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Departamento de Saúde Coletiva/FCM/Unicamp

Epidemiologia e Saúde MD-215 2023

Discentes:
Ana Flávia Rodrigues Caxefo RA: 245850
Anna Clara Da Fonseca RA: 169584
Geovana De Osti Fernandes RA: 257114
Jullya Emanuelle G. Dos Santos RA: 198335
Maíra Eduarda Gonçalves RA: 250227

Dengue em Campinas

Epidemiologia da Dengue

A dengue é doença infecciosa aguda, que se manifesta clinicamente por


um amplo espectro de sinais e sintomas. Pode se apresentar na forma clássica e
também como casos graves da doença. Entre eles, a febre hemorrágica da
dengue (FHD) e síndrome de choque da dengue (SCD), apresentando taxa de
mortalidade de até 10% para pacientes hospitalizados e 30% para pacientes não
tratados. No mundo há 3 bilhões de pessoas em áreas de risco, 50 milhões de
casos, 500.000 casos de Febre Hemorrágica e 21.000 óbitos por ano.
Dengue é causada por um arbovírus da família Flaviviridae, que se
apresenta com quatro sorotipos: Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4. A infecção por um
deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e
temporária contra os outros três. O diagnóstico de certeza da dengue é
laboratorial. Pode ser obtido por isolamento direto do vírus no sangue nos 3 a 5
dias iniciais da doença ou por testes sorológicos. Constitui um importante
problema de saúde pública no Brasil.
No Brasil, até o ano de 2014, somente a dengue e a febre amarela urbana
eram conhecidas por serem transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Entre os
meses de julho e agosto de 2014, foram confirmados 37 casos de chikungunya
em indivíduos oriundos de países da América Central, principalmente do Haiti e
República Dominicana. Os primeiros casos autóctones foram identificados no
Oiapoque, no Amapá, no mês de setembro do mesmo ano. Em maio de 2015, o
Ministério da Saúde confirmou 16 casos do Zika vírus no Brasil, sendo oito
pacientes provenientes do Rio Grande do Norte e oito da Bahia. Zika vírus e
chikungunya espalharam-se rapidamente pelo Brasil e atualmente estão
presentes em vários estados brasileiros.
Campinas convive com os 4 sorotipos de dengue que se alternam ano
após ano, com o zika vírus desde 2015 e com o vírus chikungunya autóctone
desde 2017. Ao contrário de ações anteriores no combate ao mosquito Aedes
aegypti, onde foi possível até erradicá-lo do território nacional, após a década de
80 não houve grandes êxitos nas ações aplicadas para sua eliminação. Assim, a
presença do vetor em todas as regiões favorece a disseminação de outras
doenças transmitidas por este.
Consequentemente, há a necessidade de se fazer um diagnóstico
diferencial entre tais doenças, pois apesar de serem transmitidas pelo mesmo
vetor, são distintas entre si. A distribuição espacial de uma doença segue
caminhos delimitados pela ocupação humana, pela organização da sociedade,
deslocamentos de pessoas e mercadorias e fluxo migratório. O espaço ocupado
pelo homem é interpretado como uma totalidade que resulta da sua ação
organizada sobre a paisagem. Nas palavras de Milton Santos:

O ciclo de transmissão

O ciclo de transmissão da doença envolve o homem e o mosquito


transmissor, do gênero Aedes, Aedes aegypti. O período de incubação no
homem, após a picada do mosquito é em média de 5 a 6 dias. O período de
incubação extrínseco (no mosquito) é de 8 a 11 dias. O homem se infecta pela
picada de um mosquito infectado. O vetor permanece infectante por toda a vida
(30-45 dias).
O período de transmissibilidade (viremia) no homem é de 6 dias (1 antes
1. Qual a importância prática das características apontadas na estrutura
epidemiológica e no ciclo de transmissão da doença?

As características apontadas na estrutura epidemiológica e no ciclo de


transmissão da doença são importantes para identificar as manifestações
clínicas e os casos graves da doença, assim como seus diferentes
sorotipos. Também é importante para determinar o diagnóstico, os riscos
de incidência, taxa de prevalência e de mortalidade, o transmissor, a forma
de transmissão, assim como o período de incubação e de
transmissibilidade. Todas essas informações são importantes para a
vigilância, prevenção, controle e tratamento da doença.

