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O Rosacruz 315
O Rosacruz 315
VERÃO 2021
Nº 315 – R$ 10,00 ISSN 2318-7107
n MENSAGEM
Saudações Rosacruzes!
Alguém poderá questionar: que amor é este que permite o ódio, a doença, a dissimulação
e outras limitações da natureza humana?
Diz a Sabedoria Rosacruz que, num plano individual, parece evidente que é preciso começar
amando a si mesmo, condição para se amar os outros. No mais das vezes nós reprovamos
as nossas imperfeições – sobretudo aquelas que dizem respeito ao nosso corpo físico e ao
nosso aspecto geral.
Então podemos canalizar o amor, não para um ou alguns indivíduos, mas para toda a
humanidade? É evidente que sim. A prece e a criação mental são bons meios de fazer isso.
Trata-se de algo evidente para nós, rosacruzes.
Segundo o Dalai Lama, devemos sempre abordar os outros num espírito de amor e de
compaixão. Para tanto, é preciso desenvolver a empatia, ou seja, a aptidão de tomar
consciência do sofrimento dos outros e desejar ajudá-los a fim de confortá-los: “Engendrar
compaixão significa primeiramente reconhecer que se recusa a sofrer e que se tem direito
à felicidade. Em segundo lugar, reconhecer que os outros tampouco desejam sofrer e que
também têm direito à felicidade. A compaixão deve chegar a transformar sua atitude face
a um inimigo e fazê-lo aprender a amá-lo”
À luz das considerações anteriores, podemos compreender que o amor, em sua expressão
mais universal, é indissociável da espiritualidade. Para Teilhard de Chardin, a evolução
da humanidade é fundada naquilo que ele chama de amorização: “O sentido da evolução
dependerá do ardor em amar”.
Após a etapa do “ser melhor”, devemos cultivar o “conviver”, que leva a amar a si mesmo e
aos outros. Essa é a senda que devemos seguir, pois apenas ela permitirá que a humanidade
evolua individual e coletivamente rumo à sua espiritualização e à sua reintegração no Divino.
A esse respeito, e como tão bem disse Nicholas Roerich, que foi um eminente membro da
AMORC: “Podemos ser os reais colaboradores da Evolução. Nesse sentido, o verdadeiro
conhecimento é baseado na real tolerância; dessa real tolerância vem a compreensão
absoluta; da compreensão absoluta nasce o entusiasmo pela paz, que esclarece e purifica”.
Os artigos selecionados nesta edição são exclusivos, de jurisdições diferentes, mas trazem
uma conexão entre si na medida do princípio filosófico que subjaz entre eles: a presença
de uma intenção diretora que permeia o universo e que “se esforça para se fazer presente
no meio humano.
Os artigos selecionados também recebem uma nuance diferente quando interpretados sob
uma visão mística em que a Tradição, a Comunidade, a Alquimia e as obras da criação
estão entrelaçadas sob a égide de Deus.
Digno Frater, Digna Soror, você pode ajudar a minimizar o sofrimento de inúmeras pessoas
que buscam auxílio espiritual, principalmente neste cenário de pandemia que estamos
vivendo, realizando o Ritual do Conselho de Solace, que foi cuidadosamente adaptado
para o meio digital e pode ser acessado na Área do Afiliado, exclusiva para estudantes
rosacruzes.
Feito isso, ao abrir a Área do Afiliado, automaticamente, o primeiro post a aparecer em sua
tela de notícias será “Conselho de Solace Digital”. Clique no vídeo e ponha-se a trabalhar
mentalmente à serviço de toda a humanidade.
Recomendo a realização do ritual entre às 11:30 e às 12:00 da manhã que estaremos todos
reunidos, mas, se este horário não for adequado, você pode realizá-lo em qualquer outro
momento.
Por fim, devo informá-los que a mensalidade reduzida em março de 2020 de R$ 58,00 para
R$ 50,00 deverá, por força das circunstâncias, voltar ao valor regular a partir de abril de
2021 e permanecer até o final deste ano.
Sincera e Fraternalmente
AMORC-GLP
16
das visões cosmológicas de Thomas Berry
Por GERTRUDE SPENCER, SRC
38
44 Uma Jornada Alquímica Através da Floresta Negra
Por DENNIS HAUCK, PhD, FRC
48
4 O ROSACRUZ · VERÃO 2021
O
s textos dessa publicação não representam a palavra oficial da
AMORC, salvo quando indicado neste sentido. O conteúdo dos
artigos representa a palavra e o pensamento dos próprios autores
Publicação trimestral da e são de sua inteira responsabilidade os aspectos legais e jurídicos que
ORDEM ROSACRUZ, AMORC
possam estar inter-relacionados com sua publicação.
Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa
Bosque Rosacruz – Curitiba – Paraná Esta publicação foi compilada, redigida, composta e impressa na Ordem
Rosacruz, AMORC – Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa.
Todos os direitos de publicação e reprodução são reservados à Antiga
e Mística Ordem Rosae Crucis, AMORC – Grande Loja da Jurisdição de
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As demais jurisdições da Ordem Rosacruz também editam uma revista
do mesmo gênero que a nossa: El Rosacruz, em espanhol; Rosicrucian
Digest e Rosicrucian Beacon, em inglês; Rose+Croix, em francês; Crux
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Barajuji, em japonês e Rosenkorset, em línguas nórdicas.
