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Especialmente preparado por Laércio Gazinhato

As tabelas e informações a seguir destinam-se a auxiliar o entendimento


das propriedades, aplicações e características de cada um desses aços
quando aplicados à Cutelaria Fina.

Não deixe de ler "Elementos Importantes" e "A 'Mágica' Inoxidável", após


as tabelas.

Observações Importantes: 1) os núm eros nas tabelas são porcentagens; 2) alguns


elementos de pequeno valor em aços finos – tai s como Silicio, Fósforo, Enxofre, etc –
não foram considerados nas tabelas; 3) os nívei s máximos de dureza Rockwell C NAS
TABELAS ABAIXO referem -se especificamente a peças de Cutelaria.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
440C 0.95 – 1.2 14.5 - 18 1.0 ---- 0.75 ----- -----

Propriedades & Aplicações: excelente resistência à corrosão; bons índice s de dureza na


escala RC após adequada tempera; excelente polimento. É o mai s utilizado dos aços
inoxidáveis, tanto por cuteleiros quanto por indústrias. É também o mais te stado deles.
Existe também o 440 V, com 2% de Carbono, e que propicia maior dureza. Níveis
Máximos de Durez a Rockwell C: 58 -60.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
ATS 34 1.05 14.5 0.4 ---- 4.0 ----- ----

Propriedades & Aplicações: excelente resistência à corrosão; consegue alguns graus a


mais de dureza na escala RC após adequada têmpera em relação ao 440C; excelente
polimento. É mais caro do que o 440C ( e, ao lado do BG 42, considerado melhor do que
o 440C para aplicação em Cutelaria Fina). É mais usado por cuteleiros em criações muito
especiais. Existe também o ATS 55. É praticamente igual ao 154CM, do qual, dizem
especialista s, deriva. Níveis Máximos de Dureza Rockwell C: 59-61.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
440B 0.75 – 0,95 16 - 18 1.0 0.04 0.75 ----- -----

Propriedades & Aplicações: excelente resistência à corrosão; bons índice s de dureza na


escala RC após adequada têmpera; mais próprio para forjamento do que o 440C; bom
polimento. É o aço inoxidável usado pela Randall. Nívei s Máximos de Dureza Rockwell C:
57-59.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
AUS 8A 0.85 – 1.0 14 1.0 0.5 0.1 – 0.3 0.1 – 0.2 0.4

Propriedades & Aplicações: excelente resistência à corrosão; é um aço inoxidável muito


usado pela indústria de cutelaria dos EUA; fácil de ser trabalhado; oferece bons índice s
de dureza na escala RC após adequada têmpera; difícil polimento, razão pela qual é,

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quase sempre, jateado ou com outro acabamento que não o espelhado. Existem também
o AUS 6A, com menos Carbono (menor dureza), e o AUS 10A, com mais Carbono (maior
dureza). Níveis Máximos de Dureza Rockwell C: 58 -59.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
D-2 1.55 12 0.06 0.3 0.7 – 1.3 1.10 0.4 - 06

Propriedades & Aplicações: aço-carbono e specialmente indicado para a produção de


matrizes; excelente resi stência à corrosão pelo seu alto nível de Cromo; quando recebe
adequado tratamento térmico torna -se praticamente inoxidável; bons nívei s de dureza na
escala RC após adequada têmpera; bom polimento. Nívei s Máximos de Dureza Rockwell
C: 57-61.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
1095 0.95 ---- 0.95 ---- ---- ----- ----

Propriedades & Aplicações: é um dos melhores acos-carbono do mundo para aplicação


em Cutelaria Fina; bons nívei s de dureza na escala RC após adequada têmpera; bom
polimento. Níveis Máximos de Dureza Rockwell C: 57-59.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
5160 0.56 – 0,64 0.70 – 0.90 0.75 – 1.0 ---- ---- ----- ----

Propriedades & Aplicações: é um dos mais usados acos-carbono do mundo para


aplicação em Cutelaria Fina, inclusive no Bra sil; bons níveis de dureza na escala RC
após adequada têmpera; bom polimento. Níveis Máximos de Dureza Rockwell C: 57 -60.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
O-1 0.85 – 1.0 0.4 – 0.6 1.0 – 1.5 0.3 ---- 0.3 ----

