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Suplementação Nutricional Antienvelhecimento
Suplementação Nutricional Antienvelhecimento
SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL
ANTI-ENVELHECIMENTO
E SE O ENVELHECIMENTO NÃO FOSSE INEVITÁVEL?
CHARLES FEELGOOD
LINUS FREEMAN
ANGÉLIQUE HOULBERT
SÍNTESE
O MÉTODO DE “ENGINEERING” . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Os sete danos mortais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Ganhar tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Uma esperança de vida de mil anos? . . . . . . . . . . . . . 11
E agora, que fazer? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
OS ACTIVADORES DA TELOMERASE . . . . . . . . . . . . 16
O que são os telómeros? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
O que é a telomerase? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Reconstituir a actividade da telomerase . . . . . . . . . . . 18
A telomerase é cancerígena? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Quais são as substâncias que activam a telomerase? . . . 21
O astragalósido IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
O cicloastragenol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Os outros nutrientes que actuam na manutenção
dos telómeros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
O ascorbil fosfato de magnésio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
A L-carnosina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
O extracto de Terminalia chebula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
O extracto de chá verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
O extracto de palma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1 • A primeira consiste em atrasar o processo pelo qual os danos associados à degene-
rescência orgânica provocam as doenças. Desta forma atrasa-se o momento em que
estas doenças se tornam graves e por fim fatais. O problema é que, por definição, esta
estratégia possui uma acção a muito curto prazo, pois os danos continuam a acumular-
se e torna-se cada vez mais difícil lutar contra essa acumulação. E o momento fatal da
acumulação dos danos geralmente não tarda a ser atingido.
Por essa razão Aubrey de Grey prefere optar por uma terceira estratégia que denomina
“engineering”.
Dr Aubrey de Grey
Biogerontólogo
Trata-se dos sete tipos de danos que se acumulam ao longo da vida e que, a prazo, contri-
buem para o envelhecimento e se tornam patogénicos.
Ganhar tempo
Aubrey de Grey não acredita numa imortalidade biológica, mas sim numa imortalidade bio-tec-
nológica, ou seja, numa abordagem de engenheiro, numa estratégia de reparação que consiste
em evitar a acumulação dos danos.
Esta inversão do envelhecimento seria viável na medida em que se revela menos complicada
do que procurar atrasar o aparecimento do envelhecimento, abordagem esta que seria com-
parável a “manter um barco à tona quando tem um rombo”.
Além disso, esta inversão poderia contentar-se em ser incompleta para dar exactamente o
mesmo resultado que se fosse completa… o que não seria o caso para o recuo do envelheci-
mento.
Neste caso, a taxa de melhoria pode ser modesta… dado que se trata apenas de prolongar a
vida até ao dia em que será realmente possível eternizá-la. A aposta no futuro pode parecer
absurda a alguns, mas na medida em que o envelhecimento põe em causa de forma inequívoca
o futuro, porque não tentar? O progresso científico e técnico é aliás uma constante na maioria
das tecnologias existentes.
Aubrey de Grey dá como exemplo o voo motorizado, que demorou séculos a ser realizado, mas
que – uma vez conseguido – foi rapidamente melhorado durante o século passado. E observa-
mos o mesmo tipo de cronologia no campo da informática, da luta anti-infecciosa e em muitos
outros domínios. É por esta razão que não é insensato acreditar que, uma vez criadas as tera-
pias aplicáveis a uma população de cinquenta anos e capazes de prolongar a sua esperança de
vida em trinta ou cinquenta anos, esta mesma população poderia beneficiar, daqui a trinta ou
cinquenta anos, de reparações mais avançadas susceptíveis de prolongar a vida por mais cin-
quenta anos, etc. É esta a filosofia do método de “engineering”.
“Se já tem cem anos, não conseguiremos dar-lhe trinta ou cinquenta anos de vida adicionais, pois já se tor-
nou demasiado frágil para suportar uma terapia experimental penosa. Se tem oitenta anos, também não
conseguiremos fazer muito por si. Mas se tem cinquenta anos, equivalerá a saltar de uma falésia com um
reactor de foguetão nas costas; um reactor que irá ligar a meio do percurso. Este reactor, constituído por
esta terapia, irá permitir-lhe evitar a queda e, com alguma sorte, um fim difícil ao esmagar-se no solo. Ao
invés, antes de chegar ao solo irá começar a subir. Por outras palavras, começará a ficar mais jovem biologi-
camente, menos sujeito ao risco de doenças ligadas à idade. E se tiver trinta anos no início da terapia, nem
chegará a aproximar-se do solo…”
A toma diária de um suplemento “multi” de qualidade* para fornecer todos os dias, e mesmo
várias vezes ao dia, todas as substâncias essenciais ao bom funcionamento do organismo e
para reduzir o risco de cancro. De facto, um novo estudo 1 veio recentemente confirmar o inte-
resse de um complemento multivitamínico na redução do risco de cancro. O complexo multi-
vitamínico utilizado no estudo era composto pelo conjunto de vitaminas hidro e lipossolúveis,
pelos principais minerais e oligoelementos (magnésio, zinco, selénio, iodo, manganésio, cró-
mio, molibdénio, boro) e também por dois carotenóides indispensáveis – a luteína e o licopeno.
Todos estes nutrientes actuam de forma concertada e compensam todas as falhas alimentares.
1 • A toma regular de substâncias antioxidantes para evitar que o organismo “enfer-
ruge”.
2 • O controlo da glicação, para evitar a “caramelização” dos tecidos provocada pelos
açúcares e pelos alimentos glucídicos com IG elevadas.
3 • O controlo da inflamação crónica, que afecta a maioria dos organismos em pro-
cesso de envelhecimento.
4 • E, por fim, a toma de suplementos hormonais para erradicar o declínio glandular
associado à idade.
Referências
• J . Michael Gaziano, MD, MPH; Howard D. Sesso, ScD, MPH; William G. Christen, ScD; Vadim Bubes, PhD;
Joanne P. Smith, BA; Jean MacFadyen, BA; Miriam Schvartz, MD; JoAnn E. Manson, MD, DrPH; Robert
J. Glynn, ScD; Julie E. Buring, ScD. Multivitamins in the Prevention of Cancer in Men - The Physicians’
Health Study II Randomized Controlled Trial. JAMA. 2012;():1-10. doi:10.1001/jama.2012.14641.
Situa-se tudo ao nível do núcleo das células, nos dois filamentos de ADN. Os telómeros são, de
facto, as extremidades destes filamentos de ADN. A sua missão consiste em proteger o genoma
das perdas de informação que a divisão celular acarreta ao encurtar os telómeros. Infelizmente,
os telómeros acabam inevitavelmente por encurtar – sobretudo quando existem fortes ten-
dências para a inflamação e o stress… De tal forma que aos oitenta anos a pessoa verá os seus
telómeros reduzidos a metade ou à terça parte do seu tamanho inicial, aquando do nascimento.
