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EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO 4º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO

FÓRUM DA COMARCA DA CAPITAL -RJ.

Processo nº. 0132782-65.2020.8.19.0001

INVICTUS PROMOTORA DE VENDAS LTDA, inscrita no CNPJ/MF sob o nº


28.414.136/0001-67, já qualificada nos autos em epígrafe, na ação que lhe move PAULO
IGOR SOARES DA CUNHA, vem muito respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por seu advogado in fine assinado, com e-mail:
juridico2019bra@hotmail.com onde solicita que sejam enviadas as intimações processuais
na forma da lei, apresentar:

CONTESTAÇÃO

Nos termos das seguintes antíteses de fatos e fundamentos jurídicos a diante


aduzidos.

Preambularmente, a Ré solicita que as futuras intimações eletrônicas sejam


realizadas no nome do Dr. ARY DA SILVA MURTEIRA JÚNIOR, inscrito na OAB/RJ
sob o nº. 110.719, sob pena de nulidade.

PRELIMINARMENTE

DA INCOMPATIBILIDADE DO VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA, DA


INVIABILIDADE DO PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO POR INCOMPETÊNCIA
DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL EM RAZÃO DO VALOR ULTRAPASSAR O
TETO LEGAL DE 40 SALÁRIOS-MÍNIMOS.

Considerando que o contrato firmado entre as partes foi no valor de R$ 22.735,45,


e R$ 12.099,52 que, com o pedido do Autor de “NULIDADE DOS CONTRATOS”,
somadas as parcelas vencidas e vincendas nos valores mensais de R$ 692,80 e R$ 371,23,
o total do valor dos pactos e mais os pedidos de danos morais de R$ 15.000,00 e materiais
de R$ 1.856,15 + R$ 10.614,60, o valor da causa chega ao montante apurado de
R$69.751,60, não pode a referida ação ser apreciada e julgada em sede de Juizado
Especial Cível, observe que, em processo semelhante, com mesmos pedidos e causa de
pedir, conforme julgado do processo No 0086111-81.2020.8.19.0001 do 21º JEC da
Comarca da Capital, o referido pleito foi extinto por ultrapassar o limite legal dos JEC's, à
saber:
“Sentença Cuida-se de ação de obrigação de fazer e indenização por danos
materiais e morais. O processo deve ser julgado extinto, sem resolução do
mérito, posto que o valor da causa ultrapassa, o teto de quarenta salários
mínimos fixados como alçada para os Juizados Especiais Cíveis. É que, como
cediço, o valor da causa deve corresponder ao benefício econômico auferido
pela parte autora. No caso dos autos, há pedido de rescisão de contratos,
abstenção de cobranças e pretensão indenizatória por danos materiais e morais.
Ultrapassada, pois, a alçada do Juizado. Diante do exposto, JULGO EXTINTO
O PROCESSO, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 51, II, da Lei
9099/95. Sem custas, na forma da Lei de Regência. Certificado o trânsito em
julgado, dê-se baixa e arquive-se o processo. P.I. Rio de Janeiro, 21/05/2020.
Marcia da Silva Ribeiro - Juiz Titular”(grifo nosso)

Da mesma forma, também foi extinto sem julgamento do mérito em razão do valor
da causa ser acima do limite legal dos JEC's, em outra ação semelhante, com causa
petendi e pedidos similares, conforme seguinte julgado do processo No 0101624-
89.2020.8.19.0001 do 21º JEC da Comarca da Capital, RJ:

“Sentença Cuida-se de ação de obrigação de fazer com pedido de tutela e


indenização por danos materiais e morais. O processo deve ser julgado extinto,
sem resolução do mérito, posto que o valor da causa ultrapassa, o teto de
quarenta salários mínimos fixados como alçada para os Juizados Especiais
Cíveis. É que, como cediço, o valor da causa deve corresponder ao benefício
econômico auferido pela parte autora. No caso dos autos, há pedido de rescisão
contratual e pretensão indenizatória por danos materiais e morais. Ultrapassada,
pois, a alçada do Juizado. Diante do exposto, JULGO EXTINTO O
PROCESSO, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 51, II, da Lei
9099/95. Sem custas, na forma da Lei de Regência. Certificado o trânsito em
julgado, dê-se baixa e arquive-se o processo. P.I.”(grifo nosso)