Propriedades & Aplicações: é outro dos mais usados acos-carbono do mundo para
aplicação em Cutelaria Fina, inclusive no Bra sil; excelente para forjamento; bons níveis
de dureza na escala RC após adequada têmpera; bom polimento. É o aço -carbono usado
pela Randall. Níveis Máximos de Durez a Rockwell C: 57 -60.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
Sandv ik 0.6 – 0.7 14 0.37 ----- ----- ----- -----
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Propriedades & Aplicações: excelente resi stência à corrosão; é outro aço inoxidável
muito utilizado pela indústria de cutelaria dos EUA; fácil de ser trabalhado; oferece bons
índices de dureza na escala RC após adequada têmpera; dificil polimento, razão pela
qual é, quase sempre, jateado ou com outro acabamento que não o espelhado. É o aço
inoxidável usado pela Kabar em suas faca s da série Next Generation. Níveis Máximos de
Dureza Rockwell C: 54-56.

Designação do Carbono Cromo Manganês Níquel Molibdênio Vanádio Tungstênio


Aço C Cr Mn Ni Mo V W
BG-42 1.15 14.5 0.50 ----- 4.0 ----- -----

Propriedades & Aplicações: excelente resistência à corrosão; excelentes índices de


dureza na escala RC após adequada têmpera; mais próprio para forjamento e algo mais
caro do que o 440C; difícil polimento, razão pela qual é, quase sempre, jateado ou com
outro acabamento que não o e spelhado. É o aço inoxidável usado pela Buck em seus
mais caros itens. Nívei s Máximos de Durez a Rockwell C: 59 -62.

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Aços-Carbono Mais Utilizados


Pelos Cuteleiros "Custom" Brasileiros
Observações: 1) todos são produzidos pela Aços Villares S. A.; 2) dados fornecidos pela própria empresa;
3) atentar-se para a "Designação Técnica" (normas S AE, AISI, ASTM e ABNT), que é a nomenclatura
utilizada em publicações técnica s sobre aços e lâminas; 4) a "Dureza Rockwell Recomendada" NÃO é
específica para lâminas.

Designação Designação Carbono Cromo Manganês Molibdênio Vanádio Tungstênio Dureza Rockwell
do Produtor Técnica C Cr Mn Mo V W Recomendada
VC-131 D6 2.10 11.50 0.30 ----- 0.20 0.70 57-64
VC-130 D3 2.0 11.50 0.30 ----- 0.20 ----- 56-64
VD-2 D2 1.5 12.00 0.30 0.95 0.90 ---- 58-62
VND O1 0.95 0.50 1.25 ----- 0.12 0.50 58-63
VR-60 5160 0.60 0.80 0.87 ---- ----- ----- 52-54
VC-52 52100 1.05 1.45 0.35 ---- ---- ---- 56-59
VT-95 1095 0.95 ---- 0.40 ---- ---- ---- 52-56

Elementos Importantes
Bons e modernos aços são mais do que a simples combinação de Ferro (Fe) e Carbono (C). A
adequada combinação desses dois elementos básicos com outros (que melhor dimensionam
os aços para fins específicos) é que geram os chamados aços nobre s.
Nos aços ditos inoxidáveis o mais important e element o é o Cromo (Cr). Em aços inoxidáveis
martensíticos (os mais indicados para cutelaria) o Carbono e o Cromo estão sempre present es
em grandes quantidades. O termo grandes quantidades não significa, em sua composição, a
maior part e, mas sim um percentual maior do que o normalment e encontrado nos aços
comuns.

Carbono
Na composição de aços modernos destinados à Cutelaria quer sejam aqueles classificados
como carbono ou os ditos inoxidáveis, dificilmente poderá existir menos do que 0.6% de
Carbono, pois este é o principal elemento que, após a adequada têmpera, concederá dureza à
peça.