CIRCULAÇÃO MUNDIAL
Propósito da expediente
Coordenação e Supervisão: Hélio de Moraes e Marques, FRC
Ordem Rosacruz n
A Ordem Rosacruz, AMORC é uma orga- n Editor: Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa
nização internacional de caráter templário,
místico, cultural e fraternal, de homens e
n Colaboração: Estudantes Rosacruzes e Amigos da AMORC
mulheres dedicados ao estudo e aplicação
como colaborar
prática das leis naturais que regem o uni-
verso e a vida.
Seu objetivo é promover a evolução da
humanidade através do desenvolvimento
das potencialidades de cada indivíduo e
n Todas as colaborações devem estar acompanhadas pela declaração do
propiciar ao seu estudante uma vida har- autor cedendo os direitos ou autorizando a publicação.
moniosa que lhe permita alcançar saúde,
felicidade e paz.
n A GLP se reserva o direito de não publicar artigos que não se encaixem
Neste mister, a Ordem Rosacruz ofe- nas normas estabelecidas ou que não estiverem em concordância com a
rece um sistema eficaz e comprovado de pauta da revista.
instrução e orientação para um profundo
autoc onhecimento e compreensão dos n Enviar apenas cópias digitadas, por e-mail, CD ou DVD. Originais não
processos que conduzem à Iluminação. serão devolvidos.
Essa antiga e especial sabedoria foi cui-
dadosamente preservada desde o seu n No caso de fotografias ou ilustrações, o autor do artigo deverá providenciar
desenvolvimento pelas Escolas de Misté- a autorização dos autores, necessária para publicação.
rios Esotéricos e possui, além do aspecto
filosófico e metafísico, um caráter prático. n Os temas dos artigos devem estar relacionados com os estudos e práticas
A aplicação destes ensinamentos está ao rosacruzes, misticismo, arte, ciências e cultura geral.
nossa capa
alcance de toda pessoa sincera, disposta a
aprender, de mente aberta e motivação
positiva e construtiva.
O símbolo A Rosa e a Cruz de Robert Fludd
apareceu primeiramente como ilustração da
quarta parte do seu Summum Bonum, publi-
cado em 1629, e que era uma defesa da Frater-
nidade Rosacruz. A inscrição latina Dat Rosa
Mel Apibus significa: A Rosa dá o Mel às Abe-
lhas. Trata-se de uma observação perfeitamen-
Rua Nicarágua 2620 – Bacacheri
82515-260 Curitiba, PR – Brasil te inocente. Porém, por que diria Fludd algo
Tel (41) 3351-3000 / Fax (41) 3351-3065 tão óbvio? É evidente que este texto encerra
www.amorc.org.br um pensamento mais profundo..
Dat Rosa
Mel Apibus
A
rosa dá o mel às abelhas. Essas palavras apareceram pela primeira vez no livro intitulado
“Summum Bonum”, publicado em 1629 pelo rosacruz inglês Robert Fludd. Elas adquirirão
para nós hoje um significado novo. Idealmente, escolhendo esse título para a nossa
Convenção Mundial, restabelecemos os laços com os nossos irmãos do passado e sobretudo com
os seus ideais, os quais eram de liberdade de consciência, de incentivo ao conhecimento para
o bem de toda a humanidade e de um novo humanismo com base espiritual – pensamentos
e ideias que anteciparam em alguns anos o período que depois ficou conhecido como
“Iluminismo”, ao menos nos seus aspectos mais elevados.
papel – escrito
no nosso código
genético espiritual
– transformar o
seu néctar em mel,
transmutar a nossa
consciência em um
estado superior,
ser um farol para
os que navegam
na escuridão e
continuar juntos
neste percurso.
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Immanuel
Kant, o grande
filósofo iluminista
alemão, escreveu
um livro dedicado aprender. Pensem em como são atuais estas
ao conceito de cidadania. Ele explicava que, palavras! Refletiremos juntos, nesta ocasião
sendo o nosso planeta uma esfera, qualquer especial, sobre o tema da Convenção, não
tentativa de nos afastarmos das pessoas negligenciando o seu chamado metafórico e
fatalmente nos aproxima de outras. Assim alegórico, e procuraremos evidenciar a sua
sendo, o destino da humanidade é todos importância para nós, rosacruzes do século
vivermos juntos, como uma única família. XXI.
Consequentemente, afirmava Kant, a A rosa doa o seu néctar desde o início
hospitalidade é o preceito máximo que mais dos tempos. Muitas vezes, enquanto gênero
cedo ou mais tarde todos nós deveremos humano, o transformamos em mel – mel que
saboreamos e que dá sentido à nossa vida.
Outras vezes, nem sequer o notamos. Nós,
que estamos reunidos aqui hoje, queremos
Se observarmos uma estar atentos à rosa, recolher o seu néctar
e transformá-lo. Nesse sentido, a metáfora
colmeia, notaremos da colmeia é simplesmente perfeita, pois
que ela exprime um a verdade a que aspiramos não pode ser
pronunciada diretamente, mas somente
elevadíssimo grau de evocada através de imagens, analogias,
inteligência. Cada abelha símbolos e metáforas.
