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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO -UNEMAT

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE MEDICINA

CARACTERIZAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO OROFARÍNGEA EM


CRIANÇAS COM MICROCEFALIA PRESUMIDAMENTE POR
SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS

Cáceres – MT
2020
FABIANY ANDRADE SILVA

Caracterização da deglutição orofaríngea em crianças com microcefalia


presumidamente por síndrome congênita do Zika vírus

Pré-projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


na Faculdade de Ciências da Saúde–Curso de Medicina
como requisito básico para a disciplina de TCC 1.

Orientadora:Profª Me. Simone Galli Rocha Bragato


Co-orientadora: Profª. Isabella Lara Aires Reis

Cáceres-MT
2020
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................4
2. OBJETIVOS..............................................................................................................5
2.1 GERAL.................................................................................................................5
2.2 ESPECÍFICOS.....................................................................................................5
3. JUSTIFICATIVA........................................................................................................6
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................7
4.1 INFECÇÃO POR ZIKA VÍRUS............................................................................8
4.2 MICROCEFALIA E DISFAGIA...........................................................................10
4.3 DISFAGIA E O PADRÃO DE DEGLUTIÇÃO....................................................11
5. PERGUNTA NORTEADORA.................................................................................13
6. HIPÓTESE..............................................................................................................14
7. METODOLOGIA.....................................................................................................14
7.1 DESENHO DO ESTUDO...................................................................................14
7.2 LOCAL DE ESTUDO.........................................................................................15
7.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO..............................................................................15
7.4 COLETA DE DADOS.........................................................................................16
7.5 ANÁLISE DOS DADOS.....................................................................................17
8. ASPECTOS ÉTICOS..............................................................................................17
9. RESULTADOS ESPERADOS E BENEFÍCIOS.....................................................18
10. CRONOGRAMA...................................................................................................19
11. ORÇAMENTO.......................................................................................................20
12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................21
13. APÊNDICES.........................................................................................................23
APÊNDICE A...........................................................................................................23
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1. INTRODUÇÃO

A microcefalia dentre as patologias que provocam má formação fetal, é


caracterizada por um fenótipo de crânio, mandíbula e região oral reduzida. Sendo
sua etiologia variada, de ordem primária (genética), e secundária (não genética,
destacando-se as infecções pré-natais), podendo também ter relações com uso de
teratógenos durante a gestação [ CITATION Eic16 \l 1046 ].
A investigação da criança com microcefalia consiste em uma anamnese
completa, exame clínico, histórico de gestação dos pais e exames complementares.
Sendo os exames clínicos e de imagens, essenciais para confirmação
diagnóstica[ CITATION Dos15 \l 1046 ].
O exame clínico para identificação da microcefalia se dá por meio da
aferição do perímetro cefálico (PC) exame clínico comum no acompanhamento do
recém-nascido, visando o rastreio de patologias neurológicas. A medição é feita por
fita métrica na altura das arcadas supra-orbitárias, anteriormente, e posteriormente
na proeminência occipital. Os valores obtidos são comparados então com os valores
de referência padronizados pela Organização Mundial da Saúde, o que possibilita a
identificação de normalidade ou alteração por sexo e idade. Sendo assim, um
importante exame de rastreio (BRASIL, 2015a).
No que tange os exames complementares, a realização de exames de
imagem são essenciais para detectar alterações estruturais no cérebro dessas
crianças, como presença de infecções congênitas, calcificações parenquimatosas,
alterações na fossa posterior e malformações de desenvolvimento cortical. Embora
não sejam lesões patognomônicas de microcefalia, contudo, associadas à
anamnese e avaliação clínica fecham o diagnóstico. [ CITATION Fil18 \l 1046 ] . Por
conseguinte, os exames necessários para tal avaliação são, entre eles, tomografia
computadorizada do encéfalo, ressonância magnética e a ultrassonografia
transfontanelar [ CITATION Dos15 \l 1046 ].
Devido ao surto de Zika vírus e microcefalia no ano de 2015 no Brasil, teve-
se a suspeita que havia relação entre as patologias e diversos estudos foram
desenvolvidos nesse período, chegando-se assim a conclusão que de fato o Zika
vírus está associado como fator causal no acometimento de microcefalia em
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crianças cujas mães foram expostas ao vírus durante a gestação [ CITATION Lea17 \l
1046 ].
Todavia, as conseqüências oriundas do Zika vírus vão além da microcefalia,
sendo confirmadas correlações de calcificações intracraniais, dismorfismocrânio-
facial, alterações auditiva, oftalmológica, de deglutição e comportamentais,
caracterizando assim a denominada síndrome congênita do Zika vírus [ CITATION
Ave18 \l 1046 ].
Portanto, diante do exposto o conhecimento sobre as alterações
neurológicas oriundas da Zika congênita, em toda sua ampla variação e
especificidade se faz necessária para assegurar que a criança afetada e sua
respectiva família tenham acompanhamento capacitado para promover a assistência
correta e específica(BRASIL, 2015a).
Sendo assim, o presente estudo tem por finalidade compreender as
variações ocorridas na deglutição orofaríngea de crianças com microcefalia por
síndrome congênita do Zika vírus, correlacionadas com o crescimento
antropométrico (peso e estatura), visando compreender se os padrões observados
na deglutição possuem relação com o crescimento ponderal dessas crianças.

