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Como Ler Livros?

O Guia Clássico para a leitura inteligente – Conheça as 11 regras


para aprender realmente o que lê

A dificuldade para muitas pessoas é entender e lembrar o que leram. Para tirar o máximo proveito de
um livro, algumas técnicas de leitura podem ser muito úteis. Um dos principais autores que ensina
como ler melhor é Mortimer Adler. Ele e Charles Van Doren escreveram a obra Como Ler Livros? O
Guia Clássico para a leitura inteligente. Veja as 11 regras de leitura resumidas de forma facilitada.
Em 1940, Como Ler Livros foi publicado pela primeira vez e tornou-se um fenômeno raro, um best-
seller. Para muitos, ele já nasceu clássico e é considerado o melhor livro para orientar a compreensão
de uma leitura.
Abaixo estão resumidos os principais níveis de leitura e como atingir cada um deles, desde a leitura
elementar e rápida até a leitura analítica e sintópica. Há formas corretas de aprender e de criticar cada
tipo de obra.
Para aprender como ler um livro, é necessário classificá-lo em tipos. As técnicas de leitura de cada um
são diferentes.

O que você vai encontrar neste artigo?


Por que a obra Como Ler Livros de Mortimer Adler e Charles Van Doren é importante?

Resumo de Como Ler Livros? O Guia Clássico para a leitura inteligente

-A Leitura Elementar
-A Leitura Inspecional
-Como ler um livro? A técnica da leitura exigente
-A Leitura Analítica
-As 11 regras de leitura – Entenda a melhor forma de ler um livro
-Como ler diversos assuntos?
-Leitura Sintópica
-Os fins últimos da leitura
-Lista de clássicos que todos deveriam consultar antes de ler
-Quem foram Mortimer Adler e Charles Van Doren [Biografia]

Por que a obra Como Ler Livros de Mortimer Adler e Charles Van Doren é
importante?
Ela aumenta a capacidade de tirar bom proveito das leituras. Milhares de leitores comprovaram esta
eficácia desde a primeira publicação do livro.
A obra de Mortimer Adler e Charles Van Doren tem mais de 400 páginas. 
A intenção dos autores foi abordar com profundidade e abrangência o tema de como ler um
livro. Apesar seja grande, o volume é dividido em seções curtas e fáceis de ler.
Em 1970, os autores foram apresentadores de um programa de TV nos Estados Unidos. Os episódios
ensinavam justamente A Arte da Leitura.
A última edição de Como Ler Livros foi publicada pela editora É Realizações. A versão de 1972
reformulou completamente as edições de 1940 e 1967. A nova versão contém trechos inéditos e
mudanças na abordagem.
A obra fez tanto sucesso que, durante meses, foi a mais vendida nos EUA para suprir o problema da
educação. Mais de meio milhão de exemplares foram impressos. No Brasil, foi também um sucesso de
vendas.

Adler e Van Doren ensinaram que o conhecimento é dividido em diferentes tipos:


-Informação, extraída de um autor no mesmo nível do leitor;
-Conhecimento prático, realizado na experiência;
-Compreensão, quando se tem um primeiro contato com uma ideia.

Como Ler Livros explica bem cada um destes tipos e como realizá-los da melhor forma.

Em geral, a alfabetização não prepara uma pessoa para níveis mais avançados de leitura. Justamente
isto será explicado nos próximos tópicos.

Resumo de Como Ler Livros? O Guia Clássico para a leitura inteligente


Os autores ensinaram como praticar a leitura. Seguindo os passos que eles deixaram e que serão
listados, é possível ler melhor. Os níveis de leitura são: elementar, inspecional, analítico e
sintópico.
Como Ler Livros é mais do que um guia de leitura, é um tratado sobre filosofia e educação.
As quatro partes da obra são:
-As dimensões da leitura;
-O terceiro nível de leitura: a Leitura Analítica;
-Como ler diversos assuntos;
-Os fins últimos da leitura.
Não é simplesmente uma questão de leitura mais rápida, leitura dinâmica ou algo
semelhante. Adler e Van Doren ensinam como o leitor pode descobrir o propósito de cada livro e
como lê-lo da maneira correta.
Logo no início de Como Ler Livros, são descritos os motivos primários que levam uma pessoa a
querer ler.
Por que lemos?
Os três motivos básicos são a busca por:
-Entretenimento;
-Informação;
-Conhecimento.
Entender um conteúdo é passar de um entendimento inferior para um superior.

“Aprender com um livro é aprender com um professor ausente. Ao terminar a leitura, o ideal é saber
mais do que antes dela, conhecendo mais.”

Isto só será possível trilhando um caminho específico, com 4 níveis.

Quais são os 4 níveis de leitura?