Se observarmos uma colmeia, notaremos
ao longo de sua vida que ela exprime um elevadíssimo grau de
muda o próprio papel na inteligência. Cada abelha ao longo de sua
vida muda o próprio papel na comunidade,
comunidade, aprendendo aprendendo novas tarefas e assumindo novas
responsabilidades: há aquelas que protegem
novas tarefas e assumindo a colmeia, as que protegem a rainha, as
novas responsabilidades que protegem as pequenas abelhas recém-
nascidas e as que viajam em busca do néctar.
A analogia com os seres humanos é muito
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um tempo e em um lugar não-
identificáveis no calendário ou num
mapa. Esse modo de interpretar
a palavra “Antigo” não reduz a
dimensão da Ordem; poderia fazê-lo
como os problemas do xadrez ou os de
somente para aqueles que permanecem no
matemática que tínhamos na escola. Eu me
âmbito da pesquisa histórica, mas certamente
esforço um pouco, penso e chego a uma
não para quem se interessa pelo percurso
solução. Mistério é algo que diz respeito
espiritual.
à nossa natureza interior e que não pode
Mas vejam, fratres e sorores: sob certos
ser explicado ou analisado pela razão. Diz
pontos de vista o mito supera a História, pois
respeito àquela dimensão do ser que foge
a História diz respeito aos acontecimentos
do rigor da linguagem e da rigidez do
que ocorreram uma única vez no tempo,
pensamento racional. Pode ser somente
enquanto o mito diz respeito a algo que
vivido e, nesse sentido, está em relação direta
acontece continuamente. O seu tempo é um
com a experiência do Sagrado. Este ponto
tempo sagrado e o seu momento é este!
da nossa reflexão nos remete diretamente
Certa vez, um frater me disse que o
ao segundo nome de nossa ordem, ou seja,
tempo mais importante de toda a Tradição
“Mística”. Muitas vezes tentamos separar essa
não é o Antigo Egito e nem a Antiga Grécia,
palavra da sua conotação religiosa porque,
mas sim este que estamos vivendo, aqui
efetivamente, a experiência mística não
e agora. Parafraseando Gustav Mahler:
diz respeito somente ao caminho religioso.
“Tradição não é a veneração das cinzas, mas
Ao contrário, poderíamos dizer que a
sim o culto do fogo”. Portanto, poderemos
experiência mística prescinde da religião,
considerar a palavra “Antigo” não com uma
a antecipa, a supera e a domina, embora as
conotação histórica, não obstante as raízes
religiões institucionalizadas tenham sempre
de nossa Ordem serem efetivamente antigas,
procurado trazer essa experiência para o seu
historicamente falando, mas sim como
campo de poder e controle.
lembrança de uma condição que deve ser
De fato, sabemos muito sobre a
vista e sentida interiormente mais do que
experiência mística de personagens ligados
compreendida com a razão. Sentida com o
às religiões, como São João da Cruz,
coração, pois no coração do homem reside a
Francisco de Assis ou Teresa d’Ávila, mas
sua origem – a gênese do seu mistério.
pouco ou nada sobre personagens como os
A própria palavra “mistério” deve ser
escritores Walt Whitman e Ralph Waldo
questionada. Não se trata aqui de um
Emerson, o filósofo platônico Plotino ou o
enigma que pode ser resolvido com a razão,
a uma apatia total. Qualquer um que conheça cérebro é estruturado para racionalizar todas
algo da vida dos grandes místicos saberá as experiências, não permitindo à mente
que ela nunca foi uma espera apática pela transcender os próprios limites.
Iluminação. Além disso, não é através das palavras
Por que Harvey Spencer Lewis utilizou que se reconhece um místico, mas de
essa palavra para descrever a nossa Ordem? como ele vive, pois a experiência mística
O que é exatamente o misticismo dentro altera indelevelmente a visão que a pessoa
do Rosacrucianismo? Devemos afirmar tem do mundo. Muda a sua concepção da
imediatamente que a experiência mística realidade e, portanto, a sua relação com a
não trata de uma dimensão sobrenatural, vida. “Místico” é uma palavra de origem
no sentido que essa palavra assumiu no grega e deriva do verbo myein, que indica o
tempo. A experiência mística pertence à fechamento dos olhos, a reserva, a discrição,
naturalidade das experiências humanas e mas também a calma e uma forma de alívio
não poderia ser de outro modo: estamos da dor. “Místico” diz respeito também a
inseridos na natureza, somos a natureza e, mistério, e como dizíamos antes, Mystes
portanto, estamos sujeitos às suas leis. Assim, é o iniciado que deve manter reservada e
é evidente que aquilo que a Ordem nos secreta a experiência vivida. Essa experiência,
propõe não entra no campo do paranormal contudo, é aberta a todos e pode produzir
nem da irracionalidade. A irracionalidade um tipo de alívio da dor – certa forma de
é o oposto da racionalidade, e a experiência salvação humana, uma vez que se reconhece
mística transcende essa dimensão da a verdadeira finalidade da própria existência.
mente. Além disso, a experiência mística Mark Twain afirmava que os dias mais
nada tem a ver com a eventual erudição de importantes de nossa vida são dois: o dia
quem a vive. Ela pode ser alcançada tanto em que chegamos neste mundo e o dia em
por uma pessoa culta quanto por uma que compreendemos o motivo. Além disso,
humilde, e como confirmação disto podemos a experiência mística é incomunicável, pois
lembrar de Jacob Boehme, o sapateiro a linguagem não é capaz de representar
conhecido como o “Príncipe dos Filósofos”. aquilo que a alma revela, e daí vem a ideia de
Poderíamos até mesmo dizer que um segredo, de silêncio.
