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FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUÍBA - FALC

ROSÂNGELA APARECIDA DE BRITO

ALGUNS ASPECTOS RELEVANTES PARA A EDUCAÇÃO


INFANTIL

CARAPICUÍBA-SP
DRACENA
2010
2

FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUÍBA - FALC


ROSÂNGELA APARECIDA DE BRITO

ALGUNS ASPECTOS RELEVANTES PARA A EDUCAÇÃO


INFANTIL

Monografia apresentada como exigência do curso


de Pós-Graduação em Educação Infantil para
obtenção do título em Educação Infantil sob a
orientação da Prfª Dalvina Vieira de Freitas.

DRACENA
2010
3

FICHA CATALOGRÁFICA

BRITO, Rosângela Aparecida de

Alguns aspectos relevantes para a Educação Infantil. FALC - Faculdade Da

Aldeia De Carapicuíba.

Orientação: Professora Dalvina Vieira de Freitas

Páginas:
Monografia apresentada como exigência do curso de Pós-Graduação

em EDUCAÇÃO INFANTIL para obtenção do título de Especialista

em Educação Infantil.

1. inovações: 2- ludicidade; 3- inclusão; 4-desenvolvimento


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ALGUNS ASPECTOS RELEVANTES PARA A EDUCAÇÃO


INFANTIL

ROSÂNGELA APARECIDA DE BRITO

APROVADA EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. João Tomaz.

COORDENADOR

Prof.Dr/Dn/Md/Mn. (João Tomaz).

PROFESSOR

Prof. Ms.

______________________

SUPLENTE
5

EPÍGRAFE

O mestre da vida antes de sua morte, semeou a coragem no


território do medo, semeou a sensibilidade no solo da
intolerância, semeou a mansidão no solo da ansiedade,
semeou o amor no solo da discriminação.

Augusto Cury (2007)


6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por estar comigo a todos os momentos, se revelando nas páginas
de um livro, na fala de um amigo, no sorriso de uma criança. Aos meus pais que
com a permissão divina me trouxeram ao mundo, me criando, me protegendo, me
ensinando o caminho do bem, sacrificando seus próprios sonhos para a realização
dos meus. Aos meus irmãos pelo carinho, estímulo e compreensão. Ao meu marido
Celso que me apóia em toda minha caminhada, incentivando minha capacidade.
7

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus pais por todo amor, dedicação e compreensão que me
tem destinado durante todos esses anos que me proponho a crescer em minha
profissão. A meu marido que tão pacientemente me ajuda e me apóia em minhas
almejadas conquistas.
8

Resumo
A presente pesquisa vem demonstrar alguns avanços percorridos pela educação da
primeira infância até os dias atuais, apontando breve histórico desde quando a
criança era vista como miniatura do adulto, até a necessidade de uma educação
voltada a ela. Mostra também a importância da ludicidade na pré-escola e pontos
necessários que a mesma possa contribuir para o desenvolvimento da criança na
faixa etária de zero a seis anos, de maneira a propiciar sua interação com o meio
que a cerca, socializando, compreendendo regras, ensinando a lidar com
sentimentos, resolvendo conflitos, por meio da imaginação, faz-de-conta e a
criatividade. A inclusão dos portadores de necessidades especiais também é
apontada aqui como aspecto relevante, apresentando assim a caminhada que o
deficiente vem trilhando desde a antiga Grécia até as conquistas contemporâneas,
como novo paradigma social e educacional, visando uma sociedade mais justa e
democrática, caminhando então para a verdadeira inclusão de crianças no ensino
regular, independentemente das suas condições de aprendizagem.

Palavras – Chave: inovações: ludicidade; inclusão; desenvolvimento.


9

ABSTRACT

The present research comes to demonstrate some advances covered for the
education of first infancy, until the current days, pointing soon historical since when
the child she was seen as miniature of the adult, until the necessity of a come back
education it. It also shows to the importance of the ludicidade in the daily pay-school
and necessary points that the same one can contribute for the development of the
child in the etária band of zero the six years in way to propitiate its interaction with
the way that the fence, socializing, understanding rules, teaching to deal with
feelings, deciding conflicts, by means of the imagination, make-of-counts and the
creativity. The inclusion of the special carriers of necessities also is pointed here as
excellent aspect, thus presenting the walked one that the deficient one comes
treading since old Greece until the conquests contemporaries, as new social and
educational paradigm, aiming at a society more democratic joust and, walking then
with respect to the true inclusion of children in regular education, independently of its
conditions of learning.

Words - Key: innovations: ludicidade; inclusion; development


10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................11

OBJETIVOS GERAIS................................................................................................12

OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................................12

METODOLOGIA........................................................................................................12

HIPÓTESES...............................................................................................................13

CAPÍTULO I - Origens da Educação Infantil.........................................................14

CAPÍTULO II – A Ludicidade.....................................................................................17

2.1 A Literatura vista como brincadeira................................................................20

2.2 O papel da Brincadeira na Interação..............................................................22

2.3 A Ludicidade Auxiliadora.................................................................................23

2.3.1 Sexualidade......................................................................................................23

2.3.2 Brincando com a Música................................................................................24

2.3.3 Brincando com a arte......................................................................................27

CAPÍTULO III – Inclusão...........................................................................................29

3.1 Marcos Históricos..............................................................................................29

3.2 Inclusões no Ensino regular.............................................................................31

CONCLUSO............................................................................................................35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................38
11

INTRODUÇÃO

A pesquisa a seguir originou-se da necessidade de maior conhecimento no


que diz respeito a alguns aspectos de grande relevância no trato com a educação
infantil, já que existe atualmente um novo olhar destinado à educação na primeira
infância.
Dentre os muitos assuntos pesquisados e estudados sobre a educação na
primeira infância, foram selecionados no primeiro capítulo deste trabalho alguns
avanços que a Educação Infantil vem sofrendo desde que não era considerada
necessária para o desenvolvimento da criança.
Partindo da real necessidade do atendimento das crianças de zero a seis
anos em creches e pré-escolas, no segundo capítulo iniciou-se a investigação sobre
alguns procedimentos metodológicos e estratégias que educadores desenvolvem
nesta área em se tratando da ludicidade.
Considerando que a brincadeira, a imaginação, o faz-de-conta e os jogos são
inerentes a infância, o estudo percorreu buscando aliados que podem ajudar no
desenvolvimento da criança através da atividade lúdica, mostrando que a literatura
infantil exerce importante papel no mundo imaginativo da criança, despertando a
leitura de maneira prazerosa.
Atendendo o caráter socializador presente na Educação infantil, a pesquisa
revela que brincadeiras e jogos assumem importante papel no processo de interação
da criança com o meio que a cerca.
A ludicidade pode estar auxiliando o educador no que diz respeito a
sexualidade, podendo se apoderar de jogos e brincadeiras para mostrar as
diferenças entre meninos e meninas. Encerrando o assunto lúdico é apontado que
também a música na Educação Infantil exerce forte ligação com o brincar,
mostrando que a ligação da criança com a mesma vem desde seu nascimento,
sendo ela uma arte apresentada como função simbólica.
Já no terceiro capítulo o trabalho parte para um fato que vem adentrando os
muros escolares causando grande desafio ao profissional de educação, que é a
inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. No decorrer do capítulo
é apontado um breve histórico da exclusão destas crianças desde a antiga Grécia
até os dias atuais.
12

A educação inclusiva que muito se fala atualmente é um processo complexo


que envolve a realização de transformações necessárias não somente para receber
esse aluno, como também para mantê-lo no ambiente escolar buscando cumprir a
tão almejada “educação direito de todos”, para atender o verdadeiro exercício de
cidadania.
A pesquisa tem por objetivo maior conhecimento dos caminhos que a
educação infantil vem trilhando nos últimos tempos, demonstrando também entre
muitos, alguns aspectos relevantes no trabalho com a mesma, apontando entre eles
o brincar como auxílio socializador e pedagógico e a necessidade de melhor
conhecer os aspectos inclusivos de portadores de necessidades especiais no ensino
comum.
Pretende-se com a pesquisa a conscientização de um ensino pautado na
consideração da idade da criança e seu mundo de imaginação, trazendo-a para o
espaço escolar de forma mais prazerosa e eficaz, independentemente do seu grau
de aprendizagem, numa instituição que atenda a todos respeitando suas
singularidades.

