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PROGRESSO BILÍNGUE TAQUARAL

Manuela Marzo Antonialli

AQUECIMENTO GLOBAL E
DOENÇAS VETORIAS COM ENFASE
NA DENGUE.

Orientador: Rafael Bartholomeu

Campinas, São Paulo


23/06/2023
INDICE

1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------PAG. 1,2

2. DENGUE-----------------------------------------------------------PAG. 2,3
2.1 DADOS DA DENGUE NO BRASIL --------------------------PAG. 3
2.2 DENGUE E FATORES CLIMATICOS --------------------PAG. 4,5
2.3 DENGUE E FATORES SOCIOAMBIENTAIS--------------PAG. 6

3. CONCLUSÃO-------------------------------------------------------PAG. 7

4. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS -------------------------PAG.8


1. INTRODUÇÃO
As mudanças climáticas globais que estão ocorrendo ao longo dos últimos anos, vem exercendo
uma influência cada vez maior na transmissão de doenças infecciosas, principalmente as
transmitidas por vetores (como a dengue, febre amarela, malária, leishmaniose e
esquistossomose) (BARROSO, 2020). A metodologia utilizada para a pesquisa foi através de
um levantamento de informações bibliográfica de artigos científicos levantados pelo google
acadêmico e sites de dados governamentais como INMET e IMPE utilizando palavras chaves
relacionadas ao tema, como “ Dengue”, “ doenças vetoriais”, “mudanças climáticas” e “mudanças
socio ambientais” para embasar o estudo que tem por objetivo mostrar, através de uma revisão da
literatura as regiões mais afetadas pela dengue e suas mudanças climáticas e sociais e a influência
destes fatores na transmissão da dengue, doença infecciosa que ainda hoje é considerada um
grande problema de saúde pública em todo o planeta (RIBEIRO, 2020) e quais as mudanças
possíveis e necessárias para controlar o aumento de casos de dengue. Foram considerados estudos
e dados do ano de 1976 (ano impar pelo retorno da dengue ao país), além do período de 2014 até
os dias atuais. Após relacionar e expor o pensamento de diversos autores sobre a problemática,
a pesquisa visa em suas considerações finais deixar questionamentos que norteará o leitor a buscar
novos caminhos para aprofundar seus conhecimentos acerca do tema.
Ao longo dos anos, as mudanças sociais causaram grandes alterações nos padrões das doenças
infecciosas. A globalização e facilidade de deslocamento das pessoas, por exemplo, expandiram
a área de transmissão de algumas doenças. Já o crescimento acelerado e pouco planejado do
espaço urbano, favoreceu o ressurgimento de doenças que estavam praticamente controladas,
como a dengue e a cólera, em proporções epidêmicas. Dessa maneira, diante do grande número
de fatores socioambientais e climáticos que podem influenciar na transmissão das doenças
infecciosas, e a complexidade das interações existentes, fica evidente as muitas ações necessárias
para que estes fatores prejudiquem o mínimo possível à saúde e o bem-estar das quase 80 milhões
de pessoas atingidas pela dengue no mundo todos os anos (MENDONÇA, 2009)
As mudanças climáticas podem produzir impactos na saúde humana direta ou indiretamente, e
ainda seus impactos podem ser agravados pelas questões socioambientais. Entendem-se por
impactos diretos aqueles associados, prioritariamente, à ocorrência de eventos extremos, como
ondas de calor, de frio extremo, secas e regimes de chuva mais intensos já os impactos indiretos
são mediados por desequilíbrios nos ecossistemas (MENDES, 2013), efeitos ligados a questão
social em resposta às alterações climáticas são às mudanças econômicas, que podem resultar em
impactos sociais como a desnutrição, problemas psicossociais e migração forçada além da
capacidade do sistema de saúde e condições socioeconômicas da população.
Os impactos das alterações climáticas na saúde humana são complexos e multifatoriais, portanto,
poderão ser potencializados ou minimizados em função das características individuais ou
coletivas de uma determinada população e de suas relações com o meio físico.
No atual cenário epidemiológico do Brasil, destacam-se a malária, doença de Chagas,
leishmanioses, dengue e febre amarela. Porem a Dengue se apresenta amplamente distribuída no
território nacional, enquanto outras apresentam características regionais, sendo este o fator
principal do aprofundamento desta pesquisa focado nesta doença vetorial ( MANIERO, 2016)
O aquecimento global constitui um importante fator que pode retardar ou acelerar o
desenvolvimento e a sobrevivência dos insetos vetores, portanto, conhecer as condições
climáticas atuais comparadas aos aumentos de casos de dengue e locais de maior incidência
permite a população e principalmente governantes executar ações e tomar providencias para
minimizar o impacto e propagação da Dengue no Brasil.

