomenais a eles atinentes, que deverão ser descritos ainda mais
detalhadamente na seqüência.
Trata-se aqui de uma série de mudanças idealmente possíveis, que Já
pressupõemum núcleo noético e momentos característicos,de gênero dis-
tinto. necessariamenterelacionados a ele, que por si mesmas não alteram as
respectivasoperaçõesnoemáticas,e que, no entanto, exibem alterações.em
fodao vivido, tanto pelo seu lado noético, quanto pelo seu lado noemático.
O raio de visão do eu puro atravessa,ora esta, ora aquela camada noética,
ou (como, por exemplo, em recordaçõesdentro de recordações),.ora este,
ora aquele nível de encaixeentre elas, ora diretamente, ora refletindo. No
interior de todo o campo dado de noesespotenciais ou de objetos noéticos,
nós olhamos ora para um todo, a árvore, por exemplo, que estápresente na
percepção, ora para esta ou aquela parte e momento dele; e então, novamen-
te, parauma coisapróxima ou para um nexo ou evento de múltiplas formas.
Subitamentevoltamos o olhar para um objeto que nos "vem" à lembrança:
em vez de passarpela noese de percepção, que constitui para nóslde maneira
contínua e unificada, embora multiplamente composta, o mundo de coisas
em suaconstanteaparição, o olhar atravessauma noesede recordaçãopara
entrar num mundo de recordação,passeiapor ele, passaa outros níveis de
recordação ou a mundos da imaginação etc-
Permaneçamos,para simpliâcar, numa única camadaintencional, no mun-
do da percepção,que estáaí em suapura e simples certeza. Fixamos na idéia,
respecavamenteo seuconteúdo noemático,uma coisaou um evento material
de que se tem consciênciaperceptiva, tal como fixamos, segundo a essência
L
212 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma fHosofia fenomenológica Terceiro,
seçã,o:
A met
imanente plena, toda a consciência concreta dele no intervalo correspondente
da duração fenomenológica. Também faz parte dessaidéia que, em seu deslo-
camento df&ermi ado, haja fixação do raio de atenção. Pois este também é um
momento do vivido. Fica então evidente que sãopossíveismodos de alteração
do vivido fixado, aosquais designamos justamente como "meras alteraçõesna
repartição da atençãoe seusmodos". É claro que, se a composição #o mágica
do vivido permanecer a mesma, em toda parte isso signi6cará: é a mesma ob-
.1:
jetividade que continua a ser caracterizada como existindo em carne e osso, é a
mesma que se exibe nos mesmos modos de aparição, nas mesmasorientações;
:1 é de tal ou tal composição do conteúdo dela que se tem consciêncianos mes-
mos modos de indicação indeterminada e de co-presentificaçãonão-intuitiva.
Afhmamos que, destacando e comparando composições noemáticas paralelos,
a alteraçãoconsistemrramrwzleem que se "privilegia" ora este,ora aquele
momento objetivo, nesteou naquelecasode comparação,ou em que uma só
e mesma coisa é, ora "notada primariamente", ora apenas secundariamente,
ou apenas"há pouco notada concomitantemente", quando não "inteiramente
não-notada", embora continue sempre a aparecer.Há justamente diferentes
modos especiaisda atenção como ta]. O grupo dos modal da azl a//dado se
separado modo da / azl a//dado e daquilo que chamamospura e simplesmen-
te de inatenção,quando a consciênciatem, por assimdizer, o seu objeto de
modo inerte.
É claro, por outro lado, que essasmodificaçõesnão são apenasmodifi-
caçõesdo vivido mesmo, em sua composição noética, mas também atingem
os seus #oemai, e que elas apresentam um gênero próprio de caracteriza-
ções do lado noemático -- sem prejuízo do núcleo noemático idêntico.
Costuma-se comparar a atenção a uma luz que ilumina. Aquilo que se nota,
no sentidoespecífico,encontra-senum conede luz maisou menosilumi-
nado, mas ele também pode recuar para a penumbra ou para a escuridão
total. Mesmo que essaimagem seja insuâciente para marcar distintivamente
todos os modos a ser 6enomenologicamente fixados, ela é, no entanto, bas
cante significativa para indicar alterações naquilo que apareceenquanto tal.
A oscilaçãoda luminosidade não altera aquilo que apareceem sua própria
composição de se zl/do,mas clareza e obscuridade modificam os seus mo-
dos de aparecer,elasjá se encontram na orientação do olhar para o objeto
noemático, e devem ser descritas.
Manifestamente as modificações no noema não são tais como se meros
anexos exteriores fossem acrescentados àquilo que permanece idêntico; ao
contrário, os noemasconcretos mudam por completo, pois se trata de mo
dulações necessáriasda maneira pela qual o idêntico se dá. campo da potencialidade para os ates livres do eu.
214 0 e
Idéias para uma âenomenol
pglapura e Daráuma filosofia fenomenológica 7»cr/xa 15
L
nomenológica
Terceira 7
da lógica formal(da disciplina da mathesis universalis referente a signMcações
oredicativas),encontra-se a idéia noética "juízo" correlativamente num segun-
do sentido, isto é, entendida como julgar em geral, em generalidadeeidética e
puramente determinada pela forma. Este é o conceito filndamental da doutri-
na noéticaformal de legitimação do julgar.'s
Tudo isso que acabamosde desenvolver vale também para outros vividos
noéticos, por exemplo, obviamente, para todos os que são por essência apa
rentados aos juízos enquanto certezas predicativas, tais como: conjecturas,
suposições,dúvidas e também as negativas correspondentes; neste caso, a
concordânciapode ir até onde, no norma, apareçaum conteúdo de senti-
do por toda parte idêntico, embora provido de "caracterizações"diferentes.
O mesmo"S é P", como núcleo noemático, pode ser "conteúdo" de uma
';P
certeza,de uma conjectura ou suposiçãopossíveletc. No norma, o "S é P"
não estásozinho, mas,tão logo o pensaro retira dali como conteúdo, elejá
é algo dependente; a cada momento se tem consciência dele em caracteriza
çõesvariáveis,imprescindíveisao norma pleno: dele se tem consciênciacom
o caráterdo "certo" ou do "possível",do "verossímil",do "nulo" etc.,ca-
racteresque recebem, todos eles, as aspasmodiíicadoras e, como correlatos,
estão especialmente ordenados aos momentos noéticos do vivido, como o
considerar possível, o considerar verossímil, o considerar nulo etc.
Com isso se separam,como logo se vê, dois conceitos fundamentais
de "conteúdo de juízo" e, igualmente, de conteúdo de suposição,de ques-
tionamento etc. Não raro os lógicos se utilizam de tal modo a expressão
'5 No que concerne ao conceito bolzaniano de "julgar em si", de "proposição em si", a partir
de suasexposiçõesda Da IH a da cié fla, pode-se ver que Bolzano não chegou à clareza
sobre o sentido próprio de sua concepção inovadora. Bolzano jamais viu que há aqui dziaí
interpretações em princípio possíveis,ambas as quais poderiam ser designadas como "juízo
em si": o especí6co do vivido de juízo(a idéia oéfica) e a idéia a máflra a ela correlativa.
Suas descrições e elucidações são ambíguas. O que ele tem ante os olhos, como matemático
voltado para a objetividade embora uma inflexão ocasional pareça dizer o contrário(cf op
cit. 1, p. 86, onde ele cita com aprovação a teoria do pensamento de Mehmel) -- é o conceito
noemático. Ele o tem perante os olhos exatamentecomo o aütmético tem ao número -- ele
está orientado para operações numéricas, não para problemas âenomenológicos da relação de
número e consciência de número. Tanto aqui, na esfera lógica, quanto em geral, a fenome-
nologia era abo fofa/me#le e a»#o ao grande lógico. Isso âcará claro para qualquer um que
tiver eÊedvamente
estudado a Dowfd#a d fié cia de Bolzano, agora infelizmente rara de se
encontrar, e que não se inclino a confundir qualquer elaboração de conceitos eidéticos ftmda-
mentais -- operação eenomenologicamente ingênua -- com uma elaboração fenomenológica.
Neste caso, seria preciso ser bem consequente e dar a designação de 6enomenólogo a qualquer
matemático que tenha criado conceitos, por exemplo, a um G. Cantor, por sua genial con-
" Cf JmPeWUnfÕeK ]l b/raJ ll', V Investigação, S 21, PP. 321 e sega. cepçãodos conceitosfilndamentais da teoria dos grupos, e de igual maneira, 6nalmente, ao
desconhecido criador dos conceitos fimdamentais da geomeaia na remota Antigüidade.
b.
âa fenomenológica Faceira
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220 Idéias para }tlna fenomenologia pura e para uma fUosoâa fenomenológica Terceiraseção:A
::x
S 96. Passagem aos outros capítulos.
Observações finais
i
Capítulo IV
Para a problemática
das estruturas noético-noemáticas
U\-\.rD.
Como já dissemosantes,porém, as matériassão "animadas" por mo'
Mantos noéticos, elas (enquanto o eu não está voltado pma elas, mas para o
objeto) passam por "apreensões", "doações de sentido", que apreendemos
na reflexão justamente nas matérias e com elas. Daí resulta imediatamente
que não somente os momentos hiléticos (as cores, os sons de sensaçãoetc.),
mastambém as apreensõesque os animam -- portanto, z:a Zroag e/ri ramo
e#ailwKzroJ: o aparecerda cor, do som e de qualquer qualidade do objeto
-- fazem parte da composição "real" do vivido.
Vale, então, de maneira geral o seguinte: em si mesma, a percepçãoé
percepçãode seu objeto, e a todo componente que é ressaltadono objeto
pela descrição "objetivamente" direcionada corresponde um componente
real da percepção: mas, note-se bem, somente se a descrição se atém fielmen-
te ao objeto, fa/ como eZr"está ali" ag r/a percepção. Também só podemos
caracterizar assim a todos essescomponentes noéticos recorrendo ao objeto
noemático e seusmomentos; dizendo, portanto: consciência, mais precisa-
mente,consciênciaperceptivadr um tronco de árvore, da cor do tronco
etc
Por outro lado, no entanto, nossareflexão mostrou que a unidade real
de vivido dos componentes hiléticos e noéticos é totalmente diferente da
unidade das partes componentes do noema, "trazida à consciência naque
la primeira"; e diferente, mais uma vez, da unidade que uniâca todos os
componentes reais do vivido com aquilo que, neles e por meio deles, vem
à consciência como noema. Sem dúvida, o "rra#icemdr zra/mr zlero##izl#í-
do" "com base" nos vividos materiais "me(cante" as fiinções noéticas é um
"dado", e um dado rp/de#fe,seem intuição pura descrevemos
fielmente
o vivido e aquilo de que nele se é noematicamenteconsciente; mas ele faz
parte do vivido num sentido totalmente diferente dos constituintes reais e,
portanto,próprios do vivido.
A designação "transcendental" aplicada à redução fenomenológica e,
igualmente, à pura esfera de vivido se baseia precisamente no seguinte: en
d
77A respeito dessadiferença, cf ainda mais adiante o $ 1l 1, p. 245. caracterizados,podemos refletir sobre eles ou não, podem então surgir m-
p''
++'"
Também surgem igualmente misturas. Não apenas cada presenti6cação
abriga, por essência,em seu nível último, modificação presentiâcante de per-
cepções,que entram no campo de apreensãoda visão por intermédio da pro-
digiosa reflexão na presentificação; na unidade de um 6enâmeno de presenti-
ficação, podemos ao mesmo tempo encontrar, ao lado daspresentificaçõesdc
l!=: :: percepções, presentificações de recordações, de expectativas, de imaginações
etc., nas quais as respectivas presentiâcações podem ser, elas mesmas, de cada
um dessestipos. E tudo isso em diferentes níveis.
Isso também vale para os tipos complexos de representaçãopor imagem
e representaçãopor signo. Tomemosum exemplode formaçãode repre
tentaçãoa partir de representações
de nível superior,formaçãoque pode
ser bastantecomplicada e, no entanto, facilmente compreensível.Um nome
proferido nos Êazrecordar a Galeria de Dresden e nossaúltima visita a ela:
pa:seamos por suas salas e paramos diante de um quadro de Temer, que
exibe uma galeria de pintura. Se supusermos ainda que os quadros dessaúl-
tima galeria representam outros quadros que trazem, por sua vez, inscrições
legíveis etc., então poderemos mensurar que fusão de representaçõese que
mediações devem ser e6etivamente estabelecidas para chegar às objetividades
a ser apreendidas. Não é preciso, contudo, recorrer a casostão complicados
como este para encontrar exemplos de evidências eidéticas, em particular de
evidência da possibilidade ideal de prosseguirmoscomo quisermos nesses
encaixes.
b,vXXbVAI'nl' = + l
1989),P.167
fia fenomenológica
1«
P-
:3
.,Pi
e a afirmação.
BP'
de volta a alguma
"modificação"
mas de uma "post
de crença.
em "riscar" o cuáter
é o caráterdo que foi
atravessa algo posicional,
em virtude, precisa-
especíâco, isto
mesmo caráter e essa
de um outro. Paradizê-lo
de ser pura e sim'
. passa'se, no noema, do puro
se passa ao
E com isso se modifica
sua plenitude noemática
#
e para
pwa uma mosofia âenn....l,q
uma mosolla fenomenológica l
precisa de análises próprias.
complicações.Às estratificações mais altas correspondem então novamente
aârmadose negados, que são mais uma vez modificáveis, e isso vai, dito
idealmente, ao infinito. Não se trata absolutamente aqui de repetições mera-
mente verbais. Basta lembrar a douuina da verossimilhança e suas aplicações,
onde possibilidades e verossimilhanças são continuamente ponderadas, nega-
das. colocadas em dúvida, conjeturadas, problematizadas, constatadas etc.
Deve-se,no entanto, ter sempreem linha de conta que aqui o termo
"modificações" possui, por um lado, relação com uma possível transforma-
çãodos 6enâmenos,portanto, com uma operaçãoanualpossível,e, de outro
lado, com a peculiaridade eidética muito mais interessante das noeses ou dos
normas, que consiste na remissão que fazem, em sua própria essência e sem
nenhuma consideraçãode suagênese,a algo outro, não-modificado. Em am-
bos os aspectos, contudo, estamos em solo puramente fenomenológico. Pois
lógica de essências.80
nológica essências.80çãose encontram, pois, tarefas para a análise renome os termos "transformação" e "gênese" aqui se referem a eventos de essência
6enomenológicose não significam o mínimo que seja de vividos empíricos
como fatos naturais.
S 107. Mlodificações reiteradas
idades de "reflexão"
$ 108. Os caracteresnoemáticos não são detc
rmitir o s(guinte progresso na evidência: de tais análisesé Suficiente para
É necessárioque, a cadanovo grupo de noesese normas que tenhamos
trazido à consciência clara, nós também novamente nos asseguremos daquele
conhecimento fiJndamenta] tão contrário aos hábitos do pensamento psico
logista: de que é preciso fazer e6etivae corretamente distinção entre noese e
noema. exatamente como a descrição âel o exige. Se já se tem familiaridade
com a descriçãoeidética puramente imanente (muitos, aliás,que pregam a
descrição não logram tê-la) e se já se é capaz de reconhecer, para cada cons-
ciência, um objeto intencional, que é aquilo que deve ser descrito como
inerente e imanente a ela, assimmesmo então ainda é grande a tentação de
apreender os caracteres noemáticos, e muito particularmente os tratados por
último. como meras "determinidades de reflexão". Se nos lembrarmos do
estreito conceito de reflexão usualmente encontrado, entenderemos o que
isso quer dizer: elas são determinidades acrescidasaos objetos intencionais
por estes serem remetidos a modos de consciência nos quais justamente são
objetos de consciência.
ut: :s:i:::saga
O negado, o afirmado etc., deveriam, portanto, resultar de que o objeto
maniâcstamente o contrário de toda "operação": ela é a sua neutralização. Ela está inclusa
do", e ser em todo abster-se de operar, em todo pâr cora de ação, em todo "p6r entre
rl.
