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NÚCLEO DE

PÓS GRADUAÇÃO

Didática e metodologia
do ensino superior
Curso de Pós- Graduação
Coordenação Pedagógica - IBRA
Sumário

1 Introdução 04

2 Didática 07
2.1 Objeto de estudo da Didática 10
2.2 Componentes 10
2.3 As tendências pedagógicas 11

3 A didática no ensino superior 14


3.1 Competências para a docência no ensino superior 15
3.2 Características, classificação e desafios do pro- 18
fessor 3.3 Características e classificação dos estudan- 20
tes do ensino superior

4 Os níveis de planejamento de ensino 24


4.1 Planejamento educacional 25
4.2 Planejamento institucional 26
4.3 Planejamento curricular 26
4.4 Planejamento do ensino 26

5 Os objetivos no ensino superior 29


5.1 Função 29
5.2 Dimensões 29
5.3 Características e classificação 29

6 A avaliação da aprendizagem 32

7 Desafios do ensino superior para refletir... 35

8 Referência Bibliográficas 37

02
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

1 Introdução

Fonte: https://jornal.usp.br/universidade/acoes-para-comunidade/alunos-levarao-conhecimento-do-centrinho-
-para-alem-das-salas-de-aula/

S eja bem-vindo ao IBRA, queremos


reafirmar os esforços do Instituto
Brasil de Ensino – IBRA em oferecer um
melhorar nosso trabalho.
Como os cursos baseados na Me-
todologia da Educação a Distância, e/ou
material condizente com a graduação semipresencial, vocês são livres para es-
daqueles que se candidataram a esta tudar da melhor forma que puderem se
especialização e procuramos referências organizar, lembrando que: aprender sem-
atualizadas, embora saibamos que os clás- pre, refletir sobre a própria experiência
sicos são indispensáveis ao curso. se somam e que a educação é demasiado
As ideias aqui expostas, como não importante para nossa formação e, por
poderiam deixar de ser, não são neutras, conseguinte, para a formação dos nos-
afinal, opiniões e bases intelectuais funda- sos/ seus alunos.
mentam o trabalho dos diversos institu- Deste modo, o curso em questão tem
tos educacionais, mas deixamos claro que como objetivo geral oferecer subsídios te-
não há intenção de fazer apologia a esta ou órico-metodológicos para que os ingres-
aquela vertente, estamos cientes e prima- santes na especialização possam atuar
mos pelo conhecimento científico, testado de maneira comprometida e adequada,
e provado pelos pesquisadores. reforçar os conhecimentos daqueles que
Não obstante, o curso tenha ob- já atuam na área, pois sabemos que o
jetivos claros, positivos e específicos, nos mercado atual exige renovação da ba-
colocamos abertos para críticas e para opi- gagem profissional, valorização das novas
niões, pois temos consciência que nada tendências na sua área de trabalho.
está pronto e acabado e com certeza Esta é a uma das apostilas do Mó-
críticas e opiniões só irão acrescentar e dulo Básico, comum aos demais cursos,

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

2 Introdução

cujo conteúdo contempla a Didática no serem os mais importantes para a discipli-


Ensino Superior. na.
Falaremos brevemente sobre a Di- São inúmeros os autores que dis-
dática, seu objeto de estudo, seus compo- cutem os temas voltados para a Didática
nentes e as tendências pedagógicas atuais. no Ensino Superior, optamos por seguir
A existência de competências es- a linha de pensamento de três autores
pecíficas para a docência no ensino su- mais especificamente que são José Carlos
perior, as características, classificação e Libâneo (1994, 2002), Marcos Masseto
desafios do professor bem como do es- (2005) e Antônio Carlos Gil (2009), mas
tudante também serão apresentadas nes- salientamos que existem inúmeros outros
te trabalho. autores que nos oferecem uma bibliogra-
Não poderíamos deixar de lado os fia rica nesse conteúdo.
níveis de planejamento do ensino que Para maior interação com o alu-
passam pelo educacional, institucional, no deixamos de lado algumas regras de
curricular e do ensino, propriamente dito. redação científica, mas nem por isso o tra-
Por fim, discorreremos sobre os ob- balho deixa de ser científico.
jetivos da docência no ensino superior, Desejamos uma boa leitura e caso
assuas funções e dimensões assim como a surjam algumas lacunas, ao finalda apos-
importância do processo de avaliação da tila encontrarão nas referências consulta-
aprendizagem. das e utilizadas aporte para sanar dúvi-
Trata-se de uma reunião do pensa- das e aprofundar os conhecimentos.
mento de vários autores que entendemos

Fonte: https://jornal.usp.br/universidade/acoes-para-comunidade/alunos-levarao-conhecimento-do-centrinho-
-para-alem-das-salas-de-aula/

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

2 Didática

A ntes de apresentarmos os conceitos


e definições básicos para a didática,
queremos pontuar uma qualidade, não,
didática e de sucesso na aprendizagem
e em ambos os casos, têm direito ao
convívio com professores qualificados nas
mais do que isso, uma necessidade de todo técnicas de ensinar.
e qualquer professor: saber comunicar-se! No processo de comunicação, o
Geralmente pensamos que basta o emissor, no nosso caso, o professor deve-
professor dominar o conteúdo da disci- ria transmitir ideias através de toda sua
plina que vai ministrar. postura e expressão não verbal (afinal fa-
Usaremos palavras de Paulo Natha- lamos não só com a boca, mas com o rosto
nael Pereira de Souza¹, ex-Presidente do e todo o corpo).
Conselho Federal de Educação para nos Como diz Araujo (1994, p. 18) “a
fazer entender melhor: comunicação se efetua sempre tradi-
cionalmente: verbal, não verbal e factual
(os fatos, as atitudes do comunicador que
você)”.
“Há quem pense ser dispensável ao A comunicação inicia tática e cui-
professor de faculdade o cultivo da dadosamente, estudando o outro e com
didática. Bastaria dominar com am- o tempo vai crescendo a franqueza, até
plitude e profundidade o campo do que no final do processo, podemos chegar
saber, que cabe transmitir. Só com isso à comunicação real.
poderia ser havido como um grande Como facilitador do grupo, o pro-
mestre. Em casos extremos, quando fessor precisa conhecer, nesse caso, a sala
a dificuldade de comunicação desse de aula, que há sempre três subgrupos de
professor redundasse em puro exer- aprendizagem: o oficial, o anti oficial e o
cício de hermetismo em sala de aula, oscilante. Com o primeiro subgrupo, o ofi-
sua fama crescia na razão direta do seu cial (que gosta de poder) primeiro pede-se
obscurantismo didático. Quanto mais licença, faz-se o papel de oscilante (é
complexa a sua exposição, melhor sá- uma estratégia de convivência). Com o
bio seria!” segundo grupo, o anti oficial (que quer o
poder e compete com você) é preciso aliar-
-se, associar-se. Já com o terceiro grupo, o
Pois bem, é claro que existe equívoco oscilante, que é fraco em autocondução, o
nessa ótica de julgamento do trabalho do professor precisa se colocar na posição
professor. Da criança do ensino funda- de subgrupo oficial paternalista ou ma-
mental ou o adolescente do curso médio ternalista, mas forçando e empurrando
até os matriculados no ensino superior para a autocondução.
necessitam de clareza na comunicação No início é assim, para haver sin-

¹ Prefaciando o livro Didática no Cotidiano: uma visão cibernética da arte de educar de Maria Célia Araujo.

