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CONFLITOS NO

2019
CAMPO
BRASIL
ISSN 1676-661X

CONFLITOS NO
CAMPO
BRASIL 2019
Expediente Diretoria da CPT

Dom André Marie Gerard Camilla de Witte - Presidente


Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira– Vice-Presidente

Coordenação Executiva Nacional


Conflitos no Campo Brasil 2019 Isolete Wichinieski
Jean Ann Bellini
Paulo César Moreira dos Santos
Ruben Alfredo de Siqueira
É uma responsabilidade do Centro de Docu-
mentação Dom Tomás Balduino – CPT Conselho Editorial
Secretaria Nacional
Antônio Canuto
Cássia Regina da Silva Luz
Rua 19, n° 35, 1° andar – Centro - 74030-090 Cristiane Passos Melo e Silva
Elvis Fagner Ferreira Marques
Flávio Marcos Gonçalves de Araújo
Ítalo Borges Rezende
Goiânia-GO Lira Furtado Moreno
Márcio Antônio Cruzeiro
Mário Braz Manzi Muniz
Fone: (62) 4008-6466 Múria Carrijo Viana
Thays Pereira Oliveira Rodrigues

Regionais
Endereço eletrônico: cpt@cptnacional.org.br Célio Lima da Silva – Acre
Sisto Magro – Amapá
Maria Agostinha de Souza/Tiago Maiká Muller Schwade – Amazonas
Lorrany Lourenço Neves/Evandro Rodrigues dos Anjos/Antônia Laudeci
Sítio: www.cptnacional.org.br Oliveira Moraes – Araguaia/Tocantins
Roseilda Cruz da Conceição – Bahia
Thiago Valentim Pinto Andrade – Ceará
Comissão Pastoral da Terra é um organis- Priscila Viana Alves/Viviane Ramiro – Espírito Santo/Rio de Janeiro
Lucimone Maria de Oliveira/Saulo Ferreira Reis – Goiás
mo ligado à Comissão para o Serviço da Ronilson Costa/Silmara Moraes dos Santos – Maranhão
Elizabeth Fátima Flores/Welligton Douglas Rodrigues da Silva – Mato
Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB. Grosso
Roberto Carlos de Oliveira – Mato Grosso do Sul
Letícia Aparecida Rocha/Gilsilene Maria Mendes – Minas Gerais
Marluce Melo/Renata Costa Cézar de Albuquerque/Maria Aparecida Ro-
A CPT é membro da Pax Christi Internacio- drigues – Nordeste (AL, PB, PE e RN)
Andréia Aparecida Silvério dos Santos/José Batista Gonçalves Afonso –
nal Goiânia, abril de 2020 Pará
Dirceu Fumagalli/Isabel Cristina Diniz – Paraná
Altamiran Lopes Ribeiro/Teresinha de Jesus Soares de Menezes Pereira
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Piauí
José Iborra Plans – Rondônia
Bibliotecário responsável : Enderson Medeiros CRB1: 2276 Wilson Dallagnol – Rio Grande do Sul
José Valmeci de Souza – Santa Catarina
Diego Moura Tramarim – São Paulo

Assessoria
Prof. Dr. Carlos Walter Porto-Gonçalves
Geógrafo – UFF
Prof. Dr. José Paulo Pietrafesa
Sociólogo – UFG

Assessoria Administrativa
Ludimila Lelis Ataides
Miquicelany Linhares Gomes de Souza

Revisão
Centro de Documentação Dom Tomás Balduino e Setor de Comunicação
da Secretaria Nacional

Diagramação:
Carmelo Fioraso

Seleção de fotos
Cristiane Passos Melo e Silva

Foto Capa
Andressa Zumpano

Arte da capa
Carmelo Fioraso

Apoio
PPM Pão Para o Mundo
CCFD Comité Catholique contre la Faim et pour le Développement
D&P Development and Peace
Misereor
In Memoriam

Dom Enemésio Ângelo Lazzaris

Homem “fiel ao Deus dos pobres, à terra de Deus e aos pobres da terra”. Pertencia à Con-
gregação da Pequena Obra da Divina Providência (Religiosos Orionitas).

Nasceu no município de Siderópolis (SC), em 19/12/1948. Faleceu em Araguaína, vítima


de câncer de pâncreas, no dia 02/02/2020. Padre e Bispo da Igreja Católica Apostólica
Romana, na diocese de Balsas, estado do Maranhão.

Foi presidente da Comissão Pastoral da Terra de 2012 a 2018. Homem de presença sim-
ples, serena e sorridente, doou a vida nas lutas por terra, água, justiça e igualdade social,
junto aos povos e comunidades do campo.

Aos irmãos e irmãs vítimas do crime cometido pela Vale no rompimento da


barragem da Mina Córrego do Feijão, Brumadinho (MG), em 25/01/2019.
Nossa singela homenagem com seus nomes na contra capa dessa edição.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil
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Sumário
Apresentação ..................................................................................................7
Metodologia ....................................................................................................10
Tabela 1 - Comparação dos Conflitos no Campo 2010 - 2019 ..........................20

Conflitos no Campo
Defender os direitos nas ruas e nos territórios: a esperança habita em nós .....22
Flávio Marcos Gonçalves de Araújo, José Plácido da Silva Junior, Marluce
Cavalcanti de Melo Thorlby, Renata Costa Cézar de Albuquerque
Tabela 2 - Conflitos no Campo Brasil ..............................................................33
Violência contra as mulheres. O patriarcado e as institucionalidades públicas
nos conflitos no campo ...................................................................................89
Maria Cristina Vidotte Blanco Tarrega

Terra
Conflitos por Terra em 2019, uma introdução ................................................100
Antônio Canuto, Márcio Antônio Cruzeiro, Paulo César Moreira dos Santos, Ruben
Alfredo de Siqueira
A miliciarização da Amazônia: como o crime vira lei e o criminoso “cidadão de
bem” na maior floresta tropical do mundo .......................................................105
Eliane Brum
Tabela 3 - Violência contra a Ocupação e a Posse............................................115
Judicialização e Reforma Agrária ....................................................................116
Carlos Marés
Tabela 4 - Conflitos por Terra..........................................................................125
Por uma outra reforma agrária ........................................................................126
Reflexão coletiva da Campanha De olho aberto para não virar escravo, da Comissão
Pastoral da Terra

Água
O fetiche do progresso tecnológico desmancha-se em face do aprofundamento
da questão agrária no campo brasileiro: a destruição da vida revelada nos
Conflitos pela Água em 2019...........................................................................136
Claudemir Martins Cosme
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Tabela 5 - Conflitos pela Àgua .........................................................................144


Brumadinho: um testemunho eclesial .............................................................145
Dom Vicente Ferreira
Brumadinho um ano depois: a luta é pelo direito de viver em paz....................147
Ione de Cássia Bandeira Rochael, Eduarda Souza

Trabalho
Trabalho e condições humanas: Uso do solo e relações produtivas ..................154
José Paulo Pietrafesa
Tabela 6 - Conflitos Trabalhistas .....................................................................164

Violência contra a pessoa


Tabela 7 - Violência contra a Pessoa ...............................................................166
O conflito de cada dia nos dai hoje ..................................................................167
Nancy Cardoso
Tabela 8 - Assassinatos ..................................................................................170
Não sejamos cúmplices! Violência e impunidade no campo em 2019 ...............172
Diogo Cabral
Tabela 9 - Tentativas de Assassinatos .............................................................180
Governo Bolsonaro: o retrato da barbárie contra os povos indígenas e a vida ..182
Sônia Guajajara

Manifestações
O Parlamento e o Executivo na luta contra a reforma agrária e a preservação
da natureza ....................................................................................................196
Marco Antonio Mitidiero Junior, Lucas Araújo Martins, Brenna da Conceição Moizés
Tabela 11 - Manifestações ..............................................................................206

Notas da CPT
Notas ..............................................................................................................208
Siglas dos Movimentos sociais, Organizações e entidades ................................227
Fontes de Pesquisa ........................................................................................235
7
Apresentação

A 34ª edição do relatório anual da CPT, Nesse sentido, ao compulsar os números da


“Conflitos no Campo Brasil 2019”, talvez se CPT, alguns articulistas identificaram que
torne uma espécie de divisor de águas ou a luta dos movimentos sociais do campo
converta-se em um marco histórico, por pela terra e território sofreu uma transfor-
discorrer sobre um ano peculiar, forjado mação estratégica, deslocando-se das ações
em têmpera diferente, de brutal tenacidade. de ocupações/retomadas e acampamentos
Ano de ascensão da violência e do ódio con- para as manifestações. Trata-se do maior
tra os pobres, os negros, as comunidades número de ações de protesto e reivindica-
e o povo do campo, protagonizados por fi- ção no longo de uma década examinada.
guras públicas, dentre elas, principalmente, Ocorreram, em 2019, 1.301 manifestações,
o presidente da república. Diante disso, os a envolver 243.712 pessoas, o que resultou
povos gritam e o conflito se expande e ganha na média histórica de 3,5 atos por dia País
dimensões inimagináveis. afora, como nos mostra o texto “Defender os
direitos nas ruas e nos territórios: a esperan-
Trata-se do primeiro ano do governo de Jair ça habita em nós”.
Bolsonaro, eleito por uma conjunção de “es-
tranhos” fatores, que relegaram a verdade, a Este afirma que a primazia das manifesta-
realidade, a sensatez e o zelo pela democra- ções, sobre um reduzido número de ocu-
cia a um plano irrelevante, de sorte a redu- pações/retomadas e acampamentos, não
zir as relações político-sociais a um “diálogo significa o arrefecimento da luta das comu-
de surdos”. nidades e movimentos sociais do campo, se-
não uma tentativa de manter a resistência
Dentre os textos que compõem este relató- diante de um cenário de grande adversida-
rio e que nos ajudam a entender esse ce- de, marcado pela total paralisação da polí-
nário, a pastora Nancy Cardoso afirma que tica de Reforma Agrária e, mais grave, pela
“o conflito é expressão de inquietude; NÃO é classificação institucional – de forma desta-
o fator que gera desarmonia, desequilíbrio e cada nas palavras do presidente da Repú-
morte. Ao contrário, o conflito é justamente o blica – dos movimentos sociais do campo
estranhamento, a compreensão e a denúncia como “criminosos”, terroristas” e “inimigos
das estruturas de segregação e de morte e a do Estado”. Esse discurso estimulou e ava-
afirmação da vida”. lizou a reação de latifundiários, grileiros,
madeireiros, garimpeiros e outros atores
É nesse contexto, dos primeiros 365 dias de revestidos de uma película artificial de le-
Jair Bolsonaro da presidência da Repúbli- galidade, como grandes corporações que ex-
ca, que a CPT debruçou-se, uma vez mais, ploram atividade minerária e o agronegócio,
sobre a realidade do campo, de suas comu- contra as comunidades campesinas, qui-
nidades, suas organizações, seus movimen- lombolas e indígenas e movimentos que as
tos sociais, para oferecer uma narrativa que representam.
pretende desnudar, não apenas a história
como trajetória humana, senão a História Com efeito, a luta pela terra, como carac-
escrita pelos que constroem o mundo, em terística das manifestações, protagonizou a
sua maioria oprimidos e, portanto, priva- maior parcela entre todos os eixos constitu-
dos de deixar gravada sua própria versão do ídos pela CPT. Foram 516 atos enquadrados
“real”. no eixo Terra (39,6% do total). Em seguida
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

aparecem os eixos Trabalhista, embalado edição da Medida Provisória 910/2019. De


pelos protestos contra a Reforma da Previ- acordo com Brum, esta cria as condições
dência, com 359 ocorrências (27,6%); Ques- tão esperadas pelos ruralistas, em que “você
tão Indígena, alvo preferencial do discurso rouba do patrimônio público, destrói a flo-
utilitarista e inconstitucional de Bolsonaro, resta amazônica e, um ano depois, vira lati-
que tenta abrir os territórios dos povos ori- fundiário legalizado e vai gozar a vida como
ginários para atividades econômicas, com ‘cidadão de bem’”.
226 (17,4%); e Água, responsável por 184
eventos (14,2%), parte considerável ligada A face trágica dessa realidade também se
aos atingidos pelo rompimento da barragem mostrou nos Conflitos pela água, que acu-
do Córrego do Feijão, em Brumadinho-MG, mularam o maior número de ocorrências
de propriedade da Vale. desde que a CPT começou a registrá-los,
em 2002. Foram 489 conflitos, ante 276
As ruas foram, portanto, um espaço privi- no ano anterior, um acréscimo de 77%. Mi-
legiado de resistência e enfrentamento aos nas Gerais, muito por conta do inominável
ataques institucionais e materiais aos po- crime socioambiental que representou o
vos, comunidades e movimentos sociais do rompimento da barragem de Brumadinho-
campo. -MG, com seus 272 mortos, 11 ainda não
resgatados da lama, e danos permanentes
Quem nos mostra, de forma brilhante, essa ao bioma regional, foi responsável por 128
apoteose do trágico é a jornalista Eliane ocorrências, ou 26,2% do total. Junto a
Brum, com o artigo “A miliciarização da isso, o litoral nordestino foi colhido por um
Amazônia: como o crime vira lei e o crimino- vazamento de óleo em alto mar, cuja origem
so ‘cidadão de bem’ na maior floresta tropi- ainda hoje é desconhecida, que se espalhou
cal do mundo”. Ela analisa a violência no pelas praias da região, estendendo-se até o
campo, na Amazônia, com destaque para o Sudeste. Milhares de famílias pescadoras
momento atual, dada a intensificação dos e marisqueiras foram impactadas e graças
ataques promovidos contra a floresta e seus ao vazamento, a região Nordeste ficou em
povos, sob o patrocínio de Bolsonaro, cuja evidência nos Conflitos pela Água, a somar
clara intenção é abrir os recursos naturais 234 eventos, ou 47,9% do total.
amazônicos à exploração predatória do agro-
negócio e da mineração, sem poupar sequer É de vital importância destacar nesse pre-
as terras indígenas e quilombolas, áreas âmbulo a Questão Indígena, uma vez que o
constitucionalmente protegidas e destina- presidente Bolsonaro estabeleceu como al-
das ao usufruto perene dos povos aos quais vos preferenciais os povos indígenas e seus
pertencem. Destaca que 60% dos conflitos territórios, dentro dos quais ele pretende
de terra ocorridos no Brasil em 2019 se de- legalizar atividades econômicas, algo abso-
ram na Amazônia, que também concentrou lutamente inconstitucional. Sônia Guajaja-
a violência extremada, com 27 (84,4%) dos ra denuncia o estado de barbárie imposto
32 assassinatos registrados pela CPT. sobre os povos e considera que a política
ainti-indígena representa um “genocídio, et-
Caso emblemático foram os incêndios que nocídio e ecocídio”. Uma verdadeira guerra
se alastraram por todo o território e que fa- contra os povos!
zendeiros, grileiros e madeireiros batizaram
como “Dia do fogo”, fomentados pelo dis- E, neste clima de guerra, em que finaliza-
curso bolsonarista. E, enquanto a floresta mos esta edição, o mundo acompanha, apa-
queima, no Planalto garante-se a institucio- vorado, a proliferação do coronavírus, que
nalização da grilagem de terras, através da já enterrou milhares de pessoas em vários
9
países. E, como se não bastasse, o presiden- nasceu da nossa missão, de quem aprende
te do Brasil, cinicamente, banaliza e descon- e quer ajudar, de quem acredita no fortale-
sidera a gravidade, ao mesmo tempo que se cimento e organização dos povos e na cons-
reúne com empresários para apoiá-los, com tante busca de construção de alternativas
o objetivo de retirar o que ainda sobra de populares, que possam nos conduzir à ver-
direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. dadeira paz e a justiça.
Estamos sob a égide da perversidade políti-
ca, algo não menos cruel do que os sistemas Boa leitura!
ditatoriais.

Enfim, este relatório é um instrumento que Comissão Pastoral da Terra.


Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Metodologia

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), desde Até 1988, os registros eram feitos à mão
a sua criação, em 1975, se defronta com os em fichas. Nesse referido ano, já com aces-
conflitos no campo e o grave problema da so à informática, criou-se o primeiro banco
violência contra o que se convencionou no- de dados dBase, onde foram registrados os
mear como trabalhadores e trabalhadoras conflitos até 1999. Em 2000, houve uma re-
da terra, termo que engloba diversas cate- estruturação e criou-se o DataCPT; os da-
gorias de camponeses, indígenas, assala- dos foram migrados para SQL server. Em
riados rurais, comunidades tradicionais e 2018, iniciou-se uma nova reestruturação
pescadores artesanais que vivem em seus do banco de dados da CPT, visando à junção
espaços e têm, no uso da terra e da água, das duas bases de dados anteriores. Proje-
seu sistema de sobrevivência e dignidade tou-se a conclusão e disponibilidade de tra-
humana1. Desde o início, também faz o le- balho na base de dados unificada, a partir
vantamento de dados sobre as lutas de re- do final do mês de abril de 2020.
sistência pela terra, defesa e conquista de
direitos e denuncia a violência sofrida atra- A CPT tornou-se a única entidade a reali-
vés de diversos meios, sobretudo o seu Bo- zar tão ampla pesquisa sobre os conflitos
letim. no campo em âmbito nacional. Com esse
trabalho, formou um dos mais importantes
Já no final dos anos 1970, promoveu uma acervos documentais sobre as lutas e for-
pesquisa em âmbito nacional sobre os con- mas de resistência dos trabalhadores e tra-
flitos e a violência que afetavam os traba- balhadoras da terra e das águas, bem como
lhadores e suas comunidades. Os dados sobre a defesa e conquista de direitos, que
dessa pesquisa foram sistematizados e pu- serve como fonte de seu banco de dados.
blicados, em 1983, no livro CPT: Pastoral e Tais documentos dizem respeito a conflitos
Compromisso, uma co-edição Editora Vo- ocorridos desde os anos de 1960.
zes/CPT, que incluiu relatos de conflitos até
dezembro de 1982. Ao iniciar a digitalização, em 2008, a CPT
priorizou os que se referem aos conflitos
A partir de então, a CPT continuou a regis- que aconteceram de 1985 a 2007, já siste-
trar sistematicamente os dados que eram matizados em seus bancos de dados. Estes
publicados em seu Boletim. Em 1985, ini- foram identificados, organizados por temas
ciou a publicação anual, intitulada Confli- e digitalizados. Por sua vez, os documentos
tos no Campo Brasil, com os registros das anteriores ao banco de dados – período de
ocorrências de conflito e de violência sofri- 1960 a 1985 - foram digitalizados e organi-
das pelos trabalhadores e trabalhadoras da zados por datas, sem sistematização quan-
terra. titativa e qualitativa das informações. Os
documentos referentes a conflitos a partir
1
No registro de conflitos, além das categorias citadas neste parágrafo, o Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, uti-
liza também: assentados, sem terra, posseiros (principalmente na década de 1980), pequenos proprietários, parceleiros, pe-
quenos arrendatários, trabalhadores rurais, garimpeiros; comunidades tradicionais (caiçaras, camponeses de fecho e fundo
de pasto, faxinalenses, geraizeiros, marisqueiras, pescadores, quilombolas, retireiros, ribeirinhos, seringueiros, vazanteiros);
extrativistas (castanheiros, palmiteiros, quebradeiras de coco babaçu, seringueiros) e povos indígenas. A categoria atingidos
por barragens inclui comunidades tradicionais em geral, assentados, sem terra, camponeses e outros. Ressalta-se que em
alguns casos específicos utiliza-se as denominações lideranças, sindicalistas, missionários/as, pastores/as, religiosos/as,
agentes pastorais, aliados etc. Porém, têm-se a compreensão de que não se trata de categorias de identidade camponesa,
mas de termos a elas relacionadas.
11
de 2008 já foram acessados em forma digi- sujeito e protagonista de sua história.
tal, bem como identificados, sistematizados
e salvos no banco de dados Datacpt. Pedagógica – porque o conhecimento da
realidade ajuda a reforçar a resistência dos
Com este processo de digitalização, a CPT trabalhadores e a forjar a transformação ne-
disponibiliza o acervo pelo site: www.cptna- cessária da sociedade.
cional.org.br, ou via Google Drive < goo.gl/
TJ10G>. Histórica – porque todo esforço e toda luta
dos trabalhadores de hoje não podem cair
Por que documentar? no esquecimento e devem impulsionar e ali-
mentar a luta das gerações futuras.
A CPT é uma ação pastoral das igrejas, tem
sua raiz e fonte no Evangelho e, como des- Científica – porque o rigor, os procedimen-
tinatários de sua ação, os trabalhadores e tos metodológicos e o referencial teórico per-
trabalhadoras da terra e das águas. Por fi-
mitem sistematizar os dados de forma coe-
delidade “[...] ao Deus dos pobres, à terra
rente e explícita. A preocupação de dar um
de Deus e aos pobres da terra”, como está
caráter científico à publicação existe não em
explícito na definição de sua Missão, a CPT
assumiu a tarefa de registrar e denunciar os si mesma, mas para que o acesso a estes
conflitos de terra, água e a violência contra dados possa alimentar e reforçar a luta dos
os trabalhadores e seus direitos, criando o próprios trabalhadores, em seu enfrenta-
setor de documentação. Em 2013, foi reno- mento com o latifúndio. Não se trata sim-
meado “Centro de Documentação Dom To- plesmente de produzir meros dados estatís-
más Balduino”, em homenagem a um dos ticos, mas de registrar a história da luta de
seus fundadores. uma classe que secularmente é explorada,
excluída e violentada.
A tarefa de documentar tem uma dimensão
teológica, porque de acordo com a tradição O que a CPT documenta?
bíblica, Deus ouve o clamor do seu povo e
está presente na luta dos trabalhadores e Os procedimentos, metodologias, conceitos
trabalhadoras (Ex 3, 7-10). Esta luta é, em e variáveis temáticas apresentadas nos re-
si mesma, um ritual celebrativo desta pre- latórios Conflitos no Campo Brasil foram
sença e da esperança que anima o povo. construídos coletivamente, envolvendo as
várias equipes de documentação e contan-
Além deste aspecto, a CPT fundamenta seus do com a participação dos agentes de base
registros em outras dimensões, que são: éti- da CPT e movimentos sociais que atuam no
ca, política, pedagógica, histórica e científi- espaço rural. Alguns conceitos foram assu-
ca. midos pelo setor a partir da existência deles
em leis, declarações, estudos e censos.
Ética – porque a luta pela terra é uma ques-
tão de justiça e deve ser pensada no âmbito A CPT entende que questões ambientais e
de uma ordem social justa. direitos humanos podem estar presentes
em todos os conflitos cadastrados, sistema-
Política – porque o registro da luta é feito tizados e analisados pelo Centro de Docu-
para que o trabalhador, conhecendo melhor mentação.
sua realidade, possa com segurança assu-
mir sua própria caminhada, tornando-se 1. Ambiente representa o conjunto dos ele-
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

mentos naturais em sua forma original e são digitados e sistematizados em tabelas,


que, a partir da relação com o ser humano, gráficos e mapas dos conflitos. De cada con-
sofre transformações, porém estas devem flito é elaborado um histórico que reúne to-
levar em consideração a possibilidade de so- das as informações que lhe são característi-
brevivência da maioria das espécies de vida cas, possibilitando sua análise.
ali presente. A CPT, também considera que
o conceito de natureza é socialmente cons- É importante destacar que o processo de
truído (MONTIBELLER Filho, 2004; POR- inserção e revisão dos conflitos no campo
TO-GONÇALVES, 2004; e, BELLEN, 2006), é contínuo. Entre outras dimensões, isso
e o conceito de ambiente também. Neste quer dizer que após cada publicação anual
sentido, se faz necessário perceber qualquer é comum ocorrer registros de anos anterio-
ação que envolva humanos e natureza como res, dos quais o Centro de Documentação
uma relação entre as espécies viventes nos da CPT não teve conhecimento na época do
espaços (sejam eles físicos, culturais, eco- fato.
nômicos, políticos e sociais). Neste sentido,
quando identifica e apresenta a existência A pesquisa documental “[...] vale-se de ma-
de um conflito no espaço rural, especifica- teriais que não receberam ainda um trata-
mente neste espaço, entende que há, tam- mento analítico, ou que ainda podem ser
bém, um conflito ambiental. reelaborados de acordo com os objetivos da
pesquisa” [...] (GIL, 2007, p. 66). Existem
2. Direitos humanos. A CPT, sendo sig- documentos de primeira mão, que não re-
natária do Comitê Plataforma de Direitos ceberam qualquer tratamento analítico, tais
Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais como: documentos oficiais, reportagens de
e Ambientais (DHESCA)2 assume compro- jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fo-
misso com a lógica de que a conquista ou tografias e gravações.
a agressão aos Direitos Humanos é situa-
ção integrante das várias condições de vida Após a obtenção desses materiais, o ato de
dos trabalhadores e trabalhadoras da terra “Documentar não é sinônimo de acumular
e de suas organizações nos espaços em que textos e recortes [...]. Não é o caso também
atuam. A Plataforma DHESCA tem como de armazenar, sem critério [...]”. Documen-
objetivo contribuir para que o Brasil adote tar é organizar o material que tem impor-
um padrão de respeito aos direitos huma- tância significativa para a pesquisa que se
nos, tendo por fundamento a Constituição realiza. E essa importância está relacionada
Federal do Brasil promulgada em 1988, o com o objetivo primeiro de seu estudo (AL-
Programa Nacional de Direitos Humanos, MEIDA JÚNIOR, 2000, p. 111).
os tratados e convenções internacionais de
proteção aos direitos humanos ratificados Para o centro de documentação da CPT,
pelo Brasil e as recomendações dos/as Re- portanto, três objetivos são importantes ao
latores/as da ONU. fazer a coleta de dados. 1. Buscar as fontes
primárias de informações para construir o
O Banco de Dados banco de dados (a partir de relatos e de in-
formações obtidas com os agentes de base
As informações e os dados são organizados da CPT) e de denúncias de movimentos so-
por meio de formulários temáticos do Da- ciais populares relatadas em seus veículos
tacpt – Banco de Dados dos Conflitos no de comunicação; 2. buscar fontes secun-
Campo – Comissão Pastoral da Terra - e dárias em jornais, documentos oficiais, 3.
2
Maiores informações sobre a Plataforma ver no site os conceitos fundamentais dos Direitos humanos: http://www.dhesc-
brasil.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=330:quem-somos&catid=46:organizacao&Itemid=134
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processar, sistematizar e analisar os dados, Situações de violência e conflitos que en-
transformando-os em registros para funda- volvam povos indígenas e comunidades tra-
mentação de denúncias sobre violações de dicionais, como quilombolas, pescadores,
direitos cometidas contra os camponeses e caiçaras, dentre outros, mesmo em espaços
suas organizações, bem como fazer ecoar urbanos, mas que vivenciam modo de vida
suas resistências na defesa dos seus modos rural, são registrados e contabilizados.
de ser e da produção e reprodução da vida.
No registro das manifestações prolongadas
Critérios de inclusão e de exclusão (marchas, jornadas etc.), para a contagem
dos participantes, considera-se o maior nú-
Como primeiro critério de inclusão no ban- mero de pessoas informadas na última data
co de dados, tem-se que as informações são e registram-se os atos realizados em cada
obtidas por meio de pesquisas primária e se- lugar durante o trajeto ou o período da ma-
cundária. As primárias são feitas por agen- nifestação.
tes pastorais dos Regionais da CPT, e envia-
dos à Secretaria Nacional, em Goiânia. As Registram-se os conflitos que ocorreram du-
fontes enviadas pelos agentes podem conter rante o ano em destaque. Conflitos antigos
declarações, cartas assinadas, boletins de e não resolvidos só figuram no relatório se
ocorrência, relatos repassados pelos movi- tiverem algum fato novo que indique sua
mentos sociais, igrejas, sindicatos e outras continuidade.
organizações e entidades diretamente liga-
das à luta dos trabalhadores e trabalhado- São excluídos dos registros:
ras da terra. As pesquisas secundárias são
realizadas por meio de levantamentos feitos 1. Casos de violência, inclusive assassina-
em revistas, jornais de circulação local, es- tos, que acontecem no âmbito rural e não
tadual e nacional, boletins e publicações de tenham relação com conflitos pela disputa,
diversas instituições, partidos e órgãos go- posse, uso ou ocupação da terra, ou pelo
vernamentais, entre outros. Uma vez identi- acesso ou uso da água, ou na defesa de di-
ficada a existência de conflito nesses docu- reitos por trabalho realizados no campo;
mentos a ocorrência é registrada.
2. casos de conflitos pela posse, uso ou ocu-
Quando se percebe que os números forneci- pação da terra em áreas urbanas. Excetu-
dos pelas fontes secundárias não coincidem am-se os casos em que a disputa pela terra
com os apurados pelos Regionais da CPT, se dá por povos indígenas e comunidades
considera-se a fonte primária como dado de tradicionais (quilombolas, pescadores arte-
registro. Ainda é importante destacar que, sanais etc.), mesmo que se dê em área urba-
com a ocorrência de vários conflitos em um na, pois defendem um modo de vida rural;
mesmo imóvel, para evitar duplicações de
dados, registra-se as ocorrências em cada 3. conflitos entre latifundiários ou grandes
data e, como o número de famílias pode va- empresários do agronegócio; e
riar, registra-se o maior número na última
ocorrência. Para registro de datas, quando 4. casos de trabalho escravo em atividades
não há informação do dia do fato, ele é re- urbanas (são apenas citados na publicação
gistrado no último dia daquele mês e ano, como nota de rodapé).
caso não tenha informação do mês, regis-
tra-se no último dia daquele ano ou na data Conceitos utilizados na publicação do
da fonte pesquisada. Centro de Documentação
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

O objeto de pesquisa do centro de documen- que reconquistam seus territórios, diante


tação são os documentos enumerados an- da demora do Estado no processo de demar-
teriormente. Uma vez processados busca-se cação das áreas que lhe são asseguradas
analisar os conflitos e a violência sofrida por direito.
em espaços rurais e urbanos que envolvam
ações dos trabalhadores e trabalhadoras da
Acampamentos são espaços de luta e for-
terra e suas organizações.
mação, fruto de ações coletivas, localizados
no campo ou na cidade, onde as famílias
Conflitos são as ações de resistência e en-
sem terra organizadas, reivindicam assen-
frentamento que acontecem em diferentes
tamentos. Em nossa pesquisa registra-se
contextos sociais no âmbito rural, envolven-
somente o ato de acampar.
do a luta pela terra, água, direitos e pelos
meios de trabalho ou produção. Estes con-
Conflitos trabalhistas compreendem os ca-
flitos acontecem entre classes sociais, entre
sos em que a relação trabalho/capital indi-
os trabalhadores ou por causa da ausência
cam a existência de trabalho escravo e su-
ou má gestão de políticas públicas.
perexploração.

Os registros são catalogados por situações Na compreensão do que é Trabalho escra-


de disputas em conflitos por terra, conflitos vo, a CPT segue o definido pelo artigo 149,
pela água, conflitos trabalhistas, conflitos do Código Penal Brasileiro, atualizado pela
em tempos de seca, conflitos em áreas de Lei nº 10.803, de 11.12.2003, que o carac-
garimpo e, em anos anteriores, foram regis- teriza por submeter alguém a trabalhos for-
trados conflitos sindicais. çados ou a jornada exaustiva, ou por sujei-
tá-lo a condições degradantes de trabalho,
ou quando se restringe, por qualquer meio,
Conflitos por terra são ações de resistência
sua locomoção em razão de dívida contraída
e enfrentamento pela posse, uso e proprie-
com o empregador ou preposto, ou quando
dade da terra e pelo acesso aos recursos na-
se cerceia o uso de qualquer meio de trans-
turais, tais como: seringais, babaçuais ou
porte por parte do trabalhador, com o fim
castanhais, dentre outros (que garantam o
de retê-lo no local de trabalho, ou quando
direito ao extrativismo), quando envolvem
se mantém vigilância ostensiva no local de
posseiros, assentados, quilombolas, gerai-
trabalho ou se apodera de documentos ou
zeiros, indígenas, pequenos arrendatários,
objetos pessoais do trabalhador, com o fim
camponeses, ocupantes, sem terra, serin-
de retê-lo no local de trabalho.
gueiros, camponeses de fundo de pasto,
quebradeiras de coco babaçu, castanheiros,
faxinalenses etc. As situações de superexploração aconte-
cem na esfera salarial e dizem respeito às
ocorrências em que as horas de trabalho
As ocupações e os acampamentos são tam- não pagas excedem a taxa normal de explo-
bém classificados na categoria de conflitos ração do trabalho. Geralmente estes casos
por terra. estão ligados a precárias condições de tra-
balho e moradia.
Ocupações e ou retomadas são ações co-
letivas das famílias sem terra, que por meio Conflitos pela água são ações de resistên-
da entrada em imóveis rurais, reivindicam cia, em geral coletivas, que visam a garantir
terras que não cumprem a função social, ou o uso e a preservação das águas; contra a
ações coletivas de indígenas e quilombolas apropriação privada dos recursos hídricos,
15
contra a cobrança do uso da água no campo governamentais ou exigem o cumprimento
e de luta contra a construção de barragens e de acordos e promessas.
açudes. Este último envolve os atingidos por
barragem, que lutam pelo território do qual A composição das famílias: O Centro de
são expropriados. Documentação acolhe o conceito de família
apresentado pelo IBGE (Instituto Brasilei-
Conflitos em tempos de seca são ações co- ro de Geografia e Estatística) em seu censo
letivas que acontecem em áreas de estiagem demográfico de 2010. “Família é conjunto
prolongada e reivindicam condições básicas de pessoas ligadas por laços de parentes-
de sobrevivência e ou políticas de convivên- co, dependência doméstica ou normas de
cia com o semiárido. convivência, residente na mesma unidade
domiciliar, ou pessoa que mora só em uma
Conflitos em áreas de garimpo são ações unidade domiciliar”. [...]. “Consideram-se
de enfrentamento entre garimpeiros, empre- como famílias conviventes as constituídas
sas e o Estado. de, no mínimo, duas pessoas cada uma, que
residam na mesma unidade domiciliar (do-
Conflitos sindicais são ações de enfren- micílio particular ou unidade de habitação
tamento que buscam garantir o acompa- em domicílio coletivo) (PNAD 1992, 1993,
nhamento e a solidariedade do sindicato 1995, 1996)”. (IBGE, 2010). Além disso, a
aos trabalhadores, contra as intervenções, composição das famílias em pessoas tam-
as pressões de grupos externos, ameaças e bém segue a base de cálculo proposta pelo
perseguições aos dirigentes e filiados. IBGE, qual seja, multiplicar a quantidade de
famílias por 4, para se obter um indicador.
Estes três últimos só são publicados quan-
do é expressiva sua ocorrência, ou quando o Estrutura do Banco de Dados – DATA CPT
contexto em que se desenrolaram indicar a
pertinência de uma análise a respeito. Do Banco de Dados retiram-se tabelas espe-
cíficas para a página eletrônica da CPT, bem
Além disso, são registradas as manifesta- como para a publicação anual impressa.
ções de luta e as diversas formas de vio-
lência praticadas contra os trabalhadores e Tabelas disponibilizadas na página ele-
trabalhadoras: assassinatos, tentativas de trônica:
assassinato, ameaças de morte, prisões e
outras. 1. Áreas em conflito, entendidas como si-
tuações ou lugares dos litígios. Nesta tabela
Por Violência entende-se: o constrangimen- constam o nome do imóvel, o número de fa-
to, danos materiais ou imateriais; destrui- mílias envolvidas e área em hectares.
ção física ou moral contra os trabalhadores
e seus aliados. Esta violência está relacio- 2. Ocorrências de conflitos, constam deta-
nada aos diferentes tipos de conflitos regis- lhes do número de vezes que aconteceram
trados e às manifestações dos movimentos ações de violência contra as famílias. Numa
sociais do campo. mesma área podem ter acontecido diversos
fatos, em datas diferentes. Cada aconteci-
As Manifestações são ações coletivas dos mento é registrado como um conflito. Aqui,
trabalhadores e trabalhadoras da terra que registra-se o tipo de propriedade e sua res-
protestam contra atos de violência sofrida pectiva situação jurídica, o número de famí-
ou de restrição de direitos, reivindicam dife- lias vítimas de despejo e expulsão – despejo
rentes políticas públicas, repudiam políticas acontece quando há retirada das famílias,
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

via mandado judicial; expulsão quando a cias e quantas denúncias foram recebidas;
retirada das famílias se dá por ação priva- outra coluna indica o número de trabalha-
da; as vezes que as famílias tiveram bens dores na denúncia; uma terceira informa
destruídos durante as violências sofridas. o número de trabalhadores libertados pela
ação do Estado e uma última coluna apre-
3. Uma terceira tabela com as Ocupações/ senta o número de crianças e adolescentes
Retomadas de terra. envolvidos.

4. Uma quarta tabela com os Acampamen- As situações de Superexploração dizem


tos. É importante dizer que se registra ape- respeito aos casos em que o desrespeito aos
nas o ato de acampar do respectivo ano. direitos dos trabalhadores é muito grave,
Não se faz o acompanhamento do número mas não se encaixa nas características do
de famílias acampadas no país. trabalho escravo.

Os dados das três últimas tabelas são so- Além das tabelas que registram os conflitos,
mados, de maneira a totalizar o número de uma outra série de tabelas e de informações
ocorrências e famílias na tabela síntese, fe- descrevem a violência sofrida pelos traba-
chando o eixo Terra, denominado “Violên- lhadores.
cia contra Ocupação e a Posse”.
Os tipos de violência estão assim registra-
Os Conflitos pela água são reunidos numa dos: tabelas de assassinatos, tentativas
tabela em que constam os seguintes regis- de assassinato, ameaças de morte e uma
tros: diminuição ou impedimento de aces- tabela síntese denominada Violência con-
so à água, (quando um manancial ou parte tra a pessoa, em que além dos dados das
dele é apropriado para usos diversos, em tabelas anteriores constam as mortes em
benefício particular, impedindo o acesso conseqüência do conflito (aborto, omissão
das comunidades); desconstrução do his- de socorro, acidente, inanição), torturas,
tórico-cultural dos atingidos; ameaça de agressões físicas, ferimentos, prisões ou de-
expropriação; falta de projeto de reassen- tenções. Outra tabela apresenta o detalha-
tamento ou reassentamento inadequado ou mento da violência contra a pessoa, na
não reassentamento; não cumprimento de qual além das informações acima constam
procedimentos legais (ex: EIA-Rima, audi- ainda sequestros, ameaças de prisão, cárce-
ências, licenças), divergências na comuni- re privado, humilhações, intimidações.
dade por problemas como a forma de evitar
a pesca predatória ou quanto aos métodos
E por último, uma tabela em que estão re-
de preservar rios e lagos etc; destruição e
gistradas as Manifestações de Luta feitas
ou poluição (quando a destruição das matas
pelos diferentes movimentos sociais ou ou-
ciliares ou o uso de agrotóxicos e outros po-
tras organizações durante o ano.
luentes que diminuem o acesso à água ou a
tornam imprópria para o consumo), cobran-
ça pelo uso da água. Estrutura do Relatório Impresso

Os Conflitos trabalhistas compreendem os Os dados coletados e organizados pela CPT


casos de trabalho escravo e superexplora- são publicados anualmente, desde 1985,
ção. em um relatório impresso que tem por títu-
lo Conflitos no Campo Brasil. A partir de
Na tabela referente ao Trabalho escravo 2008 ele sofreu algumas alterações e ficou
uma coluna mostra o número de ocorrên- com a seguinte estruturação:
17
Quatro tabelas detalhadas e organizadas mações: número de ocorrências de conflitos
por Estado em ordem alfabética e seis ta- por terra, ocupações, acampamentos, se-
belas sínteses agrupadas nas cinco regiões guidas do número de famílias.
geográficas definidas pelo IBGE.
TABELA 5 - Água
TABELA 1 - Comparação dos Conflitos no
Campo Retrata a síntese dos conflitos pela água por
estado, com as seguintes informações: nú-
É uma síntese do último decênio. Dispõe os mero de ocorrências de conflitos e quantida-
dados de cada tema: terra, água, trabalho de de famílias envolvidas.
e outros (quando tem casos de conflitos em
tempos de seca, garimpo, etc) e o total dos TABELA 6 - Trabalho
conflitos no campo brasileiro.
Sintetiza os conflitos trabalhistas por es-
TABELA 2 - Conflitos no Campo Brasil tado, com dois blocos de informações: 1.
Trabalho escravo: consta o número de
Esta tabela registra detalhadamente os con- ocorrências, quantidade de trabalhadores
flitos por terra, trabalhistas, água e outros envolvidos na denúncia e ou libertados,
se houver, com as seguintes informações: número de crianças e adolescentes. 2. Su-
município, nome do conflito, data, número perexploração: número de ocorrências,
de famílias ou de pessoas envolvidas e um quantidade de trabalhadores envolvidos na
campo com informações específicas confor- denúncia e ou resgatados, número de crian-
me o tema. ças e adolescentes.

TABELA 3 - Violência contra a ocupação TABELA 7 - Violência contra a pessoa


e a posse
Agrupa o número das ocorrências registra-
É a síntese da soma das ocorrências dos das em Terra, Água, Trabalho, o número de
Conflitos por Terra, Ocupações e Acampa- pessoas envolvidas e as violências sofridas
mentos por estado, o número de famílias pelos trabalhadores e trabalhadoras: os as-
envolvidas em cada bloco, a área, o número sassinatos, as tentativas de assassinato,
de famílias expulsas, despejadas, ameaça- os mortos em conseqüência de conflitos, os
das de despejo ou que sofreram tentativa ou ameaçados de morte, bem como os tortura-
ameaça de expulsão, o número de casas, ro- dos, presos e agredidos.
ças e bens destruídos, e o número de famí-
lias que estão sob ameaças por pistoleiros. TABELAS 8, 9 e 10 - Assassinatos, tenta-
Além destes registros, a Tabela 3 também tivas de assassinato, ameaças de morte
apresenta o número de famílias que sofrem
algum tipo de violência com invasões de Contém as seguintes informações: municí-
suas terras ou posses por parte de minera- pio, nome do conflito, data, nome, quanti-
doras, madeireiras etc. dade, idade e categoria da vítima.

TABELA 4 - Terra TABELA 11 – Manifestações

Sistematiza o eixo terra organizado em três Relatório síntese por estado. Informa o nú-
blocos: Conflitos por Terra, Ocupações e mero de ocorrências e a quantidade de ma-
Acampamentos. Contém as seguintes infor- nifestantes.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

As tabelas vêm acompanhadas de textos de de 11.12.2003. Altera o art. 149 do Decreto-Lei


análise produzidos por professores de di- 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
ferentes universidades e pelos agentes de para estabelecer penas ao crime nele tipificado e
pastoral da própria CPT, religiosos ou al- indicar as hipóteses em que se configura condi-
ção análoga à de escravo. Disponível em http://
gum outro especialista na temática.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/
l10.803.htm
A última parte do Conflitos no Campo re-
produz notas emitidas pela CPT, só ou em GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pes-
parceria, ou outros documentos sobre as di- quisa social. 5 ed. São Paulo. Editora Atlas.
ferentes situações de conflito e de violação 2007.
dos direitos humanos. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRÁFIA E ES-
TATÍSTICA (PNAD). Senso Demográfico de 2010.
Referências Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/
ALMEIDA JÚNIOR, João Baptista de. O estudo estatistica/populacao/condicaodevida/indica-
como forma de pesquisa. In.: Construindo o sa- doresminimos/conceitos.shtm
ber. CARVALHO, Maria Cecília de (org). 10. ed. MONTIBELLER FILHO, G. O mito do desenvol-
Campinas – SP, Papirus Editora. 2000. vimento sustentável. Meio ambiente e custos
BELLEN, Hans Michael van. Desenvolvimento sociais no moderno sistema produtor de merca-
sustentável: diferentes abordagens conceituais dorias. Santa Catarina: Editora da UFSC. 2004.
e práticas. In: ______. Indicadores de sustenta- PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. O desafio
bilidade: uma análise comparativa. 2. ed. Rio de ambiental. Coleção Os porquês da desordem
Janeiro: Editora FGV. 2006. mundial. Organização, SADER, Emir. Rio de Ja-
BRASIL. Código Penal Brasileiro, Lei nº 10.803, neiro-São Paulo. Editora Record, 2004.
19
Organograma dos temas publicados

O organograma a seguir apresenta os temas documentados, os nomes dos formulários


utilizados na sistematização e as respectivas tabelas derivadas dos registros.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Tabela 1 - Comparação dos


Conflitos no Campo Brasil
(2010 - 2019)

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Conflitos por Terra
Nº de Ocorrências (1) 638 805 816 763 793 771 1.079 989 964 1.206
Ocupações/Retomadas 180 200 238 230 205 200 194 169 143 43
Acampamentos 35 30 13 14 20 27 22 10 17 5
Total (2) 853 1.035 1.067 1.007 1.018 998 1.295 1.168 1.124 1.254
Assassinatos 30 29 34 29 36 47 58 70 25 28
Pessoas Envolvidas 351.935 458.675 460.565 435.075 600.240 603.290 686.735 530.900 590.400 578.968
Hectares 13.312.343 14.410.626 13.181.570 6.228.667 8.134.241 21.387.160 23.697.019 37.019.114 39.425.494 53.313.244
Conflitos Trabalhistas
Trabalho Escravo 204 230 168 141 131 80 68 66 86 89
Assassinatos 1 1
Pessoas Envolvidas 4.163 3.929 2.952 1.716 2.493 1.760 751 530 1.465 880
Superexploração 38 30 14 13 10 4 1 3 1
Assassinatos 1 2 1 1 2 3
Pessoas Envolvidas 1.643 466 73 142 294 102 2 12 3
Total Conf. Trab. (4) 242 260 182 154 141 84 69 66 89 90
Conflitos pela Água
Nº de Conflitos 87 68 79 93 127 135 172 197 276 489
Assassinatos 2 2 2 2 2 1 1 1
Pessoas Envolvidas 197.210 137.855 158.920 134.835 214.075 211.685 222.355 177.090 368.465 279.172
Outros (3)
Nº de Conflitos 4 36 12
Assassinatos
Pessoas Envolvidas 4.450 26.005 1.350
Total dos Conflitos no Campo Brasil
Nº de Conflitos 1.186 1.363 1.364 1.266 1.286 1.217 1.536 1.431 1.489 1.833
Assassinatos 34 29 36 34 36 50 61 71 28 32
Pessoas Envolvidas 559.401 600.925 648.515 573.118 817.102 816.837 909.843 708.520 960.342 859.023
Hectares 13.312.343 14.410.626 13.181.570 6.228.667 8.134.241 21.387.160 23.697.019 37.019.114 39.425.494 53.313.244

(1)Os dados do nº de ocorrências referem-se aos despejos e expulsões, ameaças de despejos e expulsões, bens destruídos, pistolagem e
invasões.

(2) Em 2019, foram registrados 1.254 no total de ocorrências de conflito por terra. Numa mesma área, um conflito pode ter desdobramentos
diversos. Cada um deles corresponde a uma ocorrência. Neste ano, as áreas ou localidades em conflito somam 931. Para saber as Áreas em
Conflito, ver no site www.cptnacional.org.br.

(3) Outros: Conflitos em Tempos de Seca, Política Agrícola e Garimpo.

(4) Errata: Total Conflitos Trabalhistas referente ao ano 2018 somam 89.
Foto: Ana Mendes

Conflitos no
Campo
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Defender os direitos nas ruas e nos territó-


rios: a esperança habita em nós
Flávio Marcos Gonçalves de Araújo1
José Plácido da Silva Junior2
Marluce Cavalcanti de Melo Thorlby3
Renata Costa Cézar de Albuquerque4

Desaceleração das ocupações, retomadas cas; e o quase completo corte de verbas para
e acampamentos atender as demandas mais básicas da po-
pulação. Todo esse projeto de governo, para
A não realização da Reforma Agrária, bem deixar a situação mais grave, está alicerça-
como a não demarcação e titulação de ter- do em bases ideológicas fascistas, anticivili-
ritórios tradicionais, já eram realidades em zatórias, violentas, de extermínio do outro,
governos anteriores. Em verdade, não há neste caso, do povo empobrecido do campo
em toda a história do Brasil um só governo e da cidade.
que propôs seriamente a realização da tão
sonhada e necessária distribuição de terras Se, de um lado, os governos brasileiros em
no país. É como se a desigualdade fundiá- nossa história não realizaram a tão sonha-
ria fosse algo imutável em nossa estrutura da e necessária Reforma Agrária, por outro
social. Nem mesmo os governos que se ali- lado, a pressão necessária dos movimentos/
nhavam à esquerda deram a devida impor- grupos/povos do campo, através de ocupa-
tância à pauta. A novidade de agora é que o ções/retomadas e acampamentos, está cada
atual governo não se limita ao não cumpri- vez menor. Esse é o fato mais preocupante.
mento da legislação nacional, que trata do Os dados da Comissão Pastoral da Terra
cumprimento da função social da terra e da (CPT) demonstram a desaceleração da pres-
devolução de territórios aos/às seus/suas são pela Reforma Agrária através da luta di-
habitantes ancestrais. reta contra o latifúndio, ou seja, através de
ocupações/retomadas e de acampamentos.
O que temos agora é que a própria política
de combate à desigualdade fundiária está Ano após ano, o número de acampamentos
sendo colocada em xeque, está sendo nega- no Brasil vem diminuindo. Em 2019, a CPT
da por toda a estrutura do Estado e pelos registrou apenas cinco (05) novas ocorrên-
discursos fascistas vigentes. No pacote de cias de acampamentos com 1.064 famílias
maldades, tem cabido o sucateamento de envolvidas nos estados de SP (03), BA (01) e
órgãos responsáveis pela implementação de PA (01). Este é o menor número registrado
direitos; a extinção de várias políticas públi- em 10 anos (Gráfico 01).
1
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás, membro do grupo Trabalho Ter-
ritório Política Pública TRAPPU e integrante do Centro Documentação Dom Tomás Balduíno . Email de contato: flaviosolgo@
gmail.com
2
Geógrafo, Agente Pastoral da CPT NE II.
3
Agente Pastoral da CPT NE II.
4
Comunicadora Social, Agente Pastoral da CPT NE II.
23

Com relação às ocupações/retomadas, em


2019, a CPT registrou 43 ocorrências em
todo território nacional, com 3.476 famílias
envolvidas. Esse número também é o menor
dos últimos dez anos (Gráfico 02). Mesmo
com essa diminuição, das 27 unidades da
Federação, 20 tiveram alguma dessas ações
registradas. Os estados com maior número
de ocupações/retomadas foram BA (08), PA
(06), AC (03) e MT (03).
O que a desaceleração dessas ações pode
demonstrar? Demonstra uma mudança na
dinâmica da luta pela terra e pelo territó-
rio no país, já que até bem pouco tempo os
acampamentos e as ocupações/retomadas
eram duas das principais estratégias de en-
frentamento direto contra o latifúndio. Essa
realidade parece ser resultado de uma série
de fatores: crise, como um todo, dos movi-
mentos sociais do campo; medo de repres-
são; avanço da despolitização do povo opri-
mido, com nítidas interferências de setores
de igrejas conservadoras católicas e protes-
Ainda com relação às ocupações/retoma- tantes e do pensamento fascista; desmonte
das, ao distribuímos os dados por região, de políticas públicas que eram efetivadas
perceberemos que o Norte apresenta o maior por meio da pressão feita com ocupações/
número de ocorrências (14), seguido da re- retomadas e acampamentos; descrença de
gião Nordeste (13) (Gráfico 03). No entan- que o atual governo cederia às demandas
to, é no Nordeste onde há o maior número populares. A estratégia de exigir Reforma
de famílias envolvidas nessas ações (1.145) Agrária e demarcação de territórios tradicio-
(Gráfico 04). As duas regiões, juntas, repre- nais, por meio de acampamentos e ocupa-
sentam 62,79% das ocorrências de ocupa- ções/retomadas, vem perdendo força entre
ções/retomadas realizadas no Brasil em movimentos/grupos/povos do campo, o que
2019. Nessas regiões, ocorre uma maior re- não significa dizer, sob hipótese alguma,
-existência no que diz respeito ao processo que a terra perdeu centralidade na questão
de reterritorialização camponesa. agrária brasileira, como veremos a seguir.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Diante da violência institucionalizada, as bientais no país. Cerca de 11,7 milhões de


ruas foram o caminho metros cúbicos de rejeitos invadiram a re-
gião, causando centenas de mortes. Os da-
De modo geral, em 2019 pairou um senti- nos ambientais e sociais são incalculáveis,
mento de permissividade. Pior: é como se a impossíveis de serem sanados por quais-
violência, escancaradamente, fosse parte da quer medidas reparativas.
política de Estado. É a violência um com-
ponente estrutural do projeto capitalista e Outra situação que chocou o planeta foi o
colonizador. Sem ela não há capitalismo, alto índice de queimadas na Amazônia, no
tampouco colonização. Expressando tal pro- início do segundo semestre de 2019. Con-
jeto, uma das obsessões do atual governo é forme dados do Instituto Nacional de Pes-
a flexibilização do acesso às armas de fogo quisas Espaciais (INPE), até o mês de agosto
no Brasil. Para provar sua lealdade com a foram registrados cerca de 72 mil focos de
bancada ruralista, com o latifúndio e com
incêndio na floresta, representando um au-
o agronegócio, Jair Bolsonaro sancionou a
mento de 84% em relação ao mesmo período
chamada “posse rural estendida”, que per-
do ano anterior. O fogo na região é associa-
mite que a posse de arma de fogo se estenda
por toda a propriedade rural, dando segu- do ao desmatamento e a áreas degradadas,
rança jurídica ao latifúndio para se armar. prática já conhecida que faz parte do chama-
A medida irresponsável, comemorada pela do “ciclo do desmatamento na Amazônia”.
bancada ruralista e pelos setores mais con- O comportamento do Governo Federal para
servadores da sociedade, tende a aumentar lidar com o crime foi lamentável, chegando
a violência no campo. Ao invés de desapro- a atribuir, inclusive, as queimadas à atu-
priar imóveis rurais que não cumprem sua ação de Organizações Não Governamentais
função social, conforme prevê a Constitui- (ONGs) que atuam em defesa da floresta.
ção Brasileira, o atual governo opta por le-
gitimar o crime e a violência contra quem No final de 2019, outro crime de grande pro-
defende o cumprimento da Carta Magna. porção causou danos incalculáveis ao meio
Quanto mais se arma, mais violência e mais ambiente e à vida das populações de todo
mortes. o litoral nordestino. Um derramamento de
óleo, cuja origem ainda hoje é desconheci-
Da mesma forma que sem violência não há da, atingiu toda a costa nordestina e algu-
capitalismo e colonização, sem exploração mas praias de estados do Sudeste. Milha-
da natureza também não há. Na América res de pescadores e pescadoras artesanais,
Latina, esta afirmação adquire uma inten- além de comunidades pesqueiras e RESEXs
sidade ainda maior, já que a região foi esco- sofreram os danos do derramamento, agra-
lhida pela geopolítica mundial colonizadora vado pela inércia governamental.
para ser o quintal das corporações, o lugar
que - graças ao saque de seus bens natu- Além desses crimes, a desastrosa política
rais - permitiria aos países ricos continua- ambiental implementada pelo Governo bra-
rem sendo ricos. O ano de 2019 foi marcado sileiro jogou a pauta ambiental no abismo.
por crimes ambientais de grandes propor- Durante a montagem do governo, o atual
ções. Logo no início do ano, o Brasil viveu o presidente anunciou o fim do Ministério do
terror que foi o rompimento da barragem de Meio Ambiente. Recuou em seu propósito
rejeitos, provenientes da produção de ferro, por influência dos alertas preocupados do
na Mina no Córrego do Feijão, da empresa setor agrícola, com o risco de prejuízo em
Vale, em Brumadinho (MG), o que resultou exportações diante de pressões externas.
em um dos mais impactantes crimes am- Tal condição parece ter sido a principal mo-
25
tivação que o fez mudar de estratégia, pas- festações com sendo as
sando a operar um verdadeiro desmonte do
Ministério e seus órgãos vinculados. ações coletivas dos trabalhadores e tra-
balhadoras da terra que protestam contra
Dentre as medidas com este fim, destacam- atos de violência sofrida ou de restrição
-se o esvaziamento da própria pasta, com de direitos, reivindicando diferentes polí-
a transferência de serviços para outros mi- ticas públicas e ou repudiam políticas go-
nistérios; o bloqueio de verbas de comba- vernamentais ou exigem o cumprimento
te a incêndios; a extinção da Secretaria de de acordos e promessas (CONFLITOS NO
Mudanças Climáticas e Florestas; a redução CAMPO BRASIL, p. 20, 2018).
das operações de fiscalização na Amazônia;
a redução da participação da sociedade ci-
vil no Conselho Nacional de Meio Ambiente Essas manifestações, diferente das ocupa-
(CONAMA), que antes era composto por 96 ções/retomadas de terra/território, ocor-
conselheiros, passando somente para 23; e reram em todas as Unidades da Federação
a nomeação de militares para ocupar cargos (UF) (Gráfico 05). O Estado da BA (162) con-
no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e centrou o maior número de manifestações
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no no ano, seguido dos Estados de MG (131),
Instituto Chico Mendes de Biodiversidade RS (104), PR (91) e MA (84).
(ICMBio), como uma estratégia de acabar
com o “viés ideológico” na defesa do meio
ambiente.

Outro triste aspecto, tanto para a agricultu-


ra quanto para o povo brasileiro, foi a libe-
ração recorde do licenciamento de agrotó-
xicos. Em 2019, foram 503 novos produtos
autorizados pelo Governo. A maior parte
é de produtos tão lesivos às pessoas e ao
ecossistema que são proibidos nos países
Em termos regionais, o Nordeste se desta-
sedes das empresas que os produzem. Todo
cou como a região que concentrou o maior
esse veneno está agravando a contaminação
número de manifestações (516), seguida do
da flora e da fauna brasileira e vem sendo
Sudeste (251) (Gráfico 06). No que diz res-
consumido pela população brasileira que, peito ao número de participantes nas mani-
sem saber, tem a sua saúde agredida a cada festações, o Nordeste também foi a região
refeição. em que mais pessoas estiveram mobilizadas
(106.451), seguida, desta vez, da Região Sul
Todas essas iniciativas desastrosas do go- (52.950) (Gráfico 07). Os dados que apon-
verno brasileiro e de seus aliados foram tam ser o Nordeste a região com maior nú-
repudiadas pelas organizações/grupos/ mero de manifestações e de pessoas envolvi-
povo do campo. O número de manifestações das são coerentes com a movimentação
ocorridas em 2019 foi o maior dos últimos vista nas eleições presidenciais de 2018,
dez anos. Foram 1.301 manifestações re- quando a Região se posicionou contrária ao
alizadas em todo território nacional, com projeto do atual presidente da República,
243.712 pessoas envolvidas. É importante tento este perdido a votação em todos os es-
relembrar que a CPT compreende as Mani- tados nordestinos.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

taram 57,42% do total das manifestações


ocorridas em 2019. A questão trabalhista foi
o segundo tema que reuniu o maior número
de mobilizações no país. (Gráfico 08).

A distribuição espacial das manifestações,


tendo como foco seus temas e caracterís-
ticas (Tabela 01), nos permite enxergar as
especificidades conjunturais de cada região
brasileira. O Sudeste foi a região que con-
centrou o maior número de mobilizações em
torno da Água (79). O dado foi impulsionado
pelo estado de Minas Gerais, que sofreu o
rompimento da barragem da Mina do Córre-
go do Feijão, da empresa Vale, motivo pelo
qual foram realizados inúmeros protestos.
O Nordeste foi a segunda região do país com
o maior número de mobilizações em torno
da Água (57), sendo muitas relacionadas ao
derramamento de óleo no litoral.

Mobilizações caracterizadas pelo tema dos


Ao adentrar no universo das manifesta- Direitos Humanos concentraram-se nas re-
ções realizadas em 2019, percebe-se que, giões Centro-Oeste e Nordeste. Já as mobili-
das sete características mapeadas pela CPT zações caracterizadas por abordar a questão
(Gráfico 08), o tema da Terra foi o que ad- indígena ocorreram, em primeiro lugar, no
quiriu maior importância (516). Norte do País (79), e em segundo, na região
Centro-Oeste (49). A região Sudeste concen-
trou 02 das 06 mobilizações que tiveram
como a principal pauta a questão quilombo-
la. Foi também nessa região que ocorreu a
única mobilização sobre a questão ambien-
tal registrada pela CPT (Tabela 01).

O Nordeste foi a região que concentrou o


maior número de manifestações com o tema
da Terra (184). Ressalta-se que os estados
nordestinos têm uma tradição de lutas cam-
ponesas, a exemplo dos Quilombos dos Pal-
mares, de Caldeirão, de Pau de Colher e das
Mesmo que as ocupações/retomadas e Ligas Camponesas. Além desse histórico de
acampamentos tenham diminuído, a ter- resistência, a Região destaca-se por con-
ra permaneceu sendo tema central para o centrar o maior número de população rural
campo brasileiro, não perdendo espaço e do país e por possuir 59,4% dos estabeleci-
importância nas reivindicações dos movi- mentos com menos de 10 hectares no Bra-
mentos/grupos/povos em seus protestos e sil, segundo dados do mais recente Censo
mobilizações. Somados, o tema da terra, as Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasi-
questões indígenas e quilombolas represen- leiro de Geografia e Estatística (IBGE).
27
Foi também no Nordeste onde a CPT regis- O Brasil tem uma população rural cada vez
trou o maior número de manifestações com mais envelhecida, devido, inclusive, às mi-
o tema Questões trabalhistas (235), onde se grações da juventude para os centros ur-
incluem os protestos contra a Reforma da banos por falta de oportunidade de geração
Previdência. Por concentrar o maior núme- de renda no campo. Por isso, a aposentado-
ro de famílias camponesas do país, a apo- ria tem um grande peso no volume de re-
sentadoria rural tem grande importância na cursos injetados nos municípios. Segundo
renda dessa população. Por isso, a Reforma dados levantados no estudo “A Previdência
da Previdência, que tomou o debate no pri- Social e a Economia dos Municípios” (Bra-
meiro semestre de 2019, foi um forte motivo sília: ANFIP, 2019), o volume de pagamento
para que as famílias camponesas e suas or- de benefícios previdenciários efetuados pelo
ganizações realizassem inúmeras manifes- Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
tações. supera o do Fundo de Participação dos Mu-
nicípios (FPM). Em muitos casos, é a apo-
sentadoria rural que sustenta essas cida-
des. É ela quem movimenta a economia dos
municípios, fixa as pessoas em seus locais
de origem, diminui o êxodo para as grandes
cidades, evita as migrações que inchariam
ainda mais as favelas superpovoadas. Como
se sabe, essas transferências são funda-
mentais para a vida das cidades, nas quais
o comércio e os serviços giram em torno dos
benefícios previdenciários recebidos pelas
famílias camponesas.
Os protestos contra a aprovação da Reforma
da Previdência certamente surtiram efeito Conforme Gráfico 09, abaixo, e segundo ob-
para as populações rurais, pois não foram servações apontadas anteriormente neste
incluídas na reestruturação previdenciária. texto, as ocupações/retomadas de terra/
Contudo, os impactos para a população, de território e os acampamentos vêm dimi-
modo geral, são previsivelmente desastro- nuindo gradativamente. Os acampamentos,
sos. A proposta da Reforma era desumana e de 2010 a 2019, só diminuem, com algumas
afetava não só a população rural, mas tinha variações durante o período de 2017 e 2018.
reflexo também nos municípios de pequeno Por outro lado, as manifestações aumen-
e médio porte que possuem ligação estreita taram, quando levamos em consideração
com o mundo camponês. As mudanças pro- o período entre 2010 a 2019, com exceção
postas pelo governo para Previdência Rural de uma pequena baixa nos anos de 2017 e
seria o aumento da idade mínima da mulher 2018. Em 2019, no entanto, foi registrado o
em cinco (05) anos para a aposentadoria; maior número de manifestações no período
criava a obrigatoriedade de comprovação de analisado. Ao contrário do que se falava a
contribuição por 20 anos; mudava as regras respeito do primeiro ano do governo Bolso-
para a obtenção do direito ao Benefício de naro, de que seria o momento para deixar
Prestação Continuada (BPC), passando a ver o que aconteceria, foi um ano intenso de
ser exigida a idade de 70 anos para o be- mobilizações em todo território nacional. No
neficiário poder receber o valor de um (01) ano de 2019, em comparação ao de 2018, as
salário mínimo, sendo que a partir de 60 manifestações mais que dobraram, pulando
anos a proposta estabelecia o pagamento de de 538 para 1.301 ocorrências de manifes-
somente R$ 400,00. tação.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

líticas necessárias para acessar a terra e o


território, sem necessariamente se confron-
tar diretamente com a grande propriedade
rural. Está em curso uma institucionaliza-
ção da luta social no campo.

O outro lugar da re-existência5

Há muitos anos, neste relatório de Conflitos


no Campo, são realizadas análises a respei-
to das resistências dos povos e comunida-
des tradicionais, do campesinato e de suas
Quando observamos as ações de resistên- organizações, a partir das variáveis ocupa-
cia a partir das três variáveis ocupações/re- ções/retomadas, acampamentos e manifes-
tomadas, acampamentos e manifestações, tações. São ações em que os movimentos/
nos últimos 10 anos (2010 - 2019), verifi- grupos/povos do campo estão ativamente
camos um descompasso entre elas, o que reivindicando o direito à terra e ao território.
torna visível a estratégia assumida pelos Essas análises são importantíssimas para
movimentos/grupos/povos do campo nesse a compreensão das lutas sociais no cam-
período. Enquanto, de um lado, verificamos po brasileiro. No entanto, queremos suge-
a tendência de diminuição das ocupações/ rir uma agregação de outras variáveis para
retomadas e acampamento, do outro, obser- ampliar a análise sobre os processos de re-
vamos o aumento significativo das manifes- sistências no campo. Trata-se das variáveis
tações no ano de 2019. tentativas/ameaças de expulsão e de des-
pejo. Essas variáveis são registradas como
Os movimentos/grupos/povos no campo ações de violências contra povos, grupos e
quando realizam as ocupações e os acam- comunidades camponesas. Em nosso en-
pamentos, além de reivindicarem o direito tendimento, esses eventos revelam mais que
à terra e ao território, questionam a gran- a violência sofrida pelos povos do campo.
de propriedade, seja produtiva ou não, que Revelam um processo intenso de re-existên-
não cumpre sua função social. O que está cia-territorial, uma vez que indicam a não
em jogo, neste quesito, é a mudança da es- realização da desterritorialização campone-
trutura fundiária brasileira, é a correção da sa, ou seja, são despejos e expulsões que
extrema desigualdade no acesso à terra. A não se concretizaram, que foram frustrados
luta direta pela terra foi, por muitos anos, pela re-existência camponesa.
a principal forma de luta de territorializa-
ção camponesa e de povos e comunidades Para compreender tal perspectiva, quere-
tradicionais. Os dados da CPT indicam que, mos chamar a atenção para três processos
nos últimos anos, as ocupações/retomadas que ocorrem no campo. O primeiro deles é o
e acampamentos, ao menos nesse recorte processo de desterritorialização, que acon-
temporal, não são mais a principal forma de tece quando famílias são expulsas pela ação
luta pelo acesso à terra e ao território. As do poder privado ou despejadas de suas co-
manifestações se apresentam como a luta munidades pela ação do poder do Estado.
prioritária para reivindicar do Estado as po- O segundo é o de reterritorialização campo-
5
A sugestão de analisar as variáveis tentativa e ameaças de despejos e expulsões com sendo parte da resistência camponesa,
ocorreu no debate da defesa da tese “QUANDO OS INVISIBILIZADOS FALAM: Lutas territoriais, violência institucionalizada
e feita pelas mãos do poder privado nos conflitos por terra Brasil [1985 – 2017]”, defendida em março de 2019 na UFF – Uni-
versidade Federal Fluminense, por José Plácido da Silva Junior, orientada por Carlos Walter Porto-Gonçalves. Neste texto
não tivemos a pretensão de aprofundar o debate, apenas de apresentar e iniciar as discussões em torno desta ideia.
29
nesa, quando famílias expropriadas reivin- sociais do campo, impedindo que tais ações
dicam o direito à terra e ao território atra- de violência galgassem seus objetivos. Sig-
vés de ocupação/retomada e/ou por meio nifica dizer que variadas estratégias de de-
de acampamentos. O terceiro processo é o fesa-territorial estão em curso no país. Nas
que chamaremos aqui de Defesa-Territo- ameaças e tentativas de expulsão e despejo
rial, quando as famílias já estão na terra/ há, certamente, que se denunciar a violên-
território e resistem às ações de violência do cia, mas há que se compreender, principal-
poder do Estado ou do poder privado que mente, que em cada uma dessas ações, pre-
buscam retirá-las de seus espaços de vida. domina a re-existência no território.
Trata-se da tentativa ou ameaça a dester-
ritorialização camponesa não concluída, in- Conforme apontam os dados da CPT, essa
terrompido pela força da re-existência. Em defesa-territorial se torna mais eficiente
outras palavras, são famílias que, com suas quando o conflito envolve o poder privado.
lutas e re-existências, asseguram suas ter- Do total das violências que visaram à des-
ritorialidades, com suas cosmovisões, cul- territorialização, praticada por este tipo de
turas, conhecimentos ancestrais, em seus poder, 94% não se concretizam (a expulsão
territórios. não foi efetivada) (Gráfico 12). Com relação
ao poder do Estado, há uma diferença: 71%
Os dados da CPT demonstram que, em dessas ações não se concretizaram em des-
2019, ocorreram 616 ações de violência territorialização (o despejo não foi efetivado)
contra as diversas categorias sociais em (Gráfico 11). Em outras palavras, a mão do
processo de subalternização no campo bra- Estado pesa muito mais que a mão do poder
sileiro. Consideramos ações de violência a privado. Claro, os despejos são solicitados
somatória dos despejos e das ameaças de pelo poder privado, através de processos ju-
despejo, protagonizados pelo Estado, e as diciais, no entanto, é o Estado quem os jul-
expulsões e tentativa/ameaças de expulsão, ga e quem os executa.
protagonizadas pelo poder privado. Do total
dessas 616 violências, 122 foram de despe-
jos e expulsões, realizadas pelo poder do Es-
tado e pelo poder privado, respectivamente.
Em termos percentuais, do total dessas in-
vestidas violentas contra os povos do cam-
po, 20% atingiram o resultado desejado por
quem praticou as ações, que foi a desterri-
torialização (Gráfico 10).

Por outro lado, daquele total, 494 ocorrên-


cias foram de tentativas/ameaças de expul-
são e despejo. Significa dizer que 80% das
ações de violência que visaram à desterri-
torialização não atingiram o resultado final
almejado (Gráfico 10).

A pergunta é: por que as investidas do po-


der do Estado e do poder privado não foram
concluídas conforme planejadas? A respos-
ta sugerida é de que houve um processo de
defesa-territorial por parte das categorias
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

De um total de doze (12) categorias campo- Outra característica reveladora que os da-
nesas identificadas pela CPT, a que mais dos da CPT apontam é que a violência con-
sofreu com as tentativas de desterritoriali- tra a pessoa6 é significativamente maior nas
zação provenientes do Estado foi a catego- tentativas e ameaças de expulsão e despejo,
ria Sem Terra, representando 46,67%. Em do que nos despejos e expulsões propria-
seguida, foram as famílias posseiras, com mente ditos. O poder público e o poder pri-
23,25%, e as comunidades tradicionais, vado são, portanto, muito mais violentos
com 22,86%. Já com relação às tentativas contra comunidades, grupos, povos e movi-
de expulsão protagonizadas pelo poder pri- mentos sociais que re-existem coletivamen-
vado, as Comunidades Tradicionais foram te para permanecer em suas terras e territó-
as que mais sofreram este tipo de violência, rios. As pessoas sofrem muito mais violência
correspondendo a 45,76%. Em seguida, fo- nos processos de defesa-territorial do que
ram as famílias posseiras, com 30,50%, e as nas próprias remoções forçadas (despejos e
famílias Sem Terra, com 16,10%. expulsões). Eis a característica da violência,
muitas vezes mortal, que pesa sobre aque-
Este processo também tem peculiaridades les e aquelas que re-existem e que defendem
e diferenças quando distribuído no territó- suas terras e territórios.
rio nacional (Gráfico 13). Essa diferença no
espaço e no território não implica em ações A força dessa defesa-territorial só pode ser
contraditórias, mas sim em ações comple- enxergada quando a compreendemos em
mentares por parte dos variados movimen- suas dimensões material e simbólica. Defen-
tos, grupos e povos do campo. Por exemplo, der a terra, sua cultura, sua ancestralidade
o maior número de ocorrências de ações é defender a própria existência da comu-
de violência provocadas pelo poder privado nidade/grupo. O conceito de re-existência
encontra-se no Nordeste, sendo as defesas (Gonçalves, 2001), valorosa contribuição do
territoriais da região, portanto, mais dire- professor Porto-Gonçalves, contribui para
cionadas para o enfrentamento deste tipo de a compreensão desse processo. A luta pela
poder. Nas regiões Sudeste, Norte e Sul, o existência dos povos/grupos/comunidades
predomínio das defesas territoriais acontece se associa à luta contra quem tenta ou ame-
em relação à violência cometida pelo poder aça a sua própria existência. Essas lutas
do Estado. Se há uma combinação entre o implicam na permanência no território, na
poder privado e o poder do Estado, para re- manutenção de sua territorialidade.
tirar as famílias das terras e dos territórios,
em uma relação dialética, essas famílias im- As lutas territoriais atravessam os tempos,
primem no território um processo de luta com ascensos e descensos na dinâmica dos
que qualifica o processo de re-existência povos em estado de opressão. Algumas de
nos territórios em que vivem. suas expressões máximas podem ser os
exemplos de Palmares, de Canudos, da Ca-
banagem, de Porecatu, de Trombas e For-
moso e das Ligas Camponesas, que foram
experimentadas há algum tempo. Hoje, as
lutas em defesa da vida no campo se ins-
piram nesses legados. Desde 1984, a CPT
apresenta em seus relatórios uma lista gi-
gantesca de mártires que doaram e doam

6
A CPT registra como violência contra pessoa as ameaças de morte, ameaças de prisão, tentativas de assassinato, assas-
sinatos, prisões, cárcere privado, contaminação por agrotóxico, contaminação por minérios, danos, detenção, ferimento,
humilhação, intimidação, morte em consequência de conflito, omissão/conivência, terrorismo, tortura etc.
31
- infelizmente quase todos os dias - a vida teza: a primeira é que a mudança virá - e ela
pela terra, pelas florestas e pelas águas. virá - necessariamente de baixo, construída
na luta e no afeto do povo injustiçado. A se-
Esse Brasil é a cena de um filme chamado gunda coisa é a necessidade de nos reco-
América Latina, onde os contraditórios go- nhecermos enquanto natureza, integrados/
vernos progressistas, ao mesmo tempo em as de maneira profunda na complexidade e
que retiraram milhões da linha da pobreza, na beleza que é a vida e a Mãe Terra. Por
aprofundaram a devastação da natureza e isso, defender a natureza é defender a nós
a nossa posição como lugar a ser explorado mesmos/as, a nossa existência, o nosso
no sistema mundo colonial. Esses governos lugar de memória, a reprodução da vida, a
decidiram manter o pacto com o capital, não morada dos encantados e das encantadas,
mexendo nos bolsos dos mais ricos e das orixás, mártires, a Casa comum. É aqui que
grandes corporações. Agora, o fascismo en- habita a esperança.
tra no jogo, e o Estado, que até então dava
com uma mão e tirava com as duas, nem Referências
sequer reconhece o direito à existência dos
povos do campo. COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. Conflitos no
campo Brasil, 1985. CPT, Comissão Pastoral da
Essa figura de um Estado - que tem o poder Terra, 2018.
de dar, mas também de reprimir e de criar MINGOLO, Walter. Historias locales/diseños
dependências, vícios e medos - tende a sair globales. Colonialidad, conocimientos subal-
do horizonte utópico. Ao olhar para cima, ternos y pensamiento fronterizo, Madrid: Akal,
para o lugar reservado ao Estado, corremos 2003.
o grande risco de não reparar o caminho, de PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. Amazônia,
não olhar para frente. Corremos o grande Amazônia. São Paulo: Contexto, 2001.
risco de não olhar para o lado e ver quem SILVA JUNIOR, José Plácido da. QUANDO OS
caminha conosco. Corremos o grande risco INVISIBILIZADOS FALAM: Lutas territoriais,
de não olhar para trás, negligenciando a me- violência institucionalizada e feita pelas mãos
mória das lutas e dos/as mártires e deixan- do poder privado nos conflitos por terra Brasil
do de fazer a importantíssima pergunta ao [1985 – 2017]. Tese (Doutorado) - Universidade
tempo sobre o que ele tem para nos ensinar. Federal Fluminense, Niterói, 2019.
Corremos o risco, enfim, de não olhar para http://www.incra.gov.br/sites/default/files/in-
baixo, invisibilizando as diversas localida- cra-processosabertos-quilombolas-v2.pdf.
des em processo de defesa territorial. Como
http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/
disse Karl Marx, “a classe trabalhadora não
ascom/2013/img/12-Dez/encarte_censo_indi-
pode simplesmente apropriar-se da máqui- gena_02%20B.pdf.
na do Estado tal qual é e utilizá-la para seus
próprios objetivos. O instrumento político http://www.contag.org.br/index.php?mo-
dulo=portal&acao=interna&codpag=101&i-
de sua escravidão não pode servir como ins-
d=11952&mt=1&nw=1
trumento político de sua emancipação”.
http://www.contag.org.br/index.php
Estamos em tempos de nos re-entender, de modulo=portal&acao=interna&codpa-
g=555&ap=1&nw=1
senti-pensar a nossa posição no mundo, os
caminhos a seguir e com quem caminhar. https://www.fetape.org.br/noticias-detalhe/
Os mais de 500 anos de tentativa de genocí- populacao-rural-na-mira-da-reforma-da-previ-
dio deixaram alguns ensinamentos, que às dencia/5928#.XmkVSpNKiM8
vezes ouvimos, às vezes não. Duas coisas, https://www.anfip.org.br/publicacoes/a-previ-
porém, parecem ganhar cada vez mais cer- dencia-social-e-a-economia-dos-municipios-2/
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

https://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/ https://www.cptne2.org.br/publicacoesnoti-
colunas/a-previdencia-social-e-a-economia- cias/noticias/5217-cpt-ne-2-balanco-da-refor-
-dos-municipios/ ma-agraria-2019
33
Tabela 2 - Conflitos no Campo

Acre
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Rio Branco, Acrelândia Fazenda Jéssica 10/08/2019 72 Posseiros
Acrelândia Seringal Fortaleza 30/05/2019 60 Posseiros
Acrelândia Ramal Campo Novo 20/05/2019 45 Posseiros
Acrelândia Fazenda do Dr. Roberto 06/05/2019 60 Posseiros
Acrelândia Seringal Porto Dias 21/09/2019 80 Extrativistas
Acrelândia Ocupação do Baiano 12/09/2019 38 Posseiros
Faz. da Rondobrás/BR-364/Km 105/Gleba
Acrelândia 22/07/2019 12 Posseiros
Porto Luiz
Rio Branco, Acrelândia Faz. do Zé Capim/BR-364/Km 105 05/08/2019 40 Posseiros
Acrelândia Faz. Graúna/BR-364 15/08/2019 80 Posseiros
Acrelândia Fazenda Zé Juína 26/08/2019 50 Posseiros
Acrelândia Faz. Girassol/Ocup. do Brito 05/08/2019 14 Posseiros
Acrelândia Faz. Sará/Gleba Porto Luiz 01/07/2019 30 Posseiros
Acrelândia Fazenda Canaã 13/09/2019 72 Posseiros
Acrelândia Seringal Triunfo/Ramal do Pelé 05/06/2019 129 Posseiros
Faz. do Senhor Viana/Ramal da 7/Estrada
Rio Branco, Acrelândia 27/08/2019 28 Posseiros
AC-475/Gl. Porto Luiz
Bujari Seringal Mercês 04/11/2019 300 Sem Terra
Rio Branco, Bujari Faz. Canary/Ramal do Cacau 30/01/2019 400 Posseiros
Plácido de Castro, Senador
Seringal Capatará 05/02/2019 97 Seringueiros
Guiomard, Capixaba, Rio Branco
Rio Branco, Cruzeiro do Sul Seringal Valparaíso 15/06/2019 130 Seringueiros
Cruzeiro do Sul Comunidade Socó 02/06/2019 14 Posseiros
Cruzeiro do Sul Seringal Russas 15/06/2019 80 Seringueiros
T. I. Katukina/Kaxinawa/Aldeias Paredão/
Rio Branco, Feijó 20/02/2019 314 Indígenas
Paroá/Pupunha/Belo Monte
Manoel Urbano Seringal Santa Cruz 05/08/2019 20 Seringueiros
Manoel Urbano Seringal Porto Central 15/08/2019 18 Seringueiros
Manoel Urbano Seringal Barcelona 04/06/2019 15 Seringueiros
Manoel Urbano Seringal Mercejana 10/09/2019 15 Seringueiros
Manoel Urbano Seringal Itatinga 15/08/2019 21 Seringueiros
Manoel Urbano Seringal A uente 03/11/2019 20 Seringueiros
Manoel Urbano Seringal Areis 01/10/2019 101 Posseiros
Manoel Urbano Seringal São Salvador 16/08/2019 15 Seringueiros
Manoel Urbano Seringal Novo Destino 15/09/2019 70 Seringueiros
Plácido de Castro Faz. Luiz Gomes/Seringal Capatará 26/06/2019 80 Posseiros
Porto Walter Ramal do Besouro/Seringal Nazaré 14/06/2019 100 Posseiros
Rio Branco Seringal São Bernardo 15/02/2019 Seringueiros
Rio Branco Seringal Humaitá 13/06/2019 20 Seringueiros
Rio Branco Seringal Perseverança 20/08/2019 25 Extrativistas
Rio Branco Seringal Belo Horizonte 13/06/2019 100 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Francisco do Iracema 13/06/2019 300 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Francisco do Espalha 13/06/2019 350 Seringueiros
Rio Branco, Boca do Acre Seringal Macapá 26/07/2019 114 Seringueiros
Rio Branco Seringal Andaraí 25/06/2019 120 Posseiros
Rio Branco Seringal Macapá 13/06/2019 300 Seringueiros
Rio Branco Seringal Igarapé Grande 20/07/2019 26 Posseiros
Rio Branco Seringal Bananeira 23/06/2019 26 Extrativistas
Rio Branco Seringal Cajueiro 10/08/2019 25 Seringueiros
Rio Branco Faz. União/Cruzeirinho 12/08/2019 214 Posseiros
Rio Branco, Boca do Acre Seringal Entre Rios/Ramal do 52 05/08/2019 39 Posseiros
Rio Branco Seringal Europa 15/02/2019 30 Extrativistas
Rio Branco Seringal Entre Rios/Ramal do 64 25/06/2019 15 Posseiros
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Ramal do 37/Seringal Entre Rios/Recreio


Rio Branco 15/08/2019 31 Posseiros
do Sto. Antônio/Gl. Pauene
Rio Branco Seringal Cametá 01/06/2019 30 Seringueiros
Rio Branco Ramal do Garrafa 04/08/2019 60 Posseiros
Gl. Novo Axioma Redenção/Ramal do Km
Rio Branco, Boca do Acre 15/08/2019 33 Posseiros
104
Gl. Novo Axioma Redenção/Km 90/Ramal
Rio Branco 05/06/2019 28 Posseiros
Sta. Helena
Ocup. do Vinha/Ramal São Francisco/Km
Rio Branco 08/09/2019 25 Posseiros
60
Rio Branco Seringal Bom Lugar/Ramal do Espigão 17/05/2019 300 Posseiros
Rio Branco Seringal Porto Central 02/09/2019 300 Seringueiros
Rio Branco Gleba Francisco Sevalha 10/09/2019 180 Extrativistas
Rio Branco P. A. Monte 01/09/2019 700 Assentados
Rio Branco Seringal Bom Lugar/Com. Nova Vida 15/06/2019 69 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Bernardo 20/08/2019 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Bernardo 16/08/2019 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Bernardo 06/08/2019 Seringueiros
Rio Branco Seringal Cachoeira 13/06/2019 7 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Bernardo 02/02/2019 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Bernardo 29/01/2019 Seringueiros
Seringal Novo Axioma Redenção/Ocup.
Rio Branco, Boca do Acre 17/09/2019 48 Posseiros
do Diva
Seringal Entre Rios/Ramal São Francisco/
Rio Branco, Boca do Acre 16/08/2019 28 Posseiros
Faz. do Km 60/Faz. Savana
Rio Branco, Boca do Acre Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 04/12/2019 160 Posseiros
Rio Branco, Boca do Acre Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 22/11/2019 Posseiros
Rio Branco, Boca do Acre Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 28/08/2019 Posseiros
Rio Branco Seringal Codó/PAE Antimary 20/06/2019 23 Seringueiros
Centro Huwã Karu Yuxibu/Com. Indígena
Rio Branco 22/08/2019 10 Indígenas
Huni Kuin/APA do Igarapé São Francisco
Rio Branco Seringal São Bernardo 27/09/2019 22 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Bernardo 10/09/2019 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Bernardo 03/09/2019 Seringueiros
Rio Branco Seringal São Bernardo 30/08/2019 Seringueiros
Seringal Novo Amparo/Ramal do 38/
Sena Madureira 10/10/2019 15 Seringueiros
Ramal do Ouro
Sena Madureira Seringal Novo Amparo/Ramal do 15 10/10/2019 15 Seringueiros
Sena Madureira Seringal Novo Amparo/Ramal do 17 10/10/2019 15 Seringueiros
Sena Madureira Seringal Novo Amparo/Ramal do 25 10/10/2019 15 Seringueiros
Xapuri Seringal São Pedro 22/11/2019 15 Seringueiros
Xapuri Seringal Nova Esperança 22/11/2019 19 Seringueiros
Xapuri Seringal Lua Cheia 22/11/2019 15 Seringueiros
Rio Branco, Boca do Acre Seringal Pirapora 15/07/2019 322 Seringueiros

Subtotal: 85 6809

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Bujari Seringal Mercês 05/01/2019 300 Sem Terra
Seringal Entre Rios/Ramal São Francisco/
Rio Branco, Boca do Acre 10/02/2019 28 Posseiros
Faz. do Km 60/Faz. Savana
Rio Branco, Boca do Acre Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 13/12/2019 160 Posseiros

Subtotal: 3 488

Total conflitos por terra - Acre: 88 6809

Total dos Conflitos no Campo - Acre: 88 Pessoas: 27236

Alagoas
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Feliz Deserto Fazenda Mangabeira 11/04/2019 Sem Terra
35
Flexeiras Assentamento Sebastião Gomes 06/07/2019 114 Sem Terra
Ibateguara Fazenda Catangy 17/06/2019 Sem Terra
Ibateguara Fazenda Catangy 02/10/2019 Sem Terra
Sítio Copaoba/CC Empreendimentos
Japaratinga 24/09/2019 Sem Terra
Imobiliários
Sítio Copaoba/CC Empreendimentos
Japaratinga 31/08/2019 Sem Terra
Imobiliários
Porto Calvo, Maragogi Faz. Junco/Us. Central Barreiros 18/12/2019 250 Sem Terra
Maragogi Fazenda Carão 18/03/2019 15 Sem Terra
Marechal Deodoro Área da Carhp/Acamp. Boca da Caixa 03/04/2019 30 Sem Terra
Murici Faz. Tabocal/Duarte/Ilha 12/06/2019 25 Sem Terra
Murici Faz. Tabocal/Duarte/Ilha 15/05/2019 Sem Terra
Flexeiras, Murici, Maceió Fazenda Bota Velha 07/09/2019 100 Sem Terra
Flexeiras, Murici, Maceió Fazenda Bota Velha 23/07/2019 Sem Terra
Porto Calvo Fazenda Boa Esperança 15/01/2019 87 Sem Terra
Porto Calvo Fazenda Mata Redonda 08/10/2019 102 Sem Terra
São Miguel dos Milagres Sítio Dona Bela 16/10/2019 Sem Terra
Fazenda Itabatinga/Povoado Porto da Rua/
São Miguel dos Milagres 21/03/2019 80 Sem Terra
Acamp. Cabanos
Taquarana Fazenda Andre Quice 14/11/2019 Sem Terra
União dos Palmares, Maceió Usina Laginha 16/04/2019 Sem Terra

Subtotal: 19 803

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Ibateguara Fazenda Catangy 15/06/2019 Sem Terra
União dos Palmares, Maceió Usina Laginha 09/04/2019 Sem Terra

Subtotal: 2

Total conflitos por terra - Alagoas: 21 803

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Com. de Marisqueiros de Coruripe/ Uso e Destruição e ou
Coruripe 31/10/2019 13
Vazamento de Óleo preservação poluição
Colônia de Pescadores Z-1/Almirante Uso e Destruição e ou
Maceió 31/12/2019 1500
Jaceguay/Vazamento do Óleo preservação poluição
Pov. de São Bento/Colônia de Pescadores Uso e Destruição e ou
Maragogi 30/10/2019 685
Z-15/Vazamento de Óleo preservação poluição
Colônia de Pescadores Z-25/Praia do Uso e Destruição e ou
Porto de Pedras 28/10/2019 22
Patacho/Vazamento de Óleo preservação poluição

Subtotal: 4 2220

Total dos Conflitos no Campo - Alagoas: 25 Pessoas: 12092

Amapá
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Amapá São Roque/Redondo 01/09/2019 30 Posseiros
Base Aérea/Localidade Próxima ao
Amapá 28/02/2019 40 Posseiros
Cruzeiro
Com. ao Longo do Rio Laranjeiras/
Amapá 30/08/2019 20 Posseiros
Amapá Grande/Piquiá
Amapá Faz. Minerva/CAPAB 30/05/2019 1 Posseiros
Amapá Faz. Itapoã/Amcel/Piquiá 30/06/2019 15 Posseiros
Amapá Fazenda Espírito Santo 31/01/2019 10 Posseiros
Calçoene Cunani e 7 Ilhas 30/03/2019 30 Posseiros
Calçoene Juncal 30/07/2019 30 Posseiros
Calçoene Ramal Ilha Grande 30/07/2019 15 Posseiros
Cutias, Macapá Alta Floresta/Gurupora 30/04/2019 34 Posseiros
Ferreira Gomes Terra Preta 30/05/2019 1 Posseiros
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Ferreira Gomes Antiga Faz. Zebulândia/Campinho 19/09/2019 4 Posseiros


Ferreira Gomes Igarapé do Palha/Amcel 30/05/2019 25 Posseiros
Itaubal Com. Quil. São Miguel do Macacoari 30/03/2019 20 Quilombolas
Pedra Branca do Amapari,
T. I. Waiãpi/Aldeia Mariry 30/07/2019 300 Indígenas
Macapá, Laranjal do Jari
Pedra Branca do Amapari,
T. I. Waiãpi/Aldeia Mariry 22/07/2019 Indígenas
Macapá, Laranjal do Jari
Macapá Santo Antônio da Pedreira 30/07/2019 30 Ribeirinhos
Macapá Ariri 30/04/2019 20 Quilombolas
Santa Luzia/São Tomé/Rio Pacuí/10
Macapá 17/09/2019 200 Pescadores
Comunidades Próximas ao Rio Pacuí
Macapá Quilombo Conceição do Macacoari 30/06/2019 20 Quilombolas
Macapá Piririm/Pacuí 01/09/2019 30 Posseiros
Macapá Bailique-Foz 30/08/2019 20 Posseiros
Assent. Osmar Ribeiro/Ramal do
Macapá 01/09/2019 80 Assentados
Abacate/Km 34/BR-156
Macapá Abacate do Pedreira/Rio Fugido 30/07/2019 20 Ribeirinhos
Mazagão Assentamento Pancada do Camaipi 28/02/2019 400 Assentados
Porto Grande Área da Codepa/Km 92 11/07/2019 22 Posseiros
Porto Grande Área no Km 54 da BR-156 30/04/2019 30 Posseiros
Porto Grande Sítio São Francisco/Igarapé Gravata 17/09/2019 2 Posseiros
Porto Grande Km 117 da EFA 17/09/2019 30 Posseiros
Pracuúba Retiro Boa Esperança 30/01/2019 2 Posseiros
Santana Ilha Santana 30/08/2019 20 Ribeirinhos
Santana Assentamento Anauerapucu 30/01/2019 1 Posseiros
Serra do Navio Ramal da Raquel 30/07/2019 20 Posseiros
Ramal Nova Canaã/Colônia de Itaubal/
Tartarugalzinho Faz. Santa Isabel/Amcel/Pedreiro/Boca 01/09/2019 27 Posseiros
do Braço
Área na Margem Direita do Rio Itaubal/
Tartarugalzinho 30/06/2019 2 Posseiros
São Raimundo
Tartarugalzinho Redenção do Araguari 30/08/2019 5 Posseiros
Tartarugalzinho Uapezal/Ponto do Socorro e Vareiro 01/09/2019 70 Posseiros
Tartarugalzinho Campo Belo 01/09/2019 1 Posseiros
Tartarugalzinho Faz. Novo Horizonte 28/02/2019 5 Posseiros
Tartarugalzinho Comunidade ao Longo do Rio Aporema 30/01/2019 1 Posseiros
Áreas em Itaubal/Agronegócio Sinal
Macapá 17/09/2019 20 Posseiros
Verde/Boa Vista da Pedreira
Itaubal Jupati 27/03/2019 15 Ribeirinhos

