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Remissão Espontânea na Papilomatose

Respiratória Juvenil
Sofia Sousa Teles(1); Catarina Areias(1); Lília Ferraria(1); Luís Antunes (1)
(1) – Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Garcia de Orta

INTRODUÇÃO
A papilomatose respiratória recorrente (PRR) caracteriza-se pelo aparecimento de papilomas benignos na mucosa
respiratória, com recidivas frequentes ao longo da vida1. É provocada pela infeção do vírus do papiloma humano
(HPV), sendo a neoplasia da via aérea superior mais frequente nas crianças1,2. O subtipo juvenil caracteriza-se por
aparecimento dos sintomas antes dos 12 anos de idade e é geralmente mais agressivo que nos adultos, com uma
média de 20 intervenções cirúrgicas ao longo da infância3.
PALAVRAS-CHAVE: papilomatose, respiratória, pediátrica, juvenil, laringe, remissão

DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO


Doente do sexo feminino, 13 anos, com disfonia persistente com
dois anos de evolução, de aparecimento súbito. Tinha sido
previamente vacinada com Gardasil9®. Sem melhoria com terapia
da fala. Foi observada em consulta de voz, apresentando
G2R1B2A0S2, Tempo Máximo de Fonação “a” (TMF) de 18s, Jitter
0.669% e Shimmer 15.756%. À laringoscopia identificaram-se
lesões papilomatosas no 1/3 anterior da prega vocal esquerda e
bordo livre de ambas as pregas vocais (Figura 1). Foi proposta Figura 1 – Laringoscopia inicial
microcirurgia da laringe em suspensão para excisão e análise
histológica das lesões.
Passado um mês a doente foi reavaliada, verificando-se diminuição
da dimensão das lesões, pelo que se decidiu adotar postura
vigilante. Foi reavaliada em consulta passados três meses, com
remissão completa espontânea das lesões papilomatosas na
laringoscopia (Figura 2) e significativa melhoria da qualidade vocal
(G1R1B0A0S1, Jitter 0.351% e Shimmer 4.986%.). Figura 2 – Laringoscopia após 3 meses

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
A PRR é mais severa quando se apresenta em crianças com idade inferior a 3 anos1 .
A remissão espontânea é mais provável quando a doença se manifesta entre os 6-10
anos e lesões confinadas a um local anatómico4. O subtipo de HPV, bem como
fatores imunitários do hospedeiro, podem afetar a probabilidade de remissão
espontânea4 .

Apesar da recorrência ser característica da PRR, na apresentação juvenil tardia


devemos ter em conta a elevada taxa de remissão que ocorre durante a puberdade.
Referências Bibliográficas:

1. Somers GR, Tabrizi SN, Borg AJ, Garland SM, Chow CW. Juvenile laryngeal papillomatosis in a pediatric population: A clinicopathologic study. Fetal Pediatr Pathol. 1997;17(1):53-64. doi:10.1080/15513819709168346

2. Chhetri DK, Shapiro NL. A scheduled protocol for the treatment of juvenile recurrent respiratory papillomatosis with intralesional cidofovir. Arch Otolaryngol - Head Neck Surg. 2003;129(10):1081-1085. doi:10.1001/archotol.129.10.1081

3. Kumar N, Preciado D. Airway Papillomatosis: New Treatments for an Old Challenge. Front Pediatr. 2019;7(September):1-6. doi:10.3389/fped.2019.00383

4. Ruparelia S, Unger ER, Nisenbaum R, Derkay CS, Reeves WC. Predictors of Remission in Juvenile-Onset Recurrent Respiratory Papillomatosis. Arch Otolaryngol - Head Neck Surg. 2003;129(12):1275-1278. doi:10.1001/archotol.129.12.1275

5. Wiatrak BJ, Wiatrak DW, Broker TR, Lewis L. Recurrent respiratory papillomatosis: A longitudinal study comparing severity associated with human papilloma viral types 6 and 11 and other risk factors in a large pediatric population. Laryngoscope. 2004;114(11 II):1-23.
doi:10.1097/01.mlg.000148224.83491.0f

PT-NON-02054 09/2022

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