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STJ fixa dez anos para prescrição de

reparação civil contratual


Decisão é da Corte Especial.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

A Corte Especial do STJ concluiu na manhã desta quarta-feira, 15, o


julgamento de processo sobre qual o prazo prescricional para pretensão de
reparação civil baseada em inadimplemento contratual.  

O embargante ajuizou ação por supostos danos em decorrência de rescisão


unilateral de contrato que manteve com a montadora Ford. A sentença
reconheceu a prescrição trienal (CC, artigo 206, 3º, inciso V), o que foi confirmado
pelo TJ. A 3ª turma também reconheceu a prescrição de três anos às
pretensões indenizatórias fundadas em atos ilícitos contratuais, mantendo o
acórdão recorrido que não aplicou o prazo prescricional geral decenal previsto
no art. 205.

O relator dos embargos, ministro Benedito Gonçalves, concluiu ser trienal o


prazo prescricional para o exercício da pretensão de reparação civil, seja ela
decorrente de relação contratual ou extracontratual.

Prazo decenal

Na sessão de hoje, o decano do Tribunal, ministro Felix Fischer, proferiu voto-


vista divergente, que prevaleceu no julgamento. Segundo Fischer, é
“imperiosa” a definição da extensão do termo “reparação civil” previsto no CC
(art. 206, §3º). Para o decano, a expressão “reparação civil” empregada no
referido dispositivo restringe-se aos danos decorrentes de ato ilícito não
contratual.  

“A partir do exame do Código Civil é possível se inferir que o termo “reparação


civil” empregado no artigo 206, §3º, V, somente se repete no título 9 do livro 1º
do mesmo diploma, o qual se debruça sobre a responsabilidade civil
extracontratual.”

Fischer destacou que a doutrina há tempos reserva o termo “reparação civil”


para responsabilidade por ato ilícito strictu sensu, bipartindo a responsabilidade
civil extracontratual e contratual.

“Sob outro enfoque, o contrato constitui regime principal ao qual o segue o


dever de indenizar, de caráter nitidamente, acessório, e a obrigação de
indenizar assume na hipótese caráter acessório, pois advém do
descumprimento de uma obrigação anterior.

Nesse raciocínio, enquanto não prescrita a pretensão central alusiva à


execução específica da obrigação, sujeita ao prazo de dez anos, caso exista
outro prazo específico, não pode estar fulminado pela prescrição o provimento
acessório relativo às perdas e danos advindos do descumprimento de tal
obrigação pactuada, sob pena de manifesta incongruência, reforçando assim a
inaplicabilidade ao caso de responsabilidade contratual o artigo 206, §3º, V.
(...)

Não se mostra coerente ou lógico admitir que a prescrição acessória prescreva


em prazo próprio, diverso da obrigação principal, sob pena de se permitir que a
parte lesada pelo inadimplemento promova demanda visando garantir a
prestação pactuada mas não possa optar pelo ressarcimento dos danos
decorrentes.”

Em conclusão, S. Exa. divergiu do relator para dar provimento ao recurso,


afastando a incidência da prescrição trienal, por versar o caso sobre
responsabilidade civil decorrente de contrato de compra e venda e prestação
de serviços, entre particulares, que se sujeita à prescrição no prazo decenal
(art. 205), devolvendo os autos à origem para julgamento.

Os ministros Falcão, Laurita, Humberto Martins, Napoleão, Og e Campbell


seguiram o voto divergente, formando a maioria. Ficaram vencidos o relator,
Raul Araújo, Mussi e Salomão.

 Processo: EREsp 1.281.594

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contratual ou extracontratual
Pretensões de credor por inadimplemento contratual prescrevem em dez
anos

Pretensões de credor por


inadimplemento contratual prescrevem
em dez anos
A decisão é da 2ª seção da Corte Superior.

quinta-feira, 28 de junho de 2018



A 2ª seção do STJ, em decisão por maioria, definiu que se aplica o prazo de 10 anos para
prescrição nas controvérsias relacionadas à responsabilidade contratual. O entendimento foi
firmado na sessão desta quarta-feira, 27, no julgamento de embargos de divergência.

Na hipótese dos autos, a controvérsia envolve indenização de danos causados por


descumprimento do estatuto social do clube de investimentos, o que ocasionou prejuízo aos
investidores.

Os embargos de divergência citam julgado da 3ª turma que entendeu que o prazo prescricional
deve ser o mesmo, três anos, tanto para responsabilidade contratual quanto para a
extracontratual (REsp 1.281.594). Assim, a questão era determinar se as pretensões fundadas em
inadimplemento contratual prescrevem em três anos (art. 206, §3º, V, do CC) ou em dez anos
(art. 205).

Mesmo prazo para pretensões do credor


A ministra Nancy começou o voto tratando da questão relativa se a designação “reparação civil”
também poderia ser utilizada para se referir a situações de danos gerados a partir do
inadimplemento contratual.

Concluiu a ministra que para efeito da incidência do prazo prescricional, o termo “reparação
civil” não abrange a composição de toda e qualquer consequência negativa, patrimonial ou
extrapatrimonial, do descumprimento de um dever jurídico, mas apenas as consequências
danosas do ato ou conduta ilícitas em sentido estrito e, portanto, apenas para as hipóteses de
responsabilidade civil extracontratual.

Nancy Andrighi destacou que, no caso de inadimplemento contratual, a regra geral é a


execução específica.

“Assim, ao credor é permitido exigir do devedor o exato cumprimento daquilo que foi avençado.
Se houver mora, além da execução específica da prestação, o credor pode pleitear eventuais
perdas e danos. Na hipótese de inadimplemento definitivo, o credor poderá escolher entre a
execução pelo equivalente ou a resolução da relação jurídica contratual. Em ambas
alternativas, poderá requerer, ainda, o pagamento de perdas e danos.”

Dessa forma, afirmou Nancy, há três pretensões potenciais por parte do credor, e tal situação
exige do intérprete a aplicação das mesmas regras para as três pretensões. Conforme a
ministra, é necessário que o credor esteja sujeito ao mesmo prazo para exercer as três
pretensões que a lei põe à sua disposição como possíveis reações ao inadimplemento.

“Não parece haver sentido jurídico nem lógica a afirmação segundo a qual o credor tem um
prazo para exigir o cumprimento da obrigação e outro para reclamar o pagamento das perdas e
danos.”

Assim, quando houver mora, o credor poderá exigir tanto a execução específica como o
pagamento por perdas e danos pelo prazo de dez anos; o mesmo prazo se aplica para caso de
inadimplemento definitivo, quando o credor poderá exigir a execução pelo equivalente ou a
resolução contratual e o pagamento de indenização em ambos os casos.
“O mesmo prazo prescricional de dez anos deve ser aplicado a todas as pretensões do credor
nas hipóteses de inadimplemento contratual, incluindo o da reparação de perdas e danos por
ele causados.”

Então, conhecendo parcialmente do recurso, a ministra manteve o acórdão embargado que


aplicou a prescrição decenal porque fundada em pretensão por inadimplemento contratual (art.
205 do CC).

Ficaram vencidos no julgamento os colegas de turma da ministra, os ministros Cueva, Moura


Ribeiro e Marco Bellizze.

 Processo: EREsp 1.280.825

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