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TELEJORNALISM

O
ANÁLISE COMPARATIVA DOS TELEJORNAIS NOS
CANAIS GENERALISTAS PORTUGUESES

Docente:

Professora Helena Laura Dias de Lima

Discentes:

André Manuel Vieira de Almeida | up202002904

Tiago Fernando Soares da Rocha e Sousa | up202007504

Vanita Fernando Assote | up201910375

Técnicas de Expressão Jornalística I – Audiovisual


Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria, Multimédia
Telejornalismo

RESUMO

Este artigo visa proceder a uma análise comparativa dos três principais telejornais
portugueses (Telejornal na RTP, Jornal da Noite na SIC e Jornal das 8 na TVI) e do
respetivo alinhamento noticioso. Antes da análise prática, procederemos a uma análise
teórica na qual foram reunidas várias informações e obras já realizadas sobre matérias
essenciais sobre as quais a análise prática se debruça. Depois de definida essa base
teórica, faremos a comparação dos noticiários e a análise detalhada sobre os géneros
jornalísticos, as fontes de informação e as editorias.

Palavras-chave: telejornalismo, alinhamento, notícias, fontes, editorias, jornalismo

ABSTRACT

This article aims to make a comparative analysis of the three main Portuguese television
news programs (Telejornal on RTP, Jornal da Noite on SIC and Jornal das 8 on TVI)
and their respective news line-up. Before the practical analysis, we will proceed to a
theoretical analysis in which were gathered several information and works already done
on essential matters on which the practical analysis is focused. After defining this
theoretical basis, we will make the comparison of the newscasts and the detailed
analysis about the journalistic genres, the information sources and the editorials.

Keywords: telejournalism, alignment, news, sources, editorials, journalism

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ÍNDICE

Resumo.................................................................................................................1

Abstract................................................................................................................. 1

Índice....................................................................................................................2

Introdução.........................................................................................................4

Enquadramento Teórico.....................................................................................7

O que é Telejornalismo?...................................................................................8

Valor-Notícia: Como Nascem as Notícias.........................................................9

Alinhamento Noticioso: a Hierarquia Noticiosa e a Importância da Notícia de


Abertura..........................................................................................................15

Géneros Jornalísticos em Televisão................................................................17

Fontes de Informação......................................................................................24

A Relação entre as Editorias e o “Gatekeeping”.............................................26

Editorias......................................................................................................26

Gatekeeping Editorial..................................................................................31

Contexto Histórico: Instalação da Televisão em Portugal e no Resto da Europa


........................................................................................................................ 32

História dos Canais Generalistas Portugueses.................................................36

RTP1...........................................................................................................36

SIC..............................................................................................................38

TVI.............................................................................................................. 39

A Semiótica dos Estúdios de Telejornal..........................................................41

Contexto Atual do Telejornalismo Português..................................................44

Covid-19......................................................................................................47

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Telejornalismo

Aplicação Prática..............................................................................................49

Metodologia....................................................................................................50

Análise Individual...........................................................................................51

RTP1...........................................................................................................51

SIC..............................................................................................................75

TVI............................................................................................................110

Comparação entre os Telejornais Generalistas..............................................139

Notícia de Abertura...................................................................................139

Alinhamento Noticioso..............................................................................140

Géneros Jornalísticos.................................................................................143

Editorias....................................................................................................146

Fontes de Informação................................................................................149

Número de Notícias...................................................................................150

Tempo útil dos telejornais.........................................................................151

Tempo médio das notícias.........................................................................152

Tempo médio dos offs de pivot.................................................................154

Duração do intervalo.................................................................................155

Audiência dos Telejornais.........................................................................156

Conclusão.........................................................................................................157

Bibliografia......................................................................................................158

Webgrafia........................................................................................................160

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INTRODUÇÃO

“A televisão completa o ciclo sensorial humano. Com o


ouvido omnipresente e o movimento dos olhos, nós
abolimos a escrita, a metáfora audiovisual que estabeleceu
as dinâmicas da civilização Ocidental.”(McLuhan, 1967,
p.125)

No século XX deu-se um “sopro elétrico” que veio revolucionar


completamente a vida do homem e influenciar todos os campos da sociedade. O
surgimento da rádio, do telefone e da eletricidade levou os cientistas a procurar
uma forma de transmitir imagens através de ondas sonoras, culminando com o
aparecimento da “caixinha mágica”. Esta inovação, sendo mais reticular que
todos os outros meios até então, consegue afirmar-se e mudar para sempre a
forma como se consome notícias no Ocidente.

Através de uma remediação, a televisão vai incorporar lógicas subjacentes


à imprensa. As notícias e reportagens passam a ter uma roupagem televisiva e
surgem os telejornais. Muitos críticos da época advogavam, no entanto, que havia
géneros jornalísticos que estavam apenas reservados à escrita, como as crónicas e
artigos de opinião, o que mais tarde se veio a revelar falso com o aparecimento
dos espaços de comentário.

Em McLuhan (1967), a televisão quando surgiu procurava seguir as


lógicas do cinema, havendo uma continuidade evolutiva entre eles. Contudo, ao
contrário da “sétima arte”, esta não possui a ideia de imersão associada ao
consumo cinematográfico. A transmissão televisiva está dispersa no espaço e é
assistida de forma descontínua. Isto acabou por conferir um caráter de
entretenimento à TV que teve bastante impacto no desenvolvimento do
jornalismo audiovisual. A própria apresentação das peças e reportagens ganha
destaque com os pivots.

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Telejornalismo

Outra importante característica do telejornalismo é o seu imediatismo


(Grusin, 1998). Se o campo jornalístico fosse um país, a sua paisagem estaria
marcada por relógios (Traquina, 2002, p.33). O tempo define jornalismo para
televisão (não o espaço), sendo que a sua instantaneidade apenas permite que a
mensagem seja captada de uma vez. Aqui a televisão consegue ainda
superiorizar-se a outros média, uma vez que faz o público “vivenciar” os
acontecimentos através das suas imagens ao vivo. Esta proximidade com o
telespectador fez com que o telejornalismo se enraizasse nas nossas vidas e se
tornasse no média predileto da sociedade, com mais força na opinião pública.

O poder da televisão é facilmente comprovado com o facto de que já faz


parte da estrutura de uma sala (Cushion, 2012, p.10). Para McLuhan isso também
pode ser visto através de um apagão hipotético, sendo que se sentiria bastante
falta da TV. O valor de um meio não se avalia quando está ligado, mas sim
quando está desligado. Por essa razão, não é descabido dizer que o jornalismo
televisivo desempenha um papel fulcral no bom funcionamento da nação.

Deste modo, um estudo sobre telejornalismo português torna-se pertinente


para compreender o consumo noticioso em Portugal, assim como para nos
preparar para o mercado de trabalho em que pretendemos ingressar ao concluir a
licenciatura de Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia,
da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Este trabalho está inserido no
programa curricular de Técnicas de Expressão Jornalística I – Audiovisual,
módulo de Televisão, e vai-se debruçar sobre os telejornais dos três canais
generalistas portugueses – RTP, SIC e TVI.

Primeiramente, vamos fazer um enquadramento teórico sobre os traços


caracterizadores do telejornalismo, assim como explorar os conceitos que foram
lecionados nas aulas. Num segundo momento, teremos a análise prática do
Telejornal (RTP1), Jornal da Noite (SIC) e Jornal das 8 (TVI), em que a teoria
aprendida será consolidada.

O objetivo é conseguir compreender o alinhamento noticioso dos três, as


suas especificidades, a sua construção e as suas artimanhas na captação da
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audiência, de modo a capacitar-nos para trabalhar no campo do telejornalismo em


Portugal. Este estudo irá por a nu a mecânica e funcionamento atual da produção
noticiosa para televisão no nosso país, configurando-se como uma peça
fundamental para perceber como ter sucesso na passagem de informação através
da “caixinha mágica”.

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ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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O QUE É TELEJORNALISMO?
O telejornalismo é uma das várias vertentes do jornalismo. Esta vertente
jornalística é feita em televisão e, por isso, a ela aliam-se várias técnicas e
metodologias de distribuição e produção informativa. Este modelo jornalístico é
distinguível de outros por juntar, numa relação de complementaridade, o som, o
texto e a imagem no relato noticioso.

A prática telejornalística “representa a principal forma de democratizar a


informação” (Rezende, 2000, p.24) e é uma “instituição social” (Williams, 1997,
p.22). Por ser uma instituição social, o telejornalismo desenvolve-se “numa
formação económica, social, cultural particular e cumpre funções fundamentais
nessa formação” (Gomes, 2007, p.4).

Por ser feito em televisão, o telejornalismo, pela sua relação de inerência,


traz consigo várias vantagens sob os outros meios (principalmente, os meios
impressos). Guilherme Jorge de Rezende (2000, p.70) considera que a televisão
possui “a capacidade de abolir a barreira do tempo” e noticiar os factos “no
mesmo tempo em que eles ocorrem” eliminando assim “o intervalo de tempo que
separa o acontecimento da sua divulgação pela mídia”. Além da instantaneidade,
a televisão apresenta-se como um meio capaz de captar a atenção por reunir (em
simultâneo, geralmente) som, imagem, movimento e texto atribuindo ao trabalho
jornalístico novas dinâmicas e linguagens.

No jornalismo, a imagem “ocupa um lugar espaço de fundamental


relevância no processo de informar, educar e desenvolver pessoas” (Arruda,
2020, p.33) e o som, por ser “veículo da comunicação verbal” (Rezende, 2000,
p.41), ocupa uma posição de maior eficiência na transmissão e receção da
mensagem jornalística. Ainda assim, ambos os aspetos convivem numa relação
de “intercomplementação dos sentidos” e não hierárquica (Rezende, 2000, p.41).

Na sua origem, em Portugal, na RTP, os telejornais “mais pareciam rádio


com imagens, com os apresentadores a utilizarem um registo em tudo igual ao da
rádio, […] os locutores acabaram por mudar para um registo mais televisivo”

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(Vaz, 2009, p.10). Ainda que se tenham dado os primeiros passos na mudança de
registo, “a grande mudança na informação televisiva viria a ocorrer com o
aparecimento da televisão privada, […] permitiu que se desse um salto
qualitativo, com telejornais mais elaborados, mais dinâmicos e mais variados,
mas também muito mais longos, um dos problemas da informação televisiva em
Portugal” (Vaz, 2009, p.10).

VALOR-NOTÍCIA: COMO NASCEM AS NOTÍCIAS


À pergunta «o que é notícia?» podemos responder que a resposta dos
membros da comunidade jornalística não é científica, aparece como instintiva, e
permanece quase como tendo uma lógica não explicitada” (Traquina, 2002,
p.204).

Ao conjunto de critérios que define e influencia a relevância de um


acontecimento para que este possa ou não ser considerado noticiável dá-se o
nome de valores-notícia. Estes critérios (ou fatores, como são designados por
Mauro Wolf) apresentam-se “como um inventário, uma lista de simples
valores/notícias, esses valores funcionam, na prática, de uma forma
complementar” (Wolf, 1999, p.85).

O tratamento minucioso inerente a esta triagem de informação baseada


neste conjunto de critérios tem como agentes responsáveis os gatekeepers (os
jornalistas). Este conceito foi estabelecido por Kurt Lewin, em 1947, em um
estudo das dinâmicas no interior de grupos sociais. “Identificando os «canais»
por onde flui a sequência de comportamentos relativos a um determinado tema,
Lewin nota que existem neles zonas que podem funcionar como «cancela», como
«porteiro»” (Wolf, 1999, p.78).

O historiador Mitchell Stephens referia a existência de “qualidades


duradouras” sobre os critérios de noticiabilidade, porém Nelson Traquina
sublinha “que os valores-notícia não são imutáveis, tendo mudanças de uma
época histórica para outra, sensibilidades diversas de uma empresa jornalística
para outra, tendo em conta políticas editoriais” (2002, p.203).

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São várias e de vários autores as listas existentes e pensadas de valores-


notícias e critérios de noticiabilidade como é o caso da proposta dos autores
noruegueses Johan Galtung e Mari Holmboe Ruge, do autor italiano Mauro Wolf
ou do português Nelson Traquina. Este último, na sua obra O que é Jornalismo
(2002), expõe aqueles que são, para si, os critérios. Esta panóplia de critérios é
dividida pelo autor da seguinte forma: Valores-notícia de seleção e valores-
notícia de construção. Dentro dos valores-notícia de seleção, Traquina divide-os,
ainda, em critérios substantivos e critérios contextuais.

“Valores-notícia de seleção – os critérios substantivos” (2002, pp.187-196)

 Morte – “Onde há morte, há jornalistas. A morte é um valor-notícia


fundamental para esta comunidade interpretativa, e uma razão que
explica o negativismo do mundo jornalístico que é apresentado
diariamente nas páginas dos jornais ou nos ecrãs de televisão.” (2002,
p.187)

 Notoriedade – A relevância e interesse em noticiar um acontecimento


relacionado com determinada pessoa provém da sua notoriedade e
posição de privilégio na escala social. “O nome e a posição da pessoa
são importantes como fator de noticiabilidade. O que o Presidente da
República faz é importante, porque o Presidente da República é
importante.” (2002, p.188)

 Proximidade – “A proximidade, sobretudo em termos geográficos,


mas também culturais” (2002, p.188) tornam determinado
acontecimento mais propenso a ser noticiado.

 Relevância – “Este valor notícia responde à preocupação de informar


o público dos acontecimentos importantes, porque tem impacto sobre a
vida das pessoas, determinando a forma como a noticiabilidade tem a
ver com a capacidade de incidência do acontecimento sobre essas
pessoas, sobre as regiões, sobre os países.” (2002, p.189)

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 Novidade – “Devido à importância deste valor-notícia, o mundo


jornalístico interessa-se muito pela primeira vez […] (e) é sensível à
última vez” (2002, p.189).

 Tempo – “A existência de um acontecimento na atualidade já


transformada em notícia pode servir de news peg, ou «cabide» […]
para outro acontecimento ligado a esse assunto. Segundo, o próprio
tempo (a data específica) pode servir como um news peg e justificar a
noticiabilidade de um acontecimento que já teve lugar no passado, mas
nesse mesmo dia.

 Notabilidade – “A qualidade de ser visível, de ser tangível. […]


Assim, Lippmann explica que uma greve operária é facilmente tomada
como notícia por ser tão tangível, enquanto as condições de trabalho
dos trabalhadores, por exemplo, a monotonia do trabalho, a raiva do
contramestre, dificilmente serão notícia, pela sua pouca tangibilidade.”
(2002, p.190)

 Inesperado – “Aquilo que irrompe e surpreende a comunidade


jornalística”. Há maior valor noticioso num “mega-acontecimento, um
acontecimento com enorme noticiabilidade, que subverte a rotina e
provoca um caos na sala de redação” (2002, p.192)

 Conflito – “Violência física ou simbólica […] fornece(m) mais


noticiabilidade e ilustra de novo como os critérios de noticiabilidade
muitas vezes exemplificam a importância da quebra do normal.”
(2002, p.192)

 Infração – “O valor-notícia da violência está ligado a outro critério de


noticiabilidade: a infração. Por infração refere-se sobretudo a violação,
a transgressão de regras. Assim, podemos compreender a importância
do crime como notícia.” (2002, p.193)

“Os valores-notícia de seleção – os critérios contextuais” (2002, pp. 196-198)

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 Disponibilidade- “A facilidade com que é possível fazer a


cobertura do acontecimento. Não é possível «ir a todas», isto é,
cobrir todos os acontecimentos com o envio de um jornalista”
(2002, p.196). Por não ser possível «ir a todas», cada órgão de
comunicação faz o levantamento da exigência de meios que a
cobertura jornalística de determinado acontecimento pede e, com
base nisso, questiona “se o valor-notícia desse acontecimento
justifica esse dispêndio” (2002, p.196).

 Equilíbrio- “A noticiabilidade de um evento pode estar relacionada


com a quantidade de notícias sobre esse evento ou assunto que já
existe ou existiu há relativamente pouco tempo no produto
informativo de uma empresa jornalística. Assim, devido ao valor de
equilíbrio, o jornalista ou a empresa jornalística poderão
racionalizar a questão da seguinte maneira: «Não tem valor-notícia
porque ainda há pouco a demos.»” (2002, p.196).

 Visualidade- A existência de elementos visuais é outro valor-


notícia relevante. “Em particular no jornalismo televisivo, este
valor-notícia é um fator de noticiabilidade fundamental. […] A
existência de boas imagens, de «bom» material visual, pode ser
determinante na seleção do acontecimento como notícia.” (2002,
p.196, 197).

 Concorrência- “As empresas jornalísticas não funcionam no vazio;


têm concorrentes. […] Os jornalistas e as empresas jornalísticas
procuram uma situação onde encontram o que a concorrência não
tem – uma situação em que têm a «cacha», ou a exclusividade.
Assim, possuir uma «cacha» dá maior valor-notícia a esse assunto
[…].” (2002, p.197)

 Dia Noticioso- “Cada dia jornalístico é um novo dia. Há dias ricos


e pobres em acontecimentos com valor-notícia. […] Um

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acontecimento planeado, como uma conferência de imprensa do


Presidente da República, pode ter o infortúnio de acontecer no dia
em que irrompe um «mega-acontecimento», […] e ser esmagado
pela concorrência inesperada desse «mega-acontecimento». Ou o
partido do Governo pode criar um acontecimento para fazer sombra
a um congresso de um partido da oposição. Trata-se de jogadas
numa partida constante de xadrez jornalístico.” (2002, p.198)

“Os valores-notícia de construção” (2002, pp.198-202)

 Simplificação – “Quanto mais o acontecimento é desprovido de


ambiguidade e de complexidade, mais possibilidades tem a notícia
de ser notada e compreendida. Uma notícia facilmente
compreensível é preferível a uma outra cheia de ambiguidade.
Clichês, estereótipos e ideias feitas são úteis e necessários.” (2002,
p.198)

 Amplificação – “Quanto mais amplificado é o acontecimento, mais


possibilidades tem a notícia de ser notada, seja pela amplificação
do ato, do interveniente ou das supostas consequências do ato.”
(2002, p.199)

 Relevância – “Quanto mais «sentido» a notícia dá ao


acontecimento, mais hipóteses ela tem de ser notada. Compete ao
jornalista tornar o acontecimento para as pessoas, demonstrar como
ele tem significado para elas.” (2002, p.199)

 Personalização – “Quanto mais personalizado é o acontecimento


mais possibilidades tem a notícia de ser notada, pois facilita a
identificação do acontecimento em termos «negativo» ou
«positivo». Por personalizar, entendemos valorizar as pessoas
envolvidas no acontecimento: acentuar o fator pessoa. A
personalização da notícia permite ao jornalista comunicar a um

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nível que um vasto público composto por não profissionais é capaz


de entender.” (2002, p.199)

 Dramatização – “Por dramatização, entendemos o reforço dos


aspetos mais críticos, o reforço do lado emocional, a natureza
conflitual. (2002, pp.199-200)

 Consonância – “Quanto mais insere o acontecimento numa


«narrativa» já estabelecida, mais possibilidades a notícia tem de ser
notada. Significa isto que a notícia deve ser interpretada num
contexto conhecido, pois corresponde às expectativas do recetor.”
(2002, p.200)

Ainda que este conjunto de critérios seja parte integrante da cultura


jornalística, Traquina refere que vários outros fatores, como a política editorial da
empresa jornalística, as rotinas jornalísticas, a produtividade das rotinas ou a
direção da organização jornalística têm a capacidade de influenciar diretamente o
processo de seleção dos acontecimentos. (Traquina, 2002, pp. 201-202)

ALINHAMENTO NOTICIOSO: A HIERARQUIA


NOTICIOSA E A IMPORTÂNCIA DA NOTÍCIA DE

ABERTURA
O alinhamento noticioso consiste na organização e ordenação de notícias
de acordo com os critérios jornalísticos e editoriais de cada empresa jornalística.
“É o espaço onde contêm todas as indicações fundamentais para a produção de
um jornal de televisão: os nomes das peças, reportagens, diretos, entrevistas ou
quaisquer outros materiais televisivos; a ordem por que são emitidos; a
identificação do suporte de vídeo; a identificação do suporte de áudio; a respetiva
duração; várias outras informações de natureza técnica, adequadas aos métodos
de trabalho de cada equipa de realização”. (Oliveira, 2007, p. 62)

Como já referido, para a definição da ordem final de cada alinhamento


noticioso é necessária a definição e sujeição a critérios jornalísticos e editoriais.
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Telejornalismo

O autor Jorge Nuno Oliveira define a “importância – interesse – curiosidade”


(2007, p.64) como fatores principais a serem respeitados. “Equilibrando os
fatores […] o editor decide como iniciar o jornal, alinhando depois as peças que
considere serem igualmente importantes e que de algum modo possam
relacionar-se com o tema de abertura.” (Oliveira, 2007, p.64)

Em televisão, particularmente no telejornalismo, a notícia de maior


importância (esta importância é atribuída pelos chefes de redação e editores)
constitui a notícia de abertura. A notícia de abertura “reflete aquilo que de mais
importante acontece no país e no mundo, integra-se num conjunto de que se
espera uma certa coerência e assume-se como o mais significativo do noticiário
[…] (e) lidera um alinhamento onde as notícias tendem a ser colocadas por
ordem decrescente de importância” (Lopes, Pinto, Oliveira, Sousa, 2009, pp.
103-104).

Em 2009, foi publicado pelos autores Felisbela Lopes, Manuel Pinto,


Madalena Oliveira e Helena Sousa um artigo intitulado de A Notícia de Abertura
do TJ ao longo de 50 anos (1959-2009) no âmbito da obra Comunicação e
Sociedade. De forma resumida, este artigo analisou e deu a conhecer a “evolução
dos registos de noticiabilidade” (2002, p.103) do Telejornal da RTP. Nesta
análise foram postas em perspetiva as diferenças do ponto de vista da
imprevisibilidade e temáticas das notícias de abertura ao longo das cinco décadas
analisadas, representadas, graficamente, da seguinte forma:

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Figura 1 - Grau de (im)previsibilidade dos acontecimentos em notícia entre 1959 e 2009(valores percentuais)
(LOPES, PINTO, OLIVEIRA, SOUSA, 2009, p. 123)

Figura 2 --Categorias temáticas da notícia de abertura do Telejornal entre 1959 e 2009 (valores percentuais) (LOPES,
PINTO, OLIVEIRA, SOUSA, 2009, p.123)

“Ao alinhar o jornal, o editor deve ter a preocupação de criar vários


“picos” de interesse, de modo a que o jornal não seja monótono e, muito menos,

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de intensidade decrescente. As peças não devem ser alinhadas da melhor para a


pior, como se de uma lista de classificações se tratasse. Pelo contrário. O
alinhamento é uma realidade viva e dinâmica, capaz de surpreender pelo
interesse súbito que desperta nos espectadores.” (Oliveira, 2007, p. 64)

GÉNEROS JORNALÍSTICOS EM TELEVISÃO


Tal como já vimos, a televisão fez uma remediação das lógicas existentes
na imprensa escrita. Como é óbvio, o facto de o suporte ser distinto obriga a que
os géneros televisivos tenham uma linguagem própria e distintiva dos restantes
meios. Na TV a comunicação informativa não é uniforme, sendo que existem
diversas técnicas e efeitos para transmitir a mensagem e conquistar a audiência,
ao mesmo tempo que esta consegue entender plenamente aquilo que está a ser
comunicado (Oliveira, 2007, p.7).

Os vários géneros jornalísticos enriquecem a comunicação em televisão e


rompem com a monotonia formal dos telejornais, incrementando o ritmo da
transmissão (Oliveira, 2007, p.7). Tendo em conta que os programas de notícias
visam fornecer ao público o maior número de informações no menor tempo
possível, não é fácil manter o público atento (Grusin, 1998, p.189). Graças à
variedade de géneros, os jornalistas conseguem combater melhor o cansaço dos
telespectadores e geram motivação para continuarem a acompanhar os produtos
televisivos do canal.

Os géneros jornalísticos dividem-se por um critério-chave: função (ou


finalidade). A natureza do tema é o que define qual o melhor género a utilizar,
apesar de que a disponibilidade de imagens também tem grande peso (Seixas,
2009, p.22). O objetivo é sempre arranjar a melhor roupagem para o conteúdo
informativo, de modo que seja possível prender o telespectador ao ecrã. É
imperativo para o jornalista compreender a “gramática televisiva”.

Peça

Segundo (Oliveira, 2007, p.11), uma peça aborda temas que não são de
importância crucial e o seu tratamento nem sempre exige uma grande

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investigação. Não existe uma ida do jornalista ao local para recolher imagens e
acaba-se por utilizar imagens de arquivo ou de agências de informação. Pode-se
ver como uma remediação do género notícia (da imprensa) para o meio
televisivo, sendo que, geralmente, a sua duração é de 1min e 30 segundo – algo
que não deve muito rígido, dependendo das especificidades do assunto a tratar
(Fernandes, 2007, p.36).

Uma boa peça é uma história que tem um princípio, meio e fim. Esta é
mais rica quanto os seus pormenores e capacidade de cativar o público
(Fernandes, 2007, p.36). Aprende-se no estudo jornalístico que se deve usar o
sistema da pirâmide invertida, no entanto, isso transposto para a realidade da
televisão, tornaria as peças monótonas e aborrecidas. É preciso ter cuidado ao
construí-las, de modo a que existam “picos” e que se ofereça um ao telespectador
um produto final que o cative.

Reportagem

Ao contrário das peças, a reportagem é captada in loco (no local), o que


implica a deslocação do jornalista para recolher imagens, declarações ou
testemunhos. Isso não quer dizer que não possam usar imagens de arquivo
também. Normalmente tratam de assuntos que estão na ordem do dia e revelam
uma maior importância (Fernandes, 2007, p.31). Isto faz com que sejam mais
extensas que as peças, podendo durar em média entre 2 a 3 minutos – mais uma
vez, o tempo não é rígido, depende de cada situação.

O tratamento de uma reportagem exige o conhecimento de regras de


preparação, produção, conceção e execução (Oliveira, 2007, p.11). A sua
estrutura assenta num ângulo de ataque (início), um desenvolvimento (meio) e o
remate (finalizar em “chave de ouro”). É importante que para todos os tipos de
reportagens, desde as mais importantes (na opinião pública) até às mais leves
(temas mais corriqueiros), que se apliquem técnicas narrativas próprias da
televisão, que se imponha um ritmo de ação que impacte o público e prenda a sua
atenção.

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Telejornalismo

Ao longo de uma reportagem, o jornalista pode decidir ou não aparecer.


Quando o faz, esses momentos chamam-se “vivos” ou “standups”. Normalmente,
são usados quando faltam imagens para dar a notícia. O autor consegue assim
explicar aos telespectadores o acontecimento apenas com a sua enunciação.
Muitas vezes é também a única forma que tem de assinar a reportagem e dar a
cara pela informação. Um canal de televisão pode ainda usar um vivo para
mostrar que esteve no local da notícia, que tem um correspondente no local, o
que lhes confere credibilidade. Em Portugal, ao contrário de outros países, como
o Brasil, o jornalista não é tão participativo nos seus produtos televisivos,
havendo uma maior preferência pelo off (Coutinho, 2014, p.13).

