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PERFIL DE DELEGADOS(AS)
DA III CONFERÊNCIA
NACIONAL DE SEGURANÇA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Outubro de 2007
Realização
Realização
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)
Outubro de 2007
Coordenador geral
Francisco Menezes
Coordenação estatística
Leonardo Méllo
Marco Antônio de Souza Aguiar
Márcia Tibau
Coodenação de conteúdo
(elaboração de questionário, leitura de dados e relatório final)
Márcia Tibau
Mariana Santarelli
Vívian Braga
Processamento de dados
Pesquisa Social
Coleta de dados
Daniel Victor Rodrigues
Denise Camurça de Lima
Erbênia Vidal
Marcos Paulo Campos
Rodrigo Noronha
Rozi Billo
Edição
Jamile Chequer
Revisão
AnaCris Bittencourt
Diagramação em PDF
Imaginatto Design
Produção do CD-Rom
Diego Heredia
Ibase
Av. Rio Branco, 124/8º andar
20040-916 Rio de Janeiro RJ
Tel: (21) 2178-9400
Fax: (21) 2178-9402
<www.ibase.br>
Sumário
Conclusão .......................................................................... 23
Apresentação, metodologia
e amostra
O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) tem como principais objetivos
institucionais contribuir para uma cultura democrática de direitos, fortalecer o tecido associativo
na sociedade civil e ampliar a capacidade de incidência em políticas públicas. Nesse sentido,
acredita que conhecer o perfil de delegados(as) da III Conferência de SAN (III CNSAN)1, contri-
bui para o fortalecimento desse espaço democrático de grande importância na construção de
políticas públicas de forma participativa.
Tal como a conferência, a amostra definida pela pesquisa foi composta por representantes
do poder público (também chamados de delegados(as) representantes do governo) e por
representantes da sociedade civil (também chamados de delegados(as) representantes da
sociedade civil).
Optou-se por fazer duas amostras independentes, uma para cada estrato (para delegados(as)
do governo e para delegados(as) da sociedade civil). Essa decisão permitiu uma análise sobre o
perfil e as opiniões para cada segmento separadamente, além de possibilitar uma análise com-
parativa entre os dois. Definimos, então, duas amostras de mesmo tamanho, independentes,
aleatórias e simples, da seguinte forma:
1. Acompanham este relatório os Anexos I, II e III, referentes ao questionário e às tabelas de freqüência e cruzamentos,
respectivamente.
O Consea nacional, órgão ligado à Presidência da República, convocou, pela terceira vez, represen-
tantes da sociedade civil e do poder público a participarem da Conferência Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional. Ocorrida de 3 a 6 de julho de 2007, em Fortaleza – CE, a III CNSAN foi a
etapa culminante de um processo de mobilização e debates realizado nos estados e municípios, por
intermédio de conferências estaduais e municipais, durante as quais foram eleitos(as) representan-
tes de diversos segmentos e áreas de atuação.
Para a III CNSAN, foi adotado, ainda, um sistema de cotas, contemplando representantes dos povos
indígenas, da população negra – com destaque para quilombolas e comunidades de terreiros e demais
comunidades tradicionais presentes em cada estado. A orientação foi de que, pelo menos, 20% do total
de delegados(as) estaduais fossem representantes desses grupos populacionais.
O resultado desse processo coletivo de debates e mobilização social, para além de seu caráter de
formação e construção de conhecimento, é o Documento Final da Conferência Nacional. Nesse estão
contidas propostas e orientações que nortearão o governo federal na identificação de prioridades para
construção da Política Nacional de SAN e do Sisan nos próximos anos.
O questionário aplicado (ver Anexo I), composto por 23 perguntas, foi dividido nas seguintes
partes:
• Participação;
• Processo de conferências; e
A seguir, apresentaremos uma seleção feita pelo Ibase dos resultados gerais (ver Anexo II e
Anexo III), divididos em três seções.
Na primeira, caracterizam-se os(as) delegados(as) de acordo com seu perfil social básico como:
sexo, idade, cor/raça e escolaridade. Em seguida, apresenta-se um retrato do perfil político e
de participação, aferindo sobre temas como: participação em fóruns, Conseas e partidos políti-
cos; segmentos e áreas de atuação nos quais os(as) delegados(as) estão inseridos. Informações
sobre o âmbito da atuação e a posição política de delegados(as) são complementares. Mostra-
se a opinião desses(as) delegados(as) sobre temas relacionados aos Conseas e ao processo de
realização das conferências de SAN, como destaque para a adoção de cotas para movimento
negro e grupos populacionais. Por fim, revela-se a opinião desses atores sociais sobre temas
importantes relacionados à temática de segurança alimentar e nutricional, como a transposição
do rio São Francisco e a liberalização dos transgênicos.
