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BPRD+

Bateria de Provas de
Raciocínio Diferencial
Leandro S. Almeida

MANUAL

EDIPSICO – edições e investigação em psicologia, Lda.


Praceta da Rasa, 57
4400-348 VILA NOVA DE GAIA
Telefone 22 715 08 50 * Fax 22 715 08 51
E-mail: geral@edipsico.pt
http://www.edipsico.pt
BPRD – Bateria de Provas de Raciocínio Diferencial

Nota do Editor:

A Bateria é acompanhada de um CD contendo um programa informático para correcção das provas e


elaboração de Relatórios e de Gráficos

Editor:
© (2015) EDIPSICO – edições e investigação em psicologia, lda.
Praceta da Rasa, 57
4400-348 VILA NOVA DE GAIA (Portugal)
Tel. 351 22 715 08 50 * Fax 351 22 715 08 51
E-mail: geral@edipsico.pt
www.edipsico.pt

Autor:
Leandro S. Almeida

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Índice

Índice ............................................................................................................................................................................ 3
Nota prévia.................................................................................................................................................................... 4
Apresentação da Bateria ............................................................................................................................................... 5
Prova NR – Prova de Raciocínio Numérico ............................................................................................................. 5
Prova VR – Prova de Raciocínio Verbal................................................................................................................... 6
Prova SR – Prova de Raciocínio Espacial ................................................................................................................ 6
Prova AR – Prova de Raciocínio Abstracto .............................................................................................................. 7
Prova MR – Prova de Raciocínio Mecânico ............................................................................................................. 7
Aplicação e correcção .................................................................................................................................................. 9
Normas de interpretação ............................................................................................................................................ 10
Apreciação métrica dos resultados ............................................................................................................................. 11
Sensibilidade dos resultados ................................................................................................................................... 11
Fidelidade dos resultados ....................................................................................................................................... 11
Validade dos resultados .......................................................................................................................................... 11
Administração por computador .................................................................................................................................. 13
Normalização dos resultados ...................................................................................................................................... 14
Utilização do programa de correção .......................................................................................................................... 16
Bibliografia do autor sobre a bateria ......................................................................................................................... 25

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Nota prévia
A Bateria de provas de Raciocínio Diferencial (BPRD) foi sendo analisada ao longo dos dez últimos anos
tomando os resultados de vários estudos efectuados no quadro de um projecto a propósito do
desenvolvimento e da diferenciação cognitiva dos jovens. Trata-se de uma bateria construída a partir de
desenvolvimentos nos Testes de Raciocínio Diferencial (TRD) de Georges Meuris. Algumas
similaridades existem entre a BPRD e os TRD, nomeadamente nas provas de raciocínio abstracto e
raciocínio espacial onde se retomam a maior parte dos itens.

Até 1986 os estudos realizados situaram-se na população escolar do secundário (alunos entre o 7º e o
12º ano de escolaridade). A falta de testes psicológicos devidamente estudados na população
portuguesa fez-nos continuar os estudos desta bateria, e mais concretamente, junto de populações
adultas em situação não escolar. Se a falta de instrumentos de avaliação em Portugal é extensiva a
todos os domínios de prática psicológica, certo que tal falta é sobretudo sentida naqueles domínios onde
mais se requer a sua utilização. A Psicologia das Organizações, nomeadamente no quadro da
orientação e da selecção profissional, sempre foi caracterizada como uma das áreas de grande
utilização de provas psicológicas. Assim se pode justificar socialmente os estudos que temos vindo a
realizar junto de jovens adultos e adultos.

Uma segunda diferença nestes últimos estudos prende-se com o facto de não tomarmos exclusivamente
populações escolares. Sempre foi difícil proceder a aferições de provas psicológicas junto de grandes
amostras que não escolares. A maior disponibilidade das escolas e dos alunos para este tipo de trabalho
e o facto de se encontrarem reunidos em termos de grupo turma ajudam-nos a compreender essa
dificuldade. As maiores dificuldades com a administração de provas a grupos de profissionais levam-nos
a solicitar, inclusivé, a colaboração dos próprios psicólogos no envio de protocolos e outra informação
relativa ao uso que fizerem desta bateria. A todos quantos connosco colaborarem no envio de tais
informações, oferecemos as utilizações das normas (em papel ou suporte informático) com base no
tratamento dos dados que nos forem sendo facultados.

