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PROCESSUAIS
1. Introdução
Adotou a legislação pátria o sistema da prova relacionada, isto é, a lei indica quais são
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os meios de prova admitidos, seguindo a linha do direito francês e italiano, mas não
impede outros que não os relacionados. Ao contrário do sistema adotado por Portugal e
Chile, que determina de forma taxativa quais são as provas cabíveis, não admitindo
outros.
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E é no Código Civil (LGL\2002\400), portanto no direito substantivo, em seu art. 136,
que vamos encontrar a determinação dos meios, de forma limitativa. Contudo, não
proíbe, ou mesmo impede, sejam aceitos outros meios de prova.
Já o Código de Processo Civil (LGL\1973\5) vigente, que é datado de 1973, ao tratar das
provas no capítulo VI, na seção I, nas Disposições Gerais, diz em seu art. 332 que:
"Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados
neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a
defesa".
Exame é a inspeção realizada por perito para cientificar-se da existência de algum fato
ou circunstância que interesse a solução do litígio. O exame pode ter por objeto coisas
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Vistoria é a perícia que recai sobre bem imóvel. Por fim, avaliação é o exame destinado
a verificar o valor em dinheiro de alguma coisa ou obrigação. Também é denominada
arbitramento, vocábulo utilizado pelo CPC (LGL\1973\5) nos arts. 18, § 2.º, 606, 607,
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627, § 1.º, e 1.206.
A prova pericial possui função supletiva, com o que se caracteriza, e tem por finalidade,
ante a falta de aptidão pessoal do juiz, ante a falta de conhecimentos técnicos, fazer
uma apreciação dos fatos e suas conseqüências, verificando se existentes ou ocorrentes.
Denota a necessidade de aptidão especial, de percepção técnica de especialista. No
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entanto, não substitui o juiz, e tampouco o vincula. Portanto, não é substitutiva ou
vinculativa do juiz. O perito na verdade não passa de um auxiliar do juízo (art. 139, CPC
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(LGL\1973\5)).
4. Sujeito da perícia
O perito - aquele que experimenta, que sabe porque é experiente - é o sujeito ativo da
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perícia. É aquele que vem a ser o auxiliar do juiz no ato de prestar a jurisdição.
Essa assistência ele a presta como perito percipiendi, ou como perito deducendi,
conforme as tarefas que lhe foram cometidas (declaração de ciência ou afirmação de um
juízo). É na segunda função, sobretudo, que ele atua de maneira predominante como
técnico; já na primeira, o seu papel é o de substituir o juiz em diligências de que este se
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subtrai por motivos de conveniência ou exigências do serviço judiciário.
Como tal constitui uma declaração de ciência, é um ato fato jurídico, a afirmação de um
juízo, traduzindo o meio de prova específico.
Portanto, não se fará perícia nas hipóteses em que a prova do fato não depender de
conhecimento técnico, podendo a percepção dos fatos, a verificação, ser feita pelo
próprio juiz. Assim vem a ocorrer quando o objeto da prova não demanda mais do que o
conhecimento ordinário.
Daí resulta que o juiz pode, e deve, indeferir o pedido de perícia, quando esta se mostrar
desnecessária ao deslinde da questão.
Em sua forma de realização, poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e
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dos assistentes, o que se dará por ocasião da audiência de instrução e julgamento.
424, I, CPC (LGL\1973\5)). Também o será se, sem motivo justificado, deixar de
cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. No caso estará o juiz, antes de tudo,
velando pela celeridade do processo, já que, necessária a perícia, não podem as partes
ficar esperando a apresentação das conclusões de forma indefinida, o que causaria
evidente atraso no julgamento.
Exige a lei que o perito cumpra com escrúpulos o encargo que lhe foi confiado (art. 422,
CPC (LGL\1973\5)), isto é, deverá desempenhar sua função de forma meticulosa, com
cuidado e retidão, independentemente de prestar compromisso por termo próprio. A
exigência quanto à forma de realização do trabalho encontra-se na própria lei
processual. Não raro, é também observada nos códigos de ética que regem todas as
atividades profissionais devidamente organizadas.