2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Caracterizar o padrão da deglutição em crianças com microcefalia


presumidamente por síndrome congênita do Zika Vírus.

2.2 ESPECÍFICOS

Correlacionar o padrão de deglutição orofaríngea com a monitorização do


crescimento por meio das avaliações antropométricas do Ministério da Saúde.
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3. JUSTIFICATIVA

Com a recente descoberta do Zika vírus em solo brasileiro houve um maior


temor por mais uma doença agregada ao grande problema de saúde públicano
Brasil. A descoberta do seu potencial teratogênico impactou a todos pelos inúmeros
casos de microcefalia diagnosticados em recém natos nesse período, cujas mães
foram infectadas pelo Zika vírus durante o pré-natal [ CITATION Loh16 \l 1046 ].
Sendo assim, após os estudos comprovarem a síndrome congênita do Zika
vírus no Brasil e a realidade sanitária precária do país, a qual foi responsável pela
rápida disseminação do vírus. O diagnóstico confirmatório de problema de saúde
pública por um período sem previsão de erradicação do vírus levou então a uma
gama demasiada de estudos para formulação de protocolos e orientações pré-natais
para controle e prevenção da infecção em gestantes. Como também a uma
capacitação para os profissionais de saúde para prestarem a devida assistência e
avaliação precoce nas crianças com microcefalia por síndrome congênita do Zika
vírus, ofertando aos mesmos um acompanhamento multiprofissional apurado capaz
de fornecer os devidos cuidados e consecutiva melhora na qualidade de vida dessas
crianças [ CITATION Fre18 \l 1046 ].
Por outro lado, nesse cenário também temos os principais afetados com a
deficiência da criança, as famílias. O momento que envolve a chegada de um filho
cria em toda a família expectativas e temores, e lidar com a notícia logo após o
nascimento de que o filho apresenta uma deficiência desencadeia afetos permeados
de angustia, tristeza e medo. Sendo assim, imprescindível que os pais realizem
acompanhamento psicológico, e seja amparado pelos profissionais de saúde que
ofertarão as devidas orientações sobre o cuidado para com a criança e como
enfrentar essa nova realidade, pois o mesmo necessita de cuidados especiais e
acompanhamento por uma equipe multiprofissional em longo prazo [ CITATION Fél19 \l
1046 ].
Dentre os problemas vivenciados pelas mães encontra-se a dificuldade em
alimentar o filho, que pode iniciar pelo insucesso do aleitamento materno devido a
disfunções da deglutição e a estrutura oral facial alterada que inviabiliza a pega do
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seio materno até dificuldades que levam a quadros graves de broncoaspiração dos
alimentos e desnutrição, passiveis de inúmeras complicações decorrentes delas
[ CITATION San20 \l 1046 ].
Sendo assim, o presente estudo tem por objetivo caracterizar o padrão da
deglutição em crianças com microcefalia presumidamente por síndrome congênita
do Zika Vírus e assim entender as características de cada alteração, reação
sensorial ao alimento e resposta ao estímulo. Por meio de tal caracterização, será
possível compreender a fase oral da deglutição dessas crianças e correlacionar com
parâmetros das curvas do desenvolvimento ponderal do Ministério da Saúde.
Contribuindo assim para os familiares, clínicos epara futuras pesquisas científicas
que abordam a temáticada deglutição orofaríngea e seus distúrbios.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A microcefalia pertence a uma categoria de disfunções congênitas de origem