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Apresentação da Bateria
A BPRD é constituída por cinco provas:

 raciocínio numérico (Prova NR)

 raciocínio verbal (Prova VR)

 raciocínio espacial (Prova SR)

 raciocínio abstracto (Prova AR)

 raciocínio mecânico (Prova MR)

Como o próprio nome da bateria o indica, trata-se de provas onde se espera avaliar o raciocínio –
operação mental inerente às cinco provas – e cuja respectiva especificidade passa pelo conteúdo
diferente usado na formulação dos seus itens.

Prova NR – Prova de Raciocínio Numérico

Descrição: A Prova NR é constituída por 30 itens onde são apresentadas séries numéricas. A tarefa do
sujeito consiste em continuar ou completar as séries apresentadas (indicação de dois
números no final da série). Trata-se de sequências lineares ou alternadas de números que o
sujeito deve completar após a descoberta dos princípios de sucessão dos números em cada
item. A resposta do sujeito consiste em calcular e escrever os dois números em falta. Dado
que a resolução desta prova implica efectuar cálculos aritméticos deverá ser permitido aos
sujeitos a utilização de papel de rascunho. A realização dos cálculos em rascunho diminui a
possibilidade de erros nos exercícios em consequência de dificuldades de cálculo. Tratando-
se de uma prova de raciocínio onde a percepção da lógica envolvida na sequência dos
números constitui o aspecto determinante, aquela dificuldade poderia introduzir alguma
ambiguidade na avaliação.

Indicação: O conteúdo desta prova permite avaliar a aptidão para lidar com números, efectuar pequenos
cálculos e, sobretudo, inferir e aplicar relações entre números. Da nossa experiência com
esta prova podemos afirmar que nem sempre é fácil obter a colaboração dos sujeitos na sua
realização, mantendo um bom nível de empenhamento ao longo dos 17 minutos da prova.
Podemos, assim, referir que se trata de uma prova que exige, por parte dos sujeitos, um
bom raciocínio analítico e uma boa capacidade de concentração e perseveração no seu
desempenho cognitivo.

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Prova VR – Prova de Raciocínio Verbal

Descrição: A Prova VR é constituída por 40 itens onde são apresentadas analogias verbais a completar

pelo sujeito. O sujeito terá que descobrir a relação entre os dois termos do 1º par da analogia
para, de seguida, a aplicar ao completamento do 2º par. A resposta do sujeito consiste em
assinalar, de entre cinco alternativas de resposta facultadas, aquela que em sua opinião
melhor completa a analogia (no final, A:B :: C:D). Os itens utilizam relações semânticas entre
palavras, por exemplo, relações de pertença, sinonímia, oposição, causa-efeito, parte-todo,
etc.

Indicação: Trata-se de uma prova que concilia quer o conhecimento vocabular do sujeito (aptidão verbal
em Thurstone) quer na sua capacidade de estabelecer relações entre elementos (raciocínio).
Face ao exposto, esta prova parece particularmente indicada para indivíduos cujas funções
estejam predominantemente centradas em tarefas administrativas ou de gestão e, ainda,
para aqueles em que as capacidades de compreensão e de expressão verbal sejam
importantes. Da nossa experiência com esta prova podemos afirmar que, de um modo geral,
os sujeitos se mostram bastante interessados ao longo da realização desta prova, mesmo
que algumas vezes confessem não terem sido exaustivos na apreensão das diversas
relações semânticas que os termos podem apresentar entre si.

Prova SR – Prova de Raciocínio Espacial

Descrição: A Prova SR é constituída por 30 itens onde são apresentadas séries de cubos em
movimento. Partindo da posição relativa que as seis faces do cubo vão tomando na primeira
parte do item, o sujeito vai descobrir o movimento linear ou alternado que o cubo está a
efectuar. A resposta do sujeito consiste em assinalar, de entre cinco alternativas de resposta
facultadas, o cubo correspondente à posição que completa ou continua o movimento iniciado
em cada exercício.