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

2 Didática

tonia e empatia, é preciso esse diálogo mos nos comunicar com o universo, com
inicial, essa comunicação tática. o absoluto!
Depois as várias posições vão sendo
conscientizadas e sendo introduzidas nor- Mas o que tudo isso tem a ver com
mas de comunicação explícita para os didática? Conceituando a didática, acre-
três subgrupos, tornando-os positivos. ditamos que tudo fará mais sentido. Eis
Enfim é um processo de amadureci- algumas de suas definições:
mento sair da comunicação tática e partir
para a comunicação real. 1. processo de transferência de conhe-
Explicitada um pouco da importân- cimentos.
cia da comunicação, podemos partir para
pontuar que esse processo acaba sendo 2. maneira de transferir cultura.
um meio do professor também se auto
conhecer e assim, passar confiança aos 3. conjunto de processos ou técnicas
alunos. para maior rendimento do educando.
Nesse contexto, a didática é uma
prática cotidiana que busca cultivar no 4. doutrina do ensino e do método.
professor e nos alunos algumas dinâmicas
específicas: 5. direção de aprendizagem.

• A dinâmica das potencialidades 6. “estudo do conjunto de recursos téc-


- é preciso reconhecer as nossas poten- nicos que tem em mira dirigir a apren-
cialidades. dizagem do educando, tendo em vista
levá-lo a atingir um estado de maturida-
• A dinâmica individual - que tipo de de que lhe permita encontrar-se com a
ser humano queremos ser? realidade, de maneira consciente, eficien-
te e responsável, para na mesma atuar
• A dinâmica de grupo - é preciso re- como um cidadão responsável”(NÉRI-
lacionar com a família, com os amigos, na CE, 1989).
sala de aula, com os grupos de trabalho ou
na comunidade. 7. “estudo dos procedimentos destinados
a orientar a aprendizagem do educan-
• A dinâmica agendonômica - afi- do da maneira mais eficiente possível,
nal somos ser social político-econômico em direção a objetivos predetermina-
e precisamos dessa agenda para sobrevi- dos”(NÉRICE, 1989).
ver!
8. “capacitação para jogar o jogo trágico
• A dinâmica universal - precisa- da vida” (GREGORI, 1993).

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

2 Didática

9. “é uma disciplina que estuda o proces- verdadeiro se os alunos não desenvolvem


so de ensino no seu conjunto, no qual os suas capacidades e habilidades mentais,
objetivos, conteúdos, métodos e formas se não assimilam pessoal e ativamente
organizativas da aula se relacionam entre os conhecimentos ou se não dão conta de
si de modo a criar as condições e os modos aplicá-los, seja nos exercícios e verifica-
de garantir aos alunos uma aprendizagem ções feitos em classe, seja na prática da
significativa” (LIBÂNEO, 2002). vida.
Podemos dizer, então, que o pro-
10. “trata dos objetivos, condições e cesso didático, é o conjunto de atividades
meios de realização do processo de ensi- do professor e dos alunos sob a direção
no, ligando meios pedagógico-didáticos do professor, visando à assimilação ativa
a objetivos sociopolíticos. Não há técni- pelos alunos dos conhecimentos, habili-
ca pedagógica sem uma concepção de dades e hábitos, atitudes, desenvolvendo
homem e de sociedade, como não há suas capacidades e habilidades intelectu-
concepção de homem e sociedade sem ais. Nessa concepção de didática, os con-
uma competência técnica para realizá-la teúdos escolares e o desenvolvimento
educacionalmente” (LIBÂNEO, 2002). mental se relacionam reciprocamente,
pois o progresso intelectual dos alunos e
Pois bem, se a Didática cuida dos o desenvolvimento de suas capacidades
objetivos, condições e modos de reali- mentais se verificam no decorrer da as-
zação do processo de ensino. Em que similação ativa dos conteúdos. Portanto,
consiste o processo de ensino e aprendi- o ensino e a aprendizagem (estudo) se
zagem? O princípio básico que define esse movem em torno dos conteúdos escola-
processo é o seguinte: o núcleo da ativida- res visando o desenvolvimento do pensa-
de docente é a relação ativa do aluno mento (LIBÂNEO, 2002).
com a matéria de estudo, sob a direção
do professor. O processo de ensino consis-
te de uma combinação adequada entre o
papel de direção do professor e a ativi-
dade independente, autônoma e criativa
do aluno.
O papel do professor, portanto é
o de planejar, selecionar e organizar os
conteúdos, programar tarefas, criar con-
dições de estudo dentro da classe, incenti-
var os alunos, ou seja, o professor dirige as
atividades de aprendizagem dos alunos a
Fonte: https://blog.edukasyon.ph/career-conversa-
fim de que estes se tornem sujeitos ativos tions/public-or-private-schools-where-should-i-teach/
da própria aprendizagem. Não há ensino attachment/chairs-chalk-chalkboard-159844/

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

2 Didática

2.1 Objeto de estudo da


Didática

A Didática durante um certo tem- formar trabalhadores. A parte da reali-


po tinha o ensino como seu objeto de dade, portadora do problema, se loca-
estudo, mas os teóricos ao longo do tempo liza nas escolas ou organizações sociais
perceberam através da práxis, que não se que vem percebendo o fracasso que
poderia estudar só o processo de ensino representa a forma de exercer a do-
sem levar em consideração a aprendiza- cência ou acompanhamento nos pro-
gem, pois só se pode dizer que há ensino cessos educacionais.
se houve aprendizagem, uma coisa inexis-
te sem a outra e vice-versa. Deste modo, 3. Objetivo - O objetivo é a aspiração,
o seu objeto de estudo passou a ser o pro- o propósito que se quer formar nos
cesso ensino-aprendizagem. estudantes, a instrução, a educação e
o desenvolvimento de jovens, adoles-
2.2 Componentes centes e crianças, isto se cumpre na
medida em que o educador popular
Estudos de Brasil (2005) apontam se apropria da Concepção Metodológi-
como componentes da didática, conside- ca Dialética (MCD).
rados categorias do processo docente edu-
cacional, os seguintes: 4. Conteúdo - se remete a um campo
do saber, de uma ciência ou parte dela
1. Problema - O primeiro componen- ou várias inter relacionadas, onde se
te do problema denominado “encar- vai conseguindo através dos temas ou
go social” enquanto que a sociedade problemas que os próprios educadores
gesta as institui es educacionais com o vão levantando nos diferentes ativida-
fim de solucioná-lo apegado a necessi- des.
dade de preparar cidadãos tanto no seu
pensamento – desenvolvimento- como 5. Método - é a ordem e sequência
em seus sentimentos – educação – e com que os estudantes se apropriam
atividade de trabalho - instrução - em do conteúdo e atingem os objetivos;
correspondência com os valores mais para isto se conta com a Lógica do
importantes da mesma. Trabalho.

