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RESUMO
““Art. 4o ............................................
I - educação básica obrigatória e
gratuita dos 4 (quatro) aos 17
(dezessete) anos de idade,
organizada da seguinte forma: a)
pré-escola; b) ensino fundamental;
c) ensino médio; II - educação infantil
gratuita às crianças de até 5 (cinco)
anos de idade; Lei nº 12.796 de 04
de abril de 2013 - Altera a Lei no
9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, para dispor
sobre a formação dos profissionais
da educação e dar outras
providências.
NOTA TÉCNICA Nº 001/2021 João Antonio Pereira – Professor
“BRINCAR É A FORMA MAIS PLENA Especialista Em Educação
DE FAZER CIÊNCIA, DE EXPLORAR E
INVESTIGAR AS COISAS”.
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SUMÁRIO
QUADRO-RESUMO .................................................................................................................... 2
MENSAGENS ............................................................................................................................... 2
1 - ALFABETIZAR OU BRINCAR?............................................................................................ 5
2.1 A Educação Como Direito na Legislação Em Vigor ........................................................... 7
2.2 O Direito À Educação Infantil Na Legislação Em Vigor ..................................................... 8
2.3 A Educação Infantil No Plano Municipal De Educação.................................................... 12
3 - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DA
EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................................................................................... 17
3.1 Campo de Experiências “O Eu, O Outro E O Nós” .......................................................... 17
1 – Conviver ................................................................................................................................ 27
2 – Brincar ................................................................................................................................... 27
3 – Participar ............................................................................................................................... 27
4 – Explorar ................................................................................................................................. 28
5 – Expressar .............................................................................................................................. 28
6 – Conhecer-se ......................................................................................................................... 28
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 32
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 36
6 - ANEXOS ............................................................................................................................... 37
QUADRO-RESUMO
Esta Nota Técnica foi motivada pela reclamação das Senhoras: Aline Pereira Lima, (Mãe de Miguel Ledes Lima),
Carolina Farias Cavalcante, (Mãe de Alice Miranda Cavalcante), Dayanne Nogueira Cajango (Mãe de Guilherme
Cajango Barbosa) e Lucelene da Silva Mendes, (Avó de Leonardo Henrique Mendes Barros) responsáveis por
crianças matriculadas em uma escola de educação infantil privada, neste município de Guiratinga-MT, que após
procurarem escolas da Rede estadual para dar prosseguimento nos estudos de seus filhos e ou netos, concluintes
do Pré II, em uma escola privada deste município, tiveram seus pedidos negados, sob alegação do corte etário de
31 de março, que limita o acesso ao ensino fundamental às crianças com seis anos completos até aquela data. As
responsáveis alegam flagrante afronta ao texto constitucional de 1988, uma vez que o art. 208, IV, da CF não possui
a elasticidade hermenêutica que se deu e que a expressão “até 5 anos” compreende cinco anos completos na
educação infantil.
A Nota está estruturada a partir de quatro principais mensagens: 1 - Alfabetizar ou Brincar? 2 Marcos
Legais. 3 Os Objetivos de Aprendizagens e Desenvolvimento na Educação Infantil e, 4 Considerações Finais.
MENSAGENS
Neste contexto, a avaliação nesta etapa não visa a promoção, aprovação ou continuidade.
Trata-se portanto de um olhar da criança para si mesma e não de si para outras crianças,
logo os registros realizados pelo educador tem o papel de informar, explicitar, ações,
intenções, evidenciando os “porquês” e “para quês”, norteadora de caminhos no processo
ensino-aprendizagem, logo o registro visa demostrar a trajetória levando em conta suas
mudanças e transformações no percurso.
Ao abordar a temática ligada aos registros avaliativos, Perrenoud (1999) destaca que:
“Nenhum médico se preocupa em classificar seu paciente, do mesnos doente, ao mais
gravemente atingido. Nem mesmo pensa em lhe administrar um tratamento coletivo,
esforça-se para determinar, para cada um deles, um diagnóstico individualizado,
estabelecendo uma ação terapêutica, sob medida”. Na Educação Infantil o protagonismo
pertence ao aluno enquanto ao educador cabe a difícil tarefa de proporcionar às crianças
experiências que auxiliam a desenvolver suas capacidades cognitivas, como atenção,
memória, raciocínio e o bem estar em um ambiente plural a que estão inseridos.