excesso de intelectualismo pode constituir A estrutura do nosso pensamento,
uma barreira à experiência mística, pois o com a lógica que lhe é característica – e
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O triângulo
do Amor
Por TOM OGAZON, FRC
Olhando para o triângulo, associei a porção inferior (com os dois pontos) com o plano
material, seus desafios e dualidade de experiências - luz e escuridão, bem e mal e assim por
diante. E relacionei o ponto no topo do triângulo ao plano espiritual, à unidade além da ilusão
de separação. Ao harmonizar-me com este símbolo geométrico simples, tornei-me um com toda
a criação; vi-o irradiando sua Luz de cima para baixo. Isso me lembrou que todos nós podemos
nos tornar receptivos aos pensamentos e energias de cura e inspiração que emanam dos planos
superiores.
À medida que continuei a meditar, três palavras ou frases gradualmente vieram à minha
consciência e foram colocadas em cada ponto do triângulo. Chamei essa imagem de “Triângulo
do Amor”. Este símbolo foi um presente e uma ferramenta para meditação e harmonização em
minha vida. Convido você a refletir sobre isso também.
Desapego
A primeira palavra que apareceu no triângulo foi a palavra “Desapego”. Não era uma
palavra esperada; isso me deu uma pista de que o que estava escrito estava pedindo que eu me
concentrasse em um aspecto da minha vida que eu havia negligenciado. Eu sei que o budismo
enfatiza que o sofrimento humano está relacionado ao apego. Sempre relacionei isso com minha
necessidade de bens materiais ou conforto. Ao que mais eu estava apegado e não sabia?
Desapego
Conforme minha meditação se aprofundou, fiquei chocado ao ouvir que o que eu precisava
me desligar era do ego. Isso nunca me ocorreu antes! Quando os ensinamentos budistas falam
Compaixão
A segunda palavra que apareceu no meu triângulo foi a palavra “Compaixão”. Enquanto
meditava sobre isso, sempre voltava à pergunta: compaixão por quem? Eu ponderei sobre isso e
gradualmente percebi que existem três aspectos para expressar compaixão: compaixão por nós
mesmos, compaixão por toda a criação e compaixão pelas pessoas em nossas vidas.
Desapego Compaixão
O TRIÂNGULO DO AMOR
Desapego Compaixão
Os ensinamentos rosacruzes nos pedem que busquemos respostas internas. Chamamos a nós
mesmos de pontos de interrogação ambulantes e somos encorajados a estudar, ler, ter aulas, nos
abrir para diferentes perspectivas, mas, em última análise, seguir a orientação interna e não de
gurus ou líderes externos. Tudo isso faz sentido e até parece óbvio. Quem não gostaria de receber
orientação da Alma, do Eu Superior, da Luz Interior ou do Deus dos nossos Corações? Mas,
quando confrontados com problemas, meditamos sobre eles, pedimos conselhos e seguimos as
recomendações do Mestre Interior? Fazemos isto? Consistentemente?
Sol, Palavra
E REINO
Por STEVEN ARMSTRONG, FRC
N
ossa compreensão do significado dos
Mistérios Mitraicos evoluiu ao longo
do tempo. Hoje, no mundo da Física
Quântica e da Teoria da Membrana para as
origens e explicação do Multiverso, a figura
de Mithras assume um novo significado.
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O universo
como um organismo vivo
Uma exploração das visões
cosmológicas
de Thomas Berry
T
homas Berry, descrito na revista
Newsweek em 1989 como “a figura
mais provocativa entre a nova
geração de ecoteólogos”, foi um dos
primeiros a dizer que a crise da Terra é
fundamentalmente uma crise espiritual.
Uma figura importante no ressurgimento
contemporâneo da cosmologia, Thomas
Berry escreveu dezenas de ensaios sobre
religião comparada, história cultural,
pensamento ecológico e contexto
cosmológico.
Vamos examinar algumas das ideias
extraordinárias apresentadas por Thomas
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acordo com seus potenciais individuais. surpreendente sugestão de que a Bíblia talvez
devesse ser colocada em uma prateleira por
vinte anos para que possamos realmente
Tudo está vivo, tudo ouvir a criação. Podemos então, talvez, ser
está conectado capazes de recuperar a visão cristã primitiva
de que havia duas escrituras: primeiro a
do mundo natural e, depois, a da Bíblia.
No Big Bang, toda a energia que existia Infelizmente, no entanto, ainda estamos
explodiu como uma única existência. lendo “O Livro” em vez de ler o mundo sobre
Como tudo na criação é alimentado pela nós! Se continuarmos fazendo isso, vamos
mesma energia misteriosa que irrompeu nos afogar lendo o livro.
naquele exato momento, todas as coisas Nossa visão teológica do Divino está
existentes - rochas, forças (como a gravidade incompleta se não considerarmos que
e a força eletromagnética), coisas vivas o Divino, que fez o mundo, também
etc., são atraídas pelo universo para um deve estar intimamente relacionado a
relacionamento vinculado - em uma ele. Somente com tal preceito podemos
intimidade profunda. O universo, em manter nosso verdadeiro senso de
seus aspectos físicos e espirituais, mantém Divindade. Se perdermos nosso senso de
todas as coisas juntas. Espírito e matéria relacionamento com o mundo e com o
em toda a criação não são separados, universo, perdemos nosso senso do Divino
mas simplesmente diferentes níveis de como seres humanos. Buscar o Divino
Mudanças
necessárias para um
futuro sustentável
Thomas Berry nos aconselhou a mudar
nosso conceito de educação. A educação
não deve ser apenas voltada para nos treinar
para empregos, mas também nos ajudar
a entender nosso lugar e nosso papel no
esquema das coisas. Além disso, a economia
deve ser vista como uma questão religiosa.