Na verdade, os telómeros encurtam a cada divisão celular, dado que a sua replicação é sempre
incompleta. Quanto mais as sequências de divisão celular se multiplicam ou o stress oxidativo
está presente, mais os telómeros encurtam. Ora, a partir de um determinado patamar, de um
determinado tamanho crítico do telómero, a célula torna-se senescente. Até à data, este meca-
nismo de envelhecimento era “inevitável”.
O que é a telomerase?
A telomerase é uma enzima nucleoproteica que catalisa a síntese e o crescimento do ADN telo-
mérico e estimula a reparação dos danos causados no ADN.
A história da telomerase começa logo no início do desenvolvimento do embrião. É nessa altura,
quando as divisões celulares se sucedem a um ritmo extremamente elevado, que esta enzima
é usada em pleno. Composta por uma proteína e por um ARN, a telomerase repara ininterrup-
tamente a extremidade dos cromossomas durante todo o desenvolvimento fetal, conservando
assim a integridade dos telómeros.
Contudo, após o nascimento, as coisas tomam outro rumo dado que os índices de telome-
rase começam a diminuir, não cessando de baixar até à idade adulta. A partir desse momento,
encontramos ainda telomerase nas células sexuais e nas células estaminais, mas praticamente
desapareceu ao nível das células somáticas.
Apesar disto, quando se trata de regenerar tecidos, as células estaminais activam a telomerase
na medida necessária. Mas este vestígio de actividade não é, evidentemente, suficiente para
erradicar o declínio geral da telomerase ao longo dos anos, sobretudo quando o organismo é
submetido com frequência ao stress. De facto, o stress implica uma necessidade acrescida de
renovação celular e, consequentemente, um maior número de divisões celulares. Por conse-
guinte, os telómeros gastam-se de forma nitidamente mais rápida… e o envelhecimento surge
mais cedo. Este encurtamento acelerado dos telómeros em caso de deficiência de telomerase
foi confirmado mais de uma vez por estudos que provaram – todos – que a consequência ime-
diata deste encurtamento correspondeu sempre a uma limitação drástica do tempo de vida das
células.
Sabendo que a telomerase alonga os telómeros e torna a célula virtualmente “imortal”, surgiu
uma pergunta evidente: qual será o seu efeito nas células cancerosas? Ou, pior ainda, não trans-
formaria ela células sãs em células cancerosas? Com efeito, sabe-se que o tumor é uma prolife-
ração de células que se tornaram imortais e se replicam de forma extremamente activa. Uma
célula cancerosa distingue-se de uma célula normal nomeadamente pela sua imortalidade.
Face a esta terrível pergunta, que poderia fazer temer a impossibilidade de utilizar a telomerase
para combater o envelhecimento, realizaram-se então novos estudos.
Publicados em 1999, tais estudos desmentem categoricamente os receios que surgiram neste
domínio. O Dr. Woodring Wright garante, numa publicação 1, que “a junção da telomerase às
células humanas em cultura não faz com que estas evoluam para se tornarem células cancero-
sas”. Mesmo quando as células humanas são multiplicadas um número de vezes muito superior
(mais de duzentas vezes) para além da sua esperança de vida… isso não conduz ao apareci-
mento de qualquer célula cancerosa.
Dr Woodring Wright
Referências
1 • I nhibition of human telomerase in immortal human cells leads to progressive telomere shorte-
ning and cell death. Herbert B., A.E. Pitts, S. I. Baker, S. E. Hamilton, W. E. Wright, J. W. Shay, D. R. Corey,
Proc. Natl. Acad. Sci. USA, 1999; (96/25): 14276-14281.
2 • DePinho R. A. et al. ,Telomerase activation reverses tissue degeneration in aged telomere-deficient
mice. Nature 469, 102-106, January 2010. Published online 28 November 2010.
Várias moléculas estão a ser estudadas e são utilizadas no ser humano há vários anos. As inves-
tigações realizadas com estas substâncias mostram claramente que elas conseguem estimular
a telomerase, aumentar o número de telómeros, alongá-los consideravelmente e, por conse-
guinte, inverter determinados mecanismos do envelhecimento, repelindo a morte das células,
antes julgada inevitável após um certo número de divisões. Provavelmente, estas moléculas são
apenas as primeiras de uma lista que não parará de crescer ao longo dos próximos anos.
As duas substâncias mais interessantes derivam de uma planta utilizada na farmacopeia tradi-
cional chinesa há vários milénios: a raiz seca de astragalus (Astragalus membranaceus). Tradi-
cionalmente, utiliza-se esta planta pelas suas propriedades fortalecedoras e estimulantes do
sistema imunitário:
Os inúmeros estudos realizados com esta planta permitiram evidenciar as suas múltiplas pro-
priedades excepcionais; sabemos agora que, além das suas virtudes imuno-estimulantes, ela
é: antioxidante, anti-inflamatória, antifibrótica, neuroprotectora e cardio-protectora dado que
inibe a formação de lípidos oxidados no miocárdio, aumenta a vasodilatação, reduz a coagula-
ção sanguínea e tem efeitos cardio-tónicos e benéficos na angina de peito.
Além disso, até ao momento, não foi relatado qualquer efeito secundário, nem durante os vários
estudos, nem nos vários anos de utilização no ser humano.
Para além das virtudes da planta inteira, os investigadores interessam-se mais precisamente
pelos princípios activos que possui e que explicam a maioria das suas propriedades. Desta
planta podemos isolar e concentrar por um processo extremamente complexo e dispendioso,
duas substâncias activas de estrutura química semelhante, responsáveis por surpreendentes
propriedades anti-envelhecimento:
Imuno-estimulante
• Aumenta o número de células imunitárias activas, de imunoglobulinas
e de macrófagos.
• Activa os linfócitos T e as células assassinas naturais.
• Aumenta a produção de linfócitos T e B, bem como a produção de anti-
corpos 3.
• Aumenta o número de células estaminais na espinal medula e propicia
o seu desenvolvimento em células imunitárias activas.
Anti-inflamatório
• Atenua o agravamento da inflamação das vias respiratórias na asma
crónica.
Antibacteriano
• In vitro actua nos Shigella dysenteriae, Streptococcus haemolyticus,
Diplococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus.
Antiviral
• Inibe a replicação de determinados vírus.
• Produz interferão e potencia a sua actividade nas infecções virais.
Antioxidante
• In vitro, inibe 40% da peroxidação lipídica.
Cardio-protector
• Tem efeitos benéficos na insuficiência cardíaca congestiva e na angina
de peito.
• Ajuda na recuperação de incidentes cardiovasculares.
Neuroprotector
• Melhora o tratamento das doenças neurodegenerativas.
• Protege os neurónios dopaminérgicos cuja degenerescência causa a
doença de Parkinson.
• Protege contra a toxicidade da quimioterapia.
Anti-glicação
• Previne as complicações neuropáticas dos diabéticos.