Neste diapasão, assim também entende a jurisprudência, conforme julgado do


processo No 0009598-41.2017.8.19.0207 do 20º JEC/Ilha do Governador, Comarca da
Capital, RJ que no seu bojo ainda indicou julgado da Turma Recursal do E.TJERJ, in
verbis:
“Dispensado o relatório na forma do artigo 38, da Lei 9099/95. Trata-se de ação
de conhecimento em que a parte autora alega, em síntese, que possuía, junto ao
Banco Santander, três empréstimos, cuja a soma das parcelas mensais
totalizavam o valor aproximado de R$ 500,00, restando pagar apenas o valor de
R$ 9.819,69, para liquidação; Que no dia 03 de fevereiro de 2017, uma
funcionária do banco Réu, Sr. Suiane Cabral, entrou em contato com o autor e
lhe ofereceu um empréstimo no valor de R$ 20.000,00, que seriam pagos em 60
parcelas, cada uma no valor de R$ 500,00 e com intuito de quitar os
empréstimos realizados junto ao Banco Santander, o autor aceitou a proposta
que lhe foi oferecida pelo Réu, momento em que foi informado que receberia
uma ligação de outro setor do Banco Réu para confirmar as informações e,
como condição o autor teria que dizer que o empréstimo a ser realizado seria no
valor de R$ 36.995,64, que seria pago em 96 parcelas iguais e mensais, no valor
de R$ 1.074,69, para que fosse liberada a sua margem, reafirmando que
somente seria depositado na conta do autor o valor de R$ 20.000,00; O autor
estranhou e questionou a funcionária do porquê deveria fazer isso, obtendo
como resposta que o referido procedimento tinha como finalidade ´assegurar a
margem´ de empréstimo, ademais, que seria uma prática corriqueira do Réu,
prometendo para o autor que a despeito dele ter sido. instruído pelo Réu a
solicitar o valor de R$ 36.995,64, somente teria disponibilizado em sua conta o
valor de R$ 20.000,00, desta forma, o autor se sentiu tranquilizado; Ao receber
a referida ligação do funcionário do banco Réu, o autor, narra que acreditando
no que lhe foi informado outrora, seguiu as instruções que lhe foram passadas
pela funcionária Sr. Suiane Cabral, obtendo como resposta que o empréstimo
havia sido realizado com sucesso e que o valor estaria disponível em sua conta
no prazo de até 24 horas, sendo que, ao consultar seu extrato bancário, o autor
ficou assustado, pois diferente do que lhe foi prometido pelo Réu, o valor
disponibilizado em sua conta corrente, havia sido de R$ 36.995,64, assim,
imediatamente, entrou em contato, através de telefone com a Sr. Suaine Cabral,
funcionária do banco Réu que foi informado que deveria utilizar o valor de R$
20.000,00, de forma que: R$ 9.819,69 quitasse os empréstimos junto ao Banco
Santander e R$ 10.180,31 utilizasse como quisesse, devendo manter em sua
conta corrente o valor de R$ 16.995,64, pois ocorreria o estorno desse valor
para o Réu; Alguns dias depois, a Sr. Suiane entrou novamente em contato com
o autor e informou a ocorrência de um erro e a impossibilidade de realizar o
estorno através do boleto bancário como sugerido pelo Réu ou qualquer outro
meio, desta maneiro o valor R$ 16.995,64 não requerido pelo autor continuou
em sua conta corrente, contra a sua vontade; Como solução, o Réu determinou
que o autor deveria realizar um novo empréstimo no valor de R$ 25.968,05, a
ser pago em 96 parcelas, cada uma no valor de R$ 751,69, o que foi feito;
Ocorre que com todos os empréstimos realizados, o autor teve um prejuízo total
no valor de R$ 8.522,60, conforme planilha abaixo, já que o valor pago pelo
empréstimo não condizia com o valor depositado na conta corrente do autor.
Assim pretende a devolução dos valores pagos indevidamente pela Autora, no
valor de R$ 8.522,60 (oito mil quinhentos e vinte e dois reais e sessenta
centavos), em dobro de R$ 17.045,20 (dezessete mil e quarenta e cinco reais e
vinte centavos) e danos morais. Em contestação a parte ré suscita preliminar de
ilegitimidade passiva. No mérito pugna pela improcedência dos pedidos
iniciais. Em audiência de instrução e Julgamento (fl.220) a parte autora: ´
reconhece como sua assinatura em fls. 116/120. ´ Considerando isso, observo
que a parte autora pretende, em sua inicial, discutir empréstimos contratados
pelo autor, alegando suposto prejuízo financeiro. Contudo o valor de um dos
empréstimos é de R$39.245,92 (fl. 120), isto é acima do teto dos juizados. A
lide não pode ser analisada no Juizado Especial, devendo a parte autora,
caso seja de seu interesse, ajuizar nova ação no Juízo Comum, onde não há
limitação do valor da alçada. Preliminar de incompetência do Juizado
Especial Cível que se reconhece de ofício. NESSE SENTIDO DECIDE O
CONSELHO RECURSAL, conforme precedente que segue: ´Relação
contratual. Contrato de cessão de créditos de precatório no valor de R$
31.637,78. Réu que se compromete ao pagamento de 50% do total do crédito
atualizado, no prazo de 5 dias após a homologação da compensação do débito
pela Procuradoria do Estado, após os quais haveria incidência de multa de 2,5%
e de juros também na ordem de 2,5% ao mês. A sentença recorrida julgou
procedentes os pedidos. Sentença que merece reparo. Valor atribuído à causa de
R$ 18.163,77. Equívoco na fixação. Valor da causa que deve corresponder ao
benefício econômico pretendido pela autora. No caso, a autora objetiva a
rescisão de contrato de cessão de créditos de precatórios judiciais no valor de
R$31.637,78, com a condenação do réu ao pagamento da multa e juros
pactuados, além de indenização por dano moral. Valor do crédito cedido que,
por si só, ultrapassa o limite de 40 salários mínimos, previsto como valor de
alçada, pela Lei 9.099/95. Questão que não pode ser analisada no Juizado
Especial, devendo a autora, caso seja de seu interesse, ajuizar nova ação no
Juízo Comum, onde não há limitação do valor da alçada. Preliminar de
incompetência do Juizado Especial Cível que se reconhece de ofício. Ante o
exposto, conheço do recurso e lhe dou provimento para julgar extinto o
feito, sem resolução do mérito, nos termos do art. 51, II, da Lei 9.099/95.
Sem honorários de sucumbência´. Recurso inominado 2012.700.009212-5,
relator juiz Antônio Aurélio Abi-Ramia Duarte. Assim, de ofício, reconheço a
incompetência do juizado e, em consequência, julgo extinto o processo, sem
resolução do mérito, nos termos do artigo 51, II da Lei 9.099/95. Declaro
prejudicado o recurso do réu. Sem custas e honorários de sucumbência, nos
termos do art. 55 da Lei 9.099/95. Submeto ao Dr. Juiz de Direito nos termos do
artigo 40 da Lei 9099/95. Publique-se e intimem-se, registre-se.”(Grifos
nossos).

