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MEU LIVRO

DE

MAGICAS
a

Panis. — JasLonskt, Voor e Cia, 15, ruc d’lauleville.


POR

ses
Reged
sf %

RIO DE JANEIRO
NA LIVRARIA DA VIUVA AZEVEDO & Cia, EDITORES
33, RUA URUGUAYANA, 33
PROLOGO

Meus amiguinhos,

Este livro aguçará a vossa curiosidade in-


faniil.
Lendo-o e praticando o que nelle colleccionei,
desenvolvereis a vossa intelligencia, a vossa
perspicacia e a vossa sociabilidade.
Qual de vós deixará de apreciar uma bella
magica, uma ligeira pelotica? Qual não se
ufanará de pratical-a?
Aqui encontrareis varias magicas ao vosso
alcance, exercicios mentaes muito faceis, cons-
trucções que pedem habilidade, combinações
pacientes e divertidas, experiencias scientificas
de bom efeito, illusões da vista, do tacto, do
ouvido, exercicios de desenho linear e carto-
nagem.
6 MEU LIVRO DE MAGICAS

Vossos queridos paes poderão explicar-vos as


causas de algumas dessas recreações, iniciando-
vos no estudo da sciencia e habituando-vos a
reflectir e a raciocinar.
Sabedores de todos os segredos que este livro
encerra, podereis passar horas agradaveis, diver-
lindo vossos amigos e companheiros, á seme-
lhança de um pequeno Hermann. Í
Convencido de que « Meu livro de Magicas ».
vos será util
vol-o offerece
O Autor.
Rio, 1899.
MEU LIVRO DE MAGICAS 7

NO NECESSARIA

Para que sejaes um magico ás direilas, nunca


devereis deixar a vossa

VARINHA DE CONDÃO

que deve ter dous palmos de comprimento e a grossura


do vosso dedo minimo. Poderá ser feita de frécha
commum, que pintareis de preto, prateando as exlre-
midades com pedaços de platina. :
Todas as magicas e exercicios do « Meu livro de
Magicas » não necessitam de apparelhos complicados.
O vosso arsenal, quasi completo, constará de :
Um punhado de tentos,
Um lapis,
Papel branco,
Cartões usados,
Uma tesoura,
Um compasso,
Uma régoa,
Um pedaço de giz,
Um baralho de cartas.
Com esses elementos podereis começar o trabalho.
TENTOS ©
ia
Tentos

Par ou impar?

Exposição. — Tendes aqui dous grupos de


tentos : um de 13 e outro de 12 tentos. Peço-
vos que tomeis cada um desses grupos em
vossas mãos occultamente e proponho-me a
adivinhar qual a mão que encerra o grupo par
e qual a que tem o grupo impar de tentos.
Volto-me de costas para que possaes tomar
livremente os dous grupos.
Explicação. — Mandae que a pessôa que
toma os tentos, multiplique os que tem na mão
direita por 3 e os que lem na mão esquerda
por 2 e somme os dous productos. Perguntae a
somma obtida e si ella fôr par, a mão esquerda
é que tem o grupo impar e a direita o par; si
a somma fôr impar, o grupo par estará na
mão esquerda e o impar na direita.
12 MEU LIVRO DE MÁGICAS

Calculo. —
Mão esquerda Mão direita
Tentos 12 Tentos 13
2 3
2 39
24439-683. Como o nº 63 é impar, o
grupo par está na mão esquerda e o impar na
direita.
Mão esquerda Mão direita
Tentos 13 Tentos 12
2 3
26° 36
26-+-36=62. Como 62 é numero par, o
grupo impar está na mão esquerda, e o par na
direita.
oo —

Pergunta infantil.

Exposição. — De tres tentos postos em linha


sobre a mesa, como se tirará o do meio sem
nelle tocar?
Eil-os.
w
Om

On

O
MEU LIVRO DE MÁGICAS 13

Explicação, — Basta que passeis o tento


nº 1 para depois do de nº3; ou o de nº 3 para
antes do 1º: o de nº2 já não ficará no meio,
mas do lado.

On

ou
Ow

on

O Signo de Salomão.

Exposição. — Vou traçar neste papel com o


meu lapis um signo de Salomão :

Eil-o traçado : as cinco pontas com as cinco


14 MEU LIVRO DE MÁGICAS

intersecções das linhas prefazem dez pontos,


que cu accentúo. Eis aqui agora nove lentos.
Sereis capaz de preencher nove desses pontos
com os nove tentos, contando qm, dous, tres €
marcando o terceiro, sem nunca começar o
numero um por um ponto já occupado?
Difficilmente o fareis.
Explicação. — Basta que se preencha sempre
a casa de onde se começa a contar o numero
um.

zer apparecerem tres tentos em


lugar de dous.
Exposição. — Com estes quatro tentos vou
mostrar a minha habilidade. Qualquer dos
senhores me fará o obsequio de pôr na pal-
ma de cada uma de minhas mãos um tento :
ficarão dous sobre a mesa. Fecharei agora
as mãos e peço-vos que colloqueis cada um
delles sobre os dedos de uma e de outra. Bem
vêdes que cada mão encerra dous tentos, um
occulto e outro á mostra. Deixo, voltando as
mãos para baixo, cahirem os dous tentos, que
estavam sobre os dedos, na mesa e tapando-os
com as mãos em concha farei que electrica-
MEU LIVRO DE MÁGICAS 15

mente um tento passe de uma para outra mão.


Prompto. Acaso o vistes passar? Levanto as
mãos : aqui estão tres e ali só se acha um.
Explicação. — Ao voltarem-se as costas das
mãos para cima, deixão-se cahir os dous ten-
tos da mão esquerda, fazendo escorregar para
dentro da mão direita o tento que está sobre
os dedos. Com esse manejo, uma das mãos
ficará vazia e a outra com dous tentos. Collo-
cando a mão em concha sobre os que estão
na mesa, apparecerão tres tentos de um lado
e dous do outro.

Calcular quantos tentos ficam sobre


a mesa.
Exposição. — Vou me voltar de costas e
peço a um dos Srs. que ponha sobre a mesa
dous grupos de tentos, observando que o
2º tenha mais tres tentos do que o 1º. Pedirei
que tire um certo numero de tentos ao 1º grupo;
em seguida que tire do 2º tantos quantos fica-
ram no 1ºe ainda que tire todo o 1º grupo.
Depois destas operações direi quantos tentos
ficam na mesa.
16 MEU LIVRO DE MAGICAS

Explicação. — O artifício está em accrescen-


tar 3 ao numero que se mandou tirar ao
1º grupo. Dá sempre certo.
Calculo. —
1º grupo 2º grupo
Sete tentos Dez tentos.
Tirem-se ao 1º grupo 4 tentos (ficam 3).
= ao 2º — — tantos quantos ficaram
no 1° (10 —3=7); ficam 7.
Tire-se todo o 1º grupo.
Como se mandou tirar no principio 4 tentos,
reuna-se a estes o numero constante 3 e vem:
4+3=7 tentos que devem ficar sobre a
mesa.
CALCULO MENTAL ~
A
Calculo mental

Calcular todo o resto de uma


subtracção feita por alguem, sendo
dado um só algarismo do resto.

Exposição. — Tende a gentileza de escrever


um numero de tres algarismos e tornar a
escrevel-o, mas invertido, embaixo do pri-
meiro. Subtrahi o maior do menor e dizei-me
qual é o algarismo da direita do resto. Só com
esse elemento saberei todo o resto.

Explicação. — O algarismo central é sem-


pre 9 e os dous dos lados, sommados, devem
dar sempre 9. Assim se disser-se que o alga-
rismo da direita do resto é 5, já se sabe que o
da esquerda é 4; si um fôr 6, o outro é 3. Por
esse meio dir-se-ha todo o resto.
20 MEU LIVRO DE MAGICAS

Calculo. — Seja o numero escripto por


alguem 856; temos
856
Inverlido 658
Subtrahindo 198
Algarismo da direita do resto : 8.
Logo o algarismo da esquerda é 1, porque
8+1--9, e como o do centro é sempre 9, pode-
mos affirmar que todo o resto é
198.

Calculo curioso (Braulio Cordeiro).

Exposição. — Não será raro procurardes


saber qual o dia em que cahirá a data de uma
festa, seja nacional, seja religiosa, seja domes-
lica ; 0 3 de Maio, o corpo de Deus, o anniver-
sario paterno, elc,
Si tiverdes á mão uma folhinha podereis cal-
eular sem difficuldade; mas, na sua falta, os
processos empregados usualmente são todos
longos e incertos.
O eminente caleulista major Braulio Cor-
deiro inventou um processo muito curioso
MEU LIVRO DE MAGICAS 21

para chegar-se rapidamente áquelle resultado.


Quereis saber em que dia da semana cahirá
a festa nacional que commemora a Patria Bra-
sileira (proclamação da Republica, 15 de
Novembro) em 1902?
Estabeleçamos o calculo com a sua regra e
a sua tabella explicativa.
Explicação. — Regra :
1º Tomam-se no numero do anno dado os
algarismos das dezenas, ou os dous ultimos,
menos uma unidade;
2° Toma-se a quarta parte inteira das dezenas;
3º Juntam-se os dias decorridos desde o
1º de Janeiro até ao que se quer, inclusive
4º Junta-se mais 3, si o anno fôr até 1900, ou
mais 1, si fôr de 1901 em diante;
5º Sommam-se todas as parcellas;
° Divide-se o lotal por sete (7): o resto da
divisão indicará o dia da semana pela seguinte
Tabella :
Restos da divisão... 1 2

Dias da semana .
& &

Calculo. — Dia da commemoração da Patria


Brasileira (15 de Novembro) em 1902:
22 MEU LIVRO DE MAGICAS

Dezenas
de 19,02—1............ 1
Mais 1/4 das dezenas........ ; 0
Dias decorridos do 1° de Jane a 15 de
Novembro»
ccssu as sum a 08
Mais 1 (porque o anno está depois de
WOM... À
Somma...... 321
321 | 7
41 45
6
Resto 6; corresponde na Tabella ao sab- -
bado, logo
O dia 15 de Novembro de 1902 cahirá em
sabbado.

Collocar os algarismos E, 2, 3, 4, 5,
6,. 7, 8, 9 de forma que tanto hori-
sontal, como verticalmente e em dia-
gonal somme-se o numero 45.

Exposição. — As cousas mais simples, pare-


cem muitas vezes de grande difficuldade. Eu
vos dou, por exemplo, os nove algarismos
significativos de 1a 9 e peço-vos que os com-
MEU LIVRO DE MAGICAS 23

bineis de modo que, em todos os sentidos,


seja possivel contar 15 unidades.
Verificae si podeis conseguil-o.
Explicação. — Deve ser esta a disposição dos
algarismos :
27 5)
9 5 1515
4 8 3 |
15 15 15

Adivinhar um numero pensado.

Exposição. — Nada ha mais occulto do que


o pensamento humano, comtudo irei descobrir
o numero em que pensastes por meio! dos
meus conhecimentos arilhmeticos. .
Pensae um numero qualquer; triplicae-o;
tomae delle a metade, si fôr par, e a parte
maior, si fôr impar; triplicae essa metade,
dividia por 9 e dizei-me o quociente achado.
Com essa unica resposta adivinharei o
numero em que pensastes.
24 MEU LIVRO DE MAGICAS

Explicação. — Dobra-se o quociente achado4


e será o numero pensado.
Calculo.
Numero pensado 12
Triplicado 36 (12x3)
Metade 18 (36: 2)
Triplicada 54 (18><3)
Dividido por 9 6 (54: 9)
Dobro do quociente 12
que é o numero pensado.

Erro de somma.

Exposição, — Sei que procuraes sempre


expressar-vos correctamente, sem commet-
terdes erros que prejudiquem o conceito em
que é tida a vossa intelligencia e por isso
desejo que me tireis de uma duvida.
— Oito e sete é ou são quatorze?
Explicação. — Em geral a pessôa a quem é
feita apressadamente essa pergunta, pensando
tratar-se de uma questão de grammatica, cae
n'uma dessas duas respostas :
— E quatorze ou
— São qualorze.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 25

Qualquer dellas vos servirá para reclificar o


erro de somma, dizendo :
— Não, senhor, são quinze.
Como de facto 8-7 =15.

ublracção errada.

Exposição. — Embora sejaes muilo versados


nas quatro operações da arilhmetica, affirmo
que ainda não notastes que metade de 12 é 7.
Como se ha de proval-o?
Explicação. — Escreva-se 12 em algarismo
romano e tire-se metade que ficará o numero 7.
Calculo :

\
All
Apagando-se a metade inferior, temos :

VII
26 MEU LIVRO DE MÁGICAS

Adivinhar a quantia que alguem (raz


ha algibeira.
Exposição. — Conlaram-me que Joãosinho,
que era um menino muito intelligente, uma
tarde pedira dinheiro ao pac para comprar um
tambor. O pac lhe disse :
— Si tu adivinhares quantos mil réis cu
tenho no bolso, darei o que me pedes.
— Aceito, disse Jorosinho, mas com uma
condição : é que papai ha de cumprir tudo que
eu ordenar.
— Pois sim, comece lá a ordenar.
Joãosinho foi buscar um lapis e um pedaço
de papel e principiou assim :
— Escreva ahi, sem que eu veja, o numero
de mil réis que o Sr. tem.
— Está escripto. (O pae escreveu 12: 000.)
— Agora dobre essa quantia.
— Promplo. (12:000:<2 24000.)
— Accrescente a essa somma 105 000.
— Ja ajuntei 10000. (24000 1-105 000
345000.)
— Faça favor de dividir essa quantia por 2.
— Prompto, está dividida. (344000 : 2 ==
17.000.).
— Que quociente achou?
— 175000.
MEU LIVRO DE MAGICAS 2

— Então papai tem no bolso 128000.


— Exactamente, e tome lá dous mil réis para
o tambôr.
Explicação. — Observe-se a seguinte regra:
Mande-se escrever a quantia, dobral-a, sommar
a ella um numero par qualquer (6, 8, 10,
14, etc,) e finalmente dividil-a por 2. Pede-se o
quociente achado e delle se tira metade do
numero que se mandou sommar.
Calculo da pessôa :
Quantia que tem, 63000
Dobrada, ....... 125000
Sommando 44000 16000
Dividida por 2... 84000
Caleulo do operador:
Quociente dado, 85000
Metade de 4:000 25000
Resto 63000
ou a quantia que a pessõa tem.

Escrever a somma de seis parcellas


antes de effeituar a operação.
Exposição. — Os Srs. que estudam arithme-
tica não saberão, por certo desta maravilha:
escrever uma somma de 6 parcellas antes de
effeituar a operação.
28 MEU LIVRO DE MAGU

Eu vos mostrarei que o calculo não falha.


Um dos Srs. estudantes terá a bondade de
escrever neste papel tres parcellas de quatro
algarismos cada uma. Agora dar-me-hão licença
para escrever as tres parcellas que faltam e
collocar logo a somma que deve produzir.
Prompto.
Effeituae a operação e verificae si a conta
está certa.
Explicação. — Escriplas as tres parcellas por
qualquer pessôa, o operador escreverá as outras
tres de modo que cada algarismo da 1* parcella
e da 4, da 2º e da 5º, da 3º e da 6º, deem sempre
nove : a somma será fatalmente 29.997.
Calculo.
ot

“I
a

>

Parcellas dadas .
nm

Oo
a

8
onFk
Ww
ap cw
ww

5
Parcellas escriptas 8 9

pelo operador.

Somma invariavel. 29997


— MRUSÕES |
Illusoes

A colhér sino.

Exposição. — Gostaes de ouvir repiques de


sino? Si tendes essa predilecção e não habitaes
proximo a uma egreja, fabricae, mesmo em
casa, um sino para vosso regalo.
Os elementos de que necessitaes são uni-
camente dous: um cordão e uma colhér de
sopa.
Como fabricareis o sino?
Explicação. — Tomae o meio do cordão e
nelle amarrae a colhér pelo cabo junto da
concha. Segurae o cordão pelas extremidades,
uma em cada mão, e juntae-as ao ouvido,
apertando com a ponta do dedo indicador o
cordão contra o conducto auditivo. Curvae o
corpo para a frente e mandae que alguem
repique no cabo da colhér : onvireis o som de
um sino.
32 MEU LIVRO DE MAGICAS

Trovoada ficticia.

Exposição. — Tendes medo de trovoada?