No quadro desta investigação em nutracêuticos, foram por isso testados o resveratrol e o cicloas-
tragenol pela sua capacidade de melhorar, in vitro, as funções das células T.
Neste estudo avaliou-se o efeito destas substâncias:
• na capacidade de proliferação celular;
• nos níveis de actividade da telomerase;
• nos níveis de marcadores de superfície;
• na secreção de citocinas pelos linfócitos T CD4 e CD8.
Referências
1 • A ndrews, W. West, M. Report: «Turning on Immortality: The Debate Over Telomerase Activation.»
Life Extension Magazine. August 2009.
2 • Valenzuela H. F., Fuller T., Edwards J., Finger D., Molgora B., Cycloastragenol extends T cell prolifera-
tion by increasing telomerase activity. J. of Immun. 2009, 182, 90.30.
3 • V erotta L., Guerrini M., El-Sebakhy N. A., Assad A. M., Toaima S. M., Radwan M. M., Luo Y. D., Pezzuto J. M.,
Cycloartane and oleanane saponins from egyptian astragalus spp. as modulators of lymphocyte
proliferation. Planta Med. 2002 Nov. ; 68 (11): 986-94.
O extracto de palma
• O Tocomax®, um extracto normalizado do fruto da palma, fornece D-gama-tocotrienol.
Os tocotrienóis são isómeros da vitamina E e reforçam a acção dos tocoferóis. Um estudo
in vitro demonstrou a acção protectora do D-gama-tocotrienol no stress oxidativo e a
possibilidade que tem de induzir um alongamento significativo do comprimento dos
telómeros modulando a acção da telomerase. Neste estudo, as células foram expostas
durante vinte e quatro horas a esta substância ou então durante duas horas ao peróxido
de hidrogénio. Nas doses utilizadas neste estudo, as células submetidas à acção do
D-gama-tocotrienol evidenciaram um alongamento dos seus telómeros superior a 16%,
relativamente ao grupo não tratado.
Clique aqui para encontrar uma fórmula que permite preservar o comprimento médio dos
telómeros
Os omega‑3 marinhos
• Segundo um estudo publicado na revista “Brain, behaviour and immunity”, a toma de
suplementos de omega‑3 marinhos durante apenas quatro meses está associada a um
alongamento dos telómeros nas células imunitárias.
• Diversos estudos, anteriores a este, indicaram que os telómeros são muito sensíveis ao
stress oxidativo e que o comprimento dos telómeros é um marcador precioso do envel-
hecimento biológico.
• A equipa do professor Jan Kiecolt-Glaser da universidade de Ohio e de Elizabeth Black-
burn, pioneira na investigação sobre telómeros, recrutou 106 adultos com excesso de
peso. Cada indivíduo foi incluído num dos três grupos seguintes: o primeiro grupo
tomava 2,5 g/dia de omega‑3; o segundo tomava 1,25 g/dia e o terceiro tomava, sem o
saber, uma cápsula placebo.
• Os resultados mostraram que após quatro meses de toma do suplemento com ácidos
gordos omega‑3, o nível de F-isoprostano – um marcador do stress oxidativo – diminuiu
significativamente nos dois grupos que tomaram suplementos de omega‑3.
• Não se verificou qualquer diferença na telomerase; contudo, associou-se uma melhor
relação entre omega-6/omega‑3 a telómeros mais compridos, o que sugere que uma
melhor relação entre estas duas famílias de ácidos gordos pode ter um impacto directo
no envelhecimento celular.
• Os marcadores inflamatórios também diminuíram entre 10 a 12% nos dois grupos
que tomaram o suplemento de omega‑3, ao passo que aumentaram 36% no grupo
Referências
• J anice K. Kiecolt-Glaser, Elissa S. Epel, Martha A. Belury, Rebecca Andridge, Jue Lin, Ronald Glaser,
William B. Malarkey, Beom Seuk Hwang, Elizabeth Blackburn. Omega-3 fatty acids, oxidative stress,
and leukocyte telomere length: a randomized controlled trial. Brain, Behavior, and Immunity. Avai-
lable online 23 September 2012, ISSN 0889-1591, 10.1016/j.bbi.2012.09.004.
As mitocôndrias são de certa forma as centrais energéticas das células, que lhes permitem
funcionar com o rendimento máximo. Presentes em grandes quantidades nos organismos
jovens (2000 a 2500 por célula), vão desaparecendo pouco a pouco com o avançar da idade
e as que restam são menos eficazes e produzem mais resíduos. Desta disfunção resulta um
défice energético significativo, que está implicado na maioria das doenças degenerativas asso-
ciadas ao envelhecimento: problemas físicos
e cognitivos, degradação celular acelerada,
problemas cardiovasculares…
A disfunção mitocondrial foi associada a
praticamente todas as doenças mortais do
envelhecimento, desde a doença de Alzhei-
mer à diabetes tipo 2, passando pela insufi-
ciência cardíaca, etc.
Os investigadores registaram sinais de danos
mitocondriais nitidamente superiores nas
células do cérebro do ser humano com mais
de setenta anos, relativamente ao de quarenta anos.
A saúde e a função das mitocôndrias, os geradores de energia celular, são agora consideradas
tão importantes que inúmeros cientistas acreditam que:
longevidade mitocondrial = longevidade do organismo em processo de envelhecimento
Aplicações múltiplas
A PQQ combate radicalmente a disfunção e a degenerescência mitocondrial e consegue gerar
novas mitocôndrias nas células que estão a envelhecer. Mas não é tudo, pois protege o cérebro,
o coração e os músculos do envelhecimento e da degenerescência.
…com a CoQ10
Além disso, pensa-se actualmente que a utilização concomitante de coenzima Q10 permite
melhorar significativamente os benefícios derivados da toma de PQQ. O que não é de espantar,
dado o papel importante da CoQ10 como carburante mitocondrial para propiciar a respiração
celular e aumentar a produção de adenosina trifosfato (ATP).
Estudos recentes mostram em particular melhores desempenhos cardiovasculares e cognitivos
quando os dois nutrientes são associados do que quando são tomados em separado. Não se
trata de uma surpresa, dado que o coração e o cérebro são de longe os dois órgãos que conso-
mem a maior quantidade de energia.
Solúvel na água, a PQQ não se acumula e não provoca fenómenos de intolerância, mesmo com
doses elevadas. Esta substância pode, assim, ser consumida por todos, na esperança de erradi-
car um dos principais mecanismos do envelhecimento.
A PPQ vem, desta forma, enriquecer o arsenal de substâncias anti-envelhecimento já reconheci-
das e pode ser utilizada em simultâneo ou em alternância com (como vimos) os activadores da
telomerase (cicloastragenol, astragalósido IV) e também com os miméticos da restrição calórica
(resveratrol, oxaloacetato) que são abordados no capítulo seguinte.