Se ainda parênteses "deixar em suspenso", e então em todo ter "em suspenso", em
todo entrar por pensamento em "operação" ou em todo "mero pensar" da
della nos ser
sido operação produzida, sem "cooperar" com ela.
Uma vez que essamodiâcaçãojamais 6oi constatadacientificamente e,
dizemos que a
portanto tampouco fixada terminologicamente(sempre que se chegavapró-
que aparececomo ta] é ximo ela eraconfilndida com outras modi6cações)e uma vez que aindaEfta
norma de Coisa, mas
tranios como para ela um nome unívoco na linguagem geral, só podemos dela nos aproxi-
mar circunscritiva e paulatinamente, por eliminações. Pois todas as expressões
toda parte na
que pode ser que acabamos de compilar para dar uma indicação preliminar dela contêm um
algo a mais de sentido. Em todas elas se subentende um fazer arbitrário, que
toma-lo justamente
de modo algum importa aqui. Nós, portanto, o eliminamos.Como quer que
teorias devem se as
seja,o resultadodessefazer tem um conteúdo peculiar, que, abstraindo-sedo
Eito de que "provém" desse Emer(o que também seria naturalmente um dado
fenomenológico), pode ser considerado em si mesmo, tal como ele é possívele
S 1109. A modificação de neutralização ocorre, semessaarbitrariedade,no nexo do vivido. Seeliminamos tudo o que
é voluntário do "deixar em suspenso", que tampouco deve ser entendido no
sentido de um duvidosoou hipotético, restacerto ter algo "em suspenso"ou,
melhor ainda, um ter algo "que se encontra ali", do qual não se tem consci
ência como se encontrando "e6etivamente" ali. O caráter de posição fica sem
efeito. A crença já não é então seriamente uma crença, a conjectura Já não é se
riamente uma conjectura, a negação,uma negaçãoetc. Ela é uma crença, uma
conjectura, uma negação etc. "neutralizadas", cujos correlatos repetem aqueles
dos vividos não-modi6cados, mas de uma maneira radicalmente modiâcada: o
pura e simplesmenteexistente, o possivelmente existente, o verossimilmente
existente, o problematicamente existente, o não-existente e todos os demais
negadose afirmados-- estãoali para a consciência,não, porém, no modo do
"e6etivo", mascomo algo "meramente pensado", como "mero pensamento"
" Cf l#Pê galões ZoglraJ, 11:, Sexta Investigação, $ 44, PP. 611 e sega.
Tudo recebe seus "parênteses" modiâcadores, que são muito próximos daque-
Terceiraseção:A metodoloaiü e a, üroblemáticü dafenomenolonia üwrn 24
nr6priae à parte. Ela pode entrar como membro na unidade das posiçõesa
;r racionalmente ajuizadas(sua estipulação entra como "antecedente" ou
«conseqüente")e ser, com isso, submetida à avaliação da razão. Pode-se
dizer,não de um mero pensamento em suspenso,mas de uma estipulação
hipotéticaque ela é correta ou não. Ê um erro fiindamental confundir um
com o outro, e não ver a equivocidade contida nos termos "mero conceber"
ou "mero pensamento"
Na palavrapensar se encontra ainda outra equivocidade que pode in-
duzir igualmente em erro, uma vez que, ora é referida à esfera eminente do
pensamentoque explicita, conceitualiza e exprime, ao pensamento lógico
num sentido específico, ora ao posicional como tal, que, conforme a consi-
S 110. Aonsciência neutralizada e jurisdição da razão. deraçãoque dele acabamosde fazer, não se ocupa nem de explicitação, nem
de predicação conceptual.
Encontramos todos os eventos aqui discutidos naquela esfera, por nós
privilegiada, das intuições meramente sensíveis e de suasvariações em repre
tentações obscuras.
á
fenomenológica
85Cf. S 35, pp. 86 e sega.,S 37, pp. 90 e segs.,$ 92, pp. 211 e sega
ara um? 6]osoâa fenomenológica l.Brceirü seção:A m
l
l
;9 Cf. acimaas proposiçõesao final do $ 105, pp. 238 e segs. 90Cf. maisadiante $ 117, P. 261, primeiro parágrafo
e para uma Hosofia âenomenológtca Terceira seção:A metodohyiü e ü problemática düfenomevlolilgií1l)14rü 2b7
A diferença entre posicionalidade e neutralidade não exprime, como ficou recordação ou neutralmente modificadas, ora também não modificadas. Por
exemplo, uma crença, uma crença efetiva "incipiente"; já cremos, "antes de
uma mera espéciede modiâcações de crença, como suposição,problematiza- sabermos". Da mesma maneira, sob certas circunstâncias, posições de prazer
ção etc , ou, noutras (üreções, postulação, negação, afirmação, e tampouco ou desprazer, desejose também decisõesjá sãovivos, antes de "neles" "viver-
portanto, variaçõesintencionais de um modo originário, o da crençaem sen. mos", antesde e6etuarmoso cog/zlopropriamente dito, antesde o eu "atuar"
tido forte. Ela é de fato, como já anunciáramos,uma diHze#fa @#ã',?:ç&iZ
da julgando, sentindo prazer, desejando, querendo.
fomíczr#rza, que, no entanto, com bom filndamento apareceligada, em nosso Com efeito, o cogito designa,pois (e 6oi assimque desdeo início in-
proce?jmento analítico, àquela diferença que 6oi especialmente apresentada troduzimos o conceito), o ato P abriam fe d/zlode perceber, julgar, sentir
nas esperasmais restritas do rag/zo dóxico, a diferença entre crença posicional prazer etc. Por outro lado, no entanto, toda a estrutura do vivido nos casos
P'
(isto é, anual?eEetiva)e sua contrapartida neutra (a do mero "conceber em descritos, com todas as suas teses e caracteres noemáticos, permanece a
F-' pensamento"). Foi aíjustamente que surgiram os laços eidéticos profilndos e mesma,ainda quando Ihe falta a atualidade. Nesta medida, separamosmais
altamentedignos de nota que os caracteresdos arosde crençamantêm com distintamente az:osggrf adoi e #ão-tlHef@ados;estes últimos são, ou atos "que
todas as outras espéciesde caracteresde atou e, por conseguinte, com todas caíramfora da efetuação", ou az:oi/ cip/e z:ei.Também podemos muito
asespéciesdeconsciênciaemgeral. ' '' bem empregar em universal essaúltima expressão para ates não-e6etuados
E'l
Em todas asnossasdiscussões,privilegiaram-se, naquilo que se intitulou a estudamos naturalmente numa medida bem modesta, tanto quanto era
de "neutralidade", asposições dóxicas. A neutralidade tem seu índice na po- requerido para o seu delineamento preciso e para o fim que nos guia, o de
tencialidade. Aqui tudo está assentado em que lodo ca?üze df afo zézicofm proporcionar uma representaçãogeral que mostre toda a riqueza dos grupos
.gera/(toda "intenção" de ato, por exemplo, a intenção de prazer, a intenção de problemas implicados pelo duplo tema universal "noese" e "noema". Por
de valorar, de querer, o caráter específico da posição de prazer, de querer) diversificadas complicações que introduzissem, nossos estudos se referiam a
lbrigü em swü essêwciü um cüráter do género "tese dórica" que é "coincidente" uma mera camada inferior do fluxo de vivido, do qual fazem parte intencio-
rom r/e em cerfaJ modos. Conforme a intenção de ato em questão seja não- nalidadesconstruídas ainda de maneira relativamente simples. O que privile
neutralizada ou neutralizada, também o será a tesedóxica nela inclusa -- que giamos(semlevar em conta as últimas observações,deitasa título de anteci-
aqui cora pensada como z:eíe orêgi#ár/a. pação) coram as intuições sensíveis,em particular as intuições de realidades
It Essa primazia das teses dóxicas será limitada nas análises subseqüentes. que aparecem, assim como as reP eir lapõessensíveis delas provenientes por
[
Ficará visível que a legalidade eidética por nós constatada requer uma determi- obscurecimento e manifestamente a elas unidas por comunidade de gênero.
1. nação mais precisa, antes de tudo e de modo mais geral porque são as moda- Esta última expressão "representações" designava também o gênero. Sem
+ /Zdadfí díü/cai(no sentido específico,que também abarcaaspostulações) que dúvida. também levamosem consideraçãotodos os fenómenos a ele essen-
.nl
têm de substituir as tesesdóxicas originárias, ou seja,têm de entrar no lugar cialmente atinentes, tais como as intuições e representações reflexivas em
de "teses dóxicas" inclusasem todas asteses.Mas, dentro dessaprimazia geral geral, cujos objetos já não são coisassensíveis.9;A validez geral de nossosre
1!. das modalidades dóxicas, a tese dóxica originária, a certeza de crença, tem a sultados, obtida graças à maneira como conduzimos a investigação e âzemos
primazia bem específicade que mesmo todas asmodalidades podem ser trans- sentir o caráteracessóriode tudo o que possase ligar a essedomínio inferior,
mudadas em tesesde crença, de modo que agora novamente toda neutralidade se imporá tão logo ampliemos o âmbito da investigação. Veremos então que
tem seu índice na potencialidade dóxica, em sentido eminente, referido à tese retornam todas as diferençasentre o núcleo central do sentido(que obvia-
originária. Com isso, o tipo de "coincidência" do dóxico em geral como toda mente carecede bem mais análise) e os caracterestéticos que se agrupam
espéye de tético em geral receberá sua determinação mais precisa.P2 em torno dele, assimcomo todas as modificações-- da presentiâcação,da
Estabelecidasimediatamente na mais ampla generalidade(ainda que com atenção, da neutralização --, que também atingem, a sua maneira, o núcleo
alguns desideratos), mas tornadas evidentes apenasem esperasespeciais de ato, de sentido, deixando, porém, intocado o seu "idêntico"
essasproposições carecem agora de uma basemais ampla de fimdamentação. Podemos prosseguir agora em dias direções diferentes, ambas condu-
Ainda não discutimos pormenorizadamente o paralelismo entrc noese e noema zindo a intencionalidadesfimdadas nas representações:podemos seguir na
em todos os domínios intencionais. É justamente essetema principal de nossa direção das i/Hfeiri noéticas, ou nos alçar na direção de êspécii o?as mar
seçãoque também seimpõe por si mesmo para a ampliaçãoda análise.Ao eâe fl wda,düs, de "posição'
tuarmos essaampliação, tudo o que mostramos em geral sobre a modificação Se tomamos esta última direção, deparamos com as noeses de ie#lir,
de neutralidade será, porém, ao mesmo tempo conümado e completado. dêií:/ar, g crer(noeses de início as mais simples possíveis,isto é, livres de
síntesesde nível inferior ou superior),que estãofundadasem "represen'
tações", em percepções, recordações, representações-signo etc. e que mos-
$ 116. Passagem para novas análises. tram manifestasdiferençasde nível de fundação em sua construção. Parao
As noeses fundadas e seus correlatos noemáticos conjunto dos atos, agora preferiremos sempre as formas posicionais (.o.que,
no entanto, não deve excluir níveis inferiores neutros), já que o que delas se
Até agora,dentro de um âmbito amplo, masbem delimitado, estudamos
uma série de eventos gerais da estrutura das noeses e dos normas -- nós
9sA delimitação firme e essencialdo ro re/fo mais amplo de reP ese farão,.proveniente das es-
ferasaqui assinaladas,é naturalmente uma tarefa importante para a investigação âenomenoló-
glca sistemática.Todas essasquestões ficam para publicações em preparação, de l:qo conteúdo
9zCf. mais abaixo, pp. 262 e segs. teórico foram tiradas as observaçõesbrevemente indicadas nas presentes investigações.
a 61osofiafenomenológica Terceira seçã,o:A metodohyiü
P+'
]
e para uma Hosoâa fenomenológica Terceira seção:A meto
estranhos que em sua essência os vividos possam ser uns em relação aos ou- à esUutura da configuração noemática, se refletem nas#ormaí apoBanticasde
tros, elesse constituem, no conjunto, como #m zá /cafluxo do tempo, como l;Ü @cafãoda /( icajorma/(da lógica das proposições inteiramente voltada
membros de #m á ico tempo âenomcnológico. .u'a o noema). . .
Nós pusemos, entretanto, expressamentede lado essasíntese arque p'''A referênciaà ontologia jorna/ e à lógica já indica que se trata aqui de
típica da consciência originária do tempo(que não deve ser pensadacomo
l
uma síntese atava e discreta) junto com sua problemática.
portanto, agorade síntesesno âmbito dessaco sr/é f/a do tempo, masno
Não EHaremos. ==àãnT.=Hi=:i=;::==z:=
u;u=ü=
ser vinculados, os quais, portanto, também podem ser, por sua vez, quais-
)
âmbito do .prí»r/o zfe##Po,
do tempo fenomenológico concretamentepreen- quer unidades noéticas complexas -
d
chido ou, o que dá na mesma,de puras e simplessíntesesde x,ávido,toma-
.d
)
das como sempre as tomamos até agora, como unidades que duram, como
) eventos transcorrendo no fluxo de vivido, o qual nada mais é que o tempo $ 119. Transformaçãode atoupolitéticos em monotéticos
.d
fenomenológico preenchido. Por outro lado, tampouco discutiremos as s/n'
les&çco#fímzíai,que não deixam de ser muito importantes, como aquelas,por Antes de tudo, em iradasas espéciesde síntesesarticuladas, de aros poh-
]
exemplo, que fazem essencialmenteparte da consciênciaconstitutiva de toda téticos, é preciso atentar para o seguinte:
]
]
materialidade no espaço. Não fãtará mais tarde ocasião de conhecer mais Toda consciênciaem unidade sintética, não importam quantastesese
precisamente essassínteses.Voltemos antes nosso interesse para as í/#Zeiei síntesesparticulares possamIhe estar subordinadas, possui umEleobjeto to
se chama
a Z/c Zadai, portanto, para os modos peculiares como ates estabelecidos dis- ta], que Ihe pertence como consciênciaem unidade sintética.
cretamente se vinculam numa unidade articulada, na ordenação de um ato objeto total por oposição aos objetos que pertencem intencionalmente aos
sintético de nível mais alto. Numa síntese contínua não ÊHamosde um "ato membros sintéticos de nível inferior ou superior, uma vez que todos também
de ordem superior",ç' ao contrário a unidade (tanto noédcaquanto noemá- dão sua conuibuição no modo de filndação dele e a ele se subordinam. Toda
tica e objetiva).pertence ao mesmo nível de ordenação que o que é uni6cado. noese com delimitação própria, mesmo sendo uma camada dependente, dá
De resto, é fácil ver que muito daquilo que na seqüênciaexporemosde ma- suacontribuição para a constituição do objeto total; como, por exemplo, o
nCHageral é em igual maneiraválido para as síntesescontínuas,como para as momento do valorar, que é um momento dependente, já que está necessa-
sínteses articuladas -- .poZ/&éz
/ra ' ' riamente fundado numa consciência de coisa, constitui a camada objetiva do
Exemplos de ates sintéticos de nível mais alto nos são fornecidos, na valor. a camada da "validez". .
esferada vontade, pelo g er Czar/po-- "em vista de um outro" -- assim
como, no círculo dos atou de sentimento, o P aze rezaráa, o alegrar-se"de téticas das sínteses mais universais da consciência antes mencionadas, isto é,
g@Õ"ou, como igualmente dizemos, "pelo outro". E assimtambém todas todas as formas que provêm especialmente da consciência sintética como tal,
ocorrênciasde ato semelhantesem diferentes gênerosde ato. Todos os azraf portanto. asformas de ligação e asformas sintéticas aglutinadas aospróprios
.p7'z$rp'é#r/atambém entram manifestamente aqui. membros articulados (já que estão incluídos na síntese)-
E a um outro grupo de sínteses,grupo de certo modo universal,que Na consciênciasintética, dizíamos, constitui-se um objeto sintético to-
pretendemos submeter a uma consideração mais detida. Elc abrange as sín- tal. Neste caso,ele é, porém, "objetivo" num sentido inteiramente diferente
tesesde ca/Üafão(agrupamento), de dlgb»fão(voltada para "isto" ou pam do constituído de uma tese simples. A consciência sintética, ou o eu puro
consciência
daquilo), de axp/ir/farão, de rPZafãa,e em geral toda a série de síntesesque "nela", se dirige rm m ifor aias para o objetivo, enquanto a
!:::T"'m.:l;.Eo.m«
âo.md--t.lógi«;
..l&.dã;'i,=;1:;.=';=':EF tética simples se volta para ele #z/m raio íó. Assim, o coligir sintético é uma
tividades sintéticas nelas constituídas, e que, por outro lado, no que se refere consciência "plural", nela os membros se juntam um a um..Da mesma ma
neira, na primitiva consciênciade relação,a relaçãose constitui numa dupla
posição.EsemelhantementeemtodaParte. . . . . . - . .'.:..
