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OUTUBRO/2021
BRUNA ROBERTA HONGARO ZANETTI MARTIN
OUTUBRO/2021
RESUMO
A criação das creches partiu da necessidade de criar um ambiente seguro para acolher
crianças, sendo reflexo das transformações sociais, econômicas e politicas, que interferem até
os dias atuais com seu formato e transformações. Com o passar dos anos as creches deixaram
de serem espaços de mero assistencialismo e acolhimento transformando se em centros de
educação infantil. Essa mudança caminha de mãos dadas com as novas leis e estudos de
renomados pensadores e escritores, que olham para as crianças preocupados em acolher e
preparar a base “a primeiríssima infância”, enfatizando a importância e valorizando os
primeiros anos de vida. Este trabalho contém informações históricas e da realidade vivenciada
de perto no exercício diário dos educadores infantil nos CEMEI/s (Centro de Educação
Municipal Infantil) da cidade de Votuporanga.
INTRODUÇÃO .............................................................................................................
4.2 Entrevista com servidoras públicas que trabalhavam nas creches, mas que não 44
tinham formação especifica ............................................................................................
4.3 Dados informados pela Secretaria da Educação ....................................................... 48
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 53
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 54
INTRODUÇÃO
1- REVISÃO DE LITERATURA
(KISHIMOTO,1988, p. 44).
carentes, cujas mães eram absorvidas pelo mercado de trabalho e, portanto, não poderiam
assumir a responsabilidade pelos cuidados com a criança.
Portanto, devido ao desenvolvimento industrial e comercial vivido pelo
Brasil e consequente inserção feminina no mercado de trabalho, configurou-se uma forte
necessidade de criação e manutenção de locais onde as crianças, filhas de operários, pudessem
ficar durante o período em que seus pais se dedicavam ao trabalho.
Contudo, a omissão do Estado em assumir a responsabilidade pela criação e
manutenção das creches fez com que essas instituições sofressem discriminação e, sobretudo,
fez com que a mesma ficasse durante anos envoltos em um nebuloso conceito de
assistencialismo, o que impossibilitou a construção de uma identidade bem definida e bem
estabelecida não somente para a instituição, mas também para seus funcionários.
Encravada entre a família e a escola, a creche oscila entre as funções e
significados dessas duas outras instituições tão bem demarcadas no interior da sociedade. Na
verdade, é com a família que a creche mais tem disputado e buscado conquistar espaço, na
medida em que essa é a instituição tradicionalmente encarregada de cuidar e de educar a
criança pequena.
Por isso mesmo a creche tem geralmente sido identificada como uma instância
destinada a suprir a lacuna que resulta da incapacidade da família em cumprir sua
função. Ressalta-se, assim, na história dessa entidade uma forte conotação
assistencialista que insiste em manter-se presente até os dias de hoje. (MERISSE,
1997, p. 25).
Conforme Merisse, as primeiras instituições voltadas ao atendimento da
infância no Brasil tiveram seu início fortemente marcado pela ideia de oferecer assistência e
amparar aos necessitados.
Queiroz e depois em prédio alugado para esse fim. Proporcionava ensino, atividades físicas e
alimentação a seus assistidos, sendo mais uma iniciativa pioneira da desvelada educadora.
Foi esta, no início do século XX, a primeira creche instituída em solo brasileiro. O vasto
alcance social desta espécie de salas-asilos, espécie de abrigo diurno para as crianças pobres,
como são as da Europa e de outros países, onde já reconhecem a utilidade incontestada destas
instituições de verdadeira economia social.
No Brasil, a educadora Anália Franco Basto foi uma das pioneiras nas
instalações de intuições que cuidavam de crianças pobres e órfãs. Nascida em 1856 na cidade
de Resende, Rio de Janeiro em 1861, Anália Franco como era bastante conhecida, muda-se
para São Paulo e continuou seus estudos na escola dirigida por sua mãe.
Em 1876, mãe e filha mudaram-se para Guaratinguetá e nessa cidade,
Anália começou a lecionar como professora primária. Em 1877, com a reabertura da Escola
Normal de São Paulo, pôde matricular-se e concluir seus estudos, diplomando-se em 1878.
Porém, sua verdadeira vocação como educadora se exteriorizou e Anália mudou-se para o
interior, a fim de secundar criancinhas necessitadas.
Em 1887 na cidade de Taubaté, fundou seu primeiro abrigo para órfãos.