pré-natal que corresponde à alteração estrutural e funcional do corpo, presentes ao
nascimento. Caracterizada por uma condição na qual o perímetro cefálico é menor
que dois desvios-padrão abaixo da média para o sexo e idade (BRASIL, 2017).
O perímetro cefálico é um importante exame clínico aplicado para avaliar o
desenvolvimento da criança e rastreio de condições associadas a neuropatologias e
indicadores nutricionais aplicado na rotina pediátrica de consultório, hospital
maternidade e unidade de saúde básica. Sua técnica consiste na avaliação da
circunferência “frontooccipital” que corresponde ao perímeto cefálico máximo
[ CITATION Mac98 \l 1046 ].
Sobre a aferição do perímetro cefálico o Ministério da Saúde (2015, p. 15)
relata:

“A medição do perímetro cefálico é feita com fita métrica não-extensível, na


altura das arcadas supraorbitárias, anteriormente, e da maior proeminência
do osso occipital, posteriormente. Os valores obtidos devem ser registrados
em gráficos de crescimento craniano, o que permite a construção da curva
de cada criança e a comparação com os valores de referência. Mudanças
súbitas no padrão de crescimento e valores anormalmente pequenos para a
idade e o peso (menor que dois desvios-padrão) devem ser investigadas
[...]”
8

O perímetro cefálico inferior aos padrões de referência estabelecidos está


associado ao não desenvolvimento adequado da criança durante a gestação ou por
que o cérebro parou de crescer após o parto. Sendo, a microcefalia uma condição
associada a outras alterações congênitas ou causa isolada [ CITATION Bur17 \l 1046 ].
Associado ao exame clínico, os exames de imagens são da mesma forma
essenciais para completar o quadro diagnóstico de microcefalia, sendo por meio
destes, possível a avaliação estrutural do cérebro, onde são detectadas
malformações do desenvolvimento cortical, ventriculomegalia, alterações da fossa
posterior e calcificações parenquimatosas [ CITATION Fil18 \l 1046 ]. Alterações essas
observadas na ressonância magnética do encéfalo e/ou tomografia computadorizada
e ultrassonografia transfontanelar [ CITATION Dos15 \l 1046 ].
Por conseguinte, a microcefalia é um sinal clínico e patológico, que, todavia,
acomete a função neurológica de forma que o recém nascido possa ter convulsões,
atraso no desenvolvimento, deficiência intelectual, incapacidades físicas, incluindo
audição, fala e visão. Entretanto, ocorre também que algumas dessas crianças terão
a função neurológica normal. (BRASIL, 2017).
A microcefalia possui causa heterogênea, como mencionado no Ministério
da Saúde (2015, p.15) “A malformação congênita, dentre elas a microcefalia, têm
etiologia complexa e multifatorial, envolvendo fatores genéticos e ambientais,
algumas das causas mais comuns”. Sendo, subdivida em um grupo genético,
primário, e outro não genético, de causa secundária.
Dentre a causa secundária de microcefalia incluem as infecções pré- natais,
destacando-se a infecção por Zika vírus. Descoberta esta recente cuja associação
se deu pelo surto no Brasil, relacionando crianças com microcefalia, cujas mães
tenham sido expostas ao Zika vírus durante a gestação [ CITATION Jes18 \l 1046 ].

