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O VALETE DE COPAS

O Caminho Da Mágica Com Cartas De Jogar


por Markan

3a Edição (Revista)

Editado e Publicado por Elaine Camasmie Geraldo

Ilustrações de Sandro e Markan

Capa de Edilson Key Kato

Revisão de Tato Fischer

Todos os direitos reservados

Permitida a reprodução desde que citada a fonte


Ficha Catalográfica
(Markan, SP, Brasil)
Markan
O valete de copas : o caminho da mágica com cartas de jogar / por Markan ;
ilustrações de Sandro e Markan. - São Paulo : 3a ed. – Elaine Camasmie Geraldo, 2015.

1. Baralho - Truques 2. Mágica 3. Mágicos I. Título.

Índices para catálogo sistemático:


1. Baralho : Mágicas : Recreação 793.8
2. Mágicas com cartas de baralho : Recreação 793.8

Ithamar de Oliveira Camasmie (Markan)


1950 - 2000
Sumário
Introdução
O Meio
Dupla Coincidência
Os Quatro Ases
O Jogo das Vinte e Uma Cartas
Os Elevadores
A Carta que não Estava lá
Dupla Impossibilidade
Fototelepatia
Pare!
A Vermelhinha
Tripla Predição
Ilógico
Super-Memória
Um Dia Em Las Vegas
O Fim
Recomendações
O Início
Passes Necessários
Embaralhamentos
Cortes
Floreios
Outros Passes
Introdução
Meu objetivo, quando comecei a escrever este livro, resumia-se apenas a divulgar, junto ao
meio mágico, alguns bons efeitos que conheço, e estimular os próprios mágicos a usarem mais o
baralho. Após escrever alguns efeitos, percebi que meu trabalho também poderia ser útil para os
leigos, que, como ocorrera comigo em criança, muitas vezes estão à procura da mágica, faltando
apenas al​guém que lhes indi​que o ca​minho.
Espero também que este livro venha a preencher uma lacuna na literatura brasileira, que pouco
oferece sobre mágica e menos ainda so​bre mágica com cartas de jogar.
Todos os efeitos aqui incluídos utilizam cartas de baralho comum, sendo que a maioria deles
utiliza um baralho completo de 52 cartas, sem qualquer Curinga. Já há algum tempo, acostumei-me a
retirar os Curingas do baralho antes de uma apresentação, por entender que eles podem atrapalhar ou
confundir o espectador se acaso tomarem parte em algum efeito. Após a minha apresentação, coloco
um Curinga na frente do baralho e outro atrás, protegendo as demais cartas, e guardo o baralho em
sua respectiva caixa. Entretanto, esta é uma questão estritamente pessoal. Você pode usá-los, se
achar melhor.
Para um melhor aprendizado e desempenho é recomendável o uso de cartas de boa qualidade,
de cartão, com o desenho das costas simétrico e com as margens brancas. As cartas plásticas ou
plasti​fica​das não são adequadas.
Procurei evitar os efeitos que iniciam com "Por favor, escolha uma carta!" Apesar de nada ter
contra esses efeitos, eu acho melhor não usar os chamados "chavões" que levam parte da plateia a
exclamar: "Esse truque eu já conheço...", quando, na verdade, não fazem a mínima ideia do efeito que
o mágico irá executar.
Reservei uma parte do livro para explicar as técnicas dos passes e movimentos básicos, sendo
essencial o seu estudo e prática pelo iniciante na mágica com cartas. Os iniciados poderão
desprezar as técnicas explicadas, uma vez que já as conhecem, entre outras tantas, além de poderem
uti​lizar seus passes preferi​dos em lu​gar da​que​les por mim sugeri​dos.
Sempre que consegui recordar quem me ensinou determinado efeito, seja pessoalmente ou pela
leitura de livros ou revistas, fiz questão de mencionar o fato. Peço desculpas se a memória falhou-me
em algum caso.
Procurei quase sempre descrever efeitos que executo ou conheço há bastante tempo, sendo,
portanto, já testados com o público. Uns são simples e fáceis, outros complexos e difíceis. Todos,
porém, contêm um clima mágico. Recomendo, principalmente aos iniciantes, a leitura atenciosa e a
prá​tica dedicada, para poderem apresentar os efei​tos com a na​tu​rali​dade necessária.
Atenção! Não despreze a parte dedicada à apresentação do efeito, que muitas vezes é mais
im​portante do que o próprio segredo ou a técnica envolvida. As con​siderações ao final de cada efeito
também são importantes, pois ali procurei colocar variações e detalhes que não foram explicados na
parte principal do texto.
Aos iniciantes, algumas recomendações:
· NUNCA explique o segredo de um efeito.
· NUNCA diga antes o que irá fazer ao final.
· NUNCA repita um efeito.
· NUNCA apresente um efeito sem praticá-lo.
Dedico este livro aos amigos mágicos que me incentivaram e aju​daram a es​crevê-lo:
Luis Henrique, Roberto Jardón, Sandro, Tato Fischer... Obri​gado!
Markan

♥♠♣♦
Só depois de aprender uma mágica e apresentá-la a seus amigos você percebe o quanto é
fascinante criar um clima mágico. Markan, com esta obra-prima, sabe como intrigar apenas com um
baralho.
Use e abuse deste livro. Com ele qualquer baralho pode se tornar pura diversão. E nestas
páginas existe uma grande concentração dessa di​versão-mágica.
{.................}
Cuidado! Quem começa a conhecer a Mágica corre o risco de nunca mais parar.
Luis Henrique

♥♠♣♦
É muito fácil para mim escrever um prefácio para o livro de um amigo que tenho há mais de 17
anos. E é mais fácil ainda quando se tem que falar sobre um livro “único“ na literatura mágica
brasi​leira. Neste livro que você tem nas mãos encontrará um resumo do que é a Cartoma​gia.
Tem números para leigos e para experts: Os Quatro Ases, adivinhar uma carta escolhida,
contar uma história com o ba​ralho, são al​guns dos temas.
Se você está começando na mágica, tem Arredagem; se já começou, tem Double Turnover; se
está adiantado, tem números com estimativa e, se você quer ser um expert, encontrará também uma
ex​pli​cação do embaralhamento Faro.
Espero, leitor, que com este livro seja contagiado pelo vírus da Cartomagia, e se una ao clube
dos dependentes de Ouros, Copas, Es​pa​das, Paus circulando pelas veias.
Roberto Jardón

♥♠♣♦
Jogos com cartas constituem uma das mais importantes ramificações da mágica, que é a
Prestidigitação. As cartas servem para fazer as mais variadas combinações de jogos, incluindo a
manipulação de cartas no palco, salão e jogos de mesa. A familiaridade das pessoas com as cartas
prende a atenção do público, o que facilita o desempe​nho do mágico.
Markan, um mágico brasileiro estudioso em Cartomagia, está brindando a classe mágica
brasileira com o seu livro, onde apresenta efeitos e rotinas executados pelos melhores mágicos do
mundo: Harry Lorayne, Juan Tamariz, Frank Garcia e outros.
Um livro muito bem redigido, com mais de 60 ilustrações, onde Markan teve o cuidado de
simplificar, acrescentar, criar efei​tos e en​sinar técnicas, facilitando o leitor para seguir passo a passo
todos os jogos e técnicas.
Parabéns a Markan por essa iniciativa e que mais livros sejam es​critos em nossa língua.
Sandro, O Aristocrata da Magia

♥♠♣♦
Quando Markan disse que seu livro estava pronto, fiquei extremamente feliz. Carecemos ao
extremo desse Caminho da Mágica com Cartas de Jogar. Para ser traçado por neófitos da mágica,
estudantes, mágicos profissionais, mágicos amadores, curiosos e demais interessados na Arte
Mágica.
O Maravilhoso Mundo das Mágicas! Visito-o desde os dez anos de idade. Partner do Dr.
Abramus, meu pai, dele recebia instruções e, um a um, os mágicos segredos de tantas cabeças felizes
e corações palpitantes. Em Penápolis, interior do Estado de São Paulo, mágicos itinerantes chegavam
a casa pelas hábeis mãos e a gostosa conversa do Dr. Abramus. Cada um deles com seu ensinamento:
Dimitrius, Rocambole, Vítor, eram tantos... E as visitas a outros: lembro-me bem do Professor Kill,
em Piracicaba. Havia também para consulta os legendários livros do Dr. Peixoto e outros como Fu-
Xu, que ainda mantenho. Hoje em dia, como é que faz quem não tem contato com mágicos?!
Não há como agradecer o fato de algumas pessoas se esforçarem pra que continuemos a
respirar através de sua Arte. O presente livro é de fato um Presente! Precisamos dele pra que nossa
emoção sobreviva. Por isso só restou-me incentivar meu amigo pra que esse trabalho viesse à tona.
Além de servir de guia, poderá fortalecer o engrandecimento da Arte Mágica, veículo para tanta
gente que dele ne​cessita pra botar pra fora o velho sonho de Madame Mim e Merlin.
Tato Fischer
{................}

♥♠♣♦
I
O Meio
Dupla Coincidência
Não me lembro onde aprendi este efeito, mas eu o tenho usado por diversas vezes com muito
su​cesso.

Efeito e Apresentação
Peça o auxílio de um espectador e dê-lhe o ba​ra​lho para mis​tu​rar e cortar à vontade.
Quando ele estiver satisfeito, tome o baralho e estenda-o em faixa sobre a mesa, de face para
baixo, dizendo algo sobre ele estar muito bem embaralhado. Pegue o baralho nas mãos e abra-o em
leque, dizendo que irá retirar duas cartas que servirão como uma predição, algo que irá ainda
ocorrer, e que por essa razão você não quer que ninguém saiba quais são elas.
Observe e memorize a primeira e a última cartas do leque, ou melhor, as cartas de cima e de
baixo do baralho. Procure então as duas cartas de mesmo índice e cor daquelas que você
memorizou. Por exemplo, digamos que você tenha memorizado o Dois de Espadas como a carta de
cima do baralho e o Cinco de Copas como a carta de baixo. Procure o outro Dois preto, o de Paus, e
o outro Cinco vermelho, o de Ouros, e retire-os do baralho, colocando-os sobre a mesa, de face para
baixo (Figura 1).
Arrume o baralho e devolva-o ao espectador, pedindo-lhe para começar a dar cartas de cima
do baralho so​bre a mesa, uma sobre a ou​tra. Logo que ele ini​ciar, diga-lhe para parar quando qui​ser.
No momento em que ele parar, pegue o 5♦ e coloque-o, de face para cima, sobre o monte que
se encontra sobre a mesa. Peça ao espectador que coloque o restante do baralho, de face para baixo,
sobre o 5♦, ou seja, que deixe o monte de cartas que tem em mãos em cima da carta que você colocou
sobre as outras, e que enquadre todas as cartas.

Figura 1
Diga-lhe para tomar todo o baralho novamente em mãos e repetir a mesma operação, parando
quando quiser. Desta vez, quando ele parar, coloque o 2♣, de face para cima, sobre o monte da mesa
e peça-lhe para novamente colocar todo o resto do ba​ralho so​bre o 2♣.
Enquadre as cartas, pegue o baralho de face para baixo e abra-o em uma longa faixa sobre a
mesa. Localize as duas cartas que se encontram de face para cima e retire-as da faixa, juntamente
com cada uma das cartas que es​tão face a face com elas (Figura 2).
Separe estas quatro cartas, duas a duas, ao lado, na mesa, e, enquanto recolhe o baralho, diga:
“Por uma estranha coincidência, você parou de dar cartas justamente no ponto onde estavam as
cartas gêmeas daquelas que eu havia separado no início.” Vire o 2♠, deixando-o ao lado do 2♣, e
vire o 5♥, deixando-o ao lado do 5♦. Pre​pare-se para re​ceber os aplausos.

Figura 2

Considerações
Este é um daqueles efeitos simples e intrigantes. Não deixe de experimentá-lo. Você vai
adorar, e também sua plateia.

Comentários Publicados em “O Valete de Espadas”


Em vez de memorizar a primeira e a última cartas do baralho, experimente memorizar a
primeira e a quinta cartas e retirar do baralho seus respectivos pares de cor. Assim, quando você for
explicar ao espectador o que fazer com o baralho, demonstre-lhe, dando quatro cartas sobre a mesa e
jogando o resto do baralho sobre elas. Agora, a quinta carta será a primeira, a de cima, e a primeira
será a última, a de baixo. Continue normalmente o efeito.
Lembre-se de que, para isto funcionar, tudo deve ser feito com muita naturalidade. Qualquer
gesto forçado ou duvidoso denunciará uma provável arrumação das cartas e arruinará o efeito
mágico.

Anotações Publicadas em “O Valete de Ouros”


Mais duas ideias para este ótimo efeito:
Deixe dois Ases quaisquer já arrumados previamente no baralho, um em cima e outro
embaixo. Durante a apresentação, separe os outros dois Ases, mostrando-os à plateia. Execute o
efeito normal​mente, terminando por provar que os quatro Ases se encontraram ma​gicamente.
Experimente também inverter os papéis, deixando as duas cartas separadas com o espectador,
enquanto você mesmo dá cartas do baralho sobre a mesa. Ele deverá colocar uma carta sobre o
monte da mesa, quando desejar que você pare de dar cartas. Faça isso duas vezes e termine,
mostrando a Dupla Coincidência.
Algumas vezes, principalmente com crianças, tem acontecido algo curioso. Ao demorar a
parar de dar cartas na primeira vez, poderá ocorrer que, na segunda vez, ela passe pelo primeiro par
de cartas, invertendo assim sua ordem. Não se desespere! Lembre-se apenas de agir de acordo,
retirando as cartas corretas ao final.

♥♠♣♦
Os Quatro Ases
Acho que nenhum mágico que goste de cartas deixa de incluir em seu repertório ao menos um
efeito com os quatro Ases. Eu não sou exceção. O efeito se resume à aparição dos Ases de um
baralho qual​quer de ma​neira inexplicá​vel.
O primeiro método ensinado é simples e fácil; já o segundo exige um pouco mais do mágico,
porém não chega a ser muito difí​cil.
O mais fácil eu executo desde criança (e isso já faz algum tempo) e tenho com ele obtido bons
resultados. Sua grande vantagem porém é justamente ser um efeito bastante simples e, por isso
mesmo, po​der ser ensi​nado a qualquer aspirante a mágico.
Uma coisa interessante que acontece na Arte Mágica é as pes​soas que​rerem saber como e o que
devem fazer para se tornarem um mágico. Assim, quando encontro alguém realmente interessado,
costumo ensinar-lhe alguns efeitos simples, para estimular sua curiosidade inicial. Este é justamente
um dos efeitos que uso nesse caso (apenas o primeiro método, lógico!) Caso a pessoa se entusiasme
e retorne com interesse, executando razoavelmente o número, ensino-lhe outros efeitos e indico lojas,
livros e cursos onde po​derá en​contrar o que pro​cura para tor​nar-se um entusi​asta da arte.

Efeito e Apresentação
Bem, vamos ao primeiro método.

Primeiro Método
Inicie com os quatro Ases em cima do baralho. O que costumo fazer é procurá-los durante os
comentários do número anterior, deixá-los sobre o baralho, executar qualquer outro número que não
os utilize nem os desar​rume, para só depois ini​ciar o efeito em ques​tão.
Isso serve para qualquer efeito que necessite um arranjo de cartas. Nunca se deve arrumar o
baralho e logo iniciar o efeito para o qual o arranjo foi preparado, pois sempre ficará a impressão de
que alguma coisa ocorreu e o efeito mágico ficará perdido. Deixando-se passar algum tempo, cria-se
a ilusão de que a ordem das cartas não é importante para o efeito. Por essa razão, algumas pessoas
são capazes de jurar que viram o baralho ser embaralhado e cortado antes da execução de
determinado efeito.
Se você souber, embaralhe e corte em falso, mantendo os Ases em cima do baralho. Se não
souber, estude o capítulo dedicado aos passes, ou simplesmente não embaralhe e nem corte. Peça
então a um espectador para cortar o baralho em quatro montes aproximadamente iguais. Quando o
espectador não tiver habilidade com o baralho, ficará mais fácil pedir-lhe para cortar o baralho ao
meio e só então pedir-lhe para cortar cada uma das metades ao meio. Acompanhe os cortes, para
saber onde estão os Ases.
Peça-lhe para apanhar um dos montes que não contenha os Ases (sem mencionar isso, lógico,
apenas aponte um dos outros três montes e ele o seguirá). Peça-lhe para contar três cartas de cima
daquele monte e passá-las para baixo do mesmo monte, em seguida tirar outras três cartas de cima e
co​locá-las, uma a uma, sobre os montes da mesa, uma sobre cada um deles.
O mesmo procedimento deverá ser repetido com os outros três montes, sendo que o que
contém os Ases deverá ser o último. Apenas aponte cada um deles, para que o espectador saiba com
qual deverá trabalhar, e deixe o dos Ases por último.
Pronto!
Simplesmente vire de face para cima a carta que se encontra sobre cada um dos montes e
aparecerão os quatro Ases. Este método é totalmente automático. Tente seguir as instruções e
entender seu funci​o​namento.
Preparado para o segundo método?

Segundo Método
A este assisti pela primeira vez executado pelo mágico Luis Henrique, quando ele estava se
iniciando na Arte Mágica, durante uma das reuniões na casa do Roberto. Depois eu o vi executado
pelo mágico Rokan, em uma de suas palestras na Associação dos Mágicos de São Paulo (AMSP). A
ver​são ori​ginal pa​rece ser do mágico ameri​cano Frank Garcia.
Inicie do mesmo modo que no primeiro método, com os quatro Ases em cima do baralho.
Embaralhe e corte em falso à vontade (sem exagerar) e peça a um espectador para cortar o baralho
em quatro mon​tes mais ou menos iguais.
Antes de deixá-lo executar seu pedido, demonstre-lhe o que você quer, aproveitando também
para deixar claro que a ordem do baralho não é importante (?)... Corte você mesmo o baralho em
quatro montes iguais. Lembre-se: o seu procedimento deverá deixar claro que a ordem das cartas não
importa, mas você não deve dizer nada a res​peito.
Para facilitar a explicação, digamos que o monte inferior seja o primeiro e o superior, o
quarto. Depois de mostrar ao espectador como cortar os quatro montes, recolha-os assim: pegue o
quarto monte e coloque-o sobre o segundo, pegue o terceiro e coloque-o sobre o primeiro, pegue o
monte anterior (quarto e segundo) e coloque-o sobre o último (terceiro e primeiro). Os Ases
continuarão em cima, e o espectador terá visto o baralho ser recolhido aparentemente de um modo
aleatório. Peça então a ele para cor​tar do mesmo modo.
Somente faça esta demonstração se puder efetuar o recolhimento dos quatro montes de maneira
rápida e natural. Caso precise parar para pensar, procure treinar mais, ou talvez seja melhor pular
essa parte, pois as suspeitas que serão levantadas serão mais daninhas do que o uso do baralho sem
qualquer mistura. Lembre-se de que se o espectador apenas desconfiar que algum passe ou arranjo de
cartas tenha sido feito, será tão ruim quanto ele realmente perceber qual o segredo do efeito. Esta
demonstração também poderá ser utili​zada para o pri​meiro método.
Após o espectador haver cortado o baralho como você pediu, pegue o monte que contém os
quatro Ases, o monte superior, como se estivesse pegando um monte qualquer. Segure-o com a mão
esquerda na posição de dar cartas. Afaste para o lado direito a carta de cima, um Ás, com o polegar
e o indicador da mão direita. Com o apoio do polegar esquerdo, segure aquela carta pelo seu canto
in​fe​rior esquerdo, de modo que me​tade de sua ex​tensão fique para fora do ba​ra​lho (Figura 3).
Figura 3
Pegue a carta de cima de um dos montes que se en​con​tram so​bre a mesa e co​loque-a sobre o Ás
que se encontra em destaque em sua mão direita, segurando-a, também com o polegar esquerdo, um
pouco mais inclinada para a direita do que o Ás. Pegue a carta de cima de cada um dos outros dois
montes da mesma maneira, formando um leque de quatro cartas na mão esquerda, todas de face para
baixo. Diga alguma coisa como: “Por uma estranha coincidência, você (o espectador) cortou o
ba​ralho, deixando es​tas quatro cartas em cima dos mon​tes...” (Figura 4).