Indicação: Esta prova parece avaliar as duas componentes frequentemente associadas ao factor
espacial: a capacidade de reconhecimento ou de visualização de elementos figurativos (veja-
se a necessidade de atender aos elementos gráficos que identificam cada uma das faces do
cubo) e a capacidade de rotação ou de acompanhar os movimentos das figuras no espaço
bidimensional ou tridimensional (nesta prova apela-se a um espaço tridimensional). O
desempenho nesta prova implica, sobretudo, a capacidade do sujeito para percepcionar
formas e para percepcionar o movimento dessas formas no espaço. Da nossa prática,
verificamos que esta prova se apresenta bastante difícil para alguns sujeitos e fica-nos a
percepção que um bom desempenho nesta prova traduz também uma boa capacidade de
reflexão, de concentração e, mesmo, de resistência à fadiga. Tais capacidades parecem
particularmente importantes para sujeitos afectos a áreas técnicas, mecânicas, artísticas e

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outras que façam apelo à percepção de formas e elementos de figuras, bem como aos
respectivos enquadramentos ou relações num determinado espaço.

Prova AR – Prova de Raciocínio Abstracto

Descrição: A Prova AR é constituída por 35 itens onde são apresentadas analogias figurativas a
completar pelo sujeito. Em cada item é necessário apreender a relação entre os dois
primeiros elementos e descobrir uma quarta figura que venha a repetir essa relação inferida
com o terceiro elemento indicado (no final, A:B :: C:D). A resposta do sujeito consiste em
assinalar, de entre cinco alternativas de resposta facultadas, aquela que considere mais
correcta para completar as relações de analogia.

Indicação: Esta prova aproxima-se dos testes mais clássicos de avaliação do factor g (inteligência
geral), tal como foi definido por Spearman e avaliado por testes universalmente conhecidos
como as “Matrizes de Raven” ou os “testes de Cattell”. O conteúdo abstracto dos itens
permite diminuir, embora sem eliminar, a influência das variáveis culturais no desempenho
cognitivo. Neste sentido, parece ser uma boa prova para avaliar a capacidade de raciocínio
dos sujeitos (inferir e aplicar relações entre elementos) independentemente, melhor dito com
uma menor influência, dos factores culturais (aspecto que poderá merecer alguma atenção
na avaliação de indivíduos com baixa escolarização).

Prova MR – Prova de Raciocínio Mecânico

Descrição: A Prova MR é constituída por 40 itens onde são apresentadas situações de índole prática,
perceptiva e físico-mecânica. Cada item é um problema, apresentado por um pequeno texto
e uma imagem ilustrativa da situação, cabendo ao sujeito a sua análise e indicação da
alternativa de resposta correcta. Não existe um padrão único de problemas nesta prova
como acontece nas anteriores (a consulta da prova ajuda a perceber esta diversidade no
conteúdo dos itens). A resposta do sujeito consiste em assinalar, de entre quatro alternativas
de resposta facultadas, aquela que considera mais correcta para o problema apresentado.

Indicação: O conteúdo desta prova implica, para que seja atingido um bom nível, conhecimentos
básicos de física e de mecânica. Tais conhecimentos podem decorrer ou não das
aprendizagens escolares. Junto de adultos pouco escolarizados verificamos que,
comparativamente às restantes provas da bateria, eles apresentam um desempenho que
não os diferencia tão claramente das amostras mais escolarizadas. Temos, mesmo,
registado bons níveis atingidos nesta prova por indivíduos com baixa escolaridade, mas cuja
profissão envolve conhecimentos práticos de mecânica. O carácter prático dos problemas
apresentados, ou o facto de serem problemas de observação quotidiana, ajuda-nos a
compreender esta constatação. Da nossa experiência com a prova podemos afirmar que os
sujeitos aderem facilmente ao seu desempenho e que o seu interesse se mantém renovado

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ao longo de toda a prova. Verificamos ainda que se trata de uma prova que requer uma boa
capacidade de atenção e percepção simultânea da informação contida no texto e na figura
de cada exercício. O desempenho nesta prova parece fundamentalmente recomendá-la para
indivíduos ligados a sectores técnicos e industriais e, ainda, para aqueles que, embora não
desempenhando funções nesses sectores, exerçam a sua actividade em áreas técnicas e
práticas.