2. Uma das principais medidas reconhecidas pela OMS para a


interrupção da cadeia de transmissão da dengue é o combate ao
vetor. Há dificuldades em eliminar/erradicar uma espécie de vetor
(Aedes aegypti), por isso a estratégia é reduzir os níveis de
infestação. Esta estratégia está pautada na eliminação de criadouros
por parte das equipes de controle da dengue e da população.
Somente em situações emergenciais epidêmicas, a pulverização
ambiental com inseticidas estaria justificada, como medida transitória.
Neste contexto ganha destaque a vigilância ativa para detectar
precocemente a circulação do vírus.

No que se constitui a vigilância ativa e no que pode contribuir para


evitar a circulação de outros arbovírus no município de Campinas?

R: A vigilância ativa se constitui em um termo empregado para o levantamento


de dados produzidos especialmente para investigação epidemiológica dos
rebanhos, incluindo a busca deliberada e detalhada de evidências da
doença na população animal com objetivo de confirmar sua presença ou
ausência - Monitoramentos e Inquéritos Soroepidemiológicos. Ela pode
contribuir para evitar a circulação do arbovírus pois pode esta vigilância
tem quatro componentes fundamentais: notificação, busca ativa e
investigação de casos; vigilância laboratorial; vigilância das formas clínicas;
e vigilância entomológica. Neste sentido, o apoio laboratorial, tanto
sorológico como o isolamento viral, é considerado pedra angular da
vigilância ativa do dengue, em virtude da necessidade de confirmação
diagnóstica, particularmente logo aos primeiros casos suspeitos em uma
área indene, e, também para a determinação da extensão geográfica da
circulação e identificação dos sorotipos presentes; e informar sobre a
possibilidade de ocorrência de formas severas de acordo com os sorotipos
circulantes. A coleta de material para isolamento viral e exames sorológicos
deve ser feita de todos casos suspeitos de área indene, e em amostra de
indivíduos com manifestações clínicas compatíveis com dengue, nas áreas
onde já se estabeleceu a circulação. Esses componentes são de extrema
importância para fazer o rastreio do vírus e para verificar formas dele ser
controlado.

(TEIXEIRA; M. G; BARRETO, M. L; GUERRA, Z. Epidemiologia e medidas de


prevenção do Dengue. Inf. Epidemiol. Sus v.8 n.4 Brasília dez. 1999.
Universidade Federal da Bahia, 1999. Disponível em:
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-167319990004
00002#:~:text=Vigil%C3%A2ncia%20Epidemiol%C3%B3gica&text=A%20%C3
%BAnica%20forma%20de%20preven%C3%A7%C3%A3o,combate%20ao%20
vetor%20do%20dengue.
A dengue em Campinas

No estado de São Paulo, 80% dos municípios infestados pelo Aedes aegypti, A
transmissão da doença ocorre desde 1987 (Araçatuba). A transmissão de dengue autóctone
em Campinas foi registrada pela primeira vez em 1996. A partir deste ano várias epidemias
foram notificadas, acompanhando a disseminação da doença no estado de São Paulo e no
país.

4. Utilizando os dados das tabelas do Informe Epidemiológico 2022 e


considerando a população de Campinas em 2022 (IBGE 1.200.000 habitantes), elabore
os seguintes instrumentos para acompanhamento da situação epidemiológica na
cidade:

a) Calcule e analise as taxas de Incidência de dengue e de chikungunya


nas regiões/distritos de Campinas e identifique os Distritos com
maior risco de transmissão em 2022. Utilize a tabela 1.

