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A AGONIA DO IMPÉRIO
“Povo: A Substância da República”
constantes cobranças
11 – UM FANTASMA RONDAVA O TRONO em funções que estavam
fora de sua
responsabilidade;
críticas sobre a forma
O Destino é implacável. No final do Século XIX a monarquia que conduzia os
brasileira sofreria um duro golpe. Com problemas de saúde Dom negócios públicos;
Pedro II começa se afastar gradualmente dos assuntos públicos escândalos, negociatas
e quando participava por vezes cochilava, chegando até mesmo e envolvimento com a
a adormecer "no meio de reuniões importantes ou mesmo maçonaria, chegando
durante compromissos públicos" GOMES (2007). até mesmo a ser
apontado como um dos
O fantasma de um trono vazio atormentava o imperador. Com a principais exploradores
morte de dois de seus filhos, a herdeira seria Isabel, a Princesa de cortiços no Rio de
Imperial. Apesar de constitucionalmente permitida, a presença Janeiro, criando uma
de uma mulher à frente do país era inaceitável, tanto para seu relação de antipatia do
pai, quanto para conde com políticos que
os descontentes tornaram Gaston uma
republicanos. das figuras mais
impopulares no império.
Uma mulher à
frente do trono
A própria família
não era novidade
de Isabel removia o
afinal D. Maria I
conde de reuniões de
de Portugal, aConselho do Estado e
bisavó paternaaté mesmo de
do imperador
cerimônias familiares,
Figura 1 - A SÍNDROME DO TRONO VAZIO – Fonte: Google Imagens brasileiro, havia
temendo a associação
sido uma rainha,
da festa com a imagem
porém ela havia se casado com seu tio o rei D. Pedro III, da do francês. Infeliz,
linhagem da Casa de Bragança, conforme Barman (1999 Gastão gradativamente
p. 130). Por outro lado, o marido da Princesa Imperial, o Conde se tornou um homem
D´eu, era rejeitado por D. Pedro II, pelos demais membros da recluso, com poucas
monarquia, rechaçado pela imprensa e pelos políticos que se declarações públicas e,
lhes dirigiam apenas como “o francês”. Isabel não demonstrava
nenhum desejo de
Ele pensava, sonhava, se angustiava. Acabara de decidir que ia
visitar o distante Império do Brasil. Talvez se casasse por lá.
suceder ao pai.
Poria f im à dúvida que o roía por dentro. Era o dia 27 de julho de
1864, Del Priore, (2013 p.10). Em carta Gaston chegou
a reclamar: “Estou
Nascido na França, Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston , era cansado de ser usado
neto do rei Luís Filipe I, mas apaixonado pela princesa brasileira aqui como bode
renunciou em 1864 ao direito à linha de sucessão para casar-se expiatório pela imprensa,
com Isabel. Apesar de ter acompanhado a última princesa ostensivamente me
imperial brasileira até os seus últimos dias de vida, Gastão responsabilizando por
agradou, além da própria companheira. tudo, sem, na realidade,
ter voz nem influência”.
2 – UM PRÍNCIPE ENTRE FATOS E FAKES
Definitivamente o
“francês” não teria uma
Os republicanos não economizaram no ataque. Bombardearam boa estadia na política
“o francês” com Fakes News das mais diversas naturezas. Eram Brasileira.
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Desde 1831 D. Pedro II estava no poder, não mais com o B) Questão Militar:
entusiasmo que o cargo requeria. Parecia uma maldição. As um marco importante
cartas trocadas entre Pedro e Luísa Margarida de Barros, para entendermos o
Condessa de Barral, sua “confidente”, a partir de 1880 revelam problema diz respeito ao
um rei solitário com coroa na cabeça e um imenso vazio no conflito armado no qual o
coração, com forte desejo de deixar tudo para trás e realizar sua Brasil envolveu-se:
ambição de estabelecer uma vida na Europa, sua vontade a Guerra do
entanto, segundo Sodré (2004, p. 321). Paraguai (1864-1870).
