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MANUAL

1
2
Conselho Editorial:
Francisco Maturana
Gonzalo Belloso
Hugo Tocalli
Reinaldo Rueda

Autores:
Alberto Ramírez
Carlos Thiengo
Israel Teoldo
Juan Cruz Anselmi
Laura Rojas
Marcelo Roffé
Néstor Arrua
Prospero Paoli
Rodrigo Leitao
Waldo Magaña

Editores Executivos:
Carlos Thiengo
Clarence Acuña
Luis Fernando Ramírez
Ruben Rossi

Moderador:
Mauricio Márques

3
ÍNDICE
Mensagem do presidente da
CONMEBOL
Mensagem do secretário geral
adjunto/Diretor de
Desenvolvimento da CONMEBOL
Introdução NOSSO
TREINADOR
Nosso treinador e seus
jogadores
Etapas da formação esportiva
O perfil do formador para
jovens
O futebol é um esporte
coletivo: o treinador e o

1
trabalho em equipe

NOSSO
CONTINENTE
Cultura do futebol
O DNA sul-americano
A paixão sul-americana

NOSSA
METODOLOGIA
Influências metodológicas
no futebol, futsal e futebol
sul-americano
Meios e métodos utilizados
no ensino e treinamento do
futebol, futsal e futebol de
areia
Contribuição das ciências do
esporte no futebol
sul-americano

4
NOSSO

6
JOGO
O jogo e a identidade
sul-americana
A lógica do jogo
As dimensões do rendimento ANEXOS
esportivo Regulamento de Uso de
Fundos do Programa
Evolução
Bibliografia

NOSSO
FUTURO
O currículo académico como horizonte
par a formação da identidade de
jogadores e jogadoras sul-americanos
no século XXI
Tópicos para construir o modelo de
cada país e cada clube
“Uma folha em branco”

5
Mensagem do presiden-
te da CONMEBOL
Alejandro Domínguez Wilson Smith

O futebol é uma área de for- dores, e para aqueles que têm a a perseverarem na tarefa, a não
mação e crescimento das pes- sagrada missão de formar joga- se cansarem de instruir, orien-
soas, um a formação que atinge dores de futebol e moldar valor, tar e vislumbrar metas cada vez
não só a quem está em campo, coragem e técnica. mais vitoriosas para o futuro do
mas também a nossa gente que nosso futebol. Que este MANUAL
desde as arquibancadas se iden- Ao partilharmos a responsabi- ORIENTADOR seja colocado em
tificam com as conquistas dos lidade pela formação e cresci- prática a cada momento da ins-
seus jogadores dentro e fora mento dos atletas, apostamos trução técnica, nos treinamen-
dele. Partindo desta realidade na formação de treinadores, que tos, nas avaliações, e que todas
do futebol, a CONMEBOL, junto irão conduzir o treino diário, tan- as recomendações aqui apresen-
com a família, escola e outras to no campo esportivo como no tadas sejam debatidas e otimiza-
instâncias sociais, está orientada humano, fazendo que o caminho das, cuidando da nutrição afetiva
a gerar melhores propostas para por onde os nossos jovens vão de cada criança e jovem que son-
nossos jovens jogadores e joga- traçar nas Seleções de futebol de ham em mostrar ao mundo suas
seu país seja uma jornada forma- habilidades, suas malícias e a ma-
tiva significativa em suas vidas gia dessa área que é tão nossa e
e se traduza, posteriormente, ao mesmo tempo tão global.
em jogadores de futebol de
alto desempenho nos cam- Os nossos jovens jogadores, suas
pos da região e do mundo. famílias e treinadores, merecem
o compromisso que assumimos
Faço um apelo a todos os com eles no presente. Insisto a
que estão envolvidos na levarem consigo este esforço dos
empreitada formativa dos nossos especialistas, à prática
jovens valores do fute- quotidiana, à leitura integral e
bol sul-americano que a adaptem às características
regionais de cada canto do nosso
continente. Melhorar a qualida-
de de vida de cada cidadão que
pratica e ama o futebol é nosso
grande objetivo, além de ampliar
a trajetória de sucesso do futebol
sul-americano.

E agora, que comece o


jogo, o futuro já está e
campo!

6
Mensagem do secretário geral adjun-
to/Diretor de Desenvolvimento da
CONMEBOL
Gonzalo Belloso
O futebol sul-americano se ba- O compromisso assumido pela a partir da formação humana e
seia no talento, nas capacida- CONMEBOL consiste em garantir profissional dos meninos e meni-
des físicas e nos valores huma- o treinamento integral de cada nas que desde as várzeas, as es-
nos de cada jogador e jogadora. jogador/a, através dos melhores colas de futebol e os bancos de
Portanto, o objetivo da CONME- treinadores esportivos de cada talentos dos clubes, percorrem
BOL é desenvolver um processo região com materiais e insumos um caminho digno e árduo até
de formação de superação que que fazem parte da sua prepa- alcançar a titularidade nas Se-
tenha um impacto positivo no ração física e da sua experiência leções de Base.
desempenho e no nível de com- prática em cada modalidade que
petitividade de nossas seleções
de base. Os atores envolvidos
seja sua responsabilidade desen- Obrigado a todos e
volver. Neste panorama de quali-
nesta grande tarefa, desde as dade, o treinador e a treinadora, nos vemos em campo!
famílias dos jogadores e jogado- em conjunto com a sua equipe,
ras, o treinador e treinadora e promovem e conduzem a prática
sua equipe técnica, as autorida- do futebol como esporte, como
des dos Clubes e das Associações escola de vida e como aquele ri-
Membro, agora recebem através goroso espaço de trabalho em
deste MANUAL ORIENTADOR, um que se pretende atingir - pla-
guia claro sobre cada etapa da nejadamente - o mais alto ní-
formação integral e profissional vel no campo de jogo.
de cada menino, menina e jovem
que ama o futebol. Meu especial reconhecimen-
to a todos os participantes das
A CONMEBOL destaca, de for- nossas mesas de trabalho de
ma especial, a atuação dos pre- Instrutores da CONMEBOL,
paradores esportivos, técnicos, às Associações Membro
professores e instrutores das e aos Amigos do Fu-
categorias de base, que devem tebol Sul-Americano,
promover e conduzir o processo verdadeiros conhe-
de formação e treinamento pro- cedores do futebol,
postos neste documento. Para comprometidos
cumprir esta tarefa, o Departa- em melhorar o fu-
mento de Desenvolvimento da tebol de hoje e o
CONMEBOL, por meio do Progra- futebol do futuro
ma Evolução CONMEBOL, desig-
na para cada Associação Mem-
bro, os itens para a cobertura e
desenvolvimento das seleções de
base de cada país sul-america-
no, investimento traduzido nos
meios que contribuirão para que
existam Seleções Juvenis de alto
nível humano, esportivo e com-
petitivo.

7
Introdução
Este Manual Orientador é o pri- No primeiro capítulo, procura-
meiro de uma série de 6 manuais mos enfatizar as características
publicados pela CONMEBOL: Go- culturais do nosso continente,
leiros, Futsal, Futebol de Areia, que marcam nosso futebol e dão
Futebol Feminino e Futebol Juve- identidade ao DNA sul-america-
nil. Em uma iniciativa pioneira, a no. Em seguida, no Capítulo 2, é
CONMEBOL iniciou um processo feita uma reflexão sobre o treina-
para registrar os conhecimentos dor e a treinadora sul-america-
específicos do futebol sul-ameri- nos, em suas formas de trabalhar
cano que expressam nossa cultu- e de se relacionar com os joga-
ra, paixão, conhecimento, vitórias, dores de futebol. O Capítulo 3
entre outras qualidades que com- abrange tópicos relacionados ao
põem nosso DNA futebolístico. jogo e como jogamos. De forma
O processo de construção des- bem didática, ensina como pode-
ses manuais foi feito a partir dos mos identificar componentes de
conteúdos desenvolvidos por um desempenho e elementos téc-
grupo de profissionais de referên- nicos, táticos, físicos e psicosso-
cia do futebol sul-americano, es- ciais como conteúdo dos treina-
pecializados em diferentes áreas mentos.
do conhecimento esportivo.
A partir disso, o Capítulo 4 ana-
O Manual Orientador é destina- lisa os métodos e ferramentas
do a treinadores e profissionais de treinamentos que historica-
que atuam e/ou querem trabal- mente influenciaram o futebol
har com jovens atletas na faixa sul-americano e como os treina-
etária de 14 a 20 anos e serve de dores e treinadoras podem fazer
base teórica e prática para os ma- uso dessas metodologias para
nuais especializados menciona- garantir a qualidade do nosso
dos anteriormente. Este manual jogo. Analisa também os diver-
contém os princípios e conheci- sos conhecimentos que as ciên-
mentos gerais para o desempen- cias do esporte podem aportar
ho de treinadores e treinadoras, aos treinamentos e competições,
enquanto os manuais especia- sempre resguardando nossa
lizados englobam os aspectos identidade e o DNA sul-america-
específicos de cada modalidade. no como formadores de jogado-
Uma proposta comum a todos res e jogadoras de classe mun-
os manuais é que os temas abor- dial. O Capítulo 5 mostra como
dados são aplicados de forma podemos construir nossos futu-
concreta ao mundo real do fute- ros projetos de desenvolvimento
bol sul-americano, em suas dife- do futebol a partir de uma cons-
rentes realidades. É importante trução coletiva e considerando o
destacar que os conhecimentos contexto particular de cada clube
aqui contidos devem ser comple- ou seleção nacional.
mentados com cursos específi-
cos oferecidos pela CONMEBOL
e pelas Associações Membro, por Convidamos a todos
meio de seu sistema de formação
de treinadores e treinadoras.
a desfrutar dos
conhecimentos contidos
neste manual.

8
1 NOSSO
CONTINENTE
9
Cultura do futebol
O DNA sul-americano
O futebol em seus primórdios em do sempre se destacaram por seu
nossa América Latina foi apren- extraordinário conhecimento do
dido pura e exclusivamente com jogo e por essa sabedoria avassa-
o único “Mestre” que existiu (e ladora, desenvolvem capacidades
existe) nessas funções: o jogo. para resolver ações futebolísticas
E a partir desse jogo infantil, a de acordo com suas característi-
criança foi se formando, se auto cas particulares e a posição em
moldando de acordo com a cultu- que jogam dentro de uma equipe.
ra em que estava inserida, cultura
que lhe permitia entender e com- Não devemos nos confundir so-
preender o jogo de uma forma bre isso, suas condições, suas
muito particular, com caracterís- qualidades, suas capacidades
ticas próprias, usos e costumes. sempre foram futebolísticas, não
Nossos meninos e meninas nes- atléticas; destacam-se pelo ta-
tas partes do mundo imaginavam lento, pela marca, pelas malícias,
e viam seu jeito de jogar através pela engenhosidade, pela enor-
de excepcionalidades pessoais: me ousadia e coragem para jogar
domínio da bola, destreza para e por essa capacidade decisiva
manejá-la, dribles, truques, malí- atuam ao nível máximo em todos
cia e individualismo. Sua ideia do os grandes cenários do mundo.
jogo estava essencialmente vista
e sentida através da bola e de seu Por tudo isso, temos a convicção
sucesso pessoal com ela. de que para voltar a desenvolver
e fortalecer esse DNA do Futebol
Essa virtude sul-americana, in- Sul-Americano é preciso voltar às
felizmente, não tem sido uma origens, ou seja, ao jogo pelo jogo
constante no futebol, mesmo e, a partir dele, propor todo um
que em alguns casos pareça que modelo pedagógico e metodoló-
há um “medo” do jogo e tenha-se gico que, mais que o ensino, vise
considerado que este, como ele- a aprendizagem, algo que no fu-
mento pedagógico, está des- tebol é de extrema importância.
atualizado, obsoleto e arcaico.
Precisamente por este motivo se
tentou decompor o jogo, dividi-lo Sem medo de mal-enten-
em partes, fragmentá-lo e tentar didos, podemos dizer que
ensiná-lo na infância de forma
parcelada, seccionada, separada, sem “jogo” nas idades in-
algo que se demonstrou que ca- fanto-juvenis, não há “jo-
rece de embasamento pedagógi- gadores” no futebol pro-
co e que, em alguns casos, preju-
fissional.
dicou a formação dos jogadores.
Os jogadores deste lado do mun-

10
A paixão sul-americana
A primeira coisa que deve ficar plesmente “fazer algo juntos”.
clara é que, embora tenhamos a O sucesso e difusão na América
“sensação” de que o futebol sem- do Sul deste “jogo” de crianças,
pre esteve aí, a verdade é que o jovens e adultos chegou a tal
futebol é algo recente nesse en- ponto que em 1901 já se realiza-
contro de culturas que é a Amé- ria uma partida inaugural entre
rica do Sul. Claro, existem his- uruguaios e argentinos, que se-
toriadores e antropólogos que ria um primeiro antecedente da-
sustentam a hipótese de que quela Copa América de 1916, dis-
entre os astecas ou os incas exis- putada por chilenos, argentinos,
tiam jogos semelhantes ao fute- uruguaios e brasileiros. Assim fo-
bol. Mas, só em 1863, com o nasci- ram formados os primeiros times
mento da “Football Association of profissionais, que se transforma-
England” (Associação de Futebol), ram nas grandes instituições do
é que podemos falar do futebol futebol que conhecemos hoje na
como o esporte que conhecemos América do Sul. Organizações de
hoje. Este nascimento aconteceu grande carisma e tradição que
primeiro nos pátios das escolas e abrigam não só jogadores ta-
paróquias, com crianças e jovens lentosos, mas também têm sido
que gostavam de correr atrás capazes de construir pontes en-
da bola, desenvolvendo estraté- tre a “várzea de bairro” e os pro-
gias de pressão ou, simplesmen- cessos de formação de jogadores
te, formando equipes de bons de futebol de alto nível, gerando
companheiros. A partir daquele aquele “belo jogo” ou a “malícia”
momento, jogar futebol passou do passe para o gol “tirado da
a ser sinônimo de “ir jogar” e, as- galera”, talentos “Made in South
sim, a rua ou os fundos da casa America” que estão no DNA dos
também se transformaram em jogadores de futebol da nossa
campos improvisados. Desde o América. Efetivamente, existe
início, no futebol, crianças e jo- uma rica história institucional do
vens encontraram um espaço futebol sul-americano, uma his-
que transcendia a origem das au- tória importante e sobre a qual
las; uma atividade saudável e di- há uma farta bibliografia; entre-
vertida, onde podiam reunir suas tanto, há “outra história” que
energias vitais, ser solidários por também é substancial quando
uma causa comum, competir se tenta entender o que é esse
lealmente em equipe e contribuir “muito mais” a que nos referimos
para a vitória de sua peculiar des- no primeiro parágrafo. Essa “ou-
treza. Também os adultos - que tra história” tem a ver com a bola
não tiveram a oportunidade de de trapos, com os dois tijolos
viver a infância como meninos e transformados em gol ou com a
meninas - aderiram ao “jogo” e “várzea” - “campinho” - “terreno
assim nasceram clubes de bairro, baldio” que viraram estádios no
de amigos ou de colegas de tra- imaginário dos mais carentes e
balho. Jogar futebol era juntar-se marginalizados. Essa “outra his-
às próprias atividades do tempo tória” está ligada ao “jogar a bola”
livre adulto, aos eventos sociais na hora do cochilo, com o “fute-
ou àquelas desculpas para sim- bolzinho depois do trabalho” ou o
11
clássico jogador de futebol antes acontecimentos da vida cotidia- Bem, o que se entende por
da “festa de domingo” no bairro. na. Quantos pais de família, ge- “apaixonados”? Geralmente, há
Essa “outra história” faz parte da rentes ou políticos motivam seus duas maneiras de traduzir isso
“pelada” que os jogadores jogam filhos, funcionários ou partidários para o jargão do futebol:
na concentração ou enquanto a “jogarem em equipe” quando
esperam o transporte que os le- desejam atingir um objetivo co- 1) São os que dão tudo de si em
vará para a partida de domingo. mum - um “gol”? Este não é um campo, molham a camisa ou pas-
fato fortuito da linguagem, faz sam todas as bolas; mas também
Agora, como esse “jogo” deve ser parte do DNA do mundo simbó- se entende como os que:
entendido? lico dos sul-americanos. Até aqui,
Por um lado, sem dúvida, como pode-se afirmar que tanto aquele 2) se deixam levar por suas
uma atividade divertida, lúdica e “muitos mais” como aquela “ou- emoções, permitindo a emoção
que requer certos tipos de ha- tra história” do futebol explicam prevalecer à razão ou jogando
bilidades, isto é, em geral, a ca- um jogo que ao mesmo tempo impulsivamente.
racterística do ato de brincar. No que entretém e diverte, também
caso do futebol e, principalmente desenvolve e capacita a pessoa, Certamente isso se ouve com
na América do Sul, essa definição unindo o grupo social, seja em um frequência, mas o que realmente
precisa ser mais apimentada. Não encontro no campo ou nas arqui- significa essa “paixão” no contex-
se pode evitar o fato do futebol bancadas. No entanto, seria falso to dessa “outra história” do fute-
sul-americano estar ambientado pensar que essas características bol, desse “muito mais”. A respos-
principalmente em contextos so- são inerentes à definição de “jo- ta à questão conclusiva da seção
cioeconômicos carentes, onde há gar bola”. Não, este conceito de anterior é complexa, pois, por um
um acesso limitado a alguns bens “futebol” como “jogo que alegra e lado, deve-se admitir que os con-
básicos e onde quiseram imple- forma”, além da origem do berço, ceitos provenientes do jargão do
mentar alguns determinismos de é uma construção histórica e so- futebol têm alguma relação com
berço como naturais. Esse banho cial, é a tal “outra história. a realidade e, ao mesmo tempo,
de realidade muda na América do nada têm a ver com as raízes so-
Sul a ideia de “jogo” ou, especi- cioculturais da “paixão pelo fu-
ficamente, de “jogar bola”, pois tebol” na América do Sul. Este
faz das épocas de “campinho”, último encontra seu sustento,
tempos em que o menino, a me- Um processo em que novamente, no contexto históri-
nina, o jovem ou o adulto -como a riqueza emocional e co de uma América do Sul pene-
indivíduos e como grupo- têm a afetiva de homens e trada por uma grande riqueza hu-
oportunidade certa de serem es- mana e natural versus realidades
timulados tanto em seu pensa- mulheres sul-americanos socioeconômicas empobrecidas.
mento como no corporal e, tam- desempenha um papel Assim, “paixão” significa tanto o
bém, em suas habilidades sociais. fundamental, quer dizer, sofrimento pela carência vivida
Essa “pelada” da tarde, recreio ou pelos pobres ou marginalizados,
de saída da fábrica, contribui para
dos protagonistas desse como o apego veemente por
o desenvolvimento das capacida- processo de construção algo que é importante na vida,
des práticas e intelectuais dos histórica do futebol na por razões existenciais próprias e
jogadores, que muitas vezes, in- América do Sul. que ativam o mais íntimo do ser,
felizmente, encontram na oficina, tanto do sujeito, como do coleti-
na sala de aula ou no escritório vo social.
apenas “inibidores ” de suas po-
tencialidades ou capacidades. Da Em linha com o que foi concluí- É importante destacar que, em
mesma forma, para o homem ou do no parágrafo anterior, parece nenhum dos dois casos, espe-
mulher comum, o jogo - especial- interessante referir-se ao fato cialmente no segundo, deve-se
mente o “jogar bola” ou o “fute- de que os sul-americanos, em confundir a “paixão” com o “fa-
bol” - faz parte de suas “teorias relação a outros contextos so- natismo” ou “obsessão”; tam-
existenciais”, forma aqueles mo- cioculturais, caracterizarem-se bém não é válido sustentar que
delos práticos ou referenciais como “apaixonados”. o passional prevalece sobre o ra-
que a pessoa utiliza para analisar cional; hoje, os estudos da neuro-
as interações que ocorrem na so- ciência desmentem esse tipo de
ciedade, nas instituições e nos

12
O futebol na América
do Sul é a construção
sócio-histórica de um
afirmação. Para encerrar a ideia do “muito mais” ou daquela “ou-
deste parágrafo, cabe dizer que o tra história” do futebol, aspectos espaço de coesão e
campo de futebol, principalmen- únicos da realidade sul-america- promoção social em
te na América do Sul, é aquele lu- na que transformam o “jogo” e a torno do jogo com
gar de encontro onde as paixões “paixão” em características, es-
paços ou experiências humanas
paixão no campo da
não só podem ser produzidas,
mas também vivenciadas interna e sociais de superação, tanto no vida.
e publicamente. torcedor quanto no jogador pro-
fissional. Na América do Sul, o fu-
Até o momento, pudemos argu- tebol originalmente permitiu que
mentar que o futebol na América meninos, meninas e jovens vives- mente envolvidas em uma ati-
do Sul compartilha uma estru- sem a experiência corporal, emo- vidade que gera diversão e des-
tura institucional comum com o cional e social inerente à sua in- envolvimento humano, aquela
resto do mundo, mas é original fância - juventude (no campo não “várzea” que luta com simplicida-
em termos de suas implicações, se precisa ser “pequenos adul- de e tenacidade contra as drogas,
conceituação e relevância so- tos”). Posteriormente, o futebol a marginalização e a violência.
cioantropológica. Essa originali- sul-americano permitiu que as
dade está no que aqui se chamou pessoas se sentissem intensa-

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2
NOSSO TREINADOR/
NOSSA TREINADORA
14
Nosso treinador/a e seus
jogadores e jogadoras
Neste manual definimos o técnico sul-americano como o treinador
esportivo, pois seu trabalho não se concentra apenas nos aspectos
esportivos, mas em toda a vida dos meninos, meninas e jovens que
jogam futebol.

Quando falamos em treinadores pas e procedimentos que advêm os treinadores dessas etapas a
temos que distinguir dois aspec- de um conhecimento concentra- encontrar ferramentas que pos-
tos centrais, um que trata da prá- do na academia, que se nutre das sibilitem a formação integral do
tica do jogo e tudo o que o envol- ciências humanas do desenvolvi- treinador sul-americano, respei-
ve e outro que tem a ver com a mento e da compreensão da pes- tando aquele tempo necessário
formação de um ser humano que soa do jogador, assim como, por de estar em campo transpirando
joga. exemplo, a biologia, a anatomia, futebol e agregando o conheci-
a psicologia, a sociologia e as es- mento das ciências. As licenças
O treinador esportivo, que tra- tatísticas nos alimentam de ele- são um sistema que permite cre-
balha com crianças e jovens, mentos para tornar mais metó- denciar e ajudar os treinadores
tem a necessidade de enfatizar dica e organizada no tempo e no que se dedicam e amam essas
a aquisição de habilidades e ca- espaço a nossa tarefa de facilitar categorias a terem reconheci-
pacidades de ação, ou seja, tudo a aprendizagem. mento em toda a América do Sul.
que está relacionado à técnica do Com esse sistema de licenças,
próprio esporte, aos movimentos eles também estarão habilita-
do corpo, à postura do tronco, do É nessa combinação dos a atuar em toda a América do
pé, ao domínio da bola, à com- Sul e demais associações com as
preensão do jogo, tudo o que
que o treinador quais a CONMEBOL tenha convê-
associamos à técnica e táctica sul-americano se nios. Este é um endosso impor-
do futebol, bem como ao desen- diferencia e encontra tante para que a tarefa de educar
volvimento dos movimentos cor- essa capacidade tão crianças e jovens tenha o recon-
porais onde também podemos hecimento e ajude os formadores
incluir o desenvolvimento físico. importante que o torna destas categorias a continuarem
um treinador de grandes com mais ímpeto, esforço, dedi-
Um segundo aspecto diz respei- talentos. cação e estas categorias não se-
to à formação da pessoa, daquele jam vistas apenas como um pas-
ser humano que joga futebol, com so para o mundo profissional.
seus sentimentos, seus pensa- Essa é a capacidade do treina-
mentos, suas ações. Encorajamos dor sul-americano que se baseia Este sistema de licenças per-
que a ênfase seja dada da mesma nessa visão de experiências de mite um treinamento rigoroso,
maneira nestes dois aspectos. várzea somada a conhecimentos sustentado e robusto que nos
Para isso, devemos reconhecer acadêmicos que o tornam inigua- proporciona em toda a América
que o processo de aprendizagem lável e faz da América do Sul uma do Sul uma jornada metódica e
é uma atividade que realizamos das regiões do mundo que mais organizada na preparação dos
desde o nascimento, somos to- alimenta o futebol. profissionais dessas categorias.
dos grandes aprendizes, por isso O sistema de licença oferece às
aprendemos a amamentar-nos, Da CONMEBOL, incentivamos Associações Membro a possibili-
alimentar-nos, levantar e andar. o aprofundamento desses dois dade de avaliar e garantir a qua-
Há também uma aprendizagem conhecimentos e propomos um lidade da preparação dos treina-
sequenciada orientada, com eta- modelo de licenças que ajudem dores esportivos.

15
Etapas da formação
esportiva
Ao longo da vida e nos diferentes espaços sociais, a prática do futebol,
futsal e futebol de areia pode assumir características de acordo com
os objetivos propostos. Pois bem, como fenômeno histórico e social,
as modalidades praticadas “com a bola nos pés” são produtos e
produtoras da cultura humana.

Diante desse cenário, observa-se nas modalidades citadas tam- indivíduos que desejam ingres-
que o futebol, o futsal e o futebol bém tem a finalidade de formar sar na etapa de especialização
de areia como modalidade prati- futuros consumidores do futebol, esportiva, ou seja, no futebol,
cada na iniciação esportiva, entre futsal e futebol de areia, sendo os futsal e futebol de areia juvenil
6 e 13 anos de idade, têm como indivíduos que serão capazes de (14 a 20 anos), voltado ao trei-
objetivo principal o treinamento se relacionar criticamente, con- namento para carreira esportiva
predominantemente de meni- sumir, construir e ressignificar profissional em esportes de alto
nos e meninas, para seu relacio- as modalidades perpetuando a rendimento. Porém, é importan-
namento com a modalidade, ou paixão dos sul-americanos pela te ressaltar que a especialização
seja, promovendo sistematica- e na maneira como jogam com a esportiva deve tratar também da
mente a abordagem da modali- bola nos pés. formação integral dos indivíduos,
dade para que possam tê-las com uma vez que as incertezas, a vo-
o objetivo de educação, cultura, Outra finalidade da iniciação latilidade e a brevidade da carrei-
lazer e saúde para a vida. Além esportiva é proporcionar um ra profissional são características
da prática, a iniciação esportiva aprendizado satisfatório para os dos esportes de rendimento, nos
16
quais não serão todos os indiví- com o futebol, o futsal e o fute- continente e, principalmente, e
duos inseridos no futebol, futsal bol de areia, mesmo na infância, como se supera a concepção de
e futebol de areia juvenil que con- seja pela iniciação esportiva sis- que a iniciação esportiva está su-
seguirão ingressar e permanecer temática ou assistemática, tam- jeita apenas ao período de espe-
na carreira profissional. bém não ingressará no futebol cialização esportiva e este ao es-
juvenil, tampouco se tornarão porte de alto rendimento, como
Após a conclusão do treinamen- jogadores e jogadoras profissio- única finalidade do sistema de
to, os jogadores e jogadoras in- nais. Sendo assim, a promoção formação esportiva, uma vez que
gressam no esporte de alto ren- de uma iniciação esportiva capaz a riqueza da prática assistemáti-
dimento, tendo como atividade de transcender a formação para ca e amadora, bem como as con-
profissional o futebol, futsal e o os esportes de alto rendimento dições com escassos recursos no
futebol de areia, dos 15 a 20 anos, é essencial para a perpetuação futebol sul-americano permitem
onde o principal objetivo da pre- da prática no continente, visto uma diversidade de contextos de
paração esportiva é proporcio- que a grande maioria dos aman- prática que muitas vezes propor-
nar aos jogadores e jogadoras as tes dos jogos com bola nos pés cionam criatividade única aos jo-
condições para a manifestação os praticarão de forma amadora, gadores e jogadores. Além disso,
do alto rendimento esportivo com fins educacionais, culturais, este contexto permite que nas
nas principais competições das recreativos e de saúde. Além dis- etapas de especialização e alto
respetivas modalidades. Além so, os consumidores do Futebol rendimento incluamos jogado-
disso, o esporte de alto rendi- Sul-Americano do século XXI, que res e jogadoras oriundos da prá-
mento como atividade social se serão os torcedores dos clubes e tica assistemática e do futebol
apresenta como uma atividade seleções nacionais da América do nas equipes, assim como após o
econômica e, principalmente, Sul, dependerão da relação que término da carreira profissional
como um mobilizador de práti- estabelecerem com o futebol, possam usufruir das modalida-
cas, sobretudo da paixão dos in- futsal e futebol de areia infantil, des tanto como praticantes de
divíduos pelas modalidades. juvenil e de alto rendimento. futebol amador ou como consu-
midor/torcedor do futebol.
Nesse sentido, é imprescindível Por fim, o modelo exposto ilustra
compreender que grande parte como se organiza a prática do fu-
das pessoas que se relacionam tebol, futsal e futebol de areia no

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Modelo de organização da formação esportiva no futebol, futsal
e futebol de areia na América do Sul

Alto
rendimento
PROFISSIONAL
Educação, cultura,
21 a 35/40 anos
lazer e saúde
AMATEUR
4 a 70/75 anos Especialização esportiva
JUVENIL/BASE
14 a 20 anos

Iniciação esportiva
assistemática Iniciação esportiva sistemática
INFANTIL INFANTIL
6 a 13 anos 6 a 13 anos

6 a 13 anos 14 a 20 anos 21 a 35/40 anos

18
O perfil do treinador para
jovens
No mundo do futebol de formação o termo “treinador” deve ser
substituído pelo de “formador esportivo”, queremos dizer que,
tanto o treinador e treinadora como os outros componentes do
corpo técnico, nestas fases da aprendizagem infantil e juvenil,
devem ocupar funções de guias, conselheiros e facilitadores de
aprendizagem.