Mas como é que se sabe o que produzir: uma peça ou uma reportagem?
(Oliveira, 2007, p.11) dá-nos um exemplo que esclarece qualquer dúvida. Se
queremos falar sobre as consequências de uma medida governamental, não
podemos fazê-lo corretamente através de uma peça. É necessário um trabalho de
campo, uma investigação. Já se o tema for um atentado no Sri Lanka que causou
a morte de dez pessoas, em Portugal, poderia ser tratado de uma forma mais
simples, recorrendo-se a imagens de agências internacionais.

Grande Reportagem (ou documentário)

Se a reportagem tiver uma maior profundidade e for mais longa, estamos


perante um documentário, ou então simplesmente uma “grande reportagem”.
Através destas abordam-se questões que, não sendo urgentes, ligam-se à
atualidade. Existe um maior tempo para executar trabalhos deste género, o que
implica que estes tenham um olhar mais a fundo e sejam mais pausados
(Oliveira, 2007, p.11). Com o avanço tecnológico e a maior fome pelo
conhecimento por parte da sociedade, esta foi a forma da televisão responder ao
seu público (Seixas, 2009, p.23).

Para (Fernandes, 2007, p.31) existem dois tipos de grandes reportagens: a


tópica e a intensiva. A primeira diz respeito a um determinado assunto e
apresenta o seu estudo. Já a segunda restringe o tema e aborda-o com
profundidade.
19
Televisão I 2020/2021

Entrevista

Uma entrevista exige que exista uma relação entre um entrevistador e um


ou mais entrevistados, sendo que pode ocorrer em direto ou ser gravada. Os
segredos para uma boa entrevista são a pertinência, o interesse e o dinamismo, de
modo a fidelizar a audiência. Se responder a todos estes pontos, apenas dois
minutos de perguntas e respostas podem proporcionar um “espetáculo de
televisão” (Oliveira, 2007, p.12).

Existem vários tipos de entrevistas, mas em televisão o mais comum é


encontrarmos factuais, em que o destaque é um acontecimento, ou então
enfáticas, em que o convidado é o ponto de interesse (Fernandes, 2007, p.31).

Debate

Este género implica que exista um painel de convidados, um moderador


e/ou público. O objetivo é apresentar e discutir visões diferentes de um mesmo
tema, ao mesmo tempo que é aprofundado.

Comentário

Normalmente, acontece quando um convidado é uma pessoa especializada


que dá a sua opinião sobre determinado(s) assuntos, estando presente no
telejornal. Um exemplo no contexto português é o comentário de Luís Marques
Mendes na SIC aos domingos à noite.

Boca/Trimming

É um género que consiste em soundbites, declarações vinda de uma fonte


que não possuem um tratamento jornalístico.

Pivot (Off de Pivot)

As peças e reportagens, assim como todos os outros géneros num


telejornal, precisam de um lançamento. Este é feito através dos pivots que
introduzem o tema a tratar. Eles são como narradores principais do noticiário,
apesar de que depois existam outros mais secundários. Estas apresentações da

20
Telejornalismo

informação são normalmente curtas, mas são capazes de estimular a relação entre
o rosto do telejornal e a audiência (Oliveira, 2007, p.12).

A credibilidade do telejornalismo de uma estação televisiva é diretamente


influenciada pela confiança que o público atribui aos seus pivots (Fechine, 2008,
p.69). A importância destes tem vindo a crescer ao longo da história da televisão.
Se antes havia uma primazia pela discrição dos jornalistas que davam cara ao
telejornal, hoje em dia já muitos fogem a essa regra e têm um comportamento de
celebridade. Atualmente, é usual vermos pivots a “cobrar soluções em novo do
povo” (Fechine, 2008, p.69), a tomar posições sobre os assuntos abordados nas
peças/reportagens, ou então a assumir uma postura mais descontraída, a partilhar
situações do seu quotidiano e a brincar com a própria equipa. Muitas vezes
também fazem uso de vocativos e pronomes pessoais, interpelando a audiência.

Esta é uma estratégia muito adotada no mundo da televisão, fruto da


evolução do meio dentro do modelo capitalista, onde existe necessidade de
diferenciar os seus produtos para ganhar quota de mercado aos seus concorrentes
(outras estações televisivas). O ethos do pivot vai pesar na decisão do público
sobre qual telejornal assistir (Fechine, 2008, p.70). Existe uma relação que vai ser
construída entre o jornalista que dá a cara pelo noticiário e o telespectador, sendo
que o comportamento mais espalhafatoso e menos mecânico dos primeiros vai
gerar uma maior proximidade entre os dois agentes.

Assim sendo, podemos encontrar dois tipos pivots: os operadores de


mensagens e os opinativos (Fechine, 2008, p.70). Quanto aos primeiros, pode-se
dizer que se limitam a apresentar o conteúdo do produto jornalístico que se
seguirá no alinhamento do telejornal, fazendo-o na terceira pessoa, sem querer
valorizar-se pessoalmente através de processos semióticos. Já os opinativos
apropriam-se do enunciado e introduzem a sua voz ao off.

A posição do pivot para a câmara também é importante, uma vez que


estando em pé têm uma postura mais gesticulativa e proativa na passagem da
mensagem. Por essa razão, os planos de câmara podem diferir entre planos
inteiros ou planos médios, que são bons para apresentar o jornalista quando se
21
Televisão I 2020/2021

encontra de pé, e entre o plano próximo, mais usado para quando estes estão
sentados (Oliveira, 2007, p.12).

Breve/Off

É uma notícia narrada pelo pivot, no entanto não é ele que se encontra no
ecrã. Enquanto se ouve a sua voz a noticiar o acontecimento podemos ver
imagens articuladas que dizem respeito ao assunto que se está a abordar. Estas,
geralmente, são proveniente do arquivo ou de agências, mas não é regra.
Recorre-se a este género quando existem poucas imagens para noticiar o
acontecimento, ou então quando a agenda noticiosa é bastante completa e é
necessário arranjar tempo para divulgar outras notícias.

Diretos

Os diretos consistem em dar a notícia em tempo real a partir onde está a


ocorrer aquilo que é notícia. Estes podem surgir de forma programada ou
espontânea e podem ser interiores ou exteriores. Costumam a ser usados com
frequência para entrar em contacto com os correspondentes das redações no
estrangeiro ou enviados especiais. Estes são introduzidos no telejornal através de
um plano duplo, que confere dinamismo à narrativa, sendo que podemos ver o
pivot e o jornalista responsável pelo direto no ecrã durante um primeiro
momento, de modo a haver um espaço de referência (Fechine, 2008, p.72), e só
depois é que temos um plano único do local da notícia.

Não se pode usar um direto apenas porque sim, estes têm que trazer
informações, contar pormenores, aprofundar o tema da notícia (Fernandes, 2007,
p.32). Pode-se ainda ter entrevistados durante direto, desde que seja pertinente.
Notícias locais ou coberturas desportivas são alguns exemplos do uso dos diretos
(Grusin, 1998, p.189).

Promos

A promo é um género de telejornalismo curto que tem como objetivo


primordial promover notícias que serão reproduzidas mais à frente no telejornal e
que a estação televisiva considera que vão prender o público ao ecrã. É um
22
Telejornalismo

gerador de dinâmica do noticiário, responsável por manter as audiências. O uso


das promos pode ainda servir como um separador que delimita as notícias de uma
editoria no alinhamento do telejornal.

Há ainda que referir que todos os telejornais portugueses possuem duas


partes, divididas por um intervalo. Durante este podemos assistir à publicidade,
algo que segundo (Grusin, 1998, p.189) define a televisão como média. A nível
de marketing, é importante para as marcas comunicarem através deste espaço, até
porque costuma ter muita audiência. Para as redações também existem
benefícios, uma vez que financiasse o trabalho dos jornalistas, contribuindo para
a sustentabilidade da redação (Finger, 2012, p.22) e, consequentemente, para que
se preste um bom serviço informativo.

FONTES DE INFORMAÇÃO
Por não ser capaz de estar em todos os acontecimentos, em todas as horas,
o trabalho jornalístico, no qual o telejornalismo se inclui, vê-se obrigado a contar
com fontes de informação.

Antes da análise comparativa, foi estabelecida a definição de fonte de


informação que lhe serviria de base. Esta definição foi pensada pela doutorada
em “Periodismo y Ciencias de la Comunicación” pela Universidade Autónoma
de Barcelona, Mar de Fontcuberta, no seu livro A Notícia – Pistas para
Compreender o Mundo. “As fontes de informação são pessoas, instituições e
organismos de todo o tipo que facilitam a informação de que os meios de
comunicação necessitam para elaborar notícias. Esta informação é de dois tipos:
a que o meio procura através dos seus contactos; e a que o meio recebe por
iniciativa dos vários sectores interessados. A relação entre os meios e as fontes é
uma das mais complexas e estruturantes de todo o processo de produção de
notícias. Um meio sem fontes é um meio morto.” (Fontcuberta, 1999, p.46)

Na mesma obra, a autora (apud Borrat, 1989, p.56) faz uma divisão ampla dos
diversos tipos de fontes quanto à sua atuação e define os seguintes:

23
Televisão I 2020/2021

 Fonte resistente: “levanta fortes obstáculos, restrições e reticências a


quem nela procurar informação.” (Fontcuberta, 1999, p.47 apud Borrat,
1989, p.56)

 Fonte aberta: “não opõe resistência, mas também não toma a iniciativa:
precisa de ser contactada para fornecer informação.” (Fontcuberta, 1999,
p.47 apud Borrat, 1989, p.56)

 Fonte espontânea: “toma a iniciativa de informar o meio de


comunicação.” (Fontcuberta, 1999, p.47 apud Borrat, 1989, p.56)

 Fonte ansiosa: “adota igual atitude, mas com maior envolvimento pessoal
e urgência; é o caso de alguém que precisa de divulgar mensagens que
servem os seus interesses.” (Fontcuberta, 1999, p.47 apud Borrat, 1989,
p.56)

 Fonte compulsiva: “toma a iniciativa com todos os recursos ao seu


alcance, tentando obrigar o meio a divulgar a sua informação.”
(Fontcuberta, 1999, p.47 apud Borrat, 1989, p.56)

Por serem tão amplas e difíceis de distinguir num noticiário telejornalístico,


nesta análise comparativa dos telejornais das três principais emissoras em sinal
aberto da TV em Portugal optaremos pela proposta de Leon V. Sigal (1973) que
divide as fontes em oficiais e não oficiais.

O investigador americano “chega à conclusão de que as notícias resultam não


tanto do que os jornalistas efetivamente pensam, mas da informação que as
fontes transmitem.” (Ribeiro, 2006, p.15 apud Sigal, 1973).

Da perspetiva do autor, “há mais notícias emanadas por fontes oficiais do que
por qualquer outra fonte […] Algumas notícias fora da rotina provêm de fontes
oficiais que revelam à imprensa uma peça informativa que lhes é pertinente, por
iniciativa própria e sem autorização específica para tal. As notícias restantes têm
de ser compostas pelos jornalistas, nas suas rondas, trocando e confirmando as
suas informações com os seus contactos no governo, e fazendo mesmo algumas

24
Telejornalismo

adivinhações. Também nestas instâncias são as fontes oficiais que fornecem a


informação que faz a notícia” (Ferreira, 2010, p.72 apud Sigal, 1974, p.131).

O autor Elias Machado afirma que as fontes oficiais “são mantidas pelo
Estado, por empresas e organizações como sindicatos e associações” (Ferreira,
2010, p.43 apud Machado, 2002, p.5) e que as não oficiais são todas as que
existem “relacionadas de forma direta com uma instituição ou personalidade mas
sem qualquer poder formal de representação” (Ferreira, 2010, p.43 apud
Machado, 2002, p.5) e é a partir destas definições que a distinção e análise será
feita.

Podemos ainda, tendo em conta (Sousa, 2001, p.62), dividir as fontes em


internas e externas. As primeiras dizem respeito aos repórteres, delegações do
canal, correspondentes e arquivo. Já as externas são as agências de informação,
contactos pessoais, entidades oficiais e não oficiais, outras cadeias televisivas e,
até mesmo, o público anónimo.

A melhor fonte, para (Sousa, 2001, p.71), é aquela que é credível,


representativa e possui autoridade.

A RELAÇÃO ENTRE AS EDITORIAS E O

“GATEKEEPING”
Editorias
Uma das formas mais clássicas de organizar o jornalismo é através das
editorias. Para hierarquizar blocos informativos estas têm um papel fulcral, uma
vez que agregam as notícias por temáticas globais e, posteriormente, é mais fácil
perceber qual destas deve ter primazia no alinhamento noticioso do telejornal.

Para o nosso estudo decidimos estabelecer um grupo de editorias que vai


ao encontro da matéria lecionada na unidade curricular e que se encontra
enquadrado dentro da realidade dos telejornais dos três principais canais
generalistas portugueses.

Justiça e Crime
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Televisão I 2020/2021

Esta é a editoria que trata de todos os temas relacionados com o poder


judicial. Corrupção, assassinatos, julgamentos, etc., quando são noticiados estão
sob a chancela deste grupo.

Política

É dentro desta editoria que estão as notícias mais ligadas ao poder


legislativo e executivo. Tudo o que diz respeito à assembleia nacional, aos
partidos políticos, funcionamento da república e a decisões de organismos
internacionais que tenham impacto no espectro legislativo português.

Economia

Nesta editoria entram as notícias que dizem respeito aos fluxos micro e
macroeconómicos. Desde o tecido empresarial do país, até às instituições
bancárias, passando pelo comércio, mercado do trabalho, impostos, entre outros,
este agrupamento temático visa dar a conhecer ao público o que se passa no setor
financeiro.

Antigamente, este bloco de informação era bastante curto e pouco


acessível ao público devido à sua linguagem complexa. Nos dias de hoje, através
dos gadgets tecnológicos dos estúdios de televisão e do desenvolvimento das
infografias para o meio, é possível passar a mensagem de forma mais eficaz ao
telespectador. Deixou-se também de focar excessivamente a componente
macroeconómica e deu-se espaço à microeconomia, que permite uma maior
proximidade à realidade da audiência (Cruz, 2014, p.247). Isto permite uma
quase simbiose entre a editoria de sociedade também, uma vez que se pode ver
aqui os resultados do momento económico do país: fase de prosperarão ou
recessão.

Saúde

Dentro desta editoria temos as notícias que concernem à saúde pública, a


doenças, pandemias, desafios da ciência médica, avanços da indústria
farmacêutica, funcionamento dos hospitais, entre outros.

26
Telejornalismo

Atualmente, devido ao período pandémico que vivemos, é das editorias


mais presentes nos telejornais portugueses. Nem que seja através das atualizações
diárias da Direção Geral da Saúde (DGS) acerca da Covid-19, “saúde” tem
figurado sempre no alinhamento telejornalístico.

Sociedade

É a editoria que noticia acontecimento dentro da esfera social, como os


seus hábitos, organização, agentes, entre outros. Tem vindo a ter um peso
crescente dentro das redações por se tratar de uma editoria que liga o conteúdo
jornalístico à realidade do público. Por outras palavras, é mais “terra-a-terra”
(Cruz, 2014, p.245).

Local

Esta é uma editoria que nos traz notícias que impactam numa zona mais
circunscrita do país – algo importante que acontece num concelho específico, por
exemplo.

Nacional

É esta editoria que reúne os acontecimentos de interesse geral da nação. A


sua caracterização bastante ampla faz com que seja um agrupamento temático
com uma fronteira bastante permeável com outras editorias. É usual estar
relacionada com “Política”, “Economia”, “Sociedade”, ou nos últimos tempos,
até mesmo “Saúde”.

Internacional

Tal como a editoria Nacional, esta também tem uma fronteira pouco
delineada. Diz respeito a todos os acontecimentos que acontecem fora das
fronteiras do nosso país, podendo ser de natureza política, económica, social, etc.

Esta editoria costuma ter dois blocos distintos, um com maior interesse a
nível global e outro mais apelativo, ligado ao insólito e ao infotainment. Quando
existe falta de tempo, esta é, usualmente, a editoria mais penalizada, a par da

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Televisão I 2020/2021

cultural. Nos últimos anos, têm perdido destaque para a editoria de “Sociedade”,
que vai mais ao encontro do “cidadão comum” do país (Cruz, 2014, p.253).

A realidade noticiosa de Internacional está também muito condicionada


com o trabalho das agências de informação (Cruz, 2014, p.253). Isto exige um
trabalho árduo para não se cair na estereotipia do mundo.

Desporto

É a editoria responsável pelas notícias das modalidades desportivas dentro


e fora do país, quer sejam elas profissionais ou amadoras. Pode também estar
associada a entidades ou instituições que estejam ligadas ao mundo desportivo.

Em Portugal, grande parte desta editoria está dedicada ao futebol, sendo


que é aquela que permite uma maior adesão do público. Segundo (Cruz, 2014,
p.249), apenas as notícias sobre ciclismo é que permitem um engajamento
semelhante ao do chamado “desporto rei”, minimizando as perdas de audiência
para os canais concorrentes.

Cultura

É o espaço editorial que está associado aos eventos, às artes, aos


espetáculos. Toda a programação cultural e seus agentes têm lugar dentro deste
agrupamento temático.

Esta é das editorias mais maltratadas nos telejornais portugueses, uma vez
que tem pouco espaço. A cultura é muitas vezes vista como algo elitista e isso
afasta as massas de notícias relacionadas com esta, fazendo com que os decisores
da oferta informativa releguem este tema para o fim dos telejornais, ou até
mesmo tire o platô deste.

Educação

Esta editoria trata dos assuntos da academia, da comunidade escolar, como


os financiamentos ao ensino, greves, resultados, ou medidas de foro educacional.

Religião

28
Telejornalismo

É o lugar onde encontramos reunidas as notícias diretamente relacionadas


com a fé e o culto religioso. A informação que envolve o clero pertence a esta
editoria.

Lifestyle

Nesta editoria estão alguns dos temas mais ligeiros do telejornal. Diz
respeito a modos de vida, lazer, turismo, etc. Tem um caráter mais promocional.

É uma editoria que achamos pertinente incluir porque ganhou um espaço


considerável na antena nacional com o “boom turístico” da última década em
Portugal. Vários telejornais têm rubricas associadas a atividades de lazer que
conferem um ar mais leve ao noticiário. Este é o espaço a que pertencem.

Outras

Se o tema não se enquadra em nenhum outro mencionado, então estará


incluído nesta editoria. Aqui trata-se de acontecimentos que merecem um
destaque noticioso, no entanto não têm espaço em nenhuma outra editoria, como
por exemplo, a meteorologia.

Gatekeeping Editorial
Tal como já vimos, se na imprensa escrita o fator nevrálgico é o espaço,
em televisão é o tempo. Deste modo, é necessário haver uma organização
bastante cuidada do alinhamento noticioso, em que seja potenciada a captação da
audiência.

O gatekeeping é o conceito usado para explicar o que fará parte do


alinhamento e a linha editorial, de acordo com o valor-notícia percecionado.
Todos os dias é necessário tomar decisões deste tipo nas redações, em que os
responsáveis recorrendo a processos heurísticos tentam prever o que terá mais
interesse para a opinião pública. Assim sendo, não só é necessário perceber qual
a melhor disposição noticiosa no tempo, como a duração de cada notícia, uma

29
Televisão I 2020/2021

vez que isso terá implicações quanto à importância da informação aos olhos da
audiência.

À luz do estudo de Cruz (2014), o alinhamento dos telejornais seguem


uma espécie de lógica de pirâmide invertida dupla, em que ambas as duas partes
do noticiário têm os temas mais importantes no início e os mais triviais no fim,
ou seja, vai-se das “hard news” para as “soft news”. Contudo, existe também uma
preocupação para haver uma ligação entre todos os blocos informativos, de modo
que o interesse do público se mantenha estável e para que seja possível vencer os
concorrentes na corrida ao zapping.

Na primeira parte do telejornal tem as notícias que marcam a atualidade,


sendo que a primeira tem uma importância fulcral. Na segunda parte o objetivo
passa por reconquistar a audiência que se perdeu durante o intervalo. Segundo
Cruz (2014), aqui dá-se protagonismo a temáticas de sociedade que podem
desencadear o “interesse público” e/ou o “interesse do público”.

A editoria de política e economia costumavam ter o monopólio da


primeira parte dos telejornais, no entanto, desde o aparecimento das estações
privadas, esta institucionalização da informação foi-se desvanecendo. A editoria
de sociedade tem sido a que mais cresceu, uma vez que possui uma temática mais
transversal e próxima do povo, com narrativas mais apelativas ao telespectador
(Cruz, 2014, p.554). Os políticos têm então perdido destaque para figuras
anónimas, algo que se pode relacionar até com o crescimento das redes sociais.

A editoria desportiva também tem um peso considerável em Portugal,


dado o poderio do futebol entre as massas. O crescimento desta editoria contrasta
com o menor enfoque em cultura. Como é visto como o tema que não agrada
muito o grande público, recebe menos atenção por parte das redações (Cruz,
2014, p.554).

Quando é necessário aumentar o tempo de antena a uma editoria, costuma


diminuir-se o de outra. Normalmente, além do espaço de cultura, também o

30
Telejornalismo

internacional é penalizado (Cruz, 2014, p.560). A sua distância geográfica


diminui-lhe a relevância.

CONTEXTO HISTÓRICO: INSTALAÇÃO DA TELEVISÃO


EM PORTUGAL E NO RESTO DA EUROPA
A instalação da televisão na Europa foi lenta, gradual e disforme em
relação ao continente Americano (1928, primeira instalação de TV). Devido à
Primeira Guerra Mundial e posteriormente às ditaduras totalitárias e à Segunda
Guerra Mundial, é normal o atraso, uma vez que os cientistas concentraram os
seus conhecimentos na criação de armas bélicas.

Os primeiros países europeus a terem uma estação televisiva foram a


Alemanha e o Reino Unido (1929). A França e algumas regiões da União
Soviética seguiram o exemplo em 1931, chegando depois à Polónia (1937),
Países Baixos (1948), Dinamarca (1951), Luxemburgo (1955) e, finalmente em
1956, foi a vez de Portugal, juntamente com Espanha, Suécia e Jugoslávia.

É em 1954 e 1955 que se dão os primeiros passos rumo à criação de uma


ideia de televisão, sendo que será Marcelo Caetano a incentivar Salazar em
virtude disso. Deste modo, o Gabinete de Estudos da então Emissora Nacional
(emissora de rádio pública existente na época) inicia um projeto para a instalação
de uma rede de televisão no território nacional.

Finalmente, entre 4 e 30 de setembro de 1956, a partir da feira popular, em


Lisboa, vão para o ar as primeiras emissões experimentais da Radiotelevisão
Portuguesa (RTP), na altura denominada de Radiotelevisão Portuguesa, S.A.R.L.
– uma sociedade anónima
financiada pelo Estado e
por outros acionistas, entre
os quais algumas
emissoras de radiodifusão
privadas e instituições
bancárias. Neste período
31
Televisão I 2020/2021

experimental a programação baseava-se em filmes, músicas e revistas filmadas.


Através destas emissões piloto desenvolveram-se técnicas imprescindíveis para a
implementação definitiva do sistema televisivo português.

A 7 de Março de 1957, pelas 21:30h, começam oficialmente as emissões


regulares da RTP: houve-se um hino e depois segue-se a primeira emissão
nacional, apresentada por Maria Helena Varela dos Santos, mulher do conhecido
apresentador Fialho Gouveia.
Figura 3 - Países com tonalidade de azul mais
Nesta altura a televisão portuguesa estava escuro receberam o serviço televisivo mais
cedo, com o azul mais claro aqueles que
sob o olhar atento da censura e fortemente receberam mais tarde

influenciada pelo Estado Novo. Existiam diversos


anúncios de propaganda a Salazar, assim como uma
programação rigidamente enquadrada nos valores e
ideais do regime. Por exemplo, de 1958 até 1967
não havia emissão televisiva durante a sexta feira
santa, sendo que em 1957 e entre 1968 e 1974, a emissão apenas se dedicava a
assuntos católicos, como a transmissão de eucaristias e reportagens acerca da
vida de Jesus Cristo.

Durante os anos 60 ainda eram poucas as televisões dentro de casa dos


portugueses, a maioria destas encontrava-se em lojas e cafés. O tempo de
emissão também não era muito longo, sendo que todos os dias a emissão
encerrava por volta da meia noite, dependendo da programação de cada dia.

Alguns dos pontos altos dessa década a nível do telejornalismo foi a


cobertura da morte do general Humberto Delgado, que por mão de Estado Novo,
viria a ser usada com arma de combate aos partidos socialistas e comunistas, pois
culpava-os de terem cometido esse crime.

A 25 de Dezembro de 1968, nasce um segundo canal: a RTP2. As suas


primeiras emissões não passavam apenas de 2 horas de repetições de conteúdos
do primeiro canal. Apenas em 1970 é que começa a transmitir programas
inéditos, principalmente programas europeus importados. Até aos anos 90, a 2 é

32
Telejornalismo

um canal comercial, passando depois por uma mudança de rumo que configura o
canal nos moldes que atualmente se conhece.

Quando o Estado Novo cai, em 1974, cai também uma série de entraves
que a RTP possuía em relação ao seu conteúdo. Será após a Revolução de Abril
que a televisão se afirmará como o media principal de Portugal, destacando-se da
rádio. Foi a partir daqui que se começou a apostar em peso nos programas de
entretenimento.

As notícias e a teledramaturgia brasileira viriam assumir o horário nobre,


sendo que a sequência “telenovela-telejornal-telenovela” se revelou uma fórmula
vencedora durante várias décadas. A venda de televisões foi deveras
incrementada com esta. As horas que anteriormente eram passadas em cafés ou
noutros locais públicos de convívio, eram agora passadas em casa, à frente do
televisor.

Na viragem da década de 70 para 80 observamos um acontecimento que


marcou a imagem da televisão: o fim da emissão a preto e branco e o surgimento
da cor nos ecrãs. Essa troca deu-se, tardiamente, a 7 de março de 1980, aquando
do Festival RTP da Canção, sendo Portugal o antepenúltimo país europeu a fazê-
lo, apenas à frente da Albânia e da Roménia (último).

No início dos anos 90 surgiram os canais de televisão privados, a SIC


(Sociedade Independente de Comunicação) e a TVI (Televisão Independente),
assim como a televisão por cabo. Francisco Rui Cádima, em (Cádima, 2010,
p.89), recorre a um estudo de Felisbela Lopes e afirma que esta liberalização do
mercado televisivo mudou a forma do telejornalismo português, deixando para
trás as lógicas mais institucionais e de montra de projetos oficiais do governo,
que tutela o RTP1. Houve uma evolução para um modelo mais livre, com menor
peso da política. Aliás, os espaços de notícia perderam força e viram os
conteúdos de entretenimento a pôr em causa o seu caráter estruturante do horário
nobre.

33
Televisão I 2020/2021

A última grande inovação na televisão portuguesa deu-se já no século


XXI, quando migramos da TV analógica para a digital. A implementação da
TDT em Portugal foi propositadamente tardia e desastrosa, de modo a favorecer
a televisão paga, deixando milhares de pessoas sem televisão e sem informação
de como fazer a mudança e apenas com a mesma oferta que no analógico: 4
canais nacionais e com menor cobertura da população.

