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INTRODUÇÃO
Fala, pessoal! Se você quer aprender a me-
morizar poemas, ou, se você é mãe ou pai e
deseja ensinar isso ao seu filho, neste e-book
vou ensinar uma técnica bem tradicional,
simples e eficaz para que você seja capaz
de guardar na memória não só seus versos
preferidos, mas textos em geral.

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O PRIMEIRO PASSO
É LER O POEMA
É muito importante ler todo o poema ou
pelo menos o trecho que você quer memo-
rizar.

Nessa leitura a finalidade é conhecer o tex-


to, conhecer o sentido geral, o tema; é enten-
der do o que o poema está falando.

Então, caso o texto seja muito difícil, vale a


pena pesquisar uma análise, um comentá-
rio sobre ele — seja em livros de crítica lite-
rária, seja em sites confiáveis da internet.

Não precisa ser nada muito aprofundado, não


precisa fazer todo um estudo sobre o o texto. É
só para ter um suporte para compreender o
sentido geral.
obs: Caso você tenha dificuldade de compreender o texto
lendo em voz alta, leia em silêncio, não tem problema.

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ENTENDIDO O SENTIDO DO
TEXTO, VOCÊ DEVE RECITAR
O POEMA, EM VOZ ALTA, POR
DUAS VEZES.
Aqui você começará a se acostumar com a
sonoridade, com o ritmo do poema, com a
música que se forma pela reunião daquelas
palavras, daqueles versos.

Veja-se que nesse processo a memorização


do poema se assemelha à memorização de
melodias musicais. Quando aprendemos
uma canção nova, o que primeiro gruda na
nossa memória é a melodia. Depois é que
vamos decorar a letra.

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FEITO ISSO, VOCÊ DEVE
RECITAR APENAS O
PRIMEIRO VERSO DO
POEMA, TAMBÉM EM VOZ
ALTA.
Para quem não sabe, o verso, em regra, é cada
linha do poema, linha esta que se forma por
uma conjunto de palavras organizadas para
formar um ritmo.

Você deve ler o primeiro verso tantas vezes


quantas forem necessárias para que consiga
repeti-lo sem olhar o texto. Se você conse-
guir depois da primeira leitura, muito bem.
Se não, leia duas, três, quatro vezes.

Leia até conseguir. Cada um tem um ritmo,


um processo. Isso, com certeza, vai melho-
rando com a prática.

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DEPOIS DISSO, VOCÊ
LERÁ OS DOIS PRIMEIROS
VERSOS: O QUE JÁ ESTÁ
MEMORIZADO E O PRÓXIMO,
ATÉ QUE SEJA CAPAZ DE
RECITAR OS DOIS SEM
OLHAR TEXTO.
Daí é só repetir esse processo com todos os
versos do poema que você queira memori-
zar, um por um, num processo cumulativo.

exemplo
Vamos pegar como exemplo um poema bem
simples e conhecido...

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A CANÇÃO DO EXÍLIO,
DE GONÇALVES DIAS1
O 1º verso é:

Minha terra tem palmeiras

Daí, você deverá repetir o primeiro verso,


já memorizado, junto ao segundo, até que
você consiga recitar os dois sem olhar:
Daí vai para o próximo:

Onde canta o Sabiá,

Mesma coisa.

E depois, do mesmo modo, com o terceiro, com o


quarto verso, e assim por diante.

1 O poema completo está na página 11.

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Vale lembrar que há poemas com versos
muito curtinhos (há versos com apenas uma
sílaba poética2 ) e outros com versos enor-
mes (como o verso alexandrino, que tem
doze sílabas poéticas).

Por isso, é preciso avaliar o tamanho do ver-


so. Se sentir que é muito curto, tenta decorar já
uma série deles, uma estrofe3 talvez.

2 Sílaba é uma emissão sonora que se faz de um só vez — ba-be-bi-bo-bu;


fa-fe-fi-fo-fu; tra-tre-tri-tro-tru. A sílaba poética, diferente da sílaba gramatical,
é o conjunto de sons que se formam quando declamamos um verso. Exemplo: Onde
canta o sabiá. Se dividíssemos as palavras que compõem este verso em sílabas
gramáticas, teríamos: On-de -can-ta – o- sa-bi-á, ou seja, oito sílabas. No entan-
to, nós não declamamos o verso desse jeito picotado. A leitura sai fluída. E por
isso pode formar outras unidades sonoras. On-de -can-ta o- sa-bi-á. No trecho
em destaque, a letra a, no final de canta, se junta com o artigo o, formando um
som só, um ditongo. Algo assim: Onde cantao sabiá. Por isso, o verso tem sete síla-
bas poéticas (verso que chamamos redondilha maior).

3 Estrofe é um conjunto de versos. Vale lembrar que nem todo poema tem uma di-
visão por estrofe. Quando há, a estrofe vem indicada por uma quebra de linha. No caso
da Canção do Exílio, temos duas estrofes com quatro versos e duas estrofes com cinco
versos.

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ESSE É O MÉTODO. A
MEMÓRIA TEM QUE SER
EXERCITADA.
A memória tem que ser exercitada, repetimos.
Se vocês repetirem essa técnica por alguns
dias, com constância, logo vão notar um au-
mento na sua capacidade de memorizar.

Em pouco tempo vocês serão capazes de


memorizar muito mais coisas e de maneira
muito mais rápida.

E uma memória mais forte, mais maromba-


da, vai melhorar seu desempenho escolar ou
profissional.

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AGORA, UM DESAFIO:
DECORAR A CANÇÃO
DO EXÍLIO EM DUAS
SEMANAS.

BOM TREINO!

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Minha terra tem palmeiras 1a estrofe
(4 versos)
Onde canta o sabiá
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, 2a estrofe


(4 versos)
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite, 3a estrofe


(4 versos)
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores, 4a estrofe


(6 versos)
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, 6a estrofe


(6 versos)
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá
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Autoria, Edição e Revisão
Fábio Gonçalves e Guilherme Montoro

Capa, Projeto Gráfico e Diagramação


Lucas Rabello

Material de propriedade de O Poder da Linguagem.

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