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Aplicação e correcção
A bateria é de simples aplicação. A aplicação não difere da generalidade das provas “papel-lápis” e as
condições da sua aplicação são comuns à generalidade das provas psicológicas para avaliação do
“desempenho máximo” ou testes centrados em normas. O caderno de prova inclui as instruções, os
exemplos e exercícios de treino, bem assim como outros procedimentos gerais a ter em consideração
pelos sujeitos. Integra, ainda, os tempos de realização de cada prova. Este foi calculado para alunos do
7º ao 12º ano de escolaridade e considerou os 20% primeiros a concluir o seu desempenho por cada
prova:

Prova NR Prova VR Prova SR Prova AR Prova MR


17 min. 7 min. 16 min. 9 min. 15 min.

Não é exigida a aplicação da globalidade da bateria (aliás, não existe ainda qualquer padronização dos
resultados tomando uma nota global nas cinco provas ou sub-grupos de provas). Quando for decidido
aplicar a bateria no seu todo, sugere-se uma sequência de administração das provas que alterne os
conteúdos espacial e mecânico.

O processo de correcção das provas e notação dos resultados é bastante simples. As respostas dos
sujeitos são dadas numa única folha de respostas as quais deverão ser introduzidas no programa
informático fornecido. Este programa procede à correcção das provas, elabora um quadro/gráfico de
resultados de acordo com a norma seleccionada e produz uma análise estatística. A nota bruta do sujeito
em cada prova é equivalente ao número de itens correctamente respondidos. Face ao número de
alternativas de resposta criadas para as provas de escolha múltipla – facto que reduz a 20 ou a 25% a
margem de acerto devido ao acaso – e face ao número de itens em presença na prova, não se procede
à aplicação de qualquer fórmula correctiva da pontuação obtida para a fixação da nota dos sujeitos.

Na Prova NR considera-se o item correctamente resolvido quando os dois números aparecem indicados
de uma forma correcta quer no seu valor quer na sua posição (cumulativamente). Nas outras quatro
provas a correcção considera a letra correspondente à alternativa tida como correcta.

A nota obtida pelo sujeito em cada prova será depois analisada no quadro das normas que se seguem,
tendo em vista a sua apreciação no quadro de uma distribuição normal dos resultados. Esta apreciação
considera os resultados obtidos por amostras de sujeitos, sendo por esse facto uma ponderação do
desempenho assente em parâmetros de grupo (análise intersujeitos).

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Normas de interpretação
Apresenta-se aqui uma simplificação dos dados obtidos em diversos estudos de normalização dos
resultados na BPRD. Face à utilização das provas em populações escolares e não-escolares, optamos
por apresentar valores interpretativos para uma e outra situação.

Nesta nova versão, o programa BPRD apresenta os resultados em três formas distintas:

 Escala 1 – 7 respeitando a escala original definida pelo autor

 Escala percentílica

 Escala 0 – 20 de acordo com a Portaria 83-A de 22 de janeiro de 2009, alterada pela Portaria
145-A de 6 de abril de 2011, para utilização em contexto de procedimentos concursais

Em estudos anteriores verificamos que os resultados na bateria se diferenciavam significativamente do


ponto de vista estatístico tomando grupos de sujeitos segundo o ano de escolaridade, o meio sócio-
cultural e o sexo de pertença. Evidentemente que o ano escolar e o meio sócio-cultural de proveniência
são sobretudo importantes em amostras estudantis e na faixa etária da adolescência, assim como nas
provas com maior ligação às aprendizagens escolares formais (Prova NR e prova VR, por exemplo).