Subtotal: 42 1668

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Porto Grande Área no Km 54 da BR-156 30/01/2019 30 Posseiros

Subtotal: 1 30

Total conflitos por terra - Amapá: 43 1668

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Barragens e Não cumprimento de
Ferreira Gomes UHE Coaracy Nunes 25/04/2019
Açudes procedimentos legais
Barragens e Não cumprimento de
Ferreira Gomes UHE Ferreira Gomes 25/04/2019 500
Açudes procedimentos legais
Macapá, Ferreira Gomes, Porto Barragens e Não cumprimento de
UHE Cachoeira Caldeirão 22/01/2019 20
Grande Açudes procedimentos legais

Subtotal: 3 520

Total dos Conflitos no Campo - Amapá: 46 Pessoas: 8752

Amazonas
TERRA
37
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Jutaí, São Paulo de Olivença,
Atalaia do Norte, Tabatinga, T. I. Vale do Javari 21/09/2019 1000 Indígenas
Benjamin Constant
Jutaí, São Paulo de Olivença,
Atalaia do Norte, Tabatinga, T. I. Vale do Javari 19/07/2019 Indígenas
Benjamin Constant
Jutaí, São Paulo de Olivença,
Atalaia do Norte, Tabatinga, T. I. Vale do Javari 06/09/2019 Indígenas
Benjamin Constant
Jutaí, São Paulo de Olivença,
Atalaia do Norte, Tabatinga, T. I. Vale do Javari 18/06/2019 Indígenas
Benjamin Constant
T. I. Murutinga/Tracajá/Aldeia Terra
Autazes 09/08/2019 383 Indígenas
Preta
Manaus, Autazes T. I. Jauary 17/10/2019 315 Indígenas
Autazes T. I. Patauá 30/03/2019 Indígenas
Autazes T. I. Patauá 05/08/2019 47 Indígenas
Autazes T. I. Patauá 30/06/2019 Indígenas
Maués, Parintins, Barreirinha T. I. Andirá-Marau 11/11/2019 3337 Indígenas
Maués, Parintins, Barreirinha T. I. Andirá-Marau 29/05/2019 Indígenas
T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia
Boca do Acre 17/02/2019 Indígenas
Samaúma
Boca do Acre Resex Arapixi 08/03/2019 300 Extrativistas
Canutama Faz. Jaó/Km 32/BR-319 21/03/2019 Posseiros
Canutama Resex/Com. Nova Vista 08/04/2019 15 Extrativistas
Canutama Floresta Estadual/Com. Vila Souza 08/04/2019 17 Extrativistas
Km 46/BR-319/P. A. São Francisco/Linha
Canutama 05/02/2019 65 Assentados
4/Vicinal Cajuí
Careiro T. I. Lago do Piranha 20/08/2019 50 Indígenas
Careiro T. I. Lago do Piranha 15/08/2019 Indígenas
Iranduba Gleba Igarapé do Bode 30/05/2019 120 Assentados
Manacapuru, Iranduba, Novo Airão Comunidade Grande Vitória 25/10/2019 31 Posseiros
Com. Rondon I e II/N. Sra. Aparecida do
Manaus, Itacoatiara 09/03/2019 600 Ribeirinhos
Jamanã/Jesus é Meu Rei
Novo Airão, Manaus, Urucará, T. I. Waimiri Atroari/Linhão de Tucuruí/
01/03/2019 350 Indígenas
Itacoatiara, Presidente Figueiredo PAC
Aldeia Nova Canaã/T. I. Paraná do Boá-
Nova Olinda do Norte, Japurá 03/05/2019 30 Indígenas
Boá
Santa Isabel do Rio Negro, Japurá,
T. I. Médio Rio Negro I 11/02/2019 497 Indígenas
São Gabriel da Cachoeira
Lábrea Seringal São Domingos 02/11/2019 140 Posseiros
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Posseiros
Lábrea Ramal Tauaruhã 25/06/2019 40 Pequenos proprietários
Lábrea Com. Capiaã/Capiã 05/02/2019 150 Posseiros
Manacapuru Ocupação Lula Livre 05/04/2019 120 Posseiros
Manaus Comunidade Urucaia 27/02/2019 Indígenas
Com. do Km 13/Estrada Manoel
Manaus 25/10/2019 148 Pequenos proprietários
Urbano/Ramal 13
Manaus Cemitério dos Índios 06/08/2019 380 Indígenas
Manaus Cemitério dos Índios 03/08/2019 Indígenas
Manaus Cemitério dos Índios 13/06/2019 Indígenas
Acamp. dos Povos Indígenas
Manaus 13/08/2019 200 Indígenas
Remanescentes de Tarumã
Manaus Uberê/Ramal do Brasileirinho 02/06/2019 36 Posseiros
Manaus Cemitério dos Índios 08/01/2019 Indígenas
Manaus Comunidade Nova Jerusalém 13/08/2019 700 Indígenas
Com. Indígenas e Ribeirinhas/Assoc.
Maués 05/06/2019 150 Ribeirinhos
dos Produtores da Região de Maués
Presidente Figueiredo Comunidade Jardim Floresta 12/12/2019 200 Posseiros
Presidente Figueiredo Com. Nova Floresta/BR-174/Km 126 12/12/2019 84 Posseiros
Presidente Figueiredo Com. Nova União II/BR-174/Km 135 12/12/2019 60 Posseiros
Presidente Figueiredo Com. Castanhal/BR-174/Km 135 12/12/2019 115 Posseiros
Presidente Figueiredo Com. Canastra/BR-174/Km 137 12/12/2019 39 Posseiros
Presidente Figueiredo, Manaus Com. Terra Santa//Km 152/BR-174 21/08/2019 34 Posseiros
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Presidente Figueiredo Comunidade Boa Esperança 12/12/2019 374 Posseiros


Rio Preto da Eva Com. Ifibram/Km 84 12/06/2019 38 Posseiros
Rio Preto da Eva Comunidade Bons Amigos 1, 2 e 3 18/06/2019 111 Posseiros
São Gabriel da Cachoeira T. I. Alto Rio Negro 10/07/2019 1100 Indígenas
Índios Yanomami/Aldeias Maturacá e
São Gabriel da Cachoeira 24/08/2019 Indígenas
Ariabu/Contaminação por Mercúrio
São Gabriel da Cachoeira T. I. Alto Rio Negro 11/02/2019 Indígenas

Subtotal: 52 11376

Total conflitos por terra - Amazonas: 52 11376

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Uso e
Pauini Comunidade no Rio Pauini 04/03/2019 50 Destruição e ou poluição
preservação
Barragens e Não cumprimento de
Presidente Figueiredo Hidrelétrica Balbina 10/04/2019 192
Açudes procedimentos legais

Subtotal: 2 242

Total dos Conflitos no Campo - Amazonas: 54 Pessoas: 46472

Bahia
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Antônio Gonçalves Com. Salgada 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Antônio Gonçalves Com. Brejão da Grota 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Antônio Gonçalves Mucambo 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Antônio Gonçalves Com. Baixinha 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Antônio Gonçalves Com. Olho d' Água 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Antônio Gonçalves Com. Lagoa Grande 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Apuarema Acamp. Belo Monte/Faz. Bom Prazer 27/06/2019 30 Sem Terra
Barra Com. Brejo da Cachoeira 30/01/2019 80 Camponeses de fundo de pasto
Barra Com. Quilombola Igarité 09/05/2019 500 Quilombolas
Barra Com. Queimadas/Gavião/Cachoeira 30/05/2019 56 Camponeses de fundo de pasto
Barra Fazenda Encosta 10/01/2019 37 Sem Terra
Belmonte Fazenda Jaguar Eireli 02/09/2019 51 Sem Terra
Belmonte Fazenda Jaguar Eireli 27/06/2019 Sem Terra
Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe
Boa Vista do Tupim 11/06/2019 80 Sem Terra
Terra
Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe
Boa Vista do Tupim 24/02/2019 Sem Terra
Terra
Boa Vista do Tupim Fazenda Bela Vista 16/10/2019 70 Sem Terra
Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe
Boa Vista do Tupim 23/02/2019 Sem Terra
Terra
Bom Jesus da Lapa Com. Quilombola Bebedouro/Fiol 01/07/2019 55 Quilombolas
Bom Jesus da Lapa Com. Quil. Araçá-Volta/Fiol 01/07/2019 152 Quilombolas
Brotas de Macaúbas Com. Mata de Eufrásio 30/04/2019 15 Posseiros
Brotas de Macaúbas Comunidade Mangabeira 30/01/2019 50 Camponeses de fundo de pasto
Cachoeira Terreiro Icimimó/Terra Vermelha 28/02/2019 Quilombolas
Cachoeira Com. Quilombola Tabuleiro da Vitória 18/12/2019 Quilombolas
Cachoeira Quilombo Caimbogo Velho 16/07/2019 Quilombolas
Cachoeira Terreiro Icimimó/Terra Vermelha 27/02/2019 Quilombolas
Guanambi, Caetité Com. Rio Grande/Fiol 18/03/2019 Pequenos proprietários
Guanambi, Caetité Com. Invernada/Fiol 18/03/2019 Pequenos proprietários
Caetité Com. Curral Velho/Fiol 18/03/2019 80 Pequenos proprietários
Cairu Moreré/Ilha de Boipeba 22/03/2019 Pescadores
Cairu São Francisco/Ilha de Boipeba 12/03/2019 Pescadores
Cairu Velha Boipeba/Ilha de Boipeba 12/03/2019 Pescadores
Cairu Monte Alegre/Ilha de Boipeba 22/03/2019 Pescadores
39
Com. Cova da Onça/São Sebastião/Ilha
Cairu 22/03/2019 190 Pescadores
de Boipeba/Vazamento de Óleo
Campo Alegre de Lourdes 8 Comunidades de Angico dos Dias 24/09/2019 Camponeses de fundo de pasto
Campo Alegre de Lourdes 8 Comunidades de Angico dos Dias 10/10/2019 400 Camponeses de fundo de pasto
Campo Formoso Comunidade Queimada da Lage 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Campo Formoso Comunidade Barreiros 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Campo Formoso Com. Santo Antônio 31/05/2019 80 Pequenos proprietários
Campo Formoso Comunidade Papagaio 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Campo Formoso Comunidade Ilhote 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Campo Formoso Com. Lagoa do Mato 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Campo Formoso Comunidade Tanque Novo 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Campo Formoso Com. Alagadiço de Borda da Mata 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Campo Formoso Comunidade Alvaçã 31/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Perímetro Irrigado Senador Nilo
Casa Nova 15/01/2019 Sem Terra
Coelho/Acamp. Irmã Dorothy
Perímetro Irrigado Senador Nilo
Casa Nova 17/06/2019 Sem Terra
Coelho/Acamp. Irani de Souza
Perímetro Irrigado Senador Nilo
Casa Nova 25/11/2019 60 Sem Terra
Coelho/Acamp. Irmã Dorothy
Casa Nova Riacho Grande/Ladeira Grande 11/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Com. de Areia Grande/Salininha/
Casa Nova Riacho Grande/Salina da Brinca/ 11/05/2019 1000 Camponeses de fundo de pasto
Jurema/Melancia/Salininha
Perímetro Irrigado Senador Nilo
Casa Nova 25/11/2019 175 Sem Terra
Coelho/Acamp. Irani de Souza
Casa Nova Comunidade de Cacimbas 15/10/2019 23 Camponeses de fundo de pasto
Cordeiros Comunidade Renegada 03/09/2019 34 Camponeses de fecho de pasto
Correntina Fecho de Pasto Capão do Modesto 28/04/2019 50 Camponeses de fecho de pasto
Correntina Comunidade Brejo Verde 17/11/2019 200 Camponeses de fecho de pasto
Correntina Comunidade Catolés 26/06/2019 Camponeses de fecho de pasto
Correntina Comunidade Catolés 03/12/2019 500 Camponeses de fecho de pasto
Correntina Comunidade Catolés 18/07/2019 Camponeses de fecho de pasto
Faz. Mutum Conjunto Cedro/Sítio
Belmonte, Eunápolis 02/07/2019 Sem Terra
Esperança
Faz. Mutum Conjunto Cedro/Sítio
Belmonte, Eunápolis 27/06/2019 Sem Terra
Esperança
Faz. Mutum Conjunto Cedro/Sítio
Belmonte, Eunápolis 20/07/2019 10 Sem Terra
Esperança
Eunápolis Fazenda Primavera 11/04/2019 60 Sem Terra
Feira de Santana Faz. Areias/Acamp. Cajueiro 27/08/2019 30 Sem Terra
Formosa do Rio Preto Com. Marinheiro/Condomínio Estrondo 13/12/2019 4 Camponeses de fundo de pasto
Com. Baixa Funda/Condomínio
Formosa do Rio Preto 31/01/2019 10 Camponeses de fundo de pasto
Estrondo
Formosa do Rio Preto Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 07/04/2019 Camponeses de fundo de pasto
Com. Aldeia/Mutamba/Condomínio
Formosa do Rio Preto 31/01/2019 25 Camponeses de fundo de pasto
Estrondo
Formosa do Rio Preto Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 17/08/2019 7 Camponeses de fundo de pasto
Com. Cacimbinha/Arroz/Condomínio
Formosa do Rio Preto 31/01/2019 22 Camponeses de fundo de pasto
Estrondo
Formosa do Rio Preto Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 30/05/2019 Camponeses de fundo de pasto
Formosa do Rio Preto Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 31/01/2019 Camponeses de fundo de pasto
Formosa do Rio Preto Com. Gatos/Condomínio Estrondo 31/01/2019 4 Camponeses de fundo de pasto
Com. Brejo do Tatu/Condomínio
Formosa do Rio Preto 31/01/2019 12 Camponeses de fundo de pasto
Estrondo
Com. Descanso/Mato do Meio/Retiro/
Gentio do Ouro Sacatruz/São Gonçalo/Gentio das 31/01/2019 35 Camponeses de fundo de pasto
Chagas/Silvério
Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 14/05/2019 120 Sem Terra
Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 26/04/2019 Sem Terra
Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 22/04/2019 Sem Terra
Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 27/04/2019 Sem Terra
Jacobina Pilões 30/10/2019 15 Posseiros
Barreiras, Eunápolis, Canudos, Área do Projeto de Irrigação Salitre/
25/11/2019 462 Sem Terra
Juazeiro, Itamaraju Acamp. Abril Vermelho
Barreiras, Eunápolis, Canudos, Área do Projeto de Irrigação Salitre/
17/06/2019 Sem Terra
Juazeiro, Itamaraju Acamp. Abril Vermelho
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Faz. Mariad I/Mariat/Projeto Curaçá/


Juazeiro 27/09/2019 56 Sem Terra
Acamp. Palmares
Assentamento Santo Antônio e São
Lajedinho 15/10/2019 20 Assentados
José
Salvador, Lauro de Freitas Com. Quilombola Quingoma 14/07/2019 Quilombolas
Salvador, Lauro de Freitas Com. Quilombola Quingoma 28/07/2019 Quilombolas
Salvador, Lauro de Freitas Com. Quilombola Quingoma 28/11/2019 578 Quilombolas
Maragogipe Com. Quilombola Girau Grande 22/03/2019 30 Quilombolas
Maragogipe Com. Quilombola Guerém 22/03/2019 33 Quilombolas
Maragogipe Com. Quilombola Tabatinga 22/03/2019 30 Quilombolas
Maragogipe Com. Quilombola Baixão do Guaí 22/03/2019 50 Quilombolas
Maragogipe Com. Quilombola Quinzanga/Quizanga 22/03/2019 30 Quilombolas
Maragogipe Com. Quilombola Porto de Pedra 22/03/2019 30 Quilombolas
Maragogipe Com. Quilombola Guaruçu/Guraçu 22/03/2019 33 Quilombolas
Com. Umbiguda/Fundo de Pasto da
Mirangaba 23/11/2019 90 Camponeses de fundo de pasto
COMTRAFP
Com. Paranazinho/Fundo de Pasto da
Mirangaba 23/11/2019 200 Camponeses de fundo de pasto
COMTRAFP
Com. Riacho/Fundo de Pasto da
Mirangaba 23/11/2019 50 Camponeses de fundo de pasto
COMTRAFP
Com. Mangabeira/Fundo de Pasto da
Mirangaba 30/03/2019 100 Camponeses de fundo de pasto
COMTRAFP
Muquém de São Francisco Com. Quilombola Fazenda Grande 21/03/2019 180 Quilombolas
Nilo Peçanha Barra dos Carvalhos 15/05/2019 Pescadores
Com. Quilombola Lagoa da Cruz/Lipari
Nordestina 14/03/2019 50 Quilombolas
Mineração
Com. Quilombola Lages das Cabras/
Nordestina 14/03/2019 33 Quilombolas
Lipari Mineração
Com. Quilombola Palha/Lipari
Nordestina 14/03/2019 65 Quilombolas
Mineração
Com. Quilombola Poças/Lipari
Nordestina 14/03/2019 30 Quilombolas
Mineração
Com. Quilombola Lagoa das Salinas/
Nordestina 14/03/2019 85 Quilombolas
Lipari Mineração
Com. Quilombola Caldeirão do Sangue/
Nordestina 14/03/2019 51 Quilombolas
Lipari Mineração
Com. Quilombola Caldeirão dos
Nordestina 14/03/2019 11 Quilombolas
Padres/Lipari Mineração
Com. Quilombola Lagoa dos Bois/Lipari
Nordestina 14/03/2019 55 Quilombolas
Mineração
Com. Quilombola Bom Sucesso/Lipari
Nordestina 14/03/2019 15 Quilombolas
Mineração
Com. Quilombola Tanque Bonito/Lipari
Nordestina 14/03/2019 11 Quilombolas
Mineração
Com. Quilombola Fumaça/Lipari
Nordestina 14/03/2019 42 Quilombolas
Mineração
Com. Quilombola Grotas/Lipari
Nordestina 14/03/2019 7 Quilombolas
Mineração
Itambé, Itaju do Colônia,
Itapetinga, Itabuna, Pau Brasil, T. I. Caramuru Catarina Paraguassu 14/03/2019 700 Indígenas
Canavieiras
Ponto Novo Acampamento União 05/12/2019 56 Sem Terra
Itapetinga, Potiraguá Fazenda Esmeralda 06/08/2019 30 Indígenas
T. I. Cahy-Pequi/Comexatiba/Aldeia
Prado 30/09/2019 75 Indígenas
Cahy/Mexatibá/Cumuruxatiba
T. I. Cahy-Pequi/Comexatiba/Aldeia
Prado 10/09/2019 Indígenas
Cahy/Mexatibá/Cumuruxatiba
Remanso Comunidade Salinas Grande 29/11/2019 45 Camponeses de fundo de pasto
Ribeirão do Largo Fazenda Guarani 15/10/2019 50 Indígenas
Santa Cruz Cabrália Faz. Tucum/Acamp. Nova Esperança 02/08/2019 55 Sem Terra
Ponta Grande/Aldeia Nova Coroa/
Santa Cruz Cabrália, Eunápolis, Itapororoca/Sarã Mirawê/Mirapé/Txihi
22/03/2019 350 Indígenas
Porto Seguro Kamayurá/Novos Guerreiros/T. I. Coroa
Vermelha
Santa Cruz Cabrália Faz. Tucum/Acamp. Nova Esperança 30/07/2019 Sem Terra
Aguada Poço de Dentro/Com. de
Santa Maria da Vitória 01/08/2019 40 Camponeses de fecho de pasto
Salobro
São Francisco do Conde Com. Quilombola Monte Recôncavo 11/01/2019 700 Quilombolas
Senhor do Bonfim Com. Barroca do Faleiro de Baixo 30/10/2019 51 Pequenos proprietários
41
Senhor do Bonfim Com. Barroca do Faleiro de Cima 30/10/2019 40 Posseiros
Sento Sé Comunidade Brejo de Dentro 21/02/2019 120 Camponeses de fundo de pasto
Santana, Tabocas do Brejo Velho, Larga da Porteira Santa Cruz/Luiz
15/03/2019 92 Camponeses de fecho de pasto
Baianópolis, Serra Dourada Martins/Torrada/Cachoeira/Cercado
Salvador, Simões Filho Com. Quilombola Rio dos Macacos 06/12/2019 43 Quilombolas
Com. São Domingos/Projetos de
Souto Soares 13/08/2019 Camponeses de fundo de pasto
Energia Eólica
Buerarema, Ilhéus, Eunápolis,
Ibicuí, Salvador, Itamaraju, Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 130 Indígenas
Itabuna, Olivença, Una
Camacan Faz. Guanabara/Com.Terra Sagrada 17/09/2019 25 Sem Terra

Subtotal: 130 9351

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe
Boa Vista do Tupim 14/06/2019 160 Sem Terra
Terra
Camamu Fazenda São Cosme 14/06/2019 150 Sem Terra
Faz. Mutum Conjunto Cedro/Sítio
Belmonte, Eunápolis 01/07/2019 10 Sem Terra
Esperança
Morada dos Pássaros/Região do Parque
Ilhéus 13/08/2019 15 Indígenas
de Olivença
Iramaia Fazenda Iracema 14/06/2019 150 Sem Terra
Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 13/05/2019 120 Sem Terra
Itapetinga, Potiraguá Fazenda Esmeralda 05/08/2019 30 Indígenas
Ribeirão do Largo Fazenda Guarani 13/10/2019 50 Indígenas

Subtotal: 8 685

Acampamentos
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Ruy Barbosa, Itaberaba Faz. Santa Maria/Acamp. Olga Benário 22/04/2019 120 Sem Terra

Subtotal: 1 120

Total conflitos por terra - Bahia: 139 9746

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Baianópolis Fazenda de Café 18/07/2019 18 Café
Ilhéus Fazenda Felicidade 15/10/2019 5 Cacau
Ipirá Faz. Santa Rita e Sussuarana 18/03/2019 4 2 Pecuária
Ribeirão do Largo Fazenda Guanabara 30/12/2019 3 3 Pecuária
Uruçuca Fazenda Campinheiro 30/12/2019 1 1 Cacau

Subtotal: 5 31

Total Conflitos Trabalhistas - Bahia: 5 31

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Colônia de Pescadores Z-24/ Uso e Destruição e ou
Alcobaça 06/11/2019
Vazamento de Óleo preservação poluição
Apropriação Diminuição do acesso à
Andaraí P. A. Rio Utinga 15/05/2019 68
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Andaraí Comunidade Pau de Colher 15/05/2019 50
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Andaraí Comunidade Nova Aliança 15/05/2019 23
Particular Água
Uso e Diminuição do acesso à
Andorinha Açude Itê/Mineradora Ferbasa 22/08/2019 52
preservação Água
Colônia de Pescadores Z-21/ Uso e Destruição e ou
Belmonte 15/11/2019
Vazamento de Óleo preservação poluição
Belmonte, Una, Arataca, Resex de Canavieiras/Com. de Uso e Não cumprimento de
30/09/2019 2300
Canavieiras Campinhos preservação procedimentos legais
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Com. Quilombola Vazante/Barragem Barragens e Ameaça de


Boninal, Piatã 16/07/2019 150
de Baraúnas Açudes expropriação
São Francisco do Paraguaçu/ Uso e Destruição e ou
Cachoeira 22/10/2019
Vazamento de Óleo preservação poluição
Pov. Barreiro/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí, Caetité 01/10/2019 33
Bamin preservação Água
Com. Flores/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Caetité 01/10/2019 21
Bamin preservação Água
Com. Araticum/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Caetité 01/10/2019 18
Bamin preservação Água
Com. Casa da Roda/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à
Caetité 01/10/2019 18
Ferro/Bamin preservação Água
Com. Rancho do Meio/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à
Caetité 01/10/2019 9
Ferro/Bamin preservação Água
Com. Olho d' Água dos Pires/Projeto Uso e Diminuição do acesso à
Caetité 01/10/2019 7
Pedra de Ferro/Bamin preservação Água
Uso e Diminuição do acesso à
Caetité Com. Curral Velho/Fiol 01/10/2019 50
preservação Água
Uso e Diminuição do acesso à
Caetité Com. João Barroca/Bamin/BML 01/10/2019 160
preservação Água
Com. Cova da Onça/São Sebastião/Ilha Uso e Destruição e ou
Cairu 05/11/2019
de Boipeba/Vazamento de Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Camaçari Jauá/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Camaçari Guarajuba/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Porto de Arembeque/Vazamento de Uso e Destruição e ou
Camaçari 14/10/2019
Óleo preservação poluição
Porto do Campo/Colônia de Pescadores Uso e Destruição e ou
Camamu 20/11/2019
Z-17/Vazamento de Óleo preservação poluição
Com. Boa Vista dos Pauzinhos/
Apropriação Impedimento de acesso
Campo Formoso Saquinho dos Pauzinhos/Algodões dos 13/12/2019 200
Particular à água
Pauzinhos/Vilas
Uso e Destruição e ou
Campo Formoso Comunidade Borda da Mata 31/05/2019
preservação poluição
Colônia de Pescadores Z-20/ Uso e Destruição e ou
Canavieiras 22/11/2019 625
Vazamento de Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Caravelas Praia de Iemanjá/Vazamento de Óleo 19/11/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Alcobaça, Caravelas, Nova Viçosa Resex Cassurubá 29/01/2019 1600
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Conde Poças/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Conde Sítio do Conde/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Conde Buri/Vazamento de Óleo 16/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Conde Barra do Itariri/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Jandaíra, Conde Siribinha/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Entre Rios Massarandupió/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Entre Rios Porto Sauípe/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Subaúma/Colônia Z-83/Vazamento de Uso e Destruição e ou
Entre Rios 14/10/2019
Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Esplanada Baixio/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Colônia de Pescadores Z-65/ Uso e Destruição e ou
Igrapiúna 10/11/2019
Vazamento de Óleo preservação poluição
Com. Quilombola Antas e Palmitos/ Uso e Não cumprimento de
Ipirá, Guanambi, Pindaí 01/10/2019 15
Bamin preservação procedimentos legais
Uso e
Iraquara Com. Quilombola Riacho do Mel 09/02/2019 180 Divergência
preservação
Uso e Destruição e ou
Itaberaba Com. Vila São Vicente 10/10/2019 4000
preservação poluição
Vila de Pescadores da Barra de Uso e Destruição e ou
Ituberá 26/10/2019
Serinhaém/Vazamento de Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Jandaíra, Salvador, Taperoá Mangue Seco/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
43
Uso e Destruição e ou
Jandaíra Pov. Abadia/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Jandaíra Pov. Coqueiro/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Jandaíra Pov. Costa Azul/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Apropriação Diminuição do acesso à
Lajedinho P. A. Biabas 15/05/2019 44
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Lajedinho P. A. Novo Horizonte 15/05/2019 26
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Lajedinho P. A. Nova Vida 15/05/2019 40
Particular Água
Uso e Destruição e ou
Lauro de Freitas Buraquinho/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Apropriação Diminuição do acesso à
Lençóis P. A. Padre Cícero 15/05/2019 25
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Lençóis P. A. Bela Flor 15/05/2019 25
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Lençóis Comunidade Estado 15/05/2019 48
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Lençóis Povoado São José 15/05/2019 70
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Lençóis P. A. Jaraguá 15/05/2019 30
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Lençóis P. A. Jaboticabal 15/05/2019 20
Particular Água
Uso e Destruição e ou
Mata de São João Itacimirim/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Mata de São João Imbassaí/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Mata de São João Porto Campinas/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Praia do Forte/Colônia Z-38/Vazamento Uso e Destruição e ou
Mata de São João 14/10/2019
de Óleo preservação poluição
Com. Queimada Grande/Fundo de Apropriação Impedimento de acesso
Mirangaba 19/12/2019 100
Pasto da COMTRAFP Particular à água
Uso e Destruição e ou
Mucuri Colônia Z-35/Vazamento de Óleo 12/12/2019
preservação poluição
Colônia de Pescadores Z-72/ Uso e Destruição e ou
Nilo Peçanha 25/10/2019
Vazamento de Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Nova Viçosa Colônia Z-29/Vazamento de Óleo 12/12/2019
preservação poluição
Rompimento de Barragens/Quati/Boa Barragens e Destruição e ou
Coronel João Sá, Pedro Alexandre 11/07/2019
Sorte/Lotero/Angico/Trapirá Açudes poluição
Com. Tábuas/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 5
Bamin preservação Água
Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí Com. Guirapá/Bamin/BML 01/10/2019 500
preservação Água
Com. Cachoeira de Cima/Projeto Pedra Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 17
de Ferro/Bamin preservação Água
Com. Cachoeira de Baixo/Projeto Pedra Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 30
de Ferro/Bamin preservação Água
Com. Pau Ferro/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 10
Bamin preservação Água
Com. Baixa Preta/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 19
Ferro/Bamin preservação Água
Com. Poço Comprido/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 27
Ferro/Bamin preservação Água
Com. Barriguda/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 33
Bamin preservação Água
Com. Barra dos Crioulos/Projeto Pedra Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 6
de Ferro/Bamin preservação Água
Com. Piripiri/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 5
Bamin preservação Água
Com. Paga Tempo/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 50
Ferro/Bamin preservação Água
Com. Açoita Cavalo/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019
Ferro/Bamin preservação Água
Com. Tapera/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 30
Bamin preservação Água
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Com. Novo Horizonte/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à


Pindaí 01/10/2019 30
Ferro/Bamin preservação Água
Com. Brejo/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 30
Bamin preservação Água
Com. Rega Pé/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 8
Bamin preservação Água
Com. Lagoa da Pedra/Projeto Pedra de Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 60
Ferro/Bamin preservação Água
Com. Vargem/Projeto Pedra de Ferro/ Uso e Diminuição do acesso à
Pindaí 01/10/2019 30
Bamin preservação Água
Uso e
Piripá Comunidade Bonito 05/06/2019 22 Divergência
preservação
Colônia de Pescadores Z-22/ Uso e Destruição e ou
Porto Seguro 26/11/2019 100
Vazamento de Óleo preservação poluição
Paraíso dos Pataxós/Aldeia Xandó/
Uso e Destruição e ou
Porto Seguro Bugigão/Outras Localidades/ 21/11/2019
preservação poluição
Vazamento de Óleo
Praia do Quati/Guaratiba/Centro/
Amendoeira/Praia do Rio/Assoc. de Uso e Destruição e ou
Prado 10/11/2019
Corumbau/Colônia do Prado/Assoc. de preservação poluição
Cumuruxatiba/Vazamento de Óleo
Salvador, Candeias, Madre de Território Quil. da Ilha de Maré/Porto de Uso e Destruição e ou
11/06/2019 1500
Deus Aratu preservação poluição
Colônia de Pescadores Z-04/Ilha de Uso e Destruição e ou
Salvador 19/12/2019
Maré/Vazamento de Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Santa Cruz Cabrália Distrito de Guaiú/Vazamento de Óleo 09/11/2019
preservação poluição
Com. Ribeirinha do Bairro 135/ Barragens e Não cumprimento de
São Félix 16/07/2019
Barragem Pedra do Cavalo Açudes procedimentos legais
Com. Pesqueira em Taperoá/ Uso e Destruição e ou
Taperoá 22/10/2019
Vazamento de Óleo preservação poluição
Com. de Pescadores de Guaibim/Praia Uso e Destruição e ou
Valença 23/11/2019
de Guaibim/Vazamento de Óleo preservação poluição
Apropriação Diminuição do acesso à
Wagner P. A. Lagoa Nova 15/05/2019 42
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Wagner Comunidade Retiro 15/05/2019 29
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Wagner Comunidade Pau Ferro 15/05/2019 10
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Wagner P. A. Rio Bonito 15/05/2019 43
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Wagner Assentamento São Sebastião 15/05/2019 92
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Wagner Comunidade Cachoeirinha 15/05/2019 140
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Wagner Comunidade Chamego 15/05/2019 15
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Wagner Comunidade Canta Galo 15/05/2019 10
Particular Água
Apropriação Diminuição do acesso à
Wagner Comunidade Pé de Serra 15/05/2019 30
Particular Água

Subtotal: 101 12930

Total dos Conflitos no Campo - Bahia: 245 Pessoas: 90735

Ceará
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Itapipoca P. A. Maceió 20/11/2019 338 Assentados
Mauriti, Fortaleza Faz. Gravatá/Acamp. Vida Nova 28/03/2019 30 Sem Terra
Pacatuba, Pacatuba, Maracanaú T. I. Pitaguary/Emp. Britaboa 31/01/2019 1150 Indígenas
Santana do Acaraú Faz. Canafístula/Acamp. 17 de Abril 11/08/2019 30 Sem Terra

Subtotal: 4 1548

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
45
Área da Mineradora Globest Participações
Quiterianópolis 14/06/2019 150 Sem Terra
Ltda.

Subtotal: 1 150

Total conflitos por terra - Ceará: 5 1698

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Marisqueiras de Pontal de Maceió e outras Uso e
Fortim, Aracati 27/11/2019 500 Destruição e ou poluição
Com./Vazamento de óleo preservação
Barragens e Impedimento de acesso
Arneiroz Pescadores do Açude de Arneiroz 29/11/2019
Açudes à água
Barragens e Impedimento de acesso
Parambu Pescadores do Açude de Parambu 29/11/2019
Açudes à água
Com. Bandarro/Globest Participações Uso e
Quiterianópolis 17/02/2019 75 Destruição e ou poluição
Ltda. preservação
Uso e
Quiterianópolis Com. Besouro/Globest Participações Ltda. 17/02/2019 Destruição e ou poluição
preservação
Barragens e Diminuição do acesso à
Quixadá Comunidade São Francisco/Açude Cedro 31/01/2019 17
Açudes Água
Barragens e
Tamboril Pescadores do Açude Carão 29/11/2019 50 Destruição e ou poluição
Açudes
Barragens e
Ubajara Ribeirinhos do rio Jaburu/Açude Granjeiro 16/03/2019 250 Ameaça de expropriação
Açudes

Subtotal: 8 892

Total dos Conflitos no Campo - Ceará: 13 Pessoas: 10360

Espírito Santo
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Vila Velha, Conceição da Barra, Com. Quilombola do Linharinho/
18/12/2019 48 Quilombolas
Vitória, Aracruz Aracruz
Fundão Assentamento Piranema 07/08/2019 50 Assentados
Nova Venécia Faz. Neblina/Acamp. Ondina 13/04/2019 Sem Terra
Nova Venécia Faz. Neblina/Acamp. Ondina 23/04/2019 70 Sem Terra
Vila Velha Fazenda na Barra do Jucu 25/09/2019 150 Sem Terra
Vila Velha Fazenda na Barra do Jucu 02/09/2019 Sem Terra
São Mateus, Conceição da Barra, Aracruz/Vila do Riacho/Caieiras Velhas/
22/01/2019 1200 Indígenas
Montanha, Aracruz Fibria/Votorantim/Tupiniquim

Subtotal: 7 1518

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Área em Palhal/Complexo-Gás-
Linhares 14/06/2019 100 Sem Terra
Químico/Petrobras
Pinheiros Área S 105/Margens da BR-101/Suzano 19/10/2019 50 Sem Terra

Subtotal: 2 150

Total conflitos por terra - Espírito Santo: 9 1668

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Fundão Sítio Nova Esperança 18/03/2019 1 1 Café

Subtotal: 1 1

Total Conflitos Trabalhistas - Espírito Santo: 1 1

ÁGUA
Conflitos pela Água
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação


Ald. Córrego d' Ouro/Olho d' Água/
Uso e
Pinheiros, Vitória, Aracruz Tupinikim/Guarani M'Bia/Mineradora 13/03/2019 950 Destruição e ou poluição
preservação
Samarco-Vale-BHP Billiton
Pescadores de Barra do Raicho/ Uso e
Aracruz 09/12/2019 12 Destruição e ou poluição
Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton preservação
Uso e Desconstrução do
Aracruz Coqueiral/Vazamento de Óleo 24/11/2019
preservação histórico-cultural
Uso e
Aracruz Localidade Putiry/Vazamento de Óleo 23/11/2019 Destruição e ou poluição
preservação
Uso e
Aracruz Praia Formosa/Vazamento de Óleo 11/11/2019 Destruição e ou poluição
preservação
T. I. Comboios/Mineradora Samarco- Barragens e Não cumprimento de
Baixo Guandu, Aracruz 13/03/2019
Vale-BHP Billiton Açudes procedimentos legais
Com. Ribeirinha Mascarenhas/ Uso e
Baixo Guandu 13/03/2019 300 Destruição e ou poluição
Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton preservação
Ilha das Orquídeas/Rio Doce/ Barragens e
Baixo Guandu 13/03/2019 1 Destruição e ou poluição
Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton Açudes
Várias Com. Ribeirinhas do Rio Doce/ Uso e
Colatina, Vitória, Linhares, Serra 13/03/2019 116 Destruição e ou poluição
Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton preservação
Uso e
Conceição da Barra Praia Guaxindiba/Vazamento de Óleo 18/11/2019 Destruição e ou poluição
preservação
Uso e
Conceição da Barra Praia de Guriri/Vazamento de Óleo 21/12/2019 Destruição e ou poluição
preservação
Vila de Itaúnas/Parque Est. de Itaúnas/ Uso e
Conceição da Barra 13/11/2019 Destruição e ou poluição
Aracruz Celulose/Vazamento de Óleo preservação
Uso e
Conceição da Barra Praia Pontal do Sul/Vazamento de Óleo 16/11/2019 Destruição e ou poluição
preservação
Com. Indígena de Areal/Botocudos/
Uso e
Linhares Tupinikim/Comboios/Petrobras/ 28/10/2019 200 Destruição e ou poluição
preservação
Vazamento de Óleo
Com. das Praias de Barra Seca e
Barragens e
São Mateus, Linhares Urussuquara/Transpetro/Petrobras/ 13/03/2019 375 Destruição e ou poluição
Açudes
Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton
Barra do Riacho/Barra do Sahy/
Barragens e
Linhares Mineradora Samarco/Superporto 13/03/2019 120 Destruição e ou poluição
Açudes
Manabi
Com. de Regência/Mineradora Uso e
Linhares 13/03/2019 60 Destruição e ou poluição
Samarco-Vale-BHP Billiton preservação
Balneário de Povoação/Mineradora Barragens e
Linhares 13/03/2019 155 Destruição e ou poluição
Samarco-Vale-BHP Billiton Açudes
Com. Degredo/Mineradora Samarco- Barragens e
Linhares 13/03/2019 175 Destruição e ou poluição
Vale-BHP Billiton Açudes
Pontal do Ipiranga/Mineradora Barragens e
Linhares 13/03/2019 220 Destruição e ou poluição
Samarco-Vale-BHP Billiton Açudes
Lagoa Monsarás/Rompimento da
Barragens e
Linhares Barragem da Samarco-Vale-BHP 13/03/2019 190 Destruição e ou poluição
Açudes
Billiton
Com. Nativo de Barra Nova/Mineradora Barragens e
São Mateus 25/04/2019 27 Destruição e ou poluição
Samarco-Vale-BHP Billiton Açudes
Campo Grande/Barra Nova/Mineradora
Uso e
São Mateus Samarco-Vale-BHP Billiton/Vazamento 08/11/2019 50 Destruição e ou poluição
preservação
de Óleo
Campo Grande/Barra Nova/Mineradora
Barragens e
São Mateus Samarco-Vale-BHP Billiton/Vazamento 13/03/2019 Destruição e ou poluição
Açudes
de Óleo
Uso e
São Mateus Praia do Bosque/Vazamento de Óleo 18/11/2019 Destruição e ou poluição
preservação
Com. Ilha Preta/Mineradora Samarco- Barragens e
São Mateus 13/03/2019 70 Destruição e ou poluição
Vale-BHP Billiton Açudes
Faz. Ponta/Mineradora Samarco-Vale- Barragens e
São Mateus 13/03/2019 27 Destruição e ou poluição
BHP Billiton Açudes
Com. São Miguel/Mineradora Samarco- Barragens e
São Mateus 13/03/2019 11 Destruição e ou poluição
Vale-BHP Billiton Açudes
Com. Gameleira/Mineradora Samarco- Barragens e
São Mateus 13/03/2019 75 Destruição e ou poluição
Vale-BHP Billiton Açudes
Barragens e
São Mateus Com. Ferrugem/Mineradora Samarco 13/03/2019 105 Destruição e ou poluição
Açudes
Patrimônio da Lagoa/Rio Doce/ Uso e
Sooretama 15/07/2019 25 Destruição e ou poluição
Mineradora Samarco-Vale-BHP Billiton preservação
47
Com. da Praia do Suá/Foz do Rio Doce/
Barragens e
Serra, Vitória Rompimento da Barragem da 13/03/2019 125 Destruição e ou poluição
Açudes
Samarco-Vale-BHP Billiton

Subtotal: 32 3389

Total dos Conflitos no Campo - Espírito Santo: 42 Pessoas: 20229

Goiás
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Alto Paraíso de Goiás Faz. Esusa/Reserva Ambiental/PDS 31/12/2019 53 Assentados
Faz. Agropastoril Dom Inácio "João de
Anápolis 15/03/2019 Sem Terra
Deus"
Faz. Agropastoril Dom Inácio "João de
Anápolis 01/04/2019 100 Sem Terra
Deus"
Assent. Oziel de Baliza/Córrego Meia
Baliza 02/07/2019 15 Assentados
Lua
Acamp. Recanto da Paz/Fazenda Sete
Bom Jesus de Goiás 13/05/2019 13 Sem Terra
Irmãos/Grupo Filmaro/Us. Goiasa
Faz. Boa Sorte/Palmeiras do Maranhão/
Campinaçu 11/06/2019 1 Posseiros
Córrego da Vaca
Campinaçu Fazenda Veredas 18/12/2019 1 Posseiros
Catalão Comunidade Macaúba/Vale 20/07/2019 30 Pequenos proprietários
Com. Mata Preta/Coqueiros/Macaúba/
Catalão 28/11/2019 40 Pequenos proprietários
Chapadão/Mosaic/Cmoc/Vale
Cavalcante, Monte Alegre de Goiás Com. Engenho II/Quilombo Kalunga 19/06/2019 250 Quilombolas
Com. Vão de Almas/Hidrelétrica Santa
Cavalcante, Monte Alegre de Goiás 26/09/2019 600 Quilombolas
Mônica/Kalunga
Com. Quilombola São Domingos/Tatu/
Cavalcante 18/11/2019 70 Quilombolas
São José/Mineradora Brazman/Zeus
Corumbá de Goiás Centro de Formação Santa Dica 20/02/2019 Sem Terra
Assent. Vale do Macacão/Rio Paranã/
Flores de Goiás 07/12/2019 5 Assentados
Rio Praim/Rio Macaquinho
Flores de Goiás Assentamento São Vicente 07/12/2019 400 Assentados
Guapó, Palmeiras de Goiás,
Faz. Palmeiras/Assent. Canudos 02/01/2019 450 Assentados
Campestre de Goiás
Faz. Buriti/Corumbá Velho/Pré-Assent.
Ipameri 30/04/2019 Assentados
Ana Ferreira
Faz. Buriti/Corumbá Velho/Pré-Assent.
Ipameri 17/04/2019 Assentados
Ana Ferreira
Faz. Ouro Verde/Acamp. José Belmiro/
Catalão, Ipameri 20/09/2019 33 Sem Terra
Olga Benário
Faz. Buriti/Corumbá Velho/Pré-Assent.
Ipameri 30/05/2019 25 Assentados
Ana Ferreira
Itaberaí Assentamento Dom Fernando 07/11/2019 54 Assentados
Jaupaci Fazenda em Jaupaci 10/09/2019 46 Sem Terra
Minaçu Comunidade do Carmo 10/12/2019 5 Posseiros
Com. Minas Boa Vista/Olaria/
Morro Agudo de Goiás 30/11/2019 30 Pequenos proprietários
Mineradora Mosaic/CMOC
Piranhas P. A. Nascente de São Domingos 30/08/2019 2 Assentados
Faz. Itauna/Empresa Igarashi/Córrego
Planaltina 31/10/2019 3 Assentados
Lapinha
Goiânia, Crixás, Formosa, Bom
Jardim de Goiás, Goiás, Santa Helena
Usina Santa Helena 10/09/2019 800 Sem Terra
de Goiás, Mozarlândia, Rio Verde,
Ipameri
Silvânia Assent. São Sebastião da Garganta 07/12/2019 200 Sem Terra

Subtotal: 28 3226

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Faz. Agropastoril Dom Inácio "João de
Anápolis 13/03/2019 100 Sem Terra
Deus"

Subtotal: 1 100
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Total conflitos por terra - Goiás: 29 3226

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Uso e Diminuição do acesso à
Iporá, Arenópolis P. A. José Elton da Silva/Rio Caiapó 30/08/2019 5
preservação Água
Uso e Diminuição do acesso à
Caiapônia Fazenda Nossa Senhora Aparecida 30/08/2019
preservação Água
Com. Levantado/Salina/Belo/Córrego Apropriação Diminuição do acesso à
Iaciara 18/09/2019 30
Brejo do Fogo Particular Água
Faz. Buriti/Corumbá Velho/Pré-Assent. Uso e Destruição e ou
Ipameri 17/04/2019 25
Ana Ferreira preservação poluição
Comunidade João de Deus/Boa Vista Uso e Diminuição do acesso à
Silvânia 07/12/2019 45
dos Macacos/Lajes/Santa Rita preservação Água

Subtotal: 5 105

Total dos Conflitos no Campo - Goiás: 34 Pessoas: 13324

Maranhão
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Com. Quil. Araú Novo/Centro de
Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Vila Valdeci/Centro de
Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Porto do Aru/Centro de
Alcântara 27/05/2019 2 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Pacuri/Centro de
Alcântara 27/05/2019 19 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Mocajubal/Centro de
Alcântara 27/05/2019 27 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Galego/Centro de
Alcântara 27/05/2019 13 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Camarajó/Centro de
Alcântara 27/05/2019 2 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Vista Alegre/Centro de
Alcântara 27/05/2019 32 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Retiro/Centro de
Alcântara 27/05/2019 3 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Brito/Centro de
Alcântara 27/05/2019 45 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Itapera/Centro de
Alcântara 27/05/2019 18 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Agrovila Só Assim/Centro de
Alcântara 04/07/2019 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Mamuninha/Centro de
Alcântara 27/05/2019 4 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Agrovila Ponta Seca/Centro de
Alcântara 04/07/2019 17 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Canelatiua/Centro de
Alcântara 27/05/2019 67 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Mato Grosso/Centro de
Alcântara 27/05/2019 7 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Agrovila Peru/Centro de Lançamento
Alcântara 04/07/2019 123 Quilombolas
de Alcântara
Agrovila Pepital/Centro de
Alcântara 04/07/2019 46 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Agrovila Cajueiro/Centro de
Alcântara 04/07/2019 59 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Santa Maria/Centro de
Alcântara 27/05/2019 138 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Folhal/Centro de
Alcântara 27/05/2019 30 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Mãe Eugênia/Centro de
Alcântara 27/05/2019 2 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Periaçu/Centro de
Alcântara 27/05/2019 26 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
49
Com. Quil. São João de Cortes/Centro
Alcântara 27/05/2019 151 Quilombolas
de Lançamento de Alcântara
Agrovila Espera/Centro de
Alcântara 04/07/2019 13 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Baracatatiua/Centro de
Alcântara 27/05/2019 11 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Agrovila Marudá/Centro de
Alcântara 04/07/2019 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Águas Belas/Cema/Centro
Alcântara 27/05/2019 2 Quilombolas
de Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Tacaua/Centro de
Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Rio Verde/Centro de
Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Ponta d' Areia/Centro de
Alcântara 27/05/2019 80 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Canavieira/Centro de
Alcântara 27/05/2019 5 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Bom Viver/Centro de
Alcântara 27/05/2019 8 Quilombolas
Lançamento de Alcântara
Com. Quil. Mamuna/Mamona/Centro
Alcântara 27/05/2019 80 Quilombolas
de Lançamento de Alcântara
Pov. Gostoso, Barro I e II, Pati, Bom
Aldeias Altas 25/12/2019 23 Posseiros
Sucesso/TG Agroindústria
Pov. Gostoso, Barro I e II, Pati, Bom
Aldeias Altas 20/12/2019 Posseiros
Sucesso/TG Agroindústria
Alto Alegre do Maranhão Com. Arame 25/06/2019 16 Assentados
Boa Vista do Gurupi, Junco do
Com. Vilela/Gleba Campina 14/09/2019 Posseiros
Maranhão, Amapá do Maranhão
Boa Vista do Gurupi, Junco do
Com. Vilela/Gleba Campina 30/07/2019 Posseiros
Maranhão, Amapá do Maranhão
Boa Vista do Gurupi, Junco do
Com. Vilela/Gleba Campina 16/09/2019 100 Posseiros
Maranhão, Amapá do Maranhão
Boa Vista do Gurupi, Junco do
Com. Vilela/Gleba Campina 23/08/2019 Posseiros
Maranhão, Amapá do Maranhão
Boa Vista do Gurupi, Junco do
Com. Vilela/Gleba Campina 22/03/2019 Posseiros
Maranhão, Amapá do Maranhão
Amarante do Maranhão T. I. Governador 03/10/2019 164 Indígenas
Bom Jesus das Selvas, Buriticupu,
Buritirana, Imperatriz, Amarante T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias
18/01/2019 Indígenas
do Maranhão, Pindaré-Mirim, Guajajara, Gavião e Guajá
Arame
Bom Jesus das Selvas, Buriticupu,
Buritirana, Imperatriz, Amarante T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias
30/09/2019 Indígenas
do Maranhão, Pindaré-Mirim, Guajajara, Gavião e Guajá
Arame
Bom Jesus das Selvas, Buriticupu,
Buritirana, Imperatriz, Amarante T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias
01/11/2019 1329 Indígenas
do Maranhão, Pindaré-Mirim, Guajajara, Gavião e Guajá
Arame
Amarante do Maranhão Comunidade Belo Monte 3 15/05/2019 35 Assentados
Anapurus Comunidade Formiga 26/02/2019 12 Posseiros
Anapurus Buritizinho 07/08/2019 Posseiros
Zé Doca, Centro Novo do
Maranhão, Maranhãozinho,
Araguanã, Araguanã, Centro do T. I. Alto Turiaçu 17/01/2019 360 Indígenas
Guilherme, Santa Luzia do Paruá,
Nova Olinda do Maranhão
Araioses Pau Ferrado 07/08/2019 74 Posseiros
Araioses Baixão da Subida 07/08/2019 Posseiros
Araioses Baixão das Vassouras 07/08/2019 Posseiros
Arari Com. Capim Açu 27/04/2019 Posseiros
Arari Com. Taboa/Búfalos 16/09/2019 Posseiros
Arari Com. Igarapé do Arari/Búfalos 16/09/2019 Posseiros
Arari Com. Félix/Búfalos 16/09/2019 Posseiros
Arari Com. Juncal II/Búfalos 16/09/2019 Posseiros
Com. Laranjeira Campo do Carmo I e
Arari 27/04/2019 Posseiros
II
Arari Com. Boca de Mel 27/04/2019 Posseiros
Arari Com. Moitas 27/04/2019 Posseiros
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Arari Cedro/Búfalos 28/02/2019 5 Posseiros


Arari, São Luís Com. Flexeiras/Búfalos 13/09/2019 Posseiros
Arari Com. Ilhota I/Búfalos 16/09/2019 Posseiros
Arari Com. Flexal 27/04/2019 Posseiros
Arari Com. Rabela/Búfalos 16/09/2019 Posseiros
Arari Com. Estiva/Búfalos 16/09/2019 Posseiros
Arari Povoado Mata 27/04/2019 Posseiros
Arari Com. Mutum II 27/04/2019 Posseiros
Arari Com. Passa Bem/Búfalos 16/09/2019 Posseiros
Bacabeira Pov. Santa Quitéria e Pequi 30/09/2019 700 Posseiros
Balsas P. A. Gado Bravinho 31/08/2019 21 Assentados
Balsas Baixa Funda 18/12/2019 34 Posseiros
Barra do Corda, Fernando Falcão,
T. I. Porquinhos 07/05/2019 169 Indígenas
Formosa da Serra Negra, Grajaú
Barreirinhas Andreza 07/08/2019 Posseiros
Barreirinhas Rio Grande dos Lopes 07/08/2019 Posseiros
Barreirinhas Passagem do Gado 07/08/2019 Posseiros
Barreirinhas Jurubeba 07/08/2019 Posseiros
Santo Amaro do Maranhão, Com. Tradicionais do Parque Nacional
26/02/2019 1375 Extrativistas
Barreirinhas, Primeira Cruz dos Lençóis Maranhenses
Barreirinhas Assentamento Mamede II 07/08/2019 60 Assentados
Brejo Quilombo Alto Bonito 22/05/2019 Quilombolas
Brejo Quilombo Alto Bonito 25/10/2019 46 Quilombolas
Com. Quilombola Saco das Almas/Vila
Buriti, Brejo 17/04/2019 1859 Quilombolas
das Almas
Buriti Areias 07/08/2019 Posseiros
Buriti Comunidade Brejão 25/09/2019 30 Pescadores
Buriti Povoado Carrancas 07/08/2019 12 Posseiros
Chapadinha Com. Quilombola Barro Vermelho 07/08/2019 26 Quilombolas
Chapadinha Pov. Sangue/Chapada do Sangue 07/08/2019 36 Posseiros
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 05/07/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 07/12/2019 12 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 01/11/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 28/10/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 24/10/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 15/07/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 29/03/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 03/05/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 20/05/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 22/10/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 22/09/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 04/04/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do
Formosa da Serra Negra 29/06/2019 Posseiros
Bacuri/Gl. São José/Data Alegre
T. I. Bacurizinho/Aldeias Kamihaw
Grajaú 03/10/2019 915 Indígenas
Guajajara/Nazaré/Pedra/Planalto
T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/
Grajaú, Jenipapo dos Vieiras, Barra
Coquinho II/Ilha de São Pedro/Silvino/ 03/10/2019 Indígenas
do Corda
Mussun/Nova Vitoriano
Grajaú, Itaipava do Grajaú T. I. Urucu-Juruá 03/10/2019 208 Indígenas
T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/
Grajaú, Jenipapo dos Vieiras, Barra
Coquinho II/Ilha de São Pedro/Silvino/ 07/12/2019 1127 Indígenas
do Corda
Mussun/Nova Vitoriano
Igarapé do Meio Vila Diamante/P. A. Jutaí/Vale 27/04/2019 400 Assentados
51
Jenipapo dos Vieiras, Itaipava do T. I. Lagoa Comprida/Aldeias Leite/
12/02/2019 Indígenas
Grajaú Decente
Jenipapo dos Vieiras, Itaipava do T. I. Lagoa Comprida/Aldeias Leite/
07/12/2019 201 Indígenas
Grajaú Decente
Itapecuru Mirim Povoado Cheiroso 27/08/2019 20 Posseiros
Itapecuru Mirim Com. Quilombola Colombo 19/12/2019 45 Quilombolas
T. Q. Sta. Rosa dos Pretos/Barreira
Itapecuru Mirim, Miranda do Norte,
Funda/Alto São João e Outros/ 23/10/2019 800 Quilombolas
São Luís
Duplicação BR-135
Itinga do Maranhão Acamp. Marielle Franco 30/07/2019 152 Sem Terra
Luís Domingues, São Luís Gleba Negra Velha 18/12/2019 50 Posseiros
Matinha Comunidade Patos 30/04/2019 Pescadores
Território Sesmaria do Jardim/
Matinha, São Luís 13/01/2019 65 Quilombolas
Quilombo São Caetano
Território Sesmaria do Jardim/
Matinha 13/01/2019 58 Quilombolas
Quilombo Bom Jesus
Matinha Povoado Salva Terra 02/08/2019 Pescadores
Com. Tanque de Rodagem/São João/
Matões 02/04/2019 100 Quilombolas
Faz. Castiça
Matões do Norte Com. Quilombola Lago do Coco 24/09/2019 30 Quilombolas
Matões do Norte Com. Quilombola Lago do Coco 09/07/2019 Quilombolas
Milagres do Maranhão Borrachudo 07/08/2019 Posseiros
Miranda do Norte T. Q. Joaquim Maria 28/10/2019 14 Quilombolas
Amarante do Maranhão, Montes
T. I. Krikati 12/06/2019 254 Indígenas
Altos, Sítio Novo, Lajeado Novo
Paço do Lumiar Parque Guarujá III 16/01/2019 100 Posseiros
Parnarama Com. Quilombola Cocalinho 02/04/2019 152 Quilombolas
Parnarama, São Luís Pov. Guerreiro/Faz. Cana Brava 30/07/2019 Quilombolas
Parnarama, São Luís Pov. Guerreiro/Faz. Cana Brava 04/08/2019 80 Quilombolas
Paulino Neves Comunidade Água Riquinha 28/08/2019 Posseiros
Com. Quilombola Salgado/Território
Pirapemas, Coroatá 14/11/2019 240 Quilombolas
Aldeia Velha/11 Comunidades
Com. Quilombola Salgado/Território
Pirapemas, Coroatá 14/08/2019 Quilombolas
Aldeia Velha/11 Comunidades
Com. Quilombola Salgado/Território
Pirapemas, Coroatá 31/07/2019 Quilombolas
Aldeia Velha/11 Comunidades
Santa Inês, Santa Inês Acampamento Bananal 23/07/2019 Sem Terra
Santa Inês Com. Quilombola no Povoado Onça 08/11/2019 Quilombolas
Santa Quitéria do Maranhão Vertentes 07/08/2019 80 Posseiros
Santa Quitéria do Maranhão,
Com. Quilombola Barra da Onça 07/08/2019 260 Quilombolas
Santa Inês
Santa Quitéria do Maranhão Com. Baixão da Coceira 07/08/2019 70 Posseiros
Santa Quitéria do Maranhão Cabeceira da Tabatinga 07/08/2019 35 Posseiros
Santa Rita Pov. Sítio do Meio 27/04/2019 45 Posseiros
Santa Rita Com. Outeiro dos Pires 27/04/2019 120 Posseiros
São Benedito do Rio Preto Santo Antônio 12/06/2019 53 Posseiros
São Benedito do Rio Preto Faz. Guarimã/Data Cumbre 07/08/2019 12 Posseiros
São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 05/06/2019 Indígenas
São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 10/04/2019 Indígenas
São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 06/09/2019 Indígenas
São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 26/10/2019 Indígenas
São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 30/07/2019 Indígenas
São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 05/11/2019 60 Indígenas
São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 02/09/2019 Indígenas
São Luís Comunidade Cajueiro 09/05/2019 Assentados
São Luís Com. Vila Maranhão 30/04/2019 50 Pequenos proprietários
São Luís Comunidade Cajueiro 12/08/2019 500 Assentados
São Luís Com. Residencial Natureza 25/09/2019 20 Posseiros
São Luís Com. Residencial Natureza 04/07/2019 Posseiros
São Luís Gonzaga do Maranhão Quilombo Monte Alegre 15/08/2019 Quilombolas
São Luís Gonzaga do Maranhão Quilombo Monte Alegre 27/08/2019 200 Quilombolas
São Luís Gonzaga do Maranhão Quilombo Monte Alegre 24/07/2019 Quilombolas
São Luís, Senador La Rocque,
Faz. Cipó Cortado/Rolete/Assent. Cipo
Imperatriz, Amarante do 07/05/2019 140 Assentados
Cortado
Maranhão, João Lisboa
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

São Luís, Serrano do Maranhão Com. Açude/Iteno/Vista Alegre 10/06/2019 Quilombolas


São Luís, Serrano do Maranhão Com. Açude/Iteno/Vista Alegre 18/08/2019 32 Quilombolas
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/
Timbiras Jaqueira/Cavalo Morto/São Carlos/São 13/08/2019 Posseiros
Lourenço/Poço do Boi
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/
Timbiras Jaqueira/Cavalo Morto/São Carlos/São 30/03/2019 Posseiros
Lourenço/Poço do Boi
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/
Timbiras Jaqueira/Cavalo Morto/São Carlos/São 15/08/2019 Posseiros
Lourenço/Poço do Boi
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/
Timbiras Jaqueira/Cavalo Morto/São Carlos/São 19/08/2019 200 Posseiros
Lourenço/Poço do Boi
Belágua, Urbano Santos Estiva do Cangati 07/08/2019 30 Posseiros
Urbano Santos Comunidade São Raimundo 07/08/2019 36 Posseiros
Urbano Santos Capãozinho 07/08/2019 Posseiros
Vargem Grande, São Bernardo,
Cantanhede, Itapecuru Mirim, Com. Quilombola de Santa Maria 26/02/2019 80 Quilombolas
Urbano Santos
Urbano Santos Com. Santa Rosa/Bacabal 07/08/2019 60 Posseiros
Viana, São Luís Pov. de Bahias/Santero/Povo Gamella 23/08/2019 250 Indígenas
Zé Doca Povoado Centro do Totó 18/12/2019 Liderança
Grajaú, Zé Doca, Turiaçu, Bom
Jardim, São João do Carú, Área Indígena Awá - Guajá 17/01/2019 90 Indígenas
Carutapera
Alto Alegre do Pindaré, Bom
T. I. Caru 17/01/2019 100 Indígenas
Jardim, São João do Carú
Sucupira do Norte, São Domingos
do Azeitão, Formosa da Serra
Negra, São Raimundo das
Parque Estadual do Mirador 25/06/2019 260 Posseiros
Mangabeiras, Fernando Falcão,
Mirador, Loreto, São Félix de
Balsas

Subtotal: 173 15342

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
São José de Ribamar, São Luís Com. Tremembé do Engenho 10/01/2019 60 Indígenas

Subtotal: 1 60

Total conflitos por terra - Maranhão: 174 15342

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Balsas Pé de Pequi 30/12/2019 3 3 Carvoaria
Bom Jesus das Selvas Fazenda do Pipi 17/04/2019 3 Roçagem juquira
Buriti, Buriticupu Fazenda Minas Gerais 09/09/2019 22 Roçar juquira
Fortaleza dos Nogueiras Fazenda Macapá/Agronegócios 07/03/2019 2 Catar raízes
Fortaleza dos Nogueiras Fazenda Macapá 07/03/2019 22 29 1 Catar raízes
Governador Edison Lobão Fazenda VL 01/03/2019 1 1 Pecuária
Ribamar Fiquene Fazenda Maravilha 10/04/2019 6 5 1 Pecuária
Roçagem juquira e
Santa Luzia Fazenda Thâmia 13/05/2019 19 19 2
serviços gerais

Subtotal: 8 76

Total Conflitos Trabalhistas - Maranhão: 8 76

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Tutóia, São Luís, Santo Amaro do
Maranhão, Araioses, Alcântara, Vazamento de Óleo/Várias Uso e Destruição e ou
29/11/2019 1926
Barreirinhas, Cururupu, Paulino Localidades Atingidas preservação poluição
Neves
53
Forquilha I, II e III/Região do Matopiba/ Uso e Destruição e ou
Benedito Leite 22/11/2019 19
Ilha Veneza preservação poluição
Uso e
Nova Iorque Território Pesqueiro no Rio Parnaíba 17/10/2019 Divergência
preservação
Rompimento da Barragem do Rio
Barragens e Destruição e ou
Pinheiro Pericumã/28 Com. Ribeirinhas 11/02/2019
Açudes poluição
Atingidas
Apropriação Impedimento de acesso
Santa Helena Janubeira/Janaubeira/Bem Fica 31/08/2019 70
Particular à água

Subtotal: 5 2015

Total dos Conflitos no Campo - Maranhão: 187 Pessoas: 69504

Mato Grosso
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Água Boa T.I. Areões/Xavante 28/08/2019 336 Indígenas
Barão de Melgaço T. I. Baía dos Guató/Guató 10/01/2019 50 Indígenas
Barão de Melgaço Comunidade Retiro de São Bento 09/02/2019 100 Pequenos proprietários
Barra do Garças T.I. São Marcos/Xavante 01/03/2019 700 Indígenas
Barra do Garças, General Carneiro T.I. Merure 01/03/2019 164 Indígenas
Brasnorte T.I. Erikpatsá/Rikbaktsa 22/10/2019 169 Indígenas
Brasnorte T.I. Manoki 06/09/2019 63 Indígenas
Cuiabá, Brasnorte T.I. Irantxe/Manoki 06/09/2019 88 Indígenas
Nova Xavantina, Campinápolis T. I. Parabubure/Xavante 20/08/2019 955 Indígenas
Campo Novo do Parecis P. A. Rio Verde 28/05/2019 Assentados
Campo Novo do Parecis P. A. Rio Verde 12/06/2019 107 Sem Terra
Campo Novo do Parecis Fazenda Morro Azul 11/06/2019 48 Sem Terra
Gaúcha do Norte, Canarana T. I. Pequizal do Naruvôtu 16/08/2019 17 Indígenas
Castanheira Faz. Cristo Rey/Acamp. São Sebastião 17/04/2019 150 Sem Terra
Chapada dos Guimarães Gleba/Assent. Jangada Roncador 19/04/2019 278 Assentados
Colniza, Aripuanã Resex Guariba-Roosevelt 28/02/2019 Extrativistas
Área da Cooper-Roosevelt/P. A
Colniza 04/09/2019 Posseiros
Taquaruçu do Norte
Área da Cooper-Roosevelt/P. A
Colniza 09/09/2019 630 Posseiros
Taquaruçu do Norte
Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba
Colniza 12/01/2019 Posseiros
União
Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba
Colniza 19/02/2019 Posseiros
União
Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba
Colniza 15/01/2019 Posseiros
União
Área da Cooper-Roosevelt/P. A
Colniza 19/04/2019 Posseiros
Taquaruçu do Norte
Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba
Colniza 02/04/2019 Posseiros
União
Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba
Colniza 05/01/2019 Posseiros
União
Colniza, Aripuanã Resex Guariba-Roosevelt 31/03/2019 300 Extrativistas
Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba
Colniza 24/06/2019 Posseiros
União
Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba
Colniza 28/09/2019 340 Posseiros
União
Comodoro, Pontes e Lacerda T.I. Sararé/Pirineus de Souza 04/12/2019 47 Indígenas
Comodoro, Pontes e Lacerda T.I. Sararé/Pirineus de Souza 12/06/2019 Indígenas
Comodoro, Colniza T. I. Kawahiva do Rio Pardo 25/02/2019 17 Indígenas
Comodoro Agromehl Agropecuária S/A 15/05/2019 110 Sem Terra
Confresa P.A. Independente I 19/08/2019 279 Assentados
Cotriguaçu P. A. Juruena 30/06/2019 Assentados
Cotriguaçu P. A. Juruena 01/08/2019 Assentados
Cotriguaçu Fazenda Pau D'alho 20/09/2019 247 Sem Terra
Cotriguaçu P. A. Juruena 08/08/2019 468 Assentados
Faz. em Feliz Natal/Assoc. dos Trab.
Feliz Natal 01/08/2019 200 Sem Terra
Rurais Vale do Rio Ferro
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Tabaporã, Apiacás, Nova Canaã do T. I. Batelão/Apiacá- Kayabi/Ald.


17/09/2019 38 Indígenas
Norte, Juara, Paranaíta Kururuzinho//Muruvi/Dinossauro
Juína Gleba Rio Verde/Fazenda Esmeralda 24/09/2019 30 Sem Terra
Cuiabá, Juína Faz. Tarciana/Assent. Vale do Juinão 18/03/2019 133 Assentados
Nortelândia, Diamantino Faz. Barreirão/P.A. Raimundo Rocha 26/11/2019 150 Sem Terra
Cuiabá, Nossa Senhora do Sesmaria Boa Vida/Quilombo Mata
01/11/2019 418 Quilombolas
Livramento Cavalo/Mutuca
Com. Quilombola Jacaré de Cima/dos
Nossa Senhora do Livramento 18/09/2019 20 Quilombolas
Pretos
Cuiabá, Nossa Senhora do Sesmaria Boa Vida/Quilombo Mata
01/10/2019 Quilombolas
Livramento Cavalo/Mutuca
Com. de Brejal e outras/VM
Nossa Senhora do Livramento 14/10/2019 54 Pequenos proprietários
Mineração
Com. de Brejal e outras/VM
Nossa Senhora do Livramento 01/10/2019 Pequenos proprietários
Mineração
Nova Bandeirantes Gleba Japuranã/Faz. Japuranã 10/05/2019 382 Sem Terra
Faz. Acaraí e Matrinchã/Madeireira
Nova Bandeirantes 10/05/2019 43 Sem Terra
Juara/Gl. Japuranã
Nova Ubiratã, Paranatinga,
Marcelândia, Canarana, Gaúcha
Parque Indígena do Xingu 15/05/2019 1875 Indígenas
do Norte, São Félix do Araguaia,
Feliz Natal, Querência
Nova Ubiratã, Paranatinga,
Marcelândia, Canarana, Gaúcha
Parque Indígena do Xingu 30/04/2019 Indígenas
do Norte, São Félix do Araguaia,
Feliz Natal, Querência
Faz. Araúna/Acamp. Boa Esperança/
Novo Mundo 28/09/2019 Sem Terra
Gl. Nhandu
Gl. Nhandú/Faz. Recanto/5 Estrelas/
Novo Mundo 11/10/2019 141 Sem Terra
PDS Nova Conquista II
Faz. Araúna/Acamp. Boa Esperança/
Novo Mundo 31/10/2019 162 Sem Terra
Gl. Nhandu
Gl. Nhandú/Faz. Recanto/5 Estrelas/
Novo Mundo 09/05/2019 Sem Terra
PDS Nova Conquista II
Gl. Nhandú/Faz. Recanto/5 Estrelas/
Novo Mundo 16/07/2019 Assentados
PDS Nova Conquista II
Paranaíta Fazenda Vitória 05/03/2019 129 Sem Terra
Paranaíta Assentamento São Pedro II 25/02/2019 32 Sem Terra
Paranatinga Fazenda Itália/Capital 28/02/2019 260 Sem Terra
Paranatinga, Planalto da Serra T.I. Bakairi/Aldeia Pakuera/Paxola 07/11/2019 184 Indígenas
Peixoto de Azevedo Fazenda Serra Dourada II 04/11/2019 150 Sem Terra
Peixoto de Azevedo Fazenda Serra Dourada II 17/04/2019 Sem Terra
Nova Guarita, Colíder, Peixoto de
Gleba do Gama/Lt.12/P. A. Renascer 29/07/2019 39 Posseiros
Azevedo
Poconé, Nossa Senhora do
Com. Quilombola São Gonçalo II 29/04/2019 19 Quilombolas
Livramento
Poxoréo, Rondonópolis T.I. Jarudore/Bóe-Bororo/Aldeia Nova 31/07/2019 25 Indígenas
Poxoréo, Rondonópolis T.I. Jarudore/Bóe-Bororo/Aldeia Nova 28/06/2019 Indígenas
Primavera do Leste Área pública em Primavera do Leste 19/03/2019 120 Sem Terra
Santa Terezinha, Confresa T. I. Urubu Branco/Tapirapé 31/07/2019 Indígenas
Santa Terezinha, Confresa, Vila Gl. Reunidas II/Faz. Santa Terezinha/
01/07/2019 300 Sem Terra
Rica Assoc. Novo Horizonte
Santa Terezinha, Confresa T. I. Urubu Branco/Tapirapé 19/08/2019 200 Indígenas
Santa Terezinha, Confresa T. I. Urubu Branco/Tapirapé 10/05/2019 Indígenas
Santo Afonso Fazenda Lagoa Bonita 24/01/2019 2000 Sem Terra
Santo Antônio do Leste T.I. Ubawawe/Xavante 29/08/2019 Indígenas
Santo Antônio do Leste T.I. Ubawawe/Xavante 12/09/2019 100 Indígenas
Santo Antônio do Leverger T.I. Tereza Cristina 02/08/2019 127 Indígenas
Santo Antônio do Leverger T.I. Tereza Cristina 21/03/2019 Indígenas
Cuiabá, São Félix do Araguaia,
T. I. Marãiwatsedé/Xavante/Faz. Suiá-
Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa 20/08/2019 225 Indígenas
Missu
Vista
Cuiabá, São Félix do Araguaia,
T. I. Marãiwatsedé/Xavante/Faz. Suiá-
Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa 21/01/2019 Indígenas
Missu
Vista
Cuiabá, São Félix do Araguaia,
T. I. Marãiwatsedé/Xavante/Faz. Suiá-
Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa 09/02/2019 Indígenas
Missu
Vista
55
Cuiabá, São Félix do Araguaia,
T. I. Marãiwatsedé/Xavante/Faz. Suiá-
Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa 08/07/2019 Indígenas
Missu
Vista
Tangará da Serra T.I Pareci/Faz.Valter Dantas 20/08/2019 230 Indígenas
Assent. Antônio Conselheiro/Faz.
Tangará da Serra 22/05/2019 877 Assentados
Tapirapuã
Conquista D'Oeste, Vila Bela da
T.I. Paukalirajausu 12/06/2019 29 Indígenas
Santíssima Trindade, Nova Lacerda
Água Boa, Barra do Garças,
T. I. Pimentel Barbosa/Xavante 20/08/2019 1000 Indígenas
Ribeirão Cascalheira, Canarana

Subtotal: 83 15355

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Campo Novo do Parecis Fazenda Morro Azul 28/02/2019 48 Sem Terra
Campo Novo do Parecis P. A. Rio Verde 31/01/2019 107 Sem Terra
Cotriguaçu Fazenda Pau D'alho 31/10/2019 247 Sem Terra

Subtotal: 3 402

Total conflitos por terra - Mato Grosso: 86 15346

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Barra do Garças Assentamento Brilhante 05/12/2019 2 2 Pecuária
Faz. Sonho Mineiro/Gleba Cruzeiro do
Itaúba 25/04/2019 2 2 Pecuária
Sul
Reserva do Cabaçal Fazenda do Itamar 22/05/2019 3 3 1 Pecuária
Santa Carmem Fazenda Santa Rita 18/10/2019 7 7 Soja
Carvoaria Juscelino/Carvoaria do
União do Sul 05/11/2019 2 2 Extração de madeira
Antônio

Subtotal: 5 16

Total Conflitos Trabalhistas - Mato Grosso: 5 16

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Com. Fátima do São Lourenço/PCH Barragens e Não cumprimento de
Juscimeira 11/04/2019
José Fernandes Açudes procedimentos legais
PCHs no Rio Teles Pires/PAC/UHE São Barragens e Diminuição do acesso à
Sinop, Paranaíta, Juara 22/07/2019 221
Manoel Açudes Água
Uso e Destruição e ou
Santo Antônio do Leverger Com. de Nova Varginha e Itapeva 05/06/2019 20
preservação poluição
UHE Sinop/Colônia de Pescadores Barragens e Destruição e ou
Sinop 05/02/2019 70
Z-16/PAC Açudes poluição

Subtotal: 4 311

Total dos Conflitos no Campo - Mato Grosso: 95 Pessoas: 62644

Mato Grosso do Sul


TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Nhanderu Marangatu/Fronteira/Morro
Campo Grande, Antônio João,
Alto/Ita BSB/Pequiri Sta. Creuza/ 21/10/2019 150 Indígenas
Mundo Novo, Dourados
Primavera/Pedro/Barra/Soberania
Aquidauana Faz. Água Branca/Território Agachi 01/08/2019 200 Indígenas
Miranda, Aquidauana, Campo
Faz. Esperança/T. I. Taunay Ipegue 02/03/2019 78 Indígenas
Grande
Faz. Yvu/Ivu/Tekoha Torapaso/Kunumi
Aquidauana, Caarapó Poty Vera/T. I. Dourados Amambai 30/08/2019 40 Indígenas
Peguá
Caarapó T. I. Guyraroká 12/08/2019 32 Indígenas
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Caarapó T. I. Guyraroká 06/03/2019 Indígenas


Faz. Santa Maria/Tekoha Toropaso/T. I.
Caarapó 30/08/2019 24 Indígenas
Dourados Amambai Peguá
Caarapó T. I. Guyraroká 09/08/2019 Indígenas
T. I. Pindo Roky/Itaguá/Retomada das
Caarapó Mães/Faz. Novilho/Nhandeva/T. I. 30/08/2019 150 Indígenas
Dourados Amambai Peguá
Caarapó T. I. Guyraroká 09/05/2019 Indígenas
Campo Grande Faz. Matinha/Acamp. Matinho 08/01/2019 45 Posseiros
Corumbá Com. Porto Esperança 11/11/2019 62 Ribeirinhos
Dois Irmãos do Buriti Acamp. às Margens da BR-262 30/04/2019 300 Sem Terra
Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 12/09/2019 Indígenas
Retomadas Avae’te e Aratikuty/
Dourados Imediações das Aldeias Bororo e 12/10/2019 Indígenas
Jaguapiru
Retomadas Avae’te e Aratikuty/
Dourados Imediações das Aldeias Bororo e 02/11/2019 Indígenas
Jaguapiru
Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 23/07/2019 Indígenas
Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 24/07/2019 Indígenas
Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 29/07/2019 Indígenas
Aldeias Bororo e Jaguapiru/Reserva
Campo Grande, Dourados 08/07/2019 3755 Indígenas
Indígena Dourados
Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 11/09/2019 Indígenas
Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 05/11/2019 45 Indígenas
Retomadas Avae’te e Aratikuty/
Dourados Imediações das Aldeias Bororo e 05/11/2019 30 Indígenas
Jaguapiru
Com. Apyka'y/Acamp. na BR-463/Km
Dourados 26/05/2019 5 Indígenas
10/Próximo à Faz. Serrana
Iguatemi, Japorã Faz. Glassuri/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 115 Indígenas
Iguatemi, Japorã Faz. Mato Sujo/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 102 Indígenas
Iguatemi, Japorã Faz. São Miguel/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 103 Indígenas
Iguatemi, Japorã Faz. Chaparral/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 250 Indígenas
Iguatemi, Japorã Faz. Paloma/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 105 Indígenas
Iguatemi, Japorã Faz. São José/T. I. Ivy Katu 01/03/2019 30 Indígenas
Japorã Faz. Remanso Guaçu/T. I. Ivy Katu 30/08/2019 250 Indígenas
Jardim Fazenda Roça Grande 27/03/2019 Indígenas
Paranhos T. I. Arroio Korá/Proteiro Corá 22/04/2019 101 Indígenas
Faz. Sto. Antônio da Nova Esperança/
Rio Brilhante 01/04/2019 45 Indígenas
Com. Laranjeira Nhanderu
Douradina, Itaporã, Dourados, T. I. Panambi/Acamp. Guyra Kambi’y/
14/06/2019 20 Indígenas
Campo Grande Gwyrakambiy

Subtotal: 35 6037

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Aquidauana Faz. Água Branca/Território Agachi 01/08/2019 200 Indígenas
Área na Região do Bolsão/Complexo
Inocência 13/05/2019 150 Sem Terra
Faz. Barraca e Sabiá

Subtotal: 2 350

Total conflitos por terra - Mato Grosso do Sul: 37 6187

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Aquidauana Fazenda Copabana 10/09/2019 9 9 Pecuária
Bela Vista Carvoaria na Fazenda Roseira 15/07/2019 1 Carvoaria
Bela Vista Fazenda Boa Vista 15/10/2019 7 7 Extração de madeira
Caracol Faz. Rodoserv IV/Faz. Rubi 03/10/2019 6 6 Pecuária
Corguinho Fazenda em Corguinho 08/08/2019 6 Pecuária
Porto Murtinho Fazenda Nova Paradouro 30/12/2019 9 9 Pecuária
Rochedo Fazenda São Judas Tadeu 11/04/2019 6 6 Carvoaria
57
Subtotal: 7 44

Total Conflitos Trabalhistas - Mato Grosso do Sul: 7 44

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Uso e Diminuição do acesso à
Amambai, Aquidauana Aldeia Limão Verde 05/03/2019
preservação Água
Hidrelétrica Porto Primavera/Sérgio Barragens e Não cumprimento de
Anaurilândia 15/05/2019
Motta Açudes procedimentos legais
Uso e Diminuição do acesso à
Corumbá Com. Antônio Maria Coelho 16/05/2019
preservação Água
Com. Porto dos Bispos/Assoc. de
Barragens e
Sonora Ribeirinhos do Rio Correntes/UHE 19/06/2019 200 Destruição e ou poluição
Açudes
Ponte de Pedra

Subtotal: 4 200

Total dos Conflitos no Campo - Mato Grosso do Sul: 48 Pessoas: 25592

Minas Gerais
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Abadia dos Dourados Fazenda Rio Preto 28/05/2019 12 Sem Terra
Faz. São Francisco/Acamp. Princesa
Almenara 05/07/2019 300 Sem Terra
do Vale
Faz. São Francisco/Acamp. Princesa
Almenara 28/02/2019 Sem Terra
do Vale
Com. Quilombola dos Luízes/
Belo Horizonte, Nova Lima 01/10/2019 30 Quilombolas
Construtora Patrimar
Com. Quilombola Vila Teixeira Soares/
Belo Horizonte 30/06/2019 16 Quilombolas
Bairro Santa Tereza
Jenipapo de Minas, Chapada do
Várias Comunidades Quilombolas do
Norte, Minas Novas, Berilo, 05/11/2019 60 Quilombolas
Jequitinhonha
Coronel Murta, Virgem da Lapa
Com. Parque da Cachoeira/Romp. da
Belo Horizonte, Brumadinho 25/01/2019 15 Pequenos proprietários
Barragem Mina do Feijão/Vale
Belo Horizonte, Campo do Meio, Faz. Ariadnópolis/Assent. Quilombo
19/07/2019 450 Sem Terra
Santo Antônio do Amparo Campo Grande
Faz. Piripa Campo Limpo/Us.
Canápolis 11/10/2019 55 Trabalhador Rural
Triaálcool/Grupo João Lyra
Faz. Germina/Us. Triaálcool/Grupo
Canápolis 11/10/2019 55 Trabalhador Rural
João Lyra
Faz. Norte América/Acamp. Recanto
Montes Claros, Capitão Enéas 29/01/2019 Sem Terra
das Águias
Faz. Norte América/Acamp. Recanto
Montes Claros, Capitão Enéas 11/12/2019 140 Sem Terra
das Águias
Faz. Norte América/Acamp. Recanto
Montes Claros, Capitão Enéas 23/01/2019 Sem Terra
das Águias
Tumiritinga, Montes Claros,
Felisburgo, Pirapora, Contagem,
Almenara, Juatuba, Santo Antônio
Acamp.Terra Prometida/Nova Alegria/
do Amparo, Uberlândia, Frei 10/11/2019 56 Sem Terra
Aliança
Inocêncio, Governador Valadares,
Belo Horizonte, Jequitinhonha,
Teófilo Otoni
Acamp. Beira Rio/Us. Destilaria Rio
Fronteira 15/09/2019 Sem Terra
Grande S/A
Acamp. Beira Rio/Us. Destilaria Rio
Fronteira 28/12/2019 138 Sem Terra
Grande S/A
Grão Mogol, Josenópolis, Belo Faz. Rio Rancho/Buriti Pequeno/Com.
03/07/2019 Geraizeiro
Horizonte Geraizeiros do Vale das Cancelas
Grão Mogol, Josenópolis, Belo Faz. Rio Rancho/Buriti Pequeno/Com.
20/10/2019 230 Geraizeiro
Horizonte Geraizeiros do Vale das Cancelas
Com. Quil. da Lapinha/Faz. Lagoa da
Matias Cardoso, Montes Claros 19/07/2019 170 Quilombolas
Lapinha
Matias Cardoso, Montalvânia, Belo Faz. 3J Mata do Japoré/Com. Olaria
09/07/2019 52 Sem Terra
Horizonte, Miravânia Barra do Mirador
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Matias Cardoso, Montalvânia, Belo Faz. 3J Mata do Japoré/Com. Olaria


25/01/2019 Sem Terra
Horizonte, Miravânia Barra do Mirador
Com. dos Mendes 10/ MIneradora
Muriaé 01/11/2019 6 Pequenos proprietários
CBA
Paracatu Fazenda Paiol 10/07/2019 96 Sem Terra
Pedras de Maria da Cruz Fazenda Arapuim 04/07/2019 300 Posseiros
Faz. Sta. Bárbara/Acamp. Bela Vista/
Rio Pardo de Minas 21/07/2019 30 Sem Terra
Replasa
Área de Valderce e Francisco/GAR
Romaria 30/06/2019 1 Pequenos proprietários
Mineração Com. Exp. Imp. S.A.
Sabinópolis Com. Quilombola Córrego Mestre 04/07/2019 52 Quilombolas
Salto da Divisa Com. Cabeceira do Piabanha 09/05/2019 Extrativistas
Salto da Divisa Com. Cabeceira do Piabanha 27/11/2019 Extrativistas
Salto da Divisa Com. Cabeceira do Piabanha 09/12/2019 8 Extrativistas
Teixeiras Com. São Pedro/Mineradora ZMM 27/08/2019 Pequenos proprietários
Uberlândia Fazenda Sobradinho 22/07/2019 34 Sem Terra

Subtotal: 32 2306

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Abadia dos Dourados Fazenda Rio Preto 07/03/2019 12 Sem Terra
Jenipapo de Minas, Chapada do
Várias Comunidades Quilombolas do
Norte, Minas Novas, Berilo, 05/11/2019 60 Quilombolas
Jequitinhonha
Coronel Murta, Virgem da Lapa

Subtotal: 2 72

Total conflitos por terra - Minas Gerais: 34 2306

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Buritizeiro Fazenda Agrícola Minas Norte 07/10/2019 47 42 Feijão
Campos Altos Fazenda Alvorada do Campo 11/08/2019 51 51 2 Café
Coração de Jesus Fazenda Alvação 11/02/2019 6 6 Carvoaria
Córrego Danta Fazenda Fetais 07/01/2019 4 4 Carvoaria
Diamantina Fazenda Riacho das Varas 20/03/2019 6 6 Carvoaria
Grão Mogol Fazendas São Francisco/Lamarão 09/07/2019 4 4 Carvoaria
Grão Mogol Fazenda Ribeirão Santana 11/02/2019 3 3 Carvoaria
Grão Mogol Fazenda Ribeirão das Piabanhas 11/02/2019 3 3 Carvoaria
Fazenda Santa Maria e São
Ibiá 12/11/2019 32 10 Carvoaria
Bartolomeu
Ibiá Fazenda Campo Alegre 12/11/2019 3 3 Carvoaria
Jacutinga Fazenda Nova Fronteira 30/12/2019 4 4 Café
Ninheira Fazenda Sapé Veredinha 23/04/2019 10 10 Eucalipto
Ninheira Carvoarias na Fazenda Tamboril 23/04/2019 23 23 1 None
Ouro Fino Fazenda Santa Fé 18/06/2019 17 17 Café
Cond. Empregadores Rurais Santa
Paracatu 03/05/2019 67 67 1 Milho
Maria Paracatuzinho
Patrocínio Fazenda Chapadão dos Borges 31/07/2019 12 12 Carvoaria
Piumhi Faz. da Onça/Atoleiro 30/09/2019 10 10 Eucalipto
Santa Rosa da Serra Fazenda Urucaia 25/05/2019 18 18 Café
Santa Rosa da Serra Faz. Aliança/Pov. do Cardoso 11/08/2019 8 8 Café
São Roque de Minas Faz. Cardão e Três Barras 30/09/2019 7 7 Eucalipto
São Roque de Minas Faz. Cardão e Três Barras 22/09/2019 21 7 Carvoaria
Taiobeiras Fazenda Curvel 22/10/2019 16 13 Carvoaria
Tapira Fazenda Tamboril/Seara 12/07/2019 5 5 Carvoaria
Turvolândia Faz. Varginha/Sítio Sonho Meu 04/07/2019 7 7 Café
Agrocol Agropecuária Comércio e
Uberaba 30/12/2019 8 6 Eucalipto
Participações Ltda

Subtotal: 25 392

Total Conflitos Trabalhistas - Minas Gerais: 25 392


59
ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Com. Goiabeira/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Acaiaca Barragem da Samarco/Vale/BHP 04/06/2019 25
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Sto. Antônio do Rio Doce e
Uso e Não cumprimento de
Aimorés Outros/Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Uso e Não cumprimento de
Alfenas Colônia de Pescadores de Alfenas 14/02/2019 365
preservação procedimentos legais
Com. Ribeirinha de Alpercata/
Uso e Não cumprimento de
Alpercata Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Socorro/Barragem Sul Superior/ Uso e Ameaça de
Barão de Cocais, Santa Bárbara 08/02/2019 125
Mina Gongo Soco/Vale preservação expropriação
Com. de Mandioca/Rompimento da
Uso e
Barra Longa Barragem da Samarco/Val/BHP 18/09/2019 20 Não reassentamento
preservação
Billiton
Com. Floresta/Rompimento da
Uso e
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 Não reassentamento
preservação
Billiton
Com. Ribeirinha de Barra Longa/
Uso e
Barra Longa Rompimento da Barragem da 10/02/2019 136 Divergência
preservação
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ocidente/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Vista Alegre/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Tanque/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. de Gesteira/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Barra Longa Barragem da Samarco-Vale-BHP 18/09/2019 20
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Onça/Rompimento da Barragem Uso e
Barra Longa 18/09/2019 Não reassentamento
Fundão/Samarco/Vale/BHP Billiton preservação
Com. Apago Fogo/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Jurumirim/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. São Gonçalo/Rompimento da
Uso e
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 Não reassentamento
preservação
Billiton
Com. Corvinas/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Barreto/Rompimento da
Uso e
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 Não reassentamento
preservação
Billiton
Com. Capela Velha/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Barra Longa Barragem Fundão/Samarco/Vale/BHP 27/12/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Ribeirinha de Belo Oriente/
Uso e Não cumprimento de
Belo Horizonte, Belo Oriente Rompimento da Barragem da 26/08/2019 200
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Rural dos Pintos/Rio Paraopeba/ Uso e Destruição e ou
Belo Vale 19/03/2019 25
Complexo Maré/Vale preservação poluição
Com. Quil. Boa Morte/Rio Paraopeba/ Uso e Destruição e ou
Belo Vale 04/02/2019
Complexo Maré/Vale preservação poluição
Com. Quil. Chacrinha dos Pretos e
Uso e Destruição e ou
Belo Vale Boa Sorte/Romp. Barragem Mina do 25/01/2019 60
preservação poluição
Feijão/Vale
Com. Rural dos Pintos/Rio Paraopeba/ Uso e Destruição e ou
Belo Vale 04/02/2019
Complexo Maré/Vale preservação poluição
Com. Ribeirinha de Citrolândia/
Uso e Destruição e ou
Betim Colônia Santana/Romp. da Barragem 25/01/2019
preservação poluição
Mina do Feijão/Vale
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Faz. Ponte Nova/Vinhático/Acamp. 2