OBJETIVO GERAL

Apresentar estudos sobre a origem da Educação de crianças de zero a seis


anos de idade, sobre a importância do lúdico no desenvolvimento dessas crianças e
sobre a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais no ensino
regular.

OBJETIVOS EXPECÍFICOS

1 - Conhecer a origem da educação infantil

2 - Que contribuições a brincadeira e o faz de conta pode proporcionar no


desenvolvimento das crianças na educação infantil

4 – Entender melhor o processo de inclusão de portadores de necessidades


especiais no ensino regular

METODOLOGIA
13

A presente pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa que busca melhor


entender a origem da educação Infantil e as leis que a determinam, analisando
também a utilização do lúdico no desenvolvimento integral de crianças de zero a
seis anos. Julgando importante é apresentada a caminhada do portador de
necessidades especiais no ensino regular e a necessidade da inclusão no ensino
regular iniciando na Educação Infantil. Mostra a seleção, leitura e fichamento das
obras de alguns autores que comungam da mesma opinião e entre eles estão o
Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil (RCNEI) (1998), WALLON
(2007), MACEDO (2007), CARDOSO (2006), MANTOAN (2006) e VIANA (2007).
Pesquisa esta que tem por objetivo conhecer um pouco da origem da educação na
infância, buscando aspectos relevantes na contemporaneidade.
Atualmente a educação vem passando por processos de mudanças
significativas que tem mudado o cenário do ensino-aprendizagem, é por considerar
os avanços e por tentar entendê-los melhor que esta pesquisa foi realizada.

HIPÓTESES

Pretende-se com esta pesquisa melhor conhecer através da história a


maneira que a criança foi vista e entendida através dos tempos e como iniciou a
Educação da primeira infância. Levando em conta que o lúdico é uma forma de
contribuir para a formação de atitudes sociais e construção do conhecimento, o
trabalho tem como hipótese conscientizar o educador que a ludicidade é poderosa
arma para o desenvolvimento na primeira infância.
Outro aspecto relevante apontado na pesquisa é a inclusão de portadores de
necessidades especiais na educação que objetiva conscientizar o educador infantil a
estar aberto as mudanças atuais e a aceitação e investigação no que diz respeito à
diversidade, atualmente bastante considerada e respeitada.
Tem-se como hipótese também que os estudos apresentados contribua para
a luta inclusiva que embora assuste o professor e a comunidade escolar em sua
exigência de mudanças de atitudes e hábitos, cause uma reflexão e reconhecimento
de que esta é uma forma de garantir a vida com base na igualdade e respeito às
diferença.
14

CAPÍTULO I

Origens da Educação Infantil

A educação infantil no Brasil tem registrado muitos avanços nos últimos anos,
pois atualmente a sociedade vem se conscientizando quanto à importância das
experiências na primeira infância.
Através dos tempos a infância tem passado por várias interpretações. Ariés
(1981) relata algumas concepções que destinou a ela, dizendo que as crianças eram
vistas como miniadultos; brincavam caçando pássaros; cuidar dos bebês era tarefa
somente das mulheres; o adulto administrava e selecionava o conhecimento da
criança; os bebês eram enrolados e imóveis.
Devido ao modelo familiar atual muitas coisas mudaram. Pai e mãe dividem
as responsabilidades tanto do sustento familiar, quanto do cuidado com os filhos, o
quadro muda quando são separados ou solteiros, tendo sobre eles a
responsabilidade de cuidar sozinhos.
A demanda pelo atendimento a um maior número de crianças de zero a seis
anos vem crescendo em nossa sociedade. Quem sabe resultante das grandes
transformações socioeconômicas e culturais da estrutura familiar, devido ao fato de
que pais, mães ou responsáveis saem de casa para o trabalho, acaba gerando a
busca por novas formas de desenvolvimento do convívio social da criança com o
cuidado e a educação fora de seus lares.
De acordo com Silva (2006) há pouco tempo atrás a psicologia partia da idéia
de que a criança nos primeiros anos de vida só teria um bom desenvolvimento em
meio a família e preferencialmente com os cuidados da mãe, as instituições ficavam
para as famílias que não tinham condições de cuidar de seus filhos. Com essa
maneira de pensar acreditava-se que a criança não era ainda capaz de interagir com
as demais.
Bedin (2005) comenta que a criança é parte de uma sociedade em movimento
e vai se adaptando a responsabilidades de cuidados dos seus futuros cidadãos e
salientando que:
Hoje tem-se uma nova concepção de infância, que vai variar de acordo com
a época, os valores e o lugar; uma infância que tem de ser respeitada em
seus interesses e curiosidades, que deve brincar muito e desenvolver seu
potencial; uma infância que deve ser apresentada para o mundo com olhar
de criança, isto é, curiosa, carinhosa e capaz (BEDIN, 2005. p. 11).
15

Acredita-se hoje que a criança tem seu potencial de desenvolvimento e que é


preciso respeitá-la, valorizando suas vontades.
Voltando em Silva (2006), um aumento de experiências inovadoras levadas
pelas atuais concepções, tem provocado cada vez mais programas alternativos na
Educação infantil envolvendo a criança pequena, os profissionais e os pais, com o
intuito de criar espaços coletivos para a educação das mesmas na função de cuidar
com qualidade e educá-las para o exercício da cidadania e autonomia.
Desta forma para que haja atendimento para crianças de 0 a 6 anos, a
Constituição Federal de 1988 a reconheceu, a partir daí a educação infantil passou a
ser considerada do ponto de vista legal “um dever do Estado e um direito da criança
(artigo 208, inciso IV)” (BRASIL 1988, p. 11).
Silva (2006) ressalta a contribuição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB) de dezembro de 1996 nº 9.394, definindo entre outras coisas que a Educação
Infantil deve visar o “desenvolvimento integral das crianças de seis anos de idade no
aspecto físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da
comunidade (art.29)” (ibid. p. 185). Assim a LDB valoriza as atividades
desenvolvidas nas creches e pré-escolas, por meio do cuidado com a educação.
A Educação Infantil passa a ser reconhecida no sistema de ensino, integrada
no sistema municipal ou estadual. Embora a instituição educativa não possa
substituir a educação familiar, poderá complementá-la, necessitando assim, de um
bom relacionamento entre a família e a instituição, pois sem esta aliança não será
possível promover o desenvolvimento integral da criança.
O Ministério da Educação e do Desporto elaborou o RCNEI, atendendo a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (Lei nº 9.394/96) que
estabeleceu a educação infantil como primeira etapa da educação básica.

O Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI) é um documento


oficial (COEDI-MEC, 1998). Contém um capítulo introdutório que apresenta
concepções e princípios sobre desenvolvimento e educação infantil. Na
segunda parte, o Referencial apresenta o brincar, a identidade e o meio
como determinantes das interações humanas. No final, os autores optaram
por indicar as bases que asseguram a construção de uma proposta
pedagógica para cada faixa etária (SILVA, 2006, p. 191)

O RCNEI apresenta orientações pedagógicas que norteiam o profissional de


educação infantil, contribuindo para a implantação de práticas educativas de maior
qualidade, com o intuito de melhorar as condições necessárias para o exercício da
16

cidadania. De acordo com ele o atendimento as crianças de zero a seis anos tanto
no Brasil quanto no mundo tem apresentado divergências em sua finalidade social,
pois a maioria das instituições para atendimento de criança nessa faixa etária eram
criadas para atender somente as crianças de baixa renda, estigmatizando assim os
mais pobres, seleção esta que apresentava critérios excludentes. Não se levava em
conta as questões de cidadania, eram marcadas por características
assistencialistas.

Assim o grande desafio da educação infantil é compreender, conhecer e


reconhecer a particularidade de ser e estar no mundo, respeitando a singularidade
de cada criança.
Modificar essa concepção de educação assistencialista significa atentar
para várias questões que vão muito além dos aspectos legais. Envolve,
principalmente, assumir as especificidades da educação infantil e rever
concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, as
responsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante das crianças
pequenas (BRASI, 1988, p. 17).

Entende-se então que a criança faz parte de uma família inserida numa
sociedade com uma determinada cultura em um momento histórico e tanto é
marcada pelo meio em que vive como deixa marcas também. Assim pode se afirmar
que a construção do seu conhecimento está nas interações que estabelece com as
pessoas e com o meio em que as rodeia. Educar e cuidar também é papel da
educação infantil, que envolve proporcionar situações de cuidados, nas relações
envolvendo afetividade e cuidados com aspectos biológicos do corpo, alimentação e
saúde, auxiliando a criança no desenvolvimento das capacidades de apropriar
conhecimentos das “potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e
éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis
(BRASIL. p. 23).
17

CAPÍTULO II

A Ludicidade

O simbólico deve estar presente na educação de crianças de zero a seis


anos, pois o brincar é peça fundamental para desenvolver sua aprendizagem,
brincando que a criança recria aquilo que já vivenciou e estabiliza outras esferas do
conhecimento por meio de atividades espontâneas, imaginativas e prazerosas. Lima
(2007) clarifica a importância do brincar:

Na brincadeira, a criança atua, representa papéis e elabora o que virá a ser


no futuro. Utilizando o imaginário no tempo real, a criança opera conjugando
e transformando três tempos: antecipa o futuro, personifica o passado e
transforma o presente. Efetiva, assim, o registro de três espaços: o
simbólico, o real e o imaginário, ou seja, brincando a criança sai do
imaginário, passa pelo simbólico e se expressa no real (LIMA, 2007, p. 8).

Percebe-se que o brincar auxilia a criança de maneira progressiva em suas


aquisições de forma criativa, quando ela interioriza modelos de adultos, está se
constituindo. É fundamental que a criança tenha tempo e espaço para brincar,
passando a expressar sua imaginação e fantasia. A capacidade de desafio que o
jogo apresenta fará com que os participantes reorganizem seus referenciais e
construa novas idéias. O material oferecido deve ser afirmativo em problematização,
subsídios e contradições. Assim Bedin (2005) salienta:
Sabendo que cada criança possui sua individualidade, seu ritmo, enfim, sua
singularidade, o espaço que ela freqüenta deverá ser composto de
elementos que façam da escola um lugar que ofereça a oportunidade de
desenvolverem sua individualidade, personalizando seu ambiente, fazendo
dele um local recheado de experiências significativas para o seu
desenvolvimento (BEDIN, 2005, p. 15).

Segundo a autora a educação infantil deve ser vista como a oportunidade de


uma nova infância, levando em conta que cada vez mais os pais necessitam
trabalhar, é na escola ou na creche que a criança vai passar a maior parte do tempo.
Assim, o espaço escolar deve se preocupar em cuidar e educar, no qual um
depende do outro em sua totalidade.
De acordo com Costa et aL. (2006), a criança por volta de um ano de idade
“Re-apresenta” cenas já observadas ou vivenciadas. Esta é uma forma de explorar o
18

que já viu, buscando compreender como as coisas se dão, se apropriando do


ocorrido e internalizando, tornando o que vivenciou em coisas suas, ou seja,
recriando a sua maneira.
Apenas a criança humana é capaz desse feito. Outros animaizinhos não. É
a capacidade simbólica humana, sua capacidade única de fala, a qual é
construída nos diálogos estabelecidos pela mãe ou familiares, desde o início
da vida. O “fazer de conta que uma coisa é outra” torna-a capaz de
transformar um pedaço de pau em um cavalo de montar, em uma
espingarda ou ainda em uma boneca que ela enrola em um pano e embala,
para dormir (COSTA et aL 2006 p. 100).

Assim, brincando a criança consegue atribuir várias funções a um objeto,


desenvolvendo a fantasia e a criatividade, enriquecendo seu universo de faz de
conta.
Para a autora o adulto também imita o bebê, muitas vezes sem perceber,
quando abre a boca ao alimentá-lo, quando repete seus balbucios, mostrando um
diálogo com a criança. Comenta que o faz-de-conta é para a vida inteira, pois
quantas vezes o adulto faz de conta que já realizou algum sonho.
Wallon (2007) detalha a brincadeira tem três estágios: puramente funcionais;
de ficção e de aquisição e de fabricação. O primeiro apresenta a busca de efeitos,
como movimentos de braços, pernas, dedos, tocar objetos, produzir ruídos; e o
segundo estágio de ficção que é o faz-de-conta o autor exemplifica o brincar de
boneca, o cavalo de vassoura entre outras. Nas brincadeiras de aquisição a criança
olha e escuta tudo para perceber e compreender. Já no estágio de fabricação
prende-se em combinar e juntar objetos para modificá-los e transformá-los.
Klisys (2007) fala dos brinquedos de sua preferência:
Criança tem mesmo uma mania saudável de inventar, tirar leite de pedra ou
boneca de leite. Boneca de leite? Sim, era minha boneca preferida! Adorava
ir à padaria buscar leite. Pelo caminho, vinha ninando meu bebê saquinho
de leite, embrulhado naquelas folhas-cetim. E lavar o bebê na pia e enxugar
no pano de prato. Era o máximo! Pena que nunca podia ficar brincando com
o saquinho de leite por muito tempo, afinal para adulto... ”Larga isso! Tá
pensando que é brinquedo?” Ué? Para mim era. E já não se fazem mais
brinquedos como antigamente... (KLISYS, 2007, p. 27).