Na última década os serviços de streaming como a Netflix e a HBO


vieram então revolucionar a forma de se fazer televisão. O crescimento do online
tem levado as cadeias televisivas a apostar em conteúdos transversais aos dois
meios, de modo a atingir um maior mercado. O telejornalismo tem-se tentado
adaptar aos novos tempos, tornando-se mais interativa, no entanto, segundo
(Tourinho & Lopes, 2011, p.15), numa classificação de 0 a 7, a televisão
portuguesa está num nível 2 de evolução.

HISTÓRIA DOS CANAIS GENERALISTAS


PORTUGUESES
RTP1
As emissões televisivas regulares da RTP (Rádio e Televisão de Portugal)
começaram a 7 de março de 1957, fruto da emissora pública de rádio ‘Emissora
Nacional’ (atual Antena 1) que deu lugar a uma cadeia audiovisual pública no
nosso país, com a vertente de rádio e a de televisão. As emissões regulares de
rádio tinham já começado em 1935, sendo que só vinte anos depois é que se
começa a preparar o ingresso no mundo da “caixinha mágica”.

A RTP, sendo criada em contexto ditatorial, esteve nos seus primeiros


anos muito ligada ao Estado Novo. Segundo Francisco Rui Cádima, o
telejornalismo desenvolvido pela estação pública possuía um caráter doutrinário,
principalmente de 1964 até 1974. Antes disso, com outro diretor de informação,
era o provincialismo que reinava em antena.

34
Telejornalismo

Salazar e Marcelo Caetano tiveram diferentes formas de abordar e usar a


televisão. O primeiro, que outrora usava e abusava dos meios de comunicação
para afirmar o seu nome e conseguir os seus objetivos, era mais recatado e
“invisível”. A sua imagem nunca esteve muito presente nos ecrãs das televisões,
a não ser nas propagandas feitas ao regime e em pequenas reportagens. Salazar
nunca foi um líder bom de oratória, então a sua distância das câmaras vinha
salvaguardar a sua imagem como líder absoluto e incontestável da nação.

No sentido inverso estava Marcelo Caetano, um rosto sempre muito


presente na antena portuguesa. Diz-se que esta presença era usada de forma a
“legitimar” Caetano, como sucessor natural de Salazar. Quando ele assume o
poder, nota-se também uma intervenção mais forte do Estado nos conteúdos
televisivos, sendo que existe um reforço da estratégia de culto com imagens ou
reportagens produzidas para o efeito e centradas na sua pessoa.

Após a Revolução dos Cravos, em 1974, a RTP passou a ter mais


liberdade nos seus conteúdos, conseguindo apaixonar os portugueses pelo “novo
meio”. Destaca-se a exibição da telenovela brasileira “Gabriela” e a aposta na
teledramaturgia do país do outro lado do Atlântico. Isto teve um grande peso na
massificação dos televisores nas casas portuguesas.

A 7 de março de 1980 dá-se o fim da emissão a preto e branco e passa-se a


transmitir a cores. Anteriormente, aquando dos Jogos Sem Fronteiras de 1979, a
RTP já tinha feito uma emissão experimental por imposição da EBU (European
Broadcasting Union).

Depois da liberalização do mercado televisivo, começam a surgir na


década de 90 os canais privados, como a SIC e a TVI. A estação pública vai
acabar por perder a sua hegemonia nos anos subsequentes, não conseguindo
chegar mais à liderança das audiências, salvo exceções como eventos desportivos
da qual possuem direitos de exibição.

É importante ainda mencionar o aparecimento da RTPN (atual RTP3), um


canal noticioso de 24 horas, na década de 2000. Foi o segundo canal deste tipo

35
Televisão I 2020/2021

em Portugal, sendo que o primeiro foi a SIC Notícias. Os canais de notícias 24h
fizeram com que a televisão fosse capaz de mostrar ao público, em tempo real, o
acompanhamento jornalístico de vários acontecimentos, algo pouco explorado
até então (Cushion, 2012, p.70).

A RTP possui delegações em vários pontos do país, assim como um centro


de produção no Porto e outro em Lisboa, sendo que o da capital é a sede da
estação. Tem também correspondentes internacionais em vários pontos do globo,
nomeadamente em Madrid, Bruxelas, Paris, Genebra, Moscovo, Washington
D.C, Rio de Janeiro, Luanda, Maputo, Praia, Bissau, São Tomé e Díli.

SIC
A SIC (Sociedade Independente de Comunicação) iniciou as transmissões,
a 6 de outubro de 1992, sendo por isso o primeiro canal privado do nosso país, e
rapidamente começou a ameaçar as audiências fiéis da RTP. Era o canal número
“3”, por ser o terceiro canal de Portugal. No final de 1993, um ano depois da ida
para o ar, a SIC via um programa seu atingir o topo dos mais vistos em Portugal,
com “Chuva de Estrelas” a liderar as audiências nacionais. Esta posição saiu
ainda mais reforçada quando fecha um contrato com a Rede Globo, em que
consegue “roubar” a ficção brasileira do canal público.

Francisco Pinto Balsemão foi o fundador deste novo canal. O antigo


primeiro-ministro português é dono do grupo IMPRESA, que já tinha fundado o
semanário ‘Expresso’ durante o regime ditatorial do Estado Novo. O jornal
desempenhou um papel importante na consolidação da democracia portuguesa
após o 25 de abril de 1974. Na sua génese estão os valores mais vanguardistas no
jornalismo europeu, sendo responsável por diversas inovações no campo da
comunicação social.

O canal de televisão do grupo IMPRESA é atualmente o líder de


audiências em Portugal, desde os seus conteúdos de entretenimento até à
informação. O seu vanguardismo está também patente no seu telejornalismo, que
rompe muitas vezes os cânones mais conservadores da academia. A SIC é

36
Telejornalismo

responsável por inovações, como a maior duração do telejornal, o primeiro canal


de notícias de 24h (SIC Notícias) e programas que juntavam a informação ao
entretenimento, como o ‘Praça Pública’.

Nas últimas duas décadas, a cadeia de televisão tem apostado em canais de


cabo, de modo a satisfazer diferentes segmentos do público. Exemplos são a já
mencionada SIC Notícias, a SIC Radical (direcionada aos mais jovens), SIC
Mulher, SIC Caras, SIC K (com programação para crianças), SIC Internacional
(para a diáspora portuguesa no estrangeiro), SIC Internacional África e Txillo
(canal infantil em Angola e Moçambique).

Recentemente, tem-se apostado bastante nos conteúdos online e a SIC não


é exceção. A SIC Online reúne todas as peças e reportagens exibidas ao longo do
dia nos vários telejornais do canal. Contudo, não os disponibiliza na íntegra, por
exemplo, deixa de fora os offs do pivot. É possível ter acesso a esses conteúdos
informativos e a vários documentários na plataforma streaming OPTO, lançada
em outubro de 2020. Este serviço reúne diversas apostas da SIC, que seja a nível
do entretenimento, ou como já vimos, a nível da informação. Para ter acesso a
este é necessário o pagamento de uma mensalidade de 3,99€.

O canal de Paço de Arcos (Oeiras) tem a sua segunda maior delegação no


Porto, mas espalha-se também por Vila Real, Viseu, Coimbra, Évora, Faro,
Bragança, Guarda, Covilhã e Portalegre, com delegações mais reduzidas. A nível
internacional destacam-se as delegações em Bruxelas, Telavive e no Brasil, assim
como correspondentes em vários outros cantos do globo. Apesar da forte
presença no online, a SIC apenas possui uma redação única que abastece os
vários espaços informativos da estação.

TVI
A TVI (Televisão Independente) iniciou as suas emissões uns meses
depois da SIC, a 20 de fevereiro de 1993. Foi apelidada de "4", por ser a quarta
estação de TV em Portugal. No mesmo ano, começa a emissão regular do som
estéreo.

37
Televisão I 2020/2021

O canal foi fundado por entidades relacionadas com a Igreja Católica,


como a Rádio Renascença, RFM, Universidade Católica Portuguesa, Santuário
de Fátima, o Seminário do Cristo-Rei, a Confederação Nacional dos Institutos
Religiosos e a União das Misericórdias Portuguesas. A dona atual da TVI é o
grupo Media Capital, que durante vários anos foi detido pelos espanhóis do
Grupo Prisa. Hoje são vários os sócios acionistas da empresa, sendo que o maior
é Mário Ferreira, dono da Douro Azul. O empresário nortenho aufere de 30,22%
da Media Capital.

Ao contrário da SIC, esta estação televisiva teve muitas dificuldades em se


impor no mercado nacional, e foi só em 2000, com a entrada de José Eduardo
Moniz para o cargo de diretor-geral, que a recuperação de audiência se iniciou.
Até aqui a aposta do canal era em conteúdos estrangeiros, como séries e
concursos. Quando sofreu uma reformulação, passou a focar-se na ficção
nacional e em reality shows.

Este novo tipo de programação conseguiu trazer a TVI para a ribalta do


mercado televisivo português, algo que influenciou também a forma do
telejornalismo se desenvolver, segundo (Cushion, 2012, p.13). Em 2005 o canal
atinge a liderança das audiências e de lá não sai até 2019 – altura em que é
ultrapassado pela SIC.

Dentro do grupo Media Capital estão ainda outros canais como a TVI 24
(informativo), TVI Internacional, TVI África, TVI Ficção (onde apresenta as
obras ficcionais produzidas em conjunto com o grupo PLURAL) e TVI Reality
(o primeiro canal português apenas dedicado a reality shows). De 2013 a 2015
também apostou no canal +TVI, que conseguiu a proeza de ser o primeiro canal
português a emitir no formato 16:9.

A redação do canal localiza-se em Queluz de Baixo (Oeiras) e no Porto.


Tem também uma delegação em Évora. Possui ainda correspondentes em vários
pontos estratégicos, como em Bruxelas. O estatuto editorial do canal revela que a
TVI pretende que os seus conteúdos informativos sejam mais interativos e
acessíveis aos telespectadores.
38
Telejornalismo

Em 2019 cogitou-se a hipótese do grupo Cofina comprar a Media Capital.


Isto despoletou uma chuva de críticas devido ao facto de a empresa que detém a
CMTV e o jornal Correio da Manhã ter um modelo informativo mais
sensacionalista. O jornalista Pedro Coelho, da SIC, na altura questionou:
“Imaginem o efeito que teria num qualquer país se uma pequeníssima televisão
tabloide tomasse conta de um canal nacional que foi 19 anos líder de
audiências?”.

Já em 2020, a Cofina decidiu cancelar a compra, coincidindo com a época


em que Portugal partiu para o primeiro confinamento geral devido à pandemia de
Covid-19.

A nova direção do canal acabou por fazer diversas alterações nos seus
principais programas, modificando a imagem dos telejornais, os seus cenários e o
próprio logótipo da TVI 24. O atual diretor de informação da estação de Queluz
de Baixo é Anselmo Crespo, antigo coordenador do Jornal da Noite da SIC.

A SEMIÓTICA DOS ESTÚDIOS DE TELEJORNAL


Além do conteúdo informativo, existe uma componente não-verbal que é
muito importante na passagem de informação ao longo de um telejornal. Existem
psicodinâmicas que podem ajudar o público a escolher assistir um canal em
detrimento de outro. Em qualquer tipo de comunicação, deve-se colocar em
primeiro lugar o público-alvo e a natureza da empresa, uma vez que esta só terá
sucesso caso haja uma boa receção da mensagem. Deste modo, a cenografia de
cada espaço informativo está pensada para conseguir captar o espectador e
transmitir mais facilmente as informações.

Os espaços onde se passam os telejornais portugueses conjugam vários


signos que devem prender a audiência ao ecrã. Desde a cor até ao guarda-roupa
dos pivots, tudo comunica e, por essa razão, deve haver um planeamento gráfico
para o sucesso audiométrico da estação televisiva. Aliás, segundo (Retorta, 1992,
p.21), as cores têm grande impacto nas sensações e emoções transmitidas, tendo
significações distintas para diferentes classes sociais e faixas etárias. Assim

39
Televisão I 2020/2021

sendo, é preciso encontrar uma solução que tenha um sucesso transversal a todos
estes grupos, uma vez que o público é bastante massificado.

No “Telejornal” da RTP1 a cor dominante é o azul, tal como no logótipo


do canal (linhas paralelas que representam o rigor e precisão). Esta é uma cor fria
e está associada às ideias de calma, paz, segurança e confiança, algo que as
pessoas procuram no jornalismo. Além disso, dizem que também estimula a
produtividade dos trabalhadores, sendo por essa razão das cores mais usadas
pelas corporações.

O seu uso credibiliza a instituição e estimula o público a confiar no


“Telejornal”. Os separadores, caixas de texto e fundo do estúdio tem várias
tonalidades de azul, que estão também em comunhão com o branco. Esta cor
quando usada em espaços pequenos dá a ideia de amplitude, algo que está a par
com o objetivo do canal, conferindo-lhe uma proximidade ao telespectador e
reforçando a ideia que é uma fonte segura.

Com o branco sobressai também uma noção de verdade e perfeição.


Quando conjugado com o azul, torna o estúdio do telejornal da RTP1 num espaço
com contrastes suaves. Se assim não fosse, segundo (Modesto Farina, 2006,
p.42), poderia haver uma saturação visual ao público, o que levaria a menores
índices audiométricos.

Quando o pivot se encontra de pé, costuma localizar-se junto ao ecrã que


passa imagens relativas à notícia que se segue no alinhamento. Isto gera dinâmica
na comunicação. Já quando está sentado, dá para ver a redação a trabalhar como
fundo do telejornal. Isto transmite ao público que o canal público está a trabalhar
e a acompanhar a atualidade, de modo a informar os seus telespectadores
(Saraiva et al., 2011, p.89). Gera confiança e proximidade, mais uma vez.

No “Jornal da Noite” da SIC, as cores predominantes são o vermelho e


branco. Rompe com a cor mais fria da RTP1, algo que certamente também não se
pode ver desligado da cor principal do logótipo do canal. O vermelho funciona
melhor que o laranja quando é necessário colocar tipografia branca por cima,

40
Telejornalismo

devido ao melhor contraste (Modesto Farina, 2006, p.42) – sendo então preferível
usar o vermelho para caixas de texto e separadores.

Sendo o encarnado uma cor quente, reflete emoções fortes, entusiasmo,


energia, calor, aconchego e até mesmo revolução – algo que, tal como já vimos, a
SIC fez quando apareceu nos nossos televisores em 1992. O vermelho pode levar
o telespectador a assistir o telejornal, até porque é bastante dominante ao olhar
humano. Apesar de também ter algumas conotações negativas, como sangue ou
crueldade, isso não é transmitido ao público porque não é usado em demasia.

Grande parte do estúdio possui a cor branca, que tal como no caso da
RTP1, transmite verdade, perfeição e amplitude, assim como suaviza a força do
vermelho. Pode-se ver que também existem alguns apontamentos em azul escuro,
principalmente no fundo do estúdio, onde figura uma imagem com prédios
vermelhos e um céu azul escuro. Este ar mais “quente” do telejornal da SIC
contrasta com a concorrência dos canais generalistas, podendo servir como uma
vantagem competitiva no mercado.

O “Jornal das 8” da TVI dá também primazia ao branco e azul, tal como a


RTP, mas possui apontamentos em vermelho, como o logótipo do próprio
programa ‘J8’. Em planos mais gerais é possível ver que o chão do estúdio tem
partes a preto. Esta cor está associada ao poder, prestígio e sofisticação – algo
que o canal tem interesse em transmitir para a audiência depois de ter feito uma
revolução nos estúdios dos seus programas de informação.

É possível também ver em alguns planos a redação a trabalhar, o que


reforça a ideia de dedicação do canal à informação. Num ecrã gigante existente
no estúdio é usual ver-se ainda a imagem do planeta, uma clara alusão à matéria-
prima do trabalho dos jornalistas de Queluz de Baixo: as notícias da atualidade
de todo o mundo. Reforça-se assim a ideia de amplitude e de olhar omnipresente
que permite informar da melhor forma os seus telespectadores.

Há ainda que referir as tecnologias usadas pela TVI no seu estúdio, como
o já referido ecrã gigante, que mostra exuberância, e o recurso usual à realidade

41
Televisão I 2020/2021

virtual – um dos seus trunfos em relação à concorrência. Normalmente, os pivots


são também acompanhados por imagens de fundo que dizem respeito ao
acontecimento que estão a noticiar – algo não exclusivo do canal de Queluz de
Baixo, uma vez que também é usado pela RTP1 e SIC.

CONTEXTO ATUAL DO TELEJORNALISMO


PORTUGUÊS
O telejornalismo desde os seus primeiros tempos em Portugal até aos dias
de hoje tem sofrido várias alterações, fruto de mudanças nas características do
mercado e do progresso tecnológico. A ideia de um pivot a debitar informação e
de seguida uma peça/reportagem evoluiu para modelos mais intimistas de
telejornais. Assistiu-se também a apostas em conteúdos mais diversos e em
diferentes formas de informar os telespectadores.

Uma das maiores inovações televisivas do século XX foi a criação do


teletexto. Esta tecnologia chegou a Portugal pelas mãos da RTP na década de 90.
Este espaço está disponível nos televisores com o sistema PAL e tem uma
estrutura que faz lembrar um website, mas numa televisão. Através de páginas
numeradas, os telespectadores podem aceder com o seu comando a páginas com
informação sobre diversos tópicos, desde notícias, até informações da bolsa de
valores, publicidade, eventos, a programação do canal, o horóscopo, etc. Hoje em
dia existem até legendas que auxiliam pessoas com deficiências auditivas.

Este serviço preparou, de certa forma, os canais de televisão para o que o


futuro lhes reservava: um concorrente de peso chamado internet. O crescimento
do meio digital e o aparecimento do jornalismo online fez com que o
telejornalismo tivesse que se adaptar, acabando muitas vezes por coordenar os
dois meios (Grusin, 1998, p.189). Tal como concluiu (Finger, 2012, p.126), não
existem média vencedores, no entanto é necessário a televisão confluir com o
mundo online.

Numa sociedade que é cada vez mais capaz de produzir os seus próprios
conteúdos, as estações televisivas têm a obrigação de adaptar o telejornalismo à
42
Telejornalismo

nova realidade. Começa a existir um hibridismo entre meios que garante a


passagem eficaz da mensagem por parte dos jornalistas (Cushion, 2012, p.14).
Esta evolução nasce até mesmo da própria natureza capitalista dos países
ocidentais, como Portugal, em que o engajamento é fulcral para o sucesso
comunicativo.

Análises de (Tourinho & Lopes, 2011, p.15) mostram que os meios


televisivos portugueses ainda estão atrasados na sua aposta no meio digital,
produzindo conteúdos com pouca interatividade com o público – algo que nos
últimos cinco anos parece ter melhorado. Os websites dos diferentes canais têm
grande importância na divulgação dos seus conteúdos, no entanto, muitos
conteúdos informativos em televisão não têm tido uma adaptação para o meio
online, existindo antes uma retroalimentação (Finger, 2012, p.127).

Como na internet não existe um limite de tempo para apresentar as


notícias, as estações televisivas poderiam apostar em peças e reportagens mais
ampliadas e contextualizadas. O que se vê muitas vezes é que o telejornal apenas
permanece “no ar”, uma vez que pode ser consultado no website (exceção da SIC
que apenas disponibiliza as reportagens e peças no site).

Um dos problemas no telejornalismo português reside aí, segundo


(Cádima, 2010, p.9), uma vez que há pouca intervenção de especialistas
independentes dentro do meio. (Finger, 2012, p.127) vê o online como uma
oportunidade para se responder a essa questão. Fóruns de discussão com
especialistas e incentivar o jornalismo colaborativo são algumas das soluções
apontadas pela autora. Recentemente, a TVI trouxe uma inovação ao panorama
telejornalístico português ao disponibilizar códigos QR ao longo do ‘Jornal das
8’, que permitem explorar os temas tratados no programa no dispositivos móveis
– tecnologia instalada depois de um grande investimento da TVI na informação.

O reverso da medalha do grande crescimento do online e da produção


autónoma de conteúdos está no aumento das fake news, um problema que se
agrava com a exposição destas nas redes sociais. Este flagelo tem contribuído
para o crescimento de populismos e o extremar de posições, o que põe em causa
43
Televisão I 2020/2021

a democracia – aquilo que o jornalismo tem como objetivo defender. Por essa
razão, nos últimos anos temos assistido ao surgimento de rubricas de fact-
checking nos telejornais portugueses, como o “Polígrafo” na SIC e a “Hora da
Verdade” na TVI.

Em Portugal, existem ainda muitas outras rubricas ao longo dos


telejornais, principalmente nas estações privadas, que possuem um telejornal com
maior duração. Isso tem diluído um pouco aquilo que é o verdadeiro interesse
geral e o valor-notícia, tal como diz (Cádima, 2010, p.10), aludindo ao autor
Nuno Brandão. Ele alerta para o aumento da diversão, emoção e negatividade nos
telejornais portugueses.

Uma tendência global nas televisões mundiais tem sido a


consciencialização das redações para refletirem a diversidade social (Kovach,
2003, p.162), algo que ganhou ainda mais força em 2020 com o movimento
“Black Lives Matter”. As redações das televisões portuguesas durante a sua
história nunca deram primazia a esse aspeto, no entanto pivots como Conceição
Queiroz e, mais recentemente, Cláudio Bento França têm mostrado que o platô
não está apenas reservado a brancos.

Covid-19
Desde março de 2020, altura em que se registaram os primeiros casos de
Covid-19 em Portugal, as televisões portuguesas tiveram que se adaptar a uma
nova realidade, o que trouxe alterações à forma de fazer telejornalismo no país. O
próprio distanciamento social implica diferenças na comunicação a nível
interpessoal, que sua vez também impactam na comunicação massificada.

As redações tiveram que se adaptar às restrições impostas e passaram a


funcionar num regime de “semana-sim, semana-não”, com equipas divididas. O
acesso a fontes e deslocações fora tornaram-se numa tarefa mais complicada. As
entrevistas feitas remotamente via Zoom ou Skype passaram a ser algo natural
nos ecrãs dos televisores portugueses.

44
Telejornalismo

Durante este tempo, assistimos ainda a um maior número de infografias a


figurar nos telejornais. A participação dos pivots de pé a explicar gráficos e
dados da Direção Geral de Saúde (DGS) tornou-se também bastante usual. Aliás,
muitos jornalistas começaram a partilhar desabafos e histórias durante a
apresentação dos noticiários – principalmente nas estações privadas, onde já
existia tendência a fugir às regras formais do telejornal.

Com os confinamentos
assistiu-se também a um
aumento do consumo
televisivo, tal como podemos
comprovar no gráfico da figura
4. Os portugueses queriam ser
informados pela televisão, o

Figura 4 - Audiências registadas pela Marketest em março de 2020 que mostra que a “caixinha
mágica” continua a ser dos
meios, senão o meio, onde mais se consome informação.

45
Televisão I 2020/2021

APLICAÇÃO PRÁTICA

46
Telejornalismo

METODOLOGIA
Como já referimos, o objetivo deste trabalho é estudar os alinhamentos
dos principais telejornais portugueses, ou seja, aqueles que vão para o ar em
horário nobre nos canais generalistas – RTP1, SIC e TVI. Para isso, vamos olhar
à lupa para o “Telejornal”, “Jornal da Noite” e Jornal das 8” do dia 16 de abril de
2021, às 20h00.

A análise será individual, sendo que cada membro do grupo está delegado
para tratar de um telejornal diferente. Esta é alicerçada numa tabela em que
vamos plasmar as informações retiradas da nossa observação. Seguindo a ordem
do alinhamento, iremos focar-nos no conteúdo das notícias, no género
jornalístico apresentado, editoria a que pertence, fontes usadas e o tempo que
esteve presente no ecrã.

No que concerne às editorias, iremos utilizar o sistema que foi lecionado


durante as aulas, assim como outras que achamos pertinente incluir depois da
pesquisa feita pelas páginas online das estações televisivas. Para classificarmos a
editoria iremos então iremos ter em conta a lista que compreende Política,
Economia, Sociedade, Justiça e Crime, Local, Nacional, Internacional, Cultura,
Desporto, Saúde, Educação, Religião, Lifestyle e Outras.

Os géneros jornalísticos a que recorremos foram também lecionados na


unidade curricular, mas também complementados com leituras subsequentes.
Teremos então uma divisão entre Off de Pivot, Peça, Reportagem, Breve/Off,
Boca/Trimming, Entrevista e Promo. Já as fontes de informação irão contemplar
todos os testemunhos, pessoas/organizações citadas, de forma a percebermos
como se chegou à informação.

Por fim, iremos apresentar uma descrição e análise de cada telejornal,


acompanhada por gráficos ilustrativos e depois uma comparação entre os três.
Vamos quantificar o nosso estudo de modo a tornar o trabalho o mais objetivo
possível e, consequentemente, para uma melhor compreensão e proveito.

47
Televisão I 2020/2021

ANÁLISE INDIVIDUAL
RTP1

Género
Timecode Pivot Notícia Editoria Jornalista Fontes Observações
jornalístico

19:59
Abertura do ‘Telejornal’
10”
Vice-Almirante
José Pessoas que foram infetadas com Covid- Gouveia e Melo
20” Rodrigues 19 vão ser vacinadas ainda na segunda Off de Pivot Saúde - (coordenador de -
dos Santos fase. plano de vacinação
Covid-19)
Pessoas que foram infetadas com Covid-
Esta notícia está sinalizada
25” - 19 vão ser vacinadas ainda na segunda Boca/Trimming Saúde - -
como “Exclusivo RTP”
fase.
José Judoca portuguesa, Telma Monteiro,
19” Rodrigues vence categoria de 57 kg e conquista Off de pivot Desporto - - -
dos Santos medalha de ouro no Europeu de Judo

48
Telejornalismo

Judoca portuguesa, Telma Monteiro,


vence categoria de 57 kg e conquista Telma Monteiro
02’55 - Peça Desporto Clara Osório -
medalha de ouro no Europeu de Judo e João Crisóstomo
medalha de Bronze de João Crisóstomo

A possibilidade de se tomar a 3ª Dose da


18” - Promo Saúde - -
PFIZER -
José
Recuo nas medidas de desconfinamento
20” Rodrigues Off de Pivot Política - - -
em quatro concelhos
dos Santos
2’23 - Acusações da autarca de Portimão ao Reportagem Política Cristina Liz Isilda Gomes -
governo sobre o recuo e ponto de situação (Presidente da
Helena
de cada concelho visado câmara Municipal de
Conceição
Portimão)
Santos
3 fontes
Teresa
indiferenciadas
Marques
CM Portimão
Duarte
Baltazar Direção Geral da
Saúde
Andreia
Filipa Novo Álvaro Azedo
(Presidente da C.M.
Filipe Silva
Moura)
José Carrilho
Filipe Santana Dias
Pedro Miguel (Presidente da C.M.