Sabemos, desde a divulgação dos trabalhos de Dr. Roy Walford, que uma res-
trição calórica severa, mas sem malnutrição, constitui o meio mais seguro
para prolongar significativamente, em cerca de 20 a 30%, o tempo de vida na
maioria dos mamíferos. Consegue-se um aumento de quase 100% em deter-
minadas espécies mais simples. Os trabalhos de Walford foram mesmo par-
cialmente validados no ser humano durante a experiência Biosphère II, na
qual participou pessoalmente…
A restrição calórica é a via cientificamente mais comprovada para aumentar a esperança de vida
dos organismos monocelulares ou de um mamífero. Os investigadores sabem há várias deze-
nas de anos que reduzir o consumo de calorias até 40% abranda de forma muito significativa
o processo de envelhecimento e aumenta o tempo de vida de animais de laboratório, desde o
gafanhoto aos mamíferos. Assim, nos ratos, uma diminuição de 30% dos aportes calóricos leva
a um aumento de 30% da longevidade. Sabe-se igualmente que a restrição calórica protege os
animais do cancro e de outras doenças associadas ao envelhecimento.
Na origem… um paradoxo!
SIRT 1
Morte celular
Reparação Inflamação
celular
Lipólise
Resistência ao carcinogénese
stress oxidativo
Prevenção das afecções
neurodegenerativas
Radicais livres
Aumento
do tempo de vida
Outra propriedade do resveratrol: reduz os efeitos nefastos do ácido linoleico, um ácido gordo
omega-6 presente em quantidade demasiado elevada na alimentação ocidental e que propicia
o crescimento das células cancerosas. Na verdade, este ácido linoleico é transformado em ácido
araquidónico que depois se converte numa espécie de hormona (como a prostaglandina E 2 ou
o leucotrieno B4), estimulando processos inflamatórios e, consequentemente, o crescimento
das células cancerosas. Aliás, este tipo de alimentação ocidental é suficiente, a nível experimen-
tal, para causar o cancro do cólon em roedores de laboratório.
Foram igualmente levadas a cabo outras experiências probatórias em moscas e vermes; e estão
em curso testes em ratinhos. Destes estudos, sobressai o facto de não ser tanto o potencial
antioxidante do resveratrol que seria responsável pela activação do famoso gene da longevi-
dade, mas sim a sua estrutura química. Na realidade, o resveratrol agiria acelerando o ritmo da
reacção conhecida pelo nome de “desacetilação”. É desta reacção que depende a activação de
um determinado gene.
Nas células cancerosas, por exemplo, são activados genes que não deviam ser activados, e vice-
versa. O resveratrol agiria então controlando a desacetilação que – ao activar o gene da longe-
vidade – aumentaria o tempo de vida da célula ou do organismo.
É devido ao facto de as células senescentes perderem a sua capacidade de replicar perfeita-
mente o ADN em cada nova célula que o indivíduo envelhece e morre. A partir deste momento,
o ADN comete cada vez mais erros. Pequenos pedaços de ADN tornam-se activos e reproduzem-
se, impedindo a célula de funcionar normalmente. O principal interesse anti-envelhecimento
do resveratrol é que, ao estimular o gene da longevidade, ele reduz precisamente em 60% a
frequência desta dispersão de ADN em pequenos pedaços.
Estes resultados são, por isso, muito promissores. De tal modo que a União Europeia concedeu
uma subvenção aos cientistas em causa para continuarem as suas investigações sobre o inte-
resse do resveratrol no quadro da saúde. Este projecto europeu, liderado por Marek Murias, vai
então avaliar os efeitos antioxidantes e anti-proliferantes dos metabolitos de glucurónido e de
sulfato de resveratrol que o fígado humano produz ao metabolizar o resveratrol.
Como vimos, o resveratrol combina bem com outros nutrientes que potenciam os seus efeitos.
Obtém-se uma sinergia particularmente interessante quando se associa o resveratrol a algumas
substâncias que modulam a expressão de genes, que melhoram os biomarcadores do envelhe-
cimento e reforçam os mecanismos de luta contra as doenças.
As substâncias mais interessantes são o pterostilbeno e a polidatina, dois derivados do resve-
ratrol, e outros nutrientes como a quercetina, a fisetina e o extracto de casca de pinheiro que
reforçam esta sinergia.
O pterostilbeno
O pterostilbeno é utilizado há muitas centenas de anos pela medicina ayurvédica. O pteros-
tilbeno e o resveratrol são os dois estilbenos, estreitamente aparentados no plano estrutural,
o que lhes confere funções semelhantes, mas não idênticas. Investigadores mostraram que
actuam de forma sinérgica para activar os genes da longevidade. O pterostilbeno imita também
inúmeros efeitos da restrição calórica.
Combina a isso um número de propriedades anti-inflamatórias, anti-neoplásicas e antioxidantes
e regula os genes envolvidos no desenvolvimento do cancro, da aterosclerose, da diabetes e da
inflamação que estão na origem de inúmeras doenças.
As suas diferentes propriedades permitem-lhe assim lutar eficazmente, como complemento do
resveratrol, contra determinados efeitos do envelhecimento.
A polidatina
A polidatina é um glicósido de resveratrol. Por outras palavras, é uma molécula de resveratrol
ligada a uma molécula de açúcar. Quando a polidatina entra na circulação sanguínea, a molé-
cula de resveratrol separa-se da de açúcar. Assim, o glicósido de resveratrol é absorvido a um
ritmo diferente do trans-resveratrol clássico, melhorando eficazmente a biodisponibilidade, a
semi vida e o poder do resveratrol. O seu efeito é prolongado e, por isso, aumentado.
Estas sinergias são também reforçadas pela associação do resveratrol, ou dos seus derivados,
com outros nutrientes:
A fisetina
A fisetina, um flavonóide extraído do Buxus sinica, possui uma acção estabilizadora do resvera-
trol, evitando a sua destruição. E sobretudo, envia um sinal de «activação» às células portadoras
do gene anti-envelhecimento, garantindo a protecção do ADN e dos neurónios, em particular
aquando de períodos de stress oxidativo.
Referências
1 • H . Arichi et al (1982) Effects of stilbene components of the roots of Polygonum cuspidatum… on
lipid metabolism. Chem. Pharm. Bull. 30, 1766-70.
2 • Losa G.A. Resveratrol modulates apoptosis and oxidation in human mononuclear cells. Eur. J. Clin.
Invest. 2003 Sept.; 33(9): 818-23.
3 • Pace-Asciak C.R. The red wine phenolics trans-resveratrol and quercetin block human platelet
aggregation and eicosanoid synthesis: implications for protection against coronary heart disease.
Clin. Chim. Acta, 1995; 235: 207-19.
4 • Pozo-Guisado E. et al. The antiproliferative activity of resveratrol results in apoptosis in MCF-7 but
not in MDA-MB-231 human breast cancer cells. J. Steroids Biochem. Mol. Biol. 2003; 84: 149-57.
