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Introdução:
Estamos vivendo em meio a uma pandemia. Muitos estão ansiosos, deprimidos e estressados. Será
que o consumo de açúcar aumentou durante a pandemia? Segundo pesquisas realizadas por
grandes veículos de mídia e universidade, o brasileiro se entregou aos doces durante essa
pandemia.
O Brasil é um dos países com maior índice de obesidade do mundo e é urgente que falemos sobre
o açúcar e seus efeitos maléficos em nossa saúde.
Quando consumido em excesso, o açúcar pode causar diversas doenças graves e não
transmissíveis. Segundo a OMS, essas doenças são as maiores causadoras de mortes ao redor
planeta e a lista inclui doenças cardíacas, câncer, diabetes, doenças renais e síndrome metabólica
(pressão alta, excesso de peso).
O que é açúcar?
Do ponto de vista da bioquímica, são monossacarídeos e oligossacarídeos. Mas, traduzindo em
uma linguagem “popular”, o açúcar nada mais é do que o termo comercial utilizado para os
carboidratos cristalizados e comestíveis que incluem, principalmente, a sacarose. A glicose e a
frutose também estão inclusas na lista de açúcares.
História do açúcar:
O açúcar não é tão novo assim, no entanto, só invadiu as cozinhas de uma forma mais
globalizada no século XVII. De acordo com historiadores, o imperador Alexandre, O Grande,
enviou seus subordinados à Índia Oriental, e ali constataram o uso do açúcar. Naquela época,
o açúcar era extremamente caro e não era consumido de forma tão vasta.
À partir do século VII o açúcar passou a ganhar características similares ao açúcar que
conhecemos hoje em dia. Quando os árabes conquistaram a Pérsia, as plantações de cana
ganharam ainda mais notoriedade e se espalharam de forma significativa, visto que os persas
já possuíam técnicas avançadas em relação ao transporte do açúcar refinado.
O mais curioso é que em um primeiro momento, ao chegar no ocidente, o açúcar não era usado
no preparo de alimentos, mas na conservação de frutas e na fabricação de remédios. O valor do
açúcar era extremamente alto e as famílias não podiam se dar o luxo de consumí-lo no preparo
de receitas.
O valor do açúcar começou a cair à partir do século XVII quando a quantidade de lavouras de
cana aumentaram no continente americano e à partir daí o açúcar tornou-se um item comum e
altamente consumido ao redor do planeta.
Frutas não entram nesse cálculo, mas mesmo o açúcar natural das frutas deve ser consumido
com bom senso, principalmente na existência de doenças.
De acordo com o Ministério da Saúde, os brasileiros consomem 50% a mais do que aquilo que
podemos chamar de níveis relativamente “seguros”.
De lá, as moléculas de açúcar seguem para o intestino delgado, onde a maioria é transformada
em glicose, absorvida na nossa corrente sanguínea e transportada por todo o corpo para
fornecer energia
O corpo humano é tão perfeito que, à medida que digerimos uma refeição e a nossa glicemia
aumenta, ela manda um sinal ao pâncreas o qual então secreta insulina. A insulina é um
hormônio responsável por levar a glicose que está no sangue para dentro das células que
necessitam de energia. Em outras palavras, a insulina é um hormônio que faz com que as células
abram suas portas, permitindo que o açúcar entre ali e seja transformado em glicose.
Em tese, quanto mais açúcar houver no sangue, mais insulina o pâncreas irá liberar.Mas, a má
notícia é que existe um limite de quantidade de insulina que o pâncreas pode produzir. Ou seja,
nosso corpo só consegue processar uma certa quantidade de açúcar de uma vez.
O problema é que, quando exigido demais que o pâncreas produza muita insulina, ele
simplesmente pára de produzir ou a insulina produzida não desenvolve mais a sua função. E se a
insulina não é produzida ou não funciona, o açúcar segue circulando livremente pelo sangue.
O problema é que, quando exigido demais que o pâncreas produza muita insulina, ele
simplesmente pára de produzir ou a insulina produzida não desenvolve mais a sua função. E se a
insulina não é produzida ou não funciona, o açúcar segue circulando livremente pelo sangue.
Efeitos no organismo:
Cérebro:
O efeito imediato causado pelo açúcar no nosso cérebro é de prazer. Isso acontece devido à
liberação de dopamina, um hormônio neurotransmissor, causado pelo açúcar. A liberação deste
neurotransmissor pode superestimular o sistema de recompensa cerebral, provocando uma
sensação de euforia que estimula o consumo. Como absolutamente tudo nessa vida, a produção
em excesso de dopamina faz mal pois causa dependência.