49
Televisão I 2020/2021

Rio Maior)
Diogo Saraiva
Tavares (Proteção Civil de
Moura)
José Alberto
Guerreiro (C.M.
Odemira)
José
Mudança de decisão quanto ao
6” Rodrigues Off de Pivot Saúde - - -
desconfinamento em Beja
dos Santos
Paulo Arsénio
(presidente C.M.
Beja)

Teresa Nelson Cigarro


Marques (empresário da
Mudança de decisão quanto ao Saúde
1’50 - Reportagem restauração de Beja) -
desconfinamento em Beja José Carrilho
António Leandro
(Cooperativa Luis da
Rocha)
3 fontes
indiferenciadas

50
Telejornalismo

José
Concelhos que se mantêm na segunda
13” Rodrigues Off de Pivot Sociedade - - -
fase de desconfinamento
dos Santos
1 Fonte
indiferenciadas
Mário Esteves
(Proprietário de
Restaurante)
Carolina Pedro Boaventura
Concelhos que se mantêm na segunda Cardoso (Proprietário de
02’00 - Reportagem Sociedade -
fase de desconfinamento Pedro Padaria da Figueira
Teodoro da Foz)
José Godinho
(Presidente da
Associação Big
Foot)

José Sociedade/
Lisboa é um dos conselhos que avança
14” Rodrigues Off de Pivot - - -
para 3ª fase do desconfinamento Local
dos Santos
2’22 - Direto em Lisboa no Bairro Alto em Direto Sociedade/ Filipa Dias Vítor Castro -
Lisboa sobre o desconfinamento Mendes (proprietário de
Local
restaurante)
1 Fonte

51
Televisão I 2020/2021

indiferenciada

José
08” Rodrigues 3ª Fase de Desconfinamento Off de Pivot Sociedade - - -
dos Santos
José Filipe António Costa
Há mais 5 concelhos acima dos 240 casos
01’34 Rodrigues Peça Sociedade Canhoto (primeiro-ministro) -
por 100 mil habitantes
dos Santos Ribeiro Arquivo RTP
José
Análise da Matriz de Risco e atualização
01’08 Rodrigues Breve/off Saúde - DGS -
do boletim da DGS
dos Santos
PFIZER diz que dose extra pode ser
José
necessário entre 6 a 12 meses após a
21” Rodrigues Off de pivot - - -
segunda dose e vacinação de Angela Saúde
dos Santos
Merkel
Alberto Bourla
PFIZER diz que dose extra pode ser
(Presidente PFIZER)
necessário entre 6 a 12 meses após a
01’19 - Peça Saúde Ana Romeu -
segunda dose e vacinação de Angela Agnes Pannier-
Merkel Runacher (Ministra
Indústria Francesa)
José
Ministério da Saúde pondera terceira dose
14” Rodrigues Off de Pivot Saúde - - -
da Pfizer
dos Santos

52
Telejornalismo

Marta Temido
Filipe
(Ministra da saúde)
Canhoto
Ribeiro , António Lacerda
Ministério da saúde diz que está a
(Secretário de Estado
acompanhar a possibilidade de uma Ana
de Adjunto e da
02’20 - eventual terceira dose e seguirá as Peça Saúde Bartolomeu -
saúde)
orientações da AEM. Simões
Instituto Medicina
Cálculos da atual imunidade de grupo Pedro Pinto
Molecular
Paulo José
Fundação Francisco
Oliveira
Manuel dos Santos
José
Manifestação de negacionistas de apoio
40” Rodrigues Breve/Off Sociedade - - -
ao Juiz Rui Fonseca e Castro
dos Santos
José
18” Rodrigues A Rússia Expulsa Diplomatas Promo Internacional - - -
dos Santos
José
Análise de Plano de recuperação e
01’18 Rodrigues Breve/Off Política - - -
resiliência
dos Santos
02’05 - Bazuca Europeia” do PRR, Plano de Peça Economia Ana António Costa Esta análise foi feita com a
Recuperação Resiliência: análise e Serapicos (primeiro-ministro) exibição de infográficos
declarações do primeiro-ministro
Paulo Rolão
Pedro André

53
Televisão I 2020/2021

Esteves
Cláudio
Calhau
Guilherme
Colaço
José
Previsão e focos de investimento do
13” Rodrigues Off de Pivot Economia - - -
Programa de Estabilidade
dos Santos
Executivo espera recuperação da João Leão (Ministro
Esta análise foi feita com a
1’57 - Economia impulsionada pelas Peça Economia Maria Nobre de Estado e das
exibição de infográficos
exportações e investimento Finanças)
José Inquérito Novo Banco - Relatório Costa
16” Rodrigues Pinto revela que Ricardo Salgado podia Off de pivot Justiça e Crime - - -
dos Santos ter sido afastado do BES
João Costa Pinto
(Ex-Diretor de
Inquérito Novo Banco - Relatório Costa Auditoria Banco de
1’42 - Pinto revela que Ricardo Salgado podia Peça Justiça e Crime Pedro Valada Portugal) -
ter sido afastado do BES
Relatório Costa
Pinto
José
10” Rodrigues Quem teve COVID 19 vai ser vacinado Promo Saúde - - -
dos Santos

54
Telejornalismo

20:30 José
Rodrigues Sexta às 9 Promo - - - -
10” dos Santos

6’00 Intervalo

20:37 José
Pessoas que estiveram infetadas com Trata-se de um exclusivo
Rodrigues Off de Pivot Saúde - -
15’’ Covid-19 vão ser vacinadas na 2ª fase RTP.
dos Santos
6’34 - Vacinação Covid-19: retrato do processo Reportagem Saúde Manuela Maria Benvinda, A reportagem começa num
Sousa idosa vacinada centro de vacinação na
Charneca da Caparica e
Vice-almirante
depois passa para a task-
Gouveia e Melo,
force dirigida pelo vice-
coordenador do
almirante Gouveia e Melo.
plano de vacinação
Depois disso a RTP
contra a Covid-19
acompanha todo o trajeto
Major Pedro Dias, das vacinas desde a entrega
grupo de apoio ao até ao centro de vacinação.
coordenador do
plano de vacinação
João Amorim,
gabinete do
secretário de estado
da saúde
Coronel Chitas
Soares, oficial

55
Televisão I 2020/2021

ligação GNR/ sala de


situação
Joel Azevedo,
conselho de
administração SUCH
9 fontes
indiferenciadas.

17’’ - 50 golfinhos no estuário do Tejo Promo Local - - -

José Ingleses já não precisam à chegada a


10’’ Rodrigues Portugal e os voos para o Reino Unido e Off de Pivot Nacional - - -
dos Santos Brasil deixam de estar suspensos
Jornalistas:
Soraia
Ramos,
Raquel Eduardo Cabrita, Vemos um vivo de Soraia
Gomes e ministro da Ramos, assim como
Ingleses já não precisam à chegada a Duarte Administração assistimos a várias
1’39 - Portugal e os voos para o Reino Unido e Reportagem Nacional Baltazar. Interna infografias intercaladas
Brasil deixam de estar suspensos com imagens do aeroporto
Repórteres de 2 fontes Humberto Delgado, em
imagem: indiferenciadas. Lisboa.
Marques de
Almeida;
Luíz Flores
16’’ José Hospitais do Brasil sem medicamentos Off de Pivot Internacional/ - - -

56
Telejornalismo

Rodrigues essenciais para tratar doentes com Covid-


Saúde
dos Santos 19
Jornalista: As imagens usadas
Pedro Sá Aureo Carmo Filho,
parecem ser de agência e
Hospitais do Brasil sem medicamentos Guerra. médico brasileirosão intercaladas com
Internacional/
2’00 - essenciais para tratar doentes com Covid- Reportagem Repórter de Marcelo Queiroga, declarações das fontes. No
19 Saúde
Imagem: ministro da saúde do fim, o correspondente da
André Brasil. RTP no Rio de Janeiro faz
Velloso um vivo no local.

José
Situação em Moçambique: empresas
12’’ Rodrigues Off de Pivot Internacional - -- -
abandonam Pemba
dos Santos
Temos algumas imagens
Jornalista: Assif Osman,
que parecem ser de
Cândida empresário
agência, juntamente com
Pinto. moçambicano;
Situação em Moçambique: empresas imagens RTP de
2’57 - Reportagem Internacional Carlos Conceição,
abandonam Pemba Repórter de entrevistas a dois
empresário
Imagem: Rui empresários. No fim,
português em
Alves Castro. temos um vivo da
Moçambique.
jornalista Cândida Pinto.
Vemos num lado do ecrã o
José pivot e do outro a
Lançamento de direto de Cândida Pinto
9’’ Rodrigues - Internacional - - jornalista em Moçambique,
em Pemba, Moçambique
dos Santos que depois ficará com o
ecrã só para si.

57
Televisão I 2020/2021

Enquanto a jornalista fala,


aparecem num outro canto
Forças de Defesa e
Situação em Moçambique: violência em Cândida do ecrã imagens de
1’52 - Direto Internacional Segurança de
Cabo Delgado Pinto Moçambique. O pivot
Moçambique
finaliza o direto a dizer o
nome da enviada especial.
José
Rússia vai expulsar 10 diplomatas norte-
18’’ Rodrigues Off de Pivot Internacional - - -
americanos
dos Santos
Sergei Lavrov,
ministro dos
Rússia vai expulsar 10 diplomatas norte- Filipe negócios
1’53 - Peça Internacional -
americanos Silveira estrangeiros da
Rússia; Joe Biden,
presidente dos EUA.
José
11’’ Rodrigues Tiroteio em Indianápolis Off de Pivot Internacional - - -
dos Santos
1’47 - Tiroteio em Indianápolis Peça Internacional António Jeremiah Miller, -
Mateus testemunha do
tiroteio; Craig
McCartt, vice-chefe
da polícia de
Indianápolis; Jen
Psaki, secretária de
imprensa da Casa

58
Telejornalismo

Branca.
José
Vídeo de adolescente morto a tiro pela
30’’ Rodrigues Breve/Off Internacional - Polícia de Chicago; -
polícia de Chicago foi divulgado
dos Santos
José
50 golfinhos avistados no estuário do
8’’ Rodrigues Off de Pivot Local - - -
Tejo
dos Santos
Bernardo Queiroz,
50 golfinhos avistados no estuário do Luís Filipe
1’25 - Reportagem Local BMW Sailing
Tejo Fonseca
Academy;

21:00 José
Rodrigues Encerramento do ‘Telejornal’
20’’ dos Santos

59
Televisão I 2020/2021

Análise do Alinhamento

RTP1

Dia Analisado 16 de abril de 2021

Designação do Noticiário Telejornal

Pivot José Rodrigues dos Santos

Início 19:59

1ª Parte 31 minutos (19h59 – 20h30)

Intervalo 6 minutos (20h30 – 20h36)

2ª parte 24 minutos (20h36 – 21h00)

Final 21h00

Tempo útil 55 minutos

Número de notícias 25 notícias

Tempo médio por notícia 1’51

O Telejornal da RTP 1 do dia 16 de abril de 2021 iniciou às 19h59 com os


habituais grafismos de abertura. O pivot, José Rodrigues dos Santos, arrancou o
noticiário com um off de pivot que dava conta de uma notícia exclusiva do canal
acerca das novas medidas quanto à vacinação de pessoas que já se haviam
encontrado infetadas pela Covid-19. A notícia é constituída na sua totalidade por
uma entrevista ao Vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador do plano de
vacinação. Esta notícia assume um papel de quase promoção de outra peça
jornalística sobre o mesmo assunto que surgirá no decorrer do noticiário.

60
Telejornalismo

Na peça seguinte, entra a primeira reportagem da editoria de desporto do


Telejornal: a conquista da medalha de ouro pela judoca portuguesa Telma
Monteiro no Europeu de Judo, nesta reportagem a equipa de jornalistas da RTP
deslocou-se até ao Altice Arena (local da competição), filmou momentos
importantes e entrevistou a atleta. Foram também exibidas imagens do momento
da vitória e da subida ao pódio. No final da notícia foi também referida a
medalha de bronze do atleta João Crisóstomo e uma curta declaração sobre o
assunto.

De seguida, surge a primeira promo do Telejornal. Esta promo tem a


duração de 18 segundos e noticia a possibilidade de se tornar necessária a toma
da terceira dose da vacina da Pfizer.

As notícias seguintes retomam a temática pandémica neste noticiário.

A primeira notícia é sobre o recuo para a primeira fase de


desconfinamento a alguns dos concelhos do país. Esta reportagem tem
declarações, em conferência de imprensa, da presidente da Câmara Municipal de
Portimão, Isilda Gomes, que acusa o governo de ser “securitário”. Os jornalistas
vão à rua, entrevistam locais e proprietários de estabelecimentos comerciais
afetados pela medida. São também referidos os casos da cidade de Moura, Rio
Maior e Odemira nos quais prestam declarações os presidentes de cada uma das
autarquias.

A reportagem seguinte aborda o recuo na decisão de fazer o concelho de


Beja recuar no desconfinamento. Beja avança, na realidade, para a nova fase de
desconfinamento e são, à semelhança da peça anterior, entrevistados alguns
locais, proprietários de estabelecimentos e presidente da Câmara Municipal de
Beja.

A terceira peça seguida sobre o desconfinamento refere, desta vez, o não


avanço nem recuo no desconfinamento. 6 concelhos mantêm-se na segunda fase.
São entrevistados, também, proprietários de estabelecimentos e a jornalista
Carolina Ferreira fala para a câmara.

61
Televisão I 2020/2021

Agora, ainda sobre o mesmo assunto, um direto no Bairro Alto, em


Lisboa, sobre a nova fase de desconfinamento. A jornalista Filipa Dias Mendes
fala com Vítor Castro, proprietário de um restaurante da zona e com alguns dos
clientes presentes.

A imagem retoma para o pivot que faz uma introdução para uma peça que
fará um ponto de situação nacional quanto ao desconfinamento. São apresentados
alguns grafismos para enumerar os concelhos afetados pelo não avanço para a
fase seguinte. Nesta peça, António Costa presta declarações sobre o assunto que
justificam a periodicidade de tomada destas decisões. Todos os grafismos
apresentados têm a Direção Geral de Saúde como fonte.

A primeira Breve/off surge agora. José Rodrigues dos Santos faz uma
análise da matriz de Risco e faz a atualização dos números de óbitos e vítimas
presente no boletim da DGS.

Seguidamente, é noticiada a informação já avançada na primeira promo do


noticiário: a possibilidade de se avançar para uma terceira dose da vacina Pfizer.
Nesta peça, Albert Bourla, presidente da Pfizer, presta declarações sobre o
assunto. Também é apresentada a posição da ministra da indústria francesa
acerca das várias vacinas disponíveis contra a Covid-19. A peça termina com o
facto de Angela Merkel ter sido inoculada com a vacina da AstraZeneca,
ilustrado por uma fotografia do seu boletim de vacinação.

É reportada, de seguida, a posição do ministério da Saúde acerca da


suspensão ou não da vacina da AstraZeneca e sobre a terceira dose da Pfizer.
Presta declarações o secretário de estado adjunto e da saúde, António Lacerda.
Esta nova peça tem também as declarações de Miguel Prudêncio, investigador da
fundação Francisco Manuel dos Santos, fundação que desenvolveu um estudo
acerca da imunidade de grupo em Portugal cujas informações são também
referidas na peça.

62
Telejornalismo

De seguida, surge uma breve/off ilustrada por imagens no local, acerca de


uma manifestação em Lisboa ao juiz Rui Fonseca e Castro, negacionista da
Covid-19.

Depois desta breve de 40 segundos, uma nova promo que aborda a


expulsão de diplomatas em território russo. Esta é visualmente sustentada por
imagens de arquivo ou stock relacionadas com o país, como a bandeira, o
presidente e a cidade de Moscovo.

O noticiário retomou com uma breve/off de um minuto e dezoito segundos


que se dedicou a uma análise sintetizada do destino dos fundos do Plano de
Recuperação e Resiliência e as expectativas do governo para a aprovação do
plano. A esta breve/off segue-se uma peça que reafirma as informações
avançadas pelo pivot anteriormente e dá palco às declarações do primeiro-
ministro português, António Costa, acerca do plano.

A notícia seguinte refere as expectativas de investimento provocado pela


pandemia. Entre imagens de arquivo relacionadas com saúde, surgem as
declarações, em conferência de imprensa, de João Leão, Ministro de Estado e das
Finanças. A apresentação dos dados é sustentada por gráficos.

Agora são noticiadas as conclusões referidas no Relatório Costa Pinto


feito por João Costa Pinto, ex-diretor de auditoria do Banco de Portugal. Neste
relatório consta a possibilidade que existia de Ricardo Salgado, antigo presidente
do Banco Espírito Santo, ser afastado do banco. São exibidas as declarações do
ex-diretor do Banco de Portugal em comissão de inquérito na Assembleia da
República sobre o assunto e citadas algumas passagens do Relatório Costa Pinto.

Para concluir esta primeira parte do telejornal, são noticiadas duas


promos: a primeira sobre a abertura da possibilidade de vacinação a pessoas que
já foram infetadas pelo vírus e a segunda sobre o Sexta às 9, programa da RTP
que procederia o telejornal.

O intervalo durou cerca de sete minutos, teve início às 20h30 e terminou


às 20h37.

63
Televisão I 2020/2021

A segunda parte deu continuidade à informação exclusiva da RTP


avançada na primeira notícia deste noticiário: a disponibilização da vacina para
antigos infetados. Esta reportagem tem declarações do vice-almirante Gouveia e
Melo, há uma narração da rotina de trabalho da equipa de trabalho sobre a Covid-
19 e declarações de João Amorim, do gabinete do secretário de estado da saúde,
do Coronel Chitas Soares, oficial ligação GNR/Sala de Situação e de Joel
Azevedo, do Conselho de Administração do SUCH. Esta reportagem acompanha
também a distribuição de cada uma das marcas das vacinas contra a Covid-19 e
pede opinião a algumas das pessoas vacinadas.

De seguida, uma promo acerca da aparição de 50 golfinhos no estuário do


Tejo.

Depois da promo, uma reportagem acerca do fim da necessidade de


isolamento de voos de e para o Reino Unido e o isolamento de 14 dias para
brasileiros. Além destes dois países, mostram-se as condições para os restantes
países. Para exemplificar estas condições, a RTP exibe as declarações de
Eduardo Cabrita, ministro da administração interna. De seguida, dá-se conta da
situação brasileira quanto à Covid-19. Para ilustrar o estado de espírito da equipa
médica, Aureo Carmo Filho, médico brasileiro, presta declarações. Surgem
também as declarações de Marcelo Queiroga, ministro da saúde brasileiro, sobre
as soluções encontradas pelo governo para estancar os prejuízos sanitários da
pandemia.

Ainda no panorama internacional, o Telejornal da RTP exibe a situação do


tecido empresarial moçambicano perante a situação de tensão existente em
Pemba. Nesta reportagem Assif Osman, empresário moçambicano, e Carlos
Conceição, empresário português em Moçambique fazem uma análise da
situação. Depois da reportagem, o pivot lança a jornalista Cândida Pinto para um
direto em Moçambique. A jornalista faz o ponto de situação na cidade de Pemba.
Durante este direto é possível visualizar imagens da população moçambicana.

Na editoria internacional, é agora noticiada a informação adiantada numa


promo: a expulsão de 10 diplomatas norte-americanos de território russo. Esta
64
Telejornalismo

peça apresenta declarações de Sergei Lavrov, ministro dos negócios estrangeiros


da Rússia e Joe Biden, presidente dos Estados Unidos da América.

De seguida, uma peça acerca de um tiroteio na cidade de Indianápolis nos EUA.


Esta peça tem as declarações de uma testemunhas do crime, de Craig McCartt,
vice-chefe da polícia de Indianápolia e Jen Pskai, secretária de imprensa da Casa
Branca. A notícia seguinte, também sobre os EUA, aborda, num modelo
breve/off, o caso do adolescente morto a tiro pela polícia de Chicago que é
suportado pelo vídeo do momento.

A última reportagem do noticiário desta sexta-feira foi dedicada ao


avistamento de 50 golfinhos no estuário do Rio Tejo, em Lisboa. Nesta
reportagem, presta declarações Bernardo Queiroz da BMW Sailling Academy.

Depois da reportagem, José Rodrigues dos Santos despede-se com o


anúncio do programa Sexta às 9 que começa imediatamente a seguir, sem
nenhum intervalo que os separe. O telejornal encerra às 21h00.

Análise dos Géneros Jornalísticos

Géneros Jornalísticos
17

9
8

5
4
0 2 0 0 0
1
t a a o to g te
vo t em ç Off in em rio
Pi vis g Pe e/ om Di
re m g ba tá
de t re rta ev Pr im rta De en
En o B r Tr o m
Off ep / ep Co
R ca R
Bo de
ran
G

O Telejornal da RTP1 do dia 16 de abril dividiu-se nos géneros


jornalísticos que é possível ver no gráfico.

65
Televisão I 2020/2021

O género jornalístico que regista maior número de ocorrências é,


naturalmente, o off de pivot pelo cumprimento feito pela RTP1 das normas de
telejornalismo onde, a cada peça/reportagem/direto/entrevista, antecede um off
de pivot onde o conteúdo da notícia é apresentado de modo que possa, na peça
jornalística, ser desenvolvido.

A seguir, surge a reportagem (11) e a peça (10) como géneros jornalísticos


priorizados. Quer a peça, quer a reportagem constituem o modo mais comum de
noticiar um acontecimento e, neste telejornal, não é exceção. O que distingue a
reportagem da peça é, essencialmente, o modo como os meios são ou não
mobilizados para o local do acontecimento. A peça pode ser feita com recurso a
imagens de arquivo enquanto a reportagem exige a mobilização do jornalista ao
local.

Este telejornal teve cinco promos e todas, ao contrário do que acontece no


noticiário de outras estações televisivas, referem-se a notícias diferentes. A
breve/off surgiu sete vezes para notícias de menor relevância na atualidade
jornalística ou para a apresentação de dados e estatísticas.

O Telejornal recorreu à boca/trimming uma vez, com o vice-almirante


Gouveia e Melo, no âmbito da notícia de abertura. Já o direto foi usado duas
vezes e um deles teve uma clara importância por decorrer em Moçambique no
âmbito do clima de guerrilha vivido no país e a relevância que o mesmo tem. O
outro direto aconteceu em Lisboa, pela jornalista Filipa Dias Mendes.

66
Telejornalismo

Análise das Editorias

Editorias

2 2 2 2
1 1 0 0 0 0 0
e ca e l l l s
im ia úd ca na na rto de ra ão iã
o yle tra
Cr líti om Sa Lo c io cio po da ultu c aç l ig est u
e Po on a a
De
s ci e C u Re Lif O
a Ec N rn So Ed
ç te
sti In
Ju

Como se pode verificar neste gráfico, o Telejornal da Rádio e Televisão de


Portugal deu, neste dia, prioridade à editoria da saúde. Esta opção deve-se, quase
na totalidade, à situação pandémica vivida globalmente. Nesta editoria couberam,
neste noticiário, as atualizações acerca da vacinação e a evolução da situação
pandémica quer a nível nacional, quer a nível mundial. A saúde foi tema 8 vezes
neste Telejornal.

De seguida, com menos ênfase, surge a editoria internacional. Este


destaque relativamente alto à editoria internacional deve-se aos acontecimentos
relevantes fora de fronteiras em países com grande relação histórica, política,
económica ou social com Portugal como é o caso do Brasil, Moçambique ou os
Estados Unidos da América.

O desporto, embora só tenha surgido uma vez, foi a editoria responsável


por uma das notícias de maior destaque deste noticiário: a vitória de Telma
Monteiro nos campeonatos da Europa de Judo. A política (2), a justiça e crime
(2) e a sociedade (4) tiveram o destaque comum de um dia noticioso banal.

67
Televisão I 2020/2021

A editoria nacional, embora ampla na sua definição, teve apenas uma


notícia. O local, editoria da notícia de encerramento do Telejornal, teve duas
notícias, sendo a outra também pertencente à editoria da sociedade.

Editorias como Educação, Religião, Lifestyle e Outras não tiveram


quaisquer notícias ao longo do ‘Telejornal’.

Análise das Fontes de Informação

Fontes

31 31

Oficial Não Oficial

Não é comum, mas neste noticiário de dia 16 de abril de 2021, a RTP


recorreu ao mesmo número de fontes oficiais e não oficiais. Ainda que, em
termos absolutos apresentem ambas o mesmo número, a realidade é que as fontes
oficiais foram dominantes em quase todas as peças jornalísticas desta noite
informativa.

O grande número de fontes não-oficiais deste Telejornal deve-se ao


número de fontes indiferenciadas contactadas em todo o noticiário e,
especificamente, na reportagem de 6 minutos e 34 segundos acerca do processo
de vacinação contra a Covid-19, na qual foram contactadas 9 fontes
indiferenciadas fazendo, assim, aumentar, consideravelmente, o número de fontes
indiferenciadas.

68
Telejornalismo

Dentro das fontes oficiais, recorreu-se a várias declarações de líderes


governamentais e políticos como o primeiro-ministro, António Costa, o ministro
das finanças, João Leão, ou o ministro da Administração Interna, Eduardo
Cabrita ou responsáveis de forças policiais como Craig McCartt, vice-chefe da
polícia de Indianápolis.

As 31 fontes não-oficiais consultadas são, principalmente, como já


referido, fontes indiferenciadas. A estas fontes indiferenciadas somam-se os
pontos de vista de dois empresários em Moçambique, o testemunho do tiroteio de
Indianópolis, Jermiah Miller e também a visão do médico Aureo Carmo Filho
sobre a situação sanitária brasileira.

69
Televisão I 2020/2021

SIC

Género
Timecode Pivot Notícia Editoria Jornalista Fontes Observações
jornalístico

19:58
Abertura do ‘Jornal da Noite’
10’’
Rodrigo
Alterações no Plano de Recuperação e
22’’ Guedes de Off de Pivot Economia - - -
Resiliência reforçam apoios às empresas
Carvalho
A nome da jornalista e do
António Costa, editor de imagem
primeiro-ministro de responsável pela
Governo apresenta Plano de Recuperação e Portugal reportagem não foram
3’02 - Resiliência ao Presidente da República e ao Reportagem Economia -
Nelson de Souza, apresentados no final da
país
ministro do mesma – algo transversal
planeamento na maioria das
reportagens apresentadas.
Rodrigo
Quatro concelhos não seguem o
15’’ Guedes de Off de Pivot Nacional - - -
desconfinamento
Carvalho
2’27 - Quatro concelhos não seguem o Reportagem Nacional - Filipe Santana Dias, O Presidente da Câmara
desconfinamento Presidente da Municipal de Odemira
Câmara M. de Rio também é referido como

70
Telejornalismo

Maior
Álvaro Azedo, fonte, apesar de serem
Presidente da reveladas as suas
Câmara M. de Moura declarações. A SIC teve
também acesso a
Isilda Gomes, informações sobre as
Presidente da declarações dos
Câmara M. de secretários de Estado
Portimão responsáveis pelo
Presidente da combate à pandemia nas
Câmara M. de diferentes regiões.
Odemira.
Rodrigo DGS retificou erro na incidência da Covid-19 Nacional/
18’’ Guedes de em Beja e o concelho afinal avança no Off de Pivot - - -
Carvalho desconfinamento Sociedade

Esta notícia é de âmbito


nacional, uma vez que se
trata de um erro da DGS,
5 fontes um órgão que nos dias de
DGS retificou erro na incidência da Covid-19 indiferenciadas hoje tem grande
Nacional/
1’54 - em Beja e o concelho afinal avança no Reportagem - Paulo Arsénio, influência em todo o país,
desconfinamento Sociedade mas também é de
Presidente da
Câmara M. de Beja. sociedade porque aborda
os impactos na esfera
social, principalmente da
região alentejana.