Dispõe o artigo 3º inciso I, da Lei nº. 9.099/95:

“Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação,


processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim
consideradas:

I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário


mínimo;”(Grifo nosso)”

O valor dado à causa na petição inicial foi de R$30.737,52, no entanto, nos


pedidos da exordial a parte Autora requer:

“f) A declaração de NULIDADE DOS CONTRATOS COM AS RÉS, declarando


AINDA A INEXISTÊNCIA DE EVENTUAIS DÉBITOS perante a segunda ré;
g) A condenação da Ré a fim de reparar os DANOS MATERIAIS causados ao Autor,
no valor de R$ 1.856,15 (mil oitocentos e cinquenta e seis reais e quinze centavos),
com juros e a devida correção monetária e, valores subsequentes, até que seja
deferida a Tutela.
h) Caso Vossa Excelência não entenda pelo deferimento da Tutela, que seja a Ré
condenada a reparar os DANOS MATERIAIS causados ao Autor, no valor de R$
10.614,60 (dez mil seiscentos e quatorze reais e sessenta centavos), valor referente ao
empréstimo realizado pelo autor menos as parcelas já quitadas, devendo incidir
neste, juros e a devida correção monetária.
i) Seja declarada a RESPONSABILIDADE SOLÍDÁRIA das Rés.
j) Seja a Ré condenada a reparar os DANOS MORAIS causados ao Autor no valor
de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).
k) A condenação das Rés em HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS em 20% sobre o
valor da condenação em sede recursal.”
Ocorre que, repita-se: Os contratos firmados entre as partes é de R$ 22.735,45, e
R$ 12.099,52 que, com o pedido do Autor de “NULIDADE DOS CONTRATOS”,
somadas as parcelas vencidas e vincendas nos valores mensais de R$ 692,80 e R$ 371,23,
o total do valor dos pactos e mais os pedidos de danos morais de R$ 15.000,00 e materiais
de R$ 1.856,15 + R$ 10.614,60, o valor da causa chega ao montante apurado de
R$69.751,60, por si só já ultrapassam 40 salários mínimos, cujo valor atualmente
corresponde a R$ 41.800,00 o que se coaduna com a pretensão dos pedidos da inicial,
portanto, incompatível com o valor dado à causa na petição inicial, e ainda, ultrapassa o
limite legal do teto de 40 salários mínimos, estabelecido para ajuizamento das ações nos
Juizados Especiais Cíveis, devendo assim ser extinto o processo sem julgamento do
mérito, nos termos, do artigo 51, inciso II da Lei nº. 9.099/95, onde ita lex dicit:
“Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei:
[…]
II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu
prosseguimento, após a conciliação;”(Grifo nosso)

O que potencialmente parece é que a parte Autora quer se eximir do recolhimento


das custas judiciais na Justiça Comum, onde na tentativa de induzir o Juiz ao erro nos
pedidos da peça vestibular “camuflar” o valor real, que na verdade é totalmente
divergente do importe indicado no valor da causa.

DA PROPOSTA DE ACORDO:

Se não acolhida a preliminar com pedido de extinção do feito sem julgamento do


mérito em razão da causa exceder à 40 salários mínimos, a Ré INVICTUS está em
dificuldades financeiras como se verá abaixo no mérito da contestação, com isso, faz
proposta de acordo nos seguintes termos:

Parcelas atrasadas com a multa contratual de 10% acrescidas nas parcelas


remanescentes do contrato a partir de 01/2021.