Ele faz uma declaração muito instigante, a
OM
ES.C
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saber, que se a água estiver poluída, não pode dos humanos com o mundo natural tornou-
ser usada para beber nem para o batismo. se progressivamente mais fraca na civilização
Thomas Berry enfatizou o fato de ocidental.
que devemos deixar nossa posição
antropocêntrica míope que nos coloca no
auge e no centro da criação. Somos parte do O Universo é uma
todo e, embora tenhamos um papel muito
específico a desempenhar no esquema das comunhão de
coisas, dificilmente somos mais importantes
do que qualquer outra parte da criação.
indivíduos
Devemos sair do centro do universo. Ele
Thomas Berry nos encorajou a perceber
comenta o fato de que nos colocamos
dois fatos importantes:
arrogantemente acima de todas as outras
- A Terra é primária, enquanto o humano
criaturas, considerando a humanidade e
é secundário.
nossos negócios como o centro de significado
- O universo é uma comunhão de
e importância.
indivíduos e não uma coleção de objetos.
Uma democracia que explora a natureza
Ele afirmou que precisamos de um
não é uma forma desejável de governo. A
novo conceito em religião, atribuindo a
palavra “democracia” (derivada do grego
comunidade sagrada primária ao próprio
antigo) significa literalmente “governar pelo
universo, pois nosso verdadeiro sentido do
povo” - referindo-se apenas ao povo, e não
Divino emerge por meio de nossa percepção
ao resto da criação. Devemos lutar por uma
do universo. Este conceito é difícil de
biocracia, que é um governo preocupado
compreender, pois requer uma mudança
com o bem-estar de todos os membros da
em nossa imagem do Divino. E, também,
comunidade da Terra.
estamos profundamente convencidos
Nossas considerações e deveres vão muito
de nossa superioridade, de ser a criação
além daqueles que temos uns para com
escolhida por Deus, e de nosso direito divino
os outros. E porque as religiões ocidentais
de nos colocar no centro deste mundo às
atuais não funcionam dentro desse contexto
custas do resto da criação.
universal, elas se tornaram disfuncionais.
No entanto, os humanos se tornam
Eles não servem mais ao seu propósito
sagrados participando da comunidade
original.
sagrada maior do universo. Thomas Berry
Thomas Berry fez a observação
afirmou que o sentimento indescritível que
interessante de que o antropocentrismo
acompanha tal experiência pode realmente
do Ocidente deu lugar a um teocentrismo
ser chamado de “religião” - ou seja, re-
pronunciado (colocando o Divino no centro)
ligare, que significa “ligar de volta à fonte”.
após o evento da Peste na Europa em 1347.
Isso é mais real do que a teologia porque o
As pessoas consideraram a calamidade como
sentimento emana da verdadeira experiência.
uma punição Divina porque estiveram muito
Se conseguirmos alcançar essa mudança
apegados à Terra e não se comprometeram
de consciência, o impacto será de tal
com a salvação e com a absorção no Espírito.
importância que pode ser comparado a um
O apego e o envolvimento com a Terra
novo tipo de experiência reveladora.
tiveram que ser superados.
Thomas Berry afirmou que os seguintes
Tanto o antropocentrismo quanto o
princípios, sustentados pelo Cristianismo
teocentrismo negam a unidade entre o
convencional, terão que ser reconsiderados:
mundo natural, o mundo da humanidade e
1. Nossa ênfase em uma Divindade pessoal
o mundo do Divino. Assim, a ligação mística
transcendente, que é distinta do universo.
34 O ROSACRUZ · INVERNO
VERÃO 2021
2020
muito supõe. Ele acredita que seu valor
é maior do que o é realmente, proclama
seu próprio mérito e exige que a natureza
o recompense com base no que ele é. Ele
é um grande tolo, pois pensa que exibição
exterior é o mesmo que mérito interior.
Apenas quando ele abre o cofre e vê seu
próprio reflexo é que percebe a diferença.
E quanto ao pretendente que está
pronto para dar e arriscar tudo o que
tem? O que ele encontra no cofre de
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onipresença. Ela nos inicia na senda da favoritas são sal, enxofre e mercúrio. Do
descoberta. Este é o significado, como eu mineral ao vegetal e, então, ao animal
o leio, da alegoria lindamente concebida corre o processo, com as etapas sendo
de Pórcia e dos três cofres. E, certamente, nominadas como fazer ouro, compor o
é uma máxima consagrada da Alquimia. elixir e produzir a pedra. Dissolva os sen-
Justificando o nosso tema, muito mais tidos, diz o antigo alquimista, e você terá
pode ser percebido: a Natureza é muito uma vida mediana. Dissolva o mediano
mais sútil que o papel tríplice represen- e você alcançará o divino. Há muitas
tado aqui pelos cofres de ouro, prata e formas de estabelecer o processo alquí-
chumbo. Esses são, na verdade, símbolos mico, e os alquimistas do passado eram
das três maiores divisões da natureza, geralmente extravagantes. Mas a alqui-
mas feitas aqui para serem representa- mia verdadeira..., a alquimia do corpo...,
das pelos três. Essas divisões geralmente permanece de forma genuína como uma
são mencionadas como reinos: mineral, parte das disciplinas místicas de hoje.