71
Televisão I 2020/2021

Rodrigo
Segunda-Feira a maioria do país avança para
19’’ Guedes de Off de Pivot Nacional -
a 3ª fase do desconfinamento
Carvalho
Governo de Portugal
Segunda-Feira a maioria do país avança para António Costa,
1’59 - Peça Nacional - -
a 3ª fase do desconfinamento primeiro-ministro de
Portugal.
15’’ Rodrigo Off de Pivot Nacional
Seis concelhos ficam estacionados no
Guedes de
desconfinamento
Carvalho
1’40 - Seis concelhos ficam estacionados no Peça Nacional - João Grilo, São usadas várias
desconfinamento Presidente Câmara infografias, imagens de
M. do Alandroal arquivos intercaladas
com excertos de
Carlos Monteiro,
declarações de dois
Presidente da
Presidentes de Câmara,
Câmara M. da
uma delas via online.
Figueira da Foz
Câmara M. de
Albufeira
Câmara M. do
Carregal do Sal
Câmara M. de
Penela

72
Telejornalismo

Câmara M. da
Marinha Grande.
Rodrigo Nacional/
Restaurantes e cafés voltam a encerrar nos
14’’ Guedes de Off de Pivot - - -
Açores Sociedade
Carvalho
É uma reportagem
nacional porque diz
respeito a uma decisão do
Natália, proprietária governo da região
de um café em S. autónoma dos Açores,
Restaurantes e cafés voltam a encerrar nos Nacional/
1’46 - Reportagem - Miguel que implicará
Açores Sociedade
2 empresários consequências para a
indiferenciados. sociedade portuguesa.
Por essa razão também
pertence à editoria
“Sociedade”.
O pivot apresenta várias
Rodrigo infografias sobre os
Atualização diária de casos de Covid-19 em DGS – Direção
29’’ Guedes de Breve/Off Nacional/Saúde - dados da pandemia nas
Portugal Geral de Saúde.
Carvalho últimas 24 horas em
Portugal.
Rodrigo
Farmácias já venderam mais de 100.000
7’’ Guedes de Off de Pivot Saúde - - -
testes rápidos
Carvalho

1’57 - 105 mil testes vendidos em duas semanas nas Reportagem Saúde - Adriana Osório, -

73
Televisão I 2020/2021

Diretora Técnica
Farmácia Porto

farmácias Duarte Santos,


Diretor Associação
Nacional de
Farmácias.
Rodrigo Presidente da Câmara de Cascais confirma
13’’ Guedes de negociações com o governo russo para a Off de Pivot Saúde - - -
Carvalho produção da vacina Sputnik V
São usadas imagens de
Carlos Carreiras, arquivo da produção de
Presidente da Câmara de Cascais confirma
Presidente da vacinas e um vídeo da
2’21 - negociações com o governo russo para a Peça Saúde
Câmara M. de Câmara Municipal de
produção da vacina Sputnik V (enchimento)
Cascais Cascais com declarações
de Carlos Carreiras.
Rodrigo
Pfizer diz que pode ser necessária uma 3ª
14’’ Guedes de Off de Pivot Saúde - - -
dose da sua vacina
Carvalho
2’01 - Pfizer diz que pode ser necessária uma 3ª Peça Saúde - Miguel Castanho, A peça é constituída por
dose da sua vacina e que a vacinação poderá investigador do imagens de arquivo de
vir a ser periódica. Foram detetados 5 casos instituto de medicina pessoas a ser vacinadas e
de coágulos em pessoas que tomaram a molecular produção de vacinas e
vacina da Johnson & Johnson também possui excertos
Agência Europeia do
de uma entrevista via
Medicamento
online a Miguel

74
Telejornalismo

Pfizer
Castanho.
Johnson & Johnson.
Rodrigo Internacional/
Países europeus preocupados com contágios
9’’ Guedes de Off de Pivot - - -
da Covid-19 Saúde
Carvalho

Piotr Meryk, médico As imagens são


polaco provenientes de agências
noticiosas, estando
Twitter do assessor intercaladas com uma
de Angela Merkel infografia e com
Situação da Covid-19 Europa em geral, na Internacional/ Angela Merkel, declarações de Angela
2’04 - Polónia, Hungria, Países Baixos, Alemanha e Peça - Chanceler Alemã Merkel, assim como uma
Estados Unidos da América Saúde intervenção no congresso
Twitter de Ivanka norte-americano. O
Trump, filha do ex- assunto é da editoria
presidente norte- internacional, mas
americado, Donald também se relaciona com
Trump; a saúde.
Rodrigo Internacional/
Brasil tem falta de medicamentos usados para
11’’ Guedes de Off de Pivot - - -
a entubação dos casos graves de Covid-19 Saúde
Carvalho
2’10 - Brasil tem falta de medicamentos usados para Reportagem Internacional/ Ivani Flora Carina Bitarães, A reportagem possui
a entubação dos casos graves de Covid-19 secretária municipal diversas imagens de
Saúde
de saúde arquivo (algumas
potencialmente gravadas
Aureo do Carmo

75
Televisão I 2020/2021

Filho, médico
intensivista pela equipa de
correspondentes da SIC
Marcelo Queiroga,
no Brasil), mas também
ministro da saúde do
tem alguns excertos de
Brasil; Revista
entrevistas, declarações
Science
do ministro brasileiro da
Médicos Sem saúde numa conferência
Fronteiras de imprensa e imagens da
(Organização não jornalista.
governamental).

20:25 Rodrigo Rodrigo Guedes de


Telma Monteiro sagra-se campeã europeia de
- Promo Desporto Guedes de - Carvalho senta-se e muda
11’’ judo -57kg
Carvalho o plano da câmara.
Rodrigo Autarca de Vila Real de Santo António está
12’’ Guedes de em liberdade depois da detenção por Off de Pivot Justiça e Crime - - -
Carvalho corrupção em negócio imobiliário
A reportagem começa
Advogado de com os jornalistas a
Conceição Cabritainterrogar o advogado de
Autarca de Vila Real de Santo António está
Presidente da Conceição Cabrita,
2’12 - em liberdade depois da detenção por Reportagem Justiça e Crime -
Câmara M. de Vila passando depois a
corrupção em negócio imobiliário
Real de Santo explicar melhor o caso,
António. recorrendo a fotografias
dos suspeitos.

76
Telejornalismo

Rodrigo Ministério Público investiga nove deputados


Justiça e
14’’ Guedes de devido ao uso de moradas falsas e pede Off de Pivot -
Crime/Política
Carvalho levantamento de imunidade

Twitter de Sandra Fez-se uso de imagens de


Cunha, deputada do arquivo e de printscreens
Ministério Público investiga nove deputados Bloco de Esquerda de publicações nas redes
Justiça e sociais. Por fim, também
1’31 - devido ao uso de moradas falsas e pede Peça - Facebook de João se usou uma infografia.
Crime/Política
levantamento de imunidade Pinho de Almeida, Fala-se de casos de
deputado do CDS- justiça, mas também das
PP; consequências políticas.
Rodrigo
Operação Marquês: Ricardo Salgado e
30’’ Guedes de Breve/Off Justiça e Crime - Ministério Público -
Armando Vara seguem para julgamento
Carvalho

20:30 Rodrigo
O pivot passa a
- Roteiro do desconfinamento Promo Lifestyle Guedes de -
10’’ apresentar-se de pé.
Carvalho
Rodrigo Telma Monteiro sagra-se campeã europeia de
15’’ Guedes de judo -57kg e Portugal conta já com uma Off de Pivot Desporto - - -
Carvalho medalha de ouro e outra de bronze
Telma Monteiro sagra-se campeã europeia de A peça é constituída
Telma Monteiro,
1’17 - judo -57kg e Portugal conta já com uma Peça Desporto - apenas por imagens da
judoca portuguesa.
medalha de ouro e outra de bronze RTP.

6’’ Rodrigo Resultados da Liga Europa Off de Pivot Desporto - - -


Guedes de

77
Televisão I 2020/2021

Carvalho
A peça apenas mostrou
os golos dos encontros
1’20 - Resultados da Liga Europa Peça Desporto - -
dos quartos de final da
Liga Europa.
Rodrigo
6’’ Guedes de Benfica recebe amanhã o Gil Vicente Off de Pivot Desporto - - -
Carvalho
Jorge Jesus,
treinador do SL Vê-se imagens dos
Benfica treinos e as conferências
2’13 - Benfica recebe amanhã o Gil Vicente Reportagem Desporto -
Ricardo Soares, de imprensa dos dois
treinador do Gil treinadores.
Vicente.

20:35 Rodrigo
- Preparativos para o funeral do príncipe Filipe Promo Internacional Guedes de - O pivot volta a sentar-se.
10’’ Carvalho
Rodrigo
15’’ Guedes de Tiroteio dos Estados Unidos fez 8 mortos Off de Pivot Internacional - - -
Carvalho
1’30 - Tiroteio dos Estados Unidos fez 8 mortos Peça Internacional - 3 fontes As imagens usadas
indiferenciadas pertencem a várias
televisões norte-
Kamala Harris, vice-
americanas, como a
presidente norte-

78
Telejornalismo

americana NewsNation.
Rodrigo
Rapaz de 13 anos morto a tiro pela polícia
22’’ Guedes de Off de Pivot Internacional - - -
nos EUA
Carvalho
Adeena Weiss-Ortiz,
advogada da família
Rapaz de 13 anos morto a tiro pela polícia de Adam Toledo
2’13 - Peça Internacional - -
nos EUA Lori Lightfoot,
Presidente da
Câmara de Chicago

20:40 Rodrigo
- Programa 60 Minutos Promo Internacional Guedes de - -
10’’ Carvalho

13’00 Intervalo

20:53 Rodrigo
O pivot encontra-se de
Guedes de Preparativos para o funeral do Príncipe Filipe Off de Pivot Internacional - -
9’’ pé.
Carvalho
1’57 - Preparativos para o funeral do Príncipe Filipe Peça Internacional Emanuel Alastair Bruce, O nome do
Nunes comentador família correspondente da SIC no
real Reino Unido não foi
apresentado na peça, mas
3 fontes
é possível inferir o seu
indiferenciadas
autor devido ao direto

79
Televisão I 2020/2021

seguinte.
O jornalista Emanuel
Rodrigo Preparativos para o funeral do Príncipe Nunes entra em direto
12’’ Guedes de Filipe: lançamento de um direto desde o - Internacional - - num ecrã do estúdio,
Carvalho Reino Unido desde o castelo de
Windsor.
Preparativos para o funeral do Príncipe Emanuel Assessoria da
1’40 - Direto Internacional -
Filipe: direto Nunes Família Real
Rodrigo 60 minutos: história real de náufragos numa
22’’ Guedes de ilha que tiveram de lutar pela sua Off de Pivot Internacional - - -
Carvalho sobrevivência
12’30 - 60 minutos: a história verídica de um “Senhor Grande Internacional Holly Mano Totau, um dos A grande reportagem “60
das Moscas” (“Lord of Flies”) Reportagem Williams, amigos naufragados minutes” foi produzida
(documentário) jornalista da pela cadeia televisiva
Sione Fataua, um
CBS. norte-americana CBS e
dos amigos
os seus direitos de
naufragados
exibição em Portugal
Rutger Bregman, foram adquiridos pela
autor do livro "The SIC Notícias. O Jornal da
Real Lord of the Noite não exibiu o
Flies” documentário na íntegra.
Existe uma dobragem
Peter Warner, portuguesa por cima dos
marinheiro offs em inglês.
australiano que
encontrou o grupo de

80
Telejornalismo

amigos; reportagens
da comunicação
social na época do
naufrágio.
21:10 Conceição
- Essencial: novo programa de Conceição Lino Promo Sociedade - -
26’’ Lino

Rodrigo
6’’ Guedes de Roteiro do Desconfinamento Off de Pivot Lifestyle - - -
Carvalho
9’46 - Roteiro do Desconfinamento Reportagem Lifestyle Conceição Stephen Hugman, Rubrica semanal da SIC
Ribeiro associação A Nossa que apresenta sugestões
Terra turísticas dentro do país
para desconfinar.
Luís Inácio, técnico
de desporto da
Câmara M. de
Monchique
José Gonçalo Duarte,
presidente da Junta
de Freguesia de
Monchique
Rosa Marques,
técnica de turismo de
Monchique

81
Televisão I 2020/2021

Luís Inácio, chef


Miguel Gião,
empresário
Sérgio Urbano,
bartender
Paulo Lobo, diretor
de marketing e
comunicação do
hotel 3HB.
Rodrigo
8’’ Guedes de Eu e a pandemia Off de Pivot Sociedade - - -
Carvalho
Beatriz Sousa, Rubrica semanal da SIC
operadora de caixa que traz relatos na
do Pingo Doce e primeira pessoa de
3’59 - Eu e a pandemia Reportagem Sociedade
protagonista da pessoas que viram a sua
rubrica desta vida mudar bastante com
semana. a pandemia.
Rodrigo
8’’ Guedes de Reabertura de espaços culturais Off de Pivot Cultura - - -
Carvalho
1’42 - Reabertura de espaços culturais Reportagem Cultura - Jorge Silva Melo, -
encenador

82
Telejornalismo

Teatro D. Maria II
Cinema Ideal
Cinema do Bairro
Alto
Cinemas NOS.
Rodrigo
Artistas plásticos decoram montras de lojas
7’’ Guedes de Off de Pivot Cultura/Local - - -
históricas em Lisboa
Carvalho
Miguel Januário,
artista plástico
Joana Gomes
Cardoso, presidente
A reportagem aborda o
da EGEAC
trabalho dos artistas
Artistas plásticos decoram montras de lojas
2’03 - Reportagem Cultura/Local - Fernanda Fragateiro, plásticos (cultura), mas
históricas em Lisboa
artista plástica apenas numa zona
específica do país (local).
José Branco,
Manteigaria Silva
Eugénia Mussa,
artista plástica.
21:28
- Grande Reportagem: Alentejo, azeite e água Promo Sociedade - - -
27’’
15’’ Rodrigo SIC Online tem um novo dossiê a explicar o Off de Pivot Lifestyle - - -

83
Televisão I 2020/2021

Guedes de impacto do sono na saúde e dá dicas para


Carvalho dormir melhor
Rodrigo
13’’ Guedes de Série “Prisão Domiciliária” estreia na OPTO Off de Pivot Cultura - - -
Carvalho
Marco Delgado, ator
protagonista da série

2’08 - Série “Prisão Domiciliária” estreia na OPTO Reportagem Cultura - João Miguel -
Tavares,
argumentista da
série.
Apresentação do estado
do tempo nos vários
Rodrigo IPMA, Instituto
distritos e regiões
38’’ Guedes de Meteorologia Breve/Off Outras - Português do Mar e
autónomas do país com
Carvalho da Atmosfera
recurso a um mapa
digital.

20:32 Rodrigo
Guedes de Encerramento do ‘Jornal da Noite’
12’’ Carvalho

84
Telejornalismo

Análise do Alinhamento

SIC

Dia Analisado 16 de abril de 2021

Designação do Noticiário Jornal da Noite

Pivot Rodrigo Guedes de Carvalho

Início 19:58

1ª Parte 42 minutos (19h58 – 20h40)

Intervalo 13 minutos (20h40 – 20h53)

2ª parte 39 minutos (20h53 – 21h32)

Final 21h32

Tempo útil 81 minutos

Número de notícias 29 notícias

Tempo médio por notícia 2’28

O relógio acabava de dar 19h57 quando a SIC começou a mostrar promos


das notícias que poderíamos ver no ‘Jornal da Noite’. Segue-se um curto espaço
comercial e, um minuto depois, aparecia o genérico de 10 segundos do telejornal
nos nossos ecrãs e Rodrigo Guedes de Carvalho dizia “Boa noite e bem-vindos”.

Sentado, o pivot da SIC lança a primeira notícia do alinhamento: o


governo reforçou o apoio às empresas no Plano de Recuperação e Resiliência. O
seu off durou 22 segundos e seguiu-se uma reportagem relativa à apresentação do
documento ao Presidente da República e ao país.

85
Televisão I 2020/2021

Nos cerca de 3 minutos seguintes, podemos assistir a imagens da


apresentação, do discurso do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro do
planeamento, Nelson de Souza. Cobrem-se diversos assuntos relacionados com a
‘Bazuca Europeia’. Primeiramente, fala-se do reforço dos apoios às empresas,
depois de várias críticas, assim como da possibilidade do governo pedir mais
verbas à União Europeia (UE) para apoiá-las. Às imagens da cerimónia juntam-
se ainda imagens de arquivo da sede da UE, do primeiro-ministro em Bruxelas e
outras relacionadas com o tecido empresarial, como navios com contentores.
Numa segunda fase da reportagem fala-se das cedências que o governo fez para
ir ao encontro das ordens da comissão europeia e de mais apoios para os setores
do desporto e cultura.

Voltamos ao estúdio. Rodrigo Guedes de Carvalho encontra-se agora de


pé, junto a um pequeno ecrã vertical que mostra um mapa do país e 4 concelhos
sinalizados a vermelho, que vão recuar no plano de desconfinamento. Segue-se
uma reportagem que se inicia com imagens de arquivo de um conselho de
ministros. A SIC avança em exclusivo que a decisão não foi consensual.

Passa-se então para imagens dos concelhos que voltam atrás no


desconfinamento, assim como se vê entrevistas feitas aos presidentes das
autarquias, que se queixam da injustiça da medida. Dá-se destaque à presidente
da câmara de Portimão e vice-presidente da associação nacional de municípios,
Isilda Gomes, que numa conferência de imprensa criticou severamente a decisão
governamental e apresentou um caderno de encargos.

De seguida, voltamos a ter um off de pivot, mas desta vez, no mapa do


ecrã, vê-se destacados a ver os concelhos que seguem em frente no plano de
desconfinamento, com especial enfoque no de Beja que está a verde escuro. A
capital do distrito alentejano tinha sofrido um erro na contagem da incidência de
casos e afinal estava apta a prosseguir com a diminuição de restrições. Enquanto
fala, Rodrigo Guedes de Carvalho aponta para o mapa.

86
Telejornalismo

Começa uma reportagem desde Beja. Fala-se com vários bejenses que
destacam a importância de o concelho seguir em frente com o desconfinamento e
mostram o seu entusiasmo.

Voltamos ao estúdio e no pequeno ecrã vemos novamente o mapa do país,


desta vez sem Beja em destaque. Segue-se uma peça com imagens de arquivo de
centros comerciais, cinemas, teatros, restaurantes, modalidades desportivas em
espaços fechados, ginásios, etc. Basicamente, faz-se uma enumeração do que vai
mudar no país com a nova fase do desconfinamento, à medida que vemos uma
infografia que nos mostra quais os concelhos que vão gozar dessas medidas.

Temos mais um off de pivot, que agora aparece acompanhado por uma
imagem do país, com os concelhos do Alandroal, Carregal do Sal, Figueira da
Foz, Marinha Grande e Penela em foco, pintados a laranja, uma vez que vão
permanecer na mesma fase do plano de desconfinamento. Voltamos a ver uma
peça com imagens de arquivo das várias atividades que se mantêm abertas nestes
concelhos. Existe, mais uma vez, uma enumeração de regras que vão vigorar
nestas cidades portuguesas, que depois são interrompidas por curtas declarações
do presidente da câmara do Alandroal e um excerto de uma entrevista online ao
presidente da Figueira da Foz.

Regressando a Paço de Arcos, Rodrigo Guedes de Carvalho está num


outro espaço do estúdio, junto a um ecrã maior, na horizontal, que mostra uma
imagem dos Açores. No seu off informa que a ilha de São Miguel vai voltar a
fechar os restaurantes e cafés ao público. Vemos uma reportagem em Ponta
Delgada, em que ouvimos declarações de vários comerciantes.

Finalizada a reportagem, chegamos ao momento que se tornou habitual


durante a pandemia, em que o pivot mostra o balanço diário dos casos de
contágio de Covid-19 no país. Rodrigo Guedes de Carvalho mostra-nos um
gráfico de linhas em que vemos a evolução nos últimos sete dias. De seguida,
vemos a matriz de risco delineada pelo governo português que dá a relação entre
o índice de transmissibilidade do vírus com a incidência. Por fim, vemos os
dados dos internados nos hospitais.
87
Televisão I 2020/2021

Acabada a breve, a imagem no ecrã altera-se para um teste rápido à Covid-


19 e dá-se uma notícia respetiva a esse tema, evidenciando uma mudança de
editoria. “Faça você mesmo” é como começa off de pivot, havendo aqui uma
clara interpelação ao telespectador. Começa então uma reportagem numa
farmácia portuense, em que ouvimos a diretora técnica da farmácia e depois, via
online, o diretor da associação nacional de farmácias.

Passamos para mais um off de pivot, em que vemos uma imagem de


Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais no ecrã gigante ao lado de
Rodrigo Guedes de Carvalho. Noticia-se que a autarquia do distrito de Lisboa
está em negociações com o governo de Moscovo para o enchimento da vacina
Sputnik V. Assistimos depois a uma peça em que são mostradas imagens de
arquivo de vacinas e da sua fabricação, assim como declarações streaming de
Carlos Carreiras, nas redes sociais da Câmara de Cascais.

“A Pfizer diz que pode ser necessária uma terceira dose da vacina” –
segue-se mais uma notícia de saúde, depois de vermos a reportagem das
farmácias e da Câmara de Cascais. Enquanto fala o pivot, duas imagens passam
pelo ecrã. 14 segundos passados, passamos a assistir uma peça. Durante esta
podemos ver declarações de Miguel Castanho, enquanto que se fala de
comunicados da Pfizer, Johnson & Johnson e Agência Europeia do
Medicamento.

Voltamos a um off de pivot. Agora vamos ver a situação da Covid-19 pela


Europa fora. Passamos a ver uma peça constituída por imagens, provavelmente
provenientes de agências noticiosas e de prints do Twitter. Vemos ainda uma
intervenção de Angela Merkel que aborda Portugal. No fim da peça fala-se ainda
da pandemia nos Estados Unidos da América.

Por 11 segundos, voltamos ao estúdio do ‘Jornal da Noite’, em que o pivot


lança mais uma reportagem: o Brasil tem falta de medicamentos usados para a
entubação dos casos graves de Covid-19. Viajamos até ao outro lado do Atlântico
através da reportagem que se segue. Vemos imagens que parecem ser de agência
ou arquivo e depois vemos declarações de alguns entrevistados, uma delas
88
Telejornalismo

online. O ministro da saúde brasileiro também marca presença na reportagem,


que foi feita pela delegação da SIC no Rio de Janeiro. No final, vemos um vivo
da jornalista Ivani Flora, que assim assina o trabalho – a primeira vez ao longo do
telejornal que um jornalista assina a reportagem (ou peça).

O relógio marca 20h25 e assistimos a uma promo sobre o triunfo de Telma


Monteiro no Europeu de Judo. Voltamos depois ao estúdio e agora vemos
Rodrigo Guedes de Carvalho sentado, com imagens atrás de si, relativas à notícia
que se segue. Percebe-se que a editoria mudou. Ficou para trás o assunto saúde e
entramos em “Justiça e Crime”. Lança-se então uma reportagem sobre a
presidente da Câmara de Vila Real de Santo António e as suspeitas de corrupção.

A reportagem começa com a saída de Conceição Cabrita e o advogado do


tribunal, em que é interpelada pelos vários jornalistas. Seguem-se imagens de
arquivo e fotografias de outros suspeitos no processo, Carlos Matos e António
Gameiro (deputado do Partido Socialista). Explicam-se também as acusações
feitas.

De volta às instalações de Paço de Arcos, Rodrigo Guedes de Carvalho


aborda no seu off o facto de o ministério público pedir o levantamento da
imunidade parlamentar a nove deputados suspeitos de usar moradas falsas. Por
trás dele, vemos imagens da bandeira portuguesa e da assembleia da república.
Seguimos para uma peça. Durante esta vemos vídeos da deputada Sandra Cunha
(Bloco de Esquerda), uma das suspeitas, no parlamento e, posteriormente, um
post no seu Twitter. Faz-se o mesmo para João Pinho de Almeida do CDS-PP,
mas desta vez vemos uma publicação da sua conta no Facebook. Por fim, vemos
fotografias dos outros deputados suspeitos, da bancada do PSD e do PS, e mais
imagens do parlamento nacional, enquanto se explica o que pode acontecer a
eles.

Voltamos ao estúdio da SIC. O tema agora é a Operação Marquês, que


tinha marcado o início da semana. Não temos um off de pivot, mas sim uma
breve/off, em que à medida que Rodrigo Guedes de Carvalho fala, passam
imagens de Ricardo Salgado e Armando Vara – arguidos do processo.
89
Televisão I 2020/2021

Depois disso, temos mais uma promo, que aparece cinco minutos depois
da última. Agora, anuncia-se a rubrica semanal “Roteiro para o
desconfinamento”. Dez segundos é quanto demora. Esta serviu para haver uma
mudança de editoria no telejornal. Doravante, estamos a falar de “Desporto”.

Rodrigo Guedes de Carvalho, novamente de pé junto ao ecrã gigante,


anuncia no seu off de pivot que Telma Monteiro se sagrou campeã europeia de
judo na categoria de -57kg. Começa de seguida uma peça em que se ouve o hino
nacional, “A portuguesa”. As imagens são todas provenientes da RTP, por isso
não houve uma ida ao local dos jornalistas da SIC. Após o seu derradeiro ippon
da judoca, vemos as suas declarações à estação pública, agora emitida na antena
do canal de Paço de Arcos. O bronze de João Crisóstomo é também destacado,
assim como imagens do seu combate.

Voltamos a ter um off de pivot, mas muito curto. Anunciasse apenas que
no dia anterior jogou-se para a Liga Europa – competição que a SIC possui
direitos de transmissão de um jogo por semana. Primeiramente, vemos os
destaques do jogo do Manchester United contra o Granada. Depois vemos o
Roma vs. Ajax. De seguida, vê-se os golos do Arsenal contra o Slavia de Praga e,
por fim, a eliminatória entre o Villarreal o Dínamo de Zagreb.

A emissão volta para Rodrigo Guedes de Carvalho, que rapidamente lança


a reportagem sobre a antevisão do jogo entre o Benfica e o Gil Vicente. Vemos
depois imagens das conferências de imprensa dos dois treinadores, assim como
dos treinos das equipas, sendo que os lisboetas têm um maior tempo de antena.

Temos mais uma promo, cinco minutos depois da última (novamente), em


que se vêm os preparativos para o funeral do príncipe Filipe. Existe, mais uma
vez, uma mudança de editoria, sendo que o pivot, sentado, noticia agora um
tiroteio nos Estados Unidos. Mergulhamos então na editoria “internacional”.

Segue-se uma peça com imagens de estações televisivas norte-americanas,


como a NewsStation. Vê-se também declarações de Kamala Harris. Findada a
peça, regressamos ao estúdio para mais um off de pivot, que novamente fala dos

90
Telejornalismo

Estados Unidos. Desta vez, de um rapaz de 13 anos que foi morto pela polícia.
Rodrigo Guedes de Carvalho, antes da peça começar, alerta para a violência das
imagens.