Embora o Brasil tenha
Apesar de existir desde 1870 o Partido Republicano, seu vencido, a guerra trouxe
principal opositor, era muito pequeno e "não tinha conseguido, uma grande baixa entre
estimular a alma nacional", mesmo com toda a propaganda os que combateram ao
radical e a pouca interferência das autoridades, não conseguia lado do Império brasileiro
eleger representantes para o congresso nem para o senado. e também um grande
endividamento
Por volta de 1880 questões de ordem religiosa, militar e social econômico com a
aliado a indiferença de Dom Pedro II para com o destino do Inglaterra, fazendo com
regime que jurara defender, culminariam com a derrubada da que D. Pedro II,
monarquia.: imperador no período,
sofresse um forte
A) Questão religiosa: Conflito ocorrido no Brasil na década desgaste político. Ao
de 1870 que, tendo iniciado como um enfrentamento entre mesmo tempo, os
a Igreja Católica e a Maçonaria, acabou se tornando uma grave militares saíram como
questão de Estado. Suas causas podem ser traçadas desde heróis pelos esforços
muito tempo antes, fundadas em divergências irreconciliáveis empreendidos nos
entre ultramontanismo, o liberalismo, o regime do padroado, e conflitos, o que os
em aspectos complexos da cultura brasileira. projetou politicamente
em um ambiente já
A questão evoluiu centrada em dois bispos, Dom Vital e Dom instável.
Macedo Costa, defensores do catolicismo ultramontano.
Baseando-se em ordenações papais não aprovadas
pelo Império Brasileiro, ao interditarem irmandades sob sua
jurisdição, por manterem em seu seio, membros maçons, e
negando-se a levantar os interditos após ordem expressa do
governo, já que tais associações eram regidas também
pelo poder secular, julgou-se que feriram a Constituição do
Império e incorreram em culpa de desobediência civil, sendo
presos e condenados a trabalhos forçados.
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republicanos. Em vez
4 – BESTIALIZADO O POVO ASSISTIU... disso, o imperador
aceitou os fatos. Dois
dias depois, partiu com
Os acontecimentos de 1889 surpreenderia a nação, não apenas a família para o exílio na
pelas manifestações gerais de afeição que o Imperador e a Europa.
Imperatriz receberam na ocasião de sua chegada da Europa.
Naquele inverno, nenhuma instituição política parecia ser tão Em Dom Pedro II, o
forte quanto a monarquia no Brasil". Até mesmo antigos historiador José Murilo
escravos demonstravam lealdade para com a monarquia e de Carvalho descreve
veementemente se opunham aos republicanos, a quem eles que, diante da
chamavam de "os paulistas" o próprio Deodoro da Fonseca não proclamação, o
enxergava futuro para a República no Brasil: imperador se manteve
“abúlico e fatalista”.
"República no Brasil é coisa impossível porque será uma “Quando lhe disseram
verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-
que a República já podia
educados para serem verdadeiros republicanos. O único
sustentáculo do Brasil é a monarquia; se mal com ela, pior sem estar proclamada,
ela.", in TERCI, 2019 2 respondeu: "Bem, se os
Brasileiros não me
Os ideais republicanos já se faziam presentes em solo brasileiro querem como seu
antes mesmo da Independência. Os movimentos da Imperador, então tornar-
Inconfidência Mineira (1789) e a Revolução Pernambucana me-ei um professor!" “O
(1817) defendiam uma república como a dos EUA. Quando, às país que se governe
margens do rio Ipiranga, Dom Pedro I declarou o Brasil como entender e dê
independente de Portugal, nossos vizinhos latino-americanos já razão a quem tiver"! ‘Se
se fragmentavam em pequenas repúblicas, comandadas por for assim, será a minha
caudilhos. aposentadoria. Já
trabalhei muito e estou
cansado. Irei então
descansar’.”
finalmente estava livre de seu fardo. O Brasil respirava novos que se mobilizaram para
ares, os ares da República, para muito o 15 de novembro era a redigir uma nova
data do Golpe que derrubou o império, para outros era o Constituição para o país.
resultado da insatisfação popular e portanto legítima. Fato é que Para isso, uma
após a Proclamação da República, o marechal Deodoro da Assembleia Constituinte
Fonseca foi escolhido pelos republicanos para conduzir o foi formada.