O papel do treinador e treinado- sustentar e desenvolver aque- um formador integral, aquele que
ra nessas idades da infância e ju- las habilidades invisíveis, como acompanha a vida, é uma etapa
ventude deve ser realizado com o responsabilidade, dedicação, que lança as bases para o desen-
perfil de formadores e educado- esforço, respeito, que estão no volvimento do jogador de futebol
res esportivos especializados no campo da convivência e do con- e, muitas vezes, se estende por
futebol, que saibam detalhada- texto que envolve o jovem, me- mais de quinze anos.
mente desenvolver as habilida- nino ou menina que treina fute-
des deste esporte, mas também bol. Essa responsabilidade de ser

O formador esportivo da área infantil


(6 a 13 anos de idade):
Desde sua formação esportiva, é para o ensino, com perfil pura-
O futebol infantil nesta longa fase inicial do futebol mente formativo, capacitados e
é o período mais infantil que o formador deve en- especializados no futebol infan-
fatizar o aprendizado motor ge- til, para não cair no erro de ten-
transcendente na ral que desencadeia a aquisição tar imitar os técnicos de futebol
formação de um de uma boa técnica que deve ser profissionais. O treinador infantil
jogador de futebol, é desenvolvida preferencialmente vive, sente e raciocina no meio
a base essencial na através do jogo. O conceito de infantil. Desfruta da possibilidade
que a criança deve “APRENDER de ver o crescimento, o processo
“construção”, não só BRINCANDO” deve estar presente do menino e da menina que vão
do jogador, mas da em todos os programas de trei- se formando.
pessoa, onde o menino namento de treinadores e pro-
fessores. Os formadores devem ser “segui-
e a menina passam a
dores”, não só do processo de en-
consolidar aspectos Por isso, é necessário que as As- sino-aprendizagem, mas devem
de sua personalidade sociações Membros da CONME- compreender que, em muitos
através da socialização BOL e os clubes que as compõem casos, desempenham vários pa-
se empenhem na formação de péis, sendo as pessoas em quem
e seus três elos profissionais especializados nes- este jovem atleta deposita toda
fundamentais: família, tes estágios iniciais tão delica- a sua confiança, tornando-se a
escola e clube de futebol. dos. Referimo-nos aos treinado- sua verdadeira referência para o
res e treinadoras com vocação resto da vida, mesmo em alguns

19
casos, ganhando mais autoridade criatividade, pois é importante no esportivo entenda a importância
do que os próprios pais, o que os planejamento das atividades e jo- de ajudar a formar futebolistas
torna colaboradores da família na gos propor problemas e estimu- autônomos, ou seja, capazes de
tomada de decisões. É uma gran- lar soluções, através de métodos entender o jogo e suas necessi-
de responsabilidade compreen- dedutivos e evitando atividades dades e responder com a malícia
der esta fase para, então, colocar excessivamente estruturadas e característica de inventar saídas
os homens e mulheres mais qua- comportamentais. inesperadas, criar espaços onde
lificados para esta tarefa, onde não há, ver além do que se espe-
o interesse vai além do futebol. Como CONMEBOL, propomos a ra, em vez de jogadores autôma-
Nunca se deve esquecer que o “construção” de um jogador de tos, ou seja, que fazem apenas o
“artista principal” desse caminho futebol com autonomia desde que o adulto manda. Para isso, o
de aprendizagem até o futebol as etapas infantis. Nessa fase, há formador deverá entender que
profissional é o menino, a menina uma tendência a programar ativi- o protagonista do processo de
e o jovem. dades de treinamento altamen- aprendizagem no futebol infantil
te estruturadas, rígidas e pouco é o menino e a menina, por meio
O treinador esportivo e a treina- exploratórias lideradas pelo trei- da “ferramenta” pedagógica de
dora esportiva devem valorizar nador e pela treinadora, com ên- ensino mais atrativa, rica e com-
a iniciativa dos meninos e meni- fase no que eles fazem e falam. pleta que existe: O JOGO.
nas, favorecendo e não inibindo a É imprescindível que o formador

O treinador esportivo e
a treinadora esportiva
devem valorizar a ini-
ciativa dos meninos e
meninas, favorecendo e
não inibindo a criativi-
dade, pois é importante
no planejamento das
atividades e jogos pro-
por problemas e esti-
mular soluções, através
de métodos dedutivos
e evitando atividades
excessivamente estru-
turadas e comporta-
mentais.

20
Adaptação do futebol ao
desenvolvimento da menina e do menino
Em seu processo de formação, da várzea e da rua, hoje esque- de competição e modelos de trei-
primeiramente o menino e a me- cido e marginalizado por proble- namento adequados para cada
nina e, depois, o jovem, devem mas sociais como a urbanização fase infantil e juvenil.
passar por duas grandes etapas e a constante insegurança, assim
no seu caminho para o futebol como os avanços tecnológicos Na verdade, como podemos ver
de elite: nos referimos às áreas no mundo atual que tomaram no gráfico acima, o futebol infan-
do futebol infantil e juvenil, dois espaço e tempo aos jogos do til (6 a 13 anos) deve ser tomado
mundos diferentes dentro do passado tão importantes para o como base sobre a qual se sedi-
mesmo esporte e na formação do desenvolvimento das habilidades mentam os aspectos fundamen-
jogador de futebol que devem es- motoras gerais e também para tais que servirão de plataforma
tar diretamente relacionados em a conformação da personalida- para tudo que virá no grande pe-
um projeto de formação abran- de que se constrói nos primeiros ríodo juvenil (14 a 20 anos), onde
gente. anos da infância. o aprendizado anterior ao futebol
profissional é consolidado e aper-
Devemos compreender a impor- É imprescindível, então, a for- feiçoado.
tância do futebol infantil entre 6 mação e a capacitação de do-
e 13 anos, como elo primário e es- centes esportivos com vocação Dizemos que meninos e meninas
sencial de um processo esportivo genuína e especializados nesses de até 13 anos devem jogar bola
em que se queira ter sucesso. É períodos iniciais do futebol for- com mais liberdade e, a partir dos
necessário recriar de forma pro- mativo sul-americano (um dos 13 anos, começar a jogar futebol
gramada nas Associações Mem- objetivos centrais do Programa com as maiores complexidades
bro da CONMEBOL e nos clubes de Evolução da CONMEBOL), bem que este esporte apresenta na
que as compõem, o futebol-jogo como a adaptação dos formatos fase juvenil.

Modelo sugerido
FASE DE QUANTIDADE DIMENSÕES DO DIMENSÕES DA DIMENSÕES DIMENSÃO DA TEMPOS DE
MATURAÇÃO DE JOGADORES CAMPO DE JOGO ÁREA DOS GOLS BOLA JOGO

FASE INFANTIL 1 e 2 4 vs 4 35 x 22 m 10 x 7 m 4,50 x 1,60 FASE 1: N° 3 F1: 3 x 12’ x 5’


6-9 anos 5 vs 5 FASE 2: N° 4 F2: 3 X 15’ X 5’
6 vs 6
7 vs 7

FASE INFANTIL 2 e 3 7 vs 7 65 x 40 m 24 x 11 m 5,00 x 1,80 N° 4 3 x 20’ x 5’


10-12 anos 8 vs 8
9 vs 9

FASE INFANTIL 3 11 vs 11 100-90 x 65-45 m 40,32 x 16,5 m 7,32 x 2,44 N° 5 2 x 30’ x 10’
13 anos (Medidas Profissionais) (Medidas Profissionais) (Medidas Profissionais)

21
Adaptação do futebol ao desenvolvimento da menina e do menino
Desde os 4 v 4 até 11 v 11

FASE 1 y 2
6-10 anos
4 vs 4 até 7 vs 7
35 × 22 = 770 m2

Dimensões para um campo Dimensões para uma


de futebol 11 quadra de futsal

O processo de formação do me- cognitivas, nos referimos ao jogo


nino, da menina e do jovem deve 11 vs. 11 em campos com medi-
realizar-se em condições ambien- das profissionais ou em forma-
tais e socioafetivas adequadas tos que pouco têm a ver com as Este modelo que
aos seus níveis maturacionais, condições naturais que meninos apresentamos visa
tanto no âmbito do treinamento e meninas apresentam nessas fa- estimular a criatividade,
como da competição, ambos fa- ses maturacionais, o que provoca
tores essenciais para o seu cres- um processo de aprendizagem autonomia e alegria de
cimento e desenvolvimento psi- distorcido do jogo e, além disso, meninos e meninas,
cofísico harmonioso. Para isso é pouco contato com a bola que além de respeitar as
importante que as condições do traz como consequência direta
raízes do futebol de
jogo de futebol sejam adaptadas um baixo desenvolvimento téc-
ao desenvolvimento e possibili- nico. rua e de várzea que
dades dos meninos e das meni- sempre diferenciaram e
nas, e não o contrário, pretenden- Devemos garantir que, dos 6 aos delinearam o futebolista
do que os meninos e as meninas 13 anos, esse esporte seja prati-
tentem se adaptar às formas do cado na América do Sul de acordo
sul-americano.
futebol profissional. com as condições de cada etapa
evolutiva e que não trate os me-
Ainda hoje, em vários lugares do ninos e as meninas como se fos-
nosso continente sul-americano, sem mini adultos.
meninos e as meninas jogam e
competem de forma inadequada
por suas habilidades motoras e
22
O docente esportivo da área juvenil
(14 a 20 anos de idade):

Na seguinte etapa, nos referimos humano. Conhecer a realidade cimento e aplicarem a tecnologia
ao futebol juvenil (14 a 20 anos), familiar e a situação escolar do como mais uma ferramenta para
onde o perfil do treinador e da adolescente é um elo essencial e auxiliar no seu treinamento, con-
treinadora deve se adaptar a um primário, antes de entrarmos no hecerem o perfil psicomotor de
jovem em constantes mudanças processo de formação daquele cada fase maturacional dos jo-
físicas, psicológicas e sociais. jovem jogador de futebol. vens e aplicarem demandas que
aos poucos se assemelham ao fu-
É preciso que o treinador e a trei- O treinador e a treinadora juve- tebol profissional.
nadora da área juvenil conheçam nil devem estar atualizados com
a realidade sociocultural dos jo- a realidade dos jovens além do
vens, saibam em que fase se pas- esporte, serem formadores de
sa um período complexo da vida valores éticos, possuírem conhe- O formador esportivo
de uma pessoa, como é a adoles- cimento tático, ensinarem múlti- e a formadora espor-
cência, sem nunca esquecerem plos métodos ou sistemas, pro-
que antes de um jogador de fu- moverem a formação integral do tiva devem utilizar o
tebol estamos treinando um ser jogador de futebol, terem conhe- futebol como ferra-
menta de inclusão
social, fazendo cum-
prir as regras do Fair
Play como parte do
processo educacional.

Referencial
23
O futebol é um esporte
coletivo
Embora as individualidades sejam importantes, construir uma
equipe é fundamental. Não basta ter um grupo de jogadores bons ou
talentosos, é preciso também que cada um cumpra seu papel com
eficácia e, ao mesmo tempo, que todos assumam a responsabilidade
de cumprir uma estratégia com eficiência.

24
Para um formador esportivo trabalha para que seu grupo de
sul-americano este é um ponto Um grupo de pessoas jogadores compreenda tanto
importante, pois em todas as as funções individuais quanto a
condições em que o futebol trabalhando juntas sobre estratégia comum a ser seguida.
aconteça, espera-se que o um mesmo assunto,
formador esportivo tenha a mas sem nenhuma São muitos os exemplos que
capacidade de administrar podemos citar de verdadeiras
coordenação entre
o talento e as diferentes equipes esportivas que no
características de personalidade elas, em que cada um papel não mostraram grandes
dos jogadores e das jogadoras, realiza seu trabalho talentos individuais, mas que
assim como eles também devem individualmente e sem com o esforço de cada um de
compreender o contexto em que seus integrantes conseguiram
se desenvolvem. É precisamente
ser afetado pelo trabalho conquistas muito importantes,
esta virtude que diferencia um dos demais colegas, não aquelas equipes que nos
formador e uma formadora de um forma uma equipe. emocionam e nos fazem lembrar
treinador e de uma treinadora. delas para sempre, dando-nos a
possibilidade de acreditar que o
O trabalho em equipe não NÃO basta estar juntos e correr esforço e o trabalho em equipe
é simplesmente a soma das atrás da bola, é preciso seguir alcançam coisas que para um só
contribuições individuais. uma estratégia, com tempos, seriam utópicas.
etapas e situações onde a ação
deve ser coordenada. Isso é É o a gratificação do trabalho
conseguido quando um formador em equipe.

25
uma atitude fundamental do Finalmente, deve-se destacar
A autoridade no futebol formador é saber ouvir. Ouvir que embora não haja um
com atenção, prontidão e boa conjunto claro de traços
não se impõe, é conquis- essenciais de personalidade que
vontade é, muitas vezes, a
tada. Essa é uma dife- melhor mensagem que passamos garantam a futura condição de
rença importante e a que aos jogadores de futebol em líder de um treinador, aqueles
define trabalhar como formação. A partir de uma boa que alcançam o sucesso
e atenta escuta poderemos ter geralmente têm as seguintes
líder de um grupo. O líder as coordenadas precisas para qualidades em comum:
é a referência, aquele que conduzir a equipe e aprender
tem autoridade porque algo pessoal sobre cada membro Estar focados nas
do grupo. O jogador valoriza pessoas, tarefas e
todos lhe dão e porque
muito o fato do treinador e da resultados
todos acreditam nele. É treinadora fazerem um esforço
aqui que, na linguagem especial para conhecer sua vida Influenciar através de
do futebol, falamos de fora do contexto da equipe. suas ações e exemplo
códigos, que nada mais Fornecer segurança ao
Claro, sempre existem estilos
são do que os valores particulares e cada um o ambiente
com que nos relaciona- fará como mais souber e
mos com nossos meni- compreender, mas estas Não se assustar com
orientações são fundamentais tomadas de decisões
nos, meninas e jovens. para se conseguir a construção
de uma equipa sólida onde todos Valorizar a todos e
participem, do massagista ao criticar para construir e
Para alcançar o verdadeiro psicólogo, do dirigente ao familiar progredir
sucesso nesta tarefa de liderar, que acompanha.
Ter coerência, liderar
eficientemente, manter
um bom clima interno,
delimitar os objetivos
claramente

Comunicar-se bem,
aberta e francamente
com todos os membros,
resultaria no alcance de
complementaridade e
coordenação

Com tudo o que foi dito,


podemos ter a certeza
de que seremos capazes
de construir um espaço
de compromisso e con-
fiança, chaves para a con-
cretização dos objetivos
a longo prazo, como são
os objetivos desta fase de
formação.

26
Para ser um líder formador é necessário:

Saber escutar Ter empatia Valorizar o


outro

Ser prudente Saber delegar Comunicar


corretamente

Respeitar os Ser autocrítico Saber motivar


processos
pessoais

Inspirar aos Manter o Aproveitar a


demais equilíbrio experiência
emocional de vida

27
Capítulo 2
sabe sabe
sobre sobre

Práticas O treinador/ Formação de Que são


do jogo treinadora jogadores seres
humanos
em

Ferramentas - Sentem
feitas para: - Pensam
- Agem
Futebol
Sul-americano/a
Futsal
Futebol de Areia

Etapas de formación
deportiva

14 — 20 Anos
Especialização
esportiva
6 —13 Anos
Educação
Cultura
Lazer
Saúde 21 — 35~40 Anos
Atividade
profissional

A autoridade
não se impõe, se ganha

28
Nosso/a treinador/a
Conhecimento: esportivo + humanitário

O treinador/a
deve saber

transmitir
habilidades Jogador

Treinador/a

Dentro de um
Infantil: Conceito de “Aprender Jogando”
contexto
6-13 anos presente em todo treinamento

Juvenil: Constante adaptação às mudanças


Família + Escola 14-20 anos físicas, psicológicas e sociais
+ Clube de Futebol do jogador

+ = Bons
resultados
Indivíduos Trabalho
talentosos em equipe

Eficazes Estratégias Coerência


Responsáveis Tempo Bom clima interno
Disciplinados Passos Confiança
Coordenação Complementariedade
Objetivos alcançados
Boa
comunicação

29
Referencial

30
3NOSSO
JOGO
O jogo e a identidade
sul-americana
O reconhecimento de nossa identidade é o movimento essencial para
a preservação do “Jogo Sul-Americano”. Nesse sentido, ao longo de
sua trajetória, o jogo disputado no continente tem se caracterizado
pelo talento, criatividade e garra de seus jogadores e jogadoras.

Estas particularidades cons- Porém, a desejada manifestação Assim, o futebol, o futsal e o fute-
tituem-se como os princípios da identidade só se torna possí- bol de areia se constituíram como
para o desenvolvimento da nos- vel quando compreendemos o esportes nos últimos 150 anos,
sa metodologia de formação de significado profundo do jogo e de mas fazem parte de um conjunto
jogadores e jogadoras que de- uma pedagogia que guie o ensino de práticas corporais que exigem
verão conhecer a “geografia das e a formação dessas modalidades de seus praticantes um estado
quadras e campos” e aprender a em suas características de um de imersão, comprometimento
usar a “malícia estratégica” e a estado subjetivo. ou, melhor dizendo, um estado
“improvisação” para alcançar as de jogo em que o jogador se de-
conquistas, mas sem abrir mão Para tanto, antes de mais nada, dica e se concentra na resolução
da manifestação da paixão. é necessário compreender que, do problema do jogo, utilizando,
antes de serem modalidades es- para isso, seus principais recur-
Essas características que que- portivas, o futebol, o futsal e o sos (competências, qualidades,
remos que nossos jogadores e futebol de areia são jogos, que habilidades, etc.).
jogadoras expressem, seja na historicamente se constituíram a
prática do futebol, do futsal ou partir de práticas sociais estabe- Assim, como afirma Scaglia, o fu-
do futebol de areia, estão estri- lecidas pela necessidade humana tebol, o futsal e o futebol de areia
tamente relacionadas à forma de de se expressar livremente (lú- fazem parte da família dos jogos/
sentir, de viver e, principalmente, dico) pelas habilidades motoras, esportes de bola com os pés, que
de se identificar como sul-ameri- que foram desenvolvidas de for- também é formada por outros
canos. ma íntima com as sociedades em jogos/esportes como futevôlei,
que estavam inseridas. futebol irlandês, rúgbi e futebol
31
americano, bem como jogos/ tam propriedades que os permi-
brincadeiras como jogar uma pe- tem ser reconhecidos como se
Como em qualquer
lada, ou delantero , ou jogar bo- fossem “irmãos” na família dos
binho, entre práticas tradicionais família em que seus jogos/esportes e dos jogos/brin-
que usam os pés para conduzir componentes mantêm cadeira de bola com os pés, pois,
uma bola e são criadas, pratica- suas particularidades, além dos pés serem utilizados
das e recriadas para meninos, predominantemente para con-
menina, jovens e adultos muito
identidade e autonomia, trolar, manipular e impulsionar a
além do continente. seus membros também bola, são considerados esportes
mantêm características coletivos de invasão, uma vez
O futebol, o futsal e o futebol e vínculos que permitem que os jogadores e jogadoras que
de areia, que hoje são os jogos/ compõem as equipes podem/de-
esportes considerados “os mem- que sejam identificados vem entrar no campo adversário
bros mais famosos” desta famí- como parentes próximos para cumprir suas objetivos.
lia, no passado também foram ou distantes, dentro de
jogos/brincadeiras. Atualmen- Além disso, o futebol, o futsal e o
uma grande árvore ge-
te, por serem os mais massivos, futebol de areia apresentam uma
são praticados em todo o mun- nealógica. organização estrutural (campo
do com as mesmas regras, o que de jogo, alvos, companheiros,
lhes permite gozar do prestígio adversários, bola e regras) e fun-
de serem considerados esportes. cional, denominada lógica semel-
Nesse caso, o futebol, o futsal e o hante, que, consequentemente,
futebol de areia, embora tenham influencia as dimensões relacio-
suas especificidades, apresen- nadas ao desempenho esportivo.

32
A lógica do jogo
O futebol, o futsal e o futebol de dual. Nestes sistemas, as ações
areia caracterizam-se pela exis- dos jogadores e das jogadoras A partir dessa construção
tência simultânea de cooperação estão integradas numa estrutura
e oposição, o que provoca a cada que, segundo certos princípios e pode-se afirmar que as
momento uma dinâmica relacio- regras, determinam duas fases: interações no jogo se
nal coletiva que estimula os jo- defesa e ataque. traduzem em um conjunto
gadores a fazerem julgamentos e
a tomarem decisões constantes A fase defensiva, caracterizada
de tarefas que norteiam
com base em ações, reações e in- pela situação de não possuir a os comportamentos
terações que constroem a singu- bola, evidencia ações individuais tático-técnicos de todos
laridade e a diversidade do fluxo e coletivas que procuram neu- os jogadores e jogadoras
de acontecimentos que permi- tralizar a ação dos atacantes ri-
tem a realização de gols na baliza vais para conseguir uma posição
que compõem uma
adversária e o impedimento do estável, com o objetivo de recu- equipe; sendo que em
mesmo na própria baliza. perar a bola e defender o gol. A cada uma das fases do
fase ofensiva é caracterizada pela jogo existem princípios
Embora não seja possível padro- posse da bola onde as ações rea-
nizar a sequência de ações, visto lizadas pelos jogadores e jogado- norteadores e objetivos
que as possibilidades de combi- ras têm o intuito de criar, de for- interligados relativos aos
nação são inúmeras, o futebol, o ma auto-organizada, desordem aspectos defensivos e
futsal e o futebol de areia podem na defesa adversária com o ob-
ser considerados como sistemas jetivo de quebrar o equilíbrio de-
ofensivos das ações.
de confronto coletivo e indivi- fensivo adversário e fazer o gol.

33
A lógica do jogo presente nestas quentes alternâncias de posse de veitar a desorganização adver-
fases manifesta-se na tentativa bola que impõem aos jogadores e sária em seu próprio benefício.
de cooperação e organização dos jogadoras uma elevada capacida-
jogadores e jogadoras com o ob- de de adaptação aos diferentes Por possuir esta característica
jetivo de superar os adversários, momentos do jogo, onde a or- e importância, acredita-se que
seja ao atacar (levando em con- ganização coletiva se torna mais quanto mais rápido for a capaci-
ta o equilíbrio defensivo) seja ao permeável e de difícil resolução. dade do jogador e da equipe de
defender (estando preparado Neste contexto, as transições se movimentar entre as fases do
para atacar). Nesse sentido, to- ataque-defesa e defesa-ataque, jogo, apropriando-se da mentali-
das as atitudes e todos os com- responsáveis por grande parte dade, dos princípios e dos com-
portamentos tático-técnicos dos das situações que desequilibram portamentos específicos de cada
jogadores são direcionados aos o resultado final do jogo, podem uma delas, mais e melhores con-
objetivos do jogo: não sofrer gols ser descritas a partir da capaci- dições serão reunidas para supe-
na própria baliza e fazer gols na dade de raciocínio e adaptabili- rar o adversário e conquistar o
baliza adversária. dade tática dos jogadores e joga- objetivo principal.
doras da equipe em questão nos
Levando em consideração as ca- primeiros momentos subsequen- Para entender um pouco mais
racterísticas próprias de ambas tes à perda ou ganho de posse as fases do jogo, é necessário
as fases, defesa e ataque, é sig- da bola. Assim, esses momentos analisar o que são e quais são os
nificativo destacar a importância (segundos) são de extrema im- princípios táticos que regem essa
dos momentos de transição en- portância, visto que as equipes dinâmica.
tre essas fases do jogo. O argu- estão desorganizadas para as no-
mento para tal consiste nas fre- vas funções e o objetivo é apro-

A equipe tem a posse da bola A equipe NÃO tem a posse da bola

Ataque Defesa
Princípios Princípios
Gerais Gerais
Operacionais Operacionais
Fundamentais Transcição Fundamentais
Específicos Específicos

Progressão Manutenção Recuperação da Cobertura e


e Finalização da posse de bola posse de bola defesa da baliza
Aspectos ofensivos Aspectos defensivos Aspectos ofensivos Aspectos defensivos

Ofensivo Defensivo

Fases, objetivos e aspectos ofensivos e defensivos presentes nas fases do jogo de futebol.
Adaptado de Teoldo, Guilherme e Garganta (2015)

34
Que são princípios táticos?
Por serem desta natureza, os Para facilitar a transmissão dos
Os referidos princípios princípios devem ser subenten- princípios pelos treinadores e
norteadores ou prin- didos e presentes no compor- treinadoras e a compreensão dos
tamento dos jogadores e joga- mesmos pelos jogadores, é fun-
cípios táticos são con-
doras durante uma partida, uma damental compreender a organi-
cepções sobre o jogo vez que sua aplicação propicia zação e estrutura desses princí-
que proporcionam aos o alcance de objetivos interme- pios em categorias. Na literatura
jogadores e às jogado- diários que facilitam a marcação disponível, percebe-se certa har-
de um gol ou seu impedimento. monia das ideias em torno dos
ras a possibilidade de Portanto, quanto mais ajustada construtos teóricos que rela-
alcançarem rapidamente e qualificada for a aplicação dos cionam a organização tática dos
soluções táticas para os princípios táticos durante o jogo, jogadores e jogadoras no campo
problemas decorrentes melhor será o desempenho da de jogo a partir de quatro cate-
equipe ou do jogador em campo. gorias de princípios: gerais, ope-
da situação de jogo. racionais, fundamentais e espe-
cíficos.