Nessa época ingressou no jornalismo, começando a escrever para revistas: A Família, O Eco
das Damas e A Mensagem.
Em 1898, deu início à publicação da revista Álbum das Meninas, com o
objetivo de propagar suas ideias educacionais e pedagógicas.
Em 17 de novembro de 1901, juntamente com um grupo de senhoras de
todos os níveis, funda a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva de São Paulo, com o
objetivo de proteger e educar crianças das classes desvalidas e as mães desamparadas.
A partir daí, criou muitas Escolas Maternais e Escolas Elementares, além do
Liceu feminino, cuja finalidade era instruir e preparar professoras para suas escolas.
Rápida foi a expansão das atividades da Associação, e em 1905 já contava
com 2.098 alunos matriculados nas vinte e duas escolas da capital, nas cinco do interior e nos
dois asilos-creches.
Diferenciando-se de países industrializados, o Brasil dá início à organização
das primeiras creches no começo do século XX, com uma clientela composta basicamente de
filhos de indigentes e órfãos.
Segundo Kishimoto (1988), em São Paulo, “as creches atendiam
principalmente ao contingente de mulheres e crianças na extrema miséria, que aumentam os
12
o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para reflexão sobre a prática direta
comas crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação. (REFERENCIAL
CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, p. 41, 1998)
Assim, tem-se que os projetos educativos das instituições possam, de fato,
representar esse diálogo e debate constante, é preciso ter educadores que estejam
comprometidos com a prática educacional, capazes de responder às demandas familiares e das
crianças, assim como às questões específicas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis.
Para Forest (2009), a formação do educador infantil deve estar baseada na
concepção de educação infantil. Deve buscar a superação da dicotomia educação / assistência,
levando em conta o duplo objetivo da educação infantil de cuidar e educar.
Segundo Garcia (2001), a formação deve ser entendida como direito do
profissional, o que implica a indissociabilidade entre formação e profissionalização. Diferentes
níveis e estratégias de formação devem ser geradores de profissionalização, tanto em termos de
avanço na escolaridade, quanto no que se refere à progressão na carreira.
De acordo com Brasil (1998, p.26): Sobre o cuidar, é importante ressaltar que
esse deve ser entendido como parte integrante da educação, ou seja, [...] cuidar de uma criança em
um contexto educativo demanda a integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de
profissionais de diferentes áreas”. Ainda nos anos de 1998 e 1999, o Conselho Nacional de
Educação, aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, que teve como
objetivo direcionar, de modo obrigatório, os encaminhamentos de ordem pedagógica para esse nível
de ensino aos sistemas municipais e estaduais de educação e as Diretrizes Curriculares para a
Formação de Professores da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, que também
contribuiu para a melhoria de ambos os níveis de ensino ao discutir a relevância de uma formação
altamente qualificada para esses profissionais.
Embora se observe o avanço da legislação pertinente ao reconhecimento da
criança e a educação nos seus primeiros anos de vida, constata-se muitos desafios no que
concerne ao efetivo atendimento desse direito, que Barreto (2003), resume na questão de acesso
e de qualidade do atendimento. Na primeira, o ingresso da criança na creche ainda é dificultada,
pois as de família de baixa renda têm menos oportunidades que aos de nível socioeconômico
mais elevado.
Em relação a qualidade do atendimento, Paschoal (2009) aponta que:
As instituições de educação infantil no Brasil, devido à forma como se expandiu, sem os
investimentos técnicos e financeiros necessários, apresenta, ainda, padrões bastante aquém
dos desejados [...] a insuficiência e inadequação de espaços físicos, equipamentos e materiais
pedagógicos; a não incorporação da dimensão educativa nos objetivos da creche; a
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3 - MATERIAL E MÉTODO
3.3 – Instrumentos
A presente pesquisa tem como objetivo central, verificar como era e como
esta o atendimento nas creches, as conquistas e a evolução, deixando de ser assistencialismo,
passando a atender as crianças em centros de educação com profissionais capacitados.
A organização do questionário consiste em três partes, a primeira contém
dados de como funcionava as creches, como e por quem as crianças eram assistidas, segunda
parte trata-se das mudanças e a evolução das creches sendo que os profissionais que atuam tem
formação especifica e continuada para trabalhar com as crianças, a terceira são informações da
Secretaria Municipal da Educação sobre os profissionais que atuam na rede de ensino, com
questões dissertativas e objetivas sobre a visão e o funcionamento das creches sob o olhar dos
profissionais que atuaram, os que atuam e a secretaria que participou e participa ativamente das
etapas e conquistas da educação infantil.