Eis o impasse:
Os concluintes da Educação Infantil das escolas privadas no ano letivo de 2020 que
não completaram 6 anos até a data de corte, devem cursar novamente o Pré II no ano
letivo de 2021?
Os concluintes da Educação Infantil das escolas privadas no ano letivo de 2020 que
não completaram 6 anos até a data de corte, poderão excepcionalmente se matricular
no ensino fundamenta em 2021?
moda, na educação básica! Cada vez mais cedo nossas crianças são levadas a construir
competências e habilidades para as quais ainda não estão suficientemente maduras,
negligenciando as lições do mestre Paulo Freire: “Primeiro a criança lê o mundo para depois ler
as letras.”
No tempo da longa duração não tinha aquelas teclinhas mágicas “CTRL C + CTRL V”.
Tal qual os Jequitibás éramos forjados nas intempéries. O saber tinha que ter sabor; as salas de
aula tinham bancos em que os alunos se sentavam em duplas, mas nem por isso o Caminhoera
Suave. Não tínhamos computador nem internet, mas aprendizado.
No contato com a natureza, entre seus pares, com muita criatividade, brincando as
crianças iam aprendendo o que não pode ser ensinado
nem pelos pais, nem por professores, pois conforme a
“A brincadeira instiga a criança,
psicóloga Ana Lúcia Machado1, pesquisadora da cada vez mais, a ser capaz de
infância, demostra, as vivências e brincadeiras controlar seu comportamento,
experimentar habilidades ainda
praticadas ao ar livre ainda na primeira infancia, não consolidadas no seu
proporcionam inúmeras conquistas entre as quais: repertório, criar modos de operar
mentalmente e de agir no mundo
autonomia e segurança; conhecimento do próprio
que desafiam o conhecimento já
corpo; habilidades motoras, destreza e equilíbrio internalizado, impulsionando o
desenvolvimento de funções
corporal; florescimento da imaginação e fantasia;
embrionárias de pensamento.
interesse e encantamento pelo mundo; vitalidade e (PIMENTEL, 2007 p. 226)
saúde.
Para Brown, brincar bastante na infância gera adultos felizes e bem sucedidos e a
capacidade de continuar nutrindo este ser brincante que somos, nos mantém joviais e saudáveis
ao longo da vida. O homem é um ser brincante! O viver em grupo, a convivencia cultural nos
torna letrados.
1 Disponível
em: http://www.educandotudomuda.com.br/tag/consequencias-da-alfabetizacao-precoce/ Acesso em:
05/03/2021
Redação Sec. Mun. De Educação Prefeito Municipal
João Antonio Pereira Leonor de Fátima Bassi Martini Waldeci Barga Rosa
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ludibriar com os afagos de uma mãe que esboça um sorrizo sarcástico por tráz de uma pergunta
aparentemente inocente: “Querida, quando meu filho vai começar a ler”?
1) Agresividade;
2) Empobrecimento da capacidade imaginativa e criativa
3) Apatia, desinteresse pelo mundo
4) Dificuldades nos relações sociais
5) Desvitalização do organismo,
6) Stress infanto/juvenil.
O mais tristes é que a decisão mais recorrente e não a mais acertada tem sido matar a
“galinha”. Neste ciclo vicioso, todos os anos no período de matrícula escolar a Secretaria
Municipal de Educação do município de Guiratinga-MT recebe denúncias de pais que ao
concluirem o Pré II na rede privada local, não conseguem efetivar a matrícula no 1º Ano do
Ensino Fundamental, mesmo sabendo ler e escrever de forma razoável, entre outros, porque
eles ainda não completaram a idade exigida para ingresso.
Qual deve ser o papel do poder público em situações desta natureza? Como o
Conselho Municipal de Educação deve se posicionar? Como a Escola deve agir ao receber
essas crianças? Continuaremos matando as galinhas dos ovos de ouro?
Esta é a Segunda Nota Técnica produzida no ano de 2021 ““BRINCAR É A FORMA MAIS
PLENA DE FAZER CIÊNCIA, DE EXPLORAR E INVESTIGAR AS COISAS”. Trata-se de um documento
em construção e para debate, especialmente considerando que as discussões sobre o tema estão em
constante amadurecimento. Assim, e reconhecendo que nenhuma solução é, em um contexto como o
atual, perfeita e definitiva, buscaremos parecer jurídico para a questão visando mitigar o problema.
