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Curso de Especialização em Processos

de Gestão na Atenção à Saúde

MÓDULO I – ATENÇÃO À SAÚDE

UNIDADE DIDÁTICA – VIGILÂNCIA À SAÚDE -


ARBOVIROSES

MANUAL

2018

1
COORDENAÇÃO GERAL

Anamaria Cavalcante e Silva

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Rita Erotildes Maranhão Mariano

Kílvia Maria Albuquerque

EQUIPE PEDAGÓGICA

Anamaria Cavalcante e Silva


Rita Erotildes Maranhão Mariano
Kílvia Maria Albuquerque
Maria Ivanília Tavares Timbó
Nancy Maria Maia Pinheiro

EQUIPE DE FACILITADORES DA UNIDADE

Osmar José do Nascimento


Eduardo Amendola Ribeiro
Francisco Atualpa Soares Junior
Nélio Batista Moraes
Kilma Wanderley Lopes Gomes
Carlos Alberto dos Santos Barbosa

PROMOÇÃO
Centro de Educação Permanente em Gestão da Saúde da ESP-CE
Coordenadoria de Políticas e Organização das Redes de Atenção à Saúde - COPAS-
SMS-FORTALEZA

Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde - COGETS-SMS-


FORTALEZA

2
INTRODUÇÃO

A Unidade Didática irá trabalhar o processo de elaboração do Plano de Contingência


para contenção de processos epidêmicos de arboviroses nas Unidades de Atenção
Primária em Saúde. Para construção do plano as unidades devem contemplar ações
da vigilância epidemiológica, vigilância entomológica e controle vetorial, ações de
comunicação, mobilização e publicidade e assistência (atenção básica e atendimento
de média e alta complexidade).

Em linhas gerais, a situação epidemiológica das arboviroses no Município de Fortaleza


é a seguinte:

DENGUE

A população de Fortaleza vem sendo exposta a dengue desde o ano de 1986 quando
foi introduzido o vírus DENV1, único sorotipo circulante até 1993. No ano de 1994 foi
introduzido o DENV2 sendo responsável pela primeira grande epidemia no município.
Em 2002 foi isolado o DENV3, no ano de 2008 foi reintroduzido o sorotipo DENV2, em
2010-2011 o DENV1 e no ano de 2012 a introdução do DENV4, promovendo a maior
epidemia registrada em Fortaleza. Nos anos de 2013 o sorotipo predominante foi o
DENV4 e no período 2014-2018 o DENV1.

A introdução e reintrodução de diferentes sorotipos do vírus da dengue em Fortaleza


produziram condições favoráveis à transmissão da doença que, em linhas gerais,
manifesta as características epidemiológicas registradas na figura 1.

Para efeito de comentários a série histórica representada na figura 1 está


organizada em quatro períodos distintos, conforme o número de casos, a taxa de
incidência registrada, o sorotipo, o registro de formas graves da doença e óbitos,
conforme segue:

a) 1986 a 1993 – introdução e circulação do vírus DENV1 (único sorotipo isolado


no período) com incidências variando de baixas a moderadas (destaque para
1986, 1990 e 1991). No período (08 anos) foram contabilizados 4,0% (12.062)
de todos os casos de dengue registrados no município. Não houve notificação
de caso grave nem de óbito;

