*Prana, original do sânscrito, conceito central da

Ayurveda e da Yoga, pode ser definido como o sopro

de vida, a força de sustentação dos seres vivos e a
energia vital que permeia o cosmo.
 Copyright © 2021, Namastê Edições

Editora
Léa Carvalho
Capa
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Projeto gráfico
MaLu Santos
Revisão
Eliane Levy de Souza
Fotos
Acervo da autora
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO
NA PUBLICAÇÃO (CIP) DE ACORDO COM ISBD
S237e
Santos, Paula Xavier dos
Em busca do meu prana / Paula Xavier dos Santos. - 1. ed. -
Rio de Janeiro : Namastê, 2021.
106 p. ; 21 cm.
ISBN: 978-65-87559-02-5

1. Santos, Paula Xavier dos. 2. Câncer - Pacientes - Biografia.

I. Título.

21-70279 CDD: 926.16994

CDU: 929:616-006
Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária - CRB-7/6439
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Impresso no Brasil
Dedico esta breve experiência, por mim vivida, a minha
família, especialmente a meu primogênito, Laio, por toda
sua compaixão e toda sua empatia. A presença de cada
um não permitiu que eu me sentisse sozinha em nenhum
momento. E sei que jamais estarei, assim como eles.
 Prefácio

D urante a vida, a maioria de nós vive alguns pontos de

inflexão. Momentos, situações, tragédias que, como
espelhos, nos obrigam a rever nossas trajetórias e encarar
quem nos tornamos. Mas não são todos que, ao verem suas
imagens refletidas, decidem fazer algo a respeito. É preciso
força. É verdade que, como já disse o filósofo, o que não
nos mata nos fortalece. Mas transformar essa força em
movimento, isso sim, é para poucos.
A história que você vai ler nas próximas páginas não
é apenas o relato de alguém que venceu a batalha contra
o câncer. É o depoimento de alguém que sobreviveu a ele
para viver uma nova vida. Paula teve não somente a força
de enfrentar a morte, mas, principalmente, a coragem para
se reconstruir.
De onde vem essa força vital é o que minha querida
amiga tenta responder nas linhas que escreveu. Talvez esteja
no apoio de amigos e família em momentos cruciais como
esse. Ou talvez resida na fé que a acompanha e é reforçada
pelos pequenos grandes milagres que presencia.
Nos vários anos em que trabalhamos juntos, Paula
mostrou ter uma invejável capacidade investigativa, de
coletar dados, informações e evidências e transformar
tudo isso em algo que faça sentido e seja útil para outras
pessoas. E este livro é mais uma prova disso. Pois ela não vê
a doença como uma espécie de punição, mas sim a entende
como uma oportunidade de aprender e evoluir. E é isso
que ela, caridosamente, nos oferece aqui: aprendizado e
evolução.
Rodrigo Ferrari
 “Com firmeza eu ocupo
o meu lugar no mundo,
com certeza eu caminho pela vida,
com amor, no íntimo do meu ser,
com esperança em tudo que eu faço
com confiança em meu pesar,
forças jorrem do meu coração”

Meditação “As 12 noites santas”

Texto: Edna Andrade
Biblioteca Virtual de Antroposofia
 Sumário

Começo - o diagnóstico, 11
Primeiro momento - os sentimentos,13
Antes do diagnóstico – o percurso, 16
Tristeza – ela está presente, 38
Pouco antes da cirurgia – apontamentos, 45
Logo após a cirurgia – o surpreendente, 50
De volta ao lar – relaxamento, 63
A cura – e o agradecimento, 67
Fim de um ciclo – e o recomeço,77
Depoimento – Missa de Ação de Graças, 85
Caderno de Fotos, 89
 Comeco  o diagnóstico
´

E ste caderno1 (Foto1_caderno) foi um presente de uma

querida parceira de trabalho da Fiocruz. Sempre digo
que ela é muito evoluída espiritualmente. Seu gesto significou
para mim um ponto de partida, ainda que não soubesse
aonde ia chegar.
Uma semana antes de ganhar este presente, estava
fixada na ideia de começar a escrever sobre a experiência
pela qual estava passando. Primeiro, imaginei um diário.
Cheguei a fazer algumas buscas na internet de diários
“on-line” e me deparei com caderninhos modernos, com
“stickers” e outros recursos visuais que não expressavam
o que queria. Vasculhei alguns cadernos antigos – tenho
um monte deles, preenchidos em parte e esquecidos pelo
caminho – mas ainda não eram o que desejava.
Numa manhã, ao chegar ao trabalho, me deparei
com este lindo caderno em cima de minha mesa. Estava
desembrulhado mas, ainda assim, com cara de presente. Sua
capa, em tecido floral, dava o toque artesanal, em harmonia
com o papel ecológico costurado à mão. Minha amiga me
disse: “Comprei este caderno para mim há um tempão.
Nunca usei. Senti que era para ser seu, então o trouxe para
você”. Incrível, né?! Eu vibrando diariamente naquela ideia
sobre o caderno ideal para escrever e ele veio até mim.
Gratidão.

1 () Os originais foram escritos à mão nesse caderno que ganhei de presente.

Em busca do meu Prana 12

Hoje, sábado, 3 de agosto, quando começo a escrever

este relato, é também o dia do aniversário da minha irmã
mais velha e faz exatos nove dias que recebi o diagnóstico de
câncer no pulmão. Entre a confirmação do diagnóstico – 26
de julho – e o início da investigação de algo suspeito – 2 de
março – se passaram quatro meses e 24 dias.
Quando digo “algo suspeito”, parece até que, desde o
primeiro dia em que fui consultar um médico, por conta de
uma ferida no meu pescoço, poderia imaginar que um câncer
se desenvolvia em meu corpo. Este é o caminho da medicina:
investiga, analisa as evidências, investiga mais, ampliam-
se ou reduzem-se as possibilidades das doenças. Nesse
percurso, temos a chance de ir elaborando, gradativamente,
as diferentes possibilidades e toda a complexidade do que
entra em cena: vida, morte, incapacidade, autonomia,
independência, família, amores, trabalho, sexo, perdas
e desafios. Não sei se o processo funciona como uma
preparação para o recebimento de um diagnóstico como
esse, mas nos faz entrar em contato com situações antes
jamais pensadas.
A partir do diagnóstico, a experiência é totalmente
outra. É como um marco, um momento de divisão, o que
passou ficou para trás. Uma nova vida se abre, a Paula e
toda a normalidade que a cercava caem por terra. Agora,
existe uma nova Paula, com câncer, como se naquela fração
de segundo necessária para ler o resultado do exame, toda
uma vida se apagasse. Você passa a lidar com um fato que
não admite escolha, é o que é, poderoso o suficiente para
transformar todo o seu dia a dia e te colocar frente à
necessidade de seguir, sem saber como e por quê. O câncer
exige uma preparação para se trilhar o que vem pela frente.
Mas sem que se saiba ao certo o que virá. Então, é um dia
de cada vez. Você e sua nova condição. Você e a nova vida
– a ser criada.
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Este livro foi composto nas famílias tipográficas:

Bunny Honey e KG Primary - papel alta alvura 75g
outono de 2021