5 • Potter G.A. et al. The cancer preventive agent resveratrol is converted to the anticancer agent
piceatannol by the cytochrome P450 enzyme CYP1B1. Br. J. Cancer. 2002 Mar. 4; 86(5):774-8.
6 • Y ang Y. B. et al. Effects of resveratrol on secondary damage after acute spinal cord injury in rats.
Acta. Pharmacol. Sin. 2003; 24: 703-10.
7 • Culpitt S. V. et al. Inhibition by red wine extract, resveratrol, of cytokine release by alveolar macro-
phages in COPD, Thorax, 2003 Nov. ; 58(11) : 592-6.
8 • R usso A. et al. Red wine micronutrients as protective agents in Alzheimer’s like induced insult.
Life Sci. 2003; 72: 2369-79.
9 • Savaskan E. et al. Red wine ingredient resveratrol protects from beta-amyloid neurotoxicité. Geron-
tology 2003; 49: 380-3.
10 • Chanvitayapongs S. et al. Amelioration of oxidative stress by antioxidants and resveratrol in PC12
cells. Neuroreport 1997; 8: 1499-502.
11 • H owitz K. T. et al. Small molecule activators of sirtuins extend Saccharomyces cerevisiae lifespan.
Nature. 2003 Sep. 11; 425 (6954): 191-6.
12 • B elinha i. et al., Quercetin increases oxidative stress resistance and longevity in Saccharomyces
cerevisiae. J. Agric. Food Chem. 2007 March 21; 55(6): 2446-51.
13 • P ietsch k. et al., Quercetin-mediated lifesspan in Caenorhabditis elegans is modulated by age-1,
Sek-1, daf-2 and unc-43. Biogerontology 2008 Nov. 29.
14 • S aul n. et al., Quercetin-mediated longevity in Caenorhabditis elegans: is DAF-16 involved? Mech.
Ageing Dev. 2008 Oct.; 129(10): 611-3.
Mesmo que não se compreendam na íntegra todas as razões que conduzem a um aumento do
tempo de vida graças à restrição calórica, algumas já foram identificadas:
A toma de suplementos com ácido oxaloacético afigura-se, assim, actualmente como um dos
métodos mais seguros para imitar a restrição calórica.
Que reter?
A toma de suplementos com ácido oxaloacético imita com êxito determinados efeitos obser-
vados nos animais sujeitos a restrições ao nível calórico. Os estudos com animais mostram um
aumento do tempo de vida e outras vantagens substanciais para a saúde, incluindo a protecção
do ADN mitocondrial, da retina, dos tecidos neuronais e pancreáticos. Os estudos realizados no
ser humano indicam uma redução substancial da glicémia em jejum e uma melhoria da insuli-
noresistência.
Por outro lado, os estudos de toxicidade crónica e aguda indicam uma toxicidade muito fraca
do ácido oxaloacético, semelhante à da vitamina C.
O oxaloacetato, enquanto mimético da restrição calórica, induz inúmeras modificações de
expressão genética benéficas que permitem prolongar realmente a vida.
As células estaminais humanas foram isoladas, cultivadas e diferenciadas pela primeira vez no
embrião em 1998. Conforme a sua origem, diferenciam-se vários tipos:
• as células totipotentes, obtidas nos quatro primeiros dias de crescimento do
embrião – as únicas que permitem o desenvolvimento de um ser humano;
• as células estaminais pluripotentes, obtidas a partir do blastocisto, que têm por
vocação formar todos os tecidos do organismo;
• as células estaminais multipotentes, presentes no organismo adulto, que estão na
origem de vários tipos de células diferenciadas;
• as células estaminais unipotentes, que apenas originam um único tipo de células
diferenciadas.
As células estaminais estão naturalmente presentes nos órgãos e permitem a regeneração das
células.
Em determinados tecidos, as células são renovadas constantemente. As suas células estaminais
produzem células diferenciadas para substituir aquelas cujo tempo de sobrevivência foi ultra-
passado. Os glóbulos vermelhos – que transportam o oxigénio no corpo – apenas vivem cento e
vinte dias. São constantemente substituídos por novas células formadas a partir de células esta-
minais da espinal medula. No sistema digestivo as células estaminais intestinais diferenciam-se
constantemente em células que revestem o intestino, substituindo as que se perderam. Células
estaminais cutâneas fabricam pele, outras – nos folículos – fabricam cabelos. Células estaminais
produzem um vasto leque de células imunitárias que se diferenciam em células imunitárias
adultas, em resposta a sinais específicos emitidos por substâncias como hormonas cujos níveis
aumentam durante infecções e inflamações.
Activar de forma natural as células estaminais representa assim um avanço dos mais promis-
sores para combater o envelhecimento e ganhar em tempo e qualidade de vida.
A terapia com células estaminais representará por isso, no futuro, um avanço considerável para
combater as afecções degenerativas para as quais a medicina clássica apenas obtém muitas
vezes resultados efémeros ou transitórios.
Embora actualmente já seja possível recorrer, em determinados países, a injecções de células
estaminais adultas da medula óssea, a aplicação do método está ainda longe de ser uma prática
corrente.
É todo o interesse dos estudos realizados nos últimos anos por determinados investigadores
que conseguiram – graças à utilização de nutrientes e de extractos de plantas – estimular e
aumentar a quantidade de células estaminais adultas da medula óssea.
É, de facto, a medula óssea que os cientistas privilegiam para obter esta actividade de regene-
ração dado que, todos os dias, estas células evoluem produzindo novas linhagens de glóbulos
vermelhos, de glóbulos brancos e de plaquetas. As células maduras são então depositadas na
corrente sanguínea, onde exercem plenamente as suas funções vitais e regenerativas.
Mas que efeitos podemos esperar obter ao utilizar substâncias activadoras das células
estaminais?
O Polygonum multiflorum
O extracto desta planta também denominada FO-TI é conhecido da medicina chinesa como
tónico sanguíneo e, sobretudo, como elemento principal da longevidade, em virtude da sua
capacidade de aumentar os níveis circulantes de superóxido dismutase (SOD) e de monoa-
mino-oxidase.
De acordo com estudos realizados com ratinhos, em Taiwan, a administração diária de doses
consideráveis de Polygonum multiflorum (200-1000 mg/kg) permitiu evidenciar um aumento
significativo dos glóbulos vermelhos no sangue e, sobretudo, uma percentagem mais elevada
de hematócrito relativamente ao grupo de controlo. Além disso, estes estudos mostram que
tais doses estimulam a proliferação das células estaminais do estroma e hematopoiéticas da
medula óssea.
A L-carnosina
A L-carnosina, que actua na manutenção dos telómeros (ver capítulo anterior), melhora a capa-
cidade de replicação dos mioblastos, em cultura. Alguns mioblastos, denominados células
satélites, mantêm-se na periferia das fibras musculares e intervêm na reparação dessas fibras
quando estas são danificadas. Contudo, com o avanço da idade, pode instalar-se uma sarcope-
nia e as células satélites deixam de conseguir reparar os danos.