A variável sexo teve um efeito mais claramente diferenciador nas provas de raciocínio mecânico,
espacial e numérico, e quando se tomam os sujeitos independentemente das suas opções escolares e
profissionais. A separação entre alunos de ciências ou tecnologias e os alunos de letras ou
humanidades, separação esta que não se encontra igualmente repartida nos dois sexos, parece ser mais
decisiva na diferenciação dos resultados e poderá estar por detrás das diferenças estatisticamente
significativas encontradas a favor do sexo masculino naquelas provas.

Assim, fornecemos aqui normalizações separadas para dois grupos distintos de sujeitos – população
escolar e população profissional. Para a população escolar apresentamos diferenciações por sexo para
os 7º, 9º e 12º anos, enquanto para a população profissional limitamos a estandardização aos 9º e 12º
anos / Superior, independentemente do sexo.

Alertamos, ainda, que as normas para a população não escolar vão sendo progressivamente redefinidas,
à medida que aumentarmos a significância e a representatividade das amostras em estudo. O utilizador
deve, em consonância, ponderar a informação retirada com a aplicação das normas fornecidas para
esses grupos.

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Apreciação métrica dos resultados


Vamos apresentar uma breve síntese da informação relativa às características métricas ou psicométricas
dos resultados nas cinco provas. Assim, descreve-se a informação disponível e que julgamos mais
pertinente no que diz respeito à sensibilidade, à fidelidade e à validade dos resultados.

Sensibilidade dos resultados

Os dados disponíveis com base nos estudos efectuados permitem-nos afirmar que os resultados na
bateria discriminam melhor os sujeitos com escolaridade situada entre o 7º e o 10º ano de escolaridade.
Com sujeitos do 11º e 12º ano verifica-se uma menor capacidade de diferenciação dos desempenhos
por parte das provas, pelo menos com os tempos de realização dados (as normas que apresentamos
neste manual referem-se à aplicação das provas no tempo indicado nos respectivos cadernos). Esta
menor diferenciação torna-se ainda mais evidente nas provas de raciocínio verbal e mecânico.

Fidelidade dos resultados

Os valores obtidos em termos de estabilidade (teste-reteste) e de consistência interna (homogeneidade


dos itens) dos resultados nas cinco provas são claramente satisfatórios para que possamos afirmar a
precisão ou a confiança da medida. Com base nos vários estudos realizados, a média dos coeficientes
de estabilidade nas cinco provas situam-se entre .66 e .87. As provas de raciocínio verbal e mecânico
apresentam coeficientes de estabilidade mais baixos, podendo isso decorrer de uma maior interferência
do “efeito da aprendizagem” nos conteúdos dos respectivos itens.

Em termos de consistência interna dos itens, os coeficientes encontrados situaram-se entre .75 e .92. Os
valores mais baixos verificaram-se, de novo, nas provas de raciocínio verbal e de raciocínio mecânico.
Nesta última, a heterogeneidade do conteúdo dos seus itens pode explicar a diminuição encontrada.
Acrescente-se que, em caso algum, o coeficiente calculado se situou abaixo de 75 considerado o nível
crítico para este tipo de provas. Também não verificamos uma diferença entre os coeficientes obtidos
com os resultados nas amostras de estudantes e os obtidos com adultos (informação referente à
consistência interna dos itens).

Validade dos resultados

Dois tipos de análise podemos considerar na análise da validade dos resultados na bateria: em que
medida as provas avaliam, o que se pretende avaliar e em que medida se correlacionam com critérios
externos de desempenho. As respostas às duas questões têm sido equacionadas nos nossos estudos.
No primeiro caso temos analisado o desempenho dos itens em voz alta por diferentes grupos de sujeitos
e procedido a análises factoriais dos resultados nas cinco provas. No segundo caso, temos procedido a

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estudos da correlação entre as classificações nas provas e a realização escolar ou em cursos de


formação profissionalizante dos sujeitos.

Os estudos feitos ao desempenho dos sujeitos nos itens, em termos dos processos mentais usados nas
respostas, permite-nos afirmar que o raciocínio (dedutivo e indutivo) está inerente à sua resolução. Tal
presença é mais evidente na verbalização dos sujeitos nas provas cujos itens se apresentam sob a
forma de analogia, e menos evidente na prova de raciocínio mecânico. Nesta última prova, e nalguns
itens, os sujeitos parecem conseguir responder correctamente de uma forma mais rápida e intuitiva, por
vezes parecendo responder sem considerarem a globalidade da informação ou as várias alternativas de
resposta facultadas.