vegetal e animal. Quando interpretado Entretanto, apenas o verdadeiro adepto
espiritualmente, eles se tornam o inferno, compreende e trabalha essa alquimia
a terra e o céu. para a elevação da manifestação terrena
da alma individual humana, a personali-
A Alquimia Espiritual dade-alma. 4
Acredita-se que o nosso corpo é sim-
bólico a esses três reinos: o inferno (mi-
The Rosicrucian – nº81 – Agosto de 2020
neral) é indicado pelo abdômen; a terra
– Grande Loja da Austrália, Ásia e Nova
(vegetal) pelo tórax; o céu (animal) pela Zelândia.
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(Participaram da Reunião) Soror Julie Scott - Secretária da Suprema Grande Loja e Grande Mestre da Jurisdição de Língua Inglesa para
as Américas; Frater Michal Eben – Grande Mestre da Jurisdição de Língua Tcheca e Eslovaca; Frater Kenneth Idiodi - Administrador
da Nigéria; Frater Jose Botello - Grande Mestre da Jurisdição de Língua Hispana para as Américas; Frater Akos Ekes - Grande Mestre
da Jurisdição de Língua Húngara; Frater Sven Johansson – Vice-Presidente da Suprema Grande Loja e Grande Mestre da Jurisdição de
Língua Inglesa para Europa e África; Soror Live Söderlund - Grande Mestre da Jurisdição de Língua Escandinava; Frater Hugo Casas
Irigoyen - Grande Mestre da Jurisdição de Língua Hispana para a Europa, África e Australásia; Frater Christian Bernard – Imperator
Emérito; Frater Atsushi Honjo - Grande Mestre da Jurisdição de Língua Japonesa; Frater Michiel Schillhorn van Veen - Grande Mestre
da Jurisdição de Língua Holandesa; Frater Hélio de Moraes e Marques - Grande Mestre da Jurisdição de Língua Portuguesa; Frater
Claudio Mazzucco – Imperator e Grande Mestre da Jurisdição de Língua Italiana; Frater Serge Toussaint - Grande Mestre da Jurisdição
de Língua Francesa; Frater Maximilian Neff – Tesoureiro da Suprema Grande Loja e Grande Mestre da Jurisdição de Língua Alemã;
A
nossa sociedade moderna está doen- de uma dicotomia da liberdade; em outras
te? O termo “doente” implica uma palavras, a liberdade possui uma natureza
condição anormal; ele sugere o aban- dupla. De um lado, o indivíduo deve ter a es-
dono de uma regra, de uma norma conside- colha de compartilhar atividades com outros
rada sã. Quais são então os elementos que e escolher esse objetivo que é considerado o
possuem a tendência de destruir uma socie- melhor para a maioria. Por outro, a socieda-
dade sã? de depende da unidade de acordo e de ações
O primeiro elemento de uma sociedade de seus membros para a sua existência. Mas
sadia é a cooperação. É o trabalho coletivo de essa liberdade do indivíduo dá a ele o direito
pessoas trabalhando juntas em direção a um de contra-atacar a decisão livremente tomada
objetivo comum. Se a sociedade quer estar pela maioria?
“sadia”, sua atividade coletiva precisa ter certa Deve-se admitir que a concordância da
qualidade. A atividade coletiva da sociedade maioria numa sociedade não é sempre jus-
deve ser livremente motivada. Ela não deve ta; a história frequentemente o provou. No
ser o resultado de uma força militante con- entanto, a sociedade só existe porque certos
trária à vontade de seus membros. preceitos e certas ações têm por resultado um
Esta liberdade requer uma análise para esforço concentrado para fins particulares.
saber em qual medida ela serve à sociedade. Numa sociedade sadia, o indivíduo deveria
Nesta última, o indivíduo se encontra diante ter a liberdade de expressão e de ação para
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ciedade.
A vida é dinâmica; ela se esforça sem-
Antigo Templo Poseidon - Grécia Ruínas Incas - Machu Picchu - Peru Antiga cidade de Volubilis - Mauretania
Uma Jornada
ALQUÍMICA
através da floresta negra
Por DENNIS HAUCK,FRC, PhD
Triberg Waterfall Black Forrest Germany - Cachoeira Triberg Floresta Negra Alemanha
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Todos lá insistiam
que era o próprio
Fausto em quem
Goethe baseou seu
personagem lendário.
Rosicrucian Digest 1 - 2018
Supostamente, Faust
voltou a Staufen em
Todos lá insistiam que era o próprio Faus-
to em quem Goethe baseou seu personagem
seus anos de declínio
lendário. Supostamente, Faust voltou a Stau- para ficar perto das
fen em seus anos de declínio para ficar perto
das energias nutritivas da Floresta Negra. energias nutritivas da
Havia até uma pintura dele caminhando sozi-
nho na floresta escura.
Floresta Negra. Havia
Depois do café da manhã, fizemos as até uma pintura dele
malas e nos dirigimos para a Floresta Negra.