2. DENGUE
A dengue é uma infecção viral transmitida por mosquitos do gênero Aedes. É considerada um
dos maiores problemas de saúde pública mundial, especialmente nos países tropicais e
subtropicais, cujas condições ambientais favorecem o desenvolvimento e a proliferação de seu
principal vetor, o Aedes aegypti. Hoje em dia estima-se que 80 milhões de infecções por
dengue ocorram anualmente. Além do vírus da dengue, sabe-se que o A. aegypti também é vetor
de outros três vírus: o da febre amarela, chikungunya e zika. Atualmente, os casos notificados de
Chikungunya, zika e dengue, tem tido uma alta incidência no Brasil e no mundo, tornando o
estudo deste vetor ainda mais importante. O vírus da dengue apresenta quatro tipos e todos esses
sorotipos são capazes de se manifestar desde a forma assintomática até quadros graves e
hemorrágicos, podendo em muitos casos levar o portador da infecção ao óbito. Os principais
sintomas da doença são febre alta, entre 39°C e 40°C, com duração de dois a sete dias, dor atrás
dos olhos, dor de cabeça, no corpo e nas articulações, mal-estar geral, náusea, vômito, diarreia e
manchas vermelhas na pele com ou sem coceira. A transmissão da dengue ao homem ocorre
pela picada da fêmea do A. aegypti, que necessita do sangue humano para completar o processo
de amadurecimento dos seus ovos. Assim, o mosquito infectado transmite o vírus ao picar uma
pessoa sadia e, quando o mosquito ingere sangue de uma pessoa infectada, torna-se apto a
transmitir o vírus durante toda sua vida (6 a 8 semanas). No Brasil, as condições
socioambientais propícias à expansão do A. aegypti possibilitaram a dispersão do vetor desde
sua reintrodução no país, em 1976. Desde então, os métodos tradicionalmente empregados no
combate às doenças transmitidas por vetores não se mostraram capazes de conter um vetor com
altíssima capacidade de adaptação ao ambiente criado pela urbanização acelerada, e pelos novos
hábitos da população.

2.1 DADOS DA DENGUE NO BRASIL

Segundo dados disponibilizados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação


(SISNAN), o número de casos de dengue teve um incrível aumento no país desde a década de
90 quando eram notificados cerca de 250 casos por ano e passando de 50 mil em 2014 para
aproximadamente 1,4 milhão em 2022, o aumento da urbanização, os movimentos migratórios,
o sistema deficiente de distribuição de água e a capacidade do vírus da dengue de se adaptar
para sobreviver, são alguns dos fatores associados ao aumento do número de casos desta doença
no país . Além destes, a adoção de estratégias de controle ineficazes, também contribuiu para a
rápida expansão da infestação do vetor da dengue em todo o território brasileiro.
2.2 A DENGUE E FATORES CLIMÁTICOS

O clima é um dos principais fatores ambientais capazes de influenciar a epidemiologia das


doenças transmitidas por vetores. Os estudos demonstram que os principais fatores que estão
intimamente associados com a incidência de dengue são a temperatura, quantidade de chuva e
umidade do ar, pois estes interferem na reprodução, desenvolvimento, sobrevivência e
distribuição do vetor da doença. No Brasil os casos notificados de dengue, em relação às médias
mensais das temperaturas mínimas e da pluviosidade foram sempre maiores quando a média da
temperatura mínima mensal estava acima de 22 °C Fonte: CÂMARA et al. (2009). Assim
podemos concluir que a temperatura mínima, por ser o fator que limita a maturação do vírus no
vetor, pode ser considerado o parâmetro crítico para definir a possibilidade de uma epidemia já
que coincidiram com os meses nos quais os valores da temperatura média, precipitação, e
umidade relativa do ar eram os mais elevados. Além disso, no gráfico (Figura 1) podemos
observar como o clima influencia no aumento de casos de dengue uma vez que da semana 11 a
21 (março a junho) são as semanas de verão e outono no Brasil onde as chuvas são mais
intensas e o aumento de locais propícios de reprodução do mosquito vetor da doença sofre
grande alta.

Após uma alta considerável de caso em 2014 o governo lançou fortes campanhas de
conscientização da população para diminuir focos de reprodução do mosquito e
consequentemente conseguiu reduzir os casos, porém estamos ainda muito longe de um índice
aceitável. Além disso regiões do Brasil onde os casos eram menos frequentes como o Sul, pelo
fato de ter temperaturas mais baixas e não tão atrativas para o mosquito vetor da dengue, vem
sofrendo aumento de temperatura e os casos de dengue começaram a crescer inclusive nesta
região como é possível observar (figura 2) o aumento da temperatura em todo o território.