35
Princípios táticos gerais
Os princípios gerais recebem esse nome pelo fato de que os compor-
tamentos a eles relacionados podem ser comuns às diferentes fases do
jogo e às regras de ação presentes nos diversos esportes coletivos de
invasão, bem como às demais categorias de princípios - operacionais,
fundamentais e específicos. Assim, as regras de atuação destes princí-
pios baseiam-se em três conceitos derivados das relações espaciais e
numéricas entre os jogadores da equipe e os adversários nas áreas de
disputa pela bola; sendo eles:

Não permitir a inferioridade numérica


Evitar a igualdade numérica
Procurar criar a superioridade numérica

Princípios táticos operacionais


Os princípios operacionais estão relacionados a conceitos e atitudes
predefinidos e comuns para as duas fases do jogo, sendo:

Na defesa: No ataque:
Anular as situações de Manter a bola
finalização Construir ações ofensivas
Recuperar a bola Avançar pelo campo de jogo
Impedir o avanço do adversário adversário
Proteger o gol Criar situações de finalização
Reduzir o espaço de jogo do Finalizar no gol do adversário
adversário

Princípios táticos fundamentais


Os princípios fundamentais representam um conjunto de regras básicas
que norteiam as ações dos jogadores e da equipe nas duas fases do
jogo (defesa e ataque), com o objetivo de desequilibrar a organização da
equipe adversária, promovendo a organização da própria equipe e per-
mitindo que os jogadores intervenham de forma adequada nos espaços
mais críticos do campo. Os princípios fundamentais são categorizados
em cinco princípios para cada fase de jogo de acordo com seus objeti-
vos, sendo:

Princípios Ofensivos Princípios Defensivos


Mobilidade Concentração
Espaço Contenção
Cobertura ofensiva Cobertura Defensiva
Unidade ofensiva Equilíbrio
Penetração Unidade defensiva

36
Embora os princípios táticos fun- Nesse momento, o professor deve meiros anos de experimentação
damentais tenham sua origem no organizar seus conteúdos para o esportiva da fase de maior socia-
futebol, eles podem ser usados processo de ensino nas diferen- lização; isso porque as regras de
no contexto do futsal e, possi- tes fases de formação dos jovens ação presentes nessas duas cate-
velmente, do futebol de areia. No jogadores e jogadoras. Assim, re- gorias de princípios são responsá-
que diz respeito ao futsal, apesar comenda-se que os princípios ge- veis por facilitar a compreensão
das diferenças entre as superfí- rais sejam ensinados a partir dos da lógica do jogo. Por se tratarem
cies (tipo e dimensão), dinâmicas 6/7 anos de idade quando meni- de regras que utilizam operações
e intensidades do jogo relacio- nos e meninas em seu processo concretas, espera-se que através
nadas ao futebol e ao futsal, os de maturação e desenvolvimento da disseminação e compreensão
resultados de estudos recentes motor, cognitivo e social, saem da dos seus conceitos, os alunos se-
possibilitaram compreender a fase egocêntrica e passam a uma jam capazes de aprender o jogo e
especificidade dos movimentos e fase de mais sociabilidade. Como de desenvolvê-lo em um contexto
posicionamento em cada moda- esses princípios se baseiam em formal e informal.
lidade, permitindo a comparação conceitos que precisam da pre-
dos comportamentos táticos dos sença de outros meninos e meni- Na sequência, os princípios funda-
jogadores e jogadoras em cada nas para sua operacionalização e mentais do jogo devem ser intro-
dinâmica de jogo e compatíveis compreensão, seria improdutivo duzidos no processo de ensino do
dentro da modalidade tentar ensiná-los durante a fase futebol, futsal e futebol de areia.
egocêntrica dos meninos e das
As três primeiras categorias de meninas.
princípios são conteúdos a serem Como esses princípios
ensinados e treinados na etapa Combinados aos princípios gerais,
de iniciação esportiva do futebol/ os princípios operacionais tam- requerem pensamento
futsal/futebol de areia infantil. bém devem ser ensinados nos pri- abstrato e teste de hi-
póteses para preencher
o espaço e para o des-
locamento em campo,
seu aprendizado pode
ser totalmente conso-
lidado aos 12/13 anos,
quando o nível de des-
envolvimento cognitivo
do menino e da menina
já estará maduro ou em
fase final de maturação.

37
do jogo de futebol

Fases

Ataque (com posse de bola)


Princípios operacionais
Manter a bola Criar situações finais
Construir ações ofensivas Finalizar no gol adversário
Avançar pelo campo adversário Tran
Princípios fundamentais
1. Mobilidade 3. Cobertura Ofensiva
Criar ações para interromper a organização Apoiar o portador da bola oferecendo
defensiva adversária opções para a sequência do jogo
Apresentar-se em um espaço muito Diminuir a pressão do adversário sobre o
propício para atingir o objetivo portador da bola
Criar linhas de passe profundo Criar superioridade numérica
Alcançar o domínio da bola para continuar Criar desequilíbrio na organização defensi-
a ação ofensiva (passe ou finalização) va adversária
Garantir a manutenção da posse de bola
2. Espaço
Usar e expandir o espaço efetivo de campo 4. Unidade ofensiva
da equipe Facilitar o movimento da equipe no
Expandir distâncias/posições entre jogado- campo de jogo adversário
res adversários Permitir que a equipe ataque em unidade
Obstruir as ações de pontuação da equipe ou bloco
adversária Oferecer mais segurança às ações ofensi-
Facilitar ações ofensivas da equipe vas tomadas no centro do jogo.
Mover-se para um espaço de menor Oferecer mais jogadores para posicio-
pressão nar-se no centro do jogo.
Ganhar "tempo" para tomar a decisão certa Diminuir o espaço de jogo no campo
e continuar o jogo ofensivo
Procurar opções mais seguras, por meio de
jogadores posicionados mais defensiva- 5. Penetração
mente, para continuar o jogo Desestabilizar a organização defensiva
oposta
Atacar diretamente o gol do oponente
Criar situações vantajosas para o ataque
em termos numéricos e espaciais

Figura 01 - Princípios Táticos do Jogo de Futebol


Adaptado de Teoldo, Guilherme e Garganta (2015)

38
Princípios 1. Tentar criar
superioridade numérica
gerais:
Evitar a igualdade
2. numérica
No permitir a
3. inferioridade numérica

Defesa (sem posse de bola)


Princípios operacionais
Deter o progresso do oponente Proteger o alvo
Reduzir o espaço de jogo do Cancelar situações finais
nsição oponente Recuperar a bola

Princípios fundamentais
1. Concentração Cobrir qualquer linha que passe
Aumentar a proteção do objetivo Marcar jogadores em potencial para que
Condicionar o jogo ofensivo do oponente possamos receber a bola
para reduzir as áreas de risco do campo de Fazer uma recuperação defensiva no
jogo portador da bola
Fornecer maior pressão no centro do jogo Recuperar ou afastar a bola para longe da
área onde ela está

2. Contenção 5. Unidade defensiva


Diminuir o espaço da ação ofensiva do Permitir que a equipe se defenda em
portador da bola unidade ou bloco
Guiar o progresso do portador da bola. Garantir a estabilidade espacial e a sincro-
Parar ou atrasar o ataque ou contra-ata- nização dinâmica entre as linhas longitudi-
que do oponente nais e transversais da equipe nas ações
Fornecer mais tempo para a organização ofensivas
defensiva Diminuir a amplitude ofensiva da equipe
Restringir as chances de passar para outro adversária em largura e profundidade
jogador adversário Garantir as diretrizes básicas que influen-
Evitar dribles que favoreçam a progressão ciam as atitudes e os comportamentos
no campo em direção ao gol tático-técnicos dos jogadores que estão
Impedir o fim da meta posicionados fora do centro do jogo
Equilibrar ou exigir constantemente a
3. Cobertura defensiva distribuição das fontes da organização
Servir o portador da bola como um obstá- defensiva de acordo com as situações
culo novamente se ele passar pelo jogador momentâneas do jogo
de contenção Reduzir o espaço do jogo usando a regra
Transmitir segurança e confiança ao do fora de jogo
jogador de contenção para que tenha a Obstruir possíveis linhas de passe para
iniciativa de lutar contra as ações ofensivas jogadores fora do centro do jogo
do portador da bola Permitir a participação em uma ação
defensiva subsequente
4. Equilíbrio Fornecer mais jogadores para se posiciona-
Garantir estabilidade defensiva na região rem no centro do jogo
de disputa de bola
Apoiar os colegas de equipe que realizam
ações de contenção e cobertura defensiva

39
NA PRÁTICA!
Atividades para o ensino e o treinamento dos
princípios táticos fundamentais
Atividade 1
Conteúdos: Princípios de penetração e contenção

Conteúdos e cbjetivos
Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio
Princípio Penetração Contenção -
Atacar diretamente o Diminuir espaço de ação ofensiva
Objetivo
adversário ou o gol do detentor da bola

ATIVIDADE 1
Número de jogadores:
G + 4 vs. G + 4

Tempo (min):
16

Dimensões:
Comprimento: 30 m / Largura:
20 m

Séries x tempo:
1 vs. 1 x 30 segundos por dupla

Descrição:
O jogador de futebol com a bola
deverá avançar com o objetivo
Organização das interações na atividade de driblar e finalizar no gol adver-
sário. O jogador de futebol sem a
Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em bola terá como objetivo conter a
penetração x jogadores/jogadoras com mais des- bola, evitando assim o avanço do
empenho em contenção adversário.

Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho


em penetração x jogadores/jogadoras com menos
desempenho em contenção

40
Atividade 2
Conteúdos: Princípios de cobertura ofensiva e cobertura defensiva

Conteúdos e objetivos
Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio
Princípio Cobertura defensiva Cobertura ofensiva -
Apoiar o detentor da bola
Servir de novo obstáculo
Objetivo dando-lhe opções para a -
ao detentor da bola
continuação do jogo

ATIVIDADE 2
Número de jogadores:
14 = Goleiro/a + 4 vs. Goleiro/a + 4

Tempo (min):
18

Dimensões:
Comprimento: 40 m / Largura:
30 m

Séries x tempo:
2 vs. 2 x 1 minuto por dupla

Descripción:
O time sem posse de bola deve-
rá reduzir o espaço do detentor
da bola, os jogadores deverão
Organização das interações na atividade realizar a cobertura defensiva de
forma a proteger seu gol e o com-
Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em panheiro em contenção, evitando
penetração x jogadores/jogadoras com mais des- assim o avanço e a finalização do
empenho em contenção adversário.

Variação:
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho em Troca dos gols grandes para 4 gols
penetração x jogadores/jogadoras com menos des- pequenos (2 em cada fundo).
empenho em contenção

41
Atividade 3
Conteúdos: Princípios de espaço com bola, espaço sem pelota e cobertura defensiva

Conteúdos e Objetivos
Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio
Princípio Espaço sem bola Cobertura defensiva Espaço com bola
Apoiar o detentor da bola
Facilitar ações ofensiva Procurar espaços de
Objetivo dando-lhe opções para a
da equipe menos pressão
continuação do jogo

ATIVIDADE 3
Número de jogadores:
9 (por campo de jogo)

Tempo (min):
30

Dimensões:
Comprimento: 20 m/ Largura:
15 m

Séries x tempo:
6 x 5 min

Descrição:
3 vs. 3 + 3

Duas equipes jogam contra uma,


Organização das interações na atividade
as equipes que estiverem com a
bola terão o objetivo de fazer o
Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em
passe vertical para os jogadores
cobertura ofensiva e penetração x jogadores/joga-
da outra equipe. A equipe defen-
doras com mais desempenho em cobertura defen-
sora, ao roubar a bola, terá como
siva e contenção
objetivo passar pelos pequenos
gols ou conduzir a bola entre os
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho
cones delimitados.
em cobertura ofensiva e penetração x jogadores/
jogadoras com menos desempenho em cobertura
Variações:
defensiva e contenção
Inserção dos mini gols.

42
Atividade 4
Conteúdos: Princípios de espaço sem bola e concentração

Conteúdos e Objetivos
Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio
Princípio Espaço sem bola Concentração -

Ampliar o espaço de jogo Aumentar proteção


Objetivo -
efetivo da equipe ao gol

ATIVIDADE 3
Número de jugadores:
12 = G + 4 vs. G + 4

Tempo (min):
36

Dimensões:
Comprimento: 40 m / Largura:
35 m

Séries x tempo:
4 vs. 4

Descrição:
A equipe detentora da bola deve-
rá abrir espaço na frente da linha
Organização das interações na atividade da bola na área delimitada. Para
conseguir avançar e finalizar no
Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em gol, pelo menos um jogador da
espaço sem bola x jogadores/jogadoras com mais sua equipe deverá receber a bola
desempenho em concentração dentro da área delimitada, geran-
do assim o início do espaço sem
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho bola.
em espaço sem x jogadores/jogadoras com menos
desempenho em concentração

43
Atividade 5
Conteúdos: Princípios de mobilidade, equilíbrio defensivo e equilíbrio de recuperação

Conteúdos e objetivos
Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio
Princípio Mobilidade Equilíbrio defensivo Equilíbrio de recuperação
Desenvolver nos jogadores Realizar a recuperação
Garantir estabilidade defensiva
Objetivo ações de deslocamento para defensiva em direção ao
nas áreas laterais
cruzar a última linha centro do jogo

ACTIVIDAD 5
Número de jogadores:
20

Tempo (min):
45

Dimensões:
Cancha oficial

Séries x tempo:
6 x 5 min

Descrição:
6 vs. 4 + 6 vs. 7
Em uma metade do campo, a
equipe em transição ofensiva
joga 6 x 7 e terá que avançar rapi-
damente e fazer o passe em pro-
fundidade na defesa adversária.
Após 20 segundos, os meio-cam-
pistas da equipe defensiva po-
Organização das interações na atividade derão ajudar a equilibrar a defesa.

Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em Na outra metade do campo, as-


mobilidade x jogadores/jogadoras com mais des- sim que a defesa roubar a bola,
empenho em equilíbrio defensivo e equilíbrio de jogará 6 x 4 e deverá passar para
recuperação o campo de ataque através do
passe para os atacantes que
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho terão 10 segundos para aprovei-
em mobilidade x jogadores/jogadoras com menos tar a superioridade e criar opor-
desempenho em equilíbrio defensivo e equilíbrio tunidades para finalizar na defesa
de recuperação adversária.

Variação:
Tirar o tempo de 10 segundos.

44
Atividade 5
Conteúdos: Princípios de unidade ofensiva e unidade defensiva

Conteúdos e objetivos
Tipo de
Princípio 1 Princípio 2 Princípio 3
Princípio
Princípio Unidade defensiva Unidade ofensiva -

Facilitar o deslocamento da
Objetivo Reduzir espaço de jogo -
equipe para o campo adversário

ACTIVIDAD 6
Número de jogadores:
15 (por campo)

Tempo (min):
45

Dimensões:
Comprimento: 60 m / Largura:
50 m

Séries x tempo:
3 x 15 min

Descrição:
7 vs. 7 + 1C (2G)
A equipe ofensiva deverá avançar
para o campo adversário com o
Organização das interações na atividade objetivo de finalizar no gol. Para
pontuar, todos os jogadores
Parte 1 Jogadores/jogadoras com mais desempenho em terão que cruzar a primeira linha
unidade ofensiva x jogadores/jogadoras com mais delimitada. Os zagueiros terão
desempenho em unidade defensiva que evitar a finalização, defen-
dendo seu gol e mantendo to-
Parte 2 Jogadores/jogadoras com menos desempenho em dos os seus jogadores dentro da
unidade ofensiva x jogadores/jogadoras com menos mesma área.
desempenho em unidade defensiva
Defensa rouba e finaliza nos 3
mini gols.

Variações:
Pontuar a equipe por entrar no
setor defensivo.

45
Princípios específicos
A quarta categoria de princípios refere-se aos prin- da jogadora e da equipe em se transitar entre as
cípios específicos. Estes, como o próprio nome in- fases do jogo, apropriando-se da mentalidade, dos
dica, decorrem de uma forma específica de jogar e princípios e dos comportamentos específicos de
conceber o jogo, estando diretamente relacionados cada uma delas, mais e melhores condições serão
com as ideias de jogo do treinador/treinadora - pro- reunidas para superar o adversário e conquistar o
fessor/professora e com o modelo e conceito de objetivo principal do jogo.
jogo adotado por uma equipe. Assim, não existem
contornos definitivos que permitem organizá-los e Nesse contexto, a compreensão do jogo nos níveis
classificá-los como os demais princípios presentes individual, grupal e coletivo e sua manifestação na
nas três primeiras categorias, sendo esses conteú- organização sistêmica da equipe passa sensivelmen-
dos destinados à etapa de especialização esportiva te pelas táticas que coexistem no jogo (individual,
ou futebol/futsal/futebol de areia juvenil. grupal e coletiva) e pelas relações estabelecidas pe-
los canais de comunicação dentro da equipe nos ní-
Com esta característica e importância, acredita-se veis setorial, intersetorial e coletivo.
que quanto mais rápida é a capacidade do jogador,

Saída do tiro de meta- G + 5 vs. 3

Dimensões do espaço: 35 m x 68 m
A equipe com o G + 5 deverá, a partir do tiro de meta,
passar a bola dominada por um dos seus jogadores/
jogadoras através dos gols (gols laterais: 1 ponto -
gol central: 2 pontos). Os três zagueiros devem de-
verão impedir o avanço da equipe adversária e, caso
roubem a bola, poderão finalizar no gol adversário
(gol marcado: 3 pontos). Às vezes, o treinador per-
mitirá que uma equipe de três jogadores/jogadoras
ataque a equipe adversária. As equipes são trocadas
a cada três minutos.

Tática individual
A tática individual é a ação de um/uma jogador/jogadora a partir de sua interpretação da situação de jogo em
um determinado tempo e espaço, onde realiza movimentos com a finalidade de cumprir um objetivo especí-
fico e pessoal dentro do jogo, ou seja, é a execução de uma técnica escolhida do repertório de movimentos
do jogador e aplicada a uma situação de jogo a partir de uma decisão tomada.

Perseguição com bola

Dimensões do espaço: 35 m x 40 m
Uma bola para cada dois jogadores/jogadoras que
deverão fugir de quatro apanhadores/apanhadoras.
Os apanhadores/apanhadores só podem apanhar os
jogadores/jogadoras que tenham a possa da bola.
Os primeiros três minutos da atividade deverão ser
realizados com os jogadores/jogadoras impossibili-
tados de se deslocarem correndo.

46
Tática de grupo
São as ações coordenadas de dois a três jogadores/jogadoras no futsal/futebol de areia ou quatro jogado-
res/jogadoras no futebol, a partir de uma sequência de intervenções individuais que visam dar continuidade
às ações de acordo com o objetivo final da equipe.

2 (+1) vs. 3+ G - 6 equipes de 3/4 jogadores(as)

Dimensões do espaço: 35 m x 40 m
Nº de repetições: 3
Nº de séries: 3
Tempo de duração das repetições e pausas:
30 s /90 s

Os/as atacantes tentam finalizar no gol do adver-


sário. Caso os zagueiros/zagueiras recuperem a
bola, deverão passar a bola por um dos gols. Neste
momento, a equipe que perdeu a bola terá um au-
mento de mais um jogador/jogadora.

O gol marcado no gol principal vale dois pontos e o


chute dentro da área vale 1 ponto, a passagem pelos bola será oferecida pelo treinador/treinadora à equi-
gols laterais vale 1 ponto e no gol central, 2 pontos. pe adversária. Vence a equipe que marcar o maior
Se a bola sai de campo ou o tempo de posse da bola número de pontos em todas as repetições.
de uma equipe dura mais de 10 segundos, a posse da

Tática coletiva
Refere-se às ações simultâneas de quatro ou mais jogadores/jogadoras no futsal/futebol de areia e cinco
ou mais jogadores/jogadoras no futebol, previamente estabelecidas na forma de conceitos (princípios), de
acordo com a estratégia determinada, respeitando as regras do jogo que permite relacionar e submeter às
possíveis respostas dos adversários as suas próprias intenções.

G + 8 vs. 8 + G

Dimensões do espaço: 52 m x 68 m Tempo de duração das pausas entre as repetições:


Nº de repetições: 6 100 s
Nº de séries: 2 Tempo de duração das pausas depois da série: 300 s
Tempo de duração das repetições: 10 s
A atividade começa com uma cobrança de falta no
corredor lateral do campo. Depois da cobrança, as
equipes se confrontam por 10 segundos. Se na co-
brança da falta a bola sair de campo, o treinador/
treinadora a reporá para que a equipe defensora ini-
cie sua ação ofensiva. Caso a equipe atacante con-
siga fazer o gol, o treinador/treinadora trocará o
corredor de cobrança. As cobranças das faltas serão
feitas com a bola localizada em diferentes posições
e alternadamente nos corredores laterais. Os joga-
dores/jogadoras que estiverem fora da atividade
realizarão exercícios com saltos e acelerações e se
revezarão ao longo da atividade.

47
Organização setorial e intersetorial
O nível setorial refere-se à ação gadoras de dois setores das equi-
dos jogadores/ jogadoras de um pes, como meio-campistas e ata- Além dessas notas,
setor da equipe, como os zaguei- cantes; o nível coletivo é aquele deve-se destacar a
ros, por exemplo, enquanto que que envolve os três setores em probabilidade de as-
o nível intersetorial refere-se à conjunto.
ação conjunta de jogadores/jo- sociação com as ou-
tras dimensões do
rendimento esporti-
vo (histórica, social e
cultural; psicológica;
estratégica, tática;
técnica e física), com
os aspectos do acaso
e variáveis caóticas
como contribuição
para a construção do
jogo e seu resultado.

Saída do tiro de meta- G + 8 vs. 6

Dimensões do espaço: 52 + 68 m
Organização e funcionamento como atividade ante-
rior. Porém, será realizada em uma estrutura funcio-
nal de G + 8 vs. 6. A troca das equipes é feita a cada
quatro minutos.

48
As dimensões do
rendimento esportivo
É importante destacar que as diferentes dimensões que compõem o
rendimento esportivo estão intimamente relacionadas à preparação
e, principalmente, a todo o processo de formação de jogadores/
jogadoras de futebol, futsal e futebol de areia, em que as dimensões
estratégica, tática, técnica e física se manifestam na e a partir
da dimensão psicológica, que, por sua vez, constitui os aspectos
históricos, sociais e culturais nos quais as instituições e os atores
estão inseridos.

Sendo assim, é imprescindível compreender essas dimensões,


para que seja possível entender como se desenvolve o processo
de planejamento, sistematização e organização do ensino e do
treinamento do futebol, futsal e futebol de areia no continente sul-
americano.
49
Dimensão histórica, social e cultural
A dimensão histórica, social e cul-
tural é aquela que abriga o capital
simbólico historicamente cons- Dimensão
truído pelos integrantes dos gru- psicológica
pos sociais que compõem as ins-
tituições esportivas, assim como
o futebol, o futsal e o futebol de
areia nos países que fazem parte Dimensão Dimensão
estratégica tática
de toda a América do Sul.

Este capital simbólico


Dimensão Dimensão
é o instrumento física técnica
de integração e
constituição dos ão
e ns cial
l
elementos fundamentais Dima, sotura
c l
óri cu
da identidade dos hist e
jogadores e jogadoras,
bem como das equipas.
Figura 02 - Dimensões componentes do rendimento esportivo - adaptado de Thiengo.

Além disso, é sobre os aspec- zação esportiva nas modalidades tamento etc.) que apoiarão o
tos sociais e culturais que serão e estabelecidas as bases para o desenvolvimento de outras di-
promovidas as condições para a desenvolvimento dos diferentes mensões associadas ao rendi-
participação dos indivíduos no aspectos éticos e morais (valo- mento esportivo.
processo de iniciação e especiali- res, atitudes, normas, compor-

Dimensão psicológica
A dimensão psicológica é com- Pois, devido à organização es-
posta pelos aspectos cognitivos trutural e funcional do futebol,
(capacidade de aprendizagem, to- futsal e futebol de areia, essas
Essas características
mada de decisões, entre outros) modalidades exigem que seus exigem que a preparação
e emocionais (desenvolvimento jogadores/jogadoras possam e o treinamento
e relação com os sentimentos e transmitir e analisar informações, no futebol infanto-
emoções como capacidade de re- processo fortemente associado à
sistir a pressões, concentração, dimensão psicológica; e desen-
juvenil contemplem as
relacionamento, agressividade, volver respostas motoras com- diferentes dimensões do
entre outros) dos jogadores/das patíveis com as situações de rendimento esportivo.
jogadoras e baseiam-se na re- jogo e com o planejamento des-
lação com a dimensão histórica, envolvido para as partidas, que
social e cultural como suporte requerem também os aspectos
para o desenvolvimento com as energéticos (metabolismo) e fun-
demais dimensões associadas ao cionais (fisiológicos) dos indiví-
rendimento desportivo. duos.

50
Dimensão Dimensão
estratégica tática
Por outro lado, a dimensão estra- A dimensão tática, de maneira
tégica é aquela que está relacio- simplificada, é a forma como os
nada ao planejamento global da jogadores/jogadoras ocupam e
atividade, ou seja, a forma como administram os espaços do cam-
a equipe é planejada para uma po com suas posições e movi-
determinada partida ou situação mentos. A dimensão tática está
a ser tratada. Ela contempla todo relacionada aos fatores espa-
o conjunto de decisões adotadas, ciais e cognitivos presentes nas
desde o início e sucessivamente relações intra e interequipes e
no decorrer do desenvolvimento pode ser analisada em uma pers-
da situação, que pode causar mo- pectiva individual, grupal ou co-
dificações nos acontecimentos e letiva; manifesta-se na estrutura
até nos tipos das ações previstas, funcional do jogo que resulta das
tanto por parte do treinador/ ações dos jogadores/jogadoras
treinadora como dos jogadores/ e equipes em torno da bola. As
jogadoras. táticas (individual, grupal e co-
letivas) são apresentadas como
A dimensão estratégica está produto das decisões tomadas
fortemente relacionada com a com base no conhecimento do
dimensão tática, sendo que a jogo e nos aspectos organiza-
primeira apresenta uma maior cionais que permitem que o am-
volatilidade em função das di- biente seja manipulado em meio
ferentes situações que ocorrem à dinâmica presente nas fases de
ao longo de uma temporada, en- ataque e defesa.
quanto a segunda é perene e as-
sume um caráter de identidade
de equipe.
51
Dimensão física
Os jogadores/jogadoras que, du-
rante as partidas, concretizam a
estratégia e tática por meio de
ações técnicas, precisam de ener-
gia para realizar os movimentos,
que ocorrem em diferentes re-
gimes de contração muscular.
Assim sendo, a dimensão física
refere-se às capacidades físicas
e de coordenação, tais como: re-
sistência, velocidade, força, flexi-
bilidade, ritmo, equilíbrio, orien-
tação, reação, entre outras e suas
diferentes manifestações, assim
como nos diferentes sistemas
energéticos (aeróbio, anaeróbio
alático e anaeróbio lático) e as
implicações funcionais (fisiológi-
cas) nos sistemas orgânicos (neu-
romuscular, cardiovascular, en-
tre outros) exigidos na atividade
competitiva e nos treinamentos.

A dimensão física
compreende uma série de
fatores que devem estar
atrelados a aspectos
e hábitos nutricionais
que garantam a aptidão
para a prática esportiva,
o que alcança maior
importância no futebol
infantil e juvenil, levando
em consideração os
processos de crescimento
e desenvolvimento
humano dos meninos e
jovens.