1. Elementar. É a alfabetização, a decodificação das frases para saber o que está sendo dito. Neste
nível, o leitor deve ser capaz de responder à seguinte pergunta: O que diz a frase?
2. Inspecional. É a extração do máximo do livro em um curto espaço de tempo. É preciso folheá-lo
sistematicamente para saber qual é seu tema principal;
3. Analítico. É a leitura completa, intensa e ativa. O livro é “mastigado e digerido”;
4. Sintópico. É a leitura de muitos livros, ordenando-os em relação ao assunto principal abordado em
todos. A comparação entre eles é feita e a partir dela pode surgir uma análise que não está em nenhum
deles.
Cada nível mencionado será detalhado ao longo deste artigo.

A Leitura Elementar
Para realizar a leitura elementar, é preciso ter:
-Prontidão para a leitura;
-Prontidão física;
-Prontidão intelectual;
-Prontidão linguística.
Para que todos estes requisitos sejam atendidos, o indivíduo precisa ter domínio do vocabulário e
desenvolvê-lo de forma mais abrangente. Precisa ser alfabetizado de forma funcional e lidar com o
contexto das leituras.

A Leitura Inspecional
-Ela está dividida em duas fases:

Pré-leitura ou sondagem sistemática


O livro precisa ser sondado. O intuito é descobrir seu conteúdo, seu tipo e a intenção do autor.
1. Examine a folha de rosto, o prefácio e o sumário;
2. Consulte o índice remissivo;
3. Leia a contracapa e a sobrecapa;
4. Examine os capítulos que pareçam conter o argumento principal;
5. Folheie o livro;
6. Leia duas ou três páginas finais e o epílogo.

“A técnica de leitura consiste em ler como um detetive. No final, o leitor saberá onde na estante o
livro deve ficar, porque saberá o seu tipo.”

Leitura superficial

“Ao encarar um livro difícil pela primeira vez, leia-o sem parar, isto é, leia-o sem se deter nos
trechos mais espinhosos e sem refletir nos pontos que ainda permanecem incompreensíveis”.
Isso permite uma maior compreensão na segunda leitura. Isto deve acontecer de forma rápida, mas é
preciso saber quando deter-se em uma leitura mais lenta.
“Nenhum livro deve ser lido mais lentamente do que merece, e nenhum livro deve ser lido mais
rapidamente do que seu aproveitamento e compreensão exigirem”.
Em Como Ler Livros, Mortimer Adler sugere usar os dedos para se acostumar a um ritmo mais veloz.
Ao passar os dedos pelas frases, os olhos acompanham sua velocidade. Quanto mais rápido o dedo,
mais rápida é a leitura.

Como ler um livro? A técnica da leitura exigente

Para compreender melhor o livro e lembrar-se do que foi lido ao terminar uma obra, é fundamental
responder às quatro questões seguintes.
1. O livro fala sobre o quê?
2. O que exatamente está sendo dito, e como?
3. O livro é verdadeiro? Em todo ou em parte?
4. E daí?
A quarta pergunta soa estranha, mas é uma das mais importantes. É preciso saber qual a diferença que
o livro fez em sua vida. Ao respondê-la, você saberá o que sua leitura acrescentou.
Além de responder às quatro perguntas fundamentais, outra dica em Como Ler Livros é anotar
nas páginas enquanto se lê.

Por que escrever no livro?


De acordo com o autor, ao fazer isso pode-se tirar bons proveitos.
. Escrever mantém o leitor desperto;
. Ler é pensar e o pensamento se expressa na escrita;
. Anotar ajuda a lembrar.
Dicas: Sublinhe, faça linhas verticais nas margens, asteriscos nas páginas importantes, números nas
margens que fazem referências a outras partes do livro ou de outros livros, circule palavras-chave e
escreva nas margens.
“Ler é conversar com o autor”.
Fazer anotações faz parte deste diálogo.

Quais são os 3 tipos de anotações?

A sugestão do autor é fazer a seguinte divisão:


Anotações estruturais. Respondem às perguntas “Qual o tipo do livro?”, “O que ele diz?”, “Qual a
estrutura e conceitos do argumento?”. Recomenda-se já ter estas notas escritas no sumário.
Anotações conceituais. São as ideias que se têm durante a leitura, anotadas ao longo do livro.
Anotações sobre o perfil do debate. São dialéticas e normalmente feitas em papéis à parte.
Faz-se o hábito quando é realizado repetidas vezes, com constância. É preciso conhecer as regras e
praticá-las. Por isso, treine as regras que serão ensinadas a seguir