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b) 1994 a 1996 – introdução do vírus DENV2 no ano de 1994 registrando a
primeira grande epidemia da dengue em Fortaleza, os primeiros casos graves
(21) e os primeiros óbitos (09). No triênio ocorreram 28.353 casos, número que
representa 9,4% de todos os registros contabilizados em Fortaleza, sendo que
99,9% foram registrados em 1994. Nos dois anos seguintes (1995 e 1996)
registrou-se baixa ocorrência da doença;
c) 1997 a 2007 - o ano de 1997 marca o início de um período de tendência
ascendente dos casos da dengue, com registros de picos epidêmicos anuais
elevados a partir de 1999, com incidência variando de 333,7 (1999) a 661,0
(2007) casos/100.000 habitantes; exceto em 2002 e 2004. Nesses onze anos
foram contabilizados 86.959 casos da doença (28,8% de todos os casos
registrados na história da dengue no município), dos quais 795 foram formas
graves, sendo que 53 evoluíram para óbito (21,7% de todos os óbitos
registrados no município). No ano de 2003 foi registrada a introdução do
DENV3.
d) 2008 a 2016 – pode ser considerado o período das grandes epidemias da
dengue no município de Fortaleza. Nesses oito anos foram registrados 174.641
casos de dengue (57,8% de todos os registros do município), sendo 1.401
formas graves (63,2% de todas as formas graves registradas), das quais 173
evoluíram para óbito (70,9% de todos os óbitos). No período observa-se o
seguinte comportamento epidemiológico: epidemias nos anos de 2008, 2011-
2012 e 2015 (figura 2) e anos não epidêmicos em 2009-2010 e 2013-1014
(figura 3). O ano de 2016 registrou taxa de incidência anual de 839,4
casos/100.000 habitantes, mas apenas 03 semanas epidêmicas (figura 4). Esse
cenário é atípico para anos epidêmicos no Município de Fortaleza que, em geral,
tem registrado uma média de 10,5 semanas epidêmicas.

CHIKUNGUNYA

Os primeiros casos de Chikungunya em residentes no Município de Fortaleza


foram registrados no ano de 2014. Na época as investigações evidenciaram tratar-se
de casos importados, considerando que os pacientes haviam viajado para áreas com
circulação do vírus CHIK. Os primeiros casos autóctones foram confirmados somente
em dezembro de 2015. No período de 2014 a 2018 foram confirmados 83.632 casos de

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Febre de Chikungunya, sendo 81.094 (97,0%) de residentes em Fortaleza e 2.538
(3,0%) de outros municípios. A figura 2 registra a distribuição temporal das notificações
e casos confirmados de chikungunya no período em questão.

No ano de 2018 foram notificados no Sinan registra 1.434 suspeitas de


Chikungunya, sendo 177 de residentes em outros municípios e 1.257 em Fortaleza.
Dos residentes no Município de Fortaleza 497 (39,5%) foram confirmadas, 719 (57,2%)
descartadas e 41 (3,3%)
ainda estão sendo investigadas. A Taxa de Incidência (TI) acumulada até a 41ª
semana epidemiológica é de 18,9 casos por 100 mil habitantes

ZIKA VÍRUS

No biênio 2015 - 2016 foram notificadas 3.493 suspeitas de zika, sendo 38 em 2015 e
3.455 no ano 2016. Após as devidas investigações foram confirmados 20 casos no ano
de 2015 e 1.328 em 2016, totalizando 1.348 casos confirmados. No ano de 2017, até a
9ª semana epidemiológica foram 25 notificações de zika com 02 confirmações. A figura
7 mostra a distribuição temporal dos casos confirmados de zika segundo a semana
epidemiológica dos primeiros sintomas, no período compreendido entre a 14ª semana
de 2015 e a 5ª semana de 2017. Considerando os registros de 2017 observa-se
redução de casos em relação ao mesmo período de 2016.

1. Objetivo geral

Elaborar um Plano de contingencia das Arboviroses no contexto das Unidades de


Atenção Primária à Saúde.

1.1 Objetivos específicos

 Realizar diagnostico situacional sobre arboviroses no território da UAPS;


 Conhecer as vulnerabilidades do território para proliferação do Aedes aegypti
(áreas de risco);
 Identificar o processo de organização dos serviços de saúde no âmbito das
Unidades de Atenção Primária à Saúde
 Identificar os componentes prioritários para o plano de contingência;