2. Objeto - objeto é a parte da realida- 6. Forma - A forma são os aspectos


de portadora do problema, é um aspec- organizativos que estabelecem uma
to do processo produtivo ou de serviços determinada relação dos estudantes e
no qual se manifesta a necessidade de o professor. Assim, com o tempo cor-

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

2 Didática

respondente ao conteúdo a apreender É importante ressaltar que até hoje


e o objetivo a alcançar, este compo- não encontramos uma teoria que dê
nente também se enquadra na Lógica. conta de todas as expressões e complexi-
dades do comportamento dos indivíduos
7. Meio - O meio de ensino é o obje- em situações de ensino-aprendizagem.
to, os recursos materiais para o traba- Temos tendências não críticas e
lho como auxiliares do processo que tendências críticas. Nas primeiras, a Di-
servem de ajuda no desenvolvimento dática está embasada na transmissão cul-
do processo, que auxilia no desenvolvi- tural, concebendo o aluno como um ser
mento do processo, situando-se tam- um passivo, atribuindo um caráter dog-
bém na Lógica. mático aos conteúdos de ensino e perce-
bendo o professor como figura principal
8. Resultado - resultado exprime as do processo ensino-aprendizagem. Na
transformações alcançadas através do avaliação do aprendizado utilizam-se pro-
produto que se obtém no processo; vas e arguições, apenas para classificar o
em cada atividade se compartilham aluno.
os frutos das práticas e se constroem Já nas tendências críticas, a peda-
novos desafios. gogia dos conteúdos atribuiu grande im-
portância à Didática, considerando que
esta tem como objetivo a direção do
2.3 As tendências pedagógicas processo de ensinar, tendo em vista as fi-
nalidades sociopolíticas e pedagógicas e as
Cada tendência pedagógica é condições e meios formativos, convergin-
embasada em teorias do conhecimento do para promover a auto atividade dos
advindas de pesquisas nas áreas de Psico- alunos que é a aprendizagem.
logia, Sociologia ou Filosofia e resulta de
uma relação sujeito ambiente, isto é, de-
riva de uma tomada de posições episte-
mológicas em relação ao sujeito e ao meio.
No entanto, o educador pode ado-
tar um ou outro aspecto das diferentes
tendências, desde que seja coerente com
a sua filosofia de educação. Ou seja,
mesmo sendo um progressista, o profes-
sor pode adotar uma metodologia própria
de tendência escola novista, considerando
sempre as premissas básicas da aborda- Fonte: https://www.spchs.org/about/classroom-pro-
gem que privilegia em sua práxis. ject/

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

2 Didática

Para Libâneo (1994), um dos prin- participação do povo nas lutas sociais.
cipais expoentes dessa teoria, o que O quadro 1 , nos deixa analisar cla-
importa é que os conhecimentos siste- ramente as contradições existentes entre
matizados sejam confrontados com as as diferentes concepções de educação e
experiências socioculturais e com a vida modo como tais concepções manifesta-
concreta dos alunos, de forma a assegurar ram concretamente nas práticas pedagó-
o acesso aos conhecimentos sistematiza- gicas brasileiras.
dos a todos como condição para a efetiva

QUADRO 1
TENDÊNCIAS
TRADICIONAL MODERNA TECNICISTA CRÍTICA
CORRENTES
Centro da Programador/
Professor facilitador Mediador
educação instrutor
Síntese de
Receptador
Aluno Ser ativo Ser direcionado múltiplas
passivo
determinações
Centro que
Reflete as
programa os
Trazer a vida para contradições de
Voltada para o conteúdos de
Escola o interior da escola ensino, articulados
futuro ensino de acordo
com a realidade do
com o mercado de
aluno.
trabalho
Conteúdo
Sistematizar os
Privilegia o programático,
conteúdos de
Privilegia o processo atividade tendo em vista
Conteúdo ensino, articulados
conteúdo (ensino- operacionalizar os
com a realidade do
aprendizagem) objetivos
aluno
comportamentais
Resolve o
Fundamental – Emerge do problema da
Conteúdo relevante
Disciplina impõe a interesse do disciplina pelo
em termos sociais
autoridade aluno(motivação) tratamento
individualizado
Deve ser
Módulos Garantir um
organizado para
Deve ser instrucionais (para conteúdo elaborado
garantir o
Ensino inculcado garantir o ritmo de no processo da
processo de
aprendizagem do prática histórico-
ensino-
aluno) social dos homens
aprendizagem
Organizado Organizado
Organizado pelo
segundo o segundo objetivos Organizado
Objetivos professor
interesse dos institucionais e coletivamente
alunos comportamentais
De acordo com as
Metodologia Expositiva Dinâmica de grupo Estudo dirigido condições objetivas
da escola
Orientação para
Avaliação Memória Criatividade Auto avaliação
resolver o problema

Fonte: Adaptado de Ranciére (2002)

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

3 A didática no ensino superior

Fonte: https://www.unitpac.com.br/noticias/2019/3/13/didatica-no-ensino-superior-capacitacao-docente

C ompetência é um conjunto de conhe-


cimentos, habilidades e atitudes ne-
cessárias para que a pessoa desenvolva
que ocorram situações favoráveis ao de-
senvolvimento dos aprendizes nas dife-
rentes áreas do conhecimento, no aspec-
suas atribuições e responsabilidades. En- to afetivo-emocional, nas habilidades e
foque este que Dutra (2009) entende ser nas atitudes e valores.
pouco instrumental, uma vez que o fato É um lugar marcado pela prática
de as pessoas possuírem determinado pedagógica intencional, voltada para
conjunto de conhecimentos, habilidades aprendizagens definidas em seus objeti-
e atitudes não é garantia de que elas irão vos educacionais e planejadas para se-
agregar valor à organização. rem conseguidas nas melhores condições
Para Masetto (2005) as instituições possíveis.
de ensino superior, como instituições É um lugar de fazer ciência, que se
educativas, são parcialmente responsá- situa e atua em uma sociedade, contex-
veis pela formação de seus membros tualizado em determinado tempo e es-
como cidadãos e profissionais compe- paço, sofrendo as interferências da com-
tentes e isso tem uma consequência: as plexa realidade exterior, que se estende
faculdades e universidades surgem como da situação político-econômico-social da
locais de encontro e de convivência entre população às políticas governamentais,
educadores e educandos, que constituem passando pelas perspectivas políticas e
um grupo que se reúne e trabalha para ideológicas dos grupos que nela atuam.