Vêm-se imagens da patrulha policial e do momento em que se Adam


Toledo é abatido. Temos também imagens do The New York Times que mostram
o momento em câmara lenta. Depois são apresentadas as declarações da
advogada da família do jovem e da presidente de Chicago, que diz compreender a
revolta da população. No final da peça ainda é abordado o julgamento do
assassino de George Floyd e de um manifestante morto numa manifestação no
Minnesota, a semana passada.

20h40: vemos uma promo de uma reportagem do programa “60 minutos”


e seguimos para intervalo. Durante 13 minutos a antena da SIC mostra-nos
anúncios.

Às 20h53 voltamos ao ‘Jornal da Noite’ e Rodrigo Guedes de Carvalho,


de pé, lança no seu off uma peça sobre os preparativos do funeral do príncipe
Filipe, que irá decorrer no dia seguinte. Iniciada a peça, vemos imagens do
castelo de Windsor, do veículo que vai transportar o corpo do defunto marido da
rainha Isabel II. Ouve-se as declarações de um comentador da família real e
vêem-se imagens dos monarcas. Por fim, temos ainda declarações de alguns
ingleses.

De regresso ao estúdio, o pivot lança agora um direto para o


correspondente da SIC no Reino Unido, Emanuel Nunes, que primeiramente
aparece no ecrã atrás de Rodrigo Guedes de Carvalho e depois fica com o espaço
de antena apenas para si.

Durante o direto, o jornalista da SIC dá-nos pormenores da cerimónia –


como decorrerá, quem são os convidados, a posição que ocuparão no cortejo até
à capela de São Jorge e algumas restrições impostas pela pandemia.

O foco volta para o pivot, que agora enuncia no seu off o lançamento do
programa “60 minutos” – uma grande reportagem da estação televisiva norte-

91
Televisão I 2020/2021

americana CBS, que vai ser transmitida na íntegra noutro canal do grupo
IMPRESA, a SIC Notícias. Apesar de ser um documentário, nós apenas veremos
um resumo de doze minutos e meio. Contudo, será o tempo necessário para
percebermos a história real de um grupo de jovens que naufragou numa ilha
deserta do pacífico e teve que lutar pela sua sobrevivência. Algo que nos faz
lembrar a narrativa de “Senhor das Moscas” (“Lord of Flies”).

Ao longo do resumo da grande reportagem ouvimos em off um jornalista


da SIC, no entanto ele está a fazer a dobragem dos offs da jornalista norte-
americana, responsável pelo documentário, Holly Williams. Vemos a história do
grupo de adolescentes, enquanto temos também os relatos dos sobreviventes,
agora já idosos, Mano Totau e Sione Fataua.

Além dos dois protagonistas da reportagem, assistimos também a excertos


de uma entrevista ao autor e historiador holandês, Rutger Bregman, que foi o
responsável por dar a conhecer a história ao grande público, através do livro “The
Real Lord of the Flies”. Durante cerca de 50 anos esta aventura de Mano, Sione e
dos seus amigos apenas era conhecida no Tonga, mas quando um jornal britânico
publicou um capítulo do livro, durante a pandemia, a curiosidade do público
aumentou exponencialmente, o que até levou a uma guerra em Hollywood para
comprar os direitos de adaptação da história. O pescador de lagostas que
encontrou o grupo naquela ilha também figurou no documentário. O australiano
Peter Warner conta na primeira pessoa aquilo que viu quando percebeu que um
grupo de adolescentes estava perdido naquela ilha que tinha avistado.

Após ter levado os jovens para o Toga, onde todos pensavam que eles já
tinham morrido, a polícia acabou por prendê-los, uma vez que tinham roubado o
barco em que naufragaram. O “salvador” dos adolescentes acabou por pagar ao
dono do barco furtado e conseguiu levá-los novamente para junto das suas
famílias. Enquanto ouvimos a história, vemos imagens captadas nesse momento
de reencontro. No final, vemos ainda imagens de Mano e Peter juntos, que hoje
partilham uma grande amizade.

92
Telejornalismo

Findado o resumo do documentário, vemos uma promo ao novo programa


da jornalista Conceição Lino, “Essencial”, que irá estrear na quarta-feira, dia 21
de abril, no ‘Jornal da Noite’. Após isso, temos mais um pequeno off de pivot,
que lança mais uma reportagem, pertencente à rubrica semanal da SIC, “Roteiro
do desconfinamento”.

Em nove minutos e quarenta e um segundos, assistimos às paisagens


algarvias que a jornalista Conceição Ribeiro nos mostra. Primeiramente,
mergulhamos em imagens da Serra de Monchique, em que vemos alguns trilhos e
conhecemos histórias de algumas árvores. Fala-se com o engenheiro Stephen
Hugman (associação A Nossa Terra), apaixonado por aquela serra, Luís Inácio,
técnico de desporto da Câmara M. de Monchique, Rosa Marques, técnica de
turismo de Monchique, e o presidente da junta da sede do concelho.

“Subir à serra vai abrir-lhe o apetite”, é assim que a jornalista faz a


passagem para um vivo junto à marina de Faro, onde nos fala sobre a oferta
gastronómica da capital algarvia. Passamos para imagens num restaurante, em
que se fala com o chef Luís Inácio (o segundo “Luís Inácio” desta reportagem) e
o responsável pelo projeto “Pega Leve”, Miguel Gião. Ouvimos ainda o
bartender Sérgio Urbano.

Por fim, vai-se a um hotel cinco estrelas em Faro, que estava previsto abrir
no último ano, mas apenas o irá fazer este verão. O diretor de marketing e
comunicação do hotel, Paulo Lobo, fala-nos das experiências que o grupo pode
proporcionar ao público, nomeadamente a sua ligação à ria formosa e ao resto da
cidade.

De regresso a Paço de Arcos, temos mais um off de pivot que, mais uma
vez, lança uma rubrica semanal do telejornal da SIC: Eu e a Pandemia. Segue-se
uma reportagem com uma operadora de caixa de um supermercado “Pingo
Doce”, que diz ter trabalhado mais do que nunca no último ano. A ovarense
Beatriz Sousa é a protagonista da rubrica.

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A reportagem passa-se dentro do supermercado e, no fim, o jornalista faz


um vivo do lado de fora. Contudo, ao contrário do que se viu em outras
reportagens, desta vez não houve uma assinatura do jornalista durante o standup.

Voltamos a um off de pivot e no ecrã está uma imagem de uma sala de


espetáculos, o que nos remete para a editoria de cultura. Agora vamos ter uma
reportagem sobre a abertura dos espaços culturais na próxima segunda-feira, dia
em que se avança mais uma etapa no desconfinamento. Vemos imagens desses
locais ao longo do trabalho, assim como uma peça de teatro. Depois tem-se ainda
entrevista ao encenador Jorge Silva Melo. Ainda há tempo para abordar a
abertura dos cinemas.

A emissão regressa a Rodrigo Guedes de Carvalho e este lança agora um


reportagem sobre dez lojas históricas de Lisboa que foram decoradas por artistas
plásticos. Segue-se para a estrada e vemos imagens dessas lojas e declarações de
comerciantes e dos artistas. A exposição vai durar até 13 de maio.

Inicia-se uma promo. Vemos imagens das planícies alentejanas e o


logótipo da ‘Grande Reportagem SIC’. Faz-se publicidade a duas reportagens
que vão ser exibidas na quinta-feira da próxima semana, intituladas de “Alentejo,
Azeite e Água”. Eles irão abordar a rápida mudança que a região tem sofrido,
assim como as preocupações sociais e ambientais.

Seguimos para junto do pivot, onde temos um off em que se faz uma
promoção ao novo dossiê que está no site da SIC Online, onde se explica o
impacto do sono na saúde e dão-nos dicas para dormir melhor. Acabando de
falar, faz-se um curta pausa, muda a imagem no ecrã e temos mais um off de
pivot, agora a anunciar a estreia de uma nova série, “Prisão Domiciliária”, na
plataforma streaming da SIC, OPTO.

A história de um político corrupto que está em prisão domiciliária – é


assim que se caracteriza esta nova série, protagonizada por Marco Delgado.
Durante a reportagem, vemos declarações do ator e cenas da própria obra e

94
Telejornalismo

Géneros Jornalísticos

26

13
11

3 6
0 0 0 0
t a o
1o 1
vo t em ça Off t in
g
em te rio
Pi vis g Pe ve
/ om Di
re m g ba tá
rt e rta Pr rta e n
Off En po B re Tr
im
po
D
m
e
Re ca
/ Re Co
Bo de
ran
G

gravações. Há também declarações do argumentista João Miguel Tavares, o rosto


por detrás da série.

“Vamos ver o tempo para amanhã”. Passamos a ter uma breve/off em que
o pivot anuncia a previsão meteorológica para o dia seguinte em todos os
distritos de Portugal continental e nos arquipélagos, dada pelo IPMA. As
imagens são de uma infografia com esses dados.

Vemos novamente Rodrigo Guedes de Carvalho, desta vez para se


despedir e encerrar o ‘Jornal da Noite’. Contabilizam-se doze segundos desde
que o pivot fala até desaparecer a imagem do estúdio. “É tudo do país e do
mundo. Boa noite e bom fim de semana”.

Análise dos Géneros Jornalísticos

Tal como podemos ver no gráfico acima, o género jornalístico mais visto
ao longo do ‘Jornal da Noite’ foi o off de pivot, uma vez que este antecede todas
as reportagens e peças. Contabilizam-se 26 destes durante os cerca de 81 minutos
do telejornal.

95
Televisão I 2020/2021

Seguidamente, temos precisamente as reportagens (13) e as peças (11).


São dois géneros muito comuns ao longo do telejornal, uma vez que permitem
contar a história da notícia de uma forma mais direta e objetiva. As reportagens
são feitas com imagens extraídas pelos jornalistas, ao contrário das peças.
Contudo, ao longo deste telejornal encontramos diversas vezes um hibridismo
entre ambas, uma vez que muitas reportagens, que exigiram idas ao local para
entrevistar entidades, estão também complementadas com imagens de arquivo ou
de outras estações televisivas. Seja exemplo disso a reportagem sobre o caso de
corrupção a envolver a presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, em
que temos imagens dos jornalistas a acompanhar a saída de Conceição Cabrita do
tribunal, mas depois imagens de arquivo.

O telejornal da SIC teve também 6 promos, que foram impondo ritmo no


programa e tentaram prender o telespectador para não perder o que se seguia no
alinhamento. Serviram também de auxílio para “suavizar” a mudança de editoria.

Tivemos também 3 breves/offs, em que o pivot assumiu a notícia e havia


imagens a acompanhar aquilo que ele dizia. Por exemplo, quando fez a
atualização da situação epidemiológica do país, em que víamos várias
infografias, ou quando se noticiou a Operação Marquês, em que ao mesmo tempo
que Rodrigo Guedes de Carvalho falava víamos imagens de Armando Vara e
Ricardo Salgado.

Apenas uma vez na antena da SIC, passou um direto, com o Emanuel


Nunes, desde o castelo de Windsor, e também uma grande reportagem, ou
melhor, um resumo alargado desta – que irá passar na íntegra na SIC Notícias. O
documentário norte-americano ocupou uma parte significativa da segunda parte
do telejornal do canal de Paço de Arcos.

Entrevistas, Comentários, Debates e Bocas/Trimmings foram géneros


jornalísticos para televisão que não encontramos neste ‘Jornal da Noite’.

96
Telejornalismo

Editorias

7
6 6

3 3 3 3
2
1 1 1 0 0 1

e ca ia e l l l s
im úd de na na or
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Cr líti om Sa da io io p l Lo a ig e u
Po on ci e c c s u uc el Lif O
e
Ec So Na er
na De
C
Ed R
ça t
sti In
Ju

Análise das Editorias

O telejornal da SIC do dia 16 de abril foi bastante variado a nível de


editorias. A notícia de abertura foi de economia, devido ao papel importante que
o Plano de Recuperação e Resiliência terá no reerguer do país após o fim da
pandemia. Contudo, foi a única notícia de economia ao longo do ‘Jornal da
Noite’.

A editoria com mais notícias foi a de Internacional, uma vez que é muito
transversal a vários aspetos de outras editorias, como a Nacional. 7 notícias foi o
que contabilizou Internacional, enquanto que Nacional ficou com 6. Do lado de
fora das fronteiras portuguesas destacam-se o tiroteio nos Estados Unidos da
América, o caso do adolescente abatido, a situação da Covid-19 em vários países,
os preparativos para o funeral do príncipe Felipe (que teve direito a uma peça e a
um direto) e a grande reportagem que fala sobre o naufrágio de Mano, Sione e os
seus amigos.

Já na editoria Nacional, a maior parte das notícias remetem para o plano


de desconfinamento de Portugal continental, em que a maior parte dos concelhos

97
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avançam, outros ficam na mesma e alguns ainda recuam. A SIC deu destaque a
todos os casos, ao longo de várias reportagens.

Empatada com a editoria Nacional no segundo posto está a de Saúde, algo


que se explica devido às condições atuais em que vivemos. Vemos notícias como
a Covid-19 em Portugal, na Europa, EUA e Brasil, as negociações entre a
Câmara de Cascais e o governo de Moscovo para o enchimento da vacina
Sputnik V no nosso país, os alertas da Pfizer e o ponto de situação da vacina da
Johnson & Johnson. Todas elas estão sobre a chancela da editoria Saúde.

Depois vêm as editorias que contribuíram com 3 notícias para o ‘Jornal da


Noite’. São elas: Justiça e Crime, Sociedade, Desporto e Cultura. A primeira
mencionada esteve em destaque com as suspeitas de corrupção sobre Conceição
Cabrita, que implicam outras personalidades políticas, mas também a Operação
Marquês e o caso das moradas falsas dadas por nove deputados. Em Desporto
falou-se do triunfo de Telma Monteiro nos Europeus de Judo (-57kg), da noite de
Liga Europa e da antevisão do jogo entre Benfica e Gil Vicente, no Estádio da
Luz. Cultura contou com a reabertura das salas de espetáculo, cinemas e teatros,
as decorações das lojas históricas de Lisboa feitas por artistas plásticos e a nova
série da OPTO, “Prisão Domiciliária”. Finalmente, sociedade contou com a
rubrica “Eu e a Pandemia”, o fecho dos restaurantes e cafés na ilha de São
Miguel e o erro da DGS que quase deixou Beja estagnada no plano de
desconfinamento.

Depois destas editorias vem aquela que denominamos por “Lifestyle”.


Nesta incluímos a rubrica “Roteiro do desconfinamento” e o off de pivot que
abordou a nova página sobre como dormir melhor no site da SIC Online (o único
off de pivot que contabilizamos nesta análise das editorias, uma vez que a
“notícia” foi dada completamente através deste).

Em ex aequo com Economia, apenas com uma notícia, está Política, Local
e Outras. Tivemos casos de política na peça sobre o pedido de levantamento de
imunidade de nove deputados por parte do ministério público, em que assistimos
à reação de dois deles nas redes sociais (a deputada bloquista inclusive
98
Telejornalismo

Tipo de Fontes

51

32

Fontes Oficiais Fontes Não Oficiais

abandonou o cargo). Já as notícias locais dizem respeito à das lojas históricas de


Lisboa e a de Outras os dados meteorológicos do IPMA.

Por fim, as editorias de religião e educação não tiveram nenhum papel ao


longo deste telejornal. Há ainda que salientar que apenas se contabilizou um off
de pivot e as promos não foram tidas em conta.

Análise das Fontes de Informação

As fontes de informação usadas são, na sua maioria, provenientes de


entidades representantes de outrem, como instituições. Um grande contributo
para o número grande de fontes oficiais são as declarações dos presidentes
camarários, que têm um foro oficial. Ministros (como Nelson de Souza),
representantes de associações, instituições (por exemplo, DGS, UEFA, IPMA),
estão todos contabilizados como “oficiais”.

Existe uma clara vantagem de fontes de informação oficiais (52), para as


Não Oficiais, que são 32. Estas últimas reúnem as fontes indiferenciadas,
opiniões de especialistas, pessoas que contam histórias na primeira pessoa. As
editorias de Cultura e Sociedade trazem um grande bom contributo para o
número obtido. O resumo do documentário que conta a história do grupo de
99
Televisão I 2020/2021

jovens que naufragou numa ilha do Pacífico trouxe também um número relevante
de fontes não oficiais.

100
Telejornalismo

TVI

Género
Timeco Jornali
Pivot Notícia jornalístic Editoria Fontes Observações
de sta
o

19:58
Abertura do ‘Jornal das 8’
7”

José
1’48 “Exoneração de Insolvência” de Justiça e Esta notícia é um
Alberto Breve/off - -
Vale e Azevedo Crime exclusivo TVI
Carvalho

Detenção do Juiz Rui Fonseca,


José Vídeos
1’08 negacionista da COVID-19 e Justiça e
Alberto Breve/off - Amadores (fonte -
vários dos seus apoiantes em Crime
Carvalho da imagem)
manifestação de apoio.

101
Televisão I 2020/2021

José Governo nega acesso a vacinas


23” Política
Alberto americanas após pedido do Off de Pivot - - -
Carvalho governo regional açoriano

Artur Lima
(Vice-Presidente
do Governo
João
Regional dos
Morais
1’57 Acesso a vacinas americanas Política Açores)
- Reportagem do -
pelo governo regional açoriano
Carmo
Augusto Santos
Silva (Ministro
dos Negócios
Estrangeiros)

102
Telejornalismo

José Possibilidade de Portugal


18” Alberto produzir a vacina da covid-19 Off de Pivot Saúde - - -
Carvalho Sputnik V

Imagens de arquivo e
vídeo com
declarações de Carlos
Possibilidade de Portugal Carlos Carreiras
2’00 Saúde Sofia Carreiras proveniente
- produzir a vacina da covid-19 Peça (Presidente da
Santana de uma sessão
Sputnik V CM de Cascais)
streaming da Câmara
Municipal de
Cascais.

José
31” Desconfinamento: 4 concelhos
Alberto Off de Pivot Sociedade - - -
não avançarão para a nova fase.
Carvalho

1’45 - Desconfinamento: 4 concelhos Reportagem Sociedade Cátia Isilda Gomes -

103
Televisão I 2020/2021

Esteves

Maria
Marujo

Carla
Correia

António
(Presidente da
Pereira
CM Portimão)
Gonçalv
não avançarão para a nova fase.
es
5 Fontes
indiferenciadas
Carla
Marques
Cordeiro

Amílcar
Matos

Carla
Correia

José
21” Beja avança para nova fase de
Alberto Off de Pivot Sociedade - - -
desconfinamento
Carvalho

1’30 - Beja avança para nova fase de Direto Sociedade Carla Proprietário não -

104
Telejornalismo

identificado de
desconfinamento após
Correia um restaurante
retificação da decisão de DGS
da cidade
José
1’17 Atualização dos Casos de Covid-
Alberto Breve/Off Saúde - - -
19 em Portugal
Carvalho

José
16” Imunidade à Covid-19 em
Alberto Off de Pivot Saúde - - -
Portugal
Carvalho
Bruno Silva
Santos
(investigador)
1’39 Imunidade à Covid-19 em Cátia
- Peça Saúde -
Portugal Esteves
Instituto
Medicina
Molecular
José
25” Controlo na fronteira até ao final
Alberto Off de Pivot Nacional - - -
do mês
Carvalho
António Costa
(primeiro-
Sofia ministro
1’58 Controlo na fronteira até ao final
- Reportagem Nacional Santana Português) -
do mês
2 Fontes
indiferenciadas

105
Televisão I 2020/2021

José Vacinação de Angela Merkel


30” Alberto com Astrazeneca e posição da Off de Pivot Internacional - - -
Carvalho OMS sobre a pandemia
Conta de Twitter
de Steffen
Seibert, porta-
voz do governo
alemão

Angela Merkel
(Chanceler
Vacinação de Angela Merkel Alemã)
Miguel
2’07 com Astrazeneca. posição da
- Peça Internacional Cabral -
OMS sobre a pandemia e Tedros
de Melo
situação sanitária brasileira Ghebreyesus
(Diretor Geral
da OMS)

Áureo do Carmo
Filho (médico
intensivista
brasileiro)

22” Justiça e
- Apoio a juiz negacionista Promo - - -
Crime

106
Telejornalismo

José Apresentação de Plano de


21” Política/
Alberto Recuperação e Resiliência ao Off de Pivot - - -
Economia
Carvalho presidente da república
Nelson de Souza
(Ministro do
Apresentação de Plano de
Planeamento)
2’05 “Bazuca” (plano de recuperação Política/ Graça
- Reportagem -
e resiliência) ao presidente da Economia Picão
António Costa
república
(primeiro-
ministro)
José Previsões de Bruxelas para
18” Política/
Alberto execução do plano de Off de Pivot - - -
Economia
Carvalho recuperação e resiliência
Valdis
Dombrovski
Pedro
(Vice-Presidente
Miguel
Previsões de Bruxelas para da Comissão
1’41 Ramalho
- execução do plano de Reportagem Política Europeia) -
recuperação e resiliência
Pedro
João Leão
Moreira
(Ministro das
Finanças)
José
21” Previsão de gastos adicionais de Nacional/
Alberto Off de Pivot - - -
Portugal com a pandemia Economia
Carvalho

107
Televisão I 2020/2021

1’08 Previsão de gastos adicionais de Nacional/ Diana


- Peça - -
Portugal com a pandemia Economia Catarino

José
32” Análise do Programa de
Alberto Breve/off Nacional - - -
Estabilidade
Carvalho

20:26 José
Justiça e
Alberto Vale e Azevedo livre de dívidas Promo - - -
21” Crime
Carvalho

10’00 Intervalo

20:36 José
Telma Monteiro campeã
Alberto Promo Desporto - - -
12” europeia de judo
Carvalho

José
14” Manifestação de apoio a juiz Justiça e
Alberto Promo - - -
negacionista Crime
Carvalho

José
20” “Hora da Verdade”: Rubrica de
Alberto Promo - - - -
Fact-checking do Jornal das 8
Carvalho

108
Telejornalismo

30” Intervalo

José
21” Manutenção do funcionamento -
Alberto Off de Pivot Nacional - -
normal do SIRESP
Carvalho
Eduardo Cabrita
(Ministro da
Administração
Interna)

Jaime Marta
Soares
1’40 Manutenção do funcionamento
- Reportagem Nacional - (Presidente da -
normal do SIRESP
Liga de
Bombeiros
Portugueses)

Alexandre Filipe
Fonseca (CEO
Altice Portugal)
José
20” Precariedade das condições de
Alberto Off de Pivot Sociedade - -
trabalho da Polícia
Carvalho

Carolina Paulo Sousa


1’39 Precariedade das condições de
- Reportagem Sociedade Resende (Presidente da -
trabalho da Polícia
Matos Associação

109
Televisão I 2020/2021

Sindical de
Profissionais da
Polícia)
Nelson
Alves Eduardo Cabrita
(Ministro da
Administração
Interna)
José Exoneração de Insolvência de
54” Justiça e
Alberto Vale e Azevedo pela justiça Off de Pivot - - -
Crime
Carvalho inglesa
António Pragal
Henriqu Colaço
Exoneração de Insolvência de
1’52 Justiça e e (advogado dos
- Vale e Azevedo pela justiça Peça -
Crime Machad credores)
inglesa
o
Justiça Inglesa
José
21” Justiça e
Alberto Lesados de Vale e Azevedo Off de Pivot - - -
Crime
Carvalho
Luiza
Alagoa Pedro Dantas da
2’35 Justiça e Henriqu Cunha
- Lesados de Vale e Azevedo Peça -
Crime e (Empresário
Machad lesado)
o

110
Telejornalismo

José
27” Trabalho de Vale e Azevedo
Alberto Off de Pivot Desporto - - -
como presidente do Benfica
Carvalho

2’38 Trabalho de Vale e Azevedo Imagens de


- Peça Desporto - -
como presidente do Benfica Arquivo

José Detenção de 10 apoiantes de juiz


48” Justiça e
Alberto negacionista suspenso de Off de Pivot - - -
Crime
Carvalho funções (Rui Fonseca)

Detenção de 10 apoiantes de juiz


2’19 Justiça e
- negacionista suspenso de Reportagem - - -
Crime
funções (Rui Fonseca)

José
29” Detenção de 6 pessoas em Justiça e
Alberto Breve/Off - - -
combate ao tráfico de droga Crime
Carvalho

José Detenção de 5 pessoas e


44” Justiça e
Alberto apreensão de 30 mil doses de Breve/Off - - -
Crime
Carvalho droga

José
16” Telma Monteiro é campeã da
Alberto Promo Desporto - - -
europa
Carvalho

111
Televisão I 2020/2021

José
14” Preparativos do Funeral de
Alberto Off de Pivot Internacional - - -
Príncipe Philip
Carvalho
Stephen
2’26 Preparativos do Funeral de Patrícia Segrevate
- Peça Internacional -
Príncipe Philip Batista (Tenente
Coronel)
José
48” Sanções norte americanas contra
Alberto Breve/Off Internacional - - -
a Rússia
Carvalho

José Procura da Ucrânia de apoios


36” Alberto contra a Rússia na União Breve/Off Internacional - - -
Carvalho Europeia

José Justiça e
14” Homicídio de jovem de 13 anos
Alberto Off de Pivot Crime/ - - -
pela polícia americana
Carvalho Internacional
Adeen J Wisses
Justiça e Fernand Ortiz (Advogada
1’11 Homicídio de jovem de 13 anos
- Peça Crime/ a da família do -
pela polícia americana
Internacional Teixeira jovem)

José
23” Reabertura das salas de cinema e
Alberto Off de Pivot Cultura - - -
apresentação do cartaz
Carvalho

2’23 Reabertura das salas de cinema e Vítor Nuno Aguiar


- Reportagem Cultura -
apresentação do cartaz Moura, (diretor cinemas

112
Telejornalismo

Carlos
Figueire
do,
NOS)
Herberto
Figueire
do
José
12” Alberto Reabertura do Zoo de Lisboa Off de Pivot Sociedade - - -
Carvalho
João Laura Dourado
Paulo (departamento
2’31 - Reabertura do Zoo de Lisboa Reportagem Sociedade Delgado, de comunicação -
Maria do ZOO de
Viegas Lisboa)
José Nascimento de Tigre de Bengala
38” Alberto no ZOO de Havana, Cuba, é uma Breve/Off Internacional - - -
Carvalho espécie rara e ameaçada

José
8” Apresenta espaço “Hora da
Alberto - - - -
Verdade”
Carvalho
16’34” - Rubrica: “Hora da Verdade” - - - - A “Hora da Verdade”
é uma rubrica, à
semelhança de outras
existentes em outros
noticiários e órgãos
de comunicação
social, de fact-

113
Televisão I 2020/2021

checking. Esta
rubrica é apresentada
por Pedro Benevides
que recorrendo a
várias fontes e, até
com uma equipa de
reportagem no
terreno, faz a
consulta da
veracidade de
informações
avançadas nas redes
sociais, discursos
políticos, entrevistas,
etc.
José
Alberto
Carvalho
56” Telma Monteiro é campeã da
Off de Pivot Desporto - - -
João europa de Judo
Pedro
Rodrigu
es

1’20 Medalhas portuguesas no European Judo


- Peça Desporto - -
campeonato da europa de Judo (Imagens)

João Conferência de Imprensa de


11” Pedro Jorge Jesus para o jogo contra o Off de Pivot Desporto - - -
Rodrigu Gil Vicente

114
Telejornalismo

es
Semanário
“Novo”

Conferência de Imprensa de Pepe, jogador do


1’27 - Jorge Jesus para o jogo contra o Reportagem Desporto - FC Porto -
Gil Vicente
Jorge Jesus,
treinador do SL
Benfica
João
14” Pedro Dia de Treinos do GP Portugal
Off de Pivot Desporto - - -
Rodrigu de Moto GP
es

1’19 Dia de Treinos do GP Portugal


- Peça Desporto - - -
de Moto GP

José
20” Sugestão NIT: Conhecer a
Alberto Off de Pivot Lifestyle - - -
Lisboa dos Espiões
Carvalho
Maria
João
3’02 Sugestão NIT: Conhecer a Reportagem Rosa José Antunes
- Lifestyle -
Lisboa dos Espiões (Lisbon Walker)
Sara
Ribeiro

115
Televisão I 2020/2021

21:33 Encerramento do ‘Jornal das 8’

116
Telejornalismo

Análise do Alinhamento

TVI

Dia Analisado 16 de abril de 2021

Designação do Noticiário Jornal das 8

Pivot José Alberto Carvalho

Início 19:58

1ª Parte 28 minutos (19h58 – 20h26)

Intervalo 10 minutos (20h26 – 20h36)

2ª Parte 46 segundos (20h36-20h36)

Intervalo 30 segundos (20h36-20h37)

3ª parte 56 minutos (20h37 – 21h33)

Final 21h33

Tempo útil 85 minutos

Número de notícias 33 notícias

Tempo médio por notícia 1’39

O Jornal das 8 da TVI do dia 16 de abril de 2021 iniciou às 19h58 com o


habitual genérico de abertura que teve a duração de 7 segundos.

