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Por um Reset Conservador-

Liberal
Em 2020 muitas coisas ficaram mais claras.

Ficou claro que existe uma gigantesca batalha no mundo. De um lado, a


liberdade e a dignidade humanas, fundamentadas na realidade humana: a
realidade de um ser que possui uma dimensão espiritual em conjunto e
inseparavelmente da dimensão material. E do outro lado, um grande arco de
ideologias, programas, práticas, grupos de interesse, correntes de pensamento,
associações e atitudes contrárias àquelas liberdade e dignidade.

De fato, existe hoje ao redor do mundo uma imensa, profunda e complexa


trama de interesses que une:

 a grande mídia;
 o narco-socialismo (única forma de socialismo capaz de
sobreviver no longo prazo);
 a corrupção;
 a bandidagem em geral (crime organizado);
 o sistema intelectual politicamente correto;
 o climatismo (uso da questão climática como instrumento de
controle econômico);
 o racialismo (programa de organização da sociedade segundo o
princípio da raça);
 o covidismo (a histeria biopolítica e sua utilização como
mecanismo de controle);
 o terrorismo;
 o multilateralismo antinacional (distorção e manipulação do
sistema multilateral composto pelos organismos inernacionais);
 a ideologia de gênero;
 o abortismo;
 o trans-humanismo;
 o anticristianismo e a cristofobia;
 o esquema de alguns megabilionários ou trilionários;
 o elitismo transnacional;
 e o marxismo de mercado megatecnológico ou neomaoísmo.
Embora algumas dessas correntes pareçam distantes umas das outras, trata-se
de vasos comunicantes: quando se alimenta uma, todas comem. Quando uma
avança, todas progridem. Quando uma vence, todas ganham.

Como num jogo de xadrez, cada um desses elementos, ao mover-se ou ao


permanecer onde está, embora fisicamente independente dos demais, exerce
uma função em favor do conjunto. Cada peça protege uma ou mais outras
peças do mesmo time e ataca uma ou mais peças do adversário, cada uma
ocupa espaços em benefício de todo o time, cada uma cria linhas de força e
possibilita, em jogadas futuras, novas agressões e novas ocupações. Não
parece haver um jogador único por trás das peças planejando todos os
movimentos, mas é como se o sistema se jogasse sozinho, ou melhor, é como
se as peças do time anti-liberdade soubessem que estão jogando juntas e
compartilhassem uma mesma estratégia. Alguns elementos têm mais
consciência do que os outros, mas todos possuem instintivamente, mesmo sem
sabê-lo, a percepção de uma estrutura comum que os coliga e os promove a
todos, e agem de acordo com esse instinto.

Podemos ver esse grande esquema também como um grande conglomerado


composto por muitas companhias, cada uma delas vendendo seus produtos
sob diferentes marcas, sem que o público saiba, e talvez sem que os próprios
dirigentes e empregados de cada companhia saibam, que tudo faz parte do
mesmo conjunto, que o lucro de cada uma dessas companhias aumenta a
capacidade de investimento da outra. Assim, quando você compra a
biopolítica do "fique em casa" talvez esteja ajudando o narcotráfico. Quando
compra o multilateralismo anti-nacional talvez não perceba que está ajudando
a corrupção. Ou talvez saiba e não se importe. Talvez saiba e ache bom.

Podemos chamar todo esse conjunto de “globalismo”. Trata-se,


fundamentalmente, da globalização econômica capturada pelo marxismo,
fenômeno que começou logo após o fim do bloco soviético e se intensificou a
partir do ano 2000, embora seus impulsos destrutivos tenham raízes milenares.
O globalismo nasceu quando a globalização capitalista, ao esquecer o espírito,
entregou-se inconscientemente ao comunismo em sua metástase pós-soviética,
ou seja, o marxismo de Gramsci e da New Left, da Revolução Cultural (tanto
a ocidental quanto a chinesa), que sempre almejou ocupar o capitalismo por
dentro em vez de enfrentá-lo de fora, e hoje está conseguindo. O atual modelo
maoísta e sua expansão crescente pelo mundo é uma das principais expressões
e resultados dessa triunfante penetração do capitalismo pelo marxismo.
Vemos o processo de uma estranha alquimia ao inverso, que vai conseguindo
transformar o ouro espiritual em chumbo inerte. Que escraviza as melhores
energias do ser humano - a ciência, a tecnologia, o pensamento, a arte, enfim o
logos - em favor de uma cultura da morte, da mentira e da maldade.

“Você não terá nada e será feliz”, diz a propaganda do Great Reset. Nesse
mundo, de fato, o ser humano não terá nada, nem liberdade, nem dignidade,
nem vida espiritual. Será “feliz” como uma pedra é feliz, sem sentimentos,
sem pensamentos, tendo todas as suas “ideias” geradas pelo mecanismo
megatecnológico de controle total.