– MARCOS LEGAIS
2.1 A Educação Como Direito na Legislação Em Vigor
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, mais precisamente em seu art.
6º, inclui o direito à educação no rol dos direitos sociais:
Com efeito, o direito à educação vem mais bem detalhado, no âmbito constitucional, nos
incisos do art. 208, que disciplina a efetivação do direito à educação mediante a garantia de:
“I – Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda
Constitucional nº 59, de 2009)
V – Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
O referido plano, nos moldes da disposição constitucional, tem por objetivo articular o
sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e
estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em
seus diversos níveis, etapas e modalidades, por meio de ações integradas dos poderes públicos
das diferentes esferas federativas.
“I – Erradicação do analfabetismo;
Estas são as normativas básicas que disciplinam o direito à educação, desde a educação
infantil até os níveis mais elevados de ensino.
“Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a
garantia de:
Como se vê de forma clara, até os cinco anos de idade toda criança deve ser enquadrada
na Educação Infantil e a partir dos seis anos,conforme Lei nº 9.394, redação dada pela Lei nº
11.114, em seu Art. 6º, toda criança deve ser matriculada no Ensino Fundamental:
“É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de
idade, no ensino fundamental”. Já o inciso I do § 3º do art. 87 diz que “cada município e,
supletivamente, o Estado e a União deverão matricular todos os educandos a partir dos seis
anos de idade, no ensino fundamental, atendidas as seguintes condições, no âmbito de cada
sistema de ensino: (a) plena observância das condições de oferta fixadas por esta Lei, no caso
de todas as redes escolares; (b) atingimento de taxa líquida de escolarização de pelo menos
95% (noventa e cinco por cento) da faixa etária de sete a quatorze anos, no caso das redes
escolares públicas; e (c) não redução média de recursos por aluno do ensino fundamental na
respectiva rede pública, resultante da incorporação dos alunos de seis anos de idade”.(Art. 6º
da Lei 9394/96
Esta mesma lei n. 9.394/1996 – alterada pela Lei n. 12.796/2013, trouxe significativa
alteração na Educação Infantil, ao estabelecer em seus artigos 30 e 31 que:
“Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I – Creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II – Pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. (Redação dada pela
Lei nº 12.796, de 2013) [grifei]
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
I – Avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o
objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº
12.796, de 2013)
II – Carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200
(duzentos) dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
III – Atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7
(sete) horas para a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
IV – Controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência
mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
V – Expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e
aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)”
ingressam efetivamente na educação básica (quatro e cinco anos), restando então até aquele
momento, uma lacuna descoberta pela lei, o fato de que cada criança completa idade de quatro,
cinco ou seis anos de idade em dias e meses diferentes ao longo do ano todo e isto foi sendo
sucessivamente disciplinado por Pareceres e Resoluções do Conselho Nacional de Educação,
seja quanto ao ingresso no Ensino Fundamental de Nove Anos, seja quanto ao ingresso no Pré-
escolar, como se constata:
referem ao Ensino Fundamental de nove anos e à matrícula obrigatória de crianças de seis anos
no Ensino Fundamental.
Parecer CNE/CEB nº 5, de 1º de fevereiro de 2007: de fato, não deve restar dúvida sobre
a idade cronológica para o ingresso no Ensino Fundamental com a duração de nove anos: a
criança necessita ter seis anos completos ou a completar até o início do ano letivo.
Parecer CNE/CEB nº 7, de 19 de abril de 2007: não deve restar dúvida sobre a idade
cronológica para o ingresso no Ensino Fundamental com a duração de nove anos: a criança
necessita ter seis anos completos ou a completar até o início do ano letivo.
deliberação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, de forma a zelar pela garantia do direito à
educação.
Como vimos, o assunto ensejou a edição de enorme arcabouço jurídico com o intuito de
disciplinar a questão, em resposta a ações movidas tanto por municípios como por diversos
estados até que em 2018 o Superior Tribunal Federal pacificasse a questão, mas ainda hoje
muitos municípios ainda não regulamentaram a questão em seus sistemas de ensino.