O noticiário abre com duas breves dadas pelo pivot José Alberto Carvalho
que se assemelham a promos porém mais longas e detalhadas cujo objetivo é
anunciar notícias que serão mais tarde aprofundadas.

117
Televisão I 2020/2021

A notícia de abertura é um exclusivo da TVI que dá conta do perdão da


dívida de 60 milhões do ex-presidente do SL Benfica, Vale e Azevedo, peças que
mais tarde surgirão no noticiário relacionadas com o assunto. Esta breve/off é
apresentada com vídeos de arquivo de Vale e Azevedo.

A segunda breve deste conjunto de notícias introdutórias é sobre uma


manifestação de apoio ao Juiz Rui Fonseca, negacionista da Covid-19 que foi
detido e ouvido pelo instrutor do seu processo disciplinar no Conselho Superior
de Magistratura. Esta notícia refere também a detenção de mais de uma dezena
dos seus apoiantes. A breve foi sustentada visualmente por vídeos amadores e
vídeos feitos por repórteres no local.

Depois destas duas breves, José Alberto Carvalho introduz uma notícia
acerca do pedido do governo regional açoriano para o acesso às vacinas dos
Estados Unidos da América. Este off de Pivot é acompanhado por uma imagem
de stock relacionada com a Covid-19. A notícia sobre o assunto é uma peça com
entrevista via zoom ao vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur
Lima e que apresenta também o contraditório do governo central sobre o assunto
personificado por Augusto Santos Silva, ministro dos negócios estrangeiros, que
fala da falta de “base jurídica sólida” para a realização desse pedido. Este
contraditório foi feito no formato textual.

Ainda relacionado com o assunto da vacinação contra a Covid-19, segue-


se um off de pivot e uma nova peça com entrevista com as personalidades
envolvidas acerca da possibilidade de Portugal passar a ser um dos produtores da
vacina Sputnik V. A entrevista é feita a Carlos Carreiras, presidente da Câmara
Municipal de Cascais, que falou sobre o processo de negociações não só com a
Rússia (produtora da Sputnik V) mas também com outras vacinas cuja
disponibilidade de se fazer a produção em Portugal não existiu. É abordado o
conhecimento do governo central sobre todo o processo e também a falta de
aprovação por parte da Agência Europeia do Medicamento sobre o assunto.

Como tem sido hábito desde o princípio da pandemia, as notícias


continuam a abordar a Covid-19. As próximas duas notícias (uma reportagem e
118
Telejornalismo

um direto) são sobre a nova fase de desconfinamento que iniciará na segunda-


feira seguinte e respetivas exceções. Na reportagem, são abordadas as exceções e
os jornalistas vão à rua para recolher a opinião dos locais da cidade de Portimão,
um dos concelhos que recuará nas medidas de desconfinamento. É também
exposta a posição de Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão
que fala em “castigo do governo”: São enumerados os concelhos afetados, os
retrocessos nas medidas nestes concelhos e a posição dos locais sobre o assunto.
No direto aborda-se a retificação da decisão da DGS sobre a situação de Beja,
inicialmente considerado concelho de risco, que afinal avançará para a nova fase
de desconfinamento. É entrevistado pela jornalista Carla Correia, o dono de um
restaurante do concelho.

Segue-se uma boca/off apresentada pelo pivot que apresenta uma


infografia acerca do boletim da DGS e a matriz de risco definida pela task-force.

Mais uma vez sobre a Covid-19, a seguinte peça jornalística aborda a


imunidade da população portuguesa para o vírus. É apresentada uma infografia
que apresenta separadamente a imunidade por faixas etárias. Nesta peça é
entrevistado via Zoom o investigador Bruno Silva Santos. Fala-se quer da
imunidade resultante da vacinação, quer da resultante de infeções prévias e
fazem-se também previsões para alcançar imunidade de grupo.

De seguida, José Alberto Carvalho apresenta uma reportagem sobre o


controlo de fronteiras. A reportagem acontece em Vila Verde de Raia na fronteira
entre Portugal e Espanha e são levantadas as opiniões de alguns condutores que
fazem a travessia. A peça tem declarações de António Costa, primeiro-ministro
português sobre o tema feitas em conferência de imprensa. São também expostas
as condições para turistas estrangeiros na chegada a Portugal.

Fala-se agora sobre a vacinação de Angela Merkel, chanceler alemã e a


posição da OMS sobre a evolução da pandemia e vacinação. Nesta peça é
referido que a vacina tomada pela chefe de governo alemã é a AstraZeneca e as
suas declarações sobre a mudança da lei alemã para maior controlo da pandemia.
Depois, fala Tedros Ghebreyesus, diretor geral da Organização Mundial de Saúde
119
Televisão I 2020/2021

que fala da aceleração do número de infeções de Covid-19. Por fim, fala Áureo
do Carmo Filho, médico intensivista brasileiro, sobre a situação brasileira onde
os pacientes têm sido sujeitos a “métodos de tortura” por terem de ser entubados
sem sedativos, por falta dos mesmos no país.

Agora, a primeira promo deste Jornal das 8. Esta promo fala sobre um
assunto já referido no noticiário e que virá, outra vez, a ser abordado mais tarde:
a manifestação de apoio ao juiz negacionista Rui Fonseca.

Depois da promo, José Alberto Carvalho introduz a reportagem sobre a


apresentação do Plano de Recuperação e Resiliência por parte do governo ao
Presidente da República, em Coimbra. Prestam declarações o Ministro do
Planeamento, Nelson de Souza e o primeiro-ministro António Costa sobre o foco
do investimento da “bazuca” europeia e as expectativas para os próximos anos.

Ainda sobre o assunto, segue-se uma reportagem em Bruxelas sobre a


posição da Comissão Europeia quanto à aplicação destes planos de recuperação e
resiliência. A Comissão Europeia faz as previsões da entrada em vigor dos planos
e o ponto de situação nas negociações com os vários países. A representar a
Comissão Europeia, presta declarações Valdis Dombrovski.

A seguir é apresentada uma peça sobre os gastos adicionais provocados


pela pandemia. Esta peça é acompanhada de vídeos de arquivo relacionados com
a Covid-19 e informações em texto que discriminam alguns dos gastos.

Sobre o programa de Estabilidade, o Pivot faz uma breve/off onde fala dos
valores injetados no Novo Banco e na TAP.

Para terminar a primeira parte do Jornal das 8, José Alberto Carvalho faz a
promo da notícia, também já abordada nas breves que abriram o noticiário, sobre
a exoneração de insolvência de Vale e Azevedo.

A primeira e a segunda parte do Jornal das 8 são separadas por um


intervalo de dez minutos entre as 20h26 e as 20h36.

120
Telejornalismo

A segunda parte arranca, à semelhança do final da primeira, com quatro


promos seguidas. A primeira sobre, como no final da primeira parte, a
exoneração de insolvência de Vale e Azevedo, a segunda sobre a conquista da
medalha de ouro por parte de Telma Monteiro no campeonato da Europa de Judo,
a terceira, mais uma vez, sobre a manifestação de apoio ao juiz negacionista e a
quarta promo anuncia a “Hora da Verdade”, a rubrica de fact-checking do Jornal
das 8. Depois destas promos um pequeno intervalo publicitário de 45 segundos.

De regresso, José Alberto Carvalho apresenta a reportagem sobre o


funcionamento do SIRESP. Há declarações de Eduardo Cabrita, ministro da
administração interna, que garante que que o sistema continuará a funcionar e
também de Jaime Marta Soares, presidente da Liga de Bombeiros Portugueses,
via Zoom, que pede esclarecimentos ao governo sobre a situação que caracteriza
como “caricata” e que não lhe deixou esclarecido sobre o assunto.

Ainda sobre a Administração Interna, segue-se uma reportagem sobre a


situação precária das condições de trabalho dos operacionais da polícia. Presta
declarações o Presidente da Associação Sindical de Profissionais de Polícia,
Paulo Sousa que denuncia as condições degradantes de trabalho nas esquadras
policiais. No contraditório, Eduardo Cabrita escolhe nada dizer sobre o assunto.
Toda esta peça é sustentada por vídeos amadores exclusivos TVI que mostram as
instalações de trabalho da Polícia.

De seguida, o desenvolvimento da notícia de abertura do noticiário: a


exoneração de insolvência de Vale e Azevedo pela justiça inglesa. Esta peça abre
com vídeos de arquivo onde fala Vale e Azevedo sobre a sua “total confiança” na
justiça inglesa e “nenhuma confiança” na justiça portuguesa. A peça vai sendo
intercalada com declarações, via Zoom, de António Pragal Colaço, advogado de
defesa de um dos credores de Vale e Azevedo, que faz a análise da decisão
judicial e dos motivos apresentados pela justiça inglesa. Esta é uma notícia
exclusiva etiquetada como “Notícia TVI” e apresenta variados vídeos de arquivo
do ex-presidente do Sport Lisboa e Benfica.

121
Televisão I 2020/2021

Na continuação desta peça, são apresentados os lesados de Vale e


Azevedo. São discriminados os lesados do advogado entre os quais se inclui o SL
Benfica, o empresário Dantas da Cunha, (que, inclusive, presta declarações, via
Zoom, ao Jornal da 8) a empresa Ribafria, o St. James Group, o barão alemão
Von Doernberg, o dirigente da UNITA, Isaías Samakuva e o médico José Maria
Tallon.

Para encerrar o assunto, mais uma peça. Desta vez sobre o trabalho de
Vale e Azevedo como presidente do SL Benfica. São apresentados no noticiário
os vários marcos desde a criação da SAD encarnada até à prisão por crime
relacionado com a transferência do jogador russo Ovchinnikov vindo do Alverca.
Tendo sempre imagens de arquivo a sustentar a notícia, há um foco especial na
dispensa de João Pinto do Benfica no ano 2000, a contratação de José Mourinho
para técnico dos benfiquistas e a expulsão de sócio do clube em 2005.

Encerrado o assunto “Vale e Azevedo”, segue-se outro tema com grande


destaque neste noticiário: a manifestação de apoio ao juiz Rui Fonseca,
negacionista da Covid-19 e as dez detenções que resultaram desse evento por
desobediência e agressão a agentes da PSP. Esta reportagem mostra vídeos da
chegada de Rui à audição no âmbito do processo disciplinar que lhe foi
instaurado e da detenção de alguns dos manifestantes. São mostradas imagens da
página de Facebook criada pelo juiz para a organização desta manifestação de
apoio.

Dentro da editoria do Justiça e Crime, seguiram-se duas breves/offs. José


Alberto Carvalho na primeira notícia, tendo um vídeo da GNR como fonte de
imagem, a detenção de seis pessoas em combate ao tráfico de droga no concelho
de Benavente. Na segunda notícia, o pivot, desta vez com o suporte de vídeos da
Polícia Judiciária, noticia a detenção de seis pessoas e apreensão de 30 mil doses
de canábis com alto teor de THC (Tetrahidrocanabinol).

Seguidamente, uma promo de 14 segundos a anunciar o título de campeã


da europa de judo pela judoca portuguesa Telma Monteiro.

122
Telejornalismo

Depois da promo, uma peça sobre os preparativos do funeral do Príncipe


Philip. Sobre o duque de Edimburgo e a sua marcha fúnebre, a TVI entrevista o
Tenente-coronel britânico Stephen Segrevate que fala das regras e protocolo do
evento.

No âmbito da política internacional, José Alberto Carvalho dá uma


breve/off sobre as novas sanções norte-americanas contra a Rússia e outra
breve/off sobre a reunião entre Macron e o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.

De seguida, a notícia sobre o homicídio perpetrado pela polícia norte-


americana de um jovem de 13 anos. A polícia alega que o jovem estaria armado
enquanto que a advogada da família do rapaz afirma, baseada no vídeo, que o
jovem, que levantou as mãos ao alto tal como pedido pelas autoridades, não
estaria armado no momento da morte.

O Jornal das 8 passa para a secção da cultura. Apresenta a reabertura das


salas de cinema e vai até à Sala IMAX da NOS no Centro Comercial Colombo.
Durante toda a reportagem intercalam-se imagens dos trailers dos novos filmes
em cartaz e declarações do diretor dos Cinemas NOS, Nuno Aguiar sobre a
segurança das deslocações às salas de cinema.

Na notícia seguinte, uma reportagem sobre a reabertura do Zoo de Lisboa.


Durante a reportagem, Laura Dourado, do departamento de comunicação do
ZOO, fala sobre a oferta do Jardim Zoológico. É também pedida a opinião a
várias crianças sobre os seus animais favoritos e a duas mães sobre os motivos da
visita ao espaço.

Ainda na mesma onda, é apresentado, na peça seguinte, o nascimento de


um tigre de bengala branco, um animal extremamente raro, no ZOO de Havana,
em Cuba.

Segue-se a rubrica “Hora da Verdade”, a rubrica de fact-checking da TVI


em parceria com o jornal Observador onde se “separam os factos da ficção”. Este
espaço é apresentado pelo jornalista Pedro Benevides e teve a duração de cerca
de 14 minutos. Neste espaço foi analisada a veracidade das declarações de José

123
Televisão I 2020/2021

Sócrates, em entrevista à TVI, sobre os crimes de branqueamento de capitais que


lhe foram imputados; a veracidade de um post do Facebook que referia o uso de
um BMW M3 por parte da GNR de Leiria para patrulhar o IC2; a veracidade das
declarações de um deputado do Bloco de Esquerda sobre o ritmo de testagem da
Covid-19 em Portugal quando comparado com a União Europeia; outro post do
Facebook que garantia que nenhum sindicato havia saído às ruas desde o
princípio da pandemia; a veracidade de uma imagem publicada no Facebook que
contava a história de uma partida pregada pelo Príncipe Filipe à Rainha Isabel II
e a resposta à pergunta “é possível que um polvo se relacione com um ser
humano?” no âmbito de uma nova série documental da Netflix.

Depois desta rubrica de fact-checking, José Alberto Carvalho reassume a


posição de pivot e apresenta a notícia de conquista da medalha de ouro nos
europeus de judo por parte de Telma Monteiro. Este off de Pivot, ilustrado com
imagens do momento da vitória da judoca (denominada de “imagem do dia”, pela
equipa editorial da TVI), faz a ponte para nova passagem de testemunho do papel
de pivot. Para a editoria desportiva, João Pedro Rodrigues é o pivot. O jornalista
conclui a apresentação da peça sobre Telma Monteiro. Nesta peça, ilustrada com
imagens do European Judo, são narrados os feitos das cores nacionais no
campeonato da europa: o bronze de João Crisóstomo e o ouro de Telma
Monteiro.

A segunda notícia desta editoria de desporto é sobre a conferência de


Jorge Jesus em antevisão do jogo contra o Gil Vicente. Nesta peça são mostradas
também as declarações de Pepe sobre as acusações do treinador encarnado ao
jogador do Paços de Ferreira, Stephen Eustáquio.

A última notícia desportiva deste Jornal das 8 falou sobre o dia de treinos
do GP Portugal de Moto GP e a prestação do piloto português, Miguel Oliveira.
Toda esta notícia tem imagens “Sport TV” a transmissora exclusiva de Moto GP
em Portugal.

A última notícia deste noticiário está entregue à rubrica “Sugestão NIT”


de responsabilidade da revista NIT. Nesta reportagem fala-se de um roteiro
124
Telejornalismo

turístico oferecido pela empresa Lisbon Walker que aborda a história e os locais
dos espiões em Lisboa durante a II Guerra Mundial. Este espaço ficou ao encargo
das jornalistas Maria João Rosa e Sara Ribeiro.

José Alberto Carvalho conclui o Jornal das 8 que termina, ao fim de cerca
de 1 hora e 25 minutos, às 21h33.

Análise dos Géneros Jornalísticos

Géneros Jornalísticos

25

12 11
7 6
0 0 0 0 0
t 1
a ça o to g te
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t em Pe Off om re in em ba rio
Pi g e/ Pr Di m g tá
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En ep B / T ep m
R ca R Co
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a
Gr

Como se pode ver no gráfico precedente, o género jornalístico privilegiado


pela linha editorial do Jornal das 8 da TVI é o Off do Pivot, que surgiu 25 vezes
neste noticiário. Tal escolha deve-se à regra do telejornalismo que faz com que
quase todas as notícias tenham de ser apresentadas por um off do pivot que expõe
a informação essencial da informação que será exposta na peça ou reportagem
que lhe procederá.

De seguida surgem a reportagem (12 notícias) e a peça (11 notícias). A


reportagem e a peça são o modo mais comum de noticiar determinado
acontecimento. A reportagem distingue-se da peça por exigir a mobilização de
jornalistas ao local do acontecimento enquanto que a peça pode ser apresentada

125
Televisão I 2020/2021

com recurso a outras imagens como imagens de arquivo ou de outros órgãos de


comunicação.

A breve/off surge sete vezes e teve a duração 40 segundos, uma duração


mais curta que outros géneros jornalísticos pela forma breve e transitória como é
transmitida.

A promo foi usada seis vezes e focou-se, essencialmente, em três notícias:


a manifestação de apoio ao juiz negacionista Rui Fonseca (duas promos), a
exoneração de insolvência de Vale e Azevedo por parte da justiça inglesa (uma
promo) e a medalha de ouro de Telma Monteiro nos Europeus de Judo (duas
promos). Houve ainda lugar para uma promo à secção de fact-checking “Hora da
Verdade” da TVI.

Houve também um direto, na cidade de Beja, no âmbito da nova fase de


desconfinamento, no qual falou um proprietário de um restaurante em Beja.

Entrevistas, debates, documentários, comentários e bocas/trimmings não


tiveram lugar no ‘Jornal das 8’ de dia 16 de abril de 2021.

Análise das Editorias

Editorias

4 4 4
3 3 3

1 0 0 0 1
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Ju

126
Telejornalismo

A editoria predominante nesta noite informativa de sexta-feira na TVI foi


a editoria da Justiça e Crime que, inclusive, foi a editoria da notícia de abertura: a
exoneração de insolvência do advogado Vale e Azevedo.

Também o desporto teve grande destaque neste noticiário com destaque


para a vitória de Telma Monteiro nos campeonatos da europa de judo e pelo GP
Portugal de Moto GP. Neste noticiário, com tantas notícias como o desporto
estiveram também as editorias da sociedade e internacional. Na editoria da
sociedade, o único direto do noticiário com as notícias das novas medidas de
desconfinamento e na editoria internacional, destaque para a reportagem da TVI
em Bruxelas sobre as declarações da Comissão Europeia quanto aos Planos de
Resiliência e Recuperação.

Pelos progressos no combate à pandemia da Covid-19, a editoria da Saúde


teve, como tem sido hábito nesta época, algum destaque. Para a Cultura houve
apenas tempo para uma notícia: a reabertura das salas de cinema na nova fase de
desconfinamento. Lifestyle também esteve presente com dicas turísticas no fim
do ‘Jornal das 8’.

Análise das Fontes de Informação

Tipo de fontes

25

12

Fonte oficial Fonte não oficial

127
Televisão I 2020/2021

As fontes de informação deste noticiário tiveram na sua grande maioria


origem oficial. Recorreu-se ao longo do Jornal das 8 de dia 16 de abril a várias
declarações de líderes governamentais e políticos como o primeiro-ministro
António Costa, o ministro da administração interna Eduardo Cabrita ou a
chanceler alemã Angela Merkel; a vídeos de origem oficial como os da PJ ou da
GNR no caso das detenções no âmbito do combate ao tráfico de droga; líderes
empresariais ou diretores de comunicação como o caso de Nuno Aguiar, diretor
dos Cinemas NOS ou Laura Dourado, do departamento de comunicação do ZOO
de Lisboa e também líderes sindicais como Paulo Sousa, o presidente da
Associação Sindical de Profissionais da Polícia.

Do lado das fontes não oficiais, surgiram principalmente testemunhos de


fontes indiferenciadas, que representaram a maior e não identificadas, por
exemplo, no direto em Beja no âmbito da nova fase de desconfinamento ou,
também, na reportagem no ZOO de Lisboa na recolha de opinião junto de
crianças e pais, que representaram a maior fatia das fontes não oficiais. Também
surgiram como fontes não oficiais, o ponto de vista de um médico intensivista
brasileiro sobre a situação do país e os vários vídeos amadores da manifestação
de apoio ao juiz negacionista.

128
Telejornalismo

COMPARAÇÃO ENTRE OS TELEJORNAIS


GENERALISTAS
Notícia de Abertura
Género
Canal Notícia Editoria
jornalístico

Pessoas que foram infetadas com Covid-19


RTP1 Boca/Trimming Saúde
vão ser vacinadas ainda na segunda fase.
Governo apresenta Plano de Recuperação e
SIC Resiliência ao Presidente da República e ao Reportagem Economia
país
“Exoneração de Insolvência” de Vale e
TVI Breve/Off Justiça e Crime
Azevedo

Sexta-feira, dia 16 de abril, não foi um dia particularmente rico em matéria


jornalística. Não existia um destaque claro para a abertura dos telejornais. Por
essa razão, os três canais generalistas acabaram por escolher diferentes notícias
para abrir o espaço informativo de horário nobre, assim como géneros
jornalísticos distintos.

A RTP1 começou com uma notícia exclusiva do canal, relacionada com o


plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal. Vemos então um
boca/trimming, em que se pode ouvir o vice-almirante Gouveia e Melo,
coordenador do plano. De seguida, noticia-se a vitória de Telma Monteiro no
campeonato europeu de Judo (editoria de desporto), que é procedida por uma
promo. São duas notícias relevantes, muito diferentes uma da outra, mas que têm
ambas direito a destaque no início do ‘Telejornal’, antes de começar um
alinhamento mais ordenado.

A SIC, ao contrário da estação pública, optou por iniciar o seu ‘Jornal da


Noite’ com uma reportagem sobre a apresentação e algumas alterações no Plano
de Recuperação e Resiliência (PRR). Esta notícia de vertente económica segue-se
por outras da editoria “Nacional”, que aborda as reações à decisão que saiu do

129
Televisão I 2020/2021

conselho de ministros do dia anterior, em que alguns países recuaram, outros


marcaram passo e a maior parte avançou no plano de desconfinamento. Existe
aqui um desenvolvimento da notícia de abertura de quinta-feira.

Como já vimos, o primeiro canal começou com uma notícia de Saúde e a


estação de Paço de Arcos com uma de economia. A TVI decidiu seguir ainda um
caminho distinto, dando uma notícia exclusiva de Justiça e Crime. A “exoneração
de insolvência” de Vale e Azevedo foi noticiada através de uma breve/off e, de
seguida, a detenção do juiz negacionista da pandemia, que também teve direito a
uma breve/off. De forma rápida, passaram duas notícias relacionadas com o
poder judicial, que também serviram como promo para as desenvolverem mais à
frente.

Denote-se então que os três canais começaram os seus telejornais de


maneiras diferentes, não só com notícias muito distintas, como também com
géneros jornalísticos diferentes. A RTP1 e a TVI avançaram com notícias
exclusivas das suas redações. A aposta em conteúdo próprio logo na abertura do
telejornal mostra ao público que o jornalismo do canal tem qualidade e consegue
prender a audiência durante uma hora (ou mais).

Alinhamento Noticioso
Já vimos que as notícias de abertura dos três canais foram diferentes em
vários aspetos. Agora vamos analisar o restante alinhamento.

Após os dois destaques iniciais, passa uma promo no ‘Telejornal’ da


RTP1 e passamos a ter um alinhamento mais ordenado. Passa-se pela editoria de
Política, depois Saúde, Sociedade e Local. Aqui assistimos a notícias sobre o
desconfinamento, os concelhos que não avançam, o paradigma atual da pandemia
no nosso país, etc.

Depois de uma promo, passa-se para o tema de Economia e de seguida


Justiça e Crime. Aqui trata-se da apresentação da apelidada “Bazuca Europeia”
ao presidente da República e de mais informações sobre o caso BES, que envolve
o antigo banqueiro, Ricardo Salgado. Segue-se depois para intervalo.

130
Telejornalismo

A primeira parte do ‘Jornal da Noite’ da SIC toca em todas as editorias


que a RTP1 abordou também, no entanto possui uma ordem diferente no
alinhamento. Parte de uma notícia de economia, como já vimos, depois segue
para uma vertente mais nacional e de sociedade, que culmina na editoria de
Saúde. Quando passa a primeira promo, muda-se para Justiça e Crime. Cinco
minutos depois, passa-se para Desporto e, antes do intervalo, assistimos ainda a
notícias de Internacional, como o tiroteio nos EUA – algo que não vemos na
primeira parte do telejornal público.

Na RTP1 não há menção aos jogos da Liga Europa nem à antevisão do


jogo entre Benfica e Gil Vicente, na editoria desportiva. Já em Justiça e Crime,
não se fala do caso de Conceição Cabrita, nem das moradas falsas de nove
deputados. Na parte de Saúde, denote-se que também não abordou as
negociações entre a Câmara de Cascais e o governo russo para o enchimento da
vacina Sputnik V. Em sentido oposto, a SIC não abordou o caso do juiz Rui
Fonseca, nem da possível toma de uma terceira dose da vacina da Pfizer,
equacionada pelo ministério da saúde.