Se NÃO aceita nos autos a proposta, estaremos a qualquer tempo no trâmite


do processo a Autora pode entrar em contato com o canal de renegociações que fará
o atendimento por Whatsapp Business, o prazo de resposta é de até 72 horas úteis,
segue contato: Whatsapp: 21 97232-2444 ou também com e-mail
atendimento103@renegociacaoempresa.com.br, informar o número do processo para
realização de acordo que posteriormente será requerida a homologação pelo Douto
Juiz.
DOS FATOS NARRADOS NA PETIÇÃO INICIAL

Tem-se Excelência, conforme pode se aferir do relato da parte Autora que firmou
Contrato de Cessão de Crédito/Débito, Compromisso de Pagamento e outras
avenças com a Ré, no entanto, somente recebeu até a parcela com vencimento no
mês de março.

Ao final requer, nulidade dos contratos, danos morais e materiais, obrigação de


fazer, inversão do ônus probandi e demais pedidos.

Em síntese, o necessário.

DO MÉRITO

DA VERDADE DOS FATOS:

Cabe elucidar que a Empresa Ré INVICTUS confia plenamente no que será


demonstrado e provado adiante, e passa a se manifestar sobre o mérito da ação.

A Ré INVICTUS PROMOTORA DE VENDAS oferta no mercado diversos


produtos pertinentes a empréstimo consignado, quais sejam: Contratos novos,
portabilidade, refinanciamento, compra de dívida etc, nestes casos desempenhando o
papel de intermediação, ficando “no meio” entre o potencial cliente (no caso a parte
Autora) e os Bancos e, numa relação direta com o cliente oferta Contrato de Cessão de
Crédito/Débito, Compromisso de Pagamento e outras avenças, dentre outros.

O mercado financeiro vinha dando sinais de desaquecimento a partir de


janeiro/fevereiro de 2020, com as notícias vindas da China por conta do Novo
Coronavírus que se espalhou pela Europa, Ásia e América do Norte, adentrando o mês de
março de 2020, já em proporções de pandemia, a Covid-19 chegou ao Brasil, assim com
o isolamento social, a economia “despencou”, causando fechamento de muitas empresas,
dentre outras que ficaram em situação extremamente difícil o que é o caso da Ré.

Assim, Considerando que a Organização Mundial de Saúde – OMS declarou em


11 de março de 2020 que a disseminação do vírus COVID-19 caracteriza pandemia
mundial, com risco de letalidade.

Considerando a Portaria nº 188/GM/MS, de 4 de fevereiro de 2020, que Declara


Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), em decorrência da
Infecção Humana pelo novo coronavírus (2019-nCoV).
Considerando que o presidente da República sancionou a Lei 13.979/20 que
dispõe sobre as medidas que poderão ser adotadas para enfrentamento da emergência de
saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo
surto de 2019.
Considerando a Portaria MS nº 356 – Medidas de Enfrentamento ao COVID – 19
entrou em vigor em 11 de março de 2020, regulamentando a Lei 13.979/20.

Considerando a imperiosa necessidade de evitar a propagação do vírus através de


menor exposição das pessoas em locais públicos.

Considerando que os empregados desta empresa mantêm contato diário com


amigos e familiares do grupo de risco - idosos e crianças.

Considerando que a administração pública vem recomendando como medida


eficaz de redução do risco o isolamento doméstico.

A Ré adotou medidas de isolamento para prevenção do novo coronavírus, com


isso, não gerou receita, e o mercado financeiro entrou em declínio, acarretando crise
financeira na empresa.

No entanto, a Ré vem renegociando os contratos para poder “sobreviver” aos caos


causado pela pandemia, inclusive com dados do setor de renegociação já informados na
preliminar da presente contestação.

A verdade real dos fatos é que a relação da contestante com a parte Demandante,
foram as seguintes:

(i) DOIS Contratos de Cessão de Crédito/Débito, Compromisso de


Pagamento e outras avenças, no valor total de R$ 22.735,45, e
R$12.099,52, onde a Ré contratualmente se obrigou a pagar
prestações de R$ 692,80 e R$ 371,23.

A Empresa Ré INVICTUS reafirma a proposta de conciliação indicada na


preliminar em detrimento ao pedido de NULIDADE pretendidos pela parte Autora,
pacto este que a Demandada INVICTUS, com aceite do acordo, irá quitar mensalmente e
integralmente as suas obrigações até o seu termo final.

Cabe ressaltar que os contratos são validos, pois preenchem todos os requisitos
legais.

“Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I- agente capaz;
II- objeto lícito, possível, determinado ou determinável
III - forma prescrita ou não defesa em lei.”
DA AUSÊNCIA DE REQUISITOS PARA RECONHECIMENTO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL E DA INOCORRÊNCIA DA REPETIÇÃO DE
INDÉBITO

Inicialmente, cumpre destacar que inadimplemento contratual não gera dano


moral, onde contratualmente a Ré já se dispõe a pagar multa de 10% em caso de atrasos
nas parcelas, assim não há danos a serem reparados para evitar dupla punição até mesmo
o bis in idem, como podemos observar na jurisprudência do STJ, in verbis:

“AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1852525 - SP (2019/0367275-5)


RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI
AGRAVANTE : PHILIP SIQUEIRA VASSALO (MENOR)
AGRAVANTE : ANA PAULA SIQUEIRA DE MOURA - POR SI E
REPRESENTANDO ADVOGADOS: PAULO HOFFMAN – SP116325 EVERTON
PEREIRA DA COSTA - SP289720
AGRAVADO : SUL AMÉRICA COMPANHIA DE SEGURO SAÚDE
ADVOGADOS: ALESSANDRA DE ALMEIDA FIGUEIREDO -SP237754
GABRIELLE DO NASCIMENTO SILVA - SP406792

EMENTA
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA
DE COBERTURA. MERO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. DANOS MORAIS
NÃO CONFIGURADOS. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. AGRAVO
NÃO PROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o mero
inadimplemento contratual não enseja condenação por danos morais.
2. Não cabe, em recurso especial, reexaminar matéria fático-probatória (Súmula
n. 7/STJ).
3. Agravo interno a que se nega provimento.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros
da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao
recurso, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Luis Felipe
Salomão, Raul Araújo, Antonio Carlos
Ferreira e Marco Buzzi votaram com a Sra. Ministra Relatora. Presidiu o julgamento o Sr.
Ministro Marco Buzzi.

Brasília, 08 de junho de 2020 (Data do Julgamento)


Ministra Maria Isabel Gallotti
Relatora

RELATÓRIO
MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI: Trata-se de agravo interno interposto em
face da decisão por meio da qual neguei provimento ao recurso especial (fls. 718/722, e-
STJ).

A parte agravante, em suas razões, argumentou que a negativa de cobertura foi indevida,
e que, como consequência, precisou custear o tratamento por vários anos. Alegou, assim,
não se tratar de um mero descumprimento contratual.
Narrou que a negativa de cobertura causou sofrimento não só ao menor enfermo, como
também à mãe e demais familiares.
Assinalou, por fim, que a análise do recurso especial não exigiria o reexame de provas e,
portanto, não esbarraria no óbice da Súmula 7/STJ.
A parte agravada, regularmente intimada, apresentou impugnação de fls. 735/747, e-STJ.
É o relatório.

RELATORA : MINISTRA MARIA ISABELGALLOTTI


AGRAVANTE : PHILIP SIQUEIRA VASSALO (MENOR)
AGRAVANTE : ANA PAULA SIQUEIRA
DE MOURA - POR SI E
REPRESENTANDO
ADVOGADOS : PAULO HOFFMAN - SP116325
EVERTON PEREIRA DA COSTA - SP289720 AGRAVADO : SUL AMÉRICA
COMPANHIA DE SEGURO SAÚDE ADVOGADOS : ALESSANDRA DE
ALMEIDA FIGUEIREDO - SP237754
GABRIELLE DO NASCIMENTO SILVA - SP406792
EMENTA
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA
DE COBERTURA. MERO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. DANOS MORAIS
NÃO CONFIGURADOS. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. AGRAVO
NÃO PROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o mero
inadimplemento contratual não enseja condenação por danos morais.
2. Não cabe, em recurso especial, reexaminar matéria fático-probatória (Súmula
n. 7/STJ).
3. Agravo interno a que se nega provimento.

VOTO

MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI (Relatora): Observo que os frágeis


argumentos desenvolvidos pela parte agravante não têm plausibilidade jurídica para
infirmar a conclusão da decisão impugnada, razão pela qual o presente recurso não
merece prosperar.

Com efeito, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o mero


inadimplemento contratual não enseja condenação por danos morais (AgInt no REsp
1573736/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 7/6/2018, DJe 14/6/2018).
Assim:

AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PLANO DE


SAÚDE. NEGATIVA DE COBERTURA. MERO ABORRECIMENTO. DANO
MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA SEDIMENTADA
NESTA CORTE. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Esta Corte tem entendimento sedimentado no sentido de que
o mero descumprimento de cláusula contratual
controvertida não enseja a condenação por dano moral.
2. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1336041/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 5/2/2019, DJe 12/2/2019)
Como decidido, para que haja a responsabilização civil, exige-se que o ato tenha violado
o direito da personalidade da parte, causando-lhe sofrimento, dor, abalo psicológico ou
humilhação consideráveis, e não quaisquer dissabores da vida.

No caso dos autos, o Tribunal de origem, à vista dos elementos fático-probatórios


constantes dos autos, não apontou a ocorrência de maiores consequências advindas da
negativa de cobertura, nos seguintes termos (fl. 668, e-STJ):
Em relação aos danos morais, embora tenha havido negativa de cobertura indevida e
conquanto não se olvide que o evento tenha ocasionado certo aborrecimento, não
trouxe o autor prova suficiente acerca de abalo psíquico ou constrangimento
proveniente da conduta da ré que ultrapassasse a esfera do inadimplemento contratual.
Destaque-se que a ré chegou a reembolsar parte dos procedimentos, bem como que
não houve a comprovação de que o autor chegou a ficar privado da assistência médico-
hospitalar, com piora efetiva de seu quadro de saúde.
E assente que o mero inadimplemento contratual, por si só, não gera o dano moral
indenizável, a não ser em casos excepcionais, nos quais verificada ofensa anormal aos
direitos fundamentais, o que não ocorreu no caso dos autos.