Tabela 1
Nordeste 36
Sudeste 23
Norte 20
Centro-oeste 11
Sul 10
Total 100
No que diz respeito ao recorte de gênero, observamos que, entre delegados(as) do governo,
a maior parte é formada por mulheres (57%). Essa proporção não se confirma no estrato de
delegados(as) da sociedade civil, que possui uma distribuição equilibrada, em torno de 50%
para cada sexo.
2. O número de delegados(as) por estado foi definido pelo Consea nacional, de acordo com critérios de proporcionalidade em relação
à população total dos estados e Distrito Federal e à incidência da população em situação de insegurança leve, moderada ou grave
(segundo dados da PNAD/IBGE de 2004).
Tabela 2
Distribuição de participantes por cor/raça (%)
Delegado(a) Delegado(a)
Total
governo sociedade civil
Branca 51 28 35
Preta 12 33 27
Parda 31 29 29
Amarela 4 4 4
Indígena 2 6 5
3. A III CNSAN adotou um sistema de cotas na composição das delegações estaduais contemplando representantes dos povos indígenas,
da população negra, com destaque para quilombolas e comunidades de terreiros e demais comunidades tradicionais presentes em cada
estado. De acordo com o sistema de cotas proposto, pelo menos 20% do total de delegados(as) estaduais deveriam ser representantes
desses segmentos da população brasileira.
Dentre delegados(as) que atuam, 42% são mulheres e 58% são homens. E ainda, comparando-se
as faixas etárias mais predominantes, percebemos uma menor concentração de ativistas em
partidos entre pessoas mais jovens. Dos(as) que militam, 22% têm entre 25 e 34 anos enquanto
33% têm entre 35 e 44 anos. Também foi possível observar algumas tendências em relação ao
ativismo. Dos(as) que atuam, 31% têm ensino médio (incompleto/completo), 55% têm curso
superior (incompleto/completo), e 8% têm mestrado/doutorado. Ainda sobre atuação em par-
tidos, entre as pessoas que atuam, a participação em Fóruns de SAN é maior (67%) que entre
as pessoas que não não atuam (60%).
Destaca-se que a participação de homens (55%) nos Conseas é um pouco maior que a das mulhe-
res (45%). Quanto à escolaridade, 26% têm ensino médio (incompleto/completo), 58% têm curso
superior (incompleto/completo) e 15% têm mestrado/doutorado. Em relação à cor/raça, mais de
42% de delegados(as) conselheiros(as) são brancos(as), 32% pardos(as) e 18% negros(as). Dentre
delegados(as) conselheiros(as), predominam o Poder público (municipal e estadual), com 24% e a
Sociedade civil dividida em: 14% ONGs, 14% Centrais sindicais, 12% Associações/federações comuni-
tárias ou de bairro, 10% Movimentos sociais e 10% Igrejas. A área de atuação mais presente é Direito
humano à alimentação/SAN, com 19%. Dentre delegados(as) conselheiros(as), 76% atuam em Fóruns
de SAN, uma proporção significativamente maior dentre não-conselheiros(as) – 53%.
No que diz respeito à participação em fóruns, cerca de 63% disseram participar de algum Fó-
rum de SAN.4 As áreas de atuação que mais se destacaram em relação à participação nesses
fóruns foram: Direito humano à alimentação adequada/SAN (74%); Movimento negro/ comuni-
dades tradicionais (64%); Reforma agrária/agricultura familiar (60%); e Saúde e nutrição (59%).
4. Os Fóruns de SAN são espaços de participação da sociedade civil na discussão e construção de políticas públicas de SAN, bem como
na definição de estratégias para sua implementação. Participam dos fóruns entidades da sociedade civil organizada, como ONGs,
movimentos sociais, pastorais sociais e pessoas que atuam com o tema. O Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional,
composto por representantes dos Fóruns Estaduais de SAN, é o mais atuante neste contexto.
Tabela 3
Segmento social representado por delegados(as) na III CNSAN (%)
Delegado(a) Delegado(a)
Segmentos Total
governo sociedade civil
Centrais sindicais/federações/
- 20 14
associações de classe
ONGs 1 18 13
Movimentos sociais - 17 12
Associações/federações
- 15 11
comunitárias ou de bairro
Governo federal 28 - 8
Fóruns/articulações/
- 7 5
redes sociais
Instituições religiosas - 7 5
Pastorais sociais - 3 2
Universidades/centros
- 3 2
de pesquisa
Outro - 9 6
• Poder público municipal/estadual: 61% são do sexo feminino; 45% são pessoas brancas, 35%
pardas e 12% pretas; 78% possuem curso superior e 12% mestrado/doutorado; 62% se consideram
de “esquerda” ou “centro-esquerda”.