De acordo com um estudo realizado nos mioblastos – as células estaminais responsáveis pela
formação dos músculos esqueléticos – o aporte de L-carnosina permite aumentar a sua capaci-
dade de replicação e, também, reduzir a actividade da beta-galactosidase.
A vitamina D3
Em circunstâncias normais, a exposição à luz solar deveria ser suficiente para cobrir mais de
90% das necessidades de vitamina D, mas verifica-se que as populações dos países ocidentais,
quer se trate de França, Bélgica, Estados-Unidos, Suíça ou Canadá, possuem níveis muito insufi-
cientes de vitamina D – especialmente nos meses de Inverno.
Actualmente são já conhecidos os perigos associados a um défice de vitamina D3. Os cientistas
demonstraram o papel fundamental que esta vitamina desempenha na divisão e na diferencia-
ção celular, bem como a influência que tem no sistema imunitário.
Na verdade, um nível insuficiente de vitamina D está ligado a praticamente todos os problemas
relacionados com o envelhecimento, incluindo o cancro, as doenças vasculares ou a inflamação
crónica.
Segundo alguns estudos, uma dose diária de 5000 UI poderia ter múltiplos efeitos benéficos. É
também esta a dose recomendada pelo Vitamin D Council.
Alguns estudos mostraram também que a vitamina D, associada a outras substâncias naturais,
pode ter efeitos nas células estaminais adultas e, por essa razão, aumentar a neurogénese e mel-
horar as capacidades cognitivas. Por conseguinte, alguns investigadores testaram uma sinergia
de constituintes associando extractos de mirtilo, de chá verde, de L-carnosina e de vitamina D3.
A administração a ratos desta mistura única de constituintes reduziu nitidamente o stress oxida-
tivo, e – acima de tudo – comprovou a sua capacidade de propiciar a multiplicação e a migração
das células estaminais neurais para as células cerebrais danificadas (por exemplo, na sequência
de um acidente vascular cerebral isquémico).
Clique aqui para encontrar uma fórmula que estimula de forma natural a produção de células
estaminais
Já há vários anos que investigadores alemães se debruçam sobre a hidra (pólipo de água doce) que
parece ser imortal… Na verdade, se cortarmos a hidra, ele regenera-se rapidamente. As suas proprie-
dades estariam ligadas às suas células estaminais, que não envelhecem e conseguem proliferar até ao
infinito.
Após a análise de todos os genes, é evidente que é o gene “FoxO3”, há muito conhecido e associado à
longevidade dos homens centenários, que encontramos igualmente na hidra. Por outro lado, quando
os investigadores inactivaram este gene FoxO3, observaram uma diminuição significativa do número de
células estaminais e um menor funcionamento do sistema imunitário.
Estes resultados mostram que o gene FoxO3 desempenha um papel importante contra o envelheci-
mento e abre uma esperança na imortalidade graças à terapia genética.
Referências
• A nna-Marei Boehm, Konstantin Khalturin, Friederike Anton-Erxleben, Georg Hemmrich, Ulrich C. Klos-
termeier, Javier A. Lopez-Quintero, Hans-Heinrich Oberg, Malte Puchert, Philip Rosenstiel, Jörg Wittlieb,
Thomas C. G. Bosch., FoxO is a critical regulator of stem cell maintenance in immortal Hydra. PNAS
2012 ; published ahead of print November 12, 2012, doi:10.1073/pnas.1209714109.
1 • C hoi E. M. et al., Immunomodulating activity of arabinogalactan and fucoidan in vitro. J. Med. Food,
2005 Winter, 8(4): 446-53.
2 • The role of NK cells in antitumor activity of dietary fucoidan from Undaria pinnatifida sporophylls
(Mekabu), Planta Med. 2006 Oct. 20, Department of Pathology, School of allied health sciences,
Kitasato University, Kitasato Kanagawa, Japan.
3 • P atchen M. L. et al., Glucan: mecanisms involved in its « radioprotective » effect, J. Leux Biol., 1987,
42:95-105.
4 • Enhancement of radioprotection and anti-tumor immunity by yeast-derived beta-glucan in mice,
J. Med. Food, 2005 Summer, 8(2):154-8.
5 • Cell Stem Cell, published on-line on December 24th 2009.
A saicosaponina A
Durante uma conferência, Manuel Serrano, investigador espanhol do CNIO, declarou: “Quando
se activa o gene P53 e o gene P16 em ratinhos, a incidência de cancro é reduzida para pratica-
mente zero”. Os investigadores espanhóis concluíram que a activação destes três genes: telo-
merase, gene P53 e gene P16 (Tumor Suppressor Gene - gene supressor tumoral) – constituía
uma conquista muito importante no combate ao aparecimento e para conseguir a regressão
dos tumores por apoptose (morte celular programada). E acrescentaram: “Acreditamos que os
ratinhos tenham vivido mais tempo não por não terem cancro, mas sim porque estes genes
protegem do envelhecimento.”
Foi portanto a primeira vez que os cientistas conseguiram prolongar o tempo de vida de ratin-
hos desta forma (por inserção de uma cópia suplementar de três genes), protegendo-os tam-
bém contra o cancro. Antes, os ratinhos envelheciam sem cancro, mas o seu tempo de vida não
era alterado de forma significativa. E apenas a restrição calórica permitia prolongar a sua espe-
rança de vida. Estes ratinhos transgénicos, autorizados a reproduzir-se, reforçaram o seu novo
ADN modelo, criando assim um grupo de “super ratinhos”, com tempos de vida mais longos,
capazes de viver quatro anos e meio, ao passo que geralmente apenas vivem em média três
anos, e sobretudo beneficiando de uma protecção ideal contra o cancro.
O Bupleurum falcatum pertence à família das Apiaceae e faz parte das plantas utilizadas na medi-
cina tradicional chinesa e japonesa. É vulgarmente considerado um desintoxicante celular que
ajuda a combater as infecções crónicas e os estados inflamatórios (em particular as hepatites).
Mais recentemente, o Bupleurum viu a sua popularidade aumentar com base nos resultados
obtidos no tratamento do cancro. Os seus princípios activos são as saicosaponinas A, B, C e D.
De entre elas, é a raríssima forma A que se revela particularmente interessante. Na realidade,
este glicósido triterpenóide é uma forma muito rara e dispendiosa de obter dado que seria
necessário consumir 50 g de Bupleurum para obter 4 mg de saicosaponina A. Foi portanto para
activar o gene P16, o gene supressor tumoral, que se seleccionou e isolou nova substância de
origem vegetal 2.
Vários estudos demonstraram o efeito imunossupressor da saicosaponina A. De facto, propor-
cionalmente à dose, ela inibe significativamente a proliferação e a activação das células T e
induz a apoptose das células cancerosas por via mitocondrial, o que sugere um potencial trata-
mento das doenças inflamatórias e auto-imunes 3, 4.