98 Cf Fi/asaÚa da -Arifméf/ca, pp. 80 e passim. ' De toda constituição mu]tirradia] (politética) de obleuvidaaes slntcuc:'s
268 Idéias para um' fenomenologia pura e para uma fHosoâa fenomenológica
99 Cf. os primeiros ensaios neste sentido nas .í»p aêgafõer Z4g/caí, ll,(quinta Investigação, iooDe resto, o conceito de síntese contém uma ambivalência pouco prejudicial, uma vez que
S 34 a 36: o $ 49 da 6' ]nvestigação e em geral, para a doutrina da síntese, a 2' seção dessa ele designa,ora o 6enâmenosintético pleno, ora o mero "caráter de ato" sintético, a tese
Investigação. mais alta do fenómeno.
k
que se refletem nas sintaxes lógicas. Jamais a neutralidade pura pode Operar
para síntesesposicionais, ela tem no mínimo de ser transformada em vesti.
pulações", em premissase conclusões hipotéticas,:'' em nominalizações esti-
puladashipoteticamente, como, por exemplo, o "Pseudo-Dionísio" e assim
por diante.
,P
perceptivo se converte de imediato e sem interrupção no "ff aí mãosa
apreendido"
q
J IJma nova alteraçãomodal intervém se a teseâoi mero passopara uma
]
Ei:i:tÜ :
. .,. 1+:. n-. a
emgeral: ' ' ' ' ''
Stgni$cüção l4gicü é umü ncPressão.
SÓ se pode dizer que verbalização é expressão, porque a significação a
:s'KT$4EH
ela pertencente exprime; o exprimir estáoriginariamente nela c( ntido "Ex-
pressão"é uma forma que mereceser notada, que pode se ajustar a todo e
q«dq"'. "se«tido' ('o. "núcleo" noemático) e dçá.-lo 'o "i«o do "amor'
doca rr/lwa/e,assim,do'errar'. ' ' "' '
HH
1%::lEBÜ i:En :: !:.='''aw'::u são naquela obra.
f
áticüd fewomenohgiüpura
279
S 125. As modalidades de efetuação na esfera
lógico-expressiva e o método da clarificação
mosuem
na camadainferior, é que -- caso incompatibilidades que nela se
anteriormente
não tornem todo trabalho ulterior supérfluo -- o método
descrito entra em ação; além disso, é preciso levar em conta que o conceito
/
/
de intuição, da consciência clara de atou monotéticos, se transfere para os
atos sintéticos. . , ,
J De resto, como mostra uma análise mais aprofundada, isso depende. de
P
)
uma rspécüde fpidé cia que deve ser alcançadacasoa caso,ou da camadaà
qual se aplica. Todas as evidências referentes a relações./agicaiParai, a nexos
P
eidéticos das iÜ»i@cafõesnoemáticas -- aquelas evidências, portanto, que
)
obtemos pelas leis fiindamentais da lógica formal -- requerem Justamenteo
)
3
dado dassignificações,a saber,o dado dasproposiçõesque exprimem as for-
mas prescritas pela lei de significação em que:hão. A dependência das signiâ-
caçõesimplica que a exemplificação das configurações lógicas das essências,
que proporciona a evidênciada lei, também implica diferenças,e diferenças
que recebem expressão lógica: tais camadas i#dP jo es »ão prefisín# camzr#do,
sert«Lidas à .Lür.«, s. w trata de ««ü 'vid,ênciül®icü P%«ü.
Ê«»moer..
cação correspondente, isso vale para todos os conhecimentos "anaHticos" incompleta.'"
lógico-aplicados.
in Não se pode dizer que um exprimir expdmf um ato dóxico, se por expríinir se entende,
como fazemos sem exceção aqui, o própria signiâcar. Se, porém, o termo exprimir é referido
à verbalização, então sepoderia muito bem fHm de maneira problemática, mas o sentido seria
completamente modiâcado.
i]2 Sobre todo este parágrafo, cf. o capítulo final da Sexta Investigação, Impr Ü fõeí Z{ÜÍcaj,
]l. Vê-seque nesteínterim o autor não.permaneceuno mesmo ponto e que, apesardo muito
de controverso e de pouco amadurecido que havia ali, aquelasanálisesse movem na boa di-
reção. Elas coram por diversas vezes contestadas, sem que, no entanto, se entrasse realmente
nos novos motivos de pensamento e nas novas apreensõesdo problema que haviam sido
buscados ah.
Quinta seção
l
Razão e efetividade
Capítulo l
$ 128.Introdução
J
para uma filosofia fenomenológica
ii5 Essevazio da indetemiinação não deve ser confundido com o vazio da intuição, com o
vazio da representação obscura. ' ' latinismo Oél/rkt,amoos igni6ctradulao tenta (diferenciaro termo vernáculo GeZeH#a#de o
?ofia fenomenológica Qyüvtü seç
O sentido, tal como o determinamos, não é uma rsié cia co creia no todo
do norma, mas uma espéciede jorna abstrataa ele intrínseca.Ou seja,se
detectamoso sentido e, portanto, o "visado" exatamente com o conteúdo
de determinação no qual ele é visado, então resulta claramente um sgwwdo
conceito do "objeto no seu como" -- #o como de Jfwí modos d Zoafão. Se,
além disso, abstraímos das modiâcações da atenção, de todas as diferenças na
maneimde ser dos modos de eeetuação-- sempre ainda na esferaprivilegiada
da posicionalidade--, então entram em consideração diferenças.daplenitude
de clmeza, que são bastante determinantes no plano do conhecimento. Algo
de que se tem consciênciaobscuracomo tal e o mesmo algo em consciência
clara são bastante distintos no que diz respeito a suas concreções noemâticas,
tanto quanto o sãoos vividos inteiros. Nada impede, todavia, que o conteúdo
de determinação com que se visa o conscientizado de forma obscura seja abso-
lutamente idêntico àquilo de que setem clara consciência.As descriçõesseriam
coincidentes, e uma consciência sintética de uniâcação poderia abranger de tal
modo as duas, que se trataria e6etivamente do mesmo visado. Consideraremos,
pois, como #úcZeoPZeo justamente a plena concreção do componente noemâ-
tico em questão,portanto, o ieKfido o mododr J apõe jf#de.
A proposição noemática.
Proposições téticas e sintéticas.
Proposições no âmbito das representações
B
294 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma Hosofia fenomenológica
eidética. Não se pode perder de vista que, para nós, os conceitos sentido e
3 proposição nada contêm de expressãoe de significação conceitual, embora,
b
r por outro lado, abranjam todas as proposições expressivas ou significações
proposicionas.
Segundo nossasanálises,essesconceitos designam uma camada abstrata
pertencente ao tecido inteiro de todos os noemas. Será de grande alcance
134. Doutrina das formas apoeânticas
para nosso conhecimento se explorarmos essacamada na abrangência uni-
versalde suageneralidadee virmos, portanto, com clarezaque ela tem efeti-
vamente suasede em fadas ar êÓr ai de alo. Os conceitos de sentido e propo-
sição, que pertencem inseparavelmenteao conceito de objeto, também tem
sua aplicação necessárianas puras e simples /#z: ifões, sendo preciso cunhar
necessariamente os conceitos particulares ie z:/do / l /f/po e p opas/fão /#-
f /f/?a. Assim, por exemplo, no domínio da percepção externa, fazendo
abstração do caráter perceptivo, pode-se destacarintuitivamente no "objeto
percebido como tal" algo que se encontra nessenoema antes mesmo de
todo pensarexplicitante e conceitual, o sentido do objeto, o seKz:Zdode coisa
d ssaprrcêPfãa,que difere de uma percepçãoa outra(mesmo com respeito
à "mesma" coisa). Se tomamos esse sentido plenamente, em sua PZe if df
intuitiva, resulta então um conceito preciso e bastante importante de apor/-
fão. A essesentido correspondem proposições, proposições intuitivas, pro-
posições representativas,proposições perceptivas etc. Numa fenomenologia
' '' Op. cit., Quinta Investigação, $ 20 e 21, pp. 386-396. Cf. ademais Sexta Investigação,
S 15, p. 559. Diferentemente destaspassagens,o "tanto faz" neutro já não vale agora para
nós como uma "qualidade"(tese) ao lado de outras quaHdades,mas como modiâcação que
"espelha" todas as qualidades e, com isso, todos os ates em geral.
296 Idéias para uma fenomenologia pura e par
dos sentidos concebida como idéia, e seu lugar de origem, a fenomenologia ran' multiplamente determinada, em parte pelas formas propriamente sin-
noemática. téticas, em parte pelas modalidades dóxicas. Neste caso, da proposição total
Consideremos isso mais de perto. semprecontinua fazendo parte uma tesetotal, incluindo-se nestauma tese
As operaçõesanalítico-sintáticas, dizíamos, são operações possíveispara dóxica. Ao mesmo tempo, pela explicação do sentido e pela predicação, que
todos os sentidos possíveis, isto é, proposições cujo conteúdo de determi- transformaa característicamodal num predicado, toda proposiçãocomo esta
nação pode estar "não explicitamente" abrangido pelo sentido noemático e toda "expressão" conceitual diretamente ajustada a ela podem .ser conver-
(que nada mais é que o objeto "visado" como tal e no como respectivode tidas numa proposiçãode enunciado, num juízo soõrza modalidadede um
seuconteúdo de determinação).Tal conteúdo, no entanto, semprepode ser conteúdo de tal ou tal forma (por exemplo, "é certo, é possível, é verossímil
explicitado, e podem ser efetuadas quaisquer das operações essencialmente que S é p").
conectadascom a explicação ("análise"). As formas sintéticas assim surgi- O que ocorre com as modalidades de juízo, também ocorre com as z:esrs
das (em consonância com as "sintaxes" gramaticais também as chamamos fw#dadaJ, isto é, com os sentidos e proposições da r$rra da al#Ef dado ê da
de formas sintáticas) são formas de todo determinadas,pertencentesa um po fada, com suas sínteses especíâcas e correspondentes modos de expressão.
rigoroso sistema formal, e podem ser extraídas por abstração e âxadas em ex- Indica-se facilmente então a meta das novas doutrinas das formas das propo'
pressãoconceptual.Assim, por exemplo, o percebido enquanto tal numa tese sições e especialmente das proposições sintéticas. . .
de percepçãopura pode ser tratado de maneira analítica por nós tal como nas Ao mesmo tempo se ve g e a m07:Ho/og/a
dc fadas alp opoiifõei se reflete
»wmn morfol,oyiü düs proposiçõesdóscicüsüáequobdümente amplia,dü
expressões:"Isso é preto, é um tinteiro, essetinteiro preto não é branco, se
é branco não é preto" etc. A cada passotemos um novo sentido, em vez da mesmamaneira que fizemos nas modalidadesdo ser, também incluímos as
modalidades do dever-ser(caso seja lícito fiar analogicamente) na matéria
proposição inicial de um só membro, temos uma proposição sintética que
pode ser trazida à expressão,vale dizer, ao enunciado predicativo segundo do juízo. Para entender o que signiâca tal inclusão, não é preciso longa dis-
a lei da possibilidade'de expressão de todas as teses dóxicas originárias: No cussão,mas, no máximo, ilustração em exemplos. em vez de dizermos "possa
interior das proposições articuladas, cada membro tem sua forma sintática, S ser p", diremos: "que S é p, possa isso ser", é desejável (não desejado); em
vez de 'S deve ser p", diremos "que S é p, isso deve ser", é um dever etc.
que procede da sínteseanaHtica.
Admitamos que as posições inerentes a essasformas de sentido sejam A própria fenomenologia não vê como tarefa sua o desenvolvimento sis-
temático dessasmorfologias, nas quais, como se pode aprender na douuina
posiçõesdóxicas originárias: surgirão então diferentes formas de juízos no
sentido lógico(proposições apoBanticas).A meta de determinar todas essas das bermas apo6anticas, as possibilidades sistemáticas de todas as conâgura-
formas a priori, de dominar em completude sistemática as configurações de ções posteriores são dedutivamente derivadas de conâgurações axiomáticas
formas, que são de uma diversidade infinita e, no entanto, cucunscntas por fimdamentais primitivas; o seu campo é a análise do a priori atestávelem
leis, indica para nós a ideia df z ma m07:Ho/og a daJ .praPOIZfÕêJ ou Si ZaxêJ intuição /mrdiafa, a fixaçãode essênciase nexos de essênciaimediatamente
ewdentes e o conhecimento descritivo deles numa vinculação sistemática de
üpofâ,nuca,s.
todas as camadasna consciênciatranscendental pura. O que o lógico teórico,
As posições, em particular a posição sintética total, também podem, no
entanto, ser moda/idadesdóxícai: por exemplo, nós conjeturamos e expli- em virtude do direcionamento unilateral de seu interesse,isola na doutrina
citamosaquilo de que setem consciênciano modo "conjeturado"; ou ele formal da significaçãocomo sendo algo por si, sem consideraçãoe entendi-
mento dos nexos noemáticos e noéticos nos quais ele se encontra 6enome-
estáaí como algo problemático, e na consciênciade problematicidade nós
explicitamos o problemático etc. Se damos expressãoaos correlatos noemá- nologicamente entremeado --, é tomado pelo fenomenólogo em seu nexo
ticos dessas modalidades ("S poderia ser p", "É S p?" e assim por diante) e pleno. Sua grande tarefa é persegue os entrelaçamentos fenomenológicos de
se também fazemos o mesmo para o próprio juízo predicativo simples, assim
como também exprimimos afirmaçãoe negação(por exemplo, "S não é p",
"S é, iim, p", "S é certamente, e6etivamente p") --, r#fãa fom lisa ir a##p//a a i19No sentido dos desenvolvimentos feitos acima, no $ 127, pp. 281 e segs,e também S
co ceifa deforma e a idéia da morfologia das proposições- A forma está ago- 105 e seis., pp 238 e segs.