Figura 4
Pegue o leque de quatro cartas com a mão direita e conte as cartas, uma a uma, sobre o monte
que está na mão esquerda, invertendo sua ordem. Quando contar a primeira carta, faça uma
Separação (break) com o dedo mínimo esquerdo entre ela e o restante do baralho. Ao final da
contagem, você deverá estar com o primeiro Ás em cima de três cartas quaisquer e todas estas quatro
cartas se​para​das do restante do ba​ra​lho pelo dedo mí​nimo esquerdo (Figura 5).
Pegue a primeira carta, um Ás, com a mão direita e vire-a, de face para cima, sobre as outras
três cartas, mantendo a Separação com o dedo mínimo e dizendo: “Uma delas é um Ás!” Com os
dedos polegar e médio da mão direita, com a palma voltada para baixo, pegue as quatro cartas (um
Ás de face para cima e três cartas quaisquer de face para baixo) como se fossem uma só carta; o que
é facilitado pela Separação feita com o dedo mínimo; e coloque-as sobre um dos montes da mesa
(Figura 6).

Figura 5

Figura 6
Quando as cartas tocarem o monte da mesa, pressione-as com a mão direita e estenda o monte
sobre a mesa, puxando a mão direita em sua direção, deixando as cartas formarem uma faixa na
vertical ou na horizontal, conforme sua preferência e o espaço dis​ponível (Figura 7).
Esse gesto é o ponto crucial do efeito e deve ser executado da maneira mais natural e
displicente possível. Você deverá parecer estar apenas exibindo as cartas de um modo visualmente
agradável.
Figura 7
Pegue, com a mão direita, outra carta do monte da mão esquerda (o segundo Ás) e vire-a, de
face para cima, ainda sobre este monte. Com os dedos polegar e médio da mão direita, com a palma
voltada para baixo, pegue o segundo Ás e faça a faixa com um dos outros dois montes da mesa. Os
movimentos deverão ser os mesmos utilizados para o primeiro Ás, porém apenas uma carta será
levada à mesa.
Repita a operação com a carta seguinte, que é o terceiro Ás. Com o quarto e último Ás, faça
também o mesmo, porém levando para a mesa todo o monte da mão esquerda com a mão direita, a
fim de fa​zer a quarta e última faixa.

Considerações
O efeito pode naturalmente ser executado com outras cartas. Pode-se, por exemplo, fazer a
aparição das quatro primeiras cartas (Ás, 2, 3 e 4) de um naipe, para em seguida iniciar o efeito “Os
Eleva​dores” (Página 29).
Nunca é demais repetir: em ambos os métodos, você deverá arrumar os quatro Ases sobre o
baralho com bastante antecedência. Se possível, faça como eu faço: após a arrumação, apresente
outro efeito simples, que não desarrume demais o baralho, e só depois execute este. Ou, então, deixe
o baralho arrumado sobre a mesa, converse um pouco com a plateia, e só depois, como que
lembrando-se de um outro efeito, pegue o baralho e inicie a apresentação.

Notas Publicadas em “O Valete De Paus”


Experimente a seguinte ideia de Mr. Lucky para o primeiro método deste efeito. Depois de
fazer com que o espectador movimente as diversas cartas, seguindo as instruções do mágico, peça-
lhe para pegar a carta de cima de cada um dos montes e decorar seus nomes. Veja a surpresa
es​tampada em seu rosto, quando ele perceber que será muito fácil de​corar os quatro Ases.
Mostre-se também espantado e pergunte-lhe se acaso não estaria ele fazendo algum curso de
mágica nas horas vagas.

♥♠♣♦
O Jogo das Vinte e Uma Cartas
Assim como o jogo “Os Quatro Ases”, este também será descrito em duas versões. A primeira
é bastante conhecida por leigos e a segunda me foi ensinada por meu amigo mágico Roberto. Antes
de terminar a segunda edição do presente livro, encontrei a explicação de um efeito muito parecido
com o segundo método no livro “The Cardi​cian”, do mágico americano Edward Marlo.
A ideia aqui, realmente, é executar o segundo método para leigos ou mágicos que já conheçam
o primeiro, o que engloba a maioria. Mas, para quem não conhece aquele mais simples, segue
tam​bém sua explica​ção.

Efeito e Apresentação
Em ambos os métodos, são utilizadas apenas vinte e uma cartas, que podem ser retiradas
aleatoria​mente do baralho, pelo mágico ou pelo próprio es​pecta​dor.

Primeiro Método
Este, na verdade, é um jogo bastante simples, porém chega a iludir as pessoas não
acostumadas com o baralho. Devido a sua simplicidade, serve para ser ensinado a aspirantes de
mágico e cri​anças.
Com o maço na mão, dê cartas sobre a mesa, de face para cima, formando três colunas de sete
car​tas cada uma (Figura 9).
Peça ao espectador para memorizar qualquer uma das cartas e, em seguida, dizer-lhe em qual
das três colunas ela se encontra. Ajunte as cartas em um só monte, sem desarranjar a ordem delas,
colo​cando a co​luna que contém a carta elegida entre as ou​tras duas.
Forme novamente as três colunas de sete cartas, colocando uma carta em cada coluna,
alternadamente. Pergunte em qual das três colunas encontra-se agora a carta escolhida. Depois ajunte
as três co​lunas como da vez anterior.
Repita a operação novamente. Forme as três colunas, pergunte qual a coluna e ajunte as cartas
com a coluna indi​cada no meio.
Tendo executado a operação três vezes, matemática e automaticamente a carta escolhida será a
décima primeira de todo o monte de cartas. Separe a carta escolhida de face para baixo, pergunte seu
nome e vire-a, terminando assim o efeito.

Segundo Método
Este método é completamente diferente do primeiro e tem bastante conteúdo mágico, deixando
real​mente as​sombradas as pes​soas que co​nhe​cem apenas o mais simples.
Distribua as cartas em três montes de face para baixo. Peça ao espectador para pegar um dos
montes em sua mão e, olhando suas car​tas, deci​dir-se por uma e me​mo​rizá-la.
Enquanto isso, recolha um dos montes que sobraram e deixe-o em sua mão esquerda, de face
para baixo, na posição de dar car​tas.
Pegue o monte que o espectador devolver e segure-o com o polegar e o dedo médio da mão
direita, pelos lados menores, ficando a mão de palma para baixo. A mão direita aproxima-se da
esquerda, depositando este monte sobre o que lá já se encontrava. Antes de abandonar o monte,
levante um pouco a carta de cima com o polegar direito. Coloque a ponta do dedo mínimo esquerdo
sob esta carta, mantendo uma pequena Separação (break) entre a primeira e a segunda cartas do
monte esco​lhido (Figura 8).
Recolha o terceiro monte e coloque-o sobre os demais, na mão esquerda, mantendo ainda
aquela Separação. Diga agora que você irá cortar o baralho e faça-o exatamente na Separação,
completando o corte em seguida.

Figura 8
A situação agora é a seguinte: você tem na mão esquerda um maço com vinte e uma cartas de
face para baixo, sendo as seis primeiras do monte que o espectador indicou. A sétima carta daquele
monte está em​baixo do maço.
Inicie agora a construção das três colunas de sete cartas cada uma e chame a atenção para o
fato de que, pela primeira e única vez, você está fazendo isso. Isso deixará as pessoas que conhecem
o pri​meiro método muito mais interessa​das em saber o desfecho do efeito.
Depois de haver colocado algumas cartas sobre a mesa, aproximadamente dez, pergunte,
displicen​temente e continuando a dar car​tas: “A carta que você es​co​lheu já passou?”
Caso a resposta seja negativa, você já sabe qual foi a carta escolhida: exatamente a que ficou
embaixo e que será a última que você co​locará sobre a mesa.
Nesse caso, não se apresse. Termine tranquilamente de formar as colunas, ficando com a
última carta em sua mão. Pergunte o nome da carta escolhida e encerre, virando a carta que você
se​parou.
Caso a resposta seja afirmativa, continue tranquilo e termine de formar as três colunas.
Pergunte então, pela primeira e única vez, em qual delas se encontra a carta escolhida. Como não foi
a última carta, então foi uma das seis primeiras colocadas sobre a mesa. Com a indicação da coluna,
você sa​berá que apenas uma das duas primeiras car​tas da​quela co​luna poderá ser a escolhida.
Memorize ambas as cartas e recolha o baralho, procurando deixar aquelas duas em cima do
baralho, mas sem chamar a atenção para o fato. Nesse momento, você pode aproveitar para
relembrar os últimos acontecimentos, principalmente no que diz respeito às diferenças entre o
método tradicional e o que você está apresen​tando.
Agora, você deverá fazer o que em mágica é chamado de “Pescaria”. Você deverá obter pistas
que lhe indi​quem qual das duas cartas foi a esco​lhida.
As possibilidades são ilimitadas. A seguir darei alguns exemplos, porém o importante é que
você aprenda a técnica e consiga resolver qualquer combinação possível de duas cartas. Você
deverá fazer afirmativas ao espectador com o objetivo de obter as pistas necessárias para identificar
a escolha. Inicie com as afir​mativas possíveis, mesmo não sa​bendo qual das duas foi a esco​lhida.
Se ambas as cartas forem vermelhas, diga-lhe: “A sua carta é vermelha!” Se ambas forem
figuras, diga-lhe: “A sua carta é uma figura!” Se ambas forem pares, diga-lhe: “A sua carta é par!”
Enfim, qualquer atributo comum às duas poderá ser usado: preta, vermelha, letra, número, figura,
valor alto, valor baixo, Paus, Copas, Espadas, Ouros. Continue até esgotar as possibilidades. Muitas
vezes você fará tan​tas afirmativas, que se tornará até desnecessário dizer o nome da carta escolhida.
Terminando as possibilidades dos atributos coincidentes, faça algumas afirmativas que possam
lhe dar novas pistas. Com a primeira afirmativa você já deverá saber qual das duas cartas foi a
escolhida, e, de preferência, nenhuma de suas afirmativas deverá ser negada pelo espectador, ou
você de​verá fa​zer parecer que não te​nha sido negada. Veja os exemplos a seguir:

1. Uma carta ímpar e outra par:


Diga-lhe: “A sua carta é ímpar!”
No caso de resposta negativa, diga-lhe: “Como não? Então o 4♠ (ou que carta par for) não é
uma carta ímpar do bara​lho, sem qual​quer outra que lhe seja igual?”

2. Uma carta vermelha e outra preta:


Diga-lhe: “A sua carta é da cor da cereja!”
No caso de resposta negativa, diga-lhe: “Acontece que eu estou falando de cerejas pretas!”
Faça outras afirmativas sobre a carta preta e termine afirmando: “A sua carta é o 6♠ (ou que carta
preta for)!”

3. Uma carta alta e outra baixa:


Diga-lhe: “A sua carta é alta!”
No caso de resposta negativa, diga-lhe: “Para mim, todas estas cartas são da mesma altura e
largura.” Faça outras afirmativas sobre a carta baixa e termine afirmando: “A sua carta é o 2♣ (ou o
que for)!”
De qualquer modo, sendo a resposta negativa ou positiva, você saberá qual foi a carta
escolhida, podendo fazer novas afirmati​vas, até dizer finalmente o nome completo da carta.

Considerações
Realmente a “Pescaria” é um artifício muito bom, mas difícil de ser usado. Além disso, apenas
seu uso constante com o público lhe dará a prática necessária para alcançar uma boa apresentação. É
o tipo de efeito difícil de ser praticado sozinho.
Embora você possa receber uma resposta negativa e ainda assim terminar bem o efeito, ele
poderá fi​car um pouco prejudi​cado. Mas veja as sugestões que seguem.
Por exemplo, se suas duas opções forem o 2♠ e o 4♠, suas primeiras afirmativas poderiam ser:
preta, de Espadas, par, valor baixo, não é figura. Depois, sua próxima afirmativa poderia ser: “Foi
um 2?” Caso positivo, pule e se regale. Caso negativo, termine por afirmar que foi o 4♠. Com isso,
au​menta a pos​sibili​dade da resposta negativa passar despercebida.
Lembre-se ainda de que, quando o espectador olhou as sete cartas no início, para escolher uma
delas, provavelmente escolheu a mais atraente para ele. Se ele for um jogador e uma das duas cartas
res​tan​tes for um Ás, ou uma figura, é quase certo que ele a te​nha esco​lhido. Use da psicologia.
Há uma outra maneira de terminar o efeito sempre com certeza, porém envolve a habilidade de
se execu​tar a Virada Dupla (Página 114).
Deixe as duas cartas candidatas a carta escolhida sobre o monte. Faça as afirmativas possíveis,
execute a Virada Dupla e diga que aquela foi a carta escolhida. Enquanto aguarda a resposta, desvire
ambas as cartas e fique na posição de dar cartas. Caso a resposta seja positiva, encerre a
apresentação. Caso seja negativa, dê a carta de cima sobre a mesa e pergunte: “Qual foi então a carta
que você escolheu?” Após a resposta, peça ao espectador para virar a carta que está sobre a mesa.
Justamente a carta esco​lhida.

Figura 9
Anotações Publicadas em “O Valete de Ouros”
Esta ideia apareceu em um artigo na revista The Phoenix, de dezembro de 1942, sob o título 21
Plus, assinado por Sha​man. Modifiquei o final, que usava uma soletração em inglês.
Dê as 21 cartas, em três montes de sete cartas cada um. Diga a um espectador para pegar
qualquer monte, anotar o nome de uma carta qualquer que nele se encontre e juntar os três montes,
colocando o esco​lhido entre os outros dois.
Distribua novamente as cartas em três montes e diga-lhe para adi​vinhar em que monte encontra-
se aquela carta e olhar o monte para verificar se acertou. Se acertar, ótimo. Caso contrário, diga-lhe
para tentar de novo até obter sucesso. Como da vez anterior, o monte escolhido vai para entre os
outros dois. Faça outros três montes e peça-lhe para adivinhar novamente em qual deles sua carta se
encontra e colocar o monte onde ela estiver entre os outros dois. De qualquer modo, isso não
importa. Toda essa encenação serve apenas para você lhe mostrar algo mais do que um simples
mate​ma​truque.
Pergunte-lhe o nome da carta escolhida. Após sua resposta, diga-lhe para pegar o monte de 21
cartas e passar uma carta de cima para baixo e dar a carta seguinte sobre a mesa, passar outra carta
para baixo e dar a próxima, continuando até restar apenas uma carta em sua mão. Que ele a vire e
veja sua face. Que ele veja a dela, enquanto você, a dele.

♥♠♣♦
Os Elevadores
A primeira vez que assisti a este efeito foi numa das reuniões do antigo Centro de Estudos
Mágicos (CEMA), por volta de 1977, e já se tratava de uma nova versão em que eram utilizados
quatro elevadores em lugar de apenas três, como na versão mais antiga. A apresentação foi do
mágico Ruberdec, que fez a genti​leza de me en​si​nar o efeito na ocasião.
Desde então tenho apresentado e aprimorado esta rotina, e posso garantir que ela tem todos os
ingredientes para o sucesso. Além da mágica nela contida, principalmente para leigos, proporciona
vários minutos de entretenimento, podendo ser considerada um pequeno espetáculo. Talvez pela
história, ou pela minha própria apresentação, tenho notado que seu sucesso é ainda maior com as
mu​lhe​res, sem menci​onar as crian​ças, que real​mente vi​bram com ela.
Em março de 1992, numa das reuniões em casa de meu amigo mágico Roberto, quando ele
explicava um passe de Dai Vernon, surgiu a ideia de se acrescentar o quinto elevador, como
ex​pli​cado aqui.
O efeito não é de difícil execução, mas deve ser acompanhado passo a passo da respectiva
his​tó​ria e apre​sentado como se o fato con​tado e ilus​trado fosse real.

Efeito e Apresentação
Tome um baralho qualquer com a mão direita e diga ao público que irá contar uma história e
ilustrá-la, utilizando-se das cartas Ás, 2, 3 e 4 de Espadas. O naipe não é importante, mas eu me
acostumei a apresentar este efeito com Espadas, talvez por usar muitas vezes baralhos americanos,
cujo Ás de Espadas tem o naipe cen​tral maior do que os outros naipes do baralho.

Figura 10
Enquanto inicia a história, passe o baralho para a mão esquerda, virando-o de face para cima,
e abra-o em faixa com a ajuda da mão direita. Passe as cartas de uma mão para a outra, retirando
cada uma das quatro cartas mencionadas (A♠, 2♠, 3♠ e 4♠), à medida que as encontre, e deixando-as
espalha​das so​bre a mesa, de face para cima. Não as arrume ainda.
Ao mesmo tempo, e sem chamar a atenção para o fato, procure e localize o 5 de Espadas,
colocando-o embaixo do baralho. Lembre-se de que ninguém sabe ainda o que está por vir e de que
você está ape​nas retirando as quatro cartas neces​sá​rias ao seu próximo número.
Simplesmente marque a posição do 5♠, deslocando-o um pouco para o lado de seu corpo
(injog). Assim, após localizar as quatro cartas, você poderá juntar o baralho e virá-lo de face para
baixo, mantendo o 5♠ sob controle. Faça depois um corte simples na carta deslocada, para deixar o
5♠ embaixo do baralho. Ou, se preferir, simplesmente corte o baralho no 5♠, enquanto procura pelas
demais cartas. Ou ainda, se quiser, deixe de lado a parte da história relativa ao 5♠ e ao quinto
eleva​dor.
Durante esse processo, e principalmente se houver na plateia pessoas que não conheçam bem
as cartas, apro​veite para sali​en​tar o fato de não haver qual​quer carta re​petida no baralho.

