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Trabalho de

Matemática

Tema: A importância e a contribuição


da matemática no cenário atual do
Coronavírus - Covid 19.
Em apenas quatro meses, de dezembro de 2019 a abril deste ano, a nova variedade de coronavírus surgida na
China infectou mais de 3 milhões de pessoas, segundo a OMS, em 159 países, disseminando uma doença
respiratória semelhante à gripe, porém mais grave e letal.

O Covid-19 pertence à família "coronavírus", que tem como principal característica causar infecções que
podem desencadear síndromes respiratórias agudas graves (SARH). Ele foi batizado como SARH-CoV-2 -
Coronavírus Disease 19, a Covid-19, porque o surto foi relatado à Organização Mundial de Saúde (OMS)
em 31 de dezembro de 2019.

Neste combate (à doença) em andamento, conceitos matemáticos estão na base das decisões de outros
setores sociais, neste caso, principalmente, nas áreas de saúde e de políticas públicas.
O isolamento social, medida defendida por diversos especialistas e adotada em grande parte do mundo
para conter o avanço do novo coronavírus, tem eficácia comprovada também nos estudos matemáticos.
De acordo com uma análise hipotética realizada pela Profa. Dra. Maria Beatriz Ferreira Leite, da
Faculdade de Matemática da PUC-Campinas, a restrição do contato social da população seria capaz de
evitar milhares de novos casos da Covid-19.

A estimativa da docente, que possui experiência na área de modelagem matemática em epidemiologia –


que busca entender o comportamento das doenças a partir de informações quantitativas e qualitativas -,
deriva da hipótese de aplicação de restrições de deslocamento a indivíduos assintomáticos da Covid-19,
evitando a propagação da doença. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 86% das pessoas
não apresentam sintomas.

Nas duas projeções realizadas, supõe-se a existência de nove casos assintomáticos para cada um caso
sintomático. Leva-se em em consideração, ainda, a taxa de transmissibilidade divulgada de 2,5 para
Covid-19. Em outras palavras, um indivíduo infectado poderia transmitir a doença para, em média,
outras 2,5 pessoas.
No primeiro cenário, em que não há medida de isolamento social, o total de contaminações que
decorrem dos indivíduos assintomáticos chega a 5.245 casos, sendo 525 sintomáticos. Levando
em conta que 20% dos pacientes que manifestam sintomas evoluem para quadros graves e
necessitam de internação, a demanda hospitalar seria de, aproximadamente, 105 leitos.

No segundo cenário, é admitida a adoção de uma ação restritiva na qual, hipoteticamente, dos
nove indivíduos assintomáticos, cinco permanecem em casa. Nesta situação, o número total de
infectados cai para 2.297, impedindo o contágio de quase 3 mil pessoas em relação à primeira
demonstração.
Quadro 1. Cenário 1: Não há medidas de isolamento social
Quadro 2. Cenário 2: Isolamento social parcial (55% da população em casa)
“Mesmo com suposições extremamente simplificadas, é evidente o efeito
provocado por tal medida restritiva. As curvas referentes ao cenário 2 mostram que
o isolamento social reduz o número de casos e faz com que a curva cresça mais
lentamente, retardando o tempo de espalhamento da doença e minimizando os
impactos nas demandas hospitalares. Medidas assim devem ser adotadas no início
da epidemia para conter o avanço”, afirma a professora.
Gráficos – Curvas de transmissão
A redução da velocidade inicial da epidemia com o consequente achatamento da curva é
fundamental para não sobrecarregar os hospitais e suas unidades de terapia intensiva
(UTIs). Estima-se que apenas 20% das pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 apresentem
algum sintoma. Delas, 14% precisam de internação hospitalar e 5% vão parar em UTIs.

