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Desde março de 2020, quando a Organização Um dos primeiros estudos na China, publicado
Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia em meados de 2020, descreveu as características
da COVID-19, doença provocada pelo vírus Sars- epidemiológicas da COVID-19 em 2143 pacientes
Cov-21, o mundo passou a conviver com um ini- menores de 18 anos, sendo 731 casos confirma-
migo invisível responsável por um forte impacto dos e 1412 suspeitos. Desses casos, mais de 90%
nos campos da saúde, social, econômico e polí- eram assintomáticos ou apresentaram sintomas
tico. Desde então, todos os países vêm tentando considerados leves e moderados, e apenas 5,9%
controlar a crise global que se instalou na saúde evoluíram para condições clínicas consideradas
pública mundial e culminou com a morte de mi- graves e críticas2.
lhões de pessoas.
A partir desse cenário, autores apontaram que
Diante dessa realidade, algumas medidas foram a grande proporção de casos assintomáticos
adotadas para controlar a disseminação do vírus, e leves nessa população poderia dificultar a
a exemplo da higiene das mãos, uso de másca- identificação de informações epidemiológicas,
ras e distanciamento/isolamento social, medida levando ao risco de infecções adquiridas na co-
essa que resultou no fechamento das escolas. munidade3. Metanálise sobre a suscetibilidade e
Entretanto, um fator chamou a atenção da comu- transmissão de SARS-CoV-2 entre crianças e ado-
nidade científica: as maiores taxas de morbimor- lescentes em comparação com adultos concluiu
talidade pela COVID-19 se concentrava na popu- que as evidências existentes sinalizam para me-
lação adulta e, principalmente, idosa. Crianças e nor suscetibilidade ao vírus na faixa etária pediá-
adolescentes eram menos acometidos pelos ca- trica e adolescente. Porém, quanto ao menor pa-
sos graves da doença, sem necessidade de hospi- pel das crianças e adolescentes na transmissão
talização e com taxas reduzidas de mortalidade, do SARS-Cov-2 em relação aos adultos, existem
quando comparada às demais faixas etárias poucas evidências4.
Como citar este artigo: Miranda JOF, Morais AC. A COVID-19 na vida
de crianças e adolescentes brasileiros: poucos sintomas e muitos
Rev. Enferm. Contemp., Salvador, 2021 Abril;10(1):xx-xx impactos. Rev Enferm Contemp. 2021;10(1):xx-xx. http://dx.doi.
http://dx.doi.org/10.17267/2317-3378rec.v10i1.3708 | ISSN: 2317-3378 org/10.17267/2317-3378rec.v10i1.3708
Esse contexto desperta a preocupação com o fato de Referências
crianças sintomáticas leves ou assintomáticas serem,
possivelmente, potenciais transmissores do vírus 1. Organização Pan-Americana da Saúde. Folha informativa
para a população adulta e idosa5, o que reforça a ne- COVID-19 - Escritório da OPAS e da OMS no Brasil [Internet].
Organização Pan-Americana da Saúde; 2021 [citado em 2021 fev
cessidade de suspensão das atividades escolares.
10]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/covid19
A ausência da vida escolar por um período prolonga- 2. Dong Y, Mo X, Hu Y, Qi X, Jiang F, Jiang Z, et al. Epidemiological
do e a necessidade de confinamento domiciliar das Characteristics of 2143 Pediatric Patients With 2019 Coronavirus
famílias, associados à vivência de incertezas decor- Disease in China. Pediatrics. 2020;145(6):e20200702. https://doi.
rentes da pandemia, gerou forte impacto na saúde org/10.1542/peds.2020-0702