52
Dimensão técnica
A partir disso, no futebol temos que os jogadores e as jogadoras
as técnicas sem e com a bola. atuam em cumprimento de um
A dimensão técnica Nas técnicas sem a bola, estão planejamento (estratégia) e, para
consiste no conjunto aquelas realizadas para fins de- isso, realizam a gestão de um ob-
fensivos, como deslocamentos jetivo imposto pela organização
do uso do corpo para de diferentes tipos (caminhar, co- estrutural e funcional da partida
resolver um problema rrer, pular, etc.) em diferentes di- Da mesma forma, podemos dizer
imposto ao jogador/ reções (para frente, para trás, la- que estratégia, tática e técnica
jogadora durante o teralmente, para cima, rotações, são como lampejos, raio e trovão,
etc.) e em velocidades diferentes, que são manifestações indisso-
ato de jogar, e isso que também estão presentes ciáveis de um mesmo fenômeno.
supõe a eficiência e a nas ações dos jogadores e joga-
tradição como principais doras da equipe que se encontra Devido à técnica apurada e à ha-
na fase ofensiva, mas não têm bilidade de resolver “problemas”
características, ou seja, posse de bola. Já as técnicas com do jogo de forma criativa, os
o uso do movimento a bola, são ações com fins ofensi- jogadores sul-americanos e as
corporal está associado vos realizadas pelo jogador ou jo- jogadoras sul-americanas gan-
ao cumprimento de gadora que tem a posse da bola, haram notoriedade mundial. A
como receber, passar, dirigir, dri- beleza dos movimentos, os dri-
uma tarefa, sendo blar, finalizar, defender e repor a bles que abrem espaços em qual-
este movimento um bola pelos goleiros e goleiros em quer sistema defensivo, as fina-
ato tradicional, que suas diversas variações. lizações que colocam a bola em
se transmite entre lugares indefensáveis para os go-
Pelo que se observou, as di- leiros/goleiros de todo o mundo.
gerações de jogadores mensões estratégica, tática e Como esquecer a elegância de Fi-
de diferentes formas em técnica estão intimamente rela- gueroa, as corridas de Maradona,
diferentes culturas. cionadas, sendo na ação ou no a precisão de Pelé, os dribles de
ato de jogar praticamente im- Garrincha?
possível dissociá-las, uma vez

Figueroa Maradona Pelé Garrincha

53
Capítulo 3
O jogo e a identidade sul-americana

Talento
Futebol Criatividade
Futsal Garra
Futebol de Areia

Jogos de bola

De ~150 anos Princípios táticos


Situações do jogo

A lógica do jogo
Sistema de confronto
coletivo e individual Conceitos
Problemas
Soluções
Regras e princípios

Ataque
vs
Defesa

Ataque Defesa
Penetração Contenção
Tática individual Cobertura ofensiva Cobertura defensiva
Tática de grupo Mobilidade Equilíbrio
Tática coletiva Espaço Concentração
Unidade ofensiva Unidade Defensiva

54
Nosso jogo
Organização setorial e intersetorial

Atacantes Meio-campistas Zagueiros/


Zagueiras

intersetorial

A dimensões do rendimento esportivo


Dimensão
histórica, social
e cultural

Dimensão
psicológica

Dimensão Dimensão
estratégica tática

Dimensão Dimensão
física técnica

55
56
4
NOSSA
METODOLOGIA
Influências metodológicas
no futebol, futsal e futebol
de areia sul-americano
Devido à complexidade inerente à preparação esportiva, ao longo
da história muitos esforços científicos e empíricos têm sido feitos na
procura de soluções para a formação de equipas e para a formação de
jogadores e jogadoras.
A partir desses esforços, diversos ração de jogadores e jogadoras Modelos de Cargas Seletivas. Ca-
modelos de planejamento e sis- em diferentes partes do mundo, racteriza-se como um modelo
tematização dos estímulos para inclusive na América do Sul, ten- de cargas diluídas, onde em cada
a preparação foram adotados e do como principal característica mesociclo predomina o desen-
desenvolvidos para as modalida- a distribuição das cargas e a di- volvimento de um componente
des esportivas coletivas, uma vez visão do macrociclo nos períodos do rendimento esportivo.
que as diferentes dimensões do preparatórios (geral e especial),
rendimento esportivo interagem competitivos e de transição, que Porém, apesar da busca pela es-
significativamente na preparação por sua vez são compostos pelos pecificidade e pela integração
e na atividade competitiva. ciclos médio (mesociclo) e peque- das diferentes dimensões do
no (microciclo). rendimento nas atividades de
As primeiras iniciativas que per- treinamento, os modelos de pla-
mearam a preparação de jogado- Ainda nesta perspectiva, o Mo- nejamento e estruturação do
res e jogadoras de futebol, futsal delo de Cargas Concentradas in- treinamento apresentados não
e futebol de areia originam-se da fluenciou a preparação dos joga- contemplavam em suas con-
teoria e metodologia do treina- dores de futebol sul-americanos cepções a organização estrutu-
mento esportivo desenvolvidas e foi a preparação dos jogadores ral e funcional (lógica do jogo)
prioritariamente para o atendi- de futebol e futsal. Este mode- próprias das modalidades espor-
mento aos esportes individuais lo preconiza a concentração das tivas coletivas, como o futebol, o
e foram adaptadas para a utili- cargas destinadas às capacida- futsal e o futebol de areia.
zação nas modalidades espor- des físicas e é caracterizado pela
tivas coletivas, como o Modelo organização da preparação em Outros métodos serão apresen-
Tradicional de Periodização que blocos. Especificamente para o tados ao final.
influenciou e orientou a prepa- futebol, foram desenvolvidos os
57
Meios e métodos utilizados
no ensino e treinamento
do futebol, futsal e
futebol de areia
A materialização do planejamento, sistematização e organização
do processo de preparação e formação de jogadores e jogadoras
ocorre por meio da utilização dos meios e métodos de ensino e
treinamento.

No caso do futebol, futsal e fu- Assim, essas práticas metodo- supõe a separação e a fragmen-
tebol de areia, que são ativida- lógicas foram desenvolvidas, in- tação das dimensões do rendi-
des complexas que requerem corporadas e ressignificadas no mento esportivo com o objetivo
diferentes habilidades, nas di- continente sul-americano pela de ensiná-las e treiná-las sepa-
mensões estratégicas, táticas, influência de treinadores/treina- radamente. Para isso, o método
técnicas e físicas, são utilizados doras, professores/professoras, parcial, também conhecido como
diversos meios e métodos de pesquisadores/ pesquisadoras e método analítico ou série de
treinamento ao longo do proces- jogadores/jogadoras que passa- exercícios, é utilizado principal-
so de formação dos jogadores e ram a atuar e/ou se preparar pro- mente para o desenvolvimento
jogadoras que devem correspon- fissionalmente em outros países, de competências relacionadas às
der aos objetivos propostos para assim como profissionais de ou- dimensões técnica e física.
o ensino e treinamento. tros continentes que vieram tra-
balhar junto com o futebol, futsal
Assim, no estudo dos meios e e futebol de areia na América do
métodos utilizados no futebol, Sul.
futsal e futebol de areia, ou seja,
Na prática!
na metodologia utilizada por es- Deste modo, devido à grande di-
sas modalidades no dia a dia, versidade, não existe a ambição Meios e métodos de
observa-se a utilização de uma de classificar e apresentar todos treinamento
grande variedade metodológica os diferentes meios e métodos
na formação dos jogadores e das utilizados. No entanto, é possível Na preparação esportiva, o
jogadoras que é usada de dife- observar três grupos de práticas exercício físico se constitui
rentes maneiras e combinações. metodológicas utilizadas predo- como o meio principal, e a
minantemente na formação de forma como é utilizado repre-
É importante destacar que as di- jogadores e jogadoras sul-ame- senta o método. Por exem-
ferentes práticas metodológicas ricanos. plo, um sprint é um meio, e a
apresentam objetivos e carac- forma como este é realizado,
terísticas idealizadas para aten- No primeiro grupo, temos as prá- contínua ou com intervalos,
der às necessidades específicas ticas metodológicas amparadas constitui-se como o método
de diferentes locais em diferen- pelo princípio analítico-sintético de treinamento.
tes momentos históricos e são que, com base nas premissas da
congruentes com as concepções teoria comportamental, pres-
teóricas que os embasam.

58
Método parcial (analítico)
O método parcial é caracterizado lização de exercícios físicos para de jogo realizadas sem oposição
pela decomposição dos compo- o treinamento das capacidades de adversários.
nentes do rendimento esportivo físicas/motoras que podem ser
e por seu treinamento de forma realizados de diferentes formas, Com o objetivo de promover a
isolada. Na dimensão técnica, o sendo que estas podem ser agru- adequação e otimização dos es-
método parcial separa as técni- padas segundo os tipos (cons- tímulos de treinamento e as es-
cas com a bola (recepção, passe, tantes ou variáveis), caracterís- pecificidades do futebol na pre-
finalização, entre outras) do seu ticas (contínua, com intervalos e paração de jogadores e jogadoras
treinamento de forma isolada, mistas) e enfoque dos estímulos sul-americanos, coexistiu um con-
que depois são integradas para (permanente, crescente, decres- ceito de treinamento que busca
finalmente a prática do jogo cente e suas combinações). Na integrar as diferentes dimensões
formal ser incorporada. Na di- dimensão tática, o método par- do rendimento esportivo, deno-
mensão física, observa-se a utili- cial está relacionado às ativida- minado método integrado.
zação do método parcial na uti- des de gerenciamento do campo

Método parcial
(analítico)

Exercícios para o treina-


mento de passes. Os joga-
dores/ jogadoras realizam
passes após os desloca-
mentos.

Figura 03 - Atividade utilizada no método parcial.

59
Na prática!
Exemplo de atividade com
a utilização do método
parcial (analítico)
Categoria: Sub-17.

Objetivos da sessão
Dimensão técnica:
Aperfeiçoar a cabeçada defen-
siva.

Parte inicial
Atividade 3 – 5 min
Exercícios técnicos para a ca-
beçada, chutes livres e saídas Os jogadores/jogadoras realizam exercícios de cabeçada enquanto
do gol em bolas aéreas os batedores/batedoras de faltas simulam essas ações e os golei-
ros/goleiras, as saídas de gol em bolas aéreas.
Dimensões do espaço:
52 m x 68 m Para ver sessão completa consultar anexo 2 – categoria Sub-17.

60
Método integrado
O método integrado, como Nesse sentido, a concepção de e táticos; bem como outras com-
construção coletiva e empírica treinamento integrado materia- binações de treinamento dos ele-
sul-americana, pode ser entendi- liza-se no uso de meios de trei- mentos relacionados com as dife-
do como uma iniciativa para siste- namento que utilizam a presença rentes dimensões do rendimento
matização e realização da prepa- da bola na ação dos jogadores esportivo.
ração de jogadores de futebol que e das jogadoras em atividades
emerge da tradição da prática do de treinamento, com o objetivo No segundo conjunto, desta-
futebol, futsal e futebol de areia no desenvolvimento dos aspec- cam-se os métodos sustentados
que visa preservar e desenvolve- tos relacionados a duas ou mais pelo princípio global-funcional,
ra dimensão técnica, como uma dimensões do rendimento es- que preconiza que o todo é mais
das principais características dos portivo, como nos exercícios físi- do que soma das partes. Entre os
jogadores/jogadoras sul-ame- co-técnicos que visam o treina- métodos que têm como guia o
ricanos, mas em diálogo com as mento dos aspectos relacionados princípio global-funcional, temos
propostas que visavam treinar as à dimensão física e técnica; os o método de confronto, o método
demais dimensões relacionadas exercícios técnico-táticos, que global (série de jogos) e o conceito
ao rendimento esportivo. visam treinar aspectos técnicos recreativo do jogo.

Método integrado

Exercícios pliométricos (saltos


sobre barreiras) destinados ao
treinamento da potência dos
membros inferiores (dimensão
física) com exercícios destinados
ao treinamento da cabeçada (di-
mensão técnica).

Figura 04 - Actividad utilizada en el método integrado.

Método de
confronto
O método de confronto consiste
na utilização do jogo formal, ou
seja, uma modalidade esportiva
sem adaptações.

61
Método global
O método global (série de jogos) caracteriza-se pela utilização de uma sequência de jogos aos praticantes,
onde cada jogo ou formas de jogadas visam apresentar a ideia central do jogo esportivo que se deseja en-
sinar ou treinar.

Método global

Mantenha a área livre


Duas equipes se enfrentam, com
cada jogador/jogadora com a
posse de uma bola, que deverá
ser lançada para o campo adver-
sário. Ao final do tempo estipu-
lado, vence a equipe que tenha
a menor quantidade de bolas em
Jogo utilizado no método global para ensino do futebol – adaptado de Alberti e Rothen- seu campo.
berg.

Na prática!
Exemplo de atividades com a utilização com características do método global.
Categoria: Sub-15.
Objetivos da sessão
- Procedimental:
Dimensão técnica: treinar as
técnicas de passe (ruptura de
linhas) e recepção (domínio
orientado).

Parte inicial
Atividade 1 – 2 min
“Mamãe da rua”- 4 v 3
Sem bola.

Dimensões do espaço: Atividade 2 – 2 min Atividade 3 – 4 min


6,5 m x 40 m “Mamãe da rua”- 4 v 3 “Mamãe da rua” - 4 (+1) v 3
Com bola. Com bola.
No espaço entre a linha da
área de meta e a área de pê- Dimensões do espaço: Dimensões do espaço:
naltis, quatro jogadores/jo- 6,5 m x 40 m 6,5 m x 40 m
gadoras de cada vez devem
atravessar a “rua” sem serem Organização e funcionamento como Organização e funcionamento
tocados por três jogadores/ na atividade anterior. No entanto, como na atividade anterior. No
jogadoras vestindo coletes. quatro jogadores/jogadoras devem entanto, os quatro jogadores/
Os jogadores/jogadoras que atravessar para a “rua” com a posse jogadoras só podem atravessar
sejam tocados devem assumir da bola. Os apanhadores/apanha- para a “rua” depois de passa-
a posição dos apanhadores/ doras só podem tocar no jogador/ rem a bola para o jogador posi-
apanhadores. jogadora que esteja com a bola. cionado do outro lado da “rua”.

62
Conceito recreativo do jogo
O conceito recreativo de jogo foi de uma série de jogos, com a No caso do futebol, o método or-
uma das primeiras alternativas utilização de pequenos e mini- ganiza diversos jogos da cultura
metodológicas que procurou su- jogos, para ensinar e treinar os do futebol, em séries de jogos,
perar as limitações dos métodos diferentes aspectos do jogo (tá- como jogos de chutes ao gol, jo-
baseados nos princípios analíti- ticos, técnicos, entre outros), as- gos com um gol e jogos com dois
co-sintético e global-funcional. sim como uma série de exercícios gols.
O método consiste na utilização para corrigir aspectos técnicos.

Concepto recreativo
do jogo

Chute ao gol
Dois ou três jogadores/jogado-
ras se enfrentam, sendo um/uma
atacante e outro goleiro/goleira.
Vence o jogador/jogadora que
conseguir marcar mais gols após
um número combinado de chu-
tes.
Figura 05 - Série de jogos e exercícios utilizados no conceito recreativo do jogo para ensi-
no do futebol – adaptada de Alberti e Rothenberg e Dietrich, Dürrwachter e Schaller

63
No terceiro grupo de práticas, temos os métodos
sustentado pelas teorias contemporâneas da
cognição e pelas teorias sistêmicas, que visam
compreender os fenômenos em sua complexidade
e que procuram atender à especificidade dos jogos
coletivos em diferentes dimensões do rendimento e
suas relações.

Estes métodos caracterizam-se pela utilização de


jogos tradicionais e/ou modificados que procuram
nortear o ensino a formação dos jogadores e
jogadores através de alterações no tamanho do
campo, número de contatos com a bola, número de
balizas e outras regras adaptadas, principalmente
aquelas relacionadas à dimensão tática. Dentre os
métodos pertencentes a esse grupo, destacam-se o
método situacional e a pedagogia do jogo.

64
Método situacional
No método cognitivo Para isso, são utilizadas jogadas execução de técnicas específicas
básicas extraídas de situações da modalidade. O método con-
situacional, o objetivo
de jogo, que são estruturas fun- templa uma proposta para o en-
é que os praticantes cionais. São constituídas por um sino e treinamento dos aspectos
aprendam e ou mais jogadores/jogadoras técnicos e táticos do futebol e
desenvolvam habilidades que, em uma situação de jogo, futsal nas etapas do treinamento
desenvolvem tarefas de ataque tático inicial (linear), posicional e
técnicas (como fazer) e defesa e funções táticas que situacional.
e táticas (o que fazer) requerem a tomada de decisão e
simultaneamente.

Método situacional

Chute ao gol 3 vs. 4 + P


Três atacantes enfrentam dois
zagueiros/zagueiras e tentam
fazer o gol. Antes de finalizar, a
bola deve passar entre os cones
que estão posicionados sobre a
linha do pênalti. O número de to-
ques na bola feitos pelos atacan-
tes/atacantes poderá ser limita-
do, assim como a área de atuação
do goleiro/goleira.

Figura 06 - Jogo utilizado no método situacional para ensino e treinamento do futebol –


adaptado de Greco17.

Pedagogia do jogo
Embora os métodos global, de ser envolvido e ao se envolver no dimensões históricas, social e
confronto, conceito recreativo de jogo. O estado de jogo é limitado cultural, psicológica, estratégica,
jogo e situacional utilizem o jogo pelos polos da frivolidade e êxta- tática, técnica e física.
como método, é uma pedagogia se.
do jogo que se estabelece para
superar a concepção do jogo Além disso, são fundadas as ba-
como estrutura e transcende ses para uma abordagem meto-
para compreensão do conceito dológica pautada no ambiente
do jogo da perspectiva de si mes- de aprendizagem e ambiente de
mo como um estado, sendo este jogo, e a definição de matrizes de
a condição de absorção (concen- jogo é estabelecida para ensinar
tração) e entrega total na medida e treinar o futebol, o futsal e o fu-
em que o jogador se encontra ao tebol de areia com interação das

65
JOGO CONCEITUAL
“Bobinho”

Os jogadores/jogadoras que formam o círculo trocam


passes com o objetivo de manter a posse da bola. Os
jogadores/jogadoras que estão dentro do círculo ten-
tam conquistar a posse da bola.

O número de toques na bola feitos pelos/pelas ata-


cantes poderá ser limitado, assim como o número de
passes trocados ou, no caso da bola passar entre as
pernas de um zagueiro/zagueira, pode condicionar
que os zagueiros continuem a desempenhar suas
funções, mesmo que retomem a posse da bola.

JOGO CONCEITUAL EM AMBIENTE ESPECÍFICO


G + 5 vs. 4 + G

Duas equipes se enfrentam, sendo uma delas com-


posta por um goleiro/goleira, três atacantes e dois/
duas laterais (que atuam apenas fora do espaço deli-
mitado); e a outra equipe, composta por um goleiro/
goleira e quatro zagueiros/zagueiras.

A atividade começa com a equipe de cinco jogado-


res que tentam atacar com a ajuda das laterais. Se a
Figura 07. Jogo conceitual e jogo conceitual em ambiente específico equipe defensora recuperar a bola, a mesma deverá
empregados na Pedagogia do Jogo. atacar em direção ao gol adversário.

Nessa perspectiva, o jogo é um ambiente de jogo, que tem como Os jogos conceituais são jogos
sistema complexo que possui propriedades o desafio, o des- que não respeitam a lógica dos
propriedades específicas e uma equilíbrio, a imprevisibilidade e a jogos de futebol, onde as re-
lógica própria de funcionamento representação. ferências estruturais e funcionais
que requer seu reconhecimento são manipuladas de forma a ge-
por parte dos jogadores, sendo Para a materialização desta abor- rar inúmeras ações conceituais
necessário, para isso, um conhe- dagem metodológica no proces- presentes em todos os jogos que
cimento estratégico-tático-téc- so de ensino e treinamento de compõem a família dos jogos de
nico, que se manifesta no ato de futebol, futsal e futebol de areia bola com pés; os jogos concei-
jogar como uma ação intencional com base no conceito de jogo tuais em ambientes específicos
com o praticante em estado de proposto, foram concebidas ma- são jogos que respeitam a lógi-
jogo. trizes de jogos que permitem a ca do jogo; Os jogos específicos
manipulação de regras adapta- são jogos que respeitam a lógica
Na pedagogia de jogo, a apren- das para simulação de determi- do jogo/esporte, sendo popular-
dizagem significativa acontece nados comportamentos táticos mente conhecidos como “coleti-
quando as atividades ocorrem específicos. Sendo elas: jogos vo”, ou seja, um jogo formal; e os
no cruzamento entre o ambiente conceituais, jogos conceituais jogos contextuais, por sua vez,
de aprendizagem, caracterizado em ambientes específicos, jogos são jogos que têm relação direta
pela organização e planejamento específicos e jogos contextuais. com a competição, ou seja, jogos
dos respectivos conteúdos; e o amistosos e oficiais.

66
Métodos demonstrativos visuais
Os meios e métodos apresenta-
dos destinam-se essencialmente Na prática!
ao ensino e à formação na esfera
procedimental (saber fazer). Po- Exemplo de atividade com a utilização
rém, no processo de formação
dos jogadores e jogadoras con-
de métodos demonstrativos visuais
Categoria: Sub-17.
temporâneos, é necessário des-
envolver competências também
Objetivos da sessão
na dimensão conceitual (saber
Procedimental
sobre) e no saber atitudinal (saber
Dimensões estratégica e tática:
ser). Nesse sentido, a utilização
Treinar a marcação da área, na bola aérea defensiva, em chutes livres
de métodos visuais demonstra-
realizados nos corredores laterais.
tivos que se caracterizam pelo
uso de imagens (vídeos, desen-
Atitudinal / Habilidades para a vida (saber ser):
hos, entre outros) torna-se fun-
Estimular a capacidade de comunicação dos jogadores/jogadoras.
damental, principalmente se os
próprios jovens e adolescentes
Parte Inicial – 30 min
participarem da construção das
Conversa inicial – 5 min
dinâmicas e tarefas, desenvol-
Apresentar os objetivos, funcionamento da sessão e as característi-
vendo os conceitos em conjunto
cas da bola parada ofensiva do próximo adversário (uso do vídeo no
com os sentimentos de pertenci-
celular). Combine as palavras-chave/expressões:
mento, autonomia, cooperação
#posiciona e #Tira o espaço!
entre outros valores.
Para ver sessão completa consultar Anexo– Categoria Sub-17.

67
Outros métodos
A Periodização Tática
metodológicos: o princípio das aos domingos - apresenta uma
propensões, o princípio da pro- estrutura para a realização dos
A Periodização gressão complexa e o princípio da jogos (domingos), dia livre (se-
Tática foi concebida alternância horizontal na especi- gunda), recuperação (segunda e
especificamente para a ficidade. sábado) e aquisição da organi-
preparação no futebol zação dos jogos pelos jogadores
O desenvolvimento da manei- e jogadores e jogadoras (quarta,
e tem como objetivo ra de jogar específica da equipe quinta e sexta-feira), onde são
principal desenvolver a ocorre no morfociclo padrão. distribuídos os princípios táti-
forma específica de jogar Este, por sua vez, consiste no ci- cos específicos, classificados em
de uma equipe baseada clo de treinamento fundamental princípios, subprincípios e os
na periodização tática, no qual subprincípios dos subprincípios,
em um modelo de jogo. os princípios metodológicos in- que são treinados em diferentes
teragem, fornecendo uma matriz regimes de contração muscular
para o processo de treinamento, (no que diz respeito à tensão, du-
Nessa concepção, a dimensão que deve ser repetida sistemati- ração e velocidade) para desen-
tática do rendimento esportivo camente. volver a forma jogar pretendida
é a orientadora e a integrado- na organização coletiva, grupal e
ra do treinamento que, por sua O morfociclo padrão - de jogos individual.
vez, se baseia em três princípios

68
Treinamento Estruturado
O Treinamento Estruturado foi deve ser único, específico e per- transformações caracterizam a
elaborado com o intuito de sis- sonalizado, sendo a ciclicidade mudança paradigmática na for-
tematizar o treinamento para os da proposta garantida pela utili- mação de jogadores e jogadoras
jogos esportivos coletivos, par- zação dos microciclos estrutura- de futebol, futsal e futebol de
tindo da concepção do jogador dos, que são considerados uma areia de todo o planeta, que pro-
e jogadora como esportistas hu- unidade funcional da proposta, curam adequar os princípios do
manizados, sendo que apresen- que de acordo com o momento treinamento à organização es-
tam singularidade nas estrutu- de preparação assumem caracte- trutural e funcional dessas mo-
ras bioenergéticas, condicionais, rísticas diferentes, sendo classifi- dalidades, assim como os meios e
cognitivas, socioafetivas, emo- cados em microciclo estruturado métodos de ensino e treinamen-
cional-volitivas, expressivo-cria- preparatório, microciclo estrutu- to empregados.
tivas e mentais. rado de transformação dirigida e
especial, microciclo estruturado
No treinamento estruturado, os de manutenção e microciclo es-
princípios da alternância e es- truturado de competição. Estas, Na prática!
pecificidade norteiam a organi- por sua vez, são constituídos por
zação planejada do treinamento. sessões de treinamento concebi- Os meios e métodos de trei-
das com situações de simulações namento adotados nos di-
Este deve ser construído a par- preferenciais que são sequências ferentes modelos de perio-
tir do projeto esportivo da ins- de atividades que procuram oti- dização são semelhantes.
tituição, devendo também ser mizar as estruturas dos jogado- As diferenças substanciais
considerada a modalidade, a ca- res e jogadoras. estão nos objetivos e mo-
tegoria e o nível competitivo da mentos que são utilizados,
equipe para o desenvolvimen- Com base no exposto, obser- em decorrência das pre-
to das estruturas: condicional, va-se uma busca pela especifici- missas teóricas e princípios
coordenativa, cognitiva e socio- dade em todas as dimensões do metodológicos de cada mo-
afetiva. rendimento nos modelos de pla- delo de planejamento, sis-
nejamento, sistematização e or- tematização e organização
Desta forma, o planejamento ganização do treinamento. Essas das atividades.

69
Contribuição das ciências do
esporte no futebol
sul-americano
O objetivo deste tópico é destacar a importância e as contribuições
de diversas áreas do conhecimento científico para a formação
de jovens jogadores e jogadoras de futebol, futsal e futebol de
areia. Analisaremos os principais conceitos científicos aplicáveis
ao treinamento, procurando exemplificar os conceitos para que o
treinador/treinadora faça uso desses conhecimentos. É importante
destacar a necessidade de aprofundamento por parte dos treinadores/
treinadoras nos estudos das ciências aqui abordadas. Esse
aprofundamento pode se dar por meio dos cursos de especialização
oferecidos pela CONMEBOL e pelas licenças de treinadores/
treinadoras oferecidas pelas Associações Membro.