Uso e Destruição e ou
Belo Horizonte, Betim, Juatuba de Julho/Romp. da Barragem Mina do 25/01/2019 50
preservação poluição
Feijão/Vale
Com. Rural do Cruzeiro/Romp.da Uso e Destruição e ou
Betim 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Colônia Vila Izabel/Romp. da Uso e Destruição e ou
Betim 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Com. de Bom Jesus do Galho/
Uso e Não cumprimento de
Bom Jesus do Galho Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Tejuco/Romp. da Barragem Mina Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Quil. Ribeirão/Rompimento da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com.Quil. Sesmaria/Romp. da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/10/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Quil. Córrego do Feijão/Romp. Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Quil. Marinhos/Romp. Barragem Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019 80
Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Sítio no Distrito Córrego do Feijão/ Uso e Destruição e ou
Brumadinho 01/02/2019 1
Mineração Ibireté Ltda preservação poluição
Com. Quil. Maçangano/Romp. da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Quil. Sapé/Romp. Barragem Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019 50
Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Mariana, Montes Claros, Januária,
Juatuba, Brumadinho, Congonhas, Com. Córrego do Feijão/Rompimento Uso e Destruição e ou
25/01/2019 350
Governador Valadares, Itabira, da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Belo Horizonte, Mário Campos
Com. Quil. Rodrigues/Rompimento da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Rural Caju/Romp. da Barragem Uso e Destruição e ou
Brumadinho 09/12/2019
Mina do Feijão preservação poluição
Com. Rural de Pires/Romp. da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019 70
Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Com. Rural de Cantagalo/Romp. da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Com. Rural Ponte das Almorreimas/ Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
Romp. da Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Com. Rural Ponte das Almorreimas/ Uso e Destruição e ou
Brumadinho 09/12/2019 200
Romp. da Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Com. Rural Caju/Romp. da Barragem Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
Mina do Feijão preservação poluição
Com. Rural Toca de Cima/Romp. da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Com. Rural Toca de Cima/Romp. da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 09/12/2019
Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Com. Rural Guaribas/Romp. da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Com. Rural Guaribas/Romp. da Uso e Destruição e ou
Brumadinho 09/12/2019
Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Brumadinho Assentamento Pastorinhas 25/01/2019 200
preservação poluição
Com. Ribeirinha de Bugre/
Uso e Não cumprimento de
Bugre Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. de Caratinga/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Caratinga Barragem da Samarco/Vale/BHP 18/09/2019 200
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Ribeirinha de Conselheiro Pena/
Uso e Não cumprimento de
Conselheiro Pena Rompimento da Barragem da 04/04/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha de Coronel
Uso e Não cumprimento de
Coronel Fabriciano Fabriciano/Rompimento da Barragem 18/09/2019
preservação procedimentos legais
da Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha de Córrego Novo/
Uso e Não cumprimento de
Córrego Novo Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Uso e Diminuição do acesso à
Cristália Reas. Santa Cruz II/UHE Irapé 09/09/2019 35
preservação Água
Uso e Diminuição do acesso à
Cristália Reas. Santa Cruz I/UHE Irapé 09/09/2019 35
preservação Água
61
Com. de Cachoeira do Choro/Romp. Uso e Destruição e ou
Curvelo 20/04/2019 700
da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Diogo de Vasconcelos, Mariana, Barragens e Não cumprimento de
Hidrelétrica de Fumaça 15/03/2019
Ouro Preto Açudes procedimentos legais
Com. Baixa Verde e Outros/
Uso e Não cumprimento de
Dionísio Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha de Fernandes
Uso e Não cumprimento de
Fernandes Tourinho Tourinho/Rompimento da Barragem 18/09/2019
preservação procedimentos legais
da Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha de Governador
Uso e Não cumprimento de
Governador Valadares Valadares/Rompimento da Barragem 18/09/2019
preservação procedimentos legais
da Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Geraizeiras Vale das Cancelas/
Grão Mogol, Belo Horizonte, Uso e Não cumprimento de
Mineroduto Vale do Rio Pardo/ 20/03/2019 1900
Araçuaí preservação procedimentos legais
Mineradora SAM
Com. Ribeirinha de Iapu/Rompimento
Uso e Não cumprimento de
Iapu da Barragem da Samarco/Vale/BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Ribeirinha de Ipatinga/
Uso e Não cumprimento de
Ipatinga Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Pinheiro/ArcelorMittal/Mina Uso e Ameaça de
Itatiaiuçu 04/07/2019 77
Serra Azul preservação expropriação
Com. Ribeirinha de Itueta/
Uso e Não cumprimento de
Itueta Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Veredeira Brejinho/APA Rio Apropriação Impedimento de acesso
Januária 18/10/2019
Pandeiros Particular à água
Com. Veredeira Barra do Tamboril/APA Uso e Impedimento de acesso
Januária 18/10/2019
Rio Pandeiros preservação à água
Com. Quil. Croatá/Rio São Francisco/
Uso e Destruição e ou
Januária Romp. da Barragem Mina do Feijão/ 10/06/2019 64
preservação poluição
Vale
Com. Veredeira Poções/APA Rio Apropriação Impedimento de acesso
Januária 18/10/2019
Pandeiros Particular à água
Com. Veredeira Cabeceira de Apropriação Impedimento de acesso
Januária 18/10/2019
Mocambinho Particular à água
Com. Geraizeiras/Grupo Plantar/ Apropriação Impedimento de acesso
Januária 18/10/2019
Grupo Rima Particular à água
Com. Veredeira Barra do Pindaibal/ Apropriação Impedimento de acesso
Januária 18/10/2019
APA Rio Pandeiros Particular à água
Com. Quil. Bananal/Romp. da Uso e Destruição e ou
Jeceaba 25/10/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Quil. Casinhas/Romp. da Uso e Destruição e ou
Jeceaba 25/10/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Quil. Tartária/Romp. da Uso e Destruição e ou
Jeceaba 25/10/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Quil. Mato Félix/Romp. da Uso e Destruição e ou
Jeceaba 25/10/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Quil. Machado/Romp. da Uso e Destruição e ou
Jeceaba 25/10/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Rural de Francelinos/Romp. da Uso e Destruição e ou
Juatuba 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. de Pescadores de Juatuba/
Uso e Destruição e ou
Juatuba Romp. da Barragem Mina do Feijão/ 25/01/2019
preservação poluição
Vale
Com. Rural Bairro Satélite/Romp. da Uso e Destruição e ou
Juatuba 25/01/2019
Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. de Pedras/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Mariana Barragem da Samarco/Vale-BHP 04/06/2019 75
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Ribeirinha de Águas Claras/
Uso e Não cumprimento de
Mariana Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Mariana, Tumiritinga, Ponte Nova,
Com. Bento Rodrigues/Rompimento
Barra Longa, Acaiaca, Governador Uso e
da Barragem da Samarco/Vale-BHP 10/09/2019 225 Divergência
Valadares, Belo Horizonte, Ouro preservação
Billiton
Preto, Paracatu
Com. Ponte do Gama/Rompimento da
Uso e Impedimento de acesso
Mariana Barragem Fundão/Samarco-Vale-BHP 18/09/2019
preservação à água
Billiton
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Com. de Cachoeira/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Mariana Barragem da Samarco/Vale-BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Camargos/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Mariana Barragem Fundão/Samarco-Vale-BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Cava Grande e Outras/
Uso e Não cumprimento de
Marliéria Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Quil. Coqueiro Espinho/Romp. Uso e Destruição e ou
Moeda 25/10/2019
da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Ribeirinha de Naque/
Uso e Não cumprimento de
Naque Rompimento da Barragem da 26/08/2019 40
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Complexo Rio do Peixe/Mineradora Uso e Ameaça de
Nova Lima 20/02/2019
ITM Vargem Grande-Vale preservação expropriação
Com. São Sebastião das Águas Uso e Ameaça de
Nova Lima 16/02/2019 50
Claras/Vale preservação expropriação
Com. Engenheiro Correira/Barragens Uso e Ameaça de
Ouro Preto 20/02/2019 8
Forquilha I, II e III/Vale preservação expropriação
Com. Paracatu de Baixo/Rompimento
Uso e
Paracatu da Barragem/Samarco/Vale-BHP 18/09/2019 80 Não reassentamento
preservação
Billiton
Com. Ribeirinha Córrego do Barro/
Uso e Destruição e ou
Pará de Minas Romp. da Barragem Mina do Feijão/ 20/05/2019 60
preservação poluição
Vale
Com. Quilombola de Pontinha/Romp. Uso e Destruição e ou
Paraopeba 17/07/2019 300
da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. de Pedra Corrida e Outras/
Uso e Não cumprimento de
Periquito Rompimento da Barragem da 18/09/2019 200
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha de Pingo d' Água/
Uso e Não cumprimento de
Pingo-d'Água Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Assentamento Queima Fogo/Romp. Uso e Destruição e ou
Pompéu 25/01/2019 35
da Barragem Mina do Feijão/Vale preservação poluição
Com. Ribeirinha de Raul Soares/
Uso e Não cumprimento de
Raul Soares Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
T. I. Krenak/Rompimento da Barragem Uso e Destruição e ou
Resplendor, Governador Valadares 18/09/2019 126
da Samarco/Vale/BHP Billiton preservação poluição
Com. Ribeirinha de Resplendor/
Uso e Não cumprimento de
Resplendor Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha Rio Casca/
Uso e Não cumprimento de
Rio Casca Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Santana do Deserto/
Uso e Não cumprimento de
Rio Doce Rompimento da Barragem da 18/09/2019 60
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Soberbo Velho/Novo Soberbo/
Uso e Não cumprimento de
Rio Doce UHE Candonga/Romp. da Barragem 18/09/2019 120
preservação procedimentos legais
da Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha Rio Doce/
Uso e Não cumprimento de
Rio Doce Rompimento da Barragem da 18/09/2019 220
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Uso e Diminuição do acesso à
Rio Pardo de Minas Com. Geraizeira do Moreira 01/04/2019
preservação Água
Miradouro, Muriaé, Rosário da Com. Ancorado/Belisário/Serra do Uso e Destruição e ou
13/08/2019
Limeira Brigadeiro/Mineradora CBA preservação poluição
Com. Tradicional Cigana/Área do Uso e Não cumprimento de
Belo Horizonte, Santa Bárbara 05/04/2019 15
Antigo Matadouro preservação procedimentos legais
Com. Ribeirinha Sta. Cruz do
Uso e Não cumprimento de
Santa Cruz do Escalvado Escalvado/Rompimento da Barragem 18/09/2019
preservação procedimentos legais
da Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. de Santana do Paraíso/
Uso e Não cumprimento de
Santana do Paraíso Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha de São Domingos do
Uso e Não cumprimento de
São Domingos do Prata Prata/Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Aldeia Naô Xohã/Povo Pataxó Hã Hã
Belo Horizonte, São Joaquim de Uso e Destruição e ou
Hãe/Romp. Barragem Mina do Feijão/ 25/01/2019
Bicas preservação poluição
Vale
63
Compl. Fazs. de Eike Batista/Acamp.
Pátria Livre/Zequinha/José Nunes/ Uso e Destruição e ou
São Joaquim de Bicas, Brumadinho 25/01/2019
Romp. da Barragem Mina do Feijão/ preservação poluição
Vale
Aldeia Naô Xohã/Povo Pataxó Hã Hã
Belo Horizonte, São Joaquim de Uso e Destruição e ou
Hãe/Romp. Barragem Mina do Feijão/ 02/09/2019 61
Bicas preservação poluição
Vale
Aldeia Naô Xohã/Povo Pataxó Hã Hã
Belo Horizonte, São Joaquim de Uso e Destruição e ou
Hãe/Romp. Barragem Mina do Feijão/ 06/07/2019
Bicas preservação poluição
Vale
Compl. Fazs. de Eike Batista/Acamp.
Pátria Livre/Zequinha/José Nunes/ Uso e Destruição e ou
São Joaquim de Bicas, Brumadinho 17/12/2019 1000
Romp. da Barragem Mina do Feijão/ preservação poluição
Vale
Com. Ribeirinha de São José da
Uso e Destruição e ou
São José da Varginha Varginha/Romp. da Barragem Mina do 02/05/2019 30
preservação poluição
Feijão/Vale
Com. Ribeirinha São José do Goiabal/
Uso e Não cumprimento de
São José do Goiabal Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha São Pedro dos Ferros/
Uso e Não cumprimento de
São Pedro dos Ferros Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Assent. Dom Orione/Romp. da Uso e Destruição e ou
Sarzedo 25/01/2019 39
Barragem Mina do Feijão preservação poluição
Com. Ribeirinha Sem Peixe/
Uso e Não cumprimento de
Sem-Peixe Rompimento da Barragem da 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Com. Ribeirinha de Sobrália/
Uso e Não cumprimento de
Periquito, Sobrália Rompimento da Barragem da 26/08/2019
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton
Uso e Diminuição do acesso à
Teixeiras Com. São Pedro/Mineradora ZMM 01/03/2019 50
preservação Água
Com. de Timóteo/Rompimento da
Uso e Não cumprimento de
Timóteo Barragem da Samarco/Vale/BHP 18/09/2019
preservação procedimentos legais
Billiton
Com. Lago do Cisne/Represa Três
Uso e Destruição e ou
Três Marias Marias/Rio São Francisco/Romp. da 31/12/2019 70
preservação poluição
Barragem Mina do Feijão
Com. Ribeirinha de Tumiritinga/
Uso e Não cumprimento de
Tumiritinga Rompimento da Barragem da 18/09/2019 500
preservação procedimentos legais
Samarco/Vale/BHP Billiton

Subtotal: 128 8352

Total dos Conflitos no Campo - Minas Gerais: 187 Pessoas: 43024

Pará
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Tomé-Açu, Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 650 Quilombolas
Altamira, Anapu, São Félix do
E. Eco. Terra do Meio/Serra do Pardo 20/08/2019 Sem Informação
Xingu
Área de Proteção Ambiental-APA
Altamira, São Félix do Xingu 20/08/2019 2000 Extrativistas
Triunfo do Xingu/Terra do Meio
Altamira, Senador José Porfírio T.I. Araweté/Aldeia Iagarapé 25/08/2019 117 Indígenas
Altamira, Novo Progresso Gleba Gorotire/Big Vale 23/10/2019 270 Sem Terra
Altamira, Novo Progresso Gleba Gorotire/Big Vale 02/09/2019 Sem Terra
T. I. Cachoeira Seca do Iriri/Índios
Altamira, Rurópolis, Uruará,
Arara/UHE Belo Monte/Belo Sun 03/01/2019 75 Indígenas
Medicilândia
Mineradora/PAC
Altamira, Senador José Porfírio T.I. Ituna/Itatá 30/08/2019 Indígenas
Altamira T.I. Baú/Kayapó 30/08/2019 47 Indígenas
Altamira, Senador José Porfírio T.I. Ituna/Itatá 28/02/2019 Indígenas
Agroindustrial e Comercial Palmira/
Anajás 18/02/2019 3 Ribeirinhos
Ribeirinhos do rio Mocoões
Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 09/12/2019 Sem Terra
Altamira, Vitória do Xingu, Anapu, T. I. Paquiçamba/Juruna/UHE Belo
26/02/2019 24 Indígenas
Senador José Porfírio Monte/PAC
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom


Anapu 08/12/2019 Sem Terra
Jesus e Berrante
Anapu Gl. Bacajá/Lt. 68/Mata Preta 10/11/2019 50 Sem Terra
Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom
Anapu 12/12/2019 80 Sem Terra
Jesus e Berrante
Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 04/12/2019 Sem Terra
Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 31/12/2019 41 Sem Terra
Gl. Bacajá/P. A. Pilão Poente II/
Anapu 07/08/2019 250 Sem Terra
Lote-69-71-73/Mata Preta
Anapu Gl. Manduacari/Lote 2 10/11/2019 40 Sem Terra
G. Belo Monte/PDS Virola Jatobá/L.
Anapu 10/11/2019 30 Sem Terra
108/ Milton Lemos
Anapu Gleba Belo Monte/Lote 126 10/11/2019 46 Sem Terra
G. Bacajá/PDS Esperança/L.
Anapu 10/11/2019 20 Sem Terra
59-60-61-62/ Júlio César
Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom
Anapu 10/11/2019 Sem Terra
Jesus e Berrante
Gleba Bacajá/PDS Esperança/
Belém, Anapu 10/11/2019 178 Assentados
Assassinato da Ir. Dorothy
Gleba Bacajá/PDS Esperança/
Belém, Anapu 19/09/2019 Assentados
Assassinato da Ir. Dorothy
Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom
Anapu 07/12/2019 Sem Terra
Jesus e Berrante
Gl. Bacajá/P. A. Pilão Poente II/
Anapu 20/02/2019 Sem Terra
Lote-69-71-73/Mata Preta
Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 31/07/2019 Sem Terra
Faz. Bom Sucesso/Acamp. Chico
Benevides 10/12/2019 90 Sem Terra
Mendes
Bom Jesus do Tocantins, Abel
Fazenda Gaúcha 23/09/2019 350 Sem Terra
Figueiredo
Faz. Boa Sorte/Faz. Liberdade/Acamp.
Breu Branco 30/05/2019 10 Sem Terra
Perpétuo Socorro
Belém, Cachoeira do Arari Com. Quil. de Gurupá 18/08/2019 200 Quilombolas
Acamp. Serra Dourada/Complexo São
Canaã dos Carajás 12/02/2019 300 Sem Terra
Luís/P. A. Carajás/Vale/Projeto S11D
Conceição do Araguaia Fazenda Pau Brasil 12/09/2019 40 Sem Terra
Fazenda Safita/Acamp. Vitória da
Conceição do Araguaia 31/07/2019 Sem Terra
União
Fazenda Safita/Acamp. Vitória da
Conceição do Araguaia 25/09/2019 Sem Terra
União
Conceição do Araguaia Fazenda Pau Brasil 02/09/2019 Sem Terra
Conceição do Araguaia Fazenda Capivara 31/01/2019 8 Sem Terra
Fazenda Safita/Acamp. Vitória da
Conceição do Araguaia 26/09/2019 50 Sem Terra
União
Conceição do Araguaia Fazenda Pau Brasil 09/08/2019 Sem Terra
Cumaru do Norte, Santa Maria das
Gleba 490 31/01/2019 80 Sem Terra
Barreiras
São Félix do Xingu, Cumaru do
Norte, Tucumã, Redenção, T. I. Kayapó 20/08/2019 907 Indígenas
Ourilândia do Norte
Eldorado do Carajás, Piçarra, Faz. Surubim/Acamp. Osmir Venuto
03/12/2019 250 Sem Terra
Curionópolis, Xinguara da Silva
Eldorado do Carajás Faz. Peruano/Acamp. Lourival Santana 01/02/2019 450 Sem Terra
Eldorado do Carajás Fazenda Santa Maria 27/11/2019 196 Sem Terra
Eldorado do Carajás Complexo Iraque/Acamp. Jerusalém 25/03/2019 60 Sem Terra
Igarapé-Açu Fazenda Dom Bosco 16/09/2019 50 Sem Terra
Marabá, Eldorado do Carajás, Agrop. Sta. Bárbara/Faz. Mª Bonita/
24/05/2019 212 Sem Terra
Irituia Acamp. Dalcídio Jurandir
T. I. Sawré Muybu/Munduruku/PCHs
Trairão, Itaituba 18/09/2019 Indígenas
Tapajós
T. I. Sawré Muybu/Munduruku/PCHs
Trairão, Itaituba 14/10/2019 170 Indígenas
Tapajós
Itaituba Com. Ribeirinha São Luiz do Tapajós 18/09/2019 Ribeirinhos
Itaituba, Santarém Reserva Indígena Praia do Índio 30/11/2019 31 Indígenas
T. I. Sawré Muybu/Munduruku/PCHs
Trairão, Itaituba 23/04/2019 Indígenas
Tapajós
Itaituba T.I. Sawré Jaybu/médio Tapajós Km 43 06/09/2019 12 Indígenas
PAE Mangabal e Montanha/PCH's
Itaituba 31/10/2019 101 Assentados
Tapajós
65
T. I. Sawré Muybu/Munduruku/PCHs
Trairão, Itaituba 23/07/2019 Indígenas
Tapajós
Itupiranga Fazenda Novo Mundo 14/01/2019 70 Sem Terra
Jacundá Fazenda Bela Vista 04/10/2019 130 Sem Terra
Aveiro, Juruti Peaex Mamuru 11/11/2019 300 Assentados
Marabá P. A. Diamante 24/08/2019 Ribeirinhos
Marabá, Itupiranga Faz. Arapari/Acamp. Nova Vitória 05/09/2019 82 Sem Terra
Marabá Fazenda São João 20/01/2019 30 Sem Terra
Marabá P. A. Diamante 22/09/2019 40 Ribeirinhos
Marabá P. A. Diamante 16/08/2019 Ribeirinhos
Faz. Santa Clara/Acamp. Boa
Marabá 10/03/2019 20 Sem Terra
Esperança
Marabá, Eldorado do Carajás, Comp. da Faz. Três Poderes/Faz.
08/04/2019 Sem Terra
Brejo Grande do Araguaia Fortaleza/Acamp. Helenira Rezende
Marabá Com. Ribeirinha Lago dos Macacos 30/09/2019 197 Ribeirinhos
Com. Ribeirinha Associação Flor do
Marabá 30/09/2019 Ribeirinhos
Brasil
Faz. Santa Tereza/Acamp. Santa
Marabá 22/11/2019 450 Sem Terra
Ernestina/Acamp. Hugo Chávez
Marabá, Eldorado do Carajás, Comp. da Faz. Três Poderes/Faz.
21/10/2019 300 Sem Terra
Brejo Grande do Araguaia Fortaleza/Acamp. Helenira Rezende
Moju Território Quilombola do Jambuaçu 19/03/2019 788 Quilombolas
PAE Lago Grande/Com. Aldeia/
Monte Alegre, Santarém 16/11/2019 8500 Assentados
Jacarecapá/Passagem e outras
PAE Lago Grande/Com. Aldeia/
Monte Alegre, Santarém 10/05/2019 Assentados
Jacarecapá/Passagem e outras
Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/
Nova Ipixuna, Marabá 31/10/2019 332 Assentados
Passe Bem/Mamona
Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/
Nova Ipixuna, Marabá 25/07/2019 Assentados
Passe Bem/Mamona
Novo Progresso PDS Terra Nossa 28/02/2019 Assentados
Novo Progresso PDS Terra Nossa 31/01/2019 Assentados
Novo Progresso PDS Terra Nossa 30/04/2019 Assentados
Novo Progresso Floresta Nacional do Jamanxim 20/08/2019 Sem Informação
Floresta Nacional do Jamanxim/
Novo Progresso 20/08/2019 200 Sem Terra
Acamp. Assoc. Bom Futuro
Novo Progresso PDS Terra Nossa 10/08/2019 Assentados
Novo Progresso PDS Terra Nossa 27/09/2019 300 Assentados
Óbidos T. I. Zo'é 28/11/2019 75 Indígenas
Com. Quilombola Boa Vista e Outras/
Oriximiná 08/02/2019 500 Quilombolas
Empresa Mineração Rio do Norte
PAE Sapucuá-Trombetas/Madeireiras
Oriximiná 07/10/2019 800 Assentados
Ebata e Golf
Com. Ribeirinha do Acari/Madeireiras
Oriximiná 07/10/2019 40 Ribeirinhos
Ebata e Golf
Ourilândia do Norte Fazenda Mil e Duzentos 02/05/2019 Sem Terra
Ourilândia do Norte Fazenda Mil e Duzentos 25/04/2019 Sem Terra
Ourilândia do Norte Fazenda Mil e Duzentos 19/10/2019 70 Sem Terra
Ourilândia do Norte Fazenda Mil e Duzentos 14/04/2019 Sem Terra
Paragominas Fazenda Oriente 04/02/2019 250 Sem Terra
Parauapebas Vila Cedere 01 05/08/2019 450 Pequenos proprietários
Faz. Carajás/P.A. Palmares I e II/
Parauapebas 21/01/2019 1250 Assentados
Assent. Carlos Fonseca/CVRD
Parauapebas, Marabá, Ourilândia
do Norte, Altamira, Senador José T. I. Xikrin do Cateté 09/07/2019 325 Indígenas
Porfírio
Pau D'Arco, Marabá, Redenção,
Faz. Santa Lúcia/Acamp. Nova Vida/
Rio Maria, Pau D'Arco, Belém, 24/05/2019 200 Sem Terra
Jane Júlia
Ourilândia do Norte
Rio Maria Assassinato de Carlos Cabral Pereira 11/06/2019 Sindicalista
Rondon do Pará Fazenda Três Lagoas 23/11/2019 Sem Terra
Rondon do Pará Fazenda Três Lagoas 20/02/2019 Sem Terra
Rondon do Pará Fazenda Três Lagoas 27/11/2019 10 Sem Terra
Rurópolis PAC Araipacupu 26/03/2019 Sem Terra
Rurópolis PAC Araipacupu 19/12/2019 361 Sem Terra
Salvaterra Com. Quilombola Siricari 17/05/2019 Quilombolas
Salvaterra Com. Quilombola Providência 17/05/2019 Quilombolas
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Salvaterra Com. Quilombola Deus Ajude 17/05/2019 Quilombolas


Salvaterra Com. Quilombola Boa Vista 17/05/2019 42 Quilombolas
Salvaterra Com. Quilombola Mangueiras 17/05/2019 Quilombolas
Santa Cruz do Arari Com. Ribeirinha das Terras do Taisou 06/12/2019 100 Extrativistas
Santa Maria das Barreiras Faz. Pontal/Acamp. Lagoa Azul 31/01/2019 70 Sem Terra
Parte da Faz. Vale do Rio Cristalino/
Santana do Araguaia 31/01/2019 100 Sem Terra
Agrop. Sta. Bárbara
Santana do Araguaia Fazenda Ouro Verde 25/04/2019 Sem Terra
Santana do Araguaia Fazenda Ouro Verde 04/11/2019 153 Sem Terra
Santana do Araguaia Fazenda Ouro Verde 19/01/2019 Sem Terra
Redenção, Santana do Araguaia, Faz. Estrela de Maceió/Acamp.
11/06/2019 400 Sem Terra
Cumaru do Norte Cangaia-Brilhante
Santarém T. I. Munduruku/Planalto Santareno 15/05/2019 150 Indígenas
Santarém Com. Quilombola Tiningu 17/10/2019 90 Quilombolas
Gl. Pacoval/Corta-Corda/Raisan/PDS
Prainha, Santarém 04/11/2019 460 Assentados
Sta. Clara/PAE Curuá II
Santarém Flona Tapajós 20/08/2019 1000 Ribeirinhos
Altamira, São Félix do Xingu,
T. I. Apyterena/Apyterewa/Parakanã 20/08/2019 Indígenas
Vitória do Xingu
Altamira, São Félix do Xingu,
T. I. Apyterena/Apyterewa/Parakanã 25/10/2019 176 Indígenas
Vitória do Xingu
Complexo Divino Pai Eterno/Acamp.
São Félix do Xingu 31/01/2019 Sem Terra
Novo Oeste
Complexo Divino Pai Eterno/Acamp.
São Félix do Xingu 31/08/2019 147 Sem Terra
Novo Oeste
São João do Araguaia Fazenda Landi 27/11/2019 80 Sem Terra
Bom Jesus do Tocantins, São
T.I. Mãe Maria/Índios Gaviões/Ferrovia
Geraldo do Araguaia, São João do 21/01/2019 300 Indígenas
Carajás/CVRD
Araguaia, Marabá
São João do Araguaia P. A. Pimenteira 16/09/2019 135 Assentados
São João do Araguaia Fazenda Landi 25/09/2019 Sem Terra
Gl. Bacajaí/T. I. Arara da Volta Grande
Altamira, Senador José Porfírio 23/08/2019 37 Indígenas
do Xingu
Vitória do Xingu, Anapu, Senador Com. Ilha da Bela Vista/T.I.
26/02/2019 Ribeirinhos
José Porfírio Paquiçamba/UHE Belo Monte/PAC
Oriximiná, Faro, Terra Santa Floresta Nacional de Saracá-Taquera 11/12/2019 Ribeirinhos
Tomé-Açu T. I. Tembé/Turé-Mariquita I e II 15/05/2019 47 Indígenas
Trairão P. A. Areia II/Com. São Mateus 12/04/2019 300 Assentados
Tucuruí, Baião P. A Salvador Allende Piratininga 22/03/2019 137 Assentados
PDS Santa Clara/Com. Bênção de
Uruará 14/10/2019 230 Assentados
Deus
T. I. Trincheira-Bacajá/Índios Xikrin/
Altamira, Anapu, São Félix do
UHE Belo Monte/Mineradora Belo Sun/ 25/08/2019 Indígenas
Xingu, Senador José Porfírio
PAC
Jacareacanga, Belterra, Itaituba,
T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 18/09/2019 Indígenas
Santarém, Belém
Faz. Marajaí/Acamp. Luís Inácio Lula
Canaã dos Carajás 10/03/2019 42 Sem Terra
da Silva
T. I. Trincheira-Bacajá/Índios Xikrin/
Altamira, Anapu, São Félix do
UHE Belo Monte/Mineradora Belo Sun/ 31/10/2019 187 Indígenas
Xingu, Senador José Porfírio
PAC
Jacareacanga, Belterra, Itaituba,
T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 20/08/2019 Indígenas
Santarém, Belém
Jacareacanga, Belterra, Itaituba,
T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 14/10/2019 1630 Indígenas
Santarém, Belém
Gl. Belo Monte/PDS Virola Jatobá/
Altamira, Anapu, Medicilândia 07/10/2019 160 Assentados
Dorothy
São Domingos do Capim,
Cachoeira do Piriá, Garrafão do
Norte, Nova Esperança do Piriá, T.I. Alto Rio Guamá/Tembé 31/05/2019 Indígenas
Belém, Benevides, Capitão Poço,
Paragominas, Santa Luzia do Pará
Jacareacanga, Belterra, Itaituba,
T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 23/07/2019 Indígenas
Santarém, Belém
São Domingos do Capim,
Cachoeira do Piriá, Garrafão do
Norte, Nova Esperança do Piriá, T.I. Alto Rio Guamá/Tembé 27/08/2019 300 Indígenas
Belém, Benevides, Capitão Poço,
Paragominas, Santa Luzia do Pará
67
Subtotal: 143 30031

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Canaã dos Carajás Área próxima ao Friogorífico Rio Maria 02/04/2019 12 Sem Terra
Conceição do Araguaia Fazenda Pau Brasil 10/09/2019 40 Sem Terra
Itupiranga Fazenda Novo Mundo 11/01/2019 70 Sem Terra
Marabá Fazenda São João 20/01/2019 30 Sem Terra
Faz. Santa Clara/Acamp. Boa
Marabá 10/03/2019 20 Sem Terra
Esperança
Rondon do Pará Fazenda Três Lagoas 26/11/2019 10 Sem Terra

Subtotal: 6 182

Acampamentos
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Rurópolis PAC Araipacupu 30/03/2019 13 Sem Terra

Subtotal: 1 13

Total conflitos por terra - Pará: 150 30043

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Benevides Curvão Extração de Saibro 17/06/2019 1 Mineração (Saibro)
Medicilândia Fazenda em Medicilândia 30/12/2019 5 5 Pecuária
Medicilândia Fazenda Bom Jesus 25/01/2019 8 2 Roçagem de juquira
Medicilândia Sítio Castanhal 30/12/2019 2 2 Pecuária
Novo Repartimento Fazenda Três Irmãos 30/01/2019 8 6 Pecuária
Novo Repartimento Faz. Murici/Rancho do Leite 15/03/2019 1 Pecuária
Pacajá Fazenda Guarapuava 30/12/2019 2 2 Pecuária
Portel Serraria/Extração de Madeira 31/08/2019 12 12 Extração de Madeira
Tucuruí Faz. Marivete/Carvoaria do Santiago 09/04/2019 11 11 Carvoaria
Uruará Fazenda Alto Paraíso 10/09/2019 8 8 Pecuária
Uruará Fazenda Vitória Régia 10/09/2019 10 10 Pecuária

Subtotal: 11 68

Superexploração
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Baião Fazenda na Vicinal da Martins 24/03/2019 3 Caseiro/tratorista

Subtotal: 1 3

Total Conflitos Trabalhistas - Pará: 12 71

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Uso e Destruição e ou
Abaetetuba Comunidades do Curuperé-Grande 28/04/2019 400
preservação poluição
T. I. Xipáia Kuruáia/UHE Belo Monte/ Barragens e Destruição e ou
Altamira 26/02/2019 43
PAC Açudes poluição
Barragens e Não cumprimento de
Altamira T.I. Kararaô 26/03/2019 15
Açudes procedimentos legais
Vitória do Xingu, Altamira,
Santana do Araguaia, Itaituba, UHE Belo Monte/Consórcio Norte Barragens e Reassentamento
13/03/2019 20
Santarém, Belém, Senador José Energia/Mineradora Belo Sun/PAC Açudes inadequado
Porfírio
Altamira, Vitória do Xingu, Anapu, T. I. Paquiçamba/Juruna/UHE Belo Barragens e Diminuição do acesso à
26/02/2019
Senador José Porfírio Monte/PAC Açudes Água
Com. Nova Conquista/Rio das Pedras/ Barragens e Diminuição do acesso à
Anapu 26/02/2019
UHE Belo Monte/PAC Açudes Água
Com. Renascer com Cristo/ Barragens e Destruição e ou
Barcarena 19/03/2019
Mineradora Hydro Alunorte Açudes poluição
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Com. Bom Futuro/Mineradora Hydro Barragens e Não cumprimento de


Barcarena 11/02/2019 25
Alunorte Açudes procedimentos legais
Com. Vila Nova/Mineradora Hydro Barragens e Não cumprimento de
Barcarena 11/02/2019 25
Alunorte Açudes procedimentos legais
Com. Gibrié de São Lourenço/Hydro Barragens e Não cumprimento de
Barcarena 11/02/2019 270
Alunorte Açudes procedimentos legais
Com. Burajuba/Codebar/Itupanema/ Barragens e Destruição e ou
Barcarena 04/11/2019 350
Caripi/Hydro Alunorte Açudes poluição
Barragens e Não cumprimento de
Barcarena Com. Sítio São João/Hydro Alunorte 19/03/2019 200
Açudes procedimentos legais
Com. Vila do Conde/Furo do Arrozal/ Barragens e Não cumprimento de
Barcarena 19/03/2019 200
Multinacional Bunge/Hydro Alunorte Açudes procedimentos legais
Com. Quil. Cupuaçu Boa Vista/Hydro Barragens e Não cumprimento de
Barcarena 11/02/2019 900
Alunorte Açudes procedimentos legais
São Félix do Xingu, Cumaru do
Uso e Destruição e ou
Norte, Tucumã, Redenção, T. I. Kayapó 04/02/2019
preservação poluição
Ourilândia do Norte
São Félix do Xingu, Cumaru do
Uso e Não cumprimento de
Norte, Tucumã, Redenção, T. I. Kayapó 28/05/2019
preservação procedimentos legais
Ourilândia do Norte
Uso e Destruição e ou
Itaituba, Santarém Reserva Indígena Praia do Índio 18/02/2019
preservação poluição
Parauapebas, Marabá, Ourilândia
Uso e Destruição e ou
do Norte, Altamira, Senador José T. I. Xikrin do Cateté 21/01/2019
preservação poluição
Porfírio
Parauapebas, Marabá, Ourilândia
Uso e Não cumprimento de
do Norte, Altamira, Senador José T. I. Xikrin do Cateté 28/05/2019
preservação procedimentos legais
Porfírio
Uso e Não cumprimento de
Santarém T. I. Munduruku/Planalto Santareno 04/06/2019
preservação procedimentos legais
Com. Quilombola Saracura e Uso e Destruição e ou
Santarém 01/05/2019 150
Arapemã preservação poluição
Uso e Não cumprimento de
Santarém Quilombo Bom Jardim 04/06/2019 70
preservação procedimentos legais
Uso e Não cumprimento de
Santarém Com. Quil. Pérola do Maicá 04/06/2019 15
preservação procedimentos legais
Uso e Não cumprimento de
Santarém Com. Quilombola Maria Valentina 04/06/2019 104
preservação procedimentos legais
Uso e Não cumprimento de
Santarém Com. Quilombola de Murumurutuba 04/06/2019
preservação procedimentos legais
Uso e Destruição e ou
Santarém T. I. Munduruku/Planalto Santareno 29/08/2019
preservação poluição
Vitória do Xingu, Anapu, Senador Com. Ilha da Bela Vista/T.I. Barragens e Diminuição do acesso à
26/02/2019
José Porfírio Paquiçamba/UHE Belo Monte/PAC Açudes Água
Barragens e Não cumprimento de
Senador José Porfírio Vila Itatá/UHE Belo Monte/PAC 26/02/2019 150
Açudes procedimentos legais
Gl. Bacajaí/T. I. Arara da Volta Grande Barragens e Diminuição do acesso à
Altamira, Senador José Porfírio 26/02/2019
do Xingu Açudes Água
Com. Vila da Ressaca/UHE Belo Barragens e Diminuição do acesso à
Senador José Porfírio 26/02/2019 330
Monte/Belo Sum Mineradora/PAC Açudes Água
Com. Ilha da Fazenda/UHE Belo Barragens e Diminuição do acesso à
Senador José Porfírio 26/02/2019 64
Monte/Belo Sum Mineradora/PAC Açudes Água
Garimpos Grota Seca/Galo/Ouro
Barragens e Diminuição do acesso à
Senador José Porfírio Verde/Vila da Ressaca/T. I. Arara e 26/02/2019 670
Açudes Água
Juruna/Mineradora Belo Sun/PAC
Barragens e Diminuição do acesso à
Vitória do Xingu Com. São Pedro/UHE Belo Monte/PAC 26/02/2019 5
Açudes Água
T. I. Trincheira-Bacajá/Índios Xikrin/
Altamira, Anapu, São Félix do Barragens e Diminuição do acesso à
UHE Belo Monte/Mineradora Belo Sun/ 30/08/2019
Xingu, Senador José Porfírio Açudes Água
PAC

Subtotal: 34 4006

Total dos Conflitos no Campo - Pará: 195 Pessoas: 136267

Paraíba
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Faz. Garapu/Acamp. D. José Maria
Alhandra 30/08/2019 300 Sem Terra
Pires
69
Campina Grande, Alhandra, Destilaria Tabu-Grupo João Santos/
24/09/2019 250 Indígenas
Conde, Pitimbu Emp. Elizabethy/T. I. Tabajara
Campina Grande, Alhandra, Destilaria Tabu-Grupo João Santos/
06/03/2019 Indígenas
Conde, Pitimbu Emp. Elizabethy/T. I. Tabajara
Caaporã Fazenda Ouro Verde 30/08/2019 37 Sem Terra
Cacimbas Com. Quilombolas Chã e Aracati 23/08/2019 30 Quilombolas
Cuité Com. Serra do Bom Bocadinho 18/09/2019 500 Pequenos proprietários
Damião Comunidade Chã da Tapioca 18/09/2019 23 Posseiros
Guarabira Sítio Santa Amélia 30/08/2019 Sem Terra
João Pessoa Fazenda Ponta de Gramame 30/08/2019 53 Posseiros
Com. Ribeirinha Porto do Capim/Vila
João Pessoa 31/03/2019 162 Ribeirinhos
Nassau
Manaíra Comunidade Quilombola Fonseca 02/12/2019 42 Quilombolas
Mogeiro, Pilar Fazenda Paraíso 30/08/2019 27 Posseiros
Nova Palmeira Com. Quilombola Serra do Abreu 18/09/2019 70 Quilombolas
Alhandra, Pedras de Fogo, Cruz Mamoaba Agro Pastoril S/A/Acamp.
30/08/2019 200 Sem Terra
do Espírito Santo Arcanjo Belarmino
João Pessoa, Pilar Fazenda Paraíso 30/08/2019 51 Posseiros
Santa Luzia Com. Serra de Santa Luzia 18/09/2019 800 Pequenos proprietários
São João do Tigre Com. Quilombola Cacimba Nova 18/09/2019 80 Quilombolas
São José do Sabugi Com. Redinha/Parque Eólico Canoas 18/09/2019 58 Pequenos proprietários
São José dos Ramos Faz. São José/Pau-a-Pique 30/08/2019 70 Posseiros
Sapé Sítio Várzea Grande 30/08/2019 Sem Terra

Subtotal: 20 2753

Total conflitos por terra - Paraíba: 20 2753

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Mineração (Gesso e
Junco do Seridó Sítio Galo Branco 04/06/2019 4 4
Caulim)
Junco do Seridó Sítio Galo Branco 04/06/2019 4 4 Mineração
Salgadinho Sítio Olho d' Água da Viração 13/05/2019 12 12 Mineração

Subtotal: 3 20

Total Conflitos Trabalhistas - Paraíba: 3 20

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Uso e Diminuição do acesso à
Bananeiras Comunidade Jandaia 28/03/2019
preservação Água
Uso e Diminuição do acesso à
Bananeiras Comunidade Tabuleiro 28/03/2019
preservação Água
Uso e Diminuição do acesso à
Bananeiras Comunidade Jaracatiá 28/03/2019
preservação Água
Uso e Diminuição do acesso à
Bananeiras Comunidade Chã do Lindolfo 28/03/2019
preservação Água
Uso e Diminuição do acesso à
Bananeiras Comunidade Caraubinha 28/03/2019
preservação Água
Barragens e Diminuição do acesso à
Barra de São Miguel Faz. Melancia/ P.A. Bom Jesus I 05/04/2019 22
Açudes Água
Cabaceiras, Boqueirão, Barra de Ribeirinhos do Açude Epitácio Pessoa/ Barragens e Ameaça de
08/05/2019 209
São Miguel Boqueirão Açudes expropriação
Colônia de Pescadores de Cabedelo/ Uso e
Cabedelo 25/10/2019 3000 Destruição e ou poluição
Vazamento de óleo preservação
Barragens e Falta de projeto de
Itatuba Com. Cajá/Barragem de Acauã 23/05/2019 122
Açudes reassentamento
Barragens e Falta de projeto de
Itatuba Com. Melancia/Barragem de Acauã 23/05/2019 150
Açudes reassentamento
Barragens e Falta de projeto de
Itatuba Com. do Costa/Barragem de Acauã 25/06/2019 120
Açudes reassentamento
Barragens e Falta de projeto de
Itatuba Com. Riachão/Barragem do Acauã 25/06/2019 169
Açudes reassentamento
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Barragens e Falta de projeto de


Itatuba Com. Água Paba/Barragem do Acauã 25/06/2019 169
Açudes reassentamento
Barragens e Diminuição do acesso à
Monteiro Vila Produtiva Rural Lafayette 08/03/2019 66
Açudes Água
Barragens e Falta de projeto de
Itatuba, Aroeiras Com. Pedro Velho/Barragem de Acauã 25/06/2019 169
Açudes reassentamento

Subtotal: 15 4196

Total dos Conflitos no Campo - Paraíba: 38 Pessoas: 27816

Paraná
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Querência do Norte, Alvorada do Faz. Palheta/Acamp. Ester Fernandes/
21/10/2019 Sem Terra
Sul Atalla
Querência do Norte, Alvorada do Faz. Palheta/Acamp. Ester Fernandes/
31/10/2019 50 Sem Terra
Sul Atalla
Cascavel Fazenda Jangadinha 15/05/2019 11 Sem Terra
Cascavel Fazenda Jangadinha 10/05/2019 Sem Terra
Cascavel Complexo Cajati/ Assent. Valmir Mota 15/12/2019 200 Sem Terra
Faz. Capão Cipó/Fundação ABC/
Castro 05/07/2019 200 Sem Terra
Acamp. Maria Rosa do Contestado
Fazenda Quem Sabe/Assent. Maria
Centenário do Sul 25/11/2019 40 Assentados
Lara
Clevelândia Fazenda Morro Alto/Olvepar 30/04/2019 30 Sem Terra
Maringá, Clevelândia Fazenda Três Capões/Olvepar 30/04/2019 15 Sem Terra
Faz. Moraes/Madereira Campos de
Clevelândia 30/04/2019 24 Sem Terra
Palmas/Acamp. Mãe dos Pobres 2
Faz. São Francisco/Acamp. Terra Livre/
Clevelândia 30/04/2019 Sem Terra
Olvepar
Faz. Nossa Sra. do Carmo/Brasileira/
Ortigueira, Faxinal 27/09/2019 400 Sem Terra
Acamp. Maila Sabrina
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Mirim/
Guaíra, Curitiba 10/05/2019 10 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Tatury/
Guaíra 09/04/2019 Indígenas
Mineradora Andreis/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Ara Porã/
Guaíra 09/04/2019 36 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
Porto Paragem/Loteamento Bacia/
Guaíra 21/01/2019 21 Ribeirinhos
Ibama
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Tatury/
Guaíra 10/05/2019 8 Indígenas
Mineradora Andreis/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Marangatu/
Guaíra 10/05/2019 61 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Karumbe'y/
Guaíra 10/05/2019 21 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu
Guaíra 14/11/2019 Indígenas
Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Guarani/
Guaíra 09/04/2019 Indígenas
Emp. Mate Laranjeira/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Ara Porã/
Guaíra 11/03/2019 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Marangatu/
Guaíra 09/04/2019 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Karumbe'y/
Guaíra 09/04/2019 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu
Guaíra 09/04/2019 Indígenas
Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Yhovy/
Guaíra 09/04/2019 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Mirim/
Guaíra, Curitiba 09/04/2019 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu
Guaíra 10/05/2019 Indígenas
Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Yhovy/
Guaíra 10/05/2019 21 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
71
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Guarani/
Guaíra 10/05/2019 15 Indígenas
Emp. Mate Laranjeira/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu
Guaíra 18/11/2019 69 Indígenas
Guavirá/Itaipu
Honório Serpa Faz. Chopim II/Olvepar 30/04/2019 24 Sem Terra
Faz. Pinho Fleck/Olvepar/Acamp. Sete
Honório Serpa 30/04/2019 24 Sem Terra
Povos das Missões
T. I. Avá Guarani/Tekohá Yva Renda/
Itaipulândia 11/03/2019 15 Indígenas
Itaipu Binacional
Fazenda Prudentina/Acamp. José
Laranjal 19/09/2019 54 Sem Terra
Rodrigues
Lindoeste Fazenda Gasparetto 13/04/2019 15 Sem Terra
Faz. Marília/Acamp. Quilombo dos
Londrina 30/07/2019 167 Sem Terra
Palmares
Faz. Marília/Acamp. Quilombo dos
Londrina 04/04/2019 Sem Terra
Palmares
Faz. Ronda/Invernada do Nardo/
Mangueirinha 11/07/2019 19 Sem Terra
Acamp. União pela Terra/Olvepar
Faz. Ronda/Invernada do Nardo/
Mangueirinha 13/05/2019 Sem Terra
Acamp. União pela Terra/Olvepar
Mariluz Faz. Santa Luzia/Acamp. Santa Rita 08/04/2019 9 Sem Terra
Faz. Nova Jerusalém/Área Próxima ao
Nova Cantu 15/10/2019 5 Sem Terra
Assent. Nova Jerusalém
Palmas Faz. Sta. Maria/T. I. Kaingang 29/08/2019 150 Indígenas
Pinhão, Pinhão Faxinal Bom Retiro 27/07/2019 Faxinalenses
Pinhão, Pinhão Vila Alecrim/Madeireira Zattar 02/09/2019 100 Pequenos proprietários
Pinhão, Pinhão Faxinal Bom Retiro 05/10/2019 Faxinalenses
Pinhão, Pinhão Faxinal Bom Retiro 21/10/2019 10 Faxinalenses
Pinhão, Pinhão Vila Alecrim/Madeireira Zattar 15/02/2019 Pequenos proprietários
Faz. Variante/Acamp. Fidel Castro/Us.
Porecatu, Centenário do Sul 25/11/2019 400 Sem Terra
Central/Grupo Atalla
Fazenda São Francisco/Acamp.
Querência do Norte 26/09/2019 Sem Terra
Companheiro Sétimo Garibaldi
Fazenda São Francisco/Acamp.
Querência do Norte 03/12/2019 50 Sem Terra
Companheiro Sétimo Garibaldi
Faz. Água do Bugre/Acamp. Valdair
Querência do Norte 26/09/2019 40 Sem Terra
Roque
Roncador Fazenda Rio Azul 12/09/2019 50 Sem Terra
T. I. Avá Guarani/Tekoha Curva
Santa Helena, Santa Helena 11/03/2019 14 Indígenas
Guarani /Itaipu Binacional
T. I. Ava Guarani/Tekoha Mokoi Joegua
Santa Helena, Santa Helena 11/03/2019 20 Indígenas
- Dois Irmãos/Itaipu Binacional
T.I. Avá Guarani/Tekoha Pyhau/Itaipu
Santa Helena 11/03/2019 12 Indígenas
binacional
Faz. Tamarana/parte da área T.I.
Tamarana 26/03/2019 50 Indígenas
Kaingang
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Tajy Poty/
Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 7 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá
Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 6 Indígenas
Nhemboete/Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekoha Araguajy/
Terra Roxa, Terra Roxa, Guaíra 09/04/2019 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Pohã
Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 25 Indígenas
Renda/Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Araguaju/
Guaíra, Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas
Pôr do Sol/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Araguaju/
Guaíra, Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 36 Indígenas
Pôr do Sol/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Yvyraty
Terra Roxa, Terra Roxa 10/05/2019 36 Indígenas
Porã/Faz. São Paulo/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Pohã
Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas
Renda/Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekoha Araguajy/
Terra Roxa, Terra Roxa, Guaíra 10/05/2019 100 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Tajy Poty/
Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas
Guasu Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Yvyraty
Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas
Porã/Faz. São Paulo/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá
Terra Roxa, Terra Roxa 09/04/2019 Indígenas
Nhemboete/Guasu Guavirá/Itaipu
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Lindoeste Fazenda Trento 31/05/2019 40 Sem Terra

Subtotal: 70 2710

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu
Guaíra 17/11/2019 Indígenas
Guavirá/Itaipu
Lindoeste Área do CTG 16/04/2019 15 Sem Terra

Subtotal: 2 15

Total conflitos por terra - Paraná: 72 2725

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Agro orestal Schultz/Linha Santa
Bituruna 30/12/2019 5 5 Erva-mate
Terezinha - Papuã

Subtotal: 1 5

Total Conflitos Trabalhistas - Paraná: 1 5

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Nova Prata do Iguaçu, Cascavel,
Planalto, Capanema, Curitiba, Barragens e Não cumprimento de
UHE Baixo Iguaçu/PAC 22/04/2019 1025
Capitão Leônidas Marques, Açudes procedimentos legais
Realeza
Colônia de Pescadores Z-12/UHE Uso e Não cumprimento de
Foz do Iguaçu, Guaíra 06/01/2019 140
Itaipu preservação procedimentos legais
Colônia de Pescadores Z-13/UHE Uso e Não cumprimento de
Guaíra 14/01/2019 758
Itaipu preservação procedimentos legais

Subtotal: 3 1923

Total dos Conflitos no Campo - Paraná: 76 Pessoas: 18597

Pernambuco
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Eng. São Bento/Dois Rios II/Us.
Goiana, Aliança 05/06/2019 60 Posseiros
Maravilha
Eng. Ilha/Complexo Suape/Vazamento
Cabo de Santo Agostinho 31/12/2019 250 Posseiros
de Óleo
Cabo de Santo Agostinho Eng. Jasmim/Complexo Suape 27/08/2019 330 Posseiros
Cabo de Santo Agostinho Eng. Serraria/Complexo Suape 03/05/2019 9 Posseiros
Cabo de Santo Agostinho Eng. Serraria/Complexo Suape 22/02/2019 Posseiros
Cabo de Santo Agostinho Eng. Serraria/Complexo Suape 16/01/2019 Posseiros
Com. Jatobá/Transposição do Rio são
Cabrobó 03/12/2019 160 Quilombolas
Francisco
Caruaru Faz. Normandia/Assent. Che Guevara 05/09/2019 41 Assentados
Caruaru, Belém de Maria Fazenda Bananeiras 18/12/2019 150 Sem Terra
Garanhuns Quilombo Castainho 17/09/2019 Quilombolas
Garanhuns Quilombo Castainho 24/10/2019 450 Quilombolas
Goiana Eng. Belo Horizonte/Us. Maravilha 25/02/2019 450 Sem Terra
Ipojuca Eng. Tabatinga/Complexo Suape 14/05/2019 150 Posseiros
Ipojuca Eng. Tabatinga/Complexo Suape 28/02/2019 Posseiros
Com. Vila do Campo/Casa do
Ipojuca 31/07/2019 40 Posseiros
Governador
Eng. Caixa d' Água/Várzea Velha/Us.
Jaqueira 20/08/2019 80 Posseiros
Frei Caneca
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 30/01/2019 Posseiros
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 22/05/2019 Posseiros
73
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 23/05/2019 Posseiros
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 13/11/2019 Posseiros
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 04/11/2019 Posseiros
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 19/05/2019 Posseiros
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 29/04/2019 Posseiros
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 12/08/2019 Posseiros
Eng. Caixa d' Água/Várzea Velha/Us.
Jaqueira 27/05/2019 Posseiros
Frei Caneca
Com. do Eng. Colônia II/Laranjeira/Us.
Jaqueira 27/05/2019 48 Posseiros
Frei Caneca
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 22/11/2019 71 Posseiros
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 01/04/2019 Posseiros
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 06/08/2019 Posseiros
Maraial, Jaqueira Eng. Fervedouro/Us. Frei Caneca 20/08/2019 Posseiros
Engenho Várzea Velha/Us. Frei
Jaqueira 27/05/2019 70 Posseiros
Caneca/Negócios Imobiliária S/A
Com. Bem Querer de Baixo/T.I.
Jatobá 30/08/2019 75 Indígenas
Pankararu
Moreno Eng. Xixaim/ Acamp. Margarida Alves 19/09/2019 55 Sem Terra
Moreno Eng. Xixaim/ Acamp. Margarida Alves 16/09/2019 Sem Terra
Tacaratu, Jatobá, Petrolândia,
T. I. Pankararu 21/05/2019 917 Indígenas
Recife
Pesqueira, Agrestina, Petrolina, Proj. Irrigação Nilo Coelho/Mª Tereza/
20/09/2019 300 Sem Terra
Recife Codevasf
Assent. Alegre/São Gregório/Us.
Gameleira, Ribeirão 14/11/2019 200 Assentados
Estreliana
São Joaquim do Monte, Brejo da
Faz. Jabuticaba/4 Irmãos 05/06/2019 45 Sem Terra
Madre de Deus, Recife
Com. Pesqueiras/Rio Sirinhahém/Us.
Ipojuca, Sirinhaém, Recife 04/09/2019 Pescadores
Trapiche
Tamandaré Engenho Canoinha 15/02/2019 Posseiros
Tamandaré Engenho Canoinha 08/03/2019 Posseiros
Tamandaré Engenho Canoinha 31/05/2019 65 Posseiros
Timbaúba Eng. Beleza/Us. Cruangi 31/10/2019 80 Sem Terra
Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei
Belém de Maria, Jaqueira 27/08/2019 77 Posseiros
Caneca
Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei
Belém de Maria, Jaqueira 20/08/2019 Posseiros
Caneca
Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei
Belém de Maria, Jaqueira 19/08/2019 Posseiros
Caneca
Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei
Belém de Maria, Jaqueira 10/08/2019 Posseiros
Caneca
Eng. Colônia I/Barro Branco/Us. Frei
Belém de Maria, Jaqueira 20/03/2019 Posseiros
Caneca

Subtotal: 48 4173

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Lagoa Grande Fazenda Riacho Fundo 14/06/2019 250 Sem Terra

Subtotal: 1 250

Total conflitos por terra - Pernambuco: 49 4423

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Araripina Casa de Farinha São Pedro 24/05/2019 5 5 Farinha (lavoura)
Plantação de frutas e
Arcoverde Fazenda Malhada 10/04/2019 10 10
verduras
Condado Engenho Jangadeiro 03/10/2019 17 2 Cana-de-açúcar

Subtotal: 3 32

Total Conflitos Trabalhistas - Pernambuco: 3 32

ÁGUA
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Conflitos pela Água


Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Com. Pescadores de Cabo/Vazamento Uso e Destruição e ou
Recife, Cabo de Santo Agostinho 20/10/2019 1500
de Óleo preservação poluição
Eng. Ilha/Complexo Suape/Vazamento Uso e Destruição e ou
Cabo de Santo Agostinho 01/11/2019 250
de Óleo preservação poluição
Mangue da Praia Suape/Complexo Uso e Destruição e ou
Cabo de Santo Agostinho 23/10/2019 500
Portuário Suape/PAC preservação poluição
Com. Ponta de Pedra/Colônia Z-3/ Uso e Destruição e ou
Goiana 12/11/2019 118
Vazamento de Óleo preservação poluição
Praia de Serrambi e Enseadinha/ Uso e Destruição e ou
Ipojuca 24/10/2019
Colônia Z-12/Vazamento de Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Ipojuca Ilha de Tatuoca/Complexo Suape/PAC 24/10/2019 50
preservação poluição
Com. Quil. Ilha de Mercês/Complexo Uso e Destruição e ou
Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho 20/10/2019 268
Suape preservação poluição
Com. Brasília Teimosa/Colônia Z-1/ Uso e Destruição e ou
Recife 30/10/2019 1800
Vazamento de Óleo preservação poluição
Com. Pesqueira Ilha de Deus/ Uso e Destruição e ou
Recife 07/11/2019
Vazamento de Óleo preservação poluição
Colônia de Pescadores Z-1 e Z-25/ Uso e Destruição e ou
Jaboatão dos Guararapes, Recife 03/12/2019 1900
Petrobrás/Vazamento de Óleo preservação poluição
Com. Ponte do Limoeiro/Vazamento de Uso e Destruição e ou
Recife 07/11/2019
Óleo preservação poluição
Com. Vila da Imbiribeira/Vazamento Uso e Destruição e ou
Recife 07/11/2019
de Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Recife Comunidade Bode/Vazamento de Óleo 07/11/2019
preservação poluição
Com. Abreu do Una/Vazamento de Uso e Destruição e ou
São José da Coroa Grande 29/11/2019
Óleo preservação poluição
Com. Pesqueiras/Rio Sirinhahém/Us. Uso e Destruição e ou
Ipojuca, Sirinhaém, Recife 20/09/2019
Trapiche preservação poluição

Subtotal: 15 6386

Total dos Conflitos no Campo - Pernambuco: 67 Pessoas: 43268

Piauí
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Santa Filomena, Baixa Grande
Comunidade Morro d' Água 10/01/2019 Posseiros
do Ribeiro
Santa Filomena, Baixa Grande
Comunidade Morro d' Água 07/02/2019 9 Indígenas
do Ribeiro
Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/
Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos
17/03/2019 Assentados
Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/
Assent. Rio Preto
Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/
Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos
03/06/2019 Assentados
Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/
Assent. Rio Preto
Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/
Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos
04/08/2019 Assentados
Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/
Assent. Rio Preto
Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/
Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos
04/11/2019 41 Assentados
Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/
Assent. Rio Preto
Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/
Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos
02/10/2019 Sem Terra
Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/
Assent. Rio Preto
Bom Jesus Comunidade Corrente dos Matões 02/11/2019 41 Posseiros
Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/
Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos
29/08/2019 Assentados
Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/
Assent. Rio Preto
Cristino Castro Comunidade de Vão de Santana 30/07/2019 8 Sem Terra
75
Com. Baixio dos Belos/Mineradora
Curral Novo do Piauí 09/02/2019 24 Pequenos proprietários
Bemisa
Assentamento Data Coité/Vila
Esperantina 12/04/2019 Quebradeiras de coco babaçu
Esperança
Isaías Coelho, Campinas do Piauí Com. Quil. Sabonete/Rio Canindé 15/02/2019 47 Quilombolas
Paulistana Comunidade Barro Vermelho 26/11/2019 21 Pequenos proprietários
Paulistana, Simplício Mendes Com. Quill. Contente/Transnordestina 26/11/2019 47 Quilombolas
Santa Filomena Área em Chupé/Grupo Pompeu/JAP 03/10/2019 13 Ribeirinhos
Teresina Assent. Jacarandá/Povoado Tapúia 24/02/2019 Assentados
Teresina Assent. Jacarandá/Povoado Tapúia 18/03/2019 45 Assentados

Subtotal: 18 296

Total conflitos por terra - Piauí: 18 296

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Serviços gerais
Antônio Almeida Fazenda Campo Grande 04/06/2019 11 11
(lavoura)
Bom Jesus Fazenda Santa Clara 07/10/2019 29 29 Soja
Bom Jesus Fazenda Estrela 07/10/2019 15 15 Pecuária
Santa Cruz do Piauí Pedreira no Povoado Tabuleiro 14/05/2019 11 11 Mineração
São João da Serra Carnaúbal no Povoado Santa Rosa 14/08/2019 12 12 Carnaúba (Extrativismo)
São João da Serra Carnaúbal no Povoado Ladeira 14/08/2019 13 13 Carnaúba (Extrativismo)
São José do Peixe Fazenda Mocambo 30/12/2019 14 14 Carvoaria

Subtotal: 7 105

Total Conflitos Trabalhistas - Piauí: 7 105

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Com. Melancias/Morro d' Água/Gata/
Gilbués, Santa Filomena, Bom Barra do Correntina/Riacho dos Uso e Destruição e ou
14/02/2019 38
Jesus Cavalos/Brejo das Éguas/Serra Partida/ preservação poluição
Assent. Rio Preto
Praia em Cajueiro da Praia/Vazamento Uso e Destruição e ou
Cajueiro da Praia 09/12/2019 6
do Óleo preservação poluição
Ilha Grande/Rio Parnaíba/Vazamento de Uso e Destruição e ou
Ilha Grande 19/11/2019 45
Óleo preservação poluição
Praia de Peito de Moça/Vazamento do Uso e Destruição e ou
Luís Correia 09/12/2019 6
Óleo preservação poluição
Praia Pedra do Sal/Praia do Pontal/Praia
Uso e Destruição e ou
Luís Correia, Parnaíba Peito de Moça/Ilhas do Delta Parnaíba/ 16/11/2019
preservação poluição
Vazamento de Óleo
Uso e Destruição e ou
Parnaíba Comunidade Pedra do Sal 09/12/2019 7
preservação poluição
Barragens e Desconstrução do
Piripiri Projeto Açude Caldeirão 19/02/2019
Açudes histórico-cultural
Uso e Destruição e ou
Santa Filomena Barra da Lagoa 16/02/2019 11
preservação poluição

Subtotal: 8 113

Total dos Conflitos no Campo - Piauí: 33 Pessoas: 1741

Rio de Janeiro
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Macaé, Rio de Janeiro Fazenda Bom Jardim 31/08/2019 63 Assentados
Acamp. Edson Nogueira/ Unidade
Macaé 26/02/2019 150 Sem Terra
Pedagógica
Mangaratiba, Rio de Janeiro Faz. Santa Justina/Acamp. Olga Benário 15/04/2019 57 Quilombolas
Niterói Comun. Pesqueira da Praia Bom Sossego 01/11/2019 5 Pescadores
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Niterói Colônia de Pescadores Z-7 17/03/2019 9 Pescadores


Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Duque
Assent. Terra Prometida/Tinguá 01/05/2019 60 Assentados
de Caxias
Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Duque
Assent. Terra Prometida/Tinguá 15/04/2019 Assentados
de Caxias
Rio de Janeiro, Niterói Aldeia do Imbuhy 18/10/2019 28 Extrativistas
São João da Barra, Campos dos Com. Água Preta/Complexo Portuário
26/02/2019 15 Pequenos proprietários
Goytacazes Açu/Minas-Rio/PAC

Subtotal: 9 387

Total conflitos por terra - Rio de Janeiro: 9 387

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Uso e Destruição e ou
Rio de Janeiro, Duque de Caxias Com. do Rio Sarapuí/Baía de Guanabara 11/06/2019
preservação poluição
Colônia de Pescadores Z-10/Baía de Uso e Destruição e ou
Rio de Janeiro 03/11/2019
Guanabara preservação poluição
Uso e Destruição e ou
São Francisco de Itabapoana Praia dos Sonhos/Vazamento de Óleo 26/11/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
São João da Barra Praia de Grussaí/Vazamento de Óleo 01/12/2019
preservação poluição

Subtotal: 4

Total dos Conflitos no Campo - Rio de Janeiro: 13 Pessoas: 1548

Rio Grande do Norte


TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Área do Estado/Acamp. Antônio
Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues 01/08/2019 100 Sem Terra
Batista
João Câmara Faz. Baixa Verde/Pecol Agropecuária 27/03/2019 60 Sem Terra
São Gonçalo do Amarante, São Parque Nac. das Nascentes/Rio
07/08/2019 300 Sem Terra
Gonçalo do Amarante Golandim
Touros, São Miguel do Gostoso Acampamento Maria Aparecida 31/05/2019 32 Sem Terra

Subtotal: 4 492

Total conflitos por terra - Rio Grande do Norte: 4 492

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Carnaúba
Açu Carnaúbal do Sítio Panon 1 17/10/2019 10 10
(Extrativismo)
Carnaúba
Carnaubais Carnaúbal 17/10/2019 4 4
(Extrativismo)
Equador AK Mineração/Sítio Tanquinho 06/06/2019 10 4 Mineração (Caulim)

Subtotal: 3 24

Total Conflitos Trabalhistas - Rio Grande do Norte: 3 24

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Uso e Destruição e ou
Baía Formosa Área Baía Formosa/Vazamento de Óleo 07/09/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Baía Formosa Praia do Sagi/Vazamento de Óleo 08/11/2019
preservação poluição
Barragens e Ameaça de
Jucurutu, Caicó Barragem de Oiticica/PAC 14/09/2019 240
Açudes expropriação
77
Rio do Fogo, Maxaranguape, Colônia de Pescadores de Maracajaú Uso e Destruição e ou
17/09/2019 40
Touros Z-05/APARC/Vazamento de Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Natal Praia de Alagamar/Vazamento de Óleo 24/09/2019
preservação poluição
Praia da Via Costeira/Vazamento de Uso e Destruição e ou
Natal 17/11/2019
Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Nísia Floresta Praia de Malembá/Vazamento de Óleo 10/11/2019
preservação poluição
Praia de Barra de Tabatinga/ Uso e Destruição e ou
Nísia Floresta 10/11/2019
Vazamento de Óleo preservação poluição
Localidade de Sibaúma/Das Minas/ Uso e Destruição e ou
Tibau do Sul 11/09/2019
Vazamento de Óleo preservação poluição

Subtotal: 9 280

Total dos Conflitos no Campo - Rio Grande do Norte: 16 Pessoas: 3112

Rio Grande do Sul


TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Carazinho Com. Kaingang/Parque da Cidade 28/01/2019 28 Indígenas
Encruzilhada do Sul Assentamento Segredo Farroupilha 31/12/2019 Sem Terra
Nonoai T. I. Nonoai Rio da Várzea 12/02/2019 Indígenas
Faz. Ponta do Arado/T. I Guarani
Porto Alegre 15/09/2019 7 Indígenas
Mbya
Faz. Ponta do Arado/T. I Guarani
Porto Alegre 11/01/2019 Indígenas
Mbya
Faz. Ponta do Arado/T. I Guarani
Porto Alegre 14/01/2019 Indígenas
Mbya
Faz. Ponta do Arado/T. I Guarani
Porto Alegre 11/07/2019 Indígenas
Mbya
Porto Alegre Quilombo dos Machados 31/10/2019 20 Quilombolas
Taquari Área da Antiga Fepagro 21/10/2019 50 Sem Terra
Taquari Área da Antiga Fepagro 19/10/2019 Sem Terra

Subtotal: 10 105

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Carazinho Com. Kaingang/Parque da Cidade 05/12/2019 30 Indígenas
Taquari Área da Antiga Fepagro 17/10/2019 50 Sem Terra

Subtotal: 2 80

Total conflitos por terra - Rio Grande do Sul: 12 107

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Farroupilha Sítio na Linha Julieta 08/08/2019 1 1 Frutas
Venâncio Aires Fazenda em Venâncio Aires 15/04/2019 1 1 Fumo

Subtotal: 2 2

Total Conflitos Trabalhistas - Rio Grande do Sul: 2 2

Total dos Conflitos no Campo - Rio Grande do Sul: 14 Pessoas: 430

Rondônia
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Faz. Nova Zelândia/Gl. Santa Rosa/
Pimenteiras 30/01/2019 43 Sem Terra
Linha 11
Alta Floresta D'Oeste Fazenda Surubim 09/09/2019 Sem Terra
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Rolim de Moura, Alto Alegre dos Acamp. Che Guevara/Faz. Sol


17/06/2019 130 Sem Terra
Parecis Nascente
Gl. Burareiro/Lote 160/Km-52/Faz.
Ariquemes 18/02/2019 12 Sem Terra
Normann
Jaru, Ji-Paraná, Porto Velho,
Acamp. Canaã/Faz. Arroba/Só Cacau 21/11/2019 200 Sem Terra
Ariquemes
Ariquemes Acampamento Renato Nathan 2 12/08/2019 40 Sem Terra
Porto Velho, Ariquemes Acamp. São Francisco/RO-257 12/08/2019 67 Sem Terra
Faz. Cauan/Galhardi/Acamp. Raio do
Ariquemes 12/08/2019 40 Sem Terra
Sol/Linha C-19/Trav. 1 da Linha 45
Faz. Lourinho/P. A. Santa Helena/Linha
Buritis 05/11/2019 20 Sem Terra
02
Acamp. Igarapé Preto/Faz. do
Cabixi 28/02/2019 80 Sem Terra
Gauxinho
Cacoal, Ji-Paraná T. I. Sete de Setembro 27/02/2019 Indígenas
Cacoal, Ji-Paraná T. I. Sete de Setembro 11/09/2019 345 Indígenas
Nova Mamoré, Campo Novo de
Resex Jaci-Paraná 04/01/2019 Extrativistas
Rondônia, Porto Velho
Faz. Cinco Estrelas e Rio Azul/Acamp.
Buritis, Campo Novo de Rondônia 15/12/2019 40 Posseiros
Jacinópolis II
Campo Novo de Rondônia P. A. Nova Floresta 12/08/2019 34 Assentados
Candeias do Jamari P. A. Rio Preto do Candeias 12/08/2019 Assentados
Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/
Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 15/08/2019 Assentados
Boa Sorte
Candeias do Jamari Com. Ramal São Sebastião 29/05/2019 47 Posseiros
Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/
Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 24/01/2019 Assentados
Boa Sorte
Candeias do Jamari Lote 105/P. A. Flor do Amazonas 2 12/08/2019 700 Assentados
Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/
Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 20/08/2019 80 Assentados
Boa Sorte
Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/
Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 12/07/2019 Assentados
Boa Sorte
Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/
Candeias do Jamari, Porto Velho Assent. Flor do Amazonas/Acamp. 17/07/2019 Assentados
Boa Sorte
Candeias do Jamari PAF Jequitibá 12/08/2019 514 Assentados
Cerejeiras Gleba Guaporé/Lote 167 06/02/2019 Sem Terra
Área do Lixão/Fundo do Parque Ind.
Cerejeiras Aurélio Miliiorança/Assoc. dos Peq. 15/05/2019 25 Sem Terra
Prod. Rurais Nossa Sra. Aparecida
Faz. Estrela/Pai Herói/Lotes 52 e 53/
Vilhena, Chupinguaia Linhas 80 e 85/Gl. Corumbiara/Assoc. 21/10/2019 50 Posseiros
Nossa Sra. Aparecida
Gleba Corumbiara/Lote 52/Setor 07/
Chupinguaia 21/10/2019 107 Posseiros
Assoc. Nossa Sra. Aparecida
Acamp. Manoel Ribeiro/Faz. ZC/Gl.
Corumbiara Corumbiara/Lote 100/Linha 155/Setor 11/01/2019 Sem Terra
110
Acamp. Manoel Ribeiro/Faz. ZC/Gl.
Corumbiara Corumbiara/Lote 100/Linha 155/Setor 01/02/2019 50 Sem Terra
110
Acamp. Manoel Ribeiro/Faz. ZC/Gl.
Corumbiara Corumbiara/Lote 100/Linha 155/Setor 09/01/2019 Sem Terra
110
Costa Marques Com. Quilombola de Santa Fé 05/10/2019 12 Quilombolas
Linha 106/Região Soldado da
Cujubim 23/10/2019 Posseiros
Borracha
Espigão D'Oeste Reserva Indígena Roosevelt 27/02/2019 240 Indígenas
Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 60 Posseiros
Ji-Paraná T. I. Igarapé Lourdes 01/08/2019 246 Indígenas
Machadinho D'Oeste Resex Aquariquara 05/03/2019 91 Extrativistas
Machadinho D'Oeste Fazenda Jatobá 27/11/2019 30 Sem Terra
Mirante da Serra Assentamento Padre Ezequiel 12/08/2019 193 Assentados
Faz. na Linha 70/Área Revolucionária
Mirante da Serra 12/08/2019 60 Sem Terra
Paulo Bento
Monte Negro Acamp. Élcio Machado/Linha A2 12/08/2019 300 Sem Terra
79
Faz. Padre Cícero/Acamp. Monte
Monte Negro, Buritis, Porto Velho 03/12/2019 90 Sem Terra
Verde
Nova Brasilândia D'Oeste, Porto
Acampamento Paulo Freire 2 12/08/2019 45 Sem Terra
Velho
Acamp. Conquista/Faz. Primavera/
Nova Mamoré 13/06/2019 38 Sem Terra
Gleba Buriti/Distrito de Jacinópolis
Acamp. Dois Irmãos/Dois Amigos/Faz.
Nova Mamoré, Porto Velho 31/12/2019 105 Posseiros
do Bispo/Linha 29 C
Acamp. Dois Irmãos/Dois Amigos/Faz.
Nova Mamoré, Porto Velho 06/02/2019 Posseiros
do Bispo/Linha 29 C
Nova Mamoré, Guajará-Mirim,
T. I. Karipuna 10/10/2019 58 Indígenas
Porto Velho
Acamp. Conquista/Faz. Primavera/
Nova Mamoré 25/04/2019 Sem Terra
Gleba Buriti/Distrito de Jacinópolis
Lote 30-A/Gleba 7/Projeto Integrado
Ouro Preto do Oeste 07/10/2019 15 Posseiros
de Colonização Ouro Preto
Pimenta Bueno Fazenda Santo Expedito 12/07/2019 4 Sem Terra
Pimenta Bueno Faz.Triângulo/El Karana 19/02/2019 6 Sem Terra
Acamp. Nova Esperança/Boa
Alto Paraíso, Porto Velho Esperança/Título Definitivo São 09/01/2019 Posseiros
Sebastião/Flona Bom Futuro
Gl. Rio Garças/Colônia Areia Branca/
Porto Velho 21/03/2019 60 Posseiros
Lote 4
Porto Velho Acamp. Linha 5/Distrito Bandeirantes 25/04/2019 58 Posseiros
Porto Velho Área do Militão/Setor Chacareiro 17/07/2019 600 Posseiros
Porto Velho Área do Militão/Setor Chacareiro 11/02/2019 Posseiros
Faz. Camim/Camia/Kamias/Linha G da
Porto Velho 31/12/2019 35 Posseiros
F/Acamp. Fruto da Terra
Porto Velho Linha C-10/Km 32 12/08/2019 Posseiros
Acamp. Nova Esperança/Boa
Alto Paraíso, Porto Velho Esperança/Título Definitivo São 13/04/2019 Posseiros
Sebastião/Flona Bom Futuro
Acamp. Nova Esperança/Boa
Alto Paraíso, Porto Velho Esperança/Título Definitivo São 10/09/2019 419 Posseiros
Sebastião/Flona Bom Futuro
Porto Velho Área do Militão/Setor Chacareiro 22/02/2019 Posseiros
Rio das Garças/Faz. Alexandria/
Porto Velho 03/04/2019 418 Posseiros
Acamp. São Cristovão
Acamp. Bacuri/Linha 105/C-95/Km 30/
Rio Crespo 01/08/2019 66 Sem Terra
Gl. Burareiro/Lotes 14, 15, 16/Gl. 01
São Francisco do Guaporé, Porto Com. Quilombola de Pedras Negras/
11/10/2019 20 Quilombolas
Velho Resex
São Miguel do Guaporé Com. Quilombola do Senhor Jesus 14/11/2019 8 Quilombolas
São Miguel do Guaporé,
Seringueiras, Guajará-Mirim,
Governador Jorge Teixeira, Costa
Marques, Monte Negro, Jaru, Nova T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 13/08/2019 Indígenas
Mamoré, Mirante da Serra,
Cacaulândia, Alvorada D'Oeste,
Campo Novo de Rondônia
São Miguel do Guaporé,
Seringueiras, Guajará-Mirim,
Governador Jorge Teixeira, Costa
Marques, Monte Negro, Jaru, Nova T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 23/01/2019 Indígenas
Mamoré, Mirante da Serra,
Cacaulândia, Alvorada D'Oeste,
Campo Novo de Rondônia
São Miguel do Guaporé,
Seringueiras, Guajará-Mirim,
Governador Jorge Teixeira, Costa
Marques, Monte Negro, Jaru, Nova T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 10/12/2019 115 Indígenas
Mamoré, Mirante da Serra,
Cacaulândia, Alvorada D'Oeste,
Campo Novo de Rondônia
Faz. Bom Futuro/Acamp. Enilson
Seringueiras 07/01/2019 Sem Terra
Ribeiro
Seringueiras P. A. Riacho Doce 12/08/2019 75 Assentados
São Miguel do Guaporé,
Seringueiras, Guajará-Mirim,
Governador Jorge Teixeira, Costa
Marques, Monte Negro, Jaru, Nova T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 11/01/2019 Indígenas
Mamoré, Mirante da Serra,
Cacaulândia, Alvorada D'Oeste,
Campo Novo de Rondônia
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Faz. Bom Futuro/Acamp. Enilson


Seringueiras 07/09/2019 400 Sem Terra
Ribeiro
Nova Brasilândia D'Oeste, Faz. Riacho Doce/Acamp. Paulo Freire
12/08/2019 75 Sem Terra
Seringueiras, Porto Velho 4
Glebas Iquê e Pesqueira/Cooperativa
Vilhena 25/11/2019 150 Posseiros
Cooperfrutas
Vilhena Linha 115/Lote 25/Gl. Corumbiara 27/03/2019 Posseiros
Vilhena Acamp. Flor da Serra 06/02/2019 64 Posseiros
Vilhena Lote 52 /Linha 85/Setor 07 21/10/2019 40 Posseiros
Vilhena P. A. Águas Claras 25/11/2019 64 Assentados
Gl. Corumbiara/Setor 12/Lote 52/Faz.
Vilhena 06/02/2019 50 Posseiros
Duarte/Assoc. Canarinho
Lotes 62, 63, 64/Sítio 90-A/Linha 85/
Vilhena 18/10/2019 70 Posseiros
Setor 08/Faz. Vilhena/Gl. Corumbiara
Lote 58/Setor 07/Linha 85/Barão de
Vilhena, Pimenta Bueno 26/02/2019 38 Posseiros
Melgaço/Gl. Corumbiara

Subtotal: 81 7042

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Gl. Burareiro/Lote 160/Km-52/Faz.
Ariquemes 15/01/2019 12 Sem Terra
Normann

Subtotal: 1 12

Total conflitos por terra - Rondônia: 82 7042

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Pimenta Bueno Fazenda Santa Rita de Cássia 03/09/2019 17 17 Pecuária
Desmatamento e
Pimenta Bueno Fazenda Santa Rita de Cássia 12/09/2019 17 17
eucalipto
São Miguel do Guaporé Farinheira 18/12/2019 5 Farinha de mandioca

Subtotal: 3 39

Total Conflitos Trabalhistas - Rondônia: 3 39

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Barragens e Ameaça de
Machadinho D'Oeste, Ji-Paraná UHE Tabajara/28 Comunidades/PAC 04/04/2019 3639
Açudes expropriação
Barragens e Destruição e ou
Machadinho D'Oeste Rompimento de Barragens/Mineração 29/03/2019 100
Açudes poluição
Com. do Distrito de Nazaré/UHE Jirau Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 14/02/2019
e Sto. Antônio Açudes procedimentos legais
Com. do Distrito de Calama/UHE Jirau Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 14/02/2019
e Sto. Antônio Açudes procedimentos legais
Com. de São Carlos/Bom Será/Itacoã/ Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 14/02/2019 900
UHE Jirau e Sto. Antônio Açudes procedimentos legais
Com. de Mutuns/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 22/02/2019 48
Antônio Açudes procedimentos legais
Com. São Miguel/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 22/02/2019
Antônio Açudes procedimentos legais
Com. de Maravilha I/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 22/02/2019 80
Antônio Açudes procedimentos legais
Com. Maravilha II/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 22/02/2019
Antônio Açudes procedimentos legais
Ramal São Sebastião/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 22/02/2019
Antônio Açudes procedimentos legais
Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho Abunã/UHE Jirau e Sto. Antônio 22/02/2019
Açudes procedimentos legais
Com. Boca do Jamari/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 27/02/2019
Antônio Açudes procedimentos legais
Com. de Bom Jardim/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 27/02/2019 50
Antônio Açudes procedimentos legais
81
Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho Com. Boa Fé/UHE Jirau e Sto. Antônio 27/02/2019
Açudes procedimentos legais
Com. Cujubim Grande/UHE Jirau e Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 27/02/2019
Sto. Antônio Açudes procedimentos legais
Com. de Belmont/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 02/03/2019
Antônio Açudes procedimentos legais
Com. Terra Caída/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 10/03/2019
Antônio Açudes procedimentos legais
Com. Cavalcante/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 10/03/2019
Antônio Açudes procedimentos legais
Assent. Aliança/UHE Jirau e Sto. Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 25/03/2019
Antônio Açudes procedimentos legais
Assent. Joana Darc I, II e III/UHE Jirau Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 16/09/2019 286
e Sto. Antônio/PAC Açudes procedimentos legais
Nova Mutum e Jaci Paraná/UHE Jirau e Barragens e Não cumprimento de
Porto Velho 04/04/2019 1564
Santo Antônio Açudes procedimentos legais

Subtotal: 21 6667

Total dos Conflitos no Campo - Rondônia: 106 Pessoas: 54875

Roraima
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
São João da Baliza, São Luís, Boa
T. I. Waimiri Atroari 14/11/2019 502 Indígenas
Vista
São João da Baliza, São Luís, Boa
T. I. Waimiri Atroari 01/03/2019 Indígenas
Vista
T.I. Macuxi e Wapixana/ Reserva
Alto Alegre, Boa Vista 14/03/2019 116 Indígenas
Boqueirão
Alto Alegre Assentamento Novo Planalto 30/09/2019 120 Pequenos proprietários
Amajari Maloca Três Corações 17/05/2019 Indígenas
Amajari T. I. Anaro/Maloca do Anaro 17/05/2019 11 Indígenas
Amajari Maloca Ananás 17/05/2019 3 Indígenas
Gleba Murupu/Com. Baixadão do Bem-
Boa Vista 26/03/2019 36 Sem Terra
Te-Vi/Reg. Bom Intento
Cantá, Bonfim T.I. Wapixana/ Reserva Muriru 04/04/2019 46 Indígenas
Cantá Gleba Tacutú/Com. de Chácaras 06/06/2019 Posseiros
Cantá Gleba Tacutú/Com. de Chácaras 30/09/2019 52 Posseiros
T.I. Wapixana/ Maloca Recanto da
Cantá 04/04/2019 Indígenas
Saudade (NS)
Caracaraí P. A. Cupiuba 01/12/2019 36 Assentados
Caracaraí Área Cojubim Beira Rio 04/05/2019 Sem Terra
Caracaraí Área Cojubim Beira Rio 07/05/2019 67 Sem Terra
Caroebe, Boa Vista, Cantá P. A. Jatapu 05/04/2019 1878 Assentados
Mucajaí Fazenda Tocantins/Acamp. Lula Livre 18/12/2019 100 Sem Terra
Mucajaí Assentamento Vila Nova/Samaúma 26/11/2019 1 Assentados
Mucajaí Fazenda Tocantins/Acamp. Lula Livre 30/04/2019 Sem Terra
Caracaraí, Alto Alegre, Mucajaí,
T. I. Yanomami/Apiauí/Papiu/Yawaripé 29/05/2019 1142 Indígenas
Boa Vista
Caracaraí, Alto Alegre, Mucajaí,
T. I. Yanomami/Apiauí/Papiu/Yawaripé 21/01/2019 Indígenas
Boa Vista
T. I. São Marcos/Macuxi/Wapixana/
Pacaraima 14/03/2019 Indígenas
Taurepang
T. I. São Marcos/Macuxi/Wapixana/
Pacaraima 16/10/2019 1460 Indígenas
Taurepang
Rorainópolis T. I. Pirititi 20/05/2019 13 Indígenas
Uiramutã, Boa Vista, Pacaraima, T. I. Raposa Serra do Sol/Jawari/Brilho
31/01/2019 Indígenas
Mucajaí, Normandia do Sol/S. Miguel
Uiramutã, Boa Vista, Pacaraima, T. I. Raposa Serra do Sol/Jawari/Brilho
14/03/2019 6400 Indígenas
Mucajaí, Normandia do Sol/S. Miguel
Assent. Nova Amazônia/Faz.
Amajari, Boa Vista Bamerindus/Gl. Truaru/ Aldeia Lago da 04/04/2019 547 Assentados
Praia

Subtotal: 27 12530
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Mucajaí Fazenda Tocantins/Acamp. Lula Livre 28/04/2019 100 Sem Terra

Subtotal: 1 100

Total conflitos por terra - Roraima: 28 12530

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Iracema Fazenda Reunidas 20/06/2019 8 8 Pecuária
Mucajaí Fazenda Rio Branco 12/05/2019 2 2 Pecuária
Fazenda Estrela Zil/Vicinal 21/Gleba Extração de madeira
São João da Baliza 10/02/2019 6 6
Baliza (desmatamento)

Subtotal: 3 16

Total Conflitos Trabalhistas - Roraima: 3 16

Total dos Conflitos no Campo - Roraima: 31 Pessoas: 50136

Santa Catarina
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Abelardo Luz T. I. Toldo Imbu/Kaingang 28/01/2019 61 Indígenas
Balneário Barra do Sul, Araquari T.I. Tarumã/Guarani M'bya 08/02/2019 5 Indígenas
Campos Novos, Monte Carlo, Com. Quilombola Invernada dos
08/02/2019 170 Quilombolas
Joaçaba, Florianópolis Negros
T. I. Toldo Chimbangue/Kaingang/Sede
Chapecó 11/01/2019 133 Indígenas
Trentim
Doutor Pedrinho, Itaiópolis, T. I. Xokleng Bugio/Duque de Caxias/
Ibirama, Florianópolis, Penha, Ibirama-La Klaño/B. Norte/Bom 15/02/2019 Indígenas
Vitor Meireles, José Boiteux Sucesso
Doutor Pedrinho, Itaiópolis, T. I. Xokleng Bugio/Duque de Caxias/
Ibirama, Florianópolis, Penha, Ibirama-La Klaño/B. Norte/Bom 29/04/2019 514 Indígenas
Vitor Meireles, José Boiteux Sucesso
Monte Carlo Com. Quilombola Campo dos Polí 25/11/2019 30 Quilombolas
Palhoça T. I. Praia de Fora/Guarani 12/09/2019 4 Indígenas
T. I. Morro dos Cavalos/Itaty/Guarani
Palhoça, Florianópolis 06/02/2019 75 Indígenas
M'Bya
Paulo Lopes Com. Quilombola Toca de Santa Cruz 15/10/2019 38 Quilombolas
Rio do Campo Área da Rohden S.A./Serra do Mirador 28/03/2019 12 Sem Terra

Subtotal: 11 1042

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Monte Carlo Com. Quilombola Campo dos Polí 25/11/2019 30 Quilombolas

Subtotal: 1 30

Total conflitos por terra - Santa Catarina: 12 1042

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Passos Maia Fazenda São Marcos III 16/09/2019 5 5 Pinus

Subtotal: 1 5

Total Conflitos Trabalhistas - Santa Catarina: 1 5

ÁGUA
Conflitos pela Água
83
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
São José do Cerrito, Curitibanos, Barragens e Falta de projeto de
UHE São Roque 09/05/2019 50
Vargem, Frei Rogério, Brunópolis Açudes reassentamento
Doutor Pedrinho, Itaiópolis, T. I. Xokleng Bugio/Duque de Caxias/
Barragens e Reassentamento
Ibirama, Florianópolis, Penha, Ibirama-La Klaño/B. Norte/Bom 20/09/2019 514
Açudes inadequado
Vitor Meireles, José Boiteux Sucesso
Pescadores Artesanais de SC/Seguro Uso e Não cumprimento de
Florianópolis 29/01/2019 8000
Defeso preservação procedimentos legais
Balneário Camboriú, Navegantes, Col. de Pesc. Z-5/Z-6/Z-7/Z-36/Apape/ Uso e
06/11/2019 1098 Destruição e ou poluição
Itajaí, Penha Porto de Itajaí preservação
Com. Ribeirão das Pedras/PCH Rudolf Barragens e
Taió 23/02/2019 1 Destruição e ou poluição
Heidrich Açudes

Subtotal: 5 9663

Total dos Conflitos no Campo - Santa Catarina: 18 Pessoas: 42825

São Paulo
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Agudos Faz. Tangará/Marruá 25/06/2019 25 Sem Terra
Acamp. Paulo Kageyama/Assent. Araras
Araras 26/04/2019 400 Sem Terra
IV
Barra do Turvo Com. Quilombola Cedro/Vale do Ribeira 14/05/2019 23 Quilombolas
Boa Esperança do Sul Fazenda Cachoeirnha 29/10/2019 29 Sem Terra
Castilho Área em Castilho 05/01/2019 130 Sem Terra
Faz. Paraíso/Vitória/Santa Fé/Assent.
Gália 07/03/2019 18 Sem Terra
Luiz Beltrame
Iacanga Acampamento Guaricanga 24/10/2019 500 Sem Terra
14 Com. Caiçara na Est. Eco. Juréia
São Paulo, Iguape 04/07/2019 300 Caiçara
Itatins
14 Com. Caiçara na Est. Eco. Juréia
São Paulo, Iguape 18/06/2019 Caiçara
Itatins
T. I. Ka' Aguy Hovy/Guarani Mbya/Vale
Iguape 27/08/2019 Indígenas
da Ribeira
Parque Ecológico Municipal Manoel
Itapetininga 01/04/2019 10 Sem Terra
Silvério
Itirapina Acamp. Três de Setembro 26/11/2019 Sem Terra
Limeira Área do Horto Florestal de Limeira 06/05/2019 Sem Terra
Limeira Área do Horto Florestal de Limeira 05/06/2019 110 Sem Terra
Aldeia Ko'e Ju/T.I. Amba Porã/Guarani
Miracatu 27/08/2019 16 Indígenas
Mbya/Vale do Ribeira
T.I. Djaiko - Aty/Guarani Mbya e
Miracatu 27/08/2019 10 Indígenas
Ñandeva/Vale do Ribeira
T.I. Ka' Aguy Mirim/Guarani Mbya/Vale
Miracatu 27/08/2019 28 Indígenas
da Ribeira
Mogi Guaçu Fazenda Campininha 22/04/2019 400 Sem Terra
Mongaguá, Itanhaém T. I. Itaóca/Guarani Mbya e Ñandeva 27/11/2019 22 Indígenas
Panorama Acamp. Sesp-Bandeirantes 26/11/2019 Sem Terra
Ribeirão Preto Acamp. Plantio Verde 26/11/2019 Sem Terra
Riversul Fazenda Can-Can 20/05/2019 Sem Terra
Riversul Fazenda Can-Can 27/05/2019 Sem Terra
Riversul Fazenda Can-Can 23/08/2019 23 Sem Terra
São Carlos Fazenda Capão das Antas 26/11/2019 216 Sem Terra
Ubatuba Com. Caiçara do Cedro 09/10/2019 Caiçara
Ubatuba Com. Caiçara de Ubatumirim 31/08/2019 Caiçara
Ubatuba Com. Caiçara de Ubatumirim 17/03/2019 Caiçara
Ubatuba Com. Caiçara da Almada 09/10/2019 Caiçara
Valinhos Faz. Eldorado/Acamp. Marielle Vive 12/08/2019 1000 Sem Terra
Valinhos Faz. Eldorado/Acamp. Marielle Vive 18/07/2019 Sem Terra
São Paulo, São Vicente, T. I. Tenondé Porã/Kaliptory/Guyrapaju/
Mongaguá, São Bernardo do Krukutu/Tape Miri/Grexakã/Kuaray 24/04/2019 250 Indígenas
Campo Rexakã

Subtotal: 32 3510
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Castilho Área do CESP/CTG 14/06/2019 80 Sem Terra

Subtotal: 1 80

Acampamentos
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Acamp. Paulo Kageyama/Assent. Araras
Araras 23/04/2019 400 Sem Terra
IV
Castilho Fazenda Rancho do Abrigo 01/12/2019 500 Sem Terra
Limeira Área do Horto Florestal de Limeira 05/06/2019 31 Sem Terra

Subtotal: 3 931

Total conflitos por terra - São Paulo: 36 4149

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Colônia de Pescadores de Bertioga/Com. Uso e
Bertioga 07/09/2019 Divergência
Pesqueiras do Litoral Norte preservação
Colônia de Pescadores Z-8/Com. Uso e
Caraguatatuba 07/09/2019 Divergência
Pesqueira do Litoral Norte preservação
Uso e
Cubatão, Santos Colônia de Pescadores 15/02/2019 200 Destruição e ou poluição
preservação
Uso e Não cumprimento de
Pirassununga Colônia de Pescadores de Pirassununga 31/01/2019 20
preservação procedimentos legais
Colônia de Pescadores Z-14/Com. Uso e
São Sebastião 07/09/2019 Divergência
Pesqueira do Litoral Norte preservação
Colônia de Pescadores de Ubatuba/Com. Uso e
Cuiabá, Ubatuba 27/07/2019 2000 Divergência
Pesqueiras do Litoral Norte preservação

Subtotal: 6 2220

Total dos Conflitos no Campo - São Paulo: 42 Pessoas: 25476

Sergipe
ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
Apropriação Destruição e ou
Aracaju Comunidade Atalaia Velha 04/06/2019
Particular poluição
Uso e Destruição e ou
Aracaju Praia Boa Viagem/Vazamento de Óleo 21/11/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Aracaju Praia dos Náufragos/Vazamento de Óleo 21/11/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Aracaju Ilha dos Namorados/Vazamento de Óleo 21/11/2019
preservação poluição
Comunidade Mosqueiro/Vazamento de Uso e Destruição e ou
Aracaju 30/08/2019
Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Aracaju Comunidade Atalaia Velha 30/08/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Aracaju Praia Viral/Vazamento de Óleo 14/10/2019
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Aracaju Praia de Aruanã/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Aracaju Com. Boca do Rio/Farolândia 04/06/2019
Particular poluição
Comunidade Atalaia Nova/Vazamento de Uso e Destruição e ou
Barra dos Coqueiros 30/08/2019
Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Barra dos Coqueiros Praia do Porto/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Com. de Barra dos Coqueiros/Vazamento Uso e Destruição e ou
Barra dos Coqueiros 30/08/2019
de Óleo preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Barra dos Coqueiros Povoado Touro 04/06/2019
Particular poluição
Uso e Destruição e ou
Barra dos Coqueiros Povoado Jatobá/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
85
Uso e Destruição e ou
Barra dos Coqueiros Praia da Costa/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Comunidade Carapitanga/DESO/ Uso e Destruição e ou
Brejo Grande 23/11/2019 128
Vazamento de Óleo preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Brejo Grande Pov. Samarém/Saramém 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Brejo Grande Com. Quilombola Brejão dos Negros 04/06/2019 277
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Brejo Grande Comunidade Resina 04/06/2019 57
Particular poluição
Uso e Destruição e ou
Brejo Grande Colônia Z-16/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Com. de Foz do Rio São Francisco/ Uso e Destruição e ou
Brejo Grande 30/08/2019 241
Vazamento de Óleo preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Brejo Grande Ilha da Costinha/Vazamento de Óleo 21/11/2019 241
preservação poluição
Uso e Destruição e ou
Brejo Grande Praia do Cabeço/Vazamento de Óleo 21/11/2019 241
preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Povoado Ouricuri 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Povoado Tibúrcio 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Pov. Miranga/Miranguinha 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Povoado Muculanduba 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Povoado Farnaval 04/06/2019 25
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Povoado Gravatá 04/06/2019
Particular poluição
Uso e Destruição e ou
Estância Com. Praia do Abaís/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Povoado Massadiço 04/06/2019 17
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Pov. Manoel Dias 04/06/2019 50
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Com. Praia do Saco/Vazamento de Óleo 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Estância Pov. Porto do Mato 04/06/2019 769
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Indiaroba Povoado Cajueirinho 04/06/2019
Particular poluição
Com. Mangue de Indiaroba/Vazamento de Uso e Destruição e ou
Indiaroba 30/08/2019
Óleo preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Indiaroba Povoado Ribuleirinhas 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Indiaroba Povoado Santa Terezinha 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Indiaroba Pov. Terra Caída 04/06/2019 350
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Indiaroba Com. Pontal da Barra 04/06/2019 150
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Indiaroba Povoado Preguiça 04/06/2019 350
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Indiaroba P. A. Sete Brejos 04/06/2019
Particular poluição
Uso e Destruição e ou
Itaporanga d'Ajuda Povoado Caueiras/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Itaporanga d'Ajuda Pov. Água Boa 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Itaporanga d'Ajuda Ilha Mem de Sá 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Itaporanga d'Ajuda Pov. Nova Descoberta 04/06/2019
Particular poluição
Uso e Destruição e ou
Itaporanga d'Ajuda Com. Mangue/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Itaporanga d'Ajuda Povoado Costa do Pau D'arco 04/06/2019
Particular poluição
Uso e Destruição e ou
Neópolis Colônia Z-07Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Uso e Destruição e ou
Neópolis Ilha das Flores/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Comunidade Pacatuba/Vazamento de Uso e Destruição e ou
Neópolis 30/08/2019
Óleo preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Pacatuba Pov. Santana dos Frades 04/06/2019
Particular poluição
Praia de Ponta dos Mangues/Vazamento Uso e Destruição e ou
Pacatuba 30/08/2019
de Óleo preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Pacatuba Povoado Tigre 04/06/2019 63
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Pacatuba Povoado Junça 04/06/2019 28
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Pacatuba Pov. Pontas dos Mangues 04/06/2019
Particular poluição
Uso e Destruição e ou
Pirambu Praia do Pirambu/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição
Apropriação Destruição e ou
Pirambu Pov. Água Boa 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Pirambu Pov. Lagoa Redonda 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Pirambu Comunidade Bebedouro 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Pirambu Povoado Aningas 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Pirambu Pov. Santa Isabel 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Pirambu Comunidade Aguilhadas 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Santa Luzia do Itanhy Povoado Taboa 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Santa Luzia do Itanhy Povoado Crasto 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Santa Luzia do Itanhy Povoado Rua da Palha 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Santa Luzia do Itanhy Povoado Pedra Furada 04/06/2019
Particular poluição
Apropriação Destruição e ou
Santa Luzia do Itanhy Povoado Cajazeiras 04/06/2019 100
Particular poluição
Uso e Destruição e ou
Aracaju Praia Coroa do Meio/Vazamento de Óleo 30/08/2019
preservação poluição

Subtotal: 69 3087

Total dos Conflitos no Campo - Sergipe: 69 Pessoas: 12348

Tocantins
TERRA
Conflitos por Terra
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Almas Comunidade Quilombola Baião 19/02/2019 25 Quilombolas
Loteamento Caju Manso/Lt. 2/Faz.
Araguaína 09/05/2019 23 Posseiros
Pinheiro/Com. Gurgueia
Araguaína P. A. Paraíso 02/07/2019 127 Assentados
Muricilândia, Araguaína, Faz. Volta Grande/Assent. Manoel
11/11/2019 94 Assentados
Luzinópolis Alves Bié
Chaparral Agropecuária Ltda./Fazenda
Araguaína 13/06/2019 40 Sem Terra
Chaparral I
Chaparral Agropecuária Ltda./Fazenda
Araguaína 04/04/2019 Sem Terra
Chaparral I
Babaçulândia UHE Estreito/Acamp. Ilha Verde 10/09/2019 35 Ribeirinhos
Babaçulândia UHE Estreito/Acamp. Ilha Verde 19/02/2019 Ribeirinhos
Babaçulândia Faz. Aruanã I, II, III e IV/Taboca 18/03/2019 Sem Terra
Babaçulândia Faz. Aruanã I, II, III e IV/Taboca 20/03/2019 70 Sem Terra
Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 21/08/2019 Posseiros
Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 09/12/2019 80 Posseiros
Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 10/05/2019 Posseiros
Gleba Garimpo/Faz. Serrinha/
Barra do Ouro 07/10/2019 32 Sem Terra
Comunidade Serrinha
87
Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 26/03/2019 Sem Terra
Barra do Ouro Gleba São José/Com. São José 20/11/2019 Sem Terra
Barra do Ouro Gleba São José/Com. São José 05/12/2019 64 Sem Terra
Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 31/01/2019 Posseiros
Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 08/05/2019 Sem Terra
Tocantinópolis, Barra do Ouro Gleba Tauá 30/10/2019 Posseiros
Conceição do Tocantins Comunidade Quilombola Água Branca 19/02/2019 35 Quilombolas
Conceição do Tocantins Comunidade Quilombola Matões 19/02/2019 38 Quilombolas
Darcinópolis Assentamento Destilaria 22/04/2019 47 Assentados
Filadélfia UHE Estreito/Acamp. Dom Bosco 28/02/2019 35 Ribeirinhos
Formoso do Araguaia P.A. Caracol 08/05/2019 127 Assentados
Formoso do Araguaia, Lagoa da Ilha do Bananal/Mata do Mamão//
04/11/2019 Indígenas
Confusão, Pium Indígenas isolados "Cara Preta"
Goiatins Gleba Sítio Taquari/Faz. Pau D'Óleo 06/02/2019 6 Posseiros
Faz. Pântano do Papagaio/Acamp.
Ipueiras 30/01/2019 40 Sem Terra
Clodomir Santos de Morais
Cristalândia, Gurupá, Lagoa da T. I. Mata Alagada/Loroty/Faz. Planeta/
26/04/2019 31 Indígenas
Confusão Krahô Kanela
Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 19/04/2019 Sem Terra
Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 02/11/2019 Sem Terra
Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 18/06/2019 Sem Terra
Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 19/03/2019 Sem Terra
Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 11/12/2019 40 Sem Terra
Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 01/11/2019 Sem Terra
Nova Olinda, Nova Olinda Faz. Santa Maria/Gleba Anajá/Pombas 04/10/2019 30 Sem Terra
Faz. Recreio/Freitas/Acamp. Bom
Palmeirante 19/03/2019 19 Sem Terra
Jesus/Gabriel Filho
Formoso do Araguaia, Lagoa da
Parque Indígena do Araguaia 20/08/2019 875 Indígenas
Confusão, Pium
Porto Alegre do Tocantins Comunidade Quilombola Lajinha 19/02/2019 40 Quilombolas
Porto Alegre do Tocantins Comunidade Quilombola São Joaquim 19/02/2019 68 Quilombolas
São Bento do Tocantins Fazenda Estrela de Davi 28/11/2019 80 Sem Terra
Maurilândia do Tocantins, Palmas,
T. I. Apinajé/Apinayés/UHE Serra
Tocantinópolis, Augustinópolis, 07/11/2019 227 Indígenas
Quebrada/PAC
Araguaína
Wanderlândia Fazenda Santa Maria 21/05/2019 50 Sem Terra

Subtotal: 43 2378

Ocupações/Retomadas
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Categoria
Crixás do Tocantins Fazenda Consolação 14/09/2019 200 Sem Terra
Luzinópolis Faz. São Joaquim I e II/Ass. Água Boa 30/04/2019 40 Sem Terra

Subtotal: 2 240

Total conflitos por terra - Tocantins: 45 2578

TRABALHO
Trabalho Escravo
Trab. na
Município(s) Nome do Conflito Data Libertos Menores Tipo de Trabalho
denúncia
Bernardo Sayão Fazenda Macedônia 01/01/2019 4 4 Pecuária

Subtotal: 1 4

Total Conflitos Trabalhistas - Tocantins: 1 4

ÁGUA
Conflitos pela Água
Município(s) Nome do Conflito Data Famílias Tipo Conflito Situação
UHE Estreito/Reassentamento Bela Barragens e Reassentamento
Babaçulândia 28/02/2019 19
Vista Açudes inadequado
Barragens e Reassentamento
Babaçulândia UHE Estreito/Reassentamento Baixão 28/02/2019 19
Açudes inadequado
UHE Estreito/Reassentamento Santo Barragens e Reassentamento
Babaçulândia 28/02/2019 19
Estevo Açudes inadequado
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

UHE Estreito/Reassentamento Barragens e Reassentamento


Babaçulândia 28/02/2019 19
Mirindiba Açudes inadequado

Subtotal: 4 76

Total dos Conflitos no Campo - Tocantins: 50 Pessoas: 10620

Tabela 2 - Conflitos no Campo

Brasil

Conflitos Pessoas

Terra 1254 578968

Trabalho 90 883

Água 489 279172

Seca

Total Brasil 1833 859023

11

* Foi divulgado número bem maior onde houve ocorrências de vazamento de petróleo em praias brasileiras, essas podem
ser consultadas no endereço eletrônico http://www.ibama.gov.br/manchasdeoleo-localidades-atingidas . A CPT regis-
trou como conflito as comunidades as quais conseguimos fontes que contivessem nome da localidade, nome da comuni-
dade, data aproximada do fato e em alguns casos número de famílias.
Foto: Andressa Zumpano

Violência contra as mulheres.