Os trovões vos apavoram com o seu echo
soturno?
O trovão é inoffensivo; quem é victima do
raio não ouve o trovão que elle produziu:
depois que um desce, é que o outro ribomba.
Nada receieis do trovão, imitae-o antes,
procurando dar ao vosso ouvido uma illusão
completa de trovões successivos.
Qual será o apparelho para isso?
E' simples : basta-vos um cordão.
Explicação. — Fazei um laço corrediço na
extremidade de um cordão; mandae que
alguem aperte as mãos abertas sobre os ouvi-
dos e passae o laço de forma que lhe rodeie a
cabeça, passando por cima das mãos, apertae
o laço na testa. Tomae a outra extremidade do
cordão, esticae-o e com as unhas correi o
cordão do principio ao fim: este attricto produ-
zirá o ruido de um trovão longinquo.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 33

Braço de Lisico.

Exposição. — Por mais gordo que sejaes,


podeis praticar esta illusão : vêr o vosso braço
mirrado como o de um tisico.
Na verdade, si sois forte e cheio, o aspecto do
braço não vos causará boa impressão; ficareis
com arrepios só em pensar o que seria de vós
si este effeito não fosse uma simples illusão.
Verificae quanto seria magro o vosso braço.
Explicação. — Apoiae o cotovello sobre a
mesa; encostae a testa na palma da mão e a
ponta do nariz no braço; olhae horisontal-
mente para o braço, fixando-o com demóra.

Arco-Iris repentino.

Exposição. — Não vos agrada á vista o Arco-


Iris com as suas sete côres caracteristicas?
Contam que o Arco-da-Velha (como geral-
mente o chamam) tem sempre uma ponta em
terra e outra no céo: a da terra para beber
agua no mar, n'um lago ou rio, e a do céo
34 MEU LIVRO DE MAGICAS

para saciar a séde das nuvens. Isso, como


sabeis, é uma ficção.
O Arco-Iris nao é mais do que um simples
effeito de luz, tanto assim que podeis produzil-
o repentinamente quando bem desejardes.
De que modo procedereis?
Explicação. — Tomae um bochecho d'agua,
voltaeas costas para o sol e soprae a agua para
o ar: formar-se-ha repentinamente um Árco-
Iris.

Zunidos e Roncos.

Exposição. — Já collastes alguma vez o ouvi-


do a um caramujo vazio para escutar o som
rouco que elle produz?
Não vos parece que ouvís o borborinho do
povo reunido?
Experiencias ha que vos dão outras impres-
sões.
A imitação do vento, por exemplo, zunindo e
roncando por uma fresta, é muito apreciada
pelas crianças.
Sabeis imitar esses zunidos e esses roncos?
Explicação. — Fazei em uma taboinha de
MEU LIVRO DE MAGICAS 35

palmo e meio de comprimento e tres dedos de


largura um buraco da grossura do vosso dedo
em uma das extremidades. Na outra furae com
uma verruma e amarrae a ponta de um cordel,
quatro vezes maior do que a taboasinha,
Tomando o cordel pela outra ponta fazei a
taboa girar apressadamente ao redor da vossa
mão. Ouvireis zunidos e roncos conforme a
rapidez com que a fizerdes mover.

Impressão de um tiro.

Exposição. — Não ha quem possa confundir


o murmurio das aguas de um riacho de encon-
tro aos seixos com o ruido rouco do mar, nem
o tom de uma canção festiva com a toada
funebre de um cantochão. O ouvido, porém,
póde ter impressões erradas, confundindo-se
muitas vezes.
Quereis ouvir realmente um tiro de artilha-
ria dado com o dedo?
O artifício é simples.
Explicação. — Ponde sobre um dos ouvidos
um pedaço de papel encorpado e, em direcção
36 MEU LIVRO DE MAGICAS

ao conducto auditivo, dae-lhe um fórte peteleco.


Ouvireis um tiro de canhão.

Uma bola que parece duas.

Exposição. — Os vossos nervos funccionão


bem? Tendes o vosso lacto perfeito? Se assim
é, eis como o tacto vos engana grosseiramente.
Preslae allengao.
Explicação. — Ponde o dedo medio da mão
direita sobre o indicador, de maneira que os
dous formem uma pequena forquilha; collocae
uma bolinha de pão na palma da mão esquerda
e friccionae-a com os dedos assim cruzados.
Sentireis uma bola na ponta de cada dedo.
Podeis variar a illusão do lacto, friccionando
a ponta do vosso nariz : senlireis que elle tem
duas pontas.

Reclangulo que parece um trapesio.

Exposição. — Ha figuras que vistas a dis-


tancia zombam da nossa vista, fazendo-nos
cahir em erro.
MEU LIVRO DE MAGICAS 37

Si traçardes, verticalmente, em uma folha


de papel uma lista de dous palmos de com-
primento e quatro dedos de largura em toda
a extensão, tereis figurado um rectangulo.
Haverá meio de transformal-o para a vossa
vista em um lrapesio, sem mudar-lhe a forma
real de rectangulo?
Explicação. — Pintae a tinta preta a parte
superior da lista, esbatendo a côr para baixo,
de modo que fique a outra parte completa-
mente branca. Pendurae a folha de papel na
parede por meio de um alfinete e olhae-a da
distancia de tres metros pelo menos : o ree-
tangulo vos parecerá um trapesio, isto é, a
ponta preta ficará apparentemente mais
estreita do que a ponta branca.

Roda que se move ao mesmo tempo


em dous sentidos.

Exposição. — Cortae uma roda de papelão


do tamanho de um prato; recortae na cir-
cumferencia 6 ou 7 dentes largos e pregae-
a com um alfinete do lado da ponta de um
pedaço de flecha, como se fôra um papavento.
38 MEU LIVRO DE MAGICAS

Ponde accesas sobre uma mesa duas vellas na


distancia de um metro uma da outra, a egual
distancia de uma parede branca ou de um
lençol esticado. Segurae a frecha um pouco
à frente das vellas de fórma que se repro-
duza na parede, de um e de outro lado, a
sombra da roda dentada que está voltada para
ella. Dae-lhe então movimento e verificae
que as sombras gir: am ambas para o mesmo
lado.
— Como fazel-as rodar uma contra outra?
Explicação. — Basta que façaes girar a
roda, tendo uma face para uma vella e a
outra para a outra vella. As sombras se
moverão em sentido opposto. -

Que susto!

Exposição. — O pequeno Pedro, que era


mesmo um Pedro Malasartes, fingindo que
chorava, foi avisar ás pessôas da casa de
que elle havia rachado o espelho da sala
de visitas ao jogar uma pedra. Accudiram
todos e verificaram que o espelho rico estava
rachado em muitos sentidos.
MEU LIVRO DE MÁGICAS . 39

Todos penalisados censuravam o Pedro e a


sua Mamãi preparava-se para dar-lhe um
castigo exemplar, quando Pedro deu uma
estrepitosa gargalhada e, trepando no sofá,
passou o lenço no espelho e mostrou que
elle estava direito.
Admiração geral!
O que fizera Pedro, para pregar um tal
susto ás pessdas de casa?
Explicação. — Afinae um pedaço de sa-
bonete, como se fizesseis ponta em um lapis
e com elle traçae sobre o espelho linhas que se
cruzem : o espelho parecerá rachado por
pancada recebida.

strella tricolor.

Exposição. — Ha combinações de luz de


um effeito maravilhoso, e que não dependem
de apparelhos complicados. Apresento-vos
agora uma estrella que é um encanto para
vista; com um pequeno artifício ella vos
apparecerá com tres côres differentes, uma
sempre muito viva no centro e as duas outras
mais desmaiadas nos oito braços.
40 MEU LIVRO DE MAGICAS

Explicação. — Tomae meia folha de papel


encorpado e dobrae-a ligeiramente ao meio.
De um lado um pouco acima recortareis
uma estrella de quatro braços, dous hori-
sontaes e dous verlicaes; do outro lado fareis
a mesma estrella justamente no mesmo lugar,
mas com os braços inclinados. Ficará, pois, a
meia folha de papel assim disposta e recortada:

Pôl-a-heis sobre uma mesa onde tereis


collocado, distante e de um lado e do outro,
uma vella accesa, de fórma que as estrellas,
reproduzindo-se n'um lençol que tereis pregado
á parede, confundam-se e formem uma só
estrella de oito braços.
Si entre a luz de uma das vellas e o papel
recortado, puzerdes um vidro de côr, a estrella
que apparece no lençol terá sempre tres
cores.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 441

O passaro domesticado.

Exposição. — Entre as diversas illusões


visuaes podeis experimentar a seguinte, que é
muito interessante :
Pintae a tinta preta uma gaiola com a porta
aberta; poucos centimetros afastado della,
desenhae um pequeno passaro.
De que artifício usareis para vêr o passaro
entrar na gaiola?
Explicação. — Collocae um cartão vertical-
mente entre o passaro e a gaiola; applicae a
ponta do nariz sobre o cartão e olhae o desenho
por alguns minutos : vereis por esta fórma o
passaro entrar na prisão.

Ligeiro cinematographo.

Exposição. — Já vistes o cinematographo?


E a maravilha das maravilhas; imaginae uma
lanterna magica em que as figuras reprodu-
zidas tenham todos os movimentos e córes
naturaes : homens que andam, carros que se
movem, navios que sulcam aguas espu-
42 MEU LIVRO DE MAGICAS

mantes etc. etc. e tereis uma idéa approximada


do que seja aquelle prodigioso apparelho.
A illusão é completa.
Podeis fazer uma pequena combinação
que dá tambem uma bôa illusão visual.
Cortae uma rodella de papel grosso ou de
papelão e pintae, de um lado, um cavallo
ensilhado; do outro um homem na posição de
montar, mais ou menos na altura do lombo do
animal.
Que fareis para que o homem pareça estar
montado no cavallo?
Explicação. — Amarrae um pedaço de cordão
na parte de cima da rodella e outro em baixo;
fazei girar a rodella torcendo os dous cordões.

Fantoche.

Exposição. — Já tereis observado que alguns


dos vossos companheiros são medrosos;
apavórão-se ouvindo o menor ruido, não
atravessão uma sala ás escuras, vêem phantas-
mas que não existem etc.
Deveis convencel-os de que tudo que ha tem
uma explicação e que, muitas vezes, onde se
MEU LIVRO DE MÁGICAS 43

julga vêr um phantasma, encontra-se um trapo


oscillando ou um effeito de luz.
Para confirmar a vossa asserção convidareis
o medroso a vêr o diabo preto no tecto da casa.
Para esse effeito desenhareis no meio de
um pedaço de papel uma figura extravagante,
de chifres, com os braços meio levantados e
as pernas abertas, pinlando o resto do papel
de preto. No meio da barriga do monstro um
pequeno quadrado tambem preto.
Apresentareis essa figura a um dos medrosos
e lhe direis que elle vae vêr aquelle diabrete
branco apparecer preto no tecto, sem que as
outras pessôas o possam distinguir.
Como fareis para que os olhos do medroso
encontrem no tecto a figura negra do monstro?

Explicação, — Mandae que elle fixamente


olhe por algum tempo para o quadradinho da
barriga da figura; depois levante a vista c fixe-
a no tecto :o diabrete que é branco, apparecerá
preto.

Ornamento rapido.

Exposição. — Eis um bello engano para a


vista. Talvez tenhaes gosto para as artes e
44 MEU LIVRO DE MAGICAS

aprecieis um crystal bem cinzelado : um


espelho, por exemplo, que apresente em um
canto um ramo de flores, uma haste curvada
em que está poisada uma borboleta, um
desenho qualquer symbolico, um nome, etc.
Tudo isso é um encanto para os olhos.
Como podereis fazer cousas semelhantes em
um espelho sem estragar o vidro?
O process o é simples.

Explicação. — Fazei ponta em um pedaço


de sabonete c com elle traçae o desenho que
desejardes : parecerá gravado no vidro.

Ovo que muda de côr.

Exposição. — Atravez da agua, a côr dos


objectos poderá illudir-nos a vista?
Sendo a agua naturalmente transparente, a
todos deve parecer que a côr de um objecto
será vista tal como na realidade é.
Como contradizer essa verdade?
Explicação. — Esvasiae um ovo de gallinha
MEU LIVRO DE MÁGICAS 45

ou de pombo (1) e mettei por um dos furos


um pouco de chumbo de caça. Tapae os dous
furos com cera branca e ennegrecei o ovo,
expondo-o á fumaça de uma candêa de
Kerosene. Posto o ovo dentro d'agua, irá para
o fundo da vasilha e parecerá prateado.

Cruz lumino:

Exposição. — Os effeitos de luz são maravi-


lhosos! Um pequeno artifício, uma feliz combi-
nação de reflexos produzem resultados encan-
tadores.
Temos aqui uma vella accesa; de que
artifício usaremos para vêl-a formando uma
cruz luminosa?
O apparelho é muito modesto.

Explicação. — Cortae um quadro de papelão


e nelle pregae, bem esticado, um pedaço de
gaze. Olhando de longe a vella com essa
luneta, ella tomará o aspecto de uma cruz
luminosa.
(1) Nota. — Com um alfinete grosso fazei um furo em cada
uma das duas extremidades do ovo; soprae fortemente por um
delles : pelo outro o ovo se esvasiará.
46 MEU LIVRO DE MAGICAS

Luz que amedronta.

Exposição. — Como são feios os opilados!


E os cadaveres como são medonhos! Cór de
cêra, labios roxos, olhos cavados, unhas dene-
gridas!
Entretanto, um effeito de luz póde dar-vos
esse aspecto aterrador.
Reuni tres ou quatro companheiros e fazei a
experiencia. Em que consistirá ella?
Explicação. — Misturae alcool com um
punhado de sal grosso commum e deitae-lhe
uma pitada de assafrão. Accendei o alcool
mexendo-o sempre. Olhae uns para os outros,
para as mãos e para as unhas : o aspecto é
cadaverico.

Engano certo.

Exposição. —Ha pessõas que têem o sentido


da vista tão bem educado, que calculam
exactamente qualquer distancia com um
simples olhar. Em planos horisontaes, é isso
facil e frequente; não acontece o mesmo nos
planos verticaes e inclinados.
Quereis uma prova?
MEU LIVRO DE MÁGICAS 47

Mostrae um livro, ou um chapéo alto a


alguem, e pedi-lhe que, curvando o corpo,
marque na parede, a contar do chão, a altura
do livro ou do chapéo, dando um traço com
giz.
Rireis do resultado obtido.
Explicação. — A marca feita pelo giz será
sempre dous ou tres centimetros mais alta que
o comprimento do livro ou do chapéo.

Sombras chinezas.

Exposição. — Quereis passar um agradavel


quarto de hora? Recorrei ás sombrinhas
chinezas que se movem na parede ou n'um
lençol esticado.
Para fazel-as apparecer lêde a explicação.
Explicação. — Ponde uma vella sobre uma
mesa e defronte della um livro que lhe
intercepte a luz. Collocando-vos ao lado da
mesa, segurae um espelho que vá reflectir-se
na parede sobre a sombra escura produzida
pelo livro. Com a vossa mão direita fazei passar
*

48 MEU LIVRO DE MAGICAS

um boneco de papel recortado entre a vella e


o espelho : a imagem do boneco reproduzida
no espelho, apparecerá reflectida na parede.

Erro imperdoavel.

Exposição. — Acreditaes sinceramente no


que vêdes? Si estaes nessa convicção, modi-
ficae-a quanto antes. A nossa vista, assim como
o nosso ouvido e o tacto estão sugeitos a
erros constantes. A vista nos engana a cada
passo. Apostae com uma pessôa que tenha a
vista educada que, sem duvida, ganhareis. Eis
o que deveis fazer.

Explicação. — Cortae tres tiras de papel do


mesmo tamanho; duas devem ter a mesma
largura e a terceira a metade dessa largura.
Collocae as duas tiras largas cruzadas e sobre
ellas a tira estreita. Esta, ainda que do mesmo
tamanho das outras, parecerá maior.
Collocae as duas tiras largas uma ao lado
da outra, tão distantes quanto seja necessario
MEU LIVRO DE MÁGICAS 49

para collocar a estreita em diagonal : esta


parecerá menor do que as outras.
Exemplos :

O direito torto.

Exposição. — Mergulhae, inclinando-o, um


páo na agua de uma tina ou de um tanque e
perguntae a qualquer dos companheiros :
— Esse pão será perfeitamente direito? Si
elle não conhecer ou por experiencia ou pelo
estudo os effeitos da refracção produzidos
pela luz na agua, dirá logo :
— Não é direito; é um pouco torto — e cahirá
no engano, que fareis desapparecer, quando
lhe mostrardes, tirando da agua, o pão perfeita-
mente direito.
— ego
50 MEU LIVRO DE MAGICAS

O Diabo vibora.