Desenvolvimento neuromotor
aplicado ao futebol
Desenvolvimento neuromotor
O movimento é uma forma de ex-
pressão e linguagem que se ob-
tém ao longo da vida, controle,
refinamento, ritmo, novas coor- Restrições Experiências
denações, combinações e alter-
nativas funcionais. Esses ganhos
fazem parte de um processo onde Biologia Desafios
se desenvolve uma sofisticada
rede de interações neuronais e Desenvolvi-
musculares, proporcionando uma mento
série de mudanças e possibili- Tarefas neuromotor Idade
dades. As ações musculares vão
adquirindo novos controles e no-
vos significados. Chamamos esse
processo contínuo, que está rela- Possiblidades Estímulos
cionado às interações entre o in-
divíduo e o meio ambiente, entre
tarefas e restrições, entre idade, Ambiente
biologia humana, estímulos, ex-
periências e desafios de Desen-
volvimento Neuromotor.
70
Particularidades do desenvolvimento neuromotor
Se fizermos uma investigação impossível dissociá-lo dos aspec- dimensões biológicas, psicológi-
rápida nas fontes que tratam do tos psicossociais-ambientais que cas e sociais do indivíduo imer-
assunto, veremos que, na maio- nele interferem. Não podemos sas em contextos ambientais
ria dos casos, o conceito de des- pensar nele apenas como uma específicos. Essa ideia é muito
envolvimento está ligado a uma ideia biológica. importante porque vamos tratar
ideia biológica sobre a transfor- do conceito de desenvolvimento
mação ao longo da vida de um O desenvolvimento humano e, automotor neste material, e ele
organismo. Porém, quando pen- consequentemente, o desenvol- está totalmente ligado a aspec-
samos no desenvolvimento do vimento neuromotor, é um pro- tos de aprendizado e maturação.
organismo humano, torna-se cesso resultante da interação das

A idade e os aspectos individuais do desenvolvimento


neuromotor
El desenvolvimento neuromotor duos se compõe em um contexto manentemente como um tecido
é um processo muito particular e muito particular de experiências vivo. É importante destacar que
individual. vividas, faria sentido pensar que os aspectos primários e funda-
o desenvolvimento neuromotor mentais para a coordenação de
Existem momentos ao longo da poderia ocorrer no mesmo ritmo movimentos mais elaborados
vida em que o desenvolvimento e com o mesmo conteúdo de re- serão apresentados ao final da
será mais rápido e, em outros, pertório para indivíduos diferen- primeira infância. Toda a estru-
mais lento. E embora essa velo- tes e da mesma idade? turação de movimentos que
cidade (mais rápida ou mais len- expressarão habilidades e com-
ta) esteja relacionada a períodos As peculiaridades dos estímulos petências futuras será baseada
específicos da idade, não será e experiências que recebemos e nas aquisições iniciais, nos re-
necessariamente a mesma para vivemos desde o início de nossas pertórios primariamente consti-
indivíduos da mesma idade. O vidas constituem um caminho tuídos. Assim, as possibilidades
desenvolvimento neuromotor único, que confere a cada ser hu- funcionais de movimento no fu-
dos indivíduos não ocorre no mano um horizonte neuromotor turo - como as habilidades para
mesmo ritmo, mesmo que ten- também único. A ideia principal jogar bem o futebol, por exemplo
ham o mesmo tempo de vida. Se é que o desenvolvimento neu- - serão melhores e mais amplas
considerarmos que a interação romotor é um processo que se tanto quanto a qualidade e a va-
das potencialidades biológicas constrói ao longo da vida. E se riabilidade dos estímulos e desa-
de cada indivíduo com o meio for um processo (e não um mo- fios motores apresentados desde
ambiente e com os demais indiví- mento), será transformado per- o início da primeira infância.

71
Desenvolvimento, crescimento e maturação
O desenvolvimento é um concei- Faz parte da necessidade de cons- de transformações morfológi-
to que geralmente está presente trução da melhoria do desem- cas do indivíduo (como aumento
em diferentes áreas do conhe- penho dos jogadores e jogado- de tamanho, da massa corporal,
cimento. Para nós do futebol, o ras de futebol, com o objetivo de da proporcionalidade dos segui-
conceito de desenvolvimento nos atingir o maior potencial de cada mentos).
ajudará a entender melhor o trei- indivíduo, com a compreensão de
namento e a formação de joga- que isso só será possível se en- Por outro lado, a maturação
dores e jogadoras de futebol, que tendermos como ocorre o pro- refere-se ao conjunto de alte-
está relacionado à ideia de trans- cesso de transformação do ser rações biológicas (fisiológicas e
formação em um eixo de tempo. humano ao longo da vida. Se o bioquímicas), principalmente de
Isso significa que, no conjunto de desenvolvimento humano res- natureza qualitativa, das células,
estratégias contributivas para a peita uma temporalidade e ao dos órgãos e/ou dos sistemas do
formação de jogadores e joga- mesmo tempo está condiciona- organismo humano. Ela é deter-
doras de futebol, o significado de do às possibilidades que surgem minada consideravelmente por
desenvolvimento está associado das interações do indivíduo com especificações de uma ordem ge-
a uma ideia de processo que se seu meio, é necessário saber bem nética.
constrói no decorrer de qualquer que efeito cada estímulo dado
período de tempo. (em uma sessão de treinamento, Então, embora desenvolvimen-
por exemplo) terá uma resposta to, crescimento e maturação se-
adaptativa. jam conceitos que se relacionam
No caso do desenvolvi- entre si, é importante para um
mento humano, o período O conceito de desenvolvimento melhor entendimento do treina-
é a vida, e o processo é é diferente do conceito de cres- mento e desenvolvimento dos
o conjunto de transfor- cimento ou maturação (embora jogadores e jogadoras de fute-
estejam todos interligados). Tan- bol, compreender que o desen-
mações que ocorrem no to o crescimento quanto a matu- volvimento neuromotor está as-
caminho das diferentes di- ração, ainda que também este- sociado não apenas às questões
mensões do ser (biológica, jam ligados à ideia de processo, que envolvem a maturação e o
estão mais alinhados a um cará- crescimento do indivíduo, mas
psicológica, social, etc.).
ter biológico. O crescimento, por também aos fatores ligados à
exemplo, refere-se ao conjunto aprendizagem motora.
72
Fases do desenvolvimento neuromotor
Fases sensíveis
Do ponto de vista da idade bio- Cada fase tem sua peculiaridade des competitivas, à pressão pelos
lógica, ao longo da vida haverá e sua importância. A fase de ini- resultados e à adaptação ao ca-
momentos com maior predispo- ciação representa o período em lendário competitivo. As ações e
sição para o desenvolvimento do que a expansão do repertório mo- movimentos aqui devem ser mol-
controle do movimento (fases tor deve ocorrer da forma mais dados, aperfeiçoados e desafia-
sensíveis). Por isso, quando pen- ampla, variada, rica e geral possí- dos em níveis competitivos mais
samos no desenvolvimento neu- vel. Isso significa que é nela que elevados.
romotor, haverá idades em que devem estar presentes diferentes
determinados estímulos poderão desafios motores (inclusive o uso
propiciar sua maximização. de outras modalidades esporti-
vas além do futebol), como jogos,
A melhor e adequada
No futebol, ao longo do proces- passatempos e atividades lúdicas seleção de estímulos em
so de formação de jogadores e em geral. cada fase possibilitará,
jogadoras, para potencializar a em longo prazo, dentro
capacidade de jogar de um jovem A fase de especialização represen-
futebolista do ponto de vista do ta o período em que existe a pre- de um processo de
desenvolvimento neuromotor, ocupação de realizar movimentos formação de jogadores
precisaremos entender o que mais específicos, de acordo com e jogadoras de futebol,
cada idade implicará. Dentro do a modalidade esportiva pratica-
a maximização do seu
processo de treinamento no fu- da. No nosso caso, trata-se da
tebol não podemos esquecer que expansão e desenvolvimento do potencial. E como as
o desenvolvimento neuromotor repertório motor, agora com de- fases são sequenciais, o
deve respeitar as fases específi- safios, ações e movimentos do bom desenvolvimento de
cas de aquisição: futebol.
uma contribui para o um
Fase de iniciação A fase de alto rendimento repre- melhor desenvolvimento
senta o período em que o desen- posterior da outra.
Fase de especialização volvimento neuromotor estará
totalmente conectado às realida-
Fase de alto rendimento

73
Um menino ou menina de 8 anos, Lembremos aqui que toda estru- gógica de adaptação às diferen-
por exemplo, jogando futebol turação de movimentos que ex- tes faixas etárias dentro de um
não é um adulto em miniatura. pressarão habilidades e compe- processo de formação de joga-
Possui particularidades relacio- tências futuras serão baseadas dores e jogadoras (o que já seria
nadas à idade, crescimento, ma- nas aquisições iniciais, nos re- um grande motivo). Também é
turação e desenvolvimento que pertórios primariamente consti- decisivo para o melhor desen-
são decisivas para a melhoria do tuídos. Portanto, a compreensão volvimento das habilidades e das
desempenho de longo prazo no das fases do desenvolvimento potencialidades individuais dos/
futebol que precisam ser bem neuromotor não é necessária das jovens futebolistas em um
compreendidas. apenas para uma questão peda- processo de formação.

Fase de Fase de Fase de alto


iniciação especialização rendimento

6 a 13 anos 14 a 20 anos 20 anos em diante

74
Na prática!
As perguntas podem
ser feitas no início, ao
princípio ou ao final das
sessões, com o objetivo
de ajudar os jogadores/
jogadoras a identificar e/
ou selecionar a informação
relevante para o seu
desenvolvimento.
Categoria: Sub-17

Procedimental
Dimensões estratégicas e tác-
Número de série: 1
ticas: treinar a marcação da
área na em bola aérea defensi-
Duração das repetições: 10 s
va, em chutes livres nos corre-
dores laterais.
Duração das pausas entre repetições: 100 s
Conceptual: discutir as referên-
Duração dos descansos depois da série: 300 s
cias (espaço, adversário e bola)
para a marcação da zona na
A atividade começa com um tiro livre no corredor lateral do campo.
bola morta defensiva.
Depois do chute, as equipes se enfrentam por 10 segundos. Se no
tiro livre a bola sair de campo, o treinador/treinadora revezará a bola
Parte final - 20 min
para que a equipe defensora inicie sua ação ofensiva. Se a equipe
Atividade 5 - 15 min
atacante conseguir marcar, o técnico irá trocar o corredor de chute.
Objetivo + 11 vs. 11 + Objetivo.
As faltas serão marcadas com a bola em diferentes posições e alter-
nadamente nos corredores laterais.
Dimensões do espaço:
52 m x 68 m
Conversa final - 5 min
Quais são as dificuldades enfrentadas para marcar uma bola morta?
Número de repetições: 6
Como podemos melhorar a organização nesta situação?

Para ver a sessão completa, consulte o Anexo - Categoria U17.

Assim, faz parte do processo de to neuromotor estão intima- Investir num processo de estímu-
aprendizagem motora, no caso mente interligados. los bem controlados e adequado
do futebol, promover estímulos às fases sensíveis, respeitando a
de desenvolvimento que ao mes- Embora relacionados à biolo- individualidade dos meninos, das
mo tempo ampliem e melhorem gia humana, o desenvolvimento meninas e dos jovens, contribui-
o repertório motor e aumentem neuromotor está, como já vimos, rá positivamente para maximizar
a afinidade dos processos decisó- amplamente vinculado às ex- o desenvolvimento neuromotor.
rios com a própria ação, nos con- periências, desafios, restrições, E no nosso caso, principalmente,
textos de demanda do jogo aos contextos e ambientes em que o para o melhor desenvolvimento
quais os jogadores e jogadoras indivíduo está inserido, portanto, das habilidades de jogar o fute-
estão sujeitos. Os processos de às possibilidades de aprendiza- bol.
aprendizagem e desenvolvimen- gem que surgem.

75
Fisiologia do exercício
aplicada ao futebol
No futebol de treinamento e ren-
A Fisiologia do Exercício dimento esta ciência tem uma
é uma área das ciências relevante importância no mo-
médicas que se ocupa do mento de avaliar alguns parâme-
tros fisiológicos que permitem
estudo e análise de da- aos preparadores físicos/pre-
dos do rendimento físico paradoras físicas e treinadores/
das pessoas que prati- treinadoras determinar algumas
cam sistematicamente cargas de trabalho considerando
fatores ambientais e a condição
atividades desportivas física dos jogadores e jogadoras
em diferentes especiali- e, desta forma, estruturar seus
dades. respectivos treinamentos.

76
Sistema músculo esquelético e exercício
O organismo humano nunca tamos fazendo exercícios físicos: Esquelético:
deixa de nos surpreender pelo o coração bate mais rápido, por- Músculos de ação voluntária que
seu grau de perfeição e comple- tanto, envia mais sangue para o são regulados pelo sistema ner-
xidade, nos permite caminhar, sistema; os pulmões transpor- voso central (S.N.C) e que por
correr, saltar, sentir frio, calor, tam mais oxigênio, os múscu- meio de unidades neurológicas,
sede, dor, observar futebol, etc. los têm uma atividade mecânica denominadas unidades de placas
Isso se deve a uma série de sis- mais extrema, o que implica em motoras, permitem a produção
temas interconectados que per- uma maior atividade metabólica. de movimentos.
mitem que o organismo receba Quando o organismo está nesta
funcionalidade. Nestes sistemas condição, torna-se relevante a Cardíaco:
surge uma parte integradora, a fisiologia do exercício, uma subu- Músculo próprio do coração, sua
fisiologia, que tem um papel fun- nidade da fisiologia geral que es- ação mecânica é involuntária e
damental para o desenvolvimen- tuda, analisa e avalia o organismo controlada pelo sistema nervoso
to do organismo. em condições de atividade física autônomo (S.N.A).
em diferentes situações climáti-
Quando estamos em repouso, cas: frio, calor, umidade, altitude. Liso:
nosso organismo continua fi- Nesta área iremos analisar os sis- Este tipo de musculatura é aque-
siologicamente ativo: o coração temas envolvidos e suas reações le que forma alguns elementos
enviando sangue ao sistema, os ao exercício físico e seus proces- do nosso organismo, como os va-
pulmões fornecendo oxigênio a sos de adaptação. sos sanguíneos, paredes do trato
cada célula, o cérebro enviando digestivo e, como como a mus-
sinais a todo o organismo. Po- O corpo humano é composto por culatura cardíaca, é controlada
rém, quando estamos em mo- três tipos de músculos que são pelo sistema nervoso autônomo
vimento, todos os sistemas são definidos como esquelético, car- (S.N.A).
ativados, ainda mais quando es- díaco e liso.

São faixas de tecido


fibroso conjuntivo
por meio das quais
um músculo se liga
a um osso. É um te-
cido de transição en-
tre um músculo e um Músculo esquelético está coberto pelo
epimísio (uma bainha de tecido conectivo)
osso, pois não é um
músculo, já que não O tendão serve
possui fibras muscu- de fixação entre o Quando o
lares, e também não osso e o músculo músculo se
é um osso, porque contrai, o
não tem cálcio, mas tendão puxa
o osso.
sua presença é ne-
cessária para que um
determinado seg-
mento do corpo se
mova.

O periósteo é a membrana
que cobre a superfície do osso.

77
Tipos de fibras e exercício

Fáscia muscular
Osso

Fibras
musculares

Tendão
Fascículos
secundários

Geralmente, as fibras do tipo I atividade física de média e baixa citoplasmático, este tipo de cé-
têm uma grande capacidade de intensidade que se desenvolve lulas desenvolve sua atividade
resistência aeróbia. Vamos es- em torno de 120 segundos, no em situações de alta intensidade
tabelecer que o conceito de ae- caso do futebol pode ser exem- e curta duração em um tempo
róbio significa que a reação me- plificada em uma corrida de 10 aproximado de 0 a 15 segundos,
tabólica a nível celular é gerada minutos com bola. um exemplo no futebol pode ser
com a presença de oxigênio em um duelo por uma disputa de
uma organela celular chamada Por outro lado, as fibras do tipo bola, ou um sprint de 20 metros.
mitocôndria, este tipo de meta- II estão funcionalmente adapta-
bolismo aeróbio é realizado como das para exercer sua ação meta- Do ponto de vista fisiológico,
produto dá a ingestão de carboi- bólica em condições anaeróbias, existem várias diferenças entre
dratos e gorduras. Na prática, ou seja, com déficit de oxigênio. uma e outra.
pode-se estabelecer que é toda Este processo é gerado a nível

Características estruturais e funcionais dos tipos de fibras


Tipo I Tipo II
Velocidade de contração Lenta Rápida

Capacidade aeróbia Alta Baixa

Capacidade anaeróbia Baixa Alta

Tamanho do neurônio motor Pequeno Grande

Força da unidade motora Baixa Alta

78
Frequência cardíaca e exercício
A frequência cardíaca (FC) é um te às cargas de trabalho subse- processo de adaptação cardíaca
parâmetro fisiológico que consis- quentes. A resposta da frequência ao exercício realizado de forma
te em uma sístole (contração) e cardíaca ao exercício difere de um intensa e sistemática passa por
uma diástole (relaxamento), e que sujeito treinado para outro que mudanças estruturais do coração
nos permite quantificar a intensi- não o é, de tal que, ao se deparar que estão representadas no au-
dade com que um exercício físico com o mesmo estímulo, o atleta mento das cavidades cardíacas,
é realizado. Essa frequência varia tem uma frequência menor que o que leva a um maior fluxo san-
de acordo com o estado físico do uma pessoa sedentária. Existem guíneo para o sistema; essa mo-
indivíduo, idade, sexo, estado de outras modificações do ponto de dificação estrutural é chamada de
repouso ou exercício. vista estrutural e funcional, esse coração de atleta.

Os valores aproximados da fre-


quência cardíaca para uma pessoa
sedentária em repouso é de apro- Na prática!
ximadamente 80 a 85 batimentos
por minuto (bpm) e, para atletas
Categoria U-15 -
em repouso, é de aproximada-
mente 55 a 60 (bpm). Conferência: Benefícios
do exercício aeróbico na
A frequência cardíaca vai aumen- promoção da saúde
tando à medida em que a inten-
sidade e o volume do exercício Feita pelo médico, fisiologista e Justificativa: Estimular e instru-
aumentam. Para determinar até preparador físico do clube para mentalizar a comunidade para a
onde o organismo é capaz de re- jogadores/jogadoras da cate- prática de exercícios físicos e os
sistir ao aumento da frequência, goria Sub-15, e seus convidados jovens jogadores de futebol pelo
que se estabelece essa variável, (aberto à comunidade). Tem prazer de treinar.
por exemplo: se um jogador/jo- como objetivo despertar o inte-
gadora de futebol tem 20 anos, se resse das pessoas pela prática A conferência Benefícios do exer-
for aplicada essa fórmula, o pro- de exercícios aeróbicos para pro- cício aeróbio na promoção da
duto é 200 x minuto como F.C.M.T. mover a saúde e ensinar aos pre- saúde é uma atividade curricular
sentes como utilizar a frequência (ver capítulo V) que pode ser pla-
Os efeitos circulatórios do exer- cardíaca para a prescrição e con- nejada com o objetivo de promo-
cício estão relacionados aos pro- trole do exercício, também utili- ver o relacionamento do clube/
cessos de adaptação, que é o zado nos treinos de futebol*. equipe com a comunidade, assim
conjunto de modificações mor- como promover a formação inte-
fofuncionais de alguns órgãos ou gral dos jogadores/jogadoras.
sistemas que atuam com maior
* Consulte o planejamento da sessão de treinamento preparado para a Categoria
intensidade permanentes como U-15 - Anexo, que também tem o objetivo conceitual de ensinar a frequência cardía-
aplicação do estímulo agudo, de ca e seu uso no controle da intensidade do treinamento.
modo a responder adequadamen-

79
Redistribuição do fluxo sanguíneo durante o exercício
Durante o exercício, além de um estão realizando a ação primária do fluxo gera uma restauração
aumento geral do fluxo sanguí- do exercício. O desvio do sangue gradual dos níveis de glicose e
neo, ocorre uma alteração na é gerado pela contração e relaxa- oxigênio no sistema e o aumen-
distribuição do sangue nos dife- mento muscular das arteríolas de to da temperatura dá sangue ao
rentes órgãos do corpo. Durante alguns tecidos. Isso permite uma nível dos músculos ativos que
o exercício, o sangue é desviado homeostase (equilíbrio) no orga- flui em direção à pele para ser
dos rins, cérebro e sistema diges- nismo porque os níveis de glicose resfriado para estabelecer a ho-
tivo para os músculos esqueléti- (energia) e oxigênio (gás) dimi- meostase.
co e cardíaco e para a pele que nuem rapidamente. O aumento

Adaptações cardiovasculares ao exercício


Na realização de atividades fí- ao organismo satisfazer a ne- Dentro das adaptações pode-
sicas, uma série de alterações cessidade de fornecer oxigênio, mos elencar as seguintes:
cardiovasculares são produzidas nutrientes, água, energia, etc.,
e que, em conjunto, permitem para seu funcionamento normal.

Diminuição da frequência cardíaca em estado Eficiência mecânica na contratilidade


de repouso ventricular

Aumento do volume sistólico Maior quantidade de sangue venoso que


retorna ao sistema
Diminuição da pressão arterial em estado de
repouso Aumento do fluxo sanguíneo

80
Sistema respiratório e exercício
Em nossa vida diária, poderíamos O organismo humano é consti- to por diferentes estruturas que
não beber água, comer ou dormir tuído por uma série de sistemas permitem a livre passagem de
por algumas horas. No entanto, que permitem um desenvolvi- oxigênio para o interior do nosso
seria impossível não respirar du- mento harmonioso do ponto de organismo, a saber: nariz, farin-
rante esses períodos de tempo. vista estrutural e funcional e, ge, laringe, traqueia, brônquios,
neste caso, será feita uma des- bronquíolos, alvéolos e pulmões.
Para o estudo desse sistema, e crição das características estru-
sua relação com o exercício físi- turais do sistema respiratório A organização estrutural básica
co, é necessário definir o que é para posteriormente estabelecer desse sistema consiste em uma
respiração: é a troca de gases, a sua relação com o exercício fí- rede de pequenos tubos que ter-
oxigênio (02) e dióxido de carbono sico. minam dentro do pulmão pro-
(CO2), entre um ser vivo e o meio duzindo trocas gasosas com o
ambiente. O sistema respiratório é compos- meio ambiente.

Ventilação Adaptações respira- Consumo máximo


pulmonar durante o tórias ao exercício de oxigênio (VO2
exercício A eficiência do sistema cardio- máx.)
vascular será afetada se o siste-
A ventilação pulmonar durante a ma respiratório não fornecer oxi- Conceitualmente, é definido
atividade física aumenta até in- gênio suficiente para satisfazer como a capacidade máxima de
tensidades de esforço máximo, as demandas metabólicas para a obter oxigênio a partir do esforço
que são diretamente proporcio- realização do exercício físico. As- físico máximo. É um parâmetro fi-
nais às necessidades metabólicas sim como o sistema cardiovascu- siológico para determinar a resis-
do organismo. Esta condição é lar, o sistema respiratório passa tência cardiorrespiratória, o VO2
dividida em duas fases: fase nº1, por processos adaptativos espe- máximo aumenta consideravel-
quando o exercício começa, o cíficos ao treinamento esportivo, mente com o aumento da inten-
córtex motor é ativado e trans- entre os quais podemos citar: sidade do exercício. Uma pessoa
mite impulsos ao centro respira- sedentária que treina três vezes
tório localizado no cérebro, es- Volume pulmonar: é a capacida- por semana durante seis meses a
pecificamente ao nível do bulbo de dos pulmões de expelir uma 75% do seu consumo máximo de
raquidiano, o que leva ao aumen- quantidade de ar após uma ins- oxigênio, pode ver sua condição
to da respiração; e fase nº2, uma piração máxima. de consumo aumentada em 15%,
vez aumentada a respiração, as isto está bem abaixo dos valores
mudanças de temperatura oco- Frequência respiratória: uma de um atleta de alto rendimento
rrem a nível arterial e, à medida vez realizado um treinamento cujo os números variam entre 70
em que o exercício aumenta de sistemático, a respiração tende a 90 ml/kg/min.
intensidade, a musculatura para- a diminuir ligeiramente no es-
lelamente também aumenta sua tado de repouso, o que reflete Os fatores que influenciam esta
temperatura gerando mais calor, uma maior eficiência. condição são: idade, condição
o que produz uma descarga de física do indivíduo, hereditarie-
oxigênio a nível da musculatura A ventilação pulmonar, assim dade, tipo de treinamento, raça,
que está em atividade. como a frequência respirató- sexo e condições geográficas.
ria, é ligeiramente reduzida em
uma situação de repouso.

Difusão pulmonar: é a troca ao


nível alveolar. Aumenta consi-
deravelmente em situação de
exercício.
81
Sistemas energéticos e sua relação com o exercício
Para a análise dos sistemas ener- sultado dessa ação, geramos ATP
géticos e sua relação com a ati- devido a processos altamente
vidade física, temos que definir o complexos denominados meta-
conceito de energia, que é a capa- bolismo, que são todas as reações
cidade de realizar trabalho. químicas que ocorrem em nível
celular e que geram o movimento
Para sobreviver, todos os seres em suas diferentes formas e in-
vivos do planeta dependem de tensidades.
energia, e por mais mínima que Na prática!
seja esta permite que realizem Do ponto de vista energético, em
uma atividade celular básica. nosso organismo são produzidos O desenvolvimento dos di-
Como seres humanos, obtemos 2 grandes processos, conhecidos ferentes sistemas de forne-
energia principalmente dos nu- como metabolismo anaeróbio e cimento de energia é exem-
trientes. aeróbio e, com base nesses dois plificado nas sessões de
sistemas, as células geram ATP treinamento elaboradas para
A fisiologia do exercício concentra por meio de três métodos. as categorias Sub-15 (aeró-
seus processos energéticos em bio), Sub-17 (anaeróbio aláti-
uma molécula chamada trifosfa- Anaeróbio Alático ATP-PC co) e Sub-20 (anaeróbio láti-
to de adenosina (ATP), uma forma co).
de energia química armazenada Anaeróbio Lático Glicolítico
em nossas células proveniente Ver os planejamentos para as sessões
de treinamento - Anexo 2.
de nossa alimentação. Como re- Aeróbio Oxidativo

82
Anaeróbico alático (ATP-PC)
Dos sistemas energéticos este é manter os níveis de ATP é limita-
o mais simples, além do ATP exis- da e oscila entre 0 a 15 segundos;
te uma molécula chamada fos- além desses tempos os músculos
focreatina ou PC, este elemen- associados vão depender de ou-
to é altamente energético, sua tros elementos para a formação
função principal é reconstituir o de ATP como é o metabolismo
ATP com o objetivo de manter os glicolítico e aeróbio. Os exemplos
níveis normais de energia para o no futebol podem ser demons-
trabalho. trados no seguinte: um sprint de
20 metros, um duelo, uma ação
Este sistema leva seu processo motora do goleiro/goleira.
metabólico a nível do citoplasma
celular, onde a liberação de ener- EXEMPLOS:
gia permite realizar atividades de Um sprint de 20 metros a alta
alta intensidade e de curta du- intensidade.
ração e em débito de oxigênio Um duelo pela bola a alta
(02), ou seja, nossa capacidade de intensidade.

Na prática!
Exemplo de atividade com
predominância de metabo-
lismo anaeróbio alático.
Categoria: Sub-17

Objetivos da sessão
Dimensão física:
Desenvolver capacidade de
aceleração e potência (sistema
anaeróbio alático).

Parte inicial
Atividade 2 – 15 min

Dimensões do espaço:
52 m x 68 m
Duração das pausas despois da deslocamento com mudança
Número de repetições: 6 série: 300 s de direção. Em seguida, os ou-
Serie No1: 1 tros jogadores/jogadoras reali-
Onze jogadores/jogadoras rea- zam a mesma atividade.
Duração de repetição: 10s lizarão simultaneamente quatro
saltos consecutivos sobre as ba-
Pausa no tempo de duração rreiras em uma corrida de 6,5m Para a sessão completa, ver o Anexo 2–
em uma máxima velocidade de Categoria Sub-17.
entre repetições: 100 s

83
Anaeróbico lático (glicolítico)
O outro método de produção ativado com maior intensidade dois minutos. As demandas des-
de energia consiste na quebra quando a atividade de contração te sistema são elevadas e os ní-
da molécula de glicose em um muscular aumentar. Antes que a veis de ácido lático aumentados,
processo denominado glicólise glicose possa gerar energia, ela portanto, o referido ácido limita
anaeróbica. deve ser convertida em um com- a ação do cálcio a nível das fibras
posto chamado glicose 6 fosfato. musculares, impedindo o bom
A glicose é praticamente 100% funcionamento da contração
dos açúcares circulantes no san- Assim como o sistema lático, muscular.
gue e a que permanece no sis- esse processo se desenvolve a ní-
tema vem da decomposição dos vel citoplasmático e em débito de
carboidratos. Esta é armazena- oxigênio (02), onde a liberação de EXEMPLOS:
da a nível hepático com o nome energia permite que sejam rea- Sprint com duração de 1 a 2
de glicogênio hepático e a ní- lizadas atividades de curta du- minutos em alta intensidade.
vel muscular, como glicogênio ração e alta intensidade, em um Passe de um lateral volante
muscular. Este composto será teste de sprint que dura de um a em alta intensidade.