298 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma âlosofia fenomenológica
queremosdizer apenasque ela não é uma consciência"que vê". A renome apenassefiinde à aparição(como um mero fato geral -- que aqui estáfora
nologia apresentaum análogo dessaoposição para todas as espéciesde vivi. de dúvida), mas a ela se funde de maneira peculiar, ela é "motivada" pela
l
dos .paí/ciosa/í:podemos,por exemplo, predizer "às cegas"que 2 + 1 : 1 + aparição,e motivada, mais uma vez, não apenasem geral, mas "rac/o#a/-
2, mastambém podemos e6etuaro mesmo juízo em evidência. Neste caso.o mr le mol ?ada". Isso quer dizer: a posiçãotem if /# dama zloorgi#áf"ía
estado-de coisas, a objetividade sintética correspondente à síntese jud cativa. df / g/zl/maçãono dado originário. O fiindamento de legitimação pode não
é apreendido de maneira originária. Ele já não o será mais drpoZrda efi=tuaç'' estar nos outros modos de doação, mas fita a prerrogativa do fiindamento
viva da evidência,que logo se obscurecenuma modificaçãoretentora. Ain- orÜ/ ária, que desempenhaseu papel eminente na apreciaçãorelativa dos
r da que estatenha uma superioridade racional em relaçãoa qualquer outra fundamentos de legitimação.
P
consciênciaobscura ou confiisa de mesmo sentido noemático, por exemplo, Da mesma maneira, a posição da essência ou do estado-de-essência dado
em relação a,uma. reprodução "impensada" de algo anteriormente aprendido "originariamente" na aP ermião {#zrw/l ?a de êssé#cia é "inerente" a sua "ma-
P
z conhecido em evidência:--, ela já não é uma consciênciadoadora téria" posicional, ao "sentido" no seu modo de se dar. Ela é posição racional
originaria.
e posição originariamente motivada como cfrleza de f e fa; ela possui o ca-
Essasdiferençasnão aÊetamo sentido puro, a proposição:pois ele é ráter específico de posição "g e é com clareza". Se a posição é uma posição
idêntico nos membros de todos os pares tais como o utilizado no exemplo, rega, se as signiâcações das palavras se efetuam tendo por base uma sustenta-
e também sempreintuível como idêntico para a consciência.A diferença ção de ato obscura e confiisa para a consciência, então falta necessariamente
concerne a ma fira fa a o mê o se lida, ow.pragas/fão,que, enquanto mero o caráter racional da evidência, que é por essé#cial co r/Z ápc/ com tal modo
abstrato na concreção do noema, requer um acréscimo de momentos com- de doação (se ainda se quiser empregar aqui essapalavra) do estado-de-coi-
plementares, é.sentido ou proposição .crer cóldai ou aa prfr#c#ídoí. sas,com um tal provimento do núcleo de sentido. Por outro lado, isso não
exclui um caráter racional secundário, como mostra o exemplo de conheci-
mentos eidéticos novamente presentiâcados de maneira imperfeita.
A clareza de visão, a ep/démc/ai2iem geral é, portanto, um evento inteira-
1;;pecialmenteeminente dele é aquele em que o modo intuitivo é justamente mente à parte; por seu "núcleo", ela é a w#idad d naBOS fão acho a/ com
ag /Zog ê a mo&ipa,pelo que toda essasituaçãopode ser entendida pelo lado
noético, mas também pelo lado noemático. É cabível Edar de "motivação"
principalmente na relação entre posição (noética) e proposição noemática mo
modo de i a pZr /F@df.Em sua significação noemática, a expressão "Proposi-
ção fpidr#lr" é imediatamente compreensível .
O duplo sentido da palavra "evidência" em sua aplicação, ora aos ca-
contramos o caráterda corporeidade(como plenitude originária) fiJndido ao racteres noéticos ou atos plenos (por exemplo, evidência do julgar), ora às
proposições noemáticas (por exemplo, juízo lógico evidente, proposição de
enunciado evidente), é um daqueles casos de ambigüidade geral e necessária
das expressões referentes a momentos da correlação entre noese e noema. A
. E próprio,porém,üo caráterposicionalpossuiram cüráter racional es- rovação fenomenológica de suas contes as torna inócuas e Eazmesmo
Z:
reconhecer serem inevitáveis.
KãBÜH :É'e,w"í
g : is BS:iÜilli:Eii i2i "Clareza de visão" traduz .Ei#sic#f(conhecimento,.penetração,.'per:picientia")j.eMdência,
Epídr z. Sendo usadasem geral como sinânimas no âmbito da "vi;ão" e da "evidência"(in-
c[usive até estaparte das ]2éias), Husserl precisaráo sentido de cada uma a seguir.(NT)
4
H
}
306
a lilosoâa fenomenológica Qunrt''. s
Deve-se ainda notar que o termo
sentido, que vai numa direção de SWP«««d. ««d«//d«d« z'éfif"',.no qud.just«ne«te a "üsão" (em sentido
extremamente ampliado) referida ao dado originário constitui uma espere
faa", como um caráter que a [eieatual assume
seu sentido; ora é o que é
em questão abrigar uma
$Ü®:in===Hn,::::m
mais geral, a palavra m/dé cia; para toda tese racional caracterizada por uma
referência motivacional ao caráter originário do dado ter-se-ia então a expres
)
S 137. Evidência e clareza de visão. sao "epiíZéP&ciao?'g/ ária". Seria preciso, além disso, estabelecer diferença
n
Evidência "originária" e "pura") assertórica e apodítica entre wZdé cZaasserfóricae fp dé c/a apor/zlZca,deixando que a cZarpza de
feita
4 l?isã, designe paracularmente essaapodizl/c/dado.A seguir, deveria ser
)
uma contraposiçãoentre cZaeza de ?não pura e impura (por exemplo, co-
nhecimento da necessidadede algo fático, cujo ser não precisa ser ele mesmo
evidente); e igualmente, de maneira geral, entre bidé c a P ra nMP%ra.
Outras diferenças também seapresentam quando se aprofunda a investi-
i ão, diferenças das camadasmotivadores subjacentes, que datam o caráter
)
da pode ser "dg@ ifi?a", "insuperável"; nenhuma posição em seu isolamento Como se tudo isso não bastasse,é preciso naturalmente que os eventos es-
pode ser equivalente ao puro e simples "esta coisa é eâetiva", mas equivalente sencialmente determinantes para as modificações dos caracteres posicionais no
apenasao "isto é eÊetivo" -- pressupondo-se que o prosseguunento da expe- sentido, como mafér/a pai/doma/ respectiva,sejam submetidos a uma análise
riência não aduza "motivos racionais mais cortes" que mostrem que a posição eidética abrangente(por exemplo, os eventosde "conflito" ou "concorrência"
originária deve ser "riscada" num contexto mais amplo. Neste caso, a posição entre aparições).Pois, tanto aqui como em toda a esferafenomenológica,não
é racionalmente motivada somente pela aparição(pelo sentido de percepção há acasos,nem facticidades, tudo é precisamente motivado por essência.
incompletamente preenchido) em si e por si, consideradaem seuisolamento No âmbito de uma Êenomenologta geral dos dados noéticos e noemâti-
Na esperados modos de ser que por princípio só podem se dar inadequa- cos, seria preciso igualmente levar a cabo a / e @afão ridé&/cade iradasai
damente, a fenomenologia da razão tem, pois, de estudar os diferentes eventos espéciesde fitos rüciona,is imediatos. . .
prescritos a priori nessa espera.Ela tem de trazer à clareza como a consciência ..4 cada r ião ê cafgor/a de supostos objetos não corresponde.renome
inadequada do dado, como, num progresso contínuo de sempre novas apari- nologicamente apenas self/dos ou pp'apaiifõeí de uma espécie .filndamental,
ções que continuamente se findem, a aparição unilateral se reporta a um único mas também uma espécie/w game fa/dr co JC/é c a g e dá orÜi#a2"game &f
e mesmo X determinável, e que possibilidades de essênciaresultam disso; tem essessentidos, e dela faz parte um tiPO/w game z:a/df epidé»cia o @l área,
de trazer à clarezacomo aqui, de um lado, o prosseguimentoda experiênciaé que é essencialmentemotivada pela respectiva espécie.de dado originário .
possível e permanece racionalmente motivado pelas contínuas posições racio- Cada uma das evidências desse tipo -- entendendo-se a palavra em nos-
nais precedentes: como é possível justamente o andamento da experiência no so sentido ampliado -- ou é ad geada, não mais podendo por princípio ser
qual se preenchem as lacunas das aparições precedentes, se determinam mais "corroborada" ou "enfraquecida", e, portanto, sem.gradação de wm feio; ou
precisamente as indeterminações, e prossegue sempre assim KwmPrze có/mr#zla é iKadrgwadae, com isso, capazdf a mr fo e dimi irão. (}ue espéciede
i ei amf fe co corda Ez,cuja corçaracionalnão párade crescer.Por outro lado. evidência é possível numa esfera, depende do tipo genérico dela; ela é, pois,
é preciso pâr às claras as possibilidades opostas, os raios dr./üsõrf oz/dr iz'm/zsri.po- pre6Wrada a priori, e é contra-senso exigir a perfeição.que cabe à Cadência
//üz/cardisc lePa#laç os casos de "dez:erm/ afãs d Herr#ir" do X sempre trazido à numa esfera (por exemplo, na esfera das relações de essência) em outras esse
consciência como o mesmo -- determinação diferente daquela que correspondia rasqueporessênciaaexcluem. .. . . . ' .
à doação originária de sentido. É preciso mostrar, além disso, como componen- Deve-senou ainda que podemos transferir a significação orignária dos con-
tes posicionais do transcurso anterior da percepção são "7ücada?' juntamente ceitos "adequado" e "inadequado", que se refere ao modo de doação, às peculia-
l com seu sentido; como, sob certas circunstâncias, toda a percepção por assim ridades eidédcas das posições racionais por eles fimdadas, justamente em virtude
hzet "ncplode" e se dut em apreensões cow litüntes da coisa, em estipulações dessenexo -- o que e uma daquelasequivocidadesque se tomam inevitáveis pela
fo#t/2/fa#fesa seu respeito; é preciso mostrar também como as tesesdessasesti- transferência, mas que são inócuas tão logo tenham sido reconhecidas como tais, e
pulações se suprimem e são modiâcadas de modo própi.io nessa supressão,ou setenham separadoconscienciosamenteo que é originário e o que é derivado.
como uma tese,permanecendonão-modiâcada, é "condicionante" para que a
"tese contrária" seja riscada, e também outros eventos dessa espécie.
Também é preciso estudar mais de perto as modiâcações próprias por Entrelaçamentos de todas as espéciesde razão
que passamas posições racionais originárias quando o preenchimento avan- Verdade teórica, axiológica e prática
ça de forma coerente,pois então elassobem um a mf zlodr omf o/c /ra
paí fi o em sua 'tHorfa" mofa?adora, ganham constantemente em "peso" e, Segundoo que foi até agora apresentado,uma posição,.não importa de
portanto, embora sempre e essencialmente tenham um peso, este é um peso qualidade, tem sua legitimação como posição de seu sentido se é racional;
g ad a/mr fe distinto. Além disso, deve-se analisar as outras possibilidades o caráter racional é justamente, ele mesmo, o caráter da legitimidade, que Ihe
sob a perspectiva de como o peso das posições diminui por "co#zrra-moer/pa- "cabe" por essência,portanto, não como fato contingente entre circunstância
ç;ões",
como em casode dáp/da elas"eg /Z/&am oiP afazda óaZa#f;a",como contingentes de um eu Eaticamenteposicional. Também se diz, correlativamen
uma posição é so&repzt/ada,afixada de fado por uma de "maior" peso etc. tc, que a proporção é legitima: na consciência racional ela está dotada do caráter
H
+
f?âafenomenológica
gee!?e..!eliêeí.4elêel?l:Hef/?jdadr 3 11
uma evidênciadóxica originária de sentido modiâcado, isto é, à evidênciaou
verdade:."É conjeturável(verossímil) que S é p"; mas por outro lado, também
está ligada à verdade: "Algo fãa a favor de quc S é p"; e ainda: "Algo fala a fa-
vor dc que S p é verdadeiro" etc. Em tudo issosemostram nexoseidéticosque
prece:am ser investigados Eenomenologicamente em sua origem
Evidência, porém, não é absolutamente uma mera designaçãopara even-
t tos racionais como estesna esfera da crença (e mesmo somente na esâcrado
+
juízo predicativo)? mas .para zlodaí aí e#eraJ üz irai e, em particular, para as
relaçõesracionaisimportantes que ocorrem e#frz elas.
+
+
assim como aos entrclaçamentos delas com a razão "teórica", isto é, dóxica. A
q'
+
/
t
312 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma âlosofia fenomenológica
podem ser estabelecidos e fre arosde mesmoir f/da e.P opoiifão, emZ'of'a,
por
esséHcja,dr pa/oreí ac/a aZí d Hr e les. Um ato evidente e um não-evidente
podem, por exemplo, ser coincidentes, pelo que, na passagemdo Último
ao primeiro, este assume o caráter de ato atentatório, aquele de ato que ie
atesta.A posiçãoem clarezade visão de um opera como "confirmatória" da
não-clareza do outro. A "proposição" se "verifica" ou também se "conâr-
ma", o modo imperfeito de se dar se transforma no modo perfeito. Como
esse processo se mostra ou pode se mostrar, isso é prescrito pela essência
das respectivas proposições em seu preenchimento perfeito. As formas de
veriâcação por princípio possível para cada gênero de proposições devem ser
6enomenologicamente clarificadas .
Se a posição não é irracional, então de sua essênciase podem extrair
possibilidadesmotivadas de que e de como ela pode ser convertida numa
posição atual de razão que a veriâca. Pode-se ver com clareza que nem toda
evidência imperfeita prescreveaqui uma via para seu preenchimento que ter-
mine numa evidência originária ca resto dr#fe, numa evidência do mesmo
sentido; ao contrário, certas espéciesde evidência excluem por princípio uma
ta] atestação, por assim dizer, originária. Isso vale, por exemplo, para a re-
cordação retrospectiva e, de certa maneira, para toda recordação em geral
e igualmente, por essência, para a empatia, à qual atribuiremos no próximo
livro um tipo fundamental de evidência (que também investigaremosmais posição racional imediata e mediata.
detidamente ali). Como quer que seja, estão com isso assinaladostemas âe Evidência mediata
nomenológicos muito importantes.
E de notar ainda que a possibilidade motivada de que se fiou acima se
diferencia nitidamente da possibilidade vazia:::s ela é motivada de modo de
terminado por aquilo que a proposição encerraem si, no preenchimento em
que é dada. É uma possibilidade vazia que esta escrivaninha aqui tenha dez
pés em suaface inferior agora invisível, em vez dos quatro que efetivamente
possui. Uma possibilidade motivada, ao contrário, é o número quatro de pés
para a percepção determinada que agora eâetuo. Que todas as "circunstân-
cias" perceptivas.pastamse alterar de certa maneira, que "em conseqüência"
125Esta é uma das equivocidades mais essenciaisda palavra "possibilidade", à qual ainda se
acrescentamoutras(possibilidade lógico-durma/, au;ência de contradição matemático-âor
mal) É impofltante por princípio que a possibilidade que desempenhanun papel na doutrina
das verossimilhanças, e? por consi guinte, a consciência de possibMdade (o ser suposto), de
que falávamos na.doutrina das modalidades dóxicas como um para]e]o da consciência racional,
am.possibilidades .ma ipadaí como correlatos. De possibMdadesnão -motivadas Jamaisse
constrói uma verossimilhança, somente possibilidades motivadas têm "peso" etc.