A Leitura Analítica
Mortimer Adler divide a Leitura Analítica em três estágios e em uma sequência de 11 regras de leitura
para obter o máximo proveito do conteúdo.
Neste resumo de Como Ler Livros, as regras são simplificadas. Para compreender plenamente o que o
autor quis ensinar, é muito importante a leitura do livro em sua totalidade.
Veja também as dicas do professor Guilherme Freire:
Como Ler Livros de Mortimer Adler - YouTube
(https://youtu.be/OWyQZID6NyY)
As 11 regras de leitura – Entenda a melhor forma de ler um livro

Regra 1
Você deve saber que tipo de livro está lendo antes mesmo de começar. Faça a classificação de acordo
com o título e o assunto.
É preciso radiografar o livro. Os bons livros possuem uma unidade e uma organização de suas partes.
As obras expositivas transmitem conhecimento. Basicamente, são teóricas ou práticas.
As obras teóricas são de ciência pura, como história, filosofia, etc. Elas ensinam algo e é justamente
nelas que estas regras são aplicadas.
As obras práticas são sobre um conhecimento orientado para a ação, focando em “como fazer”.

Regra 2
Expresse a unidade do livro em uma única frase ou em algumas poucas.
Responda: Sobre o que é o livro? Você deve ser capaz de dizer qual é o tema central, o ponto
principal.

Regra 3
Exponha as partes principais do livro e mostre como elas estão ordenadas em relação ao todo.
Enumere as partes principais em ordem.
Por exemplo, a trama comum dos romances pode ser simplificada da seguinte forma: um garoto
conhece uma garota, apaixona-se, perde-a e depois a recupera. Em tal capítulo acontece isso; e no
outro, aquilo.
O foco principal da terceira regra é explicar as partes do livro em relação ao fio condutor de toda a
trama, que vai do começo ao fim.

Regra 4
Descubra quais foram os problemas do autor. Você precisa saber qual foi a principal pergunta que o
próprio autor tentou responder.

Regra 5
Encontre as palavras importantes e, através delas, entre em acordo com o autor.
Isto significa encontrar o sentido comum das palavras, entrar em sintonia com o autor e com o
contexto para evitar as ambiguidades que possam ser um ruído na leitura. Será muito prejudicial
entender uma palavra de uma forma que o autor não queria que ela fosse entendida.
Para saber quais são as palavras mais importantes, que merecem ser destacadas, existem algumas
técnicas. O autor naturalmente enfatiza algumas palavras, repete-as e escreve as outras em
função delas. É preciso separar as palavras mais técnicas e conceituais, que nomeiam conceitos-
chave, das palavras mais genéricas e coloquiais.
Por exemplo: Em A Riqueza das Nações de Adam Smith, as palavras que mais merecem destaque
são: riqueza, trabalho, capital, propriedade, salário, lucro, aluguel, mercadorias, preço, câmbio,
produtivo, improdutivo, moeda.
Já em A Origem das Espécies de Charles Darwin, outras palavras recebem mais atenção: Espécie,
variedade, gênero, seleção, sobrevivência, adaptação, hábito, aptidão, criação.
Quando nos depararmos com as palavras importantes para o autor, devemos nos perguntar quantos
sentidos ela tem. Uma dica de Adler para contribuir com a leitura é:
“Descobre-se o sentido de uma palavra não entendida por meio do significado de todas as
conhecidas”.
Para estarmos de acordo com Euclides, por exemplo, precisamos saber o que significa “ponto”, aquilo
que não tem partes.

Regra 6
Marque as frases mais importantes do livro e descubra as proposições que elas contêm.
Dica: As frases mais importantes são muitas vezes justamente as mais difíceis de entender, ou as que o
autor passa mais tempo explicando. São partes imprescindíveis ao seu argumento.
Essas frases contêm as palavras-chave e seus conceitos.

Regra 7
Localize ou formule os argumentos básicos do livro com base nas conexões entre as frases.
As frases mais importantes são as que mais desafiam a inteligência, as que exigem mais. Por isso, são
as que mais ensinam. Podem ser premissas afirmativas ou negativas que sustentam um
argumento ou sua conclusão.
As proposições contidas nas frases são os entendimentos que elas expressam. Para saber se você
entendeu a proposição que uma frase enuncia, explique o que você leu com suas próprias
palavras.
Ao fazer isso, você diz a mesma coisa usando outros códigos, ou seja, outras letras. Isto demonstra que
você compreendeu o que está além das palavras e consegue enunciar de formas diferentes.
Caso não consiga fazer isso, significa que as palavras foram transmitidas, mas não o
conhecimento (a proposição). Leia novamente até conseguir.
Além disso, você deve ser capaz de pensar em aplicações para o que você leu, em vivências, exemplos
e analogias.
Caso o argumento do autor não esteja explícito, você é quem deverá construí-lo. Para isso, é
necessário unir frases de parágrafos diferentes até alcançar uma sequência argumentativa.
Cada argumento possui uma limitação de afirmações e podem ser indutivos ou dedutivos.
Dedutivos: Afirmações gerais para outras generalizações ou para entender fatos específicos;
Indutivos: Parte-se de um ou mais fatos específicos para generalizações.
Para elaborar o argumento é preciso ter clareza em dois pontos.
Note qual é a suposição e o que precisa ser provado. O início de um bom argumento é uma premissa
auto evidente, do tipo que não precisa de nenhuma prova, com a qual todos devem concordar.

