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@opoderdalinguagem

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ÍNDICE
Introdução: Por que os clássicos?....................................3
Um interesse natural pelos clássicos..............................7
Uma breve reflexão sobre as narrativas modernas......9
O que são os clássicos e como fazer meu filho se interes-
sar por eles? .................................................................... 13
Interesse é atenção........................................................ 15
A importância da apresentação.................................... 21
Como apresentar?..........................................................25
I. O adulto deve ele mesmo se interessar vivamente pelas
obras que vai apresentar..................................................... 25
II. O passo a passo da apresentação................................... 27
resumo............................................................................ 29
exemplo......................................................................... 29
III. Dicas extras: ................................................................... 32
ambiente........................................................................ 32
atividades físicas e eletrônicos.............................. 34
memória..........................................................................35
IV. Resumindo.......................................................................37

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POR QUE OS CLÁSSICOS?

D esde a antiguidade, os mais renomados


pedagogos sempre concordaram que a
linguagem é uma das bases de toda a educa-
ção, e que o aprendizado da linguagem de-
ve-se fazer pela leitura e análise das grandes
obras da literatura. Por quê?

Porque os grandes clássicos da literatura


cumprem de maneira excelente dois objeti-
vos da formação básica da criança e do ado-
lescente:

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1. Dá ao aluno o que de melhor há na sua língua:
o vocabulário mais rico e as mais variadas,
belas e precisas formas de expressão.

2. Introduz o aluno na sua cultura, dando sub-


sídios para que ele conheça suas origens,
crenças e valores, seus costumes e os mo-
delos morais das grandes personalidades
históricas.

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Ou seja, o jovem bem educado nesses ter-
mos:

1. Domina sua língua, ficando capaz de ler e


de se expressar, escrita ou oralmente, com
excelência;

2. Ganha um senso de orientação na sociedade,


na cultura, nas suas escolhas e na vida em
geral e ainda se integra a uma comunidade
com quem pode compartilhar experiências
e valores.

Mas — alguém pode perguntar — isso não


é algo do passado? Ou: É possível, hoje, nes-
tes tempos de videogames, séries e cinemas
4k, fazermos nossos filhos se interessarem
pelos clássicos e terem, portanto, a chance
de receber uma formação mais plena?

O objetivo deste ebook é justamente dar al-


gumas sugestões, apresentar alguns recur-

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sos e técnicas que podem criar ou aumen-
tar o interesse dos nossos filhos ou alunos
pela leitura dessas grandes obras literárias.
Além disso, vamos dar algumas sugestões
de hábitos gerais que costumam ajudar
crianças e adolescentes a manter a concen-
tração e motivação durante a leitura.

Uma observação: Estas técnicas e recursos


que recomendamos se baseiam na nossa
experiência como professores. São experi-
ências que têm se mostrado eficientes na
nossa prática de ensino e por isso a nossa
ideia de compartilhar com vocês.

Então, vamos lá.

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NOSSOS FILHOS JÁ
TÊM UM INTERESSE
NATURAL PELOS
CLÁSSICOS

C omo dissemos, o objetivo é gerar nos


nossos filhos ou alunos o interesse pela
leitura das grandes obras da literatura, dos
clássicos da nossa língua e da literatura uni-
versal, de modo que eles tenham acesso a
uma melhor formação da linguagem e uma
maior preparação cultural.

Então, uma boa notícia: É normal, é natural


que as crianças se interessem pelas grandes his-
tórias, pelas grandes aventuras, pelos grandes
personagens.

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Dificilmente encontramos uma criança que
não se interesse por experiências novas, di-
versas, extraordinárias, especiais.

Que criança, no auge da sua curiosidade e


sede de descoberta, não se interessaria por
ouvir alguém contando a vida de um mari-
nheiro, de um caçador, de um soldado, de
pessoas numa situação de grande perigo, de
um sábio, de um herói?

Trata-se de um interesse natural.


Esse é o primeiro ponto.

Tanto é assim que, hoje, vemos esse inte-


resse direcionado para histórias como as de
super-heróis, de aventureiros com poderes
mágicos, de criaturas intergalácticas, de
bruxos etc. A causa desse interesse é a mes-
ma. Um menino na Grécia Antiga e um menino
no Brasil contemporâneo são iguais em essência.

