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INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

MOVIMENTO DA ÁGUA NO SOLO


A água se move sempre que existirem diferenças de potencial
total da água nos diferentes pontos dentro do sistema de solo.
A água move-se do maior para o menor potencial hidráulico.

Y hid = Y g + Ym

CONCEITO
Infiltração é o processo de entrada da água no solo através de
sua superfície.
TERMOS USUAIS
Infiltração acumulada (I) – É a quantidade total de água infiltrada
durante um determinado tempo (cm, mm)

Velocidade de infiltração (VI) – Taxa de variação da infiltração


acumulada com o tempo (cm/min; mm/min; cm/h; mm/h).

Velocidade de infiltração básica (VIB) – É a VI quando sua variação


com o tempo é muito pequena (após longo tempo de infiltração).
30 mm/h  VIB muito alta 15 a 30 mm/h  VIB alta
5 a 15 mm/h  VIB média < 5 mm/h  VIB baixa
FUNÇÕES DE INFILTRAÇÃO

 Infiltração acumulada (Kostiakov, 1932):

I  k Tn 100
Solo argiloso
90
Solo arenoso
80

Infiltração acumulada (mm)


70
60 I = 7,8 T
0,55

50
40
30 I = 3,8 T 4,8

20
10
0
0 20 40 60 80 100
Tempo acumulado (minutos)
FUNÇÕES DE INFILTRAÇÃO

 Velocidade de infiltração:

VI  β T α 300
-0,52
Solo argiloso VI = 109,44T VIB = 10 mm/h

Velocidade de infiltração (mm/h)


-0,45
250 Solo arenoso VI = 257,4 T VIB = 35 mm/h

200

150

100

50

0
0 20 40 60 80 100
Tempo acumulado (min)
MÉTODO DE DETERMINAÇÃO
 Infiltrômetro de anel – quando a infiltração se processa apenas na vertical:
Utilizado para irrigação por aspersão e por inundação.
INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

PELO MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL


Tempo Leitura Infiltração
Hora Tempo Acumulado da Régua Reposição Infiltração Acumulada
(min) (min) (cm) (cm) (cm) (cm)
08:00 0 0 10,8 - 0 0
08:01 1 1
08:02 1 2
08:04 2 4
08:06 2 6
08:11 5 11
08:16 5 16
08:26 10 26
08:36 10 36
08:51 15 51
09:06 15 66
09:36 30 96
10:06 30 126
INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

PELO MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL


Tempo Leitura Infiltração
Hora Tempo Acumulado da Régua Reposição Infiltração Acumulada
(min) (min) (cm) (cm) (cm) (cm)
08:00 0 0 10,8 - 0 0
08:01 1 1 10,3 - 0,5 0,5
08:02 1 2
08:04 2 4
08:06 2 6
08:11 5 11
08:16 5 16
08:26 10 26
08:36 10 36
08:51 15 51
09:06 15 66
09:36 30 96
10:06 30 126
INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

PELO MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL


Tempo Leitura Infiltração
Hora Tempo Acumulado da Régua Reposição Infiltração Acumulada
(min) (min) (cm) (cm) (cm) (cm)
08:00 0 0 10,8 - 0 0
08:01 1 1 10,3 - 0,5 0,5
08:02 1 2 9,8 - 0,5 1,0
08:04 2 4 9,3 0,5 1,5
08:06 2 6 8,7 - 0,6 2,1
08:11 5 11 8,0 0,7 2,8
08:16 5 16 7,1 12,4 0,9 3,7
08:26 10 26
08:36 10 36
08:51 15 51
09:06 15 66
09:36 30 96
10:06 30 126
INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

PELO MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL


Tempo Leitura Infiltração
Hora Tempo Acumulado da Régua Reposição Infiltração Acumulada
(min) (min) (cm) (cm) (cm) (cm)
08:00 0 0 10,8 - 0 0
08:01 1 1 10,3 - 0,5 0,5
08:02 1 2 9,8 - 0,5 1,0
08:04 2 4 9,3 0,5 1,5
08:06 2 6 8,7 - 0,6 2,1
08:11 5 11 8,0 0,7 2,8
08:16 5 16 7,1 12,4 0,9 3,7
08:26 10 26 11,5 0,9 4,6
08:36 10 36 10,4 - 1,1 5,7
08:51 15 51 9,4 1,0 6,7
09:06 15 66 8,1 11,7 1,3 8,0
09:36 30 96 10,4 1,3 9,3
10:06 30 126 9,1 1,3 10,6
INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