Governo Provisório,l enquanto as mudanças nas in stituições
políticas aconteciam. Essa Constituinte
nomeou cinco pessoas
O exército, condutor do golpe, tomou de início algumas medidas responsáveis pela
em seu benefício, conforme afirma o historiador Thomas E. redação do novo
Skidmore: documento. Uma vez
escrita, a nova
Os militares não perderam tempo em receber seu pagamento Constituição foi revisada
pelo golpe. Seus salários foram imediatamente aumentados em por Rui Barbosa e
50%, uma nova lei foi aprovada regulando a aposentadoria ou encaminhada para
promoção imediata de quase todos os altos oficiais (havia apreciação dos membros
notórios desequilíbrios no interior do corpo de oficiais do da Constituinte. A nova
Exército) e o Exército foi autorizado a aumentar seu contingente Constituição foi
de 13 mil para 25 mil soldados|1|. aprovada em 24 de
fevereiro de 1891 e
A Proclamação da República teve como resultado uma substituiu a Constituição
aproximação das relações com Argentina (essa aproximação (de 1824) do período da
com a Argentina foi curta) e Estados Unidos – duas grandes Monarquia.
nações republicanas no continente americano – e gerou o efeito
inverso na Inglaterra, que era uma nação representante do A Constituição de
monarquismo. 1891 tinha como
principais pontos:
Durante o Governo Provisório, Rui Barbosa foi nomeado como
Ministro da Fazenda e, portanto, era responsável pela economia • Republicanismo:
brasileira. Rui Barbosa tomou ações que permitiram a criação de foi decretado o
sociedades anônimas e incentivou a emissão de papel-moeda, republicanismo como
permitindo que bancos privados a fizessem. O resultado foi forma de governo do
desastroso e levou à especulação, falência de empresas, Brasil;
desvalorização da moeda brasileira e alta da inflação. • Presidencialism
o o chefe máximo do
Essa crise econômica ficou conhecida como Encilhamento (não Executivo seria o
se sabe ao certo o porquê do uso desse termo) e estendeu -se presidente elegido em
durante todo o período inicial da Primeira República, sendo eleições livres e diretas.
solucionada somente por volta de 1897 durante o governo O presidente eleito
de Prudente de Morais (1894-1898). A crise econômica cumpriria um mandato
brasileira esteve inserida dentro do quadro de crise econômica de 4 anos;
do capitalismo, que se estendia desde 1873. • Estabeleceu-se
os três poderes:
Executivo, Legislativo e
5 – O GOVERNO DE DEODORO DA FONSECA Judiciário. Além disso,
instituições do período
monárquico, como o
Durante o período em que esteve como presidente no Governo Poder Moderador, foram
Provisório, as medidas autoritárias de Deodoro da Fonseca abolidas;
chamaram a atenção de determinados grupos políticos do Brasil, • Para o sistema
eleitoral brasileiro, foi
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O governo de Floriano
6 – O GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO Peixoto estendeu-se até
1894, quando ocorreu a
transição para os
A posse de Floriano Peixoto somente aconteceu porque o governos civis. O político
Partido Republicano Paulista – principal força política do Brasil paulista Prudente de
na época – garantiu a sucessão para Floriano. Isso aconteceu Morais foi eleito
porque os paulistas queriam estabilizar o regime republicano e presidente e deu início
impedir que os monarquistas tomassem o poder. A visão política ao período conhecido
de Floriano, ainda que moderada, visava a uma nação como República
centralizada em um governo encabeçado pelos militares. Oligárquica (1894-1930).
Durante seu mandato, duas grandes rebeliões aconteceram no
Floriano Peixoto
Brasil e colocaram a ordem republicana em risco. As ações
tomadas por Floriano Peixoto na contenção de ambos os
movimentos lhe renderam o apelido de “marechal de ferro”.