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

3 A didática no ensino superior

Essas características de nossos cur- da resolução de problemas.


sos de graduação nas faculdades e uni- • Enfim, desenvolver um saber inte-
versidades já apontam para alguns dire- grando os conhecimentos de uma área
cionamentos em relação à formação de específica com os de outras áreas, de
profissionais e à prática docente. forma interdisciplinar, voltada para os
Quanto à formação de profissio- compromissos sociais e comunitários.
nais, esta se apresenta com exigência de
totalidade, a saber:
3.1 Competências para a do-
• Desenvolvimento na área do conheci-
cência no ensino superior
mento;
No Brasil, cerca de duas décadas
• Aquisição, elaboração e organização de
atrás, iniciou-se uma autocrítica por par-
informações;
te de diversos membros participantes do
ensino superior, principalmente de pro-
• Acesso ao conhecimento existente;
fessores, sobre a atividade docente, perce-
• Relação entre o conhecimento que se bendo nela um valor e um significado até
possui e o novo que se adquire; então não considerados. Começou-se a
perceber que, assim como para a pesqui-
• Reconstrução do próprio conhecimen- sa se exigia desenvolvimento de compe-
to com significado para si mesmo; tências próprias - e a pós-graduação bus-
cou resolver esse problema -, a docência
• Inferência e generalização de conclu- no ensino superior também exigia com-
sões; petências próprias que, desenvolvidas,
trariam àquela atividade uma conotação
• Transferência de conhecimentos para de profissionalismo e superaria a situação
novas situações; até então muito encontradiça de ensinar
por boa vontade, buscando apenas cer-
• Compreensão dos argumentos apre- ta consideração pelo título de professor
sentados para defesa ou questionamento de universidade, ou apenas para com-
de teorias existentes; plementação salarial, ou, ainda, apenas
para fazer alguma coisa no tempo que
• Identificação de diferentes pontos de restasse do exercício de outra profissão
vista sobre o mesmo assunto; (MASETTO, 2005).
Nas discussões que se seguiram, fo-
• Emissão de opiniões próprias com ram identificadas as seguintes competên-
justificativas, desenvolvimento da imagi- cias para uma docência no 3º grau:
nação e da criatividade, do pensamento e

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

3 A didática no ensino superior

1. Competência em uma deter- sos alunos. Donde a importância de


minada área de conhecimento, o o professor ter clareza sobre o que
que envolve primeiramente domínio de significa aprender, quais são os princí-
conhecimentos básicos em uma deter- pios básicos da aprendizagem, o que
minada área, experiência profissional se deve aprender atualmente, como
de campo, domínio este que se adquire aprender de modo significativo, de tal
por meio de um curso de bacharelado, forma que a aprendizagem se faça
realizado em universidade e ou facul- com maior eficácia e maior fixação,
dades e alguns anos de exercício profis- quais as teorias que hoje discutem a
sional. aprendizagem e com que pressupos-
tos, como se aprende na educação su-
2. A docência no nível superior perior, quais os princípios básicos de
exige do professor domínio na uma aprendizagem de pessoas adultas
área pedagógica. Em geral, esse é o que valham para alunos do ensino
ponto mais carente de nossos professo- superior, como integrar no processo
res universitários, quando vamos falar de aprendizagem o desenvolvimento
em profissionalismo na docência. Seja cognitivo, afetivo-emocional, de habili-
porque nunca tiveram oportunidade de dades e a formação de atitudes? Como
entrar em contato com essa área, seja aprender a aprender permanentemen-
porque a veem como algo supérfluo ou te? Em geral, preocupamo-nos com que
desnecessário para sua atividade de en- nosso aluno aprenda conhecimentos,
sino. No entanto, dificilmente podere- informações, desenvolva-se intelectu-
mos falar de profissionais do processo almente, pouco nos importamos com
de ensino-aprendizagem que não domi- o desenvolvimento de suas habilida-
nem, no mínimo, quatro grandes eixos des humanas e profissionais e de seus
desse processo: o próprio conceito de valores como profissionais e cidadãos
processo de ensino-aprendizagem, o comprometidos com os problemas e a
professor como conceptor e gestor do evolução de sua sociedade.
currículo, a compreensão da relação
professor-aluno e aluno-aluno no pro- 4. O professor como conceptor e
cesso, e a teoria e a prática básicas da gestor do currículo, embora obser-
tecnologia educacional. vemos o professor lecionar uma, duas
ou três disciplinas num determinado
3. A docência no ensino superior curso deforma um tanto independen-
deve buscar / levar ao sucesso te, sem fazer relações explícitas com
no processo de ensino-aprendi- outras disciplinas do mesmo currículo
zagem. Como já dissemos anterior- ou com as necessidades primeiras do
mente, o objetivo máximo de nossa exercício de determinada profissão,
docência é a aprendizagem de nos- é fundamental que o docente perce-

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

3 A didática no ensino superior

ba que o currículo de formação de cessita de uma revisão. Ele precisa ser


um profissional abrange o desenvol- orientador das atividades, motivador e
vimento da área cognitiva quanto à incentivador do desenvolvimento de
aquisição, à elaboração e à organi- seus alunos, e que esteja atento para
zação de informações, ao acesso ao mostrar os progressos deles, bem como
conhecimento existente, à produção para corrigi-los quando necessário, mas
de conhecimento, à reconstrução do durante o curso, com tempo para que
próprio conhecimento, à identificação seus aprendizes aprendam nos próxi-
de diferentes pontos de vista sobre o mos encontros ou aulas que tiverem.
mesmo assunto, à imaginação, à criati- Parceria, formação de grupos de tra-
vidade, à solução de problemas. balho, dividir corresponsabilidades nas
pesquisas e nos relatórios são relações
5. Exige competências e habilida- fundamentais.
des para trabalhar em equipe e
em equipes multidisciplinar, co-
municando com colegas e com pesso-
as de fora do seu ambiente, fazer rela-
tórios, pesquisar em bibliotecas, usar o
computador (todas as tecnologias de in-
formação e comunicação disponíveis).
O currículo estará preocupado, ainda,
com a valorização do conhecimento
e sua atualização, com a pesquisa, a
crítica, a cooperação, os aspectos éticos
do exercício da profissão, os valores so- Fonte: https://www.lifeplanlabs.com/administrators/
ciais, culturais, políticos e econômicos, 3-ways-improve-teacher-student-relationships/

a participação na sociedade e o compro-


misso com sua evolução.
7. O exercício da dimensão po-
6. Ser competente e hábil para se lítica é imprescindível no exer-
relacionar com os alunos no pro- cício da docência universitária. O
cesso de aprendizagem. Como as- professor, ao entrar na sala de aula para
sumir uma atividade de docência sem ensinar uma disciplina, não deixa de
se aprofundar no conhecimento e na ser um cidadão, alguém que faz par-
prática de uma relação com os alunos te de um povo, e uma nação, que se
que colabore com eles em sua aprendi- encontra em um processo histórico e
zagem? O papel um tanto tradicional dialético que participa da construção
do professor que transmite informa- da vida e da história de seu povo. O
ções e conhecimentos a seus alunos ne- professor deve ser um cidadão político,

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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