Analisando as intercorrelações dos resultados nas cinco provas verificamos coeficientes de correlação
compreendidos entre .27 e .57. Tais coeficientes são mais elevados em níveis etários e escolares mais
baixos, parecendo isso decorrer de uma menor diferenciação cognitiva dos sujeitos em tais idades
(teoria da diferenciação cognitiva progressiva). As estruturas factoriais obtidas permitem-nos afirmar a
existência de um factor geral de desempenho, podendo explicar entre 43% e 55% da variância dos
resultados (mais uma vez, o peso deste factor geral é maior junto dos sujeitos mais novos). A restante
variância aparece ou agrupada em factores reunindo duas ou mais provas da bateria (por exemplo,
numérico versus mecânico, ou verbal versus espacial), ou repartida por cada prova na sua
especificidade. O peso desempenhado por este factor geral permite-nos concluir que as cinco provas
avaliam sobretudo uma capacidade global de raciocínio.

As correlações com as notas escolares ou com as classificações obtidas em cursos de formação


profissional situam-se, por norma, acima de .20. A grandeza de tais coeficientes dependem de vários
factores, sendo tanto mais elevados quanto maior proximidade houver entre o conteúdo da prova e da
disciplina/curso em questão (entre .30 e .50). Obtêm-se, ainda, níveis mais elevados de correlação em
sujeitos mais velhos e quando se considera não o resultado individual de uma prova ou disciplina, mas o
resultado em duas ou mais provas ou num critério externo de desempenho mais lato.

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Administração por computador


Sendo embora possível a informatização das provas e a sua apresentação em écran de forma a permitir
aos sujeitos darem as respostas através dos vários mecanismos de introdução de dados (teclado, rato,
caneta óptica ou écran sensitivo), não poderão, em tais circunstâncias, ser utilizadas as normas aqui
apresentadas. Elas encontram-se apenas estudadas e, por isso mesmo apenas indicadas, para a
administração tradicional de papel e lápis. Por exemplo, num estudo em que comparamos o
desempenho de dois grupos na Prova VR – um respondendo em folha de resposta clássica e outro
introduzindo as respostas em computador via teclado – os resultados foram significativamente inferiores
para os sujeitos respondendo perante o computador (diferença atribuída à verificação nestes sujeitos de
uma menor velocidade de progressão, e isto não obstante os comandos a utilizar serem extremamente
simples e rápidos de operar).

Ainda tomando os dados desse estudo, podemos acrescentar que não se notou relação estatisticamente
significativa entre o grau de experiência e conhecimentos anteriores com computadores e os resultados
obtidos na prova. Por outras palavras, a existência de conhecimentos de informática como utilizador não
favoreceu os resultados alcançados.

Em conclusão, diremos que o computador não deverá nunca ser utilizado como meio de aplicação desta
bateria – aliás também de outros testes – mesmo que se fique pela mera administração da prova, sem
que antes tenham sido efectuadas investigações específicas para cada prova, no sentido de se averiguar
o impacto da mudança operada na fidelidade e na validade dos resultados e de se estabelecerem as
necessárias correcções nas condições de aplicação e nas normas para a interpretação dos resultados.

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Normalização dos resultados


Apresentam-se, de seguida, uma distribuição dos resultados nas cinco provas por sete classes
normalizadas para os alunos do 7º, 9º e 12º anos de escolaridade (em ambos os sexos), bem assim
como para adultos do sexo masculino em situação não escolar com habilitações académicas ao nível do
9º ano e do 12º ano / Superior. A população escolar foi avaliada em 1985 tomando-se amostras
representativas dos alunos do continente através da conjugação de procedimentos de amostragem
estratificada (ano, sexo, zona do País, região e opções escolares) e aleatória ao nível de grupo turma. A
população profissional tem sido progressivamente obtida através de amostras militares e civis, em
situação de recrutamento e de selecção profissional respectivamente.