Figura 11
Separadas as quatro cartas sobre a mesa, e com o baralho em sua mão esquerda com o 5
embaixo, recolha as quatro cartas com a mão direita, uma a uma, na ordem Ás, 2, 3, 4, ou seja, pegue
o Ás e coloque-o sobre o 2, pegue as duas cartas e coloque-as sobre o 3, pegue as três e coloque-as
sobre o 4. Finalmente, pegue as quatro e coloque-as de face para cima sobre o baralho, que se
encontra de face para baixo na mão esquerda. A face do A♠ ficará visível em cima do baralho
(Figura 10).
Abra o baralho em faixa com a ajuda da mão direita, mostrando as quatro cartas de face para
cima e algumas cartas de face para baixo. Ao fechar a faixa, mantenha uma Separação (break) com o
dedo mínimo esquerdo entre todo o baralho e estas cinco primeiras cartas: as quatro cartas de face
para cima e mais uma carta qual​quer, que será a primeira de face para baixo (Figura 11).
Arrume o baralho com os dedos da mão direita, segurando-o ainda com a esquerda, mantendo a
Separação das cinco cartas com o dedo mínimo esquerdo (Figura 12). Segure o baralho num ângulo
tal que a Separação fique oculta dos espectadores.
Figura 12
Até este momento você deverá estar contando a história de um prédio de apartamentos, cujo
zelador foi chamado para consertar um dos quatro elevadores, que se encontrava quebrado. Não lhe
disseram porém qual deles estava quebrado. As quatro cartas simbolizam os elevadores, e, o
ba​ra​lho, o pré​dio com seus vários an​dares.
Com a mão direita de palma para baixo, pegue as cinco cartas com o dedo médio na frente (o
lado menor das cartas voltado para o público) e com o polegar direito por trás das cartas (o lado
menor voltado para você), levantando-as do baralho. Isso é facilitado pela Separação mantida sob as
cinco cartas. Aproveite, enquanto pega as cartas com a mão direita, para enquadrá-las bem com o
pole​gar e os de​dos médio e anular esquerdos, a fim de que não apareça a carta ex​tra (Figura 12).
Afaste a mão direita, levando as cartas, e inicie a exibição dos quatro elevadores. Explicando
que o Ás simboliza o elevador de número 1, aproxime a mão direita da esquerda, como se fosse
colocar todas as cartas de volta no baralho. Apóie o polegar esquerdo sobre o Ás e leve a mão
direita com as demais cartas em direção a seu lado direito, até pouco mais da metade do Ás, que
per​manece sobre o baralho com uma pequena pres​são do polegar es​querdo.

Figura 13
Alivie a pressão do polegar esquerdo, enquanto levanta a mão direita e as cartas que ela
segura, fazendo com que o lado direito do Ás se levante, ficando com o outro lado apoiado no
baralho (Figura 13).
Continue levantando a mão direita, até que o Ás fique perpendicular ao baralho (Figura 14).
Nesse mo​mento, o pole​gar es​querdo em​purra a face do Ás um pouco para o lado di​reito, fazendo com
que ele se vire de face para baixo, caindo em cima do polegar esquerdo, que se retira para deixar o
Ás finalmente cair sobre o baralho (Figura 15).
Repita o movimento acima para os elevadores 2 e 3. Após deixar o 3♠ de face para baixo
sobre o baralho, sobrará em sua mão direita o 4♠ de face para cima e a carta extra de face para
baixo. Coloque ambas as cartas sobre o baralho, sem as virar, como se fossem apenas uma. Com a
mão direita livre, apresente e aponte o quarto elevador, que se encontra em cima do baralho de face
para cima.

Figura 14
Com o polegar esquerdo, afaste só o 4♠ para o lado direito, deixando a carta extra sobre o
baralho. Em seguida, com os dedos direitos, vire o 4♠ até que fique perpendicular ao baralho e,
como com as outras cartas, use o polegar esquerdo para empurrar sua face, fazendo-o virar-se de
face para baixo so​bre a carta extra, que todos ima​ginam ser o 3♠.
Aqui termina a parte do efeito que eu achei mais difícil de explicar. Respire fundo e continue.
A partir daqui será fácil.
Tire agora a carta de cima do baralho com a mão direita, auxiliada pelo polegar esquerdo, e
coloque-a de face para baixo sobre a mesa, contando: “Quatro...” Tire a carta seguinte e coloque-a à
esquerda da anterior, contando: “Três...” Continue do mesmo modo, tirando mais duas cartas e
colo​cando-as à esquerda das ou​tras, con​tando: “Dois e um!” (Figura 16).
Após colocar a última carta, pegue o 4♠ da mesa e vire-o de face para cima, dizendo: “O
elevador que se encontrava quebrado era o de número 4.” Vire-o novamente de face para baixo,
coloque-o de volta em seu lugar e diga: “Como o zelador não sabia qual dos elevadores estava
quebrado, começou a verificação pelo elevador de número 1.” Este detalhe é importantíssimo, pois a
visão do 4♠ em seu lugar correto fortalece na mente da plateia a ideia de que tudo está como parece
estar. Entretanto, na mesa estão as cartas 2♠, 3♠, carta extra e 4♠, alinhadas lado a lado. O A♠
en​con​tra-se em cima do bara​lho, de face para baixo.
Figura 15
Pegue o primeiro elevador, na realidade o 2♠, e, sem mostrar sua face, coloque-o
deliberadamente embaixo do baralho que se encontra em sua mão esquerda. Diga que o zelador foi
testar o primeiro elevador, que estava no térreo do edifício simbolizado pelo restante do baralho.
Com a ponta do dedo indicador direito, pressione o centro das costas da carta de cima do baralho e
diga: “O zelador apertou o botão de chamada do primeiro elevador que, como não estava quebrado,
subiu.” Usando o polegar da mão esquerda, afaste a carta de cima do baralho para a direita e, com os
dedos da mão direita, vire-a para cima, mostrando o Ás. Coloque-o sobre a mesa no lugar reservado
ao primeiro ele​vador.
Pegue o elevador de número 2, na realidade o 3♠, e, sem mostrar sua face, coloque-o em cima
do bara​lho, dizendo: “O elevador de número 2 en​contrava-se na parte su​pe​rior do edifício. O zelador
apertou o botão de chamada e, como também não estava quebrado, desceu.” Aperte o botão, como da
primeira vez, e tire o 2 da frente do baralho com os dedos da mão direita, mostrando sua face, e
colo​cando-o em seu lugar, sobre a mesa, ao lado do primeiro elevador.

Figura 16
Pegue o elevador de número 3, na realidade uma carta qualquer, e, sem mostrar sua face,
coloque-o deliberadamente no centro do baralho, dizendo: “O elevador de número 3 encontrava-se
em um andar qualquer do edifício...” Dirija-se a um espectador, perguntando: “Para qual andar você
gostaria que o terceiro elevador se dirigisse? Diga um número qualquer entre cinco e vinte.”
Digamos que ele tenha escolhido o sexto andar. Conte cinco cartas, passando-as uma a uma para a
mão direita, com o auxílio do polegar esquerdo, invertendo sua ordem nesse processo, ou seja, a
segunda vai em cima da primeira, a terceira em cima da segunda, e assim por diante. Ao chegar à
sexta carta, empurre-a para a direita com o polegar esquerdo e, com o auxílio das cartas da mão
direita, faça-a virar de face para cima sobre o baralho, dizendo: “E no sexto andar estava o terceiro
elevador...”
Olhe para a plateia com ar de satisfação e depois olhe para a carta que apareceu em sexto
lugar. Como não se trata do 3♠, dirija um novo olhar aos espectadores, desta vez como se algo
houvesse saído errado, e não por sua vontade. Se você deu a importância necessária na
representação de apertar os botões dos elevadores, e principalmente se houver crianças assistindo a
sua apresentação, com toda certeza alguém dirá que você se esqueceu de apertar o botão. Caso isso
não ocorra, si​mule lembrar-se de que o bo​tão não foi aper​tado.
Vire a carta errada de face para baixo sobre as cinco cartas que estão em sua mão direita, e
coloque todas as seis sobre o baralho. Peça a um espectador, de preferência àquele que lhe prestou a
gentileza de lembrar-se do botão, que aperte o botão do elevador. Para isso, basta indicar-lhe as
costas do baralho, a fim de que ele pressione seu dedo indicador no meio das costas da carta de
cima. Conte as seis cartas, como anteriormente, e então aparecerá o 3♠, que encontrava-se em sexto
lugar no bara​lho.
Coloque o 3 em seu lugar na mesa, e as demais cartas contadas sobre o baralho, dizendo: “E o
terceiro eleva​dor provou também não es​tar que​brado.”
Neste momento, costumo mudar o baralho de mão, pois acostumei-me a executar a Arredagem
(Página 112) com a direita. Você pode fazer como preferir, mas eu continuarei a explicação como se
o ba​ralho estivesse na mão direita.
Pegue o 4♠ e coloque-o debaixo do baralho. Vire o baralho de face para cima com a mão
direita e aponte a face do 4 com o dedo indicador esquerdo, preparando-se para fazer a Arredagem.
Enquanto isso, diga algo sobre o fato de o zelador haver finalmente chegado ao elevador
problemático. Vire o baralho de face para baixo, fazendo a Arredagem do 4, puxando-o mais ou
menos meio centímetro para trás com o auxílio do dedo médio direito, e tire o 5♠, colocando-o sobre
a mesa, de face para baixo, ao lado direito do 3, mas deixando vago o lugar do quarto elevador. Na
verdade, você está colo​cando o quinto elevador em seu lu​gar pró​prio, mas nada diga ainda.
Coloque o baralho um pouco abaixo do lugar do quarto elevador, deixando o espaço
equivalente a uma carta na vertical, e perpendicular às cartas da mesa. Diga: “Verificando a
instalação do quarto elevador, o zelador notou que lá houvera um corte de luz. Para simbolizar o
corte de luz, eu pedi​ria que você cor​tasse o ba​ra​lho.”
Procure dirigir a mão do espectador para que o corte seja feito na direção das cartas (um
simples gesto bastará). Caso necessário, você poderá arranjar o monte cortado, para que fique entre
o lugar do quarto elevador e a metade inferior do baralho. Depois do corte, pegue a metade inferior
do baralho e coloque-a na vertical sobre a parte cortada, de modo a formar uma cruz. Aperte o botão
do elevador no meio da cruz formada e vire toda a metade de cima, de modo que ela caia no lugar do
quarto elevador, mostrando em sua face o 4♠. Diga, então: “Restaurada a energia elétrica, o quarto
ele​vador voltou a funcionar.” (Figura 17).
Figura 17
Os espectadores ficarão intrigados com a carta que seria originalmente o 4♠ e que se encontra
agora ao lado do próprio 4♠. Vire-a, mostrando o 5♠, e diga tratar-se do quinto elevador, que estava
sendo instalado a pedido do zelador, que já não conseguia se virar apenas com quatro naquele
edi​fício maluco.

Considerações
Se você não receber o aplauso esperado, releia e o texto e reveja sua execução, pois em
alguma coisa, com certeza, você es​tará er​rando.
Ao final, antes que você possa mostrar o 5♠, muitas vezes um espectador mais afoito
literalmente pulará para aquela carta. Deixe-o pegá-la e ver sua face, tome-a de sua mão e mostre-a
aos de​mais, ter​mi​nando então o efeito como ex​plicado.
A exibição inicial dos quatro elevadores, feita logo no início, pode ser citada como sendo o
fechamento das portas dos elevadores, devido ao modo como as cartas são viradas. Foi em uma
apresentação do mágico Márcio, na Associação dos Mágicos de São Paulo (AMSP), que notei esse
de​ta​lhe.
Outro ponto interessante foi levantado por Tato, numa das reuniões na casa de Roberto. Sua
sugestão foi a de se fazer um ruído característico com a boca (PEEEMMMMM), quando o botão do
ele​va​dor fosse apertado.
Não vejo nada de errado com esses detalhes, porém, não cheguei a acrescentá-los a minha
apre​sentação. Você poderá usá-los, se achar que com​binam com sua própria apresentação.
Se você não optou pela versão com cinco elevadores, então, ao final, a carta ao lado do 4♠
será uma qualquer. De qualquer modo, o efeito principal é que o quarto elevador passou de um lugar
a ou​tro invisivelmente.

Comentários Publicados em “O Valete de Espadas”


Roberto fez um sugestão para este efeito. Ao mostrar que o segundo elevador chegou embaixo
do edifício, não o retire do baralho, mas simplesmente vire o baralho, mostrando que a carta de
baixo é o 2♠. Depois, desvire o baralho e retire o 2♠, com cuidado para não revelar o 5♠,
continu​ando o efeito.
Outra ideia: após mostrar o segundo elevador, continue e vire o baralho de face para baixo.
Faça a Arredagem, retire a carta seguinte e coloque-a em cima do baralho, dizendo que irá fazer um
novo teste com aquele elevador. Aperte o botão e vire a mão, mostrando o 2♠ novamente sob o
baralho. Vire o baralho de face para baixo e retire o 2♠, colocando-o na mesa, no lugar a ele
reservado.
Se você estiver usando o quinto elevador, então a carta de cima agora será o 5♠. Para evitar
isso, coloque uma carta extra na frente do 5♠, quando estiver procurando as cartas no início do efeito.
Em ambos os casos você pode continuar com a sugestão que segue.
Pegue o terceiro elevador da mesa e coloque-o em um lugar qualquer no meio do baralho.
Aperte o botão para que ele suba e faça a Virada Dupla, mostrando-o em cima do baralho. Diga que
irá testá-lo novamente. Se você estava executando o efeito com o 5♠, então ele estará agora em cima
do baralho. Nesse caso, coloque-o sob o baralho, como se fosse o terceiro elevador. Caso contrário,
será uma carta qualquer e você poderá colocá-la em qualquer lugar do baralho. Peça ao espectador
para escolher um andar e continue o efeito nor​malmente.
Mais uma ideia: peça ao espectador para assinar ou fazer uma marca na face de cada uma das
quatro cartas. Isso deixará claro não haver cartas repetidas no baralho e o efeito ficará mais forte.
Use uma caneta de ponta grossa e de secagem rápida para não borrar as outras cartas. Quê? Você não
quer estragar um baralho? Oh! Que peninha!
Uma última ideia: no primeiro elevador, não pegue a carta que todos imaginam ser o Ás;
simplesmente coloque o baralho sobre ela, aperte o botão e mostre a carta de cima, o Ás, provando
que o elevador subiu. Pegue então o suposto segundo elevador e, sem tirar o baralho do lugar,
coloque a respectiva carta em cima e continue o efeito.

♥♠♣♦
A Carta que não Estava lá
Sempre que me pedem para fazer algum truque de mágica e não disponho de muito tempo,
escolho este efeito, por ser rápido e eficaz. É um efeito bastante conhecido entre os mágicos e
também muito antigo. Eu o aprendi ainda jovem, frequentando uma das lojas de mágica da época. O
mágico Ozcar (que então se chamava Lifan) foi quem mo ensinou, assim como muitas outras coisas
que sei sobre má​gica.
Bem, vamos ao efeito.

Efeito e Apresentação
Peça a um espectador para escolher livremente uma carta do baralho e mostrá-la aos demais
membros da plateia.
Às vezes, mesmo não precisando saber qual foi a carta escolhida, eu utilizo uma carta forçada
(apenas a forçagem tradicional, qualquer outra diminuiria o clima mágico deste efeito). Isso porque,
dependendo da plateia, o efeito poderá ficar um pouco mais forte, se eu puder deixar que o próprio
espectador devolva a carta ao baralho e o misture. Ou ainda, porque seria interessante que a carta
esco​lhida fosse a que se​ria utili​zada nou​tro efeito que eu estivesse pla​ne​jando exe​cutar de​pois.
De qualquer modo, é importante que a escolha seja livre ou que pareça livre. Para facilitar,
vamos supor que a carta escolhida tenha sido o 7 de Espadas. O próximo passo será deixar o 7♠ em
se​gundo lu​gar no baralho, con​tando de baixo para cima.
Se a escolha foi forçada, pegue o baralho misturado de volta, abra-o em leque, de modo que
apenas você veja as cartas, procure o 7♠ e corte o baralho na primeira carta à direita da escolhida.
Quando o baralho estiver de face para baixo, o 7♠ deverá estar em segundo lugar, embaixo do
baralho.
Se a escolha foi realmente livre, você precisará controlar a carta escolhida, mesmo não
sabendo seu nome, para o lugar desejado, depois que ela for devolvida ao baralho pelo espectador.
Eis como faço normal​mente:
Logo que o espectador tenha visto e mostrado aos demais a carta escolhida e esteja pronto para
devolvê-la, inicie um Embaralhamento Hindu (Página 93) e ofereça a parte de baixo do baralho, em
sua mão esquerda, para que ele deposite a carta de volta. Continue com o Embaralhamento Hindu,
usando-o para controlar (Página 94) o 7♠ para cima do bara​lho.
Depois, faça o Embaralhamento por Deslizamento (Página 96), deslizando primeiro o 7♠ de
cima do baralho, juntamente com uma carta da frente do baralho. Ao terminar a mistura, o 7♠ deverá
es​tar no lugar correto, em segundo lugar, em​baixo do baralho.
Durante a fase anterior, você deverá pedir ao espectador que não se esqueça da carta, e dizer
algo sobre quantas chances ele lhe daria para adivinhar o nome da carta escolhida. Caso ele lhe dê
menos de três chances, insista, dizendo que o normal são três. Se lhe der mais de três, o que é raro,
diga que apenas três são su​fici​en​tes.
Segure o baralho de face para baixo, com a mão direita, preparando-se para a Arredagem
(Página 112), e vire a mão, mostrando a carta da frente do baralho. Pergunte se aquela foi a carta
escolhida. Naturalmente a resposta será negativa. Diga alguma coisa sobre ainda lhe restarem duas
chances, e vire o baralho para baixo, arredando a carta mostrada e puxando o 7♠ com os dedos da
mão es​querda. Deixe-o de face para baixo so​bre a mesa.
Abra o baralho em leque, procure qualquer outra carta para deixá-la na frente do baralho, e
repita o procedi​mento anterior, ape​nas não executando a Arredagem.
Coloque esta nova carta ao lado do 7♠, após a confirmação de não ser também a carta
escolhida. Faça o mesmo com uma ter​ceira carta, colocando-a do outro lado do 7♠.
Você terá então três cartas de face para baixo, lado a lado, sobre a mesa. A carta escolhida
encontra-se no meio, mas apenas você sabe disso. Comente algo sobre o fato de você nunca haver
precisado de mais de três chances para adivinhar uma carta escolhida e que você precisaria fazer
algo a respeito, exceto pe​dir uma nova chance.
Aponte para as três cartas sobre a mesa e exija uma confirmação, dizendo: “Não foi nenhuma
destas três cartas?” Após a confirmação, vire para o espectador que escolheu a carta e pergunte-lhe
direta​mente: “Afinal, qual foi a carta que você es​co​lheu?”
Nesse momento, a reação mais comum é a de que o espectador nomeie a carta escolhida. Caso
ele insista em esconder seu nome, explique que você já se aproveitou das três chances que lhe foram
dadas e que já desistiu de adivinhar a carta. Você pode continuar o efeito sem que ele diga o nome da
carta; porém, como em todo efeito semelhante a este, em que a carta escolhida já esteja em posição
na qual seja impossível sua troca pelo mágico, o melhor é que ela seja nomeada antes de sua
apari​ção. Ex​peri​mente ambas as formas e você entenderá me​lhor o que estou dizendo.
De qualquer modo, indique as três cartas sobre a mesa e diga: “Por favor, aponte uma destas
cartas.” Nesse ponto, você poderá precisar utilizar a “Escolha do Mágico”, caso ele não aponte a
carta do meio. Por essa razão, você deverá evi​tar o verbo “escolher”, usando “apontar” em seu lugar.
Agora você tem duas possibilidades: ou ele aponta a carta do meio (7♠), ou uma carta
qualquer. Ocorrendo o primeiro caso, que é o mais frequente, desvire as cartas ao lado da carta do
meio, e peça ao espectador para que faça o mesmo com a carta apontada. A surpresa ao ver a carta
escolhida ficará estampada nas faces dos espectadores. Faça uma pequena pausa e termine,
perguntando ino​cen​te​mente: “Mas vo​cês não disseram que nenhuma destas cartas era a es​co​lhida?”
Dando-se a segunda possibilidade (ele apontou uma carta qualquer), apenas empurre a carta
apon​tada para um lado e, fazendo um gesto em dire​ção às duas que restaram, peça a outro espectador,
se houver mais de um, que aponte outra carta. Não diga: “Aponte mais uma carta” ou “Aponte outra
carta”, mas apenas: “Por favor, aponte uma carta.”
Novamente haverá duas possibilidades. Ou ele aponta a carta es​co​lhida, ou não.
Caso ele aponte a outra carta, faça como da primeira vez. Separe-a para o outro lado da mesa e
diga: “Sobrou uma carta apenas.” E, dirigindo-se ao primeiro espectador, diga: “Por favor, vire essa
carta.” E ter​mine o efeito.
Caso ele aponte a carta escolhida, não se desespere. Apesar de ser a pior das hipóteses, ainda
assim você terminará o efeito com sucesso. Digo que é a pior, pois aí você precisará mudar seu
procedimento. Na primeira vez, a carta apontada foi retirada para o lado e, agora, é a carta não
apon​tada que precisa ser reti​rada.
Logo que ele apontar a carta escolhida, pegue a primeira carta que havia sido separada e a
vire, dizendo: “Esta não foi a carta escolhida.” Imediatamente, vire a outra carta não apontada,
dizendo: “Esta tampouco foi a carta escolhida. Por favor, vire a carta que sobrou.” Aponte para o 7♠,
encerrando o efeito.
Ao ver a carta escolhida, o susto é tal que o espectador esquecerá qualquer dúvida porventura
havida durante a es​colha de uma das cartas.
De qualquer modo... Era a carta que não estava lá!