A revisão dessa premissa, como salientado, demandaria o reexame do conjunto fático-


probatório, procedimento vedado na via do recurso especial, a teor da Súmula 7/STJ.
Em face do exposto, nego provimento ao agravo interno.
É o voto.”(GRIFOS NOSSOS)

É cediço que a responsabilidade civil tem por escopo fundamental o


restabelecimento do equilíbrio patrimonial rompido em decorrência de ato ilícito gerados
de dano à esfera moral ou patrimonial de determinado sujeito de direito.

Em sendo assim, para o surgimento da obrigação de indenizar, é necessária a


ocorrência de quatro pressupostos, a saber:

1. Dano a ser ressarcido;


2. Ato ilícito;
3. Dolo ou culpa pelo agente; e
4. Nexo de causalidade entre o dano verificado e o ato
culposo ou doloso do agente.

Assim, para o surgimento da obrigação de indenizar, em primeiro lugar faz-se


mister a verificação do dano e o nexo causal entre a culpa ou dolo que vincule ao evento
danoso, tampouco a repetição de indébito em detrimento de certo sujeito de direito.
Inexistindo um dos pressupostos, não há que se falar em prejuízo a ser indenizado
ou ressarcido, tampouco repetição de indébito. Portanto, in casu restaram pendentes
todos estes pressupostos, principalmente o nexo causal.

Em segundo lugar, torna-se necessária a constatação de prática de ato ilícito por


parte de determinado agente. Ao ilícito que, na definição de PLANIOL, “consiste na
infração de uma obrigação preexistente, e que pode ser perpetrado pelo agente dolosa ou
culposamente (negligência, imperícia, imprudência)”. Em outras palavras, pode se dizer
que da ilicitude do ato decorre a materialização da culpa do agente.

Por fim, o terceiro pressuposto necessário para o surgimento da obrigação de


indenizar consiste no nexo de causalidade, assim entendido como liame que vincula
diretamente o ato ilícito praticado pelo agente ao dano sofrido pela vítima.

Desse modo, se resta demonstrado que não há qualquer relação de causa e efeito
entre o ato ilícito praticado pelo agente ao dano sofrido pela vítima, também não há que
se falar em responsabilidade civil ou dever de indenizar.

Nesse diapasão, é clara disposição normativa do artigo 186 do Código Civil


Brasileiro, cuja substância é de fundamental importância no ordenamento jurídico pátrio,
onde ita lex dicit:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Corroborando as colocações acima expostas, cumpre trazer à colocação o lúcido


magistério de Washington de Barros Monteiro:

“A responsabilidade civil tem como extremos legais:


a) a existência de um dano contra o direito; b) a relação de causalidade
entre esse dano e o fato
imputável ao agente; c) a culpa deste, isto é, que o mesmo
tenha obrado dolo ou culpa (negligência, imprudência ou imperícia).

[...]

Nosso Código Civil manteve-se fiel à teoria subjetiva. Em princípio, para


que haja responsabilidade, é preciso que haja culpa; sem prova desta
inexiste obrigação de reparar o dano. Nessa ordem de ideias; preceitua o
art. 159, num de seus dispositivos fundamentais, que ‘aquele que, por ação
ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou
causar prejuízo a outrem fica obrigado a reparar o dano’ Em face, pois, da
nossa lei, a reparação do dano tem como pressuposto a prática de um ato
ilícito. Todo ato ilícito gera para seu autor a obrigação de ressarcir o
prejuízo causado. É de preceito que ninguém deve causar lesão a
outrem.”(MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de direito Civil, Vol
V, 28ª ed., Ed. Saraiva, São Paulo, 1995).

Na hipótese em comento, para que seja reconhecida a responsabilidade da Ré, se


faz necessária a comprovação de ação ou omissão – dolosa ou culposa, bem como, o dano
e o nexo causal entre estes, conforme já relatado alhures.
In casu, não se verifica qualquer ato ilícito da Ré que pudesse ensejar sua
condenação no pagamento de danos morais. Assim sendo, é fato que a Ré não cometeu
quaisquer atos ilícitos.

Feitas essas referências, assiste demonstrar que não há como prosperar o pedido
indenizatório requerido pela parte Autora, porquanto, na espécie, a Ré não cometeu
nenhum ato ilícito, que agiu nas conformidades com os regramentos previamente
estabelecidos, bem como não há qualquer nexo de causalidade entre algum dano
eventualmente sofrido pela parte Autora e os atos corretamente praticados pela
Demandada ante o mero dissabor e aborrecimento do cotidiano da sociedade
contemporânea urbana da região metropolitana do Grande Rio, onde o
inadimplemento contratual não enseja em indenização por dano moral, tampouco
pagamento das parcelas em dobro.