Segundo Klisys (2007) transformar o impossível no possível, é uma grande


aprendizagem para a vida. Acrescenta que a brincadeira, ao contrário do que se
imagina não é espontânea, ela tem como referência a cultura e cita que brincar de
boneca não é manifestação de instinto materno nas meninas e sim reprodução das
relações sociais existentes na cultura. Falando de outro modo, a criança está
acostumada a ver somente a mãe cuidar do bebê e a partir do momento que essa
19

divisão for compartilhada com a figura masculina, será comum que meninos
participem também desta brincadeira.
O faz-de-conta ou jogo simbólico é caracterizado pela capacidade que
desenvolvemos de representar, que origina do pensamento imaginativo que habita
dentro do indivíduo que aposta na possibilidade de ser, ter e viver o que pretende.
É necessário então, que o educador propicie ambientes que não sejam
somente físicos, mas cultural também, para a realização do jogo simbólico, com
espaços flexíveis para que se transforme em tantos quantos a imaginação da
criança seja capaz de inventar.
Macedo (2007) comenta que a brincadeira e o jogo é uma forma de fazer com
que a criança aprenda e se desenvolva e não tem importância que ela não saiba
disso. Acrescenta que brincar e jogar pede repetição, pois encanta e dá prazer,
agrada o corpo e o pensamento e até mesmo quando sente medo a criança suporta
porque tem sentido, tem interesse e desta forma aprendem a identificar informações
nas coisas e em si mesmos,, reconhecendo o que é ou não agradável, variando
experiências, combinando-as de várias formas.
O autor salienta que quando a criança recombina e inventa ela cria
representações:
Quando brincam de casinha, as crianças vivem a experiência de reconstruir
o cotidiano e simbolizar a vida. Graças a isso, podem suportar ou
compreender os tempos que a mãe, por exemplo, fica longe delas.
Representar, mesmo num contexto de faz-de-conta, supõe envolvimento. O
representado não está fisicamente aqui, mas simbolicamente sim. Envolver-
se é relacionar-se com as coisas de muitos modos. E inventar situações
mediadas por pensamentos e histórias construídas na brincadeira. È estar
entre, fora, longe, perto, acima, abaixo, é construir simbolicamente um modo
de imitar, jogar, sonhar, comunicar e falar com o mundo, inventando uma
história nos limites das possibilidades e necessidades (MACEDO, 2007 p.
31).

Assim é possível perceber que de acordo com suas necessidades a criança


cria momentos em suas brincadeiras que possam até confortá-la na ausência de um
ente querido e compreender a distância.
Quando se observa crianças brincando é comum se deparar com o faz-de-
conta, atribuindo a objetos diversas funções. Costa (2006) atenta para a importância
do faz-de-conta, que permite que a criança transforme uma coisa em outra,
ocasionando o desenvolvimento da criatividade, da fantasia e quanto maior
experiências diferentes, mais rico será seu universo de faz-de-conta.
20

Brincando, a criança entra no mundo imaginário onde ela é a autora do seu


script. Quando diz: “Faz de conta que sou o motorista”, ela passa a ser o
motorista naquele momento. Ela pode entrar na fantasia, experimentar
outros papéis, criar outros temas e cenários. Mas ela sabe que ela é uma
criança e não um motorista. Na hora em que ela acabar a brincadeira, ela
volta à realidade (COSTA 2006, p. 101).

Brincando então a criança vai dominando o mundo e compreendendo o que


acontece ao seu redor. Também o medo, as emoções são trabalhadas no faz-de-
conta e a autora comenta que brincando a criança possibilita seu processo de
socialização.
Moyles (2009) comenta que a pedagogia da criança é a pedagogia do brincar
e possui como elementos o “brincar espontâneo, o aprender brincando, o ensinar
brincando as intenções curriculares, a avaliação e as reflexões dos profissionais”
(ibid. p. 20). A brincadeira exerce controle sobre a criança e ao mesmo tempo é ela
que o conduz e o mantém, permitindo a criatividade e a imaginação.
Cabe então ao professor um observar interessado, interagindo,
disponibilizando recursos para que o brincar tenha perspectiva do desenvolvimento
da criança por meio de recursos divertidos e prazerosos.

2.1 A literatura vista como brincadeira

O professor de Educação infantil sabe que um grande aliado na atividade


lúdica para despertar a imaginação é a literatura. Cardoso (2006) chama a atenção
para o fato de que é comum encontrar um adulto brincando com as crianças
utilizando-se da fala. “Olha o bicho papão! Corre que ele vai te pegar!?” (ibid. p. 7).
Declara então, que tanto o bicho papão quanto a bruxa malvada, princesas,
príncipes entre outros estão presentes na literatura com o intuito de melhor
desenvolver a criança.
De acordo com Bonamigo (1992, apud Cardoso 2006), ensinar as crianças a
cantarem cantigas, ler histórias, poesias e contos, possibilita o desenvolvimento da
percepção auditiva; os livros coloridos, emborrachados, teatros de fantoches quando
oferecidos para os bebês, desperta a percepção visual e tátil; cantar em diferentes
momentos para nenéns desenvolverá a percepção temporal.
Percebe-se a importância de contar histórias, pois através delas a criança a
criança vai se familiarizando com novas palavras, locais, fatos históricos, datas entre
outros conhecimentos que de maneira interdisciplinar a criança poderá se socializar
21

oportunizando seu aprendizado. Parece que estes são atos espontâneos que se
pratica sem saber sua real importância.
Muitos pais e educadores realizam estas atividades citadas, empiricamente,
sem saber que as mesmas estão fundamentadas em concepções teóricas
da educação que defendem a literatura inserida no lúdico. Essas atividades
auxiliam o desenvolvimento no aspecto cognitivo, na aquisição da
linguagem oral e na socialização, na construção de regras e limites na
relação com o outro e, sobretudo, no aspecto afetivo que trabalha com o
vínculo e a constituição do sujeito (CARDOSO, 2006, p. 7).

Não somente os pais como também professores muitas vezes não se dão
conta de que a literatura está entrelaçada com o lúdico. Nota-se no comentário de
Elias José (1987 apud Cardoso 2006):

Poucos pais, educadores e dirigentes políticos tiveram a capacidade de


perceber essa força de brinquedo que o livro tem. Quase não há livros nos
berços, nos parques, nos consultórios de pediatras e dentistas para as
crianças, nas casas, nas escolas e nas cidades (CARDOSO, 2006, p. 8).

É natural que quando se fala em brincar o que vem na mente são os jogos,
parquinhos, brinquedos, mas, com a fala do autor acima se percebe que o universo
da brincadeira vai além do que se possa imaginar. Escutar e ver histórias também
provoca prazer e o brincar nada mais é do que um ato prazeroso, cabendo então ao
educador buscar caminhos no grande universo da brincadeira, tirando proveito de
tudo que possa ocasionar o desenvolvimento da criança.
Cardoso (2006) salienta que a leitura é vista como um segmento da
alfabetização, encarando-a como lição, tarefa; mentalidade essa que necessita ser
mudada. “A literatura é momento de trégua, pausa, após obrigações passadas. É
instante de sonhos, de vôo, de rir, de brincar e facilita a travessia” (ibid. p. 8).
Encarada dessa forma fazer literatura então, não é somente um momento de
aprendizagem, mas também de prazer, de diversão.
Considerando a fala dos autores, a literatura é um meio de brincar com
palavras e figuras, propiciando rica fonte de imaginação, transportando a criança
para uma viagem de palavras, culturas e épocas diferentes da qual está
acostumada. Também são de grande relevância as estratégias que o contador de
histórias deve lançar mão e Cardoso (2006) aconselha que ao ler uma história é
necessário uma leitura prévia para se familiarizar com o texto, evitando insegurança
e palavras desconhecidas. Buscar destacar momentos mais significativos e
22

elementos mais importantes; transmitir entusiasmo e confiança ao narrar e


dramatizar; demonstrar paixão, envolvimento, encantamento e permitir que a criança
participe da história.