O patriarcado e as institucionalidades
públicas nos conflitos no campo
Maria Cristina Vidotte Blanco Tarrega1

Introdução como entes unitários, reforça a forma de po-


der a ser desconstruída, que suplanta uma
A violência tem aumentado no mundo con- mera distinção entre sexos para significar
temporâneo. A violência contra as mulheres, uma dominação sobre a vida.
sobretudo. A violência como campo do agir
masculino, num sistema patriarcal orienta- Žižek (2014) afirma que precisamos perce-
do pelo neoliberalismo. Os sujeitos da vio- ber os contornos dos cenários que engen-
lência, no seu ato, têm gênero definido. A dram as explosões de violência, nas quais
violência é sempre contra a mulher ou, em podemos identificar claramente o violenta-
outras palavras, é contra o que o feminino dor e o violentado. Precisamos nos afastar
representa na sociedade. Ela é fincada na em direção às origens da violência. Mister
representação de sujeitos individualizados se faz compreender ainda a violência simbó-
pertencentes ao masculino e ao feminino. lica, encarnada na linguagem, impondo um
A ideia de individuação dos sujeitos, vistos certo universo de sentido e por outro lado, a

1
Mestre e Doutora em Direito. Professora Titular na Universidade Federal de Goias e na Universidade de Ribeirão Preto.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

violência sistêmica determinante das bases ponesa é, nesse sentido, o espaço político
do nosso sistema político e econômico. novo, é a nova esfera pública que desafia as
verdades consolidadas a respeito do gênero,
Nesse sentido, pode-se pensar que a violên- da raça, da propriedade da terra, do capital
cia contra a mulher, enquanto fundamento e permite aos seus sujeitos sair da invisibi-
do patriarcado, é a base de todas as outras lidade e se expor por uma nova política. E
formas de violência e dominação (SEGATO, ao fazê-lo sofrem agressões porque violaram
2018 ). Ela é a fonte primeira das assime- o conforto das coisas naturalizadas violen-
trias dentro do que podemos entender como tamente.
violência sistêmica. O patriarcado como um
sistema político e econômico estabelecido a A resistência camponesa é uma força per-
partir de linguagens determina um universo turbadora num contexto sócio-histórico ra-
de sentido violentador, agressivo, destruidor dical. A mulher, na reivindicação da terra e
do campo feminino ali mesmo criado, retro- das territorialidades, fere a noção de gênero
alimentando a hegemonia do que o mascu- naturalizada nas concepções de proprieda-
lino representa. de da terra patriarcal, masculina capitalis-
ta.
Nessa perspectiva, a partir dos diversos ca-
sos colhidos do repositório da Comissão Pas- O patriarcado e a violência contra a mu-
toral da Terra (CPT), se propõe refletir sobre lher
as muitas agressões sofridas pelas pessoas
do campo, violentadas no sistema mundo Rita Segato (2018, p.221) afirma que o pa-
patriarcal, em que o Estado é estruturado triarcado é o centro do problema da violên-
em favor de sua apropriação pelas elites do- cia contra as mulheres e, portanto, o cen-
minantes e cujo atuar é comprometido pelo tro de todas as formas de violência. Atacar
fisiologismo. Um Estado cujas instituições o patriarcado é desmantelar as estruturas
polarizam-se entre defender direitos consti- que sustentam as violências sociais con-
tucionalmente assegurados e defender inte- temporâneas. Estruturas que se apresen-
resses de grupos hegemônicos e propostas tam em assimetrias binárias que se revelam
desenvolvimentistas. como político e privado, vida política e extra
política, ignorando o não claramente políti-
Com Judith Butler e Athena Athanasiou co. Ignorando, no nosso entendimento, as
(2018) refletir sobre o pertencimento a gru- muitas expressões de poder nas relações
pos e a despossessão, e a exposição das ex- privadas. Mascarando as tensões e hegemo-
cluídas e dos excluídos, numa nova esfera nias existentes em todos os espaços sociais.
política. Para as autoras, o domínio dessa Ignorando o que Segato (2018) denomina
aparição política supõe um contexto de nor- de mandato de masculinidade que sustenta
matividade social, aceita, acomodada, na- esta assimetria.
turalizada na trama social. Sob esse tecido
estão invisibilizados os excluídos. E essa é Esse sistema mundo patriarcal binário mi-
a primeira violência sofrida pela mulher. O sógino, com suas linguagens violentas pro-
desafio de resistir é o de mobilizar a apari- duz uma verdade masculina, universal, de
ção, questionando as premissas epistemo- interesse geral dominadora e outras de im-
lógicas naturalizadas. É violar as normas portância marginal.( SEGATO, 2018, p. 211)
estabilizadoras fundadas sobre gênero, se-
xualidade, racialidade, normalidade psíqui- No mundo da agrariedade, a verdade uni-
ca, propriedade de terras e capital (BUTLER versal hegemônica masculina é aquela do
e ATHANASIOU, 2016). A resistência cam- agronegócio. A concepção binária reproduz
91
essa ideia. O agronegócio, a exportação a com que os ingressos de divisa variem num
produção de commodities - isso é a verda- sistema que dificulta a alimentação das gen-
de dominante, o político, o masculino. É a tes. Segundo a FAO, os modelos prevalentes
verdade da propriedade capitalista, numa de mercado interno são mais estáveis. Onde
perspectiva epistemológica naturalizada. se planta para comer, a fome é menor. Isso
O mundo dos camponeses, das mulheres vale para as nações. Há menos fome, menos
camponesas, dos povos tradicionais, da subnutrição. Ao contrário, onde se planta
agricultura agroecológica, dos extrativismos para o mercado verifica-se mais fome, me-
tradicionais é considerado universo de mo- nos qualidade alimentar. Há, entre outros
delos periféricos frente à grande verdade do males, o aumento de obesidade.
“agro” discutida nas esferas internacionais
de negociação, interferente nos sistemas A expressão feminina no conflito
econômico, creditício e monetário mun-
diais. O espaço de existência da camponesa O caráter masculino da violência produz si-
é aquele produzido e excluído pela violência tuações espetaculares às quais as mulhe-
dos esquemas neocoloniais capitalistas2. A res, ao se expor atuando no campo das re-
agricultura das famílias camponesas, das sistências e rompendo o véu das ideias de
comunidades quilombolas, extrativistas, gênero naturalizadas no mundo patriarcal
cuja expressão já as coloca no plano extra capitalista, são expostas. A agressão contra
político, privado, da existência das pessoas as mulheres, ou como quer Segato - a guer-
cujos valores não são considerados de inte- ra contra as mulheres (2018) -, potencializa
resse geral e universal, são expressões não o reconhecimento espetacular nas relações
hegemônicas e, portanto, a face feminina intersubjetivas, institucionais, sociais. Po-
violentada do patriarcado rural contempo- de-se observar que, em vários momentos
râneo. de aparição pública, as mulheres tornam-
-se protagonistas de espetáculos em que a
Entretanto, aquela verdade reconhecida suas identidades são profanadas, por meio
como verdade universal mostra-se bastante de ataques. Ora são xingadas, ora são des-
discutível e em realidade não responde às consideradas e humilhadas.
necessidades das pessoas, destinatárias úl-
timas das ações de interesse geral. Francisco Bosco (2017), na obra “Violência e
sociedade de espetáculo” afirma que o espe-
A apresentada “verdade hegemônica” do táculo é uma instância do reconhecimento
mundo ruralista, naturalizada na proprie- social diretamente associada ao menor re-
dade individual privada e nos esquemas de conhecimento jurídico dos cidadãos. Assim,
regulação capitalista, se põe contrariamen- o espetáculo produzido no campo da violên-
te aos interesses dos grupos humanos que cia contra as mulheres é antes de tudo a
precisam do alimento, razão primeira da exclusão do campo jurídico. É a evidência
agricultura- o sustento das pessoas. Segun- de que no patriarcado naturaliza-se a ideia
do a FAO (Food Alimentation Organization, segundo a qual a cidadania das mulheres
2019), a fome aumenta nos países onde há comporta menos direitos, é inferior àquela
o predomínio da monocultura para o culti- masculina.
vo de commodities. Vale dizer que os países
dependentes do mercado externo de commo- Essa percepção da inferioridade da cidada-
dities agrícolas são famélicos porque esse nia feminina, revelada no espetáculo públi-
mercado varia conforme a escassez ou a co, é mostrada no relato das ofensas contra
abundância de oferta dos produtos. Isso faz Raquel Aguiar no momento da eleição da
2
Numa referência a Athena Athanasiou (BUTLER E ATHANASIOU, 2016, p.169)
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

representação do Povo Tremembé no Comi- Einstein em “Por que a guerra” e o consenso


tê Regional da FUNAI, no Maranhão. Ao ser entre os autores de que o homem carrega
exposta como possível representante é agre- em si um instinto de ódio e de destruição
dida verbalmente, humilhada e impedida de que o mobiliza. E, com Alain (2017, p.12)
se eleger, segundo relato da CPT, baseado afirma que qualquer paixão justifica-se por
em fonte do Conselho Indigenista Missioná- ela mesma, que a verdadeira causa do ódio
rio, datado de 10 de abril de 2019. é o ódio, que cresce no próprio movimento.
Esse ódio e esse ímpeto de destruição são
Há um enfraquecimento da cidadania da identificáveis nos contextos dos conflitos do
mulher tutelado pelo Estado. Segundo Bos- campo, sobretudo na violência contra a mu-
co (2017, p.18), “o enfraquecimento do es- lher.
pírito público significa o enfraquecimento
da instância do reconhecimento jurídico (já Bosco lembra que a realidade da existência
que é na política que se definem os proces- humana é intersubjetiva. As paixões huma-
sos de ampliação de direitos)”. Isso promove nas aí estão. Não há realidade autônoma.
a ascensão do espetáculo como instância do “Para ser humanamente real, para se sen-
reconhecimento, obedecendo a uma outra tir parte constitutiva da realidade humana,
lógica de formação de esferas públicas. para ser humano enquanto tal, o indivíduo
deve ser reconhecido pelos outros” (BOSCO,
Adauto Novaes, ao organizar a obra “Fon- 2017, p.14). Assim se dá com aqueles que
tes passionais da violência”, (2017) bus- deixam parte de si para se aliar à luta, à
ca responder, com vários pensadores con- resistência. O reconhecimento das mulhe-
temporâneos, “qual o papel das violências res camponesas pelos seus pares, pela so-
passionais nos destinos da humanidade”, ciedade, pelo Estado é fundamental para a
lembrando que a violência é uma força superação dos problemas encontrados no
apaixonada. E o autor conduz o pensamen- cotidiano. A falta de reconhecimento amea-
to para refletir com Leopoldo e Silva que a ça o sentimento de si, a segurança sobre a
violência é parte do humano, como dialética própria existência objetiva. Na luta pelo re-
da criação e da destruição, presentes nas conhecimento enfrentam, no âmbito estatal
relações sociais, que tentam escondê-la e na e institucional, no mais das vezes, o intento
política, que tenta racionalizá-la. da destruição do outro, não pela sua morte,
mas pela sua supressão dialética. Essa su-
Há, no processo de colonização perene ao pressão dialética pode ser identificada nos
qual se sujeita o Brasil, a tentativa de ocul- casos relatados à Comissão Pastoral da Ter-
tamento e da racionalização da violência ra. Nas falas ameaçadoras e humilhantes
destrutiva dos povos camponeses, e antes contra as mulheres, como aquela contra Ra-
de tudo das mulheres camponesas, e por quel Aguiar, que chocam e impedem a conti-
consequência da democracia brasileira ins- nuidade da reunião.
trumentalizada pela força apaixonada do
humano. Na busca pelos reconhecimentos, e na
guerra que aí se estabelece, há uma cone-
Há um discurso de ódio contra os grupos xão dos corpos femininos como territórios.
de resistência, aqueles que Butler e Athana- Bosco afirma que “a relação de reconheci-
siou (2016) entendem tributários da despos- mento é constitutivamente uma luta e po-
sessão. Há contra eles o ódio e o ímpeto de tencialmente violenta” em que a busca de
destruição que impulsionam homens atrás reconhecimento reage de forma a “suprimir
das instituições, notadamente políticas. No- realmente o outro que é fonte de sua an-
vaes (2017, p.10), cita o diálogo de Freud e gústia de inexistência objetiva.” (BOSCO,
93
2017,p.14). Nesta sociedade espetacular As institucionalidades do Estado contra
é preciso destruir o outro no embate pelo o feminino
reconhecimento. E no patriarcalismo en-
frenta-se a ideia de que é preciso destruir a Em muitos dos casos relatados, as institui-
mulher que luta porque, na perspectiva de ções do Estado têm sido coniventes com a
gênero, ela está sob a custódia masculina. violência fundada na lógica neoliberal da
Destruí-la é demonstrar a impotência mas- mercantilização da terra, do patriarcado.
culina daquele que tinha por mister prote- Por uma herança colonial (colonialismo que
gê-la3. Por outro lado, impõe-se a punição persiste até os dias de hoje), a relação do
da transgressora que rompe a imagem da Estado com a sociedade tanto na perspecti-
mulher submissa, subjugada aos autorita- va das leis, quanto na das políticas públicas
rismos misóginos, que extrapola o teto das e do atuar das instituições, têm assegurado
verdades naturalizadas pelo patriarcado, a violência contra os denominados despos-
alçando vôos de reconhecimentos, criando suídos, no sentido butlleriano/athanasiano.
novos espaços políticos e reivindicando uma
outra cidadania. Isso se agrava quando no espaço de apari-
ção têm-se uma mulher, como é o caso das
Nessa luta, as mulheres sofrem forte opres- militantes dos Movimento dos Atingidos por
são. Esse é um objetivo para se alcançar a Barragem (MAB), como Ana Flavia do Nas-
meta de destruir a coesão moral do grupo. cimento, 46, de Rondônia, que vem sendo
Por isso se diz hoje que a guerra se feminili- ameaçada por lutas em favor de compensa-
zou (SEGATO, p.230) ções ambientais, por se opor, junto com sua
comunidade, à ampliação do reservatório de
A construção de pertencimento a um gru- uma usina e por pleitear o pagamento de
po, ou a participação a uma comunidade de indenizações aos sujeitos da comunidade
resistência política e ações transformadoras atingidos por obras, na região de Jaci Para-
pressupõem alianças afetivas comunitárias ná, distrito de Porto Velho. Em casos como
que vão se somar às individuais pré-exis- esse, a atuação das instituições estatais
tentes. Essas alianças são produzidas nos pouco revelam o cumprimento do dever do
processos de exclusão e violência dos es- Estado de proteger os cidadãos e as cidadãs.
quemas neocoloniais capitalistas, raciais, Por outro lado, observa-se uma polarização
sexuais e de gênero, que criam esses grupos das instituições ligadas ao aparelho estatal,
e os excluem, criando novas esferas de rei- posicionando-se algumas em favor dos di-
vindicação política. (ATHANASIOU, 2016). reitos das pessoas e dos grupos oprimidos
Esquemas que geram a coesão moral dos e outras em favor das elites dominantes,
excluídos e posteriormente os violentam. revelando o perene fisiologismo do Estado
brasileiro. No caso em apreço, enquanto o
Nesses novos espaços da ação política, nos Ministério Público Federal (MPF) tomou me-
territórios dos grupos, há a exposição do fe- didas de proteção em favor de Ana Flávia
minino e com ela a violência, porque aí se Nascimento, o governo do estado de Ron-
revela a possibilidade de uma outra política, dônia determinou o fechamento da base da
de uma outra democracia com efetiva par- Polícia Militar localizada no distrito, fragili-
ticipação e igualdade. A violência subjetiva zando a sua segurança e de sua da comu-
(no sentido zizekiano) contra a mulher ocor- nidade. Essa deliberação da política local
re, muitas vezes, nas novas esferas da polí- encoraja a violência dos grupos detentores
tica, em espaços de aparição como ataques do poder econômico, atuando na lógica neo-
diretos à democracia. liberal contra os excluídos dela.
3
Nesse sentido Rita Segato. (2018)
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

A fala do representante do MPF é muito re- Segundo Segato, “a violação opera a destrui-
veladora da contribuição dos atos do Esta- ção moral do grupo corporizado que supõe
do local no fortalecimento da violência - “Os estar na tutela dos corpos agredidos” (2018,
ameaçadores são cada vez mais ousados e a p.227).
gente fica cada vez mais preocupado com a
segurança dela.”(CAVICHIOLI, 2019). A mulher é exponencialmente mais vítima
nos territórios de resistência que ocupa por-
No caso de Ana Flavia Nascimento, o caráter que no imaginário arcaico de gênero ela é
misógino dos atos praticados contra a expo- um corpo pacífico. Rita Segato (2018, p.228
sição da mulher no espaço de resistência re- e 229) explica que a forma de tomar deter-
vela-se na maneira como são realizadas as minados territórios e afirmar o controle e a
ameaças e como a própria vítima ameaçada total discricionariedade sobre eles é atacan-
vê isso. do com crueldade os corpos inocentes, os
corpos pacíficos, em vez daqueles que estão
A presença de representações fálicas nas em combate. A crueldade contra os corpos
ameaças praticadas pelos agressores são femininos não tem uma instrumentalidade
denunciadas no relato da vítima: bélica, mas informativa no sentido de rea-
firmação de domínio daquele campo de dis-
Já entraram na minha residência por vá- puta. Assim tem uma força simbólica com
rias vezes. Algumas vezes, sem subtrair grande potencial destrutivo.
objetos. Deixaram uma faca em cima da
minha cama, uma enxada, preservativo A profanação de um corpo é a desmorali-
masculino... já fui vítima de perseguições zação não apenas da pessoa, mas também
por carro, recebi mensagem no WhatsApp, daqueles que deveriam cuidar dela, como
motos e carros ficam rondando minha casa uma exibição do arbítrio, do controle juris-
e meu trabalho. (MAB, 2019, apud CPT) dicional sobre territórios e vidas. Exibe-se a
impunidade. (SEGATO, 2018, p. 229)
Por outro lado, no depoimento da ameaça-
da, quando ela afirma temer o modo da pos- Para alguns grupos que discutem o feminis-
sível agressão a ser praticada contra si, po- mo institucional, a estratégia e as institu-
de-se dar conta de que a crueldade contra a cionalidades públicas não têm sido exitosas
mulher é prática rotineira nesses territórios no sentido de conter a violência letal e de
de embates contra os processos neoliberais evitar as formas de crueldade sofridas pe-
de aniquilamento de determinados grupos. las mulheres. As instituições do Estado não
têm agido em combate à misoginia e não in-
-“Não tenho medo da morte, mas da covar- corporam a proteção da mulher e de outros
dia, de que forma isso poderia acontecer”. excluídos da racionalidade do sistema neo-
liberal.
Historicamente, o ataque contra as mulhe-
res expostas, nas novas esferas de disputa A institucionalidade fica comprometida pela
política, tem tido requintes de crueldade, captura e pela posterior fisiologia no âmbi-
fortalecendo a ideia de subjugo do gênero to do Estado. A estrutura dos Estados la-
feminino e também do grupo em que aquela tino-americanos garante, desde sua funda-
mulher está inserida, vez que, numa pers- ção, a sua apropriação pelas elites, o que
pectiva conservadora do imaginário pa- se agrava pelos pactos feitos com o merca-
triarcal de gênero (em que se acomodam os do e as grandes empresas. E aqui, no seio
agressores), os homens devem proteger as das institucionalidades do Estado, opera a
mulheres do seu grupo. Há desonra em não racionalidade de regulação dos esquemas
o fazê-lo (SEGATO, 2018).
95
neo-coloniais, capitalistas, raciais, sexuais gurando as instituições. A democracia pres-
e de gênero. O Estado instrumentaliza o pa- supõe responsabilidades políticas que não
triarcado. têm tido presença nas relações do Estado
com os grupos de resistência, nos momen-
Há uma perene apropriação do Estado nos tos de conflitos desses com o mercado, com
contextos do colonialismo avançado, que as elites proprietárias. Os deveres político-
fica evidente nos casos relatados pela do- -institucionais dos agentes institucionais
cumentação da Comissão Pastoral da Terra. públicos deveriam ser conformados pela
obediência responsável à ética e ao direito,
A atuação do Estado referente aos proble- no espaço público que cada um deles ocu-
mas sofridos com a implantação de linhas pa. Isso não ocorre e, facilmente, se observa
de transmissão de energia elétrica é posta nos relatos e notícias trazidas à CPT.
em questão pelas comunidades geraizeiras
(Buriti/São Lourenço e Vale das Cancelas) No Maranhão, grupos de lavradores foram
e quilombolas (Baú) do norte de Minas Ge- desterritorializados e denunciam grilagem
rais. As lideranças denunciam a cooptação de terras e conflitos em que atuaram irre-
do poder público revelada pela atuação do gularmente agentes públicos de diferentes
judiciário e do executivo, notadamente no esferas de poder, notadamente do judiciá-
que diz respeito à fragmentação e à inade- rio e da segurança pública. Numa situação
quação dos processos de licenciamento am- violenta e complexa, permeada por muitas
biental (relatório ambiental simplificado), a arbitrariedades de autoridades públicas e
ausência de cumprimento do dever de con- envolvendo irregularidades no processo ju-
sulta e informação, o não pagamento de in- dicial, as instituições públicas se polarizam
denizações aos atingidos pelas obras (CPT). na defesa dos direitos dos camponeses e
contra eles.
Não é outro o questionamento referente ao
atuar institucional do Estado declinado pela No Maranhão, o Povo Indígena Tremembé
família de posseiros de Campinaçu, que de- foi alvo de ataques e destruição com envol-
nunciam ter sido despejados depois de mais vimento do poder público e atitudes misógi-
de quatro décadas de posse contínua sem nas contra liderança. Houve despejo contra
notificação, por determinação judicial em eles em seu território e posterior retomada.
favor de portadores de títulos de proprie- Houve falhas processuais graves, ausência
dade emitidos pelo extinto Instituto de De- de atuação institucional e da necessária
senvolvimento Agrário do Estado de Goiás. proteção estatal de direitos.
Essa família foi ameaçada e em seu favor foi
pedida proteção ao MPF. A esse caso tam- Todos os sujeitos políticos, em todos os ní-
bém foi associada a ocorrência de degrada- veis e esferas de poder afetados pelos con-
ção ambiental por desmatamento sem licen- flitos e ataques a grupos excluídos da lógica
ça. Em regra, os ataques contra os grupos e dos processos neoliberais necessitam ser
tradicionais territorializados na área rural responsabilizados. “Responsabilizar o sujei-
configuram casos de racismo ambiental. to político é lembrar-lhe que ele nunca pode
se manter completamente isento do sistema
Nos embates e nos ataques sofridos pelos do qual participa e das violências sociais
grupos de resistência, verifica-se a vulne- e econômicas que esse sistema produz.”
rabilidade do espírito público no âmbito do (GROS, 2017, p.23)
Estado brasileiro, que revela a fragilidade
de uma ética pública e de responsabilida- Um caso emblemático de descaso com os
des dos sujeitos políticos, que estão confi- economicamente desfavorecidos e a coni-
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

vência do poder público com as arbitrarie- propostas agressivas de exploração de re-


dades das elites locais, ocorre no Tocantins, cursos e por desenvolvimento agrícola em
no município de Barra do Ouro, em que confronto com formas não capitalistas de
uma trabalhadora rural comparece à Dele- apropriação, uso e atribuição de significa-
gacia de Polícia para noticiar vários crimes dos ao território, vinculadas por interações
e vê-se impossibilitada de fazê-lo, neces- com a natureza. A produção neoliberal afeta
sitando comparecer no Ministério Público o modo de vida local, provoca a disputa pela
do Estado para que providências sejam to- apropriação formal do conhecimento tradi-
madas. Informava, a trabalhadora, crimes cional, gera a desterritorialização e o racis-
ambientais, ameaças a pessoas, destruição mo ecológico. As coletividades que vivem no
de estradas, provocando o impedimento de campo resistem e, dessa maneira, instala-se
acesso escolar às crianças, entre outros. Ve- o conflito. Conflito que redundará em ganho
rifica-se aqui a equivocada consideração da financeiro para o capital especulativo.
inferioridade da cidadania da mulher impe-
dida do exercício de seus direitos. Vários são os relatos de violência contra
povos tradicionais. O caso do Quilombo do
Os conflitos ecológicos e o racismo am- Baú em Araçuaí, Minas Gerais, que resiste
biental contra o avanço da mineração e a contami-
nação das águas, desde 2013. Ali 35 famí-
A violência estabelecida contra povos e co- lias foram alvo de armas de fogo, 2000 pes-
munidades tradicionais acerca do uso dos soas foram desterritorializadas em razão do
recursos naturais e da contaminação, estão pânico provocado pelo ataque, o presidente
relacionados aos padrões sociais, espaciais, da Associação e sua esposa foram ameaça-
temporais de acesso à natureza e à sobre- dos e ficaram sob a proteção do Estado e,
vivência humana. Segundo Leff (2003), a posteriormente, foram presos em flagrante
distribuição ecológica dá conta das exter- por porte de arma de fogo (por informação
nalidades ambientais. As comunidades tra- de grupos hegemônicos contrários) quan-
dicionais contribuem para diminuição das do se dirigiam à sede do Ministério Público
devastações e das contaminações mas são para denunciar as ameaças sofridas. A co-
vítimas constantes da desterritorialização munidade considera a prisão injusta tendo
determinada pelo avanço da proposta de- em vista que o porte da arma se deu em ra-
senvolvimentista. Isso tem custos conside- zão de ameaças de morte sofridas.
rados na financeirização da natureza, so-
bretudo da terra. Sauer, ao tratar da demanda global, con-
sidera a influência dos conflitos e a im-
No Brasil há uma intensificação da violência portância estratégica dos sujeitos do cam-
contra as comunidades tradicionais rurais, po. Afirma a existência de um movimento
nos últimos anos. Os conflitos originários de financeirização voltado aos setores ali-
da disputa por territórios têm se intensifica- mentar e agrícola, gerando uma volatilidade
do, sobretudo com a expansão da fronteira dos preços, fruto das especulações, o que
agrícola e com o avanço do neoextrativismo, afeta diretamente a demanda global - pre-
da mineração. Os relatórios de conflitos dos ços, disputas e conflitos - por terras e por
últimos anos da Comissão Pastoral da Ter- recursos naturais, promovendo a expansão
ra apontam significativo aumento de áreas das fronteiras agrícolas. “Esta é a conexão
de conflito e de assassinatos (CPT, 2018, e a atualização da questão agrária, dando
2019). importância à terra, para além da histórica
concentração da estrutura fundiária, reedi-
As disputas por territórios decorrem de tando a importância estratégica dos sujeitos
97
do campo.” (2016, p.80). Não raras vezes es- uma polarização dos agentes públicos que,
sas terras são ocupadas por comunidades se de um lado, alguns procuram ser garan-
tradicionais, muitas delas por grupos de tidores dos direitos constitucionalmente
pessoas afrodescendentes, como os quilom- conquistados, de outro, muitos atendem
bolas. aos interesses capitalistas hegemônicos, re-
velando as raízes elitistas do Estado brasi-
Considerações finais leiro, cujas estruturas permitem sua apro-
priação privada, o fisiologismo em seu corpo
A violência contra as mulheres da resistên- e a prevalência de interesses neoliberais.
cia camponesa há de ser analisada no con-
texto de um sistema mundo orientado pelo O avanço das fronteiras agrícolas, a cons-
capitalismo avançado e por um patriarcado trução de geradoras de energia e estradas
de raiz, que naturaliza e impõe concepções e o neoextrativismo, atendendo a interesses
existenciais que criam e afrontam o univer- mercadológicos, têm agravado os conflitos
so feminino. e a desterritorialização dos povos tradicio-
nais. Num contexto de racismo ambiental, o
A violência no mundo latino-americano con- Estado muitas vezes se divide fazendo vistas
temporâneo, como força motriz de domina- grossas à devastação ambiental. A mulher,
ção da vida, funda-se na individualização de nesses casos, é frequentemente a protago-
sujeitos separados conforme os universais nista da luta e a exemplarmente punida.
de gênero, raça, sexo, naturalizados no pa-
triarcalismo. Ela se dá sempre contra o que Mudar esse cenário requer responsabilida-
o feminino representa na sociedade e alcan- des institucionais e políticas. A democra-
ça os despossuídos que afetam suas vidas cia pressupõe responsabilidades políticas e
pela participação em grupos de resistência, responsabilização efetiva dos agentes públi-
por meio da ação política. A ação política en- cos pelo descumprimento de seus deveres
gendra a aparição de novas esferas políticas político-institucionais, pela desobediência
que rompem com a estrutura tradicional da à ética e ao direito, no espaço público por
política estatal, em que ocorrem os enfren- eles ocupados. Os casos ocorridos em todo o
tamentos resultantes dos estranhamentos Brasil demonstram o contrário, a apropria-
entre os grupos hegemônicos representados ção do Estado pelos interesses privados e a
pelas elites locais e os grupos divergentes ausência de responsabilização.
do sistema neoliberal; esses sempre violen-
tados. Nesse cenário, intensificam-se as investidas
de destruição da agricultura das famílias
O atuar das institucionalidades públicas camponesas, das comunidades quilombo-
frente aos conflitos no campo protagoniza- las, extrativistas, postas fora do âmbito po-
dos por mulheres revela, no mais das vezes, lítico, como sujeitos cujos valores não são
um Estado patriarcal onde predominam considerados de interesse geral e universal
atos misóginos, marcados tanto pela vio- e, portanto, a face feminina violentada do
lência física quanto pela simbólica, forjando patriarcado rural contemporâneo.
uma cidadania feminina inferior.
Referências bibliográficas
No mais das vezes, nas respostas das insti-
tuições públicas às denúncias de agressões ALVARADO, G. et al. Gestión ambiental y con-
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tes de grupos de resistência, nas diversas Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales –
esferas de poder e nos diferentes níveis, há CLACSO, 2008
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

BARRICK GOLD CORPORATION Barrick’s Com- VAES, Adauto. Mutações: Fontes passionais
pliance Hotline. – [Web portal]. Disponível em da violência. Ebook.São Paulo, Edições SESC,
https://secure, 2015 2017.
BOSCO, Francisco. Violência e sociedade do es- NOVAES, Adauto. Org. Mutações: Fontes pas-
petáculo. In NOVAES, Adauto. Mutações: Fontes sionais da violência. Ebook.São Paulo, Edições
passionais da violência. Ebook.São Paulo, Edi- SESC, 2017.
ções SESC, 2017.
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BUTLER, Judith e ATHANASIOU, Athena. Buenos Aires, Prometeo Libros, 2018.
Dépossesion. Berlim, Diaphanes, 2016.
ZIZEK, Slavov. Violência. São Paulo, Boitempo,
GROS, Frédéric. A ética da obediência. in NO- 2014.
Foto: Ana Mendes

Terra
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Conflitos por Terra em 2019,


uma introdução

Antônio Canuto1
Márcio Antônio Cruzeiro2
Paulo César Moreira dos Santos3
Ruben Alfredo de Siqueira4

Um dos principais capítulos dos relatórios didos. Esses conflitos são registrados como
anuais publicados pela CPT desde 1985 Ocupações / Retomadas e Acampamentos.
– “Conflitos no Campo Brasil” – trata dos
Conflitos por Terra, que podem divididos em
Ocupações / Retomadas se definem quando
duas categorias.
famílias entram numa área que pretendem
conquistar, ou tentam retomar uma terra
A primeira refere-se aos conflitos provoca-
ou um território de onde foram expulsas ou
dos por grileiros, proprietários, supostos
despejadas. Acampamentos, por sua vez, se
proprietários, agentes ou órgãos do Esta-
constituem quando famílias montam barra-
do, registrados na tabela Conflitos no cam-
cas próximas de uma área improdutiva que
po como Ocorrências de conflito e, também,
querem desapropriada ou às margens de
expressos na tabela intitulada Violência
uma estrada próxima, como forma de pres-
contra a ocupação e a posse. São eventos
são sobre o governo para assentá-las na-
que se caracterizam pelas seguintes violên-
quela ou em outra área, privada ou pública.
cias coletivas contra as famílias ocupantes
das áreas em disputa: expulsão ou des-
pejo; ameaças de expulsão ou de despejo; Muitas vezes, os conflitos, sejam aqueles
destruição de casas, roças e outros bens; e provocados pelos agentes agressores ou re-
ação de pistoleiros e milícias privadas, nas sultantes da ação dos movimentos de luta
quais é comum a participação de membros pela terra (ou território), são acompanhados
das forças públicas de segurança, como Po- de diversas formas de violência individual,
lícias Civil e Militar. que aparecem na tabela Violência contra a
pessoa e envolvem as seguintes situações:
A segunda categoria trata das ações de Mo- Assassinatos, Tentativas de Assassinato,
vimentos Sociais do Campo, que podem se Ameaças de Morte, Torturas, Prisões, Agres-
dar por parte de trabalhadores rurais sem sões e Mortes em Consequência.
terra para conquistar e garantir um pedaço
de terra onde viver e produzir o sustento de Esta 34ª edição do relatório de Conflitos da
suas famílias, ou por parte de povos e co- CPT revela um ano peculiar, que introduziu
munidades tradicionais em defesa ou reto- uma nova dinâmica nos conflitos por terra,
mada de seus territórios ameaçados ou per- trágica e preocupante.

1
Jornalista e assessor dos setores de Comunicação e Cedoc Dom Tomás Balduino - CPT
2
Documentalista do Cedoc Dom Tomás Balduino - CPT.
3
Coordenação Executiva Nacional da CPT
4
Coordenação Executiva Nacional da CPT
101
Crescem os Conflitos por Terra No entanto, os números de Ocupações / Re-
tomadas e Acampamentos são os menores
Em 2019, o campo brasileiro experimentou já registrados pela CPT. O Gráfico compara
um significativo aumento de conflitos, moti- as variáveis. Se não significa um recuo da
vado, em boa parte, pelo incendiário e vio- iniciativa de luta pela terra, pode ser uma
lento discurso do Governo Federal em favor mudança de estratégia, que responde à ne-
dos grandes proprietários rurais e grileiros, cessidade de maior autoproteção das famí-
do agronegócio, das atividades garimpeira e lias e movimentos sociais no contexto nacio-
madeireira ilegais e contra os Movimentos nal e local de maior violência. Estimulada
Sociais do Campo, considerados e tratados, pelo Estado e muitas vezes praticada por
em particular pelo presidente Bolsonaro, ele, a violência em 2019 evidenciou-se cres-
como organizações delinquenciais. cente contra as populações camponesas, in-
dígenas e quilombolas e as organizações que
Nesse contexto, o total dos conflitos por ter- as representam. No contrafluxo da redução
ra atingiu 1.254 ocorrências, 12% a mais das Ocupações / Retomadas e Acampamen-
do que em 2018, que contabilizou 1.124 tos houve expressivo aumento de Manifes-

eventos. O montante de 2019 é dividido tações, que levaram centenas de milhares


em: 1.206 Ocorrências, 25% a mais que de mulheres e homens às ruas para exigir a
no ano anterior, com 964; 43 Ocupações / retomada do programa de Reforma Agrária e
Retomadas, 70% menos que em 2018; e 05 cobrar outras políticas e ações públicas es-
Acampamentos, que teve uma redução de senciais para o campo.
71%. O número de famílias envolvidas foi
de 144.742, 23% maior que em 2018, com O Gráfico mostra uma curva interessante,
118.080. que pode servir de parâmetro analítico para
o atual momento. Nota-se que, de 1996 a
O nº de Ocorrências em 2019 foi o maior 2001, as Ocupações / Retomadas eram
registrado para a categoria em toda a série em maior número que as ações dos agen-
histórica documentada pela CPT, e signifi- tes agressores, que chamamos Ocorrências
cou uma média de 3,3 conflitos por dia. de Conflito. Para frear essa luta crescente,
o governo Fernando Henrique Cardoso edi-
Outro número que surpreende é o tamanho tou a Medida Provisória 2.183-56, de 24 de
da área envolvida nos conflitos, 53.312.543 agosto de 2001, proibindo que uma terra
ha, a maior em toda a série histórica docu- ocupada fosse desapropriada. Essa medida
mentada e 35% superior à de 2018, que já conteve o avanço das ocupações e, de certa
tinha sido 6% maior que em 2017. forma, estimulou os fazendeiros e grileiros a
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

avançar sobre áreas ocupadas, o que poten- tas, essas três unidades federativas foram
cializou a violência contra as comunidades responsáveis por 463 conflitos, ou 36,9% do
do campo. total de 1.254.

A saída para manter a luta pela Reforma As famílias seguem vítimas das violên-
Agrária foi criar Acampamentos, cujo ob- cias estatal e privada
jetivo é pressionar o poder público a desa-
propriar terras e destiná-las a projetos de As comunidades do campo no Centro-Oes-
assentamento. te, Norte e Sul também foram as que mais
sofreram ações de despejo judicial, acresci-
As linhas temporais também nos permitem das, no somatório total, de 16% mais em re-
uma análise histórica fundamental, pois de- lação ao ano anterior, conforme a Tabela 2.
monstra o impulso que as ações conflituo- Quanto às Expulsões, violência privada pra-
sas, provocadas pelos agentes agressores, ticada pelos supostos proprietários das ter-
tiveram a partir de 2016. Esse crescimen- ras, à margem da Justiça e, em geral, com
to se inicia no contexto da ruptura políti- uso de pistolagem, houve uma redução de
ca ocorrida com o impeachment que retirou 20% frente a 2018. Essas duas variações,
Dilma Rousseff da presidência. Decisivos isto é, o aumento dos despejos judiciais e a
para esta ruptura, os ruralistas fortaleci- redução das expulsões, sugerem alguns ce-
dos promoveram um aumento significativo nários. O primeiro é o aumento da violência
da conflitividade no campo: entre 2016 e estatal, a partir da maior acolhida, por par-
2019, a média de Ocorrências de conflito foi te da Justiça, dos pedidos de reintegração
de 1.059 por ano, quando de 2011 a 2015 de posse, apresentados pelos postulantes
tinha sido de 789, um incremento de 34,2 % a donos da terra. Essa opção do Judiciário
entre os dois períodos. pelo “direito à propriedade privada” também
pode estar relacionada à deliberada parali-
Distribuição dos Conflitos por Terra por sia administrativa que estagnou a Reforma
região geográfica Agrária. Nesse sentido, muitas decisões ju-
diciais argumentam que, em não havendo
Uma rápida análise dos conflitos por região possibilidade de solução mediada entre Es-
evidencia, com base na Tabela 1, que três tado e proprietário, a Justiça tem que deci-
das cinco grandes regiões brasileiras expe- dir pelo direito deste à manutenção da pos-
rimentaram aumento do número de Con- se, o que não tem ocorrido em em favor dos
flitos, somados Ocorrências, Ocupações / povos do campo. De outra parte, a queda
Retomadas e Acampamentos. No Sul houve das expulsões pode significar que, embora
um acréscimo de 84,6%, no Centro-Oeste as comunidades e Movimentos Sociais do
63,4%, no Norte 24,5%. Campo tenham refluído nas Ocupações/
Retomadas e Acampamentos, mantêm a re-
Tabela 1 sistência nas áreas e territórios ocupados,
de forma a rechaçar os ataques que visam a
expulsá-las.

Com relação aos estados que apresentaram


o maior número de famílias despejadas, des-
tacaram-se: Mato Grosso, com 3.359; São
Entre os estados mais conflituosos, apre- Paulo, 1.175; Bahia, 1.061; Amazonas, 900;
sentam-se: Maranhão, com 174 ocorrên- Rondônia, 864; Paraná, 561 e Minas Gerais,
cias, Pará como 150 e Bahia com 139. Jun- 435. Essas sete unidades federativas foram
103
responsáveis por 80,6% do total de famílias gestão de Bolsonaro, adquire contornos
removidas das áreas ocupadas, pela ação do ainda mais dramáticos, pois uma das pro-
Poder Judiciário (Tabela 3). messas de campanha do presidente é abrir
a Floresta Amazônica para a exploração
Tabela 2 agropecuária e minerária, mesmo em áreas
protegidas, como Terras Indígenas. Outros
6 assassinatos ocorreram no Nordeste, 4 no
Centro-Oeste, 1 no Sudeste e 1 no Sul.

Entre os estados mais violentos, todos loca-


lizam-se na região amazônica. O Pará, com
12 vítimas, 37,5% do total, lidera, seguido
do Amazonas com 6, Maranhão com 4 e
Mato Grosso com 3.

Tabela 3 No que concerne à distribuição dos assassi-


natos por eixos de conflitos, segundo a me-
todologia da CPT, as mortes se deram, em
sua grande maioria, nos Conflitos por Terra
– 28, 87,5%. As disputas por Água fizeram
uma vítima e as trabalhistas três.

Com relação às Tentativas de Assassinato,


o Centro-Oeste liderou em 2019 com 12 das
30 ocorrências, 40%. Apenas o Mato Grosso
foi responsável por 10 eventos. Em seguida
A violência contra a pessoa não dá trégua aparece o Nordeste com 8, sendo 4 no Mara-
nhão; o Norte também com 8, sendo 5 delas
Além da violência coletiva, contra as fa- no Pará; e, por fim, o Sudeste com 2, ambas
mílias, os Conflitos por Terra revelam, em em São Paulo.
2019, mais um trágico aumento de violên-
cia individual, que a CPT chama de Violên- Os ataques contra os povos e comunidades
cia contra a pessoa, por vezes extrema, a do campo são permanentes e a pressão con-
promover a eliminação física de campone- tra famílias e lideranças são materializadas
ses, camponesas, indígenas, quilombolas e em ameaças de morte, utilizadas como es-
lideranças de suas lutas e resistências. Os tratégia do poder agrário para estancar a
dados principais: Assassinatos – 32, 14,3% luta pela terra. Em 2019, houve 201 ocor-
mais que as 28 em 2018; Tentativas de As- rências desse tipo de violência, assim dis-
sassinato – 30, 7,1% mais que as 28 do ano tribuídas regionalmente: Centro-Oeste - 18
anterior; Ameaças de Morte - 201, 21,8% (8,9%); Nordeste - 58 (28,8%); Norte – 116
mais que as 165 de 2018. (57,7%); Sudeste – 6 (3%); e Sul – 3 (1,5%).

A região Norte segue a trajetória anterior de Na divisão por unidade federativa, observa-
concentrar a violência extrema, o assassi- mos uma vez mais a prevalência dos estados
nato: em 2019 foi responsável por 20 das 32 amazônicos, com absoluto destaque para o
mortes, 62,5%. Trata-se de um movimento Pará (39 casos – 19,4%), seguido de: Acre
histórico de disputa agrária na Amazônia, (30 – 14,9%), Maranhão (29 – 14,4%), Ama-
que se desenrola há décadas e, a partir da zonas (22 – 10,9%), Rondônia (18 – 8,9%) e
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Mato Grosso (14 – 7%). No Nordeste, desta- Posseiros vieram em seguida, com 29.257
caram-se Bahia e Piauí, com 17 e 6 casos, famílias, 20,2%, e quilombolas com 13.687
respectivamente; no Sudeste, Minas Gerais, famílias, 9,5%.
4; e no Sul, Paraná, 3.
Em relação à quantidade de ocorrências
A violência contra as mulheres tem sido uma de conflitos por terra, os indígenas foram
constante no campo brasileiro e em 2019, parte em 244, 19,5% do total e sofreram
102 camponesas, indígenas, quilombolas e as seguintes violências: 320 famílias foram
lideranças foram vitimadas por: Assassina- expulsas (30,7% do total); 930 despejadas
to – 3, Tentativa de Assassinato – 3, Ameaça (9%); 26.621 tiveram seus territórios ou ca-
de Morte – 47, Prisão – 5; Intimidação – 15 e sas invadidos (67%).
outras formas de violência – 29.
No plano da violência individual, os povos
Os indígenas nos conflitos de 2019 originários também foram vítimas preferen-
ciais, o que resultou nos seguintes núme-
Durante sua campanha, Bolsonaro reiterou ros: 9 assassinatos (28% do total); 9 tenta-
inúmeras vezes que “não iria demarcar nem tivas de assassinato (30%); 39 ameaças de
mais um centímetro de terra indígena”. Ele morte (19,4%); 11 agressões (30,5%); 10 fe-
cumpre sua promessa, destinada aos rura- rimentos; e 16 intimidações.
listas, madeireiros, garimpeiros e minera-
doras, ávidos por explorar as riquezas dos Enfim, 2019 foi um ano atípico e preocu-
territórios originários, em sua maioria na pante para o campo brasileiro, em que um
Amazônia (98.25% da extensão de todas as antípoda diferente foi alçado ao poder, o que
TIs do país). O discurso do agora presidente talvez tenha imposto e exigido novas formas
foi o estopim perfeito para avalizar e legiti- de compreensão, resistência e enfrentamen-
mar ataques contra as Terras Indígenas, de to, que nos alerta para tempos difíceis de
modo que, em 2019, de cada três famílias luta e radicalidade evangélica. Assim cami-
envolvidas em conflito por terra, uma é indí- nham as mulheres e os homens do campo,
gena. Do total de 144.742 famílias, 49.750 vozes que a CPT, há mais de quatro décadas
eram indígenas, 34,4%, o que faz da cate- não deixa serem silenciadas, como não dei-
goria a mais envolvida na luta pela terra. xará neste intempestivo 2019.
105
A miliciarização da Amazônia:
como o crime vira lei e o criminoso “cidadão de
bem” na maior floresta tropical do mundo
Eliane Brum1
A cerimônia de 15 anos da execução de Do- indiciado criminalmente e preso em março
rothy Stang compõe a fotografia deste mo- de 2018 numa operação espalhafatosa das
mento na Amazônia. Era 12 de fevereiro de polícias da região: 15 homens e várias via-
2020. A comunidade de Anapu, no Pará, co- turas para prender um padre desarmado
locou uma cruz ao lado do túmulo da mis- que se preparava para as tribulações do dia.
sionária. Nela, estavam todos os assassina- O religioso foi tratado como um Al Capone
dos no município, por causas ligadas aos da Amazônia e parte da imprensa achou di-
conflitos de terra, desde a morte de Dorothy. vertido fazer uma brincadeira com o título
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, os do romance de Eça de Queiroz: “O crime do
mortos somam 22. É importante assinalar, Padre Amaro”. Um olhar mais acurado per-
porém, que 19 dos 22 homicídios ocorreram ceberia que os fatos apontavam para algo
a partir de 2015. Apenas em dezembro de um tanto diferente: os crimes contra o pa-
2019, num intervalo de cinco dias, foram dre Amaro.
assassinados dois homens. A semeadura de
cadáveres cresce – e a impunidade está es- O religioso ficou preso por três meses no
tabelecida. presídio de Altamira, o mesmo que, em ju-
lho de 2019, produziria o segundo maior
É necessário ampliar o alcance desta foto- massacre da história do Brasil, só ficando
grafia, avançando o olhar para aqueles que atrás do Carandiru. Sua cela era vizinha
prestam suas homenagens diante do túmu- a de Regivaldo Galvão, o Taradão, um dos
lo de Dorothy. Eles e elas temem mudar de mandantes da execução da missionária. Pa-
lugar no próximo ano. Sua existência será dre Amaro responde hoje ao processo em
então reduzida a um nome. A mais um nome liberdade, mas teve sua ação pastoral para-
naquela cruz. É isso o que tem acontecido. lisada, cumprindo o objetivo daqueles que
Transmuta-se de um lugar a outro sem que articularam sua criminalização, e não pôde
nenhum dos poderes do Estado barre este comparecer à homenagem da velha amiga.
massacre. Onde cada um estará no próxi-
mo aniversário da morte de Dorothy Stang? Também não estão lá dezenas de campone-
Essa pergunta vem se tornando a cada ano ses que temem ser vistos e sofrer atentados
mais sinistra em Anapu, município que se na volta para casa porque há espiões entre
tornou uma fotografia 3X4 da Amazônia a cruz com os mortos e os ameaçados de,
brasileira. no próximo ano, partilharem da cruz como
mortos.
É necessário olhar ainda mais longe. Olhar
para quem não está lá, mas segue formal- 1) As novas velhas táticas: criminaliza-
mente vivo, como o padre Amaro Lopes. Pá- ção para uns, morte para outros
roco de Anapu e uma das pessoas que car-
regava o trabalho de Dorothy adiante, ele foi Anapu é um microcosmo da violência con-
1
Jornalista, escritora e documentarista, colunista do El País.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

tra os camponeses na Amazônia. Há, po- aos pistoleiros que matassem na cidade, na
rém, muitas Amazônias. Na maioria delas o zona urbana, para dificultar a relação do
chão é tingido pelo sangue de indígenas e crime aos conflitos de terra.
de outros povos da floresta, como os quatro
Guajajara assassinados entre novembro e A prisão – em vez da morte – de Padre Ama-
dezembro. Em 2019, 60% dos conflitos de ro Lopes revela um novo modo de operação.
terra aconteceram na Amazônia Legal. A Aos anônimos, a morte. Aos mais conhecidos
brutalidade também é maior nesta região: e ligados a instituições, a criminalização e a
84% – 27 das 32 vítimas fatais no Brasil – destruição da reputação. Na Amazônia, os
tombaram ali. Isso não acontece por acaso mandantes de crimes parecem ter dedicado
nem se deve “à terra sem lei”, um clichê que mais cuidado nos últimos anos ao decidir
nunca foi justificado pelos fatos. Sempre quem deve morrer e quem deve ser converti-
houve lei na Amazônia. Há questão é qual do em morto-vivo. Em 2018, para um Padre
lei. E quem manda na lei. Hoje, esta questão Amaro vivo, mas com reputação arruinada
alcança significados ainda mais monstruo- e ação paralisada, houve três camponeses
sos. mortos em Anapu. A luta do padre e a dos
camponeses era a mesma.
As mortes são o ato extremo. E elas persis-
tem. Grileiros são grandes ladrões de ter- A criminalização do Padre Amaro foi pre-
ras públicas. Em campo, eles agem com cursora do que seria feito em novembro de
pistoleiros para “limpar” a área de árvores 2019 com os quatro brigadistas em Alter do
e humanos. No mundo dos papeis, atuam Chão, também no Pará, presos pela acusa-
pela cooptação de funcionários dos órgãos ção estapafúrdia de provocarem incêndios.
de segurança e judiciais do Estado, assim Matar quatro jovens de classe média alta de
como donos e funcionários de cartórios, São Paulo poderia ser complicado, mesmo
para forjar a documentação necessária para no Brasil de Bolsonaro, mas criminalizá-los
se apossar da terra e poder vendê-la. Alguns cumpre o efeito de paralisá-los e dar exem-
parágrafos adiante teremos que revisar essa plo a outros que estejam pensando em atu-
definição. Por enquanto, fiquemos com ela. ar contra a devastação da floresta. Aqueles
que a destroem e acumulam lucros robustos
Sem compreender estes personagens não com a conversão da Amazônia em madeira,
é possível compreender nenhum conflito soja, boi, minério e terra para especulação
na Amazônia. Os grileiros aprenderam algo não querem ninguém atrapalhando, menos
com a execução de Dorothy Stang. Apren- ainda pessoas cuja voz tem mais alcance
deram que alguns assassinatos chamam porque romperam as barreiras entre o Sul
muita atenção. Alguns mortos são capazes e o Norte.
de, mesmo cessada a respiração, obrigar
o Estado a cumprir seu dever constitucio- Os grileiros parecem ter compreendido um
nal. Alguns mortos dão mais trabalho como pouco mais. Se matar segue sendo um mé-
mártires do que como vivos. Foi o que acon- todo de eliminar a resistência, aterrorizar
teceu a partir de 2005, quando os seis ti- pode ser mais eficiente e deixa menos ras-
ros disparados contra Dorothy chamaram a tros. Além disso, chama menos atenção. O
atenção do mundo para Anapu e órgãos do medo passou a ser um elemento tão presen-
Estado passaram a atuar na região, atrapa- te no cotidiano quanto o ar para muitas li-
lhando os lucros da grilagem. Desde então, deranças e camponeses. Quem já viveu com
os mandantes das mortes de camponeses e medo sabe que respirar o medo junto com o
pessoas ligadas ao movimento de campone- oxigênio é uma das sensações mais aniqui-
ses passaram a ter o cuidado de determinar ladoras que existe. Se a pessoa está cons-
107
ciente, ela sabe que está viva porque sen- bola, ribeirinho e indígena na Amazônia si-
te medo. Dormir, passar ao esquecimento tiada por grileiros, madeireiros e fazendei-
necessário para a recomposição do cérebro ros. Como esses moradores da floresta, os
e do equilíbrio, vai se tornando impossível, periféricos urbanos das grandes cidades
porque o temor é não acordar deste sono. do Centro-Sul sabem que não podem con-
Não é a “pequena morte” da qual falavam os tar com as forças de segurança dos estados
filósofos. É morte. para protegê-los nem com a estrutura do
Estado para garantir seus direitos básicos.
É assim que muitas lideranças, agriculto- Ao contrário, seguidamente as polícias são
res familiares, indígenas, quilombolas e ri- os principais agentes de repressão e extor-
beirinhos têm vivido na Amazônia. As esta- são contra eles – e outros setores do Estado
tísticas da CPT mostram que as ocupações com frequência se convertem em muros in-
de terra e outros movimentos diminuíram. transponíveis.
A causa é facilmente detectável: a elevação
do risco. Mesmo com menos ações e ocupa- O problema é que aqueles que moram no
ções, porém, a violência aumentou. centro expandido de São Paulo, no plano-
-piloto de Brasília ou na zona sul do Rio têm
Em 2019, o número de famílias que so- dificuldades para compreender a realidade
freram invasões de suas casas e terras na tanto das periferias urbanas de suas pró-
Amazônia Legal cresceu 87% comparado a prias cidades quanto da floresta amazôni-
2018, que já foi um ano muito difícil, por ca tratada como periferia. Têm dificuldades
conta da brutal campanha eleitoral bolso- para compreender a centralidade real destas
narista. Do total de famílias que sofreram periferias para definir a realidade do Brasil.
invasão por grileiros, madeireiros e fazen-
deiros em 2019, 64% estão na Amazônia: Essa é uma das explicações possíveis para
25516 famílias de um total de 39.697 em a crença de que o Brasil ainda é uma demo-
todo o país. Também é a Amazônia que con- cracia. É possível discutir o quanto ainda
centra 73% das tentativas de assassinato e resta de democracia no Brasil e lutar muito
79% dos ameaçados de morte no Brasil por fortemente pelo que ainda resta. Mas afir-
conflitos de terra: 158 pessoas de um total mar o Brasil como um país democrático é
de 201. deixar de enxergar várias porções do país
e milhões de brasileiros que vivem à mar-
2) Só os falsos centros do Brasil acredi- gem do Estado democrático. Em regiões
tam que o país é uma democracia como Anapu, para permanecer no mesmo
exemplo, muitos têm vivido com a certeza
Este é o cotidiano que aqueles que se pre- de poder contar apenas com os movimentos
tendem moradores do centro político, eco- sociais, cada vez mais criminalizados, para
nômico e cultural do Brasil têm dificuldades se manterem – literalmente – vivos. A vida
para compreender. Historicamente, o centro de exceção já é o dia a dia destas pessoas.
de decisões para o Brasil e de produção de
análises sobre o Brasil é composto por São O Natal de 2019 foi revelador da realidade
Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. É lá que vivida por parcelas da população brasilei-
estão as principais universidades e as sedes ra. Enquanto toda a publicidade enaltecia a
da imprensa mais influente. Os moradores festa mais familiar do ano, para lideranças
das periferias destas cidades do centro-sul amazônicas era o momento de abandonar
são capazes de compreender com bastante casa e família para escapar da morte. Du-
clareza o que vive um camponês, um sem rante o ano, essas lideranças ainda contam
terra, um assentado ou mesmo um quilom- com o que resta de democracia, basicamen-
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

te o Ministério Público Federal (MPF) e as uma democracia. Ou mesmo tentar explicar


Defensorias da União e dos Estados, capa- a importância da democracia às crianças da
zes de acionar a Polícia Federal em caso de Maré que têm pesadelos com os helicópte-
necessidade. Isso nas poucas cidades em ros da polícia porque sabem que o rosnado
que essas instituições se fazem presentes de suas hélices antecipa o sangue.
e funcionam. Também contam com as Or-
ganizações Não Governamentais (ONGs) É indecente dizer que o Brasil é ainda uma
nacionais. Quando tanto as instituições en- democracia para quem vive essa realidade.
traram em recesso de final do ano quanto E quem vive essa realidade não é minoria.
as grandes ONGs em férias coletivas, o de- Os muros colocados entre a floresta e as fa-
samparo foi quase total. Lideranças viaja- velas urbanas das grandes cidades do cen-
ram para onde tinham algum conhecido ou tro-sul apenas impedem que as periferias
alguma rede de proteção mínima. Alguns só que reivindicam ser centro compreendam o
contavam com “vaquinhas” feitas por pes- quanto têm em comum: como viver em tem-
soas próximas para dar um jeito de sumir pos de exceção enquanto outros afirmam de
até o que resta de democracia voltar a ope- suas salas de jantar que as instituições são
rar. Ao retornar para casa, uma destas li- sólidas o suficiente no Brasil para garantir
deranças encontrou seus cachorros mortos leis e direitos. Ou que apenas é necessário
a tiros, suas galinhas envenenadas e seus “corrigir alguns excessos” de Jair Bolsonaro
terneiros com as pernas quebradas. “A pró- e sua corte.
xima é você”, este é o recado.
3) Bolsonaro e o projeto de “humaniza-
Outra, ao retornar para sua casa e comuni- ção” dos indígenas
dade, estava tão afetada por ter passado Na-
tal e Ano Novo sozinha em uma cidade es- A Amazônia Legal é a região com maior nú-
tranha, sem poder andar livremente porque mero de conflitos, mortes e ameaças por-
seguia em risco em qualquer lugar do país, que todos os governos compreenderam a
que era claramente necessário um suporte floresta como um corpo para exploração. A
psicológico. Não tem sido difícil encontrar ditadura militar (1964-1985) compôs, pela
um psicólogo, psicanalista ou psiquiatra propaganda, o imaginário sobre a Amazô-
que aceite atender aos ameaçados de mor- nia que vigora até hoje. Palavras e slogans
te. O problema é que não há como garantir como “deserto verde”, “terra sem homens
a segurança destas pessoas entre a precá- para homens sem terra” e “integrar para
ria proteção que têm em sua comunidade e não entregar” persistem como atualidade.
o longo caminho até a cidade para ver um Mostraram-se ativos inclusive em governos
psicólogo ou um médico. É na estrada onde de centro-esquerda como os de Lula (2003-
tudo pode acontecer – e com frequência 2010) e de Dilma Rousseff (2011-2016), do
acontece. Se, ao contrário, é o profissional Partido dos Trabalhadores, ressalvadas as
que vai até a casa do ameaçado de morte, é diferenças entre um e outro.
mais um que passa a estar em risco. A polí-
cia pode ajudar? Risos nervosos. A floresta segue sendo vista por grande
parte da população e tratada por governos
É assim que muitos brasileiros têm vivido, de diferentes matizes ideológicos como um
em diferentes escalas de medo e risco. Dizer território a ser invadido e explorado. Seus
a uma destas pessoas que o Brasil é uma povos eram os não humanos que não esta-
democracia é o mesmo que dizer a uma das vam lá para a ditadura. A partir da Consti-
mães das crianças mortas por balas “perdi- tuição de 1988, a Carta Magna que marcou
das” da polícia militar do Rio que o Brasil é a redemocratização do país e reconheceu a
109
existência, a identidade e os direitos dos po- mano como nós”? Bolsonaro então explica
vos da floresta, eles passaram a ser tratados que o índio quer ter o direito de “empreen-
como “entraves ao desenvolvimento”. Se na der” e de “evoluir”, o índio quer poder ven-
ditadura parte deles foi exterminada para a der e arrendar a sua terra. Mas, atenção,
construção de rodovias como a Transama- ele avisa: “Os índios não querem ser latifun-
zônica e outras grandes obras, na democra- diários”. No entender de Bolsonaro, ser hu-
cia parte deles foi convertida em pobres nas mano latifundiário o índio não quer ser, só
periferias urbanas pela imposição de gran- humano arrendatário e humano que vende
des obras, entre elas as grandes hidrelétri- a terra para ir morar na periferia da cidade.
cas – Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira,
Belo Monte, no rio Xingu, e Teles Pires, no É importante compreender que houve uma
rio Teles Pires, são as mais emblemáticas. mudança de tática significativa entre a “ve-
lha” direita e a “nova” direita representada
Os povos indígenas, os mais antigos habi- por Bolsonaro. Antes do bolsonarismo, a tá-
tantes humanos da floresta, resistem con- tica da direita era dizer que os índios não
tra todas as tentativas de eliminá-los sécu- eram mais índios. Era duvidar da “autenti-
lo após século. As ações de extermínio se cidade”. Como se um indígena usar celular
iniciaram mais de 500 anos atrás. Durante o tornasse menos indígena. Ao deixarem de
boa parte da trajetória do que se conven- ser considerados indígenas, os diferentes
cionou chamar de Brasil, as elites intelec- povos perderiam o direito constitucional à
tuais acreditaram que seriam assimilados terra.
– ou seja, um outro tipo de aniquilação que
já não exigia a destruição dos corpos. Não Essa tática ainda persiste. Mas a extrema-
aconteceu. Como diz o antropólogo Eduardo -direita representada por Bolsonaro é mais
Viveiro de Castro, os indígenas entendem de esperta. Ela não nega o indígena explicita-
fim do mundo porque o mundo deles aca- mente, e sim afirma uma suposta igualda-
bou em 1500. E eles foram capazes de viver de do indígena ao branco. Não para que os
além dele. indígenas mantenham seus direitos consti-
tucionais, mas exatamente para que os per-
Jair Bolsonaro, porém, lançou a exploração cam, ao “conquistar o direito” de comercia-
da floresta em um nível sem precedentes lizar suas terras com os brancos, porque é
desde a redemocratização. Já na campa- isso que, segundo Bolsonaro, todos os “hu-
nha eleitoral de 2018 tornou-se claro que a manos” querem.
Amazônia era o principal projeto do bolso-
narismo, capaz de unir todos os diferentes O que o discurso do “ser humano como nós”
grupos que disputam internamente o poder. encobre? Pela Constituição de 1988, as ter-
Desde a campanha, a meta de abrir as áre- ras dos indígenas são de domínio da União.
as protegidas da floresta para a exploração Aos indígenas cabe o usufruto exclusivo de
era explícita. Se a mensagem costuma ser suas terras ancestrais. Elas seguem, po-
tosca na forma, porém, ela é intrincada no rém, sendo públicas. Uma das principais
conteúdo. missões de Bolsonaro é justamente abrir
essas terras públicas para a exploração e os
Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro afir- lucros privados.
mou várias vezes: “O índio é ser humano
como nós”. Quem será que pensava que o Uma parcela significativa delas está na flo-
índio não era humano antes de Bolsonaro resta amazônica. Fazem limite com grandes
levantar o tópico? É importante seguir per- lavouras de soja e pastos para criação de
guntando. O que é, neste contexto, “ser hu- boi. Têm sido pressionadas – e invadidas –
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

para o cumprimento do ciclo: desmatamen- ginários, ainda mais perverso que o ante-
to da floresta para comércio ilegal de ma- rior.
deira, colocação de meia dúzia de cabeças
de boi para garantir a posse da terra, venda Sem poder converter os corpos dos indí-
da terra para plantação de soja. Em algum genas em mercadoria, já que a escravidão
momento do processo, legalização do “gri- (ainda) não voltou a ser aceitável no século
lo” pelo governo do momento, com anistia 21, Bolsonaro quer converter os indígenas
aos ladrões de terras públicas – ou aos que em brancos. O “nós” de Bolsonaro é “nós, os
compram as terras públicas roubadas pelos brancos, que tratamos a floresta, a terra e
ladrões. tudo o que está nela como commodity”. Essa
é a ideia que sustenta a “evolução” dos indí-
O lucro maior não está nem mesmo na ex- genas para “um humano como nós”. Como
ploração e produção de “recursos”, como a maioria dos povos indígenas se percebe e
apontam pesquisadores como Maurício Tor- se afirma como parte da natureza, para que
res, professor da Universidade Federal do o projeto de explorar a floresta siga adiante
Pará, mas na especulação com uma terra é preciso mudar essa relação, afirmando-a
que não custa quase nada aos seus futuros como um entrave à integração à sociedade
“donos”, já que é pública. Para roubá-las, os dominante, que representaria a humanida-
grileiros só precisam pagar seus pistoleiros, de “verdadeira”.
os trabalhadores braçais que vão desmatá-
-la e abrir picadas, estes com frequência em Parece subjetivo, mas é bem objetivo. Aca-
situação análoga à escravidão, e os funcio- bar com os direitos constitucionais dos in-
nários de cartórios e repartições públicas dígenas é possível, mas mais demorado. As
que vão garantir a fraude no papel. Depois forças que Bolsonaro representa têm pres-
essa terra será comercializada pelo valor de sa. Assim, o antidemocrata aposta na cor-
mercado. Pode haver melhor negócio? rupção de lideranças indígenas para que
lutem pelo “direito” de se tornarem “proprie-
No momento em que estudantes do mundo
tários” e então poderão arrendar e vender a
inteiro fazem greve escolar para chamar a
floresta para os não indígenas. É a forma
atenção para a emergência climática, como
mais rápida de abrir as áreas protegidas da
avançar sobre as terras indígenas e acelerar
Amazônia para a exploração privada. Des-
o desmatamento da floresta? Criando ideo-
tituídos de suas terras, os indígenas serão
logias. O bolsonarismo vem disseminando a
convertidos a essa categoria genérica cha-
ideia de que todo indígena quer ser capita-
mada “pobres”, completando o processo de
lista e que mudança climática é um “com-
“humanização”.
plô marxista”. É assim que convencem seus
crentes a entregar a Amazônia em nome do
nacionalismo – um nacionalismo contra o O projeto de conversão de indígenas em
Brasil e contra o bem comum dos brasilei- pobres tem ritmo acelerado pela violência:
ros. em 2019, 67 áreas indígenas, onde vivem
26.621 famílias, foram invadidas no Brasil
No início de 2020, Bolsonaro foi ainda mais para exploração predatória e ilegal. Mais de
longe, ao declarar, em 23 de janeiro, que 80% destas invasões ocorreram na Amazô-
o “índio está evoluindo” e “cada vez mais é nia Legal. No conjunto de conflitos, as co-
um ser humano igual a nós”. Ao estabele- munidades tradicionais da floresta (indíge-
cer agora os indígenas como parcialmente nas, quilombolas e ribeirinhos) compõem
humanos, Bolsonaro está inaugurando um 45% das vítimas. Sem terra e assentados
novo conceito de assimilação dos povos ori- são 32%.
111
4) Sob o Ministério Contra o Meio Am- por improbidade administrativa. Quando
biente, a Amazônia literalmente queima era secretário de Meio Ambiente do Estado
de São Paulo, na gestão de Geraldo Alckmin
No Brasil governado por Bolsonaro, as rela- (PSDB), Salles fraudou documentos e ma-
ções interpessoais estão envenenadas, e as pas, além de ameaçar servidores públicos,
redes sociais contaminadas. Como tudo se para beneficiar, entre outros interesses, o
literaliza, porém, a toxidade não é apenas de mineradoras. Salles tinha o currículo
metáfora. O bolsonarismo está literalmente perfeito para o que o bolsonarismo preten-
envenenando a população. Já nos primeiros dia inaugurar, como parte de sua “nova era”
meses, o governo Bolsonaro imprimiu uma para o Brasil: a posse do primeiro ministro
velocidade inédita na aprovação de agrotó- contra o meio ambiente.
xicos: média de mais de um por dia. Com o
ministério da Agricultura comandado pela Salles mal entrou e já foi extinguindo a Se-
ruralista Tereza Cristina, mais conhecida cretaria de Mudanças do Clima e Florestas.
como “musa do veneno”, em nenhum outro Explicou que “a discussão sobre aqueci-
mandato os pesticidas foram liberados com mento global é secundária”. Com velocidade
tanta rapidez e volume, o que mais uma vez espantosa começou a desmontar o sistema
aponta a quem o governo serve. Em 2019, de proteção ambiental construído em dé-
primeiro ano do governo, foram aprovados cadas pelos governos anteriores, derrubou
503 agrotóxicos. técnicos de carreira de cargos de comando
e, junto com Bolsonaro, desautorizou fiscais
Antes de tomar posse, Bolsonaro jogou a do Ibama que autuavam desmatadores, co-
casca de banana de que, no desenho do seu locando-os em risco de morte. Também de-
ministério, a pasta do Meio Ambiente pode- nunciou organizações não governamentais,
ria ser deletada. Escrevi em 7 de novembro com trabalho sólido e reconhecido, a partir
de 2018, em minha coluna de opinião no El de acusações sem fundamento, com o ob-
País, intitulada “Bolsonaro quer entregar a jetivo de tirá-las da floresta. Em seguida,
Amazônia”: começou a minar o Fundo Amazônia, fi-
nanciado pelos governos da Noruega e da
“Ninguém se iluda com o vaivém da fusão Alemanha, fundamental para a proteção da
ou não do Ministério do Meio Ambiente com floresta. Ricardo Salles tornou-se o grande
o da Agricultura. É jogo de cena. Bolsonaro vilão, mas ele é apenas o office-boy do agro-
pode fingir que é democrata e ouviu a popu- negócio, que é governo.
lação, especialistas e o suposto agronegócio
moderno, fingir que recuou porque escuta, Os incêndios na floresta, exibidos nas telas
mas o fato é que já está tudo decidido. Não é do mundo inteiro em agosto de 2019, são a
necessário fundir os ministérios para fazer o literalização do que significa para a Amazô-
serviço sujo de abrir ainda mais a Amazônia nia a ascensão de Bolsonaro e seu projeto
para a exploração. Se concluir que é mais de exploração da floresta. Em 5 de agosto,
conveniente manter o ministério, basta es- o jornal de Novo Progresso anunciava que
colher um ministro identificado com o pro- “fazendeiros” da região haviam marcado o
jeto de comercializar a floresta”. Dia do Fogo, em apoio ao discurso presiden-
cial. Ninguém – nada – os impediu. E, em 10
Como previsto, Bolsonaro fingiu ouvir a de agosto, como divulgado, a floresta quei-
população e a comunidade internacional mou: um aumento de mais de 300% dos fo-
e manteve o Ministério do Meio Ambiente. cos de incêndio em Novo Progresso e mais
Para comandá-lo botou Ricardo Salles, ru- de 700% em Altamira. Segundo a CPT, 28
ralista condenado em primeira instância áreas da Amazônia legal sofreram incêndios
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

em 2019: 75% delas eram terras indígenas. cancelou os títulos. Áreas públicas e finan-
ciamentos públicos, portanto, produziram e
5) Sem memória não se faz justiça alimentaram um mercado de especulação de
terras na Amazônia e um ciclo de grilagem
Os conflitos de Anapu, para seguirmos nos- e de pistolagem que ainda perdura. O que
sa análise com a necessária iluminação do testemunhamos hoje, em várias regiões da
processo histórico, são produtos da Tran- Amazônia, é resultado direto do projeto de
samazônica. Nos anos 1970, a ditadura exploração da floresta forjado na ditadura
dividiu a região em dois polos, chamados militar e nunca suficientemente reformado
“Transa Oeste” e “Transa Leste”. A primeira na democracia que se instalou após 1985.
porção vai de Altamira até Placas e recebeu
maioria de assentados da região Sul do Bra- Para estancar a espiral de violência na dis-
sil. Esta é a área da rodovia que foi destina- puta de terras que ainda hoje pertencem à
da à colonização oficial, para produção agrí- União, ou seja, são o patrimônio comum de
cola. Já na Transa Leste, entre Altamira e todos os brasileiros, seria necessário fazer a
Marabá, autores apontam que predominou reforma agrária que nunca foi feita. A me-
uma colonização espontânea, daqueles que lhor chance histórica de estancar o sangue
são sempre esquecidos nos programas pú- depois da retomada da democracia ocorreu
blicos oficiais, com migrantes vindos princi- nos governos do Partido dos Trabalhadores,
palmente do nordeste brasileiro. Estes não de 2003 a 2016. Embora algumas ações e
tiveram apoio governamental para ocupar políticas tenham sido implementadas, po-
terras que eram consideradas menos pro- rém, a reforma agrária ficou longe de ser re-
dutivas. Sem esquecer, que todas as terras, alizada por completo. E a oportunidade foi
a leste e a oeste, tinham sido por séculos perdida.
ocupadas pelos povos indígenas.
Os Projetos de Desenvolvimento Sustentável
Nesta mesma região, a ditadura implantou (PDS) foram criados em lotes que o Instituto
também uma política de concentração da Nacional de Reforma Agrária (Incra) decla-
terra, pelos chamados Contratos de Aliena- rou serem improdutivos no final dos anos
ção de Terras Públicas (CATPs). Estes con- 1990. Em 2003, no primeiro ano do gover-
tratos eram títulos provisórios para lotes de no Lula (PT), foram criados quatro PDS nas
3 mil hectares. Eles foram oferecidos pre- glebas Belo Monte e Bacajá, para o assen-
ferencialmente para pessoas de fora da re- tamento de 600 famílias. Aqueles que ha-
gião amazônica. Com frequência, os contra- viam se apossado destas terras públicas e
tos eram acompanhados de financiamentos também de gordos financiamentos públicos
da Superintendência de Desenvolvimento da SUDAM reagiram com violência, na base
da Amazônia (Sudam), uma sigla que ficou da pistolagem, de incêndios criminosos e de
famosa pelos escândalos de corrupção que derrubada da floresta. A missionária Doro-
produziria. thy Stang documentava e denunciava cada
um dos ataques, exigindo providências das
Para que pudessem ganhar o título da terra, autoridades. A freira deixava claro que, para
os candidatos a proprietários tinham que a preservação da floresta, seria necessário
comprovar, em cinco anos, a instalação de fazer antes a regularização fundiária. Foi
empresa agropecuária. Muitas destas terras executada.
foram repassadas a terceiros antes mesmo
de ter título definitivo. Em grande parte dos Ao longo dos mais de 13 anos no poder, os
casos, não houve criação de empresa agro- governos do PT foram se aproximando cada
pecuária, mas mesmo assim o governo não vez mais dos grandes latifundiários, a ponto
113
de Kátia Abreu ter se tornado ministra da 6) A legalização da grilagem e a conver-
Agricultura de Dilma Rousseff. Mas, no pri- são dos grileiros em fazendeiros
meiro mandato de Lula, o compromisso com
os pequenos agricultores ainda era forte As mortes recentes de indígenas e pessoas
também na prática. Não tão forte para uma ligadas a conflitos agrários, assim como as
reforma agrária efetiva, mas forte o suficien- prisões abusivas e a crescente criminaliza-
te para colocar o Estado na região após o ção das ONGs deixam claro uma ofensiva
assassinato de Dorothy. da grilagem e de seus apoiadores, dentro e
fora do Estado, em toda a região amazônica.
Os negócios da grilagem não cessaram, lon- Os sinais de que a violência só vai aumentar
ge disso. Mas foram dificultados. Os grilei- estão por toda a parte. Por que agora?
ros necessitavam agir com cautela. De 2006
até 2014, mantiveram uma atuação persis- O cientista social Maurício Torres aponta al-
tente, mas discreta. Em Anapu, não houve guns caminhos de reflexão:
nenhuma morte ligada a conflitos de terra.
A partir de 2015, a violência no município “A grilagem acontece em dois planos. Um
refletiu o aumento do poder dos ruralistas no chão, onde se toma a área materialmen-
não só no Congresso, mas também no Exe- te. Pistoleiros ‘limpam’ a terra de seus ocu-
cutivo, com o recrudescimento dos assas- pantes legítimos (indígenas e camponeses),
sinatos. No ano seguinte, 2016, o impea- e a floresta é derrubada para consolidar a
chment sem base legal da presidente eleita apropriação. Outro plano é no papel: quan-
Dilma Rousseff repercutiu entre os grileiros do, por meio da química mágica dos cartó-
como autorização para recuperarem a an- rios ou dos órgãos fundiários, acontece o
tiga desenvoltura. Em 2018, uma lista de destacamento da terra do erário público e
marcados para morrer circulava em Anapu sua transferência para o patrimônio privado
do grileiro. A violência é o principal instru-
como se fosse uma lista de compras de ma-
mento de controle de terras griladas. Quan-
terial escolar. Em novembro de 2019, a ten-
do esse mercado sujo de terras agita-se, a
são quase podia ser tocada. Em dezembro,
violência, como mecanismo da grilagem, é
tornou-se alarmante. Todos os sinais mos-
mais acionada. A MP 910, desde quando
tram que a situação ruma para o total des-
ainda era uma especulação, incendiou esse
controle.
mercado”.