• Governo federal: 51% são do sexo masculino; 70% são pessoas brancas; 57% possuem curso
superior e 43% mestrado/doutorado; 65% se consideram de “esquerda” ou “centro-esquerda”.
• Centrais sindicais: 58% são do sexo feminino; 35% são pessoas brancas e 22% pretas; 48% pos-
suem ensino médio; 62% se consideram de “esquerda” ou “centro-esquerda”e 10% de “direita”.
• Fóruns/articulações/redes e Movimentos sociais: 62% são do sexo masculino; 44% são pes-
soas pretas; 41% possuem ensino médio e 42% possuem curso superior; 69% se consideram de
“esquerda” ou “centro-esquerda”.
• Associações e federações comunitárias ou de bairro: 62% são do sexo feminino; 42% são pessoas
pretas; 52% possuem curso superior; 44% se consideram de “esquerda” ou “centro-esquerda” e
12% de “direita”.
• ONGs: 55% são do sexo masculino; 32% são pessoas brancas, 30% pretas e 31% pardas; 65% possuem
curso superior; 67% se consideram de “esquerda” ou “centro-esquerda”.
Considerando os estratos, vale ressaltar diferenças observadas em relação a duas áreas: Assis-
tência social, citada por 20% de delegados(as) governamentais e por apenas 9% de represen-
tantes da sociedade civil; e Movimento negro/comunidades tradicionais, citada por 20% de
delegados(as) da sociedade civil e por pouco mais de 2% de representantes governamentais.
Tabela 4
Áreas de atuação de delegados(as) participantes da III CNSAN (%)
Áreas Delegado(a) Delegado(a) Total
governo sociedade civil
Reforma agrária / agricultura 19 19 19
familiar
Agronegócio / indústria 2 0 1
de alimentos
Agricultura / pesca / abastecimento / 6 4 5
comércio de alimentos
Economia solidária 3 4 4
Direito humano à alimentação 14 15 14
adequada / SAN
Saúde e nutrição 21 12 14
Educação 3 8 7
Assistência social 20 9 13
Meio-ambiente 2 2 2
Movimento negro / comunidades 2 20 14
tradicionais
Outro 9 7 8
Total 100 100 100
Fonte: Ibase – Pesquisa III CNSAN.
• Direito humano à alimentação/SAN e Saúde e nutrição: 53% são do sexo feminino; 50%
são pessoas brancas; 55% possuem curso superior; 50% se consideram de “esquerda” ou “cen-
tro-esquerda”.
• Assistência social: 70% são do sexo feminino; 45% são pessoas brancas; 76% possuem curso
superior; 50% se consideram de “esquerda” ou “centro-esquerda”.
• Movimento negro/comunidades tradicionais: 57% são do sexo feminino; 82% são pessoas
pretas; 51% possuem ensino médio; 45% se consideram de “esquerda” ou “centro-esquerda”.
As áreas de atuação mais presentes entres os segmentos também puderam ser observadas.
Nota-se que 41% do Poder público (municipal/estadual) e 34% de Fóruns/articulações/redes
sociais e Movimentos sociais atuam nas áreas Direito humano à alimentação adequada/SAN e
Saúde e nutrição e 29% das ONGs e 45% das Centrais sindicais atuam nas áreas Reforma agrá-
ria/agricultura familiar e Pesca/abastecimento/comércio de alimentos.
Ainda para caracterizar o trabalho e atividades de delegados(as), foi perguntado qual o âmbi-
to de sua atuação em políticas públicas/iniciativas. Os mais citados foram municipal (65%) e
estadual (59%).
Considerando a variável gênero, identificou-se que os homens atuam mais tanto no âmbito
internacional (66%) como no nacional (56%). Essa proporção se inverte no âmbito comunitá-
rio, no qual a atuação das mulheres é maior (56%). Nos âmbitos estadual e municipal, há um
equilíbrio entre os percentuais de atuação entre homens e mulheres.
As pessoas entrevistadas foram questionadas sobre a atuação dos Conseas municipais, esta-
duais e o nacional, na construção de políticas públicas e sobre os problemas, as conquistas e a
eficiência do processo de conferências.
Como mostra a Tabela 5, destaca-se que para 79% das associações de bairro, o Consea do
respectivo município “tem força política suficiente para garantir a implementação de políticas
públicas”. Em relação aos outros segmentos, 11% de representantes de ONGs e 11% de repre-
sentantes do governo federal consideram que o Consea de seu município “é comprometido
apenas com a realização de conferências”.