Na prática!
Exemplo de atividade com
predomínio de Metabolis-
mo anaeróbico lático
Categoria: Sub-20

Objetivos da sessão
Dimensão física:
Realizar o treinamento
Promover o desenvolvimento
da potência e da capacidade
anaeróbia lática (95% a 100%
FCM), para goleiros/goleiras,
zagueiros/zagueiras, volan-
tes; e resistência de velocidade
(95% a 100% do FCM) para ata-
cantes e meio-campistas

Parte final Duração de repetições e descansos: 60 s/ 180 s


Atividade 4 - 15 min - 4 (+1) vs. 5
+ - gol - 4 equipes de 5 jogado- Os atacantes procuram finalizar no gol do adversário. Se os zaguei-
res/jogadoras. ros/zagueiras recuperarem a bola, devem passá-la por um dos gols.
Neste ponto, a equipe que perdeu com a bola terá a adição de mais
Dimensões do espaço jogadores. O gol marcado no gol principal vale dois pontos e o chute
(35 m x 64 m) dentro da área vale 1 ponto, passando pelos gols laterais vale 1 e no
gol central 2 pontos. Se a bola sai de campo ou o tempo de posse de
Número de repetições: 3 uma das equipes dura mais de 20 segundos, o treinador/treinadora
oferecerá a posse de bola à equipe adversária. Vence a equipe que
Número de série: 1 obtiver mais pontos em todas as repetições.

Para ver a sessão completa ir ao Anexo - Categoria U20

84
Sistema aeróbio (oxidativo)
Este sistema é um processo me- O sistema aeróbio é o principal
tabólico através do qual o orga- método de produção de energia
nismo gera energia na presença durante os testes de resistência
de oxigênio (02), e é definido como que demandam alto volume e
um sistema aeróbio ou oxidativo. média ou baixa intensidade. Esta
Esta produção de ATP é gerada condição do organismo conside-
na organela celular denominada ra alta demanda de oxigênio (02).
mitocôndria.

Os músculos precisam constan- EXEMPLOS:


temente de um suprimento de Corrida livre de 15 minutos em
energia para produzir contrações baixa intensidade
musculares por longos períodos, Corrida livre de 10 minutos
ao contrário dos outros dois sis- com bola em baixa intensidade
temas em que a fonte de energia
de ATP é limitada.

Na prática!
Exemplo de atividade
com a predominância do
metabolismo aeróbio
Categoria: Sub-15

Objetivos da sessão
Dimensão física:
Realizar treinamento para des-
envolver resistência específica
(80 a 90% de FCM) para golei-
ros/goleiras, alas, zagueiros/
zagueiras e volantes; e resis-
tência de velocidade (95% a
100% do FCM) para atacantes e
meio-campistas.

Parte inicial
Atividade 4 - 15 min - Saída de (gols laterais: 1 ponto - gol central: 2 pontos). Os três zagueiros de-
chute ao gol + 5 vs. 3 vem evitar o avanço da equipe adversária e, caso roubem a bola, po-
dem finalizar no gol oposto (gol marcado: 3 pontos).
Dimensões do espaço:
35 m x 68 m Em alguns momentos o treinador/treinadora vai permitir que uma
equipe de três jogadores/jogadoras ataque a equipe adversária. As
A equipe com o goleiro/goleira equipes são trocadas a cada três minutos.
+ 5 deverá, desde o gol, passar
com a bola dominada por um Para ver a sessão completa, ir ao Anexo – Categoria
de seus jogadores pelos gols

85
Nutrição aplicada ao futebol
Muitos são os fatores que contri- quantidade certa de energia, mento das refeições antes, du-
buem para o sucesso esportivo, com excessos e restrições, é a rante e após os treinos e jogos;
entre eles o talento, a motivação chave para se manter saudável e que forneçam o combustível
e o treinamento. Para conseguir ter um bom desempenho. Se co- adequado para um desempenho
um treinamento eficaz, necessi- mer demais, a gordura corporal ideal e que contribuam para uma
tamos de uma boa alimentação aumenta; se comer muito pouco, melhor recuperação. Como ter-
que nos forneça a energia ne- o desempenho diminui. ceira e última etapa temos a su-
cessária para um alcançar um ex- plementação, que embora possa
celente desempenho físico, que Quando se trata de nutrição ajudar em alguns casos, deve ser
nos dê o combustível necessário esportiva, alguns especialistas consumida de forma regulamen-
antes e durante o exercício, e que falam em uma pirâmide de prio- tada. Não existem suplementos
nos ajude na recuperação depois ridades. A base da pirâmide é nutricionais que cubram uma
de o praticá-lo. fazer uma alimentação balan- alimentação deficiente. De nada
ceada que forneça os nutrientes serviria realizar qualquer estra-
As necessidades de energia va- necessários para mantê-los sau- tégia de nutrição esportiva ou
riam de acordo com as necessi- dáveis e fortes. Um jogador bem de suplementação se a base da
dades específicas de cada joga- alimentado tem um desempenho pirâmide não estiver muito sólida
dor/jogadora, podendo inclusive melhor e adoece menos. Como e o jogador não estiver bem ali-
ser modificadas de acordo com segundo passo, temos estraté- mentado.
a temporada ou situação do jo- gias de nutrição esportiva, que
gador de futebol. Conseguir a consistem em um bom planeja-

Suplementos

Para estar em ótimas


Nutrição condições de saúde, evitar
desportivo doenças, reduzir as lesões
por falta de energia e
manter-nos com uma
composição corporal
adequada.
Alimentando Para obter a energia
equilibrado necessária para que cada
treinamento seja eficaz e
recuperar bem os esforços
físicos que a prática esporti-
va implica.
Para alcançar nosso rendi-
mento máximo nas partidas.

86
Dieta equilibrada: nutrientes essenciais
Carboidratos
As necessidades de carboidratos em que o treinamento pode ser sejam fornecidas nos dias mais
do jogador/jogadora estão re- bastante leve; e dias de jogos, intensos e evitar o ganho de peso
lacionadas ao gasto energético onde há um alto custo energéti- nos dias menos intensos.
dos treinamentos. A carga dos co, principalmente se o jogador
treinamentos varia de acordo de futebol joga os 90 minutos. A tabela a seguir fornece infor-
com os ciclos de treinamentos Por esse motivo, recomenda-se mações sobre as quantidades de
e jogos, podendo até variar de ajustar as quantidades de acordo carboidratos que devemos con-
um dia para o outro. Há dias em com o treinamento, para garantir sumir para cada quilograma de
que os treinos são intensos; dias que as reservas de combustível peso em um dia.

Carga de treinamento Necessidades de carboidratos


(g por kg de peso corporal)
Treinamento de baixa intensidade / treinamen-
Leve 3 – 5 g/kg
tos táticos / dias de descanso
Treinamento de moderada intensidade (ao redor
Moderado 5 – 7 g/kg
de 1 hora diária)
Treinamento de alta intensidade
Intenso (1 a 3 horas diárias de exercícios moderados a 6 – 10 g/kg
intensos ou no dia anterior ao jogo)

87
Alimentos que contêm cerca de 30 g de carboidratos
1 xícara de macarrão cozido 3 colheres de sopa de mel 1 e 1/2 barra de cereais
2/3 xícaras de arroz cozido ou 3 colheres de açúcar ou 3 4 colheres de chá de passas
1 batata ou batata doce média colheres de sopa de doces ou 1 fatia de bolo de aveia
2 fatias de pão de sanduíche geleia com mel (60 a 80 g
ou 1 pão tipo Baguete pequeno 30 g de doce de batata ou aproximadamente) ou
4 colheres de sopa de aveia marmelo ou doce de goiaba 2 biscoitos doces de aveia
¾ xícara de cereais 1 banana grande ou 1 maçã ou 1 1 bebida isotônica
pêra ou 1 xícara de uvas 300 ml de suco de laranja
natural

Exemplos de uma dieta rica em carboidratos para um jogador/jogadora de 75 kg


Objetivo: 8 gramas de carboidratos por kg de peso corporal (75 x 8 = 600 g de carboidratos)

1 xícara de café com leite + 3 fatias de pão com geleia + 1 copo de suco de laranja
Desjejum
natural
Shake com 1 xícara de leite, 2 bananas, 4 colheres de sopa de aveia instantânea e 2
Colação da manhã
colheres de sopa de mel
Uma porção de frango + ½ prato bem cheio de macarrão.
Almoço
1 copo de suco de fruta natural.
Lanche 1 xícara de iogurte com 6 colheres de sopa de granola + 1 fruta

Colação da tarde 1 caixa de leite achocolatado (200 ml) + 1 barra de cereal


½ prato de leguminosas (feijão ou lentilha) + ½ prato bem cheio com arroz branco.
Jantar
1 copo de suco de fruta natural.
Durante os
1 bebida isotônica + 1 banana
treinamentos

88
Proteínas
As proteínas dos alimentos são de hormônios e enzimas que re- Recomenda-se que os jogadores
constituídas por aminoácidos gulam o metabolismo, apoiam concentrem sua atenção na in-
que constituem a maioria dos ór- o sistema imunológico e outras gestão necessária de alimentos
gãos e músculos. Eles desempen- funções corporais importantes. ricos em proteínas de alta qua-
ham um papel fundamental no Por isso, são fundamentais na lidade, consumidos em horários
crescimento e reparo dos tecidos alimentação e de extrema impor- apropriados, como após os trei-
do corpo. Também fazem parte tância para o esporte. namentos, e os distribuam ao
longo do dia.

Recomendações para promover a síntese proteica ideal no período de recuperação e adaptação de


cada treinamento:

Consumir alimentos proteicos de alta qualidade dentro dos 30 minutos a 2 horas após completar
o exercício para obter uma melhor recuperação e síntese de proteínas musculares. As proteínas de
origem animal são de melhor qualidade (laticínios, carnes, ovos, etc.).

A quantidade de proteína necessária para maximizar essa resposta ao exercício é em torno de 20-25 g.

Recomenda-se o consumo de proteínas de rápida digestão, como a proteína do soro de leite, que
pode ser facilmente encontrada nos laticínios do dia a dia.

A síntese proteica muscular ainda é estimulada 24 horas após o treino, por isso é recomendável
distribuir o consumo total de proteínas ao longo do dia e não consumir em uma única refeição.

É importante lembrar que se maiores quantidades de proteínas são consumidas, elas são simples-
mente queimadas como combustível, e não são utilizadas para restaurar ou gerar novos tecidos.

Não há muitas razões que justifiquem o uso de suplementos proteicos caros em pó ou de aminoá-
cidos. As refeições diárias são provavelmente iguais ou mais eficazes.

Alimentos que contêm cerca de 10 g de proteínas


50 g de peito de frango 250 a 300 g de iogurte / 150 a 150 g de leguminosas ou
50 g de carne magra 200 g de iogurte grego lentilhas
50 g de peixe 2 fatias de queijo ou 50 g 200 g de feijão
2 ovos ou 3 claras 3 colheres de sopa de leite em pó 60 g de frutos secos ou
300 ml de leite 400 ml de leite de soja sementes

89
Vitaminas e minerais
As vitaminas e A necessidade de ingestão de vi- ma forma, algumas vitaminas e
os minerais são taminas e minerais é maior nos minerais têm função antioxidan-
atletas. Muitos minerais são per- te, necessária para neutralizar o
essenciais para o bom didos com o suor e devem ser estresse oxidativo causado pelo
funcionamento do repostos diariamente. Da mes- esforço físico.
organismo e para manter
uma boa saúde.

Para garantir que o organismo tenha as vitaminas e minerais de que necessita:

Consuma vegetais de variadas cores.

Consuma pelo menos 3 porções de frutas e/o verduras por dia.

Opte por saladas coloridas e variadas para garantir o consumo de mais nutrientes. Cada cor fornece
diferentes nutrientes que completam uma dieta balanceada.

Fontes de:

Flavonas e Luteína (potente


flavonoides antioxidante), Vitamina C,
(antioxidantes, Betacaroteno Vitamina C
cálcio, magnésio, magnésio, ácido Antioxidantes e
antimicrobianos e (vitamina A) e e licopeno
ácido fólico, fólico e potássio fitoquímicos
anti-inflamatórios) Vitamina C (antioxidante)
vitamina K e C
e potássio

Folhas verdes
Pêra, (alface, espinafre, Melão, manga, Tangerina, Morango, maça, Uva, cebola roxa,
couve-flor, acelga, etc.), banana, milho, laranja, abóbora, pimentas ameixa, amora,
batata, banana aipo, brócolis, pimentão cenoura vermelhas, berinjela
e cebola maçã verde, kiwi, amarelo tomate,
limão melancia

Estratégias de nutrição esportiva: alimentação para os


treinamentos e jogos
1. Comida prévia Exemplo de um jogador/jogado-
ra de 75 kg
A refeição anterior aos treina- for pela manhã, a refeição anterior
mentos e às competições deve 4 HORA S 300 G
importante será o café da manhã; antes de carbohidratos
ter como foco o fornecimento se for no início da tarde, a refeição
de carboidratos, pois eles consti- será o almoço; e se for tarde/noi- 3 HORA S 225 G
tuem a principal fonte de energia te, a refeição importante será um antes de carbohidratos
do organismo. lanche.
2 HORA S 150 G
A refeição anterior ao treinamen- antes de carbohidratos
Se recomenda o consumo de 1-4
to ou à competição deve ser pla- g de carboidratos, 1 a 4 horas an-
nejada de acordo com o crono- tes do treinamento. 1 HORA 75 G
antes de carbohidratos
grama de treinamento. Se o jogo

90
Exemplo 1: Exemplo 2:
Se a partida for jogada à tarde, Se a partida for jogada de manhã,
às 17h, a refeição principal pode- às 8h, a refeição principal poderá
rá começar na hora do almoço, às ser o café da manhã, às 6h (2 ho-
13h (4 horas antes, meta de 300 g ras antes, meta de 150 g de car-
de carboidratos) boidratos)

Refeição: Refeição:
1 prato bem carregado de massa 1 xícara de iogurte normal
(4 xícaras) 1 e ½ xícaras de granola ou aveia
1 fatia grossa de pão 3 colheres de sopa de mel
1 copo de suco de laranja natural 1 banana
1 porção de doce (50 g) de batata 1 copo de suco de laranja natural
ou mamão goiaba
60 a 30 minutos antes
Umas horas antes: 1 bebida isotônica
1 banana com 3 colheres de sopa
de mel

60 a 30 minutos antes
1 bebida isotônica

2. Durante o treinamento ou jogo


Se o treinamento for extenso ou mindo o mesmo para evitar que- Exemplo:
se forem disputados 90 minutos da no rendimento. O consumo de 1 bebida isotônica
de uma partida, recomenda-se o 30 a 60 gramas de carboidratos é 1 banana
consumo de uma pequena quan- recomendado no intervalo ou na 1 envelope de mel (30 g)
tidade de carboidratos para repor hora do início do exercício.
o combustível e seguir consu-

3. Comida posterior ao treinamento ou competição

É importante ingerir alimentos tos a 2 horas após o término do Recomenda-se ingerir 1 a 1,2 gra-
ricos em carboidratos e proteí- exercício. É importante lembrar mas de carboidratos por kg de
nas para reabastecer o organis- que o jogador/jogadora deve peso e 20 a 30 gramas de proteí-
mo do desgaste produzido pelo adaptar esse alimento conforme nas de boa qualidade.
exercício. É conveniente aprovei- a situação, já que pode ser con-
tar a janela fisiológica e consumir sumido no vestiário, em casa ou
alimentos dentro dos 30 minu- em algum restaurante.

Ideias de comidas pós-treinamento (para um jogador/jogadora de 75 kg)


Alimentos que contêm cerca de 75 g de carboidratos + 20 g de proteínas:
500 ml de leite achocolatado + 1 barra de cereal
1 iogurte grande + 2 bananas + 1 xícara de cereal ou de aveia ou de granola
1 sanduíche de presunto e queijo ou de frango ou de atum ou de ovo + 1 copo de suco de laranja natural
Shake de 300 ml de leite desnatado, 3 colheres de sopa de leite desnatado em pó, 1 banana, 4 colheres de
sopa de aveia instantânea e 3 colheres de mel

* Para quantidades precisas podem ser observadas as tabelas de alimentos com carboidratos e proteínas
propostas anteriormente.

91
Hidratação
A hidratação é essencial para al- Quando, quanto e o que beber Hidratação prévia
cançar um ótimo rendimento es- As estratégias de hidratação são O ideal é que o jogador/jogado-
portivo, uma vez que não existe específicas para cada jogador/jo- ra esteja bem hidratado ao longo
uma estratégia nutricional que gadora, alguns podem achar uma do dia, principalmente se houver
neutralize os efeitos negativos estratégia melhor e outros, uma mais de um treino durante na-
da desidratação. diferente. Por isso, o ideal é seguir quele dia ou nos dias próximos
uma estratégia nos treinamentos da competição. No dia dá com-
Assim como planejamos treina- e depois aplicar a mesma estraté- petição, principalmente se for
mento e a alimentação, devemos gia nas partidas. disputado à tarde, é conveniente
também planejar a hidratação. É distribuir o consumo de líquidos
importante lembrar que não de- Os momentos de hidratação durante o dia e iniciar a hidra-
vemos esperar ter sede para be- também podem ser aproveita- tação pela manhã e não esperar
ber, pois uma vez que sentimos dos para tomar bebidas à base de até o último minuto para beber.
sede, significa que já estamos carboidratos, pois assim estare-
desidratados. mos aplicando duas estratégias Os aquecimentos podem ser
em uma: carga de carboidratos e aproveitados para a hidratação
hidratação. antes das partidas, bebendo en-
tre 500 ml a 1 litro, que podem
ser reforçados com alguns goles
imediatamente antes de entrar
em campo.

Durante o treinamento ou no
meio das partidas
Durante os treinamentos, o ideal
é que o treinador/treinadora or-
ganize as pausas para a hidra-
tação dos jogadores/jogadoras,
principalmente em dias muito
quentes onde há aumento da
perda de líquidos.

Em dias de competição, a pausa


de meio tempo pode ser apro-
veitada para repor as perdas de
líquidos e entrar em campo rei-
dratado para o segundo tempo.

Reidratação posterior ao
exercício
Es importante repor as perdas de
líquidos para conseguir una recu-
peração ideal.

A recuperação após o exercício


faz parte da preparação para a
próxima sessão de exercícios, e a
reidratação deve ser considerada
como uma parte importante da
estratégia.

92
Algumas estratégias são:
Beber 1.2 a 1.5 litros de agua por cada kg perdido para compensar e restaurar completamente as
perdas de líquido.
Para saber quanto perdeu:
Verifique seu peso antes e depois dos treinamentos e/ou competições (roupas leves e secas).
Anote o volume em litros de líquido que você ingere durante o exercício.
Perda de suor = Peso corporal antes do exercício (quilos) - peso corporal após o exercício (quilos) +
líquidos ingeridos durante o exercício (litros).
Para converter a perda de suor por hora, faça a divisão pela duração do exercício em minutos e
multiplique por 60.

Se não tiver balança: beba 0,5 a 1 litro de água e/ou bebida isotônica imediatamente ao finalizar o
exercício. Depois, ir bebendo mais 0,5 a 1 litro.

É importante limitar a perda de peso a menos de 2% do peso corporal, ou seja, uma pessoa com 75 kg
não deve perder mais que 1,5 kg em seu treinamento ou partida.

Não beba mais do que o que perde com o suor porque o fará aumentar de peso e poderá carregar
quilos demais durante o exercício.

Também é importante lembrar que em climas quentes a necessidade de beber líquidos aumenta, por isso é
aconselhável fazer mais pausas para a hidratação durante os treinamentos. Durante as competições, todas
as oportunidades de beber quantidades adequadas de líquidos devem ser aproveitadas.

Conhece seu estado de hidratação


Conocé tu estado de hidratación
De que cor é sua urina? ¿De qué color es tu orina?

Hidratado Levemente Desidratado Muito Severamente Extremamente


desidratado desidratado desidratado desidratado

Bebida hidratante caseira


Ingredientes:
Na prática!
Os momentos de hidratação
com carboidratos devem ser
cuidadosamente planejados
com as sessões, como pode
ser visto nos planejamentos
3 colheres de 1/2 colher de 200 ml de 800 ml de de sessões de treinamento
sopa de açúcar chá de sal suco puro de água potável para Sub-15, Sub-17 e Sub-20,
encont r a-
ou mel ou 1 colher laranja, limão
dos no final
de chá de ou toranja
do manual.
bicarbonato espremido
de sódio

93
La alimentação fora de casa e viagens
Em muitos casos, os jogadores/jogadoras treinam longe de suas casas
e passam muito tempo viajando de ônibus e comendo fora. Isso pode
representar uma série de desafios que devemos levar em consideração
para planejar a alimentação e poder atender a demanda energética do
jogador de futebol.

Situações que podem apresentar-se:


Viagens longas e exaustivas para chegar ao local de treinamento

Condições inadequadas de mobilidade (ônibus sem ar condicionado,


longa espera para pegar o ônibus, necessidade de mais de um ônibus
para chegar ao local)

Horários de saídas inadequados, de madrugada.

Repouso inadequado devido à necessidade de acordar muito cedo.

Impossibilidade de tomar café antes de sair de casa.

Hidratação insuficiente durante a viagem.

Dificuldade em transportar os alimentos.

Pouca verba para comprar comida.

Pouco acesso a alimentos nutritivos.

Riscos de intoxicação pelo consumo de alimentos onde não há con-


trole das práticas de higiene.

Embora muitas dessas situações sejam inevitáveis,


podemos minimizá-las com algumas ideias e estratégias de
planejamento:
Destinar um tempo para planejar as refeições que precisaremos
fazer fora de casa de acordo com os horários de treinamentos e jo-
gos da semana.

Compre no supermercado alimentos embalados que facilitem seu


transporte. Além de frutas e bebidas (sucos, isotônicos, leite acho-
colatado) em embalagens transportáveis.

Investir em bons recipientes para transportar a hidratação e a comida.

Planejar e comprar alimentos com antecedência para evitar comer


em lugares desconhecidos e minimizar os riscos de comer alimentos
que não sejam muito nutritivos, processados com higiene precária
ou caros.

Se o treino for de manhã muito cedo, jante bem na noite anterior


para evitar que falte muito abastecimento na manhã.

Preparar e embalar café da manhã e hidratação no dia anterior para


consumir durante a viagem no ônibus a caminho do treinamento.
94
Considerações especiais para as viagens
É comum que jogadores/jogadoras viajem com frequência devido
aos torneios fora da cidade ou países de origem. Essas viagens cos-
tumam ser curtas, mas muitas vezes são muito frequentes e po-
dem representar uma série de transformações, como mudanças na
rotina habitual, mudanças climáticas, descompensações horárias e
exposição a novos alimentos.

Estes são alguns conselhos para comer bem nas viagens:

Planejar com antecedência as refeições que serão feitas nas viagens:


entrar em contato com o hotel ou anfitrião para saber quais alimen-
tos estão disponíveis e prepare um cardápio com antecedência.

Prestar atenção à higiene alimentar e descobrir se é seguro beber


água da torneira.

Consumir alimentos e bebidas durante a viagem para evitar chegar


ao seu destino com falta de suprimentos, cansado e desidratado.

Evitar provar alimentos novos e desconhecidos na refeição anterior


à partida.

Consumir as quantidades dos alimentos que costuma comer em


casa, não exceder nas porções.

Pequenos detalhes, como uma ideal quantidade de refeições antes dos


jogos, podem fazer a diferença entre definir o último gol ou chegar ao
adversário para defender a bola.

Na prática!
Categoria Sub-20 – Clínica de Culinária.
Realização por/pela nutricionista e cozinheiro/cozinheira do clube de
uma Clínica Culinária para os jogadores/jogadoras da categoria Sub-
20 e as pessoas que convivem com elas, para a elaboração de uma re-
feição rica em carboidratos a ser feita posteriormente de uma sessão
de treinamento* que necessita de reposição deste macronutriente.

Justificativa:
Muitos jogadores de futebol já vivem sozinhos ou estão perto de
fazê-lo, desta forma, torna-se imprescindível que tenham subsí-
dios para o preparo de uma alimentação compatível com a sua
atividade profissional.
A Clínica Culinária é uma atividade curricular (ver
capítulo V) que pode ser planejada com o objeti-
vo de promover uma formação integral dos joga-
dores/jogadoras.

*Ver planejamento de treinamento desenvolvido para a Ca-


tegoria Sub-20 - Anexo, que necessita de uma dieta rica em
carboidratos para repor os estoques de glicogênio muscular
e hepático.

95
A psicologia do esporte aplicada ao
futebol
O psicólogo/psicóloga especiali- paradores físicos/preparadoras ga esportivo que se preze, nunca
zado no esporte deve ter capaci- físicas e outros, não são “loucos”, deve perder de vista o aspecto
dade para atender a demanda e a doentes ou algo parecido. No humano. O atleta, além do espor-
necessidade do atleta; o material nosso campo de atuação, os at- te que pratica, é antes de tudo
que o psicólogo/psicóloga espor- letas podem estar passando por um ser humano e seu bem-estar
tivo utilizará para essa demanda uma queda no seu rendimento é a maior meta de todo psicólo-
é mais vasto e abrangente que o ou querendo potenciá-lo e, por go/psicóloga esportivo que vai
do psicanalista, ou seja, abrange isso, este trabalho se torna rele- ajudá-lo a se sentir bem primeiro
mais coisas, como testes psico- vante. para, depois, dar sua melhor ver-
métricos e projetivos, além de são.
receber contribuições de outras Enquanto o psicanalista deve
teorias psicológicas que serão promover o aparecimento do su- A psicologia esportiva parte e se
muito úteis no atendimento ao jeito inconsciente (por isso fra- sustenta numa orientação POSI-
jogador de futebol. O psicólogo/ cassa no futebol), o psicólogo/ TIVA, com o objetivo principal de
psicóloga esportivo atende pes- psicóloga especializado no es- ajudar a otimizar aptidões e com-
soas “normais” em uma situação porte cumpre uma função mais petências que tornarão mais efi-
de tarefa e de mudança, com o ativa, tendo que conversar com cazes as funções.
objetivo de que o jogador de fu- os jogadores de futebol, como
tebol alcance um melhor desem- função pedagógica sobre o atle- O eixo teórico da intervenção do
penho que produza uma redução ta, ser agente de saúde e procu- psicólogo/psicóloga esportivo é
da pressão, medos e ansiedade rar a prevenção com ferramen- cognitivo-comportamental. Ve-
que seu esporte e a competição tas. jamos exemplos concretos no fu-
provocam. tebol.
A psicologia do esporte tenta
Podemos dizer que o psicólogo “humanizar” um pouco o futebol,
esportivo se situa no plano da entendendo que os jogadores Existem duas per-
saúde mental, isso porque os at- não são máquinas, sofrem e se guntas fundamentais
letas ou atores do esporte, como angustiam como qualquer outra
para a psicologia do
os treinadores/treinadoras, pre- pessoa; todo psicólogo/psicólo-
esporte no futebol:
quem aparece nos
momentos difíceis e
sempre pede a bola
sem se esconder? O
que acontece com o
jogador de futebol
quando ele comete
um erro? Sai rápido
ou cai?