Diante disso, fica evidente a necessidade do entendimento da influência das variáveis climáticas
na epidemiologia da dengue, com o intuito de um maior entendimento da dinâmica da
transmissão da doença e, assim, contribuir para o desenvolvimento de medidas de controle mais
eficazes.
Figura 1

Figura 2
2.3 DENGUE E FATORES SOCIOAMBIENTAIS

As grandes transformações no nosso habitat natural realizados durante os últimos séculos,


através da formação de áreas industriais, permitiram o desenvolvimento das cidades. Entretanto,
estas modificações causadas pelas cidades também criaram, consequentemente, grandes
alterações na atmosfera local, ocasionando vários problemas como inundações, poluição,
aquecimento global e proliferação de doenças como a dengue. O controle da dengue é
dificultado pelo rápido crescimento demográfico associado à intensa e desordenada
urbanização, a inadequada infraestrutura urbana, a debilidade dos serviços e campanhas de
saúde pública, bem como o despreparo dos agentes de saúde e da população são alguns dos
aspectos que agravam as epidemias por vetores. Além disso, o saneamento básico e o
abastecimento de água e a coleta de lixo, mostram-se insuficientes ou inadequados nas periferias
das grandes metrópoles. Dessa maneira, o aumento do número de criadouros potenciais do
principal mosquito vetor é favorecido. Os casos de dengue se aglomeraram onde novos bairros
surgiram nos últimos anos, acompanhando o crescimento populacional sem estrutura adequada
de urbanização e planejamento. O crescimento urbano reduziu a margem de cursos d’água e
forneceu um solo nu, adequado para o acúmulo de lixo e a formação de criadouros de
mosquitos. A falta de educação, saneamento básico, habitação adequada, acessibilidade a água,
e acumulo de lixo são os principais problemas que perpetuam a dengue no Brasil. Diante disso,
fica claro que as ações de prevenção da dengue necessitam de um envolvimento de outros
setores da sociedade, principalmente na questão das condições de urbanização e de habitação,
saneamento básico e educação ambiental.
3. CONCLUSÃO

Mesmo com o crescente acesso aos serviços de saúde e o desenvolvimento de vacinas para
contribuir para a diminuição dos índices de mortalidade da dengue nos últimos anos, está ainda
é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A erradicação das
doenças vetoriais como a dengue é dificultada pelos diversos fatores que, simultaneamente,
interferem em todo o processo de transmissão das mesmas. A mudança climática é um dos
fatores mais importantes que as populações terão de enfrentar nas próximas décadas. Entender
como ela pode afetar a saúde humana e a propagação das doenças é uma tarefa bastante
complexa, porém extremamente necessária. Estudos demonstram que os climas mais quentes
provocados pelo aquecimento global, podem aumentar a incidência de casos de doenças
tropicais como a dengue, principalmente nos países mais pobres, onde as condições precárias de
saúde, saneamento básico, moradia, entre outros, fazem com que estes países fiquem mais
vulneráveis à expansão destas e outras enfermidades. Algumas pesquisas sobre o impacto do
aumento da temperatura global têm estimulado projeções de que as doenças transmitidas por
vetores se espalharão em regiões que atualmente se encontram com temperatura muito baixa
para sua persistência, o que agrava ainda mais a situação. Além disso, em paralelo aos processos
de mudanças climáticas, observa-se um aumento na aceleração da globalização, da precarização
de sistemas de governo e redução de investimentos em saúde e aumento das desigualdades
sociais. Estes fatores também devem ser considerados na avaliação dos fatores de riscos
associados à propagação das doenças, juntamente com os aspectos climáticos. Dessa maneira,
diante das questões citadas, fica evidente a importância de um esforço coletivo, em todos os
setores e internacionalmente, na adoção de medidas necessárias à adaptação da sociedade aos
impactos que estão ocorrendo, e os que ainda poderão acontecer devido às mudanças globais
climáticas, ambientais e sociais.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

DE CARVALHOA, Bruno Moreira et al. Doenças transmitidas por vetores no Brasil: mudanças
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http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S000967252016000100007&script=sci_arttext&tln
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MENDONÇA, Francisco. Clima, tropicalidade e saúde: uma perspectiva a partir da


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MACIEL, Ivan José; JÚNIOR, João Bosco Siqueira; MARTELLI, Celina Maria Turchi.
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https://revistas.ufg.br/index.php/iptsp/article/view/4998

LONGO, Pedro Miguel Goulart; KOCK, Kelser de Souza. Análise da variação sazonal da
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https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/33972

BARROSO, Iandara Lopes Dias et al. Um estudo sobre a prevalência da dengue no Brasil:
Análise da literatura. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 8, p. 61878-61883, 2020.

RIBEIRO, Ana Clara Machado et al. Condições socioambientais relacionadas à permanência da


dengue no Brasil-2020. Revista Saúde e Meio Ambiente, v. 11, n. 2, p. 326-340, 2020.

MENDONÇA, Francisco de Assis; SOUZA, Adilson Veiga; DUTRA, Denecir de Almeida.


Saúde pública, urbanização e dengue no Brasil. Sociedade & natureza, v. 21, p. 257-269, 2009.

MENDES, Chrystian Soares. Mudanças climáticas e seus impactos econômicos sobre a saúde
humana: uma análise da leishmaniose e da dengue no Brasil. 2013.

MANIERO, Viviane C. et al. Dengue, chikungunya e zika vírus no brasil: situação


epidemiológica, aspectos clínicos e medidas preventivas. Almanaque multidisciplinar de
pesquisa, v. 3, n. 1, 2016.

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