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Atualização sobre
Vacinas COVID-19 em Pediatria
Departamento Científico de Imunizações (2022-2024)
Sociedade Brasileira de Pediatria
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Atualização sobre Vacinas COVID-19 em Pediatria
Dados sobre Síndrome respiratória aguda grave e de óbitos decorrentes em crianças menores de 5 anos -
Boletim Epidemiológico Nº 118.
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BA.1 e BA.2 foram as predominantes no Chile du- 10 ou 12 meses após a segunda dose da vacina,
rante o período do estudo, as mesmas que foram com tendência de melhores respostas imunes
protagonistas dos casos aqui no Brasil em similar quando o intervalo era superior.
período. O pequeno número de casos impediu
Em relação aos dados de segurança, foram
uma análise de efetividade por variante.
compartilhados novos dados de um estudo de
De forma geral, o que se depreende dos da- coorte prospectivo, observacional, multicêntri-
dos analisados é que embora as taxas de efetivi- co, de braço único, pós-registro para avaliar a
dade na prevenção de doença sintomática sejam segurança da vacina adsorvida COVID-19 (ina-
limitadas, a proteção contra hospitalização, que tivada) Sinovac/Instituto Butantan. O objetivo
era de 65% na análise preliminar (até fevereiro primário deste estudo foi avaliar a incidência
de 2022), se manteve em 55% (até 11 de maio de eventos adversos pós-vacinação (EAPV) que
de 2022), antecipando um importante impac- necessitem atendimento médico a qualquer
to na redução das complicações da doença em momento dentro de 42 dias da última dose de
crianças. Aqui se faz importante destacar que os vacina recebida. Nesta análise preliminar de far-
dados de efetividade de vacinas COVID-19 em macovigilância ativa não foram identificados,
crianças no cenário de circulação da variante até o momento, riscos adicionais na população
Ômicron, têm mostrado uma tendência de perda pediátrica estudada.
de proteção quando comparado com o período
Cabe ao MS do Brasil, agora, a aquisição das
de circulação de outras variantes. Consistente
doses de vacina necessárias para a imunização
com estes resultados, um estudo em Nova York
dessa população. Num primeiro momento, na in-
observou que a efetividade de duas doses da
disponibilidade da totalidade de doses, os esta-
vacina BNT162b2 para prevenção de COVID-19
dos e municípios devem, priorizar os grupos de
e internação diminuiu de 66% para 51% e
crianças imunocomprometidas, com comorbida-
de 85% para 73% para adolescentes de 12 a
des e populações mais vulneráveis.
17 anos, respectivamente. Também em linha
com estes dados, o estudo Vision, realizado
entre dezembro de 2021 e maio de 2022 nos 2) Suspensão da necessidade de intervalos
Estados Unidos da América (EUA), demonstrou entre vacinas COVID-19 e demais vacinas
que a vacina BNT162b2-Pfizer propiciou em do calendário infantil
crianças de 5 a 11 anos uma efetividade de 50%
contra visitas na emergência em um período mé- O MS com a Nota Técnica Nº 195/2022-CGP-
dio de 36 dias após a segunda dose. Durante o NI/DEIDT/SVS/MS, datada de 14 de julho de
predomínio da variante Omicron, nas suas diver- 2022, atualizou as recomendações referentes à
sas sublinhagens, os dados globais com as vaci- coadministração das vacinas COVID-19 com as
nas atualmente em uso, demonstram que existe demais vacinas em uso no país para não mais
uma inequívoca tendência de queda da efetivi- exigir o intervalo mínimo entre os diversos imu-
dade em crianças e adolescentes, seguindo pa- nizantes para crianças de 5 a 11 anos de idade.
drão semelhante ao observado em adultos. Para a faixa etária acima de 12 anos já havia a
recomendação de administração concomitante
Desta forma, o perfil de efetividade da Coro- de vacinas COVID-19 com outras vacinas, con-
navac neste grupo etário de 3 a 5 anos de idade forme publicado no Plano Nacional de Opera-
não difere substancialmente do perfil observa- cionalização da Vacinação contra a COVID-19
do com a vacina de RNAm em crianças e adoles- (13ª edição).
centes.