Nos quadros que se seguem indica-se o valor da média e do desvio-padrão tendo em vista análises
complementares ou outras interpretações que o utilizador julgue oportuno realizar com os resultados do
desempenho individual.

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POPULAÇÃO ESCOLAR – 7º ANO MASCULINO (N=1138)


Classe NR VR SR AR MR
M 12,20 20,10 13,20 18,50 16,90
DP 3,85 4,60 4,20 5,06 3,60

POPULAÇÃO ESCOLAR – 7º ANO FEMININO (N=1337)


Classe NR VR SR AR MR
M 10,90 19,50 11,90 17,40 13,30
DP 3,58 4,44 4,18 5,21 3,21

POPULAÇÃO ESCOLAR – 9º ANO MASCULINO (N=713)


Classe NR VR SR AR MR
M 15,70 23,90 17,40 22,70 21,80
DP 3,72 3,98 4,05 3,93 4,20

POPULAÇÃO ESCOLAR – 9º ANO FEMININO (N=877)


Classe NR VR SR AR MR
M 13,40 23,20 15,30 20,80 16,30
DP 3,48 4,31 4,01 3,99 3,81

POPULAÇÃO ESCOLAR – 12º ANO MASCULINO (N=971)


Classe NR VR SR AR MR
M 18,40 25,90 19,30 24,30 24,20
DP 3,80 3,97 4,27 3,54 4,77

POPULAÇÃO ESCOLAR – 12º ANO FEMININO (N=1160)


Classe NR VR SR AR MR
M 15,20 25,10 16,60 21,80 17,50
DP 3,90 4,10 4,40 3,99 4,17

POPULAÇÃO PROFISSIONAL – 9º ANO (N=405)


Classe NR VR SR AR MR
M 15,40 23,60 16,20 22,00 23,10
DP 3,99 4,11 4,72 4,38 4,24

POPULAÇÃO PROFISSIONAL – 12º ANO / Superior (N=612)


Classe NR VR SR AR MR
M 18,60 26,50 18,80 23,70 25,20
DP 4,18 3,51 4,20 3,56 4,65

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Utilização do programa de correção

O menu principal apresentado na página acima oferece os seguintes comandos:

 Editar / selecionar registos: permite criar novas fichas de identificação ou alterar fichas já
existentes.
 Editar Gabinete: permite alterar a chave de acesso geral e registar psicólogos.
 Introduzir respostas: permite introduzir as respostas dadas.
 Ver resultados: permite a visualização de gráficos nas diferentes escalas.
 Interpretação das provas: define cada uma das cinco provas da bateria.
 Cronómetros: permite a utilização de cinco cronómetros digitais.

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Registos

Para criar um novo registo deverá fazer clique em ‘Novo’ e para alterar um registo já existente deverá
clicar sobre o nome desejado constante da lista e, em seguida, no botão ‘Editar’.

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Registos

Para registar um novo psicólogo deverá fazer clique em ‘Novo’ e para alterar um registo já existente
deverá clicar sobre o nome desejado constante da lista e, em seguida, no botão ‘Editar’.

O nome do titular da licença e o número da licença não poderão ser alterados. Em caso de transferência
de propriedade do equipamento, deverá contatar a Edipsico. A chave de acesso geral (por defeito 1234)
pode ser aterada.

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Nesta página deverão ser introduzidas as respostas a partir da folha de respostas. Na prova NR as
respostas deverão ser escritas nas respetivas caixas e nas restantes provas deverá ser selecionada a
letra correspondente à resposta dada. Nâo é obrigatório preencher todas as provas.

No fim do preenchimento deverá ser assinalada a prova ou provas que se deseja gravar. Se uma ou
mais provas já tiverem sido realizadas, os resultados das provas assinaladas para gravação sobrepor-
se-ão aos resultados anteriores.

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Este menu permite selecionar a forma de apresentação dos resultados.

 Gráfico de resultados por classes: apresentação dos resultados na escala original de 1 a 7.