7. O perito-contador
"Art. 26. Salvo direitos adquiridos ex vi do disposto no art. 2.º do Dec. 21.033, de
08.02.1932, as atribuições definidas na alínea c do artigo anterior são privativas dos
contadores diplomados".
- reavaliações e medição dos efeitos das variações do poder aquisitivo da moeda sobre o
patrimônio e o resultado periódico de quaisquer entidades;
- assistência aos comissários nas concordatas, aos síndicos nas falências, e aos
liquidantes de qualquer massa ou acervo patrimonial".
A lei processual (art. 146, CPC (LGL\1973\5)) prevê que o perito nomeado pelo juízo
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possa escusar-se do encargo ao qual foi nomeado se alegar motivo legítimo.
Assim ocorrendo, caberá ao perito nomeado pelo juiz postular sua substituição,
mediante petição nos autos, traduzindo, mesmo que de forma sumária, mas
convincente, o motivo alegado. Para tanto dispõe de cinco dias, que serão contados da
data em que for intimado e tomar ciência de sua designação como perito do juízo, ou,
noutra hipótese, da data da ocorrência de fato impediente superveniente. Se assim não
o fizer, perderá a oportunidade de alegar, pois a lei reputa que renunciou a tal direito.
O vocábulo escusa aqui utilizado não possui outro sentido que não o de dispensa.
Acolhido o motivo pelo juiz, dar-se-á a pronta substituição do perito nomeado (art. 423,
CPC (LGL\1973\5), última parte).
Também refere o tema a NBC P2 (Normas Brasileiras de Contabilidade), nos itens 2.2.3
(escusa por motivo legítimo ou foro íntimo) e 2.4.1, quando trata dos impedimentos.
9. O rito processual
A prova pericial pode ter sua realização determinada de ofício pelo juiz, ou mesmo a
requerimento das partes e do Ministério Publico. Há casos em que a própria lei
determina a realização de perícia ( e.g., apuração de haveres do sócio de sociedade por
cotas de responsabilidade limitada).
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Ao nomear o perito o juiz assinará prazo para a realização dos trabalhos, variando este
em conformidade com a complexidade dos mesmos, o local de sua realização, o tempo
necessário à prática das diligências, a preparação de elementos técnicos etc.
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Ao indeferir quesitos caberá ao juiz agir prudentemente, já que muitas vezes perecem
eles desnecessários quando não o são, já que contém elementos técnicos de
desenvolvimento da própria perícia.
Também fixará o prazo para a realização da prova, bem como a data de seu início e
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local, o que também caberá ao perito indicar.
Aqui cabe salientar a igualdade de direitos que a lei processual confere tanto ao perito
quanto aos assistentes técnicos no tocante ao desempenho de suas funções, o que tem
fundamento no princípio da igualdade das partes, já que não seria admissível que a
prova pudesse ser produzida com tais meios pelo perito do juízo, deles ficando afastados
os assistentes.
E na utilização dos meios necessários entende-se que são somente aqueles destinados à
prova reclamada, descabendo aos experts desbordarem do tema de prova, indo além,
utilizando meios de informação que se encontrem fora dos limites da perícia.
Antigamente o perito reunia-se com os assistentes técnicos das partes, combinando local
e hora para a verificação dos elementos da prova. Quando havia acordo em relação à
conclusão dos trabalhos, lavravam laudo único, firmado por todos. No caso de
divergência, lavravam cada qual seu laudo - perito e assistentes -, fundamentando suas
razões.
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Tal procedimento foi revogado pela Lei 8.455, de 24.08.1992, que determinou na nova
redação ao art. 433 do CPC (LGL\1973\5), que o perito apresentará o laudo em cartório,
no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e
julgamento.