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UMA BREVE REFLEXÃO


SOBRE AS NARRATIVAS
MODERNAS

H á, porém, um problema com o interes-


se excessivo por essas histórias mais
atuais.

Acontece que, em primeiro lugar, elas são


quase sempre adaptações de histórias clás-
sicas, só que, geralmente, muito empobre-
cidas do ponto de vista do enredo, da histó-
ria, da caracterização dos personagens etc.

Há uma simplificação das situações, das de-


cisões que devem ser tomadas, e isso con-
tribui muito pouco para que o jovem enten-

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da a complexidade da vida real e melhore a
sua capacidade de refletir, de agir, de com-
preender os outros — como acontece, por
exemplo, com uma boa leitura de um conto
de Alexandre Herculano, da Odisseia, d’Os
Lusíadas.

Além disso, as histórias atuais não têm e


nunca terão o efeito histórico e cultural que
as narrativas clássicas tiveram e têm. As
narrativas bíblicas e as dos épicos greco-ro-
manos formaram toda a mentalidade Oci-
dental, foram lidas não só para o entrete-
nimento de jovens entediados, mas foram
lidas e estudadas com a máxima reverência
pelos maiores sábios, políticos e artistas de
todos os tempos.

Há ainda o problema de que quase sempre


essas histórias atuais não são bem escritas,
ou são escritas com forte apoio em imagens,
como nos HQs, ou ainda são conhecidas

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apenas por filmes e videogames com uma
alta carga de efeitos visuais e sonoros, carga
essa que, se consumida em excesso, embota
a sensibilidade da criança e do jovem, os dei-
xa apáticos, fazendo com que tenham muita
dificuldade em se atrair e se interessar por
outras atividades que não lhe sejam apre-
sentadas com esse mesmo apelo sensível.

Mas, atenção:

Não estamos sugerindo que os pais, de uma


hora para outra, proíbam terminantemente
o acesso a essas histórias atuais — dos su-
per-heróis, bruxos etc. Só queremos desta-
car que é importante moderar o consumo
desse tipo de conteúdo sempre pensando
nos conhecimentos, virtudes e capacidades
que nossos filhos precisam adquirir para
obter uma formação melhor.

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E O QUE SERIAM ESSES


CLÁSSICOS E COMO FAZER
MEU FILHO SE INTERESSAR
POR ELES?

H á uma variedade de livros que são con-


siderados clássicos. Quando dizemos
clássicos, e pensamos em crianças e adoles-
centes, podemos mencionar desde um Ale-
xandre Herculano, um Joseph Conrad, um
Mark Twain, um La Fontaine até os gigan-
tes como Shakespeare, Camões, o Antigo e
o Novo Testamentos, Cervantes, Dante, Ho-
mero, Virgílio etc.

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A pergunta é: como fazer meus filhos se
aproximarem dessas obras com o interesse
necessário? Neste ponto é preciso saber:

Qual é o interesse atual dos nossos


filhos por leitura?

1. Talvez os nossos filhos não gostem de ler;


2. Talvez já leiam revistas ou gibis;
3. Talvez eles já leiam ou tenham lido alguma li-
teratura de qualidade superior, mas que não são
ainda clássicas, como As Crônicas de Nárnia, O
Hobbit, O Senhor dos Anéis, Sherlock Holmes.

É possível que as dicas que daremos a seguir


sirvam para algum ou para todos os casos
mencionados. Quer dizer, as dicas são ge-
rais. É você, pai, mãe, professor, quem terá
que julgar o que acha mais adequado aplicar
com os seus filhos ou alunos, no caso con-
creto.

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INTERESSE É ATENÇÃO

A resposta para a pergunta “como fazer


meu filho se interessar pelos clássicos?”
tem vários níveis.

Primeiro: interesse é atenção, é o


direcionamento da nossa consciência
para algo.

Se nos interessamos pelo enredo de um fil-


me, como o Titanic, somos capazes de ficar
3 horas com os olhos estatelados, vidrados,
com a consciência tão direcionada para a
tela e para o drama que ali se está desenro-
lando que nem percebemos o tempo passar
e esquecemos de tudo o mais.

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É o mesmo que acontece durante a conversa
com a pessoa com quem temos muita afini-
dade. Quem não já tomou um susto ao des-
ligar o telefone e notar que havia se passado
4 horas de boa prosa?