1.1) Definir metas de expansão das respectivas redes públicas de educação infantil
segundo padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades locais de forma que até
2017 seja atendido 100% (cem por cento) da população entre 4 e 5 anos e até 2025 50%
(cinquenta por cento) da população de 0 a 3 anos; (Grifo Nosso)
1.2) garantir que, ao final da vigência deste PME, seja inferior a 10% (dez por cento) a
diferença entre as taxas de frequência à educação infantil das crianças de até 03 (três) anos
oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado e as do quinto de renda familiar per
capita mais baixo;
1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PME, avaliação da educação
infantil, a ser realizada a cada 02 (dois) anos, com base em parâmetros nacionais de
qualidade, a fim de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as condições de
gestão, os recursos pedagógicos, a situação de acessibilidade, entre outros indicadores
relevantes; (Grifo Nosso)
a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do(a) aluno(a) de 06 (seis) anos de idade
no ensino fundamental; (Grifo Nosso).
1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo integral, para todas as crianças
de 00 (zero) a 05 (cinco) anos, conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação Infantil;
1.22) ampliar a inclusão das Pessoas com Deficiência (PCD) na educação infantil,
Redação Sec. Mun. De Educação Prefeito Municipal
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1.28) ampliar e assegurar a qualidade dos espaços físicos com aquisição de brinquedos
e parque infantil, externos e arborizados, realização de trabalhos de coordenação, como
lateralidade e espacialidade para que as crianças aprendam brincando com prazer, prevendo
espaços com os padrões estabelecidos na legislação vigente, nas Instituições de Educação
Infantil, espaço interno, com iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede
elétrica e segurança; instalações sanitárias e para higiene pessoal das crianças; mobiliário,
equipamentos e materiais pedagógicos, conforme as Diretrizes Curriculares para a Educação
Infantil.
Por não ser algo dado, conforme define a Declaração Universal dos Direitos Humanos, nem
naturalmente inerente aos sujeitos, a educação resulta de disputas sociais e a partir de grandes tensões
conseguem estabelecer essas demandas, conforme destacam REHEM, F. Q. N.; FALEIROS, V. P, (2013
Redação Sec. Mun. De Educação Prefeito Municipal
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p. 694). Tornar efetivos os direitos solenemente declarados tanto no discurso das Nações Unidas como
em leis nacionais como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em relação aos direitos da criança
ainda é um desafio político e social, pois apesar de 31 anos de existência ainda se configuram impasses
na garantia dos mesmos, nesse sentido é que esta Nota se insere.
Assegurar a continuidade dos estudos das requerentes sem que as mesmas sejam obrigadas a
regredir para série já cursada em função de completarem seis anos ainda neste ano letivo de 2021, em
data posterior a fixada pelo Parecer CNE/CEB nº 01, de 14 de janeiro de 2010, ainda que em Cáter
Excepcional é o que buscam seus responsáveis.
Por outro lado, com o objetivo de assegurar os direitos à educação de qualidade, a sociedade
brasileira vem se articulando e a partir do ano de 2019 algumas mudanças propostas pela Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) deveriam começar a aparecer nas escolas de todo o país, fossem elas
públicas ou privadas, uma vez que as discussões começaram a ser debatidas desde de 2015, tendo
como data limite o ano de 2020 para que todas as diretrizes fossem implementadas, mas não é o que se
assite em Guiratinga MT, particularmente nas Escolas Privadas de Educação Infantil.
Passaremos a abordar alguns princípios que devem nortear as propostas desta modalidade nas
instituições que atendem crianças de Zero a Cinco Anos de idade.
Convêm destacar que a Base Não é currículo, mas sim um documento que define o conjunto de
aprendizagens fundamentais, as quais os alunos da Educação Básica fossem elas públicas ou privadas,
deveriam atingir seja no desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e ou social na forma prevista na
Lei de Diretrizes e Bases, para tanto aboordaremos a seguir os objetivos de aprendizagens previstas
para esta etapa do ensino da Educação Infantil.
Visando assegurar os direitos de aprendizagens das crianças de zero a cinco anos a Base
Nacional Comum Curricular na educação infantil foi organizada de forma diferente da presente
no Ensino Fundamental. Nela os direitos de aprendizagem e os campos de experiênciasubstituem
as áreas de conhecimento dentro de cada campo. Em vez de habilidades, há objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento, tendo a criança com o papel de protagonista do processo,
respeitando-se o princípio de que cada criança tem seu ritmo.