Tudo isso, todas as peças do xadrez, todas as companhias pertencentes à


mesma holding, não constituem um sistema totalmente coordenado, mas um
grande organismo de afinidades eletivas conjugadas no ódio à transcendência
e no desejo de arrancar ao ser humano sua dimensão espiritual.

Por que esse ódio? Não se sabe. Eis aí talvez o “mysterium iniquitatis” de que
fala São Paulo na segunda Epístola aos Tessalonicenses.

De qualquer modo, muitas pessoas, em todo o mundo, estão despertando para


a natureza desse monstruoso projeto e para a urgência de combatê-lo pela
sobrevivência da humanidade. O ano de 2020 começou a expor a situação. O
misterioso complexo anti-liberdade mostrou ao menos parte de seu rosto, com
o lançamento do conceito de Great Reset e com a ideia de restauração de uma
certa “ordem mundial liberal” diante da perspectiva de mudança de rumo nos
Estados Unidos.

Em 2021 há que seguir estudando e combatendo esse misterioso e iníquo


sistema, a partir dos dados que ele mesmo proporciona, rasgando o véu de
cinismo e hipocrisia que cobre suas palavras. Lembremos que o mal raramente
diz “eu sou o mal”, mas de maneira insidiosa apresenta-se como se fosse o
bem, com as roupagens da paz e da felicidade. O ser humano, contudo, possui
(na medida em que preserve sua posição vertical, espiritual) a inteligência e a
sensibilidade necessárias para perceber esses enganos e buscar a verdade.

Não se trata aqui de uma questão puramente filosófica, nem muito menos de
teoria da conspiração. Trata-se de procurar entender as forças em ação no
mundo para defender e promover os interesses muito reais - materiais e
espirituais - dos brasileiros e de todas as pessoas de bem no mundo.
A seguir, algumas sugestões para compor uma agenda de defesa da verdadeira
democracia, com liberdade e dignidade para o ser humano. Dirijo-me
principalmente àqueles que se dizem e se acham sinceramente democratas,
liberais e humanistas mas se deixam levar pelo complexo liberticida:

 Respeitem a Nação, pois nela está o coração pulsante da


liberdade e das aspirações da comunidade humana.

 Respeitem as liberdades fundamentais consagradas na


Declaração Universal dos Direitos Humanos.

 Respeitem o povo, respeitem os povos e as pessoas, não tentem


constituir-se em um mágico conjunto de sábios capazes de dar
um “reset” no mundo. Tenham humildade. Nada de despotismo
esclarecido globalista. Não caiam na ilusão de tornarem-se “reis-
filósofos” de Platão, testas-de-ferro de um regime totalitário.
Entendam que a democracia se faz de mais “demos” e menos
“kratía”. Deixem de rotular e desmerecer os líderes de direita
como “populistas”, quando eles são simplesmente populares,
porque amam o povo, respeitam os sentimentos do povo,
exprimem-nos e defendem-nos.

 Estudem e entendam de onde vêm as ameaças à democracia, e de


onde não vêm. Saibam quem é quem.

 Contribuam para uma economia mundial que proporcione


reforço positivo para os países democráticos e reforço negativo
para os países não-democráticos. (Hoje, em geral, é o contrário.)

 Ajudem a colocar a economia capitalista a favor da democracia,


da liberdade e da dignidade humana, e não a favor do controle
social totalitário.

 Ajude a tornar as novas tecnologias instrumento de democracia e


não de controle social. Trabalhe para que o mundo não se torne
uma grande “internet das coisas” onde as pessoas sejam
meramente coisas entre outras coisas, onde uma pessoa humana
não seja meramente um conjunto de dados. Que o mundo virtual
seja uma grande internet das pessoas, e não das coisas, pessoas
trocando sentimentos e ideias livremente e assim gerando
prosperidade e vivendo sua humanidade.

 Parem de demonizar a religião, pois a religião é um veículo


privilegiado para a espiritualidade. Parem de achar que o ateísmo
é mais “evoluído” do que a fé. A perda da faculdade de conduzir
uma vida espiritual não representa nenhuma evolução. Rejeitar o
espírito humano é o oposto de qualquer coisa que se possa
chamar honestamente de humanismo.

 Parem de deixar que os organismos multilaterais sejam


manipulados por atores não-democráticos para seus próprios
interesses (como o foram durante a Guerra Fria pela União
Soviética). Injetem os ideais e ideais de liberdade e democracia
no sistema multilateral e em todas as discussões internacionais.
De que vale um democrata que tem medo de falar de democracia
para não ofender os anti-democráticos?