Regra 8
Descubra quais são as soluções do autor. Ele conseguiu resolver o que propôs?

Regra 9
Você tem de dizer com razoável grau de certeza “eu entendo” antes que possa dizer “concordo”,
“discordo” ou “suspendo meu julgamento”.
É preciso entender que crítica não é sinônimo de discórdia. O crítico não pode ser juiz antes de ser
leitor. A crítica é uma resposta ao autor.
Aquele que diz a frase abaixo não segue este princípio e está fechado ao conhecimento:
“Não entendi o que você disse, mas acho que você está errado”.
Nota: Não leia para criticar, leia para pensar e ponderar. Para aprender, usamos nossa capacidade de
julgamento independente.

Regra 10
Quando discordar, faça-o de maneira sensata, sem gerar disputas ou discussões.
Para entender bem esta regra, Mortimer recorda em Como Ler Livros uma frase de Aristóteles:
“A piedade exige que honremos a verdade acima de nossos amigos”.
Portanto, o mais importante é conhecer a verdade, não vencer o debate.

Regra 11
Respeite a diferença entre conhecimento e opinião, fornecendo as razões para quaisquer julgamentos
críticos que fizer.

Dica para resolver discórdias:


-Deixe as emoções de lado;
-Explique as premissas e pressuposições;
-Seja imparcial para evitar cegueiras partidárias.
Formas de discordar:
-Você está desinformado (Qual conhecimento está faltando?);
-Você está mal informado (O que não é verdadeiro?);
-Você é ilógico e seu raciocínio não é coerente (Falácia);
-Sua análise está incompleta (Problema não resolvido).
Para complementar esta estratégia, outros suportes podem ser necessários.

O que é leitura extrínseca?


Esta é aquela que se faz tendo-se em vista outro livro. Lemos obras de apoio ao livro que
realmente queremos entender.
Elas podem conter um tipo de experiência que não temos e que é necessária para entender um assunto.
Podem ser outros livros, comentários, resumos (melhores após a leitura do livro), obras de referência.
Estão incluídos dicionários e enciclopédias. Mas para usá-los corretamente é preciso ter uma ideia
do que se quer saber. Sem isso, eles não servirão. Temos de saber encontrar o assunto em dicionários e
enciclopédias, como as obras estão organizadas e o que podem responder.

Como ler diversos assuntos?


As 11 regras de leitura em Como Ler Livros de Mortimer Adler não são aplicáveis a todos os tipos de
livros. Outros gêneros possuem formas mais adequadas para serem bem compreendidos.

Como ler livros práticos?


Este tipo de livro enuncia regras mais ou menos gerais e os princípios que regem estas regras. Os
problemas práticos são resolvidos com a ação, não com o livro em si.
O julgamento é baseado nas seguintes perguntas: As regras funcionam? Elas cumprem o que
propõem?
Em um livro prático, o que o autor quer mostrar é o que ele quer que façamos. Como ele quer isso?

Como ler livros imaginativos?


Primeiro, é mais benéfico entender como não ler as obras imaginativas.
A finalidade dos romances, novelas, poemas, peças de teatro, dramaturgias, epopeias e afins é o de
serem artes finas. Isto significa que estas obras possuem um fim em si mesmas.
A ficção possui um apelo primário à imaginação, à experiência profunda. Na Leitura Analítica lemos
como uma ave de rapina. Na imaginativa, devemos estar abertos às impressões que a obra deseja
causar na alma.
Elas pretendem fazer com que o leitor tenha uma experiência, mais do que um conhecimento extra.
A maneira de lidar com a linguagem também é diferente. Não procuramos termos, proposições ou
argumentos. Em uma poesia, por exemplo, as afirmações não têm a pretensão de ser lógicas. Por
licença poética, podem ser obscuras.
Romances, narrativas e afins ensinam de maneira derivada e não direta. Propiciam uma experiência, e
aprendemos com a vida dos personagens.
Ao ler e viver as experiências dos personagens, o efeito da leitura foi cumprido. Trata-se de um
mergulhar em um outro mundo, com outras regras. Colocar-se em novos cenários, ao lado dos
personagens vivendo cada qual seu drama e sentindo junto com eles o que é próprio daquele
momento.
Obras imaginativas também não podem ser julgadas com critérios de verdade e coerência que são
devidos à comunicação do conhecimento. Na ficção, a “verdade” é a verossimilhança.
Por exemplo, não é inverossímil que um mago use magia em uma ficção.
Regras gerais para romances, poemas e peças teatrais:

---Regras estruturais
É preciso classificar se é um teatro, romance, novela, poema, epopeia, etc. Descobre-se então a
unidade narrativa, que é o enredo. Finalmente, descobre-se como o todo é composto de suas partes.