Considerações
Treine bastante a “Escolha do Mágico”, pois é uma ferramenta muito útil. Lembre-se de nunca
usar o verbo “escolher” nem o substantivo “escolha”, preferindo outras palavras como: aponte,
indique, diga, fale, etc. Assim, o espectador não verá como definitiva a escolha que fizer. Por
exemplo, caso ele “aponte” uma carta que não seja a que você quer, você pode pedir para ele
“apontar” outra; mas se já tiver “escolhido” a carta errada, ficará estranho você pedir-lhe para
“escolher” ou​tra.
A posição do meio, em geral, é a melhor para se deixar a carta escolhida. Porém, se o
espec​tador ao qual você pre​tender so​licitar que aponte uma carta esti​ver sen​tado em um dos extremos
da mesa, você pode experimentar colocar aquela carta na posição que fique mais perto dele, e não no
meio. Assim, você comprovará uma outra lei, a do menor esforço, pois, na maioria das vezes, a
pessoa pro​curará apon​tar a carta mais próxima.
Isso também é válido para quando a carta escolhida estiver no meio. Procure deixá-la um
pouco mais para a frente do que as outras duas, aumentando assim a probabilidade de ela ser
apontada em pri​meiro lugar.

Comentários Publicados em “O Valete de Espadas”


Se você executa este efeito frequentemente, com certeza já recebeu um desafio do tipo “Só lhe
dou uma chance; você não é um mágico?”, em resposta à pergunta sobre quantas chances o
espectador lhe daria para adivinhar a carta escolhida.
Aceite o desafio! Encontre ou controle a carta escolhida para cima do baralho, deixando
debaixo dela uma carta completamente diferente. Se a carta escolhida for uma figura de naipe preto,
deixe em segundo lugar um número de naipe vermelho. Faça a Virada Dupla e mostre a face da outra
carta, dizendo, sem citar o nome da carta: “É muito fácil. A carta escolhida foi esta!” Deixe que o
espectador dê uma boa olhada na face da carta que você mostrou. Enquanto ele nega, vire ambas as
cartas sobre o baralho e dê a carta de cima sobre a mesa. Na verdade, você está colocando sobre a
mesa a carta escolhida. Deixe o baralho de lado e diga: “Então eu desisto. Enfim, qual foi a carta que
você escolheu?” Após a sua (dele) resposta, estale os dedos (os seus) sobre a carta que está na mesa
e peça-lhe (a ele) para virá-la (a carta). Afinal de contas, você só tinha uma chance. Eh, Eh, Eh!
Outra coisa. Se você só havia executado este efeito com a Ar​re​da​gem, procure fazê-lo usando a
Virada Dupla. Você gostará da va​ria​ção e terá uma ótima chance de treinar este passe tão útil.
♥♠♣♦
Dupla Impossibilidade
Assisti a este efeito em um vídeo do mágico espanhol Tamariz e gostei tanto que o acrescentei
a minha coletânea. Ele é elaborado especialmente para ser apresentado a mágicos, o que não o
impede de ser bastante apreciado por leigos. Aprendi o método por dedução, assistindo ao vídeo,
não podendo afirmar categoricamente que seja o mesmo empre​gado por Tamariz.
O efeito se resume à revelação de duas cartas escolhidas, porém de maneira a não deixar
dúvidas de que o procedimento empregado apenas poderia ser a mais pura mágica. Existe uma
arru​mação prévia para o bara​lho, mas que passa completa​mente despercebida.

Arrumação
Antes da apresentação, pegue um baralho completo, sem os Curingas, e separe suas 52 cartas
em dois montes de 26 cartas cada um, distintos e identificados. Qualquer critério de separação
servirá, desde que você depois possa reconhecer a qual dos dois montes uma determinada carta
pertence. No início eu usava separar as cartas pretas em um monte e as vermelhas em outro, depois
pas​sei a separar os nai​pes Copas e Espadas num monte e Ouros e Paus noutro.
Com os dois montes separados, faça um Embara​lhamento Faro (Página 102) perfeito, para que
as cartas fiquem intercaladas. Caso você tenha dificuldade em fazer o Faro, coloque os dois montes a
sua frente e arrume o baralho em um novo monte, colocando uma carta de cada monte
alternadamente. Se usou o critério de separar em pretas e vermelhas, o baralho estará com uma das
cores nas posições ímpares e com a outra nas pares. Enfim, uma preta, uma vermelha, uma preta, uma
vermelha, e assim por diante, até o final (Figura 18).

Efeito e Apresentação
Com o baralho já arrumado, inicie o efeito, pedindo a ajuda de dois espectadores e dizendo-
lhes para ficarem, de pé ou sentados, um de cada lado da mesa. Deixe o baralho em cima da mesa e
afaste-se para dar as instruções. Se puder embaralhar em falso, faça-o enquanto fala, sem dar
importância ao fato.

Figura 18
Peça a cada um dos ajudantes para cortar o baralho quantas vezes quiser. Permita apenas
cortes simples (corte em dois montes) e peça-lhes para completarem cada corte (colocar o monte
inferior em cima do monte superior) antes de fazerem outro corte, de modo que a intercalação das
cartas não seja prejudicada. Não chame a atenção da plateia quanto à importância da ordem das
cartas.
Você deverá dar as instruções tão claramente, que seus ajudantes não tenham dúvidas quanto à
execução. Se você for obrigado a exclamar “Não”, “Pare”, “Não faça assim”, ou coisa parecida, o
efeito perderá o clima mágico. Lembre-se sempre de que, se as pessoas apenas sentirem que algo foi
feito ou pre​parado, en​tão elas sa​be​rão que estão vendo um truque e não um efeito mágico.
Quando estiverem satisfeitos com os cortes, peça-lhes para cortar e completar o corte pela
úl​tima vez.
Nesse momento, você deverá estar afastado do baralho e inclusive comentar que, do local onde
se encontra, seria impossível identificar as cartas, mesmo que o baralho fosse marcado. Se você
estiver atuando para mágicos, diga ainda que você também não pode estar usando nenhuma carta
guia, uma vez que o ba​ra​lho foi cor​tado à von​tade.
Peça então a um dos ajudantes para tirar a carta de cima do baralho, olhá-la e gravá-la na
memória. Peça ao outro para fazer a mesma coisa com a carta seguinte. Peça então ao primeiro
ajudante para devolver sua carta para cima do baralho e depois peça o mesmo ao segundo ajudante.
Esse é o ponto crucial do efeito, pois as cartas devem ser devolvidas ao baralho na ordem em que
foram retiradas, invertendo assim suas posições relativas originais. Deixe-me repetir: o primeiro
espectador retira a carta de cima e o segundo retira a seguinte, ou seja, a segunda. O primeiro
espectador devolve sua carta antes e depois o segundo devolve a sua, que agora ficará em primeiro
lugar em cima do ba​ra​lho. Esse deta​lhe passa desperce​bido por to​dos.
Peça então a um dos ajudantes para cortar o baralho e completar o corte. Diga: “Eu posso
saber algo a respeito das cartas escolhidas?” Após a resposta negativa da plateia, diga: “Entretanto,
eu estava olhando para o baralho quando ele foi cortado pela última vez e, pela minha experiência
com cartas, eu posso estimar a posição em que elas se encontram. Assim sendo, eu pediria a um de
vocês que cortasse o baralho mais uma vez, enquanto eu não estiver olhando.” Indique um dos
ajudantes, vire-se de costas e aguarde-o cortar e completar o corte.
Somente execute esta primeira parte se você tiver a certeza de que o ajudante escolhido para a
missão fará corretamente o corte simples. Afinal, você já teve tempo suficiente para avaliar a
situação, pois ambos estão lidando com o baralho desde o início da apresentação. Caso tenha
qualquer dúvida, pule esta parte e vá direta​mente ao pará​grafo se​guinte.
Vire-se de frente e diga: “Agora, posso eu saber algo a respeito das cartas escolhidas?” Após
a resposta negativa da plateia, diga: “Entretanto, eu sei que ambas estão juntas em algum lugar do
baralho. Eu poderia pedir para alguém embaralhar as cartas, porém nada poderia me garantir, ou
garantir a vocês, que a mistura de fato separaria as duas cartas. Assim sendo, vamos utilizar um
método cien​tífico para isso.”
Dirija-se a um dos dois ajudantes e peça-lhe para tomar o baralho em suas mãos e dar as duas
primeiras cartas, uma ao lado da outra, sobre a mesa. Diga-lhe para continuar dando cartas de cima
do baralho, uma a uma, sobre a mesa, separando o baralho em dois montes iguais, colocando
alternadamente uma carta em cada um dos montes. Diga que, assim, todos terão a certeza de que as
cartas es​colhidas fica​rão em mon​tes dife​ren​tes.
Feito isso, diga novamente: “Eu posso agora saber algo a respeito das cartas escolhidas?”
Após a resposta negativa da plateia, diga: “Bem, eu sei que elas devem estar aproximadamente na
mesma posição relativa. Por exemplo: se uma estiver em oitavo lugar em um dos montes, a outra
estará em sétimo, oitavo ou nono lugar no outro. Para resolvermos isso, eu pediria que cada um dos
ajudantes pegasse o monte mais próximo de si e o embaralhasse bem, recolocando-o depois sobre a
mesa.”
Quando cada qual se der por satisfeito em embaralhar seu monte, diga: “Bem, agora eu posso
afirmar categoricamente que nada sei a respeito das cartas escolhidas. Vou me aproximar pela
primeira vez do baralho.” Aproxime-se da mesa e pegue o monte mais próximo. Abra-o em leque de
face para você e procure a única carta que seja diferente do grupo. Por exemplo: se você separou o
baralho em pretas e vermelhas no início, e se você pegou agora o monte de cartas pretas, então uma
das cartas escolhidas será a única ver​melha desse monte.
Se, como eu faço, separou em um monte com Copas e Espadas e outro com Ouros e Paus, e se
pegou agora o monte de Copas e Espa​das, a carta procurada será a única de Ouros ou Paus.
Separe a carta escolhida e deixe-a de face para baixo sobre a mesa, decorando seu nome. Faça
o mesmo com o segundo monte. Deixe a segunda carta escolhida ao lado da primeira, também
decorando seu nome. Embaralhe distraidamente os dois montes de cartas em um só, enquanto
pergunta a um dos ajudantes o nome da carta que ele escolheu. Logo que ele disser o nome da carta,
pe​gue-a e entregue a ele, pe​dindo-lhe que a mostre à plateia. Faça o mesmo com o se​gundo aju​dante.

Considerações
A separação em pretas e vermelhas é mais fácil, porém você deverá ficar atento para que
nenhum dos ajudantes olhe as cartas de seu monte, quando for embaralhá-lo; e tambem, no final, não
po​derá deixar nin​guém obser​var as faces das cartas, enquanto você pro​cura a carta es​colhida.
A separação em naipes Copas e Espadas em um monte e Ouros e Paus em outro é mais eficaz.
Para se lembrar facilmente desta separação, pense que, no primeiro grupo, ambos os naipes são
for​mados por cora​ções, vermelho em Copas e preto e in​vertido em Espa​das.
A insistência em perguntar à plateia se você pode saber algo sobre as cartas escolhidas pode
ser usada de uma ma​neira engraçada ou séria, de​pendendo de sua apresenta​ção pessoal.
Quando os ajudantes escolherem suas cartas, você poderá pedir-lhes que as mostrem aos
demais membros da plateia, virando-se de costas enquanto isso. Entretanto, isso não é
imprescindível, uma vez que, ao final, as cartas serão nomeadas pelos ajudantes antes de serem
mos​tra​das.

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Fototelepatia
Este efeito é de minha autoria e foi baseado numa ideia que tive ao assistir a uma
apresen​tação, no Brasil, do mágico americano David Copper​fi​eld.
Eu o incluí na rotina que executei todas as segundas-feiras, durante mais de um ano, nos Saraus
promovidos por Tato em sua casa. Assim, posso garantir que é um sucesso.
Além de um baralho, você precisará de uma folha de papel em branco, tamanho carta ou ofício,
de uma tesoura e de uma caneta hidrográfica de ponta grossa e de cor contrastante com a cor do
pa​pel. Uma prancheta de madeira ou plástico auxiliará bastante nos desenhos que se​rão feitos.

Efeito e Apresentação
Localize o 4 de Ouros e deixe-o em cima do baralho. Peça a um espectador para ajudá-lo e
force-lhe o 4♦. Se você souber, use a For​ça​gem tradicio​nal.
Caso você não saiba como forçar uma carta, utilize o seguinte método: entregue o baralho para
o espectador, de face para baixo e com o 4♦ em cima, também de face para baixo, e peça-lhe para
cortar aproximadamente um terço do baralho, virar a porção cortada de face para cima e colocá-la
sobre o baralho. Depois, peça-lhe para cortar aproximadamente dois terços do baralho, virar
novamente a porção cortada, colocando-a sobre o baralho. Em seguida, ele deverá abrir o baralho
em leque e, passando as cartas de cima, uma a uma, pegar a primeira carta que estiver virada de face
para baixo no ba​ralho. Será exatamente o 4♦.
Outro método para forçar uma carta. Coloque o baralho de face para baixo, com o 4♦ em cima,
sobre a mesa. Peça ao espectador para cortá-lo. Logo após o corte, pegue a metade inferior e
coloque-a sobre a metade superior, na transversal, de modo a formar uma cruz. Deixe passar algum
tempo, enquanto fala sobre o efeito que irá apresentar e, depois, peça ao espectador para retirar a
carta do corte. Indique-lhe a carta de cima do monte inferior do baralho, que se encontra sobre a
mesa. Ele estará retirando o 4♦. Você po​derá inclusive ajudá-lo, levan​tando o monte su​perior.

Figura 19
Escolhida a carta (necessariamente o 4♦), deixe o baralho de lado e peça ao espectador para
guardar a carta es​colhida. Ele poderá guardá-la no bolso ou mantê-la nas mãos, segurando-a.
Pegue a folha de papel e a caneta e diga que irá tentar receber telepaticamente uma imagem
fotográfica da carta escolhida. Diga ao es​pectador para con​cen​trar-se em sua carta.
Fingindo receber alguma coisa telepaticamente, desenhe um retângulo no papel. O retângulo
de​verá ser de tama​nho tal que deixe uma margem de dois a três centíme​tros no papel (Figura 19).
Mostre o desenho para a plateia e para o espectador, dizendo que conseguiu captar o formato
aproximado da carta escolhida. Isso deverá provocar o riso da plateia, uma vez que todas as cartas
têm o mesmo formato.

Figura 20
Diga ao espectador para concentrar-se mais e dese​nhe agora os ín​dices de outra carta qualquer.
Eu costumo desenhar o 7 de Paus. Apenas o número 7 no canto superior esquerdo do retângulo e um
naipe de Paus logo abaixo do 7. Depois, desenho outro 7 de ponta-cabeça no canto inferior direito e
um naipe de Paus, também ao contrário, logo acima do 7. Você pode desenhar qualquer carta,
apenas não desenhe nada no centro do retângulo. Para nosso exemplo, vamos supor que o desenho
seja do 7♣ (Figura 20).
Exiba o desenho, afirmando que a carta escolhida foi o 7♣. Mostre-se preocupado quando lhe
disserem não ter sido aquela a carta es​co​lhida.
Diga então ao espectador para concentrar-se mais e volte a desenhar no papel. Faça agora as
linhas necessárias para que o desenho represente um baralho completo em perspectiva, tendo na
frente a carta que você havia desenhado antes. Você apenas precisa traçar três linhas de um ou dois
centímetros cada uma, sendo uma par​tindo do canto su​pe​rior esquerdo do retân​gulo, outra partindo do
canto superior direito e outra do canto inferior direito, todas em 45 graus para a direita e para cima.
Junte as pontas com linhas retas e você terá o desenho de uma caixa. Passe alguns traços nas laterais
da caixa, para dar a im​pres​são das várias car​tas de um baralho (Figura 21).
Figura 21
Mostre o desenho e afirme que, como agora você desenhou todo o baralho, a carta escolhida
estará necessariamente em alguma posição do baralho desenhado. Esta afirmação arrancará risos da
pla​teia, pois pare​cerá que você está se desculpando por não po​der adi​vi​nhar a carta es​colhida.
Diga que você irá “embaralhar” de um modo todo especial o baralho desenhado, pois ele é
especial. Dobre a folha ao meio, em duas partes, fazendo coincidir os cantos inferiores do retângulo
inicial com os cantos superiores. Dobre a folha novamente, agora em quatro, fazendo com que todos
os cantos coincidam. Faça uma terceira dobra, agora em oito, de modo que ela recaia sobre o centro
dos índices do 7♣. Faça uma quarta dobra, agora em dezesseis, do mesmo modo (Figura 22).