4.1 INFECÇÃO POR ZIKA VÍRUS

O Zika vírus é uma Arbovirose pertencente à família Flaviviridae, se tornou


conhecida no Brasil em 2015, onde teve seu primeiro caso registrado. No entanto,
desde 1947 na África, já se conhecia sobre vírus e seu potencial patológico, sendo
identificado em macacos Rhesus na ilha Zika em Uganda, de onde adveio seu
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nome[ CITATION Fre18 \l 1046 ]. Posteriormente, em 1952 a inoculação do vírus em


camundongos apresentou alto tropismo neural, desenvolvendo forte resposta
inflamatória e degeneração do tecido, entretanto por mais de cinquenta anos não foi
registrado nenhuma associação de patologia neurológica ao vírus. Somente em
2007 é coligada a doença exantemática aguda provocada pelo Zika fora do solo
africano e asiático, todavia, as primeiras evidências infecciosas não apresentavam
potencial risco à saúde registrado na literatura [ CITATION Pin19 \l 1046 ].
No entanto, em maio de 2015 na região Nordeste do Brasil ocorreu o maior
surto por Zika registrado até então, e a descoberta da sua transmissão veiculada ao
mosquito Aedes aegytpi justificou os inúmeros casos, pois os primeiros diagnósticos
do vírus foram em bairros periféricos do Nordeste, com estrutura sanitária precária, o
que propiciou a proliferação de Aedes e Zika e os altos números de contágio
[ CITATION Fre18 \l 1046 ].
Ocorrendo a proliferação do mosquito em lugares de condições precárias,
onde o saneamento básico é inadequado e a coleta de lixo é irregular, o que propicia
sua criação e disseminação. Levando em consideração as condições sanitárias
frágeis do Brasil, o vírus da Zika obteve uma consolidação propicia o que provocou a
epidemia de Zika vírus no país. Por conseguinte, a realidade da estrutura sanitária
precária, a maciça proliferação do vírus aliado a determinantes sociais como a
pobreza, caracterizou-se então a epidemia de Zika vírus um grave problema de
saúde pública [ CITATION Fél19 \l 1046 ].
A infecção por Zika vírus é benigna, cuja duração corresponde de dois a
sete dias, sendo auto-limitada. Os sintomas são caracterizados por vômitos, febre,
edema periarticular, mialgia, adenomegalias, exantema maculo-papular pruriginoso
e conuntivite não purulenta. Cujo diagnóstico pode ocorrer na fase aguda da doença,
pela detecção do RNA viral em amostras biológicas, utilizando a técnica de PCR, ou
sorologias IgM E IgG. [ CITATION Pim16 \l 1046 ].
Com crescente número de casos de Zika e crianças que nasceram nesse
período com microcefalia, houve a associação entre os casos e o consecutivo
estudo sobre. Descobrindo-se então a presença de RNA viral do vírus Zika em
líquido amniótico, saliva, leite materno e urina, concluindo que havia outras vias de
transmissão do vírus e sua forte relação causal com a microcefalia em crianças
cujas mães se infectaram com o vírus durante a gestação [ CITATION Pim16 \l 1046 ] .
10

Devido essa evidencia emergente, em primeiro de maio de 2016 é decretado Estado


de Emergência no Brasil pela Organização Mundial de Saúde [ CITATION Fre18 \l 1046 ].
Segundo Pimenta, Pereira, et al., (2016):

“Face ao quadro benigno da doença, a infecção congênita constitui a grande


preocupação e o real problema de Saúde Pública. As consequências fetais
são traduzidas por microcefalia, bem como outras anomalias do SNC
(ventriculomegalia, atenuação das circunvoluções cerebrais e
hidranencefalia), danos oculares, hidropsia fetal, restrição do crescimento
fetal e morte fetal”

Todavia, as intercorrências advindas do Zika vírus vão além da microcefalia,


correlacionando disfunções morfológicas do sistema nervoso, como dismorfia
cranial, calcificações intracranianas, podendo cursar também com alteraçõesna
deglutição, deficiência intelectual, distúrbios do comportamento e epilepsia [ CITATION
Ave18 \l 1046 ].
É válido ressaltar que embora diversos estudos científicos fossem
desenvolvidos nesse período de Estado de Emergência, ainda pouco se sabe sobre
o real envolvimento do vírus no organismo, outras possíveis seqüelas e grau de
alteração pós-natal. Todavia, os estudos realizados em recém nascidos afetados
pelo vírus in útero propiciaram a associação com microcefalia e o consecutivo
preparo multiprofissional para amparar essa criança, promovendo a esta
intervenções precoces e melhora na qualidade de vida [ CITATION Eic16 \l 1046 ].