%
.Ném disso, logo se apresenta aqui uma clara visão geral, a saber, a de que as determinidades não vistas de uma coisa, nós sabemos em evidência apodí-
não apenas"objeto verdadeiramenteexistente" e "objeto a ser posto racio- tica, assimcomo as determinidadesdela, são necessariamenteespaciais:isso
nalmente" são correlatos equivalentes, mas também objeto "verdadeiramente dá uma regra legítima para modos possíveis,espaciais,de preenchimento dos
existente" e objeto a ser posto numa tese racional originária e perfeita. Para lados não visíveisda coisa que aparece;regra que, plenamente desenvolvi
essateseracional, o objeto não seriadado de maneira incompleta, meramen- da, se chama geomeuia pura. liá outras determinidades de coisa, que são
te "unilateral". Com respeito ao X determinável, o sentido subjacente como temporais, materiais: delas fazem parte novas regras para preenchimentos
matéria à tese racional não deixaria nada em "aberto" em nenhuma das faces possíveis (isto é, não arbitrários) do sentido e, por conseguinte, para possíveis
submetidasà apreensão:nenhuma determinabilidade que ainda não sejafirme intuições ou apariçõestéticas. Também estáa priori prescrito qual pode ser a
determinidade, nenhum sentido que não sejaplenamente determinado, fecha- composição eidética destas, sob que normas se encontram os seus materiais e
do. Uma vez que a teseracional deve ser uma teseoriginária, ela tem de ter seuspossíveis caracteres de apreensão noemáticos (ou noéticos).
seu fimdamento de razão no dado orÜ/ á /o daquilo que é determinado no
sentido pleno: o X não é visado apenasem plena determinidade, mas origina-
riamente dado nela mesma. A equivalência que se indicou signiâca então' S 143. Doação adequada de coisa como idéia no sentido kantiano
..4 rodo oóyZfo apefd#dc/7Hwê Zle exá e fr" corresponde por princípio(no
a priori da generalidade eidética incondicionada) a idéia de uma consciência Antes de prosseguirmos, é preciso fazer um adendo para afastar a aparen
possível, na qual o próprio objeto é apreensível o @i a iame#fe e, além dis- te contradição com nossa exposição anterior (p. 286). Por princípio, dizia
so, rm .per$r/íwad gaafãa. Inversamente, se essapossibilidade é garantida, o mos, há apenasobjetos que aparecem inadequadamente (portanto, também
objeto é o ZPiaverdadeiramente existente.
apenaspercebíveis de maneira inadequada). Não se deve, porém, passarpor
De particular importância aqui é ainda o seguinte: está precisamente alto a ressalvaque fizemos. Nós dissemosobjetos percebíveisem apor/fão
prescrito na essênciade toda rafqgo Zadr aP região (que é o correlato de jec#ada. Há objetos -- e todos os objetos transcendentes,todas as "rea-
toda categoria de objeto) quais conâgurações de apreensõesconcretas, per- lidades" abrangidas pela designação "natureza" ou "mundo" entram aqui
feitas ou imperfeitas, dos objetos dessacategoria são possíveis.Por outro -- que não podem ser dados em nenhuma consciência fechada, em determi-
ado, também está por essênciaprescrito para cada apreensãoincompleta nidade completa e em intuitividade igualmente completa.
como ela pode se tornar perfeita, como seu sentido pode ser completado, Todavia, o dado pelge/fo é, a/ da asl m, .preso /zlo como /dé/a(no sentido
preenchido por intuição, e como a intuição pode ser mais enriquecida. kantiano)-- um co zllí o dr apor/frei determinadoa priori, com todasas
Toda categoriade objeto (ou toda região e toda categoriano nosso dimensões diferentes, mas determinadas, inteiramente regido por uma h'me
sentido estrito, corte) é uma essênciageral que pode por princípio ser tra- legalidade eidética, é prescrito como um sistema absolutamente determinado
zida à condição de dado adequado. .E%íwa doafãa adegwada ela prescreve em seu tipo eidético de processosinfinitos da aparição contínua ou como
uma }'%g7'a
.gf a/ fp dr»re para cada objeto particular trazido à consciência campo desses processos.
em multiplicidades de vividos concretos (os quais vividos não devem natu- Essecontínuo se determina mais precisamentecomo um contínuo in-
ralmente ser tomados como singularidades individuais, mas como essências. finito onidirecional, que em todas as suasfasesé constituído do mesmo X
como concretos de nível mais baixo). Ela prescreve regras para o modo como determinável e ordenado numa concatenaçãotal e determinado por uma
um objeto a elasubmetido poderia ser trazido à plena determinidadede seu composição eidética tal, que, percorrendo continuamente qualquer //»#a
sentido e modo de se dar, como poderia setrazido à condição de dado origi- dele, o que se tem é um encadeamentocoerente de aparição(que pode ser
nário adequado e por que nexos de consciência isolados ou em decurso con- designadocomo uma unidade de apariçãomutável), na qual um único e
tinuo e por que provisão eidética concreta dessesnexos deveria passar.Que mesmo X continuamente dado se determina "mais de perto" de maneira
quantidade de coisasnão estácontida nessasbreves proposições, isso se tor-- coerente e contínua, e jamais de "outra maneira"
nau compreensívelnos desenvolvimentosmaispormenorizados do capítulo Se uma unidade fechada do transcurso, portanto um ato finito e apenas
final (a partir do S 149). Basta aqui uma curta indicação a título de exemplo mutável não é pensável,em virtude da iníinitude onidirecional do contínuo
l
(o,que redundaria numa absurda iníinitude finita), a idéia desse contínuo e a processo natural etc. (que é plenamente determinada enquanto idéia de um
idéia da doação perfeita por ele prescrita se apresenta, todavia, como cZa?a- único indivíduo): isso Êazparte de uma nova camadada investigação.Faz
mf fe ü/p / claramentevisível justamente como uma "idéia" o pode ser parte da fenomenologia da razão experimental específicae, em particular,
ao marcar, por sua essência, um ripa .pr(@r/ade clareza de ?isca. da razão física, psicológica, da razão na ciência natural em geral, que reduz
A idéia de uma inânitude eideticamente motivada não é ela mesma uma asregras ontológicas e noéticas da ciência empírica como tal a suas fontes
infinitude; a clareza de visão de que essainfinitude não pode, por princípjo 6enomenológicas. O que signiâca,porém, que ela esquadrinhae investiga
ser dada, não exclui, antes exige o dado claramente srisível'da /ié/a dessa eideticamente as camadas Êenomenológicas,noéticas e noemáticas, em que
iníinitude.
se guarda o conteúdo dessas regras.
?oâa fenomenológica
Qpürta, seção: Razão e efeti?idade 32 \
solta fenomenológica
Capítulo lll
Níveis de generalidade da problemática teórica racional
+'
+'
Nossasmeditaçõesa respeito da problemática de uma fenomenologia da
B: razão se moveram até aqui num nível tão alto de generalidade, que impedia o
r surgimento das ramificaçõesessenciaisdos problemas e de seusnexos com as
ontologias formais e regionais. Precisamostentar examinar esseponto mais
de perto; só então se descerrarápara nós o sentido pleno da eidética renome
nológica da razão e toda a riqueza de seusproblemas.
n
osofia fenomenológica
Qpürtü seção:Razão e efetipidade 32b
:=::1:"-:,.=;:"';'-"
.;l:=;=.=1::.=11=: -"«''''""" «;
paralelas, que chamei de axiologia e .prárlradormaa ca e das disciplinas
13iCf. SS 133 e segs.,pp. 293-298
l
+
uma âlosofia fenomenológica
Qp tü seção:Razão e efetipidüde 3,).7
É óbvio que para todos esses encadeamentos cabem inv(ligações Ée.
Os eventos que dizem respeito ao julgar, às noeses,assim como os que lhes
correspondem por essênciano norma, na aP(!áwiis, são investigados precisa-
mente em sua necessáriareferência recíproca e no pleno entrelaçamento em
que se encontram na consciência.
Naturalmente, o que se dissea respeito do paralelismo entre regulamen-
tações noéticas e noemáticas vale para as demais disciplinas formais.
Temos mais uma vez de dizer, como nas doutrinas meramenteformais das maneira clara ou obscura, de ser pensado, atestado. No tocante àquilo que
proposições, que não é tarefa da fenomenologia desenvolver essasdisciplinas. finda a racionalidade, retomamos mais uma vez, portanto, aos sentidos, às
ou seja,não é sua tarefa fazer matemática, si]ogística etc. O que ]he interessa proposições às essênciascognitivas; agora, porém, não às meras formas, mas,
são somente os axiomas e sua composição conceitual, como designação para porque temos diante do olhar a generalidade material da essênciaregional e
análises 6enomenológicas. categorial, a proposições cujo conteúdo de determinação .é tomado em sua
O que 6oi dito também se aplica por si mesmo à adio/ag/a e à .p áf/ca àelexMiü&aàe regional. Ca,dürqião ofereceüq io $o condutor para' sewpró-
dormaíí, assim como às a#zlo/aU/aíjormaZrque a elas devem ser subordinadas prjogrupofecbüdod,einpesttBüçã,o. .. . .:.- .
como desideratosteóricos, o#fo/qgZajo ma/(num sentido bem ampliado) doí Tomemos, por exemplo, como íio condutor a região coisa material. Se
pa/ares,dos bens-- em suma,de todas as esferasânticas que são correlatos entendemos corretamente o que essefio condutor quer dizer, então com ela
da consciênciade abetoe de vontade. apreendemos ao mesmo tempo um problema geral decisivo para uma dis-
gole-se qwe, nestas considerações, o conceito dü ontohyiüformaLse ampliou. ciplina fenomenológica importante e relativamente fechada: o P oóZrmada
Os valores, as objetividades práticas entram sob a designação formal "objeto" (conüitwiçã,o"gera! da,sobjetipidüáesdü ruía,o coisanü consctênctütranscen-
"algo em geral". Do ponto de vista da ontologia analíticauniversalelessão' de la/ ou, mais brevemente, o problema "da constituição fenomenológica
portanto, objetos materiais determinados, as ontologias "formais" dos valores da coisa em geral". Ao mesmo tempo, aprendemostambém a conhecer o
a eles referentes e das objetividades práticas são disciplinas materiais. Por ou- método de investigaçãorelacionado a esseproblema que nos serve de fio
tro lado, as analogias que se findam no paralelismo entre os gêneros téticos condutor. O mesmo vale então para cada região e cadadisciplina referida à
(crença ou modalidade de crença, valoração, volição) e as síntesese formações sua constituição fenomenológica.
sintáticasa elesespeciâcamente subordinadostêm suacorça,que é tão eficaz, Trata-se do seguinte. Para permanecer nessa mesma região, a idéia da
que Kant designou a relação do querer do fim e do querer dos meios como coisa, quando agora dela fHamos, é substituída, em conformidade com a
"anaHtica"i3ze, com isso, naturalmente confimdiu analogiacom identidade. O consciência, pelo pensamento conceptual "coisa" com certo substrato noe-
que é propriamente analítico, o que pertence à síntesepredicativa da doxa, não mático.A todo norma correspondepor essência
um grupo idealmenteee
deve ser misturado com seu análogo formal, que se refere às síntesesdas teses ceado de normas possíveis,cuja unidade reside em que podem ser unificados
de aâedvidadee de vontade. Problemas profilndos e importantes da renome sinteticamente por serem coincidentes. Se, como aqui, o noema é concor-
nologia da razão se vinculam à clarificação radical dessasanalogias e paralelos. dante, então no grupo também se encontram normas que são mtuitivos e, '1
em particular, doadores originários, nos quais todos os outros tipos de noe
ma do grupo encontram seupreenchimento em coincidência identiâcadora,
Os problemas teóricos racionais das ontologias regionais. tirando deles, no caso da posicionalidade, a sua atestação, a sua plenitude de
O problema da constituição fenomenológica corça racional.
Partamos, pois, da representaçãoverbal, talvez inteiramente obscura, de
Após. discutirmos os problemas teóricos racionais que nos são postos "coisa", precisamente como a temos. Engendremos em liberdade repre?en'
pelas disciplinas formais, seria preciso eÉetuar a passagem para as ontologias taçõesintuitivas da mesma"coisa" em geral e tornemos claro para nós o
mafz nazi e, antes de mais nada, para as o#zo/ag/aí gio#a/í. sentido vago da palavra. Já que se trata de uma "representaçãogeral' , te
Toda região objetiva se constit:ui na forma de consciência.Um objeto mos de proceder exemplarmente. Engendremos não importa que intuições
determinado pelo gênero regional tem como tal, desdeque seja e6etivo,os imaginárias de coisas,por exemplo, livres intuições de cavalos alados, corvos
seus modos, prescritos a priori, de ser percebido, de ser representadode brancos.montanhasde ouro etc.; também estasseriam coisas,e representa-
çoes delas servem, pois, de exempliâcação, tanto quanto representações de
coisasda experiência e6etiva.Nelas nós apreendemos, em ideação, com cla-
«=,3;:$mg;lZzli=:'==a=:ii;'==.m.=
':'z:i reza intuitiva a essência"coisa" como sujeito de determinaçõesnoemâticas
gerais delimitadas.
It fenomenológica
331
h
F haja limites na seriação contínua das noeses correspondentes). Lembremos
aqui os desenvolvimentosanteriores sobre a obtenção de uma visão clara
+ da "idéia" geral de coisa, que permanecem válidos para todo nível inferior
+
l;' Cf. o quinto argumento de Kant sobre o espaçona Cr/fira da Razão P ra(A 25)
B
b
e para uma filosofia fenomenológica Q«"t" s'!4E
se conservanaquelasinfinitudes de zlzpo
determinado do transcursoe que se Intuindo uma coisa individual, seguindo na intuição seus movimentos,
anuncia naquelas infinitas séries de tipo determinado de noemas.
Assim como a coisa, cada g#a//dada pertencente a seu conteúdo eidético
e, sobretudo, cada 'forma" co##if ripa é uma idéia, e isso vale da general.
dade regional até a particularidade mais ínfima. Expondo mais pormenori-
zadamente:
Posta como existente, a ideia lqg/o a/ da coisa, seu X idêntico com o farão do espaço",cujo sentido mais profundo, fenomenológico, jamais havia
sido apreendido, se reduz à análisefenomenológica da êssec/a de todos os
l
'o"t'údo de s'"tido d«e:«ü«-te - .p«.«« "©«. à. d/««,/d«'Í" 'Z' ,P,,-
dfõex. Quer dizer: estasnão são simplesmente diversidadesque casualm"rte 6enâmenosnoemáticos (e noéticos) nos quais o espaço se exibe intuitiva
sejuntam, o que já decorre.deque possuemem si mesmas,puramentepor mente e se "constitui" como unidade das aparições,dos modos descritivos
essência,reíêrência à coisa, à coisa determinada. A idéia da região prescreve de exibição da "espacialidade"
Além disso, o .proa/emada fo iz: irão claramente nada mais significa
senão que as séries de aparição regulares e #rcessariame ff pertencentes à
unidade de um aparecimentopodem ser abrangidasintuitivamente pelo
olhar e apreendidasteoricamente -- não obstante suasinfinitudes (sobre as
quais se pode ter inequivocamente domínio no "etc." determinado) --, elas
podem ser analisadase descritasem suapeculiaridade cidéfZca,e a OPeafãs
qwe estabelecepor leis ü correlação entre a, coisa determinada qwe üpa,Tece,como
wniáüde, e üs diversidades infwitüs determiwüdüs düs aparições pode ser esta
em toda a sua evidência e despida de todos os seus enigmas.
Isso não vale apenaspara toda unidade contida na rri exZre#ia(etam-
bém na reí fe MporaZls),mas não menos também para as unidades mais al-
tas. as unidades fundadas, indicadas pela expressão "coisa mazleriaZ:",isto
é. swÓ a cZa/-ca%ia/. No nível da intuição empírica, todas essas unidades
se constituem em "diversidades", e é preciso, por toda parte, que os nexos
eidéticos recíprocos sejam inteiramente iluminados, em todas as camadas,
no que concerne ao sentido e à plenitude de sentido, às funções téticas etc.