Figura 22
Diga que agora irá “cortar” o baralho especial também de um modo todo especial. Pegue a
tesoura e corte literalmente a ponta do papel dobrado. Corte na direção da diagonal do quadrado
formado pelo papel dobrado, a uma distância tal da ponta que retire os índices do 7♣ desenhados
(Figura 23).
Pergunte ao espectador qual foi afinal a carta escolhida por ele. Quando ele responder que foi
o 4♦, desdobre o papel, mostrando que a carta da frente do baralho desenhado transformou-se agora
no 4♦, for​mado pelos quatro lo​sangos cortados que aparecem nos can​tos do retân​gulo (Figura 24).
Peça ao espectador para mostrar a carta à plateia, devolva-a ao baralho e receba os merecidos
aplausos.

Considerações
O uso da caneta hidrográfica de ponta grossa facilita os desenhos, que podem então ser feitos
de forma rá​pida e visível.

Figura 23
Após a escolha da carta, o espectador poderá mostrá-la para a plateia, podendo ela retornar ao
baralho, pois todos já saberão qual foi a carta escolhida. Eu prefiro que ele não a mostre e
sim​plesmente guarde-a para posterior comprovação do nome dela.
Uma sugestão de meu amigo mágico Roberto: a etapa seguinte ao desenho do retângulo poderia
ser o desenho das costas do baralho no outro lado do papel. Como não incluo isso em minha
apresentação, deixo a ideia para você experimentar. Sua apresentação ficará um pouco mais longa,
mas poderá ser também mais interessante, depen​dendo de como você o fizer.
Caso não consiga forçar o 4♦ da primeira vez, não insista. Deixe preparado outro efeito para
fazer antes, com qualquer ou​tra carta esco​lhida (“A Carta que não Estava lá”, por exemplo, na página
41), e tente este novamente, depois. Esta é uma das razões pelas quais o mágico não deve informar
an​tes o que acontecerá em um efeito.
Quando disserem que o 7♣ não foi a carta escolhida, você deverá ter a malícia de insistir, mas
sem chegar a fazer com que alguém diga o nome do 4♦, o que simplesmente arruinaria o efeito. Na
verdade, fique atento. Se alguém ameaçar dizer o nome da carta, interrompa-o imediatamente,
continuando a tentativa de adivinhar a carta esco​lhida.
Figura 24
Treine muitas vezes o desenho no papel e o corte no final do efeito, a fim de encontrar as
posições adequadas para que o corte elimine quase totalmente os índices da carta desenhada e que os
losangos, indicando o 4♦, fiquem bem alinhados com o desenho do retângulo. Isso talvez não seja tão
im​por​tante, po​rém deixa o efeito mais limpo e bonito.

Notas Publicadas em “O Valete De Paus”


Tente outras cartas além do 4♦. O 5♦, por exemplo, exige apenas um segundo corte do papel. O
A♦ não vale, pois é demasiada​mente simples. Experimente tam​bém com outros naipes. Que tal ♥?

♥♠♣♦
Pare!
Li este efeito no livro “Close-Up Card Magic”, do mágico americano Harry Lorayne, e adorei.
Apresentei-o por diversas vezes, o que me deu a oportunidade de acrescentar alguns detalhes à
apresentação original. Não que eu tenha algo contra a apresentação de Lorayne, mas acontece que,
sem​pre que você executa várias ve​zes um efeito, acaba por adaptá-lo a seu estilo. Não du​vido que, se
exe​cutar com fre​quên​cia al​gum efeito deste livro, você também ve​nha a fazer o mesmo.
De qualquer modo, o efeito é muito bom. O segredo é matemático, mas esse fato está muito
bem dissimulado, e mesmo o público acos​tu​mado com efeitos mate​máti​cos fi​cará intrigado.

Efeito e Apresentação
Apresento este efeito em duas versões diferentes.

Versão Completa
Peça o auxílio de um espectador, entregue-lhe o baralho para ser embaralhado e cortado à
vontade, dei​xando-o depois arru​mado, de face para baixo, so​bre a mesa.
Deixe o espectador à vontade, de preferência sentado à mesa de apresentação. Fique longe
dele. Eu costumo, neste efeito, sentar-me junto com a plateia, ocupando o assento vago do
espec​tador que estiver me ajudando.
Enquanto ele embaralha, informe à plateia que se trata de um experimento em telepatia, e que o
baralho não voltará a ser tocado por você até o final. Diga também que não são cartas marcadas e
que, mesmo que o fossem, a distância em que se encon​tra dele im​pos​sibili​ta​ria seu manuseio.
A razão para você se afastar, além de servir para demonstrar que o baralho está
completamente fora de seu controle, é que, como você deverá estimar a quantidade de cartas em um
corte feito pelo es​pectador, tornará mais fácil ob​servar a altura do corte feito no baralho.
Quando o espectador estiver pronto, peça-lhe para cortar o baralho e olhar a carta em que
cortou (a face da carta de baixo da porção cortada), anotar o nome dela, recolocar a porção cortada
no mesmo lugar sobre o bara​lho e en​quadrar o baralho.
Você deverá saber aproximadamente quantas cartas havia na porção levantada pelo
espectador. Isso pode parecer difícil à primeira vista, porém é bastante fácil. Procure fixar a vista no
centro do baralho, antes do corte. Quando o espectador cortar, você poderá calcular quantas cartas
ele reti​rou a mais ou a menos do que a me​tade, 26 car​tas.
Tente não fazer a estimativa com muita ansiedade, uma rápida olhadela durante o corte deverá
ser suficiente. De qualquer modo, sua estimativa não precisará ser exata. A continuação do efeito
cui​dará de ajustá-la.
Após a carta ter sido anotada e o baralho enquadrado, diga algo sobre os fatos de ninguém
poder saber qual foi essa carta e de a leitura da mente trabalhar por associação de ideias. Como o
espectador já anotou uma carta, ele precisa agora pensar em um número qualquer, para que você
possa associá-lo à carta esco​lhida. Diga, en​tão: “Escolha um número. Você prefere 4, 5 ou 6?”
O número escolhido servirá para o ajuste de sua estimativa. Assim, se você estima com
precisão, qualquer número pequeno servirá; caso contrário, diga-lhe: “Escolha um número. Você
prefere 7, 8 ou 9?”, e automaticamente ele escolherá um número dentre aqueles que você relacionou.
Caso isso não ocorra, peça-lhe para escolher um número maior, para que o experimento fique mais
interessante. Com um pouco de prática, você saberá qual a melhor faixa de números a oferecer ao
es​pectador para melhor ajustar sua es​timativa.
Para exemplificar, digamos que ele tenha escolhido o número 5. Peça-lhe então para pegar o
baralho e dar cinco cartas de cima, de face para baixo, lado a lado, e continuar colocando cartas
sobre elas, alternadamente, formando cinco montes sobre a mesa. Diga-lhe para se concentrar na
carta escolhida enquanto der as cartas. Se o número escolhido for 6 ou 7, ele deverá fazer,
respec​tiva​mente, seis ou sete mon​tes.
Quando ele terminar, peça-lhe para procurar o monte no qual se encontra a carta escolhida,
devendo apenas separar o monte, sem desarranjar as cartas. Os demais montes podem ser postos de
lado.
Enquanto o espectador se ocupa com o baralho, você deverá dividir mentalmente sua
estimativa inicial pelo número escolhido. Digamos que você tenha estimado o corte em 28 cartas.
Dividindo 28 por 5, teremos 5 com um resto de 3. Arredonde para cima, o que dará 6, e guarde esse
número. Se a divisão for exata, veja as considerações ao final.
Peça-lhe para tomar o monte que contém a carta escolhida e dar as cartas de face para baixo,
uma sobre a outra, sobre a mesa. Nesse processo, ele estará invertendo a ordem das cartas, mas não
chame a atenção para esse fato.
Ocorre que, no nosso exemplo, a carta escolhida é a sexta (o número 6 que você gravou) de
baixo para cima do monte separado. Após a in​versão, ela passará a ser a sexta de cima para baixo.
Peça-lhe para apanhar o monte da mesa e dar as cartas novamente sobre a mesa, uma sobre a
outra, mais deva​gar agora, concen​trando-se na carta escolhida.
Enquanto ele faz o que você pediu, conte as cartas sem chamar a atenção. Às vezes, o próprio
ruído de colo​car as cartas na mesa já lhe permite contá-las.
Logo que ele tomar nas mãos a sexta carta, e antes que ele a coloque sobre as que já estão na
mesa, grite: “Pare!” Se você realmente gritar, o espectador ficará congelado com a sexta carta na
mão.
Aproxime-se então, pela primeira vez, do espectador, pegue a carta que ele está segurando e
pergunte-lhe qual o nome da carta escolhida. Vire a carta, mostre-a, repita seu nome e receba os
aplausos.
Gostaria de saber o que fazer no caso de a carta que estiver segurando não ser a escolhida?
Então, leia as consi​dera​ções ao final.

Versão Simplificada
Como já apresentei diversas vezes o efeito, cheguei a elaborar uma versão simplificada que
funciona muito bem. É preciso apenas escolher um espectador habituado a lidar com o baralho. Use
um baralho com 54 cartas, acrescentando duas cartas extras ou dois Curingas. Quando o espectador
cortar o baralho, peça-lhe para fazê-lo aproximadamente ao meio. Não lhe peça para escolher um
número. Diga-lhe para separar o baralho em seis montes. Cada monte conterá exatamente nove
cartas, e a carta escolhida será a quinta, tanto de cima para baixo como de baixo para cima, por isso
você não precisará pedir-lhe para dar as cartas a fim de inverter sua ordem, podendo já na primeira
vez fazê-lo parar na quinta carta.
Poderá ocorrer que o espectador não corte próximo da metade (nesta versão a folga total é de
seis cartas, duas a menos ou três a mais do que a metade). Se ele cortar menos do que a metade (até
oito cartas a menos), a carta escolhida estará em sexto lugar de cima para baixo. Se ele cortar mais
(até nove cartas a mais), a carta escolhida es​tará em quarto lu​gar, também de cima para baixo.
Esta versão simplificada funciona tão bem, que é possível executá-la até por telefone. Ligue
para um amigo seu, peça-lhe para apanhar um baralho com os dois Curingas e seguir suas instruções.
Ao final, peça-lhe para ir nomeando as cartas do monte que contém a carta escolhida, fazendo-o
parar antes de nomeá-la: ele parará com a carta escolhida na mão. Pergunte-lhe qual foi sua carta e
diga que ele a está se​gurando naquele mo​mento.
Desligue o telefone imediatamente e aguarde. Seu amigo ligará de volta perguntando como
você soube qual a carta que ele havia escolhido. Você não deve contar-lhe o segredo; caso ele
insista, você po​derá recomendar-lhe este livro.

Considerações
Se sua estimativa estiver ruim, a carta escolhida poderá ser a quinta ou a sétima, no nosso
exemplo, se não for exatamente a sexta. Quando você apanhar a carta das mãos do espectador e
perguntar-lhe o nome da carta escolhida, dê uma olhada na carta que você pegou. Se a carta
nomeada não for a mesma, peça-lhe para virar a última carta que colocou na mesa, a quinta, no caso
de suas estimativas serem para maior. No caso de elas serem para menor, peça-lhe para virar a carta
se​guinte, a sétima.
Se você treinar suas estimativas e fizer com que o espectador escolha um número adequado,
deverá termi​nar o efeito da forma ideal.
Se não conseguir terminar este efeito com sucesso, faça como sugere Lorayne em seu livro:
volte para os efei​tos de manipu​la​ção...

Novas Considerações
Se, ao dividir sua estimativa pelo número escolhido, obtiver um resultado exato, faça o
seguinte: aumente ou diminua sua estimativa, ou troque o número escolhido. Deverá haver resto na
divisão ne​cessaria​mente. Para saber a razão disso, estude a matemá​tica en​volvida no efeito.

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A Vermelhinha
Este é um efeito que faz parte da rotina de meu amigo Roberto. Como eu não o apresento
normalmente, descrevo a apresen​ta​ção do pró​prio Roberto, como a vejo.
Não é um efeito fácil e deverá ser praticado muito bem antes de ser apresentado. Por isso, se
você não o praticar, por favor, não o execute, pois isso só arruinaria esta joia e sua carreira de
mágico.

Efeito e Apresentação
Dividi o efeito em duas partes distintas e muito diferentes. Você deverá executar diversas
ve​zes o passe Vi​rada Dupla (Página 114).

Primeira Parte
Separe três cartas de mesmo índice do baralho, sendo duas pretas (Paus e Espadas) e uma
ver​melha (Ouros ou Co​pas). Roberto usa nor​mal​mente as cartas de índice Dez.
Deixe a carta vermelha entre as pretas, e segure-as de face para baixo com a mão esquerda,
para iniciar. Diga que irá demonstrar um efeito com apenas três cartas. Conte-as, sem mostrar suas
faces, man​tendo a vermelha no meio.
Faça uma Virada Dupla, mostrando a carta vermelha, e diga: “A carta de cima é vermelha.”
Desvire ambas as cartas e diga que irá colocar a carta vermelha embaixo das outras. Faça como
disse, colocando embaixo a carta de cima. Vire a carta de cima e mostre que ela é vermelha,
di​zendo: “A carta ver​melha re​tor​nou para cima.” Desvire-a.
Diga que agora você irá colocar a carta vermelha no meio das outras cartas. Faça como disse,
colocando no meio a carta de cima. Faça uma Virada Dupla, mostrando a carta vermelha, e diga que
ela re​tornou para cima.
Desvire ambas as cartas como sendo uma e diga que novamente irá colocar a vermelha
embaixo de todas. Faça como disse e coloque embaixo a carta de cima. Vire a de cima, mostrando
que a ver​melha retor​nou a seu lugar.
Figura 25
Pergunte se alguém tem alguma ideia de como você executa este efeito. Muitas vezes, alguém
da plateia dirá que você tem três cartas vermelhas nas mãos, pois não viram até agora outra face que
não a vermelha. Enquanto isso, embaralhe distraidamente as cartas, deixando a vermelha embaixo de
todas. Após qual​quer res​posta da plateia, diga que você está trabalhando com três car​tas iguais. Você
agora deverá fazer uma contagem chamada Contagem Visual, mostrando as três cartas com a mesma
face, vermelha.
Segure as cartas de face para baixo na mão direita, com a palma voltada para baixo, tendo o
polegar no lado pe​queno inferior do monte e o dedo médio no lado pe​queno superior, de modo que as
cos​tas das car​tas fi​quem viradas para a palma de sua mão (Figura 25).
Vire a mão direita para cima, mostrando a face da carta vermelha. Vire a mão novamente para
baixo e, aproximando ambas as mãos, puxe a carta de cima das três com o polegar esquerdo e
segure-a com os dedos da mão esquerda, man​tendo-a de face para baixo. Afaste am​bas as mãos.

Figura 26
Repita a operação com as duas cartas seguintes, terminando com as três cartas de face para
baixo na mão esquerda e com a vermelha por cima. Você acaba de mostrar três cartas exatamente
iguais (Ha! Ha! Ha!) (Figura 26).
Esta contagem deve ser executada de forma suave e natural. Embora possa parecer muito
idiota, ela é bastante efetiva e todos acreditarão que você realmente tem nas mãos três cartas iguais.
Afi​nal de contas, você está apenas confirmando aquilo que todos já sabiam (?).
Após sua declaração e demonstração das três cartas “iguais”, a plateia já deverá estar
completa​mente re​laxada, uma vez que a ten​são emocional foi rompida pela revelação do segredo (?).
Aproveite o momento e pegue com a mão direita a carta de baixo das que estão na outra mão.
Abra um leque com as outras cartas com a mão esquerda e, estendendo ambas as mãos para a frente,
peça a um es​pectador que aponte uma delas.

Figura 27
Agora você deverá forçar a escolha da carta vermelha. Para isso, quando oferecer as cartas ao
espectador, deixe a carta vermelha em uma posição mais prática para ser apontada por ele. Caso isso
não ocorra, você deverá fazer a chamada “Escolha do Mágico”, como explicado no efeito “A Carta
que não Es​tava lá” (Página 41). Após a escolha, mostre que apenas aquela carta é vermelha, sendo as
ou​tras duas pretas.
Faça uma pequena pausa, e continue com a segunda parte deste efeito, se desejar. O próprio
Roberto, muitas vezes, executa apenas a primeira parte e passa diretamente para outro efeito,
pu​lando a segunda parte.

Segunda Parte
Embaralhe as três cartas, terminando com a vermelha por cima. Pergunte se alguém sabe onde
se encontra a carta vermelha. Independentemente da resposta, diga que, na maioria das vezes, as
pessoas dizem que a vermelha está no meio. Faça uma Virada Dupla e mostre que a carta de cima é
preta.
Figura 28
Desvire ambas as cartas, enquadre o monte e puxe a carta de cima um pouco para trás,
deixando à mostra aproximadamente dois centímetros das costas da carta do meio. Tire e vire a carta
de baixo, mostrando que também é preta. Devolva-a ao mesmo lugar, porém enquadrada com a carta
de cima, deixando a carta do meio à mostra, e diga que a carta vermelha deve ser a do meio. Aponte
para a parte visí​vel da carta do meio (Figura 27).
Enquadre as laterais e segure as três cartas com o polegar e o dedo médio da mão direita, que
deverá ficar com a palma para baixo. Aproxime a mão esquerda com a palma para cima e, com o
polegar e o dedo médio esquerdo apoiados no centro dos lados maiores das cartas, simule retirar a
carta do meio. Porém, ao correr os dedos da mão esquerda pelas laterais das cartas, pressione
apenas a terceira carta, levando-a até enquadrar-se com a carta do meio. O indicador esquerdo
servirá de guia para freiar a carta de baixo, quando ela se enquadrar com a do meio. Continue
afastando a mão esquerda até separar as cartas completamente. A plateia imagina que você está com
a carta vermelha na mão esquerda e com as duas pretas na direita, ou seja, que você retirou a carta
vermelha do meio das duas pre​tas (Figura 28).

Figura 29
Na verdade, ocorre exatamente o inverso, você está retirando as duas cartas pretas que estão
embaixo da vermelha (Figura 29).
Pergunte onde está a carta vermelha. A resposta será: “Na mão esquerda!” Mostre que a
ver​melha está na mão di​reita e que as pretas estão na esquerda.

Considerações
Ao separar as cartas para iniciar o efeito, você poderá deixar a outra carta vermelha da quadra
que você escolheu em cima do baralho, para posteriormente executar um efeito em que utilize a
quadra.
Todo o efeito deverá ser executado com bastante naturalidade. A Virada Dupla deverá ser
treinada exaustivamente, até que você es​teja vi​rando duas cartas como se vi​rasse ape​nas uma.
No final da primeira parte, se for apontada uma carta preta em lugar da vermelha, você não
precisa necessariamente fazer a “Escolha do Mágico”. Você pode simplesmente pedir a outro
espectador para pegar uma das duas cartas restantes. Depois, mostre que uma apenas é vermelha,
enquanto as outras são pretas.

