Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
REPORTAGEM 2
PROFISSIONAIS DE SAÚDE: “OU A GENTE SE CUIDA, OU ADOECE”
Profissionais do SUS enfrentam o coronavírus no corpo a corpo e reivindicam testes,
equipamentos de proteção, e informação por parte de gestores e autoridades
Números do front
Não é fácil saber quantos profissionais de saúde estão na linha de frente do combate à
epidemia nos 200 mil estabelecimentos que compõem o Sistema Único de Saúde, que reúne a
rede pública e a rede privada filantrópica/conveniada. Em artigo recente no jornal O Globo, a
pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fiocruz, Maria Helena
Machado, falou em “mais 3,5 milhões de funcionários de saúde que nele atuam”,
qualificando-os de “patrimônio nacional” no âmbito da Saúde.
Nem todos, porém, atuam no front do atendimento direto ao paciente. Se restringirmos
a busca no Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil para as categorias que
enfrentam a maior exposição – médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem,
chegamos a 1,147 milhão de profissionais que atendem no SUS (dados de fevereiro de 2020).
Destes 303 mil são médicos, a maioria clínico geral, e 31 mil residentes. Trabalham na
enfermagem do SUS 843 mil profissionais – sendo 232 mil enfermeiros, 441 mil técnicos e
quase 169 mil auxiliares. O estado de São Paulo, sozinho, concentra aproximadamente um
quarto dos médicos (81 mil) e mais de 20% dos enfermeiros (50 mil).
A remuneração destes profissionais acompanha a desigualdade do SUS. Segundo o
Cremesp, a rede privada concentra 3 vezes mais médicos do que a pública, o que contribui
para a variação de salários dentro da mesma categoria. Em São Paulo, 62,4% dos médicos tem
remuneração de até 16 mil reais, enquanto 20,4% recebem de 16 a 24 mil, e 13% mais do que
24 mil mensais.
Os dados são mais escassos em relação à enfermagem, que compõe o grosso da linha
de frente. Os mais completos, embora desatualizados, são da Pesquisa Nacional da
Enfermagem do Brasil, feita em parceria entre Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) e
Fiocruz e divulgada em 2015. Dos técnicos e auxiliares de enfermagem, 84,7% eram
mulheres, maioria esmagadora também entre os enfermeiros, onde elas representavam 86% da
categoria. Os brancos são maioria entre os enfermeiros, com 57,9% se declarando dessa
cor/raça; já entre os técnicos e auxiliares o percentual maior se inverte: pretos e pardos somam
56%. Para efeito comparativo, já que os dados são de 2013, mais de 50% dos auxiliares e
técnicos ganhava entre 681 e 2000 reais enquanto 58% dos enfermeiros recebiam entre 2 mil e
5 mil reais. Um dado importante que a pesquisa traz é o número de ocupações que cada
profissional exerce: 28% dos enfermeiros e 24% de técnicos e auxiliares trabalhavam em duas
atividades, e cerca de 3% em três.
QUESTÃO
A partir da leitura das reportagens acima, suponha que seja um(a) Psicólogo(a)
Organizacional e do Trabalho de um grande Hospital que seja referência nos
atendimentos ao COVID-19. Elabore um plano de ação na perspectiva da prevenção e
promoção de saúde que contemple a saúde mental para os trabalhadores do hospital
justificando cada proposta de intervenção.
1. INICIAÇÃO
O plano de ação tem como objetivo ajudar os profissionais de saúde que trabalham no
hospital, na perspectiva de prevenção e promoção de saúde contemplando a saúde mental.
Queremos garantir um ambiente de trabalho que por mais turbulento que seja haja vista a
pandemia na qual nos encontramos ainda assim consiga oferecer as ferramentas necessárias
para que os funcionários superem qualquer eventual problema ou não deixar que eles
aconteçam.
2. PLANEJAMENTO
Tendo em vista as crises que a pandemia do novo corona vírus vem desencadeando em
todo mundo, é necessário criar estratégias de intervenção que venham a atender as novas
demandas que estão sendo impostas, com isso em mente irei tentar propor algumas possíveis
intervenções no âmbito da psicologia organizacional e do trabalho referentes ao contexto
hospitalar, e tentarei discuti-las levando em conta o contexto atual do nosso pais, visto que
possuímos uma realidade muito única no cenário mundial, especialmente levando em conta a
tomada de decisão e a competência dos nossos órgãos gestores.