4.2 MICROCEFALIA E ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO


OROFARÍNGEA

As alterações estruturais neurológicas ocasionadas pelo vírus da Zika


interferem no curso da evolução neuropsicomotora dessas crianças, acarretando
sérias disfunções [ CITATION Ave18 \l 1046 ] . Como observado nas literaturas,
alterações no tônus muscular facial que afetam diretamente a sucção e consecutiva
deglutição, apresentando alterações orais acentuadas, insensibilidade orofaríngea e
disfagias graves, correspondem ao risco a vida de tais crianças, devido à dificuldade
de aleitamento materno e posteriormente a ingesta alimentar, podendo levar essas
crianças a desnutrição grave, não desenvolvimento ponderal e óbito [ CITATION
San20 \l 1046 ].
11

Segundo Marques, Vasconcelos, et al., (2017, p.2):

“Um aspecto relevante sobre o desenvolvimento facial normal está no


estudo das funções bucais do bebê, porque, apesar do crescimento e
desenvolvimento cranio-faciais estarem diretamente associados a fatores
genéticos, os mesmos são fortemente influenciados pelo padrão funcional
da musculatura buco-facial. Tendo em vista que o crescimento do crânio
está interligado e é dependente do crescimento facial, supõem-se que a
microcefalia também pode causar deformações faciais, além de distúrbios
de funções como fonação, mastigação e deglutição, resultantes tanto dos
problemas estruturais quanto neurológicos”.

Embora não se tenha estudos conclusivos sobre tais alterações estruturais


neurológicas e o grau de acometimento na deglutição, são evidenciadas nas
literaturas, as sérias disfunções ocasionadas por alterações oromiofaciais nessas
crianças e sua repercussão no desenvolvimento e qualidade de vida [ CITATION
Mar17 \l 1046 ]
Contudo, na diretriz da estimulação precoce do desenvolvimento: de
crianças com atraso no desenvolvimento do Ministério da Saúde declara que
crianças com lesões cerebrais sérias apresentam importante gravidade na fase oral
e faríngea da deglutição, comprometendo a fase oral motora e em conseqüência a
ocorrência de engasgos, tosse, espasmos, náuseas, refluxo gastroesofágico e a
lentificação e consecutiva parada do bolo alimentar. Portanto, é imprescindível que
essas crianças sejam avaliadas, tendo suas alterações motoras faciais mapeadas
quantificando sua função, e monitoradas por uma equipe multiprofissional (BRASIL,
2016a).

4.3 DISFAGIA E O PADRÃO DE DEGLUTIÇÃO OROFARÍNGEA

A disfagia é predominante nos casos de crianças com microcefalia, por


alterações neurológicas, tendo sua gravidade quantificada no grau de deglutição que
a criança possui o que é fundamental ser avaliado parar determinar a escolha da
dieta, quanto sua consistência e forma de oferta, e também por sua forma de
administração, via oral ou enteral (BRASIL, 2013b).
A deglutição é um mecanismo acionado por um processo sensório motor
complexo dependentes do sistema nervoso central e periférico. Ocorre em
decorrência de sinais excitatórios e inibitórios do córtex e sinais ascendentes da
área orofaríngea que acionam o padrão central da formação reticular bulbar, e toda
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a função de deglutição controlada pelo centro motor cortical extrapiramidal, centros