 Gráfico de resultados por percentil: apresentação dos resultados numa escala percentílica.
 Gráfico de resultados (Portaria 83 / 2009): apresentação dos resultados para utilização em
contexto de procedimentos concursais numa escala de 0 a 20 de acordo com a Portaria 83-A de
22 de janeiro de 2008, alterada pela Portaria 145-A de 6 de abril de 2011.

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Gráfico na escala 1 a 7

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Gráfico na escala percentílica

Gráfico na escala 0 a 20

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Análise estatística

Descrição das provas

Cronómetros

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Bibliografia do autor sobre a bateria

Almeida, L. S. (1982). Adaptação portuguesa de um teste de raciocínio diferencial, Psicologia III.1 e 2,


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Almeida, L. S. (1985). Os testes de raciocínio diferencial em orientação vocacional. In J. F. A. Cruz, L. S.


Almeida & O. F. Gonçalves (Eds.) Intervenção Psicológica na Educação. Porto: APLP.

Almeida, L. S. (1986). O raciocínio diferencial de jovens portugueses: Sua avaliação, desenvolvimento e


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doutoramento.

Almeida, L. S. (1987). A Bateria de Provas de Raciocínio Diferencial: Sua construção e aferição junto dos
alunos do Ensino Secundário. Revista de Psicologia e de Ciências da Educação. 2,37-50.

Almeida, L. S. (1987). O impacto das experiências educativas na diferenciação cognitiva dos alunos:
Análise dos resultados em provas de raciocínio diferencial. Revista Portuguesa de Psicologia,
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Almeida, L. S. (1988). Diferenças de sexo e de classe social em testes de raciocínio: Estudo junto dos
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Almeida, L. S. (1989). As respostas ao acaso em testes de aptidão: Estudos segundo o sexo e o ano de
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Almeida, L. S. & Campos, B. P. (1985). Raciocínio diferencial de jovens: Experiências escolares e


diferenças de sexo. Cadernos de Consulta Psicológica, 1, 41-51.

Almeida, L. S. & Campos, B. P. (1986). Aferição de uma bateria de provas de raciocínio diferencial para
utilização nas actividades de orientação vocacional de alunos do Ensino Secundário. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 2, 201-202.

Almeida, L. S. & Campos, B. P. (1986). Validade preditiva dos testes de raciocínio diferencial. Cadernos
de Consulta Psicológica, 2, 105-118.

Almeida, L. S. & Costa, A. R. (1989). A diferenciação cognitiva progressiva com a idade: Resultados na
Bateria de Provas de Raciocínio Diferencial. Psicologia, VIII(3), 231-236.

Almeida, L. S. & Sá, J. M. S. (1989). Uso dos computadores na avaliação psicológica: Estudo em testes
de aptidão intelectual. In José F. Cruz, Rui A. Gonçalves & Paulo P. P. Machado (Eds.)

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Psicologia e Educação: Investigação e Intervenção. Porto: Associação dos Psicólogos


Portugueses.

Almeida, L. S. & Tamames, J. (1985). Uso de técnicas de análise de grupos para a validação interna de
testes de raciocínio diferencial: II – Considerações finais e implicações. In J. F.A. Cruz, L. S.
Almeida & O. F. Gonçalves (Eds.) Intervenção Psicológica na Educação. Porto: APLP.

Costa, R. B. & Almeida, L. S. (1991). Estudo do desempenho cognitivo de adultos em provas de


raciocínio. Revista de Psicologia Militar, 6, 17-25.

Meuris, G., Almeida, L. S. & Campos, B. P. (1988). Le rôle de l´opération mentale et du contenu des
items dans la performance cognitive. Bulletin de Psychologie Scolaire et d´Orientation, 37(1), 12-
21.

Tamames, J. & Almeida, L. S. (1985). Uso das técnicas de análise de grupos para a validação interna de
testes de raciocínio diferencial: I – Apresentação e análise dos resultados. In J. F. A. Cruz, L. S.
Almeida & O. F. Gonçalves (Eds.) Intervenção Psicológica na Educação. Porto: APLP.

Janeiro 2015

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