E ainda, quando aos Contratos de Cessão de Crédito/Débito, Compromisso de


Pagamento e outras avenças, pacto este que a Demandada INVICTUS descumpriu por
conta da crise econômica causada pela pandemia da Covid-19, reafirma a oferta de
proposta de acordo declinada na preliminar da presente defesa.

Nesta conformidade postula pela total improcedência do pleito autoral, ante a


inexistência dos requisitos hábeis à imputar responsabilidade para a Ré INVICTUS como
amplamente fundamentado no mérito da presente contestação.

DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL – DA NECESSIDADE DE PROVA


CABAL

Da narrativa da petição inicial, constata-se que a parte Autora não demonstrou a


ocorrência dos danos que afirma.

É preciso reconhecer que, atualmente, talvez pela influência norte-americana,


qualquer acontecimento desagradável é visto como propulsor de reparação pecuniária,
como se direitos e valores personalíssimos imanentes tão somente ao ser humano, fossem
verdadeiras mercadorias passíveis de transferências e alienações. De tais constatações,
urge que se imponham freios a essa reprovável busca de enriquecimento sem causa, sob
pena de inibir-se até mesmo as atividades negociais necessárias e imprescindíveis ao
desenvolvimento econômico social.

Vale mencionar que a parte Autora não provou as consequências danosas alegadas
na exordial, assim como, não prova os constrangimentos que teve que suportar, não prova
as situações desagradáveis que teve que passar, enfim, faz apenas alegações, que não
passam de meras conjecturas, para com isso ser premiada por indenização com danos que
não ocorreram.
A ação indenizatória fundada em dano moral não pode se converter em meio de
enriquecimento sem causa. Há de ser um meio judicial de reparação de dano efetivamente
ocorrido e provado. Analisando os autos, não há qualquer razoabilidade em concluir-se
por dever a Ré à parte Autora qualquer reparação de danos morais ou materiais.

A Jurisprudência a seguir transcrita segue o entendimento de que para se pleitear a


reparação do dano moral, há que ser demonstrada cabalmente as consequências do fato
danoso na integridade psíquica da pretensa vítima. Confira-se:

“APELAÇÃO CÍVEL. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL.


AUSÊNCIA DE DANO MORAL. Os incisos V e X do artigo 5º
da Constituição da República asseguram a indenização por dano
moral como forma de compensar a agressão à dignidade
humana, entendendo-se esta como dor, vexame, sofrimento ou
humilhação, angústias, aflições sofridas por um indivíduo, fora
dos parâmetros da normalidade e do equilíbrio. É preciso,
porém, que se impeça a banalização do dano moral e sua
industrialização, evitando-se sua utilização como forma de
enriquecimento. Em razão disso, há entendimento consolidado
no sentido de que não ocasionam dano extrapatrimonial aquelas
situações que, não obstante desagradáveis, fazem parte do
cotidiano da sociedade contemporânea e constituem tão somente
mero aborrecimento. Nessa linha firmou-se posicionamento
quanto a ausência de dano moral em virtude de inadimplemento
contratual, salvo quando figurar situação especial em que haja
ofensa à dignidade da pessoal. Verbete 75 da Súmula 75 de
jurisprudência do TJ/RJ. Provimento do recurso.(Apelação
Cível nº 2008.001.51761 – DES. JOSÉ CARLOS PAES –
Julgamento: 17/09/2008 – DÉCIMA QUARTA CÂMARA
CÍVEL)”.(grifos nossos).

DO NÃO CABIMENTO DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A inversão do ônus da prova baseada na relação de consumo, nesse caso, data


máxima vênia não desse ser aplicada, senão vejamos:

Ainda que se fosse admitir uma potencial relação consumerista, vale assinalar que,
a verossimilhança das alegações lançadas pelo consumidor não se tem fulcro apenas na
simples narrativa dos fatos. Todavia, necessário se faz, que o Julgador se conversa de que
os argumentos do consumidor se assemelham aos que normalmente se verifica nas
relações regradas pela Lei nº. 8.078/90.
A propósito, sobre o tema, calha à transcrição de trechos do voto proferidos pela
Desembargadora Sandra de Santis, quando do julgamento da Apelação Civel
20030110457866, em 02 de maio de 2005:

“ (...) Outrossim, cumpre observar que a inversão do ônus da


prova na relação de consumo não é automática, deve ser
compreendida no sentido de facilitar a defesa do consumidor e
somente ser concedida quando o requerente tiver dificuldades
parra demonstrar seu direito conforme as regras processuais, o
que não ocorre na hipótese “.(grifo nosso)

Neste sentido, alinha-se o magistério de Rizzatto Nunes, na obra Curso de Direito


do Consumidor, Editora Saraiva, 2 edição revista, modificada e atualizada, 2005, á página
739, in verbis:

“È fato que o vocabulário verossímil, é indeterminado, mais isso


não impede que da análise do caso concreto não se possa aferir
verossimilhança. Para sua avaliação não é suficiente, é verdade, a
boa relação da petição inicial. Não se trata apenas do bom uso da
técnica de argumentação de muitos profissionais têm. Isto é, não
basta relatar fatos conectá-los logicamente ao direito, de modo a
produzir uma boa peça exordial. É necessário que da narrativa
decorra verossimilhança tal que naquele momento da leitura se
possa aferir, desde logo, forte conteúdo persuasivo. E, já que se
trata de medida extrema, deve o juiz aguardar a peça de defesa
para verificar o grau de verossimilhança na relação com os
elementos trazidos pela contestação.”