96
O psicólogo/psicóloga esportivo auxilia nos aspectos das diferentes
variáveis dos jogadores de futebol e demais agentes do esporte, o
que pode ser útil para melhorar o desempenho esportivo, a saber:

Motivação: Concentração: espera dele e o que ele espera


A motivação é um processo dinâ- Capacidade que o jogador de fu- de si mesmo. Mas também exis-
mico que convida à ação e mo- tebol tem para manter-se aten- tem pressões externas (público,
biliza à vontade. Quando nos re- to durante a competição. Para imprensa, treinador, família, re-
ferimos à motivação, falamos de melhorar a concentração, é ne- presentante, etc.). O psicólogo/
objetivos de curto, médio e longo cessário trabalhar aqueles pen- psicóloga esportivo fornecerá fe-
prazo; de objetivos e sonhos. Os samentos que aparecem e pouco rramentas para controlá-los.
desafios desta variável estão no têm a ver com a atividade a ser
polo oposto ao estresse. desenvolvida, que produzem dis- Coesão grupal:
trações, perdendo assim o “foco Este é um fator chave nos espor-
da atenção”. tes de equipe, embora nos es-
Confiança: portes de prática individual tam-
Esta é uma aptidão psicológica Controle das pressões, medos bém afete pela coesão do grupo
determinante, e é muito mais no e ansiedade: de trabalho. A coesão é um fator
próprio momento de competição. Estes podem ser internos e ex- dinâmico, varia aumentando ou
A falta de confiança traz consigo ternos. Sabe-se que existem diminuindo à medida que a com-
medos e temores que afetarão jogadores de futebol que não petição se desenvolve. Um grupo,
notavelmente o rendimento, po- aguentam as próprias pressões, para se transformar em equipe,
dendo até causar lesões devido o que, na maioria das vezes, oco- precisa inevitavelmente de um
ao mau desempenho do gesto rre devido ao alto nível de au- alto grau de coesão. Cabe ao psi-
técnico necessário ao esporte. A toexigência, o que levará a um cólogo/psicóloga esportivo pro-
partir daqui sai a flechinha da to- aumento do medo de estar erra- mover o desenvolvimento desse
mada de decisões e resposta ao do, de não ter um desempenho fator, atuando como um facilita-
erro (resiliência). bom ou suficiente para o que se dor da comunicação entre os at-
letas, entre o treinador/treinado-
ra e os jogadores/jogadoras, além
de incentivá-los a falarem entre si.
E para superar os conflitos inevi-
táveis que vão acontecer na con-
Coesão grupal vivência diária.
Motivação Concentração

O psicólogo esportivo
fornece ferramentas
psicológicas aos
treinadores/treinadoras
Objetivos
e futebolistas para
otimizar o desempenho
no aspecto mental, nas
variáveis descritas nesta
tabela, que são 25% do
Confiança Controle de rendimento total do
Pressões atleta.
Medo
Roffé (1999)

97
Como atua um psicólogo/psicóloga esportivo em uma
comissão técnica interdisciplinar no futebol amador de
um clube (14 a 20 anos):
A psicologia esportiva torna-se vital para a correto formação e prepa-
ração esportiva, principalmente nas fases de desenvolvimento, onde
se consolidam tanto o perfil futebolístico quanto a personalidade do
jogador sul-americano. A incidência de trabalho mental neste estágio
formativo é decisiva.

Organização Configuração Institucional


Com base no exposto, o trabalho será organizado Suporte, treinamento e contenção ao jogador/
com base em três aspectos diferentes a aborda- jogadora e à equipe.
gem, mas complementares: Oficinas de fortalecimento mental.
Apoio e treinamento para a comissão técnica das
Aspectos da Medicina do Esporte: categorias de base.
Estão relacionados a preparação para a compe- Interdisciplina com o Departamento Médico.
tição no desenvolvimento de habilidades. Assessoria aos dirigentes comprometidos com o
projeto.
Aspectos preventivos: Atendimento socioafetivo de jovens da pensão
Estão relacionados com a formação integral do (casa do jogador de futebol).
futebolista. Relacionamento com a família do jogador/joga-
dora, se necessário.
Aspectos de contenção individual e social: Apoio a jovens que se aproximam do plantel pro-
Estão relacionados ao apoio psicológico individual fissional.
em situações críticas (futebol ou não).

Método de trabalho Cobertura semanal


Planejamento estratégico e operacional. 4 vezes por semana: para as categorias menores
Reuniões com o corpo técnico e médico. (7ª, 8ª e 9ª) e para as maiores (4ª, 5ª e 6ª).
Avaliação individual e em grupo dos jogadores e Atendimento nas partidas em casa.
jogadoras seguindo métodos diversos e diferen- Disponibilidade para eventualidades tanto de di-
ciados com instrumentos atuais e válidos para visões de formação como da pensão (vale a pena
responder às necessidades de cada caso particu- esclarecer que os da pensão são os mais vulnerá-
lar. veis no âmbito afetivo e onde os psicólogos/psi-
Treinamento de habilidades e atitudes. cólogas devem estar mais próximos, especialmen-
Monitoramento individual. te na questão da migração).
Pesquisas psico-socio-esportivas.
Sessões de trabalho em grupo.
Observação sistematizada da competência.
Pesquisas.
Relatórios verbais periódicos para o corpo técnico
e o Departamento Médico.

Oficinas para os pais sobre temas como planejamen-


to familiar e sexualidade, como fazer declarações na
mídia, bullying e assédio, redes sociais, xadrez, im-
portância dos estudos (aposentadoria), etc.
98
Referencial

Na prática!
Categoria Sub-17 – Encontro com os responsáveis:
La profissão de futebolista.

Realizada pelo treinador/treinadora e pelos profissionais das áreas de apoio à formação de jogado-
res de futebol de alto rendimento (psicologia, pedagogia, gestão, etc.) do clube com os jogadores e
jogadores da categoria Sub-17 e seus responsáveis, tem como objetivo apresentar os características,
desafios e responsabilidades dos futebolistas profissionais e de seu círculo de relacionamento, assim
como estreitar e desenvolver a comunicação* pessoal e profissional.

Justificativa:
É o momento em que os jogadores de futebol iniciam as discussões sobre o contrato profissional
que gera dificuldades de comunicação que podem afetar o desempenho esportivo.

O encontro com os responsáveis é uma atividade curricular (ver capítulo V) que pode ser planejada
com o objetivo de promover as relações do clube/equipe com a comunidade, bem como promover a
formação integral dos jogadores/jogadoras.

* Ver planejamento de sessão de treinamento para Categoria Sub-17 - Anexo, que também contém como objetivo atitudinal o
desenvolvimento da capacidade de comunicação.

99
Para recordar
No futebol, consideramos a mente do futebolista 25% do seu desempenho. Talvez em finais e em re-
presentação do país (seleção nacional), a percentagem aumente, visto que cresce a pressão do entor-
no, que muitas vezes não pode ser controlado sem incorporar ferramentas psicológicas que podemos
proporcionar como: o autodiálogo positivo que a gestão da vozinha negativa que diminui a confiança, o
manejo dos medos mais comuns como falhar, perder, arriscar, machucar-se e não poder dar tudo de si;
técnicas antiestresse, como respiração, relaxamento (relacionado à ioga) e visualização (técnica cogni-
tiva para ver com os olhos da mente), a observação de comportamentos em competição para melhorar
a tomada de decisões, a construção de resiliência que, somada à paixão, constitui uma variável funda-
mental e hoje essencial para qualquer jogador de futebol que deseja se profissionalizar.

Outro ponto importante que podemos levantar é como as inteligências jogam no futebol (são doze
tipos, mas apenas três se aplicam) de acordo com as posições e a disposição tática, pois é bom saber
que as condições táticas condicionam as psicológicas.

Sem esquecer que, como disse Johan Cruyff: “O futebol começa na cabeça e termina nos pés”; para
compreender, aprender e assimilar uma missão tática, faz falta uma cabeça e a cognição; para dar or-
dem ao corpo para agir, faz falta a cabeça; e para evitar cãibras, mesmo estando bem treinado fisica-
mente, faz falta estar forte da cabeça, pois corpo e mente caminham juntos.

A cabeça é mais importante do que muitos pensam e a mente é treinada, como deixamos claro, e não
por causa de questões pessoais (que muitas vezes precisam ser resolvidas se entrarem em campo), mas
para otimizar o desempenho. O lema da psicologia esportiva é “ sempre se pode melhorar”. E quando
o técnico (25%), o tático (25%) e o físico (25%) são equiparados em uma competição, o que pende para
um lado ou para o outro dentro de uma causalidade múltipla que é o resultado é: a preparação e resis-
tência mental. E é por causa de sua cabeça e de sua personalidade (além de seus outros talentos) que o
futebolista sul-americano emigra profissionalmente para o exterior e deixa sua marca no mundo como
vemos todos os dias.

100
Resenha de avaliação
Nesta seção sobre a avaliação, deixaremos comentários que
orientarão a ação avaliadora. É importante garantir critérios e
conceitos, antes de falar em instrumentos, já que hoje, com o auxílio
da tecnologia, existem vários instrumentos e muito acessíveis para
avaliar, por exemplo, desde o celular até os mais modernos sensores.

Tendo esses conceitos claros, po- A avaliação constante nos per- futebol; como exemplo podemos
derão ser capazes de encontrar mite adaptar nosso trabalho à estar avaliando a condução da
os mecanismos e sistemas tec- realidade do campo. A avaliação bola e fazemos o jovem percorrer
nológicos que nos ajudam a en- permite um equilíbrio entre o que um campo com uma bola em lin-
tendê-los e desenvolvê-los: planejo e o que realizo. Desta for- ha reta, um exercício descontex-
ma, há um feedback permanente tualizado, já que essa situação
A avaliação faz parte do processo entre realidade e planejamento provavelmente nunca será oco-
de aprendizagem, não é uma eta- graças à avaliação. rrerá assim no campo de jogo.
pa especial fora das atividades
cotidianas. Nos estágios iniciais A avaliação, portanto, não é um A avaliação não requer instru-
do futebol, a avaliação é um ele- julgamento do futebolista, mas mentos fora do futebol. A ava-
mento que nos ajuda a olhar em uma foto em cada momento do liação faz parte das atividades
duas direções: seu processo, e para o treinador/ diárias e não existe um “momen-
treinadora um guia, um GPS do to” especial para avaliar, o melhor
Para distinguir o processo seu processo, já que nos indica momento é o jogo. É esta dinâ-
dos atletas em virtude dos onde estamos. mica do jogo, onde tudo o que se
nossos objetivos aprende é colocado em prática,
Pelo que foi dito, a avaliação não não só as competências técnicas,
Para nossa tarefa, para saber pode estar fora de contexto, tem mas a pessoa como um todo, que
o que modificar no nosso pla- que ter os elementos próprios do é o cenário por excelência para a
nejamento, ou seja, em que que quero avaliar. Muitas vezes avaliação.
vamos insistir e como vamos avaliamos fora do contexto e em
fazer. situações improváveis dentro do

Avaliação
O olhar avaliativo deve incluir A avaliação nos permite distinguir cia, dos nossos erros, reforçando
todos os aspectos, não apenas habilidades e fraquezas. Temos situações de medo, de tal forma
o físico-motores. Os afetivos, os que trabalhar as duas possibilida- que o jovem não tinha condições
valores, os princípios com que os des sem distinção ou preferência, de avançar e mostrar o seu talen-
meninos, as meninas e os jovens muitas vezes as deficiências são to.
jogam. melhoradas a partir do fortaleci-
mento do que se sabe fazer (con- A partir da potencialização das
Nesta fase infanto-juvenil, a ava- fiança) e não da insistência no suas habilidades e pontos fortes,
liação é uma informação para a que não sai bem. temos mais chances de sair do
melhoria e nunca um elemento erro. Portanto, a avaliação deve
de julgamento e desqualificação Durante muitos anos, o esforço ser colocada no centro do jogo,
do jogador de futebol. pedagógico focou na sinalização como um olhar abrangente sobre
e lembrança, até com veemên- o jovem que pratica futebol.

101
Capítulo 4
Modelo tradicional
de Periodização
Teoria e metodologia
do treinamento esportivo
individual
Adaptado para a
Técnicas de preparação América do Sul
de jogadores e jogadoras

Treinamento
Periodização Estruturado Estruturas:
Tática Bioenergética
Sistematização do Condicional
treinamento Cognitiva
Desenvolvimento de uma
forma específica de jogo de equipe Socioafetiva
Emotiva-volitiva
Expressivo-criativa
A partir de um modelo Mental
de jogo

Meios e métodos utilizados no


ensino e treinamento do futebol,
futsal e futebol de areia

Método parcial Método situacional


(analítico)

Método
de confronto Método Global
Métodos demonstrativos
Método integrado visuais

102
Nossa metodologia
Desenvolvimento neuromotor aplicado ao futebol
Particularidades do desenvolvimento neuromotor
A idade e os aspectos individuais do desenvolvimento neuromotor
Desenvolvimento, crescimento e maturação
Contribuição para as ciências Fases do desenvolvimento neuromotor
do esporte no futebol Exigências motoras e treinabilidade
sul-americano Aprendizagem motora

Fisiologia do exercício aplicado ao futebol

Sistema cardiovascular e exercício Funções do sistema muscular

Sistema muscular e exercício


Sistema respiratório e exercício
Redistribuição do fluxo
sanguíneo durante o exercício
Adaptações respiratórias
al ejercicio
Ventilação pulmonar

Frequência cardíaca e exercício


Ventilação pulmonar
durante o exercício

Consumo máximo de
oxigênio (VO2 Máx) Sistema energético e sua
relação com o exercício

Carboidratos
Proteínas
Vitaminas e Minerais
Hidratação
Nutrição aplicada Psicologia do esporte
ao futebol aplicada ao futebol

103
5
NOSSO
FUTURO

104
O currículo acadêmico como
horizonte para a formação
da identidade de jogadores e
jogadoras sul-americanos no
século XXI
A construção do Futebol 2.0 na pratica atualmente, assim como valores e fazer com que todos
América do Sul, com uma ação os futebolistas de hoje que pra- em sua federação conheçam as
criativa realizada em equipe que ticam um futebol que não exis- raízes de nossa árvore genealó-
se caracteriza por um jogo táti- tia há uma década, pois sofreu gica no Futebol Sul-Americano ”.
co, inteligente, ordenado e com modificações nas suas regras, na
a intensidade da paixão sul-ame- dinâmica do jogo, nos métodos A formação de jogadores e joga-
ricana, capaz de emocionar, fas- de preparação, entre outros. doras de alto rendimento é um
cinar e ser admirado por nossos processo longo que dura aproxi-
torcedores, acarreta a formação Soma-se a isso o fato de que madamente 14 ou 15 anos (dos 6
de jogadores e jogadoras que mais além de uma identidade aos 20 anos), começando no fu-
irão atuar em campos, quadras e continental, a formação dos jo- tebol infantil (iniciação esportiva
praias do continente, assim como gadores e jogadoras sul-ameri- - 6 aos 13 anos) e tomando for-
em todos os locais que tenham a canos deve dar espaço também ma no futebol de base (especia-
identidade sul-americana. Esta, à preservação das características lização esportiva - 14 a 20 anos)
por sua vez, é caracterizada pelo históricas, sociais e culturais das e complexo, pois ocorre em uma
talento, criatividade e, principal- Associações Membro, bem como fase da vida humana de constan-
mente, pela paixão (FS = T + CP), dos clubes e das instituições que tes transformações físicas, psí-
que são os elementos que cons- promovem o futebol no con- quicas e sociais dos indivíduos e
tituem a nossa fórmula caracte- tinente, como afirma Reinaldo exige atenção à formação inte-
rística. Rueda, no livro “Estratégias para gral e esportiva dos jovens incor-
as Seleções de Base da CONME- porados ao futebol juvenil e que
Além da preservação de nossa BOL: pretendem chegar ao futebol de
identidade, a formação dos joga- alto rendimento.
dores e jogadoras sul-america- “Cada associação, cada clube,
nos do século XXI, deve se pre- deve ensinar o processo históri- Nesse sentido, é imprescindível
ocupar também com o fato de co de desenvolvimento em seu que as instituições responsáveis
que jovens que se encontram na país. Quando chegarem ao Sub- pelos jovens definam claramente
etapa de especialização esporti- 17, as crianças devem saber quem as diretrizes da formação, sendo
va (futebol juvenil) irão praticar construiu sua história, por que fundamental, nesse processo, a
o futebol de alto rendimento do vestem a camisa nacional, devem presença do currículo como uma
futuro, isto é, os jogadores que se sentir identificados e saber que “ferramenta” pedagógica essen-
hoje têm 14 ou 15 anos vão pra- o que vestem é a bandeira de seu cial para a formação dos jogado-
ticar, como adultos, um futebol país. Como treinadores, também res e jogadoras sul-americanos
que hoje não existe, porque o estamos comprometidos com a do século XXI.
jogo aos 24 ou 25 anos, certa- revisão histórica ao lado dos me-
mente, não será o mesmo que se ninos. Temos que resgatar esses

105
Conforme afirma a
UNESCO, o currículo é
um meio para promover
a aprendizagem
de qualidade. Nele
está a descrição das
justificativas, objetivos,
métodos de ensino
pelos quais os alunos,
no nosso caso os
jogadores e jogadoras,
devem aprender de
forma sistemática e
intencional, a fim de
superar definitivamente
o acaso na formação
esportiva.

Diante disso, considerando que


o currículo tem o mesmo signifi-
cado que a constituição para um
país e, assumindo a formação de
jogadores e jogadoras com um
processo educacional semelhan-
te ao da escolarização, o currículo
assume uma importância capital
no desenvolvimento do Futebol
2.0 na América do Sul, uma vez
que um currículo apresenta um
conjunto de elementos que se
baseiam nas realidades históri-
cas, sociais, linguísticas, políticas,
econômicas, religiosas, geográfi-
cas e culturais de um país ou de
uma região, que orientam e ma-
terializam as ações de todo um
sistema educacional com a arti-
culação das ações pedagógicas e
administrativas.

106
Referencial

Tópicos para construir o


currículo de cada país e
cada clube
Legislação nacional e internacional
Desta forma, para a construção internacional, de forma que joga- dos jogadores e jogadoras este-
de um currículo destinado ao fu- dores e jogadoras, os formadores ja de acordo com o contexto es-
tebol de base é necessário, em e formadoras, e as instituições portivo nacional e internacional
primeiro lugar, que o mesmo tenham seus direitos garantidos. podendo assim tirar partido das
esteja de acordo com a Decla- tendências e boas práticas adop-
ração dos Direitos da Criança e a Nesse mesmo sentido, o currí- tadas pelas melhores instituições
Convenção sobre os Direitos da culo deve estar alinhado às di- a nível mundial, bem como ser ca-
Criança (1989) até os 18 anos, para retrizes propostas pelos órgãos paz de promover uma formação
que os direitos das crianças e reguladores das modalidades a que possibilite a empregabilidade
adolescentes sejam garantidos. É nível mundial (FIFA), continental dos jovens no futebol, no futsal e
também imprescindível respeitar (CONMEBOL), nacional e regional no futebol de areia contemporâ-
a legislação do país, assim como (confederações e federações), de neos.
a legislação esportiva nacional e forma a garantir que a formação

107
Critérios de referência
Com base no alinhamento da le- tar preparados para participar e
gislação internacional e nacional desfrutar de competições como
e das diretrizes propostas (estra- conteúdo de formação, assim
tégias, formação de corpo téc- como dos critérios de referência
nico, entre outras) pelas organi- dos objetivos, nas dimensões do
zações esportivas que regulam a rendimento esportivo (histórica,
modalidade, é fundamental para social e cultural; psicológica, es-
a concepção do currículo desti- tratégica, tática e física) de forma
nado à formação dos jogadores que seja possível avaliar o des-
e jogadoras, o conhecimento do empenho dos jogadores e joga-
sistema de competições das mo- doras no processo de formação
dalidades, para que possam es- proposto.

Valores
Após a realização do estudo e a formação de jogadores e joga-
avaliação do ambiente externo, doras sul-americanos do século
cabe às instituições esportivas 21: comprometimento, esforço,
que promovem a formação de disciplina, responsabilidade, res-
jogadores e jogadoras de alto peito, tolerância à frustração, ter
rendimento definir seus valo- uma vida saudável, saber lidar
res, seus princípios inegociáveis, com a fama, objetividade, auto-
como, por exemplo, os valores estima e espírito de equipe com
expostos pela CONMEBOL para os/as colegas, equipe técnica, di-
rigentes, imprensa e público.

Missão, visão e objetivos


Neste sentido, é relevante que anos) que desejam alcançar, tais
as instituições esportivas es- como: o número de jogadores e
tabeleçam nos seus currículos jogadoras que desejam introduzir
a missão (a motivação da insti- na equipe principal por ano e/ou
tuição), a visão de futuro (como o número de jogadores e jogado-
a instituição quer ser reconheci- ras titulares da equipe principal
da) e, principalmente, os objeti- provenientes do futebol de base,
vos curtos (até 1 ano), médio (até entre outros.
3 anos) e longo prazo (mais de 3

Formação interdisciplinar
As instituições esportivas devem soterapia, odontologia, nutrição
determinar as diferentes áreas , biomecânica, fisiologia, etc.),
do conhecimento (formação in- educacional (docentes de apoio),
terdisciplinar) que apoiam a for- psicológica, jurídica, social (assis-
mação dos jogadores e jogadoras tência social) entre outras; bem
e como elas se relacionam, por como a sua organização funcio-
exemplo: administrativa, finan- nal, com a apresentação do or-
ceira, marketing, saúde (medici- ganograma institucional, a des-
na esportiva, fisioterapia, mas- crição dos cargos e funções.

108
Recursos estruturais, financeiros e
humanos
Com a definição dos valores, currículo, pois estes subsidiarão
missão, visão e objetivos, as ins- a formação dos jogadores e joga-
tituições passam à etapa de ava- doras para o alto rendimento.
liação da definição dos recursos
estruturais (instalações, cam- Ressalta-se que, para as Seleções
pos, vestiários, etc.), materiais de Base das Associações Membro
(equipamentos, uniformes, etc.), da CONMEBOL, o Capítulo 9 do
humanos (treinadores/treinado- Regulamento do Programa Evo-
ras, assistentes técnicos, coor- lução CONMEBOL fornece infor-
denadores/coordenadoras, etc.) mações para a aplicação dos fun-
e financeiros (recursos destina- dos do Programa Evolução para o
dos ao pagamento de salários, desenvolvimento de infraestru-
transporte, manutenção, etc.) tura e aquisição de equipamen-
destinados ao futebol de base, tos tecnológicos.
que deverão estar presentes no

Cargos e funções
Em relação aos cargos e funções, treito diálogo e trabalhem juntos
é necessário que o currículo con- para o desenvolvimento do Fute-
temple as notas relativas à for- bol Sul-Americano do século XXI.
mação necessária, competên-
cias (conceituais: saber sobre, Assim como o Regulamento do
procedimentais: saber fazer e Programa Evolução CONMEBOL
atitudinais: saber ser), respon- contempla as informações para
sabilidades, jornada de trabalho, a utilização dos recursos para o
remuneração, critérios de ava- desenvolvimento da infraestru-
liação do sistema de promoção e tura e aquisição de equipamen-
qualificação. Essas medidas são tos tecnológicos, no Capítulo 10,
essenciais para o recrutamento itens 10.1 e 10.2, indica-se que
e preparação dos profissionais as Seleções de Base das Asso-
que atuarão no futebol de base, ciações Membro da CONMEBOL
assim como para promover en- também podem contar com as
tre eles o entendimento do fun- informações para a utilização de
cionamento da instituição e seu fundos para a área de Recursos
papel no processo de formação Humanos e a gestão técnica do
de jogadores e jogadoras de alto Departamento de Seleções de
rendimento. É imprescindível que Base.
todos os envolvidos no futebol
de base atuem como formado-
res e formadoras dentro de uma
“Abordagem-Ação Interdiscipli-
nar”, e entendam a necessidade
das informações adequadas so-
bre os processos e etapas pelos
quais os jovens em formação irão
passar, e também que todos os
profissionais mantenham um es-
109
Inovação, tecnologia e desenvolvimento
Embora na perspectiva de pro- institucional, de forma a estimu-
mover o Futebol 2.0 na América lar as soluções dos desafios pelos
do Sul e considerando que o pro- próprios integrantes ou em par-
cesso de formação de jogadores ceria com outros segmentos pro-
e jogadoras é uma ação de médio motores da ciência, tecnologia e
e longo prazo, em um cenário de desenvolvimento social, fomen-
alta competitividade e constan- tando o relacionamento com uni-
tes mudanças, é necessário que versidades, centros de pesquisa,
as instituições esportivas tam- empresas e poder público, entre
bém promovam deliberadamen- outros, como iniciativas funda-
te, entre todos os integrantes da mentais para o desenvolvimento
instituição, o compromisso com da vanguarda no futebol de base.
a inovação e o desenvolvimento

Educação formal
O reconhecimento e a promoção dade), para que os jovens acom-
deste ambiente pelas insti- panhem as atividades escolares,
tuições esportivas via currículo ajudando-os a superar eventuais
destinado ao futebol de base, lacunas que possam ter e preo-
possibilitarão os encaminhamen- cupando-se com a necessidade
tos necessários para a formação de oferecer apoio educacional
integral e esportiva dos jovens complementar aos jovens em
jogadores e jogadoras, sendo formação, especialmente duran-
imprescindível, para isso, que as te as competições que os deixam
instituições estabeleçam o aces- distantes da escola em que estão
so à educação formal (escolari- matriculados.
110
Relacionamento com a comunidade
A aproximação com a comunida- como a colaboração no desenvol- ganização de eventos sociais, o
de também é de vital importân- vimento social da comunidade. desenvolvimento das escolas de
cia para que as instituições pro- futebol, futsal e futebol de areia
movam o relacionamento afetivo Essa aproximação pode ser cons- (iniciação esportiva sistemática)
com a coletividade na qual está truída a partir de uma comu- e promoção da prática esportiva
inserida. Este fato possibilita que nicação institucional contínua, de forma assistemática e ama-
a sociedade compreenda as prá- formal e informal, via redes so- dora, entre outras. Essas ações
ticas realizadas pelas instituições, ciais ou presenciais, assim como, devem fazer parte da grade cu-
no que se refere aos processos por exemplo, por meio de ações rricular, pois também são me-
relacionados à formação de joga- como visitas às escolas munici- canismos de relacionamento do
dores e jogadoras, favorece a con- pais pelos integrantes das equi- futebol de base com as crianças
quista de apoios para obtenção de pes e formadores, ou acolhimen- e suas famílias, que desejarão in-
recursos estruturais, materiais, to de grupos pelas instituições gressar nas equipes de base das
humanos e econômicos, bem esportivas para a visita, a or- instituições.

ALINHAMENTO COM AS DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO DE JOGADORES


/JOGADORAS DE FUTEBOL DE ALTO RENDIMENTO A NÍVEL MUNDIAL,
CONTINENTAL, NACIONAL E REGIONAL
Preservação dos direitos da criança e do adolescente e respeito à legislação, objetivos,
diretrizes, estratégias, formação de corpo técnico, legislação, sistema de competição e
pontos de referência para o rendimento esportivo.