---Regras interpretativas
Cria-se familiaridade com os personagens para viver com eles, através de sua visão, os eventos vividos
por eles. Familiariza-se também com o mundo em que eles vivem. Uma vez feito isto, basta segui-los
em suas aventuras.

---Regras críticas
Não se critica este tipo de obra até ter vivido e apreciado completamente a experiência que o autor
desejava. A crítica é baseada no gosto, se gostamos ou não. Ela não envolve o critério da verdade ou
da mentira.

Por último, a beleza da obra está relacionada com o prazer que temos quando a conhecemos
bem.
Experimente imergir nas séries da Brasil Paralelo. São produções com qualidade cinematográfica. Ao
fazer isso, você aprende e se entretém ao mesmo tempo.

Como ler narrativas, peças e poemas?


Como já vimos, escritos imaginativos são artes finas, pois têm em si mesmos o seu fim. Para lê-los,
basta experimentá-los, prová-los.
Por isso, o ideal ao ler narrativas é lê-las rapidamente. Esta dica é para que o leitor viva o mais
intensamente possível os acontecimentos daquelas vidas fictícias.
A sugestão de Mortimer Adler é que todos tenham a experiência de ler Homero, Virgílio, Dante
e Milton.
Ao ler peças teatrais, devemos fingir ver a representação no palco. E a poesia lírica deve ser lida até o
fim sem parar para reforçar a unidade. Em seguida, lê-la novamente em voz alta.

Como ler livros de história?


É preciso ler mais de um relato sobre um acontecimento ou um período. O evento em estudo possui
importância prática?
O bom livro de história também é universal.
“A história é a narrativa do que nos trouxe até aqui”.
Com historiadores, podemos aprender sobre o presente e o futuro. É por isso que lemos sobre o
passado; para saber como os homens agem em todos os tempos e lugares.
Outra habilidade de leitura, mais avançada, é a de comparar diferentes livros.

Leitura Sintópica

PRIMEIRA PARTE – Inspeção de campo preparatória


Preparar a bibliografia provisória consultando orientadores, bibliotecas, bibliografias, dicionários,
enciclopédias;
Inspecionar os livros da bibliografia provisória para ter certeza – ou não – de que abordam o que
precisamos.

SEGUNDA PARTE – Como proceder?


Encontrar passagens relevantes;
Fazer os autores entrarem em acordo;
Esclarecer questões;
Definir divergências;
Analisar a discussão.

Os fins últimos da leitura


Como Ler Livros é um programa de estudos. A Leitura Sintópica, que foi explicada, é
exatamente o nível em que o indivíduo adquire uma conversação civilizacional. Esta é a
capacidade de dialogar com a civilização, com vários autores. Ao mesmo tempo, vários temas e modos
diferentes são assimilados em suas semelhanças e diferenças.
Ao fazer a Leitura Sintópica, o leitor consegue entender a mensagem própria de cada livro e situá-lo
no pensamento universal.
Adler e Van Doren sugerem que o conjunto de obras que uma pessoa vai ler seja como uma pirâmide.
A base deve ser larga para sustentar um crescimento contínuo. Com o passar do tempo, há uma
seleção maior dos livros a serem escolhidos, afunilando o processo.
Outro grande aprendizado que se conquista com a obra Como Ler Livros é a economia de
tempo. Algumas obras demandam mais tempo, outras não. O ideal é não despender mais tempo
do que o necessário com leituras superficiais.
As obras mais relevantes para cada um são as que merecem mais dedicação. É preciso aprender a não
terminar um livro se ele não for bom. Chegar ao fim simplesmente por chegar, para dizer que leu, não
traz proveito.

A importância dos clássicos


Para Adler, os clássicos foram os livros que transmitiram grandes ideias à humanidade pela primeira
vez. Eles ditam a forma como outros livros são lidos e como a própria realidade é entendida.
Pensando nisso, em Como Ler Livros há um apêndice com uma lista de clássicos e uma seção com
testes para exercitar os níveis de leitura. As perguntas feitas abrangem vários gêneros literários.