A principal causa dos conflitos nos anos re- A Medida Provisória 910 é a MP da Grila-
centes, além da impunidade que gera mais gem produzida por Bolsonaro em 10 de de-
impunidade, é a omissão do Estado em fa- zembro de 2019. Antes dela, houve a MP da
zer as ações de reforma agrária previstas em Grilagem de Lula, em 2009, e a MP da Gri-
lei, abandonando o lado mais frágil, o dos lagem de Michel Temer (MDB), em 2017. É
agricultores familiares, a uma luta desigual importante recuperar o processo histórico,
com os grandes grileiros e suas milícias ar- do contrário não é possível compreender o
madas. Como a luta é desigual, o resultado presente.
é o massacre de trabalhadores rurais e das
pessoas que os apoiam. Ainda hoje, parte O programa Terra Legal, de 2009, ainda no
da sociedade e mesmo dos ambientalistas governo Lula, é citado por Torres e outros
não entende que lutar pela reforma agrária pesquisadores como um marco no processo
é lutar pela floresta em pé. Sem justiça so- de legalização da grilagem na Amazônia. Ele
cial na Amazônia não haverá justiça climá- foi instituído pela Medida Provisória 458,
tica. sancionada na forma da lei 11.952. Entre
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

outras ações, regularizava todos os imóveis vai gozar a vida como “cidadão de bem”. O
em terras públicas na Amazônia Legal, com anúncio desse milagre no mundo do crime
até 1.500 hectares, desde que ocupados até fez com que grileiros avançassem sobre áre-
dezembro de 2004. No discurso, o progra- as ocupadas por agricultores familiares que
ma serviria para regularizar a situação dos as reivindicam para reforma agrária e tam-
pequenos posseiros, aqueles que viviam na bém sobre terras indígenas não demarca-
terra e viviam da terra. Na prática, o progra- das. Grileiros passaram também a investir
ma serviu para regularizar a grilagem prati- contra outros grileiros para se apossar de
cada pelos grandes. terras que podem entrar no escopo da MP.
A série de MPs da grilagem provam aos cri-
O novo e controverso Código Florestal, de minosos que não há melhor negócio do que
2012, aprimorou ainda mais a produção invadir terras públicas e derrubar a floresta.
de legalidade onde antes havia crime. Mais Basta ser persistente que logo o governante
tarde, com Michel Temer e um Congresso da vez vai legalizar a coisa toda.
explicitamente corrupto, dominado pelos
ruralistas, o processo se aprimorou e ace- Como alguém acredita que vai sobrar flores-
lerou. A lei 13.465/17, nascida da Medida ta amazônica com o estímulo oficial para sa-
Provisória 759, foi sancionada em julho de queá-la? Neste início de 2020, as duas ame-
2017 por Temer. Com a desculpa de “regu- aças mais visíveis à legalização do crime é
larizar” a situação de pessoas que muitos a MP de Bolsonaro virar lei e seu projeto de
anos atrás ocuparam áreas públicas “de boa mineração em terra indígena ser aprovado
fé”, para viver nela, a lei permitiu que grilei- pelo Congresso. Mas estamos apenas no iní-
ros que invadiram terras públicas sabendo cio do ano e tudo indica que 2020 será bru-
que eram públicas até 2011 pudessem “re- tal de maneiras que ainda não somos capa-
gularizar” seus “grilos” no generoso limite zes de imaginar. Ano de eleições municipais,
de 2.500 hectares. Bastava expandir a pro- as que mais movimentam a região amazô-
dução de “laranjas” e os grilos eram legali- nica, na qual grileiros se tornam prefeitos,
zados de 2.500 em 2.500 hectares. porque sempre é útil controlar diretamente
a máquina pública, a tensão crescente já é
Ao final do primeiro ano de governo, Bolso- palpável nas ruas das cidades amazônicas.
naro criou a sua MP da Grilagem. Não há
precedentes de algo tão escandaloso, pelo Neste ponto, se faz necessária a atualização
menos não no que formalmente tem se cha- do conceito de grilagem. Com a legalização
mado de democracia. A MP da Grilagem de do crime e a premiação dos criminosos, o
Bolsonaro é uma “masterpiece” da legaliza- grileiro em breve já não precisará cooptar
ção do crime. Com a mesma desculpa usada nenhum funcionário público. O crime vai se
por Lula e depois por Temer, a da “regula- convertendo em lei. Em muitos casos, tam-
rização fundiária”, agora é possível legalizar bém há fortes indícios de que as polícias já
terras roubadas da União até dezembro de cumprem o papel que tradicionalmente per-
2018. Até ontem, portanto. tencia aos pistoleiros. Seguindo o caminho
das milícias cariocas, a grilagem na Amazô-
Em resumo: você rouba do patrimônio pú- nia vai deixando de ser um poder paralelo
blico, destrói a floresta amazônica e, um com ramificações no Estado para se tornar
ano depois, vira latifundiário legalizado e o próprio Estado.
115
Tabela 3 - Violência Contra a Ocupação e a
Posse
Tentativa
ou
Famílias Famílias Ameaçadas Casas Roças Bens
UF Ocorrências* Famílias Área Ameaça Pistolagem Invasão
Expulsas Despejadas de Despejo Destruídas Destruídas Destruídos
de
Expulsão
Centro-Oeste
DF
GO 29 3226 286351 101 171 824 76
MS 37 6187 49716 200 1520 640 1 315 315
MT 86 15346 4847161 11 3359 1464 1889 161 70 1125 2068 2288
Subtotal 152 24759 5183228 211 3460 3155 3353 162 70 1125 2383 2679
Nordeste
AL 21 803 3580 647 127 100 53 78 53 100
BA 139 9746 769489 170 1061 1161 3567 309 146 1220 1413 3338
CE 5 1698 3784 30 30 10 10 30 30
MA 174 15342 2027998 100 22 869 1256 168 220 149 918 5398
PB 20 2753 17950 744 185 59 23
PE 49 4423 19583 1 135 1171 1600 129 623 427 1361 673
PI 18 296 1200 7 45 92 295 41
RN 4 492 800 300 60 32 100 100 32
SE
Subtotal 430 35553 2844384 578 2000 4226 7113 669 1156 1879 3933 9464
Norte
AC 88 6809 1198216 160 1531 3260 7 10 186 948 1002
AM 52 11376 12867467 900 2343 525 201 47 1 307 8252
AP 43 1668 818418 49 198 165 41 80 80 896
PA 150 30043 13625373 104 333 4569 1104 25 282 303 1222 5922
RO 82 7042 2879346 864 2761 227 9 1 463 322 1488
RR 28 12530 12181739 5 97 300 8 5 125 120 7858
TO 45 2578 1409729 80 185 499 101 115 94 106 40 98
Subtotal 488 72046 44980288 184 2496 11998 5682 406 519 1264 2959 25516
Sudeste
ES 9 1668 154372 220 270 20 1200
MG 34 2306 23029 435 1945 449 106 67 536 805 829
RJ 9 387 5600 15 227 145
SP 36 4149 35767 2 1175 1776 75 403 400 405 50
Subtotal 88 8510 218768 2 1845 4218 669 509 467 941 875 2029
Sul
PR 72 2725 13239 69 561 1682 445 80 560
RS 12 107 19353 105 22 21
SC 12 1042 53283 162 5 5 9
Subtotal 96 3874 85875 69 561 1949 472 80 565 21 9
Brasil 1254 144742 53312543 1044 10362 25546 17289 1826 2212 5774 10171 39697

a1

* O número de ocorrências e famílias envolvidas refere-se à soma de Ocupações/Retomadas, Acampamentos e Ocorrências


de Conflito por Terra.
Foto: Amanda Costa

Judicialização e Reforma Agrária

Carlos Marés1
1. A Constituição de 1988 movimentos sociais foram tratados de tal
forma que houve grande avanço legal, mas
Embora a Assembleia Nacional Constituinte foram construídas travas que viriam dificul-
brasileira não tenha sido eleita diretamen- tar sua aplicação. Assim, Meio Ambiente,
te para esse fim, tratando-se de um arran- Povos Indígenas, Quilombolas, Direitos do
jo pouco ortodoxo na teoria constitucional Trabalhador, Patrimônio Cultural, Direitos
porque o próprio Congresso se proclamou Humanos e, obviamente, Reforma Agrária
Constituinte, os debates foram intensos e estão estabelecidos na Constituição com be-
a participação popular foi grande. Por isso, los e profundos textos, mas com armadilhas
muitos temas introduzidos na Constitui- capazes de os tornar de difícil aplicação.
ção foram contrários ao gosto das elites
dominantes que se empenharam em difi- No tema da Reforma Agrária, a elite domi-
cultar sua aplicação confiando no controle nante se empenhou em introduzir armadi-
que sempre mantiveram sobre os Poderes lhas e artimanhas tão sutis que viriam a
Executivo, Legislativo e Judiciário. As eli- dificultar não só sua aplicação direta, como
tes tinham consciência de sua pouca força, a formulação posterior de leis civis para
portanto trataram de dificultar a aplicação não permitir sua aplicação literal. A Cons-
posterior. Os temas mais relevantes para os tituição não indica com clareza, por exem-
1
Carlos Frederico Marés de Souza Filho. Professor Titular de Direito Agrário e Socioambiental no programa de Pós Gra-
duação em Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Doutor em Direito do Estado. Foi Procurador Geral do
INCRA (2003) e Presidente da FUNAI (1999/2000).
117
plo, qual o castigo ou pena ou consequên- de e consequentemente o da posse de quem
cia jurídica que terá uma propriedade que não cumpre a função social seria desastro-
não faça a terra cumprir sua função social. so para a ideologia ruralista e latifundiária,
Quem lê a Constituição pode imaginar que mas também difícil de ser contraposta na-
a propriedade será perdida se o proprietário quele momento histórico da Constituinte,
não cumprir a obrigação da função social, por isso, as armadilhas feitas de tal forma
porque é um dever do direito, e quem não que, tanto as novas leis civis e regulamen-
cumpre seu dever, perde seu direito. Quer tadoras da reforma Agrária, como as deci-
dizer, tantas vezes e tão enfaticamente a sões judiciais acerca do tema viessem a ser
Constituição associa o direito de proprie- protetoras da propriedade, mesmo das que
dade à sua função social que parece esta- não cumprem sua função social, invertendo
belecer que o proprietário que não age no o espírito do direito de propriedade da Cons-
sentido de fazer cumprir a função social da tituição, sempre atrelada à função social.
terra, perde-a, ou não tem direito a ela. Se-
ria então legítimo entender que se uma terra Ao estabelecer o direito de propriedade sobre
não cumpre a função social não há sobre ela a terra, a Constituição lhe deu uma condi-
direito de propriedade, mas que o proprietá- ção de existência, de reconhecimento social
rio, detentor do título de propriedade, pode e jurídico, que é cumprir a função social.
passar a usar a terra de forma funcional e Ao não cumprir essa condição imposta pela
integralizar, ou dar vida ao título que estava lei, não pode, o detentor de um título, invo-
moribundo. Não há, porém, norma legal que car a mesma lei para proteger-se de quem
possibilite ao Estado declarar a nulidade ou quer fazer daquela terra o que a lei determi-
inexistência de um título de propriedade na que se faça. O proprietário da terra cujo
cuja terra não esteja cumprindo a função uso não cumpre a função social não está
social. É uma lacuna jamais preenchida2. protegido pelo Direito, não pode utilizar-se
dos institutos jurídicos de proteção, como
Por outro lado, a Constituição faculta à as ações judiciais possessórias e reivindica-
União Federal desapropriar uma terra que tórias para reaver a terra de quem as use,
não cumpra a função social. Isto é, quando especialmente se quem as usa está fazendo
o proprietário age de forma nociva ao meio cumprir a função social, isto é, está agindo
ambiente, não cumpre as leis para com os conforme a lei.
trabalhadores, não promove o bem estar,
ou simplesmente não usa a terra, é possível Para que a interpretação acima não viesse a
ao Estado corrigir ou punir a violação, mas ser hegemônica, a primeira providência da
para desconstituir o título somente o pode elite latifundiária foi introduzir um vírus de
fazer por meio de desapropriação, como dei- ineficácia em cada afirmação da Constitui-
xa claro a Constituição. O direito de proprie- ção. Assim, onde a Constituição diz como se
dade que não faz cumprir a função social cumpre a função social, se lhe acrescentou
não merece, por outro lado, a proteção do que necessitaria de ter uma lei para estabe-
Estado nem Administrador, nem Juiz. lecer os “graus e exigências”. Isto impediria
os Tribunais de aplicar a Constituição sem
Quer dizer, a faculdade de desapropriar fi- uma lei menor que comandasse a sua exe-
cou clara, mas a perda da propriedade ou da cução. Contavam os ruralistas com a boa
proteção ao direito de propriedade não ficou vontade dos Tribunais e das maiorias futu-
clara. A interpretação de que o Judiciário ras do Congresso.
não poderia garantir o direito de proprieda-
2
Maiores aprofundamentos desta situação em: SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés. A função social da terra. Porto Ale-
gre: SAFabris, 2003.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Entre as armadilhas criadas, ficou estabe- rural) ingressar não contra pessoas espe-
lecido que apenas a União Federal, isto é, o cíficas, mas contra quem quer que esteja
Governo Federal, poderia promover a desa- ocupando sua propriedade, de forma ge-
propriação de glebas que não cumprissem a ral. As decisões passaram a ser genéricas
função social. Ao aceitar as armadilhas do e sem qualquer análise de casos concretos
texto constitucional e as normas inferiores individuais. Estas ações possessórias foram
produzidas para o seu não cumprimento, ganhando força entre os juízes e Tribunais.
a Reforma Agrária fica quase impossível e Finalmente passou a ser desimportante
realizável apenas em terras públicas, de- a letra da Lei Processual. O velho Código
volutas (o que não é reforma agrária, mas de Processo Civil de 1973, que vigorou até
colonização), e nos latifúndios improdutivos 2015, estabelecia, em seu artigo 47, que
segundo critérios muito baixos de produtivi- quando houvesse litisconsórcio (mais de
dade. Em relação às terras devolutas houve uma parte de um lado da ação, como ocorre
um crescendo de facilitação para o grande com as ocupações coletivas) todos deveriam
capital ir se apropriando delas, ainda que ser citados em nome próprio. Contudo, os
ilegalmente, o que culminou com a Medida Tribunais passaram a descumprir esta nor-
Provisória nº 190/2019, analisada adinate. ma sempre que a ocupação fosse coletiva.
Em 2015, com o novo Código de Processo
Desta forma, todo o avanço que trouxe a Civil foi acrescentado um artigo referente ao
Constituição foi travado pelos ruralistas no chamado litisconsórcio unitário, art. 116,
Legislativo e Judiciário. Foi a aposta que de tal forma que a citação de um ocupante
fizeram em 1988 e aos poucos foram con- bastaria para dar início à ação. A Lei não
seguindo minar interpretações mais favorá- deixa isso claro, mas basta uma insinuação
veis e adequadas à Reforma Agrária. para que o Poder judiciário aja em defesa da
propriedade privada contra o uso da terra,
2. A flexibilização do processo civil mesmo que este uso esteja a dar cumpri-
mento à função social. Este é um exemplo
O processo civil é forma jurídica que teori- claro de como a Constituição e sua função
camente serve às garantias dos direitos das social passaram a ser desimportantes para
pessoas. Para a propriedade da terra estão as ações judiciais.
estabelecidos dois processos ou ações que
são diferentes entre si, as chamadas ações Os processos ou ações possessórias são
possessórias, que protegem a posse e as para discutir posse e não propriedade, mas
chamadas reivindicatórias, que protegem a o Judiciário passou a interpretar que a pos-
propriedade ou o título de propriedade de se ficta do proprietário, pelo fato de apre-
alguém. Estas ações são sempre entre pes- sentar um título registrado em cartório, era
soas, quer dizer devem ser nominadas as superior ao fato da posse de um grupo de
pessoas de um e outro lado, que são chama- pessoas que a tornaram produtiva. Portan-
das “partes”. As partes são pessoas indivi- to, permitiu que proprietários que não cum-
duais sujeitas ou detentoras de direitos. Os priam a função social, e não tinham posse,
direitos de uma parte e de outra parte é que reclamassem-na de quem estava fazendo
são cotejados em juízo, sejam possessórios cumprir a função social, numa clara inver-
ou reivindicatórios. são da lógica constitucional.

A primeira mudança interpretativa destas Se por um lado o Judiciário fazia a flexibi-


ações e dos princípios que regiam o pro- lização da citação para facilitar a proteção
cesso se deu no privilégio de uma parte (o da propriedade latifundiária e improdutiva
presumível proprietário da terra urbana ou e fazia vistas grossas ao cumprimento da
119
função social, por outro, passou a exigir for- nº 8.629, de 1993.
malismos excessivos para abertura de pro-
cedimentos de desapropriação por interesse O processo civil foi sendo usado, cada vez
social para fins de Reforma Agrária. O ex- com mais força, como garantia da proprie-
cessivo formalismo se iniciou com a Lei nº dade latifundiária da terra, legítima ou não,
8.629, de 1993, que regulamentou os dispo- com ou sem cumprimento da função social,
sitivos constitucionais relativos à Reforma contra a Reforma Agrária. A partir dessa
Agrária3. concepção construída pelos três poderes,
os despejos arbitrários foram sendo cons-
3. A timidez das leis civis sobre proprie- tantes e cada vez mais rápidos. Os juízes
dade privada concedendo ordens liminares sem ouvir os
ocupantes e sem analisar a função social da
Em 2001, por Medida Provisória, foi acresci- propriedade, apesar do Novo Código de Pro-
da à Lei nº 8.629, de 1993, um § 6º ao artigo cesso Civil estabelecer de forma diferente. A
1º que criou uma imunidade de dois anos Lei estabelece que compete ao autor da ação
aos imóveis que tivessem ocupação “motiva- provar a continuação da posse, embora tur-
da por conflito agrário ou fundiário de caráter bada, na ação de manutenção; na ação de
coletivo”. Era o cerco para não permitir que reintegração, a prova da posse do proprie-
movimentos sociais pressionassem por Re- tário, porém, deve ser feita comprovando o
forma Agrária. Além disso, estabelecia como cumprimento da função social. Nos despe-
pena aos membros dos movimentos sociais jos nunca é, sequer, analisada a função so-
que participassem de ocupações de caráter cial da propriedade.
coletivo a proibição de serem assentados e a
exclusão de seus nomes nos programas de Em 2002 foi promulgado o Novo Código Ci-
Reforma Agrária. Era o Congresso Nacional vil. O processo legislativo de discussão e
cumprindo o desmanche da reforma Agrá- maturação do Código foi longo e, obviamen-
ria conquistada na Constituição cidadã, por te, o Congresso teve que enfrentar a dis-
proposta do Poder Executivo. cussão da propriedade segundo a previsão
constitucional. Apesar do fato da Constitui-
No ano de 2003 o Supremo Tribunal Fede- ção utilizar a expressão função social todas
ral (STF) em decisão majoritária no Manda- as vezes que usa a palavra propriedade (oito
do de Segurança nº 24.547, do Distrito Fe- vezes), o Código Civil (CC) de 2002 usa a
deral, com voto condutor da Ministra Ellen expressão apenas duas vezes. A primeira,
Gracie, declarou nulo decreto expropriatório no artigo 421 para dizer que a “liberdade
porque os agentes do INCRA não puderam contratual será exercida nos limites da fun-
entregar pessoalmente a intimação ao pro- ção social do contrato” e a segunda, no pa-
prietário que os impedira com violência de rágrafo único do artigo 2.035 para estabe-
se aproximar do imóvel, apoiado por outros lecer que “nenhuma convenção prevalecerá
proprietários da região e seus funcionários. se contrariar preceitos de ordem pública, ...
Dois pesos e duas medidas ficaram estabe- para assegurar a função social da proprie-
lecidos: contra os ocupantes que fazem a dade e dos contratos”. No longo e detalhado
terra cumprir a função social, a flexibiliza- Título que trata da propriedade, com seus
ção da norma processual, a favor dos títulos nove capítulos e 140 artigos, o CC não usa o
de propriedade, ainda que sem posse, o ri- termo função social. O dispositivo que mais
gor da norma processual estabelecida na Lei se acerca é o § 1º do artigo 1.228: “O direito
3
Para aprofundamento ver: Lei nº 8.629/1993 Comentada por Procuradores Federais. 2ª Edição revisada e atualizada.
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra, Procuradoria Federal Especializada junto ao Incra - PFE/
Incra. - Brasília: Incra, 2018. http://www.incra.gov.br/sites/default/files/uploads/publicacoes/lei_8629-1993_-_comenta-
da_por_procuradores_federais_2o_ed._-_web.pdf acessada em fevereiro de 2020
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

de propriedade deve ser exercido em conso- social e econômico relevante”. E no 5º: “No
nância com as suas finalidades econômicas caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará
e sociais e de modo que sejam preservados, a justa indenização devida ao proprietário;
de conformidade com o estabelecido em lei pago o preço, valerá a sentença como título
especial, a flora, a fauna, as belezas natu- para o registro do imóvel em nome dos pos-
rais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio his- suidores”.
tórico e artístico, bem como evitada a polui-
ção do ar e das águas”. Este é o caso de muitos assentamentos ur-
banos e rurais no Brasil, mas devido a sua
Pode-se ver, então que as elites latifundiá- ambiguidade, a norma pode ser interpretada
rias conseguiram manter o conceito de pro- de várias formas até o ponto de inviabilizar
priedade anterior à Constituição, esquivan- sua aplicação como fez, de fato, o Judiciá-
do o texto constitucional, certamente não rio. O dispositivo carece de aprofundamen-
afrontando a letra da Constituição, mas não to teórico e aplicabilidade jurisprudencial.
a aplicando ou utilizando. Desta forma o in- Com quase duas décadas de vida no siste-
térprete pode manter a velha e ignominio- ma jurídico, o dispositivo é ainda visto com
sa tradição de fazer prevalecer o título de desconfiança pelos juízes e teóricos, mas é
propriedade acima do direito à vida e à ali- claro que é perfeitamente condizente com a
mentação e à função social da propriedade, ideia de propriedade da terra abraçada pela
mantendo despejos sumários ainda que em Constituição Federal de 1988 e os reconhe-
terra cuja produção tivesse sido promovida cimentos havidos em tratados internacio-
pela ocupação. nais assinados pelo Brasil, no sentido de
que a propriedade da terra tem que alcan-
Durante a longa discussão para a elabo- çar uma finalidade social e ambiental para
ração do Código Civil os juristas conserva- garantir a vida da humanidade no planeta.
dores não adotaram os avanços da Consti-
tuição. A proposta progressista que chegou Trata-se de uma restrição ao direito de pro-
mais perto de concretizar a Constituição priedade da terra. O Código não permite que
foi a tentativa de criar uma usucapião co- o proprietário exerça o direito de reaver a
letiva, para grupos de famílias, agricultores terra se a ocupação se dá coletivamente e
ou moradores urbanos que, em conjunto e por mais de cinco anos. Quer dizer, a ocu-
de forma solidária, explorassem a terra ou pação nestes moldes não é injusta, nos ter-
nela morassem, fazendo-a cumprir sua fun- mos da Lei. É uma espécie de usucapião
ção social, rural ou urbana. Esta propos- coletiva, que a doutrina vem chamando de
ta ajudaria a concretização do que estava usucapião judicial.
estabelecido na Constituição vinculando a
propriedade privada à sua função social. Os doutrinadores conservadores come-
Deturpada pelos juristas conservadores e çaram a ver tropeços na norma, primeiro
pelos parlamentares, a proposta se tornou criando um empecilho com o termo “imóvel
um dispositivo ambíguo e controverso, dis- reivindicado”, interpretando como sendo so-
posto no § 4º e 5º do artigo 1.228: “O pro- mente um imóvel objeto de ação reivindica-
prietário também pode ser privado da coisa tória e não de possessórias, como são quase
se o imóvel reivindicado consistir em extensa todas disputas pela Reforma Agrária. Quer
área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por dizer, se o proprietário não ingressar com
mais de cinco anos, de considerável número nenhuma ação ou com uma ação que não
de pessoas, e estas nela houverem realiza- seja reivindicatória, não há direito dos ocu-
do, em conjunto ou separadamente, obras e pantes. O que é um absurdo do ponto de
serviços considerados pelo juiz de interesse vista jurídico. O segundo empecilho formu-
121
lado é de que o pagamento do preço deve ser vos tradicionais e à proteção do meio am-
feito pelos ocupantes, que obviamente, não biente. O § 4º do artigo 225 da Constitui-
teriam recursos para adquirir a área. ção considera os biomas brasileiros como
patrimônio nacional, dispondo: “A Floresta
Caso exemplar é o da Fazenda Santa Filo- Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a
mena, no Paraná, grande área de 1.800 ha, Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense
onde aproximadamente cem famílias - algo e a Zona Costeira são patrimônio nacional,
em torno de 500 pessoas - viviam no local e sua utilização far-se-á, na forma da lei,
em 2012, produzindo alimentos. Na terra dentro de condições que assegurem a pre-
havia lavouras de subsistência, criação de servação do meio ambiente, inclusive quan-
gado, rede de energia elétrica e de distri- to ao uso dos recursos naturais. Quando a
buição de água, além da escola, com 700m², Lei se propõe a regularizar terras ocupadas
contendo 11 salas, além das casas das fa- irregularmente está fazendo vista grossa a
mílias. A situação fática se enquadrava à ocupações criminosas em relação à natu-
perfeição a norma do artigo 1228, §§ 4º e 5º reza, principalmente quando é editada logo
do Código Civil. Mas o Judiciário, em 2018, após um ano de barbáries com a Amazônia,
negou a aplicação da norma alegando que como as queimadas de certa forma incenti-
não se enquadrava porque a ação não era vadas pelo Poder Público e executadas por
reivindicatória e a Justiça federal não tinha interesses de grileiros da região.
competência para o julgamento4.
A Medida Provisória amplia o tamanho da
O Poder Judiciário é a permanente apos- área máxima a ser regularizada e dispensa
ta do latifúndio proprietário para manter a vistoria para a regularização. Esta MP apro-
estrutura fundiária e ser cada vez mais a funda a desconsideração com as terras pú-
garantia da terra mercadoria. Apesar das blicas realizada pela Lei 13.465, de 2017,
tentativas de avanço nas leis, ainda que tí- estendendo sua aplicação a todo território
midas, ao chegar ao Judiciário são transfor- nacional. A Lei anterior era restrita à Ama-
madas em letra morta. Há exceções, é ver- zônia. Esta regularização de ocupação pre-
dade, mas apenas confirmam a regra. datória de terras públicas, somada à inércia
do Poder Público em relação às terras indí-
4. A Medida provisória 190 de 2019 genas e de outros povos tradicionais, tem o
poder de produzir genocídios e etnocídios,
Em 10 de dezembro de 2019 foi lançada a incentivando a destruição de terras ocupa-
Medida Provisória 190, instituindo novas das por povos tradicionais, especialmente
regras para a regularização de terras públi- na Amazônia, como é o caso dos indígenas
cas, tendo como principal objetivo a titula- isolados da terra Ituna/Itatá que teve um
ção de grandes posses irregulares de terras enorme aumento criminoso de devastação
da União, proporcionando, assim, a legali- no ano de 2019.
zação da grilagem, que em geral é antecedi-
A MP estimula o desmatamento e permite a
da de destruição da natureza e de povos que
regularização mesmo que haja passivo am-
nela residem.
biental bastando, para isso, que o preten-
dente regularize a área junto ao CAR - Ca-
A Medida Provisória é um convite à especu- dastro Ambiental Rural - e firme Termo de
lação imobiliária da Amazônia e recua em Compromisso aderindo ao PRA - Programa
relação à Constituição, aos direitos dos po- de Regularização Ambiental. A MP proposta
4
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés. Desapropriação judicial ou usucapião onerosa. REVISTA JURÍDICA DA FACULDA-
DE UNIÃO. Ponta Grossa, ano 08, vol 1, n. 1, p. 57-67. 2014.ISNN 1982-0860
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

em dezembro de 2019 será votada em 2020. licitação, alimentos produzidos pela agri-
4. A flexibilização do processo penal cultura familiar não necessariamente orgâ-
nicos e tem a finalidade de, além de apoiar
a agricultura familiar, manter um banco de
Garantia de liberdade é a finalidade do Pro-
alimentos de qualidade para escolas, hospi-
cesso Penal. A Lei Penal pode ser duríssima,
tais e cozinhas comunitárias. O Programa,
mas o processo de responsabilização deve
criado no âmbito das políticas de combate à
ser fixo, restrito e formal para que as garan-
fome possibilitou que a agricultura familiar
tias constitucionais de liberdade inscritas
pudesse se estruturar, em algumas regiões,
principalmente nos artigos 5º e 6º da Cons-
em pequenas cooperativas ou associações e
tituição de 1988 sejam respeitadas. O Po-
garantir a venda direta à CONAB, sem in-
der Judiciário, porém, da mesma forma que
termediários, a partir daí criar feiras e es-
age em defesa da propriedade privada ain-
paços de venda direta ao consumidor, de tal
da quando não cumprida sua função social,
forma que o alimento, quase todo orgânico,
na esfera penal tem flexibilizado o processo
chegasse a preços baixos aos consumidores
para perseguir militantes e organizações so-
ou diretamente aos necessitados por ação
ciais. Na defesa da propriedade latifundiária
do Estado, com um preço justo ao produtor.
da terra e de interesses ligados ao agrone-
Sem intermediários! Esse Programa fez com
gócio e agricultura industrial, o Judiciário
que os agricultores familiares melhorassem
tem usado o Direito Penal para criminalizar
significativamente a renda, não suficiente
lideranças e desestruturar movimentos.
para comprar iates, carros de luxo ou joias,
mas para ter vida digna com filhos na escola
O caso mais emblemático, mas não o único,
e bem alimentados em casa, calçados e ves-
foi o ocorrido no Paraná e que se chamou tidos. Não havendo intermediários, o consu-
“Operação Agro Fantasma”. Em setembro midor pagava pouco e o produtor recebia o
de 2013, antes mesmo de pegarem a enxa- valor justo. O Programa em si desagradava
da para sair ao trabalho, os agricultores de muitos interesses econômicos além de ser
Irati, sudeste do Paraná viram entrar por- um modelo politizado de crítica ao sistema
tão adentro muitos policiais fortemente ar- agro-empresarial e de alimentos contamina-
mados, para cumprir mandado de busca dos por agrotóxicos.
e apreensão determinado pelo Juiz Sérgio
Moro. A busca era por iates, carros de luxo, O Ministério Público e Polícia Federal rece-
joias e outras riquezas supostamente des- beram autorização do juiz Sérgio Moro para
viados e subtraídos do Programa de Aquisi- prender os agricultores alegando que es-
ção de Alimentos (PAA). Nada foi encontra- tariam sendo entregues alimentos diferen-
do nas casas dos camponeses que pudesse tes dos contratados. Os agricultores foram
chamar a atenção pelo valor, nada foi apre- mantidos presos por 43 dias sob forte inter-
endido, mas todos foram presos e assim se- rogatório. Nada confessaram. O que confes-
riam mantidos por período suficiente para sariam? Tudo o que podiam dizer do Progra-
desestruturar a produção, criar na cidade e ma e de sua atuação era exatamente o que a
arredores a imagem de que aquelas lideran- lei determinava, não havia sequer um único
ças de agricultores familiares eram bandi- indício de crime. A Polícia Federal e o Mi-
dos, acabar com as feiras de produtos orgâ- nistério Público Federal não conseguiram as
nicos da cidade, humilhar as pessoas5. provas tão desejadas. O que procuravam, na
realidade, não eram provas de autoria, mas
O PAA, foi criado em 2003 e adquire, sem ao menos indício ou convicção de que tinha
5
PIMENTEL, Anne Geraldi et alii. A repressão político-judicial do Estado: a violência legítima da operação agro-fantasma e
suas consequências para os agricultores campesinos da região Sudeste do Paraná”. Revista Emancipação, Ponta Grossa,
17(2): p. 246-264, 2017. https://www.revistas2.uepg.br/index.php/emancipacao/article/view/10401/6301
123
havido algum crime. Não buscavam provas, de facas6. O mandante, o grileiro Fernando
buscavam um crime para punir o Programa Ferreira Rosa Filho foi preso rapidamente
e os produtores. Não encontraram. pela Polícia do Pará. Em dezembro de 2019
continuava preso tendo tido indeferidos vá-
Depois de 43 dias que podem ser considera- rios Habeas Corpus, inclusive no Superior
dos como tortura, os agricultores foram sol- Tribunal de Justiça.
tos, mas denunciados responderam a pro-
cessos criminais, prestaram depoimentos, Esta história de violência e rápida prisão do
apresentaram testemunhas, tiveram que mandante não é a regra que se tem visto
ir várias vezes a Curitiba, não podiam sair nem no Brasil, nem no Pará. Ao contrário,
da Comarca de Irati, viram sua associação a impunidade é a regra. Entre 1985 e 2019,
e reputação destruídas, as feiras fechadas, 1.973 pessoas foram executadas em confli-
a produção abandonada, os compradores tos por terra, água e trabalho no Brasil e
desapareceram, o medo se instalou. Foram 1.376 desses casos continuam sem qual-
quatro anos de martírio. Não havia crime! O quer responsável julgado ou preso. Estes
juiz Sérgio Moro se desinteressou pelo caso, dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
não quis dar a sentença de absolvição por apontam a impunidade e falta de julgamen-
falta de provas e deixou que uma colega sua tos e ação policial no período7. Os mais pro-
o fizesse em oportunas férias. Eufemistica- tegidos são os mandantes, mas os executo-
mente todos foram absolvidos por falta de res também são pouco punidos. Em 2019,
provas, embora a verdadeira razão tenha apesar da exceção acima apontada, a situ-
sido a falta de crime. ação mantém-se com tendência ao agrava-
mento, como se vê pelo relatório.
Neste episódio sórdido houve absolvição da
pena de prisão, mas os agricultores tiveram A impunidade não se dá apenas porque não
a vida destruída, assim como desestrutura- há ação policial adequada, mas também
da a Associação que ganhava importância porque o Judiciário age com todo o formalis-
na cidade e na região. Mas a utilização de mo que o processo penal exige. Quer dizer,
inquéritos e prisões arbitrárias para apurar a fraca ação policial gera a possibilidade do
posteriormente a existência de crime como formalismo processual não atingir a puni-
no exemplo exposto continua cada vez com ção dos responsáveis, principalmente quan-
mais intensidade, por isso, em 2019 houve do acompanhados por eficientes advogados.
107 prisões em consequência de conflitos de
terra e de ação de movimentos sociais. Esta situação de impunidade de mandantes
e executores contrasta com a criminalização
5. A impunidade como regra das lideranças e dos movimentos sociais. As
ações de milicianos, jagunços e matadores
Os assassinatos de gente do campo e de e seus mandantes têm sido frequentes e a
lideranças de movimentos sociais começa- punição, ou mesmo a investigação pelas po-
ram em 2019 com o massacre que vitimou lícias, tem estado muito aquém da necessi-
Dilma Ferreira de Castro, coordenadora do dade social, servindo como incentivo à ação
Movimento dos Atingidos por Barragens criminosa. Portanto a balança da Justiça
(MAB), seu marido, Claudinor Costa da pende fortemente para um lado e a venda
Silva e Hilton Lopes. Os três foram amor- que deveria encobrir seus olhos está visivel-
daçados, torturados e executados a golpes mente diáfana.

6
Notícia sobre o ocorrido em: https://www.brasildefato.com.br/2019/03/26/policia-prende-fazendeiro-suspeito-da-mor-
te-de-dilma-silva-militante-do-mab-no-para , acessado em fevereiro de 2020.
7
https://www.cptnacional.org.br/index.php/biblioteca-virtual-2/jornal
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

6. Conclusão: prática judicial tem a vio- propriedade, ou do uso inadequado da ter-


lência e o retrocesso como resultado ra. Como as leis civis mantêm o formalismo
proprietário intacto é difícil promover a Re-
O Estado tem, formalmente, três poderes, forma Agrária porque sempre é estancada
todos subordinados ao interesse econômi- no Judiciário.
co. Na luta por direitos ora se avança em
um, ora há retrocesso em outro. O Judiciá-
rio, entretanto, por ser o menos democráti- Mas a demonstração do uso do Judiciário
co e o mais formalista é onde a propriedade para criminalização de lideranças e de mo-
privada da terra tem mais garantias. Mas vimentos sociais, na esfera penal, indepen-
as decisões poderiam ser diferentes para dentemente do formalismo, deixa claro que
os interesses econômicos se as leis fossem não é só uma questão de leis ruins, mas
mais claramente e determinassem as con- também da estrutura pouco democrática
sequências da violação da Função Social da dos poderes.
125
Tabela 4 - Conflitos por Terra
Conflitos por Terra* Ocupações/Retomadas Acampamentos Total UF
UF Ocorrências Famílias Ocorrências Famílias Ocorrências Famílias Ocorrências Famílias
Centro-Oeste
DF
GO 28 3226 1 100 29 3226
MS 35 6037 2 350 37 6187
MT 83 15355 3 402 86 15346
Subtotal 146 24618 6 852 152 24759
Nordeste
AL 19 803 2 21 803
BA 130 9351 8 685 1 120 139 9746
CE 4 1548 1 150 5 1698
MA 173 15342 1 60 174 15342
PB 20 2753 20 2753
PE 48 4173 1 250 49 4423
PI 18 296 18 296
RN 4 492 4 492
SE
Subtotal 416 34758 13 1145 1 120 430 35553
Norte
AC 85 6809 3 488 88 6809
AM 52 11376 52 11376
AP 42 1668 1 30 43 1668
PA 143 30031 6 182 1 13 150 30043
RO 81 7042 1 12 82 7042
RR 27 12530 1 100 28 12530
TO 43 2378 2 240 45 2578
Subtotal 473 71834 14 1052 1 13 488 72046
Sudeste
ES 7 1518 2 150 9 1668
MG 32 2306 2 72 34 2306
RJ 9 387 9 387
SP 32 3510 1 80 3 931 36 4149
Subtotal 80 7721 5 302 3 931 88 8510
Sul
PR 70 2710 2 15 72 2725
RS 10 105 2 80 12 107
SC 11 1042 1 30 12 1042
Subtotal 91 3857 5 125 96 3874
Brasil 1206 142788 43 3476 5 1064 1254 144742

q1

* Os dados da primeira coluna, denominada conflitos por terra, referem-se à soma das ocorrências em que as famílias foram
despejadas, expulsas, ameaçadas de despejo ou expulsão, tiveram seus bens destruídos ou sofreram ações de pistolagem.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Por uma outra reforma agrária

Reflexão coletiva da
Campanha De olho aberto para não virar escravo,
da Comissão Pastoral da Terra1
Quinhentos anos desde que as primeiras a não demarcação de terras indígenas e qui-
plantations de cana se instalaram no Brasil lombolas, reduziu o Incra e acelerou a emis-
e seguimos submetidos ao caráter colonial, são de títulos de propriedade a assentados,
racista e patriarcal da perversa estrutura de em um movimento para desestruturar os
poder da sociedade brasileira2. Ele continua assentamentos e devolver as terras ao mer-
a se expressar na apropriação e na explo- cado. Na esteira disso, a grilagem e outras
ração dos bens comuns, na concentração atividades criminosas serão legalizadas.
fundiária e no desprezo pelo trabalho. Den-
tre as consequências desse modelo, está o O momento terrível que vivemos, no entan-
trabalho escravo contemporâneo. to, não nos faz esquecer que os governos do
PT pouco fizeram no combate ao latifúndio,
Não se combate o trabalho escravo sem com- que avançou sobre territórios e riquezas. O
bater a concentração fundiária e sem pen- processo de acumulação capitalista, colo-
sar em novas possibilidades de vida digna nial, patriarcal e extrativista, concentrador
que garantam às comunidades autonomia e e explorador de terras, florestas, águas, mi-
bem viver. Não se combate o trabalho escra- nério e trabalho, foi tocado a pleno vapor
vo sem reforma agrária. E, hoje, não pode- nos ditos governos progressistas, enquanto
mos pensar em reforma agrária sem atribuir o debate e as ações sobre a reforma agrá-
a ela outros sentidos e outras perspectivas ria perderam espaço nacionalmente, apesar
para superar os desafios que se apresenta- dos conflitos no campo se acirrarem.
ram até agora.
O que aprendemos nesses anos todos de
Questionar a reforma agrária em seu sentido avanço do Capital apoiado pelo Estado so-
clássico é uma tentativa de avaliar os rumos bre os territórios? O que nos ensinaram os
que ela tomou no período que se iniciou com enfrentamentos, as mobilizações e as refle-
o fim da ditadura civil-militar (1964-1985) xões realizadas pelos povos e comunidades
e de aprender, imaginar e construir outras do campo, suas resistências? Sabemos já há
possibilidades de presente e de futuro. O algum tempo que, para além da luta pela
atual governo de extrema-direita assumiu terra, as comunidades estão em luta pelos
o poder com um discurso de ódio aos mo- territórios, o que significa uma ampliação
vimentos sociais e aos camponeses, em es- do debate, com a participação de outros ato-
pecial aos povos originários e quilombolas, res e outras formas de se relacionar com a
mas não só. Prometeu armar latifundiários terra – e com o mundo. Foi nesse sentido
e abrir territórios para exploração, declarou que a CPT se manifestou publicamente, em
1
Entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro de 2019, agentes dos estados de Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Minas
Gerais, Pará, Rondônia e Tocantins, da Campanha De olho aberto para não virar escravo, da Comissão Pastoral da Terra,
estivemos reunidos na Casa Dona Olinda, em Araguaína, Tocantins, para mais um módulo de formação. Esta é uma síntese
dos debates realizados nestes 3 dias, com texto de Carolina Motoki, assessoria do professor Carlos Walter Porto-Gonçalves
e do sociólogo Ruben Siqueira e a participação de agentes da CPT arrolados ao final desse texto.
2
O caráter capitalista colonial se entranhou ao ponto de originar um adjetivo pátrio raro, terminado em -eiro: brasileiro. E
brasileiro era o nome dado no período colonial ao português que voltava rico do Brasil. Assim como mineiro vive de explorar
a mina, o madeireiro de explorar a floresta, brasileiro era aquele que vivia de explorar o Brasil.
127
2009, Por Uma Reforma Agrária Ressignifi- sem-terra, pelos posseiros, pelos trabalha-
cada. dores rurais. Há muito tempo, a máxima
de que “não basta terra para uma reforma
Essa outra ideia de reforma agrária se opõe agrária efetiva” vem sendo repetida. O aban-
à visão econômica e urbana que tem pre- dono dos assentamentos, a ausência de in-
dominado à direita e à esquerda, na qual fraestrutura para acesso às áreas e escoa-
o mundo indígena, quilombola e camponês mento do que é produzido, a deficiência no
(seja nos assentamentos ou nas posses, seja atendimento dos direitos mais essenciais,
nas comunidades de fundo e fecho de pasto, a falta de incentivo à produção, os ínfimos
caiçaras, geraizeiras e tantas outras) é pen- recursos destinados à agricultura familiar
sado por sua eventual contribuição ao de- em benefício do agronegócio são realidades
senvolvimento econômico. Assim, a econo- bastante conhecidas e que acabaram por
mia impõe uma política, quando o elemento contribuir com uma posição ideológica de
central da reforma agrária deveria ser supe- que a “reforma agrária não dá certo”, ao cul-
rar a concentração de poder que se funda pabilizar assentados e assentadas e ao atri-
na concentração das condições metabólicas buir-lhes incompetência para fazerem seus
de reprodução da vida (terra, água, fotos- lotes prosperarem e por venderem a terra
síntese/vida). Não basta transformar o lati- conquistada.
fúndio improdutivo em latifúndio produtivo,
como o agronegócio, que só faz acentuar a Ao mesmo tempo, esse vácuo de ações por
concentração de poder e a injustiça. parte do Estado – uma omissão que é delibe-
rada, uma omissão que se faz ação – abriu
Até aqui, nesse modelo, é o Estado que vem espaço ao assédio sobre os assentamentos,
pautando a forma como se dá a reforma com reconcentração de lotes, grilagem, vio-
agrária. Como ir além dele? Como pautar a lência, roubo de madeira, desmatamento e
reforma agrária de baixo para cima, a par- queimadas. Em muitos locais, verdadeiras
tir do chão dos territórios, da autonomia máfias se apoderaram da fragilidade a que
de cada comunidade, da sua própria for- foram relegadas as famílias e formam um
ma de se governar? Assim, esperamos que poder paralelo, sempre violento3.
este texto traga reflexões que nos permitam
avançar ainda mais no nosso trabalho como
agentes e na reflexão em âmbito nacional Nesse contexto, os processos colegiados,
sobre a reforma agrária. com ações e estratégias coletivas do povo
organizado como “sem-terra”, vão por água
1. Somos tomados por inquietações, an- abaixo a partir do momento em que assu-
gústias e dificuldades no acompanha- mem a condição de “clientes de reforma
mento de grupos em luta pela reforma agrária”, quando se dá a delimitação dos lo-
agrária hoje tes e quando o acesso às políticas de reforma
agrária passa a se dar de forma individual.
A reforma agrária das últimas décadas em Se a identidade “sem-terra” agrega, a iden-
sua forma concreta entra em confronto com tidade “assentado” desagrega. Tudo passa a
a reforma agrária sonhada e almejada, de- ser assunto individualizado. O fato de um
fendida e buscada a custo de sangue e suor mesmo assentamento congregar famílias de
pelos movimentos de luta pela terra, pelos diferentes estados torna-se um obstáculo e

3
Sobre isso, ver “Por debaixo da floresta: Amazônia paraense saqueada com trabalho escravo”, produzido pela Comissão
Pastoral da Terra e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán. Disponível para download na
página da CPT: www.cptnacional.org.br
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

não uma riqueza4. É um salve-se quem pu- ria deve tomar outros contornos
der.
O conceito de terra se expande para o con-
ceito de território e inclui no debate a diver-
Ao mesmo tempo, a agricultura “moderni-
sidade e a riqueza cultural dos povos, que
zante” penetra os assentamentos por meio
não se dissocia da defesa da “natureza” (de
do incentivo ao uso intensivo de agrotó-
que somos parte). Tomamos território como
xicos, à criação de boi, à aquisição de se-
a união dessas duas esferas, cultura e na-
mentes e insumos industriais, muitas vezes
tureza, conceito que vem sendo reinventado
condições para obtenção de financiamento.
pelos povos aos quais temos escutado aten-
O tráfico de substâncias ilícitas e outras for-
tamente.
mas de violência encontram nesses espaços
de desagregação terreno fértil, e acabam in-
terferindo nas disputas e nos conflitos agrá- Até os anos 1970, território era o espaço ge-
rios. ográfico do Estado nacional. Quilombolas e
indígenas – como também diversas outras
Nesse contexto, muitos assentados migram comunidades camponesas – passam a mos-
para longe ou transitam pelas fazendas de trar que dentro de um território nacional
sua região em busca de trabalho, subme- estão contidas múltiplas territorialidades.
tidos a péssimas condições, quando não O conceito de território foi politizado. Os
a trabalho escravo5. Jovens se veem sem povos do campo, por meio de sua cultura,
perspectivas e envergonham-se de assu- atribuem diversos sentidos à natureza. De-
mir a identidade camponesa, ridiculariza- nunciam o colonialismo interno, mais difícil
da como inferior. As mulheres, essenciais de combater do que o outro.
na articulação do dia a dia, na construção
Pensar no território sempre pressupõe dis-
de alternativas e na manutenção do lote na
cutir as relações de poder: quem manda no
presença e na ausência dos homens, são
território? Quem dá sentido à vida nesse
completamente invisibilizadas nos espaços
pedaço de terra? No bojo dessas perguntas,
de decisão das comunidades.
surge a forte e potente discussão sobre a
autonomia e o autogoverno dos povos, por-
Que redes de cuidado e reciprocidade po- que a quebra de poder não passa somente
dem ser tecidas nesse contexto? Que afetos pela quebra do monopólio da terra: passa
são construídos em torno da vida campone- também pela maneira como o poder é cons-
sa? Em que momento o assentamento pas- truído nos territórios. Poder não se toma, se
sa a ser um território de pertença? Como constrói!
romper com os ideais capitalistas que nos
atravessam e construir pontes em vez de er- A autonomia se apresenta como uma carac-
guer cercas? terística do campesinato que, como detentor
dos meios de produção e do trabalho fami-
2. A importância da reforma agrária no liar, pode se apoiar e se fortalecer ao acessar
seu sentido tradicional, como grupo de os vizinhos e as redes de amizade por meio
políticas que objetiva quebrar o monopó- do mutirão. Se a autonomia camponesa não
lio da terra e do poder, deve ser ratifica- se exerce, hoje, em muitos assentamentos
da. Ao mesmo tempo, essa reforma agrá- de reforma agrária, é porque essas áreas se-
4
O Assentamento Contestado, do MST, no município da Lapa, no Paraná, com sua opção radical pela agroecologia, pode
desfrutar da cultura diversa de lidar com a terra dos camponeses e camponesas de diversas origens. Enfim, aquilo que é
apontado como um aspecto negativo tornou-se ali, com a agroecologia, uma potência. Outra experiência positiva é a
5
Sobre isso, ver “Entre idas e vindas: Novas dinâmicas de migração para o trabalho escravo”, produzido pela CPT e pelo
Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán. Disponível para download na página da CPT: www.
cptnacional.org.br.
129
guem a estrutura do Estado que não quer Na busca por terra, é comum ver comuni-
e impede – com as forças dominantes – que dades e movimentos tentando se enquadrar
as comunidades se auto-organizem. Se nos em uma das categorias de assentamento
acampamentos os protagonistas são os pró- propostas pelo Estado e é cada vez mais ób-
prios interessados, nos assentamentos, com vio que elas não dão conta da diversidade de
raras exceções, é o Estado quem protagoni- modos de vida e de formas de se organizar
za. que frutificam no chão dos territórios. En-
tão nos questionamos: o que é considerado
A discussão sobre o Estado plurinacional,
como reforma agrária? A luta é orientada
na Bolívia e no Equador, aponta nessa di-
pelos instrumentos existentes, que já sabe-
reção, ao questionar a estrutura, ainda que
mos insuficientes, ou estamos no processo
os desafios na prática sejam imensos. De-
de produção e criação de outras formas de
seja-se o viver bem, o Bem Viver, não o de-
se fazer reforma agrária, orientadas, no sen-
senvolvimento. Desejam-se alternativas ao
tido oposto, pela luta e pelas formas de viver
desenvolvimento.
das comunidades?
3. Na outra reforma agrária, não trans-
Sabemos que muito da lógica da reforma
ferimos ao Estado a responsabilidade de
agrária implementada no Brasil seguiu a
nos organizar. Nessa outra reforma agrá-
lógica imposta pelo Banco Mundial. A que
ria, não é o Estado que nos governa, mes-
interesses ela serve?
mo que não possamos ignorá-lo
Por exemplo, quando o Estado faz conces-
Historicamente, a luta dos movimentos so-
são de uso a determinada comunidade de
ciais se orientou pela conquista de direitos,
fundo e fecho de pasto na Bahia, ela se dá
referendados pelo Estado. Assim foi apro-
por um curto espaço de tempo para comu-
vada uma constituição cidadã e institui-
nidades que são centenárias, numa contra-
ções democráticas foram consolidadas. No
dição abissal. O Estado não esconde seu
campo da reforma agrária, diversos instru-
interesse naquelas terras tão ricas, que po-
mentos foram criados a partir das reivindi-
dem ser retomadas “em nome do interesse
cações e dos enfrentamentos: os projetos
nacional”. E ignora um fato básico: essas
de assentamento, os projetos de desenvol-
comunidades já estão em posse real de uso
vimento sustentável, os projetos agroextra-
antes mesmo que o Estado se interesse por
tivistas e as reservas extrativistas (dentro
suas terras. Assim, mais que concessão de
do escopo das unidades de conservação),
direito real de uso, essas comunidades exi-
além dos processos para demarcação de ter-
gem o reconhecimento de suas formas origi-
ras indígenas e quilombolas. Se o governo
nárias de criar direitos.
atual aponta para a fragilidade desses ins-
trumentos – e, até mesmo, para explicitar Quando um grupo passa de acampado a
o seu (não) funcionamento a partir de uma assentado, acaba refém da dependência
lógica burguesa, colonial, racista e misógina do Estado. Passa a ser “cliente de reforma
– tampouco os governos ditos progressistas agrária”, um nome que explicita uma polí-
deram conta de tornar o aparato do Esta- tica e uma visão clientelistas, paternalistas,
do um instrumento de desconcentração do concentradoras de poder, que só resultam
poder e da riqueza. O que se passa hoje na em dependência e tornam a autonomia um
América Latina é exemplar de que a estru- horizonte distante.
tura do Estado burguês capitalista, colonial
e patriarcal não é capaz de resolver a desi- Vivemos, porém, inseridos nessa estrutura.
gualdade. O sistema está em colapso. O Estado é uma necessidade em determina-
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

dos momentos, mas é onde a política é sepa- cra, um “beneficiário” da reforma agrária. E
rada do povo. É preciso lidar com o Estado, o que se faz então? As dificuldades se apre-
ele atravessa e organiza a nossa vida. Mas sentam.
não é o fim. O lugar da liberdade pode até
passar pelo Estado, mas, com certeza, não “O agronegócio não produz só grão, produz
acaba nele. As várias experiências do século também muitos sem-terra”. De onde vêm os
XX – e mesmo as desse início do século XXI sem-terra? Quando ouvimos as histórias de
– já nos mostraram o fracasso da estratégia suas famílias é a história da desterritoriali-
de primeiro conquistar o Estado para depois zação, da expulsão do campo, da migração
mudar o mundo. O primeiro passo foi dado, para a cidade, da vida em condições insalu-
mas o segundo, não. O Estado pode até se bres nas periferias, do trabalho escravo e,
fazer uma necessidade, mas com certeza por fim, do sonho da terra retomada onde
não é o lugar da virtude. jorra leite e mel.

4. Quem são os protagonistas da reforma As comunidades são atravessadas pela mo-


agrária? dernidade, as subjetividades são moldadas
pelo individualismo, pela competição, pelo
As comunidades devem ser as protagonistas consumo. Como são recuperados os laços
da reforma agrária e, cada vez mais, assu- comunitários? Como refazer os mutirões
mem e gritam para o mundo suas formas para construção do mundo e reconstrução
de existir, em diferentes nomes: povos indí- de si mesmo? Como retomar a humanização
genas, quilombolas, comunidades tradicio- que foi sugada pela exploração? O que se
nais e camponesas (quebradeiras de coco, pode aprender com os povos do campo que
faxinalenses, fundo e fecho de pasto etc.). conseguiram resistir e construir e reafirmar
outras formas de se relacionar com a vida?
A identidade não é algo essencial ao qual
as comunidades e as pessoas estão con- As redes, as teias, as articulações que se
denadas. Os seringueiros trabalhavam na formam atualmente em diferentes lugares
seringa 20 dias por ano quando nos anos do Brasil apontam um caminho diferente.
1970 reivindicaram a identidade seringuei- Todas trazem a ideia de que, sozinho, nada
ra. Eles afirmaram sua identidade histórica se consegue. De que as lutas estão interliga-
para evitar a expulsão e disseram: “fomos das e a expulsão de uma comunidade signi-
nós, seringueiros, que conquistamos o Acre fica a expulsão da outra num futuro breve.
para o Brasil”. Foi uma estratégia política, Os laços de solidariedade que se criam são
uma carta legítima no jogo da luta social. A cada vez mais importantes.
história do grupo é elemento importante e
que deve ser respeitado. Sempre haverá sonhos e planos individuais
– e familiares. Mas os sujeitos e suas famí-
Quando chegamos aos grupos que tradicio- lias estão inseridas no todo. Não é preciso
nalmente estão associados à reforma agrá- coletivizar tudo. Talvez nem possível seja.
ria, sem-terra e assentados, esbarramos Mas é no comunitário – e não no coletivo –
na dificuldade de se aprofundar um senti- que a vida se multiplica.
mento comunitário e de pertença ao terri-
tório. Como se constrói o mundo a partir Por exemplo, no assentamento Contestado,
do “sem”? Como se constrói identidade com na Lapa, no Paraná, a diversidade cultural
gente de toda parte, quando o conhecimento dos homens e mulheres de diversos lugares
camponês é embasado no local? Se deixa de se juntou em torno da agroecologia, que foi
ser sem-terra e se torna um “cliente” do In- o elemento agregador e de junção. A diversi-
131
dade e a heterogeneidade foram transforma- Só para se ter uma ideia: um habitante ur-
das em elemento positivo. E o assentamento bano consome, em média, nove vezes mais
se tornou uma experiência potente, porque água que um habitante rural.
a agroecologia é política que aponta para a
autonomia, sobretudo. Esses dados também apresentam um ou-
tro lado da moeda: a população rural era,
As comunidades do Maranhão têm nos em 1960, de 1,8 bilhão de habitantes e, em
mostrado como a colonização nos atraves- 2015, de 3,4 bilhões. A população mundial
sa e atravessa as comunidades. Como diz total, em 1960, era de 3 bilhões de habitan-
Kum’tum Gamella, ela cria cercas dentro tes e só a população rural, em 2015, era de
da gente e vai nos separando. A coloniali- 3,4 bilhões; ou seja, a população rural do
dade aponta a noção de individualismo, da planeta é hoje maior que a população mun-
propriedade privada, do Estado como pai. dial de 55 anos atrás. Nunca tivemos tanta
E a dominação dos corpos e territórios é gente no campo em toda a história da hu-
patriarcal. A dominação e exploração sem manidade como hoje.
limites da natureza, separada do ser huma-
no, é patriarcal, e é a forma como o Capi-
tal atua sobre os territórios. Como derrubar Todo esse processo se dá de modo desigual
essas cercas? É um processo contínuo de e combinado na geografia mundial. O Bra-
desconstrução. No entanto, se tem luta é sil, por exemplo, viu sua população rural
porque não fomos totalmente colonizados. decrescer, inclusive em termos absolutos,
desde 1960 com um intenso processo de
5. Garantir o território das comunidades desruralização e sub-urbanização. No en-
é um ganho para toda humanidade tanto, na geografia social brasileira a Ama-
zônia viu sua população rural crescer em
Olhemos para alguns números que apon- termos absolutos colocando em risco não só
tam crescimento da população mundial e esse bioma riquíssimo em sua diversidade,
que mostram a pressão de grande magnitu- como também o conhecimento milenar de
de que a humanidade atravessa, e que está seus povos originários e o conhecimento se-
presente em cada canto do planeta de modo cular de suas diversas campesinidades, in-
mais ou menos intenso: clusive de quilombolas. E não só a Amazô-
nia: os cerrados vêm sendo palco de um dos
fronts mais violentos do país, onde o Capi-
tal, ao se territorializar, desterritorializa po-
vos e comunidades diversas, pondo em risco
um dos maiores patrimônios da sociedade
brasileira, a água de seus rios e aquíferos;
A população urbana mundial mais que tri- as caatingas e os pampas também enfren-
plicou nesses 55 anos, segundo a ONU. tam o avanço do Capital em suas diversas
Assim, é enorme a pressão que sofre o me- modalidades, com os negócios da energia
tabolismo do planeta para garantir o abas- hidrelétrica e eólica, do agro, do hidro e da
tecimento dessa população. A urbanização mineração.
e o modelo de consumo provocam enorme
pressão sobre a Terra, com gente concentra-
A ruptura metabólica que no mundo apare-
da em pouco espaço demandando matéria
ce como mudança climática e pandemias na
para suprir necessidades (muitas vezes in-
escala nacional, aparece, ora como escassez
ventadas como “fabricação capitalística da
de abastecimento de água nos grandes cen-
subjetividade”, como disse Felix Guatarri).
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

tros urbanos, como recentemente em São que impuseram barreiras ao capitalismo.


Paulo, por exemplo, ora como enchentes e E, por isso, são tão ameaçadas. As florestas
deslizamentos de encostas que matam por tropicais são guiadas pela diversidade, não
todo lado. pela monocultura. Os povos que as habitam,
hoje já sabemos, são criadores de diversida-
A pressão para abastecer uma população de. Há concentrações de castanha e pupu-
urbana, que exponencialmente cresceu, se nha, por exemplo, em determinadas áreas
dá sobre campos e florestas que jamais ti- da Amazônia, pois a floresta foi manejada.
veram tanta gente. A urbanização é a urba- Os povos que lá vivem, porém, nunca tra-
nização capitalista, do consumo que não se balharam com a monocultura porque o solo
esgota e do conforto e facilidade a qualquer amazônico só é compatível com a floresta.
custo. E o capitalismo, com seu centro no Somente com a floresta, com a diversidade,
lucro, para produzir riqueza no seu senti- o solo é extremamente produtivo. Sem ela, o
do profundo – ou seja, algo que se desfrute solo sofre erosão, lixiviação, laterização, em-
em suas qualidades concretas – necessita pobrecimento.
de algo que o trabalho humano não produz:
terra (solo e subsolo-minério), água, fotos- Nos territórios, assim, se expressam inúme-
síntese. ras culturas, conhecimentos e saberes. A
resistência, muito já se falou, é pelo direito
Quem paga por isso são os grupos que não e pela possibilidade de continuar existindo.
podem usufruir desse consumo. E para É, portanto, única opção para que diversas
acessar essas condições necessárias para a comunidades não morram. A migração do
produção e reprodução da vida, em regiões campo para as cidades significa uma re-
hoje mais ocupadas do que nunca, o Capi- gressão cultural não só dos sujeitos que vão
tal cada vez mais faz uso da violência: essa desempenhar trabalhos subalternos nos
pressão se expressa violentamente sobre os centros urbanos, mas de toda humanidade.
povos do campo e seus territórios. Eis o ce- Todo um complexo conhecimento sobre as
nário que se aponta já, aqui e agora, se não matas, os campos, os rios e lagos se perde
pensarmos uma outra relação com a vida. com a migração. É importante enxergar a
riqueza que a humanidade tem ao poderem
se expressar essas culturas.
Em um momento de catástrofe ambiental,
muito se tem falado sobre a contribuição
dos povos do campo para salvar o planeta Assim, o patrimônio cultural e material de
de uma situação que não foi provocada por que são portadoras as comunidades campo-
eles. Por isso, o debate ecológico se coloca nesas não interessa apenas a elas. Na con-
como tema central no debate sobre a refor- tramão da modernidade colonizadora, há
ma agrária. São as chamadas populações muitas formas de viver e de se relacionar
tradicionais – mas também poderíamos di- com o meio em que se vive, em ser natureza
zer as comunidades camponesas em senti- e produzir, em produzir e manter vivas as
do amplo – que estão sobre as águas e os florestas e as águas das quais se depende.
biomas com pujança de vida. O debate sobre a reforma agrária, portan-
to, ganha importância urbana e para toda
a população mundial. A reforma agrária se
As florestas são muito produtivas e forne-
apresenta contra a exploração, a opressão,
cem possibilidades para as pessoas serem
a desumanização, mas tem uma dimen-
livres. Ofereceram condições que foram
são propositiva imensa para a humanidade
aproveitadas pelos povos e comunidades e
133
como um todo: é a favor dessa riqueza. A reforma agrária é realizada de acordo com
o contexto sociocultural dos diferentes po-
E o Brasil tem um fundo territorial extre- vos, já dizia Chico Mendes. É preciso sem-
mamente rico, justamente porque é o lugar pre considerar os aspectos culturais das
de morada dessas comunidades, como po- comunidades e ouvi-las: são elas que dirão
demos perceber nos números abaixo: que reforma agrária querem.

A reforma agrária ataca o latifúndio e a


grande propriedade para que as pessoas te-
nham acesso à terra, tendo a terra um sen-
tido mais profundo, no qual se inserem as
diversas formas de vida criadas pelo cam-
pesinato.

A reforma agrária aprende com os povos e


comunidades tradicionais, com a resistên-
Esse patrimônio dos brasileiros deve ser cia, as retomadas e as autodemarcações. A
defendido junto com as comunidades que humanidade não tem uma forma única de
sempre o ocuparam e preservaram. Nas uni- viver e ser. É preciso respeitar as diferen-
dades de conservação, há gente há milênios. ças e compreender como foram produzidas,
Não são espaços vazios. As áreas de assen- mas, quando necessário for, juntar as dife-
tamento são maiores do que a área plantada renças, tecer, fazer mutirão.
do agronegócio. O número de territórios qui-
A reforma agrária só é possível com autono-
lombolas provavelmente está subestimado,
mia, e não com dependência do Estado.
pois menos de 5% das áreas reconhecidas
como quilombolas pela Fundação Cultural A reforma agrária é por territórios e corpos
Palmares foi titulada pelo Incra. A conside- livres de cercas. Territórios livres, Já!
rar essa área reconhecida como uma esti-
mativa da área total de comunidades qui-
A reforma agrária tem como protagonistas
lombolas em processo de reconhecimento
os jovens, suas contribuições, seus sonhos.
teríamos que multiplicá-la por 20, o que nos
daria uma área aproximada de 54 milhões A reforma agrária tem como protagonistas
hectares ou 6,4% do território nacional. as mulheres. E o olhar das mulheres im-
prime novos sentidos à reforma agrária. As
6. Lutar contra o Capital não é suficiente mulheres reconfiguram as relações de po-
para criar um outro mundo. Somos con- der.
tra o Capital, mas somos a favor de quê?
Afinal, que reforma agrária? A reforma agrária não se baseia no funda-
mentalismo religioso, que separa em vez de
A reforma agrária desconcentra a terra, o unir, e não entra na disputa por qual con-
poder e questiona as estruturas. ceito de deus está correto. Afinal, todos e
todas somos filhos e filhas da terra, de onde
A reforma agrária é nutrida pelos saberes, vêm as palavras humanidade e húmus.
pelos conhecimentos, pela ancestralidade,
pela relação dos povos com a natureza e Na reforma agrária, a agroecologia é políti-
com os outros, pela memória. O ato da re- ca, não somente técnica. É uma prática das
forma agrária é contínuo e sem fim. comunidades que expressa o território autô-
134
nomo: a comunidade com controle do fluxo Camila Mudrek (BA), Carla De Fátima Sil-
de matéria e energia para que ganhe o máxi- va Pereira (MA), Carlos Walter Porto-Gon-
mo de autonomia, para que precise cada vez çalves (Universidade Federal Fluminense),
menos de insumos externos. Carolina Falcão Motoki (Campanha De olho
aberto para não virar escravo), Dhiogo Tho-
A reforma agrária questiona o individua- maz Costa Lobato (TO), Edinaldo de Oliveira
lismo e valoriza o comunitário, ao recordar (BA), Elizabete Fátima Flores (MT), Elmara
Paulo Freire: “Ninguém liberta ninguém. De Sousa Guimarães (PA), Evandro Rodri-
Ninguém se liberta sozinho. Nos liberta- gues dos Anjos (TO), Felipe Eduardo Lopes
mos em comunhão”. Nenhum ser humano é
Oliveira (TO), Geuza Morgado (PA), Gilber-
completamente autônomo. Somos parte da
to da Silva Santos (PA), Gislene Alves Dias
natureza. O indivíduo só existe por meio do
(MG), Jaqueline Freitas Vaz (MA), Jônatas
todo. O mutirão, prática do povo, é ajuda
Vieira Moreira (Comunidade Brasil Verde,
mútua.
Breu Pranco, PA), José Hamilton Pereira
Por fim, não podemos congelar o termo “re- (BA), José Raimundo Sousa de Santana
forma agrária”. A reforma agrária baseia-se (PA), Linalva Cunha Cardoso (MA), Maria do
na autonomia, no autogoverno, no que vem Socorro Vieira (CDVDH, MA), Maria Socor-
de dentro e do chão. ro de Lima (CE), Marlus Dourado Mesquita
(TO), Meiriely Patrícia Costa Ferreira (PA),
Participaram das discussões que resulta- Rafael Oliveira (TO), Raimundo Valdenir
ram neste texto: Conceição (Associação João Canuto, Tucu-
ruí, PA), Raimundo Moreira da Conceição
Ana Maria Delazeri (RO), Ângela Liberato (MA), Ruben Siqueira (CPT Nacional), Sirlei
de Negreiros (PA), Benedita Gomes Cabral Carneiro da Silva (PA), Wellington Douglas
Costa (MA), Brígida Rocha dos Santos (MA), da Silva (MT) e Xavier Plassat (TO)
Foto: Thomas Bauer - CPT Bahia

Água
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

O fetiche do progresso
tecnológico desmancha-se em face do
aprofundamento da questão agrária no
campo brasileiro: a destruição da vida
revelada nos Conflitos pela Água em 2019

Claudemir Martins Cosme1


A técnica é um meio, e não um fim em si tura que avaliava as mudanças técnicas de
própria. E por isso somente vale em fun- forma absoluta, ou seja, sem levar em conta
ção do fim a que se destina e dos proble- a totalidade das circunstâncias e processos
mas concretos que com ela se objetiva de um espaço agrário marcadamente desi-
resolver. Doutro lado, o progresso tecno-
gual. Na realidade, as decisões políticas es-
lógico não significa necessariamente uma
melhoria de condições do trabalhador. E, tatais das últimas seis décadas, nos diferen-
às vezes, até pelo contrário, pode agravá- tes contextos e governos federais no Brasil,
-las. Caio Prado Jr. (2000, p. 27), em “A seguiram a crença fetichista em soluções
questão agrária no Brasil”. tecnológicas nos termos de Harvey (2018),
portanto, ancoradas nos princípios e pa-
A crença fetichista em soluções tecnológi- cotes técnico-químicos da revolução verde,
cas sustenta a visão naturalista segundo sem passar pela democratização da terra,
a qual o progresso tecnológico é ao mesmo consequentemente, no acesso, posse e uso
tempo inevitável e bom, e não há nenhu- dos demais bens comuns naturais ligadas a
ma maneira de podermos ou até mesmo ela, a exemplo da água.
tentarmos controlá-lo ou redirecioná-lo
coletivamente, muito menos circunscre- Nesse bojo, assumimos a leitura de que a
vê-lo. Mas é característico dos construtos
questão agrária nacional, que ainda tem, na
fetichistas tornar a ação social sujeita a
crenças míticas. Embora tenham um fun-
concentração fundiária, o cerne estrutural
do material, essas crenças escapam das dos problemas no campo, exigindo assim a
restrições materiais para, uma vez apli- realização efetiva da reforma agrária (AB’SA-
cadas, acarretar consequências materiais BER, 1999; WANDERLEY, 2000; OLIVEI-
muito claras. David Harvey (2018, p. 123), RA, 2007; DELGADO, 2014; COSME, 2019,
em “A loucura da razão econômica: Marx e 2017), tornou-se complexa e aprofundou as
o capital no século XXI”. contradições no Brasil do século XXI. As-
sim, um caminho fértil para a análise foi
Desde o processo de modernização conser- apontando por Fernandes (2013), quando
vadora da agricultura brasileira, ocorrida escreveu que o conceito de conflitualidade
mais intensamente a partir do golpe empre- deve ser central para a análise dessa ques-
sarial-latifundista-militar de 1964, o Estado tão agrária. Para ele, a conflitualidade no
opta por renovar a ideologia do progresso campo, que é um processo constante, terri-
tecnológico como contraponto à realização torial e muito além de se reduzir apenas aos
da reforma agrária. Já naquele período, Pra- conflitos por terra, é gestada e alimentada
do Jr. (2000) denunciava o equívoco da lei- pelas contradições e desigualdades do pró-
1
Doutor em Geografia. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL), Campus Pi-
ranhas. E-mail: claudemirmartins@yahoo.com.br.
137
prio capitalismo. movimentos e organizações sociais do cam-
po em luta pela reforma agrária. A subor-
O ano de 2019, que iniciou de forma trági- dinação absoluta do governo Bolsonaro e,
ca, com o maior crime da mineração no país majoritariamente, do Congresso Nacional e
em número de vítimas – 272 vidas ceifadas, do Judiciário aos interesses do agronegócio
com 11 delas ainda desaparecidas -, ocor- e da mineração, em detrimento da reforma
rido no município de Brumadinho, em Mi- agrária, do campesinato, do trabalhador ru-
nas Gerais, e meses depois viu surgirem as ral, dos povos indígenas e quilombolas, fa-
primeiras manchas de óleo no litoral da re- vorece a escalada da violência, portanto, do
gião Nordeste e parte do Sudeste, corrobora aumento da conflitualidade corroborada por
essa leitura. Ao latifúndio transmutado em esses números sobre as disputas territoriais
agronegócio pela modernização conservado- e as relações sociais no tocante aos conflitos
ra, com suas velhas relações pautadas em pela água.
violências diversas, conflitos, concentração,
exploração social e depredação da nature-
za, levados a cabo pelos grandes proprietá-
rios capitalistas da terra, vieram se somar,
entre outros, os graves problemas oriundos
da intensificação sem limites das atividades
extrativas mineradora e petrolífera. Como
veremos, o fetiche do progresso tecnoló-
gico desmancha-se, no caso dos Conflitos
pela Água, em meio à lama e ao óleo, ma-
terializando, contraditoriamente, a des-
truição da vida em todas as dimensões no Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/
Elaboração: COSME, C. M.
espaço agrário do país.

Ao longo de 2019, a CPT registrou 489 De José Sarney a Fernando Collor de Mello,
Conflitos pela Água com o envolvimento de Itamar Franco a Fernando Henrique Car-
de 69.793 famílias. Conforme o Gráfico 1, doso, de Luiz Inácio Lula da Silva a Dilma
houve um crescimento desses conflitos na Rousseff, todos, estruturalmente em suas
ordem de 77% com relação a 2018. Se, de decisões e opções para o campo brasileiro,
2002 a 2014, a média era de 65 conflitos embebidos pela ideologia do progresso e sem
por ano, de 2015 a 2019, esse número che- romper com o ideário neoliberal, assumiram
ga a 254. Notemos que, desde 2015, quando o mito da eficiência técnica/tecnológica e o
se iniciaram as primeiras movimentações discurso do desenvolvimento sustentável
que resultaram no golpe midiático-parla- (COSME, 2016). Ocorre que, com o golpe de
mentar-judicial contra a Presidente Dilma 2016, que elevou à condição de presidente
Rousseff, há um crescimento lento dos con- Michel Temer, e, especialmente, com a che-
flitos pela água, que se acelera de 2017 para gada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Pla-
2018, passando de 197 para 276, atingindo nalto, é radicalizado esse ideário neoliberal
seu ápice no primeiro ano de Jair Bolsona- e o fetiche da eficiência técnica/tecnológica.
ro à frente da República, um quadro previ- O resultado, ou sendo mais claro, o estrago
sível, diante da disseminação do ódio e do promovido por esses dois últimos governos,
incentivo à violência, promovidos, durante junto ao aumento substancial do número
a campanha presidencial de 2018, pelos de conflitos pela água, foi o de famílias en-
integrantes do atual governo federal, nota- volvidas. A média era de 27,5 mil famílias
damente pelo próprio presidente, contra os entre 2002 e 2014, saltando para 53 mil no
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

intervalo de 2015 a 2019. Os anos de 2018 e Por isso, sublinhamos a centralidade da mi-
2019, saturados pelo discurso bolsonarista, neração e da exploração das reservas petro-
são os mais responsáveis por esse aumento líferas sem limites no Brasil, com consequ-
em praticamente 100% de famílias envol- ências perversas para a sociedade e a
vidas nos conflitos pela água, com 73.693 natureza, como justificativa da supremacia
e 69.793, respectivamente (Ver Gráfico 2). da conflitualidade envolvendo os processos
Importante registrar que a diminuição do – lutas, resistências, danos – conflitos de
número de famílias envolvidas, em um con- uso e preservação da água em 2019. O nú-
texto de aumento do número de conflitos, mero de famílias envolvidas fortalece mais
entre 2018 e 2019, justifica-se pela dificul- ainda essa linha de interpretação: do total
dade em contabilizar a real quantidade de geral, 68,80% (48.020 famílias) na categoria
atingidos pela lama em Brumadinho e pelo “Uso e preservação”, 26,16% (18.257) em
óleo nas praias. Portanto, esse dado de 2019 “Barragens e açudes” e 5,04% (3.516) em
tende a aumentar ainda mais diante das “Apropriação particular”.
elevadas proporções negativas, territoriais e
populacionais, desses dois crimes contra a
sociedade e a natureza no Brasil, centrais
nas análises dos conflitos pela água nesse
último ano.

Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/


Elaboração: COSME, C. M.

Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/


Elaboração: COSME, C. M.

Podemos averiguar, no Gráfico 3 e no Qua-


dro 1, quanto à categorização2 dos 489 Con-
flitos pela Água, ocorridos em 2019, que es-
tes se deram predominantemente pelo uso e Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/
pela preservação da água (59,51% ou 291 Elaboração: COSME, C. M.
conflitos), seguidos dos oriundos da luta
contra a construção de barragens e açudes No tocante à espacialização dos conflitos
(25,77% ou 126 conflitos) e, por fim, dos pelas regiões brasileiras, levando em conta
conflitos contra a apropriação privada dos as três categorias aludidas, a região Nordes-
recursos hídricos e a cobrança do uso da te foi a que mais sofreu os impactos, com
água no campo (14,72 % ou 72 conflitos). 47,85% do número total de conflitos (234)
2
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) elegeu três categorias para enquadramento dos Conflitos pela Água: “Uso e preser-
vação”, “Barragens e açudes” e “Apropriação particular”. Recomendamos a leitura do item Metodologia dessa publicação
para maiores detalhes.
139
e 46,02% das famílias envolvidas (32.119),
sendo os conflitos enquadrados na catego-
ria “Uso e preservação” predominantes, com
63% (148 conflitos) e 83% (26.730 famílias
envolvidas) do total geral ocorrido especifi-
camente nessa região. Ao longo de todo o
ano, reportagens, vídeos e fotos da tragédia
do petróleo contaminando as praias do lito-
ral, sobretudo o nordestino, inundaram as
redes sociais, mesmo com o desprezo dado
pela grande mídia e pelo governo federal. Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/
A título de exemplo, o jornal El País, em Elaboração: COSME, C. M.
25/10/2019, estampou e resumiu o quadro
do sofrimento e desespero da população:
“Nós, nordestinos, fomos esquecidos: gover-
no e imprensa nacional demoraram a reagir,
enquanto voluntários limpavam e fotógrafos
nordestinos mostravam a realidade”3.

A reportagem sublinha, entre outros pro-


cessos, a paralisia do governo Bolsonaro em
tratar o gravíssimo problema, apostando
apenas “em fomentar batalhas ideológicas”;
a demora da grande mídia em dar a atenção Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/
que o problema exigia e, por fim, a ação da Elaboração: COSME, C. M.

população “[...] que decidiu tomar a frente e


mitigar, ela mesma, os danos causados pelo Apenas três Unidades da Federação, Minas
óleo”. A região Sudeste, que além da presen- Gerais, Bahia e Sergipe, com 128, 101 e 69
ça do crime da mineração em Brumadinho conflitos cada, respectivamente, somam
juntas 61% (298) do total geral dos conflitos
também foi prejudicada pela presença do
(489). Se acrescentarmos a elas os estados
óleo em parte do seu litoral, foi a segunda
do Pará, Espírito Santo e de Roraima, com
região nos registros dos Conflitos pela Água,
34, 32 e 21 conflitos, respectivamente, che-
com 34,76% do total (170 conflitos) e 20%
gamos a 78% de todos os conflitos ocorridos
(13.961 famílias envolvidas). Nela também
nacionalmente (Ver Gráfico 6).
têm destaque os conflitos por uso e pre-
servação, com 69% (118 conflitos) e 74%
(10.410 famílias envolvidas). A região Nor-
te segue em terceiro lugar, com 13,09% (64
conflitos) e 16,49% (11.511 famílias), sendo
a maioria absoluta dos conflitos enquadra-
da na categoria “barragens e açudes”: 78%.

3
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/25/opinion/1572038992_634690.html. Acesso em: 09 de mar.
2020.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

No caso de Minas Gerais, os 128 conflitos tal, essas quatro categorias 86% dos 101
foram registrados da seguinte forma: 71,8% conflitos no estado da Bahia. Foi no campo
(92) por “Uso e preservação; 24,2% (31) na baiano o único registro de assassinato em
categoria “Barragens e açudes” e apenas Conflitos pela Água. Trata-se de mais uma
3,9% (5) “Apropriação particular”. A catego- ambientalista que tem sua vida ceifada, em
ria causadora da ação em 91,4% (117) dos um país onde mais se matam os que lutam
conflitos foram mineradoras nacionais ou por direito a terra e território e pela causa
internacionais, tanto relacionados à tragé- sócioambiental. Rosane Santiago Silveira,
dia de Brumadinho, como ao trágico rompi- de 59 anos, foi assassinada brutalmente do
mento da barragem do Fundão, localizada dia 29/01/2019, em Nova Viçosa, Sul da
no Distrito de Bento Rodrigues, município Bahia. Ela fazia parte do Conselho da Re-
de Mariana, ocorrido em 2015. As famílias serva Extrativista de Cassurubá e lutava
atingidas em Mariana ainda sofrem com a para criar uma associação de proteção da
negligência do Estado e das empresas, que Ilha de Barra Velha, que fazia parte da área
não cumprem os procedimentos legais, da reserva. A ambientalista também travava
como, por exemplo, a construção das mo- uma luta contra a expansão do monocultivo
radias para parte dos que perderam tudo, do eucalipto. Os movimentos e as organiza-
mantendo a conflitualidade sempre presen- ções sociais acompanham o caso e exigem
te. Na categoria que sofreu a ação, estão os justiça4.
ribeirinhos em primeiro lugar, com 36,7%
(47 conflitos), seguidos pelos pequenos pro- No estado de Sergipe, foram registrados
prietários, com 25% (32), e os quilombolas, conflitos apenas nas categorias “Apropria-
com 13,2% (17). Juntas essas três catego- ção particular”, com 60,8% (42) dos 69 ca-
rias totalizam, praticamente, 75% de todos sos, e “Uso e preservação”, com 39,2% (27).
os conflitos em Minas Gerais. Em 100% dos casos, a categoria empresário
nacional ou internacional foi a causadora
Já com relação à Bahia, 74,2% (75 conflitos) da ação, bem como os pescadores sofreram
foram de “Uso e conservação, 22,7% (23) de 100% da ação. Trata-se de um dos estados
“Apropriação particular” e apenas 2,97% (3) nordestinos que mais foi prejudicado com o
de “Barragens e açudes”. No tocante à cate- vazamento de óleo em suas praias. Entre-
goria causadora da ação, no campo baiano tanto, é mister ressaltar os processos con-
a realidade é mais complexa: os empresá- flituosos entre os empresários e as comu-
rios internacionais, ligados à exploração pe- nidades não litorâneas, nas disputas pela
trolífera, portanto, aos conflitos decorrentes apropriação e preservação dos recursos hí-
do vazamento de óleo, ocupam o primeiro dricos.
lugar com 40,5% (41) do total geral de 101
conflitos, seguidos pelas mineradoras na- O quadro muda um pouco quando anali-
cionais ou internacionais, com 32,6% (33), e samos o número de famílias envolvidas em
dos fazendeiros, com 22,7% (23), juntos so- Conflitos pela Água por Unidades da Fe-
mam 95,5%. Os pescadores, com 43,5% (44 deração. A Bahia assume o primeiro lugar
conflitos) do total geral, foi a categoria que da conflitualidade, com 18,5% (12.930) do
mais sofreu a ação no território baiano, os total geral nacional de 69.793, seguida por
geraizeiros seguem em segundo lugar, com Santa Catarina, com 13,8% (9.663) e Minas
21,7% (22), os assentados, com 10,8% (11), Gerais, com 11,9% (8.352). Roraima e Per-
e os ribeirinhos, com 9,9% (10), fecham o nambuco fecham os cinco primeiros luga-
terceiro e quarto lugares, somando, no to- res, com 9,5% (6.667) e 9,1% (6.386), res-
4
Ativista assassinada na Bahia resistia à expansão do eucalipto em reserva. Disponível em: https://www.redebrasilatual.
com.br/cidadania/2019/02/ativista-assassinada-em-nova-vicosa-tinha-recebido-ameacas-de-morte/. Acesso em: 09 de
mar. 2020.
141
pectivamente. Juntos esses cinco estados ra do rio Paraguaçu, a comunidade, além de
totalizaram 62,8% (43.998) do total geral de sofrer com o descaso por parte da empresa
famílias (Ver Gráfico 7). responsável pelo tratamento de água, luta
contra os impactos causados por grandes
plantações de capim para feno à beira do
referido rio, com o uso de agrotóxicos pelos
fazendeiros. Já em Santa Catarina, 8.000
famílias de pescadores travam uma batalha
contra o governo federal para garantir o di-
reito ao seguro-defeso, em atraso devido às
mudanças ocorridas no Instituto Nacional
de Seguridade Social (INSS) no ano de 2019.

Assim, acreditamos que a relação dialética


entre espaço e lugar, materializada na con-
Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/ quista das diversas frações territoriais de
Elaboração: COSME, C. M. resistência camponesa, indígena e quilom-
bola, é central para se compreenderem as
Os Conflitos pela Água ocorrem no coti- contradições, portanto, as conflitualidades
diano das comunidades, em sua maioria inerentes ao movimento do capital no espa-
passando de forma invisível pela grande ço e no tempo. Como observamos ao longo
mídia. Trata-se de conflitos que se inse- do texto, a contradição que permeia essa
rem na longa e incansável luta da classe relação contrapõe as classes/grupos/sujei-
camponesa, dos indígenas e quilombolas tos que sofrem com a conflitualidade e os
no campo brasileiro pelo enraizamento no que causam a ação conflituosa. No primeiro
lugar, muitas das vezes um território – as- grupo, estão à frente os pescadores (41% -
sentamento, reserva indígena, comunidade 199 conflitos) e os ribeirinhos (22% - 106),
quilombola – conquistado a duras penas no juntos somando 63% do total geral dos Con-
enfrentamento ao latifúndio, à mineradora, flitos pela Água. Os pequenos proprietários
à hidrelétrica ou ao próprio Estado. Uma re- seguem um pouco distantes, mas sofreram
sistência estrutural pela água, para garan- em 9% (43 casos), juntamente com os qui-
tir a própria existência social coletiva desses lombolas em 6% (31) (Ver gráfico 8).
sujeitos. Harvey (2018, p. 133), afirma que
“a resistência local aos poderes disruptivos,
vinculados à acumulação infindável, é uma
importante frente de luta anticapitalista”.
Assim, complementa esse autor: “o anseio e
a busca por relações sociais e relações com
a natureza não alienadas não podem des-
prezar os processos de construção de lugar
como um caminho para construir uma vida
melhor”.
Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/
Corroborando essa leitura, na Bahia, na Elaboração: COSME, C. M.
Comunidade Vila São Vicente, município de
Itaberaba, foi registrado o conflito envolven-
do pescadores e fazendeiro, com cerca de No segundo grupo, os principais causado-
4.000 famílias prejudicadas. Situada à bei- res dos Conflitos pela Água 2019, conse-
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

quentemente, da violência e da barbárie – timas. Mais do que lembrar é essencial exi-


assassinato, ameaça de morte e tentativa gir justiça, bem como é imprescindível que
de assassinato – no campo brasileiro, são a a sociedade brasileira como um todo reflita
mineração (39% - 189 conflitos) e os empre- e se sensibilize acerca das perversidades
sários (36% - 177 conflitos) à frente; segui- cometidas pela mineração. Brumadinho foi
dos pelas hidrelétricas (11% - 54 conflitos) um crime que não sensibilizou o governo
e pelos governos nas três esferas (7% - 33 Bolsonaro e os setores retrógrados do Con-
conflitos) (Ver Gráfico 9). gresso Nacional. Aliás, desses setores e de
um governo financiado, portanto, abraçado
com o agronegócio e a mineração, não há de
se esperar essa sensibilização. Na realida-
de, o governo Bolsonaro segue sua agenda
de campanha no caso da questão agrária,
incentivando o avanço da mineração sem
limites, inclusive sobre os territórios indíge-
nas6. A contrarreforma agrária se aprofunda
no Brasil. Sem dividir a terra e a água, em
favor e sob o controle dos sujeitos sociais
historicamente oprimidos e explorados no
campo, restam a violência e a destruição da
natureza.
Fonte: CEDOC Dom Tomás Balduino (2019)/
Elaboração: COSME, C. M.
Continuaremos aceitando que os bens co-
muns naturais – terra, água, flora, fauna,
Os dados ratificam o profundo impacto da ar, entre outros – sejam tratados como mer-
contaminação das nossas águas pelo óleo cadorias, privatizados em pouquíssimas
e, principalmente, a conflitualidade gera- mãos e vendidos como commodities à revelia
da pela atividade extrativa e predatória da dos interesses da sociedade em geral? Con-
mineração. Em síntese, em 2019, foram re- tinuaremos apostando e crendo alienada-
gistrados 1905 ou 38,8% do total de confli- mente nas soluções tecnológicas, sem levar
tos envolvendo a mineração, com 16.391 - em conta as realidades social e ambiental
23,4% do total geral de famílias envolvidas nas quais essas técnicas são inseridas, mes-
no Brasil. Nesse contexto, é mister ressaltar mo diante de tragédias criminosas como a
as violências diversas levadas a cabo pelas de Brumadinho e do vazamento de óleo em
mineradoras contra aqueles(as) que resis- nosso litoral? Continuaremos acreditando
tem no campo. Os 40 casos de violência, que o atual modelo de desenvolvimento para
envolvendo 156 pessoas, ao longo do ano, o campo, ancorado no agronegócio, na mi-
envolvem agressão (6), contaminação por neração e na exploração da natureza sem li-
mercúrio (7), ameaça de morte (4), danos mites, propalado ideologicamente como pro-
(5), humilhação (3), intimidação (2), morte gresso, mas que destrói a vida em todas as
em consequência da violência (8) e omis- dimensões, é o único e inexorável caminho
são/conivência (5). a se seguir?

Nessa reflexão, é preciso, mais uma vez, re- Acreditamos que a complexificação da ques-
lembrar Brumadinho e suas centenas de ví- tão agrária neste século XXI, materializada
5
Somando os 189 conflitos em que a categoria causadora da ação é mineradora nacional ou internacional mais um caso no
qual o causador é um garimpeiro.
6
Cf. A mineração em terra indígena com nome, sobrenome e CNPJ. Disponível em: https://brasil.elpais.com/bra-
sil/2020-03-02/a-mineracao-em-terra-indigena-com-nome-sobrenome-e-cnpj.html. Acesso em: 10 mar. 2020.
143
aqui nos Conflitos pela Água, exige respos- NUTO, Antônio et al. (Coord.). Conflitos no Cam-
tas dos diversos setores da sociedade brasi- po – Brasil 2017. Goiânia: CPT Nacional – Brasil,
leira que permanecem alheios e passivos, e, 2017. Disponível em: https://www.cptnacional.
acima de tudo, um posicionamento diante org.br. Acesso em: 10 mar. 2020.
dessas reflexões. Os quilombolas, os indí- COSME, Claudemir Martins. Crítica à transfor-
genas e o campesinato há muito tempo já mação capitalista da água em mercadoria: águas
entenderam o que um dia escreveu Martins para a vida, não para a morte. In. CANUTO, An-
(1994, p. 12-13): “na verdade, a questão tônio et al (Coord.). Conflitos no Campo – Brasil
agrária engole a todos e a tudo, quem sabe 2016. Goiânia: CPT Nacional – Brasil, 2016, pp.
120-131. Disponível em: https://www.cptnacio-
e quem não sabe, quem vê e quem não vê,
nal.org.br. Acesso em: 10 mar. 2020.
quem quer e quem não quer”. Falta, princi-
palmente, uma parte da sociedade urbana CPT. Comissão Pastoral da Terra. Carta da 31ª
compreender esse enunciado e, assim, so- Assembleia Estadual da Pastoral da Terra de
mar-se à luta pela reforma agrária, que na Alagoas. Palmeira dos Índios, Alagoas, 2020.
Disponível em: http://cptalagoas.blogspot.
atualidade deve concentrar-se no processo
com/2020/03/carta-da-31-assembleia-estadu-
de desmercadorização da terra, da água e al-da.html. Acesso em: 9 mar. 2020.
dos demais bens comuns naturais. A exem-
plo do tema do V Congresso Nacional da DELGADO, Guilherme Costa. Questão agrária
hoje. In. ABRA. Associação Brasileira de Refor-
CPT, é necessário “Romper as cercas do ca-
ma Agrária. Questão agrária e desigualdades no
pital e tecer as teias do Bem Viver na Casa Brasil. Reforma Agrária, São Paulo, v. 1, n. 2,
Comum: Somos Terra, Somos Água, Somos 2014.
Vida” (CPT, 2020).
FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão
agrária: conflitualidade e desenvolvimento terri-
Referências torial. In: STÉDILE, João Pedro. (Org.). A ques-
tão agrária no Brasil. 7ed. São Paulo: 2013, v. 7,
AB’SABER, Aziz Nacib. Sertões e sertanejos: p. 173-238.
uma geografia humana sofrida. Estudos Avan-
çados, São Paulo, v. 13, n. 36, 1999. Disponível HARVEY, David. A loucura da razão econômica:
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=s- Marx e o capital no século XXI. Tradução: Artur
ci_arttext&pid=S0103-40141999000200002. Renzo. São Paulo: Boitempo, 2018.
Acesso em: 10 mar. 2020. MARTINS, José de Souza. O poder do atraso.
COSME, Claudemir Martins. A resistência do São Paulo: Hucitec, 1994.
campesinato assentado em uma formação ter- OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo capita-
ritorial marcada pela contrarreforma agrária: lista de produção, agricultura e reforma agrária.
da luta pela terra à luta para permanecer no São Paulo: FFLCH/Labur Edições, 2007. Dispo-
território dos assentamentos rurais no Sertão nível em: http://gesp.fflch.usp.br/sites/gesp.
alagoano. 522f. Tese (Doutorado em Geografia). fflch.usp.br/files/modo_capitalista.pdf. Acesso
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, em: 8 mar. 2020.
2019. Disponível em: https://repositorio.ufpe.
br/handle/123456789/35353. Acesso em: 9 PRADO JR., Caio. A questão agrária no Brasil. 5.
mar. 2020. ed. São Paulo: Brasiliense, 2000.