De acordo com a recomendação atual as va-
Foram ainda apresentados dados adicionais cinas COVID-19 também poderão ser adminis-
de imunogenicidade após uma dose de reforço, tradas de maneira simultânea com as demais va-
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cinas ou em qualquer intervalo para crianças na para resgatar as coberturas vacinais, sobretudo
faixa etária de 5 a 11 anos. Esta recomendação em crianças menores de cinco anos. A adminis-
teve por base as discussões realizadas no âmbi- tração de múltiplas vacinas em apenas uma vi-
to da Câmara Técnica Assessora em Imunizações sita amplia as chances de se ter um calendário
- COVID-19, sendo considerados como fatores de vacinação atualizado permitindo o aumento
determinantes para esta decisão os seguintes: das coberturas vacinais e a otimização do uso de
a experiência acumulada com uso das vacinas recursos públicos.
COVID-19 em cenário de vida real e o perfil de
segurança das mesmas; a ampla experiência pré-
3) Recomendação de uma terceira dose
via com a administração simultânea de múltiplas
para crianças de 5 a 11 anos de idade
vacinas inativadas de diferentes plataformas; a
necessidade de ampliação das coberturas vaci- Vários estudos internacionais têm demons-
nais e minimização de oportunidades perdidas. trado, especialmente após o surgimento da va-
riante Ômicron, uma perda de proteção confe-
Ao realizar a administração simultânea de di-
rida pelas diversas vacinas após um período de
ferentes vacinas o profissional de saúde deverá
4 a 6 meses, especialmente para as formas leves
estar atento para as diferentes vias de adminis-
da COVID-19. Com as crianças e adolescentes o
tração de cada vacina (oral, intradérmica, subcu-
mesmo fenômeno tem sido documentado. Uma
tânea ou intramuscular). Em relação à aplicação
terceira dose eleva os títulos médios geométri-
intramuscular, idealmente cada vacina deve ser
cos para níveis superiores aos alcançados com
administrada em um grupo muscular diferente,
duas doses. Baseados em evidências nacionais e
no entanto caso seja necessário é possível a ad-
internacionais, a Câmara Técnica Assessora pas-
ministração de mais de uma vacina em um mes-
sa a recomendar, para crianças na faixa etária
mo grupo muscular, deve-se respeitar a distân-
de 5 a 11 anos de idade, uma terceira dose de
cia de 2,5 cm entre uma vacina e outra, a fim de
vacina COVID-19 quatro meses após a segunda
permitir diferenciar eventuais eventos adversos
dose do esquema primário. Para a dose de refor-
pós-vacinação locais.
ço deve-se utilizar a vacina Pfizer, independen-
Desde 2015 as coberturas vacinais vêm cain- temente do esquema utilizado anteriormente.
do no Brasil, atingindo seus piores marcadores Em situações onde o imunizante da Pfizer não
no período pandêmico. A administração conco- estiver disponível, pode ser utilizada a vacina
mitante de vacinas é uma importante estratégia Coronavac.
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REFERÊNCIAS
Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saú-
Health Department-Reported Cases of Multisystem de. Departamento de Imunização e Doenças Trans-
Inflammatory Syndrome in Children (MIS-C) in the missíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional
United States. Disponível em: https://covid.cdc.gov/ de Imunizações. NOTA TÉCNICA Nº 213/2022-CGP-
covid-data-tracker/#mis-national-surveillance Aces- NI/DEIDT/SVS/MS. Aprovação pela Anvisa da Vacina
so em 20 de julho de 2022. CoronaVac (COVID-19) para crianças de 3 a 5 anos de
idade e orientação do Programa Nacional de Imuniza-
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saú- ções para vacinação deste público infantil. Brasília, 19
de. Departamento de Imunização e Doenças Trans- de julho de 2022.
missíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional
de Imunizações. NOTA TÉCNICA Nº 195/2022-CGP- Boletim Epidemiológico Nº 118 - Boletim COE Corona-
NI/DEIDT/SVS/MS. Coadministração das vacinas vírus.pdf Disponível em: https://www.gov.br/saude/
COVID-19 e as demais vacinas do Calendário Na- pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/
cional de Vacinação para crianças de 5 a 11 anos de boletins-epidemiologicos/covid-19/2022/boletim-
idade. Brasília, 14 de julho de 2022. Disponível em: -epidemiologico-no-118-boletim-coe-coronavirus.
https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/ pdf/view Acessado em julho de 2022.
nt-195-2022-cgpni-deidt-svs-ms-coadministracao-
-covid-5a11.pdf. Acessado em julho de 2022.
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