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Assuntos abordados:

1. Retomada da pesquisa de Mobilidade Urbana a partir de estudos de caso.


2. Definição de velocidade média, velocidade instantânea e caracterização do
movimento uniforme.
3. Comparação das velocidades médias de carro, ônibus e bicicletas em centros
urbanos.
4. Comportamento real de um gráfico S x t.
5. Caracterização da aceleração em função da variação da velocidade e o risco de
acidentes em função da velocidade no momento da frenagem.
6. Definição de aceleração média, conversão de unidades de velocidade: m/s e
km/h e caracterização do movimento uniformemente variado.

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Intuitivamente a velocidade de um objeto qualquer tem relação direta com o seu
movimento. Ou seja, se o objeto se move, ele tem velocidade.

Mas antes de mostrar a definição de velocidade, quero analisar uma condição


bastante comum entre aquelas pessoas que cotidianamente atravessam a Baía de
Guanabara de Niterói para o Rio ou do Rio para Niterói. No deslocamento entre essas
duas cidades, o meio de transporte preferido por muitos é a barca.

Niterói é um município da região metropolitana do Rio de Janeiro considerada uma


das cidades mais importantes do estado. Possui aproximadamente 500 mil habitantes
e um IDH que figura entre os maiores dos municípios brasileiros. Niterói já foi,
inclusive, capital do estado do Rio.

Fiz uma pesquisa rápida na internet e levantei alguns dados como a distância entre
as estações Araribóia, em Niterói, e Praça XV, no Rio. Sendo este, portanto, o
deslocamento sofrido pela barca no trajeto. E esse tipo de embarcação específica
leva em torno de 20 minutos para realizar a travessia de um ponto ao outro.

A velocidade média é a razão entre o deslocamento, ΔS, sofrido pela barca, e o

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intervalo de tempo Δt, gasto no deslocamento. Sendo assim, se dividirmos ΔS por
delta Δt, encontraremos uma velocidade média de 15 km/h.

As unidades mais comuns utilizadas para a velocidade são o metro por segundo
(m/s), que pertence ao Sistema Internacional de Unidades (SI) e o quilômetro por
hora (km/h). No caso da barca, para calcular a velocidade em km/h, tivemos que
converter o tempo em minutos para hora. Vale lembrar que 20 minutos equivalem a
1/3 de hora.

A velocidade é uma medida da rapidez com a qual um objeto se desloca. Portanto,


se algo não se mexe (ΔS = 0), a sua velocidade é nula. Por outro lado, a velocidade
média não tem necessariamente um compromisso com a velocidade que a barca (ou
um móvel qualquer) atinge ou desenvolve durante o movimento. Tão pouco é a
média das velocidades. Ela é a velocidade com a qual o móvel deveria se mover o
tempo todo para sofrer determinado deslocamento naquele intervalo de tempo.

Essa velocidade, a velocidade que o objeto desenvolve ao longo do deslocamento,


que é monitorada ao longo do movimento por instrumento, o velocímetro, no caso, é
chamada de velocidade instantânea. É a velocidade a cada instante de tempo do
movimento. Quando a velocidade instantânea v é igual a velocidade média vm,
dizemos que o movimento é uniforme. Veremos isso com mais detalhes em breve.

Para quem tiver interesse, a velocidade instantânea é definida como o limite de


delta ΔS sobre Δt, quando Δt tende a zero. Em outras palavras, quando o delta t é
muito, mas muito pequeno. Infinitesimal!

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Antes de avançar gostaria de fazer um outro exemplo a partir de uma simulação no
google maps. Esse é um recurso bastante utilizado atualmente para verificar o
trânsito e identificar trajetos mais rápidos entre dois pontos quaisquer.

Eu tracei uma rota da Escola Sesc até Nova Iguaçu, um município da Baixada
Fluminense. Nova Iguaçu possui quase 820 mil habitantes, sendo uma das cidades
mais populosas do Brasil. E muitos moradores de lá trabalham no município do Rio.

Na simulação realizada, o maps sugere que o trabalhador da região de Jacarepaguá,


de carro, siga por um determinado caminho, percorrendo uma distância de
aproximadamente 55 quilômetros. E faz uma estimativa de duração da viagem em
torno de uma hora e trinta minutos.

Novamente, dividindo o deslocamento, ΔS, pelo o intervalo de tempo Δt, temos a


velocidade média, que nesse caso é em torno de 37 km/h. Observe que uma hora e
30 minutos é um hora e meia. E portanto, podemos escrever 1,5 horas ou em forma
de fração, 3 sobre 2. Fique atento a esse tipo de conversão, ok? Uma hora e trinta
minutos NÃO equivale a 1,3 horas, por exemplo.

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A velocidade média de aproximadamente 37 km/h parece baixa, se levarmos em
conta a velocidade máxima que um carro pode atingir ou mesmo a velocidade limite
de vias expressas. Mas em longas distâncias, com tráfego intenso, é o que acaba
acontecendo. A título de comparação, a viagem em um ônibus convencional seria
realizada em aproximadamente duas horas.