COSME, Claudemir Martins. Luta camponesa, WANDERLEY, Maria de Nazareth Braudel. A va-
indígena e quilombola face à barbárie do agro- lorização da agricultura familiar e a reivindica-
negócio no Brasil: a contrarreforma agrária se ção da ruralidade no Brasil. Desenvolvimento e
aprofunda em tempos-espaços de golpe. In. CA Meio Ambiente. Curitiba, n. 2, 2000.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Tabela 5 - Conflitos pela Água

No de
UF Famílias
Ocorrências
Centro-Oeste
DF
GO 5 105
MS 4 200
MT 4 311
Subtotal 13 616
Nordeste
AL 4 2220
BA 101 12930
CE 8 892
MA 5 2015
PB 15 4196
PE 15 6386
PI 8 113
RN 9 280
SE 69 3087
Subtotal 234 32119
Norte
AC
AM 2 242
AP 3 520
PA 34 4006
RO 21 6667
RR
TO 4 76
Subtotal 64 11511
Sudeste
ES 32 3389
MG 128 8352
RJ 4
SP 6 2220
Subtotal 170 13961
Sul
PR 3 1923
RS
SC 5 9663
Subtotal 8 11586
Brasil 489 69793
145
Brumadinho: um testemunho eclesial

Dom Vicente Ferreira1

Desde 2017 sou bispo Auxiliar da Arqui- tir do Evangelho de Jesus, numa corajosa
diocese de Belo Horizonte. Uma de minhas exigência de tempos novos. A árdua missão
principais atividades é acompanhar a Região evangelizadora, ao longo de 2019, foi mar-
Episcopal Nossa Senhora do Rosário (REN- cada pela acolhida, amparo, presença, espi-
SER), cuja sede está em Brumadinho, MG. ritualidade, celebrações e fortalecimento de
Ajudo a construir um projeto pastoral que nossas lideranças comunitárias nos vários
conjuga o aprofundamento da fé e a cons- setores nos quais elas se encontram. Mo-
cientização dos valores culturais e ambien- radores do centro e das periferias, grupos
tais de nossa Região. A partir do dia 25 de dos familiares das vítimas, comunidades
janeiro de 2019, com a tragédia criminosa dos agricultores que perderam suas hortas,
da Vale que matou 272 pessoas destruindo indígenas que ficaram sem o rio, comunida-
o Rio Paraopeba e o meio ambiente, minha des sem terra, quilombolas, que perderam
presença se fez ainda mais intensa. Ao par- estradas e tantas outras situações.
tilhar essa experiência, espero que consiga
transmitir um pouco do testemunho de uma Passado um ano da tragédia/crime da Vale,
Igreja que procura realizar o sonho do Papa noto que um grande caminho foi percorrido.
Francisco, de ser uma Igreja misericordiosa, A presença misericordiosa da Igreja perma-
em saída. nece, assim como sua voz profética, anun-
ciadora do Reino de Deus, que é de justiça
Num primeiro momento, pós-tragédia, en- e paz. Criamos um Coletivo Arquidiocesano
frentamos um longo caminho de solida- de Atingidos pelo Crime da Vale em Bruma-
riedade material e espiritual. Doações que dinho, buscamos fortalecer nossa equipe
chegaram de todos os cantos foram distri- de trabalho pastoral da Região Episcopal
buídas com muita prontidão pelas valentes Nossa Senhora do Rosário (RENSER), tudo
lideranças de nossas comunidades eclesiais numa perspectiva da Ecologia Integral. Em
e, juntos, buscamos confortar as famílias 25 de janeiro de 2020, realizamos a 1ª Ro-
com orações, visitas ou um simples abraço. maria Arquidiocesana pela Ecologia Integral
Nas Celebrações Eucarísticas e da Palavra, a Brumadinho. Foi um movimento bonito
em vários momentos de oração, procura- como espaço de memória das vítimas, de so-
mos marcar os dias, os ciclos de um luto lidariedade para com as famílias e também
tão doloroso. Como foi difícil ver o desespero de clamor por uma conversão ecológica. No
de tanta gente esperando por uma notícia, entanto, sofremos resistências que não são
acompanhar os sepultamentos. Ao longo do poucas. Muitas vezes não estamos acostu-
ano, várias outras necessidades foram sur- mados com uma Igreja que vai às ruas para
gindo, depois desse terrível drama inicial. pedir justiça. E, infelizmente, em muitos ca-
sos, nossa evangelização convive com uma
Destaco o árduo trabalho de nossa Equipe esquizofrenia entre fé e promoção da justiça
da Região Episcopal na articulação de nos- social.
sas comunidades, sempre com o objetivo
de dar voz aos atingidos, numa postura fir- É triste, também, conviver com um mode-
me de denúncia e pedido de justiça, a par- lo minerário que além de dominar o solo,
1
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

matar nossa gente e a natureza, combate criou um Vicariato Episcopal para tratar de
ostensivamente qualquer narrativa que seja questões específicas do meio ambiente. Que
contrária a esse modelo. Para muitos, é es- bom que temos a Rede Igrejas e Mineração.
tranho ver um bispo, por exemplo, dizendo Isso me dá muita esperança, no meio de
que a sustentabilidade do extrativismo mi- tanta destruição.
nerário, a partir desse crime socioambien-
tal, em Brumadinho, é inviável. Que insistir
Termino dizendo, como disse em várias in-
nesse modelo é contrário à nossa fé cristã.
cidências no Brasil, na América Latina e em
Por quê? Porque está pautado no lucro, no
cinco países da Europa: é fundamental que
dinheiro e não na defesa da vida das pesso-
a Igreja não abandone os territórios onde
as e do planeta. Confesso que comecei, por
vivem os atingidos, porque aí ela será sal
isso, a partir de 25/01/2019, a viver um
e luz. Por isso, tenho convicção que minha
processo de conversão ecológica, levando a
missão, se quiser ser fiel ao Bom Pastor,
sério que Deus fez a criação e a entregou ao
ser humano para que ele cuidasse, sendo não pode estar distante das ovelhas. Para
Seu parceiro. A rotina de minha vida pesso- muitos desafios não tenho resposta, mas
al e minha missão de bispo mudou muito. de uma coisa estou certo, as respostas de-
Tive que aprender, apressadamente, pro- vem nascer a partir da voz, do protagonismo
cessos que até então nem imaginava. Por das vítimas, de sua fé, de sua esperança e
exemplo, em Minas existem pelos menos 40 de seu amor. Para mim não funciona mais
barragens com risco de rompimento. Tudo querer uma evangelização, uma sociedade,
isso ameaça nosso povo, nossas comuni- uma Igreja que somente escuta os peritos,
dades. E o que fazemos, como Igreja, para os documentos que nascem em escritórios
tentar mudar essas coisas? Somos um país etc. Confesso que estou preocupado com
que amarga as consequências desastrosas essa Pandemia do Coronavírus. Depois de
de um neocolonialismo, manipulado pelas perdermos tanta gente, numa virose glo-
grandes multinacionais, colocando em risco balizada, não é possível que iremos querer
a vida de tantas pessoas, dos nossos rios, continuar com o mesmo sistema capitalis-
de nossas florestas, de nossas comunidades ta global. Não é possível que Brumadinho
indígenas, e não podemos conviver de ma- também não tenha nos trazido alguma lição
neira indiferente com isso. Graças a Deus, para nossa sobrevivência nessa Casa Co-
a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil mum. Enfim, caro leitor, caso se interesse,
(CNBB), criou a Comissão Episcopal de Eco- sugiro a leitura de meu livrinho, de prosa e
logia Integral e Mineração, da qual também poesia, da Editora Expressão Popular, Bru-
faço parte. A Arquidiocese de Belo Horizon- madinho: 25 é todo dia. É um testemunho
te, coordenada pelo Arcebispo Dom Walmor, de fé e vida.
Foto: Andressa Zumpano

Brumadinho um ano depois: a luta é pelo


direito de viver em paz

Ione de Cassia Bandeira Rochael1


Eduarda Souza2
Córrego do Feijão, 25 de Janeiro de 2019, mais veio comprar meus queijos, perdeu um
Cris acordou cedo, como todos os dias, pre- monte. Tivemos que vender nossas vacas e
parou o café, os filhos foram para escola, parar nossa produção”.
o marido para o trabalho. Sua lida começa
bem antes do sol se levantar… Logo de ma- Um ano depois, é forçoso avaliar as conse-
nhãzinha tirou o leite das vacas para fazer quências e outas implicações do crime (rein-
os queijos que vende para ajudar no susten- cidente, vide Mariana 2015) da mineradora
to da família. Ela conta angustiada: Vale S. A. e suas associadas e congêneres.
Daí que urge discutir o modelo atual de mi-
“no dia que a barragem rompeu era o dia do neração no Brasil e no mundo.
comerciante que pega 40 queijos em minha
mão vir buscar a encomenda aqui no Córrego Há dois meses, não só Cris, mas todos os
do Feijão, onde moro. Ele saiu daqui pouco moradores e moradoras de Brumadinho,
antes do horário que a lama veio e destruiu MG, se viram em um cenário assustador de
tudo. Depois que isso aconteceu ninguém destruição humana e ambiental. Mas a vida
1
Graduada em Ciencias Biológicas, Uneb, Comunicadora Popular (fotografia), ambientalista, militante (MAM).
2
Militantes do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração – MAM, em Brumadinho – MG.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

não era fácil antes! Para quem mora em um pios estão longe de cobrir ou compensar os
território de mineração, tudo se torna mais danos causados pela mineração.
difícil assim que a mineradora se instala.
Na conjuntura atual, vivemos a crise mun-
O repertório é sempre o mesmo. As mine- dial do capitalismo atrelado ao pós-boom da
radoras antes de chegar, dizem que vão mineração – fase de desvalorização dos pre-
trazer desenvolvimento, muitos empregos. ços dos minérios após o ciclo de alta –, situa-
Elas até empregam o povo das comunida- ção que ocorre desde 2013. As mineradoras
des para o trabalho pesado da construção tendem a acelerar o processo de exploração
das estruturas. Quando ficam prontas elas do minério para manter e continuar aumen-
demitem todo mundo e traz gente estudada tando o lucro, eliminando procedimentos
de fora para trabalhar. Daí em diante elas que poderiam garantir a extração mineral
não se preocupam com mais nada, só com de forma segura. Contudo, o que as minera-
a exploração intensa do minério a qualquer doras fazem é pressionar agências públicas
custo, mesmo que custe vidas, elas só que- de licenciamento para liberar o mais rápido
rem lucrar”. possível os empreendimentos, o que agrava
o risco de todas as formas de vida existen-
Boom da mineração e o seu modelo cri- tes na região a minerar. Para obter o má-
minoso ximo lucro no tempo mais rápido possível
vale tudo, em especial laudos fraudulentos
A região do Quadrilátero Ferrífero em Minas e avaliações incompletas que não mostram
Gerais – onde estão localizadas Mariana e para a sociedade os reais riscos e impactos
Brumadinho – compreende uma extensão de socioambientais do projeto.
7.160km², sendo uma grande área de con-
centração de ferro com alto teor. A empresa Quando uma barragem de rejeitos mine-
Vale S. A. retira por ano 185 milhões de to- rários se rompe é a expressão terminal e
neladas de ferro da região, convertidas em monstruosa da eliminação de todos os direi-
lucros exorbitantes, que não voltam para os tos humanos e da natureza que a minerado-
territórios de onde ela extrai o minério, nem ra responsável relegou. Não restando mais
como benefício público e familiar, muito direitos a serem usurpados, ela tira a vida
menos como segurança dos trabalhadores e e, para quem fica, deixa o rastro de lama,
moradores do entorno das minas. O modelo contaminação e destruição que inviabiliza
vigente de mineração é, por essência, preda- os modos de reprodução da vida.
tório, pois visa a exploração em larga escala
do minério sem levar em conta toda a vida “A Vale matou meu irmão, matou nosso rio
humana e a natureza impactadas violenta- Paraopeba que era onde a gente pescava
mente em todas as fases do processo. peixe para ajudar no nosso sustento. Nosso
rio chora minério, chora água e chora san-
A arrecadação da Compensação Financei- gue. Tem muito mais gente morta do que ela
ra pela Exploração de Recursos Minerais tá dizendo. Vamos ver até onde ela vai com
(CFEM) pela União, Estados e Municípios essa situação. A gente quer que ela pare de
minerados é ínfima frente aos valores lucra- causar os problemas que ela vem nos cau-
dos pelas empresas mineradoras. O Brasil sando” (Izabel André – moradora do Tejuco,
apresenta taxas de CFEM inferiores às de em Brumadinho).
outros países e é o único país que utiliza o
faturamento líquido como base de cálculo, A Vale despejou no meio ambiente 12 mi-
o que diminui ainda mais os valores arreca- lhões de m³ de rejeitos da mineração de
dados. Os valores que ficam para os municí- ferro, configurando o maior acidente traba-
149
lhista do Brasil, o segundo no mundo. Fo- re-inventar outros modos de produção, no-
ram contabilizadas 272 mortes de pessoas vas moradias e formas de lazer, no Córrego
enterradas vivas, trabalhadores da minera- do Feijão, no Parque da Cachoeira e em ou-
dora e a população do entorno por onde a tras comunidades de Brumadinho. As pes-
avalanche de lama passou. Para os sobrevi- soas passam muito tempo fora de casa em
ventes, aquele dia 25 nunca passou e nem luta, em audiências, fóruns, a reivindicar
vai passar. direitos que a Vale continua negando, ou
concedendo poucas e insuficientes medidas
“Por todo o território de Brumadinho não há paliativas. Comunidades dependem de doa-
um só coração que não esteja quebrado. To- ção de garrafas de água mineral para beber
dos perderam, pai, mãe, tio, filho, alunos, e de ajuda emergencial que não contempla
vizinho. O meu filho do coração se foi.” (Ro- a renda que os produtores tiravam de suas
sangela Flores, professora e moradora de hortas, lavouras, criatórios de animais e ou-
Brumadinho). tras atividades econômicas.

Nas primeiras horas após o rompimento, A terra e o ar estão contaminados, continua


com a chegada do resgate, deram-se vá- a mortandade de animais, as pessoas ado-
rios episódios que se assemelham a filmes ecidas, sem perspectivas, sem assistência
de terror. Em contrapartida, também mui- médica e ganho suficiente para o sustento
ta solidariedade entre os vizinhos, amigos, de suas famílias. Perderam moradia, água,
conhecidos e desconhecidos que entraram trabalho, respeito. A dor de quem, em Bru-
na lama resgatando gente, bichos, corpos madinho, perdeu tudo em poucos minutos
inteiros e destroçados. Um choque de re- não é diferente das outras comunidades
alidade se abateu por toda Brumadinho, atingidas como a do Parque da Cachoeira,
córrego abaixo e o Rio Paraopeba, afluente com cerca de 1.500 habitantes, local de
do Rio São Francisco, preocupando toda a maior número de residências destruídas.
população ribeirinha a jusante. Populações Nas antigas ruas só se veem lama, escom-
próximas à mineradora nunca tiveram co- bros, urubus e alguns homens revolvendo o
nhecimento de que existia uma barragem de barro em busca de corpos.
rejeitos naquele lugar.
“Toda rotina, conceitos e realidades foram
“Quando meu neto chegou falando ‘Arrumei rompidos, quebrados junto com a barragem.
um serviço na Vale, vó!’ - fiquei tão feliz, mas Me formei em Relações Internacionais um
hoje quando olho pra lá e só vejo destruição, dia antes do rompimento, pensando nessa
tudo assim acabado, me dá uma tristeza, formação técnica para trabalhar na Vale.
lembro do meu neto”. Essas são palavras Na minha infância, minha alegria era dese-
de Dona Carmen, moradora do Córrego do nhar trenzinhos, ouvir o barulho deles. Nos
Feijão, que faleceu de desgosto cinco meses encontros eu falava com muito orgulho que
após o rompimento da barragem. Mulher nasci em uma cidade minerária, nunca me
doce, de voz calma, terna, de muita sabe- importei com a lógica que o trem vai cheio
doria, artesã, não suportou a dor diária de e volta vazio, com a modificação da paisa-
ver o lugar amado de sua infância, de seus gem – isso tudo era naturalizado dentro de
ancestrais, de toda sua descendência, virar mim até aquele dia” (Marina, moradora de
lama e dor. Brumadinho).

Reinventar a vida e a luta Na margem direita do Rio Paraopeba, que


foi totalmente contaminado, a 16 km de
A vida se converte agora em tentativas de Brumadinho, se encontra uma aldeia dos
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

indígenas Pataxó e dois acampamentos de gigantescos.


sem-terra ligados ao Movimento dos Tra-
balhadores Sem Terra (MST), Pátria Livre e Quando se trata de mineração, é tudo muito
Zequinha Nunes. Nestes, criados em 2017, gigantesco, principalmente o maquinário, o
mais de mil famílias vivem do cultivo da consumo (e poluição) de água e de energia e
terra (culturas de milho, mandioca, feijão, o prejuízo ambiental, social e econômico lo-
hortigranjeiros, leguminosas e folhosas), cal, estadual e federal. Assim como também
que depende diretamente do rio para a agri- os lucros, por consequência da Lei Kandir,
cultura orgânica de subsistência e comer- de 1996, que isenta do Imposto sobre Cir-
cialização do excedente nas feiras livres da culação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
região. De todos os atingidos pelos crimes os produtos e serviços destinados à expor-
da Vale, os acampados e os indígenas são tação. Mais uma evidência de que o atual
os que mais têm sofrido racismo ambiental, modelo de mineração é insustentável.
com a total negação do reconhecimento de
seus direitos pela empresa. A morte do Rio Paraopeba não só impactou
Brumadinho – segundo produtor de cítri-
Surto de dengue, viroses, doenças de pele, cos de Minas Gerais –, como boa parte do
pressão alta, ansiedade, stress, depressão, abastecimento de água de Belo Horizonte e
medo, insônia, falta de segurança e pers- toda a Bacia do Rio São Francisco abaixo.
pectiva de futuro assolam o território de Em Januária – MG, desde março de 2019,
Brumadinho, como em Mariana (MG), desde há quem não use a água do rio para beber,
o rompimento da barragem de rejeitos em por medo da contaminação em Brumadi-
05 de novembro de 2017. Dor, saudades, nho. Desconfia-se da qualidade do pescado.
insatisfação, revolta, traumas são tratados Comprometido estará também o abasteci-
como doenças. Crianças, jovens e adultos, mento hídrico das cidades e povoados ribei-
com suas famílias, que tinham uma vida re- rinhos do Rio São Francisco e de muitos ou-
lativamente tranquila e saudável passaram tros distantes da rio, mas que captam nele.
a viver à base de remédios.
A pergunta que deve ser feita é se a Vale
Famílias inteiras estão destroçadas pela tenta, a todo custo, fazer com Brumadinho
perda de entes queridos. Onze delas ain- e o Paraopeba o que ela vem fazendo em Ma-
da não puderam sepultar seus mortos que riana, ao negar direitos dos atingidos e per-
continuam soterrados. Duas crianças (Ana sistir nessa lógica mortífera do capitalismo
Elisa e Lourenço) que estavam nos ventres entreguista que troca vidas por dinheiro.
de suas mães mortas não tiveram a chan-
Imerso no sofrimento pelas perdas de fami-
ce de nascer. Todo instante é de apreensão
liares, amigas, amigos, vizinhas, vizinhos,
para os excluídos da categoria de “atingi-
não obstante e por causa dele, os morado-
dos” – condição essa que ninguém imagina-
res de Brumadinho resistem e se levantam
ria ou desejaria pertencer. Tal é o caso da
movidos pelo amor que têm por suas assas-
comunidade do Tejuco, em cuja área têm
sinadas e seus assassinados e pela insaciá-
quatro mineradoras de extração de ferro,
vel sede de justiça. Com esse espírito, saem
a desmatar, suprimir morros e serras, po-
em procissão pelas ruas da cidade com ve-
luir e ameaçar suas nascentes de água na las e fotos dos parentes mortos, na compa-
Serra dos Três Irmãos. O Tejuco sequer tem nhia do bispo auxiliar de Belo Horizonte, D.
ambulância, as vias de acesso são estreitas, Vicente Ferreira, em protesto e clamor pelos
sem acostamento e, quando há tráfego, o direitos soterrados pela Vale.
pedestre é obrigado a entrar no mato para
dar passagem aos caminhões cada vez mais O hino entoado pela população diz “Vale
151
Assassina!” e a luta é pelo direito de viver 169 da Organização Internacional do Traba-
em paz. Sem sirene, sem helicópteros, sem lho (OIT), subscrita pelo Brasil, o povo tem
máquinas, sem mortes causadas pela ânsia direito à “consulta livre, prévia e informada”
por lucros astronômicos. Essa luta exige a a respeito de empreendimentos explorató-
diversificação da economia dos municípios rios em seus territórios, o que implica sobe-
minerados, para que não haja uma depen- rania inegociável.
dência exclusiva da mineração e se desen-
volvam outras formas de geração de renda. Por um país soberano e sério! Contra o sa-
Além disso, como prescreve a Convenção que dos nossos minérios!
Conflitos
no 2019
Campo Brasil
Foto: Thomas Bauer - CPT Bahia.

Trabalho
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Trabalho e condições humanas: Uso do solo


e relações produtivas

José Paulo Pietrafesa1


Introdução espoliação e conflitos. Segundo Millôr Fer-
nandes, “[...] o Brasil tem um longo passado
O presente estudo tem três dimensões que pela frente”2; a segunda refere-se à “nova”
dialogam entre si. A primeira refere-se à roupagem do Brasil a partir de 2016, em
identificação do fator trabalho enquanto especial a partir de 2019, identificando um
criação que compõe a subsistência biológica turbilhão de ações organizadas contra a
do ser humano (produção de algo material classe trabalhadora no geral e algumas ca-
que tem valor de uso e dá suporte à existên- tegorias sociais em particular, por exemplo
cia humana). A segunda dimensão analisa índios, quilombolas, mulheres e alguns se-
a questão do uso e posse da terra enquan- tores como educação (fim de vários progra-
to espaço de expansão e consolidação do mas a exemplo do PRONERA, Educação do
capital agrário e dos conflitos gerados por Campo) e saúde (corte de verbas para des-
este processo, na esfera das disputas hege- monte de programas como Mais Médicos,
mônicas pelo controle das terras. A terceira Saúde da Família). Para além destas ações,
refere-se ao locus de conflitos trabalhistas o atual governo utiliza-se de propagandas
enquanto negação dos direitos sociais, con- midiáticas, via redes sociais, para dissemi-
figurando o trabalho análogo à escravidão nar ódio de classe, incentivando ações gene-
contemporânea. ralizadas de indivíduos e criando clima de
violência social sem precedentes na história
A partir das reflexões no campo sócio-histó- do Brasil.
rico para percebermos a concretude das re-
lações de trabalho, seu conceito e a criação O trabalho, a terra e as ações humanas
de relações entre o ser humano, a natureza
e a construção de suas organizações sociais. A sobrevivência humana é resultante de um
Posteriormente, apresenta-se um conjunto conjunto de relações que cada indivíduo e
de informações sobre as formas degradan- sua coletividade mantém com a natureza e
tes da utilização da força física humana (o com um outro ser, criando e recriando re-
trabalho) nas relações de produção agrope- lações sociais em diferentes períodos his-
cuária. tóricos. Esse processo, que não é uniforme
no tempo, garante a reprodução social do
Duas advertências se fazem necessárias: a ser humano enquanto modos de vida em
primeira remete aos dados apresentados, suas dimensões econômicas, sociais, polí-
até o ano de 2019, nos serviram como pon- ticas, culturais e espirituais. Este conjunto
to de encontro entre o passado, marcado de ações, que potencializa a sobrevivência
por suas contradições e memórias, que ao de nossa espécie, identificamos como sen-
mesmo tempo, permanece vivo, como que do o trabalho. Esta ação humana, mediada
disposto a continuar num eterno presente pela utilização de suas forças, seja ela física
(JAMESON, 2002), com suas estruturas de (força motriz), seja ela parte da construção
1
Professor de Sociologia da Educação – UFG (FE-PPGE)
2
Disponível em: https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=Mill%C3%-
B4r+Fernandes+%E2%80%9Co+Brasil+tem+um+longo+passado+pela+frente%E2%80%9D
155
sociocultural e política (produção de conhe- o trabalhador mesmo se torna um objeto...”
cimento que gera ferramentas de trabalho), (Manuscritos econômicos-filosóficos, Marx,
dinamizaram e transformaram as relações 1844, p. 143-144).
sociais (MARX, 1980). A ocorrência ou não
de transformações nestas relações são or- É nesse processo de compra e venda de tra-
ganizadas por sujeitos históricos (MARX; balho que se fundamenta e se estrutura o
ENGELS, 1978; GRAMSCI, 1979) o que pro- capital e resultado desta relação pode ser
vocou, e provoca, desde o início da moder- visto na consolidação do sistema fabril de
nidade, contradições também identificadas produção, bem como no cercamento das
com cada tempo histórico. terras coletivas, e sua transformação em
terra de negócios em contraposição à sua
Dentre as múltiplas formas de contradições utilização para terra de trabalho.
geradas nas sociedades modernas ociden-
tais (a partir da revolução industrial inicia- Na junção das transformações internacio-
da no século XVIII) destacam-se as relações nais ocorridas nos séculos XVIII e XIX po-
de trabalho “livre”, de trabalho assalariado, demos identificar o cenário brasileiro frente
definidas por grupos de pessoas que con- à posse e o uso da terra. Neste contexto o
trolavam os meios de produção e outros Brasil não tem apresentado sua credencial
que “livremente” vendiam sua força física de entrada no século XXI, pois permanece
(seu único meio de sobrevivência, o traba- com grandes dívidas sociais, econômicas
lho). O fruto deste processo acelerou a pro- e políticas, referentes ao século XIX. Uma
dução de bens (as mercadorias) e serviços, das maiores, senão a maior, é a questão da
consolidando o capitalismo enquanto modo utilização e do controle da posse fundiária.
de produção e o trabalho conquistou a cen- Desde a metade do século XIX (1850) a elite
tralidade nas relações sociais. “A grandeza agrária apresentou ao país a “Lei de Terra”,
do valor de uma mercadoria varia na razão inviabilizando o acesso a este meio de pro-
direta da quantidade, e na inversa da pro- dução à população despossuída de renda,
dutividade do trabalho que nela se aplica”. dinheiro ou riqueza. Trinta e oito anos de-
(MARX, 1980, p. 47). pois (1888), parcela significativa da popula-
ção “ganhou” um indulto, que deixava para
Se por um lado o trabalho consolidou-se trás a escravidão negra. Esta população
como o exposto por Marx (1980), por outro conquistou a condição de trabalhadores li-
transformou-se em elemento de alienação, vres e possuidores de força física (o traba-
uma vez que separou as atividades produ- lho) disponível a ser vendida no sistema de
tivas, distanciando as relações entre ser produção de mercadorias. Só não foram in-
humano, natureza e o produto do seu tra- formados que sem acesso aos meios de pro-
balho. O trabalhador perde a noção (no sen- dução não havia e não há liberdade.
tido de ideia, de sentimentos) de um valor
criado pelo seu esforço físico, pelo seu tra- Este processo que se estruturou a partir
balho. O trabalho se torna estranhado, algo da relação senhor-escravo deu origem à
externo ao trabalhador. Deixa de pertencer travessia para relações capital-trabalho no
ao sujeito que exerce a força física no ato de decorrer do século XX (ALVES, 2010). Con-
produzir (MARX, 1980). “O trabalhador se solidou-se a centralidade da propriedade
torna tanto mais pobre quanto mais rique- fundiária no cenário socioeconômico e po-
za produz, quanto mais a sua produção au- lítico brasileiro (PRADO Jr, 1979). Por sua
menta em poder e extensão. O trabalhador vez estes traços de domínio no uso e posse
se torna uma mercadoria tão mais barata da terra foram palco de enfrentamentos do
quanto mais mercadoria que cria” [...] Sim capital em expansão frente aos camponeses
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

aposseados nestes espaços, ou ainda, en- teira agrícola do mundo”. (FIAN, RSJDH,
tre esse capital e as populações extorquidas CPT, 2018)
das terras no processo de expansão, sendo
liberadas para vender sua força de trabalho Este novo projeto de desenvolvimento re-
enquanto assalariados (MARTINS, 1986). gional pode ser considerado uma expansão
Essas disputas podem ser consideradas do Programa de Cooperação Nipo-Brasilei-
ações políticas que evidenciam as diferen- ro para o Desenvolvimento dos Cerrados
ças, distorções e concentração de riquezas (PRODECER) que desenvolveu atividades
na sociedade civil, além de estabelecer con- agropecuárias a partir dos anos de 1970 no
flitos ideológicos colocando, na ordem do Centro-Oeste do Brasil, abrindo a fronteira
dia, a consolidação de hegemonias ou suas agrícola para as lavouras de soja, milho, sor-
possíveis rupturas. go, algodão, e expandiu essa fronteira para
a região Norte. O PRODECER, além de ace-
Neste sentido, a “Marcha para o Oeste” (LE- lerar o processo de modernização conser-
NHARO, 1986), é uma das referências nessa vadora da agropecuária nacional, ampliou
engrenagem de ocupação espacial e abertu- os números de casos de grilagens, assassi-
ras de fronteiras agropecuárias nos esta- natos de posseiros, surgimento de trabalho
dos da região Centro-Oeste do Brasil (Goiás escravo nas derrubadas de florestas nativas
e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Ela (nos anos de 1970-2000 as carvoarias e as
está relacionada à ampliação quantitativa implantações das pastagens eram locus de
da população e, também, da modernização denúncia de trabalho escravo).
dos sistemas agropecuários nestes estados.
Essa marcha nacional, favoreceu o capital As disputas por hegemonias e, por isso,
agrário a consolidar-se também na região possibilidades de geração de conflitos so-
Norte, foi significativamente importante ciais, tem produzido um locus “[...] esvazia-
para a expansão da fronteira amazônica. do, concentrado, homogeneizado, destruído,
contaminado pela artificialização imposta
Entre a primeira e segunda década dos anos pelos complexos do agro e de outros negó-
2000 o país passou a contar com mais um cios. Um rural da mercadorização do traba-
polo de expansão, o MATOPIBA3 (intersec- lho e da natureza […]” (MAZZETTO SILVA,
ção entre os estados do Maranhão, Tocan- 2012, p. 96). Isso criou bolsões de exceden-
tins, Piauí e Bahia). Esta “nova” e ao mesmo tes populacionais nas cidades em condições
tempo antiga fronteira de extrema marginalização social com falta
de políticas públicas, além de precarizar as
[...] inclui áreas adjacentes de três estados relações de trabalho, com fortes tendências
do Nordeste brasileiro (Maranhão, Bahia ao desemprego e a sujeição a atividades de-
e Piauí) e de um estado da região Nor- gradantes.
te (Tocantins), e abrange 337 municípios
em uma área total de 73.173.485 ha. MA- Individualmente o ser humano não conse-
TOPIBA é uma delimitação territorial, cria-
guiria atender suas necessidades essen-
da por meio de um acordo de cooperação
ciais de sobrevivência, mesmo que a ideia
técnica, assinado em 2014 por diferentes
ministérios e agências federais, para deli- disseminada na sociedade de “indivíduo” li-
mitar [...] em uma região frequentemente vre (ou ideologia, no refletir de MÉZÁROS,
descrita pelo governo como “a última fron- 2004) seja um dos marcos centrais do perí-
3
Para obtenção de informações sobre esta região ver: 1 Os impactos ambientais e humanos no negócio de terras: o caso
do MATOPIBA, Brasil (relatório de pesquisa realizado por FIAN, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos e CPT, 2018). 2
FAVARETO, Arilson; NAKAGAWA, L.; PÓ, M.; SEIFER, P.; KLEEB, Suzana. Entre chapadas e baixões do Matopiba - dinâm-
icas territoriais e impactos socioeconômicos na fronteira de expansão agropecuária no Cerrado. 1. ed. São Paulo: Prefixo
Editorial/Ilustre Editora, 2019. v. 1. 272 p.
157
odo moderno. A necessidade de se deslocar, cia nas relações sociais diminuíram no ca-
enquanto movimentos de ações coletivas pitalismo contemporâneo, deixando de ter
(VAKALOULIS, 2000) possibilita qualifi- sua dupla função, trabalho útil e produtor
car as demandas de caráter individual em de mercadorias e trabalho abstrato, coleti-
propostas e projetos de caráter social. Nos vo, produtor de mais valor ao capital que lhe
coletivos os sujeitos “[...] se percebem en- paga salário, como entender a manutenção
quanto força política, reconfiguram sabe- de situações em que esta atividade humana
res, e constituem suas identidades, se co- é exercida nas condições análogas à escravi-
locando enquanto ser social” (PIETRAFESA, dão, em que o capital extrai a totalidade do
2016). Estes atores coletivos evidenciam valor produzido pela força física humana?
as contradições do modelo de acumulação
implementado de forma flexível (HARVEY, Algumas hipóteses:
1989), rejeitando a racionalidade do capital
e de seu organizador, o Estado, com vistas 1) Identificamos que as ações humanas para
à construção de novos padrões de produção sua sobrevivência, o trabalho, em espaços
e trabalho, buscando se contrapor à cultura rurais, tanto pode ser de subordinação con-
hegemônica. tratual quanto de ultra exploração, ou seja
condições de trabalho análogas à escravi-
As movimentações sociais, mediadas pelas dão e as situações de superexploração.
suas contradições e, a partir delas os con-
flitos gerados, agem em pelo menos duas 2) A invisibilidade social do sujeito traba-
formas substantivas. A primeira promove lhador rural assalariado o coloca na linha
e agrega as ações diretas dos sujeitos em limite de sobrevivência, ou seja, o conjun-
processos organizativo, potencializando o to da sociedade não “se importa”, não “vê”
surgimento de novos protagonistas e, a se- este ator social, uma vez que é descartável,
gunda, funciona como elemento formador e igualmente é descartável a mercadoria que
educador. Agir e pensar requerem o ato de ele produz, pois nas relações sociais con-
planejar, criam propostas alternativas, de- temporâneas não se tem conhecimento, por
senvolvem saberes. Neste sentido “[...] po- exemplo, de como se produz carvão para as
demos afirmar que a vivência no movimen- siderúrgicas de ferro e aço.
to social é humanizadora, e que [...] pode
ser compreendido como matriz educativa”. 3) Perdemos a noção e o sentido de como se
(CALDART, PALUTO e DOLL, 2006, p. 55). E dá o processo de produção, de construção
só é humanizador quando acende a inquie- de relações sociais mediante a convivência
tude do ser, quando busca a superação da com o outro, o diferente. E neste campo a
degradação humana. sociedade como um todo perdeu sua liber-
dade, seus direitos e tem aceitado estas per-
Estas ações são organizadas por “sujeitos das como normais, naturalizadas.
históricos” (MARX; ENGELS, 1978; GRAMS-
CI, 1979), transformando demandas indi- 4) O capital (financeiro, comercial, midiá-
viduais em propostas coletivas em que os tico, industrial, dentre outros) lançou sua
sujeitos sociais se percebem enquanto força “vingança” contra o “Estado do Bem-Estar
política e consolidam saberes num processo Social” em seus aspectos gerais e contra os
educativo permanente. trabalhadores em particular. Um vasto se-
tor que controla a economia aliou-se a ca-
Quando o passado insiste em permanecer madas médias urbanas e a setores conser-
vadores no campo religioso (principalmente
Se a centralidade do trabalho e sua relevân- em sua vertente cristã ocidental) e deu gol-
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

pes de Estado em vários países, incluindo A CPT em seus relatórios de Conflitos no


o Brasil. Este, beira as orientações fascis- Campo Brasil, seção Metodologia, define da
tas, com grande parcela de sua população seguinte maneira:
anestesiada, acreditando que somente com
a destruição do Estado e a perda total de [...] a CPT segue o definido pelo artigo 149,
direitos sociais o Brasil voltará a crescer; do Código Penal Brasileiro, atualizado pela
Lei nº 10.803, de 11.12.2003, que o ca-
5) As mobilizações sociais organizadas con- racteriza por submeter alguém a traba-
lhos forçados ou a jornada exaustiva, ou
tinuaram a fazer um conjunto de ações, se-
por sujeitá-lo a condições degradantes
jam elas de protestos, de reivindicações, de de trabalho, ou quando se restringe, por
denúncias. Outras organizações propõem qualquer meio, sua locomoção em razão
alternativas de organização do sistema na- de dívida contraída com o empregador ou
cional de produção. Diferentemente de ou- preposto, ou quando se cerceia o uso de
tros períodos históricos, não se consegue qualquer meio de transporte por parte do
sensibilizar o conjunto dos trabalhadores trabalhador, com o fim de retê-lo no local
acerca de suas perdas. Ao mesmo tempo, de trabalho ou quando se mantém vigilân-
em sua vertente midiática, o capital blindou cia ostensiva no local de trabalho ou se
os meios de comunicação sobre a situação apodera de documentos ou objetos pesso-
ais do trabalhador, com o fim de retê-lo no
de conflitos em que o país se encontra.
local de trabalho.

Frente ao panorama indicado acima, a par-


Segundo o MPF, entre o ano de 2010 e
tir de 2010 a Comissão Pastoral da Terra
2014, os procedimentos extrajudiciais ins-
(CPT), juntamente com o Ministério Público
taurados aumentaram mais de 800%. As
Federal (MPF), a Organização Internacional
ações penais quase dobraram. Isso traduz
do Trabalho (OIT), além de organizações dos
o empenho em combater os crimes relati-
Movimentos Sociais (CONTAG, por exemplo)
vos à escravidão contemporânea e, assim,
criaram um espaço de intervenção e ação
garantir a efetivação de um dos princípios
contra o trabalho escravo identificado como
norteadores da República Federativa, que
Campanha Nacional de Combate e Preven-
é a dignidade da pessoa humana (MPF-TO,
ção ao Trabalho Escravo Contemporâneo.
2014). Este procedimento com alto grau de
eficácia perdurou até o ano de 2015, quan-
O MPF, em conformidade com a legislação do o Estado brasileiro mudou seu curso po-
brasileira e com a Organização Internacio- lítico-ideológico, apostando na desregulação
nal do Trabalho (OIT), define condições de de direitos e de serviços estatais, diminuin-
trabalho análoga à escravidão como: do drasticamente suas ações.
É tipificada pelos crimes de redução a con-
O Centro de Documentação Dom Tomás
dição análoga à de escravo (artigo 149 do
Código Penal), frustração de direitos tra- Balduino (Cedoc) da CPT identificou em seu
balhistas (artigo 203 do Código Penal) e levantamento de dados, que em dez anos
aliciamento de trabalhadores (artigo 207 (2010-2019) o trabalho análogo à escravi-
do Código Penal). Os trabalhadores alicia- dão contemporânea ocorreu em todas as
dos são submetidos a condições degradan- regiões do Brasil e em quase todos os Es-
tes e, em muitos casos, são obrigados a tados. Isto predomina em números de ocor-
contrair dívidas com o aliciador, que nun- rência nas áreas de fronteira, mais especi-
ca se pagam. Documentos pessoais e de ficamente nos estados do Pará (294 casos),
trabalho são apreendidos e não é realizado
Tocantins (122), e Maranhão (125). Não são
o recolhimento dos direitos trabalhistas.
fronteiras recentes, a novidade tem sido a
(MPF, 2014)
mudança no uso e na posse da terra a partir
159
da criação dos grandes projetos de mono- matamento, roçado de pastos, construção
cultura, dentre eles o MATOPIBA, conforme de cercas - carvoarias, mineração e serra-
mencionado anteriormente. rias - com predominância dos registros de
trabalho escravo, uma vez que são elas que
Na região Nordeste do Brasil, os três princi- abrem as fronteiras. Essas atividades são
pais estados com esta situação são perten- as que podem ser identificadas como as que
centes ao projeto MATOPIBA (Bahia com 49 absorvem pouca tecnologia, a fiscalização é
casos e Piauí com 35, além do Maranhão). limitada por questões logísticas e por pres-
Nestes cinco estados concentram-se 625 ca- são e “mando” dos gerentes do capital agrá-
sos de áreas fiscalizadas e identificadas com rio, ou seja a velha e permanente política de
trabalho análogo à escravidão (49,29% das controle e violência das regiões fronteiriças.
ocorrências) no Brasil (1.269 casos). Nesta região o destaque é o estado do Pará
que registrou 4.419 trabalhadores libertos
Estes dados apenas confirmam a velha e da escravidão.
permanente dívida que o Brasil tem com
a classe trabalhadora rural (camponeses e Na região Sudeste, o trabalho escravo foi re-
assalariados) desde o século XIX. Principal- gistrado nas atividades de cana de açúcar,
mente com a parcela negra dessa popula- café, carvoarias e mineração, frutas, pinus
ção. Reportagem realizada por Daniela Pe- e pecuária. Algumas atividades se asseme-
nha (Repórter Brasil, 2019) indicou que: lham com a região Norte, mas outras, como
café, cana de açúcar e frutas são organiza-
A cada cinco trabalhadores resgatados em das com alto padrão tecnológico e em região
situação análoga à escravidão entre 2016 que a fronteira teve sua expansão no final
e 2018, quatro são negros. Pretos e pardos do século XIX e meados do XX. É possível
representam 82% dos 2,4 mil trabalha- afirmar que as relações trabalhistas criado-
dores que receberam seguro-desemprego ras de situações análogas à escravidão são
após resgate. Entre os negros resgatados
tão capilares no Brasil, quanto a própria
estão principalmente homens (91%), jo-
atividade agropecuária, não se identifican-
vens de 15 a 29 anos (40%) e nascidos
em estados do Nordeste (46%). O levanta- do “atraso ou avanços” nos meios de produ-
mento foi feito pela Repórter Brasil, com ção, mas a constância histórica da espolia-
base em dados obtidos da Subsecretaria ção dos trabalhadores. No Sudeste do Brasil
de Inspeção do Trabalho, por meio da Lei destacou-se o estado de Minas Gerais (133
de Acesso à Informação. ocorrências, num total regional de 191) e
2964 trabalhadores libertos. É o estado em
No caso brasileiro a situação da população que tem a maior variação de atividades de-
negra que perdura deste o século XIX, repe- nunciadas e fiscalizadas (além dos já cita-
te-se no século XXI e, de certo modo, como dos a carvoaria, mineração, pecuária, des-
naquele século, com a naturalização da si- matamento e feijão).
tuação por parcelas da população, e por se-
tores do capital agrário. A região Sudeste destacou-se também (en-
tre 2010-2019) por concentrar o maior nú-
Na região Norte do Brasil foram identifica- mero de crianças e jovens na condição de
dos 6.988 trabalhadores na condição de escravos. O Cedoc identificou 80 trabalha-
escravos em 511 casos fiscalizados. Em se- dores “menores” de 18 anos nesta condição.
guida vem a região Sudeste que somaram O estado de Minas Gerais esteve à frente
4.930 indivíduos em 191 ocorrências. A re- dos demais com 57 identificações, tendo o
gião Norte, a “nova fronteira”, tem nesta si- maior número de ocorrências no Brasil (to-
tuação as atividades agropecuárias de des- tal nacional foi de 280 casos). Em seguida,
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

a região Sul com 70 ocorrências. Rio Gran- gumas informações necessárias a trabalha-
de do Sul, 31 casos (atividades fiscalizadas: rem sem danificar máquinas e equipamen-
erva mate, frutas-maçã e fumo), seguido de tos;
Santa Catarina com 22 (atividades: frutas-
-maçã, pinus, lavouras de acácia e minera- 3) Então, se isso também é uma verdade,
ção) e Paraná com 17 (atividades: erva mate rouba-se das crianças, dos adolescentes e
e pinus). dos jovens duas coisas que lhes são funda-
mentais: 1º a infância e o brincar tão neces-
As regiões Sul e Sudeste concentram 54% sários para que elas descubram a própria
de trabalhadores menores identificados em vida, que lhes deveria ser a razão da existên-
situação análoga à escravidão. As duas con- cia e a sua inserção no “mundo dos adultos”
tam com maior índice de utilização de tecno- e 2º, o futuro, pois condena-se estes seres
logias, a fronteira agrícola é a mais antiga. humanos a serem eternamente, como que
Mesmo assim, as duas regiões despontam um tempo presente contínuo, destituídos de
com a utilização de trabalho de menores de conhecimentos e com isso fornecedores de
18 anos e em condições aviltantes. Uma va- mão de obra desqualificada, despreparada,
riável possível é que nesta região a fiscaliza- sujeitas a “qualquer tipo de trabalho”.
ção se realiza com maior eficácia e, por isso,
maior volume de “libertos”. Outra variável, Entre os séculos XVIII e XIX, na Europa oci-
alguns setores do capital agrário não têm dental, se identificava um conjunto de de-
limites para a extração do valor produzido núncias sobre trabalho infantil, que após
pelo trabalho humano, e no caso dos meno- fiscalizações e pressão dos movimentos so-
res estes setores preferem correr riscos de ciais da época, estas condições de trabalho
denúncias e processos a perderem a mar- foram abolidas.
gem dos seus ganhos.
Em 1861, 48 043 pessoas estavam ocu-
O trabalho infantil e juvenil no Brasil é uma padas em trançar palha e fazer chapéus
das situações mais degradantes nas rela- de palha, das quais 3 815 do sexo mas-
ções entre o capital (comprador) e o assa- culino em todos os grupos etários, as ou-
lariado (vendedor). Destacamos algumas hi- tras do sexo feminino, das quais 14 913
com menos de 20 anos de idade, sendo 7
póteses para reflexões desta temática:
mil crianças. No lugar das escolas de bor-
dados, surgem as straw plait schools (es-
1) Assim como os assalariados rurais, as colas de entrançamento de palha). Aí as
crianças e as mulheres são invisibilizadas crianças começam a aprender a entrançar
com maior intensidade pelas formas estru- palha com 4 anos de idade [...]. Educação,
turais das relações sociais organizadas pelo naturalmente, não recebem nenhuma (gri-
capital. Naturalizou-se na sociedade brasi- fo nosso). (MARX, 1996, p. 99).
leira a afirmação que é melhor uma criança
trabalhar com os pais, mesmo que seja em O trabalho infantil é mais recorrente do que
situações impróprias, do que “ficar nas ruas se imagina. Para além dos espaços rurais,
à disposição de traficantes e do crime orga- está presente nas relações de trabalho em
nizado”; muitos ramos produtivos urbanos. Os da-
dos sobre trabalho análogo à escravidão
2) Se assim for verdade, não necessitamos têm sido o lado mais perverso do contexto.
de muitas escolas em regiões agropecuárias Mesmo considerando que os números de-
(no sentido de educação) visando à formação nunciados são baixos (280 casos de meno-
integral das crianças. Bastaria às crianças, res em 10 anos) frente ao total de trabalha-
aos adolescentes e aos jovens receberem al- dores na condição a escravos (20.725), eles
161
apenas confirmam análises indicando que durou cerca de três anos. O Brasil é o pri-
não há limites para a extração dos valores meiro país condenado pela OEA nessa ma-
criados pelos trabalhadores. Ou, nos dize- téria. [...].
res de Harvey (1989), a espoliação flexível
permanente. O terceiro contexto nos reporta informações
de ações dos trabalhadores. O Cedoc catalo-
Elencamos a seguir cinco contextos finali- gou, no período de 2010 a 2019, a ocorrên-
zando esta proposta de análise: O primeiro cia de 64 ações de trabalhadores com confli-
refere-se à diminuição das ocorrências de tos trabalhistas em espaços rurais. O setor
trabalho escravos no Brasil entre os anos de trabalhadores com maior eficiência nas
de 2015 a 2019. Os representantes dos Au- ações está no sistema de produção sucro-
ditores Fiscais do Trabalho (AFT) têm de- energético. Ocorreram greves por salários,
nunciando desde 2018 que estão com falta ocupações de usinas, bloqueio de estradas,
de servidores para execução das atividades por mais segurança nos locais de trabalho
de fiscalização. De acordo com o site “Fo- em oito estados (GO, MT, AL, PE, RN, MG,
lha Dirigida” o “[...] cargo de auditor fiscal SP e PR). Destes, Alagoas destacou-se com
do trabalho conta com 6.276 vagas. Deste 25 ações de sindicatos em defesa dos traba-
total 3.057 estão aposentados, 1.065 inati- lhadores canavieiros, seguido pelo estado do
vos e apenas 2.154 em exercício. A maior Pernambuco com 8 ações. O estado do Rio
concentração de servidores localiza-se no Grande do Norte fez uma ação. O Nordes-
Sudeste com 34% da força de trabalho. As te brasileiro, apesar de não ter os maiores
regiões Norte e Nordeste têm apenas 23,9% números de ocorrências de conflitos traba-
dos servidores”. O setor está com déficit de lhistas, nem tão pouco ser região de “novas
1.250 vagas e não obtém autorização para fronteiras”, é a região que mais reagiu frente
realização de concursos. Diminuição drás- a violação de direitos no setor sucroenergé-
tica da abrangência capilar de fiscalização, tico, totalizando 36 ações e 54,2% das mo-
uma vez que os espaços rurais são grandes, bilizações em defesa dos assalariados rurais
assim como o número de denúncias4. em conflitos no Brasil.

A região Sudeste realizou o segundo maior


O segundo contexto que pode ter interferido
volume de ações dos trabalhadores. São
na diminuição dos casos refere-se a conde-
Paulo teve 10, todas no setor sucroenergéti-
nação do Estado brasileiro pela Organização
co e Minas Gerais sete (seis em canaviais e
dos Estados Americanos (OEA) por violação
uma na mineração). A região Sul, apesar da
dos direitos humanos em não coibir ativida-
maioria das ocorrências de conflitos se dar
des agropecuárias com trabalhos análogos
nas lavouras de erva mate, pinus e de frutas
à escravidão. Segundo o Jornal O Globo de
os trabalhadores destas culturas não reali-
19 dezembro de 2016,
zaram ações em defesa da categoria. Apenas
no ano de 2010 aconteceram três ações no
A Corte Interamericana de Direitos Huma-
nos, uma instituição judicial autônoma estado do Paraná no setor sucroenergético
da Organização dos Estados Americanos e uma em Santa Catarina na construção de
(OEA), responsabilizou internacionalmen- hidroelétrica. Estas duas regiões do Brasil
te o Brasil por não prevenir a prática de têm na estrutura sindical e na formação dos
trabalho escravo moderno e de tráfico de movimentos sociais forte traços de pressão.
pessoas. A sentença do caso “Trabalhado- Mas em relação às ações de combate ao tra-
res da Fazenda Brasil Verde Vs. Brasil” foi balho análogo à escravidão existem poucos
dada nesta semana em um processo que registros.
4
Para mais informações ver site: https://folhadirigida.com.br/noticias/concurso/mt/sem-concurso-aft-deficit-favore-
ce-trabalho-escravo-no-brasil)
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Uma quarta questão que surgiu refere-se Considerações finais


às regiões de fronteiras (Norte e MATOPIBA,
em especial) registrou-se apenas três ocor- Ao final deste estudo pode-se dizer que hou-
rências de ações dos trabalhadores. Uma ve um misto de sentimentos e questiona-
em Rondônia, no ano de 2010, na constru- mentos. Primeiramente, uma certa satisfa-
ção de hidroelétrica, uma no Maranhão no ção, como que alívio, com a diminuição do
setor pecuário em 2014 e uma no estado da número de ocorrência de trabalhos análogo
Bahia em 2012. O estado do Pará, onde há à escravidão contemporânea entre os anos
mais ocorrências de conflitos trabalhistas e de 2015-2019. Mas em seguida nos vem,
maior em identificação de trabalho escravo, de súbito a indignação, pois a diminuição
não houve informações e registro de ações dos casos está relacionada à falta de “von-
organizadas. tade política” governamental, uma vez que
impede a realização de concursos para fis-
No setor pecuário não se tem informações cal do trabalho e ao mesmo tempo em que
sobre ações organizadas para o enfrenta- há um discurso oficial de “liberdade total”
mento ao setor em contraposição ao tra- para a defesa da propriedade, para o por-
balho degradante. Contudo, isso não quer te de armas e para a “justiça com as pró-
dizer que não houve ações. Os movimentos prias mãos”. O conjunto dos discursos no
ambientalistas e de direitos humanos têm campo ideológico, a criminalização dos mo-
denunciado conflitos em terras indígenas, vimentos sociais e a propaganda em redes
em situação de degradação ambiental. As sociais contra qualquer busca de defesa dos
Federações de Trabalhadores Rurais, junta- direitos humanos auxiliam a mascarar a re-
mente com a Contag participam, em parce- alidade. Ferem-se os acordos internacionais
ria com o Ministério Público Federal e a CPT, assinados pelo Brasil nas áreas de direitos
na coordenação da Campanha Nacional de humanos e ambientais.
Combate e Prevenção ao Trabalho Escravo
Contemporâneo, buscam pressionar o Esta- Os conflitos gerados nos espaços rurais a
do, as empresas (agropecuárias, carvoarias, partir da expansão do capital agrário con-
madeireiras) e os latifundiários contra as frontam-se com as necessidades imediatas
práticas de espoliação do trabalho. dos camponeses (terra e trabalho) - aqui
está a centralidade da questão. Neste mo-
O quinto contexto refere-se à expressão vimento (ações e reações), os camponeses e
mais acabada da violência nas relações so- os assalariados rurais, ao se posicionarem
ciais, em particular, nas relações de traba- como sujeitos de direitos, criam condições
lho, o fim último da invisibilidade. Entre os para construir novos saberes e novas poten-
anos de 2010 a 2019 o Cedoc registrou con- cialidades de organização social. Este é, jus-
taminação de trabalhadores assalariados tamente, o processo humanizador dos mo-
por agrotóxicos (20 casos), agressões físicas vimentos sociais, uma vez que as possíveis
(19), ameaças de morte (56), intimidações conquistas tiram a vivência destes atores da
(13), tentativas de assassinato (15), mortes miséria, do desemprego, da violência e do
em consequência (16) e assassinatos (12). êxodo rural (dentre um conjunto de outras
Em dez anos de registros, estes números situações degradantes) em que o capital
são baixos frente ao quadro geral de confli- agrário os lançou.
tos trabalhistas. Não são somente os núme-
ros que importam, mas os fatos em si, pois Referências
as relações sociais no mundo do trabalho
ultrapassam a livre concorrência de compra ALVES, A. I. Quem deu à luz: A formação de tra-
e venda entre trabalho e capital, rompendo balhadores rurais pela CPT. Tese defendida pelo
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163
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Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Tabela 6 - Conflitos Trabalhistas


Trabalho Escravo Superexploração Total UF
Trab. na Trab. na Trab. na
UF Ocorrências Libertos Menores Ocorrências Resgatado Menores Ocorrências
Denúncia Denúncia Denúncia
Centro-Oeste
DF
GO
MS 7 44 37 7 44
MT 5 16 16 1 5 16
Subtotal 12 60 53 1 12 60
Nordeste
AL
BA 5 31 6 5 31
CE
MA 8 76 59 4 8 76
PB 3 20 20 3 20
PE 3 32 15 2 3 32
PI 7 105 105 7 105
RN 3 24 18 3 24
SE
Subtotal 29 288 223 6 29 288
Norte
AC
AM
AP
PA 11 68 56 2 1 3 12 71
RO 3 39 34 3 39
RR 3 16 16 3 16
TO 1 4 4 1 4
Subtotal 18 127 110 2 1 3 19 130
Sudeste
ES 1 1 1 1 1
MG 25 392 346 4 25 392
RJ
SP
Subtotal 26 393 347 4 26 393
Sul
PR 1 5 5 1 5
RS 2 2 2 2 2
SC 1 5 5 1 5
Subtotal 4 12 12 4 12
Brasil 89 880 745 13 3 1 90 883

*Além destes dados de trabalho escravo rural, houve 41 denúncias de trabalho escravo na área urbana, envolvendo 328
trabalhadores, dos quais 305 foram resgatados.
Foto: João Zinclar

Violência
contra a
pessoa
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Tabela 7 - Violência Contra a Pessoa


Pessoas Tentativas de Mortos em Ameaçados
UF Conflitos* Assassinatos Torturados Presos Agredidos
envolvidas Assassinatos conseqüência de Morte
Centro-Oeste
DF
GO 34 13324 1 10
MS 48 25592 1 2 4 2 3 9
MT 95 62644 3 10 3 14 1 9
Subtotal 177 101560 4 12 3 18 2 5 28
Nordeste
AL 25 12092
BA 245 90735 1 3 17 15 21
CE 13 10360 2
MA 187 69504 4 4 1 29 9 6
PB 38 27816
PE 67 43268 1 4
PI 33 1741 6
RN 16 3112 1
SE 69 12348
Subtotal 693 270976 6 8 1 58 24 27
Norte
AC 88 27236 30 19 31
AM 54 46472 6 3 22 1
AP 46 8752 1 2
PA 196 136267 12 5 39 1 20 3
RO 106 54875 1 18 20 1
RR 31 50136 1
TO 50 10620 4 2
Subtotal 571 334358 20 8 116 22 71 5
Sudeste
ES 42 20229
MG 187 43024 28 4 6 19
RJ 13 1548
SP 42 25476 1 2 2 1
Subtotal 284 90277 1 2 28 6 7 19
Sul
PR 76 18597 1 3 3
RS 14 430
SC 18 42825
Subtotal 108 61852 1 3 3
Brasil 1833 859023 32 30 32 201 24 107 82

d1

* Número de conflitos e de pessoas envolvidas refere-se à soma das ocorrências de conflitos por terra, água e trabalho.
167
O conflito de cada dia nos dai hoje

Nancy Cardoso1

“Só vivendo a noite escura dos pobres é possível viver o Dia de Deus.”
Pedro Casaldáliga

Atrás de cada conflito existe um profundo vidade. Uma inteligência sobre as relações
processo de afirmação da vida, de direitos desiguais de poder, afirmação de fé de que
e de Deus. Atrás de cada conflito existe um somos iguais e que podemos ser melhores.
tempo apertado de avaliar a vida, tomar de- O conflito é abertura dessa pergunta neces-
cisão e de criar respostas contra a desigual- sária sobre a vida e a história. E por isso só
dade, a violência e a negação de cidadania quem conhece, experimenta e convive com
e de pertença a um território. O conflito é a noite escura dos pobres pode entender o
aquele clarão, aquela luz que surge do atrito conflito como lugar especial da experiência
inteligente, de sabedorias antigas que pre- de Deus. E de Pastoral.
cisam se dizer de novo, de gente que se re-
cusa a aceitar a paz dos fortes e poderosos. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) vivencia
O conflito é a gente pobre querendo ter vez, esta fidelidade na luta dos pobres da ter-
ter voz, lugar. É a noite escura dos pobres ra como lugar teológico e de espiritualida-
– homens e mulheres – apressando a luz do de. Revisitamos a Palavra de Deus viva nos
Dia de Deus. conflitos como chave de interpretação da
tradição de fé e como ação do Espírito que
O conflito é expressão de inquietude; NÃO é atualiza em nós o que os conflitos nos reve-
o fator que gera desarmonia, desequilíbrio e lam da vida e de Deus entre nós.
morte. Ao contrário, o conflito é justamente
o estranhamento, a compreensão e a denún- Neste contexto a narrativa de Caim e Abel
cia das estruturas de segregação e de morte (Gênesis 4) é fundamental. O texto faz a
e a afirmação da vida. Pessoas e comunida- memória dos modos de vida, trabalho e as
des que sabem que têm direitos, que sabem relações com a divindade. Abel era pastor
que a terra e a água são bens comuns, que de ovelhas e Caim cultivava o solo. Esta é
sabem que o mundo é pra ser partilhado, a única informação que o texto apresenta:
que existem limites a serem respeitados e dois modos distintos de organizar as rela-
cuidados necessários para refazer a vida. A ções com a terra e o trabalho e as relações
resposta violenta e desagregadora das elites humanas.
que concentram terra, riqueza, oportunida-
des e poder quer negar esta capacidade e di- Feita a oferenda - Caim apresenta produtos
reito das maiorias pobres a des-naturalizar do solo como oferta e Abel oferece de seus
a pobreza e a desigualdade. Nesse momen- animais: primogênitos e a gordura - Deus
to, o conflito criativo e libertador é configu- vai se agradar de Abel e sua oferta. Deus
rado como subversão e legitima a violência não vai se agradar de Caim e sua oferta.
contra os pobres, a terra e a resistência. Simples assim. Diversas explicações já fo-
ram apresentadas para o entendimento des-
Nesse sentido, o conflito é saúde e criati- ta situação. Por que Deus preferiu Abel e
1
Assessora de Formação da CPT, Assessora Bíblica Popular (Cebi) e Pós-Doutora em História Antiga pela Unicamp
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

sua oferta? ção divina. Chama Abel para o campo - por-


que afinal de contas é disso que se trata:
Assumo a possibilidade do texto fazer a me- a terra! Caim mata Abel. Aparentemente a
mória entre dois modos de vida, duas for- decisão de matar Abel foi tomada a partir da
mas de organização do trabalho e das rela- rejeição que Caim sofreu da parte de Deus.
ções com a terra na antiguidade. Se Caim Neste sentido... Deus está no conflito!
representa a agricultura já sob controle da
acumulação, deve ser entendido como par- Ou... a violência contra Abel já estava es-
te de um sistema econômico de exploração, truturada na oferta de Caim e, por isso, ele
movido a corvéia e tributo provavelmente no não agradou a Deus. O modo de vida e pro-
âmbito das cidades-estados em Canaã sob dução de Caim incluía a negação da vida de
influência egípcia. Abel e outros grupos humanos e, assim, foi
reprovado.
Abel então representaria os grupos huma-
nos que se dedicavam a estratégias sócio- As ofertas não se ofertam por si mesmas.
-econômicas diferentes não monopolizadas A função da religião nas trocas econômicas
pelas cidades-estado, seus tributos e cor- não está no estabelecimento de regras e pro-
véias. O Abel pastor deve ser procurado cedimentos, mas na conferência de valor,
entre a população Cananéia dos planaltos, isto é, na formulação dos valores econômi-
que resistiam e sobreviviam a partir de pe- cos formatando hierarquias e consolidando
quenas lavouras, pastoreio transumante, mecanismos de mensuração.
estratégia de tropas mercenárias ou comer-
ciais, quer como mercadores ou carregado- Na troca/oferta ritual está contido o me-
res de mercadoria. canismo cultural de expressar valor, isto
é aquilo que pode ser dado e trocado e as
O importante é que Deus escolhe, elege, coisas que são guardadas, preservadas. Não
prefere este modo de vida e não aquele! são valores essenciais dos seres ou coisas
Deus prefere a oferta de Abel. Ao fazer isto que criam a diferença entre o que é preser-
o conflito se explicita! Caim fica enfurecido vado e o que é aceitável na forma da oferta,
e de cabeça baixa! Deus diz: “Se você agis- mas são as lógicas sociais que conferem va-
se bem andaria com a cabeça erguida. Mas lor e consolidam medidas de significado e
como não age bem... pecado está junto à por- função nas trocas rituais.
ta, como fera acuada. Será que você pode do-
miná-la?” (Gênesis 4, 6 e 7). Deus reaparece no texto fazendo a pergunta
criadora do mundo: ONDE ESTÁ SEU IR-
A representação das ofertas poderia masca- MÃO?
rar a violência, escondendo a fera... se Deus
acolhesse as duas ofertas. Mas o Deus desta A resposta de Caim é conhecida: NÃO SEI!
memória se recusa a legitimar a oferta que POR ACASO EU TOMO CONTA DO MEU IR-
é fruto da ação violenta e do pecado. Caim MÃO?
sai do ritual das ofertas de cabeça baixa! Foi
reprovado. Não! Caim não pode dominar a Deus responde: O que você fez? Ouço o san-
violência de seu modo de vida... porque é gue de seu irmão clamando da terra para
sistêmica. Esta a função do ritual: avaliar, mim!
escrutinar, revelar os metabolismos de pro-
dução... e eleger. Preferir! Este é um dos textos mais exigentes de
nossa tradição. Um diálogo: Deus, o irmão
Caim não suporta conviver sem a legitima- violento e o irmão violentado que fala como
169
sangue derramado na terra. Esta radicali- nhum lugar é indiferente. Por isso fazer a
dade de Deus que prefere, que avalia, que memória, documentar, publicar, socializar é
faz as perguntas difíceis atravessa toda a tarefa teológica e pastoral importante.
memória bíblica, se atualiza em Jesus – que
prefere a oferta da viúva pobre e radicaliza É tarefa pastoral também denunciar os
na ação contra os cambistas no templo. violentos, nomear os governos, polícia, mi-
lícias, juízes, latifundiários e agiotas do
Uma Pastoral que assume o conflito como agronegócio, da mineração, das barragens
lugar de discernimento faz esta escolha e faz assassinas: Deus rejeita vocês! as ofertas
de seus rituais, metodologias e prioridades de vocês não são aceitas!
afirmação teológica que recusa a “oferta”
dos poderosos, denuncia sua incapacidade ... o pecado está junto à porta, como fera acu-
de gerar paz e justiça e amplifica a pergun- ada... e vocês não podem dominá-la?
ta do sangue derramado na terra: onde está
sua irmã? onde está seu irmão? A lida com os conflitos exige da CPT o con-
tínuo discernimento metodológico: não dei-
No texto do Gênesis a morte de Abel vai ter xar que os poderosos definam a luta do povo
desdobramentos importantes. A memória de como violência, não deixar que o povo mes-
Abel vai ser mantida no seguimento da ge- mo não entenda seu potencial criador, ge-
nealogia. O texto se recusa a esquecer Abel rador de conflito que move a luta, o conflito
e vai projetar na história seu nome (Genesis que aciona alternativas, redefine poderes...
4, 25). constrói comunidade.

Esta é a tarefa também da Pastoral: fazer A partir dos conflitos no campo a CPT apren-
memória dos conflitos, não deixar que ne- de e ensina, fortalece e organiza e pode
nhuma história se perca, que os nomes das contribuir na construção de alternativas
pessoas e lugares não sejam esquecidas. populares de paz com justiça. Esta nossa
Nenhum conflito é pequeno demais, ne- fidelidade junto aos pobres da terra.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Tabela 8 - Assassinatos
Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria
Amapá
Pedra Branca do Liderança
T. I. Waiãpi/Aldeia Mariry 22/07/2019 Emyra Waiãpi 69
Amapari Indígena
Subtotal 1
Amazonas
Nemis Machado de
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 50 Liderança
Oliveira
Lábrea Seringal São Domingos 02/11/2019 Denis 38 Posseiro
Cacique Francisco de Liderança
Manaus Comunidade Urucaia 27/02/2019 53
Souza Pereira Indígena
Cacique Willames Liderança
Manaus Cemitério dos Índios 13/06/2019 42
Machado Alencar Indígena
Carlos Alberto Oliveira Liderança
Manaus Cemitério dos Índios 06/08/2019 44
de Souza, "Mackpak" Indígena
Maxciel Pereira dos Funcionário
Tabatinga T. I. Vale do Javari 06/09/2019 31
Santos Público
Subtotal 6
Bahia
Rosane Santiago
Nova Viçosa Resex Cassurubá 29/01/2019 59 Ambientalista
Silveira, "Rô"
Subtotal 1
Maranhão
Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Liderança
01/11/2019 Paulo Paulino Guajajara 26
Selvas Gavião e Guajá Indígena
Jenipapo dos T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/Coquinho II/ Cacique Firmino Prexede Liderança
07/12/2019 45
Vieiras Ilha de São Pedro/Silvino/Mussun/Nova Vitoriano Guajajara Indígena
Jenipapo dos Raimundo Benício Liderança
T. I. Lagoa Comprida/Aldeias Leite/Decente 07/12/2019 38
Vieiras Guajajara Indígena
Francisco Sales Costa de
Zé Doca Povoado Centro do Totó 18/12/2019 60 Liderança
Sousa
Subtotal 4
Mato Grosso
Chapada dos Edmar Valdinei
Gleba/Assent. Jangada Roncador 19/04/2019 59 Assentado
Guimarães Rodrigues Branco
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Elizeu Queres de Jesus 38 Posseiro
Cotriguaçu P. A. Juruena 01/08/2019 Sr. Gilberto* A Liderança
Subtotal 3
Mato Grosso do Sul
Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 29/07/2019 Romildo Martins Ramires 14 (o)Indígena
Subtotal 1
Pará
Márcio Rodrigues dos
Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 04/12/2019 33 Liderança
Reis*
Gl. Bacajá/P. A. Pilão Poente II/Lote-69-71-73/ Marciano dos Santos
Anapu 20/02/2019 A Liderança
Mata Preta Fosalusa
Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 09/12/2019 Paulo Anacleto 51 Aliado
Baião P. A Salvador Allende Piratininga 22/03/2019 Dilma Ferreira Silva 45 Liderança
Claudionor Amaro Costa
Baião P. A Salvador Allende Piratininga 22/03/2019 42 Assentado
da Silva
Baião P. A Salvador Allende Piratininga 22/03/2019 Milton Lopes 38 Assentado
Raimundo de Jesus
Baião Fazenda na Vicinal da Martins 24/03/2019 A Trab. Rural
Ferreira
Baião Fazenda na Vicinal da Martins 24/03/2019 Marlete da Silva Oliveira A Trab. Rural
Baião Fazenda na Vicinal da Martins 24/03/2019 Venilson da Silva Santos A Trab. Rural
Conceição do
Fazenda Safita/Acamp. Vitória da União 26/09/2019 José Araújo dos Santos A Sem - terra
Araguaia
Ourilândia do Alexandre Coelho
Fazenda Mil e Duzentos 19/10/2019 A Liderança
Norte Furtado Neto
Rio Maria Assassinato de Carlos Cabral Pereira 11/06/2019 Carlos Cabral Pereira 58 Sindicalista
Subtotal 12
Paraná
171
Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu Guavirá/
Guaíra 14/11/2019 Demilson Ovelar Mendes 28 (o)Indígena
Itaipu
Subtotal 1
Pernambuco
Brejo da Madre Aluciano Ferreira dos
Faz. Jabuticaba/4 Irmãos 05/06/2019 41 Sem - terra
de Deus Santos
Subtotal 1
Rondônia
Acamp. Manoel Ribeiro/Faz. ZC/Gl. Corumbiara/
Corumbiara 11/01/2019 Gustavo José Simoura 30 Sem - terra
Lote 100/Linha 155/Setor 110
Subtotal 1
São Paulo
Valinhos Faz. Eldorado/Acamp. Marielle Vive 18/07/2019 Luiz Ferreira da Costa 73 Sem - terra
Subtotal 1
Total 32
Foto: Juliana Pesqueira

Não sejamos cúmplices! Violência e


impunidade no campo em 2019

Diogo Cabral1
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) vem co- apontam que 2019 foi mais um ano muito
letando dados desde 1985 sobre os confli- violento no campo, com registro de 32 as-
tos rurais no país. De acordo com os dados, sassinatos, 14% a mais em relação ao ano
no Brasil, as últimas três décadas foram de 2018. Destacamos que em 2019, houve
marcadas por extrema brutalidade contra aumento no número de lideranças indíge-
camponeses, com registro de um aumento nas mortas em conflitos no campo, o maior
vertiginoso da violência nos espaços rurais, nos últimos 10 (dez) anos, sendo 7 lideran-
sobretudo ameaças de morte e assassina- ças indígenas assassinadas nos estados do
tos. Amapá (1), Amazonas ( 3) e Maranhão (3).

No primeiro ano do governo de extrema di- Da análise dos dados, conclui-se que as
reita de Jair Bolsonaro, os dados da CPT pessoas assassinadas em 2019 eram, em

1
Advogado, Associado da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
173
grande parte, lideranças de movimentos dos 2019, ambos no município de Baião.
trabalhadores rurais e indígenas, que luta-
vam incansavelmente em defesa da Reforma Os assassinatos de lideranças indígenas se
Agrária e que realizavam denúncias de gri- inserem no contexto de ataque generalizado
lagem de terras, de extração ilegal de madei- promovido pelo Governo Bolsonaro3 contra
ra, de invasão de garimpeiros. Povos Indígenas, com o enfraquecimento
dos órgãos de proteção e fiscalização indí-
Os crimes estão diretamente vinculados aos gena e ambiental, como a Funai e o Ibama,
incessantes conflitos agrários, tendo como estimulo às atividades garimpeira, de mine-
mandantes pessoas com grande poder eco- ração e ampliação das fronteiras agrícolas
nômico, que exercem alguma influência na sobre as terras indígenas.
região das ocorrências, além da suspeita de
participação de membros das forças públi- A Amazônia brasileira é o bioma com maior
cas de segurança, a agravar em grande me- concentração do número de assassinatos
dida o quadro de violações. em 2019, com 27 vítimas, o que correspon-
de a 84% de todos os homicídios.
Na análise dos dados de assassinato do ano
de 2019, observa-se uma tendência de con- Entre novembro e dezembro de 2019, qua-
tinuidade no tocante à territorialização da tro indígenas do povo Guajajara, na Amazô-
violência, avançando sobretudo nas áreas nia maranhense, foram assassinados.
de expansão da fronteira agrícola e na Ama-
zônia brasileira. Em Anapu, nos primeiros dez dias do mês
de dezembro de 2019, duas lideranças fo-
Destacamos que, em 2019, houve registro ram assassinadas4. De acordo com Eliane
de assassinatos em todas as regiões do Bra- Brum5, se a tensão e a violência aumenta-
sil - Norte (20), Nordeste (6), Centro-Oeste ram desde a eleição de Bolsonaro, em no-
(4), Sudeste (1) e Sul (1). Os Estados da fe- vembro houve um agravamento de cenário
deração com maior número de assassinatos em diversas regiões da Amazônia. Em de-
em 2019 são Pará (12), Amazonas (6) e Ma- zembro, tornou-se ainda mais alarmante.
ranhão (4). Todos os sinais mostram que a situação
ruma para o total descontrole. É neste con-
O Pará é o epicentro da violência no campo texto que Márcio Rodrigues dos Reis, 33
no Brasil. Em 2019, foram registrados dois anos, pai de quatro filhas, foi assassinado
massacres, um no Projeto de Assentamento em 4 de dezembro, em Anapu. O assassino
Salvador Allende Piratininga, com três víti- fingiu ser um cliente do seu mototáxi e o
mas2, ocorrido em 22 de março de 2019 e matou com um golpe de faca no pescoço. A
outro na Fazenda Vicinal da Martins, com garganta cortada, segundo repetem na cida-
três vítimas, ocorrido em 24 de março de de, assinala quem teria “morrido por falar
2
No massacre foi assassinada a liderança camponesa Dilma Ferreira da Silva e mais duas pessoas, seu companheiro, Clau-
dionor Costa da Silva e um amigo do casal, Hilton Lopes
3
Em seu primeiro dia no cargo, Bolsonaro transferiu a responsabilidade pela demarcação e regulação dos territórios indíg-
enas da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura. Essa manobra teve a clara intenção de impe-
dir qualquer proteção adicional de terras indígenas. A nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias,
ex-líder da bancada ruralista, que aceitou uma doação de campanha de um fazendeiro acusado de ordenar o assassinato de
um líder indígena. O funcionário encarregado das questões fundiárias é Nabhan Garcia, ex-presidente da União Democrática
Ruralista (UDR) e que lutou contra as demarcações dos territórios indígenas durante décadas.
4
Márcio Rodrigues dos Reis era testemunha de defesa do Padre José Amaro Lopes de Sousa. Entre 2015 e 2019, foram as-
sassinadas 19 pessoas em razão de conflitos agrários somente em Anapu (PA).
5
Eliane Brum, Protejam Erasmo: ele pode ser assassinado a qualquer momento, disponível em https://brasil.elpais.com/
opiniao/2019-12-20/protejam-erasmo-ele-pode-ser-assassinado-a-qualquer-momento.html <Acessado em 04 de março de
2020, às 12h54>
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

demais”. agrária e ambiental. Nesse cenário, grupos


criminosos que atuam para se apropriar de
A violência contra a pessoa humana coin- terras públicas (de solo e subsolo), fazem
cide com um crescimento da destruição do uso sistemático de violência, terror e amea-
próprio Bioma. O último balanço anual de ça para consolidar seus feitos.
desmatamento é o pior da última década.
A Amazônia perdeu 9.700 km² entre agosto Os principais atores deste processo de apro-
de 2018 e julho de 2019, segundo dados do priação ilegal, contínua e sistemática sobre
INPE de novembro de 2019. os territórios de sobrevivência (antes) pú-
blicos e livres são grandes empresas, na-
O discurso agressivo do presidente Bolso- cionais e internacionais, além de grileiros
naro soou como aval aos criminosos para e aventureiros de toda espécie. Esses pre-
ampliarem a grilagem em terras públicas e dadores têm se aproveitado da ausência da
atacarem com maior violência os territórios autoridade pública para se apropriar de for-
ocupados pelas populações tradicionais. ma ilegítima de grandes extensões de terra
Despejos de camponeses, expulsões de indí- em toda a Amazônia, desrespeitando desca-
genas, ataques aos quilombolas, desmata- radamente os direitos seculares desta popu-
mentos em Unidades de Conservação e ou- lação aí residente7.
tros territórios ocupados por vários grupos
sociais encontrados na floresta amazônica, Os casos de homicídios seguem um padrão
em especial, passaram a ser praticados em fixo: omissão do órgão fundiário federal (IN-
uma velocidade e violência nunca imagina- CRA/FUNAI) e estadual quanto ao conflito
da6. agrário, quadrilhas de grileiros, garimpei-
ros, madeireiros, pistoleiros, milícias arma-
Na Amazônia, a situação é ainda mais alar- das, empresas de segurança, além de inqué-
mante devido ao caos fundiário que predo- ritos policiais viciados ou que sequer foram
mina na região, o alto índice de impunida- instaurados, denúncias mal elaboradas
de dos crimes contra os trabalhadores e a pelo Ministério Público, processos judiciais
relação promíscua de agentes públicos com que se arrastam há décadas sem qualquer
o crime organizado no campo. Entre 2010 julgamento, parcialidade de magistrados,
e 2019, foram assassinadas em decorrên- seletivismo.
cia de conflitos agrários 417 pessoas, sendo
320 na Amazônia brasileira (76,7% de todos Esses registros revelam, dentre outras coi-
os assassinatos). sas, o impressionante desrespeito às leis por
parte de todas as instâncias que compõem
Impunidade, injustiça e mais violência o sistema de justiça criminal, mormente no
que diz respeito aos prazos legais que o Có-
No Brasil, a situação no campo é caracte- digo de Processo Penal fixa para a conclusão
rizada por intensa disputa histórica por do inquérito policial ou para o oferecimento
terras, agravada pela degradação ambien- da denúncia penal pelo Ministério Público8.
tal e potencializada pela falta de execução
de políticas públicas adequadas nas áreas Tais situações evidenciam a intolerância
6
Nota contra os crimes e criminosos da Amazônia, disponível em https://www.cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/ar-
ticulacao-cpt-s-da-amazonia/4878-nota-contra-os-crimes-e-criminosos-da-amazonia <Acessado em 04 de março de 2020,
às 10h35>
7
MESQUITA, Benjamin Alvino de. O desenvolvimento desigual da agricultura: a dinâmica do agronegócio e da agricultura
familiar. São Luis, UFMA/CCSO, 2010.
8
GUIMARÃES, Ed Carlos de Sousa. A violência desnuda: justiça penal e pistolagem no Pará. 2010. 253 f. Tese (Doutorado)
- Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2010. Programa de Pós-Graduação em
Ciências Sociais
175
continuada, de confrontos prolongados e Em 35 anos de pistolagem, ele prestou ser-
sem perspectiva imediata de resolução por viços para o Exército brasileiro e às forças
parte das autoridades competentes9. As- de repressão no combate à guerrilha do Ara-
sassinatos dessa natureza e praticados no guaia. Matou homens, mulheres, crianças,
contexto rural raramente são solucionados, jovens e idosos a serviço de prefeitos, de-
ainda mais quando as vítimas são lideran- putados, fazendeiros, agiotas, empresários,
ças camponesas, indígenas, quilombolas, garimpeiros e quem mais pudesse pagar.
pequenos agricultores. Em três décadas, Júlio Santana foi preso
uma única vez, em 11 de maio de 1987, em
Entre 1985 e 2019, dos 1.496 casos envol- Tocantinópolis (TO) e, como o delegado era
vendo 1.973 vítimas assassinadas no cam- corrupto, no outro dia o pistoleiro foi solto.
po, somente 120 casos foram julgados, com
a condenação de 35 mandantes e 106 exe- Nessa direção, percebe-se a dificuldade es-
cutores condenados e com a absolvição de trutural do Sistema de Justiça e Segurança
19 mandantes e 204 executores. Os dados Pública do Brasil em encaminhar a esse tipo
revelam impunidade em percentual assus- de questão. Os dados revelam a incapaci-
tador, fomentando-se, assim, o ciclo de vio- dade em garantir efetiva proteção aos ame-
lência no campo. açados de morte, o retardamento dos pro-
cessos judiciais, a morosidade em prender
O sistema de justiça brasileiro tende a con- os executores e mandantes dos crimes. As
solidar o entendimento que criminaliza mo- raras condenações revelaram claramente os
vimentos sociais e povos do campo, ao pas- estreitos laços que uniam o público e o pri-
so em que imuniza as ações criminosas de vado no meio rural brasileiro12.
grileiros, empresários rurais, o que reforça
estruturas sociais de desigualdade, apoia- Ilustra bem a manifestação do Fórum de Di-
das pelo Estado e suas instituições10. reitos Humanos e da Terra de Mato Grosso
e a Comissão Pastoral da Terra – CPT/ MT,
Em O Nome da Morte11, o jornalista Kles- de outubro de 2018:
ter Cavalcanti ilustra com grande clareza a
rede de violência e impunidade no campo A violência agrária no estado de Mato
brasileiro. No livro, o autor conta a histó- Grosso parece não ter fim: prisões, as-
ria do pistoleiro profissional, Júlio Santana, sassinatos, pistolagem, trabalho escravo,
nascido em Porto Franco (MA), que matou despejos e expulsões são realidades coti-
dianas. Mesmo sob denúncias e avisos,
492 pessoas. Santana atuou, sobretudo, na
estas violências teimam em permanecer.
região do Araguaia-Tocantins. À época, aos A morosidade e a permissividade do Esta-
17 anos, em 7 de agosto de 1971, matou do legitimam e, por vezes, institucionali-
pela primeira vez. Em agosto de 2006, aos zam estas ações. Por este motivo, o conflito
52 anos, decidiu “aposentar-se” como mata- armado que acontece nesse momento na
dor de aluguel para viver como sitiante em Fazenda Agropecuária Bauru (conhecida
uma cidade próxima a Palmas, capital do como Fazenda Magali), no município de
Tocantins. Colniza, região noroeste do Mato Grosso,
nos preocupa. São quase 200 famílias que
9
Alfredo Wagner Berno de Almeida- Rituais de Passagem entre a chacina e o genocídio: conflitos sociais na Amazônia, in Cha-
cinas e massacres no campo/Maristela de Paula Andrade. V4-São Luís: Mestrado em Políticas Públicas.-UFMA,1997.
10
ANDRADE, Vera Regina Pereira de Andrade. Sistema penal máximo X cidadania mínima: códigos da violência na era da
globalização. Porto Alegre: Livraria do advogado, 2003, pp. 140-141.\
11
avalcanti, Klester O Nome da Morte: a história real de Júlio Santana, o homem que já matou 492 pessoas/ Klester Caval-
canti.- 2.ed.-São Paulo: Planeta do Brasil, 2018, 232 p
12
MEDEIROS, Leonilde Servolo de. Dimensões políticas
da violência no campo, disponível em https://www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg1-7.pdf
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

ocuparam parte da área, na última segun- pública, o trabalhador rural Elizeu Queres
da-feira (29), e que agora, após um man- de Jesus foi assassinado em mais uma ten-
dado de despejo emitido pela juíza da Vara tativa de massacre realizada em na área em
Agrária de Cuiabá, estão na mira de pelo conflito, localizada em Colniza (MT).
menos 30 pistoleiros (guaxebas). De 1995
Esta violência, articulada entre público e
a 2017, 11.487 pessoas estiveram sob
ação de pistoleiros no estado; 239 pessoas
privado, tem objetivo claro e preciso, con-
foram ameaçadas de morte; 2.352 famílias forme Treccani:
foram expulsas por pistoleiros e 22.117
famílias despejadas. Já de 1985 até 2017 A violência do latifúndio tentou desarticu-
ocorreram 136 assassinatos em conflitos lar os movimentos de trabalhadores rurais
no campo em Mato Grosso, sem nenhum que resistiam e lutavam pela manutenção e
mandante preso. São dados que assus- regularização de suas posses, assassinan-
tam, mas mostram uma triste realidade: do preferencialmente lideranças sindicais
no campo mato-grossense compensa ma-
e os aliados da luta dos trabalhadores, isto
tar. Colniza possui um grave histórico de
é, advogados e religiosos (TRECCANI, 2001:
assassinatos no campo. É uma Terra Sem
Lei. De 2003 até agora foram registrados 318).
16 assassinatos em conflitos agrários no
município. O recente massacre de nove Sobre os processos de eliminação física de
posseiros, em 2017, na Gleba Taquaru- lideranças camponesas a fim de garantir
çu do Norte, é um dos mais conhecidos. É apropriação fraudulenta de bens públicos,
uma região onde os conflitos agrários são notadamente terras no sul do Amazonas,
construídos sob a situação obscura da re- parte da denúncia do Ministério Público
gularização fundiária; sob a ganância do
Federal do Amazonas, no bojo da opera-
lucro; sob a morosidade do Judiciário; sob
ção Ojuara14, revela o modus operandi dos
a permissividade do Estado; sob a intensa
presença de pistoleiros; sob a exclusão do grupos criminosos que atuam na Amazônia
acesso à terra para trabalhadores e traba- brasileira:
lhadoras rurais. É baseado nesse histórico
que tememos o pior. Das quase 200 famí- Investiga-se, nos presentes autos, uma
lias que lá estão sob a mira dos pistoleiros organização criminosa responsável por in-
na Fazenda Agropecuária Bauru, algumas vasões de terras da União e desmatamen-
são posseiras, outras compraram o direi- tos em larga escala nos estados do Acre
to de estar na terra, e já moram em seus e Amazonas, mais precisamente no muni-
lotes há algum tempo. Produzem e criam cípio de Boca do Acre/AM. Para garantir
animais. São pessoas que apostaram no a continuidade e a impunidade de suas
sonho de construir uma vida com o suor atividades criminosas, latifundiários da
do trabalho. Não podemos deixar que mais região recorreram ao uso de violência con-
um massacre aconteça, que mais uma tra pequenos agricultores e coletores, pa-
violência aconteça a estas pessoas que já gamentos de propina, lavratura de autos
nasceram vulneráveis e que, por sua con- de infração em nome de “laranjas” e apre-
dição de pobreza, já nasceram em estado sentação de defesas administrativas ela-
de exceção. Se algo acontecer, é uma mor- boradas pelo próprio Superintendente do
te anunciada13. IBAMA no Estado do Acre. No período com-
preendido entre 2014 e o dia 08/05/2019
(data da deflagração da Operação Ojuara),
Dois meses após a referida manifestação os fazendeiros SEBASTIÃO GARDINGO,

13
Disponível em https://cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/conflitos-no-campo/4537-urgente-organizacoes-so-
ciais-do-mato-grosso-denunciam-possibilidade-de-novo-massacre-na-regiao-de-colniza
14
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Acre, responsável pela fiscalização de uma
das áreas de maior pressão de desmatamento atualmente: o Sul do Amazonas, nos municípios de Lábrea (AM) e Boca do
Acre (AM). Segundo apurado, servidores do Ibama no Acre/AM favoreciam grileiros e pecuaristas ligados a desmatamento
na região.
177
JOSÉ LOPES e ADAMIR HOSODA MON- Relatório da Comissão Pastoral da Terra co-
TEIRO constituíram e custearam uma lacionado aos autos, reunindo dados sobre
milícia particular formada pelos policiais os conflitos e violência no campo, registra
militares SALOMÃO ALENCAR FARIA, mais de 40 mortes somente nos anos de
WALDSON FRANCISCO DA SILVA, JAR-
DEY MONTEIRO DE OLIVEIRA e ANTÔ-
2016 e 2017, especialmente na região do
NIO FERREIRA DANTAS, que eram pagos Vale do Jamari (Alto Paraíso, Ariquemes,
pelos fazendeiros para cometerem crimes Buritis, Cacaulândia, Campo Novo, Cuju-
na defesa dos seus interesses, garantin- bim, Machadinho d’Oeste, Monte Negro e
do, assim, a posse das terras da União por Rio Crespo). São vítimas comuns nos últi-
eles invadidas e desmatadas no municí- mos anos líderes da Liga dos Camponeses
pio de Boca do Acre. Os policiais militares Pobres. O Estado pouco interfere nesse es-
SALOMÃO ALENCAR FARIA, WALDSON paço social de constante conflito e, na re-
FRANCISCO DA SILVA, JARDEY MONTEI-
pressão a ilícitos praticados nesse contexto,
RO DE OLIVEIRA e ANTÔNIO FERREIRA
DANTAS receberam pagamentos para ex- não vem conseguindo dar respostas inte-
pulsar posseiros e extrativistas de terras grais e efetivas aos envolvidos e à sociedade.
públicas da União, promover a segurança É possível aferir que, no âmbito estadual, os
de trabalhadores e equipamentos mobili- processos criminais e as investigações rela-
zados para a realização do desmatamento tivas aos crimes praticados no campo, pos-
ilegal e também para cobrar os devedores sivelmente decorrentes de conflito agrário,
dos seus patrões e de quem mais os con- quando instaurados, pouco avançam, sem
tratava. O avanço da investigação revelou
alcançar desfecho.
que o líder dos milicianos era o policial
militar SALOMÃO ALENCAR FARIA, que,
acompanhado dos policiais militares WAL- Segundo a Procuradoria Geral da Repúbli-
DSON FRANCISCO DA SILVA, JARDEY ca, há no estado um percentual assustador
MONTEIRO DE OLIVEIRA e ANTÔNIO de impunidade, que tem fomentado o ciclo
FERREIRA DANTAS, utilizava-se da for- de violência no campo. Pará, Maranhão e
ça intimidatória da farda e de viaturas da Rondônia são os estados com maior concen-
polícia militar Até o Comandante do Bata- tração de homicídios no campo, nas últimas
lhão de Polícia Militar de Boca do Acre/AM
três décadas.
sabia que os policiais militares SALOMÃO
ALENCAR FARIA, WALDSON FRANCISCO
Da totalidade dos casos analisados, perce-
DA SILVA, JARDEY MONTEIRO DE OLI-
VEIRA e ANTÔNIO FERREIRA DANTAS be-se um gravíssimo histórico de arquiva-
eram verdadeiros “jagunços” a serviço dos mento ou indefinição de inquéritos e proces-
fazendeiros ora denunciados15. sos, uma intensa relação de promiscuidade
entre as forças de segurança pública, gru-
Em relação à violência sistemática no esta- pos criminosos e proprietários de terras, a
do de Rondônia, a então Procuradora-Geral incapacidade do aparato estatal para con-
da República, Raquel Dodge, apresentou ao duzir as investigações de homicídios em
Superior Tribunal de Justiça (STJ), em se- contexto de conflitos agrários.
tembro de 2019, um Incidente de Desloca-
mento de Competência (IDC) para transferir Representa a situação o assassinato de José
à Justiça Federal, em caráter de urgência, Maria Lino, conhecido como Zé Enedina, 68
investigações de mortes e torturas no esta- anos, liderança rural da comunidade Santa
do de Rondônia, decorrentes do grave con- Rosa, em Araioses, Maranhão, que no dia 19
flito agrário instalado na região16. De acordo de julho de 2014, desapareceu nas imedia-
com a PGR: ções do Povoado Santa Rosa e no dia 21 de
15
http://www.mpf.mp.br/am/sala-de-imprensa/docs/denuncia-ojuara-crime-de-milicia
16
Disponível em http://www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr/pgr-pede-federalizacao-de-investigacoes-sobre-mortes-e-tortu-
ras-decorrentes-de-conflito-agrario-em-rondonia
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

julho do mesmo ano, seu corpo foi encontra- Conclusão


do, com marcas de pancada na cabeça. Zé
Enedina lutava, há décadas, pela regulari- O extermínio de pessoas que lutam por ter-
zação das terras de Santa Rosa e, em razão ra, trabalho e liberdade não pode ser tole-
do conflito, registrou várias ocorrências, por rado e naturalizado. A sociedade brasileira
ter sido ameaçado. Passados cinco anos de tem a missão de fazer o enfrentamento ne-
seu assassinato, o Inquérito Policial nunca cessário à maquinaria fascista nacional que
foi concluído pela Polícia Civil do Maranhão. tem promovido o ódio e patrocinado a elimi-
O próprio Ministério Público solicitou o ar- nação física de centenas de lideranças do
quivamento do inquérito, em razão de não campo e da cidade.
haver indícios suficientes de autoria, bem
como outras diligências a serem realizadas, Estamos diante de um aparato estatal que é
e diante da impossibilidade de individuali- conivente com o assassinato de lideranças e
zação da autoria do delito. com a impunidade dos mandantes e execu-
tores, que patrocina a perseguição política,
Evidencia-se a recorrência da prática de cri- a violência bruta e a humilhação dirigida a
mes nesse mesmo contexto, sem que o Es- grupos específicos, com maior relevância
tado dê mostras de que age para mitigar o para os povos e comunidades tradicionais.
problema. Ao contrário. Nesse contexto de
violência, o presidente Jair Bolsonaro san- Atualmente, assistimos a um rápido pro-
cionou em 17 de setembro de 2019, o pro- cesso de destruição das instituições civis e
jeto de Lei 3.715/19, que amplia a posse destituição, por completo, dos direitos fun-
de armas de fogo em propriedades rurais. damentais da população civil, em ações le-
A medida foi aprovada pela Câmara dos gitimadas por forças políticas que invisibi-
Deputados em 21 de agosto de 2019 e foi lizam as execuções realizadas em plena luz
sancionada sem vetos pelo presidente. An- do dia. A violência no campo indica a exis-
tes da aprovação do projeto, era permitida a tência de uma face da sociedade incapaz de
posse de armas de fogo apenas na sede da reconhecer direitos e negociar interesses,
propriedade rural. A nova regra compreende visto que nega o outro. Nenhum autoritaris-
toda a propriedade rural como extensão da mo se instala ou se mantém sem a cumpli-
residência ou domicílio do cidadão com por- cidade da maioria. É o que a história nos
te de arma, o que possibilita que capangas ensina19.
de fazendeiros possam transitar livremente
armados, inclusive em áreas griladas.
O aumento do número de assassinatos e da
A impunidade no campo deve ser analisada violência no campo se conecta, diretamen-
a partir das diversas articulações entre pú- te, com o discurso e ações realizadas pelo
blico e privado, e envolve uma multiplicida- governo Bolsonaro, que em plena abertura
de de agentes públicos e privados, eviden- da Assembleia Geral da ONU, em setembro
ciando relações sociais de dominação, com de 2019, afirmou que “o Brasil não vai au-
profundo comprometimento do Poder Judi- mentar para 20% sua área já demarcada
ciário17, em benefício dos interesses ligados como terra indígena”, que fez aprovar junto
à propriedade da terra.18 ao Congresso Nacional o Acordo de Salva-
17
De acordo com Joaquim Shiraishi Neto, para se compreender o processo de legitimação e consagração do Direito é neces-
sário apreender as relações que se estabelecem fora deste campo, mas que também se encontram submetidas a distintos
domínios de poder. O Direito também depende de outras instâncias que o determinam e condicionam, sendo que suas
transformações se relacionam aos conflitos entre os diversos agentes.
18
MEDEIROS, Leonilde Servolo de. Dimensões políticas da violência no campo, disponível em https://www.historia.uff.br/
tempo/artigos_livres/artg1-7.pdf
19
Eliane Brum, Os Cúmplices, disponível em https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-01-01/os-cumplices.html
179
guardas Tecnológicas para uso comercial da violência na era da globalização. Porto Alegre:
do Centro de Lançamento de Alcântara, Livraria do advogado, 2003, pp. 140-141.
que põe em risco mais de 190 comunida- CAVALCANTI, Klester. O Nome da Morte: a his-
des quilombolas maranhenses, que editou tória real de Júlio Santana, o homem que já ma-
a Medida Provisória 910/2019, que preten- tou 492 pessoas/ Klester Cavalcanti.- 2.ed.-São
de regularizar 600 mil imóveis situados, em Paulo: Planeta do Brasil, 2018, 232 p.
grande parte, na Amazônia e que promete BRUM, Eliane. Protejam Erasmo: ele pode ser
enviar ao Congresso Nacional projeto de lei assassinado a qualquer momento, disponível em
que autoriza o emprego da Garantia da Lei e https://brasil.elpais.com/opiniao/2019-12-20/
da Ordem (GLO) para reintegração de posse protejam-erasmo-ele-pode-ser-assassinado-a-
de propriedades rurais. -qualquer-momento.html
______________. Os Cúmplices, disponível em ht-
Nesse período, de exceção declarada e vivida, tps://brasil.elpais.com/opiniao/2020-01-01/
é fundamental nossa resistência para res- os-cumplices.html
gatar o presente das mãos dos déspotas19, GUIMARÃES, Ed Carlos de Sousa. A violência
da unidade entre campo e cidade, de pautar desnuda: justiça penal e pistolagem no Pará.
a Amazônia como centro do mundo, de de- 2010. 253 f. Tese (Doutorado) - Universidade
safiar os muros e as estruturas arruinadas Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências
que insistem em voltar e pautar, como ban- Humanas, Belém, 2010. Programa de Pós-Gra-
deira de esperança, a Solidariedade, o Bem duação em Ciências Sociais.
Viver, a defesa dos Direitos da Natureza e MEDEIROS, Leonilde Servolo de. Dimensões po-
dos Direitos Humanos, da Democracia e da líticas
Paz. Temos de usar todas as formas de re-
da violência no campo, disponível em https://
sistência conhecidas e inventar outras para www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/
vencer esse projeto de morte. artg1-7.pdf
MESQUITA, Benjamin Alvino de. O desenvolvi-
Não sejamos cúmplices!
mento desigual da agricultura: a dinâmica do
agronegócio e da agricultura familiar. São Luis,
Referências UFMA/CCSO, 2010.
SHIRAISHI NETO, Joaquim.O Campo Jurídico
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Rituais de
em Pierre Bourdieu: a produção de uma verda-
Passagem entre a chacina e o genocídio: confli-
de a partir da noção de propriedade privada nos
tos sociais na Amazônia, in Chacinas e massa-
manuais de Direito.
cres no campo/Maristela de Paula Andrade. V4,
São Luís: Mestrado em Políticas Públicas.-UF- Sociedade Maranhense de Direitos Humanos.
MA,1997. Revista Catirina. Disponível em https://smdh-
vida.files.wordpress.com/2014/12/catirina-
ANDRADE, Vera Regina Pereira de Andrade. Sis-
0dez2014.pdf
tema penal máximo X cidadania mínima: códigos
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Tabela 9 - Tentativas de Assassinato


Tabela 9 - Tentativas de Assassinatos

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria


Amazonas
Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 Não Informado A (a)Indígena
Não Informado
Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 (Adolescente 14 (a)Indígena
Jaminawa)
Não Informado (Criança
Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 0 (a)Indígena
Jaminawa)
Subtotal 3
Bahia
Formosa do Rio Camponês de fundo e
Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 31/01/2019 Jossinei Lopes Leite A
Preto fecho de pasto
Formosa do Rio
Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 31/01/2019 Adão Batista Gomes A Liderança
Preto
Formosa do Rio Camponês de fundo e
Com. Cachoeira/Condomínio Estrondo 17/08/2019 Fernando Ferreira Lima A
Preto fecho de pasto
Subtotal 3
Maranhão
Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Láercio Souza Silva
01/11/2019 A Liderança Indígena
Selvas Gavião e Guajá Guajajara
Jenipapo dos
T. I. Lagoa Comprida/Aldeias Leite/Decente 12/02/2019 Joãozinho Guajajara A Liderança Indígena
Vieiras
T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/Coquinho
Jenipapo dos
II/Ilha de São Pedro/Silvino/Mussun/Nova 07/12/2019 Neucy Cabral Vieira A (o)Indígena
Vieiras
Vitoriano
T. I. Cana Brava/Aldeias Coquinho/Coquinho
Jenipapo dos
II/Ilha de São Pedro/Silvino/Mussun/Nova 07/12/2019 Nico Alfredo A (o)Indígena
Vieiras
Vitoriano
Subtotal 4
Mato Grosso
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Milton José da Silva A Posseiro
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Moisés Ferreira A Posseiro
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Valmir Nunes Januário A Posseiro
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Antônio José Maia Silva A Posseiro
Manoel Ferreira
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 A Posseiro
Barbosa
Marcos Martins do
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 A Posseiro
Prado
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Nalbes Apolinário A Posseiro
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Tahik Bruno Oliveira A Posseiro
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 05/01/2019 Tiago Alves Lopes A Posseiro
Derisvaldo Ferreira de
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 19/02/2019 A Liderança
Sá, "Baiano"*
Subtotal 10
Mato Grosso do Sul
Retomadas Avae’te e Aratikuty/Imediações
Dourados 12/10/2019 Não Informado 21 (o)Indígena
das Aldeias Bororo e Jaguapiru
Dourados Acamp. Nhu Vera/Ñu Vera 05/11/2019 Não Informado A (o)Indígena
Subtotal 2
Pará
Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 Erinaldo Lopes A Quilombola
Altamira T.I. Ituna/Itatá 30/08/2019 Não Informado 2 Funcionário Público
Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Jesus e
Anapu 12/12/2019 Erasmo Alves Teófilo 31 Liderança
Berrante
Novo Progresso PDS Terra Nossa 31/01/2019 Antônio Marcos Lacerda A Liderança
Subtotal 5
Rio Grande do Norte
Alto do
Área do Estado/Acamp. Antônio Batista 01/08/2019 Não Informado A Sem - terra
Rodrigues
Subtotal 1
São Paulo
Riversul Fazenda Can-Can 20/05/2019 Não Informado A Liderança
181
Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria
Valinhos Faz. Eldorado/Acamp. Marielle Vive 18/07/2019 Carlos Filipe Tavares 59 Jornalista
Subtotal 2
Total 30
Foto: Andressa Zumpano

Governo Bolsonaro: o retrato da barbárie


contra os povos indígenas e a vida

Sônia Guajajara1
1. Introdução das de luta do movimento indígena.