Exposição. — E' sabido que as viboras mu-


dam de côr, confórme o grão de cólera em que
estão; aposto, porém, que, sem usar de uma
lanterna magica, nem um de vós poderá dar
côr a uma sombrinha qualquer de cartão re-
cortado.
Aqui vos dou essa engenhosa descoberta.
Explicação. — Recortae um boneco de cartão
(um diabo por exemplo de chifres, pernas
abertas e braços levantados) e mettei a sua
base entre as folhas de um livro para tel-o de
pé. Ponde esse livro no meio da mesa e por
traz delle a egual distancia duas vellas accesas
do mesmo tamanho, de fórma que a sombra
do boneco se reproduza duplamente em um
lençol que tereis pregado na parede em frente
delle. Interceptae a luz de uma das vellas com
um vidro de côr (vermelho, azul, verde, ama-
rello, etc.) que vereis uma das sombras appa-
recer da côr empregada e a outra, menos viva,
de côr diversa.
DESENHO
GEOMETRICO
Desenho Geommetrico

De um quadrado fazer cinco quadrados


eguaes.
Exposição. — Si eu vos pedisse que cortas-
seis este quadrado de papelão em quatro qua-
drados eguaes, bastaria que o talhasseis em
cruz. Quero, porém,
que deis tratos á 1
intelligencia e que
o dividaes em cin-
co quadrados per- is
feitamente eguaes. t
Aqui está o car- | 4 2
tão; experimentae '
si sera possivel. 5 :
1 3
Explicação. —
Basta que antes de cortar o cartão quadrado
o risqueis por esta fórma :
Os pedaços que têem numeros eguaes se
completam.
54 MEU LIVRO DE MAGICAS

Formar um quadrado com quatro Z


e quatro L, somente.

Exposição. — Aqui estão sobre esta mesa,


cortados em cartão, quatro Z e quatro L que
procurareis collocar de fórma a construir um
quadrado. A vossa habilidade conseguirá essa
victoria com uma só tentativa?
Experimentae.
Explicação. — Traçae em um cartão qua-
drado sete linhas horisontaes e sete verticaes,
guardando a mesma distancia; traçareis assim
trinta e seis quadradinhos.

Cortae-os pelas linhas pontuadas na figura e .


obtereis os quatro Z e os quatro L. Os L sahirão
dos lados e os Z dos cantos e do centro.
MEU LIVRO DE MAGICAS 55

Quadrado difficil de construir.

Exposição. — Applicae um pouco a vossa


actividade na resolução deste problema :
Eis aqui quatro triangulos; será possivel com
elles construir um quadrado?

A E B

c o

Explicação. — Tomae um cartão quadrado :


marcae o meio do lado AB; marcae o meio do
lado 4 C; traçae as linhas FE, ED e DF.
Cortando o cartão por estas linhas tereis os
quatro triangulos 1, 2, 3 e 4, Misturae-os e
pedí então que resolvam o problema.
Não o farão com facilidade.
56 MEU LIVRO DE MAGICAS

Trangramma chinez.

Exposição. — Com este simples quadrado de


cartão que tenho aqui vou construir, meus

senhores, como se fosse um habil engenheiro,


possuidor dos segredos da architectura, diver-
sas figuras chinezas que muito agradarão.
Começo por cortar em 7 pedaços o quadrado
de cartão :
MEU LIVRO DE MAGICAS 57

Com esses elementos podemos dar principio


ao nosso trabalho.
Farei primeiramente dos sete pedaços dous
quadrados perfeitamente eguaes :

Edifiquemos agora a cumieira de uma casa;


disporemos assim os sete pedaços :

Vêde como ficou elegante!


Façamos uma ponte com a guarita do vigia :
58 MEU LIVRO DE MAGICAS

Variemos as figuras : formemos uma gal-


linha mais ou menos chineza :

E para acompanhar a gallinha façamos um


ganso :
MEU LIVRO DE MÁGICAS 59

E como podemos ensopar a gallinha e assar

4) 3

o ganso para o almoço, passemos ao vendedor


de fructas.
60 MEU LIVRO DE MÁGICAS

Comprando algumas laranjas, peras e maçãs


para pôr no centro da mesa nesta fructeira.

Depois do almoço para fazermos a digestão


entremos n'um bote e rememos :

Ls
SE
MEU LIVRO DE MAGICAS 61

Ao chegarmos á casa agradeçamos os mo-

mentos de bom humor que nos forneceu o tan-

1 5 4

gramma chinez, construindo as suas iniciaes.


62 MEU LIVRO DE MAGICAS

“ortar uma estrella com uma


tesourada.

Exposição. — Não é de estranhar, caros ami-


gos, que Deus Omnipotente creasse de uma só
vez as estrellas brilhantes que irradiam no
espaço como uma só palavra do seu verbo
inflammado. Não é de estranhar, porque vós,
que sois mortaes e fracos, podeis recortar uma
estrella com uma simples tesourada. Não
brilhará porque é de papel, nem rutilará nos
espaços porque não foi feita por Deus.
Verifiquemos.

Está dobrado o papel; com um só golpe


obteremos a estrella. Prompto. Eil-a :
MEU LIVRO DE MAGICAS 63

Explicação. — Tomae um pedaço de papel,


marcae-o em cruz, como mostram as linhas

fb -—-------+---------4

pontuadas e dobrae-o de cima para baixo (A


sobre 2); ficara assim :

Tomae um compasso e, fincando-o no ponto


E traçae para baixo, com o raio iguala LB,
64 MEU LIVRO DE MAGICAS

uma semi-circumferencia que vá de Baté A;


dividí essa semi-circumferencia em 5 partes
eguaes; assim teremos :

Dobrae a ponta 4 pela linha Z 1; a ponta


B pela linha Z 4; ficará:

Dobrae a parte 4 (por £ 2) para baixo de B.


Dobrae a parte C (por £3) para cima de B.
Obtereis a figura
MEU LIVRO DE MÁGICAS 65

Dae uma tesourada transversal (pela linha


pontuada) e tereis a estrella.

Traçar um rectangulo com suas diago-


naes sem levantar o lapis do papel.

Exposição. — Varias construcções que o


desenho linear nos ensina com uma serie de
regras e principios, muitas vezes podem ser
resolvidas por simples artifícios.
E sabido que um rectangulo tem quatro
linhas que se encontram; por isso póde ser
traçado sem levantar-se o lapis do papel; si
quizerdes, porém, traçar-lhe as diagonaes, sem
“passar pelas linhas já feitas, tereis forçosa-
mente de levantal-o.
66 MEU LIVRO DE NAGICAS

De que artifício se usará para traçar um rec-


tangulo com as suas diagonaes sem levantar o
lapis do papel?
Explicação. — Do-
brae sobre si mesma,
2 : .
de baixo para cima a
parte inferior de uma
ado Jg folha de papel : (1 so-
í bre 2 pela linha ad.
Traçae, sem levantar
— o lapis, o lado 4, parte
sobre a folha de papel e parte sobre a extre-
midade dobrada; traçae toda a linha D sobre
a extremidade dobrada; tracae a linha B, parte
sobreesta e parte sobre o :
papel; traçae toda a linha
C sobre o papel. Desdo-
brae então a extremidade
inferior e traçae a diagonal
E até encontrar a ponta do
lado B; segui dahi tra-
cando o lado 7), que figurasles na extremi-
dade dobrada, até encontrar o lado 4 e dahi
tracae a diagonal 4.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 67

As tres janellas.

Exposição. — Contam que um homem rico


muito original mandou fazer em sua casa tres
quartos, cada qual com a sua janella diffe-
rente: o 1º tinha a janella em fórma de trian-
gulo, o 2º de quadrado e o 3º de circulo.
Esse homem original mandou chamar um
habil carpinteiro e disse-lhe :
— Tenho a mania de não dormir mais de
uma noute em cada um destes quartos, e nunca
fecho senão a janella daquelle que occupo,
deixando as outras duas abertas. Por esse mo-
tivo só preciso portas para tapar uma janella,
porque os meus criados as irão mudando de
uma para outra janella á proporção que eu fôr
occupando os quartos. Eu o fiz vir á minha
presença para resolver esse problema, pois
sendo as tres janellas differentes, só a tua habi-
lidade conseguirá tirar-me de embaraços. Vae,
pensa e traze-me a solução.
O carpinteiro, tres dias depois, apresentou-
lhe uma combinação tal que muito o satisfez; a
guarnição podia servir nas tres janellas,
tapando-as perfeitamente.
\x
68 MEU LIVRO DE MÁGICAS

Simulemos que um cartão é a casa do rico


original; abramos as tres janellas.

Aqui está a metade de uma rolha : é o mate-


rial para a obra. Fareis agora de carpinteiro,
tentando resolver o problema.
Explicação. — Cortae a rolha de um e de
outro lado, de maneira que fórme um trian-
gulo que feche completamente a 1º janella; é
quanto basta : fechareis a 2º, voltando para
frente e para traz os lados cortados; tapareis,
finalmente, a 3º com o proprio circulo da
rolha,
MEU LIVRO DE MAGICAS 69

Traçar um circulo e apparecer


uma ellipse.

Exposição. — Os processos praticos para


traçar-se uma ellipse são mais ou menos
complicados e dependem de-uma certa somma
de conhecimentos geometricos. Para traçar-se
um circulo, basta fixar uma das pontas do
compasso e mover a outra ao seu redor; não
ha essa facilidade para descrever uma ellipse e,
pelos processos regulares, nunca se podia
geral-a de um circulo sem, pelo menos, traçar
dous outros circulos que fornecessem dous
arcos.
Não achaes que tudo isso seja verdade?
Certamente que sim. O artifício, porém, ri-se
das regras fixas e permitte que, traçando um
circulo, possaes vêr uma ellipse.
Será isso possivel?
Explicação. — Enrolae um papel grosso em
fórma de canudo; collocae o papel em que dese-
jardes traçar a ellipse ao redor do canudo, de
fórma que fique bem esticado; mettei o com-
passo e traçae um circulo. Retirando o papel de
cima do canudo e pondo-o sobre a mesa, acha-
reis nelle traçada a ellipse.
70 MEU LIVRO DE MAGICAS

Circulo traçado á mão.

Exposição. — Com a rapidez do relampago


podeis traçar um circulo a compasso com o
respectivo centro notado: nisso não ha habili-
dade.
Eis aqui um lapis; sereis capaz de traçar um
circulo á mão, marcando-lhe o centro, sem
levantar o lapis do papel nem tirar-lhe raio
algum?

Explicação. — Fazendo um ponto fixaco lapis


no papel; dobrae o canto desse papel até que a
ponta encontre o lapis; com este traçae sobre o
mesmo canto dobrado uma linha qualquer; sem
levantar o lapis firmae o dedo minimo no
ponto marcado e traçae o circulo, gyrando o
papel ao redor do dedo e levantando o canto
dobrado logo que o lapis sahir delle.
O circulo ficará traçado com o centro mar-
cado.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 7

Prodigios de uma tesourada.

Exposição. — Aqui vos apresento, meus


é 4 caros senhores, uma curiosi-
dade que tóca ás raias do
impossivel. Tenho na mão
uma simples tira de papel
duas vezes mais comprida do
que larga. Proponho-me a
dobral-a de fórma que, dando-
lhe uma só tesourada, recorte
uma cruz, um altar e duas

tochas.

Eis dobrado o papel. Dou


esta tesourada e... prompto : armemos, pois, o
nosso altar.
Explicação. — Dobrae um
quarto ou um terço do com-
primento da tira de papel de
cima para baixo e depois
pela metade da direita para a
esquerda. Dobrae juntamente
as duas pontas do papel da
esquerda para a direita, na
parte superior, formando um
angulo. Dobrae novamente a tira sobre si
72 MEU LIVRO DE MÁGICAS|

mesma e dae uma tesourada de baixo a cima,


dividindo a tira em dous pedaços finos : des-

fazei-os que achareis a cruz o altar e as tochas.


Exemplo :
COMBINAÇÕES
DE PHOSPHOROS
Combinações de Phosphoros

O saito de dous em dous.

Exposição. — Quereis um problema que


ninguem resolverá, tentando uma só vez?
Extendei dez phosphoros sobre a mesa um
ao lado do outro successivamente e, saltando
sempre por cima de dous, cruzae todos os phos-
phoros.
Sereis capaz?

PERDI
76 MEU LIVRO DE MAGICAS

Colloçae cruzados :
o4e0 1º
oF eo 2
o8eo 3
o6G eo 9
o 7 eo 10°

Quadrados zombadores.

Exposição. — Aqui vos apresento, meus


senhores, 15 phosphoros e com elles vou cons-
truir cinco quadrados perfeitamente eguaes:
Eil-os formados :
Quem será capaz de re-
A duzil-os a 3 quadrados
| | | eguaes, tirando unicamente
FR 3 phosphoros?
‘| | | Explicação. — Tomareis |
“a vossa varinha magica e
com a ponta tirareis os phosphoros marcados
na figura com as leltras A, Be C : tereis tres
quadrados eguaes. .
MEU LIVRO DE MAGICAS 7

Phosphoros disciplinados.

Exposição. — Tomae alguns phosphoros


cujos palitos não tenham muita parafina; col-
locae-os dentro d'agua em um prato fundo, for-
mando uma estrella, porém com as cabeças
voltadas para fóra.
Tocae com dous dedos da mão direita a su-
perficie da agua no centro delles e ordenae que
elles fujam : os phosphoros se afastarão. Tocae
aagua com os dedos da mão esquerda e ordenae
que se reunam: elles virão rodear os vossos
dedos. :
— De que artifício se usará para serem con-
seguidos esses dous effeitos?

Explicação. — Para afastar os phosphoros


usae de um pedaço de sabão seguro entre os
dedos indicador e medio da mão direita; para
reunil-os usae de um torrão de assucar entre
os mesmos dedos da mão esquerda.
78 MEU LIVRO DE MAGICAS

Levantar 3 phosphoros com um só.

Exposição. — Vou verificar até que ponto


chega a vossa habilidade, meu amigo. Tenho
aqui dous phosphoros entalhados um no outro
pelas extremidades,
formando um angu-
lo agudo.
Para que esses
cm dous | phosphoros
fiquem de pé sobre
a mesa, escóro-os com um terceiro ficando
o todo com ares de pyramide; dou-vos agora
outro phosphoro e peço-vos que tenteis
levantar com elle os outros tres.
Explicação. — Mettereis o quarto phosphoro
por baixo da escóra, arredareis ligeiramente os
dous phosphoros unidos até que a ponta da
escóra penetre no angulo. Levantae em seguida
a mão: o phosphoro que seguraes trará os
outros a cavallo.
MEU LIVRO DE MA6ICAS 79

Uma estrella interessante.

Exposição. — Entre as varias combinações


que se podem fazer com palitos de phosphoros,
ha uma que desperta grande interesse : collocar
no fundo de um prato cinco phosphoros que
gradualmente formem uma estrella.
Qual será o modo de collocal-os?
Explicação. — Quebrae bem pelo meio, sem
desligar as duas pontas, cinco phosphoros e
collocae-os no fundo de um prato em circulo
com as pontas voltadas para fóra. Deixae cahir
um pingo d'agua no pequenino circulo formado
no centro delles: dentro em pouco os phos-
phoros ir-se-hão abrindo e formarão a estrella.

o
W
80 MEU LIVRO DE MAGICAS

Levantar 15 phosphoros com um só.

Exposição. — Admiravel resistencia tem um


phosphoro! Quereis vêr? Aqui tendes 15 para
que resolvaes este problema: levantar com um
só, 15 phosphoros eguaes.
Experimentae.
Explicação. — Ponde um phosphoro na mesa
e cruzae sobre elle 14 com as cabeças para
cima, sete de um lado, sete do outro alternada-
mente. Collocae outro phosphoro na cama
feita pelos 14 e, tomando pela extremidade o
que está em baixo levantae-o : todos os outros
o cavalgarão, formando uma figura mais ou
menos parecida com um banco de abrir.
EQUILIBRIO
Equilibrio.
Posição inslavel.
Exposição. — Sereis bom equilibrista?
Experimentae esta diversão :
Ponde deitada no chão uma garrafa de vidro
resistente; assentae-vos sobre ella de fórma que
ella fique collocada entre as duas nádegas;
esticae as pernas para a frente; tomae uma
bengala cuja ponta apoiareis no chão e o
castão na vossa barriga; cruzae os pés sobre a
bengala.
Porei ao vosso lado uma vella apagada e
uma caixa de phosphoros. Sereis capaz de
accendel-a, segurando com uma das mãos a
caixa de phosphoros e com a outra o phosphoro
acceso?
Explicação. — A posição é instavel, o equili-
brio é impossivel; ninguem chegará a accender
a vella.