Cromo
Embora o Cromo não seja um "elemento mágico", sua adição nos chamados aços nobres lhes
confere característica s especiais, sempre desejáveis em itens de Cut elaria Fina. Assim:

uma quantidade pequena (algo ent re 0.25 e 0. 50%) aumenta naturalmente a dureza, bem
como reduz a presença de "pontos brandos", moles, comuns a certos aços;
uma quantidade moderada (algo como de 0.8 a 1.25%) retarda considera velmente a
oxidação e a ação da corros ão; adicionalmente, um aço com essas porcent agens de Cromo
será mais resistente à ação de agentes externos, tais como ácidos e out ros element os
químicos que possam ocasionar manchas;
uma grande quantidade (a partir de 4% ) aumenta a resistência à abrasão; acima de 11% tem-
se considerável aumento da resistência a manchas e oxidação.

Manganês
A adição deste elemento em quantidades entre 0.3 a 1%, permite extrair o Oxigênio dos aços,
evitando a formação de óxidos indesejáve is. Essa mesma função desoxidante é também
obtida com a adição do Silício (Si), o qual ainda propicia maior tenacidade ao aço.

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Níquel
É o elemento que realça ainda mais as características de tenacidade, além de contribuir para a
não-ocorrência de fi ssura s e eventuais di storçõe s e para aumentar a resi stência à
oxidação.

Molibdênio
Em pequenas quantidades (entre 0.1 e 4% ) aumenta a capacidade de endurecimento dos
aços inoxidáveis martensíticos.

Vanádio
Mais encontrado em aços comerciais serve para facilitar a eliminação de impurezas e no
aumento da resi stência ao desgaste .

Tungstênio
Possui propriedades similares ao Molibdênio, como auxiliar no aumento da capacidade de
endurecimento.

A "Mágica" Inoxidável

As colocações a seguir NÃO são a apologia ou uma defesa apaixonada das virtude s de
bons aços inoxidáveis, apenas informaçõe s técnica s atendendo a 2 (dua s) pergunta s
que nos são frequentemente feitas.

Como, pela simples adição de Cromo, um aço torna -se inoxidável? Em primeiro lugar,
cumpre esclarecer que a palavra inoxidável (ou seja, não-oxidável) é incorreta para designar
essa característica de alguns aços. O mais correto seria a designação "menos manchável",
uma vez que os aços assim classificados podem manchar-s e em contato c om cert os
elementos/substâncias e, em condições extremas desse contato, até mesmo oxidarem-se. A
resistência de um aço dit o inoxidável à corrosão é causada pela ocorrência natural de um
"filme", uma pelíc ula, de ric o óxido de Cromo que se forma em sua superfície. Essa película, ou
"filme", é extremamente fina, invisível, inerte e muito firmemente aderida ao metal. Quando a
película é quebrada por ação abrasiva, ela naturalmente se auto-repara na presença de
oxigênio. E lembre-se: o óxido de um metal é muito mais duro do que ele próprio, da í porque
algumas modernas pedras de afiar sintéticas serem feitas de óxido de alumínio.

Uma lâmina inoxidável mantém bem o fio? Segundo o célebre cuteleiro norte -americano
W.D. Randall, que produziu facas artesanais durante 50 (cinquenta) anos, e outros re nomados
cuteleiros da mesma origem, uma lâmina de bom e moderno aço inoxidável adequadamente
temperada e afiada mantém seu fio 90% em relação a uma que utilize aço-c arbono de boa
qualidade e nas mesmas condiç ões. Em outras palavras, uma lâmina de aço inoxi dável
adequadamente afiada e em condições similares de uso perderá seu fio apenas 10% (dez por
cento) mais rápido do que uma de aço carbono. É fácil explicar isto: enquanto um bom aço -
carbono moderno necessita ter, fundamentalmente, apenas 3 (três) elementos - Ferro, Carbono
e Manganês - um bom aço inoxidável precisa ter, no mínimo, mais um - o Cromo - e em grande
quantidade e isto ocupa espaço, ou seja, é menos material duro.

A escolha de um bom aço para uma lâmina é uma questão da preferência pessoal e d os
costumes de cada um... E opiniões individuais devem, sempre, serem respeitadas. Por outro
lado, deve-se também considerar a maior natural durabilidade de um bom aço inoxidável,
que é estimada como sendo 50 (cinqüenta) vez es maior do que a de um bom aço-carbono, e
sua conseqüent e menor manutenção.

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