Notas Publicadas em “O Valete De Paus”


Aqui vai uma sugestão do mágico iniciante Juliano. Após mostrar tratar-se de três cartas
vermelhas iguais, ainda na primeira parte do efeito, deixe a única carta vermelha em cima das duas
pretas. Faça uma Virada Dupla, mostrando que a carta de cima é preta. Desvire ambas as cartas e
mostre que a de baixo também é preta. Abra um leque com as três cartas e vire a do meio, mostrando
que ela também é preta. Finalmente mostre as três, dizendo que apenas uma é vermelha, e inicie a
segunda parte do efeito, se quiser.

♥♠♣♦
Tripla Predição
Este efeito foi-me ensinado por meu amigo Santiago, de Buenos Aires. Ele (o efeito) é
bas​tante forte e ainda ofe​rece a chance de ocor​rer um pe​queno milagre du​rante a apresentação.

Efeito e Apresentação
Diga que irá fazer uma tripla predição e, para isso, pegue o baralho e separe três cartas de
mesmo índice, de preferência figuras, sendo duas vermelhas (Ouros e Copas) e uma preta (Espadas).
Para nosso exemplo, di​gamos que sejam as Damas. Assim, teremos Q♦, Q♥ e Q♠.
Não diga quais são as três cartas. Mostre apenas suas costas e deixe-as ao lado, juntas sobre a
mesa, de face para baixo, com a carta preta de​baixo das duas verme​lhas.
Peça ao espectador para embaralhar e cortar o restante do baralho à vontade, pegue o baralho
de volta e es​tenda-o de face para baixo, em faixa, sobre a mesa.
Diga ao espectador para escolher livremente uma carta qualquer do baralho e apenas separá-la
da faixa, sem olhar sua face. Faça grande alarde sobre a escolha livre e dê-lhe a chance, depois de
feita a esco​lha, de tro​car de carta.
Recorde que você em primeiro lugar separou suas cartas. Pegue a carta escolhida, da qual
ainda não se viu a face, e coloque-a sobre as três que se encontram sobre a mesa. Aproveite para dar
uma olhada nesta carta. Se for a Q♣ (uma chance em 49 vezes), então você tem um milagre nas mãos;
se não for a Q♣ (o mais provável), faça uma expressão de satisfeito e continue. Pegue as quatro
cartas e se​gure-as na mão es​querda, na posi​ção de dar cartas.

Figura 30
Figura 31
Faça uma Virada Dupla e mostre que a carta escolhida foi a Q♦. Enquadre as cartas, deixando
a Q♦ de face para cima, junto com a outra carta, e vire todo o monte com a mão direita, deixando-o
sobre a mão esquerda. Aparecerá então a Q♠. Enquanto isso, diga: “E as cartas que eu havia
separado antes, são as outras três Damas.” Agora você precisará fazer uma contagem especial de
cartas, chamada de Contagem Elmsley, para mostrar duas Damas como se fossem três e duas cartas
de cos​tas (a Q♦ e a carta esco​lhida, não importando qual seja) como uma.
Segure o grupo de quatro cartas (com a Q♠ aparecendo em cima) pelo lado maior esquerdo
com as pontas do polegar e do dedo indicador da mão esquerda. Com o polegar esquerdo, afaste a
Q♠ para seu lado direito e, com as pontas do polegar e do dedo indicador da mão direita, segure a
Q♠ pelo canto inferior direito, retirando-a para o lado e fazendo aparecer a Q♥. Conte: “Uma
Dama...” Tenha cuidado para não desa​li​nhar as car​tas (Figura 30).
Torne a juntar as mãos para retirar a Q♥. Nesse momento, deixe a Q♠ embaixo das três cartas
se​guras pelo indicador es​querdo, ao mesmo tempo em que o polegar esquerdo empurra a Q♥ para seu
lado direito, junto com a carta que se encontra embaixo dela, que é na verdade a carta escolhida. O
polegar esquerdo separa a carta de baixo, que é a Q♦, para que fique em cima da Q♠. Conte: “Duas
Da​mas...” (Figura 31).
Você deverá fazer parecer que está apenas recolhendo a carta seguinte por cima da primeira.
Esse é o ponto crucial do efeito e, por esse motivo, nunca é demais repetir: enquanto a mão direita
coloca a Q♠ sob as três cartas, o polegar esquerdo separa a carta de baixo (Q♦ de face para baixo) e
empurra para a direita as duas cartas de cima (Q♥ de face para cima e uma carta qualquer de face
para baixo), para serem se​guras pelos de​dos da mão di​reita que se afasta (Figura 32).
Aproxime as mãos para retirar a carta seguinte, que está de face para baixo, e recolha-a com os
dedos da mão direita, deixando-a desalinhada, sem cobrir totalmente a Q♥. Conte: “Três Damas...”
(Figura 33).
Recolha do mesmo modo a Q♠, sem cobrir a Q♥ nem a terceira carta de face para baixo. Note
que a Q♠ está sendo mos​trada e contada pela segunda vez. Conte: “E quatro Damas.” (Figura 34).
Figura 32

Figura 33
Você agora tem na mão direita a carta escolhida de face para baixo, coberta pela Q♥ de face
para cima. Um pouco da carta de baixo deve aparecer, correspondendo à Q♣, mas não o suficiente
para se perceber que, na verdade, trata-se de uma carta de costas. Em cima da Q♥, a Q♦ de face para
baixo e deslocada para o lado de seu corpo, deixando ver o índice da Q♥. Em cima da Q♦, a Q♠ de
face para cima, deixando ver parte das costas da Q♦. Para o público, o efeito está terminado, pois
você mostrou que a carta escolhida foi a Q♦ e que as três cartas que você separou eram também três
Damas.
Apenas para eliminar qualquer dúvida (?) e aproveitar para mostrar novamente a carta
escolhida (?), continue. Separe com os dedos da mão esquerda a Q♦ e vire-a de face para cima sobre
as outras cartas. Diga: “E aqui está a carta que você escolheu: a Dama de Ouros”. Muito cuidado
para não deslocar demais a Q♥, porque apa​re​ce​ria o dorso da ou​tra carta.
Coloque todas as cartas de volta no baralho e termine a apresentação, deixando para arrumar
depois a carta que ficou de face para baixo no ba​ralho.
Figura 34

Considerações
O que acontece realmente neste efeito é que o espectador vê quatro Damas, sendo duas pretas e
duas vermelhas. As vermelhas são a de Copas e a de Ouros, mas as pretas são, na verdade, apenas a
Dama de Espadas mostrada duas vezes. Por isso, não faça qualquer co​mentário sobre os naipes.
O manuseio das cartas neste efeito é um pouco complexo. Siga as instruções com as cartas nas
mãos e tome cuidado para não se perder no texto. Se isso acontecer, recomece. Vale a pena. O efeito
é surpreen​dente.
Existe a possibilidade de que a carta escolhida realmente seja aquela que completa a quadra, a
Q♣. Assim, quando você a recolher no início, dê uma olhadela, pois talvez você possa terminar o
efeito na​quele mesmo instante, produ​zindo um pe​queno mila​gre.
A carta que sobra no baralho, de face para baixo, poderá ser usada em um efeito posterior que
ne​cessite de uma carta virada.

Comentários Publicados em “O Valete de Espadas”


Ao final, simplesmente jogue com cuidado as quatro cartas sobre o baralho que havia sido
deixado de face para baixo sobre a mesa. A carta realmente escolhida já se encontra de face para
baixo, faltando apenas virar as três Damas que ficaram por cima.

Notas Publicadas em “O Valete De Paus”


Se você não tem realizado muitos “milagres” em suas últimas apresentações, então tente isto:
Ao procurar as três cartas, as Damas de Espadas, de Copas e de Ouros, por exemplo, encontre
também, e deixe em cima do baralho, a quarta carta da quadra, a Dama de Paus, no caso. Agora,
execute o que podemos chamar de Faixa de Força​gem.
Corte o baralho e complete o corte, mas sem enquadrar os dois montes. Deixe o monte de cima
inclinado para a direita, num ângulo de mais ou menos 10º. É fácil. Apenas considere que, se o
baralho estivesse de face para cima, você estaria deixando espaço suficiente para que o índice da
carta de cima do monte inferior ficasse visível, ao lado do índice da carta de cima do baralho. Mas
lembre-se de que o ba​ralho deverá estar de face para baixo (Figura 35).

Figura 35
Segurando o baralho com a mão direita, e sem se preocupar com o fato de ele não estar
enquadrado, faça uma faixa sobre a mesa. Você notará onde está a Q♣, com um rápido olhar, pela
visível mudança na inclinação das cartas. Também, como a Q♣ deverá ter uma área visível um
pouco maior do que as de​mais cartas, aumentará a chance de que ela seja a escolhida (Figura 36).

Figura 36

♥♠♣♦
Ilógico
Este efeito serve perfeitamente de continuação a “Os Elevadores”, pois utiliza as cartas de Ás
a Cinco de um só naipe.

Efeito e Apresentação
Abra o baralho, procure e separe as cartas de Ás a Cinco de um determinado naipe. Ou use as
car​tas de Espadas que servi​ram para o efeito “Os Elevadores”.
Arrume as cartas na mesa, mostrando a sequência de Ás a 5, e deixe o resto do baralho de
lado. Pegue as cinco cartas e segure-as na mão esquerda, em forma de leque. A ordem deverá ser de
Ás a 5 da di​reita para a es​querda, ou seja, a carta da frente do leque de​verá ser o Ás (Figura 37).
Diga que você irá demonstrar uma forma diferente de dar cartas. Com a mão direita, pegue o 5
e coloque-o visivel​mente entre o 2 e o Ás, pegue o 4 e coloque-o entre o 3 e o 2 (Figura 38).
Feche o leque e segure as cartas, de face para baixo, com a mão direita na posição de
Arredagem (Página 112).
Levante a mão para mostrar a face do Ás. Vire a mão para baixo, fazendo a Arredagem. Com a
mão esquerda, tire a carta se​guinte à de baixo, na verdade o 5, e coloque-a so​bre a mesa, sem virá-la,
dizendo: “Um...” Tire uma carta de baixo do maço, o Ás, e, também sem mostrá-la, coloque-a sobre
o maço de cartas, di​zendo: “Agora, tiro uma carta de baixo e co​loco-a em cima.”
Repita a operação com o 2. Mostre-o, faça a Arredagem, colocando o 4 sobre a mesa, e passe
uma carta, o 2, para cima.
Repita a operação com o 3, porém desta vez não faça a Arredagem. Mostre-o, coloque-o
re​almente sobre a mesa e passe uma carta, o Ás, para cima.

Figura 37
Repita a operação com o número 4, que na verdade é o 2, sem mostrar a face da carta. Apenas
diga: “Quatro...” e coloque a carta sobre a mesa sem fazer a Arredagem. A última carta, o Ás, é
colo​cada sobre a mesa, também sem mostrar sua face, enquanto você diz: “E cinco...”
Figura 38
Agora vire as cartas, uma a uma, começando pela que todos pensam ser o número 5, e diga:
“Mas, ilogicamente, temos Ás, Dois, Três, Quatro e Cinco.” Mostre que a ordem das cartas foi
invertida.

Considerações
Uma outra forma de apresentação seria pedir ao próprio espectador para colocar as cartas na
mesa no início do efeito, seguindo suas instruções. Como ele não tem conheci​mento da Arredagem, se
seguir corretamente suas instruções, verificará que as cartas ficam na ordem em que foram
colocadas na mesa. Após o espectador verificar que o modo de dar cartas funciona, dê você as cartas
como explicado e, ilo​gi​ca​mente, demonstre que, com a mágica, as cartas fi​cam na ordem in​versa.
Para utilizar este efeito após “Os Elevadores”, durante as reuniões na casa do Roberto,
enquanto discutíamos esse pormenor, surgiu uma ideia que executo vez ou outra, quando apresento
“Os Elevadores” com as cinco cartas. Após terminar aquele efeito, diga que o síndico do prédio
queria arrumar as fichas técnicas dos elevadores. Pegue as 5 cartas, que anteriormente simbolizavam
os elevadores, e use-as para simbolizar as fichas. Invente uma história e execute “Ilógico”, como se
fora uma ar​ru​mação desastrada das fi​chas feita pelo sín​dico.
Sempre vi apresentarem este efeito fazendo a arrumação inicial das cartas de modo oculto ao
espectador, seja embaralhando as cinco cartas de um modo especial, seja apenas escondendo a
colocação do 5 e do 4 entre as demais. Não vejo necessidade disso, uma vez que, como disse acima,
a arrumação e o modo de dar car​tas são per​fei​ta​mente ló​gi​cos sem a utilização da Arredagem.
Uma nova ideia me foi sugerida por Tato Fischer, na madrugada do dia em que ele gentilmente
se propôs a revisar o texto deste livro. Estávamos muito cansados e deixei para redigir o texto no dia
seguinte. Aqui está:
A ideia é preparar dois maços de cinco cartas cada, um de um naipe, Copas por exemplo, para
ser entregue ao espectador, e outro de outro naipe, Espadas talvez, para ficar nas mãos do mágico. O
espectador e o mágico colocariam as cartas sobre a mesa, ambos ao mesmo tempo, formando duas
fileiras de 5 cartas, sendo que o espectador de​ve​ria seguir as instruções do mágico. Ao final, a fileira
formada pelo mágico estaria ilogicamente na ordem inversa, enquanto a fileira formada pelo
espectador, na ordem es​perada. A ideia é ótima. Experi​mente.

Comentários Publicados em “O Valete de Espadas”


Se você gostou do efeito e andou treinando a parte técnica do livro, tente executá-lo usando a
Virada Dupla em lugar da Arredagem. Nesse caso, mude a ordem inicial para Ás, 2, 3, 4 e 5. Para
esta variação, não se pode mostrar à plateia a disposição das cartas, daí a necessidade de se fazer a
arrumação de forma oculta. O mais fácil é, simplesmente, colocar o 5 atrás do Ás e o 4 atrás do 2,
sem que a plateia veja a nova disposição das cartas.
Se preferir, você pode embaralhar as cartas de forma a chegar ao mesmo resultado. Inicie com
a ordem 3, 4, 5, Ás e 2. Faça o Embaralhamento por Deslizamento (Página 96), assim: No primeiro
movimento, puxe o 3 com o polegar esquerdo; no segundo, puxe o 4 e o 2 com os dedos da mão
esquerda; e no terceiro, apenas lar​gue as cartas 5 e Ás.
Com as cartas na ordem 5, Ás, 4, 2 e 3, enquadradas e viradas para baixo, inicie com a Virada
Dupla e mostre a face do Ás. Vire-o e coloque o 5 de face para baixo sobre a mesa, contando:
“Um...”, passe uma carta de cima para baixo e continue assim o efeito...

♥♠♣♦
Super-Memória
Este efeito também aprendi no livro de Harry Lorayne, “Close-Up Card Magic”. Já o
apresentei diversas vezes, e assim alterei alguns detalhes, na apresentação e no “truque”
propria​mente dito.
Falando em detalhes, lembrei-me de Sandro, O Aristocrata da Magia, que está editando um
livro chamado “Detalhes Mágicos”. Não sei se será publicado com esse título, mas, de qualquer
modo, não deixe de lê-lo, se você gosta de mágica.

Efeito e Apresentação
Peça o auxílio de um espectador e dê-lhe o baralho para embaralhar. Ao receber o baralho de
volta, diga que irá tentar decorar a ordem das cartas. Abra o baralho em leque e finja estar se
concentrando naquilo que você se propôs a fazer, mas, na realidade, apenas decore a carta de baixo
ou da boca do baralho. Para exem​plifi​car, di​ga​mos que você tenha decorado o Valete de Espa​das.
Arrume o baralho e coloque-o sobre a mesa, afastando-se para instruir seu auxiliar na
sequência do efeito. Peça-lhe para cortar o baralho em qualquer lugar e memorizar a carta que
estiver na boca da porção cortada. O corte não deverá ser completo. O espectador apenas corta,
levantando uma porção do baralho, vira a mão para cima, a fim de ver a carta da boca do maço, e
de​volve a por​ção sobre a parte infe​rior do ba​ralho que ficou na mesa.
Enquanto isso, você deverá estar afastado o suficiente da mesa, para poder olhar a porção de
cartas levantada pelo espectador e estimar a quantidade de cartas que ele cortou. Leia também o
efeito “Pare!”, onde dou mais dicas sobre estimativas. Digamos que você tenha estimado em
dezessete a quantidade de cartas. Em seguida, deixe que o baralho seja cortado à vontade. Apenas
cortes simples, lógico.
Aproxime-se então da mesa, pegue o baralho e diga que você irá repassar a posição das cartas
para refrescar sua memória. Até esse momento, você não tem como saber coisa alguma sobre a carta
escolhida e, por essa razão, não há nada de errado com seu procedimento. Agora você tem duas
opções para localizar a carta. Co​mecemos pela mais fácil.
Abra o baralho em leque, de modo que apenas você veja as faces das cartas, e procure pelo J♠.
Corte, deixando o J♠ na frente, ou seja, na boca do baralho. Você nada mais fez do que retornar o
bara​lho à situa​ção em que se encontrava no mo​mento da es​colha da carta.
Abra novamente o leque e comece a contar as cartas, a partir da parte superior do baralho, até
chegar à carta que se encontra na décima sétima posição, correspondendo a sua estimativa de
dezessete.
Agora a opção mais difícil, porém melhor, pois você não preci​sará cortar o bara​lho.
Abra o baralho em leque e comece a contar cartas a partir da boca do baralho, até encontrar o
J♠. Digamos que haja trinta cartas antes do J♠. Então, isso significa que o J♠ agora é a vigésima
segunda carta de cima para baixo (pois 52 menos 30, igual a 22). Acrescendo-se vinte e dois a sua
estimativa inicial de dezessete, a carta escolhida deverá estar agora na trigésima nona posição, ou
bem perto dela. Trata-se apenas de usar as informações disponíveis, quantidade estimada e
quantidade total de cartas no baralho, mais a carta guia, para calcular a nova posição estimada da
carta es​colhida.
Para nosso exemplo, digamos que você tenha usado a primeira opção e que o número com que
iremos traba​lhar seja dezessete.
Ainda com o baralho em leque, decore três cartas antes da décima sétima carta, a décima
sétima carta e mais três cartas depois dela. Isso pode parecer difícil, mas o método ensinado por
Lorayne facilita a tarefa. Apenas procure decorar as sete cartas como um número de telefone. Por
exemplo, 25K-A347 (Dois Cinco K, Ás Três Quatro Sete). Não se preocupe com os naipes, pelo
me​nos por en​quanto.
Isso feito, arrume o baralho e coloque-o sobre a mesa, em frente ao espectador, repetindo
mentalmente aquele número de telefone. Pergunte ao espectador qual foi a carta escolhida. Logo que
ele res​ponder, note em que posição ela se en​con​tra em seu nú​mero de tele​fone.
Vamos que ele diga que a carta escolhida tenha sido o 4♣. Sabendo que o Ás é a carta de
número dezessete, você saberá tam​bém que o 4 é a carta de número dezenove.
Afirme que a carta escolhida encontra-se em décimo nono lugar a contar de cima do baralho.
Peça ao espectador que tome do baralho e verifique sua afirmação, contando dezoito cartas sobre a
mesa e olhando a seguinte. Pegue a carta de suas mãos e mostre-a à pla​teia, ter​minando o efeito.

