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Matemática
O Covid-19 pertence à família "coronavírus", que tem como principal característica causar infecções que
podem desencadear síndromes respiratórias agudas graves (SARH). Ele foi batizado como SARH-CoV-2 -
Coronavírus Disease 19, a Covid-19, porque o surto foi relatado à Organização Mundial de Saúde (OMS)
em 31 de dezembro de 2019.
Neste combate (à doença) em andamento, conceitos matemáticos estão na base das decisões de outros
setores sociais, neste caso, principalmente, nas áreas de saúde e de políticas públicas.
O isolamento social, medida defendida por diversos especialistas e adotada em grande parte do mundo
para conter o avanço do novo coronavírus, tem eficácia comprovada também nos estudos matemáticos.
De acordo com uma análise hipotética realizada pela Profa. Dra. Maria Beatriz Ferreira Leite, da
Faculdade de Matemática da PUC-Campinas, a restrição do contato social da população seria capaz de
evitar milhares de novos casos da Covid-19.
Nas duas projeções realizadas, supõe-se a existência de nove casos assintomáticos para cada um caso
sintomático. Leva-se em em consideração, ainda, a taxa de transmissibilidade divulgada de 2,5 para
Covid-19. Em outras palavras, um indivíduo infectado poderia transmitir a doença para, em média,
outras 2,5 pessoas.
No primeiro cenário, em que não há medida de isolamento social, o total de contaminações que
decorrem dos indivíduos assintomáticos chega a 5.245 casos, sendo 525 sintomáticos. Levando
em conta que 20% dos pacientes que manifestam sintomas evoluem para quadros graves e
necessitam de internação, a demanda hospitalar seria de, aproximadamente, 105 leitos.
No segundo cenário, é admitida a adoção de uma ação restritiva na qual, hipoteticamente, dos
nove indivíduos assintomáticos, cinco permanecem em casa. Nesta situação, o número total de
infectados cai para 2.297, impedindo o contágio de quase 3 mil pessoas em relação à primeira
demonstração.
Quadro 1. Cenário 1: Não há medidas de isolamento social
Quadro 2. Cenário 2: Isolamento social parcial (55% da população em casa)
“Mesmo com suposições extremamente simplificadas, é evidente o efeito
provocado por tal medida restritiva. As curvas referentes ao cenário 2 mostram que
o isolamento social reduz o número de casos e faz com que a curva cresça mais
lentamente, retardando o tempo de espalhamento da doença e minimizando os
impactos nas demandas hospitalares. Medidas assim devem ser adotadas no início
da epidemia para conter o avanço”, afirma a professora.
Gráficos – Curvas de transmissão
A redução da velocidade inicial da epidemia com o consequente achatamento da curva é
fundamental para não sobrecarregar os hospitais e suas unidades de terapia intensiva
(UTIs). Estima-se que apenas 20% das pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 apresentem
algum sintoma. Delas, 14% precisam de internação hospitalar e 5% vão parar em UTIs.
Reduzindo o espalhamento das infecções, mesmo que o total de pessoas que contrairá o
vírus permaneça o mesmo, o pico da epidemia se torna mais distribuído no tempo, o que
significa que menos pessoas vão parar no hospital ao mesmo tempo.
Com base em tais projeções, que podem ser desenvolvidas através de diferentes conteúdos
e ferramentas (estatística, equações, sistemas dinâmicos etc.), os matemáticos vêm sendo
utilizados como grandes aliados para análise de dados e tomada de decisões, contribuindo,
por exemplo, na identificação de fatores que influenciam a disseminação da doença, na
definição de medidas preventivas, na escolha das estratégias de controle, vacinação, entre
outras.
Controlando a curva
Para analisar os fatos, são utilizados modelos matemáticos próprios que resultam em
gráficos. Alguns deles, inclusive foram publicados nos meios de comunicação para tornar
mais clara a explicação da evolução da pandemia, especialmente para os leigos.
Outros surtos e epidemias causados por outros vírus integrantes da família "coronavírus"
já foram analisados por meio de modelos matemáticos próprios. Como a Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SARS), em 2002, e a Síndrome Respiratória do Oriente
Médio (MERS), em 2012.
•probabilidade de morte.
No próximo slide, há um gráfico para entender a importância de controlar a curva de avanço da doença.
Para elaborar este gráfico, o especialista levou em consideração a distribuição normal, que é um
modelo estatístico para tentar identificar o avanço da doença em determinado local.
As variáveis consideradas são o tempo a partir do primeiro caso (na horizontal), os números de
casos registrados (na vertical) e a capacidade de atendimento do sistema de saúde.
No gráfico, são registrados dois cenários de curva de crescimento: a rápida (sem medidas de
prevenção) e a controlada (com medidas de prevenção). Ambas analisam o crescimento do
número de infectados dentro de um espaço temporal, até atingir o ponto máximo e, então, entrar
em queda.
"Se as medidas de prevenção não são tomadas, esse crescimento inicial é extremamente rápido e
a curva atinge um pico absurdo que ultrapassa a capacidade do sistema de saúde. Por outro lado,
com medidas de prevenção, como quarentena, lavar bem as mãos, evitar contatos, a curva
cresce mais lentamente e o pico atingido é inferior à capacidade do sistema de saúde de modo
que a epidemia possa ser contida e diversas vidas sejam salvas", explicou o especialista.
Os especialistas e as autoridades analisam as
estratégias que façam com que a necessidade dos
pacientes - independente da gravidade do caso - não
seja concentrada, mas distribuída ao longo do
tempo.