Passando à TVI, vemos que existe inicialmente uma maior aproximação à


RTP1, ao começar com política e avançar com saúde, sociedade e notícias
nacionais e a culminar com economia. Com essa ordem, vemos que existe um
grande número de notícias, que acaba por juntar o que se abordou no ‘Telejornal’
e no ‘Jornal da Noite’. Ao contrário da SIC, percebe-se que a TVI apostou em
segmentar mais as peças e reportagens. Enquanto que a SIC numa peça aborda
diversos temas, a quatro preferiu dividi-los.

Depois dos intervalos, seguimos para a segunda parte. A RTP1 aposta


numa reportagem sobre os “bastidores” do plano de vacinação contra a Covid-19
para recuperar a audiência perdida durante o espaço publicitário. Passa depois
para as notícias internacionais, em que dá destaque à situação em Cabo Delgado
– algo que apenas se viu no canal público. Por fim, termina com uma notícia
mais leve, local, sobre os golfinhos no estuário do Tejo.

131
Televisão I 2020/2021

Na SIC retoma-se a temática internacional, atribuindo-se um destaque aos


preparativos para o funeral do príncipe Filipe. Depois passa-se para reportagens
mais largadas: o excerto do documentário sobre os náufragos no Pacífico e a
reportagem da rubrica “Roteiro do desconfinamento”, com um caráter mais
Lifestyle.

A segunda parte do ‘Jornal da Noite’ está repleta de reportagens mais


leves, de temas menos importantes para a opinião pública. Veja-se ainda a aposta
em temas de sociedade, como a rubrica “Eu e a Pandemia”, e, por fim, em cultura
(podemos contabilizar ainda a meteorologia).

Foram bastante dissemelhantes estes segundos momentos dos telejornais


da RTP1 e SIC, sendo que a estação privada ficou muito aquém quanto ao valor-
notícia depois do intervalo. Se por um lado o canal público não abordou os
preparativos para o funeral do falecido marido da monarca britânica, por outro a
SIC não apresentou nada sobre a situação em Moçambique, a tensão entre os
Estados Unidos e a Rússia e o levantamento de algumas restrições de mobilidade
internacional entre Portugal e países como o Reino Unido e o Brasil. Há que
referir também que a estação de Paço de Arcos foi a única que durante a noite
não avançou com nenhuma notícia exclusiva, ao contrário das suas concorrentes
– apenas uma fonte privilegiada numa reportagem.

Já no canal de Queluz de Baixo, depois do intervalo muito aconteceu


durante o telejornal. A começar com a editoria Justiça e Crime, seguiu-se para as
noticiais internacionais e depois para a cultura. Ainda houve tempo para uma
notícias mais leves de sociedade, sobre o Zoo de Lisboa. Depois, foi a vez de
assistir à rubrica de fact-checking do canal, em parceria com o Observador, a
“Hora da Verdade”, conduzida por Pedro Benevides.

Quando este espaço termina, passa-se para as notícias de desporto, que


estão a cargo de outro pivot também: João Pedro Rodrigues. Para finalizar,
mostrou-se uma reportagem mais leve, com sugestões turísticas, enquadrada no
âmbito da editoria de Lifestyle. Aqui houve um padrão entre os três canais, uma
vez que todos eles fecharam o noticiário com notícias menos importantes.
132
Telejornalismo

Géneros Jornalísticos

26
25

17

13
12
11 11
9
8
7
6 6
5
4
0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2
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G

RTP1 SIC TVI

Como já era de esperar, o género jornalístico mais frequente é o off de


pivot, até porque este é responsável por lançar praticamente todos os outros
géneros. Tal como foi dito no enquadramento teórico deste estudo, todas as peças
e reportagens são antecedidas pelo pivot do telejornal, que as apresenta
brevemente.

A RTP1, tendo um telejornal mais curto, era de esperar que fosse o canal
com menos offs de pivot, o que se confirma, tal como se pode ver no gráfico (17
offs de pivot). A SIC e a TVI possuem quase o mesmo número deste género, até
porque a duração dos seus telejornais é semelhante. No entanto, não deixa de ser
curioso que a estação de Queluz de Baixo, tendo mais notícias e um tempo útil
relativamente maior, contém menos offs de pivot que a SIC (TVI tem 25,
enquanto que a SIC tem 26).

Este fenómeno dever-se-á ao facto de o ‘Jornal das 8’ ter uma aposta


significativa em breves/off, o que confere dinamismo ao telejornal e consegue
dar a notícia mais rapidamente, sem recorrer aos clássicos “off de pivot + peça”
ou “off de pivot + reportagem”. A TVI usou por sete vezes este género

133
Televisão I 2020/2021

jornalístico, enquanto que a RTP apenas utilizou-o em quatro ocasiões e a SIC


ficou-se por três.

Concentrando agora a atenção nas reportagens, podemos dizer que foi o


canal de Paço de Arcos que mais esteve no terreno. Ao longo do ‘Jornal da
Noite’ pudemos assistir a 13 reportagens. A TVI não ficou muito longe, com 12 e
a RTP passou 9 na sua antena, o que tendo em conta a proporção do seu tamanho
para as concorrentes, é um número significativo – ou não fosse também a estação
portuguesa com mais jornalistas, delegações e correspondentes. Destaque para a
reportagem sobre o trabalho do grupo responsável pelo plano de vacinação
nacional e a viagem das vacinas desde que chegam a Portugal até serem
administradas.

Mas estes valores querem dizer que a SIC fez um trabalho de campo mais
intensivo? Não necessariamente. Isso não é algo fácil de se medir, mas podemos
apontar que várias reportagens do canal do grupo IMPRESA tinham também
uma forte componente de imagens de arquivo e/ou agências noticiosas. Veja-se o
exemplo da reportagem que mostrou Conceição Cabrita a sair do tribunal. As
imagens no local foram escassas, em comparação com o que se usou
posteriormente, como fotografias e imagens de arquivo.

As peças trazem um empate entre as duas estações privadas (11). Contudo,


a sua distribuição ao longo do telejornal não é igual. A TVI tem o alinhamento
mais variado, já a SIC concentra um grande número de peças na primeira parte e
deixa a segunda reservada a mais reportagens. A RTP1 apresentou 8 peças, quase
tanto como as reportagens que colocou no ar (9).

Quanto aos diretos, o primeiro canal foi aquele que mais utilizou o género.
Durante o ‘Telejornal’ foi possível ver um direto com a jornalista Filipa Dias
Mendes desde o Bairro Alto, em Lisboa, e outro desde Moçambique com a
enviada especial da estação pública, Cândida Pinto. A SIC e a TVI usaram
apenas uma vez o direto, sendo que o terceiro canal foi desde Paço de Arcos até
Windsor, no Reino Unido, devido aos preparativos para o funeral do príncipe
Filipe, e a quatro foi de Queluz de Baixo até Beja para falar com o proprietário
134
Telejornalismo

de um restaurante da cidade, uma vez que esta vai avançar no plano de


desconfinamento, depois da retificação de um erro da DGS.

Ao longo dos telejornais assistimos também a diversas promos, para dar


ritmo e demarcar temáticas/editorias, tal como vimos anteriormente. Tanto a SIC
como a TVI apresentaram 6 promos. No entanto, as breves/offs utilizadas na
abertura do telejornal da estação do grupo Media Capital tiveram um caráter
promocional também, uma vez que foram abordados mais à frente. Pudemos
assistir também, no início da segunda parte, uma sequência de 3 promos que
lançaram o ‘Jornal das 8’ depois do intervalo. A SIC apenas começou a utilizar
as promos a partir das 20:25, aparecendo depois uma de 5 em 5 minutos até ao
fim da primeira parte. Na segunda, viu-se algumas mais longas que faziam
referência a grandes reportagens ou programas do canal que irão estrear na
semana seguinte.

A RTP1 não ficou muito atrás das suas concorrentes, sendo que
apresentou 5 promos. Onde se destacou nas estações privadas foi no uso de um
boca/trimming, em que foi possível ouvir declarações do vice-almirante Gouveia
e Melo sobre novidades no plano de vacinação – notícia de abertura.

O canal do grupo IMPRESA foi também o único a apresentar uma grande


reportagem, no entanto é necessário referir que esta não era da sua autoria. O que
foi para o ar não passava de um excerto do programa “60 Minutes” da estação
norte-americana CBS, em que se ouvia uma dobragem portuguesa, feita por um
jornalista da SIC.

Os restantes géneros jornalísticos não tiveram tempo de antena no horário


nobre dos canais generalistas no dia 16 de abril de 2021. As entrevistas
costumam ser bastante esporádicas nos telejornais portugueses e os debates são
praticamente inexistentes dentro destes. Os espaços de comentário são mais
usuais, mas só ao fim de semana.

135
Televisão I 2020/2021

Editorias

9
5

15
6 8 7 TVI
7 10 SIC
RTP1
6 3
3 8 6 2
1 1 6 3 1 1
4 3
2 2 2 1 1 2 2 1
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A editoria com mais peso na terceira sexta-feira do mês de abril foi a


Internacional. Este resultado explica-se por não haver nenhuma notícia do dia
com grande peso dentro de fronteiras – algo que já verificámos com a análise às
notícias de abertura. Não havendo muitas notícias dentro do nosso território, deu-
se espaço à atualidade lá fora, que como vimos no enquadramento teórico, é
facilmente penalizada quando existe uma grande abundância de notícias
nacionais.

A TVI foi o canal que mais notícias passou desta editoria (9), seguida da
SIC (7) e da RTP (6). Os principais acontecimentos além-fronteiras que tiveram
destaque foram os preparativos para o funeral do príncipe Filipe, um tiroteio nos
Estados Unidos, o abate de um adolescente latino em Chicago, a tensão entre a
Rússia e os EUA, a situação dramática dos hospitais brasileiros e a crise
humanitária em Moçambique.

A segunda editoria com mais aparições nos telejornais generalistas foi a de


Justiça e Crime. O ‘Jornal das 8’ foi o grande responsável por isto, uma vez que
três em cada quatro notícias desta editoria foram da autoria do canal de Queluz
de Baixo (15). Uma grande parte desse número diz respeito à notícia exclusiva

136
Telejornalismo

avançada pela TVI sobre o perdão de dívida a Vale e Azevedo, assim como a
detenção do juiz Rui Fonseca.

Saúde surge em terceiro, algo que não surpreende, uma vez que
continuamos a viver uma pandemia à escala global. É a RTP1 que nos traz mais
notícias desta editoria (8), sendo esta também a “cara” do seu telejornal de dia
16/4/2021. Repasse que a estação pública avançou com uma notícia exclusiva
sobre alterações no plano de vacinação, assim como mostrou uma reportagem
acerca do caminho das vacinas contra a Covid-19 até aos postos médicos. Os
canais privados não ficaram muito atrás, sendo que a SIC contribuiu com 6
notícias para esta editoria e a TVI com 5.

Segue-se na lista a editoria de Sociedade. Mais uma vez, é na quatro que


reside o maior número de notícias (X). A RTP vem logo a seguir com 4 e a SIC
com 3. O facto de o canal de Paço de Arcos ter um número mais reduzido nesta
editoria explica-se também devido à linha ténue entre “Nacional” e “Sociedade”,
sendo que muitas vezes os jornalistas da SIC acabavam por dar uma abordagem
distinta dos outros canais às suas reportagens.

É precisamente “Nacional” que se segue na contagem e é a SIC quem


lidera esta editoria (6). A TVI fica em segundo (X) e a RTP1 em terceiro (1).
Depois vem o desporto e, naquela sexta-feira, houve um grande destaque nesta
editoria: Telma Monteiro sagrou-se campeã europeia de judo na categoria de
-57kg. Esta notícia foi transversal a todos os canais generalistas, sendo a única
desta editoria na RTP1. A SIC marcou 3 notícias desportivas, enquanto que a
TVI se destacou com (X). O próprio ‘Jornal das 8’ teve um espaço dedicado ao
segmento desportivo, que foi apresentado por um outro pivot, João Pedro
Rodrigues.

Segue-se a editoria de política, que não teve muita matéria noticiosa nesta
sexta-feira. O canal com maior enfoque em notícias desta temática foi a TVI (X),
sendo que a apresentação do PRR foi tratada mais dentro do âmbito político do
que económico, ao contrário dos outros canais. A RTP1 ficou-se pelas duas
notícias e a SIC por uma.
137
Televisão I 2020/2021

O primeiro e terceiro canal marcaram o mesmo resultado dentro da secção


de economia. A TVI, por sua vez, não contribuiu para esta editoria. Isto volta a
acontecer com a editoria Local (RTP1 – 1; SIC – 2; TVI – 0).

Já em Cultura, uma temática deixada para trás em Portugal, a SIC registou


3 notícias e a TVI X, enquanto que a RTP1 não teve nenhuma. A reabertura das
salas de espetáculo é o principal destaque dentro da editoria nesta noite.

Com um número mais residual de notícias ficaram Lifestyle e Outras. As


estações privadas apresentaram reportagens com uma temática mais Lifestyle,
com dicas turísticas e de modos de vida. A SIC contribuiu com duas notícias e a
TVI com uma. Já em Outras, apenas a SIC teve um conteúdo dedicado: a
previsão do estado do tempo para o dia seguinte.

Educação e Religião não tiveram qualquer notícia a figurar nos três


telejornais generalistas portugueses.

Fontes de Informação

51

31 31 32

25

12

Fontes Oficiais Fontes Não Oficiais

RTP1 SIC TVI

Quanto a fontes de informação, o canal que mais as registou no dia 16/4


foi a SIC. O ‘Jornal da Noite’ teve 51 fontes oficiais – um número relativamente

138
Telejornalismo

alto em comparação com os seus concorrentes. O ‘Telejornal’ da RTP1 teve


menos 20 fontes oficiais (31) e a TVI contou apenas com 25.

Relativamente às fontes não oficiais, o canal de Paço de Arcos voltou a


liderar, tendo 32 fontes. Contudo, a RTP1 teve quase o mesmo número (31). A
TVI é que apresenta uma grande discrepância para com os outros canais, uma vez
que registou apenas 12 fontes não oficiais,

Observando o gráfico, é percetível que as fontes oficiais tiveram uma


maior preferência sobre as não oficiais, o que é normal, tal como vimos na parte
teórica deste estudo. Uma fonte com maior reputação é mais credível para o
telespectador, o que reforça a confiança deste no canal.

O único canal que não apresenta uma preferência clara pelas fontes
oficiais é a RTP1, que no seu ‘Telejornal’ teve o mesmo número de oficiais e não
oficiais (31). Um grande número das fontes oficiais são presidentes das câmaras
municipais dos concelhos que marcaram passo ou recuaram no plano de
desconfinamento. Por outro lado, na RTP1 um grande contributo para fontes não
oficiais foi a reportagem sobre o plano de vacinação contra a Covid-19.

Na SIC os presidentes das autarquias também tiveram um papel


importante. Já quanto a fontes não oficiais, houve um grande número no excerto
da grande reportagem da CSB que exibiram, em que se assistiu a vários relatos
na primeira pessoa.

O canal de Queluz de Baixo foi aquele que menos fontes apresentou ao


longo do seu telejornal. Não que não as tenha, mas não ficaram claras quando
apresentava algumas peças. Deste modo, vemos um número mais baixo de fontes
oficiais e não oficiais no ‘Jornal das 8’.

139
Televisão I 2020/2021

Número de Notícias

Número de Notícias

25 RTP1
33 SIC
TVI

29

Tal como está plasmado no gráfico acima, podemos ver que foi a TVI que
apresentou mais notícias durante o telejornal. No total, o canal de Queluz de
Baixo deu 33 notícias, podendo estas ter sido apresentadas através de breves/offs,
reportagens, peças ou diretos.

A SIC não ficou muito atrás, com 29 notícias partilhadas ao longo de cerca
de uma hora e meia. Repasse que o canal do grupo IMPRESA tem também uma
média de duração das notícias superior à das suas concorrentes. Isso decorre
muitas vezes do facto de se condensar bastante informação na mesma reportagem
ou peça.

A RTP1 ficou-se pelas 25 notícias, um número até ambicioso, tendo em


conta que foi o menor telejornal, com uma duração bem inferior à das
concorrentes. O facto de ser sexta-feira e de ir para o ar o programa de
reportagens de investigação, “Sexta às 9”, conduzido por Sandra Felgueiras, fez
com que fosse necessário agilizar o ‘Telejornal’.

140
Telejornalismo

Tempo útil dos telejornais

Tempo Útil (Minutos)

55
RTP1
85 SIC
TVI

81

Comparando o tempo útil dos telejornais, tal como já tínhamos concluído,


o ‘Jornal das 8’ foi aquele que mais se prolongou, com a duração de 85 minutos.
Pouco atrás está o ‘Jornal da Noite’, que apenas teve menos quatro minutos que o
seu concorrente privado. A ‘Telejornal’ da RTP1, por sua vez, nem uma hora
esteve no ar, apenas 55 minutos serviram para dar 25 notícias.

A duração dos telejornais está a par com o número de notícias que cada
um apresentou. A TVI, sendo o canal com o noticiário mais longo, foi também
aquele que mais notícias divulgou. Segue-se a SIC e a RTP1 e a lógica mantém-
se. É intuitivo perceber que quanto mais tempo houver, mais espaço na grelha
terão os jornalistas para publicar o seu trabalho.

Tempo médio das notícias

Tempo Médio das Notícias (Minutos)

RTP1 2'07

SIC 2'03

TVI 1'45

141
Televisão I 2020/2021

Procuramos encontrar a média aritmética do tempo que cada notícia


demorou a ser dada nos diferentes telejornais. Isto envolve as reportagens, peças,
breves/offs, bocas/Trimmings, diretos, grandes reportagens e, eventualmente,
algum off de pivot, caso tenha sido este o único género jornalístico usado para
informar o telespectador.

A TVI foi o canal que teve as notícias mais curtas, com uma média de 1
minuto e 39 segundos. Isto deve-se ao facto de haver várias breves/offs no
‘Jornal das 8’, que é uma forma de divulgar mais rapidamente as informações.
Não existem também peças, diretos, ou reportagens que tenham uma duração
muito longa. Curiosamente, a notícia mais longa acaba por ser a breve/off que
abriu o telejornal, o que se explica por ser um exclusivo da redação do canal.

Tendo em conta a forma rápida como eram dadas as notícias na TVI, não é
de admirar que tenha sido o canal que mais noticiou na noite de sexta-feira, dia
16 de abril. Há que referir que a rubrica “Hora da Verdade” não foi contabilizada
nestes cálculos. Sabendo que esta durou sensivelmente 16 minutos e meio, o
tempo útil do telejornal acaba por ser menor, o que torna notável a forma como a
estação de Queluz de Baixo conseguiu noticiar tanto. O segredo foi ter peças e
reportagens não muito longas, o que pode dinamizar o noticiário, captando mais
facilmente a audiência.

O tempo médio das notícias na RTP1 foi de 1 minuto e 51 segundos, o que


deixa o canal público no meio das privadas. Os tempos das reportagens e peças
são relativamente semelhantes, oscilando entre um ou dois minutos. A
reportagem acerca do plano de vacinação e do percurso que as vacinas fazem até
chegarem aos enfermeiros para as administrar foi a que mais contribuiu para
elevar a média, uma vez que teve uma duração de 6 minutos e 34 segundos.

Ao contrário destes dois casos que já analisámos, a SIC optou por uma
estratégia diferente nesta sexta-feira: reportagens de longa duração. O ‘Jornal da

142
Telejornalismo

Noite’ apresenta conteúdos mais demorados, sendo que também condensa


bastante informação nestes. O excerto da grande reportagem “60 minutos”, mais
a rubrica “Roteiro do desconfinamento” e “Eu e a Pandemia” foram os principais
responsáveis pelo facto da média aritmética da duração das notícias neste
telejornal ser de 2 minutos e 28 segundos.

Esta abordagem mais demorada está plasmada principalmente na segunda


parte do telejornal da estação de Paço de Arcos, que reuniu todas as rubricas e
que possui um menor valor-notícia. Esta longa duração está também relacionada
com o fator entretenimento do telejornal, o que torna o noticiário mais atrativo.

Não há uma estratégia que esteja certa e outra errada, ambas agradam a
segmentos diferentes de público. Ter conteúdos mais curtos permite noticiar
mais. Ter conteúdos mais longos permite aprofundar e desenvolver melhor um
tema. É também bastante útil quando é necessário preencher o alinhamento em
dias com poucos acontecimentos – como esta sexta-feira.

Tempo médio dos offs de pivot

Tempo Médio dos Offs de Pivot

RTP1 15’’

SIC 13’’

TVI 23’’

Como já vimos, os offs de pivot têm também uma grande importância nos
telejornais, algo que até vem a crescer nos últimos anos. O tempo médio em que
ouvimos o pivot a lançar as notícias diz-nos muito sobre a forma de fazer
telejornalismo das cadeias televisivas e do próprio jornalista.

Rodrigo Guedes de Carvalho foi aquele que mais rapidamente lançou as


reportagens e peças. Muitas vezes o off de pivot não passava dos 6 segundos.
Tendo em conta a longa duração das reportagens que a SIC exibiu, mais o facto

143
Televisão I 2020/2021

de não tratarem temas muito complexos, o trabalho do apresentador do telejornal


torna-se mais reduzido.

José Alberto Carvalho, por sua vez, demorou em média mais 10 segundos
que o pivot da SIC a lançar as notícias. A abordagem mais demorada do rosto da
TVI pode explicar-se pela necessidade de complementar as peças e reportagens,
uma vez que são mais curtas que as da concorrência. Vê-se aqui um equilíbrio
entre a duração das notícias e dos offs. O facto de termos o pivot mais tempo no
ecrã está também relacionado com novas ordens do telejornalismo, que
promovem a espetacularidade.

A estação pública, mais uma vez, encontra-se no meio dos canais


privados, equilibrando as duas estratégias distintas. 15 segundos é quanto
demora, em média, José Rodrigues dos Santos a lançar uma notícia no
‘Telejornal’ de 16/4.

Duração do intervalo

Intervalo (Minutos)

6
RTP1
10 SIC
TVI

13

Os momentos comerciais que dividem os telejornais, como já observámos


anteriormente, têm uma importância fulcral no desenvolvimento de um bom
jornalismo. Uma vez que através da publicidade é possível financiar o trabalho
dos jornalistas, um intervalo longo não é algo negativo.
144
Telejornalismo

A RTP1, sendo uma empresa estatal, não depende exclusivamente dos


lucros provenientes destes espaços publicitários. Deste modo, é o canal que tem o
intervalo mais curto, com apenas 6 minutos.

Segue-se a TVI com um intervalo de 10 minutos. Não muito longe está a


SIC com 13 minutos, ou seja, é o canal com o maior momento publicitário.
Como ambas as estações são privadas, estes momentos são muito importantes. O
facto da estação de Paço de Arcos ter um espaço comercial com um grande
número de empresas a publicitarem-se é explicado pelas audiências e pela crença,
por parte das gestores, de que é o canal mais vantajoso para divulgarem a sua
marca.

Audiência dos Telejornais

21.6%

18.2%
17.5%

Audiência (Share %)

RTP1 SIC TVI

Estes são os dados audiométricos recolhidos pela CAEM/GFK no dia 16


de abril de 2021. O ‘Jornal da Noite’ foi o telejornal predileto dos portugueses
(21,6% de share), com uma audiência substancialmente superior à da
concorrência. Já desde 2019 que esta tendência se tem mantido. O ‘Jornal das 8’
da TVI ficou em segundo lugar, com 18,2% de share, pouco mais que a RTP1
com o ‘Telejornal’, que arrecadou 17,5% de share.

145
Televisão I 2020/2021

Esta informação é bastante relevante, principalmente para as empresas,


uma vez que têm de decidir qual o melhor meio para passar a sua mensagem.
Tendo em conta estes dados, esse seria a SIC, por penetrar numa maior fatia do
mercado. Contudo, isto depende bastante do target das marcas e dos seus
objetivos.

Assim sendo, é normal que o intervalo do canal do grupo IMPRESA tenha


uma maior duração, uma vez que tem mais clientes.

146
Telejornalismo

CONCLUSÃO

Da análise dos três telejornais principais dos três canais generalistas


portugueses foi possível, numa ótica comparativa, perceber que, ainda que cada
uma tenha diferenças que as distinga umas das outras, o método é, ainda assim,
muito consensual. Este consenso reflete-se nas regras do alinhamento noticioso e
da própria linguagem.

Porém, é possível estabelecer e definir alguns traços exclusivos de cada


um dos noticiários. Partindo, por exemplo, da notícia de abertura conseguimos
perceber, pelo menos nesta sexta-feira, dia 16 de abril, que, na ausência de uma
notícia de grande impacto na atualidade noticiosa do país, quer a RTP, quer a
TVI, optam por uma notícia exclusiva, quase compensando a ausência de um
grande acontecimento com uma peça que, ainda que menos relevante na
atualidade do país, contém em si o impacto da exclusividade. A SIC, por sua vez,
optou, pela ausência quer de um exclusivo, quer de uma notícia de grande
impacto, por noticiar o Plano de Recuperação e Resiliência na abertura do
noticiário, tema, ainda que noticiado em todos os telejornais, secundarizado, pelo
menos pela posição na grelha, pelas duas estações na hierarquia noticiosa do dia.

Também a abordagem na apresentação das notícias teve distinções entre


os três canais, embora todos tenham privilegiado o método clássico de utilizar
um off de pivot no lançamento de cada notícia. Cada um dos canais teve uma
gestão diferente do uso de promos noticiosas. E desta diferença, o destaque recai
para a TVI que, embora tenha as mesmas seis promos que a SIC, possui uma
parte (curta, evidentemente) dedicada, exclusivamente a promos e, nesse período,
faz três promos e volta para intervalo publicitário, que antecede a terceira parte
do noticiário.

Quer a SIC, quer a TVI possuem intervalos relativamente longos (iguais


ou superiores a dez minutos), ainda mais quando comparados com o Telejornal
da RTP (6 minutos de intervalo) que possuiu um intervalo com menos quatro

147
Televisão I 2020/2021

minutos que o da estação de Queluz de Baixo e menos oito minutos que o da


estação de Paço de Arcos.

Ao nível das opções editoriais, o destaque recair, novamente, sobre a TVI


que quer na editoria de desporto, quer na editoria de justiça e crime apresenta
valores muito mais altos do que os outros dois canais. No desporto, o destaque
prova-se pela mudança de pivot e pela existência de uma quase rubrica
totalmente dedicada à atualidade desportiva. Ainda assim, o número de
acontecimentos desportivos noticiados foi similar. No caso da justiça e crime, são
variadas, e muitas mais do que nas outras estações, as situações, ao longo do
noticiário, em que a editoria da justiça e crime é responsável pela notícia. Como
já referido, a falta de grandes acontecimentos em território nacional levou a um
noticiar incomum de notícias do panorama internacional.

Toda a base teórica, resultante de longa pesquisa e leitura de bibliografia


relacionada, não só permitiu uma muito melhor compreensão da realidade
jornalística, na qual, evidentemente, se inclui a telejornalística e a análise prática
e comparativa da realidade do telejornalismo produzido em Portugal permitiu
confirmar e analisar os conhecimentos absorvidos pela análise teórica e recolha
bibliográfica. Em suma, cada um, com as suas diferentes nuances, faz por
respeitar as normas do jornalismo televisivo e prezam pela isenção, credibilidade
e qualidade do jornalismo.

148
Telejornalismo

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