PELO MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL


Tempo Leitura Infiltração
Hora Tempo Acumulado da Régua Reposição Infiltração Acumulada
(min) (min) (cm) (cm) (cm) (cm)
08:00 0 0 10,8 - 0 0
08:01 1 1 10,3 - 0,5 0,5
08:02 1 2 9,8 - 0,5 1,0
08:04 2 4 9,3 0,5 1,5
08:06 2 6 8,7 - 0,6 2,1
08:11 5 11 8,0 0,7 2,8
08:16 5 16 7,1 12,4 0,9 3,7
08:26 10 26 11,5 0,9 4,6
08:36 10 36 10,4 - 1,1 5,7
08:51 15 51 9,4 1,0 6,7
09:06 15 66 8,1 11,7 1,3 8,0
09:36 30 96 10,4 1,3 9,3
10:06 30 126 9,1 1,3 10,6
14

12

10

y = 0,6235x0,6077
6
R² = 0,9902

0
0 20 40 60 80 100 120 140
QUALIDADE DE ÁGUA
PARA A IRRIGAÇÃO
SALINIDADE

Nas regiões onde ocorrem deficiência e má distribuição das chuvas quase


sempre a irrigação provoca acúmulo de sais no solo que afetam, direta ou
indiretamente o desenvolvimento da maioria das plantas cultivadas .
A salinidade já afeta 25% do total de áreas irrigadas do mundo, que está
próxima de 250 milhões de hectares.

No Brasil, 4,5 milhões de hectares são salinizados.


41% - Bahia
27% - Ceará
10 % - Rio Grande do Norte
9% - Pernambuco
13% - Demais Estados
MEDIDAS DA SALINIDADE
Existem muitas formas de expressar a salinidade de uma solução salina.
Uma delas consiste em expressar a quantidade de sais dissolvido em um
determinado volume. Como unidade de medida teríamos g/l.

Uma forma simples e suficiente de expressar a salinidade de uma


solução é por meio da Condutividade Elétrica (CE), já que uma solução
conduz eletricidade tanto melhor quanto maior for a concentração de
sais. Vejamos os fundamentos desta medida

A resistência elétrica do condutor é dada por:

L
R
S
em que “” é denominado de resistividade elétrica
O inverso de  se chama de condutividade elétrica e é expressa por:
1 1 L
CE   
 R S

As unidades da condutividade elétrica foram assim definidas:


1 Dist 1 cm
    MHO / cm
R area OHM cm 2

No solo a CE é pequena, portanto: mMHO/cm.

Na Europa já se utilizavam o conceito de condutividade elétrica em


telefonia e utilizavam SIEMENS/metro. Atualmente, na tentativa de
padronização das unidades de medida, é mais aceita a nomenclatura
européia.
 Deci-Siemens/metro  dS/m
 1 mmho/cm = 1 dS/m
CE25 (dS/m)
Rio Amazonas 0,04
Rio São Francisco (Petrolina) 0,10
Rio São Francisco (Penedo-AL) 0,70
Média dos rios dos EUA 0,22
Média dos rios da Europa 0,27
Média dos rios da Austrália 0,09
Água da chuva < 0,03
Água do mar (média) 50,0
1) Efeito dos Sais nas Plantas
 Efeito osmótico
 Efeito tóxico

Efeito osmótico:
A medida que se aumenta a concentração de sais na solução do
solo, diminui-se o potencial da água do solo, devido a diminuição
da componente do potencial osmótico (Yosm), podendo chegar
ao ponto da planta não conseguir mais absorver água. Por esta
razão, os sintomas de salinidade muitas vezes coincidem com os
sintomas de seca. A planta apresenta sintomas de murcha em
terras com abundância de água salina.
Efeito tóxico:
Em geral, os problemas de toxidade são mais freqüentes em
plantas arbóreas do que em plantas de ciclo curto. Os íons que
mais freqüentemente ocasiona toxidade são o sódio, cloro e boro.