Equilibrio e geito.

Exposição. — Procurae um pão roliço e pedi


a qualquer pessôa que, segurando-o na altura
do peito e fincando-o entre o assoalho e a
84 MEU LIVRO DE MÁGICAS

parede, passe o corpo por baixo dos braços.


Podeis apostar que essa pessôa não o fará.
Explicação. — Ficae do lado direito do pão
voltando as costas para a parede; segurae o
pão com a mão direita um pouco abaixo da
esquerda; curvando o corpo para traz e apo-
iando-se fórlemente no pão, passareis sem dif-
ficuldade por baixo dos braços.

Um impossivel.

Exposição. — Assim como ha posições que


se pódem realisar pelo exercicio constante, ha
outras que são irrealisaveis.
Não achareis ninguem que consiga fazer o
que passo a expôr.
Explicação. — Encostae uma cadeira á
parede. Ficae diante della com os pés juntos,
distante da parede apenas tres palmos. Curvae
o corpo para a frente até encostar a cabeça na
parede; apanhae a cadeira com as duas mãos,
por um ec outro lado; levantae-a e tentae, mas
sem impulso, tirar a cabeça da parede e ficar
com o corpo direito : será impossivel.
MEU LIVRO DE MAGICAS 85

Supplicio de Tantalo.

Exposição. — Eis aqui uma posição engra-


çadae difficil de ser mantida; só grande prática
ou continuado exercicio é que póde resolver a
sua impossibilidade.
Explicação, — Virae uma cadeira no as-
soalho com as costas para cima. Collocae na
ultima guarda do encosto um doce, uma pêra,
um objecto qualquer e promettei-o a quem
apanhal-o com a bocca, estando de joelhos na
travessa que une os pés da cadeira e com as
mãos apoiadas nos páos lateraes do encosto,
de um e do outro lado. Rireis a bom rir. —

Lamparina original.

Exposição. — O engenho popular tem inven-


tado diversas maneiras de improvisar lampari-
nas, que na maior parte consomem óleos. Qual
de vós será, porém, capaz de improvisar uma
lamparina em um copo com agua? Não será
economica, mas original e sem perigo.
Explicação. — Tomae um pedaço de vella e
86 MEU LIVRO DE MÁGICAS

nelle fincae, pela ponta e de baixo para cima,


um prego. Pondea vellaa fluctuar dentro de um
copo, de fórma que a agua pouco falte para
submergil-a : conseguireis isso, depois de duas
ou tres tentativas, enterrando mais ou menos o
prego. Conseguido o equilibrio, accendei o
pedaço de vella, que se gastará até ao fim.

Ovo posto de pê.

Exposição. — Nunca procurastes fazer com


que um ovo fique de pé sobre a mesa? Qualquer
tentativa de equilibrio é sempre inutil: o ovo
tende á sua posição natural.
Como será possivel pôl-o em pé?
Explicação. — Sacudi bem o ovo de cima
para baixo, e da esquerda para a direita, até que
a gemma se misture com a clara; quando isso
estivér feito o ovo ficará de pé sobre a mesa.

Suspender uma moeda e cinco palitos,

Exposição. — O equilibrio muitas vezes de-


pende da simples distribuição do peso, assim
como um acto que parece de força depende
MEU LIVRO DE MAGICAS 87

apenas de geito. Eis aqui um nikel e cinco


palitos. Sereis capaz de levantal-os juntamente
com o nikel, segurando só pela extremidade de
um dos palitos?
Verificae.
Explicação. — Collocam-se dous palitos tão
distantes um do outro, quanto seja necessario
para cruzar entre elles outros dous, cujas
extremidades se apoião em cada um; no centro
e bem na intersecção delles põe-se a moeda.
Passar-se-ha então o quinto palito por baixo do
1º e do ultimo, mas por cima da moeda: por
elle levantareis a combinação.

Garfos que g "am apoiados em um


alfinete.
Exposição. — O equilibrio é a lei suprema do
universo; sem elle não poderieis andar com o
corpo erguido, nem subir ou descer uma escada
com a maior facilidade. Quereis vêr uma prova
de quanto o equilibrio é capaz? Eis aqui dous
garfos; quem será capaz de fazel-os gyrar
apoiados em um alfinete? Ninguem o será sem
recorrer á lei do equilibrio.
Eis aqui a prova.
88. MEU LIVRO DE MAGICAS

Explicação. — Tomae uma rolha e nella


fincac dous garfos inclinados para baixo, um
de um lado, outro de outro. Interrae na base da
rolha uma agulha com o fundo para dentro.
Applicae a ponta dessa agulha sobre a cabeça
de um alfinete que deve estar fincado na rolha
de uma garrafa. Si o apparelho estivér bem
feito ficará em equilibrio. Imprimi um pequeno
impulso no cabo de um dos garfos e elles
gyrarão apoiados no alfinete.
Modelo. —
MAGICA BRANCA
Magica Branca
Passar dous pontos de giz atravez
da taboa de uma mesa, fazendos-os
apparecer na palma da mão.
Exposição. — Vou electrisar as palmas das
minhas mãos, esfregando-as bem uma na outra.
Vêde: já estão eléctricas. Porei agora com um
pedaço de giz dous pontos sobre a taboa desta
mesa; eil-os. Collocando assim a mão direita
sobre os dous pontos e a esquerda por baixo da
mesa contra a taboa, farei passar os dous pontos
de giz atravez da mesa, ficando impressos na
mão. ,
Aqui estão elles.
Explicação. — O operador deve ter posto de
antecedencia um pouco de giz na ponta das
unhas dos dedos medio e anelar da mão
esquerda, de fórma que, quando metter a mão
para baixo da mesa, possa fechal-a e abril-a
rapidamente, deixando os dous pontos de giz
impressos na palma.
A distancia dos pontos deve ser esta :
Q Q
92 MEU LIVRO DE MÁGICAS

Excellente espelho.

Exposição. — Com algum de vossos compa-


nheiros que se não zangue, podereis usar desta
magica.
Apresentae-lhe um pequeno quadro, que
fareis cortando uma moldura de papelão e
collando pela parte posterior um papel branco
como se fosse o vidro, dizendo-lhe :
— Eis aqui um excellente espelho de papel
que reflecte tio bem como se fosse fabricado do
melhor aço, mas é preciso que o aproximeis
bem de uma vella: nisso está a sua virtude.
Verificae si dentro de alguns minutos não
enxergareis a vossa imagem,
O papel, em breve, mostrar-lhe-ha o focinho
de um asno.
Explicação. — Pintareis de antemão o focinho
de asno com as grandes orelhas, molhando
uma penna (é preferivel de ganso) em succo
de limão azedo; estando o papel frio a pintura
é invisivel, mas, esquentando, ella apparecerá.
MEU LIVRO DE MAGICAS 93

Attracção dos musculos.

Exposição. — Emprestae-me, por obsequio,a


vossa bengala: é de boa madeira. Vou mostrar-
vos quanta attracção tem os meus musculos.
Reparae bem: pego na bengala com a mão
esquerda, voltada para baixo, e cerro-a forte-
mente; depois seguro, por baixo, o pulso
esquerdo com a mão direita e aperto-o vigoro-
samente. Olhae: agora vou abrindo de manso
a mão esquerda e a bengala não cae.
Como explicar este phenómeno?
Explicação. — Apertae o punho sómente com
quatro dedos da mão direita, prolongando o
indicador por baixo da mão esquerda, afim de
sustentar a bengala.

Virar um copo cheio d'agua sem


entornar uma gotta. .
Exposição. — Qual dos Snrs , por mais sabio
que seja, poderá virar este copo cheio d'agua
para baixo sem entornal-a?
Estou certo de que ninguem o fará sem que
euo ensine.
94 MEU LIVRO DE MAGICAS

Explicação. — Mettei o dedo na agua e humi-


decei as bordas do copo. Cortae uma róda de
papel um pouco maior de que a bocca do copo
e applicae-a sobre ella. Apertae com a palma
da mão direita o papel contra as bordas do
copo e voltae-o vagarosamente de bocca para
baixo, segurando-lhe o pé com a mão esquerda,
Retirae a mão direita : a agua não cahirá.

Copo sedento,

Exposição. — Eis aqui um phenómeno imara-


vilhoso. Apresento-vos este prato fundo cheio
d'agua e este copo vazio, que está morrendo de
sêde. Quem será capaz de chamar a agua para
dentro do copo, emborcando-o no prato?
Explicação. — Eis como se procede: collocae
dentro do copo vazio um pouco de papel fino
e ateáe-lhe fogo. Apenas o papel esteja consu-
mido e o copo bem aquecido, emborcae-o rapi-
damente no prato : a agua passará para o seu
interior.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 95

Desatar um nó dado n'um lenço.

Exposição. — Aqui tendes um lenço, caros


amigos; podeis examinal-o, nada contém de
extraordinario a não ser um pouco de perfume.
Vou dar-lhe um nó. Eil-o prompto. Ajudai-me
a fazel-o cégo puxando por estas pontas. Agora,
olhae bem, seguro-o com estes dous dedos
(pollegar e indicador da mão direita) e levo-o
para dentro do lenço que sustento com a mão
esquerda. Podeis verificar si o nó está ahi:
apalpae. Segurae-o com força para que elle não
vos fuja. Bato com a minha varinha sobre o
lenço, tomo-lhe as extremidades livres e... um,
dous, tres... saccudo-o...
O nó desappareceu.
“Explicação. — A difficuldade desta magica
esta no modo de dar o nó.
E preciso que o nó seja dado de forma que
uma das pontas fique em linha recta e a outra
finja o nó. Para esse fim faz-se um nó frouxo e
estica-se uma das pontas do lenço, segurando-a
acima e abaixo do nó; feito isso, póde-se apertar
o nó. Dessa maneira a ponta que fica em linha
96 MEU LIVRO DE MAGICAS

recta póde correr livremente e ser retirada,


quando se leva o nó para baixo do lenço. O
trabalho para esse effeito é assim : segura-se,
abaixo do nó, a ponta que está em linha recta
entre o dedo minimo e a palma da mão direita
e empurra-se rapidamente para cima o nó
corredío, com os dedos pollegar e indicador
dessa mão : destruir-se-ha o nó.

Passar pelo meio de uma carta.

Exposição. — Como se poderá passar pelo


meio de uma carta? Não penseis que isto seja
historia da Corochinha, nem do tempo em que
os animaes fallavam e se transformavam em
outros menores. À minha pergunta é seria: —
Como passareis pelo meio de uma carta?
Explicação. — Dê-se um córte pelo meio da
carta no sentido do comprimento, mas sem
chegar ás extremidades (fig. 1). Dobre-se depois
a carta pelo meio no mesmo sentido e córte-se
alternadamente de um e outro lado (fig. 2);
MEU LIVRO DE MAGICAS 97

desdobrando-se, ficará uma cadeia por onde


passará facilmente o corpo.

MM
Nº 1 Nº 2 No 3

Botão qie por si mesmo cae dentro


de uma garrafa.
Exposição. — Eis uma proposta engenhosa e
que, á primeira vista, é impossivel: pôr um
botão sobre uma garrafa e vél-o passar por si
mesmo para dentro della.
Aqui está um botão e ali uma garrafa, fazei a
experiencia.
Explicação. — Dobra-se um phosphoro ao
meio e colloca-se na bocca da garrafa e sobre
elle o botão. Deixa-se cahir um pingo d'agua no
vertice formado pelo phosphoro dobrado. Ao
contacto da agua elle se distenderá e o botão
irá cahir dentro da garrafa.
98 MEU LIVRO DE MAGICAS

Vella zombadora.

Exposição. — Um pelotiqueiro mostrava a


um grupo de meninos, em uma praca publica,
um pedaço de vella de espermacete fluctuando
na agua de um alguidar.
— Quem apanhar esse coto de vella com a
bocca terá por premio esta bella maçã. Experi-
mentae rapazes.
Cada um por sua vez, muitos delles tentaram
em vão apanhal-a: a vella fugia sempre,
zombando do pescador.
Thomé, rapaz vivo como azougue, sorriu,
curvou o corpo, metteu a bocca n'agua, tirou o
pedaço de vella e ganhou a maçã.
Como Thomé conseguiu apanhar a vella?
Explicação. — O artifício está em aspirar
fortemente o ar, apanhando a vella por uma
das extremidades.

Rolhas que sobrenadam verticalmente.

Exposição. — Todos os Snrs sabem que,


pondo uma rolha n'agua, ella fluctua mas no
sentido do seu comprimento,
MEU LIVRO DE MAGICAS 99

Será possivel fazel-as sobrenadar vertical-


mente sem juntar-lhes cousa alguma?
Tentae fazel-o.
Explicação. — Podem fluctuar, obedecendo-
se á seguinte regra : colloca-se uma rolha em
pé sobre a mesa e ao seu redor arrumam-se
mais seis, todas muito juntas. Toma-se todo o
grupo com uma das mãos e mergulha-se
n'agua; traz-se em seguida as rolhas á superficie
da agua, deixando-as delicadamente. Assim
fluctuarão verticalmente.

Tirar um nikel de dentro d'agua sem


molhar os dedos.
Exposição. — Já tereis, por certo, observado
que o Martim-pescador, o Mergulhão e outras
aves aquaticas podem ficar dentro d'agua sem
que as suas pennas se molhem. Vou, agora,
provar-vos que os meus dedos tambem podem
adquirir essa propriedade. Lançarei este nikel
em um prato fundo cheio d'agua e proponho-
me a retiral-o d'ali com os dedos sem que estes
se molhem.
Como proceder?
100 MEU LIVRO DE MAGICAS

Explicação. — Basta que lanceis sobre a


agua uma camada de lycopodio; podeis apa-
nhar o nikel sem molhar os dedos.

Fazer flucluar em um copo com agua


uma agulha ou um alfinete.
Exposição. — Os corpos porosos, como a
cortiça, e os que são leves, como quasi todas as
madeiras, fluctuam facilmente n'agua; oscorpos
duros e pesados, como a pedra e os metaes,
submergem-se quando são lançados n'agua.
Todos vós sabeis estas verdades; o que talvez
ignoreis, é que ha meios de fazer sobrenadar
em um copo com agua um alfinete ou uma
agulha, não obstante serem feitos de ferro e
aço.
Sereis capazes de fazel-os fluctuar?
Explicação. — O meio mais facil é pôr sobre
a agua uma folha de papel de cigarro e em
cima a agulha ou o alfinete. Logo que o papel
molhar-se e fôr para o fundo do copo, deixará
a carga sobre a agua.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 101

Sopro de gigante.

Exposição. — Já reparastes, sem duvida,


para um guindaste, no qual a combinação
intelligente de tres ou quatro correntes permitte
que elle levante pesos enormes. Assim tambem
póde acontecer a cousas, que, sendo natural-
mente fracas, tornam-se por meio de um
artifício fortes e poderosas.
O vosso sopro, por exemplo, é capaz de apa-
gar uma vella, fazer voar uma penna ou um
pedaço de papel, tirar harmonias infinitas de
diversos instrumentos musicaes, etc., mas nunca
acreditastes que elle poderá adquirir a força de
uma pequena alavanca ou de um tiro. Comtudo,
pensando assim, estaes em erro: um sopro
vosso póde derrubar quatro ou cinco livros
volumosos com grande facilidade.
Com que artifício?
Explicação. — Fazei um sacco comprido e
estreito de papel resistente. Pondo-o na extre-
midade da mesa com o fundo para dentro,
arrumae sobre elle um grosso livro em pé, e
sobre este muitos outros. Colhei a bocca do
sacco applicando-o' á boeca e soprae com
violencia: os livros cahirão immediatamente.
—— oco
102 MEU LIVRO DE MÁGICAS

O mundo ás avessas.

Exposição. — Ha phenómenos que, apparen-


temente, contrariam todas as leis naturaes.
Sustentar sobre um prato um copo ou um
calice, ainda que estejam cheios, é cousa usual
e diaria; mas acreditaes que se possa levantar
um prato segurando pelo pé de um calice ou
de um copo que se tenha emborcado dentro
delle?
Parece impossivel, entretanto ha meio de
pratical-o,
Sabeis qual é 0 artificio empregado?
Explicação. — Passae um pouco de cera nas
bordas de um calice ou de um copo. Accendei
dentro delle umas folhas de papel de cigarro e
apenas acabe o fogo, emborcal-o em um prato
de porcellana, apertando-o .por algum tempo.
Tomae o calice ou o copo pelo pé e suspen-
dei-o; o prato virá com o calice.
MEU LIVRO DE MAGICAS 103

O anel obediente.