Considerações
Poderá ocorrer de haver cartas de mesmo índice e naipes diferentes na sequência de sete
cartas que você irá decorar. Decore as cartas como explicado e procure observar a ordem dos
naipes. Quando a carta escolhida for nomeada, você deverá se lembrar qual das duas ou três cartas
do número de telefone corresponde àquele naipe.
No momento de perguntar qual foi a carta escolhida, poderá haver alguma surpresa por parte
do espectador, que até aquele mo​mento poderia estar imaginando que você iria adi​vinhar sua carta. A
fim de que ele não reaja com qualquer argumentação, o que poderia fazê-lo esquecer-se do número
de tele​fone, faça a pergunta de modo di​reto e firme, para ser respon​dida de imedia​to.

♥♠♣♦
Um Dia Em Las Vegas
Mais um efeito que aprendi com Harry Lorayne. Mudei apenas a apresentação, adaptando-a a
meu estilo. Trata-se de uma demonstração de Pôquer muito fácil de ser executada, que transmite ao
público uma exímia habi​lidade com o baralho, o que, em ab​so​luto, não é ver​dade.
Esta é uma questão bastante polêmica na mágica. O mágico deve transmitir habilidade ou
mágica a sua plateia? Muitas vezes o mágico se preocupa em executar manipulações exageradas, que
mais se parecem com malabarismos, fazendo com que seus efeitos fiquem muito visuais, porém
quebrando ao mesmo tempo o clima mágico. Mesmo que a manipulação não seja a explicação para
determinado efeito, ao vê-la a plateia pensará: “Puxa, como ele é ágil com as mãos!” e não: “Puxa,
isso só pode ser mágica!” Muitas vezes, Roberto e eu discutimos esse assunto, inclusive em reuniões
com ou​tros ami​gos má​gi​cos.
Explicando melhor: quando o mágico apanha lentamente com a mão direita uma moeda que
estava na esquerda, e depois abre a mão direita, mostrando claramente que a moeda desapareceu,
isso transmite mágica. Porém, se ele joga a moeda rapidamente de uma mão para outra, várias vezes,
até que em de​terminado mo​mento a moeda desapa​rece, isso transmite habilidade.
Apesar de concordar inteiramente com a posição de Roberto de que o mágico deve transmitir
apenas e tão somente mágica, no caso específico do baralho entendo ser possível ocorrerem ambas
as situações.
Explico-me: quando você se senta a uma mesa e se propõe a executar alguns efeitos com
cartas, todos imaginam que você seja uma pessoa acostumada com o baralho e que lide com ele,
embara​lhando, ou cor​tando, ou abrindo um le​que, com a habilidade de um jo​ga​dor.
Pois bem! Este é um efeito que fará com que as pessoas jamais quei​ram jo​gar cartas com você.
A história trata de um jogador de Pôquer que o abordou uma vez em Las Vegas, oferecendo-se
para ensiná-lo a ganhar sempre no jogo de Pôquer. Você pode simplesmente contar a história,
enquanto ilustra os acontecimentos com o baralho. Isso é o que tenho feito até hoje. Entretanto,
ocorreu-me recentemente a ideia de que a história poderia ser encenada pelo mágico e um ajudante
fazendo o papel do jogador, ou apenas pelo mágico. Nesse último caso, o mágico representaria
usando duas cadeiras à mesa, uma para o mágico e uma para o jogador, mudando de cadeira e de voz
para representar os diferentes pa​péis.
Na descrição do efeito, usarei o discurso direto com as respectivas falas. Você deverá fazer as
adaptações ne​cessárias ao modo es​co​lhido para sua apresen​ta​ção.

Efeito e Apresentação
Antes de iniciar, arrume o baralho, deixando as cartas K♠, Q♠, J♠ e 10♠ em cima do baralho.
Faça isso com antece​dência, ou en​quanto ar​ruma as cartas após um efeito an​terior.
· Mágico: “Vou lhes contar uma história curi​osa que aconte​ceu comigo há mui​tos anos, em uma
mesa de jogo em Las Vegas. A noite já havia terminado e eu estava em uma das mesas
brin​cando com o baralho, quando um jo​gador profis​sional sentou-se a meu lado.”
Sente-se à mesa e comece a embaralhar, mantendo a arrumação inicial das quatro cartas em
cima do baralho.
· Jogador: “Com licença. Estive observando-o por algum tempo e notei que sabe lidar com as
car​tas. Gostaria de aprender como ga​nhar sempre no Pôquer?”
· Mágico: “Sim!”
Se você estiver encenando sozinho, ficará muito engraçado mudar de lugar apenas para
res​ponder à per​gunta, voltando ao lu​gar do jo​gador para conti​nuar a fala.
· Jogador: “Empreste-me o baralho. Para ganhar no Pôquer você precisa começar com os
quatro Ases em​baixo do bara​lho an​tes da rodada em que você der cartas.”
O jogador procura rapidamente os quatro Ases, separando-os sobre a mesa e colocando-os sob
o baralho. O A♠ deverá ficar embaixo (na boca) do baralho. Cuidado para não desarrumar o arranjo
da parte de cima.
· Jogador: “Supondo que você esteja jogando com quatro pessoas, você deverá dar as quatro
cartas de cima nor​mal​mente para seus quatro opo​nentes.”
Dê as quatro cartas na mesa, como se estivesse jogando com qua​tro pes​soas.
· Jogador: “Ao dar a primeira carta de sua própria mão, dê na verdade a carta de baixo do
ba​ralho, como se estivesse dando a de cima.”
Nesse momento, procure dar a carta de baixo da melhor forma possível. Afinal, você está
representando um jogador e esta manobra deveria ser-lhe familiar. Se você segura o baralho com a
mão esquerda e dá cartas com a direita, enquanto o polegar esquerdo afasta a carta de cima para dá-
la, o dedo médio e o polegar direitos puxam uma carta de baixo do baralho para dá-la sobre a mesa,
enquanto o polegar esquerdo retorna, arrastando a carta de cima de volta a sua posição inicial. De
qualquer modo, o importante é que a manobra fique clara e bem vi​sível para a plateia.
· Jogador: “Continue a dar cartas, sendo sempre a de ​baixo para você mesmo.”
Continue até a quarta rodada, mantendo sempre as cartas arrumadas, não deixando que sua
or​dem seja alterada.
· Jogador: “Ao dar a quinta rodada, você poderá dar cartas normalmente, pois os quatro Ases
já se en​con​tram em sua mão.”
Dê a quinta rodada normalmente e mostre que os quatro Ases se encontram em sua mão de
jogo. Nesse momento, algumas pessoas da plateia se sentirão frustradas, pois imaginavam que os
Ases não es​tavam lá.
· Jogador: “Entendeu?”
O jogador deixa a mão da Quadra de Ases de face para cima e abandona o resto do baralho
sobre a mesa.
· Mágico: “Sim, entendi, apesar de você não ter me explicado como conseguir com que os
quatro Ases fiquem embaixo do baralho durante o jogo. Entretanto, as pessoas com quem
costumo jogar não são tão fáceis de enganar. Em primeiro lugar, os Ases deverão estar
perdidos no baralho...”
Recolha sua mão, que contém os quatro Ases, e coloque-a de face para baixo sobre o baralho.
Recolha as outras mãos e coloque-as por cima da sua, uma sobre a outra. Na verdade, você deverá
jogar as cartas para cima do baralho, como se a ordem das mesmas não importasse, mas com o
devido cuidado para manter a ordem.
· Mágico: “Além disso, antes de cada rodada, exige-se um em​bara​lha​mento.”
Pegue o baralho, enquadre as cartas e faça o Embaralhamento por Deslizamento (Página 96),
cortando menos que a metade da parte de baixo do baralho e fazendo um deslocamento na primeira
carta deslizada, para marcar a parte originalmente de cima do baralho. Continue a embaralhar o resto
da me​tade cor​tada sobre a carta des​lo​cada.
Em resumo, você não deverá mudar a ordem das primeiras 25 cartas do baralho e a parte
embaralhada deverá estar sobre aquelas 25 car​tas, separada das mesmas por uma carta deslocada.
· Mágico: “Lembre-se também de que nunca é permitido dar cartas sem que antes o baralho
seja de​vidamente cortado. Corte, por fa​vor.”
Coloque o baralho sobre a mesa, com cuidado, para não enquadrar a carta deslocada. O
jogador, ou você mesmo, conforme sua representação, deverá cortar o baralho na carta deslocada.
Isso será facilitado, se você pressionar a parte superior do baralho com o dedo médio, enquanto o
polegar entra por baixo da carta deslocada e levanta toda a porção de cartas acima dela, incluindo-a.
Corte o ba​ralho da forma mais clara possível.
· Mágico: “E mais! As pessoas com quem jogo nunca se deixariam enganar por uma carta dada
de baixo do baralho e, assim, eu tenho que dar cartas de cima e da maneira mais honesta
possí​vel.”
Dê as 5 mãos de Pôquer normalmente sobre a mesa, sendo a última mão para você mesmo.
Faça a distribuição de modo suave e seguro, mostrando claramente que você está dando cartas de
cima do ba​ralho e sem qualquer sub​ter​fúgio.
· Mágico: “E eu ainda gosto de saber com quem es​tou jo​gando. Este jo​ga​dor, por exemplo, tem
um par de Reis, este outro poderá tentar uma sequência, o terceiro tem uma trinca e o último
não tem jogo ne​nhum.”
Vá virando as mãos de seus oponentes de face para cima, sobre a mesa, fazendo os
comentários que puder sobre cada uma das mãos de Pôquer. Você, na verdade, não tem controle
sobre estas mãos, mas os jogos que surgirem por acaso serão creditados a sua habilidade com as
cartas.
Ao virar a quarta mão, faça uma pequena pausa antes da fala do jogador.
· Jogador: “Mas eu estou vendo aqui na mesa três dos quatro Ases do baralho. Então, se você
tem uma qua​dra de Ases, está jogando com sete Ases, o que não me parece muito ho​nesto.”
· Mágico: “Acontece que, quando eu jogo, prefiro ter a certeza de ganhar sempre e, por isso,
reservei para mim o maior jogo possível, um Royal Straight Flush de Espadas.”
Vire sua mão sobre a mesa, mostrando a se​quência má​xima em Espadas.
Considerações
Se você conhece o jogo de Pôquer, acredito que apreciará bastante este efeito. Se não conhece
e mesmo assim gostar do efeito, sugiro que leia alguma coisa sobre o jogo, para que seus
comentá​rios se​jam mais realísti​cos.
O efeito realmente não é difícil, apesar de sua apresentação ser um pouco longa. Você deverá
executá-lo para pessoas que gostem de jogo e para as quais já tenha demonstrado alguns outros
efei​tos má​gi​cos.

Novas Considerações
Se quiser controlar os jogos que aparecem nas outras mãos, prepare-os com antecedência. Uma
quadra de Oito, por exemplo, colocada em seguida às cartas K♠, Q♠, J♠ e 10♠, em cima do baralho,
será distribuída pelas quatro primeiras mãos, mas aparecerá completa em uma das mãos da segunda
rodada.

♥♠♣♦
II
O Fim
Recomendações
· 1. Prática
· 2. Mais Prática
· 3. Ainda Mais Prática

♥♠♣♦
III
O Início
Passes Necessários
Na maioria dos efeitos deste livro, você poderá usar seus próprios passes preferidos, a fim de
atingir os mesmos objetivos, em lugar daqueles por mim sugeridos. Entretanto, para que o livro seja
completo, e visando principalmente o iniciante, que muitas vezes nem sequer conhece um
determinado passe, quanto mais um passe preferido, foi que decidi incluir um capítulo com pelo
menos uma forma de se ex​ecutar cada um dos passes neces​sários.
Quando algum passe ou movimento for necessário para apenas um efeito específico, então sua
explica​ção foi incluída na própria des​cri​ção do efeito.
Apesar de achar que as pessoas que compraram este livro têm algum conhecimento de baralho
e, consequentemente, sabem como embaralhar, achei melhor incluir as explicações de cada tipo de
emba​ra​lha​mento, assim como os modos mais comuns de con​trole e de em​ba​ralha​mento em falso.
Controlar uma ou mais cartas significa saber exatamente sua posição no baralho ou deixá-la(s)
na posição necessá​ria para a conti​nui​dade de de​terminado efeito.
Embaralhar em falso significa manter intacta a ordem das cartas da parte de cima do baralho,
ou da parte de baixo, ou mesmo de todo o ba​ra​lho.
Embaralhamentos
Seguem-se as explicações dos emba​ra​lha​mentos mais usados por mágicos e jogadores.

Embaralhamento Hindu

Figura 39
Segure o baralho pelos cantos inferiores com os dedos médio e polegar da mão direita.
Aproxime a mão esquerda, aberta com a palma para cima, da mão direita, até que o baralho pouse de
face para baixo na palma da mão es​querda (Figura 39).
Com os dedos médio e polegar da mão esquerda, apanhe um pequeno monte de cartas de cima
do baralho. Afaste as mãos, segurando o pequeno monte com a esquerda, até que ele se separe
comple​ta​mente do baralho e fi​que livre para cair na palma da mão es​querda.
Aproxime as mãos, encostando as cartas da mão direita no dedo indicador esquerdo, por cima
das cartas que lá ficaram, para permitir a re​pe​tição do movimento.
Continue a repetir esse movimento com pequenos montes de cartas, até que o baralho esteja
todo depositado na mão esquerda. Os demais dedos da mão esquerda deverão ajudar a manter juntas
as car​tas pou​sadas em sua palma.

Figura 40
Se for necessário continuar o embaralhamento, apanhe o baralho novamente com a mão direita
e repita todo o pro​cesso.
Controle com Embaralhamento Hindu
Normalmente utiliza-se este embaralhamento com o obje​tivo de deixar em cima do baralho uma
carta esco​lhida e devolvida ao ba​ra​lho pelo es​pectador.
Após haver sido escolhida uma carta, inicie o embaralhamento e peça ao espectador para
colocar a carta escolhida, de face para baixo, sobre as cartas que são deixadas na palma da mão
esquerda. Não pare de embaralhar até o momento em que ele aproximar sua mão para devolver a
carta. Embaralhe poucas cartas de cada vez, para não terminar antes; se isso ocorrer, inicie um novo
emba​ra​lhamento.
Logo que ele fizer o que você pediu, continue a embaralhar, porém, na primeira vez em que as
mãos se aproximarem para retirar mais um pequeno monte de cartas de cima do monte da mão
direita, pegue, ao mesmo tempo, com as pontas dos dedos médio e polegar da mão direita, um
pequeno monte de cima das cartas que repousam sobre a palma da mão esquerda (a carta escolhida
deverá es​tar so​bre este pe​queno monte) (Figura 40).
Evite que esse monte se misture com o resto do baralho na mão direita, deixando um pequeno
es​paço aber​to entre a carta esco​lhida e o restante do baralho.
Continue a embaralhar, até que a mão esquerda retire todas as cartas que estiverem acima da
carta escolhida. As mãos se aproximam pela última vez e a mão direita larga todo o resto das cartas,
dei​xando a escolhida em cima do ba​ralho na mão es​querda, ter​mi​nando as​sim o em​baralhamento.

Embaralhamento Hindu em Falso


Para manter intacta a parte de cima do baralho
Logo após soltar o primeiro monte de cima do baralho na mão esquerda, e na segunda vez em
que as mãos se aproximarem para retirar mais um pequeno monte de cartas, pegue, ao mesmo tempo,
como explicado no controle anterior, um pequeno monte de cima das cartas que estão na mão
esquerda, tantas quantas forem necessárias, e mantenha-as separadas do resto do baralho. Esse monte
será co​lo​cado por último so​bre o baralho.

Para manter intacta a parte de baixo do baralho


Inicie o embaralhamento, retirando com a mão esquerda uma porção da parte de baixo do
baralho da mão direita, deixando na palma esquerda tantas cartas quantas forem necessárias, e
embara​lhe o res​tante das cartas normalmente para cima da​quele monte.

Embaralhamento por Deslizamento (Overhand Shuffle)


Figura 41
Deixe o baralho pousado por um de seus lados maiores na palma da mão esquerda, com a face
voltada para os dedos da mesma mão. Segure o baralho pelos lados menores, com os dedos médio e
po​legar da mão direita.
Com o polegar da mão esquerda, separe um pequeno monte de cartas de cima do baralho.
Levante a mão direita com o restante do baralho, até que os montes se separem completamente
(Figura 41).
Continue a repetir esse movimento, deslizando pequenos montes de cartas, de modo que cada
um caia sobre o anterior, até que todo o ba​ralho es​teja de​posi​tado na mão esquerda.

Controle com Embaralhamento por Des​li​za​mento

Figura 42
Figura 43
Este embaralhamento atende a diversos objetivos, sendo muito semelhante ao Embaralhamento
Hindu, porém mais versá​til.
Após haver sido escolhida uma carta, inicie o embaralhamento, pare e peça ao espectador para
colocar a carta escolhida, de face para baixo, sobre as cartas que já se encontram na palma da mão
es​querda.

Figura 44
Logo que ele fizer o que você pediu, continue a embaralhar, porém, na próxima vez em que as
mãos se aproximarem para retirar mais um pequeno monte de cartas, mova sua mão direita um ou
dois centímetros na direção de seu corpo e retire apenas uma carta da mão direita, deixando-a sobre
a carta escolhida, que se encontra sobre as cartas da mão esquerda, mas de forma a ficar um pouco
deslo​cada das de​mais (injog), cerca de um cen​tímetro na di​reção de seu corpo (Figura 42).
Volte a mão direita à posição inicial e continue o movimento de deslizamento, até que a mão
di​reita fique vazia. A carta deslo​cada mar​cará a posi​ção da carta esco​lhida (Figura 43).
As mãos se aproximam para embaralhar novamente, e o polegar da mão direita pressiona a
parte deslocada da carta que se encontra sobre a escolhida, levantando assim todo o baralho, mas
dei​xando uma sepa​ração entre a carta deslocada e a carta es​co​lhida (Figura 44).
Continue a embaralhar, até chegar àquela separação, e então jogue todas as cartas que
so​braram na mão di​reita sobre as cartas da es​querda, deixando a carta esco​lhida sobre o baralho.
Caso você deseje que a carta escolhida fique embaixo do baralho, basta embaralhar
novamente, fazendo com que, na primeira passagem, a mão esquerda leve apenas a carta de cima do
baralho. As de​mais cartas se​rão deposi​ta​das sobre ela.

Embaralhamento por Deslizamento em Falso


Para manter intacta a parte de cima do baralho, logo após deixar o primeiro monte de cima do
baralho na mão esquerda, e assim que as mãos se aproximarem novamente, faça o deslocamento
(injog) com a carta seguinte, como explicado no controle anterior. Continue a embaralhar as demais
cartas, até que a mão direita fique vazia. A carta deslocada marcará a parte originalmente de cima do
baralho. Em seguida, embaralhe novamente, até a separação, terminando por jogar todas as cartas da
mão direita sobre as da esquerda.
Para manter intacta a parte de baixo do baralho, inicie o embaralhamento, retendo, com a mão
esquerda, uma pequena porção do baralho da mão direita, porém da parte de baixo, tantas cartas
quantas forem necessárias, e continue a embaralhar normalmente o restante das cartas para cima
da​quele monte.