Um dos estudos associou a saicosaponina A ao astragalósido IV. Verificou-se que os ratinhos
tratados viviam muito mais tempo que os do grupo de controlo, independentemente do estado
de desenvolvimento do tumor que possuíam. Os investigadores chineses observaram também
que os ratinhos com diversos tipos de cancro (e em diversos estadios), cuja dieta era enrique-
cida com saicosaponina A, apresentavam uma maior longevidade que os ratinhos saudáveis.
Esta investigação entusiasmante realizada em animais permitiu já o desenvolvimento de trata-
mentos para o ser humano nos serviços de oncologia de vários hospitais chineses.
Apesar de esta substância não ser ainda usada há tempo suficiente para poder estabelecer um
protocolo de administração rigoroso, podemos basear-nos no seguinte :
• Uma toma de saicosaponina A a 4 mg à noite e de astragalósido IV e/ou de cicloas-
tragenol de manhã.
• Ou uma toma destas substâncias, dia sim, dia não.
E, até à data, não foi detectada qualquer reacção adversa.
Referências
1 • M aria A. Blasco, Bruno M., Bernardes de Jesus : CNIO scientists successfully test the first gene the-
rapy against ageing‐associated decline. Fundación Centro Nacional de Investigaciones oncológi-
cas Carlos III.
2 • W u W. S., Hsu H. Y. : Involvement of p-15(INK4b) and p-16(INK4a) gene expression in saikosapo-
nin A and TPA-induced growth inhibition of HepG2 cells. Biochem Biophys. Res. Commun. 2001 Jul.;
13;285(2):183-7.
3 • Sun Y., Cai T. T., Zhou X. B., Xu Q. : Saikosaponin A inhibits the proliferation and activation of T cells
through cell cycle arrest and induction of apoptosis. Int. Immunopharmacol. 2009 Jul.; 9(7-8):978-
83. doi: 10.1016/j.intimp. 2009.04.006. Epub 2009 Apr 16.
4 • Yano H., Mizoguchi A., Fukuda K., Haramaki M., Ogasawara S., Momosaki S., Kojiro M. The herbal medi-
cine sho-saiko-to inhibits proliferation of cancer cell lines by inducing apoptosis and arrest at the
G0/G1 phase. Cancer Res.1994 Jan. 15;54(2): 448-54.
Um colinérgico superior
O DMAE, principal constituinte da centrofenoxina, é convertido em colina pelo fígado por
adição de um grupo metilo. Assim, a centrofenoxina fornece ao cérebro DMAE e colina. Esta
última, uma substância semelhante às vitaminas do grupo B, tanto é fornecida pela alimentação
(fígado, carne, ovos) como produzida em pequena quantidade pelo organismo. Contudo, os ali-
mentos transformados e determinados modos alimentares (vegetariano ou vegano) fornecem
uma quantidade insuficiente. Por outro lado, uma alimentação demasiado pobre em colina é
incompatível com um bom estado de saúde 4, 5.
Na verdade, a colina é essencial ao funcionamento ideal do cérebro e é utilizada para fabri-
car outras substâncias como a acetilcolina – um neurotransmissor indispensável à memória, à
aprendizagem e à concentração intelectual.
Permite igualmente produzir dois constituintes essenciais da membrana celular, como a fos-
fatidilcolina ou a esfingomielina. Um défice em colina pode por vezes conduzir a uma auto-
canibalização permanente, a uma ruptura membranar e à morte das células. Por outro lado, um
determinado número de estudos associaram um excesso de auto-canibalização neuronal de
colina ao longo da vida à génese da doença de Alzheimer.
A centrofenoxina é assim provavelmente o meio mais eficaz de elevar os níveis sanguíneos e
cerebrais de colina e de acetilcolina.
Um potente antioxidante
Com a idade, as membranas neuronais tornam-se geralmente menos fluidas e mais rígidas em
virtude das lesões provocadas pelos radicais livres hidroxilos e das ligações cruzadas das proteí-
nas. A diminuição da fluidez das membranas neuronais deteriora a sua capacidade de conduzir
os impulsos eléctricos. Esta fluidez diminui com a peroxidação dos lípidos induzida pelo radical
hidroxilo 6.
Assim, a centrofenoxina faz indubitavelmente parte das poucas substâncias que aumentam a
longevidade dos animais de laboratório e a sua acção para reduzir os níveis de lipofuscina, um
resíduo metabólico intracelular, é única e visa directamente um dos sete danos mortais men-
cionados por Aubrey de Grey.
Resumindo, a centrofenoxina
• Melhora significativamente o processo de memorização, em especial aumentando
a velocidade à qual a informação memorizada pode ser utilizada.
• Melhora a utilização e o metabolismo da glicose no cérebro, influenciando positi-
vamente as capacidades de concentração e de atenção e contribuindo para a sen-
sação de bem-estar.
• É o único agente conhecido que permite reduzir de forma demonstrada a acumula-
ção de lipofuscina – uma toxina associada ao envelhecimento – nas células do cére-
bro, do coração, dos pulmões e da pele. As células invadidas pela lipofuscina, uma
espécie de «resíduo» metabólico, deixam de conseguir comunicar e de funcionar
correctamente. Os pacientes que sofrem de doença de Alzheimer possuem concen-
trações anormalmente elevadas de lipofuscina no cérebro.
Os polifenóis de maçã
Os polifenóis vegetais são uma das fontes mais promissoras para resolver os problemas associa-
das ao envelhecimento. Os polifenóis contidos na maçã permitiram, em três estudos recentes,
prolongar o tempo de vida dos modelos animais de laboratório (até 12% adicionais).
Estes resultados parecem ser explicados pela activação de genes que estimulam as defesas
antioxidantes endógenas e pela inibição de outros genes implicados nas mortes prematuras.
Estudos epidemiológicos confirmam que o consumo de flavonóides em geral, e dos de maçã
em particular, está correlacionado de forma positiva com a longevidade humana.
De entre estes polifenóis que se concentram na casca da maçã, a floridzina é um flavonóide do
O epimedium
O épimédium e as suas substâncias activas são actualmente usadas para aumentar a libido e
propiciar uma boa saúde sexual. Recentemente, investigadores estudaram os flavonóides desta
planta, mais especificamente a icariina e a icarisida II, a sua forma bioactiva in vivo, no prolonga-
mento do tempo de vida do verme C. elegans.
Segundo este estudo, a icarisida II permite aumentar o tempo de vida do verme C. elegans em
mais de 20%, actuando nas moléculas de sinalização intracelulares activadas pela insulina e
pelo IGF-1.
Os investigadores concluíram que “Tendo em conta os importantes efeitos protectores e a segu-
rança de utilização a longo prazo da icariina e da icarisida II no ser humano, estas substâncias reve-
lam-se promissoras no quadro da medicina anti-envelhecimento”.
.