Deficiência Nutricional

Toxidade por Sais

Doença de Planta
2) Sobre o Solo
Alguns sais podem afetar a estrutura dos solos. Altos teores de
sódio no complexo de troca podem promover a desestruturação
do solo devido ao fenômeno de dispersão das argilas.

Macroporos

Microporos

Agregados
MEDIDA DA SODICIDADE

Um índice muito utilizado para medir a concentração do sódio no


solo e na água de irrigação é a razão de adsorção do sódio
(RAS).
Na 
RAS 
Ca   Mg 
2

em que as concentrações de Na+, Ca++ e Mg++ são dadas em


miliequivalente por litro (meq/l).
CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE ÁGUA

a) Classificação segundo o Laboratório de Salinidade dos EUA

SALINIZAÇÃO:

C1 – Água com salinidade baixa (CE entre 0 e 0,25 dS/m)


Pode ser usada para irrigação da maioria das culturas e solos com pouca
possibilidade de causar salinização.
C2 – Água com salinidade média (CE entre 0,25 e 0,75 dS/m)
Pode ser utilizado sempre que houver grau moderado de lixiviação. Plantas
com moderada tolerância podem ser cultivadas sem práticas especiais de
controle da salinidade.
C3 – Água com salinidade alta (CE entre 0,75 a 2,25 dS/m)
Não podem ser utilizados em solos com deficiência de drenagem. Mesmo
naqueles com drenagem adequada, às vezes são necessárias práticas
especiais para o controle da salinidade. Pode ser utilizada somente com
plantas com boa tolerância a salinidade.
C4 – Água com salinidade muito alta (CE entre 2,25 e 5 dS/m)
Não é adequada para uso agrícola
SODIFICAÇÃO:

S1 – Água com baixa concentração de Sódio (RAS entre 0 a 10)


Pode ser usada para irrigação em quase todos os tipos de solo,
com pequena possibilidade de alcançar níveis indesejáveis de sódio
trocável.
S2 – Água com concentração média de sódio ((RAS entre 10 a 18)
Só pode ser utilizada em solos de textura grossa ou em solos
orgânicos com boa permeabilidade. Apresenta perigo de
sodificação considerável em solos de textura fina, com grande
capacidade de troca catiônica.
S3 – Água com alta concentração de sódio (RAS entre 18 a 26)
Pode produzir níveis maléficos de sódio trocável na maioria dos
solos e requer práticas especiais de manejo, boa drenagem, alta
lixiviação e adição de matéria orgânica. Em solos com muito gesso,
a água pode não produzir níveis maléficos de sódio trocável.
Requer o uso de corretivos químicos para substituir o sódio
trocável.
S4 – Água com muito alta concentração de sódio (RAS > 26)
É geralmente imprópria para uso agrícola.
b) Classificação segundo Ayers e Westcot
Problema Potencial Grau de Restrição ao Uso
Nenhuma Moderada Severa
Salinidade do Solo
CE da água de irrigação dS/m < 0,7 0,7-3,0 >3,0
Total de sólidos solúveis mg/l <450 450-2000 >2000
Capacidade de Infiltração do solo
RAS = 0 a 3 e CEI dS/m >0,7 0,7 - 0,2 <0,2
RAS = 3 a 6 e CEI dS/m >1,2 1,2 - 0,3 <0,3
RAS = 6 a 12 e CEI dS/m >1,9 1,9 - 0,5 <0,5
RAS = 12 a 20 e CEI dS/m >2,9 2,9 - 1,3 <1,3
RAS = 20 a 40 e CEi dS/m >5,0 5,0 - 2,9 <2,9
Toxidade
Sódio meq/l <3 >3
Cloro meq/l <3 >3
Boro mg/l <0,7 0,7 - 3,0 >3,0
Outros
Nitrogênio (NO3) mg/l <5,0 5,0-30 >30
Bicarbonatos meq/l <1,5 1,5 - 8,5 >8,5
Tubulações com Bicarbonatos
c) Classificação segundo Riscos de Entupimento de Emissores