Quanto à opinião dos segmentos sobre os Conseas de seus estados, 15% de representantes das
Centrais sindicais, 14% de representantes de ONGs, 15% de representantes de Fóruns/articula-
ções/redes sociais e 15% de representantes de Movimentos sociais acham que o Consea esta-
dual “não é atuante”. Por outro lado, 80% de representantes do Poder público estadual acham
que o Consea de seu estado “tem força política para garantir a implementação/é altamente
comprometido com a construção de politicas públicas”. Cabe dizer que a opinião dos diversos
segmentos sobre a atuação do Consea nacional acompanha os totais gerais.
Em relação aos Conseas existentes nos respectivos municípios, cerca de 57% disseram que o
conselho “tem força política suficiente para garantir a implementação de políticas de SAN/
é altamente comprometido com a construção de políticas públicas”. Essa proporção aumenta
em relação ao Consea estadual e, principalmente, ao nacional: 64% e 87%, respectivamente.
Vale ressaltar que não foram observadas diferenças significativas entre os estratos analisados.
Tabela 6
Principais problemas do processo das conferências de SAN segundo os(as) participantes
(considerando conferências municipais, regionais e estaduais) (%)
Problemas Delegado(a) Delegado(a) Total
governo sociedade civil
Nenhum 4 4 4
Baixo conhecimento sobre o tema SAN por
51 44 46
parte de delegados(as)
Dificuldade no debate sobre o modelo de
desenvolvimento/Sisan e politicas nacionais 57 38 44
de SAN
Baixo envolvimento por parte
26 46 40
do poder público
Conflitos políticos em torno da eleição
33 35 35
de delegados(as) durante as conferências
Falta de mobilização por parte
20 28 25
da sociedade civil
Processo excludente / Pouco
democrático / Problemas de comunicação 13 29 24
e difusão de informação
Outro 7 3 4
Fonte: Ibase – Pesquisa III CNSAN. Nota: resposta múltipla.
Por área de atuação, os percentuais a seguir fazem referência aos principais problemas destacados:
Tabela 7
Quais foram as conquistas do processo de conferências de SAN em seu estado? (%)
Conquistas Delegado(a) Delegado(a) Total
governo sociedade civil
Nenhuma 2 4 4
Discussão e encaminhamento
das contribuições ao documento- 79 70 73
base da CNSAN
Qualificação do debate de SAN 55 55 55
Construção do Plano Estadual de SAN
ou aprovação de proposta 49 56 54
de Lei Orgânica de SAN
Amplo processo de mobilização 40 41 41
Planejamento de atividades
29 39 36
pós-conferência
Outro 4 5 5
Fonte: Ibase – Pesquisa III CNSAN. Nota: resposta múltipla.
Ainda no que diz respeito ao processo de conferências, 88% de participantes acham esses
eventos “totalmente eficientes” ou “eficientes” como forma de construção participativa de
políticas públicas de SAN. No entanto, existe um pequeno percentual, em alguns segmentos,
entre participantes que consideram as conferências “ineficientes”’: 29% das Pastorais sociais,
17% das ONGs, 10% das Associações e federações de bairro, 8% das Centrais sindicais, 7% das
Instituições religiosas e 6% dos Movimentos sociais.
Quando perguntados(as) sobre o documento-base da III CNSAN, mais de 99% disseram se iden-
tificar total ou parcialmente com o documento. As áreas de atuação que tendem a se identificar
mais são: Economia solidária (84%), Movimento negro /comunidades tradicionais (71%), Agri-
cultura /pesca /abastecimento/comércio de alimentos (70%) e Assistência social (70%).
Sobre os temas da agenda política, as opiniões foram diversas e, em alguns casos, mesmo
entre os estratos. Em relação à “transposição do rio São Francisco”, 36% de delegados(as) do
Poder público são “totalmente contra” ou “contra” ao passo que quase 52% de representantes
da sociedade civil têm essa opinião. Vale ressaltar que esse tema foi o que apresentou a maior
proporção de respostas “sem opinião” (27%).
Gráfico 1A
Transposição 26,5
do rio São 46,9
Francisco
26,5
Programa 2,5
Bolsa Família 5,1
92,4
20 40 60 80 100
Já em relação à “liberalização dos transgênicos”, a maioria disse ser “totalmente contra” ou “con-
tra” (75%). Esse tema foi o que gerou a segunda maior proporção de “sem opinião” com 14%, não
tendo diferenças significativas entre os estratos, assim como a “agroecologia” e o “agronegócio”.