Exposição. — Quando quizerdes zombar de


uma pessôa, procedei mais ou menos deste
modo :
— O seu anel é muito bonito, mas muito mal
educado; o meu felizmente é bem criado.
— Porque dizeis isto?
— Porque sei que elle não obedecerá a um
pedido meu.
— Qual é elle?
— Eis aqui dous fios de linha perfeitamente
eguaes; tomo esta e em uma das extremidades
amarro o seu anel, prendendo a outra à tra-
vessa de uma cadeira. Depois pedirei que não
caia e porei fogo á linha; o seu anel me desobe-
decerá e irá ter ao chão.
— Mas isto é natural; a linha queima-se, o
anel é pesado e... bumba, la vae ao chão. Ao
vosso aconteceria a mesma cousa.
— Não, senhor, não é natural, nem ao meu
aconteceria cousa egual. Desde que eu lhe
ordene, elle ficará suspenso nas cinzas da linha.
— Isso, então, ou não é verdade, ou é feiti-
caria.
104 MEU LIVRO DE MAGICA

— Nem uma, nem outra causa : é o poder da


minha varinha magica.
— Execulae a operação; quero aprecial-a.
— Com todo gosto.
De que modo procederá o operador?
Explicação. — Ponde de molho durante
24 horas um fio de linha em um pouco d'agua
fortemente salgada em que deveis ter dissol-
vido pedra-hume. Seccae a linha e empregae-a :
a cinza sustentará o anel suspenso. No exemplo
apresentado, usareis de um fio que tenha tido
o preparo e outro fio de linha commum : o que
foi preparado amarrareis no vosso anel e o
outro no anel mal educado. Este cahirá ao
chão apenas lanceis fogo a linha.

Moeda que passa por um circulo


menor do que ella.
Exposição. — Os deslocadores nos Circos de
Cavallinhos, entre varios trabalhos, fazem pas-
sar o corpo dobrado por um pequeno arco,
menor do que a largura dos seus hombros.
Aqui vos apresento um caso semelhante, po-
rém mais notavel, porque trata-se de uma
MEU LIVRO DE MAGICAS 105

moeda que não póde ser flexivel como o corpo


humano.
O caso é este: com um compasso traçae em
papel um circulo visivelmente menor do que a
circumferencia de uma moeda escolhida. Re-
cortae esse circulo. Será possivel passar a
moeda por elle?
Explicação. — Basta dobrar o papel pelo
diametro do circulo e forçar um pouco a
moeda : ella passará sem romper o papel.

As rolhas prisioneiras.

Exposição. — Aqui tenho duas rolhas, Snrs.;


tomo esta na mão esquerda entre o pollegar e
a base do indicador; na mão direita segurarei
a outra na mesma posição. Approximo as mãos
e colloco as pontas dos dedos medio e pollegar
da mão direita em uma e outra base da rolha
que tenho na mão esquerda; e os mesmos de-
dos da mão esquerda nas bases da rolha que
sustento na mão direita. Afastando as mãos,
as rolhas ficam livres.
Eis aqui. Prompto : estão livres.
106 MEU LIVRO DE MAGICAS

— Fareis tambem isso, sem que as rolhas


fiquem prisioneiras uma da outra?
Explicação. — Podeis fazer duas ou tres
vezes com rapidez esta magica, que nem um
dos circumstantes conseguirá pratical-a.
Observe-se a seguinte regra : Segurando as
rolhas com as costas das mãos voltadas para
cima, ponde a ponta do dedo pollegar da mão
direita na parte inferior da rolha da mão
esquerda e o dedo pollegar da mão esquerda
em cima da rolha que está na mão direita; de-
pois collocareis o dedo medio da mão direita
na parte de cima da rolha que está na mão
esquerda, e o dedo medio desta na base infe-
rior da rolha da mão direita : separae as mãos
que as rolhas não ficarão uma prisioneira da
outra.

Nó que se faz por si mesmo.

Exposição. — Sabeis muitas cousas admira-


veis e diversas magicas verdadeiramente as-
sombrosas. E grande a vossa habilidade, mas
se o Schah da Persia apostasse comvôsco um
grande diamante da sua corôa si conseguisseis
MEU LIVRO DE MÁGICAS 107

dar um nó em um cordel sem deixar-lhe as


duas extremidades, terieis o infortunio de
perder o premio. Duvidaes disso?
Supponde, por um momento, que eu sou o
tal soberano, mas, em lugar de um diamante,
apósto esta bella laranja em como não dareis o
nó neste cordel, sem deixar-lhe as pontas.
Tentae conseguir o premio; eis aqui o cordel.
Explicação. — Esticae o cordel diante de
vós sobre a mesa; cruzae os braços inteira-
mente, de maneira que a mão direita, passando
por cima do punho esquerdo, fique debaixo do
antebraço tambem esquerdo; a mão esquerda,
passando por baixo do punho direito, fique por
cima do antebraço tambem direito; mais ou
menos na posição de um copeiro que serve a
mesa.

Apanhae então as duas pontas do cordel!


sobre a mesa e, sem deixal-as, descruzae*os
braços : o nó dar-se-ha por si mesmo.

Copo gue foge do fogo.

Exposição. — Não são sómente os seres ani-


mados que fogem do fogo; ha tambem seres
108 MEU LIVRO DE MÁGICAS

inanimados que evitam o fogo, fugindo sem


ter pernas.
Aqui temos um copo sem pé, mas de crystal,
e esta vella accesa.
— Como se fará para que a vella afugente o
copo?
Explicação. — Molhae as bordas do copo e
emborcae-o sobre um aparador ou consolo de
pedra marmore, que tenha uma pequena incli-
nação. Chegae a vella accesa proximo do copo
que, dentro em pouco elle começará a deslisar
suavemente.
— ego

Cordel que se emenda com os dentes.

Exposição. — Pensaes por acaso que só os


vossos dedos tem a habilidade de emendar um
cordel? Enganae-vos redondamente; elles
emendarão um cordel partido em dous,
deixando um nó visivel; os vossos dentes, po-
rém, emendal-o-hio sem deixar vestigio algum.
Eis aqui um cordel, amarrado pelas duas
pontas, formando um circulo. Dóbro-o, dou-lhe
uma tesourada, córto-o : aqui tenho na mão
direita duas pontas e na esquerda outras duas.
LIVRO DE MAGICAS 109

Levo as quatro pontas á bocca, mastigo-as e...


Apresento-vos um só fio de cordel, onde exis-
tiam dous pedaços. Examinae-o: elle não tem
um só vesligio da emenda.

Explicação. — Tomae o cordel e emendae


as duas pontas; mettei dentro do circulo as
duas mãos com as costas para fóra e esticae o
cordel para um e outro lado; torcei só a mão
direita até tornal-a á mesma posição, de fórma
que os dous lados do cordel cruzem-se no
meio; juntae as duas mãos com as palmas vol-
tadas para o peito e enfiae a direita na parte do
cordel que passa pelas costas da mão esquerda;
esta pela parte que passa pela palma da direita;
arredae de novo as mãos e vereis que o cordel
fórma dous circulos, um engatado no outro;
escondei esse engate entre os dedos pollegar e
indicador da mão esquerda e com a direita,
tambem nessa posição, mostrae que ha dous
circulos e que, dando-se-lhes um golpe de um
lado, ficarão quatro pontas, portanto, dous fios
de cordel.
Mandae que córtem junto aos dedos que
escondem o engate, do qual tambem approxi-
mareis os dedos da mão direita; mostrae as
quatro pontas, duas em cada mão, e mettei-as
110 MEU LIVRO DE MAGICAS

todas na bocca, onde tirareis o pedacinho de


cordel que se destaca, pondo-o com a lingua
entre o labio superior e a gengiva : apresentae
um só fio de cordel.
——
oe —_

Pontaria certa.

Exposição. — Ainda que não sejaes bons


atiradores, meus amiguinhos, porque nunca
déstes um tiro, comtudo estou certo de que
tendes boa pontaria. ‘
Eis o caso :
Trata-se de introduzir esta moeda naquella
garrafa, cujo gargalo lhe dá passagem perfei-
tamente, mas isso sem tocar na moeda nem na
garrafa.
Será possivel tal maravilha?
Explicação. — Fazei de papel resistente um
anel de meio palmo de diametro; ponde-o sobre
o gargalo da garrafa; collocae na sua parte
superior a moeda, bem em direcção á bocca da
garrafa. Tomae a varinha de condão e metten-
do-a pelo anel dareis para o lado uma pancada
rapida e firme: o anel irá ao chão e a moeda
cahirá dentro da garrafa.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 111

Movimento contrario.

Exposição. — Embora de borracha, uma


bola que se deixe no alto de uma táboa incli-
nada rolará por si mesma infallivelmente; um
carrinho que se abandone no alto de uma
ladeira, descel-a-ha com rapidez; são cousas
usuaes, que obedecem a uma lei geral.
Eis aqui, porém, uma experiencia que parece
contrariar essa lei geral.
Ponho sobre esta mesa um livro com a
lombada para cima e sobre elle apoio a ponta
de uma régoa que vae terminar na mesa;
temos, pois, um plano inclinado. Aqui está este
anel feito de um papel dobrado muitas vezes;
vou collocal-o sobre a régoa e elle, em logar de
descer, subirá por ella.
Eil-o que sóbe.
Explicação. — Basta que pelo lado inferior
do anel de papel se ponha uma bola de cêra e
que, quando o colloquemos sobre a régoa,
tenhamos o cuidado de vêr que a bola fique
quasi no alto mas do lado da subida.
—— oo
nz MEU LIVRO DE MAGICAS

Oito dedos levantam um homem.

Exposição. — Quando esliverdes reunido


aos vossos companheiros, apostae em como só
com oito dedos póde um d'elles ser levantado.
Rir-se-hão, sem duvida, mas para comprovar
a vossa affirmação, escolhei o mais nutrido de
todos os companheiros e pedi-lhe que se preste
a ser erguido com oilo dedos.
Si elle acceder ao pedido, como devereis
proceder?
Explicação. — Escolhei mais [res compa-
nheiros e mandae que aquelle que aceitou o
convite deite-se sobre uma mesa com a barriga
para cima, as pernas juntas e os braços ao
longo do corpo. Ficae com um dos companhei-
ros escolhidos do lado direito da mesa e man-
dae os dous outros para o lado esquerdo.
Poreis o dedo indicador da mão esquerda
debaixo do hombro do operado e o dedo indi-
cador da mão direita por baixo do quadril; o
vosso companheiro do mesmo lado porá o
dedo indicador da mão esquerda tambem por
baixo do quadril e o da direita por baixo da
barriga da perna. Os companheiros do lado
MEU LIVRO DE MÁGICAS 113

esquerdo procederão do mesmo modo. Orde-


nae que o que está deitado endureça o corpo e
que, a um momento dado, todos aspirem forle-
mente o ar com a bocca semi-aberta. Nessa
occasião é que devem Lodos ao mesmo tempo
suspender o que está deilado. A experiencia
não falhará.

Resurreicéo de fléres.

Exposição. — Muitas vezes Ler-vos-hão dado


um cravo, um bogari ou um bello botão de
rosa, que ao terceiro dia pende, perdendoo seu
vigor e colorido; imprestavel por esse motivo,
atiraes fóra a encantadora flôr.
Não deveis, porém, fazer semelhante cousa,
antes de reanimal-a ainda uma vez : dae-lhe de
novo o seu vigor e as suas lindas céres, que a
pobre flôr viverá por mais um dia.
Que remedio servirá para essa resurreição?
Explicação. — Para fazer uma flôr viçosa,
mergulhae-lhe a haste em agua fervendo; es-
friando o liquido, a flôr se reanimará.
114 MEU LIVRO DE MAGIÇAS

O oraculo.

Exposição. — Eis aqui este bonecô transpa-


rente : é um oraculo. Por elle podereis saber
cousas mysteriosas; si o pozerdes na palma da
mão, os seus movimentos pódem indicar predi-
ções sobre a vossa vida e sentimentos de que
estaes possuido.
Por exemplo : sio boneco levantar primei-
ramente
a cabeça — sereis um ente feliz;
o braço direito — sereis poderoso;
o braço esquerdo — sereis sempre pobre;
a perna direita — sereis remediado;
a perna esquerda — sereis sensivel ao amor;
o meio do corpo — sereis desgraçado.
Si chegar a reunir os pés com a cabeça —
sereis um genio.
Explicação. — Para esses effeitos desenha-
reis sobre um pedaço de gelatina ou colla de
peixe um boneco com os braços ligeiramente
afastados do corpo e as pernas um pouco sepa-
radas. Recortae esse boneco : será o oraculo.
MEU LIVRO DE MÁGICAS HS

Hora revelada.

Exposição. — Quem me empresta um re-


logio?
A minha varinha, meus senhores e senhoras
vae mostrar-vos, ainda uma vez, o poder da
sua magia; ella tem o dom de adivinhar as
horas que marcardes no mostrador deste relo-
gio.
Vejamos como havemos de proceder.
Marcareis, sem nada dizer-me, uma hora
qualquer, 6 horas, por exemplo. Depois acom-
panhareis as pancadas da minha varinha sobre
o mostrador do relogio, contando só para si, da
hora escolhida até 20. Tendo marcado 6 horas,
devereis contar, sem que eu ouça, acompa-
nhando as pancadas da varinha, 7,8, 9,10, 11,
12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20. Este ultimo
numero é que deverá ser pronunciado bem
alto, para que todos vejam que, quando o pro-
nunciardes, a minha varinha tocará na hora
que marcastes.
Apreciemos a magia da varinha.
Explicação. — Bater-se-ha com a varinha
arbitrariamente em 7 pontos do mostrador,
116 MEU LIVRO DE MAGICAS

dando-se a oitava pancada nas XII horas e


seguindo d'ahi para a esquerda hora por hora.
Quando a pessoa disser 20, a varinha terá ba-
tido sobre a hora escolhida.

Wl
Ca
Es =

Tre
Hora escolhida em segredo — 8.
O operador ira batendo indistinctamente nas
horas do mostrador, comtanto que a oitava
pancada caia nas XII horas, emquanto a pessôa
que marcou a hora irá contando essas panca-
das, da hora escolhida para cima, isto é, 9, 10,
11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20. Quando
disser este numero a varinha estará tocando
nas 8 horas — hora marcada. -
MEU LIVRO DE MÁGICAS 117

Os cartões magicos.

Exposição, — Quem não acredita em adivi-


nhações?
Temos aqui, meus senhores, 20 cartões com
varios numeros; disporei esses cartões em cir-
culo cortado por um diametro.

Peco a um dos Snrs que pense, à vontade,


um numero qualquer e que conte esse numero,
começando do diametro, da direita para a
esquerda, seguindo depois pelo circulo e para
118 MEU LIVRO DE MAGICAS

cima; d'ahi voltará a contar para baixo o mesmo


numero, mas sómente sobre o circulo. Propo-
nho-me a adivinhar o numero do cartão que
completar o numero pensado.
Vamos suppor que se pense o numero 8.
Contando sobre o diametro da direita para a
esquerda e depois, pelo circulo, para cima,

o SEG,
ias EB]
É
[io] 7] [37 20 ee]£
a Ex
og E a®
Tornando a contar 8 para baixo, sómente
pelo circulo, chegamos ao cartão no 70.
Si eu estivesse ausente á voz de — prompto
— diria logo — 70.
Experimentemos.
MEU LIVRO DE MAGICAS 119

Explicação. — Contae, antes de vos retirar


da sala, do cartão que fica em frente ao diame-
tro para baixo, tantos cartões quantos são os do
diametro: o cartão que vier logo depois con-
terá infallivelmente o numero que devercis
dizer á voz de — prompto.
Na hypothese formulada, o diametro é for-
mado por 3 cartões, logo deveis contar do car-
tão que lhe fica em frente, 3 tambem para
baixo, e tomar de memoria o numero escripto
no cartão que vem logo depois : com effeito é o
nº 70.
Por essa explicação bem comprehendeis que
é preciso variar todas as vezes o numero de
cartões do diametro e trocar entre si os do cir-
culo, para evilar a reproducção dos mesmos
- numeros.
á aut

E cr

Da cas
Tr;
COMBINAÇÕES
DE CARTAS
Combinações de Cartas
Os quatro reis e os quatro pagens.