Instituição Esportiva Formação esportiva


Valores - Missão – Visão do futuro Formação esportiva
Objetivos a curto, médio e longo prazo. Etapa - Fases - Objetivos
Recursos estruturais, materiais, humanos Número de jogadores/jogadoras
e financeiros. Tempo disponível
Áreas de conhecimento de apoio à Perfil dos graduados
formação de jogadores/jogadoras de alto Conteúdo:
rendimento (administrativo, financeiro, Dimensões históricas, sociais, culturais,
marketing, saúde, educacional, jurídico, psicológicas, estratégicas, táticas,
entre outros). técnicas e físicas.
Organograma - posições e funções
Apoio à inovação, à tecnologia e ao Esferas conceituais, atitudinais e
desenvolvimento. procedimentais.
Relacionamento com a comunidade.
Métodos e meios de ensino e formação.
Formação integral
Educação formal – escolarização. Atividades de exemplo.
Educação transversal - questões
relacionadas à profissão: doping, Sistema de competição.
arbitragem, imprensa, planejamento
de carreira e pós-carreira, uso de mídia Sistema de avaliação de rendimento
digital, transferências, etc. esportivo e preparação esportiva.
Orientação para familiares e
intermediários.

Figura 08 - Adaptado de Thiengo

111
Educação Transversal Etapas, fases e perfil do graduado
Além disso, os temas que devem A partir da formação integral dos (...) um jogador ou jogadora que
ser contemplados pela instituição, jovens futebolistas, os orçamen- pensa rápido, joga a bola com
de forma sistemática, em um pro- tos para a formação esportiva criatividade, que se emociona ao
grama de educação transversal, são estabelecidos no currículo, encantar a sua equipe e sua tor-
são os temas que vão permear a primeiro no planejamento peda- cida, que é capaz de analisar de
atuação profissional dos jogado- gógico, que exige que as insti- forma objetiva e humilde suas
res e jogadoras no futuro, como: tuições definam as etapas, fases vitórias e derrotas na coletiva de
controle antidoping, relaciona- e objetivos, assim como o perfil imprensa.
mento com a imprensa, planeja- dos graduados, o número de jo-
mento financeiro e familiar, plane- gadores e jogadoras e o tempo
jamento de carreira e pós-carreira disponível para o treinamento de Ele é um atleta capaz
e transferências, uso de tecnolo- cada categoria e do processo de
gias digitais, entre outros. Esses formação.
de jogar em equipe
temas também devem ser com- e, ao mesmo tempo,
partilhados com os demais inte- Quanto ao perfil do graduado, as desenvolver seus
grantes que compõem o currículo instituições esportivas poderão talentos pessoais em
social dos jovens e são fundamen- definir as características que de-
tais no processo de formação verão ter seus jogadores e joga- campo.
para o alto rendimento, como os doras sul-americanos do século
familiares e intermediários. XXI, da seguinte forma:

112
Tempo disponível
treinamento, esta categoria terá
13.200 minutos ou 220 horas de
É importante destacar treinamento para desenvolver os
que a construção do conteúdos selecionados.
perfil do graduado
está relacionada aos Além disso, a dimensão do tem-
po disponível permite otimizar a
conteúdos desenvolvidos utilização do tempo disponível.
em cada momento Ainda utilizando o exemplo aci-
da formação e, para a ma mencionado, ao destinar 15%
do tempo das sessões de trei-
definição dos objetivos
namento para atividades prepa-
e conteúdos, é ratórias, ao longo da temporada
necessário dimensionar serão alocadas para este objetivo
o tempo disponível 33 horas. Caso o conteúdo utili-
zado neste momento da sessão
para o treinamento por não corresponda aos objetivos
categoria e ao longo do estabelecidos para a parte prin-
processo de formação. cipal da sessão e consequente-
mente aos objetivos determina-
dos para a categoria, a eficácia
Como por exemplo: uma catego- do currículo pode ser prejudica-
ria que possui cinco sessões de da, pois o tempo disponível para
treinamento de 60 minutos por aproximadamente de um mês de
dia, possui 300 minutos de trei- treinamentos pode estar com-
namento semanal. Consideran- prometido.
do 44 semanas disponíveis para

Dimensões do rendimento esportivo


Com base no que foi observado, de conhecimentos empíricos,
a formação esportiva dos joga- científicos, pedagógicos e profis-
dores e jogadoras inseridos no sionais reconhecidos pelas insti-
futebol, futsal e futebol de areia tuições como essenciais para a
juvenil será especificada pelos formação de seus futebolistas e
conteúdos fornecidos nas dife- ser desenvolvidos pelos diferen-
rentes dimensões do rendimento tes métodos e meios de ensino e
esportivo como a histórica, social treinamento que, por sua vez, se
e cultural, psicológica, estratégi- concentram no planejamento di-
ca, tática, técnica e física. dático do processo de formação
(para mais informações sobre os
Esses conteúdos devem ser se- métodos e meios de treinamen-
lecionados a partir do conjunto to, consulte o capítulo 4).

113
Referencial

Esferas do Sistema de Sistema de avaliação


conhecimento competições do rendimento
Nesse aspecto, independente- O currículo destinado à formação esportivo
mente da dimensão esportiva, o de jogadores e jogadoras de alto
currículo deve possibilitar que os rendimento deverá considerar Mesmo quando se trata de ava-
conteúdos sejam desenvolvidos também o sistema de compe- liar o rendimento esportivo, é
nas esferas conceitual (saber de- tições em que os jovens estarão recomendável que se limite à
finir), procedimental (saber fazer) inseridos ao longo de sua for- atividade competitiva. Desse
e atitudinal (saber ser), para que mação, estabelecendo o núme- modo, o currículo também de-
os jogadores possam desfrutar de ro, o tipo, a duração, o nível de verá explicitar o sistema de ava-
uma formação abrangente, tendo dificuldade (regional, nacional liação do rendimento esportivo
em vista que o futebol, o futsal e o e internacional) e os objetivos com os tipos, frequência, méto-
futebol de areia de alto rendimen- da atividade competitiva. Essas dos e equipamentos utilizados
to são espaços de formação em considerações são necessárias nas avaliações, de forma que seja
que o saber ser ou a esfera atitu- para que as competições sejam capaz de apresentar indicadores
dinal é preponderante para os in- apresentadas como conteúdo, individuais e coletivos, de natu-
divíduos, de forma que estes se- assim como também poderão reza quantitativa e qualitativa
jam preparados para aproveitar a ser utilizadas para a avaliação do sobre rendimento esportivo (nas
vida de forma saudável, saber lidar rendimento esportivo no futebol, suas diferentes dimensões e es-
com a fama, agir com objetivida- futsal e futebol de areia juvenil. feras) dos jogadores e jogadoras,
de, demonstrar autoestima, saber da equipe e do processo de for-
jogar em equipe (com os colegas, mação.Sistema de evaluación de
com a equipe técnica, com os di- la preparación deportiva.
rigentes, com o público e com os
meios de comunicação).

114
Sistema de avaliação da preparação esportiva

Além disso, o sistema de ava- seleções de base da instituição


liação do rendimento esportivo com a equipe principal, além de
adotado como prática curricular subsidiar as alterações neces- Finalmente, desejamos
também deve ser capaz de moni- sárias aos processos, com base que os currículos
torar, controlar e avaliar os con- nos conhecimentos objetivos da contribuam para a
teúdos fornecidos, bem como os realidade das instituições.
métodos e meios utilizados, de
construção do Futebol 2.0
forma a permitir uma reflexão As seleções de base das Asso- na América do Sul como
permanente sobre a eficácia e ciações Membro da CONMEBOL forma de ajudar os jovens
eficiência do modelo de formação em seu desenvolvimento curri- a se tornarem a melhor
proposto, como a promoção de cular também podem acessar o
desenvolvimento e inovação. Es- Programa Evolução para a utili-
versão de si mesmos
sas medidas são essenciais para zação de fundos para o desenvol- como jogadores e
que os formadores possam deci- vimento da interação e relaciona- jogadoras sul-americanos
dir quais jogadores participarão mento com os clubes, promoção
ou não do processo de formação,
do século 21, de forma
de competições, fomento do sis-
subsidiando os sistemas de se- tema de seleção de talentos re- madura, com autoestima
leção de talentos e a promoção lacionamento no projeto integral e capazes de colaborar
de jogadores e jogadoras entre com a seleção principal, através com a sociedade que os
as diferentes categorias, faci- do Regulamento do Programa
litando o relacionamento das
vê como seus ídolos e
Evolução CONMEBOL.
modelos.

115
“Uma folha em branco”
Um convite para as confederações,
federações, clubes e demais
instituições esportivas para a
construção de seu currículo destinado
ao futebol, futsal e futebol de areia
juvenil
116
O que sugerimos agora é que cada clube ou federação
descreva cada um dos tópicos abaixo expostos com base
na sua realidade. É uma folha em branco a ser preenchida
de acordo com o contexto e vocação de cada instituição.
Mãos à obra!

117
Capítulo 5
Formação da identidade de jogadores
e jogadoras sul-americanos no século XXI

Paixão
Futebol Talento Criatividade
sul-americano

Espaço para a preservação das características das Associações Membro

Históricas Sociais Culturais

6-13 Anos 14-20 Anos


Futebol infantil Futebol juvenil
os
os
os

An
An
An

20
13
6

Etapas da formação
esportiva
(Duração de 14 a 15 anos)

118
Nosso futuro
Construção do modelo de
cada país e cada clube

Critérios de referência

Valores

Missão, visão e objetivos


Legislação nacional
e internacional

Recursos estruturais,
financeiros e humanos

Formação Cargos e funções


multidisciplinar

Educação Formal
Educação Transversal Dimensões do
desempenho esportivo

Esferas de conhecimento

Inovações, tecnologia Tempo disponível


Etapas, fases e perfil do formado
e desenvolvimento

Sistema de competições
Sistema de avaliação do desempenho esportivo
Sistema de avaliação da preparação esportiva
Relacionamento com
a comunidade

119
120
6ANEXOS
CATEGORIA SUB-15
Nº de jogadores/jogadoras: 20 a 22
Tempo total da sessão: 70 min Na prática!
Os objetivos apresentados
OBJETIVOS DA SESSÃO referem-se aos conheci-
Procedimental: mentos que os jogadores/
Dimensão estratégica: preparar os jogadores/jogadoras para a saída jogadoras irão aprender ou
da bola no tiro de meta, com a equipe adversária posicionada na 1ª treinar durante a sessão nas
linha defensiva. esferas:

Dimensão tática: ensinar o princípio tático específico da criação da Procedimental ou Saber


linha de passe. Fazer, ou seja, saber execu-
tar em campo.
Dimensão técnica: treinar técnicas de passe (quebra de linhas) e re-
cepção (domínio orientado). Conceitual ou Saber Sobre,
ou seja, saber conceituar/
Dimensão física: desenvolver resistência específica (80% a 90% da explicar.
FCM).
Atitudinal ou Saber Ser, ou
Conceitual: seja, atitudes e valores ne-
Ensinar o que é Frequência Cardíaca (FC) e como monitorá-la durante a cessários para a realização
sessão. da tarefa, da prática do fute-
bol ou do que usarão no dia
Atitudinal/habilidades para a vida: a dia.
Incentivar os jogadores/jogadoras a desenvolverem autonomia e res-
ponsabilidade para as decisões.

Materiais necessários
10 bolas, 6 estacas, 16 pratos de marcação, 14 coletes (3 cores), 2 balizas pequenas e 10 cones.

PARTE INICIAL – 15 MIN


Conversa inicial – 5 min
Explique os objetivos e o funcionamento da sessão.
Combinar as palavras/expressões chave: # linha de passe e # posiciona o corpo.
Ensinar os jogadores/jogadoras a medir a FC na artéria radial do antebraço.
Estimular a autonomia e responsabilidade dos jogadores/jogadoras na organização dos grupos e na reali-
zação das atividades.

Atividade 1 – 2 min
“Mamãe da rua”– 4 vs. 3 – sem bola.

Dimensões do espaço: 6,5 m x 40 m


No espaço entre a linha da área de meta e a área
de pênaltis, quatro jogadores/jogadoras de cada
vez devem atravessar a “rua” sem serem tocados
por três jogadores/jogadoras vestindo coletes. Os
jogadores/jogadoras que sejam tocados devem
assumir a posição dos apanhadores/apanhadores.

121
Atividade 2 – 2 min
“Mamãe da rua”– 4 vs. 3 – com bola.

Dimensões do espaço: 6,5 m x 40 m


Organização e funcionamento como na atividade
anterior. No entanto, quatro jogadores/jogadoras
devem atravessar para a “rua” com a posse da bola.
Os apanhadores/apanhadoras só podem tocar no
jogador/jogadora que esteja com a bola.

Atividade 3 – 4 min
“Mamãe da rua”– 4 (+1) vs. 3 – com bola.

Dimensões do espaço: 6,5 m x 40 m


Organização e funcionamento como na atividade
anterior. No entanto, os quatro jogadores/jogado-
ras só podem atravessar para a “rua” depois de pas-
sarem a bola para o jogador posicionado do outro
lado da “rua”.

PARTE PRINCIPAL – 40 MIN


Atividade 4 – 15 min
Saída do tiro de meta - G + 5 vs. 3

Dimensões do espaço: 35 m x 68 m
A equipe com o P + 5 deverá, a partir do tiro de meta,
passar a bola dominada por um dos seus jogadores/
jogadoras através dos gols (gols laterais: 1 ponto -
gol central: 2 pontos). Os três zagueiros devem de-
verão impedir o avanço da equipe adversária e, caso
roubem a bola, poderão finalizar no gol adversário
(gol marcado: 3 pontos). Às vezes, o treinador per-
mitirá que uma equipe de três jogadores/jogadoras
ataque a equipe adversária. As equipes são trocadas
a cada três

Atividade 5 – 20 min
Saída do tiro de meta - G + 8 vs. 6

Dimensões do espaço: 52 m + 68 m
Organização e funcionamento como atividade ante-
rior. Porém, será realizada em uma estrutura funcio-
nal de G + 8 vs. 6. A troca das equipes é feita a cada
quatro minutos.

122
PARTE FINAL - 15 MIN
Na prática! Participação voluntária – Quem você gostaria de treinar?

Fase do jogo
Ofensiva

Local em campo
Meio-campo defensivo (setor
defensivo e setor meio-de-
fensivo)

Nível de organização
Tática coletiva - participação
da ação de mais de quatro jo-
gadores/jogadoras.

Intersetorial - participação
de jogadores/jogadoras de Atividade 6 – 12 min
dois setores da equipe (defe- Jogo de precisão dos passes - G + 4 vs. G + 4
sa e meio-campista central).
Dimensões do espaço: 35 m x 68 m
As atividades visam o trei- A atividade será proposta sem a obrigatoriedade de participação. Os
namento dos jogadores/jo- participantes serão divididos em duas equipes. A cada dois minutos,
gadoras que têm a posse da dois grupos de P + 4 se confrontam. Os integrantes deverão trocar pas-
bola a partir do tiro de meta. ses entre os cones até que consigam finalizar nos mini gols com o me-
Porém, se for do interesse do nor número de toques na bola. A equipe que marcar o maior número
treinador, as atividades pro- de gols com o menor número de toques na bola será a vencedora. Os
postas também podem ter próprios jogadores são responsáveis por organizar as equipes e contro-
como objetivo o treinamen- lar as regras da atividade.
to da equipe na fase defensi-
va e nos momentos de tran- Conversa final – 5 min
sições. O que foi possível aprender e treinar hoje?
Como foi nosso rendimento?
Entre cada atividade (exceto Como podemos fazer para melhorar nosso rendimento?
na inicial), se solicitará aos O que você aprendeu hoje que pode levar para “fora do campo”?
jogadores/jogadoras que
meçam sua FC e terão um in-
tervalo de 2 minutos para hi-
dratação. Após o término da
aula, os jogadores/jogadoras
devem ajudar o treinador/
treinadora a guardar o mate-
rial utilizado.

123
CATEGORIA SUB-17
Nº de jogadores/jogadoras: 20 a 22
Tempo total da sessão: 80 min Na prática!
Os objetivos apresentados
OBJETIVOS DA SESSÃO referem-se aos conheci-
Procedimental mentos que os jogadores/
Dimensões estratégica y tática: treinar a marcação por zona na bola jogadoras irão aprender ou
aérea defensiva, em cobranças de faltas realizadas nos corredores la- treinar durante a sessão nas
terais. esferas:

Dimensão técnica: aperfeiçoar a cabeçada defensiva. Procedimental ou Saber


Fazer, ou seja, saber execu-
Dimensão física: desenvolver a capacidade de aceleração e potência tar em campo.
(sistema anaeróbico alático).
Conceitual ou Saber Sobre,
Conceitual: ou seja, saber conceituar/
Discutir as referências (espaço, adversário e bola) para a marcação por explicar.
zona na bola parada defensiva.
Aprender a importância da pausa passiva e completa para o treinamen- Atitudinal ou Saber Ser, ou
to da aceleração e potência. seja, atitudes e valores ne-
cessários para a realização
Atitudinal/habilidades para a vida: da tarefa, da prática do fute-
Estimular a capacidade de comunicação dos jogadores/jogadoras. bol ou do que usarão no dia
a dia.

Materiais necessários
10 bolas, 11 barreiras, 30 pratos de marcação, 10 coletes e 1 aparelho de telefone celular.

PARTE INICIAL – 30 MIN


Conversa inicial – 5 min
Apresentar os objetivos, funcionamento da sessão e as características da bola parada ofensiva do próxi-
mo adversário (utilização de vídeo no celular).

Combinar as palavras/expressões chave: #Posiciona e #Tira o espaço!

Atividade 1 – 5 min
Corrida contínua e exercícios de estiramentos
dinâmicos

Dimensões do espaço: 52 m x 68 m
Os jogadores/jogadoras se deslocarão livremente
pelo espaço, através da realização de corrida con-
tínua intercalada com exercícios de estiramentos
dinâmicos.

124
Atividade 2 – 15 min

Dimensões do espaço: 52 m x 68 m
Nº de repetições: 6
Nº de séries: 1
Tempo de duração das repetições: 10 s
Tempo de duração das pausas entre as repetições:
100 s
Tempo de duração das pausas depois da série: 300 s

Onze jogadores/jogadoras realizarão simultanea-


mente quatro saltos consecutivos sobre as barreiras
em uma corrida de 6,5m em uma máxima velocida-
de de deslocamento com mudança de direção. Em
seguida, os outros jogadores/jogadoras realizam a
mesma atividade.

Atividade 3 – 5 min
Exercícios técnicos para a cabeçada, chutes livres e
saídas do gol em bolas aéreas.

Dimensões do espaço: 52 m x 68 m
Os jogadores/jogadoras realizam exercícios de ca-
beçada enquanto os batedores/batedoras de faltas
simulam essas ações e os goleiros/goleiras, as saídas
de gol em bolas aéreas.

PARTE PRINCIPAL – 30 MIN


Atividade 4 – 30 min
G + 8 vs. 8 + G
Tempo de duração das repetições: 10 s
Dimensões do espaço: 52 m x 68 m Tempo de duração das pausas entre as repetições:
Nº de repetições: 6 100 s
Nº de séries: 2 Tempo de duração das pausas depois da série: 300 s

A atividade começa com uma cobrança de falta no


corredor lateral do campo. Depois da cobrança, as
equipes se confrontam por 10 segundos. Se na co-
brança da falta a bola sair de campo, o treinador/
treinadora a reporá para que a equipe defensora ini-
cie sua ação ofensiva. Caso a equipe atacante con-
siga fazer o gol, o treinador/treinadora trocará o
corredor de cobrança. As cobranças das faltas serão
feitas com a bola localizada em diferentes posições
e alternadamente nos corredores laterais. Os joga-
dores/jogadoras que estiverem fora da atividade
realizarão exercícios com saltos e acelerações e se
revezarão ao longo da atividade.

125
PARTE FINAL - 20 MIN
Atividade 5 – 15 min
G + 11 vs. 11 + G

Dimensões do espaço 52 m x 68 m
Nº de repetições: 6
Nº de séries: 1
Tempo de duração das repetições: 10 s
Tempo de duração das pausas entre as repetições:
100 s
Tempo de duração das pausas depois da série: 300 s

Organização e desenvolvimento como na atividade


anterior, com todos os jogadores/jogadoras partici-
pando na atividade.

Na prática!
Caso o clube/equipe tenha controle da sessão por GPS, os jogadores/jogadoras que não atingirem
seus objetivos na dimensão física poderão realizar atividades complementares.

Conversa final – 5 min


Quais são as dificuldades enfrentadas na marcação da bola parada?
Como podemos melhorar a organização nesta situação? Na prática!
Incentivar os diálogos en-
tre os jogadores/jogadoras
durante os intervalos para
resolver os problemas de-
fensivos da equipe.

Após o término da aula, os


jogadores/jogadoras devem
ajudar o técnico a guardar o
material utilizado.

Referencial
126
CATEGORIA SUB-20
Nº de jogadores/jogadoras: 20 a 22
Tempo total da sessão: 90 min Na prática!
Os objetivos apresentados
OBJETIVOS DA SESSÃO referem-se aos conheci-
Procedimental mentos que os jogadores/
Dimensão tática: treinar os princípios táticos específicos para impe- jogadoras irão aprender ou
dir o avanço na transição defensiva e o avanço através pelo campo na treinar durante a sessão nas
transição ofensiva na organização tática de grupo e coletiva, setorial esferas:
e intersetorial, no terço ofensivo e defensivo.
Procedimental ou Saber
Dimensão técnica: aperfeiçoar a posição dos pés ao defender e os Fazer, ou seja, saber execu-
passes na direção do gol adversário. tar em campo.

Dimensão física: desenvolver potência e capacidade anaeróbica lática Conceitual ou Saber Sobre,
(95% a 100% da FCM). ou seja, saber conceituar/
explicar.
Conceitual
Aprender sobre sistema anaeróbico lático e suas necessidades nutri- Atitudinal ou Saber Ser, ou
cionais. seja, atitudes e valores ne-
cessários para a realização
Atitudinal/habilidades para a vida: da tarefa, da prática do fute-
Promover hábitos saudáveis de hidratação e alimentação para a ativi- bol ou do que usarão no dia
dade profissional. a dia.

Materiais necessários
10 bolas, 6 estacas, 10 pratos de marcação e 10 coletes.

PARTE INICIAL – 15 MIN


Conversa inicial – 5 min
Apresentar os objetivos, funcionamento da sessão e combinar as palavras chave:
#Impede y #Pra frente.
Comentar as possíveis sensações dos jogadores/jogadoras durante a realização dos exercícios anaeróbios
láticos.
Enfatizar a importância da hidratação e do repouso ativo nos intervalos entre as repetições.

Atividade 1 – 10 min
Perseguição com bola

Dimensões do espaço: 35 m x 40 m
Uma bola para cada dois jogadores/jogadoras que
deverão fugir de quatro apanhadores/apanhadoras.
Os apanhadores/apanhadores só podem apanhar os
jogadores/jogadoras que tenham a possa da bola.
Os primeiros três minutos da atividade deverão ser
realizados com os jogadores/jogadoras impossibili-
tados de se deslocarem correndo.

127
PARTE PRINCIPAL – 50 MIN

Atividade 2 – 35 min
2 (+1) vs. 3 + G - 6 equipes de 3/4 jogadores(as)

Dimensões do espaço: 35 m x 40 m
Nº de repetições: 3
Nº de series: 3
Tempo de duração das repetições y pausas:
30 s /90 s

Os/as atacantes tentam finalizar no gol do adver-


sário. Caso os zagueiros/zagueiras recuperem a
bola, deverão passar a bola por um dos gols. Neste
momento, a equipe que perdeu a bola terá um au-
mento de mais um jogador/jogadora.

O gol marcado no gol principal vale dois pontos e o de uma equipe dura mais de 10 segundos, a posse da
chute dentro da área vale 1 ponto, a passagem pelos bola será oferecida pelo treinador/treinadora à equi-
gols laterais vale 1 ponto e no gol central, 2 pontos. pe adversária. Vence a equipe que marcar o maior
Se a bola sai de campo ou o tempo de posse da bola número de pontos em todas as repetições.

Atividade 3 – 15 min
3 (+1) vs. 4 + G - 4 equipes de 4/5 jogadores(as)

Dimensões do espaço: 35 m x 64 m
Nº de repetições: 3
Nº de series: 2
Tempo de duração das repetições y pausas:
40 s /120 s

Organização e desenvolvimento como na atividade


anterior. Se a bola sair do campo ou o tempo de pos-
se da bola de uma equipe durar mais de 20 segun-
dos, a posse da bola será dada pelo técnico à equipe
adversária.

128
PARTE FINAL - 25 MIN
Atividade 4 – 15min
4 (+1) v 5 + G - 4 equipes de 5 jogadores(as)

Dimensões do espaço: 35 m x 64 m
Nº de repetições: 3
Nº de series: 1
Tempo de duração das repetições y pausas:
60 s /180 s

Organização e desenvolvimento como na ativida-


de anterior. Se a bola sair do campo ou o tempo de
posse da bola de uma equipe durar mais de 20 se-
gundos, a posse da bola será dada pelo técnico à
equipe adversária.

Na prática!
Observações: se as atividades iniciadas com inferioridade numérica são muito difíceis, podem ser
adaptadas para serem realizadas em igualdade numérica.

Conversa final – 10 min


Qual a dificuldade encontrada para impedir e avançar nas tran-
sições?
Na prática!
O que sentiram ao fazer as atividades? Observações: no intervalo
Qual é a melhor alimentação pós-treino? entre as repetições, incenti-
var os jogadores/jogadoras
a tomarem uma bebida iso-
tônica rica em carboidratos.

Fornecer, ao final do treina-


mento, alimentos com car-
boidratos de fácil absorção.
Após o término da aula, os
jogadores/jogadoras devem
ajudar o técnico a guardar o
material utilizado.

129
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Capítulo 2
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Regulamento de
Uso de Fundos
do Programa
Evolução
RECURSOS HUMANOS PARA A GESTÃO TÉCNICA DO DEPARTAMENTO
DE SELEÇÕES DE BASE
Regulamento de Uso de Fundos do Programa Evolução:
Capítulo 10.1 y 10.2
Projeto Específico de auxílio para uso operacional e Projeto
Específico de apoio às Seleções de Base

INFRAESTRUTURA E EQUIPAMENTO TECNOLÓGICO


Regulamento de Uso de Fundos do Programa Evolução: Capítulo 9

INTERAÇÃO E RELAÇÃO COM OS CLUBES


Regulamento de Uso de Fundos do Programa Evolução:
Capítulo 10.4

A COMPETIÇÃO COMO PRINCIPAL ELEMENTO DE FORMAÇÃO


Regulamento de Uso de Fundos do Programa Evolução:
Capítulo 10.2 y 10.3
Calendário esportivo, competição CONMEBOL e FIFA

SISTEMA DE SELEÇÃO DE TALENTOS PARA AS SELEÇÕES DE BASE


Regulamento de Uso de Fundos do Programa Evolução:
Capítulo 10.1
Projeto específico de auxílio para uso operacional e Projeto
específico de apoio às Seleções de Base

INTER-RELAÇÃO NO PROJETO INTEGRAL COM A SELEÇÃO


PRINCIPAL
Regulamento de Uso de Fundos do Programa Evolução:
Capítulo 9

137
CONMEBOL
DEPARTAMENTO DE
DESENVOLVIMENTO - 2020
EVOLUÇÃO É CONMEBOL

Publicação Oficial do Departamento de


Desenvolvimento da Confederação Sul-
Americana de Futebol (CONMEBOL)

PRESIDENTE:
Alejandro Domínguez W-S

SECRETÁRIO GERAL:
José Astigarraga

SECRETARIA GERAL ADJUNTA/DIRETORIA


JURÍDICA:
Monserrat Jiménez

SECRETÁRIO GERAL ADJUNTO/DIRETOR


DE DESENVOLVIMENTO:
Gonzalo Belloso

EDIÇÃO:
Confederação Sul-Americana de Futebol
(CONMEBOL).
Autopista Silvio Pettirossi y
Avda. Sudamericana – Luque - Paraguay
Tel: +595-21/5172000
www.conmebol.com

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CONMEBOL

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