que controlam o tronco encefálico e os nervos cranianos e neurônios motores
inferiores[ CITATION Lea17 \l 1046 ].
O processo de deglutição possui quatros fases descrito por [ CITATION Fra \l
1046 ]:
 Fase antecipatória: É iniciada com a escolha do indivíduo pelo
alimento. Ato completamente voluntário e gerado pela vontade e prazer pela
alimentação.
 Fase oral: Ato voluntário que corresponde a entrada do alimento a
boca. Preparo para mastigação, emulsificação pela saliva (onde se inicia parte da
digestão, por conter enzimas digestivas), mastigação propriamente dita, posição da
língua e como ela é conduzida para faringe. E por fim, a transmissão do bolo
alimentar preparado que foi sinalizado por comandos do centro sensório motor
ascendente ao córtex motor e envia a informação motora para condução do bolo
alimentar para faringe.
 Fase Faríngea. Ato involuntário que recebe o bolo alimentar. Câmara
faríngea responsável pela condução do bolo alimentar para o esôfago, ao mesmo
tempo ocorre apnéia controlado pelo tronco encefálico, a fim de proteger as vias
aéreas de aspiração do conteúdo. Dessa forma, com as vias aéreas protegidas, o
conteúdo alimentar é conduzido para o canal esofágico exposto.
 Fase Esofágica: Fase final da deglutição que tem a função de
encaminhar o conteúdo alimentar enviado pela faringe para o estômago, onde
ocorre a etapa de digestão do mesmo. Esse transporte ocorre pela facilitação da
gravidade e por mecanismos motores fornecidos pela camada muscular do esôfago,
denominado movimentos peristálticos.
A disfagia pode decorrer da disfunção em uma ou mais fases da deglutição
mencionadas acima [ CITATION Fra \l 1046 ] .Por conseguinte, lesões neurológicas
afetam a coordenação da mastigação, produzindo anormalidades para deglutir,
anormalidades motoras e sensoriais em todo o trato digestivo, levando assim a
dificuldades alimentares o que é denominado de disfagia. No entanto, é sugerido por
estudos recentes em crianças com microcefalia por Zika vírus, que a disfagia não é
unicamente em decorrência da lesão estrutural neurológica, mas uma associação
desta com a alteração anatômica orofacial, o que por sua vez caracteriza variações
13

nos padrões de deglutição, independentemente do grau da disfagia. E, com essa


premissa faz-se necessário estudos que investiguem tais variações e se há
correlação com o padrão observado na fase oral de diferentes graus de disfagia, e
também em crianças com o mesmo grau [ CITATION Lea17 \l 1046 ].

Para a construção do referencial bibliográfico do projeto foram realizadas


buscas em bases de dados com seguintes descritores a seguir:

Tabela 2
Descritor Deglutition, microcephaly, Zika vírus, Dysphagia
Inglês
Descritor Deglución, microcefalia, vírus Zika, Disfagia
Espanhol
Descritor Deglutição, Microcefalia, Zika vírus, Disfagia
Português
Fonte: Elaborada pelo autora

6. HIPÓTESE

Parte-se da hipótese de que o padrão da deglutição em pacientes com


distúrbios oromiofuncionais influencia diretamente na curva de crescimento em
crianças com microcefalia por síndrome congênita do Zika vírus, impactando,
conseqüentemente,em seu estado nutricional, no desenvolvimento e em sua
qualidade de vida.
14

7. METODOLOGIA

7.1 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa observacional, descritiva, de abordagem


qualitativa. A escolha pela abordagem qualitativa deve-se ao fato da mesma
enriquecer a pesquisa, levando a compreensão dos fatos, eventos, processos e
consecutivo sentido do material levantado [ CITATION Gat04 \l 1046 ].
Segundo Ludke e André [ CITATION Lud86 \n \t \l 1046 ], a abordagem
qualitativa refere-se à obtenção de dados descritivos determinados pelo objetivo
específico, de modo direcionado e com parâmetros traçados pelo pesquisador, a fim
de que não se desvie do foco na coleta de dados e levante informações irrelevantes
para o objetivo do estudo. Ou seja, enfatiza mais o processo que o produto,
assegurando o foco do pesquisador para obtenção dos resultados do evento
observado.
Nos estudos descritivos os fatos são observados e registrados sem que aja
qualquer interferência do pesquisador. Mantendo assim, a natureza real do objeto de
estudo, não passando então pela manipulação do observador [ CITATION Pro13 \l 1046 ].
A descrição dos fenômenos observados contribui para uma investigação mais
abrangente, como também para uma maior compreensão do fato [ CITATION Mar13 \l
1046 ].
Por fim, constata-se, então, que “Além disso, as técnicas de observação são
extremamente úteis para "descobrir" aspectos novos de um problema. Isto se torna
crucial nas situações em que não existe uma base teórica sólida que oriente a coleta
de dados”[ CITATION Lud86 \p 26 \l 1046 ]