5
2 Roteiro para elaboração do Plano de contingência para enfrentamento das
arboviroses.
Como fazer?
 Acessando os dados disponível no Sistema de Monitoramento Diário de Agravo
–SIMDA, Ferramenta da SMS-Fortaleza, a fim de elaborar a série histórica dos
casos de arboviroses do seu território (Tempo, Pessoa, Lugar);
 Fazendo interlocução com a equipe de vigilância e controle do Aedes aegypti
para acessar os dados relativo a infestação predial no território, bem como
conhecer as ações de campo;
 Fazendo interlocução com a equipe do núcleo de Educação em Saúde e
Mobilização Social – NESMS do seu território, a fim apropriar da dinâmica de
trabalho;
 Agendando reunião com representante das unidades presentes no território para
otimização e manejo dos casos de arboviroses;
 Reunião com equipes das UAPS para construção do plano de ação de
enfrentamento das arboviroses;

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3 ESTUDO DE CASO

Plano de Resposta às Arboviroses no território de uma UAPS.


O que fazer nessa situação?

No final do primeiro semestre de 2018, durante as reuniões semanais da equipe de


vigilância epidemiológica do município de Algarve, passou a circular o relato de
pacientes que apresentavam queixas de muita coceira, manchas no corpo, com ou
sem febre; sintomas que desapareciam sem tratamento em quatro a cinco dias. Zika
vírus tinha chegado com força. Desde o segundo semestre do ano anterior já vinha
sendo notificado casos importados de febre chikungunya e os primeiros casos locais
foram notificados ainda no segundo semestre de 2018.

Dengue, chikungunya e zika estão no cardápio epidemiológico de Algarve.

A experiência anterior dos gestores das UAPS na elaboração dos planos de


contingência para contenção de possíveis epidemias de dengue já não era suficiente
diante da nova realidade. Novos desafios foram colocados para os gestores das UAPS:
preparar a equipe para enfrentamento de epidemias explosivas causadas por vírus
diferentes, melhorar a capacidade de diagnóstico diferencial, ajustar protocolos de
atendimento e condutas, ampliar a parceria com a equipe responsável pelas ações de
vigilância e controle vetorial, entre outros, passaram a fazer parte de suas rotinas.

A Coordenadoria de Vigilância em Saúde do município resolveu atualizar o Plano de


Contingência para enfrentamento de Epidemia por Dengue incluindo ações
assistenciais e de vigilância epidemiológica pertinentes a chikungunya e a zika. Mas
foram ações pensadas para o município como um todo, não atendendo as
particularidades do território de cada unidade de saúde. Seguindo as orientações do
plano de contingência municipal, cada UAPS deveria elaborar Planos de Respostas as
arboviroses de acordo com a realidade do seu território.

Diante do novo cenário epidemiológico do município, quais informações os gestores


das UAPS deveriam ter para elaborar o Plano de Contingência para enfrentamento de
Epidemia por Arboviroses compatível com as particularidades de cada território?

O que a Dra Margô, Coordenadora da UAPS Dona Zefina Sampaio precisa saber e
fazer para elaborar um plano de ação do seu território?

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4. ROTEIRO PARA A ATIVIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO

1) Arboviroses: Cada aluno deverá acessar o SIMDA


(http://tc1.sms.fortaleza.ce.gov.br/simda), para construção do diagnóstico
situacional de sua UAPS; o resultado deverá ser compartilhado com todas as
equipes de saúde da família para conhecimento e adoção de medidas necessárias
a implementação do plano de contingência. Apresentar na plataforma o diagnóstico
situacional e o plano de contingência.
2) LIRAa: Cada aluno deverá informar os dados de um bairro da área de sua UAPS
solicitados em matriz disponibilizada na oficina de trabalho (postada na plataforma),
e anexar uma avaliação desses do bairro.
3) Postar na plataforma, até 3 semanas após o encontro presencial da referida
Unidade Temática;

4.0 INSTRUMENTOS: OFICINA DE TRABALHO – VIGILÂNCIA DOS INDICADORES DE


ARBOVIROSES: (atividade de dispersão)

AVALIAÇÃO LOCAL – PRÁTICAS DE TRABALHO

Vigilância dos Indicadores Entomológicos das Arboviroses

LIRAa- Levantamento de índice rápido para Aedes Aegypti

Definição:

O LIRAa trata-se, fundamentalmente, de um método de amostragem que tem como


objetivo principal a obtenção de indicadores entomológicos, de maneira rápida.