Embaralhamento à Americana (Riffle Shu​ffle)


Este é o embaralhamento preferido pelos jogadores. Coloque o baralho sobre a mesa, deixando
seu lado maior paralelo com a borda da mesa. Divida o baralho em dois, colocando uma metade
contra a outra pelo lado menor do baralho. Coloque cada uma de suas mãos sobre cada metade, de
forma que os polegares fiquem apoiados no canto interno de cada metade mais próxima a você, os
dedos indicadores fiquem apoiados nas costas de cada metade, perto dos polegares, e os dedos
médios, anulares e mínimos, apoiados contra as metades pelo lado maior de fora de cada metade
(Figura 45).

Figura 45
Figura 46
Levante os cantos internos com os polegares, entortando um pouco cada uma das metades com
uma leve pressão dos dedos indicadores. Vire um pouco as mãos para fora, fazendo com que os
montes for​mem um angulo de 45º.
Comece a soltar as cartas de cada metade com os polegares, de maneira que elas venham a se
intercalar pelas pontas. Regule a pressão dos polegares, para que as cartas caiam alternadamente e
mais ou menos com a mesma velocidade (Figura 46).
Quando todas as cartas forem intercaladas, empurre cada metade, uma contra a outra, com os
dedos médios e anulares, até que o baralho fique totalmente alinhado. Os dedos indicadores e os
pole​ga​res ajudam a dirigir as cartas, para que se enquadrem (Figura 47).

Figura 47

Controle com Embaralhamento à Americana


Este embaralhamento não é usado para controle de carta escolhida e devolvida ao baralho,
pois a forma como é feito não permite que o espectador possa simplesmente devolver uma carta ao
baralho durante a mistura. O que se faz, normalmente, é controlar a carta para a posição desejada por
ou​tros métodos e, só então, em​ba​ra​lhar em falso à Ameri​cana.

Embaralhamento à Americana em Falso


Para manter intacta a parte de cima ou de baixo do baralho, basta observar qual das duas
metades contém a parte que se quer controlar, e embaralhar as cartas, controlando a parte desejada
com o res​pec​tivo pole​gar.
Caso esteja controlando a parte de cima, primeiro termine o embaralhamento, para depois
soltar as cartas de cima.
Caso esteja controlando a parte de baixo, inicie o embaralhamento soltando primeiro as cartas
de baixo.

Embaralhamento Faro
O Embaralhamento Faro assemelha-se ao embaralhamento à Americana. A diferença está no
modo de segurar as cartas e no fato de que, no Faro, as cartas não são misturadas aleatoriamente, mas
precisamente intercaladas, uma a uma. Isso possibilita a execução de efeitos muito interessantes, de
método matemático, porém completamente disfarçado pelo Faro, que, para os leigos, é um
em​bara​lhamento como ou​tro qualquer.
Para se ter uma ideia, saiba que, se você misturar Faro um baralho de 52 cartas, oito vezes em
se​guida, o ba​ra​lho estará exata​mente na mesma or​dem em que es​tava antes do primeiro Faro.
É praticamente impossível explicar este embaralhamento por meio de palavras ou desenhos.
Você deverá tentar muitas vezes e, quando estiver quase desistindo, aproximadamente às cinco horas
da manhã de um belo dia de Sol, num futuro distante, conseguirá o Faro, sem nem mesmo saber como
o fez.
Trata-se de conseguir o ajuste micrométrico e a pressão exata das mãos, a fim de que as cartas
in​tercalem-se sozi​nhas, de uma forma quase mágica.
Em todo caso, segue a devida explicação. Posso apenas desejar-lhe boa sorte e lhe garantir
que, se você perseve​rar o sufici​ente, es​tará fazendo o Faro quando me​nos espe​rar.
Segure o baralho com os dedos polegar e médio da mão esquerda, pelos lados maiores, e com
a face vol​tada para a palma da mão.

Figura 48

Figura 49
Aproxime a mão direita com a palma voltada para o baralho e, com os dedos polegar e médio
da mão direita, corte o baralho exatamente ao meio, 26 cartas para cada lado. Isso é mais fácil do
que parece, pois, quando se erra por apenas uma carta que seja, a diferença entre os dois montes
passa a ser de duas cartas, ficando 25 cartas de um lado e 27 do outro, o que pode ser facilmente
verificado pela visão, após alguma prática. Além disso, você pode afastar um pouco a mão direita
para a direção de seu corpo, encostar as pontas das duas metades e comparar suas espessuras. Caso
haja diferença, retorne a mão direita à posição inicial e passe cartas de um monte a outro, conforme
neces​sá​rio, e volte a com​pa​rar, até que ambas as metades este​jam iguais.
Isso feito, aproxime as pontas do baralho, como fez antes, para comparar as espessuras. O
dedo indicador esquerdo fica apoiado no lado menor externo da metade que se encontra na mão
esquerda, e o dedo mínimo direito, apoiado no lado menor externo da metade que se encontra na
direita, ambos com a fi​na​li​dade de manter as car​tas per​feitamente ali​nhadas (Figura 48).

Figura 50
A ponta do indicador direito fica apoiada, ao mesmo tempo, nos lados menores dos dois
montes que se encontram, tendo fundamental importância no ajuste das cartas e na pressão que será
exercida so​bre elas (Figura 49).
Agora, respire profundamente e inicie uma pequena pressão de uma metade contra a outra,
ajustando ao mesmo tempo a posição das cartas, com as mãos e com o auxílio do indicador direito,
até que elas co​mecem a se in​tercalar. Aqui reside o pro​blema.
No início será difícil. Depois de algumas tentativas, será ainda mais difícil. Você então
conseguirá que as cartas se intercalem, porém não precisamente uma a uma, e talvez venha até mesmo
a estragar algumas cartas. Procure treinar com um baralho usado, mas em boas condições, até pegar a
ideia do Faro. Depois, passe a treinar com um bom baralho. Continue tentando, até conseguir uma
in​ter​cala​ção suave e pre​cisa (Figura 50).
No Faro perfeito, as cartas não devem ser dani​fi​cadas e quase ne​nhuma força deve ser aplicada
a elas para que se interca​lem.
Ao terminar esse último movimento, as cartas já deverão estar intercaladas e sobrepondo-se,
nas pontas, até um centímetro aproximadamente. Se deve ou não enquadrar todo o baralho,
de​penderá do efeito que esti​ver realizando.
Boa sorte. Quem disse que era fácil?

♥♠♣♦
Cortes
Agora, algo para os pobres mortais, porque ninguém é de ferro. O corte é bastante conhecido
pelas pessoas que usam o baralho. Mas um fato desconhecido pela maioria das pessoas, leigos
principalmente, porém bastante utilizado na mágica, é que o corte não altera a ordem sequencial das
cartas.
Se você colocar um baralho numa determinada ordem, ele poderá ser cortado à vontade, mas
bastará cortá-lo novamente na carta que inicialmente estava por cima, para que tudo volte a ser como
dan​tes na terra de Abran​tes.

Corte Simples
Trata-se apenas de separar uma porção de cima do baralho, colocá-la sobre a mesa, e apanhar
a metade originalmente inferior e colocá-la sobre a metade originalmente superior, completando
as​sim o corte.

Controle com Corte


Um exemplo de corte aplicado ao controle de uma carta pode ser dado usando-se parte do
controle com Embaralhamento por Deslizamento. Após haver marcado a posição da carta escolhida
com a carta deslocada, deixe o baralho sobre a palma da mão esquerda estendida, e simplesmente
corte-o, levantando todas as cartas que estiverem sobre a carta deslocada, inclusive ela mesma.
Com​plete o corte e a carta esco​lhida estará em cima.

Falso Corte
Muitas vezes, depois de arrumar o baralho ou controlar uma ou diversas cartas para uma
posição específica, o mágico sente que um corte no baralho seria ideal para desviar qualquer
possível suspeita da plateia. Para tanto, corta o baralho em falso, ou seja, após o corte, o baralho
permanece na mesma posição em que se encontrava antes do corte.

Primeiro Método
Pegue o baralho na mão esquerda, na posição de dar cartas, e levante com a mão direita
aproxi​mada​mente me​tade do baralho.
Coloque esta metade sobre a mesa. Volte com a mão direita vazia e apanhe a metade inferior,
que ficou na mão esquerda. Coloque-a sobre a mesa, ao lado esquerdo da primeira metade. Com a
mão di​reita, pe​gue a me​tade do lado direito e colo​que-a sobre a metade do lado es​querdo.
Figura 51

Figura 52

Segundo Método
Este método é um pouco mais difícil do que o anterior. Segure o baralho com a mão esquerda
na posição de dar cartas ou, se preferir, na mesma posição utilizada para o Embaralhamento Hindu.
Aproxime a mão direita e retire uma porção inferior do baralho com os dedos polegar e médio
direitos. O dedo indicador esquerdo pode ajudar, separando e empurrando uma porção do baralho na
direção de seu corpo (Figura 51).
Sem interromper os movimentos, afaste a mão direita, levando a metade inferior do baralho
para a mesa. A mão direita, vazia, volta a se aproximar da mão esquerda, para apanhar o resto do
baralho e co​locá-lo sobre a porção que se encontra sobre a mesa (Figura 52).
Pronto. O baralho continua na mesma ordem. Jamais duvide da eficácia desses passes, apesar
de sua sim​plicidade. Ex​peri​mente-os e sur​preenda-se!

♥♠♣♦
Floreios
Os floreios são movimentos destinados ao manuseio do baralho e utilizados para exibir as
car​tas de um modo agradável e prá​tico.

Faixas
Na mão
Coloque o baralho sobre a palma da mão esquerda, na posição de dar cartas. Com a ajuda do
polegar da mão esquerda, empurre as cartas de cima do baralho para a direita. A mão direita fica na
posição simé​trica, para ir rece​bendo as cartas, agrupando-as em um novo monte (Figura 53).
Desse modo, pode-se mostrar todo o ba​ra​lho, carta por carta.

Na mesa
Coloque o baralho sobre a mesa, apoiando o dedo médio da mão direita no lado menor externo
das cartas e o polegar no lado menor interno. Pressione o dedo indicador sobre o lado maior
es​querdo do ba​ra​lho. Inicie um movi​mento da mão para a di​reita, le​vando junto o ba​ralho.
Enquanto se movimenta, o dedo indicador vai soltando cartas de baixo do baralho, formando
uma faixa sobre a mesa (Figura 54).

Figura 53

Figura 54
Para recolher a faixa, deixe o dedo indicador direito apoiado na carta de cima do baralho.
Coloque os dedos da mão esquerda sob a carta de baixo do baralho e inicie um movimento da mão
es​querda em di​reção à direita, ajuntando as cartas, que terminarão ar​rumadas na esquerda.
Experimente também fazer a faixa da direita para a esquerda, deixando os índices em posição
de melhor visibilidade para a plateia.

Leques
Segure o baralho com a mão esquerda, tendo o polegar na frente, no canto inferior esquerdo, e
os demais dedos atrás (Figura 55).
Apoie o polegar da mão direita no lado maior esquerdo do baralho. Inicie um movimento para
a direita e para baixo, levando junto o baralho. Enquanto movimenta-se, o polegar vai soltando
cartas de baixo do baralho, formando um leque na mão esquerda. O mesmo pode ser feito com os
dedos indicador e médio direitos em vez do pole​gar.

Figura 55

♥♠♣♦
Outros Passes
A seguir, são explicados alguns passes básicos, necessá​rios para se realizar muitos efeitos com
o baralho.

Empunhadura (Mechanical Grip)


A Empunhadura (Mechanical Grip) do baralho destina-se a proporcionar uma maneira prática
e adequada de segurar as cartas, para manuseá-las e também para realizar passes e movimentos
se​cre​tos.

Figura 56
Estenda a mão esquerda para a frente, de palma para cima, com os mús​cu​los relaxados, ficando
os dedos ligeiramente curvados para dentro. Com a mão direita, coloque o baralho de face para
baixo sobre a palma esquerda, de modo que seus dedos médio, anular e mínimo fiquem do lado
maior direito do ba​ra​lho (Figura 56).
Procure fechar os dedos da mão esquerda sobre o baralho, em direção à base do polegar, para
manter as cartas alinhadas e seguras. O polegar deverá ficar livre, e o indicador apoiado no lado
me​nor do ba​ra​lho mais afastado do corpo.
A mão esquerda deverá manter-se com os músculos relaxados e os dedos curvados para
dentro, formando uma espécie de caixa, onde repousará o baralho. De fato, qualquer movimento
brusco do braço esquerdo, causado por um fator externo, como o empurrão de alguém, deveria
produzir a queda do ba​ra​lho.

Comentários
É muito difícil explicar essa posição por meio de palavras. Você deverá "sentir" o baralho em
sua mão es​querda, até en​contrar a po​si​ção adequada para sua mão.
Note que o dedo mínimo, no canto inferior direito do baralho, está na posição ideal para
rea​lizar uma Separa​ção (break) entre uma ou mais cartas e o restante do baralho. O polegar, no canto
superior esquerdo, poderá fazer um contagem de cartas, exercendo uma pressão de cima para baixo
naquele canto, soltando a quantidade de cartas desejada. Poderá, ainda, deslizar a carta de cima para
a di​reita, pre​pa​rando-se para dá-la com a mão direita.
Chama-se Mechanical Grip porque é a posição utilizada pelos jogadores trapaceiros, com o
objetivo de dar cartas em falso (dar a segunda, dar a do meio ou dar a de baixo do baralho),
fa​vore​cendo-se nos jo​gos. Tex​tu​almente, si​gni​fica a posi​ção do me​cânico ao segurar fer​ra​men​tas.
Para a descrição acima, contei com a ajuda inestimável de meu amigo Roberto. Parece
simples, mas descrever o modo de segurar cartas é tão complexo que repetimos esta descrição por
di​versas vezes, até che​gar a esta versão, que consideramos ade​quada.

Arredagem (Glide)
Este passe destina-se a substituir uma carta por outra, sem o co​nhecimento da plateia.
Pegue o baralho com a mão esquerda, tendo o polegar em um dos lados maiores e os demais
dedos no outro lado, com as costas do ba​ra​lho con​tra a palma da mão (Figura 57).

Figura 57
Vire a mão esquerda para cima, mostrando a carta de baixo do baralho, o 2 de Paus, por
exemplo. Vire a mão esquerda para baixo, ficando o baralho de face para baixo. Enquanto vira a mão
para baixo, deslize o 2♣ um pouco para trás, com o auxílio da ponta do dedo mé​dio esquerdo (Figura
58).

Ao mesmo tempo, a mão direita aproxima-se, de palma para cima, e coloca a ponta do dedo
médio embaixo do baralho, para retirar a carta que se encontra atrás do 2♣, que, suponhamos, seja o
8 de Es​pa​das (Figura 59).
Retire o 8♠ totalmente do baralho e coloque-o de face para baixo sobre a mesa. A plateia terá a
certeza de que o 2♣ é a carta que se encontra na mesa. A continuação dependerá do efeito que você
estiver apresentando. Normalmente, você deverá, em seguida, enquadrar a carta arredada e, se
possível, cortar o baralho.
Figura 58
Figura 59

Virada Dupla (Double Turnover, Double Lift)


A Virada Dupla destina-se a virar duas cartas de cima de um baralho ou de cima de uma
porção de cartas, como se fossem apenas uma. O resultado final é a troca de uma carta por outra,
como no caso da Arredagem. Segure o baralho na mão esquerda, na posição de dar cartas, e inicie a
prepara​ção.

Primeiro Método
Aproxime a mão direita, com a palma voltada para seu lado esquerdo, e encoste a segunda
falange do dedo médio um pouco abaixo do meio do lado direito da primeira carta, exercendo sobre
ela uma leve pressão, para le​vantá-la apro​ximadamente meio centí​me​tro do baralho (Figura 60).

Figura 60
Figura 61
Enquanto isso, com a primeira falange, comece a levantar também a carta seguinte, soltando a
primeira, de tal forma que caia sobre a segunda. Passe a levantar as duas juntas, com a primeira
falange, fazendo uma pequena pressão em direção à base do polegar esquerdo, para mantê-las juntas
e ali​nhadas.
Nesse ponto, está terminada a preparação. Pegue as duas cartas com o auxílio do polegar
direito, por cima (Figura 61).
Afaste do baralho a mão direita, segurando as duas cartas, até que elas se encostem nas pontas
dos dedos médio e anular da mão esquerda e se encontrem com o lado direito do baralho, formando
um vértice. Vire as cartas para o lado esquerdo, como as páginas de um livro, soltando-as, para que
caiam na​tu​ral​mente sobre o baralho, vira​das e de forma ali​nhada, como se fossem uma só carta.

Figura 62

Segundo Método
Aproxime a mão direita, com a palma voltada para baixo, e encoste a ponta do polegar direito
no lado menor da primeira carta, o mais próximo de você, fazendo uma leve pressão sobre ela, para
le​vantá-la aproximadamente meio centímetro do baralho (Figura 62).
Enquanto levanta a primeira carta, mude a inclinação do polegar direito e comece a levantar
também a segunda carta, soltando a primeira, de modo que caia sobre a segunda. Passe a levantar as
duas juntas, com o polegar, fazendo uma leve pressão para a frente, para manter as cartas juntas e
alinhadas. Nesse momento está terminada a preparação. Pegue as duas cartas, por baixo, com o
auxílio do polegar di​reito (Figura 63).
Afaste a mão direita do baralho, segurando as duas cartas. Vire a palma da mão para cima, a
fim de mostrar a face da carta de baixo. Abaixe a mão e solte as cartas sobre o baralho, viradas e de
forma alinhada, como se fossem uma só carta. Os dedos da mão esquerda ajudam a manter as cartas
enquadradas.

Figura 63

Considerações
Este passe pode ser executado com as cartas de face para cima ou para baixo, dependendo do
efeito em que for utilizado.
Embora a explicação seja extensa, leva-se o mesmo tempo necessário para virar uma só carta
de cima do ba​ralho, e deve ser exe​cu​tado de forma displicente e na​tu​ral.
Estas são apenas duas das formas possíveis de se executar a Virada Dupla. Como você deverá
sempre virar uma única carta do mesmo modo, como se estivesse fazendo o passe, o ideal seria
en​con​trar um passe que ser​visse para sua própria vi​rada de uma carta.
Note ainda que, após uma Virada Dupla, mostrando, por exemplo, a segunda carta como se
fosse a primeira, normalmente você deverá executar outra Virada Dupla, para desvirar a carta
mos​trada. Nesse caso, como am​bas as cartas estão de face para cima em posição con​trá​ria às demais,
a preparação do passe fica facilitada pela separação natural das cartas, em virtude da sutil
con​cavi​dade en​contrada na mai​oria dos ba​ralhos.
Durante a preparação, a atenção da plateia deve ser desviada do baralho por meio de algum
comentário feito por você. Nessa altura do livro, você já deverá ter notado que não só de técnica e
literatura vive o mágico. Esse comentário que você faz é uma coisinha conhecida como misdirection,
que funciona como um “olha o passarinho”, para que, enquanto a pessoa estiver olhando (o
passarinho), você apro​veite para tirar o elefante do palco...
♥♠♣♦

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