No cenário mundial o principal problema que acarreta sofrimento aos profissionais de
saúde é relacionado a questão da saúde mental, quadros depressivos e ansiosos se tornaram
comuns a esses profissionais e vem preocupando justamente por conta da necessidade de se
fornecer estratégias de apoio para eles. Tendo em vista o grande número de novos
profissionais ou profissionais com pouco experiencia nessas situações, a primeira proposta de
intervenção alguns ciclo de capacitação profissional, especialmente voltados a questões de
apoio psicológico, tendo em vista que médicos e enfermeiros serão majoritariamente as
pessoas que escutaram queixas e precisaram estar capacitados para oferecer apoio psicológico
de forma correta, com isso poderíamos ajudar a diminuir o impacto psicológico que os
profissionais sofreriam e melhorar o atendimento para com os pacientes. É especialmente
essencial dar esse tipo de suporte pois em nossos pais um dos desafios que os profissionais
vem sendo convencer as pessoas diagnosticadas com covid-19 a seguir as orientações
sanitárias cabíveis, promover esse debate é um primeiro passo importantíssimo. (SCHMIDT;
2020)
Como segunda intervenção, pensando em como distanciamento que os profissionais
tem vivido em relação a família e amigos por conta dos riscos do Covid-19, proponho
estabelecer um grupo terapêutico com os profissionais, mediado por outro profissional da
psicologia de preferencial alguém que possua experiencia nesse tipo de atendimento, para que
possamos criar um espaço de compartilhamento de experiencias que é importantíssimo no
fortalecimento das redes de apoio. Nessas reuniões estimular a manutenção frequente do
contato dos profissionais com suas famílias, seja por mensagens, telefonemas ou vídeo
chamadas, sempre que possível em intervalos durante o trabalho, ajudando a mantê-los
sempre informado sobre o que acontece com as pessoas a sua volta e assim aliviar um pouco
emoções como o medo que podia o estar atrapalhando. Ainda nas reuniões tentar psicoeducar
um pouco os profissionais acerca de sintomas psicológicos que podem estar acometidos,
ofertando e estimulando formas de os mesmos buscarem ajuda individualizada, bem como
propor algumas estratégias de enfrentamento e autocuidado visando a prevenção e promoção
da saúde. Mesmo pensando isso vale destacar que a psicologia ainda enfrenta uma barreira
muito difícil de superar que é a baixa adesão ao tratamento, tendo em vista a alta carga
preconceituosa que isso ainda carrega, que é agravado pelo excesso de trabalho e cansaço que
os profissionais vêm enfrentando, também são razoes a serem consideradas tendo em vista a
possível baixa adesão. (SCHMIDT; 2020)
Outra medida importante é a criação de um espaço onde os profissionais possam tirar
um tempo para relaxar e descansar um pouco da rotina estressante é importante proporcionar
esses locais ao mesmo tempo em que é interessante orienta-los sobre algumas atividades de
lazer e relaxamento que podem ser uteis para aliviar um pouco o stress. Tendo essa medida
em mente faz-se também necessário em conjunto tomar estratégias que possam otimizar a
carga horaria dos trabalhadores desse hospital levando em conta as necessidades encontradas
e a saúde do profissional, são sabidas que jornadas de trabalho melhor construídas tendem a
favorecer um melhor desempenho e consequentemente melhora a qualidade de vida.
Organizar o melhor o ambiente hospitalar seria uma importante ferramenta, mas tendo em
vista as dificuldades do nosso país essa estratégia pode ser um pouco mais situacional visto
que muitas vezes nossos hospitais estão lotados e acabamos tendo que usar estratégias
incorretas para conseguir dar conta de toda a demanda necessária. (SCHWARTZ; 2020)
3. MONITORAMENTO
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
SAIDEL, Maria Giovana Borges et al. Intervenções em saúde mental para profissionais de
saúde frente a pandemia de Coronavírus [Mental health interventions for health professionals
in the context of the Coronavirus pandemic][Intervenciones de salud mental para
profesionales de la salud ante la pandemia de Coronavírus]. Revista Enfermagem UERJ, v.
28, p. 49923, 2020.
CHEN, Qiongni et al. Mental health care for medical staff in China during the COVID-19
outbreak. The Lancet Psychiatry, v. 7, n. 4, p. e15-e16, 2020.