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FLUÍDOS BIOLÓGICOS

Prof. Ms. Rulian Ricardo Faria


2021-1
LÍQUIDO PERICÁRDICO

Prof. Ms. Rulian Ricardo Faria


2021-1
PERICÁRDIO
O pericárdio é composto por duas camadas: uma
serosa (pericárdio visceral ou epicárdio) e outra
fibrosa (pericárdio parietal ou pericárdio).

 Pericárdio visceral (mais interno) é um saco


revestido por uma camada de células mesoteliais
ligadas por tecido conjuntivo frouxo à superfície
cardíaca e à face interna do pericárdio fibroso.

 Pericárdio parietal (mais externo) encontra-se


situado sobre o coração, como uma luva de
borracha colabada.
PERICÁRDIO
Entre o pericárdio visceral e o pericárdio parietal encontra-se a cavidade pericárdica.

 Cavidade pericárdica: dita como um espaço

virtual, contendo cerca de 4 mL de líquido

pericárdico com aspecto viscoso, sero-albuminoso,

levemente alcalino que lubrifica as superfícies das

lâminas parietal e visceral, diminuindo o atrito e

facilitando o deslizamento, que ocorre durante a

sístole (contração) e a diástole (relaxamento).


PERICÁRDIO
Diante da limitada extensibilidade do saco pericárdico, um

aumento repentino do líquido na cavidade (por exemplo, em

caso de hemorragia por ferimento) causará compressão do

coração, dificuldades na contração cardíaca e do retorno venoso

e parada cardíaca.

 Aumento repentino de líquido, já pode causar danos sérios

e irreversíveis antes mesmo do volume atingir 200 mL.

 Aumento lento de líquido, o volume poderá atingir 2000 mL

sem causar a parada cardíaca.


LÍQUIDO TRANSCELULAR - PERICÁRDICO
O líquido pericárdico normal seroso é principalmente um ultrafiltrado de plasma (trocado entre
os capilares sanguíneos próximos), incluindo algum extravasamento do líquido intersticial do
miocárdio e linfa.

O líquido é semelhante ao líquido cefalorraquidiano do cérebro,


amortecendo e permitindo ao órgão movimentar-se.

A concentração proteica é menor do que no plasma, mas com


taxa de albumina relativamente alta. Concentrações de
eletrólitos fazem com que sua osmolaridade seja menor do que
a do plasma.

Na cavidade pericárdica existe uma película líquida de 15 a 50ml de líquido pericárdico que
separa o epicárdio do pericárdio.
INFLAMAÇÃO DO PERICÁRDIO - PERICARDITE

O pericárdio pode ser sujeito à inflamação

(viral ou bacteriana), conhecida como

pericardite com aumento de líquido

pericárdico, manifestando-se com dor no

hemitórax ou no membro esquerdo, sendo

mais frequente em indivíduos adultos jovens.


INFLAMAÇÃO DO PERICÁRDIO - PERICARDITE
As pericardites classificam-se em:
 Serosas: caracteriza-se pelo acúmulo de líquido rico em proteínas e
células inflamatórias, casos não são comuns;
 Fibrinosas: geralmente resultado de uma infecção microbiana
hematógena com exsudação na cavidade pericárdica apresentando
aderência fibrosa devido ao acúmulo de fibrina.
 Purulentas: com acúmulo de exsudato purulento branco a
acinzentado, viscoso e com mau cheiro, caracterizado pela presença
de leucócitos polimorfonucleares (neutrófilos, basófilos e eosinófilos),
LDH aumentado e glicose diminuída. Geralmente associada a
embolias, obstrução de vasos sanguíneos e infecções seoticêmicas;
 Hemorrágicas: aparecem com efusão sanguinolenta maciça no saco
pericárdico.
CAUSAS ENVOLVIDOS NAS PERICARDITES
As principais causas de pericardite são:
 Infecção viral: é a causa mais comum de pericardite aguda,ocorre principalmente em homens de 16 a
65 anos, causado principalmente por vírus influenza A e B, adenovírus, coxsackievirus, enterovírus, vírus
da caxumba, vírus Epstein-Barr, vírus da imunodeficiência humana (HIV), vírus do herpes simplex, o
vírus da varicela-zoster (catapora), vírus do sarampo, citomegalovírus e os vírus das hepatites A, B ou C.
 Causa desconhecida (chamada pericardite idiopática): em muitos casos, a causa da pericardite
surge sem motivo aparente e a sua causa acaba não sendo esclarecida.
 Infecção bacteriana: geralmente surge após quadros de infecção pulmonar, endocardite infecciosa ou
complicação de cirurgia cardíaca, são especialmente causadas por estreptococos, estafilococos,
pneumococos, meningococos e Haemophillus. O bacilo de Koch da tuberculose (Mycobacterium
tuberculosis) responde por grande parte das infecções bacterianas.
 Infecção por fungos: Cândida albicans, ocorre raramente;
 Infecção por parasitas: Toxoplasma gondii, ocorre ramente;
CAUSAS ENVOLVIDOS NAS PERICARDITES
 Radiação: complicações pelo uso de radioterapia para tratar cânceres no tórax (câncer de mama, câncer de
pulmão ou linfoma).
 Trauma: por uma batida de carro ou uma lesão perfurante, tipo faca ou projétil de arma de fogo;
 Infarto do miocárdio: complicação de um infarto do miocárdio;
 Drogas e toxinas: não é comum, mas eventualmente alguns medicamentos podem causar pericardite, entre
eles: hidralazina, isoniazida, procainamida, fenitoína, fenilbutazona, trombolíticos, anticoagulantes e outros.
 Insuficiência renal: IRC em estágios avançados pode causar o acúmulo de toxinas no organismo,
provocando irritação do pericárdio.
 Câncer: a pericardite pode surgir quando algum tumor maligno provoca metástases para o coração. Os casos
mais comuns ocorrem no câncer da mama, do pulmão ou no linfoma de Hodgkin.
 Doenças autoimunes: Várias doenças de origem imunológica podem provocar pericardite. Ente elas, lúpus
eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, esclerose sistêmica, doença mista do tecido conjuntivo e vasculites.
 Doença inflamatória intestinal: A pericardite pode ocorrer em pacientes com retocolite ulcerativa ou doença
de Crohn.
DERRAME PERICARDICO
Derrame pericárdico ou Derrame cardíaco é o acúmulo anormal