7.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Participarão do estudo crianças com diagnóstico de microcefalia


presumidamente por síndrome congênita do Zika vírus atendidos no Centro
Especializado em Reabilitação (CER) na cidade de Cáceres – Mato Grosso.
15

O levantamento será realizado por meio dos prontuários, perfazendo em


média dez indivíduos.

 Critérios de inclusão
Crianças na faixa etária entre 0 a 5 anos de idade com diagnóstico de
microcefalia em decorrência de infecção congênita por Zika vírus, que esteja em
tratamento multidisciplinar no CER.

 Critérios de exclusão
Crianças sem microcefalia ou crianças com microcefalia, porém não
decorrente por síndrome congênita doZika vírus.

7.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados será realizada por meio da análise de dados dos


prontuáriosde cada paciente que se encontram no Centro Especializado em
Reabilitação (CER). Possibilitando assim a análise do padrão oral da deglutição
orofaríngea que se encontra nos registros fonoaudiológicose também dos registros
antropométricos: peso x idade e comprimento x idade ou altura x idade, ou seja,
dados de crescimento ponderal da Caderneta de Saúde da Criança do Ministério da
Saúde também contido nos prontuários.
O instrumento de coleta de dados nos prontuários será uma ficha com
identificação do paciente, descrição dos aspectos do padrão da deglutição da fase
oral e avaliação antropométrica com os respectivos índices da tabela de crescimento
ponderal do Ministério da Saúde. Dados esses que será agrupado em um banco de
dados, o que permitirá a construção de gráficos e tabelas.

8. ASPECTOS ÉTICOS
16

O presente estudo seguirá a Normatização da Resolução Nº 466/2012


Conselho Nacional de Saúde que estabelece as Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012).
Os aspectos éticos são essenciais para realização de uma pesquisa
científica que envolvem humanos e/ou informações pessoais destes obtidos por
meio de prontuários médicos. Dessa forma, é fundamental que princípios éticos
sejam assegurados como previsto da Resolução de Nº 466/96 do Conselho Nacional
de Saúde, do Ministério da Saúde, direitos e deveres dos participantes da pesquisa
e a bioética, tais como, justiça e equidade, não maleficência e benefícios previstos.
Como também sigilo, quanto aos dados obtidos (BRASIL, 2012).
O presente estudo já tem aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Estadual do Mato Grosso, pois o mesmo faz parte de um projeto
guarda-chuva intitulado: “Estudo de recém-nascidos de mães com suspeita e/ou
confirmação de infecção por Zika vírus na região do Alto Pantanal”, com parecer
aprovado sob o número 2.575.647 (anexo 1).

9. RESULTADOS ESPERADOS E BENEFÍCIOS

A alimentação inadequada por diversos fatores, incluindo deficiências


neurológicas que afetam a mecânica da deglutição, possibilita um estado de
carência nutricional que repercute na homeostasia metabólica, favorecendo a
quadros graves de diarréia, infecções e complicações neurológicas. Promovendo
assim a essa criança uma desnutrição grave, passível de óbito. [ CITATION Car14 \l 1046
].
Espera-se com a pesquisa compreender se existe uma incidência de um
padrão de deglutição na fase oral nas crianças com microcefalia e se tal padrão
relaciona-se com o melhor ou pior quadro de ganho ponderalavaliado com os
parâmetros do Ministério da Saúde.
Compreender essa especificidade da deglutição orofaríngea permite
identificar assim que diagnosticado a disfunção oromiofuncional a aferência incisiva
na dieta por via alternativa eficaz para o quadro clínico em questão, garantindo
assim uma intervenção precoce. E, conhecendo o padrão e as limitações inclusas,
17

poder ofertar à mãe ou responsável legal da criança a oportunidade de oferecer um


alimento alternativo, concedendo ao mesmo o direito de oferecer a função primordial
do cuidado, a alimentação.