Estudos científicos mostram que o consumo de açúcar pode causar “resistência insulínica”, o que
resulta em um desequilíbrio dos níveis de açúcar no sangue, afetando importantes funções
cerebrais como a cognição e a memória.
Estudos científicos mostram que o consumo de açúcar pode causar “resistência insulínica”, o que
resulta em um desequilíbrio dos níveis de açúcar no sangue, afetando importantes funções
cerebrais como a cognição e a memória.
Quando há açúcar em excesso no organismo e essa energia não é queimada, ganhamos peso.
Além disso, a glicose acumulada na célula acumulam resíduos tóxicos que causam tantos
malefícios que ao se multiplicar, uma célula que antes era saudável pode gerar células
defeituosas. É exatamente isso que aumenta o risco de câncer.
Na forma mais comum do diabetes - tipo 2 - o pâncreas ainda produz insulina, mas ou não é o
suficiente para controlar os níveis de glicemia, ou as células do corpo não a utilizam de forma
eficaz.
O consumo excessivo de açúcar aumenta a produção de sinalizadores pró inflamatórios como IL-
6, TNF-α, INF-γ, IL-12 e NF-kB, que induz a expressão de vários genes inflamatórios.
O que são citocinas?
As citocinas são um grupo específico de proteínas produzidas por diversos tipos celulares com
capacidade de modular a resposta de várias células. As citocinas são produzidas com a finalidade
de ativar, mediar ou regular a resposta imune total e dependem de ligação receptor-substrato
específica. Isso significa que elas só ativam células que tenham o receptor específico. As
citocinas estão intimamente relacionadas ao processo inflamatório.
TNF-Alfa
O TNF Alfa é uma sigla que significa FATOR DE NECROSE TUMORAL ALFA e é um dos tipos
existentes de citocina pró inflamatória e é predominantemente produzido pelo tecido adiposo.
Pelo fato de ser produzido pelo tecido adiposo, o TNF-alfa é uma adipocina, ou seja, uma citocina
(proteína) secretada pelos adipócitos que desempenha um papel importante na homeostasia
corporal. Há adipocinas que desempenham uma função imunológica e, entre elas, a produção do
TNF Alfa, como resposta a estímulos inflamatórios, promovendo então a apoptose adipocitária.
No entanto, é importante ressaltar que o TNF-alfa não é produzido somente pelo tecido adiposo.
Existem outros tecidos que também o produzem: mas via de regra a maior quantidade de TNF-
alfa no nosso organismo é produzida pelo tecido adiposo.
A função primordial do TNF é responder mediante processos pró-inflamatórios em fase aguda, ou
seja, uma vez que o processo inflamatório é instaurado, o TNF-alfa entra em cena como resposta.
Ele recebe o nome de "necrose tumoral" porque sua primeira descrição foi na análise de células
tumorais, pois mediante a presença deste fator nas células tumorais, ocorria a morte celular.
Ele é secretado por macrófagos, linfócitos e monócitos e seus receptores podem desencadear o
gatilho para a apoptose, que é a morte programada das células.
O TNF-alfa tem um papel importante na proteção contra agentes agressivos ao nosso organismo
(infecciosos virais e também células tumorais). Ou seja, há uma resposta imunológica importante
que é mediada pelo TNF.
Há receptores de TNF-alfa difundidos por uma grande variedade de tecidos. No entanto, via de
regra a sinalização do TNF-alfa atua predominantemente no sistema imune no combate a certos
tipos de agentes, principalmente agentes virais.
Problemática do TNF-alfa: se há um aumento exagerado do tecido adiposo (obesidade -
predominância de massa gorda) haverá um aumento da produção de TNF, o que não é desejável.
A sinalização do TNF no fígado pode induzir o aumento da resistência insulínica. Isso ocorre
porque o fígado é o principal órgão na regulação metabólica da glicose do nosso organismo. Ou
seja, se a glicose está baixa, o fígado joga a glicose para a circulação sanguínea. No entanto, se a
glicose está alta, o fígado trata de captar essa glicose e isso é mediado pela sinalização de insulina
no que diz respeito à captação. O aumento da resistência à insulina promove o aumento da
glicose sanguínea. As células do sistema imune trabalham para captar essa glicose e utilizá-la
como fonte de energia para combater agentes infecciosos; contudo, em uma condição de
obesidade, a produção elevada de TNF-alfa e a indução de resistência à insulina hepática, ocorre
a diabetes tipo 2.