Seguimos a estrada principal para o vale e caminhando sozinho na
estacionamos perto do Monte Belchen. Pe-
guei dois sacos de aniagem e uma pequena
floresta escura.
pá de madeira da frente do carro e partimos Ajoelhei-me e comecei a cavar. A crosta
para nossa caminhada aleatória na floresta. dura cedeu em torrões, revelando a terra pre-
Depois de nos aprofundarmos na floresta, ta abaixo. Fiquei surpreso como a terra estava
Merus começou a farejar o ar e chutar a terra. solta e arejada enquanto eu cavava mais fun-
Algumas vezes ele parou e ficou em completo do. Era exatamente o oposto do que eu espe-
silêncio por vários minutos. Três vezes em rava, então larguei a pá e tirei a terra com as
lugares diferentes, ele parou para urinar na mãos. Com cuidado, coloquei cada concha
terra. de terra bem fundo no saco.
Enquanto nós serpenteamos nosso ca- De repente, uma raiz ou algo emaranhado
minho através de uma parte densa e escura enrolou em minha mão e parecia estar agar-
da floresta até uma pequena clareira, Merus rando e apertando. Eu engasguei, puxando
ficou muito animado e anunciou que ha- minhas mãos da sujeira. Quando olhei para
via encontrado a “terra virgem” que estava minha mão direita, não pude acreditar no
procurando. Com a ponta do sapato, ele que via. Enrolado em meus dedos estava a
gentilmente marcou o local com um “X”. Eu criatura mais feia que já vi.
A
Rosa
ea
Cruz
© AMORC.ORG.BR
de Robert Fludd
Por PETER BINDON, FRC
Muito se tem debatido acerca da conexão entre Robert Fludd e os Irmãos da Cruz Rosada, nome pelo
qual eram conhecidos os Rosacruzes há trezentos e cinquenta anos. Porém o que está muito claro, tanto por
seus escritos quanto pelo que outros escreveram sobre ele, é que Fludd foi um grande conhecedor da filosofia
Rosacruz. O diagrama A Rosa e a Cruz é pleno de simbolismo próprio do pensamento rosacruz.
F
ludd nasceu em 1574 e morreu em sobre medicina e cura lhe causaram grandes
1637. Viveu e trabalhou como médico dificuldades para ser aceito na comunidade
na Inglaterra, mas também viajou médica. Mesmo assim, foi admitido como
pela Europa, onde conheceu pessoas com membro do Real Colégio de Médicos. Seu
inclinações parecidas com as suas durante os livro Breve Apologia da Fraternidade da Cruz
seis anos que permaneceu ali. Graduou-se Rosada, publicado em 1617, demonstra que
como Bacharel e mais tarde como Doutor em era um entusiasta defensor desta fraternidade,
Medicina pela Universidade de Oxford. Sem mesmo que nunca tenha afirmado pertencer a
dúvida, seus contemporâneos pensavam que ela. Isto não é surpreendente, já que, naquele
seus métodos não eram muito ortodoxos, pois tempo, sair da ortodoxia era perigoso para a
consultava o horóscopo dos pacientes para segurança pessoal.
fazer o diagnóstico e utilizava o que pareciam O símbolo A Rosa e a Cruz de Robert Fludd
ser remédios homeopáticos. Fludd foi o que apareceu primeiramente como ilustração
hoje denominamos de Terapeuta Holístico. da quarta parte do seu Summum Bonum,
Para ele, primeiro deviam ser curados a mente publicado em 1629, e que era uma defesa da
e o espírito do paciente e depois a enfermidade. Fraternidade Rosacruz. A inscrição latina
As ideias radicais mantidas por Fludd Dat Rosa Mel Apibus significa: A Rosa dá o
Deus, um
companheiro
em nosso
cotidiano
Por H. SPENCER LEWIS, FRC
Imperator Emérito da AMORC
V
ocê já pensou no uma avaliação mais profun- sentir constrangidos diante
número de homens e da de seu lugar em nossas do aumento das denomi-
de mulheres que, em vidas e de
segredo e em calma, adoram nosso lugar na
Deus e contam com ele em consciência de
seu dia a dia? Muitos estão Deus se am-
habituados a pensar que plia e cresce
Deus faz parte da religião, diariamente.
que ele é a base das crenças Podemos
e dogmas religiosos. Porém, ficar admi-
para cada pessoa que pro- rados com
cura Deus em uma religião as mudanças
específica, há centenas que introduzidas
o procuram quando estão na ortodoxia e
sozinhas e sem ter nenhuma suas variações
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A criação do homem - teto Capela Sistina - pintura Michelangelo
lhor Ele e as leis divinas do da crescente inquietação uma noite que pensávamos
que no passado. Digo isso a religiosa. ser simplesmente um passa-
despeito daqueles que ima- Há algumas semanas, fui tempo social. Pouco a pouco
ginam que a igreja, enquanto convidado, junto com minha outros amigos chegaram.
instituição, tem necessidade esposa, a visitar a casa de Durante mais ou menos uma
de um maior apoio diante um frater e ali passar a noite, hora ou mais, a conversa
girou em torno de assuntos
populares, até que a vasta
sala da biblioteca ficou cheia
de amigos que não se conhe-
ciam entre si. Três pessoas
somente na sala sabiam de
meus laços com uma organi-
zação mística ou metafísica,
e os assuntos da conversa,
muito vagarosamente, foram
se encaminhando para as
altas considerações místicas.