3 A didática no ensino superior

comprometido com seu tempo sua civi- elaborar trabalhos individuais dos mais
lização e sua comunidade. diferentes tipos, aprender com situações
simuladas e com atividades em locais pró-
prios de trabalho e em situações comuni-
3.2 Características, classifica- tárias.
ção e desafios do professor
• Desenvolver atitudes e valores.
Encontramo-nos, aqui, no aspecto mais
Dentre as características necessárias
delicado da aprendizagem de um profis-
ao professor do ensino superior encon-
sional. É seu coração, em geral, o menos
tramos em Gil (2009) algumas que mere-
trabalhado pela universidade. Seu cora-
cem ser destacadas.
ção porque, enquanto esse aspecto não for
trabalhado, modificações significativas de
• Desenvolver-se no aspecto afeti-
aprendizagem também não acontecerão.
vo-emocional. Crescente conhecimen-
to de si mesmo, dos diferentes recursos
É preciso levar em conta os efeitos,
que possui, dos limites existentes, das po-
as consequências das ações e não, em de-
tencialidades a serem otimizadas. Para trimentos de certas ações éticas, elaborar,
as faculdades e universidades, admitir por exemplo, um projeto de engenharia
essa dimensão de aprendizagem significa que vá causar efeitos negativos sobre de-
abrir espaços para que sejam expressos e terminada população. Nesse contexto, o
trabalhados a atenção, o respeito, a coope- professor deve se portar como sujeito
ração, a competitividade, a solidariedade, político e social e repassar noções de
a segurança pessoal - superando as inse- ética aos seus alunos.
guranças próprias de cada idade e de cada Valores como democracia, partici-
estágio – a valorização da singularidade pação na sociedade, compromisso com
e das mudanças que venham a ocorrer, sua evolução, localização no tempo e es-
e um relacionamento cada vez mais ade- paço de sua civilização, ética em suas mais
quado com o ambiente externo. abrangentes concepções (tanto em rela-
ção a valores pessoais como a valores
• Desenvolver certas habilidade. profissionais, grupais e políticos) preci-
Relacionar conhecimentos e informa- sam ser aprendidos em nossos cursos de
ções, organizar, generalizar, argumentar, ensino superior.
deduzir, induzir. Aprender a trabalhar em Com o surgimento de novos espaços
equipe, comunicar-se com os colegas e de produção de conhecimento e maior
com pessoas de fora de seu ambiente uni- facilidade de acesso a ele por meio dos
versitário e presentes em seu ambiente recursos da informática e da telemática,
de trabalho profissional, fazer relatórios, com o avanço tecnológico em velocida-
realizar pesquisas, usar o computador, de não vista anteriormente, com a atual

18
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

3 A didática no ensino superior

sensibilização da sociedade para valores e se prolonga por toda a vida.


éticos, políticos e sociais, todas as profis-
sões se vêm na obrigação de rever as Classificar os professores universitá-
características de seus profissionais bem rios é uma ação complexa, pois as postu-
como sua formação. ras em relação ao ensino são muito dife-
Como características básicas para rentes. Gil (2009) cita uma classificação
profissionais destacam-se, além das já em duas grandes categorias: primeiro
mencionadas, a capacidade de buscar no- aquele cujo estilo não requer nem encora-
vas informações, saber trabalhar com elas, ja o questionamento dos estudantes. Ele é
intercomunicar-se nacional e internacio- designado como o de formas didáticas. A
nalmente por meio dos recursos mais outra categoria inclui os professores cujo
modernos da informática, a capacidade estilo de ensinar requer o questionamen-
de produzir conhecimento e tecnologia to dos estudantes para completar com
própria que nos faça, ao menos em alguns sucesso as tarefas relacionadas à aprendi-
setores, não dependentes dos outros. zagem. Este estilo é denominado como de
Já quanto à formação desses profis- formas evocativas.
sionais, destacam-se como importantes Outra ênfase seria classificar o pro-
algumas linhas de ação: fessor de acordo com o elemento que mais
sobressai no desempenho de suas atribui-
• Formação profissional simultânea com ções que pode ser: a norma, a sua autori-
a formação acadêmica, por meio de um dade funcional, o relacionamento com os
currículo dinâmico e flexível, que integre alunos, o conteúdo, as estratégias de ensi-
teoria e prática, numa outra organização no, os recursos que utiliza, o modo como
curricular que não aquela que acena ape- avalia, a forma como se relaciona com os
nas para o estágio; alunos.
Quanto aos desafios atuais do pro-
• Revitalização da vida acadêmica pelo fessor universitário, a primeira delas, ob-
exercício profissional; viamente é ser competente. Requer-se
dele conhecimentos teóricos, visão de fu-
• Desestabilização dos currículos fecha- turo, ser um mediador no processo de
dos, acabados e prontos; aprendizagem, saber organizar e dirigir
situações de aprendizagem, ser capaz de
• Dimensionamento do significado da gerar sua própria formação continua-
presença e das atividades a serem reali- da, ser transformador, multicultural, in-
zadas pelos alunos nos cursos de gradua- tercultural, reflexivo, capaz de trabalhar
ção das faculdades e universidades; em equipe, capaz de enfrentar os deveres
e dilemas éticos da profissão, ser capaz de
• Ênfase na formação permanente que utilizar as novas tecnologias, enfim, estar
se inicia nos primeiros anos de faculdade aberto para o que se passa na sociedade,

19
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

3 A didática no ensino superior

fora da universidade, suas transforma- podem de certa forma ser prevista repre-
ções, evoluções e mudanças, atento para senta um ponto muito importante em fa-
as novas formas de participação, as novas vor do professor.
conquistas, os novos valores emergentes e Mas o que mais lhe interessa é co-
as novas descobertas (MASETTO, 2005). nhecer cada estudante, suas característi-
Aqui vai uma dica para aqueles que cas sociais, traços de personali-
sonham com a docência em alguma das dade, interesses, expectativas, aspirações,
muitas e excelentes universidades fe- temores, conhecimentos, habilidades e
derais espalhadas pelo Brasil: pesquisa, competências.
extensão e ensino são os três caminhos Nenhum professor imagina ser
oferecidos aos seus professores, tecnolo- possível conhecer tudo o que deseja so-
gia, liberdade de atuação, recursos tecno- bre os estudantes. A identificação de algu-
lógicos, qualidade de vida e de trabalho, mas dessas características, como os traços
mas para o ingresso hoje é preciso Dou- de personalidade, envolve a aplicação de
torado, em alguns raríssimos casos, se técnicas de análise psicológica, que são
aceita o Mestrado, mas que tenham sido complexas, demoradas e requerem o
concluídos em instituições sérias. Lem- concurso de especialistas, o que a torna
brem-se disso caso o objetivo futuro seja o inviável na prática. Mas, mediante a uti-
ingresso em Instituições Superior de En- lização de alguns instrumentos, torna-se
sino Federal! possível identificar algumas de suas carac-
terísticas mais relevantes em relação ao
ensino. Ele pode verificar, por exemplo:
o nível de conhecimentos prévios dos es-
tudantes sobre a disciplina, o nível de in-
teresse, a importância que lhe é atribuída,
as dificuldades percebidas, a imagem que
os estudantes têm do curso e do profes-
sor, o nível de satisfação com as aulas etc.
O conhecimento de algumas dessas
características é importante para promo-
Fonte: https://www.provafacilnaweb.com.br/blog/co-
mo-melhorar-a-construcao-de-conhecimento-em- ver a chamada avaliação diagnóstica,
-sala-de-aula/ que tem por finalidade determinar, des-
crever, classificar e valorar aspectos do
3.3 Características e classifica- comportamento do estudante que são
ção dos estudantes do ensino relevantes para a aprendizagem. Essa
superior avaliação diagnóstica visa primeiramen-
te determinar em que medida os estu-
Reconhecer que os estudantes são dantes dominam os objetivos do curso.
diferentes entre si e que estas diferenças Visa também classificar os estudantes de