Gráfico 1B
Agroecologia 6,0
1,0
93,0
Agronegócio 10,5
31,5
58,0
Liberalização 13,6
dos transgênicos 74,6
no Brasil
11,7
Regulamentação 3,9
da publicidade 31,12
de alimentos
não-saudáveis 64,8
20 40 60 80 100
Pode-se observar que, em alguma medida, as opiniões sobre os temas da agenda política apre-
sentados são mais sensíveis aos segmentos e às áreas de atuação que em relação às variáveis
sexo, escolaridade, idade e cor/raça. Para cada tema apresentam-se os segmentos e as áreas de
atuação que mais se destacaram5 nas opiniões favoráveis e não-favoráveis e algumas informa-
ções (quando foram possíveis) sobre sexo, cor/raça e escolaridade.
Agroecologia
As áreas de atuação mais favoráveis são Reforma agrária/agricultura familiar (96%); Direito hu-
mano à alimentação/SAN (98%); e Assistência social (96%). Em relação aos segmentos, a concor-
dância só não é superior a 90% para Universidades/centros de pesquisa e Instituições religiosas.
Para esse tema, em relação aos segmentos, destaca-se que para 71% de representantes de
Fórum/articulações/redes sociais e Movimentos sociais; 81% de representantes das Pastorais
sociais e Instituições religiosas; e 75% das Centrais sindicais, a adoção de cotas trouxe “be-
nefícios”. Por outro lado, na percepção de 48% de Associações/federações comunitárias ou
de bairro e 41% de representantes do Poder público (municipal/estadual), a adoção de cotas
trouxe “conflitos”.
A pesquisa traz informações sobre o perfil de delegados e delegadas presentes na III CNSAN,
ocorrida de 3 a 6 de julho de 2007. As informações reveladas oferecem uma aproximação ao
processo de realização das conferências de SAN, evento no qual se anunciam os marcos e as
resoluções fundamentais para esse campo. Por outro lado, a perspectiva de registro faz jus à
relevância histórica que as conferências, de um modo geral, têm para a construção, amadure-
cimento e consolidação da democracia participativa que buscamos.
A democracia participativa não implica apenas garantir direitos já definidos, mas ampliá-los e
participar da definição e da gestão desses direitos. Nesse sentido, o que se busca não é apenas
a inclusão na sociedade, mas, sobretudo, a participação na definição do tipo de sociedade em
que queremos ser incluídos. (Dagnino,1994).
6. Na II CNSAN, foi aprovada a definição de SAN que atualmente orienta a construção de políticas públicas: “Segurança Alimentar e
Nutricional é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem
comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a
diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis (II CNSAN. Olinda, 2004).
O presente relatório descreve os resultados mais gerais da pesquisa e contribui para a identifi-
cação de algumas dessas questões observadas como tendências e possibilidades para análises.
Essas se relacionam à participação e ao engajamento da sociedade civil (em seus diversos seg-
mentos e suas áreas de atuação) e dos governos (federal, estaduais e municipais) que atuam
no campo da segurança alimentar e nutricional na construção de políticas públicas. Dentre as
possibilidades de análise, destaca-se o conjunto de informações produzido sobre a Sociedade civil
e Poder público. Observou-se uma diversidade (esperada e desejada) inerente a esses segmentos,
bem como suas opiniões acerca de temas centrais para a Política Nacional de SAN.
Outro conjunto de informações que merece destaque é sobre os Conseas. De acordo com a
pesquisa, ficou aparente a potencialidade desse espaço de participação e a necessidade de
investir em seu fortalecimento (principalmente, os estaduais e municipais), bem como na
busca por maior diversidade e eqüidade em suas composições. Vale destacar que a cons-
trução do Sisan tem nos Conseas um de seus componentes principais. A III CNSAN apontou
para desafios como a construção do Sisan, juntamente com a Política Nacional de SAN. Esses
desafios têm como pano de fundo um aprofundamento da discussão acerca do atual modelo
de desenvolvimento e de qual modelo queremos.
Esses são exemplos de questões que precisam ser enfrentadas, a partir de uma investigação
qualitativa. A presente pesquisa traduz-se em um primeiro esforço de produzir informações.
Não pretendeu oferecer respostas; pelo seu oposto, provocar dúvidas e suscitar questões. E ain-
da, apresenta-se como um material complementar àquele fruto do registro e da sistematização
realizados pelo Consea nacional sobre a III CNSAN contidas em seu documento final.
Referências
DAGNINO, E. (Org.) Anos 90. Política e Sociedade no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994.