Nós conseguimos direcionar a nossa aten-


ção a algo fundamentalmente por dois mo-
tivos:

1. Por desejar ou querer aquela coisa;


2. Por querer algo para o qual aquela coisa é um
meio, um caminho.

No exemplo do Titanic: desejávamos ver o


desfecho do romance de Jack e Rose e o me-
lhor meio para descobrir era assistindo ao
filme.Então, a questão fica mais concreta,
mais precisa, se perguntarmos:

Como criar ou aumentar o desejo dos


meus filhos pelos clássicos?

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Dois pontos que temos que considerar:

1. A idade dos nossos filhos;


2. Os interesses atuais dos nossos filhos.

A idade vai indicar quais obras deve-


mos apresentar primeiro.

Uma criança de 7 anos tem, em regra, uma


capacidade de compreensão que não é a
mesma de um adolescente de 13.

Com relação ao interesse, a questão é mais sutil,


demanda que tenhamos uma relação de intimi-
dade com as crianças, intimidade esta que nos
dará pistas sobre quais são seus interesses mais
constantes e naturais.

Podemos observar seus gostos por certas


brincadeiras, filmes, desenhos, leituras
prévias e depreender dessas atividades algo
dos interesses naturais, vitais, delas.

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Quem já conviveu com crianças sabe como
desde cedo elas dão indicativos de que pre-
ferem uma coisa em detrimento da outra:
um gosta de um desenho, a outra o detesta;
uma adora uma brincadeira, a outra não a
suporta.

Depois de descobrir o que, naturalmente, os


motiva e interessa, é hora de elaborar uma
estratégia para direcionar a sua atenção
para a leitura.

Todos esses focos de interesse podem servir para


direcionar a atenção dos nossos filhos à obra
apresentada.

Bem, como dissemos, nossos filhos, como


qualquer pessoa, têm um interesse natural
pelas grandes histórias, e os clássicos são as
obras que contam da melhor maneira essas
grandes histórias, então a função primordial
de um pai ou de um professor é fazer a ponte, a

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ligação, entre esse interesse natural e as ditas
obras clássicas. E a ponte tem um nome: fazer
uma boa apresentação da obra.

Por exemplo, se você percebe que o seu fi-


lho se interessa naturalmente pelas rela-
ções pessoais, pelos sentimentos e dramas
humanos, já tem uma dica do que pode ser
enfatizado na sua apresentação — da qual
falaremos a seguir; se ele se interessa por
personalidades heroicas e ações grandio-
sas, idem; assim como o interesse pela su-
peração de grandes perigos, por novidades e
descobertas, por coisas ocultas ou misterio-
sas, por costumes ou tradições exóticas ou
pessoas extraordinárias e assim por diante.

“ Adefunção primordial de um pai ou


um professor é fazer a ponte, a
ligação, entre esse interesse natu- “
ral e as ditas obras clássicas.
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A IMPORTÂNCIA DA
APRESENTAÇÃO

C onsiderar esses dois fatores — idade e


interesses naturais — é muito impor-
tante para preparar a principal ferramenta
que vai gerar o interesse do seu filho pela
leitura de obras excelentes da literatura:
uma boa apresentação dessas obras.

Aqui está o ponto em que, segundo vemos,


muitos pais e professores erram: compram
o livro, incentivam a leitura, elogiam a obra
etc., etc., mas não fazem o principal: apre-
sentá-la de um modo atraente, de maneira
que gere no filho tamanho interesse que o

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motive a superar as exigências que a leitura
dessas obras normalmente impõe — sem a
pirotecnia das obras modernas.

isso serve para todo mundo: precisa-


mos estar muito conscientes da quali-
dade e benefícios de algo para desejá-
-lo.

Ocorre que, normalmente, o ambiente em


que o jovem está inserido hoje não vai lhe
dar indicações sobre a importâncias dessas
obras.

Quer dizer, cabe a nós, pais e professores,


o dever de apresentar essas grandes obras
aos nossos filhos e alunos — e apresentá-las
muito bem.

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COMO APRESENTAR?
i. o adulto deve ele mesmo se
interessar vivamente pelas obras
que vai apresentar

A primeira condição para apresentar bem


uma obra clássica, de maneira a gerar o
interesse no seu filho ou aluno, é você mes-
mo, pai ou professor, ter algum interesse
por ela.