Quando falamos de uma resposta mediada para promover a morte celular tudo que acontece do
aspecto intracelular é ativado para causar a apoptose que é justamente essa morte celular e
essas respostas aumentam a permeabilidade da mitocôndria que faz com que o citocromo C seja
liberado e finalmente ocorre a morte celular o que acontece, por exemplo, nos tumores. No
entanto, há um paradoxo nesse sistema pois, ao mesmo tempo que ocorre a apoptose, ocorre
também a proliferação: sair da zona de conflito (morte) para a zona de conforto (proliferação) e
vice-versa.
A resposta do TNF-alfa é uma faca de dois gumes e dependendo dos mediadores intracelulares e
das vias mitogênicas que forem estimuladas (através de proteínas quinases que estimulam a
mitose celular), ocorrerá o quadro de proliferação invés de apoptose. Ou seja, alguns tumores se
aproveitam do TNF-alfa para crescer e o TNF-alfa nem sempre induz a morte do tumor. O NFK-
beta é um fator nuclear que leva à proliferação.
Interleucina
Exemplo IL-6: produzidas nas células T (sistema imunológico), por macrófagos (células
inmunológicas), e por alguns tecidos (tecido adiposo - adipócito e o músculo esquelético).
Dependendo de onde a IL-6 é produzida, ela poderá ter ação pró ou anti-inflamatória. A IL-6
produzida no tecido adiposo tem ação pró inflamatória, por isso a pessoa mais obesa com
sobrepeso é mais inflamada, pois o tecido adiposo produz mais IL-6 e libera essa proteína
inflamatória no sangue e ela agirá no fígado criando um mecanismo inflamatório secundário no
fígado. Em resposta a este mecanismo inflamatório, o fígado fará muita glicogenólise, que é pegar
o estoque de glicogênio, quebrar em glicose e liberar para a corrente sanguínea, aumentando,
assim, a glicemia e isso resulta na resistência à insulina conforme explicado anteriormente. A
ação anti inflamatória da IL-6 acontece no músculo esquelético mediante a contração muscular,
combatendo algum mecanismo inflamatório - por isso a atividade física é tão importante.
Nomes disfarçados do açúcar:
● Açúcar magro
● Açúcar demerara
● Açúcar cristal
● Açúcar mascavo
● Melaço/melado
● Maltodextrina
● Dextrose
● Frutose
● Açúcar orgânico
● Concentrado de frutas/néctar
● Xarope de milho
● Xarope de malte
● Xarope de glicose
● Glicose
● Glucose
● Açúcar invertido
● Sacarose
● Lactose
● Amido modificado
Referências científicas:
A obesidade está associada à inflamação de baixo grau, desencadeada no tecido adiposo, que
pode ocorrer devido ao excesso de açúcar e gordura da dieta. Essa condição está envolvida no
desenvolvimento de componentes da síndrome metabólica associada à obesidade,
principalmente a resistência à insulina. O objetivo do estudo acima foi avaliar a manifestação da
síndrome metabólica e inflamação do tecido adiposo em função do período de tempo em que
ratos foram submetidos a uma dieta rica em açúcar e gordura. Ratos Wistar machos foram
divididos em seis grupos para receber dieta controle (C) ou HSF por 6, 12 ou 24 semanas. HSF
aumentou o índice de adiposidade em todos os grupos HSF em comparação com o grupo C. O
HSF foi associado a níveis plasmáticos mais elevados de plasma TAG, glicose, insulina e leptina
(hormônio que ativa a sensação de saciedade). A avaliação do modelo de homeostase aumentou
em HSF em comparação com ratos C em 24 semanas. Tanto o TNF-α quanto a IL-6 foram
elevados no tecido adiposo epididimal de ratos HSF em 24 semanas em comparação com HSF em
6 semanas e C em 24 semanas. Apenas o grupo HSF em 24 semanas mostrou expressão
aumentada de ambos os receptores Toll-like 4 e NF-κB. Mais células inflamatórias foram
encontradas no grupo HSF em 24 semanas. Podemos concluir que a síndrome metabólica ocorre
independentemente da resposta inflamatória no tecido adiposo e que a inflamação está
associada à hipertrofia dos adipócitos, que varia de acordo com o tempo de exposição ao HSF.
Vários SNPs exibindo efeitos de interação gene-ambiente estatisticamente significativos em
biomarcadores de inflamação, em particular PCR, foram identificados.