Desde a posse de Jair Bolsonaro à presidên- O principal foco dos ataques são os terri-
cia da República, em janeiro de 2019, sofre- tórios tradicionais, seja para a exploração
mos uma intensa e grave ofensiva contra os de madeira, minério, expansão agrícola de
direitos dos povos indígenas no Brasil. Já fazendas, agronegócio ou especulação imo-
no primeiro dia do novo governo, vimos o biliária. Com isso a vida, de todo mundo que
discurso anti-indígena, que marcou a car- luta em defesa da Terra e do meio ambiente
reira política e a campanha de Bolsonaro, se está em risco. Por decisão política todos os
materializar em ataques aos povos indíge- processos de demarcações estão paralisa-
nas, a seus direitos e à política indigenista dos. O presidente afirmou que não demar-
do Estado brasileiro, construída em déca- caria nenhuma Terra Indígena (TI) em seu

1
Coordenação Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil-APIB
183
governo. Para começar a por em prática a é, dos representantes do agronegócio, sobre
sua decisão, transferiu a Fundação Nacio- o órgão indigenista. Em junho de 2019, por
nal do Índio (Funai) para o Ministério de pressão do setor, o General Franklinberg de
Direitos Humanos, da Mulher e da Família, Freitas foi exonerado do cargo de presiden-
e suas principais atribuições relacionadas te do órgão. Em entrevista, Freitas afirmou
com a demarcação de Terras Indígenas e o que sua exoneração teve influência direta
licenciamento ambiental para o Ministério do Secretário Especial de Assuntos Fundi-
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ários do MAPA, Nabhan Garcia, presidente
(MAPA). A decisão fez parte na reforma mi- licenciado da União Democrática Ruralista
nisterial, por meio da Medida Provisória n. (UDR), o qual, segundo o ex-presidente da
870/2019. O Congresso Nacional, por meio Funai, “saliva ódio aos indígenas”.
da Frente Parlamentar mista em defesa dos
direitos indígenas, alinhada com o movi- Diante disso, foi nomeado um antigo aliado
mento indígena e várias entidades de apoio, ruralista para presidir o órgão, o delegado
modificou-a em diversos pontos, inclusive da Polícia Federal Marcelo Augusto Xavier
conseguindo retornar para a Funai a atri- que, em 2017, atuou como assessor dos ru-
buição de demarcar os territórios indígenas. ralistas na Comissão Parlamentar de Inqué-
Contudo, o presidente publicou uma nova rito (CPI) da Funai e do Instituto Nacional
Medida Provisória, de número 886/2019, de Reforma Agrária (INCRA). A CPI foi uma
retomando a demarcação para o MAPA, con- iniciativa da bancada ruralista e indiciou lí-
trariando a decisão do Congresso Nacional deres comunitários, antropólogos, servido-
e incorrendo em uma inconstitucionalidade, res públicos, indigenistas e procuradores.
visto que é proibida a reedição de medida Em setembro, o Ministro da Justiça, Sérgio
provisória na mesma legislatura que tenha Moro, indicou a advogada Silmara Veiga de
sido rejeitada pelo poder legislativo. Souza, que atuou como advogada na con-
testação do procedimento administrativo da
Por força de decisão do Supremo Tribunal Funai de identificação e delimitação da Ter-
Federal (STF), a demarcação voltou para a ra Indígena Ka’aguy Hovy, do povo Guarani
Funai. Em decisão monocrática, o Ministro Mbya, localizada no município de Iguape, no
Luiz Roberto Barroso anulou a proposta, litoral sul de São Paulo, para ser a titular da
pois “medida provisória nenhuma pode ser Diretoria de Proteção Territorial do órgão.
reeditada, constitucionalmente, na mesma
sessão legislativa” (Art. 62 da CF) e porque, O cenário, portanto, é de grande influência
segundo a decisão do Ministro, atenta con- do agronegócio sobre o procedimento da de-
tra a separação dos poderes. Esta decisão foi marcação de Terras Indígenas, o que aponta
depois confirmada pelo Suprema Corte em para um período de estagnação dos proces-
sessão plenária. Por fim, o STF decidiu, por sos já em andamento, de rejeição a novas
unanimidade, que a demarcação de TIs deve demandas territoriais, e mesmo de tentati-
permanecer na Funai que, por sua vez, deve vas de reverter demarcações já concretiza-
ficar no Ministério da Justiça. Para além de das. Passado um ano de governo, nenhuma
um debate jurídico, as medidas legislativas Terra Indígena foi demarcada.
do governo demonstram uma intenção a
qualquer custo de impedir a demarcação de A atribuição da Funai de opinar sobre o li-
terras indígenas. cenciamento ambiental de obras que pos-
sam impactar direta ou indiretamente os
A Funai vem sendo aparelhada pelo go- territórios indígenas também está sob ata-
verno Bolsonaro, que busca por diferentes que no governo Bolsonaro. Para o presiden-
meios instaurar um domínio ruralista, isto te, tal prerrogativa da Funai, fundamental
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

para a defesa dos direitos e dos territórios ritário.


indígenas, é um “entrave ao desenvolvimen-
to” – que deve ser removido para a concre- Diante da acelerada inflexão nos direitos in-
tização de grandes empreendimentos, sem dígenas que presenciamos, chamo atenção
qualquer consideração pelos possíveis im- para os acontecimentos que delineiam um
pactos às populações indígenas. Em agosto, cenário de profundo agravamento das vio-
Bolsonaro criticou a atuação do órgão indi- lações.
genista em processos de licenciamento am-
biental, usando como exemplo uma obra de 2. Intensificação dos ataques aos povos e
construção de um terminal de contêineres Terras Indígenas
no Paraná: “Há anos o terminal de contêiner
do Paraná, se não me engano, não sai do Não temos dúvidas que o aumento dos ata-
papel porque precisa agora também de um ques e da violência contra os povos e terri-
laudo ambiental da Funai. O cara vai lá e se tórios está sendo estimulado pelo discurso
encontra, já que tá na moda, um cocozinho anti-indígena de Bolsonaro. As falas racis-
petrificado de índio, já era, não pode fazer tas do presidente e suas críticas públicas
mais nada ali”, afirmou. ao que classifica como “exagerada” exten-
são das Terras Indígenas e a defesa de sua
Ao mesmo tempo, no Congresso Nacional exploração econômica, têm estimulado in-
tramitam aceleradamente Projetos de Lei vasões e desmatamento por madeireiros,
que buscam flexibilizar o licenciamento am- garimpeiros e grileiros, que promovem lote-
biental, com a finalidade de expandir o dito amentos ilegais e práticas de esbulho pos-
desenvolvimento para os territórios tradicio- sessório, apostando, com o aval do governo,
nais, com isso abrindo-os para exploração que tais ações são fatos consumados.
agropecuária, minerária e energética, com
pouca ou, até mesmo, nenhuma participa- Segundo dados da Comissão Pastoral da
ção dos povos indígenas. Dentre os princi- Terra (CPT), ocorreram 244 conflitos no ano
pais projetos está a proposta de Lei Geral de 2019 em territórios indígenas, envolven-
de Licenciamento Ambiental (Projeto de Lei do a expulsão de famílias indígenas dos ter-
N.º 3.729/2004) que isenta de licenciamen- ritórios, tentativas ou ameaças de expulsão,
to os empreendimentos que afetarem terri- despejos ou ameaças de despejo, casas des-
tórios indígenas que estejam em processo truídas, roças destruídas, pertences destru-
de demarcação. O projeto aponta que são ídos, pistolagem e a invasão a territórios.
passíveis de licenciamento obras incidentes
apenas em Terras Indígenas homologadas, Entre os conflitos, destacam-se os casos: TIs
desconsiderando assim as que estão com Uru-Eu-Wau-Wau e Karipuna, em Rondô-
procedimento demarcatório em curso ou nia; Arariboia e Awa, no Maranhão; Arara e
apenas reivindicadas pelos povos indígenas. Trincheira-Bacajá, no Pará; Vale do Javari,
Pelo texto, 163 TIs em processo de demarca- no Amazonas; Marãiwatsédé, no Mato Gros-
ção deixariam de ser consideradas nos pro- so e Aldeia Ponte do Arado no Rio Grande do
cessos de licenciamento. Sul. Destaca-se, também, a TI Yanomami,
em Roraima, onde estima-se a presença de
A Funai, nas proposições do governo Bolso- cerca de 20 mil garimpeiros.
naro, deve se tornar, novamente, um ente
gestor dos interesses dos povos indígenas Criminalização, perseguição e ameaças de
no processo de implementação de empreen- morte contra lideranças indígenas têm se
dimentos, inclusive minerários, significan- intensificado consideravelmente. Vale deta-
do a volta da tutela e do indigenismo auto- lhar alguns dos casos aqui citados.
185
Em janeiro de 2019, lideranças da TI Uru- tel, na TI Cana Brava. Foram vítimas: Rai-
-Eu-Wau-Wau enviaram uma carta ao su- mundo Guajajara, da Aldeia Descendência
perintendente do Ibama no estado de Ron- Severino, da TI Lagoa Comprida, e Firmino
dônia na qual denunciaram a invasão de 40 Silvino Prexedes Guajajara, da Aldeia Silvi-
grileiros. Os invasores adentraram à região no da TI Cana Brava - mais dois ficaram fe-
da aldeia Linha 623 com o objetivo de gri- ridos. Pode-se afirmar que tais crimes este-
lar a terra indígena. Os Uru-Eu-Wau-Wau jam ligados ao aumento da escalada de ódio
expulsaram os invasores, porém o chefe da e intolerância. Para aumentar as estatísti-
invasão ameaçou que voltaria com mais 200 cas de crimes no Maranhão, no dia 13 de
invasores e, se os indígenas resistissem, eles dezembro, o jovem Erisvan Guajajara, de 15
matariam crianças para que sentissem dor. anos, da TI Araribóia foi encontrado morto
Em abril, uma nova invasão foi denuncia- com sinais de tortura. A certeza da impuni-
da pelas lideranças. À época, estimava-se a dade só aumenta essa violência brutal.
presença de mil grileiros dentro do territó-
rio. O caso da TI Karipuna é exemplar de como
as críticas de Bolsonaro, à extensão dos ter-
Em maio, lideranças Yanomami denuncia- ritórios indígenas e a intenção do governo de
ram a presença dos 20 mil garimpeiros na abrir essas áreas para exploração do agro-
TI Yanomami. Como relataram lideranças, negócio e minerária, têm estimulado a inva-
os garimpeiros estão espalhados por quatro são às TIs. Em agosto, o Ministério Público
rios da região, inclusive a de Auaris, onde Federal (MPF) denunciou nove pessoas e
estimava-se a presença de 7 mil deles - que duas empresas pelos crimes de organização
construíram uma vila com casas de madei- criminosa, estelionato, invasão de terras da
ra, balsas e pistas de pouso. Quatro rios da União, desmatamento sem autorização e la-
TI estão poluídos por mercúrio, e os casos vagem de dinheiro. Invasores flagrados den-
de malária têm aumentado na região. Em tro do território alegaram que havia boatos
audiências nos Ministérios da Justiça e da de que a terra seria regularizada, e que não
Defesa e na Funai, lideranças Yanomami era mais Terra Indígena. Os lotes estavam
pediram providências do governo Bolsona- sendo comercializados no valor de 9,5 mil
ro, mas até o momento nenhuma medida foi reais, além de uma taxa mensal paga à
tomada. Associação dos Produtores Rurais de Boa
Esperança (Asprube), do distrito de União
Em junho, a Associação Kanamary do Vale Bandeirantes, área próxima à TI. Um lau-
do Javari denunciou a presença de mais de do pericial da Polícia Federal (PF) descreve
10 dragas no rio Jutaí, dentro da TI Vale do – com apresentação de imagens dos locais,
Javari. Em agosto, os Xikrin denunciaram nas quais se identifica grandes áreas des-
a presença de 300 invasores na TI Trinchei- matadas – construções e outros elementos
ra-Bacajá, que ameaçaram os indígenas de que evidenciam a existência de loteamento
morte e provocaram queimadas no territó- da área para ocupação humana. Segundo
rio. No primeiro dia de novembro de 2019, esse laudo, existem desmatamentos da ve-
o guardião da floresta Paulo Paulino Guaja- getação nativa para a substituição da flores-
jara foi brutalmente assassinado e Laércio ta por áreas destinadas à agropecuária.
Guajajara foi baleado dentro de seu terri-
tório, a TI Araribóia, no município de Ama- Outros ataques a territórios e lideranças
rante do Maranhão. Passados 35 dias, logo indígenas foram notificados desde o início
no início de dezembro, foram assassinados do governo Jair Bolsonaro. Um dia após as
mais dois indígenas do povo Guajajara na eleições, em outubro de 2018, uma escola
BR 226 entre as Aldeias Boa Vista e El Be- e um posto de saúde da aldeia Bem Querer
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

de Baixo, do povo Pankararu, no Pernam- 3. Violação do direito à consulta livre,


buco, foram incendiados. Meses antes do prévia, informada e de boa-fé
ataque, a Justiça Federal iniciou processo
de retirada de posseiros no território indíge- O governo considera irrelevante a imple-
na; em dezembro daquele ano, uma base da mentação do direito à consulta prévia, livre
Funai de proteção aos índios isolados, na TI e informada no país, apesar da ratificação
Vale do Javari, foi atacada a tiros, o que se da Convenção 169 da Organização Interna-
repetiu em julho de 2019. Em setembro, o cional do Trabalho (OIT), pelo Estado brasi-
indigenista Maxciel dos Santos, que atuava leiro, por meio do Decreto n. 5.051/2004 e
há mais de uma década na Funai, na fisca- dos protocolos autônomos de consulta ela-
lização da TI Vale do Javari, especializado borados pelos povos indígenas. A Conven-
na proteção aos povos indígenas em isola- ção 169 determina esse procedimento para
mento voluntário na região, foi assassinado medidas administrativas e legislativas que
por um pistoleiro na cidade de Tabatinga. possam afetar os povos indígenas e seus ter-
No dia 3 de fevereiro, a aldeia guarani mbya ritórios. Diversas obras e empreendimentos
Ka’aguy Hovy Porã, em Maricá, no Rio de são planejadas e executadas sem a obser-
Janeiro, foi vítima de um incêndio crimino- vância deste direito. No Congresso Nacional,
so. Em 10 de fevereiro noticiou-se que a li- inúmeras proposições de leis são discutidas
derança indígena Rosivaldo Ferreira da Sil- sem consulta aos povos atingidos.
va, o cacique Babau, do povo Tupinambá,
da Bahia, pediu proteção ao Governo Esta- Nem mesmo os protocolos de consulta au-
dual e ao MPF após ter recebido informa- tônomos elaborados pelos povos indígenas,
ções sobre um plano para assassiná-lo e a que já somam 11 em todo país, têm sido
membros de sua família. As violências e as- respeitados, como no caso do povo Waimi-
sassinatos seriam motivados pelo interesse ri Atroari. Apesar de terem elaborado e pu-
de fazendeiros locais em reaver as terras da blicado um protocolo de consulta próprio,
TI Tupinambá de Olivença, ainda em pro- o governo busca meios para se esquivar da
cesso de demarcação. Babau e outras 52 li- obrigação de consultá-los sobre o projeto de
deranças indígenas da Bahia são assistidas construção de linha de transmissão de ener-
atualmente por um programa de proteção, gia que vai ligar Manaus (AM) a Boa Vista
por estarem sob diversos tipos de ameaças, (RR), a qual atravessaria 125 quilômetros
inclusive de morte. da TI. O projeto prevê a construção de 250
torres de transmissão com uma base de 50
por 50 metros, além do trânsito permanente
A intensificação da luta pelo território tra- de um grande número de pessoas para fazer
dicional tem desencadeado ameaças e a a manutenção, implicando desmatamento,
criminalização das lideranças, assim como aumento da violência e restrições à autono-
violências simbólicas contra as comunida- mia do povo indígena sobre o seu território,
des através do racismo e do preconceito. A inclusive dificultando o controle sobre o in-
não-conclusão dos procedimentos de de- gresso de terceiros. Em fevereiro de 2019, o
marcação contribui de forma decisiva para Conselho de Defesa Nacional (CDN), órgão
a violência contra a pessoa. No ano de 2019 de consulta do presidente da República para
foram registrados 46 casos envolvendo 131 assuntos relacionados à soberania nacional
vítimas casos de violência contra indígenas, e à defesa do Estado democrático, caracteri-
dos quais 40 ameaças de morte, 13 agres- zou a construção da linha de energia como
sões, 12 ferimentos, 9 tentativas de assas- “Alternativa Energética Estratégica para so-
sinato, 9 assassinatos e 16 intimidações, de berania e Defesa Nacional”, o que permitiria
acordo com os dados da CPT. ao governo dar andamento às obras sem o
187
consentimento dos Waimiri Atroari. Devi- Saúde dos Povos Indígenas e todo o proces-
do à falta de consulta, o Ministério Publi- so de gestão do Subsistema de Atenção à
co Federal (MPF) do Amazonas entrou com Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único
duas ações pedindo a nulidade do leilão e de Saúde (SUS), enquanto responsabilida-
da licença prévia expedida pelo Ibama. Nas de do governo federal, vêm sofrendo graves
duas ações, o MPF sustenta que o leilão da ataques e retrocessos. Dentre estes, a redu-
linha de transmissão contém uma nulidade ção de orçamento, a reestruturação do pro-
insanável, que consiste na definição de um grama Mais Médicos (que gerou uma perda
traçado do empreendimento sem a consulta de 81% do quadro de médicos que atuavam
livre, prévia e informada do povo Waimiri- nos Distritos Sanitários Especiais Indíge-
-Atroari. Essa definição administrativa da nas) e a tentativa de extinção da SESAI e
localização do empreendimento, conforme consequentemente do SasiSUS, por meio da
defende o órgão, já deveria ter levado em municipalização ou estadualização dos ser-
conta o processo de consulta, já que se trata viços de atendimento aos povos e comunida-
de etapa obrigatória na decisão do Estado. des. No período de 8 a 27 de março de 2019,
As ações foram vitoriosas no julgamento em os povos indígenas realizaram uma grande
primeira instância, mas o governo federal mobilização nacional e conseguiram rever-
recorreu, levando as ações a um novo jul- ter a intenção de municipalização porém,
gamento. foram assinados pelo presidente dois novos
decretos que voltaram a fragilizar a saúde
As medidas citadas anteriormente referen- indígena. O decreto n. 9.975 de 17 de maio
tes à Funai, também foram tomadas sem de 2019, reestruturou os órgãos internos e
qualquer consulta aos povos indígenas e competências do Ministério da Saúde e eli-
à revelia das manifestações de repúdio da minou o Departamento de Gestão da SESAI,
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil que fornecia uma maior autonomia ao Sub-
(APIB). As diversas manifestações de lide- sistema. Já o segundo decreto, n. 9.759 de
ranças indígenas contrárias às medidas, 11 de abril de 2019, extinguiu vários conse-
não dissuadiram o presidente de suas de- lhos da sociedade civil – criados a partir de
cisões, que foram barradas pelo Congresso decretos e outras normas infralegais.
Nacional e pelo STF.
Para piorar a situação, o governo Bolsonaro
Por fim, Bolsonaro também pretende regu- publicou, em 1º de agosto de 2019, a Me-
lamentar a mineração e o garimpo em TIs dida Provisória n. 890, na qual “Institui o
e, mais uma vez, sem qualquer evidência Programa Médicos pelo Brasil, no âmbito da
de que haverá consulta aos povos indíge- atenção primária à saúde no Sistema Único
nas. No âmbito do poder legislativo, vários de Saúde, e autoriza o Poder Executivo Fe-
projetos de lei e de propostas de emendas deral a instituir serviço social autônomo de-
constitucionais que versam sobre direitos nominado Agência para o Desenvolvimento
dos povos indígenas e comunidades tradi- da Atenção Primária à Saúde (ADAPS)”.
cionais tramitam no Congresso Nacional,
sem nenhum tipo de processo de consulta a As mudanças propostas impactam os servi-
exemplo do Projeto de Lei 490/2020. ços oferecidos pelo SUS e o subsistema de
saúde indígena. Os povos indígenas e suas
4. Ataques à saúde indígena instâncias representativas, mais uma vez,
não foram consultados, conforme estabele-
A Secretaria Especial de Saúde Indígena ce a Convenção 169 da OIT. Nem mesmo o
(SESAI), responsável por coordenar e execu- Conselho Nacional de Saúde foi ouvido. Na
tar a Política Nacional de Atenção Básica à composição do Conselho da ADAPS, está
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prevista a participação de entidades priva- ção civil, espaços fundamentais para a par-
das, mas não dos povos indígenas. ticipação social na formulação e no moni-
toramento das políticas públicas nacionais.
O governo cria o Programa Médicos pelo Com este decreto, foram afetados a Comis-
Brasil, em substituição do Programa Mais são Nacional de Educação Escolar Indíge-
Médicos, mas na verdade, a intenção de na e o Fórum de Presidentes dos Conselhos
fundo é criar a ADAPS, uma justificativa Distritais de Saúde Indígena (FPCondisi),
para abrir a atenção primária como merca- evidenciando a indisposição do governo Bol-
do para o setor privado. E o mais grave, é sonaro em dialogar com os povos indígenas.
que o governo já cogita a possibilidade de
contratar empresas para cuidar da saúde Extinguiu-se, também, o Conselho Nacio-
indígena. Essas mudanças vão revelando o nal de Segurança Alimentar (CONSEA) e, no
caráter antidemocrático e anti-indígena. No mês de setembro, interviu no Conselho Na-
velado propósito de colocar índios contra cional de Direito Humanos (CNDH), interdi-
índios, o governo Bolsonaro tem nomeado tando a sua página virtual e exonerando a
indígenas sem conexão com o movimento e, secretária executiva do órgão.
em muitos casos, aliados às causas que vio-
lam direitos dos povos indígenas, além de O posicionamento do presidente acerca das
não demonstrar nenhuma experiência na Organizações Não Governamentais (ONGs)
área da gestão pública, muito menos dos é outro aspecto que ressalta sua postura
órgãos responsáveis pela execução das po- contrária à atuação da sociedade civil. Em
líticas indígenas. Enquanto isso, a gestão e diferentes ocasiões, Bolsonaro afirmou que
o atendimento que já era precário, em mui- as ONGs indigenistas são obstáculos para o
tos casos, na ponta, agravou-se, sobretudo plano do governo de integrar estes povos à
a partir do fim do Programa Mais Médicos, sociedade brasileira, já que manipulariam e
da fragilização do controle social, dos atra- explorariam os índios, levando-os a reivindi-
sos no pagamento de salário, da carência de carem terras e o direito à autodeterminação.
recursos e remédios, da não realização de Para o presidente, as políticas indigenistas
exames e a falta de remoção de doentes para e socioambientais dos governos anteriores
os centros de referência. alimentariam uma “indústria da demarca-
ção”, responsável pelo “atraso” de algumas
Tudo indica que continua o propósito de regiões do país resultante do excesso de ter-
acabar com o subsistema e com a SESAI por ritórios indígenas demarcados.
inanição. Certamente para justificar, mais
uma vez, o propósito da municipalização, Em agosto, Bolsonaro acusou ONGs que
que reiteradas vezes, foi recusada pelo mo- atuam na Amazônia de terem provocado as
vimento indígena. graves queimadas que assolaram a floresta,
para “chamar a atenção contra o governo”
5. Fim da participação social em colegia- e como reação à perspectiva de finalização
dos e conselhos e perseguição às ONGs do Fundo Amazônia. Os fatos, no entanto,
demonstraram que grupos criminosos, em-
Sob o pretexto de enxugar a máquina pública presários, madeireiros e garimpeiros que
e reduzir custos, em abril Bolsonaro deter- compõem a base eleitoral do governo, auto-
minou, por meio do decreto n. 9.759/2019, rizados pelo discurso do presidente, partici-
a extinção de todos os colegiados ligados à param dessas ações ecocidas. O presidente,
administração pública federal, criados por ainda durante a campanha, já havia decla-
decreto ou ato normativo inferior, atingindo rado que acabaria com toda forma de ativis-
conselhos e comitês em que há participa- mo no Brasil.
189
6. Conclusão a Constituição Federal de 1988, os direitos
territoriais estão formalmente reconhecidos
O conjunto dessas violações impacta nos como direitos originários, assim como o di-
direitos e na vida dos povos indígenas au- reito à organização social, aos costumes e
mentando os conflitos, as violências e as tradições, bem como o usufruto exclusivo
práticas de racismo, resultando em verda- do solo, dos rios e dos lagos neles existen-
deiro genocídio, etnocídio e ecocídio contra tes.
os povos indígenas. Essas práticas não são
conjunturais, fazem parte de uma estrutura
Entretanto, o reconhecimento constitucio-
do Estado Brasileiro e são legitimadas pelo
nal dos direitos dos povos indígenas não
atual governo, que tem se omitido em de-
implicou a sua efetivação e nem o fim das
marcar as Terras Indígenas e também pro-
invasões aos seus territórios, recursos na-
duzido a impunidade dos crimes praticados
turais e do preconceito. Em geral, somen-
contra os povos indígenas.
te mediante resistência foram assegurados.
Desde a colonização até os dias atuais, os Portanto, mesmo com a proteção constitu-
povos indígenas do Brasil resistem. Nossos cional e de normas internacionais, há uma
territórios tradicionais são constantemente reprodução das práticas e concepções colo-
ameaçados e invadidos, colocando a nossa niais que buscam extinguir física e/ou sim-
existência física e cultural em risco. Desde bolicamente os povos indígenas.
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Tabela 10 - Ameaças de Morte


Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria
Acre
T. I. Katukina/Kaxinawa/Aldeias Paredão/ Liderança
Feijó 20/02/2019 Ninawá Huni Kui 40
Paroá/Pupunha/Belo Monte Indígena
Rio Branco Seringal São Bernardo 29/01/2019 Não Informado 5 Seringueiro
Rio Branco Seringal São Bernardo 29/01/2019 Raimundo Nonato A Seringueiro
Rio Branco Seringal São Bernardo 06/08/2019 Maurir de Souza 24 Seringueiro
Rio Branco Seringal São Bernardo 06/08/2019 Francivaldo Santos 25 Seringueiro
Rio Branco Seringal São Bernardo 16/08/2019 Antônia Valéria A Seringueira
Rio Branco Seringal São Bernardo 30/08/2019 Damiana A Seringueira
Rio Branco Seringal São Bernardo 30/08/2019 Rosimeire A Seringueira
Rio Branco Seringal São Bernardo 10/09/2019 Francildo A Seringueiro
Rio Branco, Boca do
Faz. Palotina/Seringal Novo Natal 04/12/2019 Não Informado 17 Posseiro
Acre
Subtotal 30
Amapá
Ferreira Gomes Igarapé do Palha/Amcel 30/05/2019 Não Informado A Posseira
Pedra Branca do
T. I. Waiãpi/Aldeia Mariry 30/07/2019 Não Informado (Jovem) A (o)Indígena
Amapari
Subtotal 2
Amazonas
Anderson da Encarnação
Autazes T. I. Patauá 30/06/2019 31 (o)Indígena
Moreno
Euvileno Machado da
Autazes T. I. Patauá 05/08/2019 21 (o)Indígena
Silva
Autazes T. I. Murutinga/Tracajá/Aldeia Terra Preta 09/08/2019 Adailton Batista A (o)Indígena
Autazes T. I. Murutinga/Tracajá/Aldeia Terra Preta 09/08/2019 Arailton Pinheiro A (o)Indígena
Cacique José Correia Liderança
Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 A
Jaminawa Indígena
Liderança
Boca do Acre T. I. Jaminawa do Caiapucá/Aldeia Samaúma 17/02/2019 Martim Cantu Jaminawa A
Indígena
Careiro T. I. Lago do Piranha 15/08/2019 Indígenas Mura 2 (o)Indígena
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Elias Brum A Posseiro
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Pedro Maciel A Posseiro
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Nelson de Andrade A Posseiro
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Isaque Andrade A Posseiro
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Enedir A Posseiro
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Samuel de Andrade A Posseiro
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Samuel Gonçalves A Posseiro
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Renilda A Posseira
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Irene A Posseira
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Íngride Andrade A Posseira
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Iran Zacarias A Posseiro
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Denis+ 38 Posseiro
Lábrea Seringal São Domingos 30/03/2019 Antônio Tavares A Posseiro
Carlos Alberto Oliveira de Liderança
Manaus Cemitério dos Índios 03/08/2019 44
Souza, "Mackpak" + Indígena
Subtotal 22
Bahia
Boa Vista do Tupim Faz. Santa Fé/Itapiroca/Acamp. Mãe Terra 23/02/2019 Não Informado A Sem - terra
Mariléia Aparecida dos Presidente de
Brotas de Macaúbas Comunidade Mangabeira 30/01/2019 A
Passos STR
Eunice Francisca de
Brotas de Macaúbas Comunidade Mangabeira 30/01/2019 A Liderança
Araújo
Maristélia Aparecida dos Dirigente
Brotas de Macaúbas Comunidade Mangabeira 30/01/2019 A
Passos sindical
Rosivaldo Ferreira da Liderança
Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 44
Silva, "Cacique Babau" Indígena
Liderança
Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 José Aécio, "Tete" A
Indígena
191
Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria
Givaldo Ferreira da Silva, Liderança
Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 A
"Gil" Indígena
Liderança
Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 Jurandir A
Indígena
Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 Stéfani 18 (a)Indígena
Buerarema Serra do Padeiro/Povo Tupinambá 08/02/2019 Jéssica A (a)Indígena
Antônio Santos, "Pai
Cachoeira Terreiro Icimimó/Terra Vermelha 28/02/2019 A Liderança
Duda"
Campo Alegre de
8 Comunidades de Angico dos Dias 10/10/2019 Edinei Dias Soares A Liderança
Lourdes
Ana Lúcia dos Santos Liderança
Lauro de Freitas Com. Quilombola Quingoma 28/07/2019 A
Silva, "Donana" Quilombola
Muquém de São Manoel Cláudio Moreira Liderança
Com. Quilombola Fazenda Grande 21/03/2019 A
Francisco Araújo, "Du Galego" Quilombola
Muquém de São
Com. Quilombola Fazenda Grande 21/03/2019 Maria Fernandes Pinto A Quilombola
Francisco
T. I. Cahy-Pequi/Comexatiba/Aldeia Cahy/
Prado 30/09/2019 Não Informado A (a)Indígena
Mexatibá/Cumuruxatiba
Ribeirão do Largo Fazenda Guarani 15/10/2019 Mangtxay Pataxó A (a)Indígena
Subtotal 17
Ceará
Santana do Acaraú Faz. Canafístula/Acamp. 17 de Abril 11/08/2019 Não Informado 2 Liderança
Subtotal 2
Maranhão
Amarante do José Soares dos Santos,
Comunidade Belo Monte 3 15/05/2019 A Liderança
Maranhão "Zé Filho"
Bacabeira Pov. Santa Quitéria e Pequi 30/09/2019 Zé do Pequi A Posseiro
Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Liderança
30/09/2019 Paulo Paulino Guajajara+ 26
Selvas Gavião e Guajá Indígena
Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Láercio Souza Silva Liderança
30/09/2019 A
Selvas Gavião e Guajá Guajajara Indígena
Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Liderança
30/09/2019 Auro Guajajara A
Selvas Gavião e Guajá Indígena
Bom Jesus das T. I. Arariboia/92 Aldeias/Etnias Guajajara, Liderança
30/09/2019 Olímpio Guajajara A
Selvas Gavião e Guajá Indígena
Raimundo Nonato Liderança
Brejo Quilombo Alto Bonito 25/10/2019 57
Gomes, "Seu Tereza" Quilombola
Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Raimundo Nonato
03/05/2019 52 Liderança
Negra São José/Data Alegre Rodrigues Filho***
Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Conceição da Silva
03/05/2019 45 Liderança
Negra São José/Data Alegre Ramos, "Concita"**
Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl.
29/06/2019 Irisnete da Conceição 48 Posseira
Negra São José/Data Alegre
Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Valdivino Pereira da
29/06/2019 41 Posseiro
Negra São José/Data Alegre Conceição
Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Manoel da Conceição
01/11/2019 A Posseiro
Negra São José/Data Alegre Ramos, "Neis"
Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Helena Ribeiro dos
01/11/2019 43 Posseira
Negra São José/Data Alegre Santos
Formosa da Serra Pov. Bem Feito/Faz. Chapada do Bacuri/Gl. Ricardo da Conceição
28/10/2019 60 Posseiro
Negra São José/Data Alegre Santos
Raimundo Bernadinho
Junco do Maranhão Com. Vilela/Gleba Campina 16/09/2019 A Posseiro
Milanês Castro
Com. Quilombola Salgado/Território Aldeia José da Cruz Conceição Liderança
Pirapemas 31/07/2019 59
Velha/11 Comunidades Monteiro* Quilombola
Com. Quilombola Salgado/Território Aldeia Artur Monteiro da Cruz
Pirapemas 31/07/2019 M Quilombola
Velha/11 Comunidades (Criança)
São Luís Gonzaga Cleudivan Ferreira,
Quilombo Monte Alegre 15/08/2019 A Quilombola
do Maranhão "Cleud"
Raimundo Nonato
São Luís Gonzaga
Quilombo Monte Alegre 24/07/2019 Carneiro Brandão, 50 Quilombola
do Maranhão
"Dadinho"
São Luís Gonzaga Marcione Ribeiro dos
Quilombo Monte Alegre 27/08/2019 A Aliado
do Maranhão Santos
São Luís Gonzaga
Quilombo Monte Alegre 27/08/2019 Kleidianny Ferreira Sousa A Quilombola
do Maranhão
São Luís Gonzaga Stela Maria Ferreira de
Quilombo Monte Alegre 27/08/2019 M Quilombola
do Maranhão Sousa (criança)
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria


Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/
Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 13/08/2019 Egino Santos de Brito 66 Posseiro
do Boi
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/
Raimunda Pereira Araújo
Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 13/08/2019 A Posseira
de Brito
do Boi
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/
Antônio Domingues
Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 44 Posseiro
Fernandes
do Boi
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/
Francisco das Chagas dos
Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 53 Posseiro
Santos
do Boi
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/
Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 Misaías Saraiva Alves 38 Posseiro
do Boi
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/
Domingos Siqueira da
Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 60 Posseiro
Silva
do Boi
Faz. São Raimundo/Pov. Santa Maria/Jaqueira/
José Francisco Pereira da
Timbiras Cavalo Morto/São Carlos/São Lourenço/Poço 15/08/2019 47 Posseiro
Silva
do Boi
Subtotal 29
Mato Grosso
Aripuanã Resex Guariba-Roosevelt 31/03/2019 Ailton Pereira dos Santos A Liderança
Raimundo Rodrigues dos
Aripuanã Resex Guariba-Roosevelt 31/03/2019 A Liderança
Santos
Derisvaldo Ferreira de Sá,
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 19/02/2019 A Liderança
"Baiano"*
Colniza Faz. Bauru/Magali/Acamp. Gleba União 12/01/2019 Valmir Nunes Januário 42 Posseiro
Área da Cooper-Roosevelt/P. A Taquaruçu do
Colniza 04/09/2019 Não Informado A Posseiro
Norte
Área da Cooper-Roosevelt/P. A Taquaruçu do
Colniza 09/09/2019 Não Informado A Posseiro
Norte
Cotriguaçu P. A. Juruena 30/06/2019 Sr. Gilberto+ A Liderança
Cotriguaçu P. A. Juruena 08/08/2019 Alvina Lopes Costa Filha A Liderança
Nossa Senhora do Sônia Beatriz Monteiro
Com. de Brejal e outras/VM Mineração 14/10/2019 A Liderança
Livramento Maciel
Faz. Araúna/Acamp. Boa Esperança/Gl.
Novo Mundo 31/10/2019 José Reis A Liderança
Nhandu
Faz. Araúna/Acamp. Boa Esperança/Gl.
Novo Mundo 31/10/2019 Não Informado 4 Sem - terra
Nhandu
Subtotal 14
Mato Grosso do Sul
Liderança
Caarapó T. I. Guyraroká 06/03/2019 Tito Vilhalva A
Indígena
Caarapó T. I. Guyraroká 12/08/2019 Erileide Domingues A (a)Indígena
Dois Irmãos do
Acamp. às Margens da BR-262 30/04/2019 Priscila Gonçalves A Sem - terra
Buriti
Dois Irmãos do
Acamp. às Margens da BR-262 30/04/2019 Não Informado A Sem - terra
Buriti
Subtotal 4
Minas Gerais
Sítio no Distrito Córrego do Feijão/Mineração Pequena
Brumadinho 01/02/2019 Rejane Moraes 73
Ibireté Ltda proprietária
Sítio no Distrito Córrego do Feijão/Mineração Pequeno
Brumadinho 01/02/2019 Ricardo Moraes 73
Ibireté Ltda proprietário
Área de Valderce e Francisco/GAR Mineração Pequena
Romaria 30/06/2019 Valderce A
Com. Exp. Imp. S.A. proprietária
Área de Valderce e Francisco/GAR Mineração Pequeno
Romaria 30/06/2019 Francisco A
Com. Exp. Imp. S.A. arrendatário
Subtotal 4
Pará
Laelson Siqueira de Liderança
Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 A
Souza* Quilombola
Não Informado (Irmão do
Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 A Quilombola
Nazildo)
Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 Erinaldo Lopes A Quilombola
Acará Com. Quil. Alto Acará/Biovale 31/01/2019 Ruth Amaral de Brito A Quilombola
Altamira Gleba Gorotire/Big Vale 23/10/2019 Silvanira A Liderança
193
Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria
Gl. Bacajá/P. A. Pilão Poente II/Lote-69-71-73/
Anapu 07/08/2019 D. O. 58 Liderança
Mata Preta
Anapu Gl. Bacajá/Lt. 68/Mata Preta 10/11/2019 Não Informado 3 Liderança
Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 09/12/2019 Romildo (nome fictício) A Liderança
Anapu Gl. Bacajá/Lote 44/Faz. Sta. Maria 31/07/2019 Paulo Anacleto+ 51 Aliado
Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Jesus e
Anapu 12/12/2019 Erasmo Alves Teófilo 31 Liderança
Berrante
Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Jesus e
Anapu 08/12/2019 Gilberto Marques A Professor
Berrante
Gl. Bacajá/Lotes 96 e 97/Fazs. Bom Jesus e
Anapu 08/12/2019 Anderson Serra A Professor
Berrante
Liderança
Jacareacanga T. I. Munduruku/UHE Tapajós/PAC 14/10/2019 Maria Leuza Munduruku A
Indígena
Marabá P. A. Diamante 24/08/2019 Não Informado 2 Ribeirinha
Marabá P. A. Diamante 24/08/2019 Não Informado A Ribeirinha
Marabá P. A. Diamante 24/08/2019 Não Informado 2 Criança
Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe Claudeci Ribeiro dos
Nova Ipixuna 31/10/2019 A Outros
Bem/Mamona Santos
Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe Raimunda Silva dos
Nova Ipixuna 31/10/2019 A Outros
Bem/Mamona Santos
Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe Claudenor Ribeiro dos
Nova Ipixuna 31/10/2019 A Outros
Bem/Mamona Santos
Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe Claudelice Silva dos
Nova Ipixuna 31/10/2019 37 Extrativista
Bem/Mamona Santos
Assent. Praia Alta Piranheira/Cupu/Passe
Nova Ipixuna 31/10/2019 Claudina Santos A Outros
Bem/Mamona
Maria Márcia Elpídia de
Novo Progresso PDS Terra Nossa 28/02/2019 A Liderança
Melo*
Novo Progresso PDS Terra Nossa 30/04/2019 Não Informado SI Assentado
Novo Progresso PDS Terra Nossa 31/01/2019 Antônio Marcos Lacerda A Liderança
Joel Vieira Santos,
Novo Repartimento Faz. Murici/Rancho do Leite 16/03/2019 46 Trab. Rural
"Macarrão"
Liderança
Paragominas T.I. Alto Rio Guamá/Tembé 31/05/2019 Não Informado 2
Indígena
Rurópolis PAC Araipacupu 26/03/2019 Não Informado 3 Liderança
Rurópolis PAC Araipacupu 19/12/2019 Valdenir Ferreira A Liderança
T. I. Trincheira-Bacajá/Índios Xikrin/UHE Belo Liderança
São Félix do Xingu 25/08/2019 Bekoro A
Monte/Mineradora Belo Sun/PAC Indígena
Osvalinda Maria
Trairão P. A. Areia II/Com. São Mateus 12/04/2019 A Liderança
Marcelina Alves Pereira*
Trairão P. A. Areia II/Com. São Mateus 12/04/2019 Daniel Alves Pereira* A Assentado
Trairão P. A. Areia II/Com. São Mateus 12/04/2019 Antônio de Paula Silva* A Assentado
Subtotal 39
Paraná
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu
Guaíra 18/11/2019 Gilberto Kunomi Reko A (o)Indígena
Guavirá/Itaipu
T. I. Guarani Mbya/Tekohá Jevy/Guasu
Guaíra 18/11/2019 Wilfrido Benitez Espindola A (o)Indígena
Guavirá/Itaipu
Pinhão Faxinal Bom Retiro 27/07/2019 Família Ferreira Siva ** Faxinalense
Subtotal 3
Pernambuco
Cabo de Santo Eng. Ilha/Complexo Suape/Vazamento de Vera Lúcia Domingos de
31/12/2019 A Liderança
Agostinho Óleo Melo
Com. Jatobá/Transposição do Rio são
Cabrobó 03/12/2019 Joana Angélica A Liderança
Francisco
Garanhuns Quilombo Castainho 17/09/2019 José Carlos Lopes 63 Liderança
Maria Nazareth dos
Sirinhaém Com. Pesqueiras/Rio Sirinhahém/Us. Trapiche 04/09/2019 A Pescador
Santos
Subtotal 4
Piauí
Baixa Grande do
Comunidade Morro d' Água 10/01/2019 Adaildo Alves A Liderança
Ribeiro
Baixa Grande do
Comunidade Morro d' Água 10/01/2019 Etelvina Alves A Sem - terra
Ribeiro
Baixa Grande do
Comunidade Morro d' Água 10/01/2019 Adileuda Alves A Sem - terra
Ribeiro
Esperantina Assentamento Data Coité/Vila Esperança 12/04/2019 Helena Gomes da Silva A Liderança
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Municípios Nome do Conflito Data Nome da Vítima Vítimas Idade Categoria


Santa Filomena Comunidade Morro d' Água 07/02/2019 Mark Isan 30 Liderança
Santa Filomena Comunidade Morro d' Água 07/02/2019 Rogerio Pereira de Sousa 28 Liderança
Subtotal 6
Rondônia
Cacique Almir Liderança
Cacoal T. I. Sete de Setembro 27/02/2019 46
Narayamoga Suruí Indígena
Agrop. Rio Candeias/Faz. Urupá/Assent. Flor
Candeias do Jamari 24/01/2019 Amado Pedro da Silva 66 Liderança
do Amazonas/Acamp. Boa Sorte
Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 Valmir Furtado Dantas 79 Liderança
Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 Luizão A Posseiro
Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 Acreano A Posseiro
Guajará-Mirim Ramal do Bom Sossego/Km 22 06/12/2019 Edvaldo A Posseiro
Liderança
Jaru T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 10/12/2019 Awapu*** A
Indígena
Liderança
Jaru T. I. Uru-Eu-Wau-Wau 10/12/2019 Juwi A
Indígena
Acamp. Nova Esperança/Boa Esperança/
Porto Velho Título Definitivo São Sebastião/Flona Bom 09/01/2019 Delson Pinto de Souza 46 Posseiro
Futuro
Nova Mutum e Jaci Paraná/UHE Jirau e Santo
Porto Velho 04/04/2019 Ana Flávia do Nascimento 46 Liderança
Antônio
Liderança
Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Batiti Karipuna A
Indígena
Liderança
Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Aripã Karipuna 72
Indígena
Liderança
Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Eric Karipuna A
Indígena
Liderança
Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Adriano Karipuna A
Indígena
Liderança
Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 André Karipuna A
Indígena
Porto Velho Área do Militão/Setor Chacareiro 22/02/2019 Gabriela Ortiz Camargo 46 Liderança
Acamp. Dois Irmãos/Dois Amigos/Faz. do Marcos Carvalho de
Porto Velho 31/12/2019 31 Liderança
Bispo/Linha 29 C Araújo
Porto Velho T. I. Karipuna 10/10/2019 Povo Karipuna A (o)Indígena
Subtotal 18
Roraima
Dário Vitório Kopenawa Liderança
Mucajaí T. I. Yanomami/Apiauí/Papiu/Yawaripé 29/05/2019 A
Yanomami Indígena
Subtotal 1
São Paulo
Ubatuba Com. Caiçara de Ubatumirim 31/08/2019 Não Informado A Caiçara
Ubatuba Com. Caiçara de Ubatumirim 09/10/2019 Vereador Junior JR A Político
Subtotal 2
Tocantins
Araguaína Faz. Volta Grande/Assent. Manoel Alves Bié 11/11/2019 Vágner A Liderança
Araguaína Faz. Volta Grande/Assent. Manoel Alves Bié 11/11/2019 Sirlei A Assentado
Araguaína Faz. Volta Grande/Assent. Manoel Alves Bié 11/11/2019 Márcio A Assentado
Nova Olinda Faz. Santa Maria/Gleba Anajá/Pombas 04/10/2019 Paulo Cardoso Cavalcante A Sem - terra
Subtotal 4
Total 201
Foto: Andressa Zumpano

Manifestações
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

O Parlamento e o Executivo na luta contra


a reforma agrária e a preservação
da natureza

Marco Antonio Mitidiero Junior1


Lucas Araújo Martins2
Brenna da Conceição Moizés3
Completado um ano do chamado “Governo de leis nocivas aos homens e mulheres do
Bolsonaro”, uma pauta política de retroces- campo e à natureza caem como cascata das
sos é a marca d´água da atual administração duas casas legislativas e vem imprimindo
federal. Na verdade, é uma pauta absoluta uma paisagem perversa e medieval para a
de retrocessos e destruição que deveria fazer produção de leis nesse país; a análise dessa
qualquer pessimista ou qualquer otimista conjuntura é o objetivo do presente texto.
assombrar-se. Nada de bom à coletividade
aconteceu nesse primeiro ano de governo, Parlamento e Executivo na contramão da
muito pelo contrário. Nem o mais pessimis- justiça social
ta militante político de esquerda, muito me-
nos o mais otimista dos homens brancos da O novo Congresso, ou melhor, a 56ª Legis-
direita política e econômica brasileira, po- latura (2019-2022) iniciou os seus traba-
deria ter projetado essa conjuntura durante lhos com uma marca difícil de se acreditar:
as manifestações de 2013, o Golpe de 2016 o atual Congresso é ainda mais conserva-
e na campanha eleitoral de 2018. Estamos à dor que o da 55ª Legislatura (2015-2018).
beira da barbárie diante de um governo com É bom lembrar que nas eleições de 2014,
feições miliciana e fascista, dedicado a des- mesmo com a vitória da esquerda para pre-
truir o Estado nacional. Moro, Weintraub, sidente da República, os deputados e sena-
Damares, Salles, Araújo, Família Bolsonaro dores eleitos representavam uma guinada
etc., são sujeitos desse processo e boa parte à direita e ao conservadorismo. Não foi por
do Parlamento e do Judiciário está com eles. acidente do destino que nessa Legislatura
ocorreu um escandaloso e covarde golpe po-
É nesse contexto que retomamos as refle- lítico contra a democracia brasileira. Pois
xões sobre o que denominamos de “ataques bem, o novo congresso é pior ainda!
aos povos do campo” - presentes nas últi-
mas publicações do “Conflitos no Campo De fato, houve uma grande renovação par-
Brasil/CPT” -, cientes de que a noção de lamentar nas últimas eleições. Na Câmara
ataques, amplamente difundida pós-Gol- foram eleitos 268 novos deputados, corres-
pe de 2016, vem deixando de ter potência pondendo a uma renovação de 52%. Desse
explicativa, talvez devendo ser substituída total, 141 novos deputados nunca tiveram
pela noção de “atentados”. As proposições experiência política anterior. No Senado,

1
Professor Doutor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba.
2
Graduado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica,
projeto: “Território e Política no Brasil: ataque legislativo aos direitos dos povos do campo”; mestrando no Programa de
Pós-Graduação em Geografia da Universidade Paulista (UNESP-Presidente Prudente)
3
Graduanda em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica,
projeto: “Território e Política no Brasil: ataque legislativo aos direitos dos povos do campo”.
197
a renovação foi de 85% (em relação às 54 pautas; e o PSL, que elegeu um pouco de
vagas que estavam em disputa), entretan- tudo do que há de mais perverso na socieda-
to, a novidade nos números não reflete a de brasileira, e mesmo que o Partido tenha
novidade na política. Segundo análise do sido implodido pela saída do presidente da
Departamento Intersindical de Assessoria República, deputados e senadores continu-
Parlamentar (DIAP) (2018, p. 18), “em ter- am propondo e votando pautas retrógradas
mos quantitativos, portanto, a renovação na nocivas à população. Esses partidos, junto
Câmara foi significativa. Mas há sérias dú- com outros menores, compõem as bancadas
vidas sobre a qualidade dessa renovação. E suprapartidárias, as mais fortes delas são
como evidência da dúvida, basta dizer que conhecidas como BBB (3 B’s): bancadas do
a maioria absoluta dos novos foi eleita por Boi (ruralistas), da Bala (fabricantes de ar-
ser liderança evangélica, policial linha dura, mas, militares e policiais) e da Bíblia (evan-
celebridade ou parente de políticos tradicio- gélicos neopentecostais). O que na verdade
nais”. Por isso a radiografia feita pelo DIAP são 5 B’s, porque deve-se somar aos três an-
afirmou, antes mesmo do bonde começar teriores o B da Bula (setor fármaco-químico
a andar e descarrilhar, que esse congresso e de agrotóxicos) e o B dos Bancos (grande
“será mais liberal na economia, mais conser- capital financeiro). Todos os B’s significam
vador nos costumes, e mais atrasado em re- muitos partidos encaminhando uma agen-
lação aos direitos humanos e meio ambiente da de retrocessos inimaginável.
do que o atual (...) será o mais conservador
desde a redemocratização”. Especificamos a atuação de apenas uma
dessas afiliações políticas: a Bancada Ru-
A composição partidária das duas casas ralista. Legislatura atrás de legislatura, os
legislativas atualmente é nada mais nada ruralistas vêm ditando muito mais do que a
menos que enorme, se comparada a de ou- política agrícola e agrária, mas, sim, toda a
tros países. Na Câmara são 30 partidos com política. Após o Golpe de 2016, a força des-
representantes eleitos e no Senado 22 par- sa bancada no Executivo foi potencializada.
tidos. Contraditoriamente, a grande quan- Não podemos esquecer que 50% dos votos
tidade de partidos não significa pluralidade que derrubaram a presidente Dilma Rous-
de ideias, democratização na representação, seff vieram dos ruralistas, o que fez do Golpe
aumento da possibilidade de debate com a um Agrogolpe. Tal força resume-se, hoje, em
sociedade etc., mas, sim, a formação de um uma super bancada composta por 285 par-
bloco conservador com atuação diretamente lamentares (247 deputados e 38 senadores),
destrutiva em relação ao Estado brasileiro e o que dá mais sentido ao termo “supremacia
seu povo. E o que vimos nesse primeiro ano ruralista” (CASTILHO, 2018) ou “plenitude
de legislatura é que mesmo a renovação ten- do agronegócio” (TEIXEIRA, 2018).
do sido conquistada por discursos de crítica
e negação da política tradicional, a política Essa super bancada vem protagonizando o
do “toma lá, dá cá” vem imperando. maior ataque/atentado legislativo aos direi-
tos e conquistas dos povos do campo e da
Os partidos que mais representam esse blo- preservação da natureza. Os dados apre-
co são: o DEM, de perfil declaradamente sentados nos gráficos abaixo expressam
neoliberal; o PP, dominado pelos ruralistas; quantitativamente uma rajada de propos-
o PR, PRB, PSC ungido pelos evangélicos; tas de lei vindas do poder Legislativo e do
o PTB e PSD, que tentam estar do lado de Executivo, nos quais os ruralistas são parte
qualquer governo eleito; o PSDB e MDB que fundamental. Contabilizamos as propostas
declaram autonomia e apoio condicionado, legislativas - sobretudo em forma de Proje-
mas votam contra o povo nas principais tos de Lei (PL’s) – os quais julgamos nocivos
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

a temas dramáticos e perenes da história tros PL’s de caráter conservador tentando


brasileira: reforma agrária, populações indí- reverter sua raiz positiva.
genas, preservação da natureza etc.
O gráfico 1 expressa a quantidade de pro-
Antes de analisarmos os dados é importante postas legislativas consideradas ataques
esclarecer o leitor que o período de tempo aos direitos dos povos do campo, distribuí-
compreendido nos gráficos extrapola o pe- dos por ano de proposição. Os anos de 2015
ríodo que consideramos como o de intensi- a 2019 significaram a intensificação de pro-
ficação dos ataques - que se inicia em 2008 postas legislativas de caráter retrógrado,
com a crise do capitalismo financeiro mun- período que coincide justamente com o Gol-
dializado, se fortalece com a crise política pe à democracia. Esse momento da história
brasileira que culmina em um golpe político política brasileira despertou nos ruralistas
em 2016, e elege um governo de extrema di- o deleite de que tudo podiam, porém, como
reita em 2018, com seu primeiro ano de atu- não sabiam até quando duraria esse perío-
ação em 2019. Considerar propostas antes do, aproveitaram para propor e desarquivar
desse período justifica-se pela forma como a maior quantidade possível de projetos de
as tramitações são feitas na Câmara, ou lei em seu favor, a fim de garantir o que eles
seja, no período de intensificação dos ata- denominam de “segurança jurídica” (o que
ques não foram apenas novos projetos que entendemos como insegurança jurídica aos
surgiram, mas, também, o desarquivamen- povos do campo e à natureza). São 202 pro-
to de propostas conservadoras que já exis- postas legislativas que, vistas pela lente teó-
tiam. Não importa, por exemplo, que o PL rico-conceitual crítica, parecem querer rea-
seja de 1996, mas, sim, o fato de ele ter sido lizar a acumulação primitiva do capital pela
retomado nessa conjuntura. Outro adendo propositura de leis. Basta olharmos para o
importante, versa a respeito do apensamen- gráfico 2, que distribui os dados por temas:
to de propostas. Isso quer dizer que aque- destruir a possibilidade de realização da re-
las que versam sobre o mesmo tema podem forma agrária, expulsar as comunidades in-
ser juntadas independentemente de seu dígenas e quilombolas e garantir a liberação
objetivo, se progressista ou conservador. O e envenenamento do território, é o objetivo
que observamos em nossa pesquisa é que primaz.
existem muitos PL’s de caráter conservador
apensados e muitos outros com os mesmos

Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, Frente Par-


Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, Frente Par- lamentar da Agropecuária, Senado Federal (2019). Org.
lamentar da Agropecuária, Senado Federal (2019). Org. Martins, Lucas
Martins, Lucas
O gráfico 3 representa 245 propostas de lei
objetivos; e também PL’s de caráter mais estudadas por nós, que visam, de alguma
progressista nos quais são apensados ou- forma, a fragilizar ou destruir leis de pro-
199
teção da natureza4. O tema das leis que li- Violência legislativa: três projetos de lei
mitam os níveis de exploração da natureza diabólicos
sempre foram um gargalo ao grande inves-
tidor capitalista, sobretudo ao agronegó- Desde 2016 (Mitidiero et al, 2016, 2017,
cio. Por isso, podemos notar que em 2007 e 2018, 2019) tentamos pensar essa ofensiva
2013, antes dos golpistas e a extrema-direi- orquestrada contra os direitos dos povos do
ta chegarem no poder, já havia uma pressão campo e da natureza, sob a ótica da noção
nessa pauta. Contudo, de 2015 a 2019 uma de violências política, institucional e legis-
avalanche de tentativas para destruir a pro- lativa. Por exemplo, a aprovação de apenas
teção ao meio ambiente são despejadas na um projeto de lei, apenas um desses que
Câmara e Senado. Propostas para explorar compõem os gráficos expostos, pode signifi-
(e abusar) economicamente terras indíge- car a alteração e o retrocesso de conquistas
nas protegidas e inalienáveis, para implodir do povo, piorando dramaticamente as con-
sistemas de proteção ambiental e por mais dições de vida e reprodução social de uma
liberação de agrotóxicos lideram no quanti- constelação de pessoas.
tativo das propostas (gráfico 4).
Como o quantitativo dos gráficos pode aler-
tar, somado à composição do Congresso e
de quem comanda o Executivo atualmente,
esses projetos de Lei têm um real e efetivo
potencial para destruir conquistas sociais
históricas. Destacamos para análise a PEC
80/2019, a MP 910/2019 e o PL 2362/2019.

A PEC 80 tem como primeiro proponente


o senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ), in-
Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, Senado cluindo mais 27 outros senadores, e tem
Federal, Frente Parlamentar da Agropecuária, 2018. como objetivo alterar “os artigos 182 e 186
Org. Moizés, Brenna. da Constituição Federal para dispor sobre a
função social da propriedade urbana e ru-
ral”. Na explicação da ementa, encontramos
o texto: “regulamenta a função social da
propriedade urbana e condiciona a desapro-
priação da propriedade urbana e da rural à
prévia autorização do poder legislativo ou de
decisão judicial, observando-se em ambos
os casos o valor de mercado da propriedade
na indenização”. Na prática, a proposta visa
a fragilizar ao máximo o estatuto da função
social da propriedade (que é cláusula pétrea
na CF), ao ponto que tornar-se-á quase im-
Fonte dos dados: Câmara dos Deputados, Senado Fe-
possível executá-la. São três estratégias ex-
deral, Frente Parlamentar da Agropecuária, 2018. Org. plícitas e uma implícita presentes na PEC.
Moizés, Brenna.

4
Em recente entrevista, o Deputado Federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câm-
ara, informou existir “quase mil projetos que tramitam hoje na Câmara e no Senado propondo algum retrocesso na legislação
ambiental” (Folha de São Paulo, 4 de fevereiro de 2020). Não tivemos acesso a essa base de dados e trabalharemos com os
dados coletados no processo de pesquisa, no qual encontramos 245 projetos de leis nocivos à natureza (preservação do meio
ambiente).
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

A primeira delas é acabar com a simulta- a grande maioria dos processos de desa-
neidade das exigências que asseguram a propriação de terras para reforma agrária.
realização da função social da propriedade, Destarte, encontra-se no texto da PEC um
e, portanto, garantem a propriedade priva- retrocesso medieval de compreensão do que
da. Hoje, segundo o Art. 186 da CF, para é a propriedade privada: “tendo em vista
realizar a função social a propriedade deve que é um bem sagrado e deve ser protegi-
cumprir: I) aproveitamento racional e ade- do de injustiças”. Dessa forma, a noção de
quado; II) utilização adequada dos recur- propriedade volta a ser entendida como um
sos naturais disponíveis e preservação do direito absoluto, de caráter individual, o que
meio ambiente; III) observância das dispo- detonaria as noções de direito coletivo - in-
sições que regulam as relações de traba- clusive na CF está expresso que o direito co-
lho; IV) exploração que favoreça o bem-es- letivo deve sobrepor o direito individual, o
tar dos proprietários e dos trabalhadores. que mostra a inconstitucionalidade da nova
Na nova redação, caso aprovada, basta o proposta.
proprietário cumprir “ao menos um dos re-
quisitos” e sua propriedade é reconhecida A segunda estratégia é mudar o poder de
como cumpridora da função social e estará quem decreta o processo de desapropriação.
assegurada contra um possível processo de Hoje é o presidente da República, na PEC 80
desapropriação para reforma agrária. Uma passaria a ser a partir de prévia autorização
sorte de possibilidades ilustra a perversida- do poder Legislativo ou por decisão judicial.
de dessa proposta. Por exemplo: 1) um juiz No parágrafo 5 encontra-se: “O descum-
pode levar em consideração o inciso IV, que primento da função social de que trata o §
é o mais subjetivo dentre todos, a partir de 2°somente será declarado por ato do Poder
depoimentos de trabalhadores empregados Executivo, mediante autorização prévia do
de que eles estão satisfeitos no seu traba- Poder Legislativo, ou por decisão judicial”.
lho/emprego, com isso a propriedade esta- Não precisamos de muita reflexão sobre essa
ria cumprindo a função social (existem pes- mudança, pois os dados mostram o poder
quisas que trazem depoimentos de vítimas que a Bancada Ruralista tem no Congresso,
libertadas de escravidão contemporânea ao ponto de que não é difícil afirmar que um
rural que relatam a preferência desses su- processo de desapropriação de uma proprie-
jeitos de estarem empregados sob quaisquer dade rural que chegaria na Câmara nunca
circunstâncias - mesmo naquelas ativida- seria votado em plenário. Mas também fica
des extremamente precárias e degradan- a cargo do Judiciário decidir pela desapro-
tes - do que estarem desempregados); 2) a priação e, como sabemos, como ocorre na
propriedade rural pode ser considerada im- história dos conflitos agrários, o juiz cos-
produtiva, negando o inciso I, porém possui tuma pensar com a cabeça do fazendeiro,
uma reserva ambiental cumprindo o inciso por isso afirmamos que seriam raríssimas
II, o que levaria ao impedimento de um pro- as desapropriações vindas do Judiciário. E
cesso de desapropriação; 3) a propriedade não é só, o parágrafo supracitado diz que
é altamente produtiva, porém desrespeita a autorização prévia será do Legislativo ou
a legislação ambiental, desmatando matas Judiciário, mas o decreto será do Executivo,
ciliares e, ainda, é descoberta empregando ou seja, edifica-se uma série de barreiras à
trabalho escravo em sua fazenda. Segundo realização da reforma agrária. Vamos supor
a PEC proposta por Flávio Bolsonaro, esse que um processo de desapropriação passe
fazendeiro não poderá sofrer processo de pelo Legislativo ou Judiciário (o que seria
desapropriação já que cumpre o artigo I. raro como argumentamos nesse texto), ele
ainda dependeria de decreto do Executivo,
Tal mudança na lei, impediria, na prática, portanto, dependendo da orientação ideoló-
201
gica de quem está com a caneta nas mãos. que ele desmatou toda a sua fazenda, co-
Arriscamos dizer que se nesse atual gover- metendo vários crimes ambientais, e que é
no chegar um processo de desapropriação comprovada em sua propriedade superex-
para reforma agrária, supostamente depois ploração dos seus empregados assalariados
de passar pelo caminho proposto pela PEC, e até casos de trabalho escravo, e que ain-
e que essa desapropriação é fruto de luta ela da sua propriedade não atinge os índices de
terra, o atual presidente da República não produtividade exigidos para ser considerado
só não assinaria o decreto, como rasgaria uma terra produtiva, no ato da desapropria-
ou botaria fogo na papelada5. ção ele será premiado com uma indenização
em dinheiro e no valor de mercado.
A terceira estratégia explícita é a obrigação
do Estado pagar indenização no valor de Há uma estratégia implícita na proposta da
mercado, retirando o pagamento em Títulos PEC 80/2019 que é absolutamente danosa
da Dívida Agrária (TDA’s), que podem ser à democracia e a sociedade civil. Fragilizar
resgatáveis em até 20 anos. O pagamento a esse ponto o estatuto da função social da
em dinheiro vivo e imediatamente à desa- propriedade privada é retirar o principal ar-
propriação passa a ser um prêmio a quem gumento político, discursivo e técnico-judi-
não cumpre a função social – de caráter cial a favor dos movimentos sociais de luta
punitivo, a lei passaria a ser premiativa. A pela terra (e moradia). A luta pela terra vista
obrigatoriedade de pagamento em valor de como uma luta para que a lei seja cumpri-
mercado jogaria por terra os processos de da, uma luta constitucionalista, seria in-
vistoria dos técnicos do Instituto Nacional viabilizada, ajudando na confecção de um
de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). ambiente político e judicial para a criminali-
Se esses avaliarem que a propriedade rural zação dos movimentos sociais.
está muito degradada, com solo em péssi-
mas condições e sem recursos hídricos, o O segundo ataque que analisaremos trata-
que faria, evidentemente, reduzir o preço -se, na verdade, de um atentado em vias de
no mercado, na PEC 80 paga-se o valor de aprovação, contra a sociedade e o território
brasileiro. Muito provavelmente, quando
mercado sem levar em consideração essas
este texto for publicado, a Medida Provisória
circunstâncias. Por fim, impõe-se uma bar-
910/2019, proposta pelo presidente da Re-
reira econômica perante essa exigência. Pa-
pública Jair Bolsonaro, que versa sobre uma
gar a terra desapropriada em dinheiro e pelo
nova legislação para a regularização fundi-
valor do mercado oneraria muito o Estado,
ária em terras da União, poderá significar a
este podendo barrar processos de reforma
maior transferência de terras públicas para
agrária pelo discurso de que o governo não
o capital privado da história recente, ou até
tem recursos (para um Estado em crise fis-
de toda história brasileira. Por essa razão,
cal, como aventa o governo todos os dias,
a MP ganhou o título de “MP da grilagem” e
seria um prato cheio para arquivar todo e
vem assombrando pesquisadores, ambien-
qualquer processo de desapropriação).
talistas e movimentos sociais. Em verdade,
essa MP significará um dos maiores roubos
Se colocarmos na mesa a primeira e a ter- institucionalizados de terra da nossa histó-
ceira estratégias, elas produzirão uma situ- ria. Trata-se pura e autenticamente de acu-
ação dramaticamente injusta. Vamos supor mulação primitiva de capital.
que um proprietário rural foi enquadrado
como não cumpridor da função social, por- A MP da grilagem é fruto de promessa de
5
Indo mais fundo nesse parágrafo 5º, ele também pode ser entendido como uma afronta à separação dos poderes, bloquean-
do a autonomia que o Executivo tem de colocar em prática a Constituição Federal. A desapropriação, por exemplo, é uma
atribuição administrativa, fruto de vistorias e avaliações pelo INCRA, que não precisa da bênção dos outros poderes.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

campanha do presidente aos ruralistas. É as chances de ser aprovada. A MP como um


fruto também da queda de braço entre o pre- todo é um retrocesso histórico, vale apontar
sidente do INCRA, o general João Correia, os pontos mais prejudiciais.
com o Secretário de Assuntos Fundiários, o
ruralista Nabhan Garcia. De um lado, o ge- A autodeclaração praticamente continuou
neral querendo colocar “ordem” no INCRA, no texto, apenas houve um aumento de bu-
em um surto nacionalista raro aos milita- rocracia. Em resumo, na maior parte dos
res de hoje, e, de outro, o fazendeiro com os casos, os futuros proprietários deverão en-
dentes afiados para realizar a principal ta- tregar os documentos, não haverá vistoria
refa para a qual ele foi empossado: legalizar na área, cabendo ao Estado analisar os do-
a grilagem de terra. Ganhou o segundo, e o cumentos e regularizar a propriedade.
general foi demitido do seu cargo. Saiu do
cargo e revelou os bastidores ao afirmar que Em realidade, a autodeclaração será permi-
o INCRA é “um esgoto e existe uma organi- tida até 15 módulos fiscais, o que pode che-
zação criminosa”, acusando Nabhan Garcia gar a 1.650 hectares de terra, sendo que a
de “operar em favor de interesses escusos”. vistoria na área só ocorrerá, supostamente,
quando encontrados documentos duvido-
A principal normativa da MP, que apareceu sos, se a área tiver infração ambiental, se
na mídia antes mesmo de ser proposta, é de apresentar mais de 15 módulos fiscais e se
que a regularização fundiária seria feita por tiver conflito declarado na ouvidoria agrária
autodeclaração6. Bastava o ocupante (o in- nacional. Vale comentar que as exigências
vasor ou o grileiro)7 declarar a posse e apre- e limitações da provável nova lei de regu-
sentar o georreferenciamento que ele teria larização fundiária é mel na chupeta dos
a regularização da terra requerida. Dada a grileiros, mestres em documentação e buro-
forma como se desenvolveu a apropriação cracia. Assim, os 15 módulos ficais podem
privada das terras brasileiras, a autodecla- se multiplicar, basta o grileiro distribuir as
ração chamou a atenção negativamente de regularizações entre familiares, laranjas
vários setores da sociedade. Algum barulho empregados, que ele pode somar uma área
foi feito pela mídia, muitos protestos e re- enorme, como já aconteceu com o Projeto
púdios apareceram, muitos pesquisadores Terra Legal na Amazônia. E a checagem
tiveram espaço para fazer a crítica, até que disso tudo é muito pouco provável, dado o
o governo recuou não recuando. A autode- sucateamento do INCRA. Sauer, Tubino e
claração foi retirada do texto, mas ela conti- Leite (2019, p. 5) professam: “a checagem
nuou, como veremos. será feita como se fosse possível, diante
dos processos históricos de apropriação de
No dia 10 de dezembro de 2019 o Presiden- terras públicas, verificar a legitimidade e o
te da República editou a MP, sendo que ela cumprimento da função socioambiental por
tem 120 dias para ser votada e transforma- sensoriamento remoto”.
da em Lei. Com o Congresso que descreve-
mos acima, afirmamos que a MP tem todas Também podemos apontar como indício de
6
O Secretário Nabhan Garcia comparou positivamente a autodeclaração de terras à declaração do imposto de renda. Nem
precisamos perder tempo aqui para mostrar que são coisas altamente distintas e que um possível desvio de conduta na au-
todeclaração tem efeitos diferentes: se na declaração do imposto de renda quer se declarar menos, na declaração de terras
quer se declarar mais, muito mais terra. Em entrevista a Cristiane Prizibisczki (2020), o professor Rodrigo Zeidan alertou:
“No caso do IR, se o cara não pagou o imposto devido, não há nenhum efeito social disso, simplesmente ele foi desonesto
e vai ter que pagar. No caso da regularização por autodeclaração, se o cara declarar errado ou tiver conflito de terra, pode
gerar externalidade para a sociedade: o desmatamento preventivo, conflitos por terras que foram declarados por pessoas
diferentes...”.
7
Há uma diferença sociológica, territorial e jurídica muito grande entre as figuras do ocupante (posseiro) e do invasor grilei-
ro. O primeiro ocupa produtivamente com sua família pequenas porções de terra, o segundo, em geral, invade grandes áreas
de terras para vendê-las posteriormente.
203
fracasso os diversos problemas que apare- Por fim, a MP premia quem desmatou áre-
ceram com a autodeclaração do Imposto as, ou seja, quem cometeu crime ambiental.
Territorial Rural (ITR) e com do Cadastro O desmatamento, que sempre foi o pontapé
Ambiental Rural (CAR), este último já de- inicial para a grilagem, principalmente na
nunciado por declarar ocupação dentro de Amazônia, passa a ser uma prova de ocupa-
terra indígena, ou seja, terras inalienáveis ção para regularização. Junto com ficcional
da nação, de usufruto imemorial dos índios. exigência de uma declaração de que não é
escravocrata, a MP 910 premiará desmata-
A proposta de lei chega a exigir documento dores10 e escravocratas.
declaratório de que o requerente não man-
tém trabalho escravo na área ocupada/inva- Dentre tantos projetos de lei de ataque à
dida, portanto, seria histórico um grileiro ou natureza, destacaremos o PL 2362/2019 -
invasor, por exemplo, lavrar um documento também de autoria do senador Flávio Bolso-
e declarar que é escravocrata contemporâ- naro (PSL/RJ) em conjunto com o senador
neo. Sem contar que a utilização de traba- Marcio Bittar (MDB/AC) – justamente por
lho escravo pode se dar, como é frequente, ele versar sobre um tema que teve ampla
na abertura da fazenda. Estando a fazenda repercussão internacional em 2019 devido
consolidada, o fazendeiro pode pedir tran- ao “dia do fogo”, isto é, o PL visa a isentar
quilamente a regularização. de punição o proprietário rural que desmata
sua propriedade.
Outro grande problema na MP é a altera-
ção do marco temporal de comprovação da A ementa do projeto objetiva revogar “o Capí-
ocupação e exploração direta. Antes a data tulo IV - Da Reserva Legal, da Lei nº 12.651,
era julho de 2008, passando a ser maio de de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a
2014, em uma primeira situação, e 2018, proteção da vegetação nativa, para garantir
em uma segunda situação. Até 2014 o re- o direito constitucional de propriedade”; na
querente poderá regularizar a terra com um explicação da ementa fica mais claro: “Re-
super desconto8, tendo que pagar ao Esta- voga, no código florestal, as áreas de reser-
do de 10% a 50% do valor mínimo da terra. va legal, a fim de possibilitar a exploração
Essa mudança privilegia e amplia, no tempo econômica dessas áreas”. Sem rodeios, o PL
e no espaço, a possibilidade da grilagem le- quer acabar com a obrigatoriedade da reser-
galizada. Para ocupações até 2018 o reque- va legal dentro de uma propriedade privada.
rente terá que pagar sem desconto o valor Em outras palavras, é o “dia do fogo” com
mínimo da terra. Para quem conhece bem toda a liberdade. O argumento central é de
a história ruralista/agronegócio, calotes, que a lei em vigor “colide” com o direito de
arrolamento, perdão de dívidas, subsídios propriedade, assim sendo, mais uma vez, o
e incentivos fazem parte do modus operan- senador Flávio Bolsonaro empurra à socie-
di desse setor, não sendo difícil conjecturar dade a noção vencida pelas democracias de
que o pagamento pela terra pode ser uma que a propriedade é um direito sagrado e
miragem9. absoluto.

8
Segundo Prizibisczki (2020), “como exemplo, um hectare de terra no município de Paragominas, no Pará, à época da pu-
blicação da MP, era de cerca de R$ 10 mil, pelo valor de mercado. Ao se aplicar as regras previstas nesta Medida Provisória,
o governo poderia cobrar R$ 45 na sua regularização. Por tais motivos, a lei foi considerada “uma anistia à grilagem”. Em
uma simulação realizada pelo Ministério Público Federal, a regularização de um hectare em Nova Andradina (MS) custará
entre R$ 351,50 e R$ 1.757,50, o que pode significar apenas 1% do preço de mercado, que é de 30 mil reais (Folha de São
Paulo, 15/02/2020). Também a Imazon concluiu que, “em 2018, o preço máximo estabelecido para regularização fundiária
em terras públicas não declaradas era de 42% do valor médio de mercado da terra”.
9
Essa MP já prevê renegociação de dívidas de quem já tinha regularizado, mas não efetuou o pagamento.
10
Entre agosto de 2018 e julho de 2019, portanto pegando uma fração temporal para regularização na MP, constatou-se que
o desmatamento foi 61% maior que o mesmo período de 2017 a 2018.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

No primeiro parágrafo da Justifica- parte da Amazônia brasileira já estão nas


ção do PL 2362/2019 encontramos: pesquisas científicas e denúncias dos povos
tradicionais e movimentos sociais. Destruir
Certamente, quando se examina a reali- essa lei será agravar uma situação já em
dade da preservação ambiental no Brasil, curso e bastante preocupante.
chega-se à conclusão de que o país é um
dos que mais preserva sua vegetação no Considerações finais
mundo. Não são poucos os dados que de-
monstram o país como exemplo interna-
cional de preservação da floresta e de sua Logo no início do livro “O colapso da demo-
vegetação. Nenhuma outra nação pode cracia no Brasil”, Luiz Felipe Miguel (2019,
dar receitas prontas de conservação para p. 11) sintetiza que “tudo aquilo que, com
o Brasil. Não há pertinência no clamor esforço, fora construído a partir do final da
ecológico fabricado artificialmente por eu- ditadura militar, em termos de democracia e
ropeus, norte-americanos e canadenses e promoção de justiça social, foi destruído em
imposto ao país e a seus produtores rurais, pouco tempo”. É como pensarmos em um
chegando a determinar, segundo interes- prédio implodido: a construção pode levar
ses políticos e comerciais estrangeiros, o
meses e anos, a implosão leva segundos.
rumo de nossa produção, desenvolvimento
e legislação ambiental.
Da ameaça do então Senador e candidato à
presidência da República Aécio Neves e do
Senador Aloísio Nunes, logo após a derro-
Em meio à mentira (fake news) de que o
ta eleitoral de 2014, de que iriam “sangrar”
Brasil é um exemplo de preservação da na-
o governo Dilma, à eleição de um governo
tureza, argumento que se sustenta apenas
de extrema direita, muito da democracia já
em quem está interessado no fim das leis
sangrou e vem sangrando.
ambientais, apresenta-se um discurso mar-
cado por dois argumentos frequentes: 1) o
Brasil preserva muita natureza que pode No atual estágio de existência do modo de
ser explorada e que traria desenvolvimento produção capitalista, a democracia burgue-
(econômico!); 2) e uma teoria da conspira- sa parece não cumprir mais o seu papel ou
ção, na qual outros países ricos já desmata- vivemos em um momento que esse tipo de
ram suas reservas, por isso são ricos, mas democracia fragilizará todos os seus requi-
querem bloquear o desenvolvimento brasi- sitos institucionais - é isso que indica essa
leiro. A conclusão é uma só: preservar a na- pesquisa de acompanhamento das propos-
tureza é um atraso. Esses argumentos aca- tas de leis dos poderes Legislativo e Execu-
bam tendo respaldo em parte da população. tivo. Quando intitulamos, por exemplo, os
acontecimentos de 2016 como Golpe polí-
tico/parlamentar/jurídico/midiático (MITI-
Na lei em vigor, as reservas legais variam de
DIERO, MARTINS, MOIZÉS, 2019) significa
20% a 80% conforme a dimensão da área,
que todos os poderes estavam envolvidos na
o tipo de cobertura vegetal e da região do
construção dessa conjuntura, ao passo que
país. Por exemplo, as propriedades rurais
transformar os seus desejos em Leis é ape-
na Amazônia Legal têm reserva legal estabe-
nas uma dimensão da totalidade dos obje-
lecida em 80%; no Cerrado, 35%; e outras
tivos.
regiões esta porcentagem é de 20%. Não há
como dimensionar precisamente o que sig-
nificaria acabar com essas limitações. Algo Referências
como “terra arrasada” nós já vivenciamos
CASTILHO, ALCEU. A SERPENTE FORA DO
em muitas regiões do país. Os efeitos am-
OVO: a frente do agronegócio e o supremacismo
bientais, climáticos e sociais da ocupação
ruralista. Revista OKARA. Geografia em Deba-
massiva do agronegócio do Cerrado e de
205
te. Programa de Pós-Graduação em Geografia/ Grandes Empreendimentos: do Estado de Direi-
UFPB, v.12. n. 02, 2018. to ao Estado de Exceção. In: Conflitos no Cam-
po - Brasil 2017, Goiânia, Comissão Pastoral da
DIAP. Radiografia do novo congresso. Legislatu-
Terra, v. 34, 2018.
ra 2019-2023. Brasília: Departamento Intersin-
dical de Assessoria Parlamentar, 2018 MITIDIERO Jr, Marco; MARTINS, Lucas A.;
MOIZÉS, Brenna C. CONTRA O POVO: Ataque
MIGUEL, LUIZ F. O colapso da demoraria no
parlamentar aos direitos dos povos do campo
Brasil. Da Constituição ao Golpe de 2016. São
e da natureza. In: Conflitos no Campo - Brasil
Paulo: Expressão Popular/Fundação Rosa Lu-
2018, Goiânia, Comissão Pastoral da Terra, v.
xemburgo, 2019.
34, 2019.
MITIDIERO Jr, Marco. Ataque aos direitos dos
SAUER, S., TUBINO, NILTON, LEITE, ACACIO
povos do campo. In: Conflitos no Campo - Brasil
Z. Governo Bolsonaro amplia a grilagem de ter-
2015, Goiânia, Comissão Pastoral da Terra, v.
ras com mais uma medida provisória. Presidente
32, 2016.
Prudente: Boletim Dataluta, NERA, dez. 2019.
MITIDIERO Jr, Marco; MARTINS, Lucas Araújo;
TEIXEIRA, GERSOM. O governo Bolsonaro e a
SILVA, Ana Mikaelly dos Santos; NASCIMENTO
plenitude do agronegócio. (não publicado), 2018.
André Paulo. Ataque aos Direitos dos Povos do
campo: as ações do Legislativo e Executivo Fe- PRIZIBISCZKI, CRISTIANE. Os perigos da regu-
deral. In: Conflitos no Campo - Brasil 2016, Goi- larização fundiária por autodeclaração. Disponi-
ânia, Comissão Pastoral da Terra, v. 33, 2017. vel em: https://www.oeco.org.br/reportagens/
os-perigos-da-regularizacao-fundiaria-por-auto-
MITIDIERO Jr, Marco; MORAIS, Hugo B., MAR-
declaracao/, acesso em: 14/02/2020.
TINS, Lucas A.; MOIZÉS, Brenna C.. Leis e
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Tabela 11 - Manifestações

No de
UF Pessoas
Ocorrências

Centro-Oeste
Distrito Federal 37 2025
Goiás 17 80
Mato Grosso do Sul 35 2780
Mato Grosso 33 4431
Subtotal 122 9316

Nordeste
Alagoas 44 8245
Bahia 162 47920
Ceará 49 7590
Maranhão 84 5989
Paraíba 32 19805
Pernambuco 80 9130
Piauí 31 6745
Rio Grande do Norte 13 420
Sergipe 21 607
Subtotal 516 106451

Norte
Acre 15 780
Amazonas 25 3291
Amapá 10 310
Pará 78 9246
Rondônia 35 6840
Roraima 14 3243
Tocantins 12 1960
Subtotal 189 25670

Sudeste
Espírito Santo 20 1190
Minas Gerais 131 34723
Rio de Janeiro 23 150
São Paulo 77 13262
Subtotal 251 49325

Sul
Paraná 91 29359
Rio Grande do Sul 104 10771
Santa Catarina 28 12820
Subtotal 223 52950
Brasil 1301 243712
Foto: Juliana Pesqueira - Yará Sateré Mawé participa do ato do 8 de março em Manaus - AM

Notas da CPT
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

NOTA PÚBLICA PASTORAIS DO CAMPO - A


esperança luminosa dos pobres vence-
rá a escuridão
O ano de 2019, início do governo Bolsonaro, portantes ecossistemas do Rio Paraopeba,
como já se temia, começou sob o signo da tragédia a chegar em breve ao já combalido
tragédia. No dia 05 de janeiro um trabalha- Rio São Francisco, alardeado “rio da unida-
dor rural foi assassinado e outros nove fica- de nacional”. Nesse contexto é extremamen-
ram feridos, três gravemente, em um ataque te grave a flexibilização da política ambien-
por seguranças privados de uma fazenda em tal brasileira e o sucateamento dos órgãos
Colniza (MT), grilada por poderosos políticos responsáveis, o que possibilita menos rigor
do estado. No mesmo município, em maio nos processos de licenciamentos de ativida-
de 2017, ocorreu um massacre, que resul- des desse porte como também não garante
tou na morte de nove camponeses. A região condições de uma fiscalização adequada e
é cobiçada por suas imensuráveis riquezas rigorosa.
em madeira e minério.
As decisões já tomadas e os discursos do
A violência marca geneticamente a estrutu- presidente e dos que assumiram ministérios
ra agrária do País, base do poder até hoje, e altos cargos no Executivo, como também
responsável por milhares de mortes de cam- as primeiras decisões do Congresso Nacio-
poneses, indígenas e quilombolas, quase nal, ainda mais conservador, ameaçam tem-
totalidade impunes. Além de desterritoria- pos ainda mais sombrios para comunidades
lizar e provocar migração forçada, promove rurais, tradicionais, quilombolas, migrantes
o trabalho análogo ao trabalho escravo. Há internos e indígenas, alvos preferenciais da
sinais de que 2019 vai ratificar o proces- expansão ilimitada dos empreendimentos
so histórico de violência e injustiça contra do capital financeiro-agrário-minerário.
homens e mulheres do campo, das águas e
das florestas.
A bancada ruralista impera absoluta. Ao Mi-
nistério da Agricultura, entregue à ex-pre-
A invasão ilegal e criminosa de Terras Indí-
sidente da Frente Parlamentar da Agrope-
genas foi intensificada, indicando a prática
cuária, conhecida também como “bancada
de uma nova fase de esbulho possessório
destas terras no Brasil. Por meio de discur- ruralista”, foram transferidas competências
sos preconceituosos e iniciativas adminis- até então dos Ministérios do Meio Ambien-
trativas, de modo especial a Medida Provi- te, como o Serviço Florestal Brasileiro, e do
sória 870/19, que reestrutura os órgãos do Desenvolvimento Social e da Secretaria Es-
governo federal, o governo agride frontal- pecial de Agricultura Familiar. A criada Se-
mente a Constituição Brasileira e os direitos cretaria Especial de Assuntos Fundiários,
indígenas nela consagrados. alojada na Agricultura, terá a competência
da identificação, delimitação, demarcação e
A tragédia de Brumadinho (MG), em 25 de
registro de terras ocupadas tradicionalmen-
janeiro, anunciada e calculada, sinaliza que
te por indígenas e quilombolas, competên-
já vivemos tempos de barbárie. Uma grande
cias que eram exclusivas da FUNAI (Funda-
mineradora, estatal privatizada, se reitera
no crime de permitir o rompimento de uma ção Nacional do Índio) e do INCRA (Instituto
barragem de rejeitos tóxicos. Mais de 300 Nacional de Colonização e Reforma Agrária),
vidas humanas ceifadas e destruídos im- esvaziados e entregues a militares. À frente
dela ninguém menos do que o presidente da
209
UDR (União Democrática Ruralista), expres- tário de Assuntos Fundiários quando asse-
são mais acabada do reacionarismo agrário. verou que não terá nenhum diálogo com o
Também nesta pasta está colocada a políti- MST, no que teve que voltar atrás, após pro-
ca de Pesca e Aquicultura, que se mantém nunciamento do Ministério Público. Claro
como secretaria, sob a liderança do setor da está que para os movimentos sociais o que
pesca industrial do sul do país. Os discur- está reservado é policiamento e criminali-
sos recentes do secretário dão indícios de zação. Com base em posições ideológicas
que o foco da política de pesca é favorecer a torpes e malformadas, o presidente tenta
pesca industrial e a aquicultura através de romper as ligações institucionais próprias
mudanças drásticas na legislação ambien- dos governos democráticos, a intersecção
tal e enfraquecimento dos órgãos de fisca- necessária – preservadas as autonomias –
entre o poder constituído e os movimentos e
lização e gestão. Em paralelo, um discurso
organizações sociais.
duro e perspectivas de ações cada vez mais
rigorosas para diminuir e controlar o acesso
dos pescadores artesanais ao seguro defe- Não escapa a Igreja Católica, monitorada
e ameaçada, quando se coloca ao lado das
so. A Medida Provisória 870/19 propõe uma
maiores vítimas destes desmandos cruéis,
ruptura com a legislação atual que garante
através das pastorais sociais, como o CIMI
a gestão compartilhada como princípio para
e a CPT, que com a CNBB constituiriam a
ordenamento e gestão da pesca. Se for apro- “banda podre da Igreja Católica”, conforme
vada a gestão será entregue apenas ao setor declaração do então candidato Bolsonaro.
privado, com consequências drásticas para Torna-se ela também vítima preferencial,
a pesca e o consumo de pescado no país. quando se põe a conhecer melhor a reali-
dade e os riscos que corre a Amazônia, com
As demais atribuições da FUNAI vão ficar suas imensas riquezas. A Rede Eclesial
sob a responsabilidade do Ministério da Pan-Amazônica (REPAM) tem colaborado
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, de forma decisiva na preparação do Síno-
totalmente subalternas. O cargo estratégico do dos Bispos sobre a Amazônia, convocado
de Ouvidor Agrário, antes ocupado por um pelo Papa Francisco, para outubro de 2019,
desembargador, agora fica em mãos de um em Roma. O processo de escuta das bases
Coronel de Infantaria, revelando qual vai ser eclesiais das dioceses e prelazias suscitou
o tratamento do governo militarizado para uma tomada de consciência da necessidade
os conflitos no campo. de a Igreja se aproximar mais dos povos da
Amazônia, em seus históricos e crescentes
As populações do campo estão sendo rotu- desafios.
ladas com termos pejorativos e preconceitos
retrógrados. Os indígenas como lenientes e A anunciada Reforma da Previdência ao se
manipulados, os quilombolas como inúteis tornar capitalizada pelos bancos, sob a fal-
e preguiçosos e os sem-terra como crimino- sa propaganda de maior justiça na cobran-
ça das contribuições e de fortalecimento do
sos, massa de manobra de bandidos, e as
Estado, será nova estratégia de tirar dos po-
escolas dos acampamentos e assentamen-
bres para dar aos ricos. Passa ao real gera-
tos como “fabriquinhas de ditadores”. O di-
dor do déficit da Previdência, as dívidas não
reito à propriedade é erigido em direito su- cobradas de empresas e os privilégios, e sa-
premo, acima da posse efetiva e produtiva, crifica ainda mais os pobres com mais tem-
jogando ao lixo a exigência constitucional po de trabalho e de contribuição, limitando
da função social para a propriedade. e redefinindo o pagamento de valores abaixo
do salário mínimo. Impõe aos segurados es-
Patente está que o novo governo aposta peciais, em especial do meio rural, a mesma
tudo na desconstrução de canais de diálogo, proposta para os demais trabalhadores, não
como afirmou com todas as letras o Secre- observando as condições específicas desse
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

grupo social. espaços horizontais de real diálogo e cons-


truções conjuntas de alternativas. Nisto, é
Para as Pastorais do Campo, a gravidade do imprescindível a solidariedade internacio-
momento requer de todas e todos nós, cida- nal. Precisamos acreditar na resistência e
dãos e cidadãs, povos, comunidades, movi- resiliência ancestrais das comunidades, que
mentos e organizações da cidade e do cam- há séculos enfrentam opressores e seus car-
po, igrejas e demais entidades civis, clareza, rascos. É na mais densa escuridão da noite
criatividade e unidade, para compreender e que se aproxima a aurora de um novo dia:
combater com destemor a aliança nefasta O Deus de Jesus Cristo Libertador está co-
formada entre uma casta política nacional nosco e não abandona os pobres e peque-
colonizada e militarizada, e os interesses do nos, jamais!
capital financeiro-agrário-minerário global.
Como diz o canto bíblico de nossas comu-
nidades, “se calarem a voz dos profetas, as
Desde o fim do regime militar, em meados pedras falarão. Se fecharem os poucos ca-
dos anos 1980, o diálogo tem sido garantidor minhos, mil trilhas nascerão”!
de um equilíbrio mínimo de forças dentro da
arena sócio-política, assim não permitindo o
Pastorais Sociais do Campo:
desequilíbrio em desfavor das categorias so-
ciais mais frágeis e vulneráveis. A negação
Conselho Indigenista Missionário (CIMI),
do diálogo entre o aparato legal, constitu-
Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP),
cional inclusive, e as populações do campo,
Pastoral da Juventude Rural (PJR),
mediado por suas legítimas representações
sociais, resultará no agravamento desta já
trágica realidade fundiária no Brasil. Serviço Pastoral dos Migran-
tes (SPM), Cáritas Brasileira e Co-
missão Pastoral da Terra (CPT)
Urge persistir e reinventar formas mais
eficientes da luta pela vida, tecidas na es-
perança invencível dos povos, garantindo Brasília, 27 de fevereiro de 2019.
211
CARTA PÚBLICA - Carta aberta das Pasto-
rais Sociais do Campo ao Governo e à
sociedade brasileira

“Serás libertado pelo direito e pela justiça” financistas com o incentivo à previdência
(Is 1,27) - CF 2019. privada, o golpe contra os direitos dos asse-
gurados especiais do campo, sendo as mu-
As Pastorais Sociais do Campo, da Igreja lheres as mais prejudicadas, provocaria um
Católica, estamos convencidas que a reali- enorme empobrecimento e esvaziamento do
dade no Brasil está caminhando, a passos mundo rural, com o aumento da migração
acelerados, para a eliminação de direitos forçada. Frequentemente essas populações
e o agravamento das condições de vida de são deslocadas forçosamente de territórios
seus cidadãos. Com as diversas reformas onde secularmente viveram e de onde não
de cunho neoliberal executadas e propostas desejariam sair. Milhares de pessoas são re-
e, ao mesmo tempo, com negociatas que en- assentadas em locais sem condições de sus-
tregam os bens naturais existentes nas di- tentabilidade, submetidas à precarização do
ferentes regiões, em especial na Amazônia, trabalho e, não raro, a condições análogas
o governo submete os interesses do Brasil ao trabalho escravo, devido também a ca-
e dos brasileiros a outros países, especial- rência de políticas públicas eficazes.
mente aos Estados Unidos da América, e de
grandes conglomerados financeiros e em- Isto é tudo o que os ruralistas e as grandes
presariais multinacionais. corporações internacionais do agronegócio
almejam, a fim de estender ainda mais seu
É verdade que o ataque aos direitos traba- domínio e hegemonia no setor, aumentando
lhistas e previdenciários já vêm ocorrendo, assim seus já estratosféricos lucros e afe-
na forma de “minirreformas” há algum tem- tando radicalmente a soberania territorial e
po, mas o que assistimos agora é uma ten- alimentar de nosso país.
tativa de “golpe final” aos direitos dos mais
explorados em nosso país. Após enfraquecer São inúmeras as tentativas de efetivação da
ainda mais os sindicatos, eliminar direitos e ocupação dos espaços amazônicos e da ra-
fragilizar os trabalhadores na relação com pina dos bens naturais neles existentes. O
os empregadores, a reforma trabalhista, recente anúncio das intenções do governo
realizada sob a justificativa de que geraria brasileiro de explorar a Amazônia em con-
milhões de empregos e até acabaria com o junto com o governo estadunidense revela,
desemprego no país, tem seus resultados no entanto, o interesse e a articulação ar-
efetivos revelados nos últimos levantamen- quitetada para avançar na empreitada ex-
tos que demonstram a existência de mais de ploratória, no saque das riquezas naturais e
13 milhões de desempregados, sem contar das populações locais de forma ainda mais
aqueles que nem mais procuram emprego e acelerada, submissa e entreguista.
as pessoas que fazem trabalhos informais.
A postura governamental de atacar os direi-
Com a mesma propaganda e discursos fala- tos territoriais dos povos indígenas, quilom-
ciosos de salvar o Brasil, está sendo “nego- bolas e demais grupos tradicionais, facilita
ciada” a Reforma da Previdência. Para nós a entrega do território brasileiro aos interes-
é evidente que o objetivo, mais uma vez, é ses do capital nacional e internacional. As
prejudicar os trabalhadores e as trabalha- declarações recorrentes do presidente Bol-
doras da cidade e do campo. Além de favo- sonaro de que pretende não demarcar se-
recer fortemente os interesses de grupos quer um centímetro de terra e rever todas
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

as demarcações possíveis situam-se nesse territórios e os bens naturais.


contexto e intencionalidade. A transferên-
cia da responsabilidade de demarcação de Na véspera da celebração do Massacre de
terras indígenas do Ministério da Justiça Eldorado do Carajás, no Pará (17 de abril
para o Ministério da Agricultura, que histo- de 1996), e do dia Internacional da Luta
ricamente defende os interesses do latifún- Campesina, lembramos as palavras do Papa
dio, é uma medida concreta para efetivar es- Francisco em sua Exortação Evangelii Gau-
tas agressões à Constituição brasileira. dium, ao afirmar que “assim como o manda-
mento ‘não matar’ põe um limite claro para
Não satisfeitos em ameaçar o direito consti- assegurar o valor da vida, assim também
tucional de homologar e regularizar territó- hoje devemos dizer ‘não a uma economia
rios indígenas e comunidades tradicionais, da exclusão e da desigualdade social’. Esta
o governo investe fortemente na perspecti- economia mata.”
va do extermínio cultural e dos modos pró-
prios de vida destes povos. O incentivo po-
lítico-ideológico e financeiro a métodos do Por isso, repudiamos esta postura devasta-
agronegócio de produção em larga escala dora do atual governo, geradora de morte.
de commodities agrícolas para exportação, Conclamamos a todos os povos do campo,
com uso intensivo de agrotóxicos, sementes suas organizações, as Igrejas e a socieda-
transgênicas e adubação química nas ter- de em geral a somar na resistência contra
ras da agricultura familiar e territórios dos as diversas ameaças orquestradas contra o
povos indígenas, quilombolas e comunida- povo brasileiro.
des tradicionais, além de favorecer os inte-
resses das empresas fornecedoras, acelera
o etnocídio colonizador presente no Brasil Brasília (DF), 16 de abril de 2019.
há séculos. Além disso, com esta iniciativa,
o governo enfraquece radicalmente a múl- Comissão Pastoral da Terra - CPT
tipla variedade de alimentos saudáveis e
Conselho Indigenista Missionário - CIMI
ataca fortemente a soberania alimentar dos
povos do Brasil, tornando-os dependentes Serviço Pastoral dos Migrantes - SPM
da aquisição e consumo de produtos “enla-
tados” e carregados de veneno, provocando Cáritas Brasileira
prejuízos financeiros e à saúde destas po- Conselho Pastoral dos Pescadores - CPP
pulações.
Pastoral da Juventude Rural - PJR
O projeto armamentista do atual governo
potencializa a grilagem de terras e a ação
criminosa contra o ambiente. Dentre os re-
flexos destes primeiros três meses de gover-
no, o aumento da violência e do desmata-
mento no campo são evidentes. Os dados da
CPT, na sua publicação Conflitos no Campo
Brasil 2018, registram que foram afetadas
por violência, no ano passado, quase um
milhão de pessoas, enquanto o território em
disputa soma pelo menos 39,4 milhões de
hectares, dos quais 92% estão na Amazônia.

