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LÍNGUA PORTUGUESA

2º ANO – 2020
Produção Textual - 2º trimestre

TEMA DA AULA:
PROPOSTA DE PRODUÇÃO DE
PARÁGRAFO DE INTRODUÇÃO
Equipe:
Eliane Campos
José Arnaldo Guimarães
Regina Barbosa
Rodrigo Peixoto
LEIA O POEMA A SEGUIR
Poema em linha reta - Álvaro de Campos
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Indesculpavelmente sujo, Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Ó príncipes, meus irmãos,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Arre, estou farto de semideuses!
Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Onde é que há gente no mundo?
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Poderão as mulheres não os terem amado,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Para fora da possibilidade do soco; Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

*Heterônimo de Fernando Pessoa, em "Fernando Pessoa - Obra Poética", Cia. José Aguilar Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 418.
PROPOSTA DE PRODUÇÃO DE PARÁGRAFO
Como vimos nas últimas aulas, argumentar é, antes de tudo, compartilhar convicções,
baseado em argumentos e elementos da realidade objetiva, com o objetivo de favorecer
a adesão do interlocutor ao nosso modo de ver uma questão.
Para iniciar nosso exercício de produção dissertativo-argumentativa, propomos que você
mobilize seus afetos e suas razões antes de buscar fora de si o que possa contribuir para a
motivação da sua escrita.
Partindo da leitura do poema de Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Álvaro de
Campos, reflita sobre como o modo de vida contemporâneo tem impactado você e
produza um parágrafo de introdução dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
“O mundo contemporâneo e a exigência da perfeição e produtividade”.
ORIENTAÇÕES PARA A PRODUÇÃO DO PARÁGRAFO
Retome, no material da aula anterior, os aspectos estruturais do texto dissertativo-
argumentativo e as partes que o compõem;
Para estruturar seu parágrafo:
 Contextualize seu interlocutor acerca do assunto que você vai tratar;
 Apresente o tema e a questão/o problema relevante sobre ele;
 Explicite seu posicionamento sobre o problema apresentado, por meio da tese.
Experimente utilizar um dos seguintes tipos de introdução: declaração inicial; definição;
divisão; alusão histórica; Interrogação; contraste ou comparação.
Construa os períodos, de modo a delimitar as partes que compõem o parágrafo.
Faça a revisão antes de considerar a redação do parágrafo concluída.
Seu parágrafo deve ter o equivalente a 6 a 8 linhas redigidas a mão.
Envie a versão final de seu parágrafo pela plataforma como texto on line.
O QUE EVITAR?
A generalização: busque PRECISÃO na informação, evitando termos como
“sempre”, “nunca”, “todos”, “as pessoas”, “coisas”.
Frases feitas (clichês, gírias, chavões) o lugar comum: “nos dias de hoje”, “a
população precisa se conscientizar”, “futuro melhor para as próximas gerações”,
“governantes corruptos”, “pensar positivo”, “a esperança é a última que morre”;
O uso do advérbio ONDE sem referência a lugar;
O uso do imperativo: aconselhar é uma tentação;
As marcas de oralidade: informalidade, conversa com o interlocutor;
Uso de vocabulário cujo significado não se tem certeza e linguagem
aparentemente rebuscada de que não se tem domínio.
PARA AMPLIAR SEU REPERTÓRIO
https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,pressao-da-perfeicao-no-mundo-digital-
pode-prejudicar-o-bem-estar-das-meninas,70001961932
https://www.arteacaobrasil.com.br/blog/arte-educacao/a-sindrome-da-perfeicao/
https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/conceito-de-saude-na-
contemporaneidade
https://www.sescsp.org.br/online/artigo/8624_PETER+PAL+PELBART
https://vidasimples.co/colunistas/nao-seja-escravo-da-positividade/
http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-tendencias/noticia/2017/06/pensadores-
discutem-o-cansaco-da-sociedade-contemporanea-em-caxias-do-sul-9823602.html
https://www.pensarcontemporaneo.com/vivemos-na-sociedade-do-cansaco-de-acordo-
com-o-filosofo-byung-chul-han/
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html

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