Referências
• C
ai W. J., Huang J. H., Zhang S. Q., Wu B., Kapahi P., Zhang X. M., Shen Z. Y. Icariin and its derivative ica-
riside II extend healthspan via insulin/IGF-1 pathway in C. elegans. PLoS One. 2011; 6(12): e28835.
doi: 10.1371/journal.pone.0028835. Epub 2011 Dec. 21.
Referências
arse K., Jabin S., Ristow M., L-Theanine extends lifespan of adult Caenorhabditis elegans. Eur. J.
• Z
Nutr. 2012 Sep; 51(6):765-8. doi: 10.1007/s00394-012-0341-5. Epub 2012 Mar. 16.
O reishi
O reishi é utilizado com fins medicinais há mais de dois mil anos e foi merecidamente baptizado
pelos antigos “o cogumelo da imortalidade”. Com efeito, ao longo das últimas décadas, os inves-
tigadores debruçaram-se na análise dos diversos compostos presentes neste cogumelo. A ciên-
cia validou assim as suas múltiplas propriedades que garantem ao organismo uma protecção
global contra as diversas patologias que diminuem a longevidade.
Referências
• K
noll J. Deprenyl Medication: A Strategy to Modulate the Age-Related Decline of the Striatal
Dopaminergic System. Journal of the American Geriatric Society. V.40., No.8, August, 1992, pp. 839-
847.
Sabemos também que outras substâncias muito promissoras, actualmente em estudo em bac-
térias ou animais, virão enriquecer este arsenal de substâncias que permitem um prolonga-
mento do tempo de vida.
A glaucarubinona
A glaucarubinona é uma substância extraída da Simaruba glauca, uma árvore de pequeno porte
originária da América do Sul. Segundo as experiências realizadas com o verme C. elegans, esta
substância parece prolongar a esperança de vida deste verme em cerca de 2,7 dias (sabendo
que os nemátodos vivem apenas algumas semanas) agindo directamente no metabolismo
mitocondrial. Estes resultados afiguram-se por isso muito promissores e, segundo os investi-
gadores, terá interesse avaliar esta substância nos mamíferos e nos humanos para prevenir o
envelhecimento e as doenças associadas à idade 1.
O alfa-caroteno
À semelhança do betacaroteno, este carotenóide está naturalmente presente nas cenouras.
Reduz para metade os riscos de mortalidade nos indivíduos com um índice de massa corpo-
ral elevado (igual ou superior a 30). É de facto isso que revela um estudo de grande enverga-
dura que agrupou perto de 50 000 participantes nos Estados Unidos. Os efeitos positivos estão
sobretudo associados aos riscos de morte por doença cardiovascular, mas verificou-se também
que esta substância reduzia o risco de mortalidade independentemente da causa 2.
Referências
1 • B ossecker A., Müller-Kuhrt L., Siems K., Hernandez M. A., Berendsohn W. G., Birringer M., Ristow M.
The phytochemical glaucarubinone promotes mitochondrial metabolism, reduces body fat, and
extends lifespan of Caenorhabditis elegans. Horm. Metab. Res. 2011 Apr.; 43(4): 241-3. doi: 10.1055/
s-0030-1270524. Epub 2011 Jan. 24.
2 • Li C., Ford E. S., Zhao G., Balluz L. S., Giles W. H., Liu S. Serum alpha-carotene concentrations and risk
of death among US Adults: the Third National Health and Nutrition Examination Survey Follow-up
Study. Arch. Intern. Med., 2011 Mar. 28; 171(6): 507-15. doi: 10.1001/archinternmed.2010.440. Epub
2010 Nov. 22.
3 • Pepper E. D., Farrell M. J., Nord G., Finkel S. E. Antiglycation effects of carnosine and other compounds
on the long-term survival of Escherichia coli. Appl. Environ. Microbiol., 2010 Dec.; 76(24):7925-30.
doi: 10.1128/AEM.01369-10. Epub 2010 Oct. 15.
4 • Stvolinsky S., Antipin M., Meguro K., Sato T., Abe H., Boldyrev A. Effect of carnosine and its Trolox-
modified derivatives on life span of Drosophila melanogaster. Research Center of Neurology, Rus-
sian Academy of Medical Sciences, Moscow, Russia. Rejuvenation Res., 2010 Aug.; 13(4): 453-7. doi:
10.1089/rej.2009.1010.
Desde sempre, e em todos os séculos, homens e mulheres contribuíram para uma evolução
considerável da nossa existência, como Pasteur ou Einstein que, pelas suas descobertas e teo-
rias, abalaram a ordem bem estabelecida das coisas. Actualmente, o render da guarda é asse-
gurado por uma vanguarda de cientistas, entre eles Aubrey de Grey, responsável pelo projecto
SENS (Strategies for Engineered Negligible Senescence) que tem por objectivo a extensão radi-
cal do tempo de vida humana contrariando as sete principais causas do processo de envelhe-
cimento (mutações celulares (a nível do núcleo e mitocondrial), resíduos intra e extra celulares,
perda de células, senescência celular e hiper-abundância de conectores celulares).
Também em curso, o projecto de Dmitry Itskov “Avatar 2045” que beneficia do apoio do Dalai
Lama e do futurólogo Ray Kurzweil, e visa telecarregar o cérebro de um ser humano num ava-
tar, ou seja, num corpo de humanóide. Itskov pretende assim “libertar o Homem da doença, da
velhice e da morte”.
Longe de serem fantasiosos, estes dois projectos são bem financiados e reúnem equipas hiper-
competentes. Permitem finalmente entrever um aumento significativo do tempo de vida e
considerar o envelhecimento não como uma fatalidade mas como uma doença que poderemos
combater e, sobretudo, curar. E, deste modo, entrar numa nova era, a da medicina regenera-
tiva…
O combate cerrado contra os danos associados ao envelhecimento e pelo prolongamento do
tempo da vida humana está em perpétua efervescência. Os avanços mais recentes no domínio
da genética criam imensas esperanças nos cientistas que investigam neste sentido há muitos
anos. Por outro lado, se o conhecimento continuar a aumentar de forma exponencial e as restri-
ções crescerem de forma linear, há boas hipóteses de a imortalidade humana ser atingida daqui
a quinze ou vinte anos. O importante é manter-se em forma até lá…
Os complementos cientificamente validados e de grande qualidade irão ajudá-lo diariamente
nesta missão e tem agora à sua disposição todo um arsenal de nutracêuticos anti-envelheci-
mento, que actuam em todo o processo do envelhecimento: génese de novas mitocôndrias,
Bom envelhecimento…
Bibliografia e recursos
• Leituras recomendadas
The Longevity Factor, Joseph Maroon (Atria Books).
How resveratrol and red wine activate genes for a longer and healthier life.
Abundance, Peter Diamandis et Steven Kotler. (Free Press - Simon & Schuster)
The future is better than you think.
• Sobre as mitocôndrias
Melhorar o funcionamento das mitocôndrias (Bruno Lacroix)
na rubrica Anti-idade