Nossa constatação sobre os primeiros cem


dias do novo governo acena que os próxi-
mos anos podem ser muito piores e que o
caminho traçado é de uma crueldade sem
precedente contra os povos do campo, seus
213
NOTA DE REPÚDIO DA CPT-“Ajudar
a violência no campo” é o que quer o
Presidente Bolsonaro
A CPT vem a público repudiar a fala do pre- da violência contra os povos e comunidades
sidente Bolsonaro, no dia 27 de abril, na do campo e trabalhadores do setor agríco-
Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). la. Os registros da Comissão Pastoral da Ter-
ra (CPT) dão conta de que de 1985 a 2019,
Ele anunciou a intenção de enviar um proje- 1.938 trabalhadores e trabalhadoras foram
to de lei à Câmara Federal, que na realida- assassinados em conflitos no campo, em
de seria mais uma licença para matar: “É 1.466 ocorrências. Destas ocorrências so-
um projeto de lei que será enviado para mente 117 responsáveis pelos assassinatos
Câmara, vai dar o que falar, mas é uma foram a julgamento, tendo sido condenados
maneira de ajudar a violência no campo. apenas 101 executores e 33 mandantes. Por
É fazer com que, ao se defender sua pro- estes números vê-se que o “excludente de
priedade privada ou sua vida, o ‘cidadão ilicitude” já existe na prática!
de bem’ entre no excludente de ilicitude, ou
seja, ele responde, mas não tem punição”. Esta fala do presidente se soma a muitas
outras que jogam sobre as costas dos mais
Como disse com suas próprias palavras, frágeis e dos que são considerados descar-
“é uma maneira de ajudar a violência no táveis, toda a carga dos preconceitos, do
campo”. Mas, como sempre, alguém pre- machismo e racismo existentes, como a
cisa traduzir o que ele queria dizer. Neste declaração recente em que ofereceu as mu-
caso é jogar a culpa da violência no cam- lheres brasileiras a deleite de estrangeiros,
po nos sem-terra que lutam por um peda- fazendo apologia para o turismo sexual in-
ço de terra para sobreviver, nos indígenas ternacional.
e quilombolas que buscam defender ou re-
aver territórios dos quais foram espoliados. Com o profeta Habacuc (1, 2-4), ousamos cla-
O projeto em curso do presidente é facilitar mar: “Até quando, Senhor, pedirei socorro, sem
ao máximo e a qualquer custo o avanço dos que me escutes? Até quando clamarei: ‘Violên-
empreendimentos do capital global sobre os cia’, sem que me salves?
bens naturais protegidos por estes povos e
comunidades, alguns há centenas, outros Porque me fazes ver a iniquidade e contemplar
há milhares de anos. a desgraça? Diante de mim só vejo opressão e
violência, nada mais do que discórdias e conten-
Na sua fala o presidente reafirma mais de das. Por isso a lei perde a sua força e o direito
uma vez que a propriedade é sagrada, sem desaparece definitivamente; porque o ímpio cer-
se atentar para a “função social da proprie- ca o justo e, por isso, o direito sai falseado”.
dade”, como reza a Constituição Federal
Até quando, nós, cidadãos e cidadãs deste
(arts. 185 e 186). Deixa de lado, também,
País, vamos tolerar na Presidência da Repú-
a forma como foram constituídas tais “pro-
blica estas sandices e suas intenções anti-
priedades”, muitas delas frutos de esbulho
-Nação?
e violências contra os povos tradicionalmen-
te ocupantes dessas terras, e outras tantas
oriundas de grilagem. Goiânia, 30 de abril de 2019.

A fala irresponsável do presidente dá carta Diretoria e Coordenação Nacional


branca a quem historicamente tem usado da Comissão Pastoral da Terra
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

NOTA PÚBLICA - Dois anos do massacre de


Pau D’Arco: É preciso pôr fim à barbárie no
campo!

Há exatamente dois anos, os corpos de 10 grilagem, como a Fazenda Santa Tereza/


trabalhadores rurais assassinados no Pará Acampamento Hugo Chavez em Marabá.
desfilavam pelas ruas do município de Re- Mesmo as terras desapropriadas pelo Esta-
denção amontoados nas caçambas de via- do e destinadas à reforma agrária, como a
turas do estado. No dia 24 de Maio de 2017, área denominada Fazenda 1.200, constituí-
uma mulher e nove homens foram covarde- da por reconcentração de terras em área de
mente executados por policiais no interior assentamento, ao arrepio da lei e por isso
da fazenda Santa Lúcia, em Pau D’arco. ocupada desde 2006, está sob iminente des-
pejo em razão da reintegração de posse con-
O episódio, embora tenha se tornado in- cedida à um grileiro.
ternacionalmente conhecido como um dos
maiores massacres que o conflito no campo Sequer a morte de dez trabalhadores rurais
já produziu no Brasil, permanece impune. no Massacre de Pau D’Arco é suficiente para
inibir o Estado a ter uma política agrária
Familiares e sobreviventes estão desampa- com clara predileção ao latifúndio. Passa-
rados. Não há notícias das investigações so- dos mais de cinco anos de discussão judi-
bre os mandantes. cial acerca da legitimidade do título apre-
sentado pelos supostos proprietários da
A fazenda Santa Lúcia, local do massacre área da Fazenda Santa Lúcia - família que
e ainda hoje ocupada por 200 famílias que concentra terras em área superior ao muni-
desejam um pedaço de terra para produzir, cípio de Belo Horizonte - não se teve ainda
tem uma ordem de despejo autorizada pela uma decisão conclusiva acerca da origem do
Vara Agrária de Redenção. Pelo menos ou- título de propriedade, existindo possibilida-
tras 10 comunidade estão na iminência de de de sobreposição da fazenda com área do
sofrerem reintegrações de posse na região assentamento Nicolina Riveti - e, na falta de
sul e sudeste do Pará. Áreas de ocupação clareza acerca da regularidade fundiária, o
consolidada, como a fazenda Maria Bonita, Estado julga que é mais justo que a área
em Eldorado dos Carajás, estão ameaçadas permaneça na mão de uma única família ao
pela onda de despejos. invés de mais de duzentas famílias.

O caos fundiário que sempre interessou as Os sobreviventes e familiares das vítimas


oligarquias rurais e a formação do latifúndio igualmente até hoje não receberam nenhum
e que foi sutilmente ameaçado pela previsão suporte do Estado, seja de ordem material,
da criação de Varas Agrárias pela Consti- seja apoio psicológico para se recompor de
tuição Federal de 1988 tem o processo de crime tão violento. Uma mãe que perdeu dois
combate a grilagem de terras duramente filhos no massacre veio a óbito por não ter
silenciado pelo Poder Judiciário brasileiro, mais quem a assistisse face a graves proble-
que ante o que denominou de “doutrina da mas renais: o quadro clínico que antes era
melhor posse” autoriza sucessivas reinte- crítico apenas em razão da ineficiência do
grações de posse em áreas com indícios de SUS, contou agora com um quadro depres-
215
sivo que garantiu o avanço fatal da doença. ciais: “eu vou morrer de pé”.

Como resposta, o atual governo federal imo- De pé, também exigimos o fim da impuni-
bilizou o Incra, paralisou a Reforma Agrária dade e da violência no campo, pelo direito à
e decretou a liberação do uso de armamen- Vida, à Terra e à Justiça!
tos pesados em áreas rurais. Isto reforçará
ainda mais as animosidades no conflito fun-
diário, onde as relações sociais entre clas- - Familiares das Vítimas do Mas-
sacre de Pau D’Arco
ses foram moldadas por séculos de violên-
cia, desigualdade e injustiça social.
- Acampamento Jane Júlia - Jus-
tiça para os 10 de Pau d’Arco
É preciso pôr fim a esta barbárie. Os man-
dantes precisam ser responsabilizados! Pela - Comissão Pastoral da Terra - CPT
mãe que enterrou o próprio filho, no dia do
aniversário dele. Pelas crianças que ficaram -Sociedade Paraense de Defesa
órfãs, e pelos sobreviventes que fugiram dos Direitos Humanos - SDDH
pela floresta e escaparam da morte naque-
le dia, mas tiveram suas vidas para sempre - Terra de Direitos
destroçadas.
- Justiça Global
Uma das vítimas, num último suspiro de
imensa coragem - quem conta essa histó- - Comitê Brasileiro de Defenso-
ria são os próprios policiais - ao ver o irmão res de Direitos Humanos
ser assassinado no chão, se levanta, e, se-
gundos antes de ser executado, diz aos poli- 24/05/2019
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

NOTA PÚBLICA - Linhão na terra do povo


Kinja (Waimiri Atroari): A velha política
contra os indígenas
Uma nova política do governo em relação ao nas terras indígenas. O atual governo, outra
povo Kinja necessariamente deveria consi- vez, apela para o esdrúxulo argumento do
derar a história recente deste povo indíge- interesse da segurança nacional, também
na, vítima do crime de genocídio, que ma- usado pelos governos militares, para justifi-
tou mais de 2.500 indígenas, por ocasião car a construção das estradas na Amazônia,
da construção da BR 174, da construção que rasgaram as terras indígenas, deixan-
da hidrelétrica de Balbina e da mineração do um rastro de destruição e morte. Beira
em seu território. Com esse cuidado, outras a má fé afirmar que a consulta aos Kinja
possibilidades para garantir a segurança sobre a construção do linhão significa um
energética do estado de Roraima deveriam risco a integridade do território nacional ou
ser estudadas, como por exemplo, a energia uma ameaça de agressão externa ou interna
solar fotovoltaica, sugerida como alternativa aos interesses nacionais. É a banalização
por três especialistas em sistemas energé- completa desse conceito, esvaziando-o de
ticos de universidades brasileiras, em nota seu conteúdo. Se ele serve para tudo, deixa
técnica recebida pelo Ministério Público de servir para coisa alguma, a não ser para
Federal (MPF/AM). Mas a tragédia que di- justificar o abuso de poder do Estado.
zimou aquele povo não tem sido suficiente
para sensibilizar as autoridades que insis- Os indígenas, particularmente os Kinja,
tem na velha política colonialista, intrinse- guardam fundo na memória o que significa
camente violenta, para impor, ao arrepio da em termos de violência e de usurpação de
lei, a construção do linhão. seus territórios, serem tratados pelo Estado
como cidadãos de segunda categoria fada-
Ao contrário do que afirma o governo, o im- dos a desaparecer.
pacto ambiental da construção do linhão
sobre a Terra Indígena Waimiri Atroari e As entidades abaixo relacionadas se solida-
consequentemente os transtornos para a rizam com o povo Kinja nesta luta em defesa
vida do povo indígena são consideráveis. O dos seus direitos ameaçados, pela reparação
projeto prevê a construção de 250 torres de dos danos causados na abertura da rodovia
transmissão com uma base de 50 por 50 BR-174 (Manaus-Boa Vista) e para que pos-
metros, além do trânsito permanente de um sam viver em paz no seu território e fazem
grande número de pessoas para fazer a ma- um apelo para que as forças democráticas
nutenção, implicando em desmatamento e se unam em defesa da Amazônia e de seus
em restrições a autonomia do povo indígena povos, fazendo prevalecer a justiça frente ao
sobre o seu território, inclusive dificultando autoritarismo do governo. No mesmo senti-
o seu controle sobre o ingresso de terceiros. do, diante da iminência do povo Kinja ter,
outra vez, os seus direitos violados, as en-
Invocar força maior para burlar os dispo- tidades destacam a relevância da ação do
sitivos legais, muitas vezes acompanhado MPF para garantir o cumprimento integral
de atos de barbárie, tem sido uma prática da legislação e a proteção ao povo indígena.
recorrente dos sucessivos governos, ao lon-
go da história, quando têm algum interesse Manaus, 10 de junho de 2019
217
Comitê de Direito a Verdade, a Memória e a Comissão Pastoral da Terra – CPT/RR
Justiça do Amazonas
Comissão Pastoral da Terra – CPT/Santa-
Articulação Comboniana de Direitos Huma- rém
nos
Conselho Indígena de Roraima – CIR
Articulação de Mulheres do Amazonas –
AMA Conselho Indigenista Missionário – Cimi
Coordenação das Organizações Indígenas da
Articulação pela Convivência com a Amazô-
Amazônia Brasileira - COIAB
nia – ARCA
Coordenação das Organizações Indígenas do
Associação dos Docentes da Universidade Amazonas - COIPAM
Federal do Amazonas - ADUA
Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e
Associações das Mulheres Indígenas do Alto Entorno – COPIME
Rio Negro – AMARN
Deputado Federal José Ricardo – integrante da
Cáritas Arquidiocesana da Manaus Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direi-
tos dos Povos Indígenas
Cáritas Diocesana de Roraima
Equipe Itinerante
Casa da Cultural do Urubuí
Federação das Organizações e Comunidades In-
Central de Movimentos Populares - CMP dígenas do Médio Purus – FOCIMP

Central Sindical e Popular Conlutas - CSP Federação Indígena do Povo Kukami-Kukamiria


do Brasil, Peru e Colômbia -TWRK
- Conlutas
Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena
Centro Migrações e Direitos Humanos - do Amazonas – FOREEIA
CMDH
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social –
Coletivo de Mulheres Indígenas Suraras do FMCJS
Tapajós Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos
Direitos Indígenas - FAMDDI
Coletivo Mura de Porto Velho
Grupo de Estudo Interdisciplinar sobre Frontei-
Comissão de Defesa dos Direitos Humanos ras: Processos Sociais e Simbólicos - GEIFRON/
de Parintins UFRR

Comissão do Laicato – Regional Norte I Instituto Madeira Vivo – IMV

Comissão Pastoral da Terra – CPT Arquidio- Laboratório Dabukuri Planejamento e Gestão do


Território na Amazônia/UFAM
cesana de Manaus
Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia
Comissão Pastoral da Terra – CPT Diocesa- – MAMA
na de Parintins
Movimento dos Estudantes Indígenas do Ama-
Comissão Pastoral da Terra – CPT/Amazo- zonas - MEIAM
nas
Organização das Lideranças Indígenas Mura do
Comissão Pastoral da Terra – CPT/Pará Careiro da Várzea - OLIMCV

Comissão Pastoral da Terra – CPT/Prelazia Organização dos Professores Indígenas de Rorai-


de Itacoatiara ma – OPIRR
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Pastoral Indigenista da Arquidiocese de Manaus Rede um Grito pela Vida


- PIAMA
Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Edu-
Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima cação Socioambiental -SARES
Pastoral Operária – PO/Manaus Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami
– SECOYA
Pastoral Social da Arquidiocese de Santarém
União dos Povos Indígenas do Vale do Java-
Rede Eclesial Pan Amazônica – REPAM ri – UNIVAJA
219
Dom Moacyr Grechi, primeiro presidente da
CPT, terminou sua carreira

A Diretoria e Coordenação Nacional da CPT Porto Velho, na Rondônia.


juntam-se a todas e todos que hoje choram
a morte de Dom Moacyr Grechi, ocorrida no Como fiel seguidor do Mestre Jesus, Dom
dia de ontem, e dão graças a Deus pela ri- Moacyr dedicou sua vida aos mais pobres e
queza do seu testemunho de vida. deserdados deste mundo, de modo particu-
lar, na realidade amazônica, aos indígenas,
A história da CPT está profundamente en- seringueiros, posseiros, aos que não conta-
trelaçada com a de Dom Moacyr. Foi ele vam para o sistema.
quem, em nome da CNBB, presidiu a reu-
nião de bispos e prelados da Amazônia, em Dom Moacyr acreditava e apostava na sabe-
1975, que deu origem à Comissão Pastoral doria e força do povo, por isso incentivava
da Terra. as Comunidades Eclesiais de Base e os mo-
vimentos populares.
Foi ele quem comunicou oficialmente a to-
dos os bispos brasileiros o resultado des- A lucidez com que Dom Moacyr analisava
te histórico encontro e dos primeiros pas- os fatos e a firmeza com que se posicionava
sos dados em direção à consolidação desta ao lado dos mais frágeis compõem a histó-
pastoral. Ele também foi o seu presidente ria da Igreja da Amazônia, às vésperas da
desde o primeiro momento até 1983, acom- realização do Sínodo convocado pelo Papa
panhando com muito carinho e atenção os Francisco, para refletir sobre os caminhos a
primeiros passos que a CPT deu. seguir neste imenso bioma.

Dom Moacyr, catarinense de nascimento,


foi um grande missionário nas terras ama- Goiânia, 18 de junho de 2019.
zônicas identificando-se com os povos que
ali habitavam. Primeiro como bispo do Acre, A Diretoria e a Coordena-
durante 25 anos, e depois como bispo de ção Nacional da CPT
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

NOTA PÚBLICA - Não à regularização de ter-


ras griladas no estado do Pará

As entidades e organizações da sociedade de legalidade.


civil abaixo subscritas, vem a público, por
meio desta nota, manifestar seu repúdio e A lei aprovada é temerária e preocupante,
preocupação com a aprovação do Projeto de porque além de possibilitar a regularização
Lei n. 129/2019, que versa sobre a regula- de terras griladas, apresenta dispositivos
rização de terras públicas urbanas e rurais que criminalizam membros dos movimentos
no Estado do Pará. sociais, impedindo que sejam beneficiados
pela política de regularização fundiária do
Este projeto de Lei foi aprovado no dia 11 de Estado do Pará; permite a legitimação de
junho de 2019, com votação em 1o e 2o tur- títulos de posse emitidos pelo Estado ain-
nos no mesmo dia na Assembleia Legislativa da no século XIX, sem que o ITERPA tenha
do Estado do Pará (ALEPA) e agora aguar- apresentado dados e informações referentes
da sanção do governador do estado, Helder aos números de títulos emitidos, hectares
Barbalho. O trâmite e a aprovação relâm- e quantidade de processos em análise, tão
pago do projeto de lei que trata de um dos pouco tenha realizado estudos de identifica-
temas mais sensíveis do Estado do Pará, se ção da atual situação fundiária desses lotes;
deram após manobra do Presidente Rela- além de dispositivos que podem aumentar
tor da Comissão de Constituição e Justiça ainda mais os conflitos no campo e na es-
(CCJ), Deputado Ozório Juvenil, que apre- peculação imobiliária de terras. Por tanto,
sentou projeto com alterações e submeteu este projeto está na contramão da garantia
a proposta para aprovação em reunião con- e defesa dos direitos humanos daqueles que
junta da CCJ e Comissão de Fiscalização Fi- lutam e sonham pela efetivação de uma po-
nanceira e Orçamentária (CFFO) da ALEPA. lítica de reforma agrária em nosso estado e
O projeto foi apresentado pelo governo do em nosso país.
estado em 15 de maio de 2019, e em me-
nos de um mês foi aprovado, sem diálogo Por ser um tema caro à sociedade paraen-
e debate com a sociedade, e o mais grave é se e que pode afetar a vida de milhares de
que este projeto de lei não resolve os graves famílias que atualmente vivem no campo e
conflitos agrários existentes no estado, pelo aguardam do Estado respostas à grave si-
contrário, pode agrava-los. Diversos estu- tuação de conflitos, repudiamos com vee-
dos já apontaram que a grilagem de terras mência a forma como a proposta tramitou
públicas foi um dos principais mecanismos na ALEPA, recomendando ao governador do
de apropriação ilegal de terras, por parte de Estado o veto integral do Projeto para que se
grandes latifundiários, no Estado do Pará. dê espaço ao debate público sobre a política
Prática que a recente lei aprovada na ALEPA fundiária a ser adotada no Pará.
objetiva chancelar, possibilitando que títu-
los podres sejam regularizados e revestidos Pará, 18 de junho de 2019.
221
Nota de Solidariedade da CPT ao Povo do
Equador

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) vem a povos tradicionais, além da diminuição sig-
público manifestar sua solidariedade às na- nificativa dos espaços democráticos. A esses
ções indígenas do Equador por sua coragem povos sobra somente o direito de protestar,
e determinação no enfrentamento aos des- mobilizar e arriscar suas vidas no enfren-
mandos e políticas governamentais perver- tamento às polícias ou, ainda, às milícias
sas que submetem nossos povos aos piores armadas. No caso do Equador, a submissão
conflitos possíveis. Tal dramática situação ao FMI, com o corte dos subsídios do petró-
e a heróica resistência do povo equatoriano leo, Decreto 883, ameaçava gerar uma cri-
apelam à nossa sensibilidade pastoral e nos se que afetaria brutalmente a vida de toda
incitam a uma atitude de fé, esperança e so- a população. Foi uma vitória parcial, mas
lidariedade, confiantes no Senhor da Histó- contundente, que após 12 dias de luta, o
ria, que se põe nela junto dos pobres. povo organizado sob a coordenação da CO-
NAIE saiu ganhador desta queda de braço
Acompanhamos há décadas diversas situ- com um governo que se porta fiel às políti-
ações de traições políticas de dirigentes no cas do Fundo Monetário Internacional.
Equador e o consequente peso sobre a po-
pulação e os seus direitos corajosamente Repudiamos toda ação violenta do governo
conquistados, como também a organização equatoriano e o autoritarismo que tem tra-
desses povos, representados pela Confe- tado o problema. Manifestamos nossa soli-
deração das Nacionalidades Indígenas do dariedade a todas as organizações políticas
Equador (CONAIE). e sociais que perfilaram lado a lado com a
CONAIE, que, imediatamente, após a der-
É triste sentir, nas diversas imagens que rogação do Decreto 883, retrocedendo o fim
correm o mundo, a violência e o autoritaris- dos subsídios a derivados fundamentais de
mo com que o governo tem tratado os povos gasolina, passaram a ser alvos de acusações
indígenas, assim como a perda de direitos absurdas e perseguições injustificadas. As-
sociais e garantias do mundo do trabalho. sim queremos oferecer todo o nosso apoio
Lenín Moreno foi eleito com um programa e às organizações populares e indígenas do
governa com as propostas do rival banquei- Equador, que têm se colocado na primeira
ro derrotado nas urnas e sob o comando linha dessa luta pela vida e pelos direitos.
do Fundo Monetário Internacional (FMI). A
submissão ao capital tem tornado governos Avante Povos Originários! Avante irmãs
meros despachantes dos seus interesses, e irmãos latino-americanos! Em frente
em detrimento da vida e direitos de suas po- heróico povo equatoriano! Até a Vitória,
pulações. sempre, companheiros e companheiras!!!

A situação atual de pressão e violação de


Coordenação Executiva Nacional da CPT
todos os direitos humanos, encabeçada por
diversos governos, como por exemplo no
Brasil e no Equador, em função da submis-
são às políticas neoliberais, tem significado, Goiânia (GO), Brasil, 17 de ou-
concretamente, perseguições e mortes aos tubro de 2019.
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Nota de Solidariedade da CPT às comunida-


des atingidas pelo óleo

O Conselho Nacional da Comissão Pastoral Mas é necessário que essa indignação seja
da Terra, reunido em Hidrolândia – GO, en- transformada em luta para que os respon-
tre os dias 28 a 30 de outubro de 2019, se sáveis sejam punidos, medidas sejam toma-
solidariza com os pescadores e pescadoras das para ouvir as comunidades pesqueiras
artesanais e demais pessoas impactadas e garantir seus direitos, inclusive para evi-
pelo vazamento do óleo que atingiu o litoral tar que crimes como este se repitam.
nordestino.
O Papa Francisco, em seu pontificado, tem
Este crime ambiental, igualmente a tantos alertado a todas as pessoas do mundo intei-
outros crimes ambientais que têm atingi- ro sobre a necessidade urgente do cuidado
do milhares de famílias em todo o Brasil e com a Casa Comum, a defesa do meio am-
destruído ecossistemas, tem consequências biente em todas as suas formas de vida. A
negativas por períodos longos sobre todas Encíclica Laudato Si e o recente Sínodo para
as formas de vida. Além dos impactos am- Amazônia apresentam os grandes desafios
bientais e para a saúde humana dos pesca- da humanidade para a defesa da natureza e
dores e pescadoras artesanais e de quem se denunciam os ataques do capitalismo sobre
alimenta do pescado, está inviabilizando as os ecossistemas e os povos que neles vivem,
atividades econômicas e de geração de ren- causando muito sofrimento e dor.
da de famílias que vivem nas zonas costei-
ras. A CPT se soma à Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) e ao Conselho Pas-
Repudiamos o descaso do Governo Federal toral dos Pescadores (CPP), em suas mani-
com este crime ambiental, quando demorou festações de solidariedade e denúncia atra-
a tomar providências para resolver o proble- vés de notas emitidas recentemente, bem
ma, ao mesmo tempo em que destacamos a como desenvolvendo ações de apoio às lutas
valiosa e decisiva ação popular de pescado- das comunidades atingidas, como visitas e
res e pescadoras artesanais, moradores de campanhas, através de dioceses, agentes
comunidades atingidas e turistas para reco- pastorais e colaboradores diversos.
lher o óleo e conter seu avanço, promovendo
a limpeza dos ambientes, mesmo colocando Portanto, são inaceitáveis os crimes am-
em risco sua saúde, pois sabem da impor- bientais e exigimos que a justiça seja feita
tância do mar e de toda a vida que há nele. em favor das pessoas atingidas e da nature-
za destruída.
O aparecimento de tartarugas, peixes e ou-
tros seres vivos marítimos contaminados e Hidrolândia – Goiás, 30 de outubro de 2019.
mortos revela a gravidade do crime e tem
gerado tristeza, preocupação e indignação. Conselho Nacional da CPT
223
NOTA PÚBLICA - A cana será devastadora para a
Amazônia e insustentável para o planeta

“Dessa maneira, a Igreja se compromete a nos produtores, com o objetivo de transfor-


ser aliada dos povos amazônicos para de- mar o território de vida do campesinato nas
nunciar os ataques à vida das comunidades monoculturas da morte do agronegócio.
indígenas, os projetos que afetam o meio
ambiente, a falta de demarcação de seus Já é comprovado que os problemas ambien-
territórios e o modelo econômico. De desen- tais e sociais da monocultura da cana atin-
volvimento predatório e ecocida.” Documen- gem diretamente os povos indígenas e as co-
to Final do Sínodo da Amazônia, n. 46 munidades tradicionais, afetando todos os
camponeses com a contaminação dos entor-
A perspectiva da sustentabilidade e do bem nos dos canaviais pelo uso de agrotóxicos.
viver na Amazônia só tende a piorar depois A monocultura adoece as pessoas, emprega
do Decreto 10.084 de 05 de Novembro de com superexploração ou por trabalho escra-
2019 do Governo Federal, que aguardou vo, contamina o solo e as águas, envenena
a finalização do Sínodo da Amazônia para a vegetação e os animais, provoca insegu-
revogar o zoneamento ambiental de 2009 e rança alimentar e a morte dos peixes, dos
liberar a produção de cana-de-açúcar para campos naturais e dos cultivos das várzeas.
etanol na Amazônia e no Pantanal. As co- O plantio de cana no Pantanal incidirá di-
munidades amazônidas e pantaneiras de- retamente no turismo regional e intensiva-
vem resistir e se opor mais uma vez, como mente nas áreas indígenas. Considerando
em 2005, contra o plantio de cana e as usi- inicialmente que a cana compete com áreas
nas de etanol, que ameaçam expandir o la- da soja e pecuária, na Amazônia produz-se
tifúndio e originar mais violência e conflitos o deslocamento da fronteira agrícola para
agrários, pois prejudicam especialmente os os limites das áreas protegidas e territórios
territórios da Amazônia e do Pantanal, de- tradicionais, traduzindo-se em mais grila-
sequilibrando os ecossistemas e a vida em gem, desmatamento, violência e conflitos no
dois dos biomas naturais mais importantes campo. Ainda, a queima da cana para a co-
do Brasil. lheita traz mais risco de incêndios e queima-
das. Assim o plantio também será respon-
A liberação do plantio de cana-de-açúcar sável direta e indiretamente pela redução
já estava prevista e agora aparece clara- das chuvas fornecidas pelos rios voadores,
mente como um dos fatores que provocou que carregam umidade da Bacia Amazônica
o aumento da grilagem e das queimadas para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Bra-
este ano, assim como o acirramento dos sil, Um cenário que contribui com o aqueci-
despejos de camponeses em 2019, criando mento global e agrava os efeitos das mudan-
mais cobiça e pressão fundiária acima dos ças climáticas, com resultados negativos na
territórios das comunidades tradicionais e redução de emissões brasileiras de carbono.
de pequenos agricultores. Antes mesmo do
decreto, promotores de usinas de etanol já É uma falácia achar que o uso da porcenta-
estavam incentivando o cultivo intensivo de gem de etanol na gasolina dos carros, seja
cana em algumas regiões amazônicas, como aqui ou na União Europeia, faz mais sus-
no Estado do Acre e em Porto Velho (RO), tentável o transporte. O etanol na Amazô-
oferecendo supostas vantagens aos peque- nia e no Pantanal representa um cenário de
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

mais violência, morte e destruição para os bientalista Francisco Anselmo (Francelmo)


povos e para os biomas atingidos, que tam- e a persistência das comunidades abenço-
bém não resultará em maiores lucros para adas pela Criação Divina, que protegem e
o setor sucroalcooleiro, pois deve motivar guardam as águas, os campos e as florestas
a redução das exportações sujas com as tropicais da Amazônia e do Pantanal, não
cinzas das florestas amazônicas, e inclusi- serão em vão.
ve comprometer os programas europeus de
uso de etanol.
Articulação das CPT’s da Amazô-
O sacrifício em novembro de 2005 do am- nia, 14 de Novembro de 2019
225
NOTA PÚBLICA - Governo cede aos ruralis-
tas e ameaça vida no campo

A Diretoria e Coordenação Executiva Nacio- prometido pelo capitão-presidente aos que


nal da CPT juntam-se hoje ao coro de indig- bancaram sua viciada eleição.
nação que se levanta em todos os cantos do
país, diante da anunciada intenção do pre- Repudiamos o desmonte contínuo das ins-
sidente Jair Bolsonaro de criar uma Ga- tituições que garantem os direitos das e dos
rantia da Lei e da Ordem – (GLO) do campo, cidadãos, neste caso proposto com a inter-
para autorizar a intervenção federal quando venção federal na esfera estadual. O dever
governadores estaduais protelarem a execu- principal do Estado em cada esfera é de ga-
ção de mandados judiciais de reintegração rantir a integridade física das pessoas. O
de posse. Assim atenderia ao acordo feito atual Presidente da República propõe utili-
com os grileiros, fazendeiros, madeireiros e zar a força do Estado para garantir os inte-
milicianos rurais, incomodados pela demo- resses do capital e a propriedade privada.
ra na execução dos mandados.
No último sábado, o jornal Folha de São
O presidente taxa os que lutam para de- Paulo trouxe uma matéria em que informa
fender ou conquistar um pedaço de terra que há engavetados 66 projetos de assen-
para trabalhar, como “marginais que inva- tamentos que cumpriram todas as etapas
dem uma propriedade rural”. Os indígenas, legais exigidas e estão prontos para serem
quilombolas, comunidades tradicionais, executados, só falta a assinatura do presi-
trabalhadores e trabalhadoras rurais, bem dente. No entanto, nenhum deles foi assi-
como os sem-terra vivem dias nefastos e sob nado até o momento e, consequentemente,
constante insegurança. Isto é o que quer o nenhuma família foi assentada. Ao mesmo
presidente, submisso aos interesses ruralis- tempo há um projeto de lei do deputado
tas: atropelar prerrogativas estaduais e ga- Eduardo Bolsonaro, que visa descaracteri-
rantir impunidade a policiais e militares que zar a função social da propriedade da terra,
alvejarem pessoas em reintegração de pos- para favorecer os grandes proprietários.
se de propriedades rurais ocupadas ou já
com posse efetiva. É uma licença para ma- Neste contexto também cresce a violência
tar! Seria estender ao campo o projeto de do Estado contra os povos do campo. Na
lei enviado ao Congresso no dia 21/11 que segunda-feira (25) deu-se o despejo de 700
tem o objetivo de isentar de punição agen- famílias ligadas ao Movimento dos Traba-
tes de segurança que cometerem crimes e lhadores Rurais Sem Terra – MST na Bahia,
excessos durante outras operações de GLO que, desde 2012, cultivavam a terra nos
(“excludente de ilicitude”), acampamentos Abril Vermelho, no Projeto
Salitre, em Juazeiro (BA), e Irmã Dorothy e
O apelo a este incremento da violência do Iranir de Souza, no Projeto Nilo Coelho, em
Estado corresponde às pressões do capi- Casa Nova (BA), áreas públicas da estatal
tal agrário e minerário pela expansão sem Companhia de Desenvolvimento dos Vales
freios dos seus empreendimentos danosos do São Francisco e do Parnaíba – CODE-
contra a terra, a água, a floresta e as pes- VASF.
soas. Até um novo AI-5 tem sido reiterada-
mente aventado como meio de entregar o Os despejos foram violentos, apesar de a
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Polícia Federal ter dito em nota que a de- A CPT se pergunta: até quando os pobres
socupação ocorreu de maneira pacífica em desta terra serão vistos e tratados como po-
todas as áreas. A PM ignorou a Resolução tenciais infratores das leis que precisam ser
No. 10 de 2018 do Conselho Nacional de Di- combatidos e contidos à força, quando na
reitos Humanos, que trata exclusivamente verdade são cidadãos portadores de direi-
dos despejos, e violou os direitos humanos tos, inclusive à propriedade, produzem os
das pessoas nos acampamentos. alimentos saudáveis que comemos e cui-
dam das águas, das matas e da qualidade
A ação teve início ainda na madrugada, do meio-ambiente da qual todos depende-
quando foram jogadas sobre os acampados mos para viver?
bombas de gás e utilizado spray de pimen-
ta. As casas foram destruídas, trabalhado- Assim como Deus se fez presente no meio
res ficaram feridos e as famílias estão sem do seu povo, indo com ele para o exílio e,
ter para onde ir. Muitas crianças e idosos por fim, perseguido e crucificado em Jesus
acordaram com falta de ar por conta da fu- Cristo, acreditamos que a sua presença
maça e chegaram a desmaiar. Isso mostra o continua viva e atuante junto às sofredoras
total desrespeito das forças policiais às re- e sofredores deste mundo.
comendações que, após o Massacre de El-
dorado dos Carajás – PA, em 1997, foram Goiânia, 25 de novembro de 2019.
determinadas a esses tipos de operações.
Recomendações essas que a GLO do campo, Diretoria e Coordenação Exe-
de Bolsonaro, quer suprimir. cutiva Nacional da CPT
227
Siglas dos Movimentos sociais,
organizações e entidades
*Utilizamos as letras iniciais das entidades para identifi-
car aquelas cujo nome é apresentado por extenso.

AAV Agente Ambiental Voluntário ABU Associação Brasileiros Unidos


AMA-JF Aliança do Meio Ambiente de Juiz de Fora ACAM* Associação Camponesa do Amazonas
Ama Amigos do Meio Ambiente Associação Catarinense dos Criadores de
ACCS
Suínos
APR Animação Pastoral e Social no Meio Rural Associação Comunidade dos Trabalhadores
ACTRU*
Articulação Central de Associações Rurais Rurais de Unaí
Acaram Associação Comunidade Unida de
de Ajuda Mútua ACUTRMU
Trabalhadores Rurais
AEFP Articulação Estadual de Fundo de Pasto
ACBP Associação Comunitária Bom Pastor
Articulação Nacional das Mulheres
ANP Associação Comunitária dos Agricultores
Pescadoras Acafi
Articulação Nacional das Mulheres Familiares de Itamarandiba
ANMTR
Trabalhadoras Rurais Acordi Associação Comunitária Rural de Imbituba
ASA Brasil Articulação no Semiárido Brasileiro ACSJT* Associação Comunitária São José do Tomé
Articulação Pop. pela Revitalização da Associação da Comunidade Remanescente
APRBSF* Arqpedra
Bacia do São Francisco do Quilombo Pedra do Sal
APPF Articulação Puxirão dos Povos de Faxinais Associação da Comunidade São Miguel
ACSMAC
Articulação Rosalino dos Povos e Arcanjo das Cachoeiras
ARPCT* Associação das Comunidades dos
Comunidades Tradicionais ACRQ
Remanescentes de Quilombos
Vazanteiros Articulação Vazanteiros em Movimento
AQC* Associação das Quebradeiras de Coco
Ass. dos Prod. Rurais do P. A. do Seringal
APRAASSA Associação de Advogados e Advogadas dos
Santo Antônio AATR
Trabalhadores Rurais
APMG* Assembleia Popular de Minas Gerais Associação de Apoio aos Assentamentos e
Aacade-PB
APRJ* Assembleia Popular do Rio de Janeiro Comunidades Afro-descendentes
Associação de Aquicultores e Pescadores de
Aconeruq/ Assoc. das Com. Negras Rurais AAPP
Pedra de Guaratiba
MA Quilombolas do Maranhão
Associação de Comunidades Quilombolas
Assoc. das Comunidades da Região Juruti Acquilerj
Acorjuve do Estado do Rio de Janeiro
Velho
Associação de Marisqueiras e Pescadores
Assoc. dos Moradores de Igaci e AMPCV
Amigreal de Curral Velho
Microrregiões do Estado de Alagoas
Assoc. dos Peq. Prod. e Artesãos da Agric. AMA/Moeda Associação de Meio Ambiente de Moeda
APPAAFCNF
Familiar de Congonhas Nossa Família Associação de Moradores e Agricultores
Assoc. dos Produtores Agropecuários da Amarqualta
Agrofran Quilombolas do Alto Acará
Gleba S. Francisco Associação de Moradores e Amigos de
Amajar
APAO Assoc. dos Produtores Amigos Organizados Jaraguá
Associação de Moradores e Proprietários de
Assoc. dos Trabalhadores Agroextrativistas AJIN
ATRAMAG Jurerê Internacional
da Reserva de Mata Grande
Associação de Pequenos Agricultores
Assoc. Quilombola Zumbi dos Palmares do Asparmab
Arquizumbi Rurais de Marabá
Igarapé Vilar
Associação Agroextrativista da Ilha do APL* Associação de Pescadores e Lavradores
AAIA
Arapari Associação de Remanescentes de Quilombo
Associação Agrop. Mista dos Produtores Arqimar
AAMPRP* da Ilha de Marambaia
Rurais de Pacajá AST* Associação de Sem Terra
AAC* Associação Antônio Conselheiro Associação de Trabalhadores Rurais da
ATRCMS*
AAI* Associação Arco Íris Colônia Monte Sinai
ADC Associação Direito e Cidadania
ABA Associação Brasileira de Antropologia
Associação do Movimento dos Pequenos
ABI Associação Brasileira de Imprensa Ampa
Agricultores
Associação do Projeto de Assentamento
Abra Associação Brasileira de Reforma Agrária Apapap
Praia Alta Piranheira
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Associação do Território Remanescente do Associação dos Produtores do


ATRQPC* Apapats*
Quilombo Pontal dos Crioulos Assentamento Tutuí
Associação dos Agricultores Extrativistas Associação dos Produtores do Projeto de
Atesf Aspparp
Santa Fé Assentamento Rio do Peixe
Associação dos Agricultores Familiares do Associação dos Produtores Rurais da Gleba
AAGRIFPOM APRGER*
Pombal Entre Rios
Associação dos Agricultores Sem-terra do Associação dos Produtores Rurais de Nova
AASTSP* APRNE
Sul do Pará Esperança
Aaico Associação dos Amigos da Ilha de Colares Associação dos Produtores Rurais do
Apracf*
Assentamento Carlos Fonseca
AAU Associação dos Assentados de Uruará Associação dos Produtores Rurais do
Aprocel*
Associação dos Assentados do Projeto São Projeto Poranga
AAPSF
Francisco Asprim Associação dos Produtores Rurais e Imóveis
Associação dos Atingidos pela Barragem de Associação dos Reassentados de Campos
AABSS Arcan
São Salvador Novos
Associação dos Auditores Fiscais do Associação dos Remanescentes de
Aafit Arquig
Trabalho Quilombo de Gurupá
Associação dos Bananicultores do Norte de Associação dos Remanescentes de
Abanorte ARQM
Minas Quilombo de Muquém
Associação dos Barqueiros de Associação dos Remanescentes de
ABB* ARQS*
Babaçulândia Quilombos de Santana
AC* Associação dos Chacareiros ASTST* Associação dos Sem Terra e Sem Teto
Associação dos Docentes da Universidade Associação dos Trabalhadores
Adufba ATDST
Federal da Bahia Desempregados Sem Terrra
Associação dos Docentes da Universidade Associação dos Trabalhadores na
Adufro ATAFCZ
Federal de Rondônia Agricultura Familiar de Cerro Azul
Associação dos Docentes da Universidade
Adufpr ATR Associação dos Trabalhadores Rurais
Federal do Paraná
Associação dos Docentes da Universidade Associação dos Trabalhadores Rurais de
Aduferj Atri
Federal do Rio de Janeiro Ipaú
Associação dos Docentes da Universidade Associação dos Trabalhadores Rurais do
Aduff Atrust
Federal Fluminense Município de Montes Claros
AGB Associação dos Geógrafos Brasileiros Associação dos Trabalhadores Rurais do
ATRB*
PDS Brasília
Associação dos Micropodutores Rurais de Associação dos Trabalhadores Sem Terra
AMRP* Astelivra
Petrolândia de Livramento
Associação dos Moradores da Chapada do Associação dos Trabalhadores Sem Terra
AMCA* Astelira
A de Nossa Senhora do Livramento
Associação dos Moradores da Vila do Associação dos Trabalhadores Unidos da
AMVJ* Atuva
Jaraguá Vila Aparecida
AMC* Associação dos Moradores de Cupiúba Associação em Áreas de Assentamento no
Assema
Associação dos Moradores de Prainha do Estado do Maranhão
AMPCV*
Campo Verde ADT* Associação em Direito da Terra
Associação dos Moradores do Riozinho do Fruto da
Amora Associação Fruto da Terra
Anfrísio Terra
Associação dos Pequenos Agricultores de Associação Homens e Mulheres do Mar da
APAJ* Ahomar
Jarauçu Baía da Guanabara
Associação dos Pequenos Agricultores e
Apapais AIMM* Associação Independente Morro da Mesa
Pescadoras Assent. do Sabiaguaba
Associação dos Pequenos Agricultores AIP Associação Indígena Pussuru
Aparast
Rurais do Assentamento Santa Terezinha
Associação dos Pequenos Produtores AIM Associação Intermunicipal de Mulheres
Terra Nossa
Rurais da Agricultura Familiar Terra Nossa Associação Livre de Pescadores e Amigos da
Associação dos Pequenos Produtores Alpapi
APPRBV Praia de Itaipu
Rurais de Boa Vista
Associação dos Pequenos Produtores Rurais Amda Associação Mineira de Defesa do Ambiente
Aprusfa Associação Nacional dos Advogados da
de Santa Fé do Araguaia e Muricilândia Anauni
Associação dos Pequenos Produtores União
Asproja
Rurais do Rio Jaru Antep Associação Naviraiense Terra e Paz
Associação dos Pequenos Produtores
APPRP* ASPJ* Associação Padre Josimo
Rurais do Sul do Pará
APJ* Associação dos Pescadores de Jatobá Associação para Taxação das Transações
ATTAC
Associação dos Pescadores dos Cantos dos Financeiras e Ajuda ao Cidadão
Apescari PRORURAL Associação Prorural
Rios
Associação dos Prod. Rurais do Oeste de
Apromar AQI* Associação Quilombo de Ivaporunduva
Machadinho
Associação Quilombola das Comunidades
APA Associação dos Produtores Alternativos AQCNJ
Nativas de Jaíba
229
Associação Quilombola de Conceição das CDH Comissão de Direitos Humanos
AQCC
Crioulas
Aspoqui Associação Quilombola de Quilombo Cediter Comissão Ecumênica dos Direitos da Terra

AQM* Associação Quilombola do Machadinho CEH Comissão Estadual dos Hortos


Comissão Municipal de Meio Ambiente de
AQSN* Associação Quilombola do Sapê do Norte Codema
Munhuaçu
ARTS Associação Renovação dos Sem Terra Comissão Nacional pela Erradicação do
Conatrae
Trabalho Escravo
Associação Rural dos Posseiros de Rio dos
ARPRC* CPT Comissão Pastoral da Terra
Couros
ASA Associação Santo Antônio Comissão pela Preservação da Serra da
CPPSM*
Moeda
Associação Solidária Econômica e Ecológica
Asseefa CRMA* Comissão Regional de Meio Ambiente
de Frutas da Amazônia
ATP Associação Terra e Paz Comitê de Defesa das Vítimas de Santa
Codevise
Elina
AUV Associação União da Vitória Comitê de Desenvolvimento Sustentável de
CDS
Porto Moz
Astrarural Astrarural
CPN* Comitê de Proteção às Nascentes
Brigada Brigada Indígena - ES Comitê Pop. de Combate e Errad. ao Trab.
CPCETEDNNF
CLST Caminho de Libertação dos Sem Terra Escravo e Degrad. no N e NO Fluminense
Cáritas CEBs Comunidades Eclesiais de Base
Cáritas Brasileira
Brasileira Conf. Nac. das Fed. e Ass. de Pescad
Central das Organizações de Agricultura Confapesca
COAFBRS* Artesanais, Aquicultores e Ent. de Pesca
Familiar do Baixo Rio São Francisco CGT Confederação Geral dos Trabalhadores
CPM Central de Movimentos Populares Confederação Nacional de Agricultores
CNAP
CAR Central dos Assentados de Roraima Portugueses
Confederação Nacional dos Agricultores
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras Conafer
CTB Familiares
do Brasil Confederação Nacional dos Pescadores e
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras CNPA
CTR - Brasil Aquicultores
Rurais do Brasil Confederação Nacional dos Trabalhadores
CUT Central Única dos Trabalhadores Contag
na Agricultura
CMC* Centro das Mulheres do Cabo CRB Conferência dos Religiosos do Brasil

CAA Centro de Agricultura Alternativa CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Centro de Apoio e Promoção ao Pequeno Conselho de Trabalhadores Assentados na
Cepagri Cotrec
Agricultor Região de Cáceres
Centro de Articulação de Populações Conselho Deliberativo da Reserva
Ceap CDRRI
Marginalizadas Extrativista Rio Ituxi
Centro de Assessoria aos Movimentos Coema Conselho Estadual do Meio Ambiente
Campo Vale
Populares do Vale do Jequitinhonha
CIR Conselho Indígena de Roraima
CCL Centro de Cidadania e Liderança
Conselho Indígena Munduruku do Alto
Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Cimat
CDVDH Tapajós
Humanos
Centro de Direitos Humanos Henrique Cimi Conselho Indigenista Missionário
CDHHT
Trindade CNS Conselho Nacional dos Seringueiros
Centro de Documentação Eloy Ferreira da
Cedefes
Silva CP** Conselho Paroquial
Centro de Estudo, Integração, Formação e
Ceifar CPP Conselho Pastoral dos Pescadores
Assessoria Rural
Cepami Centro de Estudos da Pastoral do Migrante Conselho Regional de Engenharia e
Crea
Arquitetura
CJG Centro de Justiça Global Conselho Regional dos Atingidos pela
CRABI
Centro de Organização e Apoio aos Barragem de Itaipu
COAAMS
Assentados de Mato Grosso do Sul CP* Consulta Popular
Cebi Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos Cooperativa Agrícola Mista de Produção
Cooperosevelt
Centro Estadual das Associações de Rooselvelt
Ceapa Cooperativa de Mineração do Garimpo de
Assentados e de Pequenos Agric. de Alagoas Coomigasp
Centro pelo Direito à Moradia contra Serra Pelada
Cohre Cooperativa de Mulheres Trabalhadoras
Despejos CMTRCR
Rurais de Cáceres e Região
CTV* Centro Terra Viva
Coopemard Cooperativa de Pescadores Marcílio Dias
CPMG Colônia dos Pescadores de Minas Gerais Cooperativa dos Lavradores na Luta pela
Comissão de Assentamento do Estado do Cooterra
Comasses Terra
Espírito Santo
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Cooperativa Ecológica de Mulheres Federação dos Trabalhadores na


Cemem Fetag/PB
Extrativistas de Marajó Agricultura do Estado da Paraíba
Cooperativa Mista Agroextrativista de Federação dos Trabalhadores na
Comag* Fetag/AL
Gurupá Agricultura do Estado de Alagoas
Coopervida Coopervida Federação dos Trabalhadores na
Fetaeg
Agricultura do Estado de Goiás
Ceqneq Coord. Est. das Com. Negras e Quil. da PB Federação dos Trabalhadores na
Fetagri/MT
Coordenação das Organizações Indígenas Agricultura do Estado de Mato Grosso
COIAB Federação dos Trabalhadores na
da Amazônia Brasileira
Fetagri/MS Agricultura do Estado de Mato Grosso do
CMS Coordenação dos Movimentos Sociais
Sul
Coordenação Estadual das Comunidades Federação dos Trabalhadores na
CECQESCZ* Fetape
Quilombolas do ES Zacimba Gaba Agricultura do Estado de Pernambuco
Coordenação Nacional de Articulação das Federação dos Trabalhadores na
Conaq Fetagro
Comunidades Quilombolas Agricultura do Estado de Rondônia
Conlutas Coordenação Nacional de Lutas Federação dos Trabalhadores na
Fetag/RR
Agricultura do Estado de Roraima
CRQ Coordenação Regional dos Quilombolas Federação dos Trabalhadores na
Fetaesc
CSBP Coordenação Sindical do Bico do Papagaio Agricultura do Estado de Santa Catarina
Federação dos Trabalhadores na
Fetase
Cese Coordenadoria Ecumênica de Serviço Agricultura do Estado de Sergipe
Federação dos Trabalhadores na
Diocese Diocese Fetaet
Agricultura do Estado de Tocantins
DCE Diretório Central dos Estudantes Federação dos Trabalhadores na
Fetraece
Agricultura do Estado do Ceará
DJP Dominicans for the Justice and Peace Federação dos Trabalhadores na
Fetaes
Agricultura do Estado do Espírito Santo
Eeacone Eeacone Federação dos Trabalhadores na
Estágio Interdisplinar de Vivência de Minas Fetaema
EIV-MG Agricultura do Estado do Maranhão
Gerais Federação dos Trabalhadores na
Fetagri/PA
Fuvi Famílias Unidas do Vale do Ivinhema Agricultura do Estado do Pará/Amapá
Federação dos Trabalhadores na
FAF Federação da Agricultura Familiar Fetaep
Agricultura do Estado do Paraná
Federação das Associações de Pescadores Federação dos Trabalhadores na
Fapesca Fetag/PI
Artesanais do Estado do RJ Agricultura do Estado do Piauí
Federação das Associações e Conselhos Federação dos Trabalhadores na
FAMCC Fetaerj
Comunitários do Estado Agricultura do Estado do Rio de Janeiro
Federação dos Trabalhadores na
FCP* Federação das Colônias dos Pescadores
Fetarn Agricultura do Estado do Rio Grande do
Federação das Comunidades Quilombolas Norte
NGolo
do Estado de MG Federação dos Trabalhadores na
Federação das Comunidades Quilombolas Fetag/RS
FACQRS Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul
do Estado do RS Federação dos Trabalhadores na
Federação das Comunidades Quilombolas Fetraf
FCQPR Agricultura Familiar
do Paraná Federação dos Trabalhadores na
Federação de Pescadores Artesanais do Fetrafsul
Fepaemg Agricultura Familiar da Região Sul
Estado de Minas Gerais Federação dos Trabalhadores Rurais do DF
Federação de Pescadores Artesanais e Fetadef
Fepearo e Entorno
Aquicultores do Estado de Rondônia
Federação dos Empregados Rurais FIST Federação Internacionalista dos Sem Teto
Feraesp Federação Sindical e Democrática dos
Assalariados do Estado de São Paulo FSDM-MG
Federação dos Estudantes de Agronomia Metalúrgicos de MG
Feab Federeção de Órgãos para Assistência
do Brasil Fase
Federação dos Pescadores do Estado do Rio Social e Educacional
FPERJ
de Janeiro Fisco-Fórum Fisco-Fórum
Federação dos Pescadores do Rio Grande
FPRN* FTR Força dos Trabalhadores Rurais
do Norte
Federação dos Pescadores Profissionais de
FPPMG FS Força Sindical
Minas Gerais
Federação dos Trabalhadores na Fórum Araripense de Prevenção e Combate
Fetaemg FAPCD
Agricultura do Estado de Minas Gerais à Desertificação
Federação dos Trabalhadores na Fórum Cearense de Sobrevivência no Semi-
Fetaesp FCSSA
Agricultura do Estado de São Paulo Árido
Federação dos Trabalhadores na FAOR Fórum da Amazônia Oriental
Fetacre
Agricultura do Estado do Acre
Federação dos Trabalhadores na FE* Fórum das Entidades
Fetag/RJ
Agricultores do Estado do Rio de Janeiro FPS Fórum das Pastorais Sociais
Federação dos Trabalhadores na
Fetag/BA
Agricultura do Estado da Bahia FAF* Fórum de Agricultura Familiar
231
Fórum de Lutas por Terra, Direito e GTA Grupo de Trabalho da Amazônia
FLTDC*
Cidadania
Fórum de Meio Ambiente dos Xambrê Grupo Xambrê
FMADT*
Trabalhadores
IEAB Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
FMA Fórum de Mulheres da Amazônia
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no
IECLB
FMGBH* Fórum de Mulheres da Grande BH Brasil
Fompe* Fórum de Mulheres de Pernambuco Índios Indígenas

Fomes Fórum de Mulheres do Espírito Santo Inesc Instituto de Estudos Sócio Econômicos

Focampo Fórum do Campo Potiguar IMS Instituto Marista de Solidariedade


Instituto para o Desenvolvimento
FVJ Fórum do Vale do Jetiquinhonha Idesc
Sustentável do Vale do Ribeira
FDDI Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas ISA Instituto Socioambiental
Fórum Estadual de Prevenção e Inst. Vidagua Instituto Vidagua
Fetetipe
Erradicação do Trabalho Infantil
Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Intersindical Intersindical
FMCBH
Hidrográficas
Fórum Municipal de Luta por JG* Justiça Global
FMLTCS*
Trabalho,Cidadania e Soberania Jufra Juventude Franciscana Brasileira
Fórum Nacional contra a Violência no
FNCVC* LCC Liga Camponesa Corumbiara
Campo
FNF Fórum Nacional do Fisco LCP Liga dos Camponeses Pobres
FNL Frente Nacional de Luta LOC Liga Operária e Camponesa
Fórum Nacional pela Reforma Agrária e
FNRAJC MMM Marcha Mundial das Mulheres
Justiça no Campo
Fórum Paraense de Cidadania e Direitos Mobilização dos Povos Indígenas do
FPCDH* Mopic
Humanos Cerrado
Fórum Paraense de Luta por Trabalho, Montanha
FPLTTC* Montanha Viva
Terra, Cidadania Viva
Fórum pela Vida no Semiárido da MAP Movimento Agrário Popular
FVSMS
Microrregião de Sobral
MACDV* Movimento Alerta Contra o Deserto Verde
FST Fórum Social do Triângulo
MBB Movimento Bandeira Branca
FSM* Fórum Social Mineiro
MTB** Movimento Brasil Sem Terra
FSPA Fórum Social Pan-Amazônico
MBST Movimento Brasileiro dos Sem Terra
FTPV* Fórum Teles Pires Vivo
Movimento Brasileiro dos Trabalhadores
FDA Frente de Defesa da Amazônia MBTR
Rurais
Movimento Brasileiros Unidos Querendo
FOE Frente de Oposição de Esquerda MBUQT
Terra
FPRT* Frente de Proteção ao Rio Tibagi MCC Movimento Camponês Corumbiara
FRP Frente de Resistência Pataxó MCP Movimento Camponês Popular
FTL Frente de Trabalhadores Livres MCXV Movimento Capão Xavier Vivo
FNP Frente Nacional dos Petroleiros MCNT Movimento Conquistando Nossa Terra
Fata Fundação Agrária de Tocantins/Araguaia MTI* Movimento da Terceira Idade
Funáguas Fundação Águas Movimento das Mulheres Camponesas de
MMCQ
Quilombo
Furpa Fundação Rio Parnaíba
MATR Movimento de Apoio ao Trabalhador Rural
FSOSMA* Fundação SOS Mata Atlântica
MEB Movimento de Educação de Base
FVPP Fundação Viver, Produzir e Preservar
MLST Movimento de Libertação dos Sem Terra
GE* Global Exchange Movimento de Libertação dos Sem Terra de
MLST-L
Greenpeace Greenpeace Luta
Movimento de Libertação dos
MLTRST
BF* Grupo Bento Fala Trabalhadores Rurais Sem Terra
Grupo de Apoio e Defesa dos Direitos MLT Movimento de Luta pela Terra
GADDH
Humanos
Grupo de Defesa Ambiental e Social de MMA Movimento de Mulheres Agricultoras
Gdasi
Itacuruçá MMC Brasil Movimento de Mulheres Camponesas
GDN Grupo de Defesa da Natureza
AMTBRAN Movimento de Mulheres de Brasil Novo
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Movimento de Mulheres Trabalhadoras MG* Movimento Geraizeiro


MMTR
Rurais
M8M* Movimento Dia 08 de Março MGA* Movimento Grito das Águas

MAST Movimento dos Agricultores Sem Terra MIG Movimento Indígena Guarani
Movimento Interestadual das Quebradeiras
Moab Movimento dos Ameaçados por Barragens MIQCB
de Côco Babaçu
MAAP Movimento dos Assentados do Amapá MJA* Movimento Juriti em Ação
Movimento dos Atingidos pela Base Movimento Nacional de Defesa dos Direitos
MABE MNDDH
Espacial Humanos
MAB Movimento dos Atingidos por Barragens MND Movimento Nacional de Desempregados
MCST Movimento dos Carentes Sem Terra Monape Movimento Nacional dos Pescadores
MCP* Movimento dos Conselhos Populares MNU Movimento Negro Unificado
Movimento dos Expropriados da MPT Movimento Pacífico pela Terra
MEHT
Hidrelétrica de Tucuruí
MPA Movimento dos Pequenos Agricultores MPST Movimento Pacífico Sem Terra
Movimento dos Pescadores Artesanais do Movimento para Reforma Agrária e
Mopear Moral
Paraná Liberdade
Movimento dos Pescadores do Estado do MPL Movimento Passe Livre
Mopepa
Pará Movimento pela Preservação da Serra do
Movimento dos Pescadores e Pescadoras MPSG
MPPA Gandarela
Artesanais
Movimento dos Pescadores e Pescadoras do MUP Movimento pela Universidade Popular
Mopeba
Estado da Bahia MV* Movimento pela Vida - SC
MSA Movimento dos Sem Água
MSAMG* Movimento pelas Serras e Águas de Minas
MSAR Movimento dos Sem Água do Riachão Movimento pelo Desenvolvimento da
MDTX
MT Movimento dos Trabalhadores Transamazônica e Xingu
Movimento dos Trabalhadores Acampados MPRA Movimento Popular pela Reforma Agrária
MTAA/MT
e Assentados do Mato Grosso MPRD Movimento Pró Rio Doce
Movimento dos Trabalhadores Brasileiros
MTBST Moquibom Movimento Quilombola
Sem Terra
Movimento dos Trabalhadores
MTD MRL Movimento Radicais Livres
Desempregados
MTC Movimento dos Trabalhadores do Campo Moriba Movimento Ribeirinho de Abaetetuba
Movimento dos Trabalhadores e MNF Movimento Sem Terra Nova Força
MTM
Garimpeiros na Mineração Movimento Sindical dos Trabalhadores
MTR Movimento dos Trabalhadores Rurais MSTR
Rurais
Movimento dos Trabalhadores Rurais e MSST Movimento Social dos Sem Terra
MTRUB
Urbanos
Movimento dos Trabalhadores Rurais MSO Movimento Social Organizado
MTRI
Independentes Movimento Socialista Trabalhista de
Movimento dos Trabalhadores Rurais no MSTR*
MTB Rondônia
Brasil MSONT Movimento Sonho da Terra
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
MST
Terra MTV* Movimento Tapajós Vivo
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
MST*** MTB* Movimento Terra Brasil
Terra (do Pontal SP)
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra Livre Movimento Terra Livre
MTRSTB
Terra Brasileiros
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem MTL Movimento Terra Trabalho e Liberdade
MTRSTP
Terra do Paraná
MTV Movimento Terra Vida
MTST Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra MTEM Movimento Terra, Educação e Moradia
MSTI Movimento Terra, Trabalho e Liberdade,
Independente MTL-DI
Ecovida* Movimento Eco Vida Democrático e Independente
MTP Movimento Trabalhista de Poconé
Mespe Movimento Ecossocialista de Pernambuco
Movimento em Defesa das Baías de MTP* Movimento Trabalho e Progresso
MDBF*
Florianópolis MTST Movimento Tucuruiense Sem Terra
Movimento Estadual de Trabalhadores
Ceta MUL Movimento União dos Lavradores
Assentados, Acampados e Quilombolas
MFP Movimento Fé e Política Must Movimento Unido dos Sem Terra
233
MUT Movimento Unidos pela Terra Rejuind Rede da Juventude Indígena
MVAB Movimento Vantuy Agroecológico no Brasil Rede de Assistência Comunitária dos
Raaca-Sul
Assentados e Acampados do Sul da Bahia
MVT Movimento Via do Trabalho Rede de Informação e Ação pelo Direito a se
Fian
Alimentar
MXV* Movimento Xingu Vivo
Roda Rede de Organizações em Defesa da Água
NDH Núcleo de Direitos Humanos
RGC* Rede Grita Cerrado
OAB Ordem dos Advogados do Brasil Rede Mato-Grossense de Educação
Remtea
OAC Organização Agrária Camponesa Ambiental
Rede Nacional de Advogados e Advogadas
OLC Organização da Luta no Campo Renap
Populares
OAS Organização de Articulação do Semi-Árido SI Sem informação

OMR* Organização de Moradores da Resex SS Sem Sigla


Organização de Mulheres Assentadas e SAB Serviço de Animação Bíblica
Omaquesp
Quilombolas do Estado de SP
SFJP Serviço Franciscano de Justiça e Paz
OPI Organização de Produtores de Ipirá
SAF Sindicato da Agricultura Familiar
OSR Organização dos Seringueiros de Rondônia
Sindbancários Sindicato dos Bancários
OI Organização Independente
Sindicato dos Economistas do Rio de
Ong Organização Não Governamental SERJ*
Janeiro
Organização para a Libertação de Sem SER Sindicato dos Empregados Rurais
OLST
Terra
Organização para Direitos Humanos e SGSP Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada
Humanitas
Cidadania SJP* Sindicato dos Jornalistas Profissionais
OPA Organização Popular
SM Sindicato dos Metalúrgicos
OTL Organização Terra e Liberdade Sindicato dos Pequenos e Médios
SINPRA
Paróquias Paróquias Produtores Rurais Assentados
SQP Sindicato dos Químicos e Petroleiros
PCB Partido Comunista Brasileiro
SRBH Sindicato dos Rodoviários de Belo Horizonte
PT Partido dos Trabalhadores
Sindicato dos Servidores Federais do Mato
PSOL Partido Socialismo e Liberdade Sindsepe
Grosso
Past. da Sindicato dos Trabalhadores e das
Pastoral da Criança STTR
Criança Trabalhadoras Rurais
Sindicato dos Trabalhadores em Água,
PJMP Pastoral da Juventude do Meio Popular Sintaema
Esgotos e Meio Ambiente de SP
PJR Pastoral da Juventude Rural Sindicato dos Trabalhadores em Educação
Sintero
do Estado de Rondônia
PR Pastoral Rural Sindicato dos Trabalhadores em Educação
Sindiupes
Pégazus Pégazuz Pública
Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura
Sintraf
Pescadores Pescadores Familiar
Sindipetro- Sindicato dos Trabalhadores na Indústria
Planeta Vida Planeta Vida RJ do Petróleo - RJ
PSRF* Pólo Sindical do Recôncavo e Feira STL Sindicato dos Trabalhadores na Lavoura
Preá Preá Sindsaúde Sindicato dos Trabalhadores na Saúde
Prelazia Prelazia Sindicato Estadual dos Profissionais de
SEPE
Ensino do Rio de Janeiro
Koinonia Presença Ecumênica e Serviço Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do
Sinait
Proj. Trabalho
Projeto Manuelzão Sindicato Nacional dos Trabalhadores da
Manuelzão Sinpaf
Codevasf e da Embrapa
PPE Projeto Padre Ezequiel Sindicato Único dos Trabalhadores em
Sind-UTE
Quilombolas Quilombolas Educação de MG
Sinergia Sinergia
RL* Radicais e Livres
SDS Social Democracia Sindical
Rede Alerta Rede Alerta contra o Deserto Verde
Sapê Sociedade Angrense de Proteção Ambiental
Reapi Rede Ambiental do Piauí
Sociedade Maranhese de Defesa dos
RCONGs Rede Cerrado de Ongs SMDDH
Direitos Humanos
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Uniterra União dos Movimentos Sociais pela Terra
SPDDH
Humanos
SOS USST União dos Santanenses Sem Terra
SOS Cachoeirão
Cachoeirão União dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
USTN
SOS Capivari SOS Capivari do Norte
TD* Terra de Direitos UEE-RJ União Estadual dos Estudantes do RJ

Tupã 3E Tupã 3E UFT União Força e Terra

UNASFP União das Associações de Fundo de Pasto UNE União Nacional dos Estudantes

UMP União das Mulheres Piauienses UST* União Socialista pela Terra
Via
UAPE União dos Agricultores de Pernambuco Via campesina
Campesina
235
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IECLB
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http://www.cptnacional.org.br
O Roceiro - Crateús-CE
Comissão Pastoral da Terra - CPT AL - http://cptala-
goas.blogspot.com.br/ Pastoral da Juventude do Meio Popular - PJMP

Comissão Pastoral da Terra - Regional NE 2 - http:// Pastoral da Juventude Rural - PJR


www.cptne2.org.br/
Pastoral Operária - PO
Comissão Pastoral da Terra Regional BA - http://
www.cptba.org.br/ Porantim - Brasília - DF

Comissão Pastoral da Terra Regional CE - http://cp- Ressurreição e Vida - Senhor do Bonfim - BA


tce.blogspot.com.br/ ONGs
Comissão Pastoral da Terra Regional MS - http://cpt- Agência de Notícias da Repórter Brasil - https://re-
ms.blogspot.com.br/ porterbrasil.org.br
Comissão Pastoral da Terra Regional PI - http//cptpi. Boletim Informativo Alerta Contra o Deserto Verde -
blogspot.com ES
Comissão Pastoral da Terra Regional RS - http:// Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva - Ce-
cptdors.blogspot.com.br/ defes
Comissão Pastoral da Terra Regional SP - http:// Corte Interamericana de Direitos Humanos - OEA -
www.cptsp.com.br/ CDH-CP
Notícias da Terra - Boletim Informativo da CPT - RO - Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos -
www.cptrondonia.blogspot.com CDVDH
Pastoral da Terra - CPT Nacional - Goiânia - GO Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical
Igrejas Popular - Cepasp

Agência de Informação Frei Tito para América Latina Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos -
- Adital CEPDH

Alvorada - Prelazia de São Félix do Araguaia - MT Combate Racismo Ambiental

A Poronga - Diocese de Santarém - PA Confapesca - Conf. Nac. das Federações e Assoc. de


Pescadores Artesanais, Aquicultores e Entidades de
Cáritas Brasileira - http://caritas.org.br Pesca

Comissão Brasileira de Justiça e Paz - CBJP Centro Santo Dias de Direitos Humanos/SP - CSDDH

Cebi - Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos Federação de Orgãos para Assessoria Social e Educa-
cional - Fase
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB
Foodfirst Information e Action Network - Fian
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Greenpeace Movimentos dos Trabalhadores Desempregados -


MTD
Grupo de Trabalho Amazônico - GTA
Movimento dos Trabalhadores do Campo - MTC
Instituto de Formação e Assessoria Sindical “Sebas-
tião Rosa da Paz” - Ifas Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra -
MST
Jornal do Grupo Tortura Nunca Mais - GTNM
Movimento Ecossocialista de Pernambuco
Justiça Global - www.global.org.br
Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco
Justiça nos Trilhos - www.justicanostrilhos.org Babaçu - MIQCB
Núcleo de Direitos Humanos - NDH Movimento Juruti em Ação
Instituto Socioambiental - ISA Movimento Mundial de Mulheres - MMM
Portal Ecodebate Movimento pela Soberania Popular na Mineração -
MAM
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
Movimento Terra Livre (antigo MTL - DI)
Serviço de Assessoria às Organizações Populares Ru-
rais - Sasop Movimento Terra, Trabalho e Liberdade - MTL
Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Huma- Movimento Xingu Vivo
nos - SMDH
Revista Sem Terra
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos
- SPDDH Via Campesina

Terra de Direitos Movimento Sindical

Movimentos Sociais Agência Contag de Notícias - Brasília - DF

Movimento de Trabalhadores Assentados, Acampados Central Única dos Trabalhadores - CUT


e Quilombolas - Ceta
Central Sindical e Popular - Conlutas
Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricul-
Frente Nacional de Luta - FNL tura - Contag

Frente Revolucionária Mulheres em Luta - FRML Federações dos Trabalhadores na Agricultura Fami-
liar - Fetraf
Jornal do MST - São Paulo - SP
Federações dos Trabalhadores na Agricultura - Fetag
Liga dos Camponeses Pobres - LCP
Federações dos Trabalhadores na Ind. Da Const. Pe-
Notícias da Amazônia - Secretaria do MST Pará - Ma- sada - Fenatracop
rabá
Sindicatos dos Servidores da Justiça Federal - Sind-
Movimento Camponês Popular - MCP jus
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB Sindicatos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras
Rurais - STTR
Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Al-
cântara/MA- Mabe Sindicatos dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
- Sintraf
Movimento de Mulheres Camponesas - MMC
Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e
Movimento de Libertação dos Sem Terra - MLST Previdência
Movimento de Luta pela Terra - MLT Associações
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA Associação Quilombola Unidos Rio do Capim - AQURC
Movimento dos Pescadores do Estado da Bahia - Mo- Agricultura Familiar e Agroecologia - AS-PTA
peba
Associação Agropecuária Mista dos Produtores Rurais
237
de Pacajá Articulação Nacional das Pescadoras - ANP

Associação da Comunidade Remanescente do Qui- Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo


lombo Pedra do Sal Cruz - Asfoc

Associação das Comunidades da Região de Juruti Ve- Blogs


lho - Acorjuve
Comissão de Assuntos Indígenas - CAI
Associação de Aquicultores e Pescadores de Pedra de
Guaratiba - AAPP Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
- CDDPH
Associação de Advogados e Advogadas de Trabalhado-
res Rurais - AATR Coletivo Amazônia de Formação e Ação Revolucioná-
ria - Cefar
Associação do Projeto de Assentamento Praia Alta Pi-
ranheira - Apapap Centro Alternativo do Norte de Minas

Associação dos Moradores de Igaci e Microrregiões do Centro de Estudos Ambientais


Estado de Alagoas
Comitê Dorothy - PA
Associação dos Pequenos Agricultores Paz e Alegria
Comitê Rio Maria
Associação Indígena Pusuru - AIP
Comunidade Quilombola Brejo dos Crioulos
Associação Nacional de Cooperação Agrícola
Conselho Estadual de Povos Indígenas
Associação Nacional dos Advogados da União - Anau-
ni Conselho Indígena Munduruku do Alto Tapajós - Ci-
mat
Associação Quilombola de Conceição das Crioulas -
AQCC Delegacia de Polícia Civil

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil Departamento de Medicina Legal


- CTB
Diário da Justiça
União de Associações Comunitárias de Congonhas -
Unaccon Documentos Gerais

Rede Data Luta Facebook

UNESP - Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Fórum Carajás


Reforma Agrária - NERA Fórum da Amazônia Oriental - FAOR
UFU - Laboratório de Geografia Agrária - LAGEA Fórum de Comunidades Tradicionais - FCT
UNIOESTE - Laboratório de Geografia das Lutas no Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Gros-
Campo e na Cidade - GEOLUTAS so - FDHT/MT
UFRGS - Núcleo de Estudos Agrário - NEAG Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos
UFPB - Grupo de Estudos sobre Espaço, Trabalho e Fórum do Campo Potiguar
Campesinato
Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT
Fórum pela Reforma Agrária e Justiça no Campo
UFES - Observatório dos Conflitos no Campo no Es-
pírito Santo Fórum pela Vida no Semiárido da Microrregião de So-
bral
Outras fontes
Fórum Suape
Agência 10envolvimento - BA
Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz
Anistia Internacional
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente - Ibama
Articulação Nacional de Agroecologia - ANA
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE www.institutopaulofonteles.org.br

Instituto Humanitas Unisinos - IHU www.intersindicalcentral.com.br

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária www.irpaa.org


- Incra
www.pib.socioambiental.org/pt
Informe Agropecuário - Epamig - Belo Horizonte - MG
www.portaldomar.org.br
Ministério Público Estadual - MPE
www.portalkaingang.org
Ministério Público Federal - MPF
www.preservareresistir.org
Ministério Público do Trabalho - MPT
www.resistenciacamponesa.com
Observatório dos Conflitos Rurais em São Paulo
www.riosvivos.org.br
Observatório do Pré-Sal e da Indústria Extrativa Mi-
neral Imprensa

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Ofícios A Folha - São Carlos - SP

Organização Internacional do Trabalho - OIT-ONU A Gazeta - Cuiabá - MT

Organização das Nações Unidas - ONU A Gazeta - Rio Branco - AC

Ordem dos Advogados do Brasil - OAB A Gazeta - Vitória - ES

Ouvidoria Agrária A Notícia - Chapecó - SC

Plataforma Dhesca Brasil - Direitos Humanos Ecôno- A Notícia - Pará


micos, Sociais, Culturais e Ambientais
A Nova Democracia - Rio de Janeiro - RJ
REDECCAP
A Província do Pará - Belém-PA
Rede de Cooperação Alternativa - RCA
A Região - Itabuna - BA
Redmanglar Internacional - Cogmanglar
A Tarde - Salvador - BA
Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares
- Renap A Tribuna - AC

Revista da Faculdade de Ciência e Tecnologia - UNESP A Tribuna - Criciúma - SC

Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio A Tribuna - MT


Grande do Sul - SINPRO/RS
A Tribuna - Santos - SP
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego -
SRTE A Tribuna - Vitória - ES

Universidade Federal do Pará - UFPA A Tribuna do Povo - Umuarama - PR

Universidade Federal da Paraíba - UFPB Afropress - Agência de Informação Multiétnica

Universidade Federal de Goiás - UFG Agecon - Agência Contestado de Notícias Populares

Universidade Federal de Pernambuco - UFP Agence France - Press - Paris - FR

Universidade Federal Fluminense - UFF Agência Alagoas

www.br.radiovaticana.va Agência Amazonas de Notícias

www.caa.org.br - Centro de Agricultura Alternativa Agência Brasil - Rio de Janeiro - RJ


do Norte de Minas Agência da Notícia - MT
www.indiosnonordeste.com.br Agência Estado - São Paulo - SP
239
Diário do Amapá - Macapá - AP Folha do Estado - Cuiabá - MT

Diário do Amazonas - Manaus - AM Folha do Paraná - Curitiba - PR

Diário do Comércio - Belo Horizonte - MG Folha do Povo - Campo Grande - MS

Diário do Grande ABC - Santo André - SP Folha Popular - Palmas - TO

Diário do Iguaçu - Chapecó - SC Folha Regional - Andradina - SP

Diário do Jequi - Almenara - MG Folha Regional - MG

Diário do Nordeste - Fortaleza - CE Gazeta de Alagoas - Maceió - AL

Diário do Noroeste - Paranavaí - PR Gazeta de Ribeirão - Ribeirão Preto - SP

Diário do Pará - Belém - PA Gazeta Digital - Guararapes - SP

Diário do Povo - Dourados - MS Gazeta do Alto Piranhas - Cajazeiras - PB

Diário do Povo - Teresina - PI Gazeta do Oeste - Mossoró - RN

Diário do Rio Doce - Governador Valadares - MG Gazeta do Pantanal - MS

Diário do Sudoeste - PR Gazeta do Paraná - Cascavel - PR

Diário do Vale - Rio de Janeiro - RJ Gazeta do Povo - Curitiba - PR

Diário dos Campos - Ponta Grossa - PR Gazeta do Sul - Santa Cruz do Sul - RS

Diário Oficial da União-DOU - Brasília - DF Gazeta Mercantil - São Paulo - SP

Diário Popular - São Paulo - SP Gazeta Nacional - Rio de Janeiro - RJ

Dourados News - Dourados - MS Gazeta Nossa - Recife - PE

Envolverde - Revista Digital de Meio Ambiente e De- Gazeta Online - Vitória - ES


senvolvimento
Globo Minas
Época - Rio de Janeiro - RJ
Globo News
Estado de Minas - Belo Horizonte - MG
Globo Rural
Expresso Santiago - RS
GP1 - O 1º Grande Portal do Piauí
Extra - Rio de Janeiro - RJ
Hoje em Dia - Belo Horizonte - MG
Folha da Baixada - Cuiabá - MT
http://correiocentral.com.br
Folha da Manhã - Campos dos Goytacazes - RJ
Informativo Stúdio Rural - Campina Grande - PB
Folha da Manhã - MG
Informe Agropecuário - Campo Grande-MS
Folha da Região - Araçatuba - SP
Isto É - São Paulo - SP
Folha de Boa Vista - RR
Isto É Dinheiro - São Paulo - SP
Folha de Carajás - Redenção - PA
Jornal A Cidade - Ribeirão Preto - SP
Folha de Londrina - Londrina - PR
Jornal Agora - Porto Alegre - RS
Folha de Pernambuco - Recife - PE
Jornal Amazônia Hoje - Belém - PA
Folha de Rondônia - Ji-Paraná - RO
Jornal Aqui - RJ
Folha de São Paulo - São Paulo - SP
Jornal Arinos - Nova Mutum - MT
Folha do Amapá - Macapá - AP
Jornal Bom Dia - Bauru - SP
Conflitos
no 2019
Campo Brasil

Jornal Cidade de Rio Claro - SP Novo Extra - Maceió - AL

Jornal Correio Popular de Rondônia - Ji - Paraná - RO O Barriga Verde - SC

Jornal Cultura - Guarapuava - PR O Debate - Macaé - RJ

Jornal da Cidade - Bauru - SP O Dia - Rio de Janeiro - RJ

Jornal da Comunidade - Brasília - DF O Dia - Teresina - PI

Jornal da Manhã - Aracaju - SE O Diário de São Paulo - São Paulo - SP

Jornal da Manhã - Uberaba - MG O Estado de São Paulo - São Paulo - SP

Jornal da Paraíba - Campina Grande - PB O Estado do Maranhão - São Luís - MA

Jornal da Tarde - São Paulo - SP O Estado do Paraná - Curitiba - PR

Jornal das Missões - Santo Ângelo - RS O Estado do Tapajós - PA

Jornal de Brasília - Brasília - DF O Estado do Triângulo - MG

Jornal de Cuiabá - MT O Falcão - Abelardo Luz - PR

Jornal de Fato - Natal - RN O Globo - Online

Jornal de Santa Catarina - Blumenau - SC O Imparcial - Presidente Prudente - SP

Jornal de Santarém - PA O Imparcial - São Luís - MA

Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - RJ O Jornal - Maceió - AL

Jornal do Cariri - Juazeiro do Norte - CE O Jornal dos Municípios - São Paulo - SP

Jornal do Comércio - RS O Liberal - Belém - PA

Jornal do Commércio - Recife - PE O Mossoroense - Mossoró - RN

Jornal do Commércio - Rio de Janeiro - RJ O Nacional - Passo Fundo - RS

Jornal do Dia - Macapá - AP O Norte - João Pessoa - PB

Jornal do Estado - Curitiba - PR O Paraná - Cascavel - PR

Jornal do Tocantins - Palmas - TO O Popular - Goiânia - GO

Jornal Folha do Maranhão O Povo - Fortaleza - CE

Jornal Hoje - Cascavel - PR O Progresso - Dourados - MS

Jornal Hoje - Parauapebas - PA O Progresso - Imperatriz - MA

Jornal Pequeno - São Luís - MA O Rio Branco - Rio Branco - AC

Jornal Planalto Central - Brasília - DF O São Paulo - São Paulo - SP

Jornal Spalhafatos - Brasília - DF O Tempo - Belo Horizonte - MG

Jornal Vale Paraibano - São José dos Campos - SP Oeste Notícias - Presidente Prudente - SP

Le Monde - Paris - FR Opinião - Marabá - PA

Marco Zero - Macapá - AP Página 20 - Rio Branco - AC

Meio Norte - Teresina - PI Paraná Online - Curitiba - PR

Monitor Campista - RJ Portal A Notícia - Florianópolis - SC

Nova Fronteira - Salvador - BA Portal de Notícias Conexão Tocantins


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Portal RPC www.40graus.al

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