Quando gostamos genuinamente de algu-


ma coisa — um objeto, um lugar, uma pes-
soa — falamos dela com tanto empenho e
entusiasmo que acabamos por contagiar os
que estão à nossa volta. Falamos com tanta

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empolgação e eloquência que convencemos
os nossos próximos a comprar o produto, vi-
sitar o lugar, a simpatizar com a pessoa. Fa-
zemos isso naturalmente. E precisa aconte-
cer o mesmo com esse trabalho de estímulo
à boa leitura dos nossos filhos e alunos.

Essa é a condição inicial. Se os pais ou professo-


res não transmitirem esse senso de importância,
se não forem os melhores entusiastas da beleza e
grandeza dessas obras, os jovens não se conven-
cerão.

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ii. O passo a passo da apresentação

Como vocês poderão ver, a preparação para


apresentar uma obra exige alguma dedica-
ção e tempo, como acontece com qualquer
coisa importante na educação dos nossos
filhos. O que podemos dizer é que os recur-
sos para fazer essa preparação — leituras,
vídeos etc. —, estão em grande parte dispo-
níveis, gratuitamente, na internet.

Uma boa apresentação da obra vai se


dividir em três focos:

1. Primeiro, se for relevante, se houver al-


gum ganho no interesse ou na compreensão
direta da narrativa: fazer uma apresentação do
contexto da obra, de quando e onde foi escrita.

2. Segundo, derivado da anterior: fazer uma


apresentação do autor da obra, comentando

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algo da sua vida, de suas relações pessoais,
da sua relação com a obra. Essa narrativa
biográfica pode ser o fio condutor para a
narrativa literária.

3. Terceiro: fazer uma apresentação da obra


mesma, do seu enredo, dos pontos mais es-
senciais da história.

Até hoje não se inventou um modo mais poderoso


de chamar e manter a atenção de alguém do que
contando uma história interessante.

Um toque a mais: se for necessário para a


compreensão da obra, e se o filho ou aluno
já estiver vivamente interessado, você pode
explicar algum aspecto formal da obra que vá
facilitar a leitura. Por exemplo: se a obra é es-
crita em versos, pode indicar como se faz a
leitura, dando noções básicas de versifica-
ção, e assim por diante.

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resumo
Apresentação da obra — nos seus aspectos
históricos —, do autor e da narrativa.

exemplo
Se formos apresentar Os Lusíadas, de Ca-
mões, o primeiro passo (apresentação da
obra) seria mostrar o contexto histórico de
Portugal do século XVI, algo da sua histó-
ria e formação, das grandes navegações, da
Renascença, do contexto do grande confli-
to entre o Império Otomano e as nações eu-
ropeias, a tomada de Constantinopla pelos
Turcos e assim por diante.

Apresente essas coisas de maneira viva, in-


teressada, como se realmente fossem coisas
presentes e importantes.
relatar esses fatos vai contribuir e
muito para que os seus filhos enten-
dam melhor o enredo.

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Há muitos fatos e ações interessantes nesse
contexto que criam interesse imediato na
maioria dos jovens.

Depois podemos contar algo da vida e obras


de Luís Vaz de Camões (apresentação do
autor), sua formação, suas aventuras pelo
mundo a serviço do Reino de Portugal etc.
Por fim, contamos de maneira resumida e
viva o enredo da obra, a viagem de Vasco da
Gama pela África, sua chegada e retorno da
Índia, alguns episódios da história de Por-
tugal, que são contados pelos personagens
ao longo da viagem (apresentação da narra-
tiva).

Um recurso interessante, especialmente se


seu filho já tem o hábito de utilizar apare-
lhos eletrônicos, é, além de narrar a histó-
ria, utilizar elementos audiovisuais para
ilustrá-la. Podem ser imagens, gravuras,
mapas, trechos de filmes e documentários.

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É um jeito de direcionar esses costumes do
seu filho para uma finalidade educacional
mais ampla.

Outro recurso interessante, ainda na apre-


sentação, é ler algum trecho marcante da
obra, em voz alta, e explicar para o seu filho
o sentido da passagem, mostrando, na prá-
tica, quantas coisas interessantes se pode
tirar do texto, desde o seu sentido mais lite-
ral até as intuições mais sofisticadas.