de líquido no interior da caidade pericárdica. Devido ao pouco

espaço, a acumulação de fluido causa aumento da pressão

cardíaca e pode afetar negativamente as funções cardíacas,

causando um tamponamento cardíaco (prejuízo no enchimento

cardíaco).

Na efusão pericárdica ocorre excesso de líquido (de 100 mL até

2000 mL ou mais), causado por inflamação na membrana serosa,

que pode interferir no bombeamento do sangue.


SINAIS E SINTOMAS DAS PERICARDITES E DERRAMES
PERICÁRDICOS
Grandes derrames pericárdicos se desenvolvem rapidamente e podem causar sintomas que
incluem:
 Dificuldade para respirar, piora quando deitado com a barriga pra cima (decúbito
supino) e melhora apoiado com a barriga para baixo (decúbito ventral), também
conhecida como ortopnéia;
 Dor pleurítica: intensa no centro do peito (retroesternal), pior na inspiração, não piora
com o exercício, pode irradiar para as costas (trapézio) dura vários dias;
 Palpitações (sensação de que o coração está batendo rapidamente);
 Tonturas ou desmaios (síncope);
 Pele úmida e fria;
 Outros possíveis sintomas menos comuns: Tosse, febre, cansaço e ansiedade.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da pericardite pode ser feito clinicamente através da histórica clinica e do exame físico.

Não é difícil pensar em pericardite quando um paciente jovem e sem fatores de risco para doenças
cardiovasculares chega ao serviço de emergência com uma dor torácica típica de pericardite e apresenta atrito
pericárdico à auscultação cardíaca. Porém, mesmo em casos teoricamente fáceis como o descrito acima, é
preciso a realização de exames complementares para se confirmar o diagnóstico.

Em geral, o paciente acaba sendo investigado para as principais causas de dor torácica, o que inclui a
realização de:
 exames de sangue;
 radiografia de tórax;
 eletrocardiograma;
 ecocardiograma;
 análise laboratorial.

A partir dos resultados desses exames, a maioria dos casos de pericardite consegue ser esclarecida.
IMAGEM
Raio X de tórax

Era o principal método diagnóstico de derrame

pericárdico. O aumento da área cardíaca (mais que

metade do diafragma), com modificações da silhueta que

adquiria o aspecto de balão de água, permanecendo

normais os campos pleuropulmonares, era o elemento

diagnóstico mais sugestivo de derrame pericárdico. Esta

possibilidade era reforçada pela ausência ou diminuição

das pulsações cardíacas à radioscopia. Outros exames

mais informativos e sensíveis, especialmente o

ecocardiograma, estão substituindo o raio X.


PERICARDIOCENTESE
Caso na avaliação inicial constatem sinais de tamponamento cardíaco e/ou houver
suspeita clínica de pericardite purulenta, o paciente deve ser submetido a uma
pericardiocentese.

Neste caso duas condutas podem ser recomendadas:

1ª) Pericardiocentese percutânea, com análise do líquido pericárdico. Caso o

diagnóstico etiológico não seja definido e os sinais de doença ativa persistam por mais

de três semanas ou haja recorrência do tamponamento, o paciente deve ser submetido

a pericardiostomia por via subxifóide, com realização de biópsia pericárdica.

2ª) Pericardiostomia subxifóide com biópsia já como procedimento inicial. É mais

eficaz na drenagem do derrame, principalmente quando há muita fibrina e aderências

pericárdicas, bem como para fins diagnósticos, por permitir a realização de biópsia.
PERICARDIOCENTESE
ANÁLISE LABORATORIAL DO LÍQUIDO PERICÁRDICO
Exame bacterioscópicos e de cultura:
 Aeróbios, anaeróbios, fungos e bacilo de Koch.

Exame citológico:
 Células neoplásicas e leucócitos;
 Neutrófilos ↑↑ = viral e tuberculose (fase inicial);
 Mononucleares ↑↑ (fase mais tardia);
 Piócitos = purulenta.

Exame bioquímico:
 Glicose ↓ = nas infecções;
 Adenosinadiaminase ↑ = tuberculose.

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