Essas revoltas foram a Revolução Federalista e a Revolta da
Armada:
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02 - Uma parcela dos republicanos brasileiros, no final do século XIX, era influenciada pela
filosofia de Auguste Comte.
Esses REPUBLICANOS POSITIVISTAS
a) difundiam o lema do Positivismo, "Somos da América e queremos ser americanos",
contribuindo para integrar o país no universo republicano.
b) baseavam-se na ideologia do Positivismo, que pregava uma aliança das camadas
populares com os intelectuais, sob a inspiração da fé cristã.
c) encaravam positivamente a aliança entre o Estado e a Igreja, uma vez que esta ajudaria
a evitar as convulsões sociais que as elites tanto temiam.
d) defendiam que a Monarquia seria superada pelo "estágio positivo da história da
humanidade", representado, de modo especial, pela República.
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d) II e III
e) II e IV
07 - "A economia brasileira prosperou durante toda a segunda metade do século XIX. Esse
desenvolvimento deveu-se, principalmente, ao progresso continuado da cafeicultura.
Diante dos problemas criados pela expansão econômica, sobressai a escassez do fator
mão-de-obra. Esse desenvolvimento traduz-se numa efetiva 'fome de braços.'"
(Octávio lanni. Texto adaptado).
Contribuíram para a referida "fome de braços":
a) fim do tráfico de escravos e a imigração italiana.
b) comércio interprovincial de negros e a taxa negativa de crescimento da população
escrava.
c) fim do tráfico de escravos e a taxa negativa de crescimento da população escrava.
d) as leis do Ventre Livre e dos Sexagenários.
e) a taxa negativa do crescimento da população escrava e a imigração italiana.
a) I, II e III
b) I, II e IV
c) I, III e V
d) II, IV e V
e) III, IV e V
09 - Dos fatores abaixo, aquele que teve forte influência na queda do Império
brasileiro foi a:
a) invasão francesa no Rio de Janeiro, com a fundação da França Antártica, o que
desestabilizou o governo de Dom Pedro II.
b) concorrência do açúcar antilhano, o que abalou a base econômica nacional, levando a
uma crise econômica generalizada no país.
c) crise do escravismo, o qual se constituía na base produtiva do Império, levando a uma
crise econômica e à perda do apoio político dos cafeicultores.
d) Revolução Farroupilha, que levou à fragmentação política do país e a uma consequente
crise econômica, o que desestabilizou completamente o regime monárquico.
e) Guerra do Paraguai, visto que, com o acordo celebrado com a Tríplice Aliança, o governo
monárquico perdeu o apoio político dos cafeicultores e de setores descontentes do Exército.
OBRAS CONSULTADAS:
Barman, Roderick J. (1999). Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825–1891.
Stanford: Stanford University Press.
Calmon, Pedro (1975). História de D. Pedro II. 5. Rio de Janeiro: J. Olympio. OCLC 3630030
Calmon, Pedro (2002). História da Civilização Brasileira. Brasília: Senado
Federal. OCLC 685131818
Carvalho, José Murilo de (1990). A formação das almas: o imaginário da República do Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras.
Carvalho, José Murilo de (2007). D. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras.
Sodré, Nelson Werneck (2004). Panorama do Segundo Império 2ª ed. Rio de Janeiro:
Graphia. ISBN 9788585277215. OCLC 246238149
SKIDMORE, Thomas E. Uma História do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e TERRA, 1998, p. 108.
SITES CONSULTADOS
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/por-que-a-monarquia-caiu-
brasil-republica-dom-pedro.phtml
https://pt.wikipedia.org/wiki/Decl%C3%ADnio_e_queda_de_Pedro_II_do_Brasil
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Ciências Humanas e Sociais Aplicadas História 3º Anos 2021
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/deodoro-da-fonseca-enganado-
por-uma-fake-news.phtml
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/proclamacao-da-republica-questao-
militar-e-proclamacao-da-republica.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Decl%C3%ADnio_e_queda_de_Pedro_II_do_Brasil
Justiça Infame: Crime, Escravidão e Poder no Brasil Imperial, de Yuri Costa (2019)
- https://amzn.to/2YoKpQv
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