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Gêneros literários:
a narrativa
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O GÊNERO NARRATIVO
José Luiz Fiorin; Francisco Platão Savioli, Para entender o texto: leitura e redação, 16. ed.
(São Paulo: Atica, s.d.), p. 289.
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histórias, mas também aprenderia a história do povo de Deus.
Assim saberia conduzir sua própria vida no tempo presente e no
futuro.
O que as narrativas bíblicas não são:
Micronarrativas e macronarrativas
Um dos problemas mais frequentes na leitura e interpretação de
narrativas é que seus leitores costumam ver/ler cada evento ou como um fim
em si mesmo ou como o todo da narrativa. É o que acaba
acontecendo quando o tempo que se tem disponível para o
estudo é escasso ou quando há interesses homiléticos particulares
envolvidos. Um exemplo disso ocorre quando, por exemplo, o leitor
seleciona a história de Sadraque, Mesaque e Abednego, relatada em
Daniel 3, e a considera como se fosse o todo da his tória do livro do
profeta. No entanto, se esse episódio está incluído em uma narrativa
maior e foi propositadamente registrado em um ponto
determinado
GÊNEROS LITERÁRIOS: A NARRATIVA
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2Adaptado de: Roy B. Zuck, A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia
(São Paulo: Vida Nova, 1994), p. 150-1.
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3Embora o livro de Cântico dos Cânticos pertença ao gênero poético, ele também
narra uma história amorosa entre Salomão e a Sulamita.
“Para Zuck, o livro de Jonas é escrito no estilo satírico pelos seguintes motivos:
“Jonas é uma sátira, visto que Jonas, na qualidade de representante de Israel, é ridicula
rizado por rejeitar o amor universal de Deus. Ironicamente, ele estava mais
preocupado com uma planta do que com os pagãos de Ninive. Outra ironia é que
Deus se compadeceu do profeta, embora este não tivesse se compadecido dos
ninivitas. Muitos dos que leem o livro de Jonas reparam que a história termina de maneira
abrupta, aparentemente sem que o problema da ira do profeta tivesse sido resolvido. O
motivo está justamente no fato de que é assim que as sátiras geralmente terminam. A
humilhação de Jonas é um bom final para uma sátira, e os israelitas teriam de
enxergar no comportamento do profeta um reflexo de si mesmos e de sua atitude
para com as nações pagās. Obs.: O fato de o livro de Jonas ter sido escrito em tom
de sátira não anula de forma alguma sua historicidade” (Roy B. Zuck, op. cit., p. 151).
SEmbora eu tenha me baseado no gráfico do Zuck (Roy B. Zuck, op. cit.,
p.150), a proposta da estruturação de uma narrativa aqui apresentada é diferente em alguns
aspectos, bem como apresenta explicações ausentes em Zuck. Nesse gráfico, em
comparação com o de Zuck, a resolução é desmembrada da nova normalidade.
HERMENÊUTICA
ESTRUTURA DAS NARRATIVAS
Problema
Climax
Resolução
Normalidade
Nova normalidade
está
Em termos hermenêuticos, a importância da análise dessa estrutura
na identificação do problema e da sua resolução, pois ambos
devem ser provavelmente os pontos de contato que o autor queria
estabelecer entre a história passada e a realidade da geração para
a qual o livro foi escrito.
Nesse esquema, as narrativas obedecem a uma mesma
sequência: após a ambientação, acontece um problema, que muda a
dinâmica do estado inicial da narrativa e traz complicações cada vez
maiores. A medida que o problema evolui, o suspense aumenta, e as
dificuldades e os relacio namentos ficam mais complicados, até se
chegar a um clímax dramático. Daí em diante, a narrativa segue em
direção a uma solução e termina com o problema resolvido.
HERMENÊUTICA
Elemento
Versículos
Normalidade
1,2
Problema
Capítulo 1
Clímax
4-10
11-15a
Resolução Nova normalidade
16,17
Contexto
Contexto é o ambiente no qual e a partir do qual a narrativa se
desenvolve. É a situação que está sendo retratada. Por isso cada
detalhe dele é importante.
Não é fácil encaixar a narrativa em determinado contexto, pois cos tumamos
entendê-la como um desdobramento de um contexto já existente. O
contexto, no caso da narrativa, é histórico, teológico, espiritual, religioso,
social, político e econômico, entre outros. Analisar o contexto é saber
situar a porção da história no todo ou na história que vai além do próprio
livro, como, por exemplo, a História universal.
Cenário
Envolve não apenas o ambiente físico em que a narrativa progride,
mas também o ambiente emocional em torno do qual os acontecimentos se
desenrolam. É o acontecimento visto em determinado lugar, tempo e
ambiente. No cenário, situam-se os detalhes que compõem a cena
narrada e os elementos que a identificam ou a distinguem das demais. É
a visuali zação do quadro maior. Se tirássemos uma foto da situação, o
cenário seria a descrição detalhada do que vemos e percebemos na
foto.
Personagens (elenco)
As personagens, via de regra, acabam sendo o foco das narrativas. Por
isso, devemos dar-lhes uma atenção muito especial. Nelas, com elas e
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por meio delas é que uma narrativa acontece. Elas costumam ser o centro
das atenções, em torno de quem e para quem as narrativas convergem.
A personagem pode ser protagonista ou antagonista. Ambos
estão sujeitos a transformações de caráter (como Saulo → Paulo),
passam por diversas experiências e podem servir de exemplo,
de vida, negativa ou positiva, que é
fornecendo-nos uma lição
fruto de alguma prova pela qual passaram.
Eventos (enredo)
Como em uma peça teatral, a narrativa é dividida em cenas.
Essas cenas, que em movimento compõem os eventos, demonstram a
trama da história. O evento é a ação em si, a maneira como a história é
construída, incluindo desafios e crises que as personagens enfrentam no
desenrolar dos acontecimentos.
dos
O enredo, por outro lado, engloba tanto o desdobramento da história,
eventos e das várias cenas quanto a maneira como tais eventos
estão interligados. Quando identificamos o enredo, temos mais
condições de enxergar não só as micronarrativas, mas também as
macronarrativas.
Em termos homiléticos, devemos ter o cuidado de não isolar
parte de uma história em movimento, pois, no enredo, a conexão
entre as partes é tão profunda que, sem a informação seguinte,
a anterior não faz sentido.
Diálogos
Os diálogos são conversas desenvolvidas pelas personagens
ao longo das narrativas que nos revelam emoções,
questionamentos, disposições, ações e reações delas diante do que
está acontecendo ou do que virá a acontecer.
Às vezes os diálogos já apontam para alguns detalhes
interpretativos da narrativa, pois, por meio deles, as personagens
emitem suas opiniões do que acontece ou do que deveria
acontecer.
• figuras de linguagem,
• repetições (Js 1.1-9),
• contrastes (Js 1.1-9; Jn 1.1-3),
• justaposições (Jó e os diálogos com seus
amigos),
• ambiguidades.