Quem foram Mortimer Adler e Charles Van Doren [Biografia]


Mortimer Adler nasceu em Nova York em 1902. Sua família era judia, mas ele converteu-se ao
cristianismo. Suas principais referências foram Aristóteles, São Tomás de Aquino, John Locke e John
Stuart Mill.
Estudou na escola regular até os 14 anos. Com esta idade, começou a trabalhar no jornal  New York
Sun. Para aprimorar sua escrita e ser jornalista, ingressou na Universidade de Columbia. Mesmo sem
concluir sua graduação, recebeu o título de doutor honorário.
Ele também ensinou psicologia e escreveu obras de filosofia. Publicou diversos livros. Adotava
linguagem simples e acessível. Em 1930, foi professor na Universidade de Chicago e fundou
instituições como o Center for ther Study of the Great Ideas e o Aspen Institute.
Faleceu aos 98 anos, em 2001.
Charles Van Doren nasceu em 1926 também em Nova York. Foi colaborador de Adler na última
edição de Como Ler Livros. Era uma personalidade conhecida na televisão americana na década de
50. Era filho e sobrinho de escritores laureados com o prêmio Pulitzer.
Graduou-se em artes liberais e foi mestre em astrofísica e doutor em língua inglesa. As universidades
onde se formou foram Columbia e Cambridge. Lecionou em Connecticut.
Faleceu aos 93 anos, em 2019.