2.2 O papel da brincadeira na interação

Também Moyles (2009) defende o brincar como parte fundamental do


desenvolvimento na criança, onde correndo riscos ela aprende a resolver problemas
e aperfeiçoar sua compreensão. Desta forma os programas de Educação Infantil
devem priorizar as atividades lúdicas como princípio de aprendizagem.
Chama a atenção também para o fato de que o educador necessita
diferenciar intervenção de interação, deixando claro que interagir na brincadeira da
criança não pode ser de maneira invasiva e sim com o intuito de estimular a
compreensão. Já intervir só se faz necessário quando for para garantir a segurança
das mesmas. Para Moyles (2009) deve se aproveitar o potencial educativo do ato de
brincar.
É essencial conhecer o máximo possível sobre as crianças e suas
experiências anteriores, sua cultura e sua linguagem. Observar e ouvir a
criança para descobrir no que ela esta prestando atenção ou no que está
interessada e, de vez em quando, fornecer determinados recursos ou criar
um contexto para sustentar esses interesses são formas mediante as quais
os adultos podem “ensinar” através do brincar (MOYLES, 2009, p. 19).

É fundamental então que o educador disponha de tempo para observar e


conversar com a criança sobre o que ela está pretendendo quando brinca a fim de
melhor conhecer seu aluno com o intuito de ampliar e desenvolver suas habilidades
A educação infantil deve cumprir um caráter socializador, propiciando o
desenvolvimento da identidade da criança por meio de um grande arsenal de
atividades em um ambiente de interação. Também estar comprometida em
identificar a prioridade de suas necessidades, atendendo-as de forma adequada, por
meio de vínculos solidários. A interação também é fator relevante na educação
infantil, desta forma cabe ao professor propiciar situações de atividades que
busquem a troca entre as crianças, de maneira que possam expressar-se
demonstrando seu modo de agir, de pensar, de sentir. O RCNEI defende a
interação:
Propiciar a interação quer dizer, portanto, considerar que as diferentes
formas de sentir, expressar e comunicar a realidade pelas crianças resultam
em respostas diversas que são trocadas entre elas e que garantem parte
23

significativas de suas aprendizagens. Uma das formas de propiciar essa


troca é a socialização de suas descobertas, quando o professor organiza as
situações para que as crianças compartilhem seus percursos individuais na
elaboração dos diferentes trabalhos realizados (BRASIL, 1998, p. 31).

Nota-se que é por meio da interação com os colegas que a criança encontra
conflitos e negociações sentimentais que serão de grande enriquecimento para o
seu desenvolvimento, oportunizando a sua socialização. É então através da
interação com seus pares que a criança consolida e constrói suas concepções por
meio de suas experiências, ampliando seu conhecimento.
Para Martin (2007), a forma mais comum de implantar a interação é
trabalhar em grupos no dia-a-dia, desde que se permita conversas e trocas entre as
crianças, de forma que o conhecimento seja descentralizado do professor,
permitindo que a criança possa construir seu próprio conhecimento intermediado
pelo outro.
As interações sociais para o autor são feitas através do contato com o maior
número de pessoas e o professor deve ampliar o conhecimento das crianças
partindo do que elas já sabem.
Nesse contexto, a troca entre pares de mesma idade é essencial, pois
ambos possuem interesses, conhecimentos e necessidades muito
semelhantes. Em termos de comportamento, os pequenos se tornam mais
solidários e respeitosos ao trabalhar em conjunto nas atividades propostas
pelo professor de pré-escola. Eles aprendem a pedir e receber ajuda a
superar frustrações e a desenvolver um pensamento comum para resolver
questões do dia-a-dia (MARTIN, 2007, p. 23).

O professor então deve assumir o papel de estimulador, coordenador das


tarefas, observando e apoiando as crianças a trabalharem e pensarem juntas, de
maneira cooperativa para que ocorra a interação entre elas e seus pares.
De acordo com o RCNEI a grande variedade de brinquedos facilita a
comunicação e a interação entre as crianças e ocorre com privilégio no faz-de-conta.

2.3 Ludicidade Auxiliadora

Em SANTOS (1997), pode-se constatar pontos importante onde o jogo pode


atuar como auxiliador em sala de aula como:

2.3.1 Sexualidade
24

Existem diferentes maneiras de se definir a sexualidade, podendo ser o


conjunto dos fenômenos da vida sexual como explica o dicionário, ou fatores que
envolvem as diferenças sociais entre o sexo feminino e o masculino.
Segundo SILVEIRA (apud SANTOS 1997), a sexualidade:

Pode ser considerado um nome que se pode dar a um dispositivo histórico:


não à realidade subterrânea que se aprende com dificuldade, mas à grande
rede de superfície, em que a estimulação dos corpos, a intensificação dos
prazeres, a incitação ao discurso, a formação dos conhecimentos, o reforço
dos controles e das resistências encadeiam-se uns aos outros segundo
algumas grandes estratégias de saber e poder (ibid p.29).

Percebem-se diferentes enfoques na definição da sexualidade e a escola


deve ser um espaço para tratar deste assunto. Segundo a autora o professor de
educação infantil deve ser capacitado para identificar e saber se comportar diante os
assuntos ligados ao sexo.
E é ai que o jogo pode ser um grande aliado do professor, desde que se crie
um ambiente de descontração, onde a liberdade de expressão possa ser gerada.
Salienta ainda que o jogo não deve ser o único recurso para lidar com o tema
sexualidade, mas pode servir como introdutor ou atividade final, o que permitirá a
avaliação dos conhecimentos e o posicionamento dos alunos.

2.3.2 Brincado com a Música

O brincar é apresentado de muitas formas na educação infantil.


A música na educação infantil mantém forte ligação com o brincar. Em
algumas línguas, como no inglês (to play) e no francês (jouer), por exemplo,
usa-se o mesmo verbo para indicar tanto as ações de brincar quanto as de
tocar música. Em todas as culturas as crianças brincam com a música
(BRASIL, 1998, v.3, p. 70).

Trabalhar as estruturas e formas musicais é uma forma de estabelecer


contato consigo mesmo e com o outro. Desde muito cedo a criança é envolvida com
a música, nos cânticos de acalanto, nos de animação à criança, nas parlendas, nas
canções de roda, nas adivinhas entre outras.
A pré-escola pode-se apropriar das parlendas como trava-linguas (pronúncia
difícil), as mnemônicas (uma, duna, tena...) fixando número ou nomes; as
brincadeiras de roda (poesia, música, dança) influências de várias culturas. Tudo
isso são jogos que possibilitam a questões ligadas às características dos sons, o
25

silêncio e a música, permitindo o desenvolvimento de habilidades, atitudes e


conceitos da linguagem musical.
Quanto mais ricas de estímulos forem às situações que a criança
experimenta no dia a dia, maior será sua fonte de conhecimento. Também Chiarelli e
Barreto (2005) defendem a importância da música para o desenvolvimento
cognitivo/lingüístico dos sentidos, pois trabalhar com o som melhora a acuidade
auditiva; gestos e danças desenvolvem a coordenação motora e a atenção;
cantando a criança desenvolve suas capacidades e estabelece relações com o
meio.
No desenvolvimento psicomotor atividades musicais aprimoram as
habilidades motoras e a formação do equilíbrio no sistema nervoso, agindo sobre a
mente, o que favorece a descarga emocional, a reação motora, de maneira que
alivia as tensões. As autoras salientam que cânticos, gestos, danças, palmas,
desenvolvem o senso rítmico e a coordenação motora que favorecem a aquisição da
leitura e escrita.
Já no desenvolvimento sócio-afetivo segundo Chiarelli e Barreto (2005) as
atividades musicais coletivas ajudam a desenvolver a socialização, a compreensão,
participação e a cooperação. Assim a criança aprende a conviver em grupo,
liberando emoções, adquirindo sentimento de segurança e auto-realização.
Mársico (1982, apud Chialrelli e Barreto, 2005) comentam que atualmente
tem diminuído as possibilidades de desenvolvimento auditivo, devido ao excesso de
ruídos com os quais se convive, por isso é de fundamental importância o trabalho de
musicalização, oportunizando a criança a ouvir com atenção de maneira que
identifique diferentes fontes sonoras.
Nogueira (2003) valoriza a música de tal forma, salientando que até o bebê,
ainda no útero materno, desenvolve reações aos estímulos da música e acredita
também que ela potencializa a aprendizagem cognitiva, agindo no raciocino lógico,
na memória, no espaço e no raciocínio abstrato. Defende a música como fator
importante para a afetividade humana.
Parece que mesmo sem os estudos científicos, a humanidade se utiliza do
som para o trato com as crianças. Nogueira (2003) relata:

Nossas avós também já sabiam que colocar um bebê do lado esquerdo,


junto ao peito, o deixa mais calmo. A explicação científica é que nessa
posição ele sente as batidas do coração de que o está segurando, o que
26

remete ao que ele ouvia ainda no útero, isto é, o coração da mãe. Além
disso, a eficácia das canções de ninar é prova de que a música e afeto se
unem em uma mágica alquimia para a criança. Muitas vezes, mesmo já
adultos, nossas melhores lembranças de situação de acolhimento e carinho
dizem respeito as nossas memórias musicais. Já presenciamos vivências
em grupos de professores que, a princípio, não apresentavam memória na
sua primeira infância. Ao ouvirem certos acalantos, contudo, emocionaram-
se e passaram a relatar situações acontecidas a muito tempo, depois
confirmadas por suas mães (NOGUEIRA, 2003, p. 3).

Como se vê a musica está presente em nossa vida desde a mais tenra idade,
daí a considerar que é necessário o trabalho nesse aspecto na Educação Infantil.
Como diz a autora à música deve estar: “ao lado da linguagem oral e escrita, do
movimento, das artes visuais, da matemática e das ciências humanas” (ibid. p. 3).
Chiarelli e Barreto (2005) apontam que a música, além de contribuir para um
ambiente alegre com mais receptividade aos alunos, também funciona como
calmante após as atividades, diminuindo a tensão e entre outros comentam que:

As atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de


músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical,
propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de
emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral
do ser (ibid. p.3).

Considerando a fala dos autores que comungam da mesma idéia de que a


musicalização é importante para o desenvolvimento da criança, percebe-se que a
música deve estar presente nas atividades rotineiras, vinculadas a qualquer projeto
que a escola esteja realizando, de forma a contribuir para a formação da criança.
Lima (2009) fala que a arte é uma atividade realizada na maioria das vezes
por adultos, mas que na verdade é comportamento inerente à infância e dentre ela
destaca a música, que envolve ritmo e melodia por meio de instrumentos ou pela
voz, podendo acompanhar muitas atividades, de maneira a educar os sentidos e a
atenção, gerando maior percepção, ativando assim, as memórias necessárias para
aprender os conhecimentos escolares. Encarada assim, a música é um exercício de
função simbólica.
Souza (2009) também defende o trabalho com a música como grande aliado
ao processo educativo e ao analisar a fala da professora Esther Beyer que
desenvolve um projeto de música para bebês na Universidade Federal do Rio
Grande do sul (UFRGS), desde 1999, comenta que depois das aulas as crianças
balbuciam mais, desenvolvem melhor a motricidade, caminham e falam mais cedo,
27

antecipando sua compreensão no que diz respeito a regras, limites e horários


estabelecidos para atividades.
Segundo a autora a professora conta que muitos médicos pediatras e
neurologistas recomendam o projeto, citando que um bebê com deficiência visual,
após um mês participando do mesmo, apresentou progresso na visualização, por
meio da percepção. Também uma criança com Síndrome de Down apresentou
desenvolvimento igual as outras crianças da mesma faixa etária depois que
começou a participar do projeto.
Também a música é parte do lúdico, é prazeroso e de acordo com a fala da
autora acima, pode se perceber o quanto pode contribuir para o desenvolvimento da
criança sem que seja uma atividade imposta, ou seja, aprende brincando, se
divertindo.

2.3.3 Brincando com a arte


É sabido que a arte é uma criação própria do indivíduo, portanto quando se
propõe um trabalho artístico, é necessário deixar que a criança siga seu caminho
criativo com liberdade.
Vasconcelos e Ferreira chamam a atenção para a arte como linguagem,
lembrando que ela é um produto das relações do homem com o meio e existe desde
a pré-história com as manifestações gráficas nas grutas.
Segundo os autores, a arte surge de vários temas na Educação Infantil:
passeios, visitas, contatos com livros, museus ou obras de arte, enfim, existe grande
variedade que enriquece e amplia a imaginação e a criatividade das crianças.
Assim o educador precisa propiciar espaços diversificados, ricos em recursos
para que a criança crie livremente, fazendo o que gostam de fazer. Vasconcelos e
Ferreira (2005) apontam o que o professor deve fazer para otimizar o uso do
material:
Nosso papel fundamental passa a ser a partir disso, o de um parceiro de
interação, num trabalho cujo principal objetivo é o próprio processo de fazer,
de brincar, de pintar, de rabiscar, de sugerir... E cujo principal produto é o
próprio processo de criar e fazer junto, de abrir um espaço gostoso de
convivência e parceria. Porque é neste interagir, nesta emoção
compartilhada, que acontece o desenvolvimento tanto da criança, quanto do
educador (VASCONCELOS e FERREIRA, 2005 p. 107).

Os autores lembram ainda que se olharmos para as produções das crianças


com os olhos do coração, vamos encontrar a mãe, o pai, a professora, bruxas,
28

árvores, colegas, brinquedos e muito mais. O adulto ao admirar a criação fica


tentando construir explicações, mas:

devemos ter sempre claro que objetivos, explicações e definições são


palavras que fazem parte do mundo dos adultos e portanto só interessam
aos pais, aos professores e aos educadores. Já para a criança, o que
importa é criançar, ou melhor dizendo, ser criança (VASCONCELOS e
FERREIRA, 2005 p. 107).

Fica claro então que a arte é mais uma forma de brincar e de diversão para a
criança, devendo ser privilegiada nas escolas infantis o que poderá propiciar contato
consigo mesma e com tudo mais que a rodeia, construindo seu conhecimento.
29

CAPÍTULO III

INCLUSÃO

3.1 Marcos Históricos sobre a Inclusão

Outro fator importante que deve ser considerado atualmente também na


educação infantil, tendo caráter prioritário na educação contemporânea é a
diversidade, considerando que as crianças são diferentes entre si, é necessário
propiciar uma educação baseada em condições de aprendizagem que respeitem
suas necessidades e ritmos individuais, ou seja, respeitar suas singularidades.
Desta forma a escola estará atendendo a demanda do ensino inclusivo.
A exclusão de crianças com necessidades vem de longo tempo, basta
consultar Cardoso (2003) que busca no passado em Esparta, na Antiga Grécia e
declara que as crianças deficientes eram abandonadas em montanhas; em Roma,
atiradas nos rios. Misé (1977 apud Cardoso 2003) afirma que no início da era cristã
os recém nascidos mal constituídos eram asfixiados, os débeis ou anormais eram
afogados, declarando que não era por ódio o que faziam, mas se tratava de separar
das partes sãs aquelas que poderiam corrompê-las.
Nos países europeus os deficientes eram associados a feitiçaria e a imagem
do diabo, assim, os perseguiam e os matavam. Ocorreram mudanças e a partir de
meados do século XVI os deficientes passam a ser de responsabilidade da
medicina. Bianchetti (et. al 1998 apud Cardoso 2003) afirmam:

De todo modo, diversas vantagens se oferecem para o deficiente, ao passar


das mãos do inquisidor as mãos do médico. Passando pelas instituições
residenciais no século XIV e as classes especiais no século XX. No século
XIX os médicos passaram a dedicar-se ao estudo desses seres diferentes –
os deficientes, como eram chamados (BIANCHETTI et. al. Apud.
CARDOSO, 2003 p. 16).