Foi priorizada na construção deste questionário características julgadas
importantes sobre as condições de atendimento no passado e no presente, para poder verificar as
mudanças e melhorias ocorridas ao longo dos anos e de acordo com as Leis.
O primeiro questionário foi direcionado a funcionárias que mesmo sem
formação cuidavam das crianças, contendo 13 perguntas, sendo 07 dissertativas e 06 de múltipla
escolha, o segundo questionário foi direcionado aos atuais profissionais educadores infantil,
contendo 10 perguntas, sendo todas dissertativas, e o terceiro questionário foi direcionado a
28
FAIXA ETÁRIA
100%
88%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 13%
10%
0%
31 a 40 anos 41 a 50 anos
30
ESCOLARIDADE
90%
79%
80%
70%
60%
50%
40%
30% 21%
20%
10%
0%
Ensino medio Completo com Habili- Ensino Superior Completo
tação para o Magistério
TEMPO DE TRABALHO
80%
70% 67%
60%
50%
40%
30%
20% 17%
8% 8%
10%
0%
1 a 3 anos 5 a 10 anos 10 a 15 anos acima de 15 anos
31
DIRETOR E COORDENADOR
120%
1
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Sim Não
SUPORTE PEDAGÓGICO
120%
1
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Sim Não
Gráfico 06 (a) - Qual a faixa etária das crianças que você trabalha?
20
15
15
10 8
6
5
-
Berçário I Berçário II Maternal I Contra turno
Pergunta: Qual a sua visão sobre as creches do passado e os Centros de Educação Infantil?
Você acha que teve grandes mudanças?
As respostas foram unânimes, todas disseram que as creches eram um
espaço voltado para o cuidar da criança cujas as atividades desenvolvidas eram ligadas a
higiene e a alimentação. Não existia profissionais com formação educacionais voltados para
trabalhar com crianças de 0 a 3 anos de idades. Sendo assim não havia uma preocupação com
o trabalho pedagógico. Como fundamenta Monteiro, (2004, p 91), “creche é uma instituição
beneficente destinada a cuidar e educar as criancinhas de ambos os sexos, enquanto as mães
se ocupam nos seus trabalhos diurnos”.
Já os Centros de Educação Infantil de hoje têm como finalidade exercer os
cuidados necessários aliados a atividades pedagógicas que faz com que a criança se
desenvolva em toda a sua totalidade.
Pergunta: Qual sua relação com as famílias das crianças que você trabalha?
Destacamos a seguinte resposta. O trabalho com a família é de parceria, onde tem
respeito mútuo e muito dialogo.
4.2 Entrevista com servidoras públicas que trabalhavam nas creches, mas que não
tinham formação específica
FAIXA ETÁRIA
90%
80%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
20%
10%
0%
40 a 50 anos acima de 50
Gráfico 02 - Escolaridade
36
ESCOLARIDADE
120%
1
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Ensino Médio Completo Ensino Superior
Gráfico 03 - Profissão
PROFISSÃO ATUAL
120%
1
100%
80%
60%
40%
20%
0%
tros Serviços Geraris Outros
Pergunta: Qual era a faixa etária das crianças que você trabalhava? Qual a quantidade de
crianças por adultos? Exercia mais alguma atividade durante o expediente sem ser com
crianças?
As repostas foram variadas as entrevistadas cuidaram desde bebês até
crianças com 6 anos de idade, porém as crianças pequenas eram separadas das maiores,
quanto ao número de crianças por adultos segundo as entrevistadas não havia número
estipulado “era o quanto cabia”. Sobre exercer outra atividade durante o expediente elas
relataram que não, só cuidavam de crianças.
38
Pergunta: Como era o seu trabalho com as crianças? Que atividades eram desenvolvidas?
As crianças maiores de 3 a 6 anos ficavam brincando ao ar livre, não havia
sala para ficar, somente para dormir, não havia muitos brinquedos e os poucos que tinham era
quebrado então para elas não ficarem sem fazer nada levaram sacolas de supermercados, linha
e pegavam folhas de caderno da escola para fazer pipa. Isso quase todos os dias. Segundo
Cunha: “O brinquedo proporciona o aprender-fazendo e para ser melhor aproveitado é
conveniente que proporcione atividades dinâmicas e desafiadoras, que exijam participação
ativa da criança". (CUNHA, 2005, p.12).