10. CRONOGRAMA

Etapas desenvolvidas para acompanhamento durante o trabalho de pré-


pesquisa.
Tabela 2
Etapas Março Abril Maio Junho Julho
2021 2021 2021 2021 2021
Coleta de dados no CER

Classificação/Categorização

Análise dos dados

Correlação com a curva do


crescimento do Ministério da
Saúde

Escrever TCC

Ajustes finais e apresentação


do TCC

Fonte: Elaborada pela autora.


18

11. ORÇAMENTO
.
O orçamento será custeado pela pesquisadora do presente estudo.

Tabela 3
ITEM Descrição Quantidade Custo (R$)
Material de Folhas A4 1 Resma R$ 25,00
consumo
Cartucho para impressora R$ 60, 00

Serviços de Encadernação 100 folhas R$ 60,00


terceiros

Total R$ 145,00
Fonte: Elaborada pela autora

OBS: esse estudo não prevê custos para a UNEMAT, caso haja necessidade será
custeado com recursos próprios dos pesquisadores.
19

12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAGÃO, J. W. M.; NETA, M. A. H. Metodologia Cienrífica. Salvador: [s.n.], 2017.

AVELINO, M. O. D. A.; FERRAZ, P. C. D. S. Análise do desenvolvimento neurpsicomotor em crianças


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154, 2018. ISSN 2.

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resposta---vers--o-1----09dez2015-8h.pdf Acessado no dia 11 de setembro de 2020.
21

1. ANEXO 1
22
23
24
25
26
27

13. APÊNDICES

APÊNDICE A

Ficha de acompanhamento

Data:__/__/_____

Paciente: ______________________________________________________

Idade: ________________________________________________________

Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino

Comorbidade:___________________________________________________

Medicamentos em uso: ___________________________________________

Classificação Disfagia: ____________________________________________

Grau da Disfagia: ______________________________________________

Aspectos observados no estímulo oral: _______________________________

Dieta Atual:_____________________________________________________

Via de alimentação:_______________________________________________

Achados Clínicos:

Lábios:________________________________________________________

Língua:________________________________________________________

Bochechas:_______________________________________________________
28

Achados Funcionais:

Fase Oral

-captação do bolo ( )P ( )L ( )S

-vedação labial ( )P ( )L ( )S

-preparo do bolo ( )P ( )L ( )S

Fase Faríngea

-levantamento de laringe ( )P ( )L ( )S

-refluxo nasal ( )P ( )L ( )S

-tosse ( )P ( )L ( )S

engasgo ( )P ( )L ( )S

espirro ( )P ( )L ( )S

ausculta ( )P ( )L ( )S

voz molhada ( )P ( )L ( )

S ruído respiratório ( )P ( )L ( )S

cansaço ( )P ( )L ( )S

Postura

controle cervical ( )P ( )L ( )S

controle de tronco ( )P ( )L ( )S

*P= pastoso (banana amassada), L= líquido (água), S= sólido (pão francês)


29

FICHA TÉCNICA: INFORMAÇÕES RETIRADAS DO PRONTUÁRIO – EXAME


FÍSICO
Perímetro cefálico:
Ao nascimento: ____cm Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___
___cm
Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___
___cm Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___ ___cm Data:
___/___/___ ___cm
Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___
___cm
Peso:
Ao nascimento: ____Kg Data: ___/___/___ ___Kg Data: ___/___/___ ___Kg
Data: ___/___/___ ___Kg Data: ___/___/___ ___Kg Data: ___/___/___
___Kg Data: ___/___/___ ___Kg Data: ___/___/___ ___Kg Data:
___/___/___ ___Kg
Data: ___/___/___ ___Kg Data: ___/___/___ ___Kg Data: ___/___/___
___Kg
Estatura:
Ao nascimento: ____cm Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___
___cm
Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___
___cm Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___ ___cm Data:
___/___/___ ___cm
Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___ ___cm Data: ___/___/___
___cm

Curvas de crescimento do Ministério da Saúde


30

PESO X IDADE
31
32

ALTURA X IDADE
33

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