Entre as pessoas pre-
sentes havia magistrados,
agentes de seguros, estu-
dantes, médicos, cientistas,
empresários, suas mulheres,
seus filhos e filhas. De re-
pente, alguém falou de uma
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do mundo, da mesma
maneira que conheceremos
a harmonia interior falando
com Deus intimamente, O primeiro dia da criação
confidencialmente, com
sinceridade e em segredo,
em nossos lares ou em campanha, durante o dia de evitar as armadilhas e
nossos escritórios, em plena ou no final dele. Isso é um os pecados da vida. Com
privilégio e uma bênção. Deus como companheiro
Levar em conta Deus em próximo, não podemos fa-
todos os nossos planos, zer coisas ruins, porque não
Não terás em todos os nossos desejos e
ambições, é conceder respei-
queremos ferir o coração
e a alma de nosso amado
outros deuses to e estima ao elemento mais companheiro. Não iremos
poderoso de toda a nossa querer ser desleais, injustos,
além de existência, um elemento que maus, porque dessa forma
mim não se não pode ser nem negado
nem negligenciado sem que
não conseguiríamos olhar de
frente nosso companheiro e
refere só aos isso resulte em graves con- lhe sorrir em seguida.
sequências antes do fim da Se nosso companheiro é
ídolos ou às vida. Sorrir com Deus, cho- Deus, se aceitamos seus con-
crenças e aos rar com Deus, brincar e tra-
balhar, descansar e meditar
selhos, se seguimos suas re-
comendações, se merecemos
dogmas, se com Deus, é ter ao seu lado sua cooperação, não podere-
o melhor e mais simpático mos fracassar nem conhecer
refere também companheiro do mundo! o insucesso, já que Deus fala
aos egos O homem ou a mulher
que faz de Deus um com-
com conhecimento absoluto
e age com suprema sabe-
terrestres. panheiro tem a certeza de doria. Ele dirige tudo com
viver bem, de se realizar e perfeito controle e concede
a inspiração, os conselhos,
a amizade, o sucesso e a Paz
O quarto dia da criação
Profunda! 4
Na busca de sua verdadeira identidade nesta terra de exílio, o homem hoje se reconhece sombra por sua densidade
corporal e se reconhece luz “porque é aquele que traz em si o que é maior do que ele” Mas quantos seres percebem a
centelha luminosa que brilha em seu interior? O homem deve necessariamente tomar consciência da essência divina
em si, se quiser descobrir DEUS. Quer se aperceba disso ou não, o homem é uma chave da Natureza Divina e do
Universo. Embora DEUS se manifeste em suas obras, o homem não pode conhecê-lo perfeitamente em si mesmo, a não
ser pela contemplação. Consequentemente, o homem tem como futuro tornar-se luz e, como meio, a sabedoria que é a
visibilidade de DEUS.
Se ele está destinado a se tornar luz é porque seu estado, ou melhor, seus limites o compelem a se elevar para o seu
estado primeiro. No mundo manifesto, o homem é limitado por suas próprias esperanças e seus próprios desesperos.
Ele não é luz nem trevas, mas uma sombra que tende a se desfazer na medida em que ele se abre para a espiritualidade.
O Místico diz: “Claridade não luminosa não é percebida”. Os Iniciados são atraídos pelos mistérios, ou seja, pela Luz
da Verdade, as outras pessoas são atraídas pelas imagens e parábolas, ou seja, pela sombra da Verdade. Essa sombra
afeta os pensamentos e os sentimentos, no sentido de que ela é a oposição das virtudes divinas.
O homem comum, é essa claridade não luminosa, aquele que está afastado dos valores elevados, possui “autoridade”
material, mas não tem a autoridade espiritual, isto é, não sente nem ouve a verdadeira palavra em seu ser. A palavra
divina equilibra a Luz e as trevas no corpo do homem, sem o que este seria envenenado pela angústia e aniquilado pelo
sofrimento.
A cegueira interior conduz forçosamente às trevas. A sombra pode ser definida como uma solidão. Somos sós
porque nos separamos de DEUS. Assim os mistérios são uma chave que aproxima o homem de DEUS. Aliás, tudo que
compõem a Criação possui uma sombra, pois “cada coisa deve fazer sua própria revelação”. Como habitante do mundo,
o homem deve sua salvação à misericórdia divina. Estando colocado entre a Divindade e a obscuridade, sua tarefa
é espalhar a Verdade para que sejam dissolvidas as sombras que se misturam à Luz. Ele está encarregado de ser um
auxiliar de DEUS no plano terrestre, para pacificar e aperfeiçoar, ali onde o Divino age através do homem.
Nosso Venerado Mestre Louis-Claude Saint-Martin nos diz: “DEUS e o homem podem se conhecer na Luz”. Essa
aliança existe em todos os homens, seja qual for seu nível de consciência.
Lembremo-nos das palavras de São João: “A luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a compreenderam”.
S.I.
VAMOS COMEMORAR JUNTOS ?
O evento busca permitir uma visualização deste percurso nas pessoas dos
Grandes Mestres, Soror Maria A. Moura e Fr. Charles Vega Parucker, incluindo
importantes colaboradores da Ordem. Permitirá também, é claro, comemorar este
périplo preenchido de êxitos.