Como o número de leitos é limitado, o aumento rápido de infecções e de agravamento


pode ultrapassar a capacidade de internações do país – no Brasil existem cerca de 450 mil
leitos em hospitais públicos e privados, dos quais 41 mil são de UTI, segundo
levantamento feito em 2016 pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

Reduzindo o espalhamento das infecções, mesmo que o total de pessoas que contrairá o
vírus permaneça o mesmo, o pico da epidemia se torna mais distribuído no tempo, o que
significa que menos pessoas vão parar no hospital ao mesmo tempo.
Com base em tais projeções, que podem ser desenvolvidas através de diferentes conteúdos
e ferramentas (estatística, equações, sistemas dinâmicos etc.), os matemáticos vêm sendo
utilizados como grandes aliados para análise de dados e tomada de decisões, contribuindo,
por exemplo, na identificação de fatores que influenciam a disseminação da doença, na
definição de medidas preventivas, na escolha das estratégias de controle, vacinação, entre
outras.
Controlando a curva

Para analisar os fatos, são utilizados modelos matemáticos próprios que resultam em
gráficos. Alguns deles, inclusive foram publicados nos meios de comunicação para tornar
mais clara a explicação da evolução da pandemia, especialmente para os leigos.

Outros surtos e epidemias causados por outros vírus integrantes da família "coronavírus"
já foram analisados por meio de modelos matemáticos próprios. Como a Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SARS), em 2002, e a Síndrome Respiratória do Oriente
Médio (MERS), em 2012.

Portanto, os setores responsáveis por estabelecer a política de prevenção e de resposta já


possuíam um ponto de partida. No entanto, foi necessário construir o modelo específico
para analisar o Covid-19. Para isso, são utilizados todos os dados descobertos sobre a
doença, por exemplo:
•probabilidade de transmissão;

•quantos podem ser contaminados a partir de uma pessoa;

•tempo de surgimento dos sintomas;

•comportamento das populações;

•mutações sofridas pelo Covid-19 nos países onde foi identificado;

•tempo de cura dos pacientes;

•quantas pessoas podem ser infectadas por um paciente assintomático;

•tempo de incubação do vírus;

•populações mais vulneráveis;

•probabilidade de morte.

No próximo slide, há um gráfico para entender a importância de controlar a curva de avanço da doença.
Para elaborar este gráfico, o especialista levou em consideração a distribuição normal, que é um
modelo estatístico para tentar identificar o avanço da doença em determinado local.

As variáveis consideradas são o tempo a partir do primeiro caso (na horizontal), os números de
casos registrados (na vertical) e a capacidade de atendimento do sistema de saúde.

No gráfico, são registrados dois cenários de curva de crescimento: a rápida (sem medidas de
prevenção) e a controlada (com medidas de prevenção). Ambas analisam o crescimento do
número de infectados dentro de um espaço temporal, até atingir o ponto máximo e, então, entrar
em queda.

"Se as medidas de prevenção não são tomadas, esse crescimento inicial é extremamente rápido e
a curva atinge um pico absurdo que ultrapassa a capacidade do sistema de saúde. Por outro lado,
com medidas de prevenção, como quarentena, lavar bem as mãos, evitar contatos, a curva
cresce mais lentamente e o pico atingido é inferior à capacidade do sistema de saúde de modo
que a epidemia possa ser contida e diversas vidas sejam salvas", explicou o especialista.
Os especialistas e as autoridades analisam as
estratégias que façam com que a necessidade dos
pacientes - independente da gravidade do caso - não
seja concentrada, mas distribuída ao longo do
tempo.

Desta forma, a curva de crescimento achatada revela


o cenário ideal: o sistema de saúde, público e
privado (a outra variável considerada neste quadro),
terá como atender a todos os casos, sem sobrecargas
ou risco de não haver leitos e equipamentos
suficientes.
Exemplos de gráficos em escala nacional em
relação ao espalhamento do vírus
Segundo Britta Jewell, pesquisadora do Imperial College London e
especialista em modelagem de doenças infecciosas, relata que os
modelos matemáticos mostrando o efeito do distanciamento social
no surgimento de novos casos chamaram-lhe a atenção. “Só é preciso
uma diferença de um dia na adoção da medida para haver uma
redução de 40% nos casos. Isso é um efeito enorme. Realmente
transmite a urgência da situação”, disse.
“A partir desses modelos matemáticos é possível prever o comportamento de
determinado evento e tomar providências em relação a situação. Por isso, o
conhecimento da probabilidade e estatística é tão importante", ressaltou o cientista.

Portanto, o ideal é seguir todas as orientações de prevenção feitas pela OMS e


autoridades sanitárias, como manter o distanciamento e o isolamento social . Assim,
a população ajuda a manter a curva o mais "achatada" possível, e como
consequência, comprovar como a matemática ajuda a salvar vidas.

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