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano Crianças pequenas (4 anos a
meses) e 7 meses a 3 anos e 11 5 anos e 11 meses)
meses)
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano Crianças pequenas (4 anos a
meses) e 7 meses a 3 anos e 11 5 anos e 11 meses)
meses)
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano e 7 Crianças pequenas (4 anos
meses) meses a 3 anos e 11 meses) a 5 anos e 11 meses)
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano e 7 Crianças pequenas (4 anos
meses) meses a 3 anos e 11 meses) a 5 anos e 11 meses)
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano Crianças pequenas (4 anos a
meses) e 7 meses a 3 anos e 11 5 anos e 11 meses)
meses)
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano Crianças pequenas (4 anos a
meses) e 7 meses a 3 anos e 11 5 anos e 11 meses)
meses)
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano Crianças pequenas (4 anos a
meses) e 7 meses a 3 anos e 11 5 anos e 11 meses)
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Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano e Crianças pequenas (4 anos a
meses) 7 meses a 3 anos e 11 meses) 5 anos e 11 meses)
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano e Crianças pequenas (4 anos a
meses) 7 meses a 3 anos e 11 meses) 5 anos e 11 meses)
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 ano e Crianças pequenas (4 anos a
meses) 7 meses a 3 anos e 11 meses) 5 anos e 11 meses)
Corpo, gestos Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano que contribuem para
e movimentos o cuidado de sua saúde e a manutenção de ambientes saudáveis.
Apresentar autonomia nas práticas de higiene, alimentação, vestir-se e no cuidado
com seu bem-estar, valorizando o próprio corpo.
Utilizar o corpo intencionalmente (com criatividade, controle e adequação) como
instrumento de interação com o outro e com o meio.
Coordenar suas habilidades manuais.
Traços, sons, Discriminar os diferentes tipos de sons e ritmos e interagir com a música,
cores e formas percebendo-a como forma de expressão individual e coletiva.
Escuta, fala, Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação, por
pensamento e diferentes meios.
imaginação Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal e causal, organizando
e adequando sua fala ao contexto em que é produzida.
Ouvir, compreender, contar, recontar e criar narrativas.
Conhecer diferentes gêneros e portadores textuais, demonstrando compreensão da
função social da escrita e reconhecendo a leitura como fonte de prazer e
informação.
Para efetivar esses direitos, escolas e educadores precisam sempre tê-los em mente,
garantindo que as experiências propostas estejam de acordo com os aspectos considerados
1 – Conviver
O QUE DIZ A BNCC - “Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes
grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito
em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas”.
2 – Brincar
O QUE DIZ A BNCC - “Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços
e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso
a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências
emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais”.
3 – Participar
O QUE DIZ A BNCC - “Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do
planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da
realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais
e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo
e se posicionando”.
COMO GARANTIR ESSE DIREITO - Um exemplo clássico dado por Maria Virgínia
Gastaldi foi a construção de casinhas de brinquedo. “O professor planeja como vai fazer, separa
Redação Sec. Mun. De Educação Prefeito Municipal
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os materiais e pede ajuda de familiares para montá-la. Quando leva, pronta, à escola, fica
surpreso, porque as crianças não se interessam ou estragam o brinquedo”, diz. Aqui, o
importante é envolver as crianças em todas as etapas, permitindo que elas ajudem a decidir
como será a estrutura, quais materiais serão usados, qual será a cor etc. Então, que o professor
observe o que ele já faz por elas e pode ser feito com elas. Permitir que elas participem das
decisões que dizem respeito a elas mesmas e que organizam o cotidiano coletivo.
4 – Explorar
O QUE DIZ A BNCC - “Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores,
palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza,
na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades:
as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia”.
5 – Expressar
O QUE DIZ A BNCC - “Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas
necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões”.