É preciso, por fim, que aflore em completa clareza de visão o que a ideia da
coisa,efetipü rep ementa,
wü consciênciafenomenológica,pura, como ela € col-
relato absolutamentenecessáriode um nexo noético-noemático investigado
em sua estrutura e descrito em essência.
r Não é preciso mais nada para ver que o que foi dito aqui, a título exem-
plar, a respeito da constituição da falsa material -- e, na verdade, a respeito
da constituição no sistemadas multiplicidades da experiência encontradas
a f i df todo "pensar" -- tem de ser transferido, tanto em seu problema
como em seu método, a rodasai egiõêrdf o&yezro. No caso de "percepções
sensíveis" intervêm naturalmente agora as respectivas regiões de aros de do-
açãooriginária de espécieseideticamente subordinadas, os quais precisam ser
anteriormente estabelecidos e analisados pela análise fenomenológica.
Problemas bastante difíceis estão ligados ao r#zlre/afamrmzlodaí dl erxai
eil/irai. Eles condicionam os entrelaçamentosentre as configurações cons-
tituintes no plano da consciência.A í;bisanão é um algo isolado diante do
sujeito empírico, como já se pede notar pelas indicações anteriores acerca
da constituição intersubjetiva do mundo da coisa "objetiva". Mas agora esse
mesmo sujeito empírico é constituído como real na experiência, como írr #z/-
mama ou a#/ma/, assim como as cam idades zlezxw&y2r/paí
são constituídas
como comunidadesanimais.
Embora essencialmentefundadas em realidades psíquicas, as quais es
tão por sua vez fundadas em realidades físicas, essascomunidades se apre
sentam como novas o&ykrZ?/darei de ordempaper/or. Fica patente em geral
que há muitas espéciesde objetividades arredias a todas as interpretações
psicologizantes e naturalistas. É assim, por exemplo, com todas as espécies
de objetos-valor ou objetos práticos, com todas as construções concretas da
civilização que determinam nossavida atual na condição de duras efetivi-
dades,tais como, por exemplo, -Eízrado, d/re/zlo,colfamei, lgre7h etc. Todas
essas objetividades têm de ser descritas assim como se dão, segundo espécies
d
Ü
339
tFata e6etivamente de problemas sérios e que se abrem domínios de investi-
gação referentes ao que há poro / c/P/o,#a i lido.ge#adÍHOda Pa/aP a em
fodam
ai c/é fIaSma erZaZs.
O "por princípio" nadamaisé que aquilo que,pe-
los conceitos e conhecimentos fiindamentais, se agrupa em torno das idéias
regionais e encontra ou deveria encontrar seu desenvolvimento sistemático
em ontologias regionais correspondentes.
O que 6oidito pode ser transferido da esperamaterial para ajormaZ e para
as disciplinas o zlo/(bicasa ela adstritas, portanto, para os todos os princípios
+ e ciências de princípios em geral, desde que ampliemos convenientemente a
F
Ç'
idéia de constituição. .Além disso, o âmbito das investigações constitutivas se
+
amplia, com efeito, de tal modo, que ele é por fim capaz de abranger toda a
&
fenomenologia.
Isso é algo que se imporá por si mesmo, se fizermos as seguintes ponde
1'
b rações complementares:
1': Os problemas da constituição do objeto se referem em primeira linha às
multiplicidades de uma possível consciência doado a o êgl#árZa. No caso das
coisas, portanto, eles se referem, por exemplo, à totalidade das experiências
poxi&els às percepções de uma e mesma coisa. A isso vem se juntar a consi-
deração complementar das espéciesde consciência posicional reprodutiva e
a investigação de sua operação racional constitutiva ou, o que vem a dar no
mesmo, daquilo que ela opera para o conhecimento puramente intuitivo; e
igualmente também a consideraçãoda consciênciaque representa obscura-
mente (mas simplesmente)e dos problemas da razão e da e6etividadea ela
A extensão plena do problema transcendental. referentes. Em suma, nós nos movemos antes de tudo a mr a e@erada
" vePresentaça o" .
Articulação das investigações
A estas,no entanto, se vinculam investigaçõescorrespondentes, referidas
às operaçõesda ê$rra iz Pe ior da anão ou, num sentido mais re#r/zlo,do
chamado "faze d/mr fo", com suas sínteses explicitantes, relacionais e de
mais sínteses"lógicas (e então também axiológicas e práticas), com suasope
rações "conceituais", seus enunciados, suas novas formas mediadas de filnda-
ção. Objetividades,que anteseram dadasem azloimo»ofézl/cos, por exemplo,
em merasexperiências(ou pensadascomo dadasna idéia), podem, portanto,
ser submetidas ao jogo das aPerafõei íi zléz:iraie constituir objetividades sin
téticas de nível sempre mais alto, que contêm diversas teses na unidade da
tese total e diversas matérias separadas na unidade da matéria total. Pode-se
coligir, "formar" coletivos (conjuntos) de diferentes níveis de ordem (con-
juntos de conjuntos), "partes" podem ser separadasdo "todo", qualidades,
predicados"tirados" ou "destacados"de seusujeito, objetos "colocados em
relação" com objetos, um pode ser "deito" de referente, o outro, de obje-
4
l
afia fenomenológica
iPidade 34\
tais 7:eglo#aire, antes de mais nada, para próprio conceito de peg/ãa,com a
questão comoum indivíduo dessaregião vêm à condição de dado. Com as
fal gorzaí ?legio#aüe com as investigações por elas delineadas, a delermi-
tação particular que ü forma sintética gaxiha. dü matéria rgionnl ê \exala
.' :-'-. '
em consideraçãocomo convém, assimcomo a influência que as
parÜrw/arar (como.aquelas que encontram expressãonos axiomas regionais)
;xel"cem
sobre
ü efetiidaderqionül. ' '-" '
O que âoi apresentado pode ser manifestamente transferido a todas as esse
+
F
ras de ato e de objeto, portanto também a rod i aí oóykf/pZdades cgtp rom /f#/-
F
T::T!:« «t-ls d:nfeti«i.i«-' """ '-' "s" . «.«*é«i«;'« P,io,' 'sp;;ã.ÚI':;l.:de
+.
ser transferido de uma maneira cuja explicação, novamente segundo matéria e
P'
particularidade material, é a grande tarefa da fenomenologia constitutiva cor:
>
respondente, tarefa que quase não âoi pressentida e menos ainda assumida.
b
1'= Também fica evidente, com isso, a íntima relação da fenomenologia cons-
4
U
F
lllh
uma 61osofiafenomenológica
is5 1914. A dataçãodos apêndicesé aproximadae 6oifeita por Walter Biemel, editor do texto
das Idéias para a HwílerZiama.(NT)
lln
e para uma 61osofiafenomenológica ÁPé dícrx 345
Em seu modo de atuação, a ontologia formal atua sobre formas bilidade de tratar também as essênciasda forma como objetividades, de fazer
puras, ela só atua, portanto, sobre conteúdos enquanto "conteúdos enunciados puros sobre elas, de apreender estados-de-coisas a elas referidos,
em geral" e, assim,sobre asformas dos conteúdos,quer como formas no caráter da generalidade eidética próprio a elas, generalidade que pode ser
de conteúdos em geral, quer em apresentação determinada de formas: transformadaem validaçõesabsolutasou incondicionais para algo individual, e
sua determinidade é forma particular, e sua generalidadeé forma em que, além(ôsso, é ela própria algo pensado em generalidade formal.
geral, referida, portanto, a substratos postos no modo da determini- Sempre que aqui, nestas considerações, âormulamos enunciados puros sobre
a e
algo material, os enunciados mesmos não são materiais, mas formais. Noutras
Modos formais de consideração, cujos correlatos são essênciasformais. palavras,nós nos movemos, de ponta a ponta, na esperada ontologia formal.
sao,portanto, essênciasde uma dimensãototalmente nova em comparação
com asessênciasdeterminadas materialmente, com asformas que as configu-
ram categodalmente. ' ''""' Apêndice ll - p. 33 e seguintes:;'
Temos, por conseguinte, como costumo exprimi-lo nos cursosdes- Categorias de signiâcação, signiâcação
de muitos anos, duas espéciesfundamentalmente diferentes de genera-
lização: ''' '' '
Os conceitos fundamentais pertencentes à essênciada .pragas/fãaetc. A cla-
1. a generalização ,lógico-matemática, que conduz às formas puras riâcação última da proposição, a puriâcação última leva, porém, precisamente
pela substituição dos núcleos plenos por núcleos vazios, das matérias de no sentido das Idéias, a fazer ainda aqui distinção entre signiâcação e propo'
terminadas por algo indeterminado (matérias em geral), dos objetos de lição e, como já ocorre aqui, a entender proposição ontologicamente. Isso
precisa, pois, ser transformado num tema próprio e levado a termo como tal.
terminados pOal"03óetos em geral", 'das essênciasdeterminadas por "es-
i40 1921
348 Idéias
.4.pê#direi349
Encontro aqui em
gicas, comparando "vermelho" e "Vermelh. não, se da predicação já faz parte a apreensãode essência(apreensão concei-
wal), a saber, para o predicado, e portanto predicado e essência são insepa
a=:=:i,ll:=?'J:l=t:;T.:=:1;!=1 a
rávels
Mas como? Somos levados de predicações como "isto é vermelho" a
síntesesque, encontrando-se muito além, exprimem-se circunscritivamente
com as palavras:essemomento é um caso singular de vermelho (isto é, de
uma essênciaque, na confrontação de momentos como este,sobressaiindu
tivamenteem relaçãoa um âmbito aberto infinito?)
E se digo "vermelho é uma cor", tenho de diferenciar aí as diferentes
Ele é o idêntico em Facedas espéciesde cor e, em cada uma delas, uma especiâcaçãosingular de "cor"
pode ser apreendido em como essênciagenérica,e tenho então, para a predicação,na essência"cor"
gerentes relações lógicas, o momento especificado"cor", que teria primeiramente de ser reconhecido
nos pensamos,no entanto, que uma essência] como caso "especial" da essênciagenérica "cor"? Assim parecem as predica-
aponte que o vermelho se exibe multinl,..., ções primitivas: isto é casa,aquilo é casa, árvore etc., isto é cor, isto é verme
no seu norma nesses modos de ( Iho etc., e então: esteA é vermelho, estevermelho é uma cor etc., ou então:
parte do "sentido" do norma c isto é vermelho, isto é uma espéciede cor etc.
e o que entra na forma l Mas o que seria então dos "substratos"? Teríamos então objetos-sujei-
ência de proposição. to como suportes de momentos, teríamos essesmomentos mesmos.Isto, a
casa,como objeto-sujeito, em identificação parcial abarca o seu momento,
por exemplo, a figura; ou, essasuperfície colorida, individualmente como
sujeito, abarcanela a forma circular, reconhecidacomo círculo e posta, por
tanto, em "síntese de conhecimento" em relaçãocom a essência,e então o
sujeito é reconhecido como sujeito do predicado: o que seria isso?Não o
momento individual e reconhecido como verde .
O momento, em sua singularidade individual, não entra no predicado.
Se digo, "isso é verde", o sujeito é "determinado" pelo conceito, pela essên-
cia "verde", ele é algo da essência"verde". Poder-se-iadizer, ele estáposto
em relaçãocom a essênciaenquanto um sujeito individual, que, como uma
singularizaçãoda essência,tem em si, como suporte de um momento, uma
relação própria com a essência. Não se prédica, porém, um estado-de-coisas
racional, estado-de-coisasracionalmente predicados são um círculo estreito
de estados-de-coisa,e se comparam com estados-de-coisacomo: isto é "ver-
melho"
Vê-se quão grandes são as dificuldades aqui(vejam-se minhas discussões
anteriores a esserespeito), que são, por conseguinte, dificuldades também
para a relação entre objetividades sintáticas e objetividades predicativas do
pensar.Sena intuição eu procedo coligindo, ou em parte combina, em parte
l separo (procedo a exclusões), se passo de um objeto a suas partes e momen-
tos, efetuo sínteses de identiâcação ou confronto comparativamente, faço
1.
4?é"alces 351
Acrescente-se
o grandeerro de que separte do mundo natural(sem
caracteriza-lo como mundo) e se vai imediatamente ao r/daí -- como se já
sem mais dificuldades se chegasseàs ciências exatas. Silencia-se sobre a ide
alização .
ApêndiceVll - p. 59.i42
Aquilo que foi dito aqui é corneto?
i421922
d
352 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma fHosofia fenomenológica APé d/rrJ 353
Os dois mundos estão "cora de conexão". o ênciae, em particular, em conformidade com aquilo que é de essência(aprio-
mundo aritmético não entr,
no horizonte de minhas realidades empíricas. ri), sem que haja a mínima preocupação com nexos psicoâsicos, como se estes
não existissem. Dir-se-á aqui que se abstrai conseqüentemente deles. Partindo
de intuições empíricas exemplares do puramente psíquico, tal como são ofe-
Apêndice Vlll - P. 79 e seguintesi4s recidas pela pura experiência, é, portanto, possível, em pura variação da ima-
ginaçãoe voltando o olhar parao invariante que nestasempre.Cazpuramente
Prosseguiremos nestes estudos tanto quanto 6or necessáriopara Obter- uma consciência, delinear
parte das apreensõesde meras possibilidades de
mos em primeiro lugar a evidência de que a consciência pode ser experimen- uma típica eidética das configurações de consciência, e isso de tal modo que,
tada puramente por si, independentemente de todos os nexos reais psicoHsi- por fim, as essênciasinvariantes e invariáveis, essênciasde uma pura totalidade
de consciência,possamser investigadasem intuição concreta, não como uma
generalidadevazia,mascomo uma generalidadeconcreta ou como uma for-
ma eidética concreta, como legislação de essência à qual toda vida individual
o meu psíquico (do. investigador psicológico em questão) se pode eíêtuar concebível da consciência está incondicionalmente submetida.
uma pura experiênciapsíquica (que, operando cientificamente, é chamada
de "experiênciapsicológica"), na qual a pura subjetividadeda consciênciaé
apreendida e apreensível.Mostra-se então que essaexperiência, levada con- Apêndice IX - p. 80
sequentemente adiante, proporciona um campo de experiência fechado em
SBdito de maneira mais precisa, o vivido singular de consciênciaque leva'à A consciênciaem geral ou unidade de uma subjetividade de consciên-
apreensão dessa experiência se mostra como um vivido essencialmente de- cia, que é dada na experiêncianatural e também na experiência que opera
pendente e, no entanto, a experiência que pode sempre progredir de vividos psicologicamentecomo um componente real das realidades existentesno
comcientizadosa semprenovos vividos não proporciona um mero aglome mundo sob a designação de "aw/ma/ia", e que é o tema na .psico/agia, como
rado de vividos, mas todo yiyido é, em necessidadeeidética, momento de um lado "anímico" dela, como individualidade anímica, como vida anímica,essa
nexo concreto totalmente coerente e, melhor ainda, momento de fluxo de ;onscRnçla. também pode ser experimenta,dü e inpest+güda, nwm sentido tot;ül-
consclencia aberto e infinito, no qual cada eu é experimentado em pureza e mente outro e namü orienta,ção radicalmente moãi$cüdü.
semprepassívelde ser experimentado como vivendo nele. Enquanto unidade Ou seja, se, como já o exige incondicionalmente a psicologia ao estabelecer
de um campo de experiência fechado numa totaHdade, o nexo coerente da o ser e a vida psíquicos são apreendidos na pureza e no vínculo que
subjetividade pura da consciência que assim surge em evidência finda aqui, Ihe são eideticamente próprios, embora justamente abstraídos de sua condição
como em todo campo de experiência como este (por exemplo, da experiência de componentes do mundo, então mediante a Eno)(T)própria prewamentecir-
esp:ço material da natureza como campo coerente de experiência), a possi- cunscrita(como modiâcação de orientação do investigador a ser eeetuadade
bilidade de uma investigaçãoeidética. O vivido de consciênciasó pode ser maneira a priori e geral) essenexo eidético próprio, enquanto ser absolutamen-
tematizado em geral em pureza eidética, como sendo possívelpor essência te autónomo, pode ser experimentado e investigado conseqüentemente em si
somente num campo total de um fluxo de consciência, assim como a essência e por si,:m e, portanto, constatado como uma região do ser nova por princípio
um buxo de consciência, de uma subjetividade de consciência em geral. e absoluta, como campo de experiênciade um espéciede ciência nova por
Surge assim a evidência da possibilidade de uma ciência própria, que in principio e absolutamenteautónoma -- a fenomenologia transcendental.