20
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

3 A didática no ensino superior

acordo com seus interesses, expectativas, os conteúdos e as estratégias de ensino


histórico instrucional e outras característi- propostas. Esses comentários podem ser
cas, como antecedentes familiares, classe elaborados livremente como respostas a
social e experiências que contribuíram questões como:
para sua formação, moldaram sua perso-
nalidade ou influenciaram suas decisões 1. Quão útil você acha que esta discipli-
educacionais e profissionais(BLOOM, na será para você?
HASTINGS, MADAUS, 1983 apud GIL,
2009). 2. Quão agradável você acha que será
A determinação do nível de domí- cursar esta disciplina?
nio prévio dos objetivos é feita mediante a
aplicação de um pré-teste dos estudantes. 3. Questões como estas dão ampla liber-
Trata-se de uma avaliação para antecipar dade para a formulação de respostas.
possíveis dificuldades dos estudantes em Mas alguns estudantes podem encon-
relação ao alcance dos objetivos. trar alguma dificuldade para respon-
Pode servir, portanto, para orientar dê-las. Por essa razão, há professores
os estudantes na obtenção dos conhe- que preferem elaborar questões mais
cimentos necessários no alcance dos objetivas que possam ser respondidas
objetivos pretendidos. Ou, então, para mediante completamente, corno, por
orientar o curso de forma mais realista, exemplo:
programando estratégias alternativas de
ensino capazes de engajar mais facilmente 4. Espero que esta disciplina me ajude a
os estudantes nas atividades propostas. _____________________
Para alguns professores, a realiza-
ção deste diagnóstico é desnecessária, 5. Urna coisa que gostaria que
pois admitem que os objetivos devem ser não ocorresse nesta disciplina é
alcançados a qualquer custo, cabendo ____________
aos estudantes que não forem capazes
de alcançar este nível simplesmente a 6. Urna coisa que me agrada nesta disci-
desistência ou a reprovação. Concepções plina é ______________________
desta natureza, no entanto, não se ajus-
tam ao ensino contemporâneo, sendo Outra forma prática de verificação
facilmente contestadas tanto com base das expectativas é a construção de ques-
em argumentos relacionados ao caráter tionários com itens escalonados, como,
humanista da educação quanto ao próprio por exemplo:
desenvolvimento socioeconômico do país.
A verificação das expectativas pode 7. Quão útil você acredita que esta dis-
ser feita mediante solicitação aos estu- ciplina será para sua carreira?
dantes para que comentem os objetivos,

21
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

3 A didática no ensino superior

Muito útil ( ) O importante é que o professor não


Útil ( ) pode descartar a habilidade de decifrar
Pouco útil ( ) pessoas pelas observações. Elas são ne-
Inútil ( ) cessárias não apenas para caracterizar
bem os estudantes, mas também para o
8. Quão agradável você acha que será desenvolvimento das mais diversas ati-
cursar esta disciplina? vidades que têm lugar ao longo de todo o
processo pedagógico. Mas convém que a
Muito agradável ( ) observação se faça de maneira metódica
Agradável ( ) e sistemática, com fundamento em teo-
Pouco agradável ( ) rias e práticas consolidadas (GIL, 2009).
Nada agradável ( )

9. Quão difícil você acha que será esta


disciplina?

Muito difícil ( )
Difícil ( )
Fácil ( )
Muito fácil ( )

Há outras características dos estudan-


tes que são importantes para orientar seu
aprendizado, principalmente aquelas que Fonte: https://www.pexels.com/search/Classroom/

constituem causas não educacionais da


capacidade de aprender, que podem ser
físicas, psicológicas ou ambientais. Sua
identificação, no entanto, envolve proce-
dimentos bem mais complexos.
Constituem muito mais atribuições
de médicos, psicólogos e assistentes
sociais que de professores. Mas podem
ser incluídas no levantamento de expec-
tativas, questões relativas a experiências
acadêmicas e profissionais, hábitos de
estudo e interesses. Convém, no entan-
to, considerar que não devem ser incluí-
das questões que possam provocar algum
constrangimento aos estudantes.

22
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

4 Os níveis de planejamento de ensino

Fonte: https://www.leadstrat.com/blog/tuesdays-master-facilitation-tip-the-8-core-practices-of-facilitative-lea-
ders/adult-analyzing-brainstorming-1483907-1/

O planejamento é um processo que


exige organização, sistematização,
previsão, decisão e outros aspectos na pre-
ensino superior tem características muito
próprias porque objetiva a formação do ci-
dadão, do profissional, do sujeito enquan-
tensão de garantir a eficiência e eficácia de to pessoa, enfim de uma formação que o
uma ação, quer seja em um nível micro, habilite ao trabalho e à vida.
quer seja no nível macro. O processo de Existem muitas abordagens sobre
planejamento está inserido em vários se- essa questão do planejamento. Tais abor-
tores da vida social: planejamento urbano, dagens se diferenciam pela forma como
planejamento econômico, planejamento tratam a temática, todavia se afinam
habitacional, planejamento familiar, en- quanto aos seus elementos constitutivos.
tre outros. Do ponto de vista educacional, Assim considerado, arrisca-se afirmar
o planejamento é um ato político-pedagó- que o planejamento do ensino significa,
gico porque revela intenções e a intencio- sobretudo, pensar a ação docente refle-
nalidade, expõe o que se deseja realizar e o tindo sobre os objetivos, os conteúdos, os
que se pretende atingir. procedimentos metodológicos, a avaliação
De acordo com Leal (2005) o que é do aluno e do professor. O que diferencia é
importante, do ponto de vista do ensino, o tratamento que cada abordagem explica
é deixar claro que o professor necessita o processo a partir de vários fatores: o
planejar, refletir sobre sua ação, pensar político, o técnico, o social, o cultural e o
sobre o que faz, antes, durante e depois. O educacional (LEAL, 2005).

24
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

4 Os níveis de planejamento de ensino

É essencial enfatizar que o planeja- formulação dos objetivos, a determinação


mento de ensino implica, especialmen- dos conteúdos a serem ministrados e as
te, em uma ação refletida: o professor estratégias que serão adotadas para facili-
elaborando uma reflexão (ALARCÃO, tar a aprendizagem.
1996). permanente de sua prática educa- De posse do plano ele executa as ati-
tiva. vidades necessárias para o alcance dos
Assim o planejamento de ensino tem objetivos pretendidos. Nessa etapa é que
características que lhes são próprias, isto, se desenvolvem as ações didáticas, tais
particularmente, porque lida com os su- como a exposição, a orientação de leituras
jeitos aprendentes, portanto sujeitos em e a condução dos grupos de estudo.
processo de formação humana. Para Existem alguns tipos específicos de
tal empreendimento, o professor realiza planejamento que acontecem em instân-
passos que se complementam e se inter- cias diferentes e cada uma delas a cargo de
penetram na ação didático-pedagógica. diferentes atores.
Decidir, prever, selecionar, escolher,
organizar, refazer, redimensionar, refletir
4.1 Planejamento educacional
sobre o processo antes, durante e de-
pois da ação concluída. O pensar a longo
É o que se desenvolve em nível
prazo está presente na ação do professor
mais amplo. É o processo que objetiva
reflexivo (SCHON, 1992). Planejar, então,
definir os fins últimos da educação e os
é a previsão sobre o que irá acontecer,
meios para alcança-los. Nesse nível o pla-
é um processo de reflexão sobre a prá-
nejamento está a cargo das autoridades
tica docente, sobre seus objetivos, sobre
educacionais no âmbito do Ministério da
o que está acontecendo, sobre o que
aconteceu. Por fim, planejar requer uma Educação, do Conselho Nacional de Edu-
atitude científica do fazer didático-pe- cação e dos órgãos estaduais e municipais
dagógico. que têm atribuições no campo da educa-
Segundo Gil (2009) o planejamento ção (GIL, 2009).
educacional requer o conhecimento da re- O resultado desse planejamento
alidade. É necessário sondar o que os es- que está diretamente relacionado com
tudantes conhecem a respeito do que vai a ação governamental são documentos
ser ministrado, qual o seu interesse nesse como políticas, planos, programas e pro-
aprendizado e qual a real necessidade jetos capazes de orientar e fornecer os
desse conhecimento. Para isso, procede- meios necessários ao alcance dos objeti-
-se ao diagnóstico que dará ao professor vos da educação (GIL, 2009).
condições de elaborar um plano de ensino
apoiado na realidade. 4.2 Planejamento institucional
Assim, inicia-se o planejamento,
propriamente dito, o qual envolve a Este planejamento tem caráter políti-