COMO GARANTIR ESSE DIREITO - Rodas de conversa são imprescindíveis para que
as crianças tenham seu direito garantido. É importante que essas situações sejam frequentes
para que o professor apresente materiais variados para que a criança explore e se expresse a
partir de diferentes linguagens. “Expressar é posterior ao explorar, só se pode expressar quando
conhece”, afirma a especialista. Promover ambientes interessantes de expressão com diferentes
pessoas e situações ajudam a garantir este direito. Outro recurso essencial é a criação de
momentos de fala, nos quais ambas as partes escutem e se expressem. Além disso, criar
conselhos e assembleias em que os pequenos votam e argumentam sobre decisões que afetam
o coletivo ajudam nessa tarefa.
6 – Conhecer-se
O QUE DIZ A BNCC - “Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural,
constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas
experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição
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COMO GARANTIR ESSE DIREITO - Boa parte das atividades ajudam a garantir esse
direito, mas há estratégias para pensar especificamente sobre ele. Neste momento, é importante
que o professor ajude a que eles se percebam, aprendam do que gostam. Para isso, o professor
pode, a partir da observação, criar situações simples, mas que os auxiliem a descobrir a si
próprio e ao outro. Com os bebês, Virgínia cita como exemplo situações em que eles podem
ficar em frente a espelhos e se observar. Os momentos de banho, alimentação e troca de fraldas
também são ricos para essa aprendizagem: ao se sentir cuidado e ao aprendendo a cuidar de
si, a criança desperta a consciência sobre seu corpo. “Quando anunciamos para um bebê onde
vamos tocá-lo e o que faremos com ele, criamos a primeira oportunidade para que se reconheça
como pessoa e não objeto”, destaca a especialista.
“Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psic ológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.” (NR)
“Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o
objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
Conforme pode ser constatado no Anexo I desta Nota Técnica não há condições de aferir
o nível de desenvolvimento de cada criança, na forma parágrafo I do artigo 31, tampouco verificar
o nível de desenvolvimento cognitivo na forma do artigo 29.
Em função das medidas protetivas contra a Covid-19 não foi possível realizar uma
avaliação diagnóstica presencial com as crianças, no entanto solicitei que as responsáveis
gravassem situações de rotina de leitura e ou realizações de atividades e me enviassem pelo
WhatsApp para que pudesse observar a desenvoltura das mesmas em relação à coordenação
motora, capacidade de escrita e ou leitora, uma vez que as instituições responsáveis não
realizou e ou não encaminhou o Relatório descritivo, de cada concluinte, ainda que sem o
objetivo de promoção do educando na forma da lei.
O que foi possível observar através de videos encaminhados pelos reclamantes é que
todas as crianças conseguem de alguma forma reconhecer vogais e consoantes, bem como
realizar a leitura de palavras de seu cotidiano, atividades estas, comuns aos alunos do 1º Ano
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Fato é que a decisão, leva-se em conta não apenas a capacidade cognitiva do aluno, mas
também o desenvolvimento de habilidades outras - "aspectos físico, afetivo, psicológico,
intelectual, social, complementando a ação da família e da comunidade" (art. 21, Resolução
CNE/CNB nº 04/2010) que permitam o desenvolvimento integral. Na prática vislumbrou-se, isto
sim, prejuízo maior à Impetrante na matrícula precoce em etapa escolar, do que no respeito à
Política Nacional de Educação”.
(...) a discursos e práticas, que supostamente em favor da criança e de seu efetivo direito à
educação, possam conduzir a decisões políticas e pedagógicas que venham em desfavor da
mesma como sujeito histórico, com limites e possibilidades, e como um ser que vai se
construindo ao longo do seu percurso escolar e da vida em sociedade. (UNCME 2018, p. 3).
E Conclui:
2) Que os documentos balizadores desta matéria continuem fazendo parte dos estudos e
discussões no âmbito dos sistemas de ensino e dos conselhos municipais de educação, como
forma de esclarecer os pais/mães, as instituições, os profissionais da educação e a sociedade
em geral, dos processos pedagógicos e legislação pertinente que asseguram o direito à
infância, visando contribuir para a construção de políticas públicas que efetivem este direito,
para além da matrícula.
4) Nos municípios que tem sistemas instituídos em Lei, é fundamental que sejam estabelecidas
normas complementares dos respectivos sistemas de ensino, observando as diretrizes legais
e orientações pedagógicas do Conselho Nacional de Educação, especialmente as Diretrizes da
Educação Infantil e Diretrizes Gerais da Educação Básica, visando assegurar a identidade da
Educação Infantil e os direitos das crianças de 0 a 5 anos, bem como o direito das criançasde
06 anos completos, quando do ingresso no Ensino Fundamental.