H.Jvestlga
conseqüentemente a subjetividade humana somente enquanto subje A fim de ver o que há de novo, e tomando, como é requerido, por ponto
tividade da experiência "puramente anímica", como subjetiviaaae da comci- de partida a orientação natural, que é, por essência,anterior, e a psicologia
i43 1929.
i" No original: "in sich und an und fiar sich".(NT)
Àpé d/cer 355
b
tanto, fechado por todos os lados (isto é da comprovação, em primeiro lugar,
r do fluxo de consciência).
2. A pura subjetividade de consciência, a consciência pura, a mesma que,
na abstraçãometódica antes indicada, tem o sentido de uma região fecha-
da de essênciaprópria no interior do mundo real previamente dado, pode
ser vista com clareza num sentido fiindamental e essencialmente novo me
diante modificação da orientação metódica da psicologia e, em especial,da
psicologia "pura"- Ela não mais designa então uma mera região abstratano
interior do mundo, ganhando antes, na nova orientação ("transcendental"),
o sentido fundamental e essencialmentenovo de uma região absolutamente
autónoma, cujos dados experimentais são puros, isto é, não-mundanos, irre
ais, porque nessanova orientação toda experiênciamundana é considerada
metodicamente fora de validade .
Diferentemente da psicologia pura, a ciência da subjetividade transcen-
dental(a fenomenologia transcendental) que assenta sobre experiência de
si transcendentalnão tem, como solo prévio, o mundo empírico enquanto
solo dado de antemão, portanto, tampouco tem sereshumanos e animais em
validez empírica e como temas científicos; e, no entanto, ela tem consciência
pura, embora não mais como componente abstrato, mascomo absolutamente
existente. A modificação de orientação, em sua operação metódica peculiar,
altera o sentido metodicamente fiindado da experiência psicológica pura para
o novo sentido de uma experiênciatranscendental,e pura numa nova ma-
neira. O campo empírico psicológico puro, que se estabelecenaquelacomo
região fechada, continuamente coerente, o campo da subjetividade de .cons-
ciência psicológica pura, isto é, antes de mais nada o campo do fluxo psicoló-
gico puro dos próprios vividos de consciênciase modifica no correspondente
L
a
a
l
osofia fenomenológica .4pé#d/rrr 357
todos os componentes das concreções reais (a corporeidade física e, por con-
seguinte, a natureza em geral) que com ela se entremeiam intuitivamente em
eâedvidadereal ou em possibilidade.Portanto, assimcomo, numa abstração
paralela,na qual se deixa de lado toda espiritualidade pertencente ao mundo
a natureza física(ou natureza física possível) é tematizada como natureza física
pura, como uma região fechada em si da experiência que pode ser prosseguida
continuadamente,ou como representaçãoda imaginação,e assimcomo essa
região se mostra ali como um nexo de unidade infinito por si, fechado por sua
essênciaprópria, cuja continuidade ininterrupta serevela na intuição que pros-
segue continuadamente: da mesma maneira, na abstração correlativa da ex-
periência psíquica pura, a imaginação direcionada para o psíquico puro pode,
como sedeverámostrar, progredir num nexo contínuo /# /#t/Z#izl@m, e então se
mostra um nexo ininterrupto, fechado por essênciaprópria, o campo intuitivo
regionalmente fechado em si do ser psíquico puro, como eÊetividadee como
possibilidadepura. Noutras palavras,também aqui se pode permanecercon
seqüentemente na experiência psíquica pura, se pode permanecer nela -- sem
passarpelo não-psíquico--, numa espera ligada de modo psíquicopuro.
De um lado, a natureza física pura (como aquela que se dá originaria-
mente em experiênciafísica pura contínua) se torna o domínio de uma física
pura (num sentido mais amplo), e a natureza representávelem geral (como
representável na concordância contínua da intuição de imaginação da física
pura) se torna o âmbito de uma ciência a pr/or/, uma ciência da forma eidéti
ca da essênciade uma natureza pura em geral. Do outro lado, será de esperar
o mesmo, se a experiência psíquica pura 6or possível, se 6or conduzida em
nexos contínuos: a possibilidade paralela de uma psicologia pura como ciên-
cia de fatos e de uma psicologia eidética pura como ciência a priori da forma
eidéticanecessáriade uma subjetividade pura possível.Assim como a física,
enquanto ciência "exata", enquanto ciência racional da natureza só pede se
Apêndice XI - P. 80i4s tornar possível tendo por fiindamento a geometria, que desempenha para ela
o papel de método lógico, a doutrina do tempo e a doutrina da corça, todas a
priori, das quais ela retira seusconceitos fiindamentais "exatos", suas normas
racionais puras, assim também a pura psicologia eidética ("a priori") teria en-
tão a fiinção lógica de proporcionar conceitos fiindamentais racionaispuros
"exatos", em vez dos conceitos não-puros e vagos da empina psicológica,
para uma eventual psicologia pura (como ciência de fatos) e, por conseguin-
te, para uma psicologia concreta, emprestando racionalidade a seusconceitos
dúplices a partir de seu lado psíquico puro
:'5 1929; cf também os Apêndices Vlll e IX. De um modo mais amplo: voltando à forma eidética que a essênciaeidé-
tica da região psíquica estabelececomo sua ráfia pura, a psicologia eidética
6a fenomenológica ÀPé d/crJ 359
clariâcação de seu sentido. Como deverá ficar evidente, a espécie eidética
dessedesvelamento é a iteração; um desvelamento progressivo contínuo na
direçãodo horizonte de futuro de cadaaspectojá clariâcado é por essência
possível,pelo que um fluxo contínuo de vividos vem à doaçãode si.
É, além disso, evidente que dois dessesfluxos com um vivido em comum
entram como partes na unidade de um fluxo que os abrange; mais ainda, é
evidente que o que leva de cada vivido a outro é um fluxo vinculante que
P' pode ser desvelado,e é finalmente evidente que tudo é abarcadopor um
b Ú /co fluxo, como minha vida universa], na qual eu sou. Todas as re]ações
}
l Apêndice XI - P. 94i4ó possuem o caráter da " e/af/o af/dea?' humiana, elas estão contidas a priori
+
no próprio fluxo de vivência, enquanto fluxo concreto fechado inteiramen-
P te em si mesmo por essênciaprópria. Ele é um todo infinitamente aberto
P
r -- uma totalidade a priori --, determinado exclusivamente pelos conteúdos
b
1471922
i48 1929
+
e para uma fUosofia fenomenológica .4pê#d/cei
campo de coisasrestrito enquanto campo perceptivo; que mundo seja mais Não é .pid'nte q". esse s«bjetiv' pod' s'" ap«ewdido p' rü"''e"te '"'' s""
do que essecampo fluente e oscilante, isso me remete ao horizonte que o essewciülitin,de
próprio,, ü qwa,lnã,ofüz, wüd,üdo mundo entrar comoparte
amplia,. e que este, em seu vazio não preenchido perceptivamente, seja hod. da poSiÇão,mas se atém puramente àquilo que é oferecido pela aparição,
Portanto, meu ser
zonte de coisas, remete?por sua vez, a minhas possibilidades (a meu poder) pela experiência,pela atestaçãoempírica do mundo? .] n - «H n /in ma r.
de "penetrar" nessehorizonte, isto é, de produzir para mim, mediante certos r consciência não precedem por essência para mim o ser do mundo, mas
aros presentiâcantese não apenasfictícios, uma plenitude de coisa da qual inclusivetambém o ser mundano que no linguajar comum eu designo
estou certo de que as coisasah representadasintuitivamente são,quer como como eu, o eu como ser humano no mundo, como real entre as realidades
eâetividadesconhecidas, embora não dadas originalmente, quer como e6ed do mundo? , .
vidades supostas, desconhecidas, a serem atestadaspor percepções Mdouias . Essa precedência é manifestamente fundação a priori e não uma.fünda-
de uma
Somente então e6etividadespassadase frituras(futuras não apenasporque ««Ü='iálil«-p"'h"'" . .fe«:,d, .m g«d 'm "'; p''p'q;
preenchemposteriormente minha presunçãode que há existênciapresente coisa sobre outra. Meu ser, em sua universalidade temporal imanente, em sua
desconhecida) são dados possíveis e apenas parcialmente eâetivos de expert. essenciahdadeconcreta plena: se eu não fosse, não haveria mundo para mim,
ênciasdo tipo da recordação ou da expectativa. '' "' isso soa como uma tautologia. Co iidrrawda, porém, mais depcrfa, isso ão iê
Coisase mundo têm para mim validez constante, e não apenasa partir de rm a/ o d/ciado mail ma a Z#aso
doijafai, o de que o mundo queexiste
uma percepção de coisa singular e restrita e já como tal provida de horizon- pam mml, e segundo toda determinação para mim, é uma unidade, a qual se
tes, mas a partir.de uma consciência de validez do tipo de uma consciência exibe em meus vividos subjetivos e nas "exibições" que ah aparecem, e não
universal do horizonte. Logo, também estacarecede uma crítica, uma vez pode ser separada dessa correlação?.
que eu, como ocorreu acima, entro em questõessobre que espéciede legi- Mas. sem dúvida, a estrutura da apodicidade de meu ser, enquanto eu
timidade possui para mim a experiência do mundo, a experiência a partir da puro de minhavida pura, e essavida mesma,referidaao todo temporal,
qual obtenho o sentido mais originário e a legitimação de minha certeza de temporal-imanente, desse ser e vida, apresentam suas dificuldades. Porque
mundo em geral, ou sobre se Ihe cabe ou não indubitabilidade apodítica, que recordação imanente, por exemplo, pode muito bem enganar, logo, conflito,
exclui absolutamenteo não ser, e isso em contraste universalcom a experi- engano, ser-outro (como mostra a própria recordação intuitiva) são muito
como, se, ape-
ência do eu puro e dos vividos. Por outro lado, no que diz respeito a estes, bem possíveisfora do presente intuitivo vivo, imanente. Mas .: â. .= . &.--.
consciência fosse
não
,:.. podíamos,
- eu não. po
. iapressuporosentidonaturalingênuodemeu ''' ' "'"' sar dessas possibilidades, o ser concreto de meu fluxo de
fluxo de vividos, também este é um universo "a partir" do qual são dadas apodítico e se pudessetornar por essênciaevidente que aqui vale antes dc
eÊetivamente,e mesmo que apoditicamente, apenassingularidades, também mais nada o princípio apodítico: o#w game fo áe zlodaaparo cia e#a o ser,
ali tenho de penetrar o horizonte de minha vida, e uma crítica da experiência e não um ser qualquer, mas m if ima ê fe, atestável com um conteúdo
mlanente, como experiência de meu ser e do ser de minha vida, teria de con- apodítico, o qual, todavia, torna acessívela plena determinidade desseser
duzir para dentro da recordação, da expectativa imanente, em suma, de toda somente enquanto "idéia" infinita? . . .. . ....
a experiência de si imanente e concreta. ' ' Mesmo, porem, que tudo isso seja realizável, resta contudo sensívela
. udo bso aponta, cow' deito, para iwpestÜações çircanstanciüdas e dóceis,
cuja realização suficiente e concreta só posteriormente será alcançada. No ori-
meiro esboço das IXéZai ela ainda não âoi levada satisfatoriamente a termo.
Entretanto não se pode antever, e pelo que já é manifesto no presente
«..;;l;=
experiências de mais distinta espécie e sinteticamente ligadas, e a certo eü/Za
da atestação,que é ela mesma um evento inteiramente subjetivo. é sem dúvida um grande problema.
e para uma 61osoâafenomenológica ÀPé dicrr 365
Apêndice XIV - p. 121i4P --, e que, nessasdeterminaçõesidênticas, continuariam a ser determináveis
numa experiência coerente, não importa qual prosseguimento ela tenha. Ven-
Objetar-se-á que esta é uma conclusão um tanto apressada.É possível que do, porém, maisde perto, a experiênciacoerente, progredindo na direçãodo
minhas experiências não tornem impossíveis certas atestaçõesde um mundo em- objeto, apresentao determinante como objetividade idêntica que vale em
plnco que é o meu Mas por isso um mundo a mim inacessível,e o mundo que é "exatidão" progressiva.Isso implica que ela não torna acessíveismeramente
eEetivo,pode muito bem serpossível,e que eu estejalouco -- nada mais Entre.. sempre novas determinações, mas que o já experimentado nunca apresenta
tanto, para reconhecê-lo,tenho de poder ver com clarezaa possibilidadede um algo definitivo em sua composiçãointuitiva, masapenasalgo relativo, que
mundo, mas que aspecto deve ter essaclareza de visão mesma, 4 qual requer, no continuamente semodifica conforme os conteúdos efetivamente tornados in-
entanto a mtuiçao de um ta] mundo? Uma representaçãointuitiva(em contrapo tuitivos, e, portanto, nunca apresenta a respectiva determinação em identida-
siçao~aminhas percepçõesconseqüentes e concordes e a minhas expeiiêncim em de efetiva e em sua e6etividade última. E tudo isso ainda em relação a circuns
geid) poderia ter a figura de uma diversidade coerente de imaginações,nas quais tâncias, cujas direções recíprocas determinam sempre novas modiâcações.
apareceum mundo de imaginaçãocomo uma possibilidaderepresentável?
Mas Essa relatividade requer descrições complicadas. Aqui, porém, é suâciente
o que se passa com essasimaginações? Elas são percepções "como se", ficções de que, em face de todas essasrelatividades,o idêntico continue sempre contido
percepções, de perfis que ali se concatenam sinteticamente, aparições de, reâeHdas, por essênciana visadaexperimental(onde a experiênciaé "teórica" e não se
portanto, a um fluxo correlativo de vividos do eu puro, fluxo também imaginado contenta, como na prática, com o relativo, mas tem diante dos olhos, como
objeto, aquele idêntico da experiênciaque perpassatoda prática possível);aqui
é suficiente que essavisada não seja uma visada vazia e, apesardas modiâcações,
jamais tenha o caráter da aparição, mas seja uma visada que se conhma justa-
um fato possível,a possibilidadereal tem de poder eâedvamentese atestarnum mente na mudançado conteúdo intuitivo, noutras palavras,que sejaconsciência
eu e numa üda de eu eâetivos,isto é, a vida real desseeu efedvo tem de constituir da auto-apariçãodo objeto, exibindo-se em níveis oscilantesde aproximação E
um nexo eâetivoda intencionalidade no qual a eventual "loucura" se atestecomo justamente a issoque se referem o método da ciência natural e a tarefa motivada
uma espécieparticular de aparência,que tem o seuser eâetivopor aás de si. Ou pelo estilo de tal experiência, a sercompreendida em análise explícita e descrição
bem sou eu mesmo que pode conhecer essapossibilidade em suaprópria essência desse estico:em linguagem kantiana, buscar, em oposição aos meros "juízos de
pum, ou bem é um outro eu etc. Esseoutro não pode serpossibilidade vazia para percepção", "juízos de experiência" exatos, ou seja, em certas idealizações e for-
mim, ele mesmo teria de serfilndado ou fimdável em meu vivido. maçõesconceituais, formar novos tipos de conceitos, conceitos "exatos"(mate-
Mesmo que algum estilo louco de experiênciaem nada demonstre no mo- máticos), conceitos que devem, juntamente com seusjuízos correspondentes,
mento o não-ser do mundo, isso ocorreria, porém, mediante um esti]o universal serdiretamente dados da intuição mediante mera abstração, e que, pelo tipo de
que nao contivesseem si nenhuma possibilidade real de confirmação coerente. sua formação, são "idéias" nas quais o estilo das mudanças das coisas sensíveis
relativas(as apariçõessensíveis)é indicado com hmeza e pode ser dominado
matematicamente em suas particularizações pela filme remissão dos conceitos
Apêndice XV - P. 135tso exatos particularizantes a seus dados empíricos particulares. A determinação
exala mediante conceitos matemáticos e físicos é determinação "lógica", "te-
órica" das coisas experimentadas sensivelmente, enquanto identidades que se
exibem em experiênciasensívelmediante conteúdos intuitivos -- identidades
que são constantemente visadase devem ser determinadas teoricamente.