25
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

4 Os níveis de planejamento de ensino

co, pois estabelece um compromisso com ção, para os diferentes cursos e asseguram
a formação de um cidadão para um às instituições de Ensino Superior ampla
tipo de sociedade. Tem também caráter liberdade na composição da carga horá-
pedagógico, pois define os propósitos e a ria a ser cumprida para a integralização
forma de efetivação das ações educativas dos currículos, assim como na especifica-
da escola. ção das unidades de estudos a serem mi-
O planejamento institucional é de- nistradas.
senvolvido no âmbito das Instituições de Elas indicam os tópicos ou campos
ensino Superior e por exigência do Minis- de estudo e demais experiências de en-
tério da Educação devem elaborar a cada sino-aprendizagem que comporão os
cinco anos o seu Plano de Desenvolvi- currículos, mas evitam ao máximo fixa-
mento Institucional. Esse é o documento ção de conteúdos específicos com cargas
que identifica a instituição no que diz res- horárias predeterminadas, que não po-
peito à sua filosofia de trabalho, à missão derão exceder 50% da carga horária total
a que se propõe, às diretrizes pedagógicas dos cursos (GIL, 2009).
que orientam suas ações, à sua estrutura
organizacional e às atividades acadêmi-
cas que desenvolve e / ou que pretende 4.4 Planejamento do ensino
desenvolver (GIL, 2009).
O planejamento de ensino é o que se
4.3 Planejamento curricular desenvolve no nível mais concreto e está
a cargo principalmente dos professores.
Em consonância com o planeja- Ele é alicerçado no planejamento curri-
mento institucional, desenvolve-se o pla- cular e visa ao direcionamento sistemá-
nejamento curricular. Ele tem como ob- tico das atividades a serem desenvolvidas
jetivo organizar o conjunto de ações que dentro e fora da sala de aula com vistas a
precisam ser desenvolvidas no âmbito facilitar o aprendizado dos estudantes.
de cada curso com vistas a favorecer ao O professor universitário ao assumir
máximo o processo ensino-aprendiza- uma disciplina, precisa tomar uma série
gem. Ele se constitui numa tarefa contí- de decisões. Decidir acerca dos objeti-
nua e multidisciplinar que orienta a ação vos a serem alcançados pelos alunos, do
educativa da instituição universitária. conteúdo programático adequado para o
Sua preocupação básica é com a previsão alcance desses objetivos, das estratégias e
das atividades que o estudante realiza sob dos recursos que vai adotar para facilitar a
a orientação da escola com vistas a atingir aprendizagem, dos critérios de avaliação,
os fins pretendidos (GIL, 2009). etc. (GIL, 2009).
As Diretrizes Curriculares são defi- Todas essas decisões, bem como os
nidas pelo Conselho Nacional de Educa- meios necessários para sua viabilização

26
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

4 Os níveis de planejamento de ensino

Fonte: https://unsplash.com/search/photos/challenge-classroom

fazem parte do planejamento de ensino, À medida que o professor vai de-


que, se configura como condição essen- senvolvendo o seu curso, pode receber
cial para o êxito do trabalho docente. feedback dos estudantes e como o plane-
Geralmente o planejamento de en- jamento apresenta alguma flexibilidade, o
sino é elaborado somente pelo professor professor pode proceder alterações neces-
responsável da disciplina, mas recomen- sárias com vistas a melhorar a qualidade
da-se que mais professores compartilhem do curso (GIL, 2009).
a responsabilidade de sua elaboração.
O professor procede inicialmente
ao diagnóstico da realidade em que se
insere a disciplina. Essa realidade envol-
ve as necessidades e as expectativas dos
alunos. A importância e o status da dis-
ciplina no contexto do curso, os recursos
disponíveis para o seu desenvolvimento.

27
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

5 Os objetivos no ensino superior

5.1 Função

O s objetivos estão no centro de pro-


cesso de planejamento, quer se
esteja planejando uma política, um cur-
te temos recebido influência norte-ame-
ricana.
De todo modo, são considerados os
so ou uma aula. O planejamento é que aspectos culturais, econômicos e políticos
permite controlar o futuro em vez de ser subjacentes às posturas em relação aos
controlado por ele. Com o planejamento objetivos.
podem-se prever e, consequentemente, Os objetivos gerais descrevem o
evitar dificuldades inesperadas em sala produto final de uma experiência de
de aula e, assim, assegurar-se de que o aprendizagem e os específicos descrevem
potencial da situação seja mais eficazmen- atividades que os alunos serão capazes de
te realizado (GIL, 2009). desempenhar e em relação às quais se-
Geralmente os objetivos são ex- rão avaliados com vistas a demonstrar
pressos em termos de comportamento sua maestria.
esperado dos estudantes. Assim, o seu
estabelecimento serve para orientar o 5.3 Características e classifica-
professor quanto à seleção do conteúdo. ção
A escolha de estratégias de ensino e a
elaboração de instrumentos para avalia-
Formular objetivos adequados aos
ção de desempenho do estudante e de seu
propósitos do Ensino Superior nem sem-
próprio desempenho.
pre constitui tarefa fácil. Muitos professo-
res, pressionados pelos coordenadores de
5.2 Dimensões curso, elaboram seus planos com objetivos
que, apesar de planejados de acordo com
Os educadores europeus preferem procedimentos técnicos, não se aplicam
tratar de objetivos mais amplos, ou de efetivamente ao ensino que irão minis-
propósitos educacionais. Abordam o as- trar. Requer-se, portanto, a observação de
sunto de maneira mais filosófica, referin- alguns critérios:
do-se geralmente a um conjunto de inten-
ções detalhadas para o futuro. • Os objetivos devem orientar-se para os
Já os norte-americanos preferem estudantes;
falar em objetivos mais concretos, ou em • Fornecem uma descrição dos resulta-
metas que possibilitam sua mensuração, dos de aprendizagem desejados;
situações que provocam certo desconforto
entre os educadores brasileiros, uma vez • São claros e precisos;
que desde o início fomos influenciados • São facilmente compreendidos;
pela educação europeia, mas ultimamen-

29
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

5 Os objetivos no ensino superior

Fonte: https://www.aarquiteta.com.br/blog/3-pilares-do-ensino-superior-arquitetura/

• São relevantes; O nível afetivo abrange os objetivos


relacionados a sentimentos, emoções,
• São realizáveis (GIL, 2009). gostos e atitudes.