Exposição. — Temos aqui quatro reis e


quatro azes. Os azes são pagens que têem de
acompanhar seus augustos soberanos que vão
a passeio no parque.
A" sahida do palacio é preciso usar de cor-
tesía e cada rei vae cedendo o seu logar ao rei
que o precede, assim como cada pagem céde o
seu ao collega que tem de acompanhar o rei.
Por esse motivo, é preciso que, tomando o
monte de oito cartas, frentes para baixo, vire-se
a primeira carta de cima, que deve ser um rei;
a carta que se segue deve ser um pagem (az),
que céde o seu logar ao seu collega, portanto,
eu a ponho para baixo e viro a carta seguinte,
que deve ser um pagem; como a esse pagem
deve seguir-se um rei, este céde o seu logar ao
collega; portanto ponho-o para baixo e viro na
mesa a carta seguinte, que será um rei; e assim
124 MEU LIVRO DE MAGICAS

por diante, tendo sempre em vista que se deve


virar uma carta sobre a mesa e pôr outra em
baixo do monte, até terminal-o, ficando na
mesa o cortejo completo; rei, az, rei, az, rei, az,
rei e az.
Qual será a ordem em que.as cartas devem
estar?
Explicação. — Regra : — Dous reis, um az,
dous reis, tres azes.

Aposta ganha.

Exposição. — Temos aqui dous grupos de


cartas de jogar : um maior e outro menor.
Quereis apostar commigo em como adivinharei
aquelle em que puzerdes a mão em cima,
estando eu longe e dando-vos as costas?
Sem grande esforço eu vos farei perder.
Vejamos; eu me retiro para que, escolhendo
me pergunteis :
— Em que monte tenho a mão?
Explicação. — Os dous grupos são assim
formados : um por sete cartas quaesquer e o
outro pelos quatro setes do baralho.
MEU LIVRO DE MAGICAS 125

. Aº pergunta feita, respondereis sempre :


— No monte de sete — sem medo de errar
porque, constituídos os grupos como fica dito,
qualquer d'elles é de sete.

Olhar de Lynce.

Exposição. — Já deveis ter ouvido fallar de


um animal extraordinario, cuja. vista é tão
penetrante que atravessa as mais grossas
paredes, enxergando o objecto que está do lado
opposto : vista maravilhosa como a luz do
raio X do sabio Roentgen.
Eis aqui uni baralho de cartas; vou provar-
vos quea minha vista tem o poder do olhar do
lynce; tirareis uma carta de onde bem qui-
zerdes, pôl-a-heis sobre a mesa com a mão em
cima: atravez da vossa mão eu a verei, dizendo
qual é.
Duvidaes?
Façamos a experiencia quantas vezes qui-
zerdes, mesmo depois de passardes as cartas
repetidamente.
Explicação. — Preparação do baralho. —
Separae os quatro naipes sobre uma mesa,
126 MEU LIVRO DE MAGICAS

dispondo as cartas, menos os dez, na ordem


seguinte : ouros, copas, espadas e páos, da
esquerda para a direita. Todas as cartas bran-
cas, incluidos os azes, têem o seu valor natural,
mas as figuras valem : a dama 10, o conde 11 e
o rei 12.
Tomae uma carta qualquer de ouros (1º nai-
pe), 4 por exemplo, juntae-lhe 5 (numero con-
stante) e tereis 9; poreis o 9 de copas (2º naipe)
depois do 4 de ouros; 9 mais 5 (nº constante)
fazem 14, menos 12, são 2; poreis o 2 de es-
padas (3º naipe) em seguida ao 9 de copas; 2
mais 5 são 7, collocareis o 7 de pãos (4º naipe)
em seguida ao 2 de espadas; 7 e 5 são 12: como
12 é o valor do rei, poreis o rei de ouros
(1º naipe) em seguida ao 7 de pãos e assim por
diante, tendo o cuidado ‘de subtrahir 12,
quando os pontos sommados formarem um
numero maior do que 12.
Quando os pontos sommados dão justamente
12, valor do rei, deve-se pôr depois delle um
cinco, mas do mesmo naipea que pertence o rei.
Assim, depois do rei, no exemplo acima, virá o
cinco de ouros; 5 de ouros mais 5 (nº constante)
fazem 10 (valor da dama), logo a carta que
collocareis será dama de copas (2º naipe) etc.
Para facilitar a combinação do baralho apre-
MEU LIVRO DE MAGICAS 127

sento-vos uma das ordens em que pódem estar


as cartas, afim de proceder-se immediatamente
á adivinhação.
Eil-a.
Dividi o baralho, tirados os dez, em seis
macetes de 8 cartas cada um, assim organi-
sados da esquerda para a direita :

1º macete. 2º macete.
4 de ouros 8 de pãos
9 de copas Az de ouros
2 de espadas 6 de copas
7 de pãos Dama de espadas
Rei de ouros 4 de pãos
5 de ouros 9 de ouros
Dama de copas 2 de copas
3 de espadas. 7 de espadas.

3º macete, 4º macete.
Rei de páos 4 de espadas
5 de pãos 9 de pãos
Dama de ouros 2 de ouros
3 de copas 7 de copas
8 de espadas Rei de espadas
Az de pãos 5 de espadas
6 de ouros Dama de pãos
Conde de copas. 3 de ouros.
128 MEU LIVRO DE MAGICAS

5º macete. 6º macete.
8 de copas Rei de copas
Az de espadas 5 de copas
6 de pãos Dama de espadas
Conde de ouros 3 de pãos
» 4 de copas 8 de ouros
9 de espadas Az de copas
2 de pãos 6 de espadas
7 de ouros. Conde de pãos.
Modo de adivinhar. Nessa ordem vereis
que, accrescentando 5 pontos á carta que está
visivel em baixo do baralho (diminuindo 12
quando dér mais de 12), sabereis qual é a
1º carta que está sobre o baralho e qual o naipe
a que pertence.
Por exemplo :
O conde de pãos está á vista, em baixo do
baralho, e como vale 11, accrescentando 5,
ficam 16, menos 12, ficam 4; logo a carta que
está em cima do baralho é um 4, e é de ouros
porque o naipe que segue-se a pãos, é ouros.
Para maior divertimento podeis mandar
passar as cartas muitas vezes e, estendendo em
leque as cartas nas mãos, voltado para baixo o
baralho, pedir que tirem a carta que desejarem,
pondo-a sob a mão. Adivinhal-a-heis pela mesma
MEU LIVRO DE MÁGICAS 129

fórma,. passando rapidamente para baixo do


baralho a porção de cartas que eslava acima
da carta tirada : visto o valor da ullima e
accrescentados os 5 pontos, sabereis qual a
carta escolhida.

Força de allracção.

Exposição. — Aqui estão reunidas, de 4 em


4, as cartas eguaes de um baralho desde o az
até o sete..
Vou dispôr agora os azes, reis, condes, da-
mas, 10, 9, 8 e 7 em columnas verticaes, de
fórma que fique o mesmo naipe arranjado em
fileiras horisontaes.
Tomarei essas cartas assim ordenadas e
permittirei que corteis o baralho quantas
vezes vos parecer e aposto em como ellas
sahirão sempre na mesma ordem.
Será possivel?
Experimentemos.
Explicação. — Sempre que vos derem o
baralho, depois deo terem passado, verificareis
rapidamente a 1º e a ultima carta: sia de cima
fôr um az e a debaixo um sete, podeis sem
medo, tirando de cima para baixo, constituir
130 MEU LIVRO DE MÁGICAS

as fileiras horisontaes: ellas sahirão perfeitas;


si, porém, não forem aquellas cartas, comple-
tareis o naipe que está em cima do baralho, ou
o naipe que lhe fica por baixo, com as cartas
que fAltarem, isto é, si quizerdes completar o
naipe de cima tirareis as cartas, que lhe falta-
rem, de baixo do baralho e si fôr o de baixo,
completal-o-heis com cartas de cima.
Por exemplo :
A carta de baixo é um 8 de ouros : tirareis a
carta de cima e collocal-a-heis em baixo, sem
vêl-a, porque não ha duvida que será o sete
tambem de ouros.
A carta inferior é um 10, passareis de cima
para baixo tres cartas (9, 8, 7); e assim por
diante, sempre completando (só no principio
ou no fim do baralho) a parte que tiver maior
numero de cartas.

Casaes inseparaveis.

Exposição. — Espalhae 20 cartas, duasa duas,


sobre a mesa e dizei:
— Aqui estão dez casaes que se dio perfeila-
mente bem e não pódem separar-se sem que
um venha logo ao encontro do outro, Não
MEU LIVRO DE MAGICAS 131

pensem que sería capaz de mentir. Cada um de


vós fará o obsequio de notar em segredo um
desses casaes; depois eu os separarei, dispondo-
os em quadro. Vou provar que reunirei a mu-
lher ao marido assim que me indicarem as fi-
leiras em que elles estão.
ixecutemos o exercicio.
Explicação. — Apenas tenham escolhido os
diversos pares de cartas, juntae-os todos em
um só macete, tendo o cuidado de não
desirmanal-os. Distribuireis depois as cartas de
cada casal sobre a mesa de fórma que fiquem
sempre representando as duas letlras eguaes
das seguintes palavras :

B al CO arieira
1 2 3 4 5
Limbo o,
7 8 1 5
as:

8 7 9 9 2

Curul «,
4 10 3 10 6
132 MEU LIVRO DE MÁGICAS

Assim, o 1º casal ouas primeiras duas cartas,


poreis uma no principio da 1º fileira (B) e
outra no penullimo logar da 2º fileira (lam-
bem b); do segundo casal, collocareis uma no
2º logar da 1º fileira (a) e outra no ultimo logar
da 3º fileira (tambem a); do 3º casal poreis
uma no 3º logar da 1º fileira (r) e oulra no
3º logar da 4 fileira (lambem r); e assim por
diante.
Comprehendeis, por certo, que dessa maneira,
quando vos disserem, por exemplo: — O
marido está na 1º fileira e a mulher na terceira
— já sabeis que as cartas que indicam a mesma
lettra formarão o casal e a unica lettra que está
na 1º e na terceira fila é A, logo a 2º carta da
1° fila e a 5* da 3* foram as escolhidas.
Si as fileiras indicadas forem a 2° ea 4°, serao
as cartas que indicam a mesma lettra (L) as do
casal.
Para praticar desembaraçadamente esta adi-
vinhação, é preciso ter de cór as palavras cita-
das; para que as não esqueçaes basta ter pre-
sente a seguinte phrase :
Fui de Barco ao Limbo ouvir Missa assen-
tado na Curul.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 133

Cartas obedientes.

Exposição. — Aqui temos um baralho de


52 cartas. Todas ellas são tão obedientes que
accódem logo ao meu chamado. Quereis vêr?
Embaralhae bem as cartas e collocae o
baralho sobre a mesa voltado para baixo. Tirae
vós mesmo, mas sem vêl-o, o valete de páos,
por exemplo, de cima e dê-me o para cá. Tirae
o dous de ouros no meio do baralho, tambem
sem vêl-o; dae-me finalmente o az de espadas
no fim. Viro agora as cartas : valete de pãos,
dous de ouros, az de espadas.
Explicação. — Quando se manda embaralhar
toma-se nota rapidamente da carta que fica
embaixo do baralho; pede-se essa carta em
cima; esta pede-se no meio, e esta pede-
se embaixo. E’ por isso que quem as tira
não as deve vêr.

Carta bem mandada.

Exposição. — Aqui tendes 32 cartas de jogar;


vou dividil-as por tres vezes seguidas em
134 MEU LIVRO DE MAGICAS

3 montes; em cada uma das vezes me direis em


que monte se acha uma carta que escolhereis e
si é de vosso gosto queella appareça em cima ou
embaixo do baralho.
Experimentemos si a minha carta é bem
mandada e se obedece ao vosso desejo.
Explicação. — Tomareis um macete de 32
cartas, frentes para cima ec as ircis lirando
uma por uma, formando 3 montes da direita
para a*esquerda; si desejarem que a carta
escolhida appareça em cima do baralho, deveis
pôr nas tres vezes successivas o monte que a
tem por cima dos outros dous; no caso contra-
rio, collocal-o-heis por baixo d'elles. Na lerceira
vez que dispuzerdes as cartas e as reunirdes
pela ultima vez em um só monte, a carta esco-
lhida apparecerá no logar indicado.

Entre 21 cartas adivinhar a que


foi escolhida.

Exposição. — Tenho na mão 21 cartas e com


ellas formarei tres montes; far-me-heis o obse-
quio de tomar nota de uma dessas cartas. Eil-os
promptos.
MEU LIVRO DE MAGICAS 135

— Em que monte está a carta escolhida?


Neste. Bem: vou de novo, depois de juntar
as cartas, collocal-as sempre em tres montes.
— E agora em que monte está a carta esco-
lhida?
Muito bem. Junto pela penultima vez as car-
tas e pela terceira faço tres montes.
— Dizei-me esta vez mais, onde está a carla
escolhida?
Ouvida a vossa resposta, junlarei finalmente
as cartas e, tirando uma por uma, dir-vos-hei a
que escolhestes.
Exposição. — O artifício está em fazer os
montes da esquerda para a direita e pôr sempre
o que encerra a carta escolhida no meio dos
outros dous. Na lerceira vez, depois de juntas
as cartas, volta-se o macete para baixo, e, li-
rando-se de cima, vão-se contando as cartas,
que se voltam sobre a mesa : a decima 1º carta
será a escolhida.
oe:

Carta adivinhada em segredo.

Exposição. — Fazei o favor de tirar uma


carta, notar bem qual é e pôl-a embaixo do
136 MEU LIVRO DE MÁGICAS

baralho. Fallando ao vosso ouvido, em segredo,


direi qual é.
Experimentemos.
Explicação. — Escolhida a carta e posta em-
baixo do baralho que o operador deve ter na
mão esquerda, elle passa-o para a direita e,
curvando-se chega a bocca ao ouvido esquerdo
da pessôa, ao mesmo tempo que passa-lhe o
braço pelas costas afim de que veja a carta
escolhida e diga-a em segredo.

Adivinhar uma carta escolhida.

Exposição. — Aqui lendes um baralho de


cartas; peço-vos que relireis d'elle uma carta
qualquer, que a vejaes, collocando-a embaixo
do baralho. Bem. Agora podeis passal-o uma,
duas, tres vezes, que cu irei descobrir a carta
escolhida.
Explicação. — Antes de mandar-se tirar a
carta, deve-se Ler visto distrahidamentea ultima
sarta do baralho, debaixo da qual será posta a
escolhida. Por essa fórma, mesmo depois de
passal-as, tirando-se as cartas de cima para
MEU LIVRO DE MÁGICAS 137

baixo e voltando-as na mesa, a que seguir-se


áquella que o operador viu, será necessaria-
mente a carta escolhida.

Declarar o numero de pontos de tres


cartas Liradas por alguem.

Exposição. — Eis aqui um baralho de 52 car-


tas; relivae d'elle ás occultas tres cartas e contae
separadamente o numero de pontos que tem
cada uma, accrescentando a cada numero de
pontos tantas cartas quantas sejam necessarias
para fazer quinze pontos. Notae que as figuras
valem dez pontos eas outras cartas têem o valor
natural. Dae-me agora as cartas restantes, que
eu vos direi a somma dos pontos das cartas
escolhidas.
Explicação. — Quando se pede o resto do
baralho, contão-se rapidamente as cartas que
tem e desse numero subtrahe-se o algarismo 4;
o numero de cartas que ficar indicará a somma
dos pontos das tres cartas escolhidas.
138 MEU LIVRO DE MAGICAS

Calculo. — Sejam as cartas escolhidas

+ + 2
o

oOo¢
ooo
+ e
++ 2

A pesséa que as escolheu tem de reunir aos


5 pontos de páos as cartas necessarias para
chegar a 15, portanto 10 cartas; aos 3 pontos de
espadas tem de juntar 12 cartas e aos 7 pontos
de ouros, 8 cartas, todas tiradas do baralho que
tem na mão: restão, pois, 19 cartas. Pedireis
esse resto e delle lirareis 4: as que ficão, que
são 15, representam a somma dos pontos das
tres cartas escolhidas.
Estabelecamos o calculo, como elle deve ser
feito :
Páãos 5 (pontos) + 10 (cartas) — 15
Espadas 3 ( — ) +12 (— )=15
Ouros 7( — )+ 8 (— )=15
10 + 12+ 8 =30 (cartas tiradas) + 3 (cartas
escolhidas) = 33 (cartas)
52 (cartas do baralho) — 33 = 19 — 4 = 15
ou a somma dos pontos das tres cartas esco-
lhidas.
Com effeito 5 + 3 + 715.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 139

Reunir ti reis, pondo-os separados.