Permite a caracterização entomológico sendo um conjunto de informações relativas ao


vetor, tais como sua distribuição geográfica, índices de infestação e depósitos
predominantes. É essencial que essa caracterização seja constantemente atualizada, para
nortear as ações de controle em qualquer cenário (epidêmico e não epidêmico). Tais
informações subsidiarão o desenvolvimento das ações intersetoriais, particularmente
aquelas relacionadas ao abastecimento de água, à coleta de lixo, à comunicação e à
mobilização da população.

UM BAIRRO DO TERRITÓRIO DA UAPS DE ORIGEM:

POPULAÇÃO: N° IMOVEL N° QUADRA N° PONTO


ESTRATÉGICO

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ANO 2071_1 2017_ 2017_3 2017_4 2018_1 2018_2 2018_3 2018_4
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LIRA

Onde encontrar: vigilância ambiental (Supervisor endemia do território)

ÍNDICE DO TIPO DE RECIPIENTE PREDOMINANTE NO TERRITÓRIO

ANO A1 A2 B C D1 D2 E

2017

2018

B) Casos de Arboviroses

AVALIAÇÃO LOCAL – PRÁTICAS DE TRABALHO

Vigilância dos Indicadores de Arboviroses

Definição:

Caso Dengue; Pessoa que viva em área onde se registram casos de dengue, ou que tenha
viajado nos últimos 14 dias para área com ocorrência de transmissão de dengue (ou pre-
sença de A. aegypti). Deve apre-sentar febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e duas ou mais
das se-guintes manifestações: Náusea , Vômitos, Exantema, Mialgias, Artralgia, Cefaleia, Dor
retro-orbital, Petéquias, Prova do laço positiva, Leucopenia

Caso Chikungunya: Paciente com febre de início súbito maior que 38,5oC e artralgia ou
artrite intensa de início agudo, não explicado por outras condições, sendo residente ou tendo
visitado áreas endêmicas ou epidêmicas até duas semanas antes do início dos sintomas, ou
que tenha vínculo epidemiológico com caso importado confirmado.

Caso Zika: Caso suspeito - Pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso
acompanhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: Febre Hiperemia conjuntival
sem secreção e prurido, Poliartralgia e Edema periarticular.

UAPS:

CASOS NOTIFICADOS (Onde encontrar: SIMDA, Fichas de notificação da unidade)

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2017 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Dengue

Zika

Chikungunya

2018 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Dengue

Zika

Chikungunya

5. RECURSOS DE MÍDIA E MATERIAIS NECESSÁRIOS:

Material:
 Computador
 Acesso a internet
 Papel madeira; (quatro folhas por CORES)
 Pincéis atômicos,
 Fita Crepe

OBSERVAÇÃO: O material a ser utilizado durante as aulas será de responsabilidade


de cada Regional.

6. ORIENTAÇÕES PARA A OFICINA DE TRABALHO

1º Momento – Divisão dos participantes em 4 grupos para Feedback do estudo de


caso com discussão do que foi comum e divergente nas respostas buscando o
consenso do grupo, com base nas questões norteadoras. Os grupos deverão
apresentar em plenária o resultado da discussão.
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2º Momento – Exposição dialogada sobre a elaboração de um Plano de contingência
para enfretamento de epidemias por arboviroses no contexto do território das Unidades
de Atenção Primária à Saúde.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias
de dengue / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de
Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Vigilância das Doenças Transmissíveis. Levantamento Rápido de Índices para Aedes
Aegypti (LIRAa) para vigilância entomológica do Aedes aegypti no Brasil: metodologia
para avaliação dos índices de Breteau e Predial e tipo de recipientes / Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

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