 Entendam que o mundo não deve organizar-se em torno do eixo


do “desenvolvimento sustentável” nem do eixo da “saúde”.
Colocar na mais alta prioridade mundial esses temas “globais”
que não têm nada a ver com a liberdade apenas serve aos
interesses dos anti-democráticos. Tratem o desenvolvimento
sustentável, a saúde e todos os outros temas ditos “globais” a
partir da perspectiva da liberdade, e não o o contrário, não tratem
a liberdade a partir da perspectiva do desenvolvimento
sustentável, porque isso ferirá de morte a liberdade e não trará
desenvolvimento algum.

 Parem de dizer que “temas globais requerem soluções globais”.


Problemas globais requerem soluções pró-democracia, pró-
liberdade, pró-dignidade humana. Muito mais importante do que
“reconstruir verde” é “reconstruir livre”.

 Estudem e entendam a penetração de forças anti-democráticas na


imprensa, nas instituições e nas empresas em países
democráticos, penetração tanto em termos de mentalidades
quanto em termos de agentes efetivamente atuantes.

 Coloquem a liberdade de expressão no centro da liberdade, pois


ela é a seiva vital da humanidade. Entendam de que maneira e
em que extensão a grande mídia nos países democráticos é
manipulada por forças anti-democráticas e torna-se instrumento
de aniquilação da liberdade de expressão e da liberdade de
pensamento. Entendam que a maior arma das forças anti-
democráticas hoje é o ataque à liberdade de expressão sob
pretexto de combater fake news.

 Parem de colar rótulos nas garrafas e achar que, ao colar o


rótulo, já beberam o vinho ali contido. Não sejam enólogos que
conhecem todos os rótulos mas jamais sentiram uma gota de
vinho na língua.

 Prestem atenção de onde vêm as ideias que você consome e que


acabam direcionando o seu pensamento. Não se preocupem
apenas com os ingredientes do que vocêm comem, mas com os
ingredientes do que vocês pensam, a procedência das ideias-
feitas que circulam por toda parte, sua qualidade, a capacidade
de corromper seu organismo mental que essas ideias possuem.
Preocupem-se não apenas com as cadeias de suprimento de
produtos industriais, mas também com as cadeias de suprimento
de ideias: como são montadas, que interesses atendem, que tipo
de mundo promovem.

 A direita, o conservadorismo, são fundamentalmente e


intrinsecamente pró-democracia e pró-liberdade. Se você se acha
liberal e não quer ser chamado de direitista ou conservador por
causa de preconceitos que incutiram em você, vá lá, mas não
fique preso aos nomes e entenda que a direita e o
conservadorismo querem a mesmíssima coisa que você diz
querer, liberdade, um mundo favorável à liberdade.

 Liberal, dê a mão ao conservador, aceite a mão que o


conservador lhe estende. Somente o conservador pode salvá-lo
das garras do marxismo. Somente juntos você e o conservador
podem salvar o mundo.
 O mundo, o sistema internacional “liberal” que você está
criando, não é um mundo seguro para a democracia, “safe for
democracy”. É um mundo “safe for totalitarianism”. Veja quem
está ganhando nesse sistema “liberal”, quem se torna
hegemônico, quem está ganhando as corridas de acordo com as
“regras” que você tanto preza.

 Uma ordem liberal internacional somente será sólida e


verdadeira se for uma ordem liberal-conservadora internacional.
Uma ordem liberal internacional nunca se sustentará sem o
conservadorismo.

 Entenda o que é o conservadorismo e estude-o. Conservadorismo


é: liberdade individual em equilíbrio com a saúde da
comunidade, a Nação acima do Estado (menos Estado, mais
Nação), liberdades fundamentais clássicas (de expressão de
opinião, de crença, de não ser preso arbitrariamente, direito ao
devido processo legal, direito a escolher seus governantes,
direito à vida, etc.), respeito, amor e cuidado pelos seus
ancestrais, pelas lutas e sentimentos das gerações passadas,
cuidado e devoção pelas gerações futuras, pelo passado histórico,
pelas tradições, amor à família e à pátria como família estendida,
cultivo da beleza, da coragem, da virtude, pensamento
constituído pela busca da verdade e não pela construção de
vantagem política, respeito à língua entendida como logos,
instrumento divino de comunicação, estudo da realidade e
expressão do sentimento, e não como meio de distorcer a
realidade, prática ou pelo menos respeito da religião como
veículo da espiritualidade intrínseca ao ser humano, equilíbrio
entre a razão e o sentimento, humildade diante das limitações da
razão humana e percepção de que nem todo conhecimento é
racional e nem toda verdade é científica.

O conservadorismo é o corpo da liberdade, a liberdade em sua versão


concreta.

Se querem Great Reset, que seja esse o Reset: liberalismo e conservadorismo


juntos pela liberdade e pela democracia.
Trabalhemos por isso, lutemos por isso em 2021.

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