5) Nos casos em que ainda existam normas estabelecidas em dissonância com a referida
decisão legal, no âmbito dos sistemas municipais de ensino, orienta-se que seja sejam
discutidas e aprovadas novas Resoluções, devidamente ajustadas às normas nacionais e as
diretrizes do Conselho Nacional de Educação.
10) Nos municípios que ainda não instituíram em Lei os seus sistemas de ensino, os Conselhos
Municipais de Educação devem observar e cumprir as orientações desta Nota Técnica, exceto
àquelas que se referem ao conselho como órgão normativo do sistema de ensino e o devido
processo de regulamentação legal no âmbito dos sistemas de ensino. Neste caso, devem
observar as orientações legais do Conselho Estadual de Educação.
Este mesmo dispositivo, guarda alguma semelhança com o contido no art. 5º da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (antiga Lei de Introdução ao Código Civil - Dec. Lei
nº 4.657/1942, com a redação do enunciado alterada pela Lei nº 12.376/2010, de 30/12/2010),
que por sua vez deve ser analisada em conjunto com os arts. 1º, 5º e 100 caput e par. único
(notadamente seu inciso II), do ECA.
Como resultado, reputa-se inadmissível que qualquer das disposições legais seja
interpretada - e muito menos aplicada - em prejuízo das crianças e/ou adolescentes que, em
última análise, são as destinatárias da norma e da integral proteção por parte do Poder Público
(inclusive do Poder Judiciário), de modo que o regresso neste momento à Educação Infantil para
crianças que já estão em um nível cognitivo mais avançado seria muito mais danoso, do que
seu ingresso precoce no ensino fundamental, particularmente se considerarmos que o oposto
também é verdadeiro:
As crianças que completarem 6 (seis) anos de idade após a data definida no artigo 2º deverão
ser matriculadas na Pré-Escola. Art. 4º - § 1º As escolas de Ensino Fundamental e seus
respectivos sistemas de ensino que matricularam crianças que completaram 6 (seis) anos de
idade após a data em que se iniciou o ano letivo devem, em caráter excepcional, dar
prosseguimento ao percurso educacional dessas crianças, adotando medidas especiais
de acompanhamento e avaliação do seu desenvolvimento global. (GRIFO NOSSO)
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. 10 ed. Campinas. SP. Papirus. 2000
BAUMAN, Z. Vida Líquida, 9º Edição, Austral:Paidos, 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao_Compilado.htm>. Acesso
em Mar 2021.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 18 Mar 2021.
BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm. Acesso em Mar 2021.
BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.
htm#art266>. Acesso em: 16 mar. 2021.
Congresso Brasileiro de Procuradores Municipais (XII.: 2014: Rio de Janeiro – RJ). Enunciados.
Disponível em: http://www.anpm.com.br/site/?go=publicacoes&bin=noticias&id=1422&title=
enunciados _aprovados_no_xi_congresso_brasileiro_de_procuradores_municipais. Acesso em
25 mar 2021.
SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça, 2008. 2ª Câmara de Direito Público. Apelação Cível n.
2007.060895-5, de Campo Belo do Sul, Relator Des. Orli Rodrigues. Julgado em: 24-06-2008.
Disponível em: http://app6.tjsc.jus.br/cposg/pcpoQuestConvPDFframeset.jsp?cdProcesso
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em 25 Mar 2021.
SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça, 2010. 1ª Câmara de Direito Público. Apelação n.
Apelação Cível n. 2010.033282-9, de Blumenau. Relator Des. Sérgio Roberto Baasch Luz.
Julgado em 04-08-2010. Disponível em <http://app6.tjsc.jus.br/cposg/pcpoQuestConvPDF
frameset.jsp?cdProcesso=01000GDX20000&nuSeqProcessoMv=29&tipoDocumento=D&nuDo
cumento=2629904>. Acesso em 25 Mar 2021.
NOTA TÉCNICA Nº 02/2018. Orientações Para Matrícula Na Educação Infantil E Primeiro Ano
Do Ensino Fundamental No Âmbito Dos Sistemas Municipais De Ensino. UNCME, Sergipe,
2018.
6 - ANEXOS