A outra comparação que proponho é em relação a velocidade média no


deslocamento realizado com bicicletas e ônibus. Na reportagem diz que a velocidade
média de bicicletas em 2011 foi de 20 km/h, enquanto que a de ônibus foi de 15
km/h em dez corredores de São Paulo.

É uma reportagem antiga, mas dados atualizados já de 2020 indicam que a


velocidade média dos ônibus em São Paulo continua em torno dos 15 km/h.
Enquanto que de 2011 para 2020, investimentos e políticas de incentivo ao uso de
bicicleta foram implementado naquela cidade.

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O gráfico de posição versus tempo, S por t, que é um dos gráficos que costumamos
analisar em cinemática, ilustra bem o que acontece. Este é um gráfico fictício que
mostra, de forma qualitativa, a irregularidade do movimento do carro no trânsito,
considerando a posição 0 km na Escola SESC como ponto de partida.

Em alguns trechos o carro pode aumentar a velocidade e se deslocar mais


rapidamente, em outros precisa ir mais devagar. Às vezes se move muito lentamente
ou para de se mover (nos engarrafamentos ou no pedágio da Linha Amarela, por
exemplo).

O fato é que um tempo grande demais gasto no deslocamento de casa para o


trabalho tem muitas consequências: redução da qualidade de vida, stress, aumento
do consumo de combustíveis fósseis, de emissão de gases poluentes e de efeito
estufa e prejuízo econômico.

Sem falar que para muitas das pessoas acaba sendo um tempo improdutivo,
quando se poderia estar descansando, estudando, fazendo atividade física, se
dedicando aos projetos pessoais, curtindo com amigos, família etc.

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Bem, uma outra questão de interesse que nós temos ao longo do deslocamento em
uma via expressa por exemplo é a variação de velocidade do veículo. Quando o carro
aumenta a sua velocidade dizemos que ele acelera. E quando diminui, obviamente,
desacelera. Mas uma coisa é certa, ao longo de uma viagem acelera-se e freia-se
muitas vezes por diferentes razões. Desde a necessidade de se entrar em movimento,
quando a velocidade deixa de ser zero, até a necessidade de redução de velocidade
em função do trânsito.

São muitos os fatores envolvidos na análise da frenagem de um veículo como a


massa do carro, a tecnologia dos freios, o tipo de terreno/asfalto, se ele está seco ou
molhado, aderência dos pneus, a velocidade inicial do veículo etc. Vamos no ater
mais nesse último, na velocidade inicial.

Quando maior for a velocidade do carro no momento em que o motorista pisa nos
freios, mais tempo o carro leva para parar e, consequentemente, maior será a
distância percorrida. Ou seja, quando maior a velocidade, maior a probabilidade de
ocorrer um acidente.

Sem falar que quando o motorista identifica a necessidade de pisar no freio,

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demora um pouco até a ação se concretizar. O tempo gasto nessa etapa de
identificação/comando/ação é chamado de tempo de reação. E durante esse tempo o
carro continua se movendo. Chamamos esse deslocamento de deslocamento de
reação. O tempo de reação é curto, varia de 0,2 a 0,7 segundos. Mas dependendo da
velocidade do carro, o deslocamento de reação não pode ser desprezado.

O tempo em que o carro efetivamente está freando é chamado de tempo de


frenagem. E o deslocamento durante esse tempo, de deslocamento de frenagem.

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Considere uma situação hipotética em que um carro, inicialmente a uma velocidade
de 90 km/h, precisa reduzir a sua velocidade até parar. Nesse exemplo, o tempo de
frenagem do veículo é de 5 s.

A aceleração é a medida da rapidez com a qual um móvel sofre variação na sua


velocidade. A aceleração média é definida como a razão entre a variação de
velocidade Δv e o intervalo de tempo Δt. Logo, a aceleração média do carro é igual a
- 5 m/s2.

Aqui eu tenho duas observações. A observação 1 é que a velocidade foi convertida


de quilômetros por hora para metros por segundo. Para converter de km/h para m/s
é só dividir por 3,6. E de m/s para km/h, multiplica por 3,6. Dividindo 90 por 3,6
temos 25. Ou seja, 90 km/h equivalem a 25 m/s.

A outra observação é que o Δv fica negativo, visto que a velocidade está diminuindo
enquanto o veículo segue em frente. Além disso, como a velocidade, em m/s, foi
dividida por um tempo em s, a unidade de aceleração é m/s2. Agora fica mais fácil de
entender o resultado, certo?

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Só para encerrar, de forma equivalente a que vimos com a velocidade, quando a
aceleração instantânea a e a aceleração média am são iguais, o movimento é
caracterizado como uniformemente variado. Também veremos mais adiante.

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Bem, galera, por hoje fico por aqui! Espero que você tenha entendido direitinho
essas definições. Elas são importantes para o nosso curso. E que a contextualização
contribua nas reflexões acerca desse sério problema de mobilidade urbana e também
na sua formação mais cidadão.

Um grande abraço e até a próxima!

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