Muitas vezes a perícia é determinada, com o designar do perito, sem que a data de
audiência seja desde logo aprazada. Não importa.
Cabe ao perito a apresentação do laudo no prazo fixado pelo juiz. Se verificar que não
poderá concluir os trabalhos no prazo fixado, e havendo motivo justificado, o juiz, a
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pedido do perito, prorrogará o prazo, segundo seu prudente arbítrio.
Atualmente não mais existe a previsão de intimação do perito e assistentes para prestar
o compromisso legal, o que antecedia a realização dos trabalhos. A dispensa de
compromisso é prevista no art. 422 do CPC (LGL\1973\5).
Com a nova redação do artigo citado, observa-se que a obrigação do perito de cumprir
"escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido" deriva da própria lei, respondendo
este pelos seus atos, tanto na esfera civil, como na esfera penal e administrativa,
independentemente de compromisso.
11. Bibliografia
_____. Direito processual civil. Rio de Janeiro: Max Limonad, 1969, vol. II.
_____. Prova judiciária no cível e comercial. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1983, vol. I.
BUSSADA, Vilson. A prova pericial cível interpretada pelos tribunais. 1. ed. Edipro, 1994.
MARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 1977.
vol. 2.
(1) AMARAL SANTOS, Moacyr. Prova judiciária no cível e comercial. São Paulo: Saraiva,
vol. 1, n. 48.
(2) "Art. 136. Os atos jurídicos, a que se não impõe forma especial, poderão provar-se
mediante: I - confissão; II - atos processados em juízo; III - documentos públicos ou
particulares; IV - testemunhas; V - presunção; VI - exames e vistorias; VII -
arbitramento."
(5) CPC (LGL\1973\5), art. 436: "O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo
formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos".
(6) CPC (LGL\1973\5), art. 139: "São auxiliares do juízo, além de outros, cujas
atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial
de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete".
(7) CPC (LGL\1973\5), art. 145: "Quando a prova do fato depender de conhecimento
técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421".
(8) Manual de direito processual civil - Da prova pericial, vol. 2, n. 488, op. cit., n. 3.
(9) art. 420, parágrafo único, CPC (LGL\1973\5): "O juiz indeferirá a perícia quando: I -
a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; II - for
desnecessária em vista de outras provas produzidas; III - a verificação for impraticável".
(10) art. 421, § 2.º, CPC (LGL\1973\5) (Redação da Lei 8.455, de 24.08.1992).
(11) CPC (LGL\1973\5), art. 146: "O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo
que lhe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do
encargo alegando motivo legítimo. Parágrafo único. A escusa será apresentada, dentro
de cinco dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se
reputar renunciado o direito a alegá-la (art. 423). (Redação dada ao parágrafo pela Lei
8.455, de 24.08.1992)".
(12) Art. 134. "É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou
voluntário: I - de que for parte; II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou
como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como
testemunha; III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido
sentença ou decisão; IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o
seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha
colateral até o segundo grau; V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de
alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; VI - quando for
órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa. Parágrafo
único. No caso do n. IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava
exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a
fim de criar o impedimento do juiz". Art. 135. "Reputa-se fundada a suspeição de
parcialidade do juiz, quando: I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes
deste, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; III - herdeiro presuntivo,
donatário ou empregador de alguma das partes; IV - receber dádivas antes ou depois de
iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou
subministrar meios para atender às despesas do litígio; V - interessado no julgamento
da causa em favor de uma das partes. Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se
suspeito por motivo íntimo". Art. 138. "Aplicam-se também os motivos de impedimento
e de suspeição: (...). III - ao perito; (...) § 1.º A parte interessada deverá argüir o
impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na
primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos; o juiz mandará processar o
incidente em separado e sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5
(cinco) dias, facultando a prova quando necessária e julgando o pedido. § 2.º Nos
tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente".
(14) CPC (LGL\1973\5), art. 421: "O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo
para a entrega do laudo".
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