Fonte: www.brasilparalelo.com.br/artigos/como-ler-livros
Livros recomendados em Como Ler Livros
1. Homero
Ilíada
Odisseia
2. Velho Testamento
3. Ésquilo
Tragédias
4. Sófocles
Tragédias
5. Heródot
História
6. Eurípides
Tragédias (especialmente Medeia, Hipólito, Bacantes)
7. Tucídides
História da Guerra do Peloponeso
8. Hipócrates
Textos médicos
9. Aristófanes
Comédias (especialmente As Nuvens, Os Pássaros, As Rãs)
10. Platão
Diálogos (especialmente República, Banquete, Fédon, Mênon, Apologia de Sócrates, Fedro,
Protágoras, Górgias, Sofista, Teeteto)
11. Aristóteles
Obras (especialmente Organon, Física, Metafísica, Da Alma, Ética a Nicômaco, Política,
Retórica, Poética)
12. Epicuro
Carta a Heródoto
Carta a Meneceu
13. Euclides
Elementos (de Geometria)
14. Arquimedes
Obras (especialmente Do Equilíbrio dos Planos, Dos Flutuantes, O Arenário)
15. Apolônio de Perga
Sobre as Seções Cônicas
16. Cícero
Obras (especialmente Orações, Da Amizade, Sobre a Velhice)
17. Lucrécio
Sobre a Natureza das Coisas
18. Virgílio
Obras
19. Horácio
Obras (especialmente as Odes e os Epodos, e A Arte da Poesia)
20. Lívio
História de Roma
21. Ovídio
Obras (especialmente as Metamorfoses)
22. Plutarco
Vida dos Nobres Gregos e Romanos
Moralia
23. Tácito
Histórias
Anais
Agrícola
Germânia
24. Nicômaco de Gerasa
Introdução à Aritmética
25. Epicteto
Discursos
Enchyridion (Manual)
26. Ptolomeu
Almagesto
27. Luciano
Obras (especialmente Sobre o Modo de Escrever História, Uma História Verídica, Leilão de
Vidas)
28. Marco Aurélio
Meditações
29. Galeno
Sobre as Faculdades Naturais
30. Novo Testamento
31. Plotino
Enéadas
32. Santo Agostinho
Obras (especialmente Sobre o Ensino, Confissões, A Cidade de Deus, A Doutrina Cristã)
33. A Canção de Rolando
34. A Canção do Nibelungo
35. A Saga de Njal
36. Santo Tomás de Aquino
Suma Teológica
37. Dante Alighieri
Obras (especialmente Vida Nova, Sobre a Monarquia e A Divina Comédia)
38. Geoffrey Chaucer
Obras (especialmente Troilo e Créssida e Os Contos de Canterbury)
39. Leonardo da Vinci
Cadernos
40. Nicolau Maquiavel
O Príncipe
Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio
41. Erasmo de Rotterdam
O Elogio da Loucura
42. Nicolau Copérnico
Sobre as Revoluções das Esferas Celestiais
43. Thomas More
Utopia
44. Martinho Lutero
Três Tratados
Conversas à Mesa
45. François Rabelais
Gargântua e Pantagruel
46. João Calvino
Institutos da Religião Cristã
47. Michel de Montaigne
Ensaios
48. William Gilbert
Sobre o Ímã e os Corpos Magnéticos
49. Miguel de Cervantes
Dom Quixote
50. Edmund Spenser
Protalâmio
A Rainha das Fadas
51. Francis Bacon
Ensaios
A Evolução do Aprendizado
Novo Organum
Nova Atlântida
52. William Shakespeare
Obras
53. Galileu Galilei
O Mensageiro das Estrelas
Duas Ciências Novas
54. Johannes Kepler
Epítome da Astronomia de Copérnico
Sobre a Harmonia do Mundo
55. William Harvey
Sobre o Movimento do Coração e do Sangue nos Animais
Sobre a Circulação do Sangue
Sobre a Geração dos Animais
56. Thomas Hobbes
Leviatã
57. René Descartes
Regras para a Direção da Mente
Discurso sobre o Método
Geometria
Meditações sobre a Filosofia Primeira
58. John Milton
Obras (especialmente Poemas Curtos, Areopagitica, Paraíso Perdido e Samson
Agonistes [Sansão Guerreiro])
59. Molière
Comédias (especialmente O Misantropo, Escola de Mulheres, O Doente
Imaginário e Tartufo)
60. Blaise Pascal
As Provinciais
Pensamentos
Tratados Científicos
61. Christiaan Huygens
Tratado sobre a Luz
62. Espinosa
Ética
63. John Locke
Carta sobre a Tolerância
Sobre o Governo Civil (o segundo dos Dois Tratados sobre o Governo)
Ensaio sobre o Entendimento Humano
Alguns Pensamentos sobre a Educação
64. Jean Baptiste Racine
Tragédias (especialmente Andrômaca e Fedra)
65. Isaac Newton
Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica
Óptica
66. Gottfried Wilhelm von Leibniz
Discurso de Metafísica
Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano
Monadologia
67. Daniel Defoe
Robinson Crusoé
68. Jonathan Swift
História de um Tonel
Diário para Stella
As Viagens de Gulliver
Modesta Proposição
69. William Congreve
Assim Vai o Mundo
70. George Berkeley
Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano
71. Alexander Pope
Ensaio sobre a Crítica
O Rapto da Madeixa
Ensaio sobre o Homem
72. Charles de Secondat, barão de Montesquieu
Cartas Persas
O Espírito das Leis
73. Voltaire
Cartas Filosóficas
Cândido
Dicionário Filosófico
74. Henry Fielding
Joseph Andrews
Tom Jones
75. Samuel Johnson
A Vaidade dos Desejos Humanos
Dicionário
A História de Rasselas, Príncipe da Abissínia
Vida dos Poetas Ingleses (especialmente os ensaios sobre Milton e Pope)
76. David Hume
Tratado sobre a Natureza Humana
Ensaios Morais e Políticos
Uma Investigação sobre o Entendimento Humano
77. Jean Jacques Rousseau
Discurso sobre a Origem da Desigualdade
Discurso sobre a Economia Política
Emílio
O Contrato Social
78. Laurence Sterne
Tristram Shandy
Viagem Sentimental através da França e da Itália
79. Adam Smith
Teoria dos Sentimentos Morais
Riqueza das Nações
80. Immanuel Kant
Crítica da Razão Pura
Princípios Fundamentais da Metafísica da Moral