Também Fonseca (1995, apud Cardoso 2003) aponta que de 1775 a 1838, na
França, Jean Itard foi considerado pai da Educação Especial quando investiu na
recuperação de Vitor (o menino lobo), buscando reabilitar uma criança portadora de
deficiência mental profunda. Inicia-se então no final do século XVIII e início do
século XIX NA América do Norte e nos países escandinavos o período de
30

segregação na Educação Especial, com as escolas especiais, separando os


deficientes da sociedade.
É de longa data a preocupação de ampliar e diversificar os serviços especiais
para pessoas portadoras de alguma deficiência. No Brasil de acordo com Bueno
(1993, apud Cardoso 2003) não se falava em Educação Especial até a década de 50
do século passado, somente nos anos 70 com a proliferação das instituições
públicas e privadas é que as classes especiais começaram a aparecer.
Já nos anos 80, surge em nosso país estudos e aplicações da estimulação
precoce em bebês de zero a três anos que apresentava alguma alteração em seu
desenvolvimento. O ensino especial, ganha força criando um ensino paralelo para a
educação dos diferentes. E a opinião de Tomasini (1998, apud Cardoso 2003) é que:
Essa atitude acaba por reforçar a criação das escolas especiais, o que faz
com que as escolas regulares de ensino consigam se livrar com mais
eficácia daqueles que consideram inapto para usufruir de seus serviços. O
discurso de que, ao serem educados, devem ser separados dos normais,
em virtude de certas especificidades, na prática não contribui numa
mudança de postura por parte da sociedade no que diz respeito aos seus
direitos de cidadania (TOMASINI 1998, apud CARDOSO 2003, p.
20).

Nota-se com isso maior acentuação dos considerados anormais, excluídos


da sociedade num atendimento que os separa dos considerados normais. Ainda que
tenham ocorrido grandes mudanças a respeito dos portadores de necessidades
especiais nesses últimos anos, a segregação acaba por rotulá-los nas salas
especiais.
Mas a inquietação no tocante a exclusão dos portadores de deficiência levou
a realização de uma Conferência Mundial de Educação em 10 de junho de 1994,
patrocinado pelo governo espanhol e a UNESCO que levou o nome de “Declaração
de Salamanca”, partindo do pressuposto de que as escolas de ensino regular
orientadas para a educação inclusiva é o meio mais eficaz para evitar atitudes
discriminatórias e obtenção de uma real educação para todos.

A escola inclusiva é o lugar onde todas as crianças devem aprender juntas,


sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou
diferenças que elas possam ter, conhecendo e respondendo às
necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e
ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos
através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de
ensino, uso de recursos e parceria com as comunidades (Declaração de
Salamenca 1994 apud Cardoso 2003, p. 23).
31

Daí para cá o papel da Educação Especial vem assumindo a cada ano uma
importância maior para atender as exigências de uma sociedade em processo de
renovação, que busca a formação plena da cidadania.

3.2 Inclusão no ensino regular

A diversidade tem apresentado um número bem maior dentro das escolas


ultimamente e não é casualidade, mas sim devido à inclusão de todos os alunos no
ensino regular, independentemente do grau de dificuldade ou da deficiência que ele
possa apresentar e na educação infantil não poderia ser diferente.

Uma ação educativa comprometida com a cidadania e com a formação de


uma sociedade democrática e não excludente deve, necessariamente,
promover o convívio com a diversidade, que é marca da vida social
brasileira. Essa diversidade inclui não somente as diversas culturas, os
hábitos, os costumes, mas também as competências, as particularidades de
cada um (BRASIL, 1998, p. 35).

Conviver com a diversidade desde cedo nas instituições escolares é propiciar


melhor convívio com as diferenças. “A LDB, no seu capítulo V, da educação
Especial, parágrafo 3º, determina que: A oferta de educação especial, dever
constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos durante a
educação infantil” (ibid. p. 36).
Muitos autores defendem a inclusão de todos os alunos no ensino comum,
marginalizando assim, a segregação dos mesmos em escolas especiais, que os
dividem em alunos normais e alunos portadores de deficiência. Uma das pioneiras
em defesa da inclusão é Maria Teresa Eglér Mantoan.

Fazer valer à educação para todos não se limita a cumprir o que está na lei
e aplicá-la, sumariamente, as situações discriminadoras. O assunto merece
um entendimento mais profundo da questão de justiça. A escola justa e
desejável para todos não se sustenta unicamente no fato de os homens
serem iguais e nascerem iguais (MANTOAN, 2006, p. 16).

È preciso então considerar que somos impares e compreender que existem


as desigualdades naturais e sociais. É necessário convivermos com elas de forma a
aceitá-las e respeitá-las e nada mais justo que seja oriunda dos primeiros anos de
vida escolar do ser humano.

Educar crianças pequenas com o foco na diversidade é um desafio que


exige a combinação de muita sensibilidade e um profundo conhecimento.
Todos os seres humanos são únicos, e não são apenas as diferenças de
32

cultura, de gêneros ou as chamadas necessidades especiais que


determinam tal unicidade. No entanto, apesar de esse conceito já fazer
parte do senso comum, lidar com a diversidade na escola ainda é uma
questão crivada de pontos de interrogação (ROJAS, 2008, p. 5).

Nota-se então que não é necessário apresentarmos dificuldades de


aprendizagens ou uma deficiência qualquer, somos únicos independentemente das
habilidades que possuímos ou não.
Pacheco (2008) também deixa claro que a diferença é normal e não
deficiente. A sociedade é formada por pluralidades e particularidades e afirma que
anormal é pensar que a escola deve promover um trabalho pautado na igualdade e
que a deficiência está na educação que acredita que todos são iguais, pois a
sociedade não é homogênea e sim diversa. Para que se efetive a inclusão é
necessário que as escolas alterem sua organização, interrogando suas práticas
educativas dominantes e hegemônicas.
Mantoan (2006) salienta que as escolas tradicionais não dão conta de atender
as mudanças propostas por uma educação aberta às diferenças, pois não foram
concebidas para trabalhar com a diversidade, possuindo estrutura rígida e seletiva o
que contrariam a verdadeira implantação da inclusão.

A abertura das escolas às diferenças tem a ver com uma revolução nos
processos de ensino e de aprendizagem, pois o que se propõe é o
rompimento das fronteiras entre as disciplinas, ou melhor, entre o saber e a
realidade: a multiplicidade e integração de saberes e das redes de
conhecimento que daí se formam; a tranversalidade das áreas curriculares e
a autonomia intelectual do aluno, que é autor do conhecimento e que, por
isso, imprime valor ao que constrói individual e coletivamente, nas salas de
aula (MANTOAN, 2006, p. 30).