Trata-se aqui, para fiar com mais clareza, da experiência teórica, da prá-
tica empíricada ciêncianatural, e não de uma experiênciaque estejano fun-
.ll Anotação marginal no exemplar 111,posterior a 1922. damento de outra prática qualquer, e que, enquanto tal, tem seushorizontes
particulares, como em qualquer prática, tem sua situação prática, com a qual
(
+
e para uma filosofa fenomenológica Ápé@dZcej367
se destacaaquilo que, relativamente a ela, deve valer como fim empírico atin- modo no "sentido", a significaçãotoda como "matéria". Tem-se,porém,
gido e atingível. A identidade das mesmas coisas perpassa,porém, a mudança consciência da matéria num modo dóxico, e então temos um novo "como";
consci-
o üpo de práaca e dos fhs determinados pela situação;aquilo que numavá aparecendoà consciênciacom tal e tal sentido, o objeto é trazido à
éelemesmo,naoutraétoscaexibiçãoeassim /#@ llwm - '-' ênciajunto com essesentido como sendo (certo), como sendo conjectural-
mente etc.
Direcionamento do olhar para o norma, para o "objeto", de que ali se Unidade do "objeto visado"(no sentido) -- multiplicidades constituin
é consciente, e para a signiâcação para o objeto em seu como O como, o tes da consciência.
i5i 1914
i52 1914.
i5s 1914
368 Idéias para uma âeJ
aPé d/ces 369
noemáticas
Paralelo: muldplicidades Passarentão à discussão de que temos de distinguir entre a unidade no
constituintes
noéticas noema e o noema pleno e inteiro.
eve nota para reformulação:
[oemol em .geral
lqoeseem .gevüt Apêndice XIX - p. 255 e seguintesis4
;4 1916
l
nomenológica
AI)êwdices .b.
.-«;::i;!E=:/{===rz:'E=::'::===="
:z8ãKE$1Hçzn=::n:=m-
Apêndice XX - S 1113,P. 279 e seguintesiss do intencional suão alva//dado de az?e#fão no sentido da eÊctuação de um
atenção nela.'u'" ' uc um "wver nela", do estar-voltado para o correlato da
,.J==iE= :n='::=i::.=;.==rs:i.i;::m
dHl:;iS%;u=u=,:
:::; :t
O correto é jamais dizer atual onde está em questão a oposição à modifi-
caçãode neutralidade,masopor eEetivo-- neutralmente modificado. Intro-
duzir eventualmentejá de início o "posicional-- neutro", e não ter receio
expressão "posição posicional", por mais ceia que soe
Também seria bom dizer:
:55 1914
i5ó 1914
+
a Hlosoâafenomenológica
APé d ceJ 373
RUIR l P;u:n3Tnh quais, se tomamos o caso simples onde não há politese, sãojustamente teses
puras e simples, de modo que a palavra "caráter de conjunto" já não serve.
Onde temos apenas tesesdóxicas, temos um caráter de conjunto, se temos
uma politese. Pode-se aplicar aí o termo "arcõntico"? As teses são segura-
Apêndice XXll - P 296is7 mente um apoio. Da mesmaforma que quando suposiçõesse fundam em
Ad. Tesearcântica convicções, ou dúvidas em convicções e suposições etc. Se temos atou de
afetividade, como alegria, fiindados em atos dóxicos, há aí um algo mais alto
fundado nos alicerces que o "apoiam". O que ocorre com as teses a6etivas?
Não temos também aí de novo os dois casos:a tese afetiva é efetivamente
tese ou uma unidade politética da consciência afetiva, mas posicionalmente
não uma tese?
Mas, por mais (üferenciado que isso seja: nós chegamos a uma posiciona-
lidade mais alta, e isso deveria ser expresso com o termo "arfó#zP/co"
i5' 1917
ls8 1916
e para uma fHosofia fenomenológica Aüêw vices .. .
:" 1914
R iElit l :usu:,:=
2) juízos a priori
Nos juízos de experiência temos:
a) juízos descritivos, exprimindo ser individual e ser-assim;
:': 1914
ió2 1914
a
ra uma fUosofia fenomenológica .êwáices
b) juízos empíricos gerais; mas também
Há uma diferença entre "perceber" (isto é, o objeto) e "julgar" que o
c). outros juízos referidos ao individual, por exemplo, juízos hipotéticos. objeto é. Evidente é o juízo. Evidente e, eventualmente,visto com clareza,
disjuntivos. Chegamos,pois, às diferençasformal-lógicas entre os juízos no nós também chamamoso julgar. Por outro lado, tem-se o juízo no sentido
que se refere a tesesempíricas individuais ou, de maneira indeterminada, a te- do ju[gado como ta]. Ser,ser-assim,mas também outras variações:nós "ve.
sescmpíncasga'as. Nos juízos a priori, contudo, temos as formas análogas. mos" que, seA, B, C, D é etc. Semprevoltamos a isto, que os problemasdo
Teria sido preciso leva-las em consideração. "' '---õ juízo têm de ser perfeitamente solucionados. Deve-se considerar nisso que,
Quantas formas de evidência radicalmente distintas possuímos?E mesmo:
formas de evidência imediata sevejo um objeto, o ver, como dado originário, a6etaseguramentea doxa ali
interligada, mas isso significa: somente se e6etuo o "juízo" "A é", eu posso
formas de evidência mediata?
apreender no "é", na tese, o caráter racional, e somente se o faço, eu tenho
Faz, no entanto, parte da essênciade um juízo empírico geral que só evidência. Sem dúvida, também o caráter racional é visto. E, por outro lado,
possa ter evidência na forma de evidência mediata. Há outra espécie de evi- somente em contraste com a posição ontológica e, mais precisamente, com
a e6etuaçãode juízos que não têm o caráter, é que se salientapara mim o
caráter racional: daí que fiar de evidência sempre tem em si algo de relativo,
de referência ao contraste.
Se faço o enunciado "este papel é branco", ele é agora para mim um
juízo puramente descritivo, e essejuízo tem sua evidência. Mas vejo o caráter
de evidência por contraste, tenho de sahentá-lo. No entanto, ele o possui de
qualquer modo.
Que dizer de minha ampliaçãoda idéia de "intuição" à "esferacate
O mesmo nos juízos eidéticos. Os juízos eidéticos "descritivos" etc. gorial"? Cabe persistir nela. Também os estados-de-coisasão objetos e são
vistos. Mas, sem dúvida, a sua visão, se a apreendemos como ato de um raio,
remete a uma eÊetuaçãoevidente do juízo como sínteseintuitiva. Ela é uma
visão sintética e tem caráter racional.
Somos, com isso, direcionados para o ser-assim,para o lado do predicado
(paratomar um juízo categorial), no aspectohipotético, ao "se -- ser" e ao
Todo axioma é claro e evidente, toda verdade intuída eideticamente Apêndice XXVlll - S 143) p. 358 e seguintes:';
(todo juízo eidético intuitivo); a perspicuidade significa então aquela neces-
sidade. Aqui, porém, nem tudo está transparente. Subsistemaqui dificuldadescentrais, e não se pode anteverem que me.
Considerando com mais exatidão, notamos diferenças. No texto, é cor- dida serão solucionadas.
reto fazer referência à diferença entre / d/?/d@oíe asTéc/al, mas não se leva Em primeiro lugar, a diferença entre fantasma e coisa. Em segundo lugar,
em consideração a diferença, que cruza com aquela, das a/fe afõ i ZíÜ/ras. a questão: o que significa propriamente e, portanto, o que requer a infinitude
Uma objetividade originária é "vista" de outra forma como uma alteração cognitiva pertence à idéia de uma coisa (e mesmo também do fantasma)?
lógica dela, como uma propriedade, um conjunto, uma relação,um estado- Dir-se á talvez: uma coisa é percebida: tem-se ali um ser material-espa-
de-coisasetc. E toda espéciede alteraçãoé "vista" de outra maneira. ço-temporal na forma da apreensão, onde a apreensão deixa muita coisa em
E, além disso, o modo de consciência da visão é por sua vez essencial aberto. Não se pode, porém, pensaruma apreensãoque não inclui em si mais
mente diferente, conforme nos movimentamos na esferada objetividade ori- nada de indeterminado? E não é pensável que essa apreensão determinada em
ginária individual ou eidética. si continue sempre a se constatar, a se preencher; que, portanto, a coisa é exa-
Às páginas 19 e segs., a expressão "apodítica" se restringe exclusivamente tamenteassime não de outro modo como "aparece" e como é determinada,
àsparticularizações de generalidadeseidéticas. Mas aqui estão contrapostas a apreendida? Na essênciade uma tal apreensão está, sem dúvida, contido que
visão do individual (assertórica) e a visão eidética, como visão apodítica, além o progresso da experiência, segundo os diferentes lados da apreensão, possi-
das misturas das duas. .Ag#/ se trata, porém, da designação dos diferentes bilita algo "diferente", e a explosão é sempre possível. De acordo com isso, a
modos de consciênciada visão. A palavra "apodítico" remete em si ao modo apreensãotambém pode ser a qualquer tempo substituída por uma infinidade
de consciência. E preferível dizer: os modos de consciência são justamente de apreensõespossíveis,ou de apreensõesmodiâcadas de possibilidades(que
distintos no ridoi e no indivíduo e também segundo as distintas alterações. em conjunto são inconciliáveis), em favor de cada uma das quais EHaalgo de
Um modo particular e destacadode consciênciaé que algo não sejaapenas geral(elas são possibilidades gerais que não são vazias, ainda que agora nada de
visto, mas visto no caráter do "por conseqüência" como sendo necessaria- "positivo" EHea favor delas), e igualmente, qualquer uma das determinidades
mente. O modo de ser é diverso. e somos levados de volta ao eidético. Como percebidas no conjunto pode ser a qualquer tempo substituída por uma inde
quer que seja, a confusão tem de ser posta de lado. "Visão apodítica" não terminidade, que se mantém no âmbito da forma regional.
pode ser empregada para qualquer visão eidética. Isso, porém, não modifica em nada que uma determinada apreensão
Uma vez que a expressão"visão individual" não é utilizável, em contrapo sejapensávelcom uma tesede certezaque se constate cadavez mais.Ou: o
lição à visão "eidética" ou à evidência eidética se poderia ÊHar de visão i:xPerZf#- que é a mesma coisa, é pensável (posso assim pensar toda apreensão de coisa
cZaZ,de evidência expedf c/a/. Em vez de evidência eidética arezade visão. finalmente sem alteração) uma percepção que visa o objeto em plena deter-
Pode-se, todçtpiü, falar corretümente de ama, cLn,reza de picão ü respeito de minação, para além daquilo que dele propriamente se percebe.
z/m #zímero? "Tenho do número 2 uma clareza de visão imediata. do núme. Poder-se-ia falar assim. Pois é um problema se isso é realmente pf iate/.
ro 21 uma clarezade visão mediata". "De uma curva de décima ordem não Sem dúvida, segundo sua essência regional, uma coisa pode entrar em relação
tenho clarividência" etc. com um sem-número de outras coisas,pode desenvolver um sem-número de
Como quer qae seja, nós empregamosü püLüprü "clarividência," apenas causahdades,pode ter um sem-número de propriedadesparticulares.Tudo
para '%#adoi-dr-Folia?', para juízos, estados-de-ser, e nos exemplos ante- isso, porém, pode estar sob leis tão fomes, que a coisa só tem um número
riores logo se objetará: não tenho clarividência do número, mas do irr do limitado de direções causaislegítimas e, em cada uma delas, suaspossibilida-
número, de sua existência. des legalmente estabelecidas. A região deixa em aberto, como muitas dessas
Uma coisa, eu a vejo, a percebo (em contraposição a "eu a recordo", direções, de que maneira se dá o fecho.
a vislumbro na reprodução, e mesmo como realidade presente). Eu vejo a
coisa, não a existência da coisa. Ocorre sem dúvida dizermos: eu vejo que a
coisa está aqui. Mas eu tenho evidência de g#e a coisa é. ióa 1914
382 Idéias para uma fenomenologia pura e para uma Hosofia fenomenológica APé d/ceJ 383
Ç
Iníinitudes, portanto, Subsistempara o conhecimento,desdeque ele Por fim, deve-seaindadizer: um ridai, embora nem todo lidos,pode ser
sempre esteja pronto para encetar novas direções. Mas não subsiste nenhuma dado absolutamente e adequadamente. Não preciso, com efeito, de acabada
infinitude em si. E se não há uma tal infinitude, uma apreensãofechadada clareza do alicerce para apreender um r/dai mais alto. E posso apreendê-lo com-
coisa tem de ser possível.
pletamente, de modo que não mais de possa Êdar de uma clareza mais alta.
Isso ainda precisa ser refletido, desenvolvido, discutido, de maneira mais Não se pode fazer ta] afirmação no caso de um indivíduo, especialmente
determinada.
de um imanente concreto.
Se eu então ainda pudessefazer a oposição "dado finito" -- "dado na Falou-se, pois, de idéias -- como a da clareza completa do imanente
forma de uma idéia"?
-- que são limites. Separamos com mais precisão: as idéias se dividem:
A "idéia" não significaria agora inânitudes da percepção com infinitudes 1) naquelasque são limites ideais, das quais atos doadores evidentes,
que trariam determinidades sempre novas e diferentes. Ao contrário, para embora inadequados, podem se aproximar i# /#@ /z- m -- idéias finitas --,
o conhecimento não estariadefinido se o constituído como coisa é e6e;iva- 2) em idéias que não são tais limites, nas quais, portanto, não é possível
mente a coisa última ou se ele não exige novas direções de qualidades (ou tal "aproximação", "idéias infinitas"
também: não se pode saber se a coisa é efetivamenteassim,como é visada. Falta um parágrafo sobre o tipo.
m" "se "t" num' ouça li«ha). Verdade empírica, verdade na esfera da "rxp /é c/a z:7'a#scf#dr#re",à
O problemáticonão está,portanto, na afirmaçãode que "realidades" qual se contrapõe o tipo (a idéia) da ?e dada a&so/WZla.
não "poderiam ser dadas em nenhuma consciência fechada em completa de Um parágrafo, além disso, sobre verdade "objetiva" em oposição à ver-
terminidade e em intuitividade igualmente completa" (p. 351 ). dade subjetiva. A intersubjetividade da verdade objetiva e a subjetividade da
Isso é, com certeza, carreto. Pois: já no aspecto espacial, todas as pos- verdade imanente.
sibilidades de aparição de uma coisa não podem ser percorridas num lance Verdade matemático-lógica.
continuo; isso apenasem relação à forma no espaço.Mas ainda restam ques- Verdade de essência (da essência "propriamente dita", material).
tões difíceis.
Objetividade da verdade empírica, se tem a forma da ciência natural ma-
temática.
Mas toda a discussãojá estáamplamente preparadapara dar conta aqui
Apêndice XXIX - S 144, p. 359 e seguintes:" deste tema?
iut1914
coleção
SUBJETEVIDADE
ontemporanea