Crítica da Razão Prática
Doutrina do Direito
Crítica da Faculdade do Juízo
A Paz Perpétua
81. Edward Gibbon
Declínio e Queda do Império Romano
Autobiografia
82. James Boswell
Journal [Diário] (especialmente o London Journal [Diário de Londres])
Vida de Samuel Johnson
83. Antoine Laurent Lavoisier
Elementos de Química
84. John Jay, James Madison e Alexander Hamilton
O Federalista (também Artigos da Confederação, Constituição dos Estados
Unidos e Declaração de Independência)
85. Jeremy Bentham
Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação
Teoria das Ficções
86. Johann Wolfgang von Goethe
Fausto
Poesia e Verdade
87. Jean-Baptiste Joseph Fourier
Teoria Analítica do Calor
88. Georg  Wilhelm Friedrich Hegel
Fenomenologia do Espírito
Princípios da Filosofia do Direito
Filosofia da História
89. William Wordsworth
Poemas (especialmente Lyrical Ballads [Baladas Líricas], Lucy Poems [Poemas de
Lucy], sonetos; The Prelude [O Prelúdio])
90. Samuel Taylor Coleridge
Poemas (especialmente Kubla Khan e A Balada do Velho Marinheiro)
Biografia Literária
91. Jane Austen
Orgulho e Preconceito
Emma
92. Karl von Clausewitz
Da Guerra
93. Stendhal
O Vermelho e o Negro
A Cartuxa de Parma
Sobre o Amor
94. George Gordon, Lord Byron
Don Juan
95. Arthur Schopenhauer
Estudos sobre o Pessimismo
96. Michael Faraday
A História Química de uma Vela
Pesquisas Experimentais em Eletricidade
97. Charles Lyell
Princípios de Geologia
98. Auguste Comte
Curso de Filosofia Positiva
99. Honoré de Balzac
O Pai Goriot
Eugénie Grandet
100. Ralph Waldo Emerson
Homens Representativos
Ensaios
Diário
101. Nathaniel Hawthorne
A Letra Escarlate
102. Alexis de Tocqueville
A Democracia na América
103. John Stuart Mill
Sistema de Lógica Dedutiva e Indutiva
Sobre a Liberdade
Considerações sobre o Governo Representativo
Utilitarismo
A Sujeição das Mulheres
Autobiografia
104. Charles Darwin
A Origem das Espécies
A Descendência do Homem
Autobiografia
105. Charles Dickens
Obras (especialmente As Aventuras do Sr. Pickwick, David Copperfield e Tempos Difíceis)
106. Claude Bernard
Uma Introdução ao Estudo da Medicina Experimental
107. Henry David Thoreau
Desobediência Civil
Walden
108. Karl Marx
O Capital (também O Manifesto Comunista)
109. George Eliot
Adam Bede
Middlemarch
110. Herman Melville
Moby Dick
Billy Budd
111. Fiódor Dostoiévski
Crime e Castigo
O Idiota
Os Irmãos Karamázov
112. Gustave Flaubert
Madame Bovary
Três Histórias
113. Henrik Ibsen
Peças (especialmente Hedda Gabler, Casa de Boneca e O Pato Selvagem)
114. Leon Tolstói
Guerra e Paz
Anna Karenina
O que é Arte?
Contos (Twenty-Three Tales)
115. Mark Twain
As Aventuras de Huckleberry Finn
The Mysterious Stranger [O Estrangeiro Misterioso]
116. William James
Princípios de Psicologia
As Variedades da Experiência Religiosa
Pragmatismo
Ensaios de Empirismo Radical
117. Henry James
Os Americanos
Os Embaixadores
118. Friedrich Wilhelm Nietzsche
Assim Falou Zaratustra
Além do Bem e do Mal
Genealogia da Moral
Vontade de Potência
119. Jules Henri Poincaré
Ciência e Hipótese
Ciência e Método
120. Sigmund Freud
A Interpretação dos Sonhos
Conferências Introdutórias à Psicanálise
O Mal-Estar da Civilização
Novas Conferências Introdutórias à Psicanálise
121. George Bernard Shaw
Peças (e seus prefácios; especialmente Homem e Super-Homem, Major Barbara, César e
Cleópatra, Pigmalião e Santa Joana)
122. Max Planck
Origin and Development of the Quantum Theory [Origem e Desenvolvimento da Teoria
Quântica]
Where Is Science Going? [Para Onde Vai a Ciência?]
Scientific Autobiography [Autobiografia Científica]
123. Henri Bergson
Time and Free Will [Tempo e Livre-Arbítrio]
Matéria e Memória
A Evolução Criadora
As Duas Fontes da Moralidade e da Religião
124. John Dewey
Como Nós Pensamos
Democracia e Educação
Experiência e Natureza
Lógica – a Teoria da Investigação
125. Alfred North Whitehead
Introdução à Matemática
A Ciência e o Mundo Moderno
Os Fins da Educação e Outros Ensaios
Aventuras das Ideias
126. George Santayana
A Vida da Razão
Skepticism and Animal Faith [Ceticismo e Fé Animal]
Persons and Places [Pessoas e Lugares]
127. Lênin
O Estado e a Revolução
128. Marcel Proust
Em Busca do Tempo Perdido
129. Bertrand Russell
Os Problemas da Filosofia
Análise da Mente
An Inquiry into Meaning and Truth [Uma Investigação sobre o Sentido e a Verdade]
Human Knowledge; its Scope and Limits [O Conhecimento Humano; seu Alcance e seus
Limites]
130. Thomas Mann
A Montanha Mágica
José e seus Irmãos
131. Albert Einstein
O Significado da Relatividade
Sobre o Método da Física Teórica
A Evolução da Física (com Leopold Infeld)
132. James Joyce
Os Mortos (de Dublinenses)
Retrato do Artista quando Jovem
Ulisses
133. Jacques Maritain
Arte e Escolástica
Os Graus do Conhecimento
Os Direitos do Homem e a Lei Natural
Humanismo Integral
134. Franz Kafka
O Processo
O Castelo
135. Arnold Toynbee
Um Estudo da História
A Civilização em Julgamento
136. Jean-Paul Sartre
A Náusea
Entre Quatro Paredes
O Ser e o Nada
137. Alexander Soljenítsin
O Primeiro Círculo
Pavilhão dos Cancerosos

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