Já as crianças de 0 a 2 anos tinham uma sala específica para ficar o dia
todo, porém, o que lhes era oferecido era somente o cuidar (alimentação, banho e amor).
Pergunta: Você acha que teve grandes mudanças depois que as creches passaram a ser
Centro de Educação Infantil. Quais?
As respostas foram positivas, antigamente não havia nem brinquedos, eram
criados muito soltos. Hoje tem muito material pedagógico, espaço físico, brinquedoteca,
brinquedos variados, livros e atividades dirigidas de acordo com a faixa etária. “Hoje tem
Pedagogia, muita pedagogia”.
Pergunta: Que fato levou sua saída da função que você exercia na creche?
Com a contratação dos educadores, fomos informadas que teríamos que
deixar o cargo e fomos redirecionadas para o serviço de limpeza a função fomos aprovadas
por concurso.
A grande maioria disse sim “amava cuidar de crianças”, “sinto muita falta
de cuidar delas”, porém uma disse que não gostava do que fazia, mas como tinha sido
colocada nessa função, fazia bem feito e com muita responsabilidade.
Pergunta: Qual era sua relação com as famílias das crianças com quem você trabalhava?
Todas disseram que a relação era de muito respeito, e gratidão por terem
onde deixar seus filhos em segurança para poder trabalhar.
Pergunta: Quantas Creches filantrópicas têm no Município hoje? Quantas tinham antes das
instalações dos CEMEI/s?
Hoje no Município, atuando, temos somente 3 creches filantrópicas, todas
dirigidas por entidades espiritas que são:
Irmã Elvira Centro de Educação Infantil, Associação Beneficente Irmão
Mariano Dias (Tio Quim) e Creche Irmã Ciana.
Antes das instalações dos CEMEI/s entre os anos de 1980 a 2000 eram 5
creches e pertenciam ao assistencialismo (Assistência Social)
Centro Espirita Maria de Nazaré. (Conhecida como Creche do Divaldinho),
Casa da Criança.
Irmã Elvira Centro de Educação Infantil, Associação Beneficente Irmão
Mariano Dias (Tio Quim) e Creche Irmã Ciana.
Pergunta: O Município tem programa de plano de cargos e carreiras como exige a LDB?
Sim, O funcionário que atua na educação contempla um plano de carreiras
com evoluções via acadêmica e não acadêmica.
Por via acadêmica o funcionário pode ter 2 evoluções com graduações na
área da educação, e 2 pós graduações também na área da educação essa evolução só ocorre
após o termino do estágio probatório.
Já na via não acadêmica o funcionário evolui a cada 5 anos com
apresentação de cursos de no máximo 180h cada um podendo apresentar até 600 horas de
cursos.
Pergunta: Há falta de vagas para crianças de 0 a 3 anos? O que está sendo feito para sanar
essa demanda?
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atendimento ocorre em creches para crianças (de 0 a 3 anos) de forma gratuita, mas não
obrigatória e pré-escolas (de 4 e 5 anos) gratuita e obrigatória.
Sendo assim a educação infantil de Votuporanga ao longo desses anos passou
grandes transformações e hoje conta com 18 CEMEIs e 1 EMEI e atende uma clientela de
1069 alunos, e conta com 175 educadores infantis que atuam nos CEMEIs todos com
formação específica no magistério (Pedagogia ou Magistério). Desenvolvem com as crianças,
trabalhos pedagógicos, o cuidar e o educar.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
KISHIMOTO, T. M. À Pré-Escola em São Paulo (1877 a 1940). São Paulo: Loyola, 1988.
PINTO, Aline. Cadê? Achou! Educar, Cuidar e Brincar na Ação Pedagógica da Creche.
1 ed. Curitiba: Positivo 2018.
ROCHA, Eloisa A.C; KRAMER, Sonia (orgs). Educação Infantil Enfoques em Diálogos. 2
ed. Campinas S.P: Papirus, 2011.
SPADA, Ana Corina Machado. Processo de Criação das Primeiras Creches Brasileiras e
seu Impacto sobre a Educação Infantil de Zero a Três Anos. Presidente Prudente.
UNESP, 2005. Disponível em:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/iG3tNqxQCLnBRLr_2013-6-
28-12-6-20.pdf. Acesso em 05.04.2019.