Como já vimos acima, a inversão do ônus da prova não é automática, uma vez que
o código deixa a critério do juiz, quando houver uma das hipóteses legais, aplicar tal
inversão.

Diga-se, inicialmente que agir com critérios não tem nada de subjetivo. “Critério”
é aquilo que serve de base de comparação, julgamento ou apreciação, é o princípio que
permite distinguir o erro da verdade ou, em última instância, aquilo que permite medir o
discernimento ou a prudência de quem age sob esse parâmetro.

O significado de hipossuficiência do texto do preceito normativo do CDC não é


econômico. É técnico. A vulnerabilidade é conceito que afirma a fragilidade econômica
do consumidor e também técnica. Mas hipossuficiência, para fins de possibilidade de
inversão do ônus da prova, tem sentido de desconhecimento técnico do produto ou
serviço.
Por isso, o reconhecimento da hipossuficiência do consumidor para fins de
inversão do ônus da prova não pode ser visto como forma de proteção ao mais “pobre”.
Ou, em outras palavras, não é por ser “pobre” que deve ser beneficiado com a inversão do
ônus da prova, até porque a questão da produção da prova é processual, e a condição do
consumidor diz respeito ao direito material.

Não se pode olvidar que, para o “pobre” na acepção jurídica do termo, existe a
justiça gratuita, a qual permite ao beneficiário a isenção do pagamento das custas
jurídicas, o que não significa que ele está isento de provas o seu direito.

E o inverso é verdadeiro: existem consumidores economicamente poderosos, o


que não implica a sua não hipossuficiência técnica. Mesmo no caso de um consumidor ter
grande capacidade econômica, a inversão do ônus da prova deve ser feita na constatação
de sua hipossuficiência técnica, o que não ocorre na hipótese em tela

Ultrapassado a questão da inversão do ônus da prova, a Ré, em nenhum momento


agiu com culpa, e a parte Autora, não se queixou diversas vezes como aduz na exordial
para reclamar seu suposto dano.

Definitivamente não há cabimento que a parte Autora tenha supostamente sofrido


dano e só agora entra com a demanda para perquirir esse forçoso dano moral.

O caso em tela é demasiadamente subjetivo. Deveria a parte Autora ter trazido


mais elementos, a fim de que não só a contestante, como também Vossa Excelência
pudesse formar um melhor juízo de convencimento. A parte Autora não pode ser
considerado na acepção da palavra como hipossuficiente, pois é militar e aufere
autos rendimentos.

Portanto, não há elementos nos autos para o reconhecimento da inversão do ônus


probandi em desfavor da Ré.

DOS REQUERIMENTOS:

Por todo o exposto, REQUER:

1. Seja acolhida a preliminar de extinção do feito sem julgamento do


mérito ex legis em razão do valor do contrato firmado entre as
partes destoar do valor da causa, considerando ainda os pedidos de
letras “e” até a letra “h” da petição inicial que requer rescisão de
contrato, parcelas vincendas que somados aos danos morais,
ultrapassam os 40 salários mínimos, conforme fundamentado
preliminarmente;

2. Se não acolhido o pedido 1, que seja apreciada pela parte Autora a


proposta de acordo conforme declinada na preliminar;

3. O indeferimento in totum dos pedidos elencados na peça vestibular


por medida de inteira justiça, eis que conforme fundamentação da
presente defesa, não há que se falar em declaração de
nulidade/cancelamento dos contratos de Cessão de Crédito/Débito
Compromisso de Pagamento e Outras Avenças firmado
diretamente pela Ré INVICTUS, posto que sua inadimplência se
deu em decorrência da pandemia do novo coronavírus, onde
reafirma a proposta de conciliação conforme preliminar da presente
contestação, sendo indevidos danos morais, posto que o mero
inadimplemento contratual não gera dano moral e demais
requerimentos da inicial, inversão do ônus da prova e demais
pedidos, bem como pugna pelo não cancelamento dos contratos,
posto que, já há previsão de multa em desfavor da Demandada,
onde o cancelamento somente acarretaria como causa à piora
da situação financeira da empresa.

Protesta pela produção de prova documental, tendo em vista que a Ré não


reconhece os fatos alegados na petição inicial pela parte Autora tal como narrados.

Outrossim, requer a juntada dos atos constitutivos e procuração, e ainda, que as


publicações ou intimações eletrônicas sejam realizadas no nome do Doutor ARY DA
SILVA MURTEIRA JÚNIOR, inscrito na OAB/RJ sob o nº. 110.719, com endereço
eletrônico profissional a seguir aduzido: juridico2019bra@hotmail.com, sob pena de
nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2020.

ARY DA SILVA MURTEIRA JÚNIOR


OAB/RJ nº. 110.719

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