Segundo Bloom (1972 apud Gil, As ações no nível afetivo envolvem: Re-
2009) os objetivos de aprendizagem po- ceptividade | Resposta | valoriza-
dem ser classificados em três domínios: ção | organização | caracterização
cognitivo, afetivo e psicomotor. por um valor ou complexo de va-
O nível cognitivo refere-se aos ob- lores.
jetivos relacionados a conhecimentos,
informações ou capacidades intelectuais, O nível psicomotor envolve os ob-
sendo o domínio a que se dá maior jetivos que enfatizam o trabalho de na-
atenção nos cursos universtários. tureza neuromuscular.

A dimensão do processo cognitivo en- No domínio psicomotor as ações se-


volve as seguintes ações: Lembrar riam: Imitação | Manipulação |
| Entender | Aplicar | Analisar | Precisão | Articulação | Naturali-
Avaliar | Criar. zação.

30
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

6 A avaliação da aprendizagem

Q uetemavaliar é uma ação chata ninguém 2. Conduz a injustiças;


dúvidas, principalmente quan-
do chegamos ao ensino superior e nossos 3. Privilegia o controle da retenção de
pensamentos nos remetem a um aluno conhecimentos deixando de lado as-
“crescido”, dono de si, além de nos parecer pectos importantes da aprendizagem;
uma situação constrangedora, principal-
mente quando o resultado caminha para 4. Muitas avaliações têm pouco a ver
uma reprovação. com o que foi ensinado no curso;
Entretanto, nosso objetivo neste mo-
mento é defender e justificar a 5. A avaliação tradicional favorece o
Importância da avaliação e espera- imobilismo social;
mos que nosso argumento seja suficiente
para convencê-los. 6. As avaliações são influenciadas pelos
Temos consciência que uma repro- estereótipos dos professores;
vação para o aluno de graduação envolve
uma série de consequências negativas, 7. As avaliações consomem demasiado
não somente pelo fato de ser reprova- tempo e energia dos professores e dos
do, mas porque muitas vezes eles já têm alunos;
um estágio ou mesmo uma oportunida-
de de emprego a vista, o que causa um 8. As provas enfatizam mais a forma do
transtorno e atraso muito grande para que o conteúdo;
sua inserção no mercado profissional. A
reprovação também influencia em sua 9. A questão da validade das provas é crí-
autoestima, em sua motivação pelos es- tica;
tudos podendo levá-lo a desinteressar-se
pelo curso, pode ainda afetar sua entrada 10. A questão da fidedignidade das pro-
na pós-graduação, pois como sabemos, vas é crítica;
nas universidades e faculdades sérias que
primam por um currículo excelente, nota 11.As avaliações desestimulam a expres-
“A”, uma reprovação abaixa conside- são dos juízos pessoas dos alunos;
ravelmente o seu coeficiente e pronto,
frustra suas expectativas futuras. 12. As avaliações recompensam apren-
Gil (2009) elenca muitos aspectos dizagens efêmeras;
negativos da avaliação, que vale a pena
enumerar aqui: 13. As avaliações contribuem para en-
curtar o período letivo;
1. A avaliação é fonte de ansiedade e de
stress; 14. As provas tradicionais favorecem a
especulação com a sorte;

32
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

6 A avaliação da aprendizagem

15. Os exames tradicionais incentivam a 6. Os professores podem avaliar bem os


fraude; estudantes.

16. Os exames tradicionais desestimu- 7. A avaliação constitui traço funda-


lam o trabalho em grupo; mental de nossa civilização.

17. A exigência da avaliação dificulta o 8. A avaliação favorece a integração dos


avanço dos estudantes; conhecimentos.

18. Os exames dificultam a prática de 9. A avaliação permite que os estudantes


uma pedagogia da descoberta. se situem em relação aos outros.

Dissemos acima que nossa inten- 10. A avaliação fornece feedback para o
ção era argumentar a favor da avalia- professor.
ção, mas até agora só colocamos as con-
sequências negativas... Vamos aos nossos 11.A avaliação serve para avaliar a ação do
argumentos em defesa da avaliação que professor e da própria instituição.
poderiam se resumir na fala de Hoffmann Fazendo parte do processo ensino-
(2001) “elas são fundamentais para ga- -aprendizagem e sendo contínua, os seus
rantir o direito de aprender, servem para resultados podem ser úteis para in-
emancipar e para promover”. Segundo Gil formar aos professores acerca do quanto
(2009). o ensino oferecido tem sido eficaz, con-
tribuindo para a redefinição e o orde-
1. A avaliação pode ser feita com alto namento dos conteúdos e adequação das
grau de cientificidade. estratégias para facilitar a aprendizagem.
As avaliações deveriam abranger os
2. A aprendizagem pode ser mensurada diferentes domínios da aprendizagem e
com razoável grau de precisão. ser integradas, múltiplas e diversi-
ficadas, ministradas em clima favorável,
3. O processo de avaliação fornece da- corrigidas com cuidado e devolvidas rapi-
dos necessários à melhoria da aprendi- damente favorecendo a ansiedade do alu-
zagem e do ensino. no e tirando as dúvidas o quanto antes.
Por fim, não podemos nos esquecer
4. A avaliação inclui muito mais proce- que a autoavaliação e a avaliação do pro-
dimentos além do rotineiro exame es- fessor são extremamente importantes
crito. nesse processo democrático.
5. A avaliação envolve todo o processo
de aprendizagem.

33
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

Desafios do ensino superior para refletir...

Fonte: https://blog.edukasyon.ph/career-conversations/public-or-private-schools-where-should-i-teach/attach-
ment/chairs-chalk-chalkboard-159844/

N a próxima década (a que estamos


vivendo), segundo Peter Drucker
(1993) o mais importante será repensar
As indicações anteriores quanto à
formação profissional simultânea com
a formação acadêmica, à flexibilização e à
o papel e a função da educação escolar dinamização curriculares, à revitalização
(dos cursos de graduação no ensino supe- da vida acadêmica pela atividade profis-
rior): seu foco, sua finalidade, seus valores. sional, à desestabilização de currículos
A tecnologia será importante, mas prin- fechados e acabados, e à ênfase na forma-
cipalmente porque nos forçará a fazer ção permanente serão sinalizações para o
coisas novas, e não porque permitirá que ensino superior repensar a formação pro-
façamos melhor as coisas velhas. fissional.
O ensino superior certamente irá E o professor universitário nessa
rever seus currículos de formação pro- conjuntura? Seu papel realmente está em
fissional à luz das novas exigências que crise e deve ser totalmente repensado. O
estão postas para o exercício competen- papel de transmissor de conhecimentos,
te das profissões em nossa sociedade. A função desempenhada até quase os dias
revisão dos novos perfis das várias car- de hoje, está superado pela própria tec-
reiras, por certo, indicará as alterações nologia existente. Cabe-nos perguntar,
curriculares que possam atender melhor então: Qual é esse novo papel?
às exigências atuais (MASETTO, 2005).

35
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR
8 Referência Bibliográficas

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