A irrigação localizada proporciona considerável economia de água. No


entanto o gotejamento apresenta algumas desvantagens, sendo a principal o
entupimento dos emissores que apresentam reduzido diâmetro de saída de
água
Risco
Tipos de problema Baixo Médio Alto
Físico
Sólidos em suspensão (ppm) < 50 50 - 100 >100
Químico
pH < 7,0 7,0 a 8,0 >8,0
Sólidos dissolvidos (ppm) < 500 500 a 2000 > 2000
Mn (ppm) < 0,1 0,1 a 1,5 > 1,5
Ferro total (ppm) < 0,2 0,2 a 1,5 > 1,5
H2S (ppm) < 0,2 0,2 a 2,0 > 2,0
Biológico
Bactérias (no ml-1) < 10.000 10.000 a 50.000 > 50.000
RESISTÊNCIA DAS PLANTAS A SALINIDADE

Maas e Hoffman (1976), a partir de dados reais, encontraram uma


relação entre a salinidade e a produção de culturas:

P  100  bCE e  a   100


em que:
P – produção da cultura em relação à produção máxima (%)
CEe – Condutividade elétrica do extrato de saturação (dS/m)
a e b – parâmetros, cujos valores são constantes para cada cultura.
P
(%)
a
100
arc tg b P
b
CE e
50

0
A B CEe (mmhos/cm)
Produção Potencial
Culturas
100% 90% 75% 50%
a b Ces Cei Ces Cei Ces Cei Ces Cei
Algodão 7,7 5,38 7,7 5,1 9,6 6,4 13,0 8,4 17,0 12,0
Arroz 3,0 11,9 3,0 2,0 3,8 2,6 5,1 3,4 7,2 4,8
Cana-de-açucar 1,7 1,7 1,1 3,4 2,3 5,9 4,0 10,0 6,8
Feijão 1,0 1,0 0,7 1,5 1,0 2,3 1,5 3,6 2,4
Milho 1,7 11,9 1,7 1,1 2,5 1,7 3,8 2,5 5,9 3,9
Soja 5,0 20,0 5,0 3,3 5,5 3,7 6,2 4,2 7,5 5,0
Sorgo 4,0 7,14 6,8 4,5 7,4 5,0 8,4 5,6 9,9 6,7
Trigo 6,0 7,14 6,0 4,0 7,4 4,9 9,5 6,3 13,0 8,7
Laranja 1,7 16.1 1,7 1,1 2,3 1,6 3,3 2,1 4,8 3,2
Limão 1,7 16,1 1,7 1,1 2,3 1,6 3,3 2,2 4,8 3,2
Pêssego 1,7 20,8 1,7 1,1 2,2 1,4 2,9 1,9 4,1 2,7
Abacate 1,3 20,8 1,3 0,9 1,8 1,2 2,5 1,7 3,7 2,4
Uva 1,5 9,62 1,5 1,0 2,5 1,7 4,1 2,7 6,7 4,5
Alface 1,3 12,8 1,3 0,9 2,1 1,4 3,2 2,1 5,2 3,4
Batatinha 1,7 11,9 1,7 1,1 2,5 1,7 3,8 2,5 5,9 3,9
Batata-doce 1,5 11,1 1,5 1,0 2,4 1,6 3,8 2,5 6,0 4,0
Beterraba 4,0 8,93 4,0 2,7 5,1 3,4 6,8 4,5 9,6 6,4
Brócolis 2,8 9,26 2,8 1,9 3,9 2,6 5,5 3,7 8,2 5,5
Cebola 1,2 16,1 1,2 0,8 1,8 1,2 2,8 1,8 4,3 2,9
Cenoura 1,0 13,9 1,0 0,7 1,7 1,1 2,8 1,8 4,6 3,1
Melão 2,2 7,25 2,2 1,5 3,6 2,4 5,7 3,8 9,1 6,1
Pepino 2,5 13,2 2,5 1,7 3,3 2,2 4,4 2,9 6,3 4,2
Repolho 1,8 9,62 1,8 1,2 2,8 1,9 4,4 2,9 7,0 4,6
Tomate 2,5 9,8 2,5 1,7 3,5 2,3 5,0 3,4 7,6 5,0
Exemplo:
Em uma zona de irrigação se obtém as seguintes produções em
solos sem problemas de salinidade
Algodão  3.000 kg/ha
Milho  6.800 kg/ha
Em análises de solo de uma parcela mostra a salinidade de CEe =
4,0 dS/m. Calcular as produções que se obteriam nos citados
cultivos.
Resp: Algodão  3.000 kg/ha
Milho  4.937 kg/ha
Lâmina de Lixiviação

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