Exposição. — Fazei o favor de segurar estes


tres reis: são vossos prisioneiros politicos e
como tal ides desterral-os.
Poreis o 1º no pólo norte, em cima do ba-
ralho; o 2º no equadór, no meio do baralho e o
3º no pólo sul, embaixo do baralho,
Desde já, porém, vos asseguro que elles se
reunirão, porque são muito amigos e precisam
conferenciar. Tanta segurança tenho nesta
minha affirmação que, peço-vos, para maior
obstaculo, passeis duas ou lres vezes as cartas.
Bem. Vêde, elles aqui estão reunidos.

Explicação. — Quando dérdes os 3 reis,


deveis já ter tido o cuidado de collocar o
quarto rei sobre o baralho. Por esse meio,
depois de collocardes os outros tres, ficarão
dous em cima e um embaixo; passando para
a de baixo, os tres reis se reunirão.
140 MEU LIVRO DE MAGICAS

Como se poderão reunir tres cartas


a nove de maneira que se possão
contar quatro cartas tanto de cima
para baixo como da direita para a
esquerda?

Exposição. — Colloquemos, Senhores, nove


cartas assim :
E aqui vos dou mais
tres para que junteis a +
essas nove, de modo que

+ +
* *
* +

se possão contar tanto


nas columnas verlicaes,
como nas horizontaes,
quatro cartas.
Experimentae si é possivel.
Explicação. — Das tres cartas dadas collocae
uma em cima da ultima da 1º fileira horizontal;
outra em cima da 2º da 2º columna, e a terceira
sobre a 1º da 3º fileira. Por esse artificio
contareis sempre quatro cartas, quer de cima
para baixo, quer da direita para a esquerda.
MEU LIVRO DE MAGICAS 141

A Hospedaria do “Veado manso”.

Preparação. — Reuni os reis, azes, condes e


damas, que chamareis — soberanos, frades, fi-
dalgos e rainhas. Virae na mesa uma carta qual-
quer para baixo, — será a hospedaria; dobrae
uma carta ao meio, pondo-a de pé sobrea hospe-
daria, será o estalajadeiro; dobrac outras duas
cartas, que porcis de pé uma distante da outra:
será a primeira o Bisbilhoteiro, e a segunda o
Chefe de Policia.
Começareis, então, a contar a vossa historia.
Exposição. — Fazia uma noute medonha;
relampagos illuminavam repentinamente o
céo: rápidos ráios rasgavam os ares; roucos
roncos ribombavam soturnamente; rajádas rijas
zuniam varrendo os espaços: chovia a cântaros.
A' hospedaria « Veado manso » (carta virada)
chegaram quatro cavalleiros e bateram forte-
mente á porta : eram quatro soberanos (os
quatro reis). O estalajadeiro não se fez esperar,
e vcio recebel-os.
— Vossas Magestades sejam bemvindos.
— Queremos quatro quartos.
— Tenho-os excellentes, meus reaes Senhores,
cada um no angulo da minha hospedaria.
142 MEU LIVRO DE MAGICAS

— Bom! — Guie-nos aos quartos; mande —


nos trazer vinho, roupa e ceia.
— Obedeço, reaes Senhores. (Tomareis os
reis voltando-os nos quatro cantos da hospe-
daria).
O estalajadeiro foi preparar a ceia.
Dez minutos depois.
— Pan! Pan! Pan! — bateram novamente á
porta.
O estalajadeiro vae a correr e depára com
quatro frades (azes), tiritando de frio e molha-
dos como pintos pellados.
— Irmão, dae-nos quatro quartos.
— Não tenho, irmãos; estão occupados por
quatro soberanos.
— Irmão, o temporal está desfeito, não pode-
mos seguir avante, sentimos frío e temos fome;
pedi aos soberanos que consintam em receber-
nos em seus aposentos.
— Irei pedir-lhes isso, irmãos. (Levareis o
estalajadeiro para o centro da hospedaria e per-
guntareis).
— Vossas Magestades consentem em que uns
pobres frades, transidos de frio e devorados de
fome, venham pernoitar nos seus aposentos.
— Mande-os entrar, responderam os sobe-
ranos.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 143

— Pódem vir, Senhores esmoléres, os sobe-


ranos consentem. (Tomareis os quatro azes e os
distribuireis nos quatro cantos sobre os
reis).
Dez minutos depois.
— Toc, toc, toc, — bateram novamente.
— Irribus! nem me deixam descansar; e lá
se foi o estalajadeiro vêr quem era. Esbarrou
com quatro fidalgos.
— Mestre, dê-nos quartos, roupa, ceia e vi-
nhos generosos.
— Darei roupa, ceia, vinhos generosos, mas
não tenho quartos vazios.
— Diabos o levem! gritou um dos fidalgos.
Dê-nos quartos ou fisgo-te a barriga.
— Pela santissima Virgem Maria! fallo ver-
dade inteira. Eu tinha quatro quartos que dei a
quatro reis; vieram quatro frades e os reis
deixaram que elles fossem para os seus
quartos.....
— Como é lá isso? interrompeu o fidalgo.
Vae e pede a suas Magestades o mesmo favor
para nós quatro.
— Ponho um pé lá e outro cá. (Levareis o
estalajadeiro para o centro da hospedaria per-
guntando) :
— Vossas Magestades consentirão que quatro
Lad MEU LIVRO DE MAGICAS

illustres fidalgos venham fazer-lhes companhia


por esla noute?
— Sim.
— Os soberanos consentem no vosso pedido.
Pódem entrar. (Tomareis os quatro condes e os
collocareis um por um sobre os frades).
Meia hora depois.
— Pim, pim, pim. — bateram novamente á
porta.
O estalajadeiro colérico :
— Por Belzebúth! assentaram em não me
deixar dormir. Corro a vêr quem é.
— Snr. hoteleiro, queremos quatro quartos.
— Sinto muito, mas não os tenho vazios.
— Somos quatro rainhas que andamos pro-
curando os reis nossos esposos que partiram |
pela madrugada; não podemos com o frio, que-
remos descansar.
— Os reis estão ahi, mas suas Magestades
não pódem recebel-as porque cada um tem um
frade eum fidalgo em seu aposento.
— YVae e pede-lhes que nos deixem entrar.
— Vou n'um pulo. (Levareis o estalajadeiro
para o centro da hospedaria, perguntando) :
— Suas augustas consortes pedem para vêr
Vossas Magestades.
— Que venham.
MEU LIVNO DE GICAS 145

— Os soberanos consentem. Venham. (To-


mareis as damas e as distribuireis pelos quatro
macetes).
O Bisbilhoteiro, que estava observando tudo,
disse comsigo :
— Ali anda cousa: talvez seja uma conspi-
ração: vieram quatro soberanos, depois quatro
frades, depois quatro fidalgos, depois quatro
rainhas; vi que em cada quarto ficaram mistu-
rados homens e mulheres, reis e fidalgos, frades
erainhas..... Nada, aqui anda conspiração. Vou
denunciar tudo ao Chefe de Policia. (Tomareis
o « Bisbilhoteiro » e levareis até ao Chefe de
Policia, onde dirá) :
— Snr. Chefe de Policia, venho fazer-lhe uma
denuncia :na hospedaria « Veado manso » está
sendo effeituada uma conspiração contra o
governo e os. bons costumes; alli ha homens
com mulheres e mulheres com homens de
corôa e de espada: reis, frades, fidalgos e
rainhas. 1 eco providencias.
— Vou vestir-me e já volto. Espere-me ahi,
diz o Chefe de Policia.
O estalajadeiro que vira Bisbilhoteiro ir á
casa do Chefe de Policia exclamou :
— Estou perdido! D'aqui vão todos para o
xadrez. Bisbilhoteiro foi contar tudo ao Chefe
LiG MEU LIVRO DE MAGICAS

de Policia. Temos temporal tambem ca dentro;


vou dizer a meus hospedes que fujam.
— Fujam, Senhores, fujam que ahi vem a
policia.
Reina grande confusao. Uns embarafustam-se
pelos quartos dos outros: ninguem se entende
durante alguns minutos.
Chega o Chefe de Policia accompanhado de
Bisbilhoteiro.
— Prão, prão, prão — martelou elle na porta
da hospedaria.
O estalajadeiro abriu a porta.
— Está preso como conspirador.
— Mas Senhor Che.....
— Bico. Tem aqui em sua hospedaria homens
que conspiram contra os bons costumes, mistu-
rando sexos, classes, religiosos e profanos.
Não, senhor. O « Veado manso » só pra-
tíca boas acções. Tudo isso foi uma grande peta
que lhe pregaram.
— Deixe-me vêr a hospedaria.
— Com todo gosto; póde V. S. dar rigorosa
busca. Veja sd, eu Ihe digo: eu tinha quatro
quartos vazios; chegaram quatro reis e eu dei-
lhes um quarto (levantareis e mostrareis o
macete inferior da direita); eilos aqui. Che-
garam depois quatro frades e aluguei-lhes o
MEU LIVRO DE MÁGICAS lá

a
2º quarto (levantareis o macete superior da,
esquerda); aqui estão. Vieram mais tarde quatro
fidalgos e cedí-lhes outro quarto (levantareis o
macete inferior da esquerda); estão reunidos.
Agasalhei, finalmente, quatro rainhas, a quem
dei o ultimo quarto (levantareis o macete supe-
rior da direita); eil-as aqui. — Vê, pois, V. S.
que todas as classes estão separadas, os sexos
separados, e os profanos separados dos reli-
giosos.
— Sim, senhor, está tudo em ordem; louvo o
seu procedimento. Quanto a este Bisbilhoteiro
mentiroso vou desterral-o para Pantanas, que
é um logar para onde muita cousa tem ido e
nada tem voltado. Boa noute.
E acabou-se a historia.
Como pôde o estalajadeiro reunir os sobera-
nos; frades, fidalgos e rainhas que estavam
misturados?
Explicação. — Quando se estabelece a confu-
são com a palavra fujam, movei os macetes do
seguinte modo : tomareis o 1º de cima (direita)
pondo-o sobre o 2º de baixo (esquerda), for-
mando um só monte; poreis esse monte sobre
o 2º macete de cima (esquerda) e depois sobre
o 1º de baixo (direita), isto é, em diagonal. Feito
isso, distribuireis as cartas uma por uma pela
Tis MEU LIVRO DE MAGICAS

mesma fórma : 1º logar de cima, 2º de baixo;


2º logar de cima, 1º de baixo : as cartas eguaes
ficarão reunidas.

Carta despresada,

Exposição. — Collocae na mesa, formando


um circulo, nove cartas voltadas para baixo.
Sereis capaz de voltal-as para cima, menos
uma, contando um, dous, tres e voltando esta,
sem poder contar: um, nas cartas já viradas?
Verificae.
Explicação. — Contlae da esquerda para a
direita, um, dous, tres, de fórma que fique uma
carta virada para cima e outra para baixo,
menos duas que ficarão juntas voltadas para
baixo. Contae novamente da esquerda para a
direita, um, dous, tres, começando de fórma
que vireisa primeira das cartas que estão juntas
voltadas para baixo.
Por essa maneira nunca errareis.
RECREAGOES
Recreaçoes.
O boneco e a faca.
Exposição. — A força humana póde servir de
motor para muitas e variadas machinas; o que
é, porém, extraordinario é que o homem tem
em si movimentos involuntarios que tambem
pódem ser aproveitaveis. Quereis uma prova?
Eis uma applicação jocosa desses movimentos.
Explicação.— Fazei um córte do lado opposto
á cabeça de um phosphoro e introduzi nesse
córte a extremidade de outro phosphoro que
tereis achatado, de modo a formar um angulo
agudo. Recortae um corpo de boneco e fixae-o
em um entalhe feito no vertice do angulo for-
mado pelos dous phosphoros. Segurando pelo
cabo uma faca com o córte para cima e appli-
cando fortemente o punho sobre a mesa,
montae na lamina o boneco de maneira que as
pontas dos phosphoros toquem na mesa : elle
deslisará pela faca automaticamente.
152 MEU LIVRO DF MAGICAS

Sopro inutil.

Exposição. — Assim como o vosso sopro é


capaz de tornar-se gigante por meio de um arti-
ficio, a ponto de derrubar grossos livros, como
se fôra um tufão (Secc. Magica branca, pag. 101),
assim tambem elle póde Lornar-se lão fraco, por
meio de outro arlificio, que seja incapaz de
apagar uma vella a um palmo de distancia.
Duvidaes?
Pois bem; aqui tendes um funil; voltae-o com
a bocca para a vella e soprae rijamente por
elle : duvído que apagueis a vella.

Explicação.— Só ha possibilidade de apagar


a vella, si desviardes um pouco o funil para
o lado.

Como se evitará um espirro?

Exposição. — Frequentei uma bella chacara


que tinha muitas arvores fructiferas e uma
vicosa vinha que dava excellentes uvas brancas.
MEU LIVRO DE MAGICAS 153

O parreiral extendia-se ao longo do muro que


ladeava a chacara.
O dono da parreira notou que por um certo
ponto do muro alguem roubava-lhe os melhores
cachos de uvas e, armado de vára, fez uma
escóra certo dia.
Agachára-se junto do muro havia poucos mi-
nutos e já por cima d'elle surgia a pequena mão
e logo após o braço esguio do larapio quando...
o dono da parreira sentiu que ia dar um estron-
doso espirro que, com certeza, afugentaria o
gatuno. Sem mais demóra impediu que o espirro
lhe sahisse do nariz e agarrou o vadio, sape-
cando-o valentemente.
O que fez o dono da parreira para não
espirrar?
Explicação. — Esfregou fortemente com o
dedo uma das sobrancelhas: é o artifício empre-
gado pelos caçadores que estão em tocaia.

O peixe de papel.

Exposição. — Eis uma diversão engenhosa :


cortae, em papel encorpado, um peixe mais ou
154 MEU LIVRO DE MÁGICAS

menos deste modelo:

Passae pelo córte «a uma pequena tira de


papel que atravesse de lado a lado e sirva para
manter o peixe na posição natural. Mergulhae-o
n'agua até o canal aberto no corpo : elle ficará
parte dentro d'agua e parte fóra.
Que se fará para obrigar o peixe a mover-se?
Explicação. — Deixae cahir uma gotta de
azeite doce fino no circulo central: o peixe pôr-
se-ha em movimento.

Jornal pesado.

Exposição. — Collocae um pedaço. de táboa


fina de quinze centimetros (0m15) de largura e
meio metro (0m50) de comprimento em cima de
uma mesa, de fórma que exceda a beira cerca
de um palmo.
Apostae com alguem em como não jogará a
táboa ao chão, applicando-lhe um murro na
parte que está para fora da mesa, si ella estivér
sob o peso de um só jornal.
MEU LIVRO DE MÁGICAS 155

Aceita a aposta, facilmente ganhareis. Como?


Explicação. — Abri um jornal sobre a parte
da régoa que está assente na mesa, alisando-o
bem para tirar-lhe o mais possivel o ar e
juntal-o bem á mesa. E" quanto chega : uma
pancada, por violenta que seja, não atirará a
táboa ao chão.

Agua embaixo do vinho.

Exposição. — Em casa, á sobremesa, podeis '


fazer uma experiencia interessante. Como sa-
beis, ha liquidos mais densos e pesados do que
outros: assim, por exemplo, o azeite sobrenada
n'agua, embora o derrameis com violencia. Si
procederdes, porém, dessa maneira com o vi-
nho virgem ou de pasto elle se misturará á
agua.
Como proceder para que o vinho fluclúe
sobre a agua?
Explicação. — Basta que derrameis o vinho
n'um copo com agua, gotta a gotta: si fôr puro
ficará na superficie da agua.
156 MEU LIVRO DE MAGICAS

Agua que sobrenada ao vinho.

Exposição. — Pela menor densidade do


vinho é facil fazel-o sobrenadar n'agua. Mas
como se fará o inverso? O vinho poderá ser
retido no fundo de um copo com agua? Este é
o problema; a solução é a seguinte:
Explicação. — Ponde em um copo agua tão
quente quanto elle possa supportar; por meio
de um funil, que introduzireis no copo até o
fundo, derramae um pouco de vinho gelado:
elle formará uma camada no fundo do copo,
mas subirá apenas a agua esfrie e elle aqueça.

A força do geito.