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iii. dicas extras:
Preparação do ambiente; importância dos
exercícios físicos; eletrônicos vs. atenção;
a importância da memória;

ambiente
Para além desses passos, podemos levantar
alguns pontos menos essenciais mas que
são relevantes para a criação de um ambien-
te propício para a leitura:

1. Durante a apresentação e leitura da obra, é


muito favorável que o ambiente não tenha TVs
ou computadores, ou que estes estejam desliga-
dos. Também é interessante que o celular
seja deixado em outro ambiente ou que seja
mantido num local que não facilite o acesso
durante a leitura.

2. O ambiente, se possível, deve ser confortável e


calmo;

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3. De preferência, fazer a atividade sempre no
mesmo local e no mesmo horário, para criar um
hábito no filho e melhor dispô-lo à leitura.

Também ajuda no processo:

1. Ter uma biblioteca em casa, mesmo que peque-


na, disponível para o seu filho;

2. Sempre mostrar satisfação e admiração pelo


hábito de leitura do seu filho;

3. Conversar rotineiramente sobre as leituras


que ele anda fazendo;

4. Se conhecer outras famílias que cultivam há-


bitos de leitura semelhantes à sua, estimular a
convivência entre os seus filhos. Se houver inte-
resse deles, estimular a formação de clubes
de leitura e discussão das obra.

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Esse último ponto tem grande importân-
cia, porque, de fato, é difícil que a criança, e
sobretudo o adolescente, se disponha a destoar
muito de seu meio social. Logo, se ele não ti-
ver pelo menos um núcleo de amizades com
esses mesmos interesses, é provável que ele
ceda aos interesses da maioria, interesses
que envolvem, quase sempre, consumir em
excesso aquele tipo de filmes, videogames,
programas de internet e leituras que, como
já dissemos, não têm o mesmo poder forma-
tivo — não raro, aliás, têm poder destrutivo.

atividades físicas e eletrônicos


A prática de exercícios físicos regulares
também ajuda muito a desenvolver a con-
centração necessária à leitura. Há diversas
pesquisas que demonstram a correlação
entre a agitação corporal, isto é, a falta de
domínio do corpo, com a desatenção.

Além disso, provavelmente todos já ouvimos

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falar das correlações entre o uso excessivo
de celulares, televisores e videogames e a
diminuição da capacidade de concentração
— inclusive há relação entre o uso abusivo
de eletrônicos e o desenvolvimento de pato-
logias, como o déficit de atenção. Por isso,
é importante moderar o uso desses apare-
lhos, especialmente se você já perceber essa
dificuldade de concentração no seu filho.
memória
Um outro ponto importante é entendermos
a relação entre memória e atenção: Nós me-
morizamos aquilo que atrai a nossa atenção,
aquilo que nos interessa, na medida do nosso in-
teresse. E, por outro lado, nós aumentamos a
nossa atenção e interesse por uma história
ou narrativa na medida em que temos mais
fresca e viva na memória a parte já conheci-
da do enredo.

Então, dois exercícios paralelos que podem

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ajudar os jovens a aumentar a capacidade
de memorização e interesse pelas obras são:

1. Ler algumas vezes a história em voz alta, já


que o uso ativo do corpo e a audição da própria
voz aumentam o número de registros que pode-
mos utilizar para guardar os trechos lidos.

2. Antes de reiniciar a leitura, tentar recontar a


parte da história que já foi lida para retomar o
fio narrativo e aumentar a expectativa e interes-
se pela sequência.

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iv. resumindo

Então, para nos lembrarmos:

A principal ferramenta para direcionarmos


o interesse dos nossos filhos para as Gran-
des Histórias é uma boa apresentação da obra,
do seu enredo e de elementos auxiliares
como a forma, o autor, o contexto etc.

Sem demonstrarmos um interesse próprio


genuíno por essas obras, não conseguire-
mos criar esse interesse nos nossos filhos.
Precisamos sempre pesar as condições con-
cretas dos nossos filhos na hora de preparar
a escolha e apresentação de uma obra: hábi-
to de leitura, idade e interesses atuais.

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@opoderdalinguagem
Autoria, Edição e Revisão
Fábio Gonçalves e Guilherme Montoro

Capa, Projeto Gráfico e Diagramação


Lucas Rabello

Material de propriedade de O Poder da Linguagem.

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