Segundo a taxa de incidência da tabela 1, as taxas de incidência de dengue


são bem maiores do que as taxas de incidência de chikungunya. A região de
maior incidência de dengue é a região noroeste e a de maior incidência de
chikungunya é a região norte.

b) Faça um gráfico de tendência temporal das incidências de dengue


(número de casos) no município. Identifique os anos de maior
circulação viral (Quadro 1 - Informe Epidemiológico Arboviroses
2022).
Os anos de maior circulação viral foram entre 2013 e 2016. Também
houveram picos de incidência em 2017 e 2019.
c) Calcule o coeficiente de Incidência de dengue em Campinas em 2022
(população IBGE 1.223.237 habitantes)
CI: 11.268 / 1.223.237 = 0,009 = 0,9% = 9 casos por 100.000

d) Elabore um gráfico de distribuição mensal dos casos e identifique os


meses de maior incidência da doença e discuta a sazonalidade da
doença (Quadro 1).

A incidência predominante se dá de março a junho (período do outono) e


também há uma maior incidência no verão. Nessas épocas do ano, as
temperaturas tendem a ser mais elevadas e ter a pluviosidade mais
elevada (aumentando os locais de água parada), o que favorece a
proliferação do mosquito da dengue.

e) Calcule os coeficientes de letalidade (por 1000) de dengue dos anos


2007 a 2022 Campinas. Quais foram os anos de maior letalidade ?
Os coeficientes de letalidade são calculados a partir do nº de óbitos por uma
doença/ pelo nº total de pessoas com a doença *100.
Logo,

2007 0,17

2008 0

2009 0

2010 1,13

2011 0,31

2012 0

2013 0

2014 0,24

2015 0,33

2016 0

2017 0

2018 0

2019 0,23

2020 0,25

2021 0,42

2022 0,35

O ano de maior letalidade da doença foi em 2010, que curiosamente não


foi o ano com maior número de casos confirmados dentre esse período,
provavelmente isso aconteceu, pois há algum tempo atrás o cuidado e o
conhecimento sobre dengue era precário, o tratamento dos doentes ainda
não era muito conhecido como é atualmente. Entretanto, nos anos de 2019
até 2022 os coeficientes de letalidade começaram a aumentar novamente,
provavelmente devido a um “relaxamento” da população com a dengue,
por terem uma falsa sensação de que a doença haviam sido quase
erradicada no Brasil.

f) Discuta no grupo e pesquise como a vigilância epidemiológica pode


atuar para diminuir o risco de epidemias e de gravidade dos casos ?

A vigilância epidemiológica é muito importante, pois é graças a ela que os


dados das doenças são coletados e por meio deles a possibilidade de
realizar um controle da doença, a fim de evitar que aconteça uma
epidemia. Por exemplo, começam a ser notificados casos de dengue em
determinada região, dados são coletados, e por meio dele é possível
intervir antes que mais pessoas sejam infectadas. Além disso, a coleta dos
dados clínicos das pessoas infectadas auxilia a equipe médica a saber a
melhor conduta para seguir de acordo com os sintomas dos pacientes,
para evitar que eles cheguem na forma mais grave da doença.

Referências:

● Diretrizes nacionais para o controle de epidemias de dengue. Ministério da


Saúde, Brasília, 2009.
● Secretaria Municipal de Saúde de Campinas
● Manual de dengue SES São Paulo e Ministério da Saúde

Tabela 1. Distribuição dos casos confirmados de arboviroses – dengue e


chikungunya em Campinas nas regiões/distritos de saúde, 2022

Região/ Casos Casos População Tx Incid Tx Incid.

Distrito confirmados confirmados DENGUE CHIK

dengue Chikungunya (por 100 mil ) (por 100


mil)

Leste 1966 4 215935 0,9 0,001

Noroeste 2450 3 172071 1,4 0,001

Norte 2413 6 185950 1,2 0,003

Sudoeste 1882 1 229343 0,8 0

Sul 2557 5 280415 0,8 0,001

Total 11.268 19 1083714 5,1 0,006

Fonte: Informe Epidemiológico Arboviroses Campinas, 2022

Quadro 1 . Número de casos confirmados de dengue em moradores de


Campinas, por mês de início dos sintomas, 1998-2022 (dados Informe
Epidemiológico Arboviroses Campinas , 2022)
Quadro 2. Número de e óbitos de casos de dengue em moradores de
Campinas, 2007- 2022 (Informe Epidemiológico arboviroses Campinas, 2022

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