Exposição. — Houve tempo em que, por


superstição, trazia-se ao pescoço uma moeda
de dez réis ou de vintem, emprestando-se-lhe
effeitos beneficos. Essa moeda era furada, as
mais das vezes, com um prego rijo batido por
valentes martelladas. A experiencia, porém,
nos ensina que com uma agulha fina e uma só
martellada, podemos furar um vintem.
De que modo?
fexplicação. — Collocae no chão ou sobre
MEU LIVRO DE MÁGICAS 157

uma mesa dous cubos de madeira do mesmo


tamanho e distantes um do outro apenas um
centimetro. Ponde apoiada sobre elles uma
moeda de vintem e em cima da moeda uma
rolha na qual já deveis ter introduzido bem
pelo centro uma agulha commum que não
exceda a rolha. Tomae um martello e dae uma
pancada firme e vigorosa sobre a rolha: a
agulha atravessará o vintem.

Reflector ulilissimo.

Exposição. — Eis aqui um engenhoso appa-


relho para ser applicado ao exame da garganta:
consta de uma vella accesa e de uma colher de
prata ou electro-plate para chá.
Experimentae-o.
Explicação. — Em um logar escuró tomae
uma vella accesa e uma colher de chá; segurae
com a mesma mão a colher unida á vella, de
fórma que aquella fique com o lado concavo
voltado para esta. Mandae que uma pessôa abra
a bocca e approximae-lhe a vella: os raios que
partem da colher illuminarão perfeitamente a
“garganta.
— «co ——_.
158 MEU LIVRO DE MAGICAS

Cousa impossivel.

Exposição. — Si quizerdes obter um nikel de


vosso pae, fazei-lhe esta proposta :
— Ouça, papae, uma cousa : eu preciso de
um nikel, mas quero ganhal-o por meio de
uma aposta. Eu porei o nikel na palma da
minha mão e papae procural-o-ha tirar, pas-
sando-lhe por cima uma escova de roupa exa-
ctamente como se estivesse escovando o seu
paletot. Si não conseguir tiral-o, elle fica meu
prisioneiro e passará para o meu bolso. Sim?
Explicação. — Nunca se deve deixar a pesséa
bater com a escova, porque por esse modo
cahirá a moeda ao chão. Escovando sómente é
impossivel tiral-a.

Novo modo de andar.

Exposição. — O Juquinha era um traquinas


levado da bréca; estava elle uma vez com outros
companheiros, quando lembrou-se de pergun-
tar-lhes :
— Quem será capaz de andar com os pés nos
bolsos? ‘
MEU LIVRO DE MAGICAS 15

o
o
Um d'elles respondeu:
— Com os sapatos no bolso poderei andar,
mas com os pés duvído que alguem o faça.
Juquinha riu-se e apostou duas laranjas em
como elle tinha o poder de andar com os pés
no bolso.
Aceitaram a aposta e Juquinha ganhou as
laranjas.
Como procedeu?
Explicação. — Tirou o paletol, enfiou os pés
num e m'outro bolso e pôz-se a andar em frente
dos companheiros exclamando:
Estou andando com os pés'nos bolsos.

Movimento malabar.

Exposição. — Como se poderá passar um


copo cheio d'agua da mão esquerda para a
direita, tendo os braços esticados para os lados,
sem curval-os nem entornar a agua?
Na realidade, qualquer movimento mais im-
petuoso derramará o liquido e póde partir o
copo, si fôr ao chão.
Como resolvereis o problema?
Explicação. — 'Torcendo o corpo para a
160 MEU LIVRO DE MAGICAS

direita e abaixando-o, deixareis o copo sobre a


mesa; fazendo o mesmo movimento para a
esquerda tomareis o copo com a direita; endi-
reitando o corpo, tereis passado o copo da mão
esquerda para a direita sem ter curvado os
braços.

Ferver agua em papel.

Exposição. — O papel, sabeis de sobra, quei-


ma-se com grande facilidade; mesmo que esteja
molhado, a chamma sécta-o e o fogo ateia-se
depois de poucos momentos.
Eis aqui, porém, uma originalidade: o papel
póde servir de vasilha para ferver agua!
Estará semelhante absurdo ao alcance das
cousas praticaveis?
Sim, mas de quem odo?
Explicação. — Com um arame grosso formae
um circulo em uma extremidade, enrolando a
outra extremidade em espiral de fórma que uma
vella possa ser introduzida por elle, Cortae uma
rodela de papel resistente e, fazendo tomar a
fórma de cuia, mettei-a no circulo do arame.
Ponde este apparelho na vella de um castiçal de
MEU LIVRO DE MÁGICAS 161

maneira que a cuia de papel fique tres dedos


acima do pavio da vella, o que conseguireis
curvando mais ou menos o pedaço de arame
que.vae da vella ao circulo. Deiltac agora na
cuia de papel até que a sua superficie vá um
pouco acima do circulo de arame que a sus-
tenta. Accendei a vella: dentro em breve a
agua ferverá sem que o papel se queime.

Rabanete valente.

Exposição. — Quando estivérdes à mesa e


houver rabanetes ainda com casca, annuncia-
reis que com a metade de um d'elles levantareis
um prato de cima da mesa.
Si pozérem em duvida a vossa declaração,
podereis executar a magica com toda a facili-
dade.
Qual será o processo?
Explicação. — Partí o rabanete em dous,
cavae um pouco a parte que tem a raiz e esfre-
gae-a no centro de um prato, que ella ficará
segura. Tomando-a pela raiz ella levantará o
prato.
162 MEU LIVRO DE MAGICAS

Leitura difficil.

Exposição. — Traçae em um papel transpa-


rente grande quantidade de linhas verticaes,
distando umas das outras cerca de um millime-
tro. Traçae outras tantas linhas horisontaes
pela mesma forma; oblereis assim um papel
quadriculado mui miudo. Collocae o papel assim
preparado sobre a pagina de um livro e pedi
que leiam o que n'ella está escripto.
Ninguem o fará sem artificio. Qual será elle?
Explicação. — Para lêr, basta que da direita
para a esquerda e vice-versa movaes o papel
com toda a presteza, como se estivesseis fric-
cionando a pagina do livro.

Telephone infantil.

Exposição. — O telegrapho e o telephone são


duas maravilhas: um transmitte o vosso pen-
samento por escripto, outro a vossa palavra
articulada; ambos téem por mãi commum a
electricidade.
Qualquer d'elles exige apparelhos mais ou
menos complicados e dispendiosos. Podeis,
MEU LIVRO DE MAGICAS 163

porém, em casa, com pouco trabalho, arranjar


uma especie de telephone, que produz bom
effeito a pequena distancia.
Fabricae de papelão dous canudos de um
centimetro de longo e da largura ou diametro
da hocca de um calice commum.
Tapae um dos lados de cada um d’elles com
pellica fina muito esticada, presa ao redor com
barbante. Fazei um pequeno furo no meio da
pellica dos dous canudos e n'elles, de fóra para
dentro, enfiae as duas extremidades de um
cordão sem emenda, dando na ponta um grosso
nó para impedir que elle saia. O cordão póde
ler 10 metros de comprido.
Como funccionará esse telephone?
Explicação. — O cordão faz o effeito de fio
electrico e os canudos imitam os dous phonos;
alguem tomará um d'elles e encostará ao ouvido;
segurareiso outro e por elle fallareis da distan-
cia em que chegar o cordão esticado : o que
disserdes a outra pessôa ouvirá,

Como se resolve uma difficuldade.

Exposição. — Tomae um cordão e ligae


ponta com ponta, fazendo um circulo e n'elle
164 MEU LIVRO DE MAGICAS

enfiae um dos vossos braços: juntae as mãos e


entrelaçac os dedos. Pedi a alguem que tire o
cordão sem cortal-o, nem desatal-o e sem que
desligueis os dedos.
Bem poucos serão capazes de resolver essa
dificuldade da primeira tentativa.
texplicação. — Mandae que a pessôa tome o
cordão e passe-o por baixo de todos os dedos,
ora o de um lado, ora o de outro, a começar
dos pollegares para os minimos; puxando o
cordão elle sahirá sem esforço.

Sem rumo certo,

Exposição. — Mandae que um dos vossos


companheiros arrede-se tres passos de uma
parede e volte-se para ella, Passae-lhe um lenço
nos olhos, vendando-o.
Apostae com elle em como, sem tiral-o do
logar, o desnorteará a tal ponto, que elle per-
derá o rumo e difficilmente irá direito á parede.
De que artifício deveis usar?
Explicação. — Dae-lhe duas ou tres voltas
sem arredal-o do logar; é quanto basta.
—oco
MEU LIVRO DE MAGICAS 165

O pára-quéda de papel.

Exposição. — Entre as muitas recreações que


se pódem fazer de papel, ha uma que não é
bem conhecida ainda : é o pára-quéda de papel.
Eis como podereis obtel-o.
Explicação. — Tomae duas liras de papel
fino de palmo e meio de comprimento e dous
dedos de largura; juntae-as e lorcei-as até
2 terços do comprimento. Separae e abaixae
ligeiramente as duas pontas livres. Segurando
esse pára-quéda pela parte torcida ce jogando-o
para o ar ou deixando cahir de um logar alto,
elle descerá vagarosamente como se fosse um
hélice.
INDIGE

PROLOGO. rosa sims a ea e ae 2 5


NOTA NECESSARIA.. . . . Eua 7

Tentos :
Parouimpafs:asms us rss ga sa E 1
Pergunta infantil. PR ESS we . 12
O Signo de Salomão. Es % 13
Fezer apparecerem tres tenlos em lugar de dous. . .. 14
Calcular quantos tentos ficam sobre a mesa. . .. 15

Galeulo mental
Calcular todo o resto de uma sublracção feila por
alguem sendo dado um só algarismo do resto. . . 19
Galeulo curioso. «we ee 20
Collocar 4, 2, 3, 4, 5, 6,7, 8 e 9de forma que tanto
horizontal, como verticalmente e em diagonal somme-
se o numero 15.=. . cc 22
Adivinhar um numero pensado. nuno gm ui 23
Erro de somma. ... 2... . eee ee am 24
Subtracção errada. . ... 24s . 25
Adivinhar a quantia que alguem traz namalgibeira., pers ce 26
Escrever a somma de seis parcellas antes de effeituar a
operação. ... . . cuca sata va. 27
168 INDICE

Illusões :
A colhér sino. >. ee ee ee
Trovoada ficlicia. . 2 6-0 ee ee
Braço de tisicõ. à uso omnes sora css
Arco-iris repentino... . cc cc cs
Zunidos eroncos ... cla
Impressio deumtiro. . 2... ee ee
Uma bola que parece duas. . . cc cc css
Rectangulo que parece um lrapesio. . +. cc.
Roda que se move ao mesmo tempo em dous senti-
dos. ..ccccccrer ee ca a a ea 37
Oversnstol, . oe ee ee Re SA ee 38
Wstrella tricolor> 6 6. le ee ee 39
O passaro domeslicado. . 2 2. ee ee ht
Ligeiro cinemalographo . . 2 6. 6 ee ee ete ee AL
FaGtoCh@i. <a woe woe we nano aro sura owe 42
Ornamentorapido. . . 2 2 6 6 ee 43
Ovo que mudade côr.-. . 2 ee ee 44
Grugloniinosa. 6 2 ee ee ewe la ee we 45
Luz que amedronta + 46
Engano certo . " a ate 46
Sombras chinezas . . . LL cc ee ee 47
Erro imperdoavel.. . . 6 6 ee eee ee ee es 48
O MRCHOMOBOL ss eu ee Bw Re we RE 49
O MADONMIDOR: ss cms sscams sms gra BS 50

Desenho geometrico :
De um quadrado fazer cinco quadrados eguaes. . ... 53
Formar um quadrado com quatro Ze qualroL. .... 5
Quadrado difficilde construir. ........ eee 55
Tangramma Chinez . 2... 1 ee ee ee 56
Corlar uma estrella com uma tesourada. . . 2... 62
Traçar um rectangulo com suas diagonaes sem levantar
olapisdo papel... 2... 2... ee ee 65
AGAR JANOME. sue a numa ssa guy gua 18
Traçar um circulo e apparecer uma ellipse. . . .... 69
Circulo tragado
A m4o, 2... . . ee ee 70
Prodigios de uma tesourada.. .........2.0- 71
MEU LIVRO DE MÁGICAS 169

Gombinações de phosphoros :
O salto dedousem dows... .......-.- 75
Quadrados zombadores. . ... cc... 76
Phosphoros disciplinados. . .... 2... 77
Levantar tres phosphoroscomumsé......... 78
Uma estrella interessante... 2... 2. ee ee 79
Levantar quinze phosphoros com ums0o. ....... 80

Equilibrio :
Posição instavelh © 2 1 ee 83
Equilibrioe geito. . 2. ve ee 83
Um impossivel... . mm ui eme ns nie ca eis 84
Supplicio de Tantalo. . 2... 2. 2... ee 85
Lamparina original. . 2... ee ee 85
Ovo posto de pé. . me es cuecas sua
em ave 86
Suspender uma moeda e cinco palitos. FR mo Era 86
Garfos que gyram sobre umalfinele.. . .. 2... 87

Magiea branea :
Passar dous pontos de giz atravez de uma mesa, fazendo-
osapparecernapalmadamio........... A
Excellente espelho.... 2.0... 2... eee eee 92
Attracção dos musculos . .. . 5 EE SA 93
Virar um copo cheio d'agua sem entornar umaa gotta. Re 93
Copo sedento. .. 2... 2 ee ee ee 94
Desatarum né dado n’um lengo.. . . . 1... eee 95
Passar pelo meio de uma carta . ... ce 96
Botão que por si mesmo cae dentro de uma a garrafa. oe 97
Vella zombadora. . . .... PRE PR 98
Rolhas que sobrenadam verticalmente, Tr a 98
Tirar um nikel de dentro d'agua sem molhar os “dedos. 99
Fazer fluctuar em um copo com agua uma agulha ou um
alfinele sc 4 6 Ss owe Dw ems ama vw 400
Sopro de gigante.. . 2. 2 2 eee ee ee ee ee AOE
O mundo ds avessas. «2. 1. 2 ee ee ee ee ee 102
O anel obediente.. . 2-2... 2. ee eee ee es 108
Moeda que passa por um circulo menor do queella. . . 10%
170 INDICE
As rolhas prisioneiras.. . . cc rr 105
Nó que se faz por si mesmo. . .... cce 106
Copo que foge do fogo. .. .. 1... es 107
Cordel que se emenda com os dentes... . ...... 108
Pontaria certa... . 2 ee ee ee 110
Movimento contrario. . . cics MM
Oito dedos levantam um homem . +... cc... 112
Resurreição de flóres. . . cc cc 13
DudRACUlOL « smiama ams cms carona ME
Hora revelada. . Lc cc css 5
Os cartões magicos.. . . cics ANT

Combinações de cartas :
Os quatro reis c os qualro pagens. . . cc css 123
aposta ganha .. sacas ew awe wwe le 124
Olhar de Lynce . . cc cc 125
Forga de attracgfo. ©... ee ee 129
Casaes imseparaveis. . 2... 2. ee ee ee ee 130
Cartas obedientes. .. 2.2... 2+ 2 ee ee ee 188
Carta bem mandada. . ... woe ee 133
Entre 21 cartas adivinhar a que Toi escolhida. sums us 18%
Carta adivinhada em segredo. . . cc 0 135
Adivinhar uma carta escolhida. . . 136
Declarar o numero de pontos de tres cartas tiradas por
alguem ..... SM PRE RE » 137
Reunir tres reis, pondonss sepabados. E se ê 138
Como se poderão reunir tres cartas a 9, de maneira a que
se possão contar quatro cartas tanto de cima para
baixo como da direita para a esquerda? . . .... 140
A hospedaria do « Veado Manso»... .. 2... - 4 141
Carla despresada. . 2... 2 2. ee eee eee ee 148

Recreações :
Obonecoeafaca.... 2-2... ee ee ee eee MSL
Soproinutil. .. . . . a0 sui am ae ee ey BD
Como se evitará um aapirre? . Ruma HS awe wr BBD
Opeixede papel. «cvs cu ma su ams cm 458
Ojornalpesado. 2... 6 we ee eee 156
Agua embaixo dovinho. .... 2... eee e155
MED LINRO DE MAGICAS

Agua que sobrenada ao vinho. .


A força do geito.
Reflector ulilissimo. .
Cousa impossivel .
Novo modo de and
Movimento malabar .
Ferver agua em papel .
Rabanete valente .
Leitura difficil. m E vê
Telephone infantil. Em ves 3 O
Como se resolve uma difficuldade.
Sem rumo certo. . ....
O pára-quéda de papel. .
sr

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