O que a autora combate é o conteudismo, o conhecimento fragmentado, a


transferência do saber do professor para o aluno, a competição entre os mesmos, a
homogeneização de comportamentos e respostas. Acrescenta que o medo de errar
impede alunos e professores de contemplar as diferenças. Prega que a inclusão é
uma conseqüência da transformação e aprimoramento das práticas do ensino
regular.
Levando em conta a fala da autora fica claro que implantar a inclusão no
ensino regular não é tarefa fácil, pois exige uma quebra muito grande de paradigmas
enraizados nas escolas que ainda apresentam muito do ensino tradicional.
33

Corso (2008) chama a atenção para o fato de que quando se fala em


dificuldade de aprendizagem utiliza-se como referencial a escolarização formal
(ensino fundamental) e acredita que não se pode ficar preso a tal formalidade. “E
perderemos de vista a riqueza de subsídios que a informalidade da Educação Infantil
pode oferecer para as discussões sobre as dificuldades de aprendizagem” (ibid. p.
22).
A Educação Infantil já se constitui num espaço de construção do
conhecimento. É preciso, portanto, antes de se evidenciar a dificuldade de
aprendizagem ou o atraso no desenvolvimento, um conhecimento profundo sobre as
características de desenvolvimento relacionadas a cada faixa etária da criança.
Tão importante quanto conhecer o desenvolvimento da criança, a autora
acrescenta que é necessário o conhecimento sobre a individualidade da mesma, ao
brincar, como brinca, onde se destaca, o que não consegue fazer, a fim de
diferenciar problemas de aprendizagem das dificuldades momentâneas, e
acrescenta:
Atender a diversidade na educação e, especificamente, na educação infantil
é um dos maiores desafios que precisamos enfrentar, porque o desrespeito
ao tempo da criança e à sua maneira de aprender, somado à não-
valorização do seu saber, são pontos de partida para a construção de
dificuldades de aprendizagem (CORSO, 2008, p. 24).

Parece que a preocupação da autora aqui é que não se faça diagnósticos


infundados a respeito da aprendizagem da criança e que se deve levar em conta o
tempo, o ritmo, as maneiras como ela aprende, os caminhos por onde aprende;
lembrando que essa também é uma expressão da diversidade, pois cada criança
aprende a sua maneira.
“O movimento mundial pela inclusão, também causou um aumento no
número de crianças deficientes na educação Infantil, lançando novos desafios para
as instituições escolares, professores e sociedade.” A maior demanda encontra-se
na esfera das atitudes, posturas, formas de lidar com a diversidade e a diferença
significativa de cada aluno” (Biaggio 2007, p. 22).
Viana (2007) defende a inclusão desde a creche.

A cada passo, a cada palavra balbuciada, o pequeno Érick Cordoso da


Silva, 2 anos, foi ganhando confiança, adquirindo auto-estima e se
relacionando melhor com os coleguinhas de sala na Creche Municipal
Sonho Encantado, em Palmas (TO), que freqüenta a cerca de um ano. Érick
é um dos 288 alunos de instituições de ensino acompanhadas pelo projeto
Educação precoce começa na creche, desenvolvido pela secretaria
34

municipal, em parceria com universidades locais, desde agosto de 200. Ele


é um exemplo de que é possível trabalhar a educação inclusiva, desde a
educação infantil (ibid. p. 2).

Atendidas desde seus primeiros anos nas creches e pré-escolas a criança


portadora de necessidades especiais considerando a fala das autoras, pode se
perceber que além de oportunizar um trabalho especializado desde tenra idade,
desenvolvendo mais cedo suas habilidades, a criança será acolhida e respeitada em
sua singularidade ou com suas necessidades especiais desde a infância.
35

CONCLUSÃO

É importante que o professor de Educação Infantil conheça um pouco da


história que vem se construindo em torno da mesma, pois assim acompanhará
épocas históricas que revelam as várias maneiras de como as crianças eram vistas
e educadas. O que auxiliará em seu trabalho com as crianças, reconhecendo as leis
que as ampara na educação e na sociedade.
É no brincar que a criança experimenta, explora, desenvolve, cria e recria em
cima do objeto de conhecimento, de maneira livre, podendo ousar sem medo de
errar, adaptando melhor as modificações da vida real, incorporando novas atitudes e
conhecimentos.
Nota-se que é necessário que o educador infantil esteja num quadro de
constantes inquietações e reflexões no espaço educativo, buscando compreender
que objetivos as brincadeiras pretendem atingir e se estão sendo apresentadas de
maneira correta, pois por meio dos estudos aqui realizados chega-se a conclusão de
que é de competência da educação Infantil buscar desenvolver suas atividades num
ambiente rico em atividades lúdicas, uma vez que atualmente as crianças passam a
maior parte do tempo dentro de instituições escolares.
Conclui-se que brincando a criança interage com o meio, lida com a
sexualidade, com impulsos agressivos e desta forma organiza suas relações
emocionais. Também o professor da área de Educação Infantil pode se apoderar da
observação para entender como a criança aprende, como ela vê o mundo, como ela
argumenta, constrói e organiza suas relações.
O estudo permitiu a conscientização de que o lúdico torna o ambiente escolar
mais significativo para que a criança possa conhecer, compreender e construir sua
caminhada, contribuindo também para sua formação autônoma, capaz de pensar
por sua própria conta, resolvendo problemas e conflitos, despertando conhecimentos
e habilidades para que se torne um verdadeiro cidadão.
Percebe-se que a ludicidade, seja pelo jogo, pela arte, pela brincadeira, pela
música ou pelas histórias infantis, permite que a criança construa seu conhecimento
de maneira significativa e prazerosa.
36

O lúdico vem juntar o prazer com a realidade e sem que a criança perceba
normas e regras estão presentes neste espaço privilegiado de trocas, naturalmente,
sem imposição, de maneira que brincando ela possa desenvolver seu conhecimento.
A pesquisa permitiu conhecer também que as crueldades feitas as crianças
portadoras de necessidades especiais, faz parte do passado e que hoje a educação
é espaço de todos, sem exceções, sem segregações, despertando o lado mais
humano, mais igualitário no tocante a diversidade que atualmente a escola abriga. A
inclusão implica na reformulação de políticas educacionais e de implementação de
projetos educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo.
Fica claro que não basta apenas incluir o portador de necessidades especiais
nas instituições escolares, sem a preparação adequada da sociedade e dos
profissionais que atuam na área e que para que haja a efetivação da inclusão
educacional, a escola tem muito ainda para marginalizar com o intuito de promover
um ensino para todos. Para isso não basta apenas leis que determinem sua
efetivação, mas sim a reformulação de políticas educacionais e de implementação
de projetos educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo.
Chega-se a conclusão de que os aspectos estudados aqui para um ensino
eficaz na Educação Infantil depende em grande parte da quebra de paradigmas que
a muito se arrasta com os profissionais da área.
Percebe-se que para que haja a implantação da educação inclusiva é preciso
afrouxar as resistências, sejam elas legítimas ou preconceituosas por parte dos
educadores, pois é sem dúvida uma proposta que busca resgatar a igualdade de
direitos e oportunidades para todos, ampliando assim as perspectivas existenciais,
promovendo a compreensão de que as diferenças existem e necessitam ser
respeitadas.
Assim buscando trabalhar melhor com a ludicidade que como foi visto é algo
inerente na criança e para valer-se dela num ensino pautado na descoberta, na
construção e no prazer, é necessário que o educador desta área lance mão do faz-
de-conta, da valorização da imaginação, dos jogos e brincadeiras e tudo mais que
permita que a criança aprenda sem imposição. Também para incluir portadores de
necessidades especiais no ensino regular, é preciso em primeiro momento a
conscientização e aceitação por parte dos profissionais e de toda a sociedade,
compreendendo que cada ser é único no universo, cada um aprende há seu tempo,
37

a seu modo, de acordo com sua capacidade e que isso não deve ser empecilho